ANTIOXIDANTES NA VIABILIDADE DO SÊMEN EQUINO …Antioxidantes – Sêmen 2. Equinos. I. Título....

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL ANTIOXIDANTES NA VIABILIDADE DO SÊMEN EQUINO CONGELADO E RESFRIADO Rodrigo Arruda de Oliveira Orientadora: Drª. Maria Lúcia Gambarini Meirinhos GOIÂNIA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

ANTIOXIDANTES NA VIABILIDADE DO SÊMEN EQUINO CONGELADO E RESFRIADO

Rodrigo Arruda de OliveiraOrientadora: Drª. Maria Lúcia Gambarini Meirinhos

GOIÂNIA 2011

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RODRIGO ARRUDA DE OLIVEIRA

ANTIOXIDANTES NA VIABILIDADE DO SÊMEN EQUINO CONGELADO E REFRIGERADO

Tese apresentada para obtenção do grau

de Doutor em Ciência Animal junto à

Escola de Veterinária e Zootecnia da

Universidade Federal de Goiás.

Nível: Doutorado

Área de concentração:

Produção Animal

Linha de Pesquisa:

Biotecnologia e Eficiência Reprodutiva Animal

Orientador:

Profª. Drª. Maria Lúcia G. Meirinhos UFG/GO

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Benedito Dias de Oliveira Filho UFG/GO

Prof. Dr. Pedrinho Paes Teixeira UFG/GO

GOIÂNIA

2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)GPT/BC/UFG

O482aOliveira, Rodrigo Arruda de.

Antioxidantes na viabilidade do sêmen equino congelado e resfriado [manuscrito] / Rodrigo Arruda de Oliveira. - 2011.

100 f. : figs., tabs.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Lúcia Gambarini Meirinhos.Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás, Escola de

Veterinária e Zootecnia, 2011. Bibliografia.

1. Antioxidantes – Sêmen 2. Equinos. I. Título.

CDU:619:636.1

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AGRADECIMENTOS

A Deus e à Nossa Senhora, pelas bênçãos diárias concedidas na minha

vida, pela saúde e determinação, muito obrigado, Senhor.

Aos meus pais, Minervino Francisco de Oliveira e Goiany Arruda de

Oliveira, por acreditaram no meu projeto de vida e me apoiarem

incondicionalmente em todos os momentos, compreendendo a minha ausência

em várias situações. E pela educação e valores que me ensinaram.

Aos meus irmãos, Guilherme e Thaís, pelo apoio diário e compreensão nos

momentos que eu não estava presente.À minha orientadora, Profa Dra Maria Lúcia

Gambarini, que além de ensinamentos e real exemplo de orientação, foi uma

verdadeira amiga. Obrigado por todos os conselhos, atenção e paciência!

À Ana Carolina, pela paciência, amor, dedicação, correções e aulas

preparadas, não tenho nem palavras para agradecer.

Atodos os meus estagiários: Svetlana, Aline Mamede, Rachel e Sabino,

essa vitória é de vocês, aliás, foram inúmeras noites sem dormir! Valeu turminha!

À empresa TKCongelação por ceder a máquina de congelamento. À

Biotech-Botucatu e Nutricell, por cederem diferentes diluentes utilizados nos

experimentos. À Profa Dra Emília, representando o Instituto de Química, pela

disponibilidade do osmômetro; e Dra Margot Alves, Embrapa/Cenargen/DF, por

ceder o aparelho de análise computadorizada e ao José Carvalho pelo auxílio nas

análises.

Ao Prof. Dr. Marco Ântonio Viu, pela amizade, ensinamentos, delineamento

e análises estatísticas.

Aos Professores de Parasitologia: Guido, Andréia e Lígia, por permitirem a

utilização do microscópio de fluorescência.

Ao Bruno (Índio) pela amizade e hospedagem em Jataí. Valeu, meu amigo!

Ao Haras OP, Tree Ranch, Rancho TS, Rancho RS, Haras TGS e Haras

Luar, por cederem os animais utilizados nos experimentos, e aos seus respectivos

funcionários que não mediram esforços nas colheitas.

A todos os Professores e Colegas do curso de pós-graduação.

E por fim, aos meus nobres amigos, que me fizeram chegar até aqui: Os

cavalos!

Muito Obrigado!

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS......................................................... 1

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 4

2.1 A célula espermática......................................................................................... 4

2.2 Criopreservação ............................................................................................... 5

2.2.1 Lesões espermáticas causadas pela criopreservação.................................. 6

2.3 Refrigeração do sêmen..................................................................................... 8

2.4 Efeito do garanhão na congelabilidade e refrigeração do sêmen..................... 12

2.5 Espécies reativas de oxigênio.......................................................................... 14

2.6 Antioxidantes.................................................................................................... 19

2.6.1 Glutationa....................................................................................................... 22

2.6.2 Cisteína.......................................................................................................... 23

3 REFERÊNCIAS................................................................................................... 24

CAPÍTULO 2 – ADIÇÃO DE GLUTATIONA AO MEIO CRIOPROTETOR PARA

SÊMEN EQUINO FRESCO E REFRIGERADO A 16ºC POR 24H EM

DIFERENTES PROTOCOLOS DE CONGELAMENTO......................................... 31

RESUMO................................................................................................................ 31

CHAPTER 2 – ADITION OF GLUTHATIONE TO THE DILUENT FOR FRESH

AND COOLED SEMEN AT 16ºC FOR 24H IN DIFFERENT PROTOCOLS..........32

ABSTRACT………………………………………………………………………………. 32

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 33

2 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 36

2.1 Local e período experimental............................................................................ 36

2.2 Colheita e processamento de material............................................................. 36

2.3 Adição de antioxidante e congelamento das amostras.................................... 38

2.4 Análises pós-descongelamento........................................................................ 40

2.4.1 Avaliação computadorizada de características do movimento espermático. 40

2.5 Análise estatística............................................................................................. 40

3 RESULTADOS..................................................................................................... 42

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3.1 Experimento I.................................................................................................... 42

3.2 Experimento II................................................................................................... 45

4 DISCUSSÃO........................................................................................................ 48

5 CONCLUSÕES.................................................................................................... 58

6 REFERÊNCIAS................................................................................................... 59

CAPÍTULO 3 – REFRIGERAÇÃO DO SÊMEN EQUINO A 16ºC POR 36H COM

ADIÇÃO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE GLUTATIONA E

CISTEÍNA............................................................................................................... 64

RESUMO................................................................................................................ 64

CAPTHER 3 – ADDITION OF GLUTATHIONE AND CYSTEINE TO CHILLED

STALLION SEMEN AT 16oC DURING 36 HOURS………………………………….65

ABSTRACT………………………………………………………………………………. 65

1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………………… 66

2 MATERIAL E MÉTODOS…………………………………………………………….. 69

2.1 Local e período experimental……………………………………………………… 69

2.2 Colheita e processamento de material............................................................. 69

2.3 Adição do antioxidante e refrigeração das amostras........................................ 69

2.4 Análises em diferentes momentos de refrigeração........................................... 70

2.4.1 Motilidade e vigor........................................................................................... 70

2.4.2 Integridade de membrana plasmática............................................................ 71

2.4.3 Integridade de membrana acrossomal.......................................................... 71

2.5 Análise estatística............................................................................................. 72

3 RESULTADOS..................................................................................................... 73

4 DISCUSSÃO........................................................................................................ 77

5 CONCLUSÃO...................................................................................................... 82

6 REFERÊNCIAS................................................................................................... 83

CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 86

ANEXO I................................................................................................................. 88

ANEXO II................................................................................................................ 89

ANEXO III............................................................................................................... 90

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Motilidade progressiva (%) em relação aos momentos de avaliação................................................................................................................. 74FIGURA 2 - Vigor espermático em relação aos momentos de avaliação............... 74FIGURA 3 - Integridade de membrana plasmática (%) em relação aos momentos de avaliação.......................................................................................... 75FIGURA 4 - Espermatozóides reativos ao teste hiposmótico (%) em relação aos momentos de avaliação.......................................................................................... 75FIGURA 5 - Espermatozóides vivos com acrossoma íntegro (%) em relação aos momentos de avaliação.......................................................................................... 76

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2

TABELA 1 - Resultados das análises pré-congelamento do sêmen fresco e após refrigeração passiva por 24h.................................................................................. 44TABELA 2 - Resultados percentuais das análises pós-descongelamento do Experimento I, referentes a motilidade subjetiva (MOT) e dados da avaliação computadorizada: motilidade progressiva (MOTPROG), retilinearidade (RETIL) e linearidade (LINEA).............................................................................................. 45TABELA 3 - Resultados das análises pós-descongelamento do Experimento I, referentes ao vigor subjetivo (0-5), velocidade média da trajetória (VEMEDPER-µm/s), velocidade linear progressiva (VELPROG-µm/s), velocidade curvilínea (VCL-µm/s), amplitude de deslocamento lateral de cabeça (ALH-µm/s) e frequência de batimento flagelar cruzado (BCF-Hz)............................................... 45TABELA 4 - Resultados percentuais das análises pós-descongelamento do Experimento I, referentes à integridade de membrana plasmática e acrossomal.. 45TABELA 5 - Resultados das análises pós-descongelamento referentes à motilidade progressiva e vigor pós-descongelamento, Experimento II................... 46TABELA 6 - Resultados das análises pós-descongelamento referentes aintegridade de membrana plasmática acrossomal, Experimento II........................ 47CAPÍTULO 3TABELA 1 - Efeito dos antioxidantes sobre as características seminais durante 36 horas de refrigeração a 16ºC............................................................................. 73

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ALH Amplitude lateral de cabeçaBCF Frequência de batimentos CASA Computer Assisted Sperm Analysiscm CentímetrosDNA Ácido desoxirribunocléicoEROS Espécies reativas de oxigêniog GirosGSH Forma reduzida da glutationaGSSG Forma oxidada da glutationah HorasHO Teste hiposmóticoH2O2 Peróxido de hidrogênioIA Inseminação artificialINTMEMB Integridade funcional de membrana plasmáticaLIN Linearidademin MinutosmM milimolMT Motilidade totalMP Motilidade progressivaRG Sêmen refrigerado congelado de forma manualRM Sêmen refrigerado congelado de forma automáticaSH Grupamento sulfidrilaSTR RetilinearidadeTTM TratamentoVAP Velocidade de trajetoVCL Velocidade curvilíneaVIVOS Integridade estrutural de membrana plasmáticaVIVOINT Espermatozóides vivos com acrossoma íntegroVSL Velocidade retilíneaµL Microlitros

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RESUMO GERAL

Na equinocultura mundial é cada vez maior a utilização do sêmen congelado e refrigerado devido a recente liberação do seu uso por grande parte das associações de criadores. Entretanto, a fertilidade do sêmen congelado ainda é baixa e isto dificulta a sua utilização em larga escala. Objetivou-se avaliar o efeito in vitro da adição de glutationa em cinco concentrações sobre espermatozóides de 12 garanhões em diferentes protocolos de congelamento, sendo Experimento I (EI): congelamento automatizado imediatamente pós-colheita e Experimento II(EII): congelamento automatizado (RM) e manual (RG) após refrigeração passiva por 24h a 16ºC. As variáveis avaliadas foram motilidade total e progressiva, vigor, integridade das membranas plasmática e acrossomal. A adição de glutationa na concentração de 2,5mM ao meio de congelamento preserva a motilidade total, incrementa significativamente a motilidade progressiva e a integridade de membrana plasmática, tanto para sêmen congelado imediatamente pós-colheita quanto para o refrigerado e congelado de forma manual. Concentrações superiores a 2,5mM foram deletérias aos espermatozóides nos diferentes protocolos de congelamento, com ou sem refrigeração passiva. No capítulo 3 objetivou-se avaliar o efeito in vitro da adição de cisteína e glutationa em setetratamentos, sobre espermatozóides de 12 garanhões em protocolo de refrigeração passiva a 16ºC por 36h. As variáveis avaliadas foram motilidade total e progressiva, vigor e integridade das membranas plasmática e acrossomal em sete momentos diferentes (0, 6, 12, 18, 24, 30 e 36h). Para discussão dos dados foram levados em consideração somente os valores dos momentos 1, 3, 5 e 7 (0, 12, 24 e 36h). A concentração de cisteína 1,0mM mostrou-se mais eficiente para proteção da célula espermática no sistema comercial de refrigeração passiva a 16ºC por 36h, com valores maiores de motilidade e integridade de membrana.

Palavras chave: Cisteína, espermatozóide, Garanhão, glutationa, recursos genéticos

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CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

1 INTRODUÇÃO

A equinocultura brasileira vem se desenvolvendo ativamente e certos

segmentos, como o esporte, têm representatividade internacional tanto pela

qualidade dos animais quanto dos cavaleiros. O turismo rural vem ganhando

muitos adeptos e está presente em diversas propriedades históricas e

fazendas, aumentando as opções de renda com a utilização do cavalo.

Os equinos integram o conceito de preservação ambiental e de

qualidade de vida, sendo parceiros importantes para programas ligados a

temas ecológicos, turismo rural e de valorização da vida no campo, além da

importância do equino como terapia, no caso da equoterapia.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, em parceria com o

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada/ESALQ, criou a

Comissão Nacional do Cavalo, que teve como meta preparar um estudo sobre

o agronegócio equino dimensionando cientificamente o porte do setor, o que

está auxiliando na formação de estratégias viáveis para o desenvolvimento da

equinocultura brasileira.

De acordo com LIMA et al. (2006), somente entre os animais

registrados, são 300 mil Mangalarga Marchador; 278 mil Quarto-de-Milha; 197

mil Crioulo, 186 mil Mangalarga, 88 mil Campolina, 80 mil Árabe, 30 mil Puro

Sangue Inglês e 25 mil Appaloosa, entre outros, e quase cinco milhões de

animais sem raça definida. Este é o tamanho da equinocultura que forma no

Brasil uma importante cadeia do agronegócio, com forte interrelação com

setores ligados ao lazer, cultura e turismo. Isso sem considerar os animais sem

registro e os equinos de trabalho das inúmeras fazendas de gado espalhadas

pelo país, colocando o Brasil como o terceiro maior rebanho do mundo, com

5,9 milhões de animais, atrás apenas da China e México.

Esses números provam o poder que os equinos representam para a

economia nacional, sendo impossível imaginar que somente indivíduos de alto

poder econômico desenvolvam essa atividade produtiva. O uso do cavalo

ocupa diretamente mais de 640 mil pessoas no país, gera de forma indireta 3,2

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milhões de empregos e movimenta por ano 7,5 bilhões de reais na economia

nacional.

Na equinocultura mundial é cada vez maior a utilização do sêmen

congelado devido a recente liberação do seu uso por grande parte das

associações de criadores. Entretanto, a fertilidade do sêmen congelado ainda é

baixa e isto dificulta a sua utilização em larga escala (VIDAMENT, 2005;

MILLER, 2008). As taxas de concepção por estro utilizando essa técnica

variam bastante, sendo que em alguns garanhões chegam a oscilar entre 25 e

40%. Adicionalmente sabe-se que boa parte dos garanhões não responde bem

a essa biotécnica, o que faz com que o número de pesquisas nesse sentido

venha aumentando cada vez mais, com o intuito de superar a variação

individual (VIDAMENT, 2005).

A utilização da criopreservação de sêmen iniciou-se há

aproximadamente 60 anos com a descoberta do glicerol como crioprotetor.

Essa descoberta permitiu que os espermatozóides fossem congelados,

armazenados por tempo indeterminado e usados com sucesso na inseminação

artificial. Felizmente os pioneiros desta biotécnica escolheram trabalhar com

espermatozóides bovinos e de galos, pois se tivessem escolhido outras

espécies, como é o caso dos eqüinos, teriam encontrado uma série de

problemas espécie-específicos que até hoje não foram solucionados.

Além do melhoramento genético, o congelamento de sêmen serve como

banco de reserva genética para animais de alto padrão racial e comercial,

propicia maior intercâmbio entre criatórios das mais variadas regiões e países e

seleciona indivíduos e linhagens quanto à sua fertilidade e congelabilidade. A

criopreservação também contribui para minimizar perdas econômicas advindas

da morte de reprodutores de alto valor comercial ou que participem de

programas de revitalização de raças, para a preservação contra a extinção de

raças nativas e conservação de espécies ameaçadas (WATSON, 2000).

Várias técnicas têm sido testadas para a criopreservação espermática

utilizando diferentes velocidades e meios de centrifugação; curvas e meios de

congelamento; crioprotetores e suas concentrações; inclusão de substâncias

ao meio crioprotetor, como antioxidantes diversos; bem como protocolos de

descongelamento. Embora vários centros de pesquisa tenham se envolvido em

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estudos nesta área, ainda não há uma metodologia de congelamento

universalmente aceita para esta espécie.

Desta forma os objetivos do presente experimento foram avaliar o efeito

in vitro da adição de antioxidantes em diferentes concentrações, protocolos de

congelamento e refrigeração do sêmen equino.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A célula espermática

O espermatozóide é uma célula alongada, formada por duas regiões

altamente especializadas: a cabeça, na qual está contido o DNA e o

acrossomo, vital para a interação espermatozóide-oócito; e o flagelo, envolvido

com a motilidade da célula. Neste, encontra-se a peça intermediária contendo

as mitocôndrias relacionadas com a produção de energia. A cabeça do

espermatozóide, além do núcleo, contém pequena quantidade de citoplasma e,

no seu extremo apical, o acrossomo, uma vesícula contendo enzimas

necessárias para a penetração na zona pelúcida (GARNER & HAFEZ, 1995).

Toda a característica estrutural especializada do espermatozóide está

voltada para sua atividade funcional única, ou seja, assegurar a liberação do

material genético contido no seu núcleo para o oócito, onde a união dos

pronúcleos masculino e feminino ocorre, produzindo o zigoto. Desta forma, a

função principal da cabeça do espermatozóide é contribuir com uma série

haplóide de cromossomos para o oócito, enquanto a do flagelo é promover a

motilidade da célula para permitir sua passagem pelo trato reprodutivo feminino

e a penetração através da zona pelúcida do oócito (GARNER & HAFEZ, 1995).

A membrana plasmática tem permeabilidade seletiva e atua como uma

barreira, mantendo, assim, diferenças de composição intra e extra-celular.

Danos nesta estrutura podem levar à perda da homeostase com posterior

morte celular. Portanto, a integridade da membrana plasmática exerce papel

fundamental na sobrevivência do espermatozóide no trato genital da fêmea e

na manutenção de sua capacidade fertilizante (PARKS & GRAHAM, 1992).

Fatores externos às células espermáticas, tais como alterações na

composição, pH, temperatura e osmolaridade do meio que as circunda, podem

provocar alterações irreversíveis em suas membranas limitando a função

fertilizante dos espermatozóides (AMANN & PICKETT, 1987).

2.2 Criopreservação

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Para que o espermatozóide criopreservado possa fertilizar o oócito, ele

deve manter alguns atributos gerais, como: metabolismo para produção de

energia; motilidade progressiva; viabilidade das enzimas localizadas no

acrossomo e proteínas na membrana plasmática, importantes para a

sobrevivência do espermatozóide dentro do trato reprodutivo feminino e para a

ligação do mesmo com a membrana plasmática do oócito para a fertilização. A

destruição de componentes da célula espermática, associada com uma ou

mais dessas funções, reduzirá a fertilidade. Por exemplo, um espermatozóide

móvel nem sempre é fértil; espermatozóides móveis usualmente têm adequada

produção de energia, mas outro importante aspecto pode ter sido alterado

(AMANN & PICKETT, 1987).

O principal solvente biológico responsável pelo transporte de nutrientes

e substâncias químicas é a água que, em seu estado puro, forma cristais a

0ºC, e quando contém íons e outras substâncias em solução, congela a

temperaturas mais baixas, dependendo da concentração e natureza desses

componentes (MAZUR, 1984).

Quando uma suspensão de espermatozóides é resfriada abaixo de 0ºC,

cristais de gelo extracelulares começam a se formar, resultando em aumento

da concentração de sais no líquido extracelular. A proporção de água

cristalizada como gelo e consequentemente a osmolaridade da solução

remanescente dependem da temperatura. Inicialmente a água do interior do

espermatozóide não se congela, mas é resfriada abaixo do ponto de

congelamento. A água se move do interior do espermatozóide para o meio

extracelular, desidratando progressivamente a célula. Se a velocidade de

congelamento é muito lenta, a alta concentração de sais intracelulares causada

pela desidratação pode danificar o espermatozóide; se a taxa de congelamento

for muito rápida, cristais de gelo intracelular podem se formar. A taxa de

congelamento adequada é um equilíbrio entre esses fatores (MAZUR, 1984).

Quando o volume celular atinge um mínimo crítico, a bicamada de

fosfolipídeos da membrana celular fica muito comprimida e sua estrutura se

quebra, alterando as funções de transporte e proteção da membrana não

podem ser mantidas. Ao mesmo tempo, rupturas da membrana promovem uma

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ponte para entrada do gelo extracelular para o interior da célula (AMANN &

PICKETT, 1987).

Assim, os danos causados aos tecidos durante os processos de

congelamento e descongelamento são devidos a: formação de cristais de gelo

intracelulares, que afetam a estrutura da célula; concentração de soluto

resultante do processo de desidratação, que ocorre durante o congelamento

tanto no meio extra como intracelular e interação entre esses dois fatores

(AMANN & PICKETT, 1987).

O mecanismo de ação dos crioprotetores baseia-se principalmente na

promoção da redução do ponto de solidificação da solução no congelamento,

promovendo um maior tempo para a desidratação da célula e diminuindo a

formação de cristais de gelo intracelulares (MAZUR, 1984).

Uma segunda função do crioprotetor é sua interação com a membrana

celular exercendo ação estabilizadora durante as mudanças do estado líquido

para o sólido, e vice-versa, no descongelamento. Outra ação dos crioprotetores

é a de diminuir os efeitos das altas concentrações osmóticas durante a

desidratação celular. Muitas moléculas se dissolvem na mistura de crioprotetor

e na água, tornando-se menos lesivas do que quando dissolvidas em altas

concentrações em um líquido na ausência do crioprotetor (MAZUR, 1984).

2.2.1 Lesões espermáticas causadas pela criopreservação

O espermatozóide tem uma diversidade de atributos funcionais

altamente diferenciados regionalmente que devem ser mantidos até a

fertilização. A criopreservação ideal deve ter o compromisso de manter o maior

número possível de células viáveis e a integridade de diferentes estruturas

espermáticas (WATSON, 2000).

O resfriamento leva a célula a um estado de quiescência, reduz o

metabolismo e proporciona diminuição nos gastos energéticos e na produção

de catabólitos tóxicos, contribuindo para preservação celular. Da mesma

maneira que o congelamento pode diminuir ou paralisar algumas reações

bioquímicas celulares, ele pode também acelerar outras, levando a danos ou

mesmo morte celular (WATSON, 2000).

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O termo estresse térmico, ou choque térmico, define um conjunto de

alterações ocorridas nos espermatozóides dos mamíferos quando resfriados da

temperatura corpórea até temperaturas próximas a 5ºC, tendo como

conseqüência um decréscimo irreversível da motilidade espermática,

mudanças bioquímicas e na função espermática (AMANN & PICKETT, 1987).

A redução da temperatura de 37ºC a valores próximos de 4-5ºC pode

levar ao rearranjo de alguns fosfolípideos semelhantes dentro da bicamada da

membrana plasmática, que podem agrupar-se e assumir outras configurações.

Com este rearranjo, as propriedades biológicas básicas da membrana

plasmática, como permeabilidade seletiva e difusão lateral de proteínas, não

são mantidas, alterando a sua função (AMANN & PICKETT, 1987).

Os principais fatores que afetam a fluidez característica da membrana

plasmática são a composição relativa entre fosfolipídios e colesterol e a

temperatura à qual a membrana é exposta. Com a queda da temperatura, os

lipídios passam pela transição de estado líquido para gelatinoso. Sendo assim,

as cadeias de ácidos graxos organizam-se em um modelo paralelo, ficando

impossibilitadas de se mover aleatoriamente. Isso irá resultar na formação de

domínios cristalinos, com apenas pequenas regiões de lipídios no estado

líquido, onde ficam aderidas as proteínas, produzindo uma estrutura rígida.

Deste modo, áreas da membrana plasmática tornam-se fracas, sujeitas a

rupturas e permeáveis a íons, como o cálcio (HAMMERSTEDT et al., 1990).

A regulação do influxo de cálcio é claramente afetada pelo resfriamento,

sendo, indiscutivelmente, uma das mais graves alterações em termos de

função espermática, e em alguns casos, esta alteração pode ser incompatível

com a viabilidade espermática. A entrada de cálcio na célula durante o

resfriamento, mimetizando o que ocorre fisiologicamente durante a

capacitação, contribui para o início das reações fusogênicas entre a membrana

plasmática e a membrana acrossomal externa (DOBRINSKI et al., 1997).

WATSON (2000) relatou a existência de grande similaridade entre os danos

verificados na membrana plasmática durante o congelamento e as alterações

após a reação acrossomal.

A formação de cristais de gelo durante o congelamento, descrita por

MAZUR (1984), leva ao aumento da concentração de sais na fração não

congelada, que pode ser prejudicial ao espermatozóide. Altas concentrações

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de sais podem desidratar a célula espermática, deformando-a, provocando

danos à estrutura da membrana, desestruturação e desnaturação das

proteínas. Em conseqüência, os espermatozóides sofrem danos irreversíveis,

caracterizados por movimentos anormais (circular ou retrógrado), rápida perda

da motilidade, danos ao acrossomo e membrana plasmática, redução do

metabolismo e perda de componentes intracelulares (AMANN & PICKETT,

1987).

Como o espermatozóide é congelado na velocidade de -25ºC a -

40ºC/min, a água intracelular não congelada se difunde para fora do

espermatozóide devido ao aumento da concentração de solutos na fração de

água não congelada extracelular, causando desidratação da célula (MAZUR,

1984).

Com o declínio constante da temperatura, as células ficam expostas à

temperatura de congelamento e, com isto, os espermatozóides são submetidos

a alterações de osmolaridade do meio que os circunda. A água presente no

meio extracelular encontra-se sob a forma de solução. Com o congelamento de

parte desta água, a saturação de solutos aumenta, tornando hipertônico o meio

externo. Neste momento, para que o equilíbrio osmótico seja atingido, ocorre

efluxo de água da célula para o meio externo. Esta tentativa da célula de

equilibrar-se com o meio que a circunda pode conduzi-la a um efeito deletério

devido à grande desidratação e à exposição a um meio extremamente

saturado, denominado efeito de solução, considerado um dos pontos críticos

no processo de congelamento das células espermáticas (MAZUR, 1984).

No descongelamento, os cristais de gelo extracelulares se descongelam

liberando água que dilui as concentrações de sais extracelulares e a água se

difunde lentamente para o interior da célula. Este processo restaura o volume

celular inicial e dilui as concentrações celulares de soluto aos valores originais

(MAZUR, 1984; AMANN & PICKETT, 1987).

2.3 Refrigeração de sêmen

A criação de cavalos no Brasil está em destaque no cenário nacional,

sendo o país que possui o terceiro maior rebanho de equinos do mundo. Desta

forma, os criadores de cavalos buscam alternativas para melhorar os índices

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reprodutivos e aumentar o ganho genético. Atualmente a utilização de

biotécnicas da reprodução, como a inseminação artificial (IA) com sêmen

fresco, refrigerado e congelado e a transferência de embriões, está ganhando

espaço no manejo reprodutivo equino. O congelamento, a refrigeração e o

transporte de sêmen possibilitam a utilização de material genético sem

prejuízos para a reprodução. Os países que mais realizam IA com sêmen

resfriado transportado são os Estados Unidos e o Brasil. Entre vários aspectos

positivos do uso desta biotecnologia, destaca-se a possibilidade de se proceder

a colheita do sêmen em uma propriedade e enviá-lo para inseminar éguas em

locais diferentes e distantes. Este procedimento, além de seguro e mais barato,

evita riscos associados com transporte tanto de éguas como do garanhão

(AVANZI, et al., 2006). Entretanto, a fertilidade do sêmen refrigerado é mantida

por 24-48 horas. Após esse tempo, a taxa de prenhez diminui drasticamente

(AURICH, 2008).

Existem algumas diferenças quanto à estrutura da membrana e

metabolismo do espermatozóide de acordo com a temperatura na qual o

mesmo está mantido. Os lipídeos da membrana espermática estão na fase

líquida a 22ºC e em gel a 4ºC e esta mudança pode acarretar danos à célula

espermática. O metabolismo do espermatozóide a 21ºC é de 10 a 20% do

metabolismo a 37ºC, e a 4ºC é de apenas 2 a 7%. A via metabólica a 37ºC é

aeróbia, assim como a 15ºC; já, a 4ºC a via de metabolização é anaeróbia

(VIDAMENT et al., 2000).

PROVINCE et al. (1985) verificaram que o sêmen armazenado a 20ºC e

15ºC apresentou valores superiores de motilidade espermática do que a 10ºC

ou 5ºC por até 36h de refrigeração. BATELLIER et al. (2001) obtiveram maior

longevidade espermática e melhores índices de prenhez quando o sêmen foi

armazenado a 15ºC do que a 5ºC, por 24h.

Segundo BATELLIER et al. (2001), o armazenamento a 15ºC pode

prevenir os danos à membrana plasmática causados pelo choque frio,

principalmente para o sêmen de garanhões que não respondem bem à

refrigeração.

A preservação do sêmen por pelo menos 24h é importante para que seja

transportado e utilizado na IA. O armazenamento por longos períodos pode

desencadear processos bioquímicos que podem comprometer a fertilidade,

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como a capacitação espermática prematura, instabilidade nuclear, perda de

componentes intracelulares e peroxidação lipídica das membranas

espermáticas (POMMER et al., 2002).

Uma das razões para a redução da fertilidade durante a estocagem do

sêmen é a peroxidação de lipídios na presença de íons de oxigênio. A

membrana do espermatozóide contém grandes quantidades de ácidos graxos

insaturados particularmente susceptíveis à peroxidação, com subseqüente

perda da integridade da membrana e função celular, além da redução da

motilidade espermática (AURICH et al., 1997).

O manuseio do sêmen durante o processo de refrigeração e transporte

até o local de realização da inseminação artificial deve ser feito de forma a

manter a capacidade fecundante dos espermatozóides, sendo que, alterações

que ocorram durante a colheita e o armazenamento do sêmen até o seu

encontro com o oócito no trato reprodutor feminino podem afetar o processo de

fecundação. Então, para a obtenção de bons resultados na inseminação

artificial, os espermatozóides devem apresentar integridade funcional e

estrutural até o momento da fertilização (AMANN & GRAHAM, 1992).

O uso de sêmen equino refrigerado tem aumentado muito nos últimos

anos, resultado da sua aceitação entre as associações de criadores. Esta

técnica facilita o manejo, já que não há necessidade da presença da égua e do

garanhão no mesmo local (SQUIRES et al., 1998). O armazenamento do

sêmen diluído em baixas temperaturas prolonga a viabilidade espermática pela

redução do consumo de energia e da formação de subprodutos (ALTHOUSE et

al.,1998).

A tecnologia de sêmen refrigerado é estudada com o intuito de manter o

potencial fertilizante do sêmen equino por vários dias. Na verdade, quanto mais

tempo o potencial fertilizante do sêmen refrigerado puder ser estendido, mais

fácil será o uso do sêmen transportado (BATELLIER et al., 2001).

Entretanto, apesar da difusão do seu uso, há uma variação considerável

nas taxas de fertilidade do sêmen equino refrigerado transportado. Os fatores

que podem afetar essas taxas incluem a fertilidade intrínseca do garanhão e da

égua, a composição do diluente, a curva de refrigeração e temperatura de

armazenamento do sêmen diluído, a dose inseminante (número de

espermatozóides móveis), a proximidade da ovulação e o tempo de

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armazenamento in vitro. À medida que o tempo de armazenamento aumenta a

fertilidade do sêmen diminui (PICKETT, 1995).

A refrigeração do sêmen pode ser feita em sistemas ativos ou passivos.

Os sistemas ativos, embora possuam taxas de refrigeração pré-determinadas,

são caros e de pouca utilidade prática em condições de campo. Já os passivos

possuem a vantagem de serem mais baratos, porém possuem taxa de

refrigeração dependente de fatores como a temperatura ambiente, volume e

temperatura inicial da amostra (VALLE et al., 1999).

O sistema passivo de refrigeração do sêmen é o mais utilizado para

equinos, sendo feito em dispositivos (containers) de refrigeração que devem

atender às seguintes exigências: completo isolamento isotérmico do meio

exterior, obtenção de taxa de refrigeração lenta (ideal = -0,33ºC/min),

manutenção da temperatura pelo maior tempo possível após a estabilização,

proteção do sêmen, estrutura forte que permita o uso de diferentes meios de

transportes, ser barato, leve e de fácil manuseio (SILVA FILHO et al, 1994).

Existem diversos modelos de refrigeração nacionais e importados, com

diferentes taxas de refrigeração, temperatura final e tempo máximo de

armazenamento. Dentre os internacionais pode-se citar: Equitainer I®,

Equitainer II®, ExpectaFoal®, Bio-Flite®, Lane STS®, Equine Express®, Foal

Flight®, Celle®, Sarstedt®, Salsbro Box®.

O Equitainer®, desenvolvido por DOUGLAS-HAMILTON et al. (1984), é o

mais conhecido; sua taxa de refrigeração inicial é de aproximadamente -

0,3ºC/min, e em 10h atinge a temperatura final de aproximadamente 5ºC, e

mantendo por 30 a 50h. De acordo com o fabricante, seu tempo máximo de

armazenamento é de aproximadamente 72h. Apesar de ser muito resistente e

poder ser reutilizado, seu alto custo de aquisição e a necessidade de retorno

ao haras de origem podem dificultar a sua utilização (BRINSKO et al., 2000).

Modelos de dispositivos de refrigeração nacionais estão com aceitação

crescente devido ao menor preço e maior facilidade de aquisição. O Botu-Box®

e Max-Sêmen Express® apresentam temperatura final de aproximadamente

15ºC e tempo de armazenamento de aproximadamente 24h, enquanto o

Botutainer® tem temperatura final de aproximadamente 5ºC e tempo máximo de

armazenamento de 48h.

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MACHADO et al. (2002) realizaram estudo com objetivo de testar dois

sistemas de refrigeração passiva compostos de dois isopores, um pequeno

(15X11cm) dentro de um maior (25X16cm), com duas fontes de gelo diferentes

(gelo reciclável gelatinoso versus gelo derivado de polímero Ice Foam),

comparando-os com o dispositivo Equine Express®. Esse estudo comprovou

que o primeiro dispositivo realizou uma curva de refrigeração adequada de -

0,02ºC/min, sendo eficaz na manutenção da temperatura (16ºC por período

superior a 24h), e da qualidade espermática por análise computadorizada

(motilidade total e progressiva), bem como a integridade de membrana

plasmática por fluorescência quando comparado a outro sistema. Com isso,

demonstrou-se que esse sistema foi eficiente, além de ser uma alternativa

economicamente mais viável para o transporte de sêmen equino refrigerado

que os sistemas importados.

A preservação do sêmen é um manejo importante na reprodução de

equinos. A preservação da motilidade e da fertilidade no sêmen refrigerado é

fundamental para possibilitar o emprego da inseminação artificial nesta

espécie. A melhoria da preservação do sêmen refrigerado tem sido direcionada

ao uso de diluidores, assim como a adição de componentes específicos para

manter a integridade da membrana, prevenir o estresse oxidativo e preservar a

motilidade espermática (SAMPER, 2000).

2.4 Efeito do garanhão na congelabilidade e refrigeração do sêmen

Dentre os animais das espécies domésticas o cavalo é o que mais se

assemelha aos humanos no que diz respeito à clínica da reprodução. Os

cruzamentos raramente incluem a fertilidade como um critério de seleção, isto

acarreta um número significante de reprodutores com baixo desempenho

reprodutivo ou subférteis (LOOMIS, 2005).

A seleção de reprodutores geralmente é feita pelo padrão racial e

desempenho atlético, o que leva à utilização de garanhões subférteis. Apesar

das características reprodutivas terem herdabilidade moderada, a utilização

destes garanhões pode perpetuar na população através de genes

particularmente indesejáveis sob o aspecto reprodutivo (AMAN & GRAHAM,

1992).

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Com a finalidade de aumentar o desempenho reprodutivo, a utilização

de métodos avançados para o processamento e seleção do sêmen de

garanhões é uma boa ferramenta para o uso do sêmen de baixa qualidade ou

para obter espermatozóides para programas de reprodução assistida

(LOOMIS, 2005).

A congelabilidade do sêmen do garanhão é definida como o número de

ejaculados selecionados pelo número total de ejaculados congelados. O

ejaculado selecionado é aquele que apresenta uma motilidade progressiva

≥35% pós-descongelamento (VIDAMENT et al., 1997).

Avaliando a congelabilidade de 427 garanhões, VIDAMENT et al. (1997)

encontraram somente 20% apresentando resposta ao congelamento. A

congelabilidade não varia somente entre garanhões, mas também entre os

ejaculados do mesmo garanhão. Os mecanismos que diferenciam um

garanhão do outro quanto à resposta ao congelamento ainda não foram

elucidados. Poderiam ser ou não de origem genética, e se fossem, a seleção

genética seria um aspecto para seleção de garanhões que apresentassem boa

resposta ao congelamento (SIEME et al., 2008).

Protocolos de diferentes países, métodos de congelamento e instruções

para inseminação com sêmen congelado foram comparados por SIEME et al.

(2008), que concluíram não haver um padrão, demonstrado por inúmeras

diferenças no processamento do sêmen para criopreservação.

Variações individuais entre os garanhões, como na composição do

plasma seminal e das membranas espermáticas, podem interferir na

manutenção da motilidade espermática e integridade da membrana plasmática

durante o processo de refrigeração, podendo ocasionar redução na taxa de

fertilidade (BATELLIER et al., 2001; KARESKOSKI et al., 2006).

A influência do plasma seminal heterólogo na motilidade espermática no

sêmen refrigerado e congelado já foi detectada por alguns autores, sendo

notado um efeito benéfico na adição de plasma seminal de garanhões com alta

motilidade ao ejaculado de garanhões com baixa motilidade (MATTOS et al.,

2003).

A sensibilidade ao choque frio também varia consideravelmente entre

garanhões e mesmo entre ejaculados. Em alguns animais a fertilidade do

sêmen refrigerado por 24h pode reduzir a ponto de inviabilizar seu uso para

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transporte, sendo então recomendada a inseminação logo após a colheita

(AURICH, 2005).

De acordo com a susceptibilidade do sêmen à refrigeração, BRISNKO et

al. (2000) classificaram o ejaculado de garanhões como de alta e baixa

qualidade. Os de baixa qualidade apresentam redução superior a 40% da

motilidade progressiva inicial após 24h de armazenamento.

2.5 Espécies reativas de oxigênio

Embora as células necessitem de oxigênio para exercer suas funções, o

metabolismo oxidativo de moléculas biológicas pode ser potencialmente tóxico

pela formação de espécies reativas de oxigênio (EROS) que podem modificar a

função celular ou sua viabilidade (BAUMBER et al., 2000).

Grande parte do oxigênio consumido pela célula é utilizada na

mitocôndria para a fosforilação oxidativa, onde é reduzido à água. Entretanto,

uma pequena fração de oxigênio pode ser liberada da cadeia transportadora de

elétrons e produzir EROS (URSO & CLARKSON, 2003). Os espermatozóides

são capazes de produzir quantidades controladas de EROS de forma

endógena, com o objetivo de induzir a capacitação espermática e a reação

acrossomal, promovendo sua habilidade fertilizante. Todavia, quando a

produção de EROS é excessiva torna-se prejudicial à fisiologia espermática,

em virtude de reduzir a motilidade espermática, a capacidade de fusão dos

gametas e a fertilidade, através da interação com lipídeos da membrana,

proteínas e DNA mitocondrial e nuclear (BAUMBER et al., 2005).

As EROS cumprem importante função na fisiologia espermática normal,

mas o desequilíbrio entre a sua produção e degradação causa efeitos adversos

sobre o espermatozóide (BALL, 2008). O balanço entre a produção de EROS e

a desintoxicação das mesmas pode ser fator importante de sobrevivência e

funcionalidade dos espermatozóides antes, durante e após a criopreservação,

influenciando diretamente a fertilidade. O estresse oxidativo causado pelo

peróxido de hidrogênio altera o funcionamento mitocondrial e conduz à morte

celular programada (LIU et al., 2000). A interrupção da cadeia mitocondrial de

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transporte de elétrons predispõe à formação de radicais livres (HICKS &

MEDINA-NAVARRO, 1995).

Por estarem sujeitos a condições aeróbias, os espermatozóides também

experimentam o efeito paradoxal do oxigênio, por este ser ao mesmo tempo

necessário à vida, mas originar, durante o seu metabolismo oxidativo, a

formação de espécies reativas de oxigênio, potencialmente tóxicas (BAUMBER

et al., 2000). A produção de altos níveis de EROS nos espermatozóides causa

perda da função e até morte celular, mas a produção de quantidades

controladas é essencial para a aquisição da habilidade. Estas células são

extremamente susceptíveis às EROS porque são deficientes em enzimas

protetoras, pois perderam grande parte do citoplasma durante a

espermiogênese (DeLAMIRANDE & LAMOTHE, 2009).

O estresse oxidativo é determinado pelo balanço entre a geração e

degradação de EROS dentro de um tecido. Os espermatozóides e o plasma

seminal possuem enzimas e antioxidantes de baixo peso molecular que

eliminam as EROS, prevenindo possíveis danos celulares. Os sistemas

protetores antioxidantes dos espermatozóides são primariamente de origem

citoplasmática. Como o espermatozóide perde a maior parte do seu citoplasma

durante o estágio final de diferenciação, eles apresentam uma defesa limitada

contra o estresse oxidativo e são dependentes de antioxidantes presentes no

plasma seminal. Três sistemas de enzimas participam desta proteção:

superóxido desmutase, que tem a capacidade de remover o radical superóxido,

convertendo-o em peróxido de hidrogênio; catalase, que destrói o peróxido de

hidrogênio, produzindo água e oxigênio; e o sistema glutationa

peroxidase/redutase, que é o mais importante na remoção de peróxidos nas

células. Vários outros componentes do plasma seminal também são

caracterizados como antioxidantes, incluindo ácido ascórbico, α-tocoferol,

uratos, albumina, taurina e hipotaurina (BAUMBER et al., 2005).

As EROS são reconhecidas pelos efeitos deletérios sobre quase todos

os tecidos e células, tendo sido associadas com câncer, problemas vasculares,

diabetes, neuropatias, etc. São produzidas por uma variedade de sistemas e

reações, tais como sistemas de transporte de elétrons, xantina oxidase e

peroxidase (DeLAMIRANDE & LAMOTHE, 2009).

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O radical livre é conceituado como qualquer espécie química, átomo, íon

ou molécula que contém um número de elétrons não pareados na camada de

valência, apresentando alta reatividade e instabilidade. Para BROUWERS et al.

(2005) existem compostos igualmente tão reativos quanto os radicais livres,

mas que não possuem elétron não pareado na última camada e, portanto, não

podem ser classificados como radicais livres. Estas substâncias são

classificadas de maneira mais ampla como espécies reativas de oxigênio ou

espécies de nitrogênio reativas (ENR) e incluem o peróxido de hidrogênio

(H2O2), principal espécie reativa no sêmen de equinos (BAUMBER et al., 2000);

o cátion nitrosonium (NO+); o ânion nitroxila (NO-) e o peroxinitro (ONOO-).

Estima-se que entre 2 e 5% do oxigênio utilizado pela mitocôndria seja

convertido em EROS (URSO & CLARKSON, 2003).

Os radicais livres podem reagir com diversas biomoléculas, subtraindo

elétrons para se estabilizarem. Os substratos moleculares mais frequentes

incluem os ácidos graxos poliinsaturados das membranas celulares,

nucleotídeos no DNA, proteínas e carboidratos (BECKMAN & AMES, 1998). A

reação inicial de oxidação dos ácidos graxos poliinsaturados denomina-se

lipoperoxidação e é gerada pelas EROS, que induzem uma reação em cadeia

(MEDINA-NAVARRO et al., 1997).

Vários mecanismos são propostos para explicar o declínio da motilidade

espermática em conseqüência do estresse oxidativo. Um dos mais citados se

refere ao fato dos espermatozóides serem susceptíveis à peroxidação lipídica,

em razão da alta concentração de ácidos graxos poliinsaturados em sua

membrana plasmática. Essa alta quantidade é que dá fluidez à membrana,

que, por sua vez, é importante para a motilidade e participação nos eventos de

fusão de membranas durante a fertilização, bem como para a manutenção da

integridade estrutural. A perda da integridade pode levar ao aumento na

permeabilidade da membrana, acarretando perda na capacidade de regular a

concentração intracelular de íons envolvidos no controle da motilidade

espermática. A peroxidação excessiva lesará a membrana plasmática,

diminuindo a motilidade e a capacidade fertilizante (AITKEN & BAKER, 2004).

A geração controlada de EROS exerce função fisiológica na sinalização

de eventos relacionados com a capacitação espermática no homem

(DeLAMIRANDE & GAGNON, 1993), e segundo BAUMBER et al. (2000),

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também nos equinos; além de sinalizar eventos que controlam a reação

acrossômica e a fusão do espermatozóide no oócito. Entretanto, a geração

excessiva de EROS por espermatozóides que apresentam defeitos ou

contaminação com leucócitos pode levar a estresse oxidativo. BAUMBER et al.

(2002) revelaram que o estresse oxidativo em espermatozóides de equinos

está associado com diminuição na motilidade e aumento na fragmentação do

DNA espermático.

Desta maneira, os ácidos graxos insaturados podem ser atacados

quimicamente pelo radical livre, fazendo com que ocorra reação propagadora

de auto-oxidação, na formação de novos radicais livres. Como a membrana

espermática é rica em ácidos graxos poliinsaturados, torna-se altamente

sensível às EROS (BAUMBER et al., 2000).

As EROS possuem vida média muito curta devido à maior possibilidade

de extrair elétrons de outras moléculas e formar outras substâncias reativas

(PEREIRA, 1996), que são altamente lesivas e promovem trocas e

modificações na sequência de bases de DNA, causando apoptose celular;

alterações de cadeias protéicas e peroxidação lipídica, com consequente

prejuízo do transporte intracelular; além de inativação dos canais de íons

membranares, causando elevação de cálcio e ferro ionizados, o que pode

culminar com o efeito citotóxico (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006).

Embora o sêmen equino seja rico em enzimas eliminadoras de EROS,

os procedimentos que requerem diluição ou remoção do plasma seminal

podem reduzir o efeito das mesmas (BALL et al., 2001).

O plasma seminal de equinos apresenta uma grande atividade de

catalase e superóxido desmutase, existindo, porém, variações significativas

entre garanhões na atividade destas enzimas (BALL, 2008). Entretanto, a

remoção do plasma seminal que é feita durante a preparação dos

espermatozóides para a criopreservação acarreta em remoção da fonte

predominante de antioxidantes (BAUMBER et al., 2005), podendo aumentar a

susceptibilidade dos espermatozóides ao estresse oxidativo, em consequência

da remoção destas enzimas.

O volume do citoplasma espermático é pequeno e contém pequenas

quantidades de substâncias “limpadoras” de EROS, o que proporciona aos

espermatozóides grande sensibilidade ao estresse oxidativo (AITKEN,1994).

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AITKEN & CLARKSON (1988) mostraram que a adição de enzimas e

antioxidantes às preparações espermáticas in vitro neutraliza os efeitos do

estresse oxidativo sobre a motilidade e viabilidade espermática, a peroxidação

lipídica, e a fragmentação do DNA.

Para BAUMBER et al. (2000) o estresse oxidativo durante a estocagem

do sêmen é um fator associado com o declínio da fertilidade, especialmente

pela geração de EROS, em conseqüência do metabolismo oxidativo. O

peróxido de hidrogênio é a principal EROS relacionada com a perda de

motilidade dos espermatozóides equinos, com modificações da membrana, em

razão da peroxidação lipídica; bem como alterações na membrana acrossomal

e função mitocondrial.

MORTE et al. (2008) realizaram estudo com o objetivo de correlacionar

os efeitos do estresse oxidativo causado por EROS e lesões de DNA com os

parâmetros clássicos de avaliação seminal em garanhões férteis e subférteis.

Os resultados mostraram que durante a estação reprodutiva houve tendência

de normalizar a oxidação lipídica nos espermatozóides e plasma seminal, bem

como a oxidação protéica no plasma seminal de animais férteis e subférteis.

Considerando que houve correlação positiva entre a oxidação protéica com a

motilidade e viabilidade espermática, os resultados sugerem, segundo os

autores, que a oxidação de proteínas do sêmen pode ser uma importante

função espermática. Por outro lado, a oxidação lipídica parece ser um indicador

de lesões dos espermatozóides. Acrescentaram, ainda, que altos níveis de

EROS não causaram danos à integridade do DNA, sugerindo que as medidas

se encontravam em níveis fisiológicos e/ou que houve uma eficiente atividade

antioxidante das células espermáticas dos garanhões.

Na peroxidação lipídica, inicialmente, o radical hidroxila captura um

átomo de hidrogênio de um carbono metileno da cadeia polialquil do ácido

graxo poliinsaturado da membrana celular, formando o radical lipídico. O fato

de o oxigênio ser sete a oito vezes mais solúvel em meio não polar do que em

meio polar permite que as membranas biológicas apresentem elevada

concentração de oxigênio na região hidrofóbica medial, resultando em maior

dano aos ácidos graxos poliinsaturados, que irá determinar maior

susceptibilidade à desestruturação provocada pela peroxidação lipídica

(ALVAREZ et al., 1987). Assim, um ácido graxo com elétron desemparelhado

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reage com o oxigênio gerando o radical peroxila, produto altamente reativo,

que pode se combinar com outros radicais semelhantes, alterando as proteínas

de membrana (BAUMBER et al., 2000).

2.6 Antioxidantes

Os antioxidantes são substâncias que retardam a velocidade da

oxidação através da inibição da produção ou dos efeitos deletérios dos radicais

livres (DUARTE-ALMEIDA et al., 2006). Em condições normais os mecanismos

antioxidantes celulares, presentes em quase todos os tecidos e suas

secreções, são responsáveis por inibir a elevada produção de EROS,

protegendo as células de danos oxidativos (BALL et al., 2001). Todavia, o

controle da concentração das EROS ocorre pela inclusão de antioxidantes ou

pelo uso de condições que reduzam a oxidação durante o congelamento

(AGARWAL et al., 2004). A eficácia do antioxidante depende do tipo e da

concentração das EROS produzidas (PEÑA et al., 2003). Assim, é

perfeitamente possível que um antioxidante atue como protetor em

determinado sistema, mas falhe na proteção ou mesmo aumente as lesões

induzidas em outros sistemas (HALLIWELL, 1990).

Células somáticas contêm antioxidantes dentro de seu citoplasma,

porém o espermatozóide perde a maioria de seu citoplasma durante a

maturação, faltando, assim, mecanismos endógenos que regulem e realizem

as defesas enzimáticas observadas em outros tipos celulares (BAUMBER et

al., 2005). Por conseguinte, com o objetivo de reduzir os danos oxidativos

causados pela elevada concentração de EROS exógenas, pesquisadores têm

adicionado substâncias antioxidantes aos diluentes de sêmen de equinos

(AURICH et al., 1997; BALL et al., 2001; BAUMBER et al., 2005), suínos

(GADEA et al., 2004; GADEA et al., 2005), bovinos (BILODEAU et al., 2001),

ovinos (UPRETI et al., 1997), aves (BRÉQUE et al., 2003) e homens

(AGARWAL & SALEH, 2002).

Segundo AITKEN (1999), o espermatozóide apresenta um sistema

intracelular de defesa antioxidante contra EROS, desempenhado pelos

antioxidantes enzimáticos (superóxido dismutase, catalase, glutationa

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peroxidase e redutase) e não enzimáticos (ácido ascórbico e α-tocoferol).

Entretanto, enzimas antioxidantes intracelulares não conferem proteção total à

membrana plasmática que envolve o acrossomo e a cauda, forçando os

espermatozóides a suplementarem essa limitada defesa intrínseca com a

proteção conferida pelo plasma seminal, que contém antioxidantes enzimáticos

(ALVAREZ & STOREY, 1989) responsáveis por neutralizar a ação do O2- e

H2O2; além de uma variedade de antioxidantes não enzimáticos, como ácido

ascórbico, urato, α-tocoferol piruvato, taurina e hipotaurina (AGARWAL &

SALEH, 2002).

A criopreservação dos espermatozóides está associada com estresse

oxidativo promovido por EROS, as quais exercem mudanças físicas e químicas

na membrana espermática, pois há perda da dinâmica existente entre as

substâncias pró e antioxidativas, prejudicando o sistema de defesa antioxidante

e favorecendo a formação das EROS e o estresse oxidativo (BAUMBER et al.,

2000).

Ocorre redução na motilidade, viabilidade, integridade acrossomal

(BALL, 2008) e no potencial de fertilização (ROCA et al., 2004) em função da

peroxidação lipídica desencadeada pelas EROS durante o processo de

criopreservação do sêmen, tendo em vista que os espermatozóides de

mamíferos apresentam altos níveis de fosfolipídeos e ácidos graxos saturados

e poliinsaturados.

Dentro de um sistema anaeróbico, ou mesmo parcialmente aeróbico, a

produção de EROS é inevitável. Os radicais mais lesivos são superóxido,

peróxido e hidroxila. Os peróxidos são os oxidantes mais agressivos dentre

todos os pró-oxidantes formados (BILODEAU et al., 2001).

As lesões oxidativas ao DNA mitocondrial e à estrutura da membrana

representam fatores da maior importância para explicar a redução da fertilidade

e motilidade do sêmen criopreservado (CUMMINS et al., 1994). Considerando

que as mitocôndrias são as responsáveis pela produção de energia necessária

para a motilidade espermática, mudanças no potencial mitocondrial podem

representar um bom indicador para a diminuição da capacidade funcional.

BAUMBER et al. (2000) mostraram que o aumento de EROS resultou

em declínio acentuado da motilidade, embora não tenha sido detectada

diminuição na viabilidade espermática ou na integridade acrossomal; e que a

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motilidade pode ser um indicador mais sensível do estresse oxidativo, sendo

inibida antes de algum aumento mensurável na peroxidação lipídica, o que

indica que ela pode ser afetada pelas EROS através de um mecanismo de

ação que não envolva a peroxidação lipídica. Talvez este efeito adverso na

motilidade possa ser devido a alterações na função mitocondrial.

A criopreservação do sêmen equino pode promover lesões nas

mitocôndrias espermáticas. Segundo BALL (2008), a avaliação morfológica dos

espermatozóides após o processo de congelamento/descongelamento

demonstra edema da peça intermediária de intensidade moderada a forte, o

que caracteriza distensão das mitocôndrias, sugerindo que estas organelas

representam um local significativo de lesões pela criopreservação, gerando

EROS e induzindo mudanças apoptóticas.

Os radicais livres são bloqueados pelos sistemas antioxidantes. As

substâncias antioxidantes apresentam a importante função de recolher os

radicais livres responsáveis por causar a peroxidação lipídica da membrana

plasmática dos espermatozóides (BAUMBER et al., 2000).

Em equinos, a adição de antioxidantes, como ácido ascórbico ou

piruvato, manteve a integridade da membrana em melhores condições, bem

como a motilidade espermática (AURICH et al., 1997).

BALL (2008) analisou vários experimentos com a adição de

antioxidantes ao sêmen equino criopreservado, concluindo que essas

substâncias não mostraram efeito positivo sobre os parâmetros de motilidade

pós-descongelação, bem como não diminuíram a fragmentação de DNA ou

aumentaram o potencial de membrana mitocondrial. Já, AGUERO et al. (1995)

relataram efeito positivo da adição de α-tocoferol ao sêmen equino

criopreservado. FOOTE et al. (2002), avaliando vários antioxidantes, ao sêmen

bovino fresco ou congelado, não observaram resultado benéfico.

BALL et al. (2001) realizaram estudo para avaliar o efeito de

antioxidantes na manutenção da motilidade do sêmen equino refrigerado a 5ºC,

por um período de 72 a 96 horas, mostraram que em alguns casos houve efeito

na manutenção de parâmetros da cinética espermática, porém em nenhum

caso ficou claramente evidenciado o efeito positivo dos antioxidantes aos

espermatozóides refrigerados. Os autores afirmaram, ainda, que existiu uma

grande variação na atividade da catalase entre os garanhões.

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2.6.1 Glutationa

A glutationa está presente em todo organismo animal, não apenas em

células somáticas, mas também em gametas. Ela é um tiol tri-peptídeo (y-

glutamina-cisteína-glicina) não protéico, sendo o maior composto sulfidrila não

protéico que desempenha diversas funções biológicas, dentre elas a reação de

redução que se contrapõe aos processos oxidativos. É sintetizada a partir dos

aminoácidos glutamato, cisteína e glicina. Estes aminoácidos não essenciais

podem ser sintetizados no organismo e também obtidos a partir da dieta (KIM

et al., 1999).

Seu poder redutor é utilizado para manter os grupos tiol nas proteínas

intracelulares e em outras moléculas. Atua como reservatório fisiológico da

cisteína e está envolvida na regulação da síntese protéica, detoxificação celular

e síntese de leucotrienos. A evolução biológica da glutationa indica que existe

uma estreita correlação entre ela e o metabolismo eucariótico aeróbico,

mostrando que esta molécula evoluiu para proteger as células contra a

toxicidade causada pelo oxigênio (LUBERDA, 2005).

Esta molécula pode ser rapidamente utilizada como uma defesa contra as

EROS. A proteção contra o dano oxidativo conferida pela glutationa se deve ao

seu grupamento sulfidrila (SH), que pode estar em duas formas: a reduzida

(GSH) e a oxidada (GSSG). O ataque da GSH às EROS é facilitado pelas

interações com enzimas associada, tais como a glutationa redutase e

glutationa peroxidase (GPx) (LUBERDA, 2005).

A glutationa peroxidase é uma enzima antioxidante selênio-dependente,

que catalisa a redução do peróxido de hidrogênio (e também produtos da

peroxidação lipídica) na presença da GSH, a qual é convertida em GSSG. Em

seguida, sofre reação de redução pela glutationa redutase na presença de

fosfato dinucleotídeo de nicotinamida e adenosina (NADPH), havendo redução

de NADPH+ que é convertido a NADP (ARUOMA et al., 1989).

O Sistema tiol antioxidante, representado principalmente pela glutationa,

dominante no sêmen do garanhão, ocorre largamente no plasma seminal. A

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quantidade de GSH no plasma seminal é dez vezes maior que no sêmen de

suínos (LUBERDA, 2005).

Sobre as demais funções da GSH podemos citar sua participação no

estoque e transporte da cisteína, regulação do balanço “redox”, metabolismo

de prostaglandinas e leucotrienos, síntese de desoxirribonucleotídeos, função

imune e proliferação celular. No entanto, a calatase e a GPx são os principais

varredores enzimáticos de EROS, estando presentes em teores elevados nos

eritrócitos e hepatócitos (LUBERDA, 2005).

2.6.2 Cisteína

A cisteína é um aminoácido de baixo peso molecular contendo um

grupamento tiol. É um antioxidante não enzimático que previne a peroxidação

lipídica (BILODEAU et al., 2001). Tanto a cisteína quanto a N-acetil-L-cisteína,

são precursoras da biossíntese da glutationa e aumentam os níveis de

glutationa reduzida (GSH) (BILODEAU et al., 2001). A glutationa reduzida é

capaz de agir diretamente em muitas EROS (LUBERDA, 2005), além de ser

um co-fator para a glutationa peroxidase, que catalisa a redução do peróxido

de hidrogênio e hidroperóxidos, protegendo a célula contra o estresse

oxidativo.

Nos últimos anos a cisteína tem sido usada como antioxidante na

criopreservação do sêmen de cães (MICHAEL, et al., 2008).

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CAPÍTULO 2 - ADIÇÃO DE GLUTATIONA AO DILUENTE, PARACONGELAMENTO DE SÊMEN EQUINO FRESCO E REFRIGERADO, UTILIZANDO DIFERENTES PROTOCOLOS DE CONGELAMENTO

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito in vitro da adição de glutationa em cincoconcentrações (controle; 2,5; 5,0; 7,5 e 10mM), tratamento 1 a 5, respectivamente, sobre espermatozóides de 12 garanhões em diferentes protocolos de congelamento, sendo Experimento I (EI): congelamento automatizado imediatamente pós-colheita e Experimento II (EII): congelamento automatizado (RM) e manual (RG) após refrigeração passiva por 24h a 16ºC. As variáveis avaliadas foram motilidade total e progressiva, vigor, integridade das membranas plasmática e acrossomal. Para EI utilizou-se, após descongelamento, a análise computadorizada da cinética espermática. No EI amotilidade total foi superior nos tratamentos 1 e 2 (p<0,05); a motilidade progressiva e integridade de membrana plasmática foram superiores no tratamento 2 (p<0,001). Para integridade de membrana acrossomal o tratamento 3 apresentou os melhores resultados (p<0,05). No EII a motilidadeprogressiva do tratamento 1 (RM) foi superior (p<0,05). Considerando-se as diferentes concentrações de glutationa, verificou-se que o tratamento 2 mostrou maior percentual de motilidade progressiva, nos dois métodos (p<0,05) e que em RM os resultados de integridade de membrana foram superiores notratamento 1 (p<0,05), mas em RG os melhores resultados para integridade de membrana plasmática foram verificados no tratamento 2. Para integridade acrossomal os percentuais foram ligeiramente maiores no tratamento 3. A adição de glutationa na concentração de 2,5mM ao meio de congelamento preserva a motilidade total, incrementa significativamente a motilidade progressiva e a integridade de membrana plasmática, tanto para sêmen congelado imediatamente pós-colheita quanto para o refrigerado e congelado de forma manual. Concentrações superiores a 2,5mM foram deletérias aos espermatozóides nos diferentes protocolos de congelamento, com ou sem refrigeração passiva.

Palavras-chave: Antioxidante, espermatozóide, garanhão, recursos genéticos, sêmen congelado

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CHAPTER 2 – ADITION OF GLUTHATIONE TO THE DILUENT FOR FROZENFRESH AND COOLED STALLION SEMEN IN DIFFERENT PROTOCOLS

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the effect of in vitro addition ofglutathione at five concentrations (control, 2.5, 5.0, 7.5 and 10mM), treatment 1to 5, respectively, on spermatozoa from 12 stallions in different frozen protocols.In Experiment I (EI) spermatozoa were cryopreserved using an automated system immediately after collection. For Experiment II (EII) the automated or manual system (RM, RG) were used after cooling the seminal samples during 24 hours at 15°C. Analyzed variables were motility (total and progressive), vigor, integrity of plasmatic and acrosome membranes. For EI the computerized analysis of sperm kinetics were used. In EI total motility was higher in treatment 1 and 2 (p<0.05). Progressive motility and integrity of plasmatic membrane werehigher in treatment 2 (p<0.001). For acrosome’s integrity, treatment 3 showedthe best results (p<0.05). In EII, motility in treatment 1 (RM) was higher(p<0.05). Considering the different concentrations of glutathione, it was foundthat treatment 2 showed a higher percentage of progressive motility in bothmethods (p<0.05); for RM results of membrane integrity were higher intreatment 1 (p<0.05), but in RG the best results for plasma membrane integritywere observed in treatment 2; acrosomal integrity percentages were slightlyhigher in treatment 3. The addition of 2.5 mM glutathione to the freezing diluentpreserves the total motility and increases significantly progressive motility andplasmatic membrane integrity, both for semen frozen immediately aftercollection and for the cooled and frozen manually. Concentrations above 2.5mM were deleterious to sperm in all protocols of freezing, with or without cooling.

Keywords: Antioxidant, frozen semen, genetic resource, spermatozoa, stallion

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1 INTRODUÇÃO

Cinquenta e quatro anos se passaram desde o nascimento do primeiro

potro com a utilização do sêmen congelado (BARKER & GANDIER, 1957).

Desde então avanços significativos foram observados com a utilização dessa

biotécnica, entretanto os índices de prenhez continuam baixos e sujeitos a

inúmeras variáveis.

A utilização do sêmen congelado criou uma nova dimensão para a

criação de equinos por possibilitar a preservação por tempo indeterminado

desse material e permitir a distribuição mundial, o que maximiza a utilização de

garanhões com mérito genético superior e reduz custos com transporte e

doenças. Barreiras geográficas são abolidas, além disso, pode-se utilizar

sêmen congelado de garanhões que estão em competição ou se recuperam de

patologias que os impedem de cobrir, ou até mesmo de garanhões mortos

(MILLER, 2008).

O uso do sêmen refrigerado e congelado cada vez mais ganha adeptos

na “indústria” equina. O procedimento utilizado para refrigerar sêmen é

relativamente simples e pode ser realizado em todas as propriedades.

Entretanto a criopreservação requer equipamentos caros e sofisticados,

indisponíveis na maioria dos criatórios. Várias metodologias têm sido

desenvolvidas com sucesso para congelamento de sêmen fresco,

imediatamente após a colheita, o que requer que o garanhão esteja localizado

no mesmo local dos equipamentos. A colheita e envio do sêmen refrigerado

para um local especializado facilita o processo de congelamento, sem a

necessidade de deslocamento do garanhão até as universidades ou centrais de

reprodução, nem transporte de equipamentos caros e pesados até as

propriedades (CROCKETT et al., 2001).

A tecnologia de refrigeração do sêmen equino tem sido estudada pelo

interesse na manutenção do potencial fertilizante durante um período

prolongado, dando maior flexibilidade ao proprietário do garanhão para colher e

enviar o sêmen no momento oportuno (HECKENBICHLER et al., 2011). A

utilização do sêmen refrigerado apresenta vantagens, como a redução com os

gastos inerentes ao transporte e hospedagem de animais, a diminuição do

estresse pelo transporte destes, bem como riscos de acidentes e doenças

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resultantes da exposição à patógenos de um novo ambiente (BRINSKO &

VARNER, 1992).

A manipulação do sêmen equino durante esses processos reduz a

viabilidade e fertilidade espermática em consequência, entre outros problemas,

da peroxidação de lipídios da membrana, devido ao alto conteúdo de ácidos

graxos poliinsaturados que tornam as células altamente susceptíveis à ação

dos radicais livres e espécies reativas de oxigênio (EROS) (COCCHIA et al.,

2011).

O efeito oxidativo causado pela geração das EROS pode ser diminuído

pela adição de antioxidantes ao plasma seminal ou aos diluentes utilizados no

congelamento. Os resultados são contraditórios quanto à preservação da

viabilidade do espermatozóide no sêmen fresco e congelado em virtude do tipo

e da concentração do antioxidante utilizado, assim como seu mecanismo de

ação específico referente à proteção espermática (BAUMBER et al., 2005).

Um dos antioxidantes incorporados ao sêmen de algumas espécies é a

glutationa, um tiol tripeptídeo (ɣ-glutamilcisteinilglicina) com inúmeras funções

biológicas e encontrado amplamente no organismo animal, não só nas células

somáticas como nos gametas. Esse tiol tem um papel importante na

antioxidação de compostos endógenos e exógenos, assim como na

manutenção da condição redox intracelular. A glutationa é um reservatório

natural de força redutora, que pode ser usada de forma rápida pelas células

como defesa contra o estresse oxidativo (LUBERDA, 2005).

O grupo sulfídrico (SH) confere à glutationa proteção contra danos

oxidativos. A glutationa existe em duas formas: reduzida (GSH) e oxidada

(GSSG). A ação protetora da glutationa contra as EROS é facilitada pela

interação das enzimas, tanto peroxidase como redutase (LUBERDA, 2005).

O sistema de defesa antioxidante presente no sêmen de mamíferos

consiste principalmente em sistemas enzimáticos e não enzimáticos, sendo

que o último é representado principalmente pela glutationa. A função básica da

GSH no sêmen é a interação com outros sistemas para prevenir ação das

EROS. Essa função “escaneadora” da GSH ajuda a contrapor o efeito do

estresse oxidativo nas células espermáticas, que pode resultar em peroxidação

lipídica do plasmalema, perda irreversível da motilidade, extravasamento das

enzimas intracelulares e danos na cromatina (AITKEN, 1999).

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A escassez de informações quanto às variáveis de fertilidade, e a

disparidade de dados sobre o efeito de antioxidantes adicionados ao sêmen

criopreservado de equinos, indicam a necessidade de mais estudos. Assim,

objetivou-se avaliar o efeito in vitro da adição do antioxidante glutationa, em

cinco concentrações, sobre espermatozóides equinos submetidos à

criopreservação em diferentes protocolos de congelamento, com ou sem

refrigeração prévia, avaliando motilidade, vigor, integridade funcional e

estrutural das membranas.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local e período experimental

O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Reprodução Animal da

Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás.

Foram utilizados doze garanhões das raças Quarto de milha, Árabe e

Cruza-árabe com idade entre 4 e 15 anos, mantidos sob o mesmo manejo

alimentar, alojados na região metropolitana de Goiânia, entre os meses de abril

e maio/2009.

2.2 Colheita e processamento de material

Após o esgotamento das reservas extra-gonadais, os garanhões foram

submetidos a três colheitas de sêmen em dias alternados, obtendo-se 36

ejaculados por meio de vagina artificial modelo “Botucatu”, composta por um

tubo rígido de PVC, tubo flexível de látex, camisa sanitária descartável e copo

coletor com filtro de náilon acoplado para obtenção da fração livre de gel. A

metodologia empregada foi a colheita fechada e a temperatura da vagina

artificial em torno de 42-44ºC. Para realização das colheitas, utilizou-se uma

égua em cio devidamente contida. No momento da monta, o pênis ereto foi

desviado em direção da vagina artificial. A ejaculação foi detectada pelos jatos

ejaculatórios, verificados com a palma da mão na porção ventral do pênis ou

observação dos movimentos da cauda.

Imediatamente após a colheita avaliou-se a motilidade total e progressiva,

vigor, concentração, pH, osmolaridade, morfologia espermática e integridade

das membranas plasmática e acrossomal.

O percentual de espermatozóides móveis e o vigor foram avaliados com

20µL de sêmen entre lâmina e lamínula previamente aquecidas a 37ºC, em

aumento de 200x, em microscópio óptico de contraste de fase (BX41TF,

Olympus, Japão), classificando a motilidade progressiva de 0 a 100% e o vigor

de 0 a 5 (CBRA, 1998).

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A concentração espermática foi avaliada com a contagem em câmara

hematimétrica (Neubauer) após diluição 1:20 (sêmen/formol citrato tamponado,

Anexo I). As duas áreas da câmara (superior e inferior) foram preenchidas com

sêmen diluído e após cinco minutos, tempo necessário para sedimentação dos

espermatozóides, cinco quadrados de cada uma das duas áreas foram

avaliados. Essa avaliação foi realizada em microscópio óptico, em aumento de

400x (CBRA, 1998).

O pH foi aferido com pHmetro (Q400BC, Quimis, Diadema, SP) imergindo

o eletrodo na amostra seminal e a leitura do valor verificada no visor após

estabilização. A osmolaridade foi avaliada com osmômetro de pressão de

vapor (VAPRO®, Wescor Inc, Logan, Utah, EUA).

Para avaliação da morfologia espermática foi utilizada a técnica de

câmara úmida, na qual uma amostra de 20µL, daquela reservada para

concentração espermática, foi colocada entre lâmina e lamínula e contados 200

espermatozóides, em aumento de 1000x no contraste de interferência

diferencial (DIC) do microscópio óptico. As porcentagens das diversas

anormalidades morfológicas foram agrupadas e classificadas em defeitos

maiores, menores e espermatozóides normais (CBRA, 1998).

Para avaliação da integridade estrutural da membrana plasmática foi

utilizada a coloração supravital com o corante eosina-nigrosina, em que

volumes iguais (20µL) de sêmen e corante foram colocados sobre lâmina de

vidro identificada e aquecida a 37ºC, homogeneizados, realizando-se o

esfregaço, os quais foram secos ao ar. A leitura foi realizada em aumento de

1000x, contando-se 500 espermatozóides, imediatamente após secagem da

lâmina e classificando-se os não corados como aqueles de membrana íntegra

(DOTT & FOSTER, 1972).

Para integridade funcional da membrana plasmática do espermatozóide

foi realizado o teste hiposmótico em câmara úmida, por meio da incubação de

100µL de sêmen em 1,0mL de solução de sacarose a 100mOsm/L em banho

maria a 37ºC por 30 minutos. Após esse período, 20µL dessa solução foi

avaliada em câmara úmida em microscopia de contraste de fase em aumento

de 1000x. Foram contados 200 espermatozóides, considerando-se a

apresentação da cauda enrolada indicativo de membrana íntegra, após

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descontar o percentual de alterações de cauda obtido na avaliação morfológica

(MELO & HENRY, 1999).

Para avaliação da integridade de membrana acrossomal utilizou-se a

coloração Trypan Blue/Giemsa. Volumes iguais de sêmen e corante Trypan

Blue 0,2% (20µL) foram colocados sobre lâmina identificada e aquecida a 37ºC

e homogeneizados, realizando-se o esfregaço, o qual foi seco ao ar. Os

esfregaços secos foram fixados em solução de vermelho neutro (ANEXO II) por

cinco minutos, lavados em água corrente, novamente secos ao ar e então

submersos em solução de corante Giemsa 7,5% por 4h (KÚTVÖLGYI et al.,

2006)

A leitura foi realizada em aumento de 1000x, contando-se 200

espermatozóides, classificando-os nas seguintes categorias: vivos –

acrossomo corado em rosa ou roxo e região pós acrossomal não corada;

mortos – corados em azul na região pós acrossomal e acrossomo corado em

roxo ou rosa; reação acrossomal verdadeira – acrossomo e região pós

acrossomal não coradas e reação acrossomal falsa – acrossomo não corado e

região pós acrossomal corada em azul (DIDION et al., 1989)

Imediatamente após a colheita, o ejaculado foi diluído para obter a

concentração de 50x106 espermatozóides/mL com meio à base de leite em pó

desnatado, glicose, bicarbonato de sódio e amicacina (Botu-sêmen® – Biotech

Botucatu – Botucatu/SP). Após a homogenização com o meio, o conteúdo foi

dividido em 2 alíquotas de igual volume, sendo uma delas processada para

congelamento imediato (Experimento I), e a outra acondicionada em

embalagem plástica atóxica e estéril, retirando-se todo o ar e fechando-se

hermeticamente (Experimento II). Essa segunda alíquota foi utilizada para o

processamento de refrigeração, em um sistema comercial constituído por duas

caixas de isopor com fonte de gelo reciclável, mantendo a temperatura de 16ºC

por 24 horas (Max-Sêmen®, Campinas, SP).

2.3 Adição de antioxidante e congelamento das amostras

Para o Experimento I, a alíquota foi centrifugada a 600g por 10 minutos e

os sedimentos de espermatozóides (pellets) ressuspendidos com meio de

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congelamento (Botucrio®, Biotech Botucatu, Botucatu, SP), ajustando uma

concentração de 200x106 espermatozóides/mL, sendo a solução resultante

fracionada em cinco tubos de centrífuga de 15mL. Essas alíquotas resultantes

foram designadas para os grupos de tratamento pela adição de glutationa

(G6013 - Sigma Chemical CO, EUA) nas diferentes concentrações: controle

(tratamento 1); 2,5 (tratamento 2); 5 (tratamento 3); 7,5 (tratamento 4) e 10mM

(tratamento 5).

Após a homogeneização o conteúdo foi utilizado para o preenchimento

das palhetas de 0,5mL, as quais foram acondicionadas na máquina de

congelamento (TK 3000® SE modular e compacta, TK, Uberaba, MG) para

curva de refrigeração (estabilização) e congelamento.

Para estabilização, as palhetas foram colocadas no porta-palhetas, que

foi acondicionado ao tubo de resfriamento até a temperatura de estabilização

(5ºC), obedecendo uma curva de resfriamento de -0,25ºC/minuto (rampa

positiva), aguardando 20 minutos nesta temperatura. Após esse intervalo, o

porta-palhetas foi removido para a caixa térmica contendo nitrogênio líquido,

com uma curva de congelação 15ºC/minuto de 5ºC até -80ºC e de 10ºC até -

120ºC (rampa negativa). As palhetas foram removidas do recipiente e imersas

no nitrogênio líquido para serem acondicionadas em raques previamente

identificadas e acondicionadas em canecos no botijão criogênico.

Para o Experimento II, a alíquota mantida por 24 horas em sistema de

refrigeração passiva foi processada da mesma forma descrita para o

Experimento I, ou seja, centrifugação, ressuspensão dos pellets com meio de

congelamento Botucrio, divisão em cinco tubos contendo as diferentes

concentrações de glutationa (tratamento 1 a 5) e preenchimento das palhetas.

A partir desse momento as palhetas foram distribuídas para dois sistemas de

estabilização e congelamento: automático (RM) e manual (RG).

Para RM o procedimento foi semelhante ao Experimento I. Para RG as

palhetas foram colocadas em posição horizontal sobre uma estante de metal e

mantidas em refrigerador comercial (Eletrolux R130, Eletrolux Brasil, Curitiba,

PR) a 5ºC por 20 minutos (rampa positiva). Após esse tempo a estante foi

mergulhada em recipiente isotérmico contendo nitrogênio líquido, ficando as

palhetas a 6cm do vapor por mais 20 minutos (rampa negativa).

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Após a curva nos dois sistemas, as palhetas foram imersas no nitrogênio

líquido para serem acondicionadas em raques previamente identificadas e

organizadas em canecas no botijão criogênico.

2.4 Análises pós-descongelamento

Duas palhetas, de um mesmo garanhão, de cada partida, foram

descongeladas em banho-maria a 37ºC por 30 segundos, duas semanas após

o congelamento, em tubo de microcentrífuga com capacidade de 1,5mL, pré-

aquecido a 37ºC.

As análises pós-descongelamento foram as mesmas descritas no item

2.2, além da avaliação computadorizada de características do movimento

espermático - CASA (Computer Assisted Sperm Analysis) no Experimento I.

2.4.1 Avaliação computadorizada de características do movimento espermático

Para avaliação da cinética espermática, 2µL de sêmen, descongelado

conforme procedimento descrito no item 2.4, foram colocados na lâmina de

leitura (Makler® counting chamber, Selfi-medical instruments, Califórnia, EUA),

sendo a amostra avaliada no aparelho modelo Ivos-Ultimate 12 da Hamilton

Thorne Biosciences, previamente ajustado (ANEXO III) para análise de sêmen

equino (Anexo II). Três campos foram selecionados para leitura e análise. As

variáveis mensuradas foram as seguintes: Motilidade total (%; MT), motilidade

progressiva (%; MP), velocidade de trajeto (µm/s; VAP), velocidade retilínea

(µm/s; VSL), velocidade curvilinear (µm/; VCL), amplitude lateral de cabeça

(µm; ALH), frequência de batimentos (Hz; BCF), linearidade (%; LIN) e

retilinearidade (%, STR).

2.5 Análise estatística

No experimento I o delineamento experimental foi inteiramente

casualizado, e no experimento II um esquema fatorial 5x2 onde as parcelas

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que receberam cada um dos tratamentos foram determinadas de forma

inteiramente casual, por meio de um sorteio.

As informações obtidas no trabalho de campo foram editadas em

planilhas eletrônicas do aplicativo Excel® disponível no pacote computacional

Microsoft Office® (McFEDRIES, 2005).

As análises de crítica e consistência dos dados foram realizadas

utilizando-se o procedimento UNIVARIATE (SAS, 2000) para determinar se os

erros experimentais das variáveis possuíam distribuição normal de

probabilidade e homogeneidade de variância. Como as variáveis estudadas

não apresentaram distribuição normal de probabilidade, desobedecendo-se a

premissa básica da análise de variância, optou-se pela análise não paramétrica

utilizando-se o teste H de Kruskal-Wallis através do procedimento H-Test do

pacote computacional WinStat® (FITCH, 2006).

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3 RESULTADOS

Os resultados referentes às análises pré-congelamento em comum para

o Experimento I e II estão apresentados na TABELA 1. Houve perda da

motilidade progressiva (MP) verificada imediatamente após a colheita e após

refrigeração passiva (P<0,05). Para os dois experimentos a adição de

glutationa ao meio diluente utilizado para ressuspensão dos espermatozóides

após centrifugação resultou em perda da MP, diferindo entre os tratamentos

(P<0,05). O vigor não foi alterado após refrigeração passiva, mas sim após a

adição do diluente contendo glutationa (P<0,05). Verificou-se queda acentuada

no percentual de células reativas ao teste hiposmótico (HO) entre as amostras

avaliadas imediatamente após a colheita ou refrigeração passiva, assim como

no percentual de células vivas com acrossoma íntegro (VIVOINT) (P<0,05). A

redução do pH foi acentuada entre os tratamentos, tanto nas amostras

processadas imediatamente após a colheita quanto aquelas refrigeradas por 24

horas (P<0,05), na dependência da concentração de glutationa utilizada, mas a

osmolaridade das soluções finais, após a adição do antioxidante não sofreu

alterações.

3.1 Experimento I

A TABELA 2 mostra os resultados relativos à cinética espermática do

sêmen congelado imediatamente pós-colheita e de forma automatizada com os

diferentes tratamentos. A motilidade total nas duas avaliações foi superior nos

tratamentos 1 e 2 (P<0,05), em relação aos demais grupos. Em relação à

motilidade progressiva avaliada de forma automática, houve superioridade do

tratamento 2 em relação aos demais (P<0,001). Para a retilinearidade de

movimento (STR e LIN), os maiores percentuais foram verificados para os

tratamentos 1 e 5, com diferenças (P<0,05).

Na TABELA 3 estão os dados relativos à velocidade dos espermatozóides

submetidos à criopreservação nos diferentes tratamentos. Na avaliação

subjetiva do vigor, verificou-se resultados superiores para os tratamentos 1 e 2.

Na análise automática, a velocidade de trajeto (VAP) foi equivalente para os

tratamentos 1, 2, 3 e 5, com diferenças para o tratamento 4 (P<0,0001). Houve

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superioridade do tratamento 5 (P<0,0001) em relação a velocidade retilínea

(VSL) e a velocidade curvilínea (VCL) foi equivalente para os tratamentos 1, 2,

3 e 5, com diferenças para o tratamento 4 (P<0,05). Em relação à amplitude

lateral de cabeça (ALH), os tratamentos 2 e 5 foram superiores (P<0,05).

Quanto à frequência de batimentos (BCF) houve superioridade do tratamento 1

em relação as demais concentrações (P<0,05).

Na TABELA 4 verifica-se que a integridade de membrana plasmática da

cauda e cabeça do espermatozóide (VIVOS e INTMEMB) foi superior para o

tratamento 2 (P<0,05). Para integridade de membrana acrossomal (VIVOINT) o

tratamento 3 apresentou os melhores resultados (P<0,05).

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TABELA 1 – Resultados das análises pré-congelamento do sêmen fresco e após refrigeração passiva por 24h.

TTM Mot (%) Vigor Vivos (%) HO (%) VivoInt (%) pH OsmolaridadeSêmen Fresco 70,7 ± 5,9ª 4 ± 0,5ª 76,5 ± 7,8ª 60,0 ± 14,0a 82,2 ± 8,3ª 6,8 ± 0,4 291,4 ± 3,3Após ressuspensão com Botucrio e adição de glutationa

1 66,0 ± 5,5A 4 ± 0,5A 6,6 ± 0,5A 838,8 ± 50,92 66,7 ± 5,8A 4 ± 0,5A 6,0 ± 0,0B 845,8 ± 43,93 50,0 ± 8,2B 3 ± 0,5B 5,5 ± 0,5B 857,6 ± 42,24 37,5 ± 17,1C 2 ± 0,5c 5,4 ± 0,5B 847,4 ± 57,95 10,0 ± 0,0D 1 ± 0,5D 4,6 ± 0,5C 858,8 ± 52,1

Sêmen refrigerado/24h 51,8 ± 4,0b 3 ± 0,5ª 76,6 ± 8,1a 49,12±12,2b 77,2 ± 10,2b 6,6 ± 0,5 328,0 ± 6,4Após ressuspensão com Botucrio e adição de glutationa

1 53,3 ± 11,51 3 ± 0,6a 6,6 ± 0,51 838,8 ± 50,92 50,0 ± 17,31 3 ± 0,6ab 6,0 ± 0,02 845,8 ± 43,93 40,0 ± 10,012 3 ± 0,0ab 5,5 ± 0,53 857,6 ± 42,24 30,0 ± 10,023 2 ± 1,0bc 5,4 ± 0,53 847,4 ± 57,95 16,7 ± 5,83 1 ± 0,5c 4,6 ± 0,54 858,8 ± 52,1

Letras minúsculas, maiúsculas e números diferentes na mesma coluna indicam diferenças (P<0,05).TTM= Tratamento 1(controle), 2 (2,5mM), 3 (5,0mM), 4 (7,5mM) e 5 (10mM) de glutationa

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TABELA 2 – Resultados percentuais das análises pós-descongelamento do experimento I, referentes a motilidade subjetiva (MOT) e dados da avaliação computadorizada: motilidade progressiva (MOTPROG), retilinearidade (RETIL) e linearidade (LINEA).

TTM MOT MOTTOT MOTPROG RETIL(STR)

LINEA(LIN)

1 53,8 ± 6,7ª 53,9 ± 5,4ª 5,6 ± 3,5ª 79,3 ± 6,6ª 45,5 ± 7,9ª2 52,5 ± 11,9ª 56,0 ± 5,4ª 10,5 ± 6,2b 73,9 ± 6,8b 40,6 ± 7,8b

3 36,6 ± 14,3b 46,2 ± 9,5b 4,7 ± 3,9ad 72,2 ± 9,8b 39,0 ± 9,9b

4 10,5 ± 12,8c 19,8 ± 10,9c 1,5 ± 1,1c 74,2 ± 5,8b 34,5 ± 2,8c

5 8,5 ± 6,3d 18,8 ± 10,9c 3,7 ± 2,1d 79,5 ± 8,5a 55,6 ± 11,1d

Letras diferentes na mesma coluna indicam diferenças (P<0,05).

TABELA 3 – Resultados das análises pós-descongelamento do Experimento I, referentes ao vigor subjetivo (0-5), velocidade medida da trajetoria (VMEDPER-µm/s), velocidade linear progressiva (VELPROG-µm/s), velocidade curvilínea (VCL-µm/s), amplitude de deslocamento lateral de cabeça (ALH-µm) e frequência de batimento flagelar cruzado (BCF-Hz).

TTM VIGOR VMEDPER(VAP)

VELPROG(VSL)

VELCURV(VCL)

DESLCAB(ALH)

FRBATFL(BCF)

1 3,5±0,5ªb 42,3±5,5ª 32,7±2,4ª 79,6±12,2ª 5,2±1,3ª 39,8±5,3ª2 3,8±0,4ª 42,2±8,0ª 32,1±6,2ab 78,8±12,6ª 5,4±1,7ªb 36,5±4,2b

3 3,3±0,8b 41,4±6,0ª 27,7±7,9bc 81,2±9,2ª 2,8±1,7c 35,2±4,9b

4 1,5±1,1c 29,2±10,6b 25,6±6,2c 68,5±15,2b 2,6±1,4c 31,2±1,7c

5 0,9±0,7d 41,8±18,3a 48,5±19,5d 83,4±11,3a 6,2±3,0b 36,8±6,9b

Letras diferentes na mesma coluna indicam diferenças (P<0,05)

TABELA 4 – Resultados percentuais das análises pós-descongelamento do Experimento I, referentes à Integridade de membranaplasmática e acrossomal

TTM VIVOS INTMEMB VIVOINT1 59,5 ± 7,5ªb 30,4 ± 10,8ª 66,2 ± 10,6ª2 61,9 ± 12,9ª 44,5 ± 26,9b 60,2 ± 10,3b

3 54,6 ± 6,6b 24,2 ± 14,3ª 72,3 ± 8,7c

4 39,8 ± 13,7c 13,6 ± 5,6c 65,7 ± 10,9ª5 31,9 ± 12,9d 16,5 ± 11,3c 56,0 ± 7,9b

Letras diferentes na mesma coluna indicam diferenças (P<0,05)

3.2. Experimento II

Na TABELA 5 estão os resultados relativos à motilidade progressiva e

vigor espermático nas diferentes concentrações de glutationa, após 24 horas

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de refrigeração, em relação ao método de criopreservação, automatizado (RM)

ou manual (RG). A motilidade espermática no tratamento 1 (RM) foi superior às

amostras dos demais tratamentos com glutationa (P<0,05) congeladas pelo

mesmo método, assim como ao tratamento 2 (RG) (44,6x20,0%).

Considerando-se as diferentes concentrações de glutationa, verificou-se que o

tratamento 2 mostrou maior percentual de motilidade progressiva, nos dois

métodos, com diferenças (P<0,05). O vigor espermático foi afetado pelas

diferentes concentrações de glutationa (P<0,05) nos dois métodos, verificando-

se diferenças entre RM e RG apenas para os tratamentos 2 e 4 (P<0,05).

TABELA 5 – Resultado das análises pós-descongelamento referentes à motilidade progressiva e vigor pós-descongelamento, Experimento II

MOT VIGORTTM RM RG RM RG

1 44,6 ± 15,6ª1 20,0 ± 10,9b1 3,4 ± 0,6ª1 3,4 ± 1,1ª1

2 19,8 ± 8,6ª2 28,1 ± 14,0b2 1,9 ± 0,9ª2 2,6 ± 1,5b2

3 10,4 ± 4,8ª3 7,9 ± 2,5ª34 1,1 ± 0,5ª3 1,5 ± 0,4ª3

4 4,5 ± 2,6ª4 9,1 ± 7,4b3 0,3 ± 0,3ª4 1,6 ± 0,9b3

5 5,5 ± 2,6ª4 4,8 ± 3,1ª4 1,1 ± 0,7ª35 1,3 ± 0,5ª3

Letras na mesma linha e números na mesma coluna indicam diferenças (P<0,05)

Na TABELA 6 estão demonstrados os percentuais de espermatozóides

com integridade de membrana plasmática e acrossomal em relação aos

métodos de congelamento. Considerando-se apenas a metodologia de

criopreservação, verificou-se que em RM os resultados de integridade de

membrana foram superiores no tratamento 1 (P<0,05), mas em RG os

melhores resultados para integridade de membrana plasmática foram

verificados no tratamento 2, e para integridade acrossomal os percentuais

foram ligeiramente maiores no tratamento 3 (69,7%).

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TABELA 6 - Resultados das análises pós-descongelamento referentes a integridade de membranas plasmática e acrossomal, Experimento II.

VIVOS INTMEMB VIVOINTTTM RM RG RM RG RM RG

1 57,9 ± 14,7ª1 35,7 ± 8,7b1 29,3 ± 14,7ª1 5,1 ± 2,8b1 71,1 ± 2,8ª1 68, ± 4,3ª1

2 45,0 ± 10,2ª2 45,2 ± 15,5ª2 22,7 ± 10,4ª2 26,3 ± 19,1ª2 62,6 ± 5,9ª2 60,0 ± 8,5ª2

3 47,0 ± 20,8ª2 30,8 ± 8,8b13 10,0 ± 3,7ª3 4,4 ± 1,9b1 56,4 ± 9,5ª3 69,7 ± 12,9b1

4 26,8 ± 11,9ª3 25,5 ± 11,7b3 4,9 ± 1,9ª4 7,7 ± 5,4ª1 50,0 ± 19,1ª4 53,6 ± 5,5ª3

5 34,1 ± 10,6ª4 31,3 ± 13,1b13 3,0 ± 1,8ª4 4,9 ± 2,3ª1 52,4 ± 13,5ª34 59,4 ± 0,3b2

Letras na mesma linha e números na mesma coluna indicam diferenças (P<0,05).

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4 DISCUSSÃO

Experimento I

Diferentes protocolos de congelamento têm sido utilizados para criopreservar

espermatozóides de garanhões. No entanto, como existe uma variação nos

diluentes e nos procedimentos utilizados em cada protocolo, a comparação direta

dos resultados não é adequada.

A utilização do sêmen congelado na espécie equina tem como fatores

limitantes o alto custo com equipamentos, necessidade de mão-de-obra

especializada, bem como locais apropriados nos haras para manipulação do

sêmen (CROCKETT et al., 2001), tendo como maior desvantagem em

comparação ao sêmen fresco ou refrigerado a redução na viabilidade espermática

(MOORE et al., 2005).

Durante o procedimento de congelamento de sêmen dois importantes

processos acontecem, o primeiro é a produção de espécies reativas de oxigênio

(BAUMBER et al., 2003; 2005) que induzem mudanças na função e estrutura da

membrana (GADEA et al.; 2005). A segunda alteração é no sistema de defesa

antioxidante, incluindo uma redução nas concentrações de glutationa (BILODEAU

et al., 2000).

Então uma maneira de melhorar a viabilidade e consequente capacidade de

fertilização seria adicionar antioxidantes ao meio de congelamento, tendo em vista

que o processo de centrifugação para concentração dos espermatozóides e

retirada do plasma seminal, para congelamento, implica na retirada das defesas

antioxidantes presentes no sêmen, expondo os espermatozóides ao excesso das

EROS geradas. Com base nesta evidência, no experimento I testou-se a hipótese

de que a adição da glutationa em diferentes concentrações favoreceria a

manutenção da viabilidade de espermatozóides equinos criopreservados, pois o

preparo do sêmen equino para congelamento exige a retirada do plasma seminal,

a principal fonte protetora anti-oxidativa (BALL et al. 2000).

A queda nas defesas antioxidantes do sêmen fresco comparado ao

congelado pode ser atribuída à retirada de 90 a 95% de plasma seminal após a

centrifugação do sêmen. Este procedimento é preconizado por diversos autores,

como JASKO et al. (1992) que mostrou o efeito prejudicial do plasma seminal

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junto à fração celular do ejaculado submetido à criopreservação, embora MOORE

et al. (2005) não tenham relatado efeitos benéficos na retirada do plasma seminal

quando se congela o sêmen imediatamente após a coleta. Entretanto, é

justamente no plasma seminal que está à maior parte dos antioxidantes do

sêmen, já que o espermatozóide é desprovido de quantidades suficientes destes

agentes (BAUMBER et al., 2005). Com isso a centrifugação, descrita como um

processo gerador de espécies reativas de oxigênio (BAUMBER et al., 2005), e a

retirada do plasma seminal são, ao mesmo tempo necessárias e de grande risco

para a viabilidade dos gametas, o que pode ser observado quando se compara os

dados do sêmen fresco aos do pós-descongelamento para o tratamento 1

(controle): Motilidade (70,7x53,8%), vigor (4x3,5), integridade de membrana

plasmática (60x30,4%) e acrossomal (82,2x66,2%), conforme observado nas

TABELAS 1, 2, 3 e 4.

A utilização de antioxidantes incorporados aos diluentes de congelamento

poderia aumentar a viabilidade dos espermatozóides, conferindo proteção contra

a ação dos radicais livres e EROS (BUSTAMANTE-FILHO et al., 2006). Os dados

apresentados na TABELA 2 mostram que a adição de glutationa em

concentrações superiores a 2,5mM (tratamento 3, 4 e 5) diminuem a motilidade

total e que em doses menores (tratamento 2) é benéfica, aumentando a

motilidade progressiva, o que foi relatado por SILVA et al. (2008) que ao

adicionarem piruvato de sódio e trolox ao diluente de congelamento, utilizado para

criopreservação de sêmen de garanhões férteis e subfertéis, observaram que o

piruvato proporcionou resultados superiores para motilidade total, não havendo

diferença para as outras variáveis analisadas (motilidade progressiva, integridade

de membrana, acrossomal e DNA). Já BAUMBER et al. (2005) observaram

melhora na motilidade total e progressiva ao adicionarem glutationa na

concentração de 10mM, entre outros antioxidantes, embora sem apresentar

diferenças. Resultados similares foram obtidos com a adição dos mesmos

antioxidantes no sêmen equino mantido sob refrigeração (BALL et al., 2001).

AURICH et al. (1997) observaram um efeito protetor do ácido ascórbico na

integridade da membrana dos espermatozóides equinos verificando, por outro

lado, um efeito prejudicial na motilidade progressiva.

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Em suínos, GADEA et al. (2004), adicionaram 5mM de glutationa ao meio de

congelamento e não obtiveram melhoras nas variáveis analisadas nem na

capacidade fecundante do sêmen. Em outro experimento, GADEA et al. (2005),

avaliaram a adição de glutationa em concentrações de 1 e 5mM e observaram

incremento na motilidade (total e progressiva) na concentração de 1mM quando

comparado ao controle, sem diferença quanto as outras variáveis observadas.

O sistema de avaliação computadorizada (CASA) é um sistema automático

(hardware e software) utilizado para visualizar, digitalizar e analisar imagens

sucessivas, fornecendo informações acuradas, precisas e significativas do

movimento individual de cada célula bem como de subpopulações de células

espermáticas (AMANN & KATZ, 2004).

Como não há um padrão de velocidade estipulado para o sêmen equino e

também há variação entre os ajustes do aparelho, fica difícil comparar os valores

com outros experimentos. A variável VCL é a velocidade do deslocamento real do

espermatozóide e a VAP é a velocidade curvilínea do espermatozóide sobre um

trajeto uniforme, desconsiderando seu deslocamento lateral. A frequência de

batimento flagelar (BCF) é determinada pela medida da frequência que o

espermatozóide atravessa a trajetória. A Retilinearidade (STR) é obtida pela

divisão entre VSL/VAP, ou seja, é uma comparação da linha reta com a média do

caminho do espermatozóide. A Linearidade (LIN) é obtida pela divisão VSL/VCL,

ou seja, é uma comparação da linha reta com o caminho curvilíneo do

espermatozóide (MORTIMER, 1997).

Correlações positivas altamente significativas entre motilidade progressiva e

os parâmetros de velocidade indicam que o espermatozóide com trajeto linear

progressivo e reto percorre uma distância maior em menor espaço de tempo. A

velocidade média do percurso (VAP) e a velocidade linear (VSL) também têm

forte correlação positiva com a fertilidade e podem ser utilizadas para estimar a

fertilidade de amostras seminais (KATHIRAVAN et al., 2008). Nas TABELAS 2 e 3

pode-se observar a superioridade do tratamento 2 frente ao demais, para essas

variáveis, motilidade total (56,03), motilidade progressiva (10,56), VAP (42,27) e

VSL (32,10), indicando que a concentração de 2,5mM preserva a motilidade total

do espermatozóide quando se compara com o controle, incrementa a motilidade

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progressiva e aumenta a probabilidade de fecundação do óocito, já que a

correlação dessas variáveis indica alta fertilidade.

Durante a hiperativação, o padrão do vigor espermático passa por mudanças

dramáticas, caracterizadas por grande aumento da amplitude do deslocamento

lateral da cabeça e da cauda do espermatozóide, acompanhado por motilidade

baixa ou pouco progressiva, freqüência baixa de batimento flagelar, mas bem

curvilínea, e movimento circular não progressivo do espermatozóide. Assim,

valores altos de VCL e ALH e baixos de LIN podem ser critérios para distinguir o

movimento do espermatozóide hiperativado (VERSTEGEN et al., 2002), o que foi

observado no tratamento 5, com exceção da linearidade, porém verificado a

hiperativação pelo alto ALH (6,20) e VCL (83,49) em relação aos demais, com

baixa motilidade total e progressiva.

Quando há uma queda na amplitude lateral de cabeça do espermatozóide e

aumento da freqüência do batimento flagelar, têm-se melhor aproveitamento

energético durante o seu trajeto. MORTIMER (1997) reportou que o aumento na

viscosidade do diluente diminui a amplitude da onda flagelar. Geralmente,

amplitude lateral de cabeça elevada não é desejável porque afeta a progressão

celular, desse modo, valores mais elevados de ALH denotam menor qualidade da

amostra seminal. De acordo com a TABELA 3 a amplitude lateral de cabeça

(ALH), foi menor nos tratamento 3 e 4 e maior no tratamento 5. Uma provável

explicação para o tratamento 5 apresentar valores elevados para ALH foi o

aumento da viscosidade do meio, assim como sua acidificação (TABELA 1).

Durante as avaliações microscópicas verificou-se a formação de uma camada

viscosa nas amostras contendo maior concentração de glutationa, prejudicando a

movimentação celular, assim o espermatozóide precisava se movimentar com

maior esforço no meio.

Quanto à frequência de batimento flagelar houve superioridade do

tratamento 1 (controle) em relação as demais concentrações, porém o grupo que

apresentou a menor amplitude lateral de cabeça e maior frequência do batimento

flagelar foi o tratamento 4, mostrando isoladamente para essa característica

melhor aproveitamento energético do trajeto.

No entanto, as análises do movimento espermático proporcionam correlação

inconsistente com os índices de concepção animal quando utilizada isoladamente,

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visto que a motilidade espermática representa apenas um dos vários pré-

requisitos básicos indispensáveis para que os espermatozóides concluam com

êxito sua função biológica representada pela fertilização do ovócito (GRAHAM &

MOCÉ, 2005).

Com relação à integridade das membranas do espermatozóide, plasmática

e acrossomal, verifica-se nas TABELAS 1 e 4, que houve perda significante no

percentual dessas estruturas, o que já é esperado quando se submete a célula

espermática ao processo de criopreservação. A formação de cristais de gelo

durante o congelamento, descrita por MAZUR (1984), leva ao aumento da

concentração de sais na fração não congelada que pode ser prejudicial ao

espermatozóide. Altas concentrações de sais podem desidratar a célula

espermática, deformando-a, provocando danos à estrutura da membrana,

desestruturação e desnaturação das proteínas. Em consequência, os

espermatozóides sofrem danos irreversíveis, caracterizados por movimentos

anormais (circular ou retrógrado), rápida perda da motilidade, danos ao

acrossomo e membrana plasmática, redução do metabolismo e perda de

componentes intracelulares (AMANN & PICKETT, 1987).

Porém, observa-se na TABELA 4 que o tratamento 2 foi eficiente em manter

a integridade de membrana plasmática da cabeça do espermatozóide quando se

compara ao sêmen fresco (VIVOS) (76,5x61,9%) e mesmo com queda acentuada

no percentual de integridade da membrana plasmática da cauda do

espermatozóide (INTMEMB) (60x44,5%), o tratamento 2 foi mais eficiente que os

demais.

Experimento II

Em condições comerciais a refrigeração do sêmen equino é necessária

para permitir o transporte por períodos variáveis de tempo, e este material deve

manter a fertilidade, o que depende de fatores como temperatura de

armazenamento, composição do diluidor, concentração espermática por dose

inseminante, entre outros (HECKENBICHLER et al., 2011).

O primeiro ponto a ser discutido é o sistema de refrigeração passivo,

mantendo os espermatozóides a 16ºC por 24h, escolhido no experimento II por

tratar-se de um procedimento de baixo custo e utilização rotineira durante a

estação reprodutiva de equinos para o transporte de sêmen por grandes

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distâncias. MELO et al. (2007) verificaram melhores resultados com temperaturas

de armazenamento de 5ºC por 24h antes do congelamento, sugerindo que a

redução no metabolismo é essencial quando os espermatozóides são submetidos

a um longo período de armazenamento. A etapa mais propensa a lesões na

estrutura espermática é a queda da temperatura inicial, pós-colheita, até a

temperatura de armazenagem, pois pode provocar danos à membrana

plasmática, resultando em perda da motilidade e danos acrossomais (AURICH,

2005).

BATELLIER et al. (2001) relataram que a manutenção do espermatozóide

em temperaturas por volta de 15ºC evita esses danos causados pela queda

brusca de temperatura, particularmente para aqueles garanhões considerados de

“baixa refrigeração”, melhorando a fertilidade em relação ao armazenamento por

4ºC. MACHADO et al. (2002), testando a utilização de um sistema de refrigeração

passiva composto por duas caixas de isopor e gelo reciclável, demonstraram ser

possível manter a curva de refrigeração em torno de -0,02ºC/min e a temperatura

de 16ºC por período superior a 24 horas. Esses autores relataram ainda que a

motilidade e viabilidade espermáticas verificadas foram superiores em relação ao

sistema de refrigeração passivo com taxas de -0,3ºC/min.

FARRÁS et al. (2008), testando dois sistemas de refrigeração passiva, um

com a temperatura em torno de 5ºC e outro de 15ºC por 24 horas, para avaliar a

motilidade e integridade da membrana plasmática, não verificaram perdas

relacionadas ao diluente ou ao sistema de refrigeração passiva.

Os dados apresentados na TABELA 1 mostram que houve queda na

motilidade espermática de 70,7 para 51,8% após a refrigeração por 24 horas, mas

essas variáveis permaneceram dentro do limite considerado adequado para

espermatozóides equinos após refrigeração. HECKENBICHLER et al. (2011),

avaliando a qualidade de espermatozóides equinos submetidos à refrigeração

para transporte por longas distâncias, verificaram que a temperatura dentro do

recipiente utilizado para transporte (4-7ºC e 14-22ºC), após um período variável

de 9,5 a 32 horas não influenciou a motilidade total ou progressiva, cujos menores

valores foram de 54,6% na faixa de temperatura entre 14 e 22ºC. Além disso,

mostraram que não houve influência no número de éguas gestantes após a

inseminação artificial.

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SHORE et al. (1998), também utilizando a temperatura de 5ºC dentro do

recipiente de transporte, relataram não haver diferença entre o percentual de

éguas prenhes após a inseminação com sêmen mantido por 24 ou 48 horas em

refrigeração, sendo que a motilidade progressiva, nos dois casos, foi de 59,5 e

50,5%, respectivamente.

BATELLIER et al. (2001) associaram os bons resultados na sobrevivência

espermática durante a refrigeração também à utilização de diluente com menores

quantidades de leite em sua composição, mas FARRÁS et al. (2008),

comparando o mesmo diluente contendo leite desnatado utilizado no presente

estudo com outro contendo frações purificadas de leite, não verificaram diferenças

em relação à motilidade progressiva e integridade de membrana. A manutenção

do plasma seminal pode ser prejudicial à motilidade espermática (JASKO et al.,

1992), e a estabilidade das membranas do espermatozóide equino pode ser

melhorada durante o armazenamento sob refrigeração pela remoção do plasma

seminal (BARRIER-BATTUT et al., 2010). No entanto, no Experimento II, as

amostras seminais foram processadas mimetizando um processo comercial, ou

seja, diluidas em meio à base de leite desnatado, sem centrifugação prévia.

Para AURICH (2005) a integridade da membrana plasmática do

espermatozóide equino é afetada por diversos fatores durante a queda de

temperatura, como foi verificado na TABELA 1, em relação aos valores de

integridade funcional da membrana plasmática do espermatozóide. Em relação à

integridade estrutural da membrana plasmática, testada pela coloração supravital,

não houve diferenças, o que pode ser resultado do efeito protetor do diluente,

relatado também por PAGL et al. (2006).

Em relação à integridade acrossomal, houve diferenças entre as amostras

avaliadas imediatamente após a colheita e aquelas refrigeradas por 24 horas,

mas a perda foi inferior a 10%. COCCHIA et al. (2011), usando diluente de

Kenney, de composição semelhante ao utilizado no presente estudo, verificaram

redução significativa no percentual de espermatozóides equinos com acrossomos

íntegros após a refrigeração por 24 horas a 5ºC, tanto em amostras sem a

retirada do plasma seminal quanto naquelas centrifugadas. Os autores relataram

que três horas após a refrigeração, 67,1% dos espermatozóides apresentavam

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acrossomos íntegros, mas em 24 horas o percentual caiu para valores entre 48 e

50%.

Não há consenso na literatura quanto ao efeito preventivo das substâncias

antioxidantes adicionadas ao diluente, uma vez que alguns estudos relataram

efeitos positivos da adição dessas substâncias, enquanto outros não observaram

nenhum benefício (BALL et al., 2001;BAUMBER et al., 2005; JOHNSON &

COUTINHO DA SILVA, 2008; MAIA & BICUDO, 2009; SILVA et al., 2009). A

divergência nos resultados observada dentro da mesma espécie certamente

deve-se a variações na idade e na raça dos animais utilizados, na composição do

diluente, na forma de conservação do sêmen, nas doses e combinações dos

antioxidantes, entre outros.

O efeito das espécies reativas de oxigênio sobre as membranas do

espermatozóide de mamíferos tem sido discutido, já que altas concentrações de

EROS tem efeito deletério sobre a célula, dificultando sua sobrevivência e

alterando a função das membranas devido à peroxidação lipídica (COCCHIA et al.

2011). No sêmen do garanhão, a geração de EROS ocorre principalmente por

espermatozóides anormais e lesados, e por leucócitos (BAUMBER et al., 2005).

Relatos prévios mostraram que a refrigeração pode induzir a ruptura do

acrossoma ou facilitar a capacitação espermática (BEDFORD et al. 2000;

POMMER et al. 2002).

Durante a fase final de maturação, o espermatozóide descarta grande parte

do citoplasma, limitando seu mecanismo de defesa ao estresse oxidativo e

tornando-se dependente da ação antioxidante desempenhada pelo plasma

seminal (BAUMBER et al. 2005). Ao perder também essa fonte durante o

processamento para criopreservação, a célula fica exposta à ação das EROS, o

que resulta em peroxidação lipídica do plasmalema, perda da motilidade e danos

na cromatina (AITKEN, 1999). Ao adicionar-se uma fonte de defesa antioxidante,

representada pela glutationa, esperava-se a redução desses efeitos. As prováveis

explicações para a progressiva redução na motilidade espermática, detectadas

neste trabalho, nas amostras adicionadas de glutationa seriam o aumento da

viscosidade do meio, conforme descrito por MORTIMER (1997) e a sua

acidificação, já discutida por ACOTT & CARR (1984) (TABELA 1), tendo em vista

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que foi verificada a formação de uma camada viscosa nas amostras contendo

maior concentração de glutationa.

A redução do pH promovida pela adição de glutationa nas concentrações de

5,0, 7,5 e 10,0mM deve ser discutida em relação aos resultados verificados para

motilidade progressiva e vigor. A redução do pH no meio reduz a longevidade e

fertilidade espermática, e isso ocorre na ausência de mecanismos de redução dos

íons hidrogênio no meio extracelular. O pH baixo induz a diminuição reversível da

motilidade espermática (ACOTT & CARR, 1984), e isso pode ter mascarado a

ação da glutationa, da mesma forma como previamente descrito por AURICH et

al. (1997), que verificaram a redução na motilidade espermática de garanhões

como efeito do pH baixo resultante da adição de antioxidantes ao meio.

MELO et al. (2007) não verificaram diferenças entre a motilidade de

espermatozóides equinos congelados imediatamente após a colheita ou

resfriados passivamente por 24h, mas sim para a variável integridade de

membrana plasmática avaliada pelo teste hiposmótico. Já CROCKETT et al.

(2001) obtiveram resultados de motilidade progressiva superiores para amostras

centrifugadas, refrigeradas por 12h e posteriormente congeladas, em comparação

com as amostras mantidas refrigeradas por 24h. No presente trabalho optou-se

por impor o máximo de desafio aos espermatozóides na questão de geração de

radicais livres para avaliar o efeito da adição da glutationa e, ao mesmo tempo,

mimetizar a situação real de envio de amostras refrigeradas.

Conforme observado na TABELA 1, a adição do antioxidante em

concentrações superiores a 2,5mM afetou a motilidade progressiva e o vigor

espermático ainda antes da criopreservação. A glutationa ocorre naturalmente no

sêmen de mamíferos e, para bovinos, a suplementação do meio de congelamento

com esse antioxidante teve efeito protetor sobre a qualidade espermática no

descongelamento (GADEA et al., 2007).

No experimento II, a adição de glutationa nas cinco concentrações avaliadas

não resultou em melhora na qualidade dos espermatozóides criopreservados

após passarem pela refrigeração passiva por 24h e submetidos à criopreservação

de forma automatizada (RM), visto que as variáveis analisadas foram sempre

superiores para o tratamento 1 (controle), TABELAS 5 e 6. Já para as amostras

submetidas ao congelamento manual (RG), verificou-se que o tratamento 2

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(2,5mM) melhorou a motilidade e integridade de membrana, o que pode sugerir

que em curvas de congelamento não homogêneas, essa concentração pode

preservar algumas características espermáticas.

BAUMBER et al. (2003) relataram efeito protetor na motilidade progressiva,

integridade de DNA e estabilização das membranas utilizando glutationa na

concentração de 10mM adicionada ao meio de congelamento, embora sem

diferenças entre as amostras tratadas e aquelas controle. Nos experimentos I e II

as amostras tratadas com essa concentração de glutationa foram as que

mostraram maior efeito negativo sobre os espermatozóides. De forma semelhante

aos achados de BAUMBER et al. (2003), o tratamento 1 (controle) manteve maior

estabilidade em relação à motilidade progressiva e integridade de membranas,

exceção feita ao tratamento 2 (RG-2,5mM), sugerindo que esse protocolo pode

ser uma alternativa a ser estudada para garanhões cujos espermatozóides

apresentam baixa tolerância a refrigeração e/ou criopreservação.

No entanto, são necessários estudos adicionais avaliando a dose-resposta

para determinar a concentração ideal de GSH, assim como experimentos que

comprovem o potencial efeito benéfico desse antioxidante, no incremento dos

índices de fertilidade de éguas inseminadas com sêmen congelado.

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5 CONCLUSÕES

Nas condições de realização do presente experimento pode-se concluir que:

A adição de 2,5mM de glutationa ao diluente de congelamento

imediatamente pós-colheita foi eficiente para preservar a motilidade total e

incrementar significativamente a motilidade progressiva e a integridade de

membrana plasmática.

Concentrações de glutationa superiores a 2,5mM são deletérias aos

espermatozóides nos diferentes protocolos de congelamento, com ou sem

refrigeração passiva prévia.

Para protocolos de congelamento manual a concentração de 2,5mM

incrementa a motilidade progressiva e a integridade de membranas.

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CAPÍTULO 3 - REFRIGERAÇÃO DO SÊMEN EQUINO A 16ºC POR 36H COM ADIÇÃO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE GLUTATIONA E CISTEÍNA

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito in vitro da adição de cisteína e glutationa em setetratamentos (controle; 1; 1,5 e 2,5mM), sobre espermatozóides de 12 garanhões em protocolo de refrigeração passiva a 16ºC por 36h. As variáveis avaliadas foram motilidade total e progressiva, vigor e integridade das membranas plasmática e acrossomal em sete momentos diferentes (0, 6, 12, 18, 24, 30 e 36h). Para discussão dos dados foram levados em consideração somente os valores dos momentos 1, 3, 5 e 7 (0, 12, 24 e 36h). Verificou-se redução na motilidade progressiva do momento 1 para o momento 7 em todas as amostras estudadas. Considerando as amostras tratadas com cisteína, houve superioridade na motilidade para o tratamento 2 e 3 em relação aos demais tratamentos (1, 4 e 5) (p<0,05), no momento 7. Para as amostras tratadas com glutationa, com exceção do momento 1, houve superioridade do tratamento 7 em relação aos demais (1, 5 e 6). Com relação ao vigor, no geral, verificou-se redução do momento 1 ao 7. Considerando as amostras tratadas com cisteína, houve tendência de superioridade do tratamento 2 a partir do momento 5. Para as amostras tratadas com glutationa, houve superioridade do tratamento 6 no momento 7, sem diferenças para o tratamento 1. Para integridade de membrana,o mesmo comportamento de redução dos valores foi verificado em todos os tratamentos até o momento 7. Considerando as amostras tratadas com cisteína houve tendência de superioridade do tratamento 3. Para as amostras tratadas com glutationa, o tratamento 5 foi superior no momento 5 (p<0,05). Considerando as amostras tratadas com cisteína, houve uma tendência de superioridade no tratamento 2. Para glutationa houve uma tendência a menores valores no tratamento 6. Para integridade de membrana acrossomal, no geral, não houve perda de integridade. A concentração de cisteína 1,0mM mostrou-se mais eficiente para proteção da célula espermática no sistema comercial de refrigeração passiva a 16ºC por 36h, com valores maiores de motilidade e integridade de membrana.

Palavras chaves: antioxidante, espermatozóide, garanhão, recursos genéticos, sêmen refrigerado

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CAPTHER 3 – ADDITION OF GLUTATHIONE AND CYSTEINE TO CHILLED STALLION SEMEN AT 16ºC DURING 36 HOURS

ABSTRACT

The objective was evaluate in vitro effect of addition of cysteine and glutathione in seven concentrations (control, 1.0, 1.5 and 2.5 mM), treatment 1 to 7, respectively, on chilled semen at 16oC from 12 stallions for 36h. The variables assessed were total and progressive motility, vigor, integrity of membrane plasmatic and acrosomal in 7 different times (0, 6, 12, 18, 24, 30 and 36h). For data discussion only values on moments 1, 3, 5 and 7 (0, 12, 24 and 36h) were taken into account. There was a reduction in motility of the moment 1 to 7 in all samples. Considering samples treated with cysteine, superiority was observed in motility for treatment 2 and 3 compared to other treatments (1, 4 and 5) (p<0.05) at the time 7. In the samples treated with glutathione, with the exception of a moment 1, there was superiority of treatment 7 over the other 7. With regard to vigor, in general, there was a reduction of the moment 1-7. Considering the samples treated with cysteine, there was a tendency of superiority of treatment 2 from the moment 5. In the samples treated with glutathione was superiority of treatment 6 on moment 7, no differences for treatment 1. For membrane integrity, the same behavior of reduced values was observed in all treatments until moment 7. Considering samples treated with cysteine, tended the superiority of treatment 3. In the samples treated with glutathione, treatment 5 was superior at moment 5 (p<0.05). Considering samples treated with cysteine, there was a trend to superiority in treatment 2. For glutathione was a tendency to lower values in treatment 6. To acrosomal membrane integrity, in general, there was no loss of integrity. The concentration of 1.0mM cysteine was more effective for protection of sperm cells cooled at 16°C for 36h, with higher values of motility and membrane integrity.

Key words: antioxidants, colled semen, genetic resources, spermatozoa, stallion

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1 INTRODUÇÃO

O transporte de sêmen equino foi relatado pela primeira vez em textos

árabes, no ano de 1322, quando supostamente, um chefe árabe roubou de um

rival o sêmen de um garanhão e inseminou sua égua, ocorrendo o nascimento de

um potro. O primeiro relato científico documentado da inseminação artificial foi

realizado em 1776 por Lazaro Spallanzani, que inicialmente trabalhou com cães e

posteriormente, avaliou o método em equinos, incluindo a refrigeração de sêmen

(BRINSKO & VARNER, 1992).

O uso do sêmen refrigerado cada vez mais ganha adeptos na indústria

equina. O procedimento utilizado para refrigerar sêmen é relativamente simples e

pode ser realizado em todas as propriedades (CROCKETT et al., 2001). A

inseminação artificial em equinos é largamente praticada em todo o mundo, e a

maneira mais comumente usada nessa espécie é mediante a refrigeração e

transporte de sêmen (LOOMIS, 2001). Aparentemente, o país que mais realiza

inseminação, na espécie equina, com sêmen refrigerado e transportado são os

Estados Unidos, seguido pelo Brasil (PAPA et al., 2005).

A tecnologia de refrigeração do sêmen equino tem sido estudada pelo

interesse na manutenção do potencial fertilizante durante um período prolongado,

dando maior flexibilidade ao proprietário do garanhão para colher e enviar o

sêmen no momento oportuno (HECKENBICHLER et al., 2011). A utilização do

sêmen refrigerado apresenta vantagens, como a redução com os gastos inerentes

ao transporte e hospedagem de animais, a diminuição do estresse pelo transporte

destes, bem como redução dos riscos de acidentes e doenças resultantes da

exposição a patógenos de um novo ambiente (BRINSKO & VARNER, 1992).

A manipulação do sêmen equino durante o processo de refrigeração reduz

a viabilidade e fertilidade espermática em consequência, entre outros problemas,

da peroxidação de lipídios da membrana, devido ao alto conteúdo de ácidos

graxos poliinsaturados, que tornam as células altamente susceptíveis à ação dos

radicais livres e espécies reativas de oxigênio (EROS) (COCCHIA et al., 2011).

O efeito oxidativo causado pela geração das EROS pode ser diminuído pela

adição de antioxidantes ao plasma seminal ou aos diluentes utilizados no

congelamento. Os resultados são contraditórios quanto à preservação da

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viabilidade do espermatozóide no sêmen fresco e congelado em virtude do tipo e

da concentração do antioxidante utilizado, assim como seu mecanismo de ação

específico referente à proteção espermática (BAUMBER et al., 2005).

Um dos antioxidantes incorporados ao sêmen de algumas espécies é a

glutationa, um tiol tripeptídeo (ɣ-glutamilcisteinilglicina) com inúmeras funções

biológicas encontrado amplamente no organismo animal, não só nas células

somáticas como nos gametas. Esse tiol tem um papel importante na antioxidação

de compostos endógenos e exógenos, assim como na manutenção da condição

redox intracelular. A glutationa é um reservatório natural de força redutora, que

pode ser usada de forma rápida pelas células como defesa contra o estresse

oxidativo (LUBERDA, 2005).

O Grupo sulfídrico (SH) confere à glutationa proteção contra danos

oxidativos. A glutationa existe em duas formas: reduzida (GSH) e oxidada

(GSSG). A ação protetora da glutationa contra as EROS é facilitada pela

interação das enzimas, tanto peroxidase como redutase (LUBERDA, 2005).

O sistema de defesa antioxidante presente no sêmen de mamíferos consiste

principalmente em sistemas enzimáticos e não enzimáticos, sendo que o último é

representado principalmente pela glutationa. A função básica da GSH no sêmen é

a interação com outros sistemas para prevenir a ação das EROS. Essa função

“escaneadora” da GSH ajuda a contrapor o efeito do estresse oxidativo nas

células espermáticas, que pode resultar em peroxidação lipídica do plasmalema,

perda irreversível da motilidade, extravasamento das enzimas intracelulares e

danos na cromatina (AITKEN, 1999).

Outro antioxidante importante é a cisteína, que é um precursor da

biossíntese da glutationa, aumentando os níveis da GSH. Ela tem baixo peso

molecular e é um antioxidante não enzimático que previne a peroxidação lipídica,

tendo capacidade de penetrar pelas membranas celulares (BILODEAU et al.,

2001). A GSH é capaz de agir diretamente em muitas EROS, além de ser um co-

fator para a glutationa peroxidase, que catalisa a redução do peróxido de

hidrogênio e hidroperóxidos, protegendo a célula contra o estresse oxidativo

(AITKEN, 1999).

A escassez de informações quanto às variáveis de fertilidade in vitro e a

disparidade de dados sobre o efeito de antioxidantes adicionados ao sêmen

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refrigerado de equinos, indicam a necessidade de mais estudos. Assim, objetivou-

se avaliar o efeito in vitro da adição do antioxidante glutationa e cisteína, em

quatro concentrações, sobre espermatozóides equinos quanto à motilidade, vigor,

integridade funcional e estrutural das membranas, durante refrigeração por

16ºC/36h.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Local e período experimental

O experimento foi desenvolvido no laboratório de Reprodução Animal da

Escola de Veterinária/Universidade Federal de Goiás.

Foram utilizados doze garanhões das raças Quarto de milha e Mangalarga

Marchador, entre 4 e 8 anos de idade, sob o mesmo manejo alimentar, alojados

na região metropolitana de Goiânia/GO, nos meses de março à maio/2010.

2.2 Colheita e processamento de material

Após o esgotamento das reservas extra-gonadais, os garanhões foram

submetidos a três colheitas de sêmen em dias alternados, obtendo-se 36

ejaculados por meio de vagina artificial modelo “Botucatu”, composta por um tubo

rígido de PVC, tubo flexível de látex, camisa sanitária descartável e copo coletor

com filtro de náilon acoplado para obtenção da fração livre de gel. A metodologia

empregada foi a colheita fechada e a temperatura da vagina artificial em torno de

42-44ºC. Para realização das colheitas, utilizou-se uma égua em cio devidamente

contida. No momento da monta, o pênis ereto foi desviado em direção da vagina

artificial. A ejaculação foi detectada pelos jatos ejaculatórios, verificados com a

palma da mão na porção ventral do pênis, ou observação dos movimentos da

cauda.

2.3 Adição do antioxidante e refrigeração das amostras

Imediatamente após a colheita o ejaculado foi diluído a uma concentração

de 50x106 espermatozóides/mL com meio a base de leite em pó desnatado,

glicose, bicarbonato de sódio e amicacina (Botu-sêmen®, Biotech Botucatu,

Botucatu/SP); homogeneizado e distribuído em tubos de centrífuga de 15mL, para

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adição dos antioxidantes (glutationa (G6013, Sigma Chemical CO, EUA) e

cisteína (C7352, Sigma Chemical CO, EUA)).

Os antioxidantes foram adicionados ao volume pré-definido de 15mL (sêmen

+ diluente), formando sete grupos: controle, cisteína e glutationa nas

concentrações de 1, 1,5 e 2,5mM (Tratamentos 1 a 7). Após a homogeneização

para completa dissolução dos antioxidantes, esse material foi alíquotado em 49

tubos de microcentrífuga de 1,5mL, preenchendo o volume total do tubo e

evitando a presença de oxigênio.

Foram utilizadas sete caixas de transporte de sêmen (Max-sêmen

Express®), que é um sistema comercial de refrigeração passiva constituído por

duas caixas de isopor com uma fonte de gelo reciclável, que mantém a taxa de

refrigeração a 16ºC; uma cada para tratamento. Foram distribuídos sete tubos de

microcentrífuga em cada caixa, juntamente com um recipiente contendo 90mL de

água para completar 100mL de líquido por caixa; quantidade necessária para a

correta curva de refrigeração.

2.4 Análises em diferentes momentos de refrigeração

As variáveis avaliadas foram motilidade progressiva, vigor, integridade de

membrana plasmática (cabeça e cauda do espermatozóide) e acrossomal;

efetuadas em sete momentos: 0, 6, 12, 18, 24, 30 e 36h. Cada tubo de

microcentrífuga representava um momento. Nos momentos das avaliações as

amostras foram retiradas das caixas de refrigeração e mantidas no banho-maria a

37ºC por cinco minutos para estabilização, e conduzidas as respectivas análises

in vitro.

2.4.1 Motilidade e vigor

O percentual de espermatozóides móveis e a velocidade do movimento

foram avaliados com 20µL de sêmen colocados entre lâmina e lamínula

previamente aquecidas a 37ºC, em aumento de 200x, em microscópio óptico de

contraste de fase (BX41TF, Olympus, Japão) classificando a motilidade

progressiva de 0 a 100% e o vigor de 0 a 5 (CBRA, 1998).

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2.4.2 Integridade de membrana plasmática

Para avaliação da integridade estrutural da membrana plasmática do

espermatozóide foi utilizada a coloração supravital com o corante eosina-

nigrosina, em que volumes iguais (20µL) de sêmen e corante foram colocados

sobre lâmina de vidro identificada e aquecida a 37ºC, homogeneizados,

realizando-se o esfregaço, os quais foram secos ao ar. A leitura foi realizada em

aumento de 1000x, contando-se 500 espermatozóides, imediatamente após

secagem da lâmina e classificando-se os não corados como aqueles de

membrana íntegra (DOTT & FOSTER, 1972).

Para avaliar a integridade funcional da membrana plasmática do

espermatozóide, foi realizado o teste hiposmótico em câmara úmida, por meio da

incubação de 100µL de sêmen em 1,0mL de solução de sacarose a 100mOsm/L,

em banho-maria a 37ºC por 30 minutos. Após esse período, 20µL dessa solução

foi avaliada em câmara úmida em microscopia de contraste de fase, em aumento

de 1000x. Foram contados 200 espermatozóides, considerando-se a

apresentação da cauda enrolada indicativo de membrana íntegra, após descontar

o percentual de alterações de cauda obtido na avaliação morfológica (MELO &

HENRY, 1999).

2.4.3 Integridade de membrana acrossomal

Para avaliação da integridade de membrana acrossomal utilizou-se a

coloração Trypan Blue/Giemsa. Volumes iguais de sêmen e corante Trypan Blue

0,2% (20µL) foram colocados sobre lâmina identificada e aquecida a 37ºC e

homogeneizados, realizando-se o esfregaço, o qual foi seco ao ar. Os esfregaços

secos foram fixados em solução de vermelho neutro por cinco minutos, lavados

em água corrente, novamente secos ao ar e então submersos em solução de

corante Giemsa 7,5% por 4h (KÚTVÖLGYI et al., 2006)

A leitura foi realizada em aumento de 1000x, contando-se 200

espermatozóides, classificando-os nas seguintes categorias: vivos – acrossomo

corado em rosa ou roxo e região pós-acrossomal não corada; mortos – corados

em azul na região pós-acrossomal e acrossomo corado em roxo ou rosa; reação

acrossomal verdadeira – acrossomo e região-pós acrossomal não coradas e

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reação acrossomal falsa – acrossomo não corado e região pós-acrossomal

corada em azul (DIDION et al., 1989)

2.5 Análise estatística

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema

fatorial 7x2x7, onde as parcelas que receberam cada um dos tratamentos, bem

como cada um dos momentos, foram determinadas de forma inteiramente casual,

por meio de um sorteio.

As informações obtidas no trabalho de campo foram editadas em planilhas

eletrônicas do aplicativo Excel® disponível no pacote computacional Microsoft

Office® (McFEDRIES, 2005).

As análises de crítica e consistência dos dados foram realizadas utilizando-

se o procedimento UNIVARIATE (SAS, 2000) para determinar se os erros

experimentais das variáveis possuíam distribuição normal de probabilidade e

homogeneidade de variância. Como as variáveis estudadas não apresentaram

distribuição normal de probabilidade, desobedecendo-se a premissa básica da

análise de variância, optou-se pela análise não paramétrica utilizando-se o teste H

de Kruskal-Wallis através do procedimento H-Test do pacote computacional

WinStat® (FITCH, 2006).

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3 RESULTADOS

Os resultados relativos às variáveis analisadas estão mostrados na TABELA

1. Os resultados foram comparados sempre entre o controle e as demais

concentrações e entre a mesma concentração nos dois antioxidantes.

Tabela 1 – Efeito dos antioxidantes sobre as características seminais durante 36horas de resfriamento a 16ºC

T 0h(M1) 6h(M2) 12h(M3) 18h(M4) 24h(M5) 30h(M6) 36h(M7)Motilidade Progressiva %

1 64,8±6,0ªb1 53,4 ± 6,7ª2 53,2±8,3ªb2 48,9±10,8ª2 53,5 ± 7,2ª2 42,1±10,5ª3 35,5±18,4ª4

2 67,2 ±6,1ª1 58,6 ± 9,1b2 56,5±8,7ªc23 58,3 ± 7,8b2 54,0± 4,2ª3 49,8±8,5bcd4 46,5±6,1bd4

3 63,7 ±4,9b1 60,9 ±6,2bc1 51,8 ± 8,8b2 54,0± 7,6c2 50,4±10,9ªb2 52,0±13,6cd2 46,0±4,6bd3

4 64,6±4,9ªb1 61,9 ± 4,7c1 53,9±4,7ªb2 53,8 ± 7,8ª2 52,7± 3,8ªb2 43,8± 8,4ª3 39,7±12,4ac4

5 66,3±5,4ªb1 61,8 ± 4,5c2 56,0 ±5,6ªc3 49,8±10,5ª4 49,4± 7,3bc4 53, 0± 5,9d3 38,2± 9,0ª5

6 58,9±7,3c12 60,7 ±6,2bc1 55,1±5,5ªc23 52,4± 6,8ac3 46,2± 7,9c4 46,3±11,1ªb4 43,4±12,7cd4

7 59,1 ±6,9c1 62,9 ± 4,4c2 57,8 ± 7,3c1 44,7± 4,7b3 51,3±11,2ªb4 48,4±6,7bc45 45,5±6,2d35

Vigor1 4,2 ±0,4ª1 4,0 ± 0,5ª1 3,8 ± 0,5ªb2 3,4± 0,5ª34 3,5±0,5ªbc23 3,5± 0,4ª234 3,2± 1,1ab4

2 4,2 ±0,5ªb1 4,0 ± 0,7b2 3,8 ±0,4ªb23 3,6± 0,5ª3 3,7 ± 0,5ª23 3,6 ± 0,3ab3 3,6± 0,5ac3

3 4,0 ±0,7bc1 4,0 ± 0,7b14 3,8±0,4ªb134 3,3± 0,9ª2 3,4±0,5bcd23 3,6± 0,4ab34 3,5±0,5abc24

4 4,1 ±0,5ªb1 4,0± 0,8b12 3,8 ±0,8ªb12 3,5± 0,9ª23 3,6± 0,5ªb2 3,5±0,9ab23 3,2± 1,1b3

5 3,8 ±0,5cd1 3,5 ± 0,5b1 3,7±0,5ªb1 3,2± 0,8ª2 3,4± 0,5cd2 3,8± 0,4b1 3,4± 0,7abc2

6 3,7 ±0,4d1 3,5 ± 0,5b1 3,6 ± 0,5ª12 3,3± 0,8ª23 3,2± 0,4d3 3,1± 0,7c3 3,7± 0,3c1

7 3,8±0,3cd12 3,5 ± 0,4b1 3,8 ± 0,4b12 3,6± 0,4ª24 3,2± 0,5d3 3,8± 0,9b1 3,4±0,5abc34

Integridade de membrana plasmática1 84,2±3,3abc1 73,0±11,2ªc2 84,3± 2,7ª1 78,5± 8,734 75,5±9,7ªb23 80,9±12,9ª14 68,1±13,4ª5

2 83,1±4,2ac1 78,1±4,4b234 83,7 ± 2,9ª1 78,6± 6,724 76,0±5,8ªb3 78,8± 2,4ab2 76,5±6,9b34

3 85,5± 2,6b1 71,4 ± 9,0c2 83,1 ±3,2ªc1 76,8±11,3b3 78,5±10,5ªc3 79,1± 3,4ab3 76,9± 3,7b3

4 82,7±3,5c13 75,6± 7,0ªb2 83,5± 3,6ªc1 76,9±13,02 74,7± 7,3b2 78,3±2,1ab23 66,0±17,2ª4

5 84,6±3,9 ab1 73,3 ± 7,6ªc2 76,4±5,5b23 77,6±10,73 79,5± 1,8c3 78,9± 5,8ab3 68,8± 92ª4

6 79,9±4,0d12 77,9 ± 5,6b12 76,7 ± 7,0b1 80,8± 5,1c2 76,7±9,4ªbc1 76,8±10,6b1 66,5± 8,3ª3

7 82,6±3,9c1 78,4 ± 4,5b2 81,4 ± 6,6c1 76,5 ± 8,42 76,4±3,5ªbc2 71,2± 8,1c3 67,6±7,5ª4

Reatividade ao teste hiposmótico1 65,2±4,8ª1 61,3 ± 4,0ª13 62,8±6,1ab13 61,7± 6,1ª13 56,2±14,5ªd24 59,0± 5,1ª23 54,1±11,8ab4

2 65,2±4,1ª1 56,3 ± 5,0b2 56,4±9,2cde2 55,1±10,3b2 59,5±20,3ª2 57,4±13,3ab2 57,2± 9,5ª2

3 64,9±4,7ª1 56,4 ± 6,3b2 54,7±10,1ce2 48,3±13,3b34 44,4± 7,7b3 53,8± 2,5bc2 52,2±13,3b24

4 61,6±9,5b1 55,9 ± 6,9b2 58,8±5,9d12 54,6±11,7b2 45,5±15,2bc3 54,1± 4,6bc2 55,8±12,5ab2

5 64,7±2,5ª1 57,8±12,2bc24 59,2±5,9abd2 56,7±11,9b24 52,0±11,6cd3 54,5±13,5bc34 56,0±3,2ab23

6 65,4±6,9ª1 57,3±6,3b2 57,9±9,2cd2 52,1±7,63bd3 43,0±12,5b4 53,4±3,8c3 45,4±7,4c4

7 64,2±2,8ª1 60,7±6,2ªc14 53,1±10,2e2 48,4±5,9d3 52,9±14,8ªd2 58,3±4,8ª4 51,8±13,5b23

Vivos com acrossoma íntegro1 71,2±8,9ª1 71,7±9,7ªb12 73,3±7,6ac12 72,2±8,1ª12 72,1±9,6ª12 71,8±7,0a12 75,5±10,4ª2

2 70,9±3,5ª13 71,1±1,9ª13 78,1±5,7b2 72,5±7,0a1 69,6±5,2ªb3 68,8±6,8b3 69,4±4,4b3

3 71,5±5,6ª1 74,6± 0,9b2 71,4±10,2ac1 64,0±7,0b34 70,4±3,6ªb1 60,9±7,5c3 65,0±7,2c4

4 75,4±1,3b1 70,9± 2,5ª2 72,9±7,3ac12 73,7±10,1ª12 71,5±10,1ªb24 62,4±9,0cd3 74,3±0,5ª14

5 71,8±2,2ª1 71,5±5,1ªb1 73,9±7,4ª1 65,7±7,4b23 67,7±7,5b2 64,8±6,7d3 67,5±5,8bc23

6 70,2±3,3ª13 68,4± 3,9ª1 69,8±7,7c13 69,6±4,9ª13 53,1±11,9c2 72,0±1,5ª3 67,9±7,8bc1

7 66,1±4,5c1 57,5±15,1c2 60,6±9,6d24 67,4±3,1b1 52,8±8,8c3 61,8±0,5cd4 66,7±4,4bc1

Letras diferentes na mesma coluna e números diferentes na mesma linha indicam diferenças (P<0,05)

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74

Para discussão dos dados serão levados em consideração os valores dos

momentos 1, 3, 5 e 7 (0, 12, 24 e 36h), intermediários entre as outras análises

(FIGURAS 1 a 5).

Verificou-se redução na motilidade progressiva do momento 1 (estabilização)

para o momento 7 em todas as amostras estudadas. Considerando as amostras

tratadas com cisteína, houve superioridade na motilidade para o tratamento 2 e 3

em relação aos tratamentos 1, 4 e 5 (P<0,05), no momento 7. Para as amostras

tratadas com glutationa, com exceção do momento 1, houve superioridade do

tratamento 7 em relação aos demais (1, 5 e 6).

FIGURA 2 - Vigor espermático em relação aos momentos de avaliação.

Tratamentos

VIG

OR

ES

PE

RM

ÁT

ICO

0H

12H

24H

36H

FIGURA 1 - Motilidade progressiva (%) em relação aos momentos de avaliação

Tratamentos

MO

TIL

IDA

DE

PR

OG

RE

SS

IVA

%

0H

12H

24H

36H

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75

O vigor espermático (FIGURA 2) sofreu redução do momento 1 ao 7, em

todos os tratamentos. Nas amostras tratadas com cisteína, houve tendência de

superioridade do tratamento 2 a partir do momento 5. Para as amostras tratadas

com glutationa, houve superioridade do tratamento 6 no momento 7, mas nos

demais momentos não houve diferenças para o tratamento 1.

Em relação a integridade de membrana plasmática (FIGURA 3) e

espermatozóides reativos ao teste hiposmótico (FIGURA 4), foi verificado o

mesmo comportamento de redução dos valores foi verificado em todos os

tratamentos até o momento 7. Nas amostras tratadas com cisteína, houve

tendência à superioridade do tratamento 3. Para as amostras tratadas com

glutationa, o tratamento 5 foi superior no momento 5 (P<0,05).

FIGURA 4 - Espermatozóides reativos ao teste hiposmótico (%) em relação aos momentos de avaliação.

Tratamentos

SP

TZ

RE

AT

IVO

S A

O T

ES

TE

H

IPO

SM

ÓT

ICO

%

0H

12H

24H

36H

FIGURA 3 - Integridade de membrana plasmática (%) em relação aos momentos de avaliação.

Tratamentos

INT

EG

RID

AD

E D

E M

EM

BR

AN

A

PLA

SM

ÁT

ICA

%

0H

12H

24H

36H

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76

Para espermatozóides vivos com acrossoma íntegro (FIGURA 5), no geral, não

houve queda nos percentuais.

FIGURA 5 - Espermatozóides vivos e acrossoma íntegro (%) em relação aos momentos de avaliação.

Tratamentos

SP

TZ

VIV

OS

E A

CR

OS

SO

MA

ÍN

TE

GR

O% 0H

12H

24H

36H

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77

4 DISCUSSÃO

A inseminação artificial (IA) com sêmen fresco ou refrigerado é uma

ferramenta que, ao ser empregada de forma adequada, proporciona boa

eficiência, com a obtenção de taxas de prenhez e nascimento similares à monta

natural. O armazenamento e o transporte de sêmen, seja pelo congelamento ou

refrigeração, permitem direcionar melhor os acasalamentos por meio da utilização

de garanhões geneticamente superiores que, na maioria das vezes, ficam

alojados nas centrais de reprodução.

Desta forma, a IA com sêmen refrigerado vem sendo amplamente utilizada

nas últimas décadas, mesmo antes que algumas associações de raça

oficializassem sua aplicação como método de acasalamento, pois muitos

criadores evitam deslocar as éguas até o local onde se encontram os garanhões.

Uma das principais causas relacionadas ao aumento da utilização do sêmen

refrigerado é o alto percentual de garanhões (20-40%) que apresentam sêmen de

“baixa congelabilidade” (VIDAMENT et al., 1997).

BATELLIER et al. (2001) relataram que temperaturas por volta de 15ºC

evitam os danos causados pela queda brusca de temperatura, particularmente

para garanhões considerados de “baixa refrigeração”, melhorando a fertilidade

quando comparado ao armazenamento por 4ºC.

No presente trabalho, optou-se pela refrigeração pelo período de 36 horas

desafiando ao máximo os espermatozóides na questão de geração de radicais

livres, para avaliar a adição dos antioxidantes utilizados e também para mimetizar

o tempo que seria necessário para enviar o sêmen refrigerado a pontos mais

distantes dos grandes centros. O sistema de refrigeração escolhido foi a

refrigeração passiva a 16ºC, por ser de baixo custo, fácil acesso aos proprietários

e médicos veterinários de campo e o mais utilizado para transporte de sêmen no

Brasil. Adicionalmente, considerou-se o fato de parte dos garanhões utilizados

serem da raça Mangalarga Marchador, considerados de “baixa congelabilidade”

(ALVARENGA, et al 2005).

A hipótese de que a adição de antioxidantes ao sêmen equino refrigerado

prolongaria a viabilidade dos espermatozóides foi testada por AURICH et al.,

(1997) (ácido ascórbico) e BRUEMMER et al., 2002 (piruvato), os quais

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verificaram a manutenção da integridade de membrana, motilidade e fertilidade;

mas BALL et al. (2001) não observaram diferenças com a utilização de diversos

antioxidantes em diferentes concentrações para sêmen equino mantido

refrigerado a 5ºC por 96 horas.

Independente do tratamento utilizado houve queda na motilidade

progressiva ao longo do período de avaliação, acentuando-se a partir do

momento 5. Essa redução na motilidade progressiva é consequência de reações

ao choque térmico, quando os espermatozóides são submetidos a temperaturas

inferiores a 20ºC. Essas alterações podem ser caracterizadas por um modelo

anormal de movimento e rápida queda da motilidade espermática, lesões nas

membranas, redução do metabolismo, perda de enzimas e de outros

componentes intracelulares (AURICH, 2005) e peroxidação de lipídios na

presença de íons oxigênio. A membrana do espermatozóide contém grandes

quantidades de ácidos graxos insaturados particularmente susceptíveis à

peroxidação, com subseqüente perda da integridade da membrana e função

celular, além da redução da motilidade espermática (AURICH et al., 1997).

Os tratamentos 2, 3, 6 e 7 (cisteína 1,5 e 2,5mM e glutationa 1,5 e 2,5mM)

foram os que demonstraram melhores resultados na manutenção da motilidade

progressiva durante as 36 horas de refrigeração (FIGURA 1). Essa diferença em

relação ao controle pode ser explicada pelo mecanismo de ação dos

antioxidantes, pois eles retardam a velocidade da oxidação por meio da inibição

de produção ou dos efeitos deletérios dos radicais livres e EROS (BALL et al.,

2001). Em especial a cisteína, que é um antioxidante não enzimático que previne

a peroxidação lipídica, é precursora da biossíntese da glutationa e aumenta os

níveis de glutationa reduzida (GSH) (BILODEAU et al., 2001). A glutationa

reduzida é capaz de agir diretamente em muitas EROS (LUBERDA, 2005), além

de ser um co-fator para a glutationa peroxidase, que catalisa a redução do

peróxido de hidrogênio e hidroperóxidos, protegendo a célula contra o estresse

oxidativo.

Essas diferenças na motilidade total e progressiva não foram verificadas

por REGHINI et al. (2010) que avaliaram o efeito da incorporação de N-

acetilcisteína em diferentes concentrações ao meio de diluição para refrigeração

de sêmen equino por 24 horas a 5 e 15ºC, e por PAGL et al. (2006), que

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79

utilizaram o mesmo composto adicionado ao sêmen equino mantido sob

refrigeração a 5ºC por 72 horas.

A redução na motilidade espermática durante a refrigeração não é somente

devido a danos na membrana da célula, mas também ocasionada por uma

disfunção mitocondrial (RUIZ-PESINI et al., 1998), pois os antioxidantes

endógenos ou exógenos apresentam efeito limitado na membrana mitocondrial

(PALG et al., 2006).

Durante a passagem pelo trato genital feminino os espermatozóides são

expostos as EROS secretadas pelos leucócitos. Entretanto, dentro do útero a

condição anaeróbia reduz o potencial prejudicial das espécies reativas (FOOTE et

al., 2002). O processamento do sêmen após a ejaculação induz as EROS,

principalmente por contaminação leucocitária e presença de espermatozóides

com excesso de citoplasma residual (BROUWERS et al., 2005). A célula

espermática também produz EROS intracelular resultante da atividade flagelar

(GAVELLA & LIPOVAC, 1992). Enquanto uma peroxidação “leve” parece ser um

mecanismo fisiológico que promove a capacitação da célula espermática, o

excesso causa danos na membrana e resulta em perda de motilidade e

capacidade de fertilização (AITKEN & BAKER, 2004).

A determinação de funcionalidade e integridade da membrana plasmática

tem sido objeto de vários estudos. Várias tentativas foram baseadas na idéia de

que a membrana plasmática intacta impediria a entrada de certos corantes no

citoplasma da célula espermática. Uma dessas avaliações é a combinação de

corantes como o método de eosina-nigrosina, também chamada de coloração

supravital, porém, de acordo com BRITO et al., (2003), essa coloração resulta em

superestimativa da proporção de espermatozóides com membrana íntegra em

comparação ao teste hiposmótico, pois avalia apenas os danos físicos à

membrana, enquanto o teste hiposmótico avalia tambem a atividade bioquímica.

Isso justifica as diferenças encontradas nos percentuais obtidos para os diferentes

testes, mostrando que nem sempre um espermatozóide com integridade física

tem integridade funcional.

Com relação a integridade de membrana avaliada pela coloração supravital,

houve redução dos valores em todos os tratamentos até o momento 7. Os

percentuais de integridade começaram a declinar a partir do momento 5 nos

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tratamentos 1, 2, 3, 4 e 7; e apenas no momento 7 para o tratamento 6, com

percentual de lesão acentuado já no momento 3 para o tratamento 5. Ao final do

período de avaliação, as amostras tratadas com cisteína foram aquelas que

apresentaram maiores percentuais de células com membrana plasmática íntegra

(tratamento 2 e 3, FIGURA 3).

Para integridade de membrana plasmática avaliada pela reação ao teste

hiposmótico, embora os tratamentos 2, 4 e 5 tenham mostrado maiores valores

nos momentos 5 e 7, não houve diferenças, o que também foi observado por

REGHINI et al. (2010) e PAGL et al. (2006).

Houve perda de integridade acrossomal nos tratamentos 3 e 5 (FIGURA 5),

mostrando que o processo de refrigeração passiva induz a lesão do acrossoma,

corroborando os dados de BEDFORD et al, (2000). Nenhuma das concentrações

avaliadas, tanto de cisteína quanto de glutationa, foi capaz de preservar maior

percentual de acrossomas íntegros. Deve-se ressaltar, no entanto, que esse

método apresenta alta subjetividade em função da qualidade das lâminas e

quantidade de variáveis que devem ser combinadas durante a avaliação.

A redução da temperatura de 38ºC para 30ºC de amostras de sêmen

contendo células com membranas instáveis devido à capacitação, já é o suficiente

para desencadear a reação do acrossoma (GADELLA et al., 2001). Desta forma,

deve-se sempre estar atento aos danos que o diluente e a curva do resfriamento

utilizados podem causar ao acrossoma.

Não há consenso na literatura quanto ao efeito preventivo das substâncias

antioxidantes adicionadas ao diluente, uma vez que alguns estudos relatam

efeitos positivos e em outros não foram observados benefícios. A divergência nos

resultados observada dentro da mesma espécie certamente deve-se a variações

na idade e na raça dos animais utilizados, na composição do diluente, na forma

de conservação do sêmen, nas doses e combinações dos antioxidantes, entre

outros. A padronização dos ensaios utilizados para cada espécie certamente

possibilitará maior uniformidade dos resultados obtidos e a recomendação de

quais antioxidantes e em que concentrações devem ser utilizadas visando à

prevenção de danos oxidativos causados pelas EROS aos espermatozóides.

A adição dos antioxidantes cisteína e glutationa ao meio diluente utilizado

para manutenção de espermatozóides equinos refrigerados a 16ºC pode reduzir a

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velocidade na perda da motilidade progressiva e da integridade de membrana

plasmática, especialmente a partir das 24 horas de resfriamento.

Os danos que ocorrem durante o processo de refrigeração sobre a célula

espermática não podem ser combatidos isoladamente, em virtude da diversidade

de fatores envolvidos neste processo. Desta forma, é de fundamental importância

o desenvolvimento de pesquisas que permitam a elaboração de protocolos que

minimizem estes efeitos, bem como a elaboração e padronização de métodos

eficazes de análise da viabilidade da célula espermática submetida ao processo

de refrigeração para incrementar os índices de fertilidade nos programas de

inseminação artificial.

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5 CONCLUSÃO

A cisteína e a glutationa podem reduzir a velocidade na perda da

motilidade progressiva e da integridade de membrana plasmática,

especialmente a partir de 24 horas de refrigeração a 16ºC.

A concentração de cisteína 1,0mM mostrou-se mais eficiente para proteção

da célula espermática no sistema comercial de refrigeração passiva a 16ºC

por 36h, com valores maiores de motilidade e integridade de membrana.

A cisteína mostrou melhores resultados provavelmente devido ao seu

menor peso molecular e por ser precursor da glutationa.

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83

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11. BRINSKO, S.P.; VARNER, D.D. Artificial insemination. In: Equine Reproduction. Philadelphia: Lea & Febiger, 1992, p.790-797.

12. BRITO, L.F.C.; BARTH, A.D.; BILODEAU-GOESEELS, S.; PANICH, P.L.; KASTELIC, J.P. Comparison of methods to evaluate the plasmalemma of bovine sperm and their relationship with in vitro fertilization rate. Theriogenology, v.60, p.1539-1551, 2003.

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16. COCCHIA, N.; PASOLINI, M.P.; MANCINI, R.; PETRAZZUOLO, O.; CRISTOFARO, I.; ROSAPANE, I.; SICA, A.; TORTORA, G.; LORIZIO, R.; PARAGGIO, G.; MANCINI, A. Effect of sod (superoxide dismutase) protein supplementation in semen extenders on motility, viability, acrosome status and ERK (extracelular signal-regulated kinase) protein phosphorylation of chilled stallion spermatozoa. Theriogenology, v.75, p.1201-1210, 2011.

17. CROCKETT, E.C.; GRAHAM, J.K.; BRUEMMER J.E.; SQUIRES, E.L. Effect of cooling of equine spermatozoa before freezing on post-thaw motility: Preliminary results. Theriogenology, v.55, p.793-803, 2001.

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20. FITCH, R.K. User’s manual WinStat for Excel. Bad Krozingen, 2006. 131p.

21. FOOTE, R.H.; BROCKETT, C.C.; KAPROTH, M.T. Motility and fertility of bull sperm in whole milk extender containing antioxidants. Animal Reproduction Science, v.71, p.13-23, 2002.

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85

24. HECKENBICHLER, S.; DEICHSEL, K.; AURICH, C. Quality and fertility of cooled-shipped stallion semen at the time of insemination. Theriogenology, v.75, p.849-856, 2011.

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27. LUBERDA, Z. The role of glutathione in mammalian gametes. Reproductive Biology, v.5, p.5-17, 2005.

28. McFEDRIES, P. Fórmulas e funções com Microsoft Excel. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna ltda, 2005, 606p.

29. MELO, M.I.V.; HENRY, M. Teste hiposmótico na avaliação do sêmen equino. Arquivo Brasileira de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.51, p.71-78, 1999.

30. PAPA, F.O.; MELO, C.M.; DELL´AQUA, J.A.; MACEDO, L.P.; CARVALHO, A.G.; ALVARENGA, M.A.; MEDEIROS, A.S.. Inovações metodológicas na biotecnologia de refrigeração e congelação de sêmen eqüino. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILERIA DE TECNOLOGIA DE EMBRIÕES, 19, 2005, Angra dos Reis. Anais…Angra dos Reis, 2005. p.19-27.

31. PAGL, R.; AURICH, C.; KANKOFER, M. Anti-oxidative status and semen quality during cooled storage in stallions. Journal of Veterinary Medicine, v.53, p.486-489, 2006.

32. REGHINI, M.F.S.; ULIANI, R.C.; MONTEIRO, G.A.; JUNIOR, J.D.; PAPA, F.O.; ALVARENGA, M.A. Utilização da N-acetilcisteína na conservação do sêmen equino a 5ºC e 15ºC. Revista Brasileira de Medicina Equina, v.29, p.326-327, 2010.

33. RUIZ-PESINI, E.; DIEZ, C.; LAPENA, A.C.; PEREZ-MARTOS, A.; MONTOYA, J.; ALVAREZ, E.; ARENA, J.; LOPEZ-PEREZ, M.J. Correlation of sperm motility with mitochondrial enzymatic activity. Clinical Chemistry, v.44, p.1616-1620, 1998.

34. SAS - Statistical Analysis System. User’s guide Version 8. Cary: 2000. 295p.

35. VIDAMENT, M.; DUPERE, A.M.; JULIENNE, P.; EVAIN, A.; NOUE, P.; PALMER, E. Equine frozen semen : freezability and fertility field results. Theriogenology, v.48, p.907-917, 1997.

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CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de biotécnicas cada vez mais modernas tem contribuído para o

avanço da reprodução de diversas espécies, em especial os equinos, que exibem

variação quanto às características de fertilidade seminal, entre animais, entre

raças e entre diferentes ejaculados do mesmo garanhão.

A fertilidade varia entre os garanhões, mesmo quando estes reúnem as

qualidades mínimas. Vários métodos laboratoriais para avaliação do sêmen vêm

sendo utilizados, e apesar das dificuldades em correlacionar dados obtidos in vitro

com in vivo, estes, em conjunto, podem ajudar a predizer seu potencial

fecundante, tais como, análises computadorizadas do movimento e da morfologia

espermática, composição do plasma seminal, integridade funcional e estrutural da

membrana plasmática e acrossomal, função mitocondrial, desnaturação da

cromatina, peroxidação das membranas espermáticas, entre outros. No entanto,

nenhum teste laboratorial isolado pode estimar este potencial, apenas permite

selecionar garanhões que certamente apresentarão baixa fertilidade. Até que a

ciência evolua a ponto de desenvolver uma ou mais técnicas que sejam

marcadores confiáveis de fertilidade, a inseminação de éguas é a única forma de

se conhecer o potencial de fertilidade do sêmen equino.

A comparação entre trabalhos é extremamente difícil, pois com raras

exceções se encontram trabalhos na literatura com a mesma metodologia de

congelamento e refrigeração e o número de animais utilizados na maioria dos

casos é insuficiente para se estabelecer diferenças significativas.

Com a crescente procura destas biotécnicas pelos produtores, é cada vez

maior a necessidade de protocolos que proporcionem taxas de fertilidade

superiores, para que a credibilidade destas ferramentas de manejo reprodutivo

torne-se rotineiras nos criatórios.

As diferenças entre os protocolos, certamente influenciaram nos resultados

aqui descritos. Não obstante, os dados sugerem que para manutenção de

espermatozóides equinos refrigerados por períodos superiores a 12h por 16ºC, a

adição de substâncias antioxidantes favorecem a viabilidade dos mesmos. O

incremento na motilidade não acompanhado pela integridade das membrana

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87

plasmática e acrossomal, pode sugerir que essas substâncias tenham ação na

preservação da integridade e funcionalidade da membrana mitocondrial.

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ANEXO I

FORMOL-CITRATO

Citrato de sódio 2,9g

Formaldeído 35% 4,0mL

Água destilada Completar até 100mL

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ANEXO II

VERMELHO NEUTRO

Solução ácido clorídrico 1 N 86mL

Formaldeído 37% 14mL

Vermelho neutro 0,2g

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90

ANEXO III

SETUP – HAMILTON THORNE BIOSCIENCES (Ultimate – Sperm Analyzer)

CARACTERÍSTICA AJUSTE

Número de imagens adquiridas 45

Taxa de aquisição das imagens 60Hz

Contraste mínimo de célula 70 pixels

Tamanho mínimo de célula 4 pixels

Contraste para células imóveis 30 pixels

Limite inferior para índice retilíneo 60%

Referência de VAP para células lentas 20,0 µm/s

VAP mínimo para células progressivas 50,0 µm/s

Referência de VSL para células lentas 20,0 µm/s

Limite superior de tamanho da célula 1,51 pixels

Limite inferior de tamanho da célula 0,32 pixels

Limite superior de intensidade da célula 1,19

Limite inferior de intensidade da célula 0,24

Limite superior de alongamento da célula 98%

Limite inferior de alongamento da célula 0%

Tamanho da cabeça estática 0,32 a 1,51

Intensidade da cabeça estática 0,62 a 1,20

Aumento 1,89

Temperatura 37ºC