Ano 43 V içosa (MG), Abril/Maio - 2015 Número 1.462 ... · serir uma disciplina Libras nos cursos...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Abril/Maio - 2015 PUBLICAÇÃO DA DIVISÃO DE JORNALISMO DA COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL www.ufv.br Ano 43 Viçosa (MG), Abril/Maio - 2015 Número 1.462 Novo desafio de ensinar e aprender Eventos de extensão rural Licenciatura em Educa- ção do Campo completa um ano e traz para a UFV um perfil diferenciado de educação, com práticas pedagógicas e discursivas até então inéditas na ins- tituição. Página 3 Professor da UFV aju- da produtores a garanti- rem boas condições de transporte da banana pra- ta anã para a Europa. Página 7 Ciência em Ação Qualidade para exportação Programa promove de- mocratização do saber, di- vulgação e popularização da ciência e a melhoria da edu- cação básica. Página 5 Estão abertas as inscri- ções para a 86ª Semana do Fazendeiro. O maior e mais tradicional evento de ex- tensão realizado pela UFV Em entrevista, a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Nilma Lino Gomes, fala sobre a política de cotas no Brasil Página 9 acontecerá de 12 a 18 de ju- lho, no campus Viçosa, com o tema Campo e cidade: diá- logo para um futuro sustentá- vel . Os detalhes sobre progra- mação e inscrições estão no site www.semanadofazen- deiro.ufv.br . Também, em julho, acon- tecerá, no campus UFV-Flo- restal, a 46ª edição da Se- mana do Produtor Rural. O evento será entre os 13 e 17 e as inscrições poderão ser realizadas de 8 a 26 de ju- nho pelo site www.caf.ufv.br/spr. Mais informações pelos telefones (31) 3536- 2267/3536-3326.

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1UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Abril/Maio - 2015

PUBLICAÇÃO DA DIVISÃO DE JORNALISMO DA COORDENADORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL www.ufv.brAno 43 Viçosa (MG), Abril/Maio - 2015 Número 1.462

Novo desafio deensinar e aprender

Eventos de extensão rural

Licenciatura em Educa-ção do Campo completaum ano e traz para a UFV

um perfil diferenciado deeducação, com práticaspedagógicas e discursivas

até então inéditas na ins-tituição.

Página 3

Professor da UFV aju-da produtores a garanti-rem boas condições de

transporte da banana pra-ta anã para a Europa.

Página 7

Ciência em Ação

Qualidade para exportação

Programa promove de-mocratização do saber, di-vulgação e popularização da

ciência e a melhoria da edu-cação básica.

Página 5

Estão abertas as inscri-ções para a 86ª Semana doFazendeiro. O maior e maistradicional evento de ex-tensão realizado pela UFV

Em entrevista, a ministra daSecretaria de Políticas de

Promoção da Igualdade Racial,Nilma Lino Gomes, fala sobre a

política de cotas no BrasilPágina 9

acontecerá de 12 a 18 de ju-lho, no campus Viçosa, como tema Campo e cidade: diá-logo para um futuro sustentá-vel. Os detalhes sobre progra-

mação e inscrições estão nosite www.semanadofazen-deiro.ufv.br.

Também, em julho, acon-tecerá, no campus UFV-Flo-

restal, a 46ª edição da Se-mana do Produtor Rural. Oevento será entre os 13 e 17e as inscrições poderão serrealizadas de 8 a 26 de ju-

nho pelo sitewww.caf.ufv.br /spr.Mais informações pelostelefones (31) 3536-2267/3536-3326.

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2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAAbril/Maio - 2015

PUBLICAÇÃO DAUNIVERSIDADE

FEDERAL DE VIÇOSA

Registro no Cartório de Títulos eDocumentos da Comarca de Viçosa sob

o nº 04, livro B, nº 1, fls. 3/3v

JORNAL DA UFV

REITORA

Nilda de Fátima Ferreira Soares

VICE-REITOR

Demetrius David da Silva

COORDENADORA DE

COMUNICAÇÃO SOCIAL

(CCS)

Kátia Fraga

DIVISÃO DE JORNALISMO/CCS

JORNALISTA RESPONSÁVEL

E EDITORA

Adriana Passos

(Reg. Prof. 3400-MTb-MG)

REDAÇÃO

Adriana Passos, Izabel Morais,

Léa Medeiros e Sabrina Ar eias

FOTOGRAFIA

Daniel Sotto Maior

DESIGNER GRÁFICO

Már cio Jacob

IMPRESSÃO

Editora UFV

Divisão Gráfica Universitária

DIRETORA

Daniela Alves de Alves

DIVISÃO DE GRÁFICA

UNIVERSITÁRIA

José Paulo de Freitas

Divisão de Jornalismo

Vila Giannetti, Casa 41 Campus Universitário

CEP 36570-000 - Viçosa - MGTel.: (31) 3899-3123

E-mail: [email protected]

www.facebook.com/ufvmg

Educação dos surdos

Os sujeitos surdos sempreexistiram. Porém, du-rante um longo período,

foram vítimas de verdadeirasatrocidades como na China,quando eles embarcavam emnavios e eram jogados em altomar, além de muitos terem sidoempurrados de montes altíssi-mos em Esparta. Outro exem-plo da falta de consciência dasociedade em relação a esses su-jeitos se deu também na Gréciae em Roma, onde eram proibi-dos de votar ou desempenharqualquer papel como cidadãos,pelo fato de serem vistos comopessoas sem cognição e capaci-dade de discernimento.

A concepção em enxergar ossurdos como deficientes se deuprincipalmente pela sua comu-nicação ser considerada pelamaioria linguística (ouvintes)como inefetiva e uso de apenasmímicas e gestos soltos. Poste-riormente, os monges da igrejacatólica começaram a perceberque os surdos precisavam sereducados para desenvolver seupensamento. O primeiro a de-sempenhar um trabalho em prolda educação dos surdos foi oAbade Charles L’Eppe, naFrança. Após ter interesse emver os surdos gesticulando, foiaprendendo com eles essa for-ma de comunicação, até o mo-mento de começar a catalogaros termos, nomeados por elede “sinais metódicos”, e cri-ar o Instituto dos Surdos-Mu-dos de Paris. Contudo, caberessaltar que, para ele, essessinais metódicos não possuí-am gramática.

No momento em que a soci-edade francesa pode ver o de-senvolvimento dos surdos comosujeitos que pensavam e se co-municavam, essa ideia então sedifundiu para outras partes domundo. Mesmo assim, aindahavia a ideia de que algo falta-va ao surdo (audição). Em1960, William Stokoe, linguis-ta americano, se dedicou a es-tudos sobre a comunicação dossurdos e percebeu que essa era,de fato, uma língua genuínaque apresentava itens lexicais,regras fonológicas, morfológi-cas, sintáticas, semânticas epragmáticas, sendo capaz deexpressar qualquer ideia. As-sim, reconheceu-se como Lín-gua de Sinais.

No Brasil, a Língua Brasi-leira de Sinais (Libras) foi re-conhecida e regulamentadacomo segunda língua oficial do

país e primeira da comunidadesurda pela Lei 10.436, de 24 deabril de 2002, e pelo decreto5.626, de 22 de dezembro de2005, que se comprometia emformar e capacitar profissio-nais como professores e ins-trutores dessa língua, traduto-res e intérpretes, além de in-serir uma disciplina Librasnos cursos superiores de licen-ciatura e fonoaudiologia. Oprincipal objetivo é que as pes-soas em formação superior ini-cial tenham consciência a res-peito de quem é o surdo ecomo favorecer a sua acessi-bilidade, sobretudo no âmbitoescolar, uma vez que grandeparte dos profissionais que jáatua nessa área não possuiqualquer conhecimento a res-peito desse assunto.

Atualmente, existe a políti-ca de inclusão, na qual os sur-dos estão com os estudantesouvintes em salas de aula co-mum. Por meio dessa mesmapolítica, tem-se também a inser-ção do profissional intérprete deLibras/Língua Portuguesa paramediar a comunicação em salade aula entre estudantes surdos,ouvintes e professores. Entre-tanto, é ilusório pensar que osurdo está incluído somentepela presença do intérprete.Para que haja inclusão de fato,é importante o professor estimu-lar o desenvolvimento das po-tencialidades de todos os estu-dantes (surdos ou ouvintes). Nocaso dos surdos, pensar em me-todologias visuais, materiaisconcretos, vídeos, experimen-tos, integrando as imagens aodiscurso em sala, pode favore-cer seu desenvolvimento, alémde contribuir também para osouvintes.

Nessa perspectiva, é neces-sário refletir sobre a relação deparceria que se faz pertinenteentre o professor e o intérprete.Se o professor não for claro emsuas explanações e não ajudaro intérprete em relação aosconceitos sobre as diversas áre-as do conhecimento, o traba-lho com os estudantes surdospoderá ser prejudicado. Assim,a universidade tem o papel decontribuir para formação ini-cial e continuada desses profis-sionais, para que se consigatrazer avanços positivos para aeducação dos surdos.

Charley Pereira Soares

(professor do Departamento de Letras)

Tradução: Eduardo Andrade Gomes

EX-ALUNO

D epois de trabalhar comoprofessor em diversas ins-tituições, o ex-aluno de

mestrado em Economia Rural daUFV Marcellus Marques Caldasocupa, atualmente, a função deAssistant Provost no Office of In-ternational Programs (uma espé-cie de vice-reitor assistente) daKansas State University, “a maisantiga universidade agrícola dosEstados Unidos, com 150 anosde existência”. Ali ele tambématuou, até março, como diretor dePesquisa Internacional e Co-laboração.

Natural de Belém (PA),Marcellus conta que sua área deatuação está entre a Geografia e aEconomia Rural e Agrícola. “Tra-balho com modelagem de uso daterra e mudança de cobertura ve-getal usando imagens de satélite eeconomia agrícola”. Apesar de es-tar em outro país, a maioria dassuas pesquisas é relacionada aoBrasil. Como exemplos, cita mo-delagem de uso da terra na Ama-zônia e expansão da cana-de-

“Sabia que a Universidadeiria abrir as portas do

mundo para mim”

açúcar para produção de etanolno cerrado. “No Kansas, estudocomo mudanças climáticas vão afetaro uso da água, da terra eos serviços ambientais”, pesquisasfinanciadas pela National Scien-ce Foundation em parcerias comuniversidades brasileiras, quandorelacionadas ao Brasil.

Seu vínculo com a UFV não seresume aos estudos. Ele conta quemuitos amigos viraram professoresna instituição, onde também conhe-ceu sua esposa, Martha Smith Cal-das, com quem se casou na Capelado campus Viçosa. Sobre a esco-lha da instituição, ele responde: “fá-cil! Tinha o melhor departamentode Economia Rural do Brasil eprestígio. Sabia que a Universida-de iria abrir as portas do mundopara mim. Acertei em cheio!”.

Marcellus continua acompa-nhando as atividades da UFV e aúltima visita a ela foi em 2013,quando fez parte deuma delegação da Kansas StateUniversity. ”Espero poder voltarmuito em breve!”.

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3UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Abril/Maio - 2015

ENSINO

Licenciatura em Educação do Campo:novo desafio de ensinar e aprender

Há um ano, a UFV coloca-va em prática a experiên-cia proposta pelo Ministé-

rio da Educação (MEC) de acres-centar à sua lista de cursos de gra-duação a Licenciatura em Educa-ção do Campo. A novidade, aco-lhida pelo Departamento de Edu-cação, fortalecia a expectativa doMEC de ampliar a oferta dessecurso, que começou a ser ofereci-do no Brasil a partir de um projetopiloto testado pelas universidadesfederais de Brasília (UnB), deMinas Gerais (UFMG), da Bahia(UFBA) e de Sergipe (UFSE).Atualmente, 43 universidades jáoferecem a Licenciatura em Edu-cação do Campo com o objetivocomum de formar professores edu-cadores populares e de movimen-tos sociais e sindicais do campopara trabalhar nos ensinos funda-mental e médio das escolas rurais.

Na UFV, um ano após o iníciode suas atividades, a Licenciatu-ra, que tem como habilitação asCiências da Natureza e Agroeco-logia (Licena), vem delineando umperfil diferenciado de educação,com práticas pedagógicas e discur-sivas até então inéditas na insti-tuição. Isso começa pelo próprio

modelo de formação dos estudan-tes que, de acordo com orientaçãodo MEC, se alterna ora em etapaspresenciais, ora na pesquisa diag-nóstica da realidade e na aplica-ção do conhecimento nas comuni-dades. No modelo de alternância,os estudantes vivem o “tempo-es-cola”, desenvolvendo atividades

na Universidade uma vez por mês,e o “tempo-comunidade”, no qualrealizam pesquisas ou outros pro-jetos nos locais onde vivem. Ocumprimento dos dias letivos sebaseia no calendário das EscolasFamília Agrícola e tenta obedeceraos tempos de colheita.

No curso costuma-se usar asexpressões educador e educando,ao invés de professor e aluno. Asatividades são inter e multidisci-plinares e, além das salas de aula,elas podem acontecer em espaçosdo campus Viçosa que permitemreunir os cerca de 200 estudantesque atualmente integram as duasturmas do curso e seus 12 profes-sores. Muitas vezes, eles estão,sim, juntos, trabalhando de formacoletiva e interativa, como reco-mendam as metodologias ativas.

Os estudantes, com idades quevariam de 18 a 61 anos, vêm devárias partes do país, com trans-porte subsidiado pelo MEC e, porenquanto, se hospedam no hotel doCentro de Ensino de Extensão(CEE), localizado dentro do cam-pus. Tem educando que viaja maisde mil quilômetros para viver aexperiência de um curso superior.Warley Peçanha de Freitas, de 22

anos, por exemplo, percorre qua-se 500 quilômetros da comunida-de Quilombo Santa Cruz - perten-cente ao município de Ouro Verdede Minas, no Vale do Mucuri -para chegar a Viçosa. A experiên-cia de estar na Universidade é porele definida como “totalmente di-ferente”. E justifica: “pra gente,

que vive numa comunidade qui-lombola, pensar em estar dentro deuma universidade, ainda mais aUniversidade Federal de Viçosa,é uma conquista muito grande.Através deste curso, a gente estápodendo fortalecer nossa comuni-dade, criar novas lideranças e darcontinuidade a ela”.

Warley, que é da primeira tur-ma do curso autointitulada comoSementes do Amanhã, conta quenão pensava em fazer universida-de. “Era um sonho quase impossí-vel, porque a gente não tem con-dição de bancar uma faculdade.Estudar na UFV é uma coisa que,na nossa cabeça, nunca passaria;nunca imaginava. Hoje, a gentevive um sonho”. Warley conta que,graças ao curso, pode voltar à suacomunidade, de onde havia saídopara uma cidade maior em buscade emprego. Com a Licenciatura,ele também tem a chance de, indi-retamente, trazer a cultura de seupovo para a Universidade: “esta-mos representando a nossa comu-nidade aqui.” A dele, especifica-mente, tem cerca de 50 famílias.

O jovem universitário se diz“muito impressionado e emociona-do” com o fato de o curso valori-zar o saber de seus estudantes:“em momento algum as coisas quea gente sabe são desperdiçadas”.Além disso, destaca: “posso apli-car o que me ensinam dentro daminha comunidade e, com isso,conhecer mais e saber das coisashistóricas que acontecem lá. Tenhoorgulho demais do curso possibi-litar que a minha comunidade pos-

sa ser um lugar de estudo pramim”. Depois de formado, o so-nho de Warley é levar o conheci-mento adquirido para o local ondemora e fortalecê-lo, “fazendo comque lá seja um lugar melhor pra seviver”.

A emoção do estudante é amesma de quem, teoricamente,está do outro lado do aprendiza-do. Para o coordenador do curso,Willer Araújo Barbosa, as univer-sidades ganham um presente coma chegada dos educandos de Licen-ciatura do Campo. Ele comparti-lha da opinião da ministra de Es-tado Chefe da Secretaria de Polí-ticas de Promoção da IgualdadeRacial da Presidência da Repúbli-ca, Nilma Lino Gomes, que, emuma palestra na UFV, disse que “auniversidade brasileira mudou acara”. Willer considera que temum novo formato que precisa serarticulado. “Estou vendo esse cur-so como um presente por podercontribuir com inovações curricu-lares e construir um conhecimen-to mais adequado e profundo dequem são os sujeitos da aprendi-zagem da universidade. Já estáconsolidado cientificamente que asaprendizagens é que mobilizam atransformação da subjetividade eda realidade”.

O professor explica que o vín-culo do curso com as alternânci-as educativas possibilita ao edu-cando estar na universidade, nocaso da UFV, de cinco a 10 diaspor mês. No restante do tempo,ele está na sua comunidade comum plano de estudos da sua reali-

dade, algumas vezes acompanha-do pelo professor, que é orienta-dor acadêmico de um conjunto ge-ograficamente posicionado.“Quando volta ao curso, o edu-cando vem com esse olhar da re-alidade e, nós, educadores temosque lidar com os nossos repertó-rios-cardápios-conteúdos-disci-plinas”, brinca Willer. Segundoele, os educandos são os verdadei-ros mestres dos educadores: “aspessoas abrem mão de parte de seufazer para complexificar outra for-mação; para nos formar. E isso éde grande generosidade”.

Na opinião de Willer, a Licen-ciatura em Educação do Campopode servir como um repensar dauniversidade, inclusive no que dizrespeito à estruturação de suas ins-talações. Segundo ele, ainda nãohá espaço adequado para o forma-to de ensino/aprendizagem traba-lhado pela equipe do curso. Emgeral, as salas têm carteiras fixas,o que obriga a todos ficarem sen-tados na mesma posição, olhandopara frente. Como os educadorestrabalham muito com metodologi-as ativas, em grupos de 40 ou até60 estudantes, a logística fica di-fícil para compensar, por exemplo,a necessidade de mesas circularese amplos espaços de encontros.

DiferenciaisDe acordo com uma das pro-

fessoras do curso Jaqueline Car-doso, a equipe que atua na Licen-ciatura em Educação do Campotrabalha com uma proposta beminovadora de educação. A preocu-

Warley se diz “muito impressionado e emocionado” com o fato de o cursovalorizar o saber de seus estudantes

Após a atividade, uma pausa para a foto de alguns educadores (sentados na primeira fila) e seus educandos

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pação é com as comunidades deaprendizagem, ou seja, com asaprendizagens múltiplas focadasnos sujeitos, em seus territórioseducativos. A formação da equi-pe é bastante pautada na educa-ção popular. Todos têm uma for-mação ampla dentro dos movi-mentos sociais, o que, em sua opi-nião, favorece a atuação no cur-so, uma vez que os estudantesvêm dos movimentos sociais e dosterritórios quilombolas e indíge-nas. Com mais de 80 anos de his-tória, é a primeira vez que a UFVrecebe esse perfil de alunos, oque, para Jaqueline, “tem sidomuito motivante”.

Ela comenta que durante todoo tempo-escola há uma grande ba-teria de encontros e de espaços deaprendizagem, que geralmente vãodas 8h às 22h. Normalmente, hásempre mais de um educador oueducadora com um grupo de alu-nos. Contudo, nos momentos cha-mados de “reembarque”, quandoos educandos chegam à Universi-dade, em que é feita a checagemde como foi o tempo-comunidade,todos (educandos e educadores) sereúnem. E dá certo juntar tantagente? Sim, responde a professo-ra. Como a grande maioria vem deum processo de educação popular,ou seja, são estudantes de EscolasFamília Agrícola, de escolinhas desindicatos e do Movimento SemTerra (MST), eles já vêm com có-digos próprios, que incluem a es-cuta profunda e o respeito à falado outro. “É muito tranquilo e na-tural para eles e para nós o encon-tro com os 200”, diz.

Há ainda outros momentos,como o “Conselhão”, no qual so-mente os estudantes se juntam paraorganizar suas práticas; os “Plan-tões de Estudo”, em que pequenosgrupos se encontram com os pro-fessores para tirar dúvidas e reali-zar estudos específicos, e os “Mo-mentos Culturais”, por meio dosquais podem criar e fortalecer osvínculos e laços.

Todos esses aspectos e diferen-ciais da Licenciatura contribuempara que o estudante Felipe Júni-or Maurício Pomuchenq, de 22anos, se identifique com a propos-ta do curso, a sua segunda gradu-ação. O ex-estudante de EscolaFamília Agrícola é de Marilândia(ES), a cerca de 400 quilômetrosde Viçosa, e formado em CiênciasBiológicas, que não trouxe o re-sultado que esperava. Hoje, edu-cador de uma Escola Família, levapara o dia a dia o que o curso temacrescentado à sua formação: “co-nhecimentos na área da ciência danatureza e uma nova visão de mun-do”. Por meio da Licenciatura,Felipe pretende “atuar com maiscapacidade e argumento nas infor-mações e fazer um bom trabalho

como educador nas escolas docampo, de preferência”. Sua ex-pectativa é “adquirir sempre maisconhecimento e ver educadoresque façam bem a relação da teo-ria com a prática e busquem atransformação das nossas escolase da nossa sociedade”. Algo pare-cido com o que pretende NerusaMariana, moradora do assenta-mento do MST Zumbi dos Palma-res, localizado no norte do Espíri-to Santo, na cidade de São Mateus.

Uma vez por mês, ela viajacerca de 650 quilômetros para par-ticipar das atividades no curso, queconsidera como “uma grande con-quista para o povo, porque formasujeitos críticos, com a ideia deconstruir um país melhor”. Com oconhecimento adquirido, pretendefortalecer a educação nas áreas dereforma agrária e de assentamen-to. A justificativa? “Não precisa-mos só de terra, mas de condições.A gente quer viver no campo, querproduzir alimento saudável, masqueremos isso vivendo com digni-dade; ter escola pra estudar, umlugar correto pra colocar o lixo,uma moradia digna. A gente querviver bem e a educação é uma dasformas do bem viver. E, quando agente pensa na educação do cam-po, que valoriza o sujeito campo-nês, os ribeirinhos, os quilombo-las, os indígenas, isso, pra nós, émuito especial. É algo que trouxemuita gente pro curso”.

O desejo de mudança ela con-ta que veio da família, formada por“pessoas que lutam”. Seus avósparticiparam da primeira ocupaçãode um latifúndio improdutivo noEspírito Santo, em 1984. “Eu jánasci num berço de resistência, depessoas que ousam lutar, fazer ascoisas e propor uma nova socie-

dade. Isso foi essencial para euentrar no curso”.

A exemplo de outros educan-dos, Dauá José da Silva, de 61anos, também considera extre-mamente importante o fato de auniversidade “abrir vias para queo povo possa ter acesso ao co-nhecimento”. Mas, em sua ava-liação, trata-se de uma troca,uma vez que a entrada dessesalunos também é bastante enri-quecedora para a instituição. In-tegrante da primeira turma daLicenciatura em Educação doCampo, Dauá descendente da et-nia indígena Puri. Ele é do Riode Janeiro e há cerca de cincoanos pesquisa na região de Vi-çosa a história de seu povo. Aos18 anos, fez vestibular paraAgronomia, mas não ingressouno curso. De lá para cá, traba-lhou na área de comunicação ecomo contador de histórias, fun-ção que ainda exerce no Coleti-vo Aldeia Maracanã do qual fazparte. A emoção de frequentar ocurso se resume na constatação:

“retomei meus 18 anos, com so-nhos da agricultura”.

Na experiência, o que ele des-taca como mais positivo é o em-penho com que o Departamento deEducação tem em discutir a inclu-são social. “Nós temos muitas de-ficiências de formação em funçãode uma língua que é imposta aonosso povo, de disciplinas que sãoimpostas. É uma responsabilida-de formar educadores para o cam-po com sensibilidade para respei-tar o conhecimento intrínseco quecada um traz. Isso tudo me encan-ta muito”.

MetodologiasA Licenciatura em Educa-

ção do Campo trabalha com me-todologias ativas de aprendiza-gem, que não envolvem somenteaulas expositivas, mas tambémestudos dirigidos, visitas ou via-gens de campo, investigações eentrevistas, círculos de conversas,instalações artístico-pedagógicas,atividades lúdicas e culturais, tea-tro-fórum, oficinas, participação

em eventos, dentre outros.Segundo a professora Ana Ca-

rolina Beer Figueira Simas, a equi-pe do curso está em permanenteprocesso de estudo e aprofunda-mento para aperfeiçoar cada vezmais o uso dessas metodologias naUFV. Um exemplo foi a recentevisita do professor José Pacheco,criador da Escola da Ponte, emPortugal, uma referência naAprendizagem Baseada emProjetos. Ele ministrou uma ofici-na para os professores do curso eestá os ajudando a repensar o mo-delo de aprendizagem baseado so-mente em aulas expositivas.

Ana Carolina explica quehá uma preocupação dos educa-dores em integrar as disciplinaspor meio de temas geradores,sempre partindo da realidade doseducandos. Muitas vezes, umaaula abrange conteúdos de duasou mais disciplinas e, neste caso,os professores atuam juntos emsala. Ela, por exemplo, trabalhamuito com a professora Jaqueli-ne. Este semestre estão juntas emduas disciplinas: Memória e His-tória da Linguagem e Antropo-logia Cultural.

Dentro da perspectiva deabordagem a partir da realidadedos educandos, a professora Fer-nanda Maria Coutinho de Andradetem desenvolvido um projeto dehomeopatia na agricultura, umademanda dos estudantes, em quetrabalha os conteúdos de biologiae química. Esse é um tema o qual aUFV é pioneira em pesquisa, ex-tensão e ensino no Brasil, graças aestudos desenvolvidos pelo profes-sor aposentado da Universidade,Vicente Wagner Dias Casali, como qual Fernanda trabalhou duranteanos. Ela conta que os educandosvêm fazendo experimentações so-bre o assunto e gerando resultadosbastante interessantes.

Segundo Fernanda, os con-teúdos de suas disciplinas têm aagroecologia como a matriz peda-gógica. “A agroecologia entra coma proposta de um novo modelo decampo e com uma matriz para tra-balharmos a biologia, a química,a física de uma forma significati-va, com os recursos que se tem nocampo”. O tema micro-organismo,por exemplo, é trabalhado em umafossa, em torno da qual podem serexplorados assuntos de física, ma-temática e química. “É o compos-to, a fossa, a horta, o sistema agro-florestal, é o agroecosistema quea gente trabalha numa visão mui-to interdisciplinar, conforme a pro-posta do MEC, mas focado nosprincípios da natureza”.

Adriana Passos

A Licenciatura trabalha com metodologias ativas de aprendizagem, que, dentreoutras atividades, envolvem círculos de conversas

Para Dauá, a emoção de frequentar o curso se resume na constatação:“retomei meus 18 anos, com sonhos da agricultura

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5UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Abril/Maio - 2015

EXTENSÃO

A importância da extensãouniversitária é facilmentereconhecida por meio de

iniciativas como o Programa Ciên-cia em Ação. Direcionado para amelhoria da qualidade da educaçãoe da vida dos jovens, ele é compos-to por nove projetos interdiscipli-nares, cujos objetivos comuns sãoa democratização do saber, a divul-gação e popularização da ciência ea melhoria da educação básica.

O Programa tem a coordenaçãoda professora do Departamento deQuímica Mayura Marques Maga-lhães Rubinger. Seus projetos, con-tudo, em suas particularidades, sãocoordenados e realizados por pro-fessores e estudantes das áreas deBiologia, Engenharia Química, Fí-sica, Geografia, Matemática e Quí-mica da UFV, sendo alguns do cam-pus Florestal.

As atividades acontecem naUniversidade – como no EspaçoCiência em Ação do campus Viço-sa, que dispõe de laboratórios e salade estudos – e nas escolas vincula-das aos projetos. Também fazemparte da iniciativa espaços intera-tivos, como a Sala Mendeleev e oMuseu de Ciências da Terra AlexisDorofeef, que atendem ao públicoem geral.

Em seu formato atual, o Progra-ma Ciência em Ação funciona des-de 2010, financiado pelo Programade Extensão Universitária (ProExt)– incluindo 19 bolsas para estudan-tes de graduação. Sempre bem ava-liado pelo Ministério da Educação,já recebeu duas vezes a nota má-xima (100). Ele também é reco-nhecido dentro da UFV que, em2013, concedeu à sua idealizado-ra a Medalha Peter Henry Rolfs doMérito em Extensão em 2013.Para a professora Mayura, no en-tanto, a maior recompensa do tra-balho que desenvolve é a alegria emver os resultados conquistados jun-to com os jovens.

Extensão e ciência em benefício da educação básica

Um pouco sobre os projetosDentro do Programa, a profes-

sora Mayura também coordena al-guns projetos, como o Química emAção, que, semanalmente, ofereceduas horas de aulas de Químicapara cerca de 200 alunos do ensinomédio de cinco escolas públicas deViçosa. Segundo ela, as abordagensse relacionam com os conteúdos dassalas de aula e os alunos têm a opor-tunidade de realizar experimentos,jogos educativos e atividades pormeio de computadores e tablets.“Em cada bimestre, a gente visitaa escola, conversa com o professore vê qual vai ser a programação.Apesar de não termos obrigação decumprir um currículo, assim fun-ciona bem. Os alunos ficam maisinteressados”, conta a professora.

As aulas são ministradas porlicenciandos da Universidade, queacompanham uma turma duranteum ano inteiro, observando, na prá-tica, o resultado das suas açõescomo educadores. Um desafio édeixar os momentos interessantes,já que os alunos não são obrigadosa frequentar essas aulas. “Eles pre-cisam sentir que valeu a pena, queaprenderam, e ficar curiosos paravoltar na semana seguinte”, ressal-ta a professora.

Um projeto semelhante é oCampus Florestal Pró-ciências,coordenado pela professora Polia-na Flávia Maia. Por meio dele, sãooferecidas aulas nas áreas de Bio-logia, Física e Química para alu-nos das escolas públicas de Flores-tal (MG). Além de ser uma oportu-nidade de reforço e aprofundamen-to de conhecimentos para esses es-tudantes, também contribui para aformação dos graduandos do cam-pus Florestal. “A experiência deatuar com licenciandos de diferen-tes áreas é muito rica e os depoi-

mentos dos bolsistas que passarampelo projeto reforçam meu estímu-lo a dar continuidade a ele”, diz aprofessora Poliana. Segundo ela, naqualidade de projeto de extensão,a divulgação científica e a promo-ção da aprendizagem em ciênciastêm sido comprovadas nos depoi-mentos dos alunos, nas notas e naprocura pelo projeto. “Todos queparticipam das atividades em um

ano já retornam no ano seguinte,querendo participar de novo”.

Frutos já colhidosA professora Mayura destaca que

os projetos contribuem muito paraa melhoria da aprendizagem nasescolas públicas e a formação deprofessores - “tanto dos futuros, quesão estudantes da UFV e atuamcomo estagiários, quanto dos que já

estão em exercício e participam dasatividades”. Um exemplo dessa in-fluência é a história do doutorandoem Agroquímica da UFV AntonioEustáquio Carneiro Vidigal.

Antonio saiu de Presidente Ber-nardes (MG) para ingressar no cur-so de Química da Universidade em2005 e, algum tempo depois, já es-tava atuando como bolsista no pro-jeto Química em Ação. Em 2009,após se graduar na Licenciatura emQuímica, foi convidado a ajudar namontagem de outro projeto, o daSala Mendeleev, que mantém umaexposição interativa sobre os ele-mentos químicos por meio de umaestrutura que imita a tabela perió-dica, construída com dois metrosde altura e três de comprimento. Oprojeto é coordenado pelo tambémprofessor do Departamento de Quí-mica Marcelo Ribeiro Leite de Oli-veira e expõe amostras dos elemen-tos, exceto os radioativos, e exem-plos de suas aplicações.

Dentre o que aprendeu nessaúltima experiência, Antonio desta-ca a maneira de armazenar amos-tras de elementos químicos em fras-cos, a montagem de experimentosviáveis para o público e as formasde apresentar uma exposição quealcance de adolescentes a idosos.“Meu trabalho de conclusão do ba-charelado foi a montagem da SalaMendeleev”, conta.

O projeto também o influencioua escolher o mestrado em Agroquí-mica, com ênfase na Química Inor-gânica: “defendi a dissertação em2013 e retornei para minha cidade,onde lecionei para o ensino médio.Apliquei todo o conhecimento adqui-rido durante esses anos e fiz váriosexperimentos de baixo custo parameus alunos”. Em 2014, ele retor-nou para Viçosa como doutorandoem Agroquímica e continua como vo-luntário na Sala Mendeleev. “Oaprendizado é contínuo e crescente”.

Izabel Morais

A lém do Química emAção, do Campus Flo-restal Pró-ciências e da

Sala Mendeleev, o Ciência emAção tem os seguintes projetos ecoordenadores: Bioenlace: MaraGarcia Tavares (Departamento deBiologia Geral), Conhecer e gos-tar de solos - Museu de Ciênciasda Terra Alexis Dorofeef: Cristi-ne Carole Muggler (Departamen-to de Solos), Engenharia e Soci-edade: Rita de Cássia Superbi deSousa (Departamento de Quími-

Ciência em Açãoca), Jovem Cientista: Mayura Mar-ques Magalhães Rubinger e Viva aVida: Izabel Regina dos Santos Mal-donado (Departamento de BiologiaGeral). Ele também incentiva açõesinclusivas com aulas para surdos pormeio do projeto Surdo Cidadão, co-ordenado pela professora CristianeBotelho Valadares, do Departamen-to de Matemática.

Mais informações sobre o Pro-grama Ciência em Ação e seus pro-jetos podem ser obtidas no sitewww.cienciaemacao.ufv.br.

Para a professora Mayura, a maiorrecompensa do trabalho é ver osresultados conquistados com os

jovens

A Sala Mendeleev mantém uma exposiçãointerativa sobre os elementos químicos comuma estrutura que imita a tabela periódica

O Programa funciona na casa nº 23 da Vila Giannetti, no campus Viçosa

O Química em Ação oferece, semanalmente, duas horas de aulas deQuímica para cerca de 200 alunos de escolas públicas

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6 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAAbril/Maio - 2015

PESQUISA

De tempos em tempos, algu-ma cidade brasileira con-vive com a polêmica proi-

bição do uso de sacolas plásticasem supermercados. Quem elaboraas leis proibitivas usa como princi-pal argumento o longo período queuma sacola plástica leva para serdegradada no ambiente e a quanti-dade de lixo que está sendo deixa-da para as gerações futuras. Masuma pesquisa realizada no Depar-tamento de Microbiologia da UFVdesenvolveu um processo para ace-lerar a degradação de plásticos bi-odegradáveis.

Degradação de sacolas plásticas

O processo, que está sendo pa-tenteado pela Universidade, foidesenvolvido pelo pesquisadorJosé Maria Rodrigues da Luz, du-rante seu doutorado no Programade Pós-graduação em Microbiolo-gia Agrícola. Ele conta que, paratornar mais leve a consciência dequem se preocupa com o meioambiente, muitos supermercadosadotaram as sacolas chamadas deD

2W ou oxi-biodegradáveis ou,

ainda, os plásticos verdes, usadosnormalmente para embalar frutase verduras. As embalagens D

2W

são feitas com plástico originário

de petróleo, aditivado com íonsmetálicos de titânio. Já os plás-ticos verdes possuem em suacomposição polímeros oriundosdo bagaço de cana-de-açúcar. Oproblema é que nem mesmo asempresas produtoras conhecembem a eficiência da degradaçãodesses produtos.

PesquisaNas embalagens, costuma es-

tar escrito que as sacolas se de-compõem em um período máximode 18 meses, dependendo da ex-posição à luz solar. Mas a infor-mação é vaga e, até agora, nãohavia nenhuma prova concreta.Por isso, o pesquisador começouo trabalho avaliando se as sacolaseram realmente biodegradáveis.“O que sabemos é que este tipo deembalagem, quando exposta aosol, nos lixões ou aterros, podesofrer um processo de decomposi-ção, mas nem sempre ele é com-pleto”, explica José Maria. A pes-quisa utilizou avaliações quími-cas, físicas e biológicas em equi-pamentos de microscopia e espec-trofotometria e concluiu que a sim-ples exposição ao sol não é sufici-ente para a degradação das saco-las ditas ecológicas.

Na segunda fase, os pesquisa-

dores procuraram uma forma deacelerar o processo de degradaçãoou de torná-lo mais eficiente. Paraisso, foi avaliado o potencial dosfungos da podridão branca, já co-nhecidos como bons degradadoresde polímeros complexos. Deu cer-to, mas o processo ainda era mui-to lento. Faltava a umidade parapropiciar o crescimento inicial dofungo. “Nós colocamos toalhas depapel em cima das sacolas porqueo fungo, inicialmente, não ataca oplástico, e sim o papel para pro-duzir enzimas que degradam oplástico”, conta José Maria.

Segundo a orientadora da pes-quisa, a professora Maria Catari-na Megumi Kasuya, o resultado foisurpreendente. Sem a presença deluz solar, o plástico começou a serdegradado em apenas 45 dias. Napresença do sol, o processo é ain-da mais rápido porque o calor cau-sa alterações físico-químicas queflexibilizam o plástico e facilitama proliferação do fungo. As saco-las que são tingidas com corantestambém não ofereceram resistên-cia ao processo de degradação. Aboa notícia é que o plástico verde,feito com polímeros da cana-de-açúcar, desaparece ainda mais ra-pidamente do ambiente, após o tra-tamento com o fungo.

O que os pesquisadores nãoesperavam é que processo de de-gradação ainda formasse cogume-los comestíveis, ou seja, alimen-tos a partir dos plásticos degrada-dos. “Nós sabemos que o cogume-lo produzido é comestível, masainda precisamos analisar se al-guns componentes tóxicos, oriun-dos da degradação do plástico oudas tintas, podem se acumular noscogumelos”, alerta Catarina Ka-suya. Esta é a próxima etapa dapesquisa na linha de processos eprodutos microbiológicos, do De-partamento de Microbiologia.

A UFV já fez o pedido de pa-tente do processo de degradaçãodas sacolas e da produção de co-gumelos. “Queremos muito vereste processo sendo usado para darum destino adequado a esses plás-ticos que hoje são um problemaambiental”, diz José Maria.

Os resultados da pesquisa já fo-ram publicados na revista PlosOneem dois artigos que podem ser con-feridos nos links: http://jour-na ls .p los.org/p losone/ar t i -c le?id=10.1371/ journal .po-ne.0069386;http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/jour-nal.pone.0107438 .

Léa Medeiros

Um grupo do Departamentode Fitopatologia da UFV -formado pelos profes-

sores Robert Weingart BarretoeOlinto Liparini Pereira e pelosestudantes de doutorado EduardoGuatimosim e André Firmino - des-creveu uma nova ordem (Asterote-xiales) e uma nova família (Aste-rotexiaceae) de fungos e esclareceua posição taxonômica, que aindaera incerta, de duas famílias (Aste-rinaceae e Parmulariaceae).

A descrição, resultado de es-tudos morfológicos e molecularesrealizados em conjunto com pes-quisadores do CBS-KNAW FungalBiodiversity Center (Holanda), foipublicada na revista de micologiaPersoonia - Molecular Phylogenyand Evolution of Fungi e pode serconferida no link http://goo.gl/LEkmON . O material utilizadopara o trabalho foi coletado entre2010 e 2013 em vários locais doBrasil, especificamente ode Asterotexis foi encontrado naReserva Ecológica Michelin, emIgrapiúna (BA). Já a análise dos

Nova ordem e família de fungosmateriais e de amostras mais anti-gos foi realizada de 2013 a 2014.

De acordo com o professorRobert Barreto, a descoberta temgrande relevância científica. Paradimensioná-la, explica que elaequivaleria, em zoologia, à desco-berta de um novo agrupamento deanimais, como a ordem Rodentia,que contém todos os roedores, oua Primates, que inclui todos osmacacos e o homem.

Na avaliação do professor,o trabalho deverá estimular outrospesquisadores do mundo a coletarmateriais desses grupos de fungo,extrair o DNA e “testar” as pro-postas apresentadas no trabalho,revisitando fungos que foram “dei-xados de lado” desde a sua des-coberta, por vezes há mais de um sé-culo, utilizando, agora, ferramentasmodernas de biologia molecular.

FungosO professor Robert lembra que

os fungos são um grupo de organis-mos de enorme importância paraprocessos naturais, como decom-

posição de matéria orgânica e fun-cionamento de ciclos biogeoquími-cos, formação dos solos, biorregu-lação, nutrição de plantas, etc.Além disso, têm múltiplas aplica-ções práticas. Algumas delas são:consumo direto de cogumelos,

Tal importância, contudo, naopinião do professor, é pouco conhe-cida do público e bastante negligen-ciada como grupo. “Apesar da enor-me diversidade e dos múltiplos as-pectos (benéficos e nocivos) que osfungos apresentam, o número de ci-entistas envolvidos no seu estudo éainda mínimo, se comparado aosestudiosos de plantas e animais, porexemplo, e em declínio nos centrostradicionais de pesquisa na Europae América do Norte”, conta.

Para ele, os aspectos negati-vos de determinados grupos (pa-tógenos de homens e outros ani-mais, de plantas cultivadas, de-compositores de alimentos e deoutros produtos), embora muitoimportantes, dão aos fungos umamá reputação. Esse fato pode setraduzir em micofobia, ou seja,medo dos fungos, o que, de acor-do com o professor Robert, nãotem o menor sentido, em funçãodos aspectos positivos que carac-terizam inúmeros grupos.

Adriana Passos

controle biológico de pragas do-enças e plantas daninhas, produ-ção de enzimas, de antibióticos,imunossupressivos e outros medi-camentos, produção de ácido cí-trico - usado nos refrigerantes - ede álcool e bebidas e panificação.

A pesquisa de José Maria da Luz foi orientada pela professora MariaCatarina Kasuya

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7UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Abril/Maio - 2015

PESQUISA

A banana mais comerci-alizada no mundo é a dotipo nanicão, que, dife-

rentemente do que muitos pensam,está longe de ser a mais consumidanos países produtores da fruta. NoBrasil, por exemplo, a maioria dasmais de 100 mil toneladas de ba-nanas exportadas por ano é nani-cão, contudo, mais de 60% das con-sumidas no país são do tipo prata.Acontece que a nanicão é mais re-sistente ao processo de exportaçãodo que os outros tipos da fruta. Essefato chamou a atenção de produto-res do norte de Minas Gerais, quebuscaram ajuda da UFV para con-seguir exportar o sabor da bananaprata anã para a Europa.

A demanda por uma pesquisaaplicada que possibilitasse a en-trada de bananas prata anã no mer-cado europeu, a princípio em Por-tugal, originou-se na AssociaçãoCentral dos Fruticultores do Nortede Minas (Abanorte), de Janaúba(MG), cujo potencial de produçãodessa variedade é grande, e veioparar nas mãos do professor doDepartamento de Fitotecnia daUFV Luiz Carlos Chamhum Salo-mão. O primeiro contato foi inter-mediado pela Federação da Agri-cultura e Pecuária do Estado deMinas Gerais (Faemg) e aconteceuem 2011. Mas só a partir de 2012,depois do estabelecimento de umconvênio, o pesquisador passou acoordenar uma série de experimen-tos que tinham como objetivo en-tregar um contêiner de bananas pra-ta anã com qualidade para seremcomercializadas em Portugal.

De acordo Luiz Carlos, o trans-porte de bananas do Brasil para aEuropa acontece exclusivamentevia navio e dura de 24 a 26 dias. Afruta precisa chegar verde ao seudestino para passar pelo processode climatização – que é o amadu-recimento forçado – e ser adquiri-da e consumida com qualidade.Atualmente, a banana nanicão do-mina o mercado internacional, por-que é mais resistente a esse proces-so. Outros tipos da fruta possuemvidas pós-colheita curtas, como aprata anã, que amarelece e entra emprocesso de senescência – ou apo-drecimento – rapidamente.

O professor conta que já haviarealizado experimentos sobre con-servação de bananas na UFV, mas

Pesquisa coordenada por professor da UFVleva sabor da banana prata anã para Europa

as condições da pesquisa aplica-da eram diferentes. Ele, então,convidou pesquisadores vincula-dos ao campus Janaúba da Univer-sidade Estadual de Montes Clarospara participar do trabalho, pri-meiramente, em pequena escala –com conjuntos de três bananas.

Foram trabalhados, principal-mente, três aspectos na pós-colhei-ta: ponto de colheita, para que afruta pudesse suportar vários diasverde; temperatura de armazena-mento e absorção do etileno – hor-mônio responsável por induzir oamadurecimento. “Foram séries de

experimentos para chegarmos a umresultado”, destaca Luiz Carlos.

O ponto de colheita ideal dabanana prata anã foi com 32 milí-metros de diâmetro, uma fruta“mais magra”, que demora maispara amadurecer porque está me-nos propensa a reagir ao etileno.

Já a temperatura de armazena-mento foi de 14,5°C. O professorLuiz Carlos explica que, nos ex-perimentos realizados em Viçosa,refrigeravam-se as bananas a 10°Cdurante 25 dias e, depois, elasamadureciam perfeitamente.“Quando tentamos colocar a ba-

nana de Janaúba na câmara fria, a10°C, ela ficou com a casca escu-ra. Isso mostrou que a região decultivo é muito importante”. Quan-do a equipe chegou aos 14,5°C e acasca da prata anã não escureceu,passou-se para a próxima etapa:absorver o etileno produzido pela

fruta. A substância que tem essacaracterística é o permanganato depotássio, que foi incluído por meiode sachês dentro das embalagenspadronizadas para exportação,compostas por saco plástico hermé-tico e caixa de papelão.

Depois que os experimentosiniciais geraram os resultados es-perados, o momento foi de testaro processo elaborado em escalacomercial. Isso aconteceu emagosto de 2014, quando a equipeenvolvida na pesquisa realizouum experimento com 240 caixasde 20 quilos de bananas prata anã(quase cinco toneladas no total).Elas ficaram armazenadas em umcontêiner refrigerado durante 25dias e, quando foram abertas, oresultado não foi animador: cer-ca de 25% das frutas estavammaduras. Um agravante para asituação era a falta de tempo paranovas experimentações. A saídafoi realizar um último teste, defi-nitivo, pois o contêiner deveria serenviado para a Europa.

Nesta última tentativa, o plás-tico que envolvia as bananas foisubstituído por um mais espesso ehermético, que garantiria uma tro-ca de gases menor entre o interiore o exterior da embalagem e a fun-cionalidade do absorvedor de eti-leno. E, assim, no dia 10 de outu-bro, as novas caixas de bananaprata anã foram enviadas paraPortugal.

No dia 3 de novembro, o con-têiner chegou de caminhão a Lis-boa, depois de ser desembarca-do no porto de Roterdã, na Ho-landa. Quando foi aberto, umasurpresa: apenas três conjuntosda fruta estavam maduros. “Foium sucesso!”, disse o professorLuiz Carlos, que considerou aexperiência um desafio para asua carreira profissional. “Que-remos contribuir com algo quetenha certo impacto, que dê van-tagem competitiva para o Brasil.Na área de pesquisas com bana-nas, com a qual trabalho há 30anos, foi bastante satisfatório eenriquecedor”.

E, apesar de ter alcançado oobjetivo inicial, Luiz Carlos afir-ma que a pesquisa ainda não foiencerrada. A partir de agora, aequipe realizará avaliações econô-micas mais detalhadas, com a fi-nalidade de baratear a exportaçãoda prata anã. “Nossa ideia é ten-tar diminuir a concentração doabsorvedor de etileno, a tempera-tura de armazenamento… Ajustesfinos para otimizar”, ressalta ocoordenador.

Izabel Morais

A fruta precisa chegar verde ao seu destino para passar pelo processo de climatização e seradquirida e consumida com qualidade

O desejo do professor Luiz Carlos écontribuir com algo que dê aoBrasil vantagem competitiva

As bananas são transportadas em contêineres e as viagensde navio duram de 24 a 26 dias

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8 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAAbril/Maio - 2015

PESQUISA

O software NDEcalc, de-senvolvido por estudantese professores do campus

Rio Paranaíba (CRP), obteve re-gistro do Instituto Nacional dePropriedade Industrial (INPI). Ocertificado é resultado de um tra-balho que vem sendo realizado,desde 2012, pelos professores Mu-rilo Naldi e Flávio Fernandes nodesenvolvimento de uma ferra-menta capaz de calcular o Nívelde Dano Econômico (NDE) depragas em culturas da região doAlto Paranaíba.

Projetada e desenvolvida du-rante os trabalhos de conclusão decurso dos ex-alunos de bacharela-do em Sistemas de InformaçãoGilberto Viana e Jefferson Lopo,a ferramenta permite avaliar comprecisão a quantidade de controlequímico necessária para uma cul-tura. Isso significa redução do usode agentes químicos e, consequen-temente, menos desperdício e im-pacto ambiental.

Campus Rio Paranaíba temprimeiro software registrado no

Instituto de Propriedade Industrial

O professor Murilo conta que,por enquanto, a ferramenta estásendo testada em culturas de ba-tata, nas quais o uso de insetici-das é estabelecido com base emcalendários, ou seja, independen-temente da presença de praga nalavoura. O teste nesta cultura é de-corrente de uma constatação feitapelo Grupo de Pesquisas em Ma-nejo Integrado de Pragas (GPMIP)do campus Rio Paranaíba de queo controle das aplicações reduzi-ria o custo dos produtores em até90%. Como o grupo, coordenadodesde 2010 por Flávio Fernandes,obteve esse resultado a partir deum método empírico, os professo-res decidiram trabalhar juntos embusca de melhorias, desenvolven-do, então, o NDE.

Segundo o professor Flávio, onível de dano econômico poderá sercalculado em qualquer cultura. Noentanto, será necessário um estudoprévio da região e da própria cultu-ra para ajustes de parâmetros do pro-

grama. Suas expectativas daqui parafrente vão nessa direção: ampliar aspesquisas com batata, expandirpara outras culturas e pragas eajustar o software para ser utiliza-do em todas as regiões do país.

Vale destacar que esse foio primeiro programa do campusRio Paranaíba registrado no INPIe que o certificado foi obtido comtitularidade da UFV. Isso significaque está garantida à Universidadea proteção, por exemplo, contra usoindevido e cópias do software eque, caso ele seja usado para finscomerciais, a UFV terá direito areceber sobre a sua propriedadeinventiva e intelectual. O pedido deregistro foi realizado pela Comis-são Permanente de Propriedade In-telectual (CPPI) da Universidade.De acordo com o seu presidente,professor Rodrigo Gava, desde1999, ano de criação da CPPI, jáforam registrados no INPI 48 pro-gramas de computador resultantesde projetos desenvolvidos na UFV.

Adriana Passos

Em participação na 8ª Campus Party (Brasil), realizada em fevereiro, na cidade

de São Paulo, cinco estudantes daUFV-Florestal receberam prêmiopelo desenvolvimento de um apli-cativo android – sistema operaci-onal móvel desenvolvido pelaGoogle e projetado principalmen-te para dispositivos móveis comtela sensível ao toque. Ao final devárias palestras, chamadas deHack Night, os alunos da UFV-Florestal Paulo Mota, Pedro No-gueira, Délio Costa, MarcosMota, Elder Rios e Sara Mizra-im venceram o desafio de desen-volver um aplicativo (app) socialem 35 minutos, o Hora do Filme.Trata-se de um aplicativo parainclusão cultural de deficientesvisuais com narração de filmes.

Após as palestras, 40 equipescom um total de 200 estudantes dediferentes países e estados brasi-leiros se espalharam em bancadasdo evento para colocar ideias emprática. A competição teve comoresultado a criação de apps soci-ais nas áreas de saúde, educação,entretenimento e sustentabilidade,com três finalistas selecionados,dentre eles, o Hora do Filme

Paulo Mota explica que o apli-cativo é colaborativo, afinal, vo-luntários irão inserir legendas nar-rativas em filmes. Assim, o usuá-rio do programa deve apenas sele-cionar o filme desejado para que oaplicativo “leia” as legendas. Deacordo com o estudante, que par-

Estudantes daUFV-Florestal

são premiados noCampus Party

ticipou pela segunda vez daCampus Party, a motivação deestar na competição, juntamentecom os colegas, surgiu da vontadede testar as habilidades, já que otempo para executar a tarefa erapouco. Além disso, ele destaca oseu interesse pelos androids e ofato de o Campus Party estar en-tre os maiores eventos de tecnolo-gia. “Nós ainda não estamos acos-tumados com competições, mas foibem divertido”, disse Paulo, justi-ficando que foi uma oportunidadede testar o que aprenderam em salade aula e em projetos.

Conforme a Assessoria de Im-prensa do Campus Party, um dosmotivos da seleção do Hora doFilme foi a temática diferenciadaem relação aos demais, o que con-quistou o público. Os vencedoresreceberam como prêmios camise-tas, iPads e cursos de programa-ção para aprofundar o conheci-mento. “E ainda aprendemos quenão basta só ter uma boa ideia; énecessário saber mostrar o que foiproduzido, pois a votação de de-sempate foi decidida pelo públi-co”, ressalta Paulo.

Parte da equipe desenvolvedo-ra do Hora do Filme participa doprojeto Sistema Sensível ao Con-texto para Apoio à Participaçãoem Eventos (SCAPE), orientadopela professora Thaís Braga. Tra-ta-se de um app que tem como ob-jetivo auxiliar eventos acadêmicos.

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ACS UFV- Florestal

O certificado é resultado do trabalho de Murilo Naldi, Gilberto Viana, Jefferson Lopo e Flávio Fernandes

Os alunos venceram o desafio de desenvolver um aplicativo social em 35 minutos

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9UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Abril/Maio - 2015

Em março, o campusViçosa recebeu a mi-nistra de Estado Che-

fe da Secretaria de Políticasde Promoção da IgualdadeRacial da Presidência da Re-pública (Sepir), Nilma LinoGomes. Ela proferiu a pales-tra Universidade, equidadee diversidade: desafios dapromoção da igualdade ra-cial, que inaugurou o ano le-tivo da Universidade.

Muito aplaudida pelosprofessores, estudantes e re-presentantes dos movimentosnegros regionais que acom-panharam a palestra, a mi-nistra afirmou que a presen-ça quase equânime de negrose brancos na plateia de umaUniversidade é uma prova deque o Brasil está avançandonas conquistas da igualdaderacial. Aos estudantes disseque não se pode avançar nascarreiras individuais e noprogresso da nação negando-se as origens que formarama sociedade brasileira.

Em sua rápida passagempelo campus, ela concedeuuma entrevista ao Jornal daUFV sobre a política de co-tas, instituída pela Lei nº12.711/2012.

O que significa a política decotas para o Brasil?

As cotas representam uma dasmodalidades das ações afirmativasque são muito mais amplas. Aspolíticas afirmativas podem serimplementadas pelo setor públicoou privado e visam corrigir desi-gualdades históricas que recaemsobre determinados grupos étnicose coletivos sociais. É o reconheci-mento de uma desigualdade queprecisa ser corrigida. A política decotas é uma das alternativas, maspodem-se ter legislações, incenti-vos, enfim, um leque de ações den-tro das ações afirmativas.

Como o governo federal ava-lia a política de cotas nas uni-versidades?

A política de cotas, sejam elas

ENTREVISTA

NILMA LINO GOMES

Os avanços da nossa universidade públicasão avanços da sociedade brasileira

raciais ou outras, é uma iniciativarecente que teve como marco ini-cial a Lei nº 12.711/2012. Antesdela, várias universidades já esta-vam implementando políticas deações afirmativas por meio de ini-ciativa de conselhos universitári-os. A partir da lei que amplia estasações, o Ministério da Educação(MEC) criou comissões, com aampla participação de reitores,para desenvolver uma política demonitoramento dessas ações e afe-rir os resultados.

O que nós já sabemos é queestudos feitos em universidadesque implementaram a política decotas, antes mesmo da Lei Fede-ral, demonstram que estudantescotistas têm desempenho igual ousuperior aos não cotistas nos maisdiversos cursos e áreas. Isso aca-ba com a ideia que se tinha antes,na minha opinião, preconceituosa,que a entrada desses sujeitos soci-ais pela política de cotas causariaalgum tipo de desnível dentro dasuniversidades ou que eles teriamum péssimo desempenho acadêmi-co. Isso não é verdade. Esses es-tudantes entram por uma políticaque abre as portas da universida-de na dimensão dos direitos, massão estudantes como quaisqueroutros que lutam para ter um bomdesempenho nos seus cursos.

É possível avaliar por quantotempo a política de cotas ainda seránecessária nas universidades parasuperar essas desigualdades?

Pensando na amplitude daspolíticas das ações afirmativas,elas tendem a ser encerradas quan-do aquela desigualdade, que ori-ginalmente a criou, for superada.Ou seja, quando o governo e a so-ciedade verificarem que a desi-gualdade racial no Brasil foi con-sideravelmente minimizada, aspolíticas poderão ser suprimidas.Mas acho que isso ainda leva umbom tempo.

Em sua apresentação, a se-nhora comentou que, diferente-mente do que acontecia há al-guns anos, hoje é possível vernegros e brancos em quantida-des mais ou menos equilibradasem palestras como a que profe-riu na Universidade. Isso é re-sultado da política de cotas?

É muito interessante observarque a implementação de políticasde ações afirmativas, e aqui es-pecificamente estamos falando dapolítica de cotas, não traz para auniversidade apenas os sujeitosbeneficiados por estas políticas.Com eles vêm também a comuni-dade de origem, a cidade ondeestá a universidade, os movimen-

Quando o governo ea sociedade

verificarem que adesigualdade racial

no Brasil foiconsideravelmente

minimizada, aspolíticas poderão ser

suprimidas

Estudosdemonstram que

estudantes cotistastêm desempenhoigual ou superior

aos não cotistas nosmais diversoscursos e áreas

setor da sociedade. Então, os avan-ços da nossa universidade públicasão avanços da nossa sociedadebrasileira. Eles não estão locali-zados apenas dentro da universi-dade. E isso acontece em todas asregiões do país, uma vez que essamudança tem acontecido nas uni-versidades e Institutos Federais deEducação em todo o Brasil. Eusempre uso como referência umafrase do sociólogo português, umquerido amigo, Boaventura deSouza Santos, que diz o seguinte:“As pessoas têm o direito de seriguais quando a diferença as infe-rioriza. E têm o direito de ser di-ferentes quando a igualdade asdescaracteriza”. Isso é o princípioda equidade e da diversidade.

Além da política de cotas,quais são atualmente as outrasações afirmativas para questãoespecífica da igualdade racial?

A Sepir tem desencadeado, jun-tamente com outros ministérios, apolítica voltada para a saúde dapopulação negra, outra para aquestão das mulheres negras, parapobres e comunidades quilombo-las, para povos e comunidades dereligiões de matriz africana, paraa comunidade cigana e para aspopulações indígenas. Ou seja,muitas vezes, a população brasi-leira já convive com essas políti-cas, mas não as identifica comoações afirmativas.

Como integrante do atualgoverno, o que a senhora tem adizer sobre os últimos aconteci-mentos que envolvem a presi-dente Dilma Rousseff, como aqueda de sua popularidade, asquestões da Petrobras, as ma-nifestações nas ruas?

Eu diria que acredito no proje-to político que este governo tem.Foi este projeto que fez com que ogoverno vencesse as eleições.Acredito que o governo e a equipeda qual eu faço parte precisamconstruir políticas de ajustes quesão necessárias, inclusive para acorreção do fluxo econômico dasociedade brasileira. Mas possodizer que acredito que os brasilei-ros podem ter confiança porque oBrasil está em boas mãos.

Léa Medeiros

tos sociais, os movimentos cultu-rais. Com eles vem todo um uni-verso sociocultural do qual estespúblicos fazem parte. E ainda temcomo consequência um movimen-to de se repensar os currículosacadêmicos.

Isso tem reflexo no racismo,de maneira geral?

Com certeza! Nós sabemos quea universidade é um importante

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10 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAAbril/Maio - 2015

Professores e alunos participamde curso de Gestão do Patrimônio

Cultural em Portugal

zação das Nações Unidas para aEducação, a Ciência e a Cultura(Unesco) – assim como Ouro Pre-to (MG) -, os estudantes visitaram,dentre outros lugares, castelos,igrejas e museus. Ali é possívelencontrar vestígios de diversasépocas, como os monumentos me-galíticos de aproximadamente setemil anos e alguns trechos da mu-ralha erguida no século III paraproteger a cidade.

Para a estudante do mestradoprofissional Walkíria Maria deFreitas Martins, a oportunidadetambém foi de conhecer a manei-ra como o patrimônio cultural épensado e gerido em outro país eem outro continente. Ela, que estápesquisando as práticas de patri-monialização contemporâneas etem Viçosa como estudo de caso,afirmou que o curso servirá como“importante parâmetro de compa-ração” com as realidades brasilei-ra e viçosense. Em sua opinião, éimportante que o profissional daárea seja formado criticamente eadquira capacidade de refletir so-bre o patrimônio cultural em to-dos os seus aspectos e de pensarestratégias de intervenção que se-jam verdadeiramente de interessepúblico. Por isso, Walkíria consi-dera que o convênio entre UFV,

Universidade de Évora e CátedraUnesco “trará ganhos inestimáveispara todos os envolvidos”.

Além dos estudantes do mes-trado profissional – Ana CarolinaPereira, Cristina Sueli dos Santos,Isabela Guerra, Janaína Rios, Sér-gio Almeida e Walkiria Freitas –,o curso recebeu a professora doDepartamento de Arquitetura eUrbanismo da UFV Josélia Por-tugal, a estudante do curso de His-tória Rosana Alvarenga e as egres-sas do curso de Arquitetura e Ur-banismo Gabriela Rodrigues e Ja-cqueline Soares.

Como trabalhos de conclusãodo curso, os participantes produ-ziram alguns textos e um vídeosobre Évora, que foram publica-dos e estão disponíveis na páginada Cátedra Unesco: www.ca-tedra.uevora.pt/unesco/index.php/unesco_pt/Ensino-academico-e-profissional/Other-courses/Trai-ning-course-Heritage-manage-ment-and-smart-specialisation.

Atividades previstasA proposta do convênio, que

está em tramitação, prevê a reali-zação de pesquisas, cursos e even-tos sobre gestão do patrimôniocultural em conjunto, bem como aparticipação de estudantes e pro-

fessores do mestrado profissionalem Patrimônio Cultural, Paisagense Cidadania da UFV na rede Uni-twin da Unesco. Desde 1992,quando foi criada, essa rede pro-move a capacitação de pessoas pormeio de trocas de conhecimentosentre países em desenvolvimento.Ela é formada por centenas de uni-versidades, organizações não go-vernamentais vinculadas à educa-ção superior e outras entidades.

Atualmente, segundo o coorde-nador do mestrado profissional eprofessor do Departamento deHistória da UFV, Jonas Marçal deQueiroz, existem 638 cátedras e60 redes Unitwin, que envolvemmais de 770 entidades em ativida-des em 126 países. No Brasil, são25 cátedras distribuídas entre ascinco regiões, mas nenhuma atuana área de abrangência do mestra-do profissional da UFV.

De acordo com o professor Jo-nas, no segundo semestre de 2015a disciplina Gestão do Patrimô-nio Cultural e Especialização In-teligente será ofertada novamentee eventos, como o Ciclo de Pales-tras, serão realizados regularmen-te. Em agosto, acontecerá a pri-meira edição de um evento nacio-nal em parceria com o MestradoProfissional em Bens Culturas eProjetos Sociais do Centro de Pes-quisa e Documentação de Histó-ria Contemporânea do Brasil(CPDOC), da Fundação GetúlioVargas do Rio de Janeiro (RJ).

Sobre o mestrado profissionalO Mestrado Profissional em

Patrimônio Cultural, Paisagens eCidadania da UFV foi criado em2014 com o objetivo de formarprofissionais capacitados para atu-ar na preservação, conservação edifusão do patrimônio cultural enatural brasileiro e contribuir paraa cidadania e o fortalecimento daidentidade sociocultural das comu-nidades.

O curso conta com a participa-ção de professores dos departa-mentos de História, de Educação,de Engenharia Florestal, de Geo-grafia e de Solos. As seleçõesacontecem anualmente, no segun-do semestre. São oferecidas 20vagas, sendo 10 exclusivas parafuncionários da UFV.

Izabel Morais

Um grupo de seis estu-dantes da primeira turma domestrado profissional emPatrimônio Cultural, Paisa-gens e Cidadania da UFVparticipou, em março, docurso de Gestão do Patri-mônio Cultural e Especia-lização Inteligente na Uni-versidade de Évora (Portu-gal). Ministrado pelo pro-fessor da instituição portu-guesa Filipe Themudo Ba-rata, o curso foi a primeiraatividade do convênio esta-belecido entre UFV, Uni-versidade de Évora e a Cá-tedra Unesco.

Ocurso representou umaoportunidade para os par-ticipantes aprofundarem e

aplicarem seus conhecimentos ci-entíficos e técnicos e adquiriremnovas noções sobre a gestão do pa-trimónio cultural contemporâneo.Évora possui cerca de 50 mil ha-bitantes e abriga um dos centroshistóricos mais bem preservadosdo mundo, com o maior número demonumentos em Portugal. Na ci-dade, reconhecida como Patrimô-nio da Humanidade pela Organi-

A Editora UFV (EDT)promoveu, em março, o seuprimeiro lançamento de li-vros do ano. Foram 10 títu-los, dentre eles cinco iné-ditos da coletânea Cul-turas: do plantio à colhei-ta. A coletânea conta coma participação de autoresespecializados em diversasáreas da Agronomia e é edi-tada pelo professor AluízioBorem de Oliveira, do De-partamento de Fitotecnia.Outro título inédito foi APronúncia do Latim Cien-tífico, do professor RafaelGustavo Rigolon da Silva,do Departamento de Biolo-gia Geral. Confira as obras:

A Pronúncia do LatimCientífico

Autor: Rafael Gustavo R. da Silva

Restauração Ecológica deEcossistemas Degradados –

2ª ediçãoEditor: Sebastião V. Martins

Modelos BiométricosAplicados ao MelhoramentoGenético – Volume 2 - 3ª ediçãoAutores: Cosme Damião Cruz,Pedro Crescêncio Souza Car-neiro e Adair José Regazzi

Inspeção e Higiene deCarne – 2ª edição

Autor: Paulo Sérgio de A. Pinto

Química de AlimentosTeoria e Prática – 6ª ediçãoAutor: Júlio Maria de AndradeAraújo

Arr oz: do plantio à colheitaEditores: Aluizio Borem e Pau-lo Hideo N. Rangel

Feijão: do plantio à colheitaEditores: José Eustáquio Car-neiro, Trazilbo de Paula Júni-or e Aluizio Borem

Milho: do plantio à colheitaEditores: Aluizio Borem, JoãoCarlos Cardoso Galvão e Mar-co Aurélio Pimentel

Soja: do plantio à colheitaEditores: Tuneo Sediyama, Fe-lipe Silva e Aluizio Borem

Trigo: do plantio à colheitaEditores: Aluizio Borem e Pe-dro Luiz Scheeren

Editora UFVlança

primeiroslivros de 2015

Mais informações:www.editoraufv.com.br

O curso representou uma oportunidade para os participantes aprofundarem e aplicaremseus conhecimentos científicos e técnicos

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Dezoito professores da UFVestão entre os três mil pesquisa-dores brasileiros mais citados naplataforma Google Scholar, umsistema de busca eletrônica deartigos científicos. De acordocom o Webometrics Ranking ofWorld Universities, que, pelaprimeira vez incluiu autores doBrasil, o professor Cosme Da-mião Cruz, do Departamento deBiologia Geral, ocupa o primei-ro lugar na UFV e o 271º no paíscom 11.183 citações.

Também estão no ran-king os professores Marcos HeilCosta (Engenharia Agrícola), Ace-lino Couto Alfenas (Fitopatolo-gia), Fábio Murilo da Matta (Bio-logia Vegetal), Aluizio Borem (Fi-totecnia), Maurício Paulo Ferrei-ra Fontes (Solos), Francisco Mu-rilo Zerbini (Fitopatologia), Wag-ner Campos Otoni (Biologia Ve-getal), Hugo Ruiz (Solos), Eduar-

Mais citados na plataforma

do Seiti Gomide Mizubuti (Fito-patologia), Reinaldo Bertola Can-tarutti (Solos), José HenriqueSchoereder (Biologia Geral), LuizAntônio dos Santos Dias (Fitotec-nia), Ângelo Pallini (Entomolo-gia), Paulo Sávio Lopes (Zootec-nia), Mario Luiz Chizzotti (Zoo-tecnia), Marcelo Lobato Martins(Física) e Winder Alexander Mou-ra Melo (Física).

RankingO ranking, elaborado pelo La-

boratório Cybermetrics, do Con-sejo Superior de Investigacionescientíficas (CSIC) - uma institui-ção pública da Espanha dedicadaà investigação - levou em conta da-dos do Google Scholar Citations(GSC) coletados na primeira se-mana de fevereiro. Ele é uma ver-são beta, ainda em desenvolvimen-to, baseada em informações volun-tariamente declaradas no GSC.

O professor Rubens Alves deOliveira, diretor do Centro de Ci-ências Agrárias da UFV, foi o ven-cedor da categoria Inovação doPrêmio Bom Exemplo 2015, umainiciativa da TV Globo Minas e daFundação Dom Cabral, em parce-ria com o Jornal O Tempo e a Fe-deração das Indústrias do Estadode Minas Gerais (Fiemg).

O objetivo do prêmio, que con-templa nove categorias (Cidada-nia, Ciência, Cultura, Educação,

Bom Exemplo em Inovação

Economia e Desenvolvimento deMinas, Esporte, Inovação, MeioAmbiente e Personalidade do Ano)é reconhecer ações de cidadania edesenvolvimento social que me-lhorem a qualidade de vida daspessoas. Exceto a categoria Cida-dania, que recebe indicação e votopopular, as demais são indicadaspor instituições representativas dasociedade e seus finalistas escolhi-dos por uma banca de jurados.

A participação do professor –

Mais uma vez, o Colégio deAplicação da UFV – CAp-Coluni- se destacou na Olimpíada Brasi-leira de Física das Escolas Públi-cas (OBFEP). O resultado, divul-gado em abril, aponta que dos 36alunos das três séries participan-tes da última edição, 17 obtiverammedalhas: seis de ouro, cinco deprata e seis de bronze. A partici-pação dos estudantes foi orienta-da pelos professores Daniel Rodri-gues Ventura, José Marcelo Go-mes e Edson Luis Nunes, esse úl-timo coordenador da área de Físi-ca e diretor do Colégio. O maiornúmero de medalhas ficou com aprimeira série, cujos trabalhos fo-ram coordenados pelo professorJosé Marcelo. Foram nove ao todo,cinco delas de ouro.

Alunos premiados1ª série: Aline Cristina Ma-

fra (ouro), João Pedro LopesLauriano (ouro), Natália SãoJosé da Fonseca Barbosa (ouro),Rafael Silva Rodrigues Ventura(ouro), Tomás Cardoso de Mi-randa (ouro), André Luis Barbo-sa Azar (prata), Pedro CordeiroPovoa Cupertino (prata), LucasMagalhães Porti lho Carrara(bronze) e Pedro Henrique Ma-rota Teixeira (bronze).

Olimpíada Brasileira de Física

2ª série: Diogo Ferreira Ven-tura (ouro), Alana Gabriela Aze-vedo Silva (prata), Ana CarolinaCerqueira Chaves (prata), DanielLacerda Heringer (prata), LucasKelly Martins Lacerda (bronze) eMarcos Felipe Calais da Silva(bronze).

3ª série: João Vitor Barbosa deResende (bronze) e Taciana deSouza Bayão (bronze)

OlimpíadaA OBFEP é promovida pelo

Ministério da Ciência, Tecnologia

e Inovação (MCTI), por meio doConselho Nacional de Desenvol-vimento Científico e Tecnológico(CNPq), com o apoio do Ministé-rio da Educação (MEC). Trata-sede um programa da SociedadeBrasileira de Física (SBF), desti-nado exclusivamente a estudantesdo ensino médio e do último ano(9º ano) do ensino fundamental deescolas públicas. A edição 2014recebeu 164.786 inscritos, 12.020de Minas Gerais. A premiação ain-da não tem data definida paraacontecer.

O professor Adriano NunesNesi, do Departamento de Biolo-gia Vegetal da UFV, tomou

Posse na Academia Brasileira de Ciências

posse na categoria membrosafiliados da Academia Brasileirade Ciências (ABC) regional Mi-

nas Gerais e Centro-Oeste para operíodo 2015-2019. A cerimôniade diplomação dos novos afilia-dos foi realizada no dia 28 deabril, no Rio de Janeiro.

A categoria em que o profes-sor Adriano passou a ocupar évoltada para jovens cientistasde até 40 anos, indicados porregião do Brasil para integraros quadros da Academia porcinco anos. Oresultado foi di-vu lgado em dezembro. DaUFV, somente fazem parte daAcademia Brasileira de Ciên-cias os professores ElizabethPacheco Batista Fontes e Eval-do Ferreira Vilela. Também járepresentaram a Universidadena ABC os ex-professores Pau-lo Alvim e José Cândido deMello Carvalho.

Em destaque Em destaque Em destaque Em destaqueque representou a UFV, a conviteda Fundação de Amparo à Pesqui-sa do Estado de Minas Gerais (Fa-pemig) - se deu com o irrigâmetro,

um equipamento de irrigação queele idealizou e que foi desenvolvi-do com uma equipe de pesquisa-dores da Universidade. Resultado

de uma pesquisa de mais de cincoanos, o equipamento tem melho-rado lavouras em todo o país e aju-dado na economia de água.

Professor Adriano (à esq.) com o presidente da ABC, Jacob Palis (de cinza),e os novos membros afiliados

Professor Rubens (à esq.) recebeu o prêmio em evento que teve a presençada reitora Nilda da Fátima Ferreira Soares, do governador

de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e do presidente da Fapemig,Evaldo Ferreira Vilela

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12 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSAAbril/Maio - 2015

U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E V I Ç O S A36570-000 - VIÇOSA - MINAS GERAIS - BRASIL

Aconteceu... Aconteceu... Aconteceu...

O Conselho Universitário(Consu) da UFV decidiu, porunanimidade, impedir a passa-gem do mineroduto da Ferroustanto na estação experimentalde Coimbra (MG) quanto nabacia do Ribeirão São Bartolo-meu. A reitora Nilda de FátimaFerreira Soares, que presidiu areunião, declarou que a posição

Conselho Universitário vota contra passagem do mineroduto da Ferrous

Desde 19 de março, a Edito-ra UFV (EDT) tem nova diretora:a professora Daniela Alves de Al-ves, do Departamento de CiênciasSociais. Ela substituiu o professorClóvis Andrade Neves, pró-reitorde Extensão e Cultura, que ocu-pava o cargo desde maio de 2013.A nova diretora é bacharela emCiências Sociais pela Universida-de Federal do Rio Grande do Sul,onde também fez mestrado e dou-torado em Sociologia.

Ainda no dia 19, tomou posseo novo pró-reitor de Pesquisa ePós-graduação, Luiz AlexandrePeternelli, do Departamento de

Estatística. Desde 1991, Peterne-lli é professor da UFV, onde tam-bém se graduou em EngenhariaAgronômica e obteve o título demestre em Genética e Melhora-mento. Durante o doutoradoem Statistics and Plant Bree-ding, realizado na Iowa StateUniversity (Estados Unidos), re-cebeu prêmio pelo alto coefici-ente de rendimento acadêmico.Realizou pós-doutoramentona Michigan State University ena University of Wisconsin, am-bas nos Estados Unidos.

Na pesquisa, Peternelli desen-volve e orienta projetos de gradu-ação e pós-graduação em Estatís-tica Aplicada em Biometria e emGenética e Melhoramento, princi-palmente da cana-de-açúcar.

Também em março, a Dire-toria de Material (DMT) da UFVfoi agraciada com uma das premia-ções de maior destaque no país namodalidade de compras públicas.Em cerimônia realizada em Foz doIguaçu (PR), ela recebeu o Prêmio19 de Março, na categoria“Pregão com maior celeridade nosegmento serviços”. A premiaçãoaconteceu durante o CongressoBrasileiro de Pregoeiros que, des-de 2006, reúne anualmente repre-sentantes de instituições federaisde todo o país. Este ano, o eventofoi de 16 a 20 de março e premiou26 categorias. A DMT concorreuem três. Ednir Matias, pregoeiroda UFV, representou a instituiçãona cerimônia.

No dia 29 de março, a 2ª edi-ção da Corrida Rústica encerrou,no campus Viçosa, a edição dacampanha Março de boa! O diafoi marcado por uma série de ati-vidades esportivas e de lazer e pela

inauguração do campo defutebol society, localizado entreos alojamentos Pós e Posinho. Aobra, resultado de uma demandada Comissão dos Moradores doAlojamento (CMA), teve o apoioda Pró-reitoria de Assuntos Comu-nitários, por meio da Divisão deEsporte e Lazer, e realização daPró-reitoria de Administração(PAD). Também aconteceu a entre-ga das chaves da nova sede dasAtléticas Acadêmicas ((Direito,Medicina, Engenharias e Monetá-rias e Educação Física) e da Capo-eira Alternativa. O espaço fica naCasa número 1 da Vila Matoso.

Em 24 de abril, foram come-morados os 50 anos da Diretoriade Tecnologia da Informação(DTI), órgão que conduz a políti-ca de informática da UFV. Umasolenidade reuniu ex-diretores efuncionários que fizeram partedesse meio século de atividades.No encontro de gerações, a dire-tora Michelini Lopes da Mota, queestá à frente do órgão há quatroanos, agradeceu a todos que con-tribuíram para a história da DTIque, hoje, reúne 115 funcionários.

Também em abril, a reitoraNilda de Fátima Ferreira Soares,participou do workshop Alinha-mento da Plataforma de Bioque-rosene, realizado em Belo Hori-zonte. No evento, foi discutido

De 13 a 16 de abril, o campusViçosa sediou o III Simpósio Minei-ro de Ciência do Solo (SMCS). Oevento reuniu cerca de 250 pesqui-sadores e estudantes de todo o paíspara debater o tema Agriculturaconservacionista – conhecimentos,aplicações, interfaces e desafios. Osimpósio é promovido na UFV des-de 2010 com o propósito de consti-tuir um fórum com periodicidade re-gular para a análise e reflexão do co-nhecimento atual e suas aplicações.Este ano, o evento também celebrouo Dia Nacional da Conservação dosSolos (15 de abril) e o Ano Mundialdos Solos, decretado pela Organiza-ção das Nações Unidas (ONU).

da Universidade foi embasadano parecer da Comissão Técni-ca responsável por discutir ainstalação do mineroduto.

Dentre as ações da comis-são, presidida pelo professordo Departamento de EducaçãoFelipe Nogueira Bello Simas,fo i rea l izado um seminá-rio , em novembro de 2014, so-

bre os impactos da instalaçãodo mineroduto da empresa Fer-rous em Viçosa. O evento con-tou com palestras, seguidas deespaços para debates, nosquais o professor Felipe apre-sentou um histórico do proces-so do empreendimento, queacontece desde 2009. Ele ex-plicou como um sistema de tu-

bu lações é ins ta lado paratransportar minérios a longasdistâncias, além dos impactosque traz para o ambiente. Deacordo com o professor, o mi-neroduto da Ferrous ocuparia,em Viçosa, um trajeto de 13,3quilômetros, divididos em 91propriedades rurais e interfe-rir ia em nascentes dos rios

Turvo Limpo e Turvo Sujo e doribeirão São Bartolomeu. Nocampus Viçosa, o empreendi-mento poderia prejudicar oabastecimento de água e as ati-vidades de uma área experi-mental do Departamento de Fi-totecnia em Coimbra (MG),onde há pesquisas em anda-mento desde a década de 1980.

o desenvolvimento sustentável naprodução de bioquerosene para osetor da aviação, o que inclui o usoda macaúba. A reitora parabeni-zou o estado por reunir os agentesligados ao setor em uma “forçatarefa integrada e empenhada paratornar Minas Gerais referência empesquisas e desenvolvimento dacadeia da macaúba”.

Ela também destacou que aUFV tem avançado na geração deenergia sustentável, a partir daspesquisas com macaúba, e con-duzido os trabalhos “de formabrilhante” com o professor Sér-gio Motoike, que também parti-cipou do evento. Motoike coorde-na a equipe de professores/pes-quisadores que trabalha com ma-caúba na UFV.