ANÁLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS...
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JLIO CEZAR DE CERQUEIRA VRAS
ANLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS TRMICOS EM
GERADORES TERMOELTRICOS
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica - PPGEE, da Universidade Federal da Paraba - UFPB, como requisito para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Eltrica. Orientador: Prof. Dr. Cleonilson Protsio de
Souza
JOO PESSOA
2014
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JLIO CEZAR DE CERQUEIRA VRAS
ANLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS TRMICOS EM
GERADORES TERMOELTRICOS
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica - PPGEE, da Universidade Federal da Paraba - UFPB, como requisito para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Eltrica. Orientador: Prof. Dr. Cleonilson Protsio de
Souza
JOO PESSOA
2014
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FICHA CATALOGRFICA
Vras, Jlio Cezar de Cerqueira Anlise Experimental dos Efeito Termoeltricos em Geradores Termoeltricos Joo Pessoa, 2014. N de pginas: 68 rea de concentrao: Engenharia Eltrica Orientador: Prof. Dr. Cleonilson Protsio de Souza. Dissertao de Mestrado Universidade Federal da Paraba (UFPB) 1.Plataforma Experimental; 2. Ciclos trmicos; 3. Gerador Termoeltrico
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA UFPB
CENTRO DE ENERGIAS ALTERNATIVAS E RENOVVEIS CEAR
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA PPGEE
A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova o Exame de Defesa
ANLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS TRMICOS EM
GERADORES TERMOELTRICOS
Elaborado por
JLIO CEZAR DE CERQUEIRA VRAS
como requisito para obteno do grau de
Mestre em Engenharia Eltrica
COMISSO EXAMINADORA
PROF. DR. CLEONILSON PROTSIO DE SOUZA (Presidente)
PROF. DR. FRANCISCO ANTNIO BELO
PROF. DR. JUAN MOISS MAURCIO VILLANUEVA
PROF. DR. YURI PERCY MOLINA RODRIGUEZ
Joo Pessoa/PB, 28 de novembro de 2014.
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Aos meus pais amados, Dcio de Cerqueira Vras e Dinalva Cezar Vras, por
estarem sempre ao meu lado em minhas escolhas.
Aos meus irmo, George Cezar de Cerqueira Vras, Augusto Cezar de Cerqueira
Vras e Valria M F. Cezar de Cerqueira Vras, pelo apoio e incentivo.
s minhas cunhadas Natlia Sibele Vras e Marlia Souto
Dedico
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, que por meio de minha famlia maravilhosa e amigos
to presentes sempre transmitiu-me conforto por meio de suas palavras.
Ao Prof. Dr. Cleonilson Protsio de Souza, pela pacincia, dedicao e por
todas as lies durante todo o perodo do programa.
Aos amigos Thyago Vasconcelos e toda a famlia, Fabrcio Cabral, Andr
Padilha, pela grande fora e palavras de sabedoria e incentivo.
Aos meus colegas da ps, em especial, ao colega e amigo Bruno Wililan, pois
tornaram o perodo de dedicao em algo satisfatrio.
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Embora todos queiram viver no topo da montanha, toda a felicidade e crescimento ocorre durante a escalada.
William Shakespeare.
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SUMRIO
LISTA DE ILUSTRAES .................................................................................. VII
LISTA DE TABELAS .......................................................................................... VIII
LISTA DE ABREVIAES E SMBOLOS ........................................................... IX
RESUMO X
ABSTRACT XI
1 INTRODUO ................................................................................................ 13
1.1 OBJETIVOS ................................................................................................. 15
1.2 MOTIVAO ................................................................................................ 16
2 REVISO DE LITERATURA .......................................................................... 19
2.1 REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................... 19
2.2 ESTADO DA ARTE ...................................................................................... 22
3 FUNDAMENTAO TERICA ...................................................................... 26
3.1 ENERGIA INTERNA..................................................................................... 26
3.2 RESISTIVIDADE TRMICA ......................................................................... 27
3.3 RESISTIVIDADE ELTRICA ........................................................................ 28
3.4 EFEITO SEEBECK....................................................................................... 28
3.5 EFEITO PELTIER ........................................................................................ 29
3.6 CONDUO TRMICA ............................................................................... 30
3.7 GERADOR TERMOELTRICO ................................................................... 32
3.8 FIGURA DE MRITO ................................................................................... 34
3.9 COLHEITA DE ENERGIA ............................................................................ 35
3.10 TERMOELETRICIDADE .............................................................................. 36
4 PLATAFORMA EXPERIMENTAL .................................................................. 39
4.1 INSTRUMENTAO VIRTUAL .................................................................... 42
4.2 SISTEMA TRMICO .................................................................................... 43
4.3 CICLOS TRMICOS .................................................................................... 45
5 MEDIES E CLCULOS ............................................................................. 49
5.1 MTODO HARMAN ..................................................................................... 49
5.2 MEDIES .................................................................................................. 51
5.3 MEDIES CONSIDERANDO APLICAES DE CICLOS TRMICOS .... 53
6 CONCLUSES ............................................................................................... 58
7 TRABALHO PUBLICADO .............................................................................. 61
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REFERNCIAS ..................................................................................................... 62
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LISTA DE ILUSTRAES
FIGURA 1 - GERADOR TERMOELTRICO COM SEMICONDUTOR ............... 14
FIGURA 2 - EM (A) H EXPANSO NO VOLUME INTERNO DO SISTEMA, DEVIDO A TROCA DE CALOR TRABALHO REALIZADO PELO SISTEMA. NO SISTEMA (B) NO H AGITAO MOLECULAR, PORM H MUDANA NO VOLUME SOBRE O SISTEMA. ........ 27
FIGURA 3 - EFEITO SEEBECK: TERMOPAR DE COBRE E METAL ............... 29
FIGURA 4 - EFEITO PELTIER: TERMOPAR DE COBRE E METAL ................. 30
FIGURA 5 - CONDUO TRMICA EM UM MATERIAL ................................. 31
FIGURA 6 - TERMOPAR METLICO ................................................................. 32
FIGURA 7 - GERADOR TERMOELTRICO (TEG) ............................................ 33
FIGURA 8 - DIAGRAMA DE BLOCOS GENERALIZADO PARA COLHEITA DE ENERGIA ......................................................................................... 36
FIGURA 9 - REPRESENTAO DA PLATAFORMA EXPERIMENTAL ............ 40
FIGURA 10 - RESPOSTA DO SISTEMA A UM DEGRAU .................................... 41
FIGURA 11 - MTODO ZIEGLER-NICHOLS PONTOS DE INSERO ........... 41
FIGURA 12 - PROGRAMA EM LABVIEW IHM.................................................. 43
FIGURA 13 - SISTEMA TRMICO ........................................................................ 44
FIGURA 14 - BANCADA DE TESTES ................................................................. 45
FIGURA 15 - CICLO TRMICO T E TENSO .................................................... 46
FIGURA 16 - SENTIDO DE FLUXO DE CALOR.................................................. 46
FIGURA 17 - ILUSTRAO DO MTODO HARMAN .......................................... 51
FIGURA 18 - CICLO DE CORRENTE ................................................................... 52
FIGURA 19 - TENSO GERADA PELO MTODO HARMAN.............................. 52
FIGURA 20 - CICLO TRMICO EM UMA HORA.................................................. 54
FIGURA 21 - EFEITO DO CICLO TRMICO NA TENSO GERADA .................. 54
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ESPECIFICAES DO TEG ........................................................... 39
TABELA 2 - PARMETROS CALCULADOS ANTES DOS CICLOS TRMICOS ...................................................................................... 53
TABELA 3 - PARMETROS CALCULADOS APS CICLOS TRMICOS ........ 55
TABELA 4 - COMPARATIVO PR E PS CICLOS TRMICOS ........................ 56
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LISTA DE ABREVIAES E SMBOLOS
Coeficiente de Seebeck [V/K]
rea da seco transversal do Material [mm2]
Diferena de Temperatura [K]
TEC Thermoelectric Cooler
TEG Thermoelectric Generator
TEM Thermoelectric Module
Rin Resistncia Interna []
ZT Figura de Mrito
Th Temperature Hot [K]
Tc Temperature Cold [K]
Tenso Total [V]
Tenso de Seebeck [V]
Corrente Fornecida Total [A]
Resistividade Eltrica [/mm]
Resistividade Trmica [K.mm/mW]
Condutividade Eltrica [mm/]
Condutividade Trmica [mW/K.mm]
Comprimento do Material [mm]
Coeficiente de Peltier [W/K]
Potncia de Peltier [W]
Potncia de Fourier [W]
Fator de Potncia [adimensional]
Fluxo de Calor [W]
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RESUMO
ANLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS TRMICOS EM GERADORES TERMOELTRICOS Objetivo: Os geradores termoeltricos so dispositivos de estado slido que utilizam a diferena de temperatura para a converso em energia eltrica. No entanto, submeter os geradores termoeltricos a variaes de temperatura pode comprometer o tempo de vida desses dispositivos. Assim, com o objetivo de investigar a possvel influncia das variaes de temperatura ciclos trmicos a que os mdulos geradores termoeltricos (TEGs) esto expostos, este trabalho desenvolveu uma plataforma experimental capaz de submeter TEGs influncia de ciclos trmicos, permitindo assim que os TEGs possam ser avaliados. Para constatar os efeitos na degradao do TEG, alguns parmetros foram avaliados antes da aplicao dos ciclos trmicos e aps uma sequncia de ciclos trmicos. Ao fim da pesquisa, as avaliaes feitas nos parmetros so apresentadas em uma tabela comparativa, em que so apresentados os valores obtidos antes da aplicao dos ciclos trmicos e os valores dos parmetros aps a aplicao dos ciclos trmicos. Palavras-chave: Plataforma Experimental, Ciclo Trmico, Gerador Termoeltrico
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ABSTRACT
EXPERIMENTAL EVALUATION OF THE THERMAL CYCLING EFFECTS IN THERMOELECTRIC GENERATORS A thermoelectric generator is a solid-state temperature dependent device that provide power generation on thermoelectric conversion. For that, the thermoelectric modules needs a temperature difference to ensure the thermoelectric conversion process. However, being subject to temperature variations may compromise the thermoelectric generator lifetime. Thus, in order to evaluate the temperature variation (thermal cycling) that the thermoelectric generators are exposed, this work has proposed an experimental platform that submits the thermoelectric generators modules to thermal cycling. With the experimental platform proposed the parameters of the thermoelectric generators may be to investigate properly. To evaluate the degradation effects on TEG the parameters were evaluated before the thermal cycling and then the parameters were evaluated after the thermal cycling process. At the research end, the parameters are presented by a comparative table with parameters evaluation before the thermal cycling and parameters evaluation after thermal cycling which brings to the experimental platform reliability. Keywords: Experimental Platform, Thermal Cycling, Thermoelectric Generators
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1 INTRODUO
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INTRODUO
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1 INTRODUO
Com o desenvolvimento crescente de dispositivos de baixa potncia como os
ns em uma rede de sensores sem fio, dispositivos mdicos implantados, sensores
industriais, dentre outras tecnologias, a utilizao de baterias como fonte de energia
pode se tornar um alternativa invivel, especialmente quando as dimenses da bateria
excedem as dimenses do prprio dispositivo ou quando o acesso ao dispositivo
impraticvel, como em florestas, oceanos, entre outros. Dentro desse contexto, alguns
esforos em pesquisas tem sido empregados em uma tcnica que pode auxiliar tais
dispositivos a se tornarem autossuficientes ou em alguns casos garantir um
prolongamento de vida til s baterias (RADAMASS; CHANDRAKASAN, 2011). Tal
tcnica conhecida como colheita de energia (energy harvesting).
Segundo Beeby (2010) e Harb (2011) o conceito de colheita de energia est
relacionado ao processo de converso da energia (trmica, solar, elica, dentre
outras) que desperdiada ao meio ambiente para energia eltrica, a fim de tornar
dispositivos como implantes biomdicos, ns sensores de uma rede de sensores sem
fio, dispositivos de monitoramento militar, entre outros, em sistemas
autossustentveis. Em Tan e Panda (2010) as tcnicas de energy harvesting tratam
da converso de energia em baixa potncia (normalmente em ), ou seja, uma
tcnica em baixa escala de potncia, diferente da colheita com fontes de energia
renovveis que fornecem grandes potncias, como parques solares ou parques
elicos. Os sistemas de colheita de energia so compostos normalmente por elemento
de coleta, dispositivo para converso e condicionamento, e um dispositivo de
armazenamento. Como tcnica de colheita de energia, pode-se citar a colheita de
energia trmica, que apresenta como soluo a possibilidade de converter
temperatura desperdiada ao meio em energia eltrica (GLANTZ et al., 2006).
A colheita de energia trmica uma tcnica que permite a converso de calor
em energia eltrica e um dispositivo com potencial para a converso termoeltrica
o gerador termoeltrico (TEG), que opera quando exposto a diferena de temperatura
(HARB, 2011; ISMAIL; AHMED, 2009; NI et al., 2012; BOBEAN; PAVEL, 2013). Para
Priya (2009), um ambiente pode fornecer diferena de temperatura adequada
converso da energia termoeltica. Entretanto, mesmo sobre grandes diferenas na
temperatura, a eficincia na converso termoeltrica baixa, uma vez que est
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INTRODUO
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limitada aos materiais com que o TEG produzido (PARK et al., 2012; TAN; PANDA,
2010).
O efeito termoeltrico foi observado primeiramente em 1821 por Thomas
Seebeck a partir de termopares metlicos (JAVAN, 2000; KASAP, 2001). Atualmente,
os termopares em um TEG so semicondutores, pois possuem caractersticas mais
vantajosas sobre os metais, tais como menor perda pelo efeito Joule, maior
sensibilidade s diferenas de temperatura, dentre outras caractersticas (JAVA, 2000;
PRYIA, 2009). Assim, o gerador termoeltrico semicondutor definido como sendo
a associao de termopares semicondutores com dopagem do tipo e
semicondutores com dopagem do tipo, dispostos em srie eletricamente e em
paralelo termicamente entre dois substratos de cermica (ISMAIL; AHMED, 2009)
(LU; LAIRD, 2006), como mostrado na Figura 1.
FIGURA 1 - GERADOR TERMOELTRICO COM SEMICONDUTOR
O TEG caracterizado por sua eficincia na converso termoeltrica, a partir
de uma diferena de temperatura entre as placas de cermica (NI et al., 2012;
PARK et al., 2012). Assim, quanto maior o a que o TEG submetido, maior ser a
tenso eltrica gerada na converso. Essa relao expressa por = . , em que
o coeficiente de Seebeck. Entretanto, Park (2012) e Hatzikraniotis (2010)
verificaram que variaes constantes nas diferenas de temperatura podem
comprometer a eficincia de um TEG, o que pode causar estresse trmico significante
ao TEG. Em resumo, o desempenho do TEG poder apresentar degradao na
medida em que o material que forma o gerador termoeltrico submetido a ciclos
trmicos de diferenas de temperatura (PARK et al., 2012).
Assim, a proposta apresentada neste trabalho o de avaliar a degradao na
eficincia em um gerador termoeltrico comercial, o TEC12708 da Hebei
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INTRODUO
15
I.T.(Shanghai) Co. Ltd, formado por 127 termopares semicondutores e medidas de
40mm x 40mm x 3,3mm. Assim, esse TEG ser submetido a variaes de temperatura
controladas de ciclos trmicos, de modo que sejam verificadas possveis degradaes
em parmetros como o coeficiente de Seebeck, a tenso gerada, condutividade
trmica e eltrica, entre outros.
Para Bhatt (1992) e Kumar (2010) submeter um gerador termoeltrico a ciclos
trmicos poder causar ao material que o forma um desgaste mais acelerado. Isso
significa dizer que o material pode sofrer fissuras ou a criao de pequenas bolsas de
ar. Assim, submeter materiais a ciclos trmicos pode determinar em qual ambiente o
material pode se tornar mais eficiente ou mensurar o tempo de vida do gerador
termoeltrico. Nesse contexto, conclui-se que avaliar os geradores termoeltricos sob
ciclos trmicos de suma importncia de modo a garantir aos TEGs que o ambiente
mais adequado a que sero submetidos ao calor e assim, no sofram uma possvel
degradao em seu material de modo precoce. Assim, neste trabalho foi criada uma
plataforma que controla a diferena de temperatura a que submetido o TEG. O
desenvolvimento da plataforma dever auxiliar na anlise de eficincia de outros
geradores termoeltricos.
Este trabalho est dividido como segue: na Seo 1, esto descritos os
objetivos e a motivao para o trabalho; na Seo 2, feita uma reviso na literatura
e o que h de mais recente na rea; na Seo 3, apresentada a base terica para o
entendimento no que se refere a converso termoeltrica; na Seo 4, descrita a
plataforma experimental desenvolvida; na Seao 5 apresentada a metodologia
utilizada nas medies e nos clculos dos parmetros que foram avaliados; na Seo
6 esto as concluses a partir da avaliao dos parmetros; e na Seo 7 esto os
trabalhos que foram submetidos em eventos e concressos.
1.1 OBJETIVOS
Os objetivos gerais deste trabalho so:
1. Desenvolver uma plataforma que seja capaz de controlar as variaes de
temperatura e medir parmetros do gerador termoeltrico; e
2. Analisar o desempenho do gerador termoeltrico comercial modelo TEC-
12708 durante exposio de ciclos trmicos.
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INTRODUO
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Os objetivos especficos so os seguintes:
1. Desenvolver sistema de Integrao Homem-Mquina para interagir com a
plataforma trmica;
2. Aplicar o mtodo Harman para avaliao dos parmetros de geradores
termoeltricos;
3. Avaliar a possvel degradao nos parmetros do TEG;
1.2 MOTIVAO
O crescente ganho em desempenho dos geradores termoeltricos por parte
de estudos nos materiais que os compem demonstra que a converso termoeltrica
como fonte de energia torna-se cada vez mais promissora e poder garantir
eventualmente maior autonomia ou at mesmo tentar tornar dispositivos mveis
energeticamente autnomos (PRYIA, 2009; JEYASHREE, 2013). Fornecer energia a
fim de garantir autonomia a dispositivos que esto dispostos em regies onde no h
fcil acesso da energia eltrica ou recursos em energia eltrica so escassos torna
essa tecnologia atrativa. Alm do mais, para Pryia (2009), algumas vezes
impraticvel a utilizao de fontes externas como baterias para alimentao de
dispositivos mveis, pois necessitam de substituio e, em muitas vezes, h grandes
dificuldades em acessar os dispositivos, como em florestas densas, no mar, entre
outros. Segundo Tan e Panda (2010), o ciclo de vida dos dispositivos mveis est
associado ao tempo de vida de uma fonte central de energia eltrica ou baterias.
Nesse contexto, a tcnica de colheita de energia termoeltrica, alm de no poluente,
podem oferecer algumas vantagens por possurem estrutura simples, no possurem
partes mveis, serem relativamente pequenos e leves, entre outros (GOULD et al.,
2008).
Embora o TEG necessite de variaes na temperatura para a converso
termoeltrica, para Park (2012), importante avaliar a exposio do material que
submetido ciclos trmicos, que podem criar no material algum tipo de fissura ou
bolsas de ar, o que poderia provocar no TEG mal funcionamento ou degradao na
converso termoeltrica, alm de mudanas em caractersticas que afetem, por
exemplo, a resistncia interna do TEG. Assim, importante avaliar o impacto dos
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INTRODUO
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ciclos trmicos sobre o TEG. Do ponto de vista prtico, este estudo poder auxiliar na
avaliao do tempo de vida de um TEG exposto s variaes de gradientes de
temperatura em ambientes naturais.
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2 REVISO DE LITERATURA
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REVISO DE LITERATURA
19
2 REVISO DE LITERATURA
2.1 REVISO BIBLIOGRFICA
Segundo Egli (1961), a termoeletricidade vem sendo intensamente
investigada e, naquele momento em que feito o estudo, cita-se quo precoce
definir possveis aplicaes para a converso termoeltrica, de modo que possa
apresentar melhor desempenho. No entanto, os estudos em termoeletricidade ainda
esto focados em problemas relacionados a converso termoeltrica, como o tipo de
material utilizado, que acredita-se, o impacto no desempenho dos mdulos
termoeltricos pontual. Assim, ainda segundo Egli (1961), para uma proposta de
uma aplicao, importante propor um modelo matemtico de modo que se possa ter
uma avaliao prvia do desempenho de um TEG a partir das caractersticas do
material que o formam.
Em Javan (2000), so avaliados termopares metlicos e termopares
semicondutores sobre o efeito dos fenmenos de Seebeck, Peltier e Thomson. Aps
a avaliao de alguns geradores termoeltricos diferentes tipos de material, o autor
do estudo realizado conclui que utilizar semicondutores de Germnio (Ge), por
apresentar alto valor da figura de mrito ZT, entende que essa mostrou ser a melhor
opo na produo de TEGs.
De acordo com Chen (2000), imprescindvel que seja feito um estudo sobre
a eficincia dos TEGs comerciais, de modo que sejam avaliados dois parmetros: a
figura de mrito e a eficincia . Para tanto, as expresses gerais para clculo
desses dois importantes parmetros so apresentadas e aplicadas.
Em Chaves (2000) so propostos trs modelos SPICE para representar o
funcionamento de um gerador termoeltrico. Aps a modelagem feita uma
simulao da influncia dos efeitos termoeltricos na variao da tenso.
Segundo Singh e Bhandari (2004), o material que um gerador termoeltrico
produzido oferece melhor eficincia quando produzido com material semicondutor de
telureto de bismuto (23). O trabalho prope avaliar o desempenho de um gerador
termoeltrico produzido semicondutores de telureto de bismuto e faz a comparao
de sua eficincia com alguns geradores termoeltricos formados por outros tipos de
materiais.
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REVISO DE LITERATURA
20
Paradiso e Starner (2005) afirmam que o crescimento em pesquisas na rea
de geradores termoeltricos crescente e sugerem que tcnicas de colheita de
energia, tais como as baseadas em converso termoeltrica, tm se tornado atrativas
na medida em que podem possibilitar a alguns dispositivos mveis a possibilidade de
tornarem-se autossustentveis. No trabalho, feita uma anlise na eficincia da
colheita por converso termoeltrica e na eficincia da tcnica de colheita por
vibrao, de modo que as duas tcnicas possam ser comparadas.
No trabalho de Tritt e Subramanian (2006) so feitas avaliaes em parmetros
de um TEG, tais como eficincia na converso, desempenho, eficincia do efeito
Seebeck e a eficincia do efeito Peltier. Na pesquisa feita ainda uma anlise
comparativa de alguns materiais utilizados em geradores termoeltricos de estado
slido. O trabalho ainda escralece o processo do fluxo de eltrons no interior dos
semicondutores.
Em Laird e Lu (2006) feita uma modelagem SPICE para a converso
termoeltrica em um TEG. No modelo so apresentados os efeitos Peltier, Seebeck,
Joule, Thomson e o efeito de fluxo de calor. A modelagem feita a partir do estudo
em circuitos eltricos que podem representar os efeitos em um TEG. No estudo,
citado ainda que o efeito Thomson possui uma influncia nfima na converso
termoeltrica, e portanto, costuma ser negligenciado nos estudos que tratam de
converso termoeltrica. Para tal concluso, a modelagem avaliou os efeitos a partir
de duas equaes analticas: uma das equaes considera o efeito Thomson e a outra
equao desconsidera o efeito Thomson.
Em Glatz (2006) apresentado uma metodologia que otimize a produo de
um TEG no modo como desenvolvido e melhorar os parmetros da interface do
TEG. A otimizao no material do TEG apresenta um processo de fabricao mais
barato e possibilita a fabricao de TEGs de polmero.
Lossec (2006) sugere que, para geradores termoeltricos utilizados em contato
com o corpo humano, interessante a busca por materiais com maior eficincia na
converso termoeltrica. Para tanto, feito um estudo simulado em parmetros de
alguns materiais no que diz respeito a eficincia e desempenho do TEG quando h
mudanas de temperatura do corpo.
Para Lineykin e Yaakov (2007), analisar a topologia do circuito proposto para
um resfriador termoeltrico (TEC) importante. A contribuio do trabalho propor, a
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REVISO DE LITERATURA
21
partir de estudos no circuito dado para um TEC, que um mtodo analtico possa ser
desenvolvido, e portanto, possa ser capaz de extrair parmetros especificados pelos
fabricantes nos datasheets dos TECs comerciais.
Para Gonalves (2008), importante propor um novo tipo de gerador
termoeltrico feito com materiais semicondutores tipo de 23 (telureto de
bismuto) e semicondutores tipo de 23 (telureto de antimnio). Para garantir
melhor desempenho aos materiais, o trabalho tambm avalia o desempenho e a
eficincia do gerador termoeltrico produzido pelos materiais propostos.
Segundo Apostol (2008), importante que as equaes fundamentais da
termoeletricidade sejam revistas e, portanto, estudadas de modo mais aprofundado.
Nos estudos, citado que embora haja grande importncia na reviso de todas as
equaes envolvidas no processo termoeltrico, estudar as equaes que calculam a
figura de mrito e a eficincia em um gerador termoeltrico mais importante. Esse
foco dado na medida em que a importncia desses parmetros na relao de
eficincia na converso dos geradores termoeltricos pontual.
Em Ismail e Ahmed (2009) apresentado um conhecimento bsico do que vem
a ser um gerador termoeltrico. Assim, so apresentadas as frmulas utilizadas para
o clculo do desempenho de um TEG, conceitos sobre o efeito Seebeck e frmulas
para o clculo da eficincia. No trabalho so apresentados estudos de desempenho
em vrios tipos de materiais.
Pryia (2009) trata dos conceitos sobre energy harvesting, alm de suas
tecnologias. H uma seo dedicada aos geradores termoeltricos com conceitos e
frmulas sobre , eficincia, entre outras. No livro, vrios estudos da utilizao de
dispositivos termoeltricos a semicondutores de telureto de bismuto como proposta
de aplicao para as tecnologias de redes de sensores sem fio que utilizam ns
sensores, citada como bastante promissora.
Para que um n sensor seja totalmente autnomo e autossustentvel em um
Rede de Sensor Sem Fio (RSSF), o consumo de energia do dispositivo deve ser
totalmente colhido do ambiente. Para tanto, a colheita de energia trmica vem sendo
estudada e os geradores termoeltricos estudados de modo a garantir que a eficincia
na converso de energia trmica em energia eltrica por meio do efeito Seebeck seja
maior possvel. Entretanto, a eficincia tpica em geradores termoeltricos a
semicondutor baixa, de modo que em uma diferena de temperatura que varie em
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REVISO DE LITERATURA
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at 40C, a eficincia apresentada pouco menos de 1%. Uma diferena de
temperatura de 40C pouco provvel em ambientes normais, o que torna a tcnica
de converso termoeltrica uma tecnologia pouco atrativa na medida em que h
dispositivos que necessitam de mais potncia do que pode ser fornecida. Assim, a
colheita termoeltrica estudada em aplicaes prticas para as RSSFs, por fornecer
baixa potncia, com poucos ou centenas de (TAN; PANDA, 2010).
Na medida a converso termoeltrica de um TEG depende diretamente da
variao de temperatura, ou seja, quanto maior o gradiente de temperatura, maior a
potncia fornecida, para Dalola (2009) importante observar os TEGs quando
submetidos ciclos trmicos elevados, o que pode comprometer e degradar de
maneira precoce a estrutura no material em que o TEG feito. Nos estudos
apresentados no artigo, os TEGs so expostos variaes elevadas de temperatura
e algumas fotos da estrutura interna dos material na degradao material so
apresentadas, antes e aps o TEG ser submetido aos ciclos.
Em Radamass e Chandrakasan (2011) feita a avaliao no desempenho de
um TEG comercial. O TEG estudado submetido a diferena de temperatura, que
varia com a temperatura do ambiente e a temperatura corporal. As diferenas de
temperatura produzidas so utilizadas na converso termoeltrica e a potncia
produzida fornecida para o funcionamento de relgio de pulso.
2.2 ESTADO DA ARTE
Em Bobean e Pavel (2013), uma plataforma experimental montada para que
algumas caractersticas em alguns parmetros de um gerador termoeltrico possam
ser estudados e avaliados. A ideia principal foi utilizar a plataforma para propsitos
educacionais. No trabalho foi obtido e apresentado, a partir da plataforma, um teste
experimental em um TEG comercial modelo TG 100. As caractersticas analisadas
foram de tenso e da potncia fornecidas para o circuito.
No trabalho de Jo (2013) apresentado um novo material para fabricao de
um TEG, que pode garantir melhor converso termoeltrica quando o TEG
submetido temperatura corporal. O material utilizado como substrato e que garante,
alm de melhor eficincia na converso termoeltrica, maior flexibilidade para o TEG
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REVISO DE LITERATURA
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o polidimetiloxano. Aps a fabricao do TEG, feita uma avaliao em seus
parmetros. O TEG foi submetido a uma diferena de temperatura de 19 K, que gerou
potncia de aproximadamente 2,1 na converso termoeltrica.
Em Jeyashree (2013), apresentado um novo modelo de TEG, conhecido por
microTEG. So feitas algumas simulaes, alm de estudos prticos no que se refere
ao desempenho do TEG. Para tanto, o TEG submetido radiao solar direta, de
modo a provocar as variaes de temperatura. Assim, a diferena de temperatura
obtida a partir da temperatura da superfcie em um dos lados e no outro lado est a
temperatura submetida pela radiao solar.
Para Assion (2013), importante que haja uma ferramenta capaz de
desenvolver um TEG rapidamente e sem gastos a partir dos materiais e das condies
de limites dos materiais, ou ainda, que a ferramenta seja capaz de propor uma melhora
a uma estrutura j existente. Assim, o trabalho faz um estudo do mtodo de volumes
finitos a partir do clculo analtico em um TEG e compara seus resultados aos medidos
na prtica.
Segundo Park (2012), importante verificar a preciso em avaliaes de
parmetros dos TEGs. Nos estudos, foram comparados dois mtodos que permitem
avaliar a figura de mrito em um gerador termoeltrico aps ser submetido ciclos
trmicos: o mtodo de Harmann e o mtodo dependente de frequncia. Para tanto, o
TEG estudado foi submetido temperaturas pouco comuns ao meio ambiente, de at
200 e a partir dos testes, pode-se concluir quando os dois mtodos so comparados
que h um erro entre estes de aproximadamente 2% o que aceitvel entre os
fabricantes, segundo o autor. Assim, para qualquer um dos dois mtodos aplicados, a
avaliao sobre ciclos trmicos satisfatria e garantem a avaliao adequada de um
TEG.
Em Feinaeugle (2013), proposta uma metodologia para que os elementos
semicondutores de telureto sejam depositados nos substratos. A metodologia consiste
na utilizao de induo a laser para fixao dos semicondutores.
Niotaki (2013) prope a coleta de calor a partir da dissipao de calor gerada
por um circuito amplificador que funciona a 1 Watt de potncia. Para tanto, o TEG
colocado sobre o circuito integrado amplificador, que fornecer ao TEG o calor
dissipado.
-
REVISO DE LITERATURA
24
Do que foi exposto, o estudo em geradores termoeltricos tem por foco na
maioria dos trabalhos estudados um tema que aponta para o melhoramento dos
materiais utilizados na produo de TEGs. Outro ponto bastante recorrente nas
pesquisas o estudo no desempenho de TEGs, para que possam ser sugeridas
aplicaes especficas. Entretanto, h pouca abordagem sobre a avaliao dos efeitos
das variaes de temperatura (ciclos trmicos) sobre o material dos TEGs,
especialmente da influncia dessas variaes, logo que os TEGs so submetidos
converso termoeltrica. importante que sejam verificadas as possveis
degradaes em parmetros, tais como a resistncia interna do TEG, alm da
avaliao na energia fornecida pelo TEG aps ser submetido a variaes de
temperatura contnuas, sobretudo para garantir confiabilidade quando um dispositivo
TEG for indicado possvel aplicao. Assim, fundamentado em um estudo
apresentado por Park (2012) que avalia alguns efeitos de ciclos trmicos aplicados
aos TEGs, este trabalho dissertativo avalia os parmetros de um TEG comercial
quando submetido ciclos trmicos, observando a necessidade de buscar variaes
de temperatura que podem ser impostas pelo ambiente natural. Ao final da pesquisa,
apresentada uma tabela comparativa dos parmetros avaliados antes dos ciclos
trmicos e aps a imposio dos ciclos trmicos.
-
3 FUNDAMENTAO TERICA
-
FUNDAMENTAO TERICA
26
3 FUNDAMENTAO TERICA
Para a converso termoeltrica, os geradores termoeltricos dependem de
propriedades que so intrnsecas dos materiais (HATZIKRANIOTIS et al., 2010). Para
tanto, os efeitos termoeltricos em um material condutor geram um fluxo de portadores
eltricos em funo da variao de temperatura e, para que haja melhor compreenso
da influncia dos materiais que formam os mdulos geradores termoeltricos
necessria uma breve fundamentao no que diz respeito a alguns parmetros e
efeitos envolvidos no processo de converso termoeltrica.
3.1 ENERGIA INTERNA
A energia interna pode ser definida como sendo a relao entre as atraes
intermoleculares, movimentos de rotao, translao e vibrao das molculas.
Assim, para um sistema, a variao de energia dada pela diferena entre o calor
trocado pelo sistema com o meio e o trabalho realizado pelo/sobre o sistema ( =
) como mostra a Figura 2 (HALLIDAY; RESNICK, 2009). Em outras palavras, a
primeira Lei da Termodinmica (ou princpio da conservao de energia) pode
representar essa relao de modo que: a soma da energia mecnica com a
quantidade de calor trocado pelo sistema, seja este um sistema isolado, constante.
De outro modo, a energia total inicial do sistema igual a energia total final desse
mesmo sistema (HALLIDAY; RESNICK, 2009).
Uma vez que em sua estrutura o TEG no apresenta partes mecnicas, pode-
se verificar que os geradores termoeltricos no sofrem ou executam trabalho, pois o
trabalho est associado variao considervel de volume em um sistema (ou energia
mecnica). Isso significa dizer que, por no possuir partes mveis ou no depender
de variaes mecnicas na estrutura do sistema, para que ocorra o efeito de
converso termoeltrica, tem-se que a variao de energia total do sistema em um
gerador termoeltrico igual quantidade de calor trocado com o meio ambiente
( = ) (HALLIDAY; RESNICK, 2009). Para representar a variao de um sistema
a partir da variao de temperatura, so apresentados na Figura 2 a expanso e o
resfriamento de dois sistemas trmicos.
-
FUNDAMENTAO TERICA
27
FIGURA 2 - EM (A) H EXPANSO NO VOLUME INTERNO DO SISTEMA, DEVIDO A TROCA DE CALOR TRABALHO REALIZADO PELO SISTEMA. NO SISTEMA (B) NO H AGITAO MOLECULAR, PORM H MUDANA NO VOLUME SOBRE O SISTEMA.
3.2 RESISTIVIDADE TRMICA
Para uma escolha acertada do material no que diz respeito a boa ou m
transferncia trmica, pode-se utilizar o conceito de resistividade trmica ().
Portanto, se um material transfere facilmente energia trmica por conduo, este
material um bom condutor de calor e deve possuir um alto valor de (HALLIDAY;
RESNICK, 2009) (BARAKO et al., 2012).
A resistividade trmica uma caracterstica intrnseca em um material e para
um TEG uma tcnica que pode ser empregada para o seu clculo o mtodo Harman
que ser apresentado na ltima Seo deste trabalho. Para tanto, uma vez que
medidos os parmetros necessrios, calcula-se a resistividade trmica a partir
equao dada (BARAKO, 2012; YATIM, 2012)
=
(1)
em que o coeficiente de Seebeck, a corrente percorrida pelo mdulo
termoeltrico, a temperatura ambiente em Kelvin, a variao de temperatura
(A) (B)
-
FUNDAMENTAO TERICA
28
entre as faces, a altura de um semicondutor e a rea de seco transversal
em um semicondutor.
3.3 RESISTIVIDADE ELTRICA
Assim como a resistividade trmica, a resistividade eltrica de um material
caracterstica intrnseca do material. A resistividade eltrica define o quanto pode ser
permissvel a passagem de corrente eltrica no material, ou seja, se bom ou mau
condutor eltrico (HAYT; BUCK, 2003; HALLIDAY; RESNICK, 2009). Pode-se definir
a resistividade eltrica como sendo o inverso da condutividade eltrica
=1
(2)
em que a condutividade eltrica dada em (. m)1 e a resistividade eltrica do
material em (. m).
Para o clculo de resitividade eltrica em um gerador termoeltrico utiliza-se
a relao matemtica dada pela 2 Lei de Ohm, que relaciona a resistncia eltrica
interna () e as medidas de comprimento e de rea da seco transversal do
gerador termoeltrico (HALLIDAY; RESNICK, 2009; YATIM, 2012). Assim, tem-se a
equao
=
(3)
3.4 EFEITO SEEBECK
No efeito Seebeck, se dois materiais metlicos conectados por junes, de
modo que estas junes mantidas temperaturas diferentes e , como mostrado
na Figura 3, em que > , os metais so capazes de produzir uma tenso (GOULD
et al., 2008; DZIURDIA, 2011). Assim, para que ocorra o efeito Seebeck entre dois
tipos de metais conectados, as junes devem estar a uma diferena de temperatura
() (BOBEAN; PAVEL, 2013). Para o clculo da tenso de Seebeck () dada uma
-
FUNDAMENTAO TERICA
29
relao na equao (4), em que o gradiente de temperatura entre as junes
localizadas nos lados opostos do material (DZIURDIA, 2011).
= ( ) ( 4)
em que o coeficiente de Seebeck.
FIGURA 3 - EFEITO SEEBECK: TERMOPAR DE COBRE E METAL
Segundo Ahiska e Mamur (2013), o coeficiente de Seebeck para geradores
termoeltricos produzidos com metais na ordem de 1 microvolt por grau Celsius
(/), enquanto que para materiais semicondutores o coeficiente de Seebeck
tipicamente da ordem de cem microvolts por grau Celsius (100/). Para se obter
uma tenso de Seebeck, a perda do condutor deve ser no mnimo, a fim de que possa
ser gerada a maior eficincia termoeltrica em um TEG (RAMADASS;
CHANDRAKASAN, 2011).
3.5 EFEITO PELTIER
O efeito Peltier ocorre de maneira contrria ao efeito Seebeck, o que significa
dizer que, uma vez que seja aplicada uma corrente, as junes entre os termopares
metlicos devero, em uma juno dissipar calor e na outra juno absorver calor.
Essa energia dissipada ou absorvida proporcional a corrente eltrica (Figura 4). O
efeito Peltier pode ser quantificado pelo coeficiente de Peltier (), que se relaciona
com o coeficiente de Seebeck, de acordo com a seguinte equao (BOBEAN; PAVEL,
2013)
-
FUNDAMENTAO TERICA
30
= . (5)
O efeito de Peltier se inverte na medida em que o sentido da corrente invertida
tambm (LINEYKEIN; YAAKOV, 2007; DZIURDZIA, 2011). A quantidade de calor
absorvida/dissipada proporcional a corrente eltrica aplicada e a temperatura
absoluta . Assim, o calor associado ao efeito Peltier pode ser calculada pela equao
= . = . . (6)
em que a corrente eltrica que flui nos materiais, o coeficiente de Peltier, e que
pode ser expresso em termos de coeficiente de Seebeck () (DZIURDZIA, 2011).
FIGURA 4 - EFEITO PELTIER: TERMOPAR DE COBRE E METAL
3.6 CONDUO TRMICA
A conduo trmica ocorre quando h transferncia de calor de um ponto a
outro em um dado material (Figura 5). Para que essa transferncia de calor possa
ocorrer, um material deve ser submetido a uma diferena de temperatura, o que faz
surgir um fluxo de calor entre dois pontos do material. Este fluxo de calor segue a
segunda lei da termodinmica, e portanto, flui do ponto em que h maior temperatura
em direo ao ponto de menor temperatura (LINEYKIN; YAAKOV, 2007; HALLIDAY;
RESNICK, 2009). Nos semicondutores, os efeitos termoeltricos surgem por causa da
quantidade de portadores de cargas livres, que carregam a carga eltrica,
aumentando durante o processo de converso termoeltrica, a quantidade de cargas
-
FUNDAMENTAO TERICA
31
e de lacunas nos semicondutores que, por difuso, buscam equilbrio
(SUBRAMANIAN; 2006).
Uma grande dificuldade em descrever o processo de conduo trmica
encontrar uma diferena de temperatura ideal a que deve ser submetido o material
semicondutor, e mais ainda, encontrar a melhor relao entre a resistividade trmica
() sobre a dependncia da variao de temperatura (DZIURDZIA, 2011).
FIGURA 5 - CONDUO TRMICA EM UM MATERIAL
A conduo trmica ()entre dois pontos separados pode ser determinada
pela Lei de Fourier (calor de Fourier QF) , desde que as temperaturas dos dois pontos
no variem, ou seja, mantenham-se em estado estacionrio (PRYIA e INMAN, 2009)
(LAIRD; LU, 2008)
=1
(7)
em que a espessura do material em questo em metros (), a rea da seco
transversal do material em metros quadrados (2), a diferena de temperatura
entre as faces em Kelvin () e a resistividade trmica do material dada em metro
Kelvin por watt (. ).
-
FUNDAMENTAO TERICA
32
3.7 GERADOR TERMOELTRICO
O efeito de um gerador termoeltrico foi observado pela primeira vez por J.
Seebeck em 1821 em um termopar metlico, formado por dois tipos de metais
diferentes conectados entre si por meio de junes (Figura 7) (JAVAN, 2000;
RAMADASS; CHANDRAKASAN, 2011). Segundo Javan (2000) os materiais
semicondutores tambm podem exibir os efeitos termoeltricos, e alm do mais,
apresentam algumas vantagens sobre os metais, tais como reduo do efeito Joule,
alm de possurem maior sensibilidade ao calor.
FIGURA 6 - TERMOPAR METLICO
O gerador termoeltrico (TEG) um dispositivo formado por semicondutores
de estado slido capazes de converter energia trmica diretamente em energia
eltrica quando submetidos a uma diferena de temperatura (ISMAIL; AHMED, 2009).
O TEG formado por termopares semicondutores do tipo e do tipo que
esto conectados em srie eletricamente e em paralelo termicamente e esto
dispostos entre dois substratos de cermica, que so bons condutores de calor e
oferecem alta resistncia eltrica (Figura 8) (LAIRD; LU, 2006; ISMAIL; AHMED, 2009;
DZIURDZIA, 2011).
Segundo Ismail e Ahmed (2009) e Dziurdzia (2009) h algumas vantagens que
podem ser citadas sobre os mdulos geradores termoeltricos:
-
FUNDAMENTAO TERICA
33
i) So confiveis e silenciosos por no possurem partes mveis;
ii) Requerem pouca manuteno;
iii) Tm tamanhos e pesos reduzidos;
iv) So capazes de operar em altas temperaturas;
v) Possuem longo tempo de vida;
vi) So adequados a aplicaes de pequena escala ou aplicaes remotas,
tpicas aplicaes para ambientes rurais em que o fornecimento de energia
bastante limitado ou muitas vezes no tem; e
vii) So ecologicamente corretos.
Como desvantagem, Javan (2000) cita que o TEG tem uma baixa eficincia de
converso termoeltrica em relao variao de temperatura, aproximadamente 5%
para os metais e pouco mais de 23% para os alguns semicondutores.
FIGURA 7 - GERADOR TERMOELTRICO (TEG)
Na converso termoeltrica esto envolvidos quatro efeitos efeito Peltier,
efeito Joule, efeito Fourier e o efeito Seebeck que esto associados a vrios
mecanismos de transporte e esto expressos pelas equaes (8) e (9), considerando
o nmero de termopares (BITSCH, 2009; GOULDSMID, 2009).
= + . 1
22 (8)
-
FUNDAMENTAO TERICA
34
= + . +1
22 (9)
em que a condutividade trmica do material, a resistncia eltrica do material,
e e so a quantidade de calor absorvido e a quantidade de calor dissipado pelas
faces do TEG, respectivamente. A diferena entre os fluxos de calor das faces e
representam a potncia eltrica () produzida na converso termoeltrica.
Portanto, pode ser reescrita como sendo (CHVEZ, 2000; YATIM,2012)
= = ( ) . + 2 (10)
O primeiro termo da equao (10) representa os efeitos Seebeck e Peltier, o
segundo termo representa o efeito Fourier e expressa o fluxo de calor, e o terceiro
termo representa o efeito Joule (YATIM,2012; PARK, 2013).
3.8 FIGURA DE MRITO
Para que o desempenho dos materiais termoeltricos seja avaliado, foi
proposta uma figura de mrito que est em funo das propriedades do material, e
representada pela seguinte equao (LINEYKIN, 2007; BOBEAN; PAVEL, 2013):
=.2
(11)
em que a figura de mrito do material termoeltrico, o coeficiente de Seebeck,
a condutividade eltrica e a condutividade trmica do material. De acordo com
Yatim (2012, p.18), a figura de mrito importante e representa o desempenho dos
dispositivos termoeltricos semicondutores. A fim de se obter uma figura de mrito
adimensional, multiplicada pela temperatura absoluta (estabelecida em algum
valor dado), sendo a equao (11) reescrita como (PRYIA, 2009; BOBEAN; PAVEL,
2013):
=.2
(12)
-
FUNDAMENTAO TERICA
35
Uma grandeza que tambm pode ser avaliada a partir da figura de mrito, o
fator de potncia que calculado a partir da equao retirada do numerador da
figura de mrito , dada por
= . 2 (13)
O fator de potncia frequentemente utilizado para o estudo dos materiais,
mais efetivamente estuda-se a condutividade eltrica dos materiais. Por ter uma
relao direta, quanto maior a potncia efetiva, maior tambm deve ser a figura de
mrito.
Para uma mxima eficincia esperada na converso em um TEG, a relao
pode ser dada pela equao (YAN, 2011; YATIM, 2012; PARK, 2013)
= (
)
(1+)1
(1+)+(
) (14)
em que (
) a relao dada pela eficincia de Carnot ().
3.9 COLHEITA DE ENERGIA
A colheita de energia uma tcnica que coleta e armazena a energia
desperdiada pelo ambiente (tais como: vibraes, calor, fora dos ventos, radiao
solar, entre outras) e converte essa energia coletada em energia eltrica, que
armazenada para alimentar dispositivos eletrnicos de baixo consumo, geralmente
dispositivos mveis (HARB, 2011). A colheita de energia trabalha em baixa escala de
potncia (aproximadamente em ) e os dispositivos utilizados para a converso
podem apresentar pequenas dimenses, o que pode permitir mobilidade ao sistema
(TAN; PANDA, 2010; HARB, 2011).
Os sistemas de colheita de energia consistem geralmente de elementos de
coleta de energia, equipamento para converso e/ou condicionamento de potncia, e
dispositivos de armazenamento (Figura 8). Portanto, parte do processo de colheita de
energia envolve um dispositivo que dever converter a energia desperdiada em um
-
FUNDAMENTAO TERICA
36
determinado ambiente em energia eltrica, condicionar essa tenso por meio de um
circuito que dever gerenciar essa tenso coletada, armazenar em elementos como
baterias por fim, fornecer energia carga (TAN; PANDA, 2010).
Na tcnica de colheita de energia, vrios so os mtodos de converso:
vibrao, eletromagntica (RF), gradiente de presso, solar, biolgica, trmica, dentre
outras (HARB, 2011). Neste trabalho dissertativo, a tcnica de energy harvesting
estudada a converso de energia trmica em energia eltrica, ou simplesmente
converso termoeltrica.
FIGURA 8 - DIAGRAMA DE BLOCOS GENERALIZADO PARA COLHEITA DE ENERGIA
3.10 TERMOELETRICIDADE
A colheita termoeltrica uma tcnica de colheita de energia que converte
energia trmica em energia eltrica por meio de dispositivos de estado slido. No
entanto, a capacidade de converso para esses dispositivos limita-se a poucos watts
de potncia por mdulo e muitas opes podem ser utilizadas como fonte de calor,
como a chama de uma vela ou o calor dissipado por um circuito, por exemplo
(JEYASHREE et al., 2013).
Por trs dcadas consecutivas os efeitos bsicos da termoeletricidade foram
explorados e entendidos macroscopicamente e sua aplicabilidade, que era baseada
na termometria, foram reconhecidas (FARMER, 2007). Entretanto, a possibilidade de
-
FUNDAMENTAO TERICA
37
uso do fenmeno termoeltrico na gerao de eletricidade s foi considerada em 1885
por Rayleigh, que primeiro sugeriu o clculo, embora incorretamente, para eficincia
de um gerador termoeltrico. Apenas em 1909 e 1911 Altenkirch forneceu uma teoria
satisfatria para a gerao de energia e a refrigerao trmica, e mostrou que os bons
materiais termoeltricos deveriam possuir grandes coeficientes de Seebeck com uma
baixa condutividade trmica () para reter o calor na juno e, uma alta condutividade
eltrica para minimizar ao mximo o efeito Joule (GONCALVES et al., 2008).
Segundo Farmer (2007), na dcada de 30 e nas dcadas seguintes, um estudo
microscpio da termoeletricidade levou ao desenvolvimento de mais materiais
sofisticados, muitos deles ainda em uso. Embora a eficincia desses materiais tenha
avanado constantemente, as pesquisas na rea tiveram queda na dcada de 70.
Apenas na dcada de 90, uma combinao de fatores como a preocupao com o
meio ambiente e o interesse em resfriamento de equipamentos eletrnicos que
conduziram a um novo interesse em tecnologias alternativas para resfriamento. O
resfriamento termoeltrico j era uma tecnologia estabelecida e, portanto, um novo
mbito de pesquisas e avanos teve maior foco, que era produzir um gerador
termoeltrico de energia menor, com maior eficincia e maior produo de energia.
Aps 12 anos, um efeito complementar foi descoberto por Peltier, que observou
mudanas de temperatura nas vizinhanas das junes entre os diferentes tipos de
metais, na medida em que havia passagem de corrente (GONCALVES et al., 2008;
PRYIA; INMAN, 2009). Embora Peltier utilizasse o efeito Seebeck em seus
experimentos como fontes de correntes baixas, ele falhou em verificar a natureza
fundamental de suas observaes, ou de como relatar o efeito com as concluses de
Seebeck, e a verdadeira natureza do efeito Peltier s foi explicado por Lenz em 1938,
que conclui que, dependendo da direo em que flui a corrente, o calor pode ser
absorvido ou dissipado em uma juno entre dois metais diferentes. Lenz demonstrou
esse funcionamento congelando a gua em uma bismuto-juno e derreteu o gelo
invertendo o sentido da corrente (GONCALVES et al., 2008).
O funcionamento geral de um gerador de energia termoeltrico , segundo
Lineykin e Yaakov (2007) e Dziurdzia (2011), governado por trs fenmenos
principais: Seebeck, Peltier e a conduo trmica dos materiais. Alguns dos materiais
promovem a converso termoeltrica, porm alguns materiais limitam o desempenho
do gerador termoeltrico.
-
4 PLATAFORMA EXPERIMENTAL
-
PLATAFORMA EXPERIMENTAL
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4 PLATAFORMA EXPERIMENTAL
Para avaliao experimental, uma plataforma foi desenvolvida, de modo a
atuar no processo de controle da diferena de temperatura que sero aplicadas sobre
o TEG submetido ao teste (TEG-under-test). Para tanto, tem-se como suporte uma
interface de aquisio de dados da National Instruments para medio e controle das
temperaturas nas faces, alm de efetuar a medio de tenso produzida pelo TEG-
under-test.
A plataforma proposta ir atuar em trs mdulos termoeltricos comerciais
modelo TEC1-1278 de 23. Dois mdulos definidos como Thermoelectric Coolers
(TECs) sero as fontes de calor e iro fornecer as temperaturas nas faces do mdulo
central, o TEG-under-test (Figura 9). A especificaes dos mdulos so mostradas na
Tabela 1.
TABELA 1 - ESPECIFICAES DO TEG
Quantidade de termopares
semicondutores
127
Medidas 40mm x 40mm x 3,5mm
Temperatura Mxima 235
Corrente Mx como Peltier 8 A
Resistncia Nominal Interna 1
Medidas dos termopares
Seco Transversal (A) 1,44 mm2
Comprimento (L) 3,3 mm
Como mostrado na Figura 9, para as medies de temperatura, foram utilizados
termopares (TPs) do tipo K dispostos entre cada face do TEG-under-test, sendo estas
denominadas UP e DOWN, para as faces superior e inferior, respectivamente. Os
termopares foram escolhidos dada a sensibilidade variao de temperatura. De
qualquer modo, para suavizar a variao nas mudanas de temperatura, reservatrios
de calor de cobre foram colocados nas faces do TEG-under-test. Esse procedimento
permite uma variao de temperatura mais eficiente nas faces, permitindo um melhor
-
PLATAFORMA EXPERIMENTAL
40
controle. Assim, a partir das medies o programa desenvolvido ser capaz de
controlar as temperaturas e a variao do ciclo trmico definido.
FIGURA 9 - REPRESENTAO DA PLATAFORMA EXPERIMENTAL
Para controlar a temperatura, foi implementado um algoritmo em LabView,
baseado em controle PI, que atua por meio da interface de aquisio de dados PCIe-
6321, case SCB68A da National Instruments. O controle mede os valores de
temperatura nas faces do TEG-under-test, e o sistema controla o valor de setpoint
definido. Para tanto, h um driver de corrente conectado ao sistema que controla as
correntes nos TECs e, portanto, tem-se como varivel de controle do sistema a
temperatura. Para o clculo dos parmetros do controlador foi feita a medio da
temperatura quando aplicada a mxima corrente, de modo que seja verificada a
resposta do sistema em temperatura (C) ao degrau de corrente. A partir dos dados
da resposta do sistema, que apresentada pela Figura 9, pde-se aplicar o mtodo
emprico de Ziegler-Nichols.
-
PLATAFORMA EXPERIMENTAL
41
FIGURA 10 - RESPOSTA DO SISTEMA A UM DEGRAU
A partir da resposta do sistema ao degrau da corrente so traadas as retas
para aplicao do mtodo de Ziegler-Nichols, como pode ser visto na Figura 10. Em
seguida, com o auxlio do comando ginput do matlab, so encontrados os valores de
atraso de transporte e da constante de tempo, L=27,4102 e T=329,8677L, dadas em
segundos. A partir dos parmetros L e T so encontrados os parmetros do
controlador, em que P 10 e I 91,37.
FIGURA 11 - MTODO ZIEGLER-NICHOLS PONTOS DE INSERO
-
PLATAFORMA EXPERIMENTAL
42
O erro no controle foi calculado em dois momentos dos ciclos: (a) quando o
positivo o erro foi de 0,22%, o que satisfaz as condies requisitadas para o controle,
com baixa oscilao em relao ao setpoint, mantendo a temperatura mdia desejada
do controle; (b) quando o negativo o erro calculado foi de 0,97%, maior que o
controle positivo, porm satisfez s condies necessrias de controle para a
pesquisa.
4.1 INSTRUMENTAO VIRTUAL
Um recurso que d suporte na criao de sistemas de testes, medies e
automatizao a utilizao da instrumentao virtual. A instrumentao virtual
utilizada na combinao de diferentes componentes de hardware e software. Portanto,
em caso de mudana no sistema, possvel que sejam feitas modificaes sem que
haja a necessidade de adquirir equipamentos adicionais.
Para este trabalho, a instrumentao virtual foi empregada no desenvolvimento
do sistema de medio e controle dos ciclos trmicos, com exibio de grficos e
dados relevantes ao processo. Na Figura 12 apresentada a interface homem-
mquina (IHM) desenvolvida para este trabalho utilizando o software LabView.
Na IHM so definidos parmetros como a durao de cada ciclo trmico, o
tempo em que o programa deve funcionar (em horas) e o setpoint da diferena de
temperatura a que sero submetidas as faces do TEG-under-test. Alm da definio
de parmetros do controle a IHM apresenta grficos com os valores medidos, em
tempo real, no momento em que h atuao do ciclo trmico. Assim, so medidas as
temperaturas das faces do TEG-under-test e da tenso que est sendo gerada pelo
TEG-under-test a partir do efeito Seebeck. A medio da tenso pode fornecer ao
usurio um acompanhamento efetivo de uma possvel degradao na gerao de
tenso, que produzido pelo efeito termoeltrico no TEG-under-test, alm de verificar
a resposta do sistema, se est funcionando de acordo com o que esperado. Para
tanto, a Interface Homem-Mquina apresenta dois indicadores de temperatura e dois
blocos com grficos UP e DOWN. Os blocos com os grficos mostram valores de
temperatura para as faces do TEG-under-test. H ainda um bloco que apresenta dois
grficos para T: (i) em que so apresentados os valores requeridos pelo usurio
valores de setpoint para a diferena de temperatura entre as faces do TED-under-
-
PLATAFORMA EXPERIMENTAL
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test; e (ii) em que so apresentados os valores de temperatura medidos efetivamente
entre as faces do TEG-under-test.
FIGURA 12 - PROGRAMA EM LABVIEW IHM
4.2 SISTEMA TRMICO
Para a atuao efetiva do IHM desenvolvido em instrumentao virtual
necessria a estrutura do sistema trmico, que apresentado na Figura 13. Nessa
estrutura que esto dispostos os TECs e o TEG-under-test.
A estrutura do sistema de ao e possui em suas extremidades, dissipadores
e coolers, que auxiliam na dissipao de excesso de calor que produzido durante o
processo de ciclos trmicos. Assim, o uso dos dissipadores e dos coolers deve
favorecer limites mximos de calor a que o sistema pode alcanar, uma vez que o
calor produzido fora do que se deseja nas faces do TEG-under-test deve ser
eliminado. No momento em que eliminado todo o calor excedente, a temperatura
desejada dependente apenas do nvel de corrente a que o TEC submetido pelo
controle.
-
PLATAFORMA EXPERIMENTAL
44
FIGURA 13 - SISTEMA TRMICO
Na estrutura esto dispostos ao centro o TEG-under-test, que ser submetido
ao processo de ciclos trmicos. Conectados as faces do TEG-under-test esto
dispostos os reservatrios de calor de cobre e, entre eles foi disposta uma fina camada
de pasta trmica, que auxilia na conduo de calor.
Dispostos entre os reservatrios de calor e os coolers esto os TECs que sero
controlados pelo programa implementado no LabView. Para tanto, foram construdos
dois circuitos drivers de corrente para controlar a intensidade de corrente a que os
TECs sero submetido. Para os TECs aplicado portanto, o efeito Peltier, que gera
diferena de temperatura entre as faces de acordo com a intensidade de corrente.
Para a medio da temperatura, foram colocados dois termopares (TPs) do tipo
K em cada uma das faces do TEG-under-test.
Toda a estrutura da plataforma experimental apresentada pela Figura 14, em
que h a exposio da bancada de testes.
TEG-under-test TECs
TPs
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PLATAFORMA EXPERIMENTAL
45
FIGURA 14 - BANCADA DE TESTES
Na bancada onde foram feitas as medies e controle dos ciclos trmicos foram
utilizadas duas fontes como fontes de corrente para os TECs e uma fonte para
alimentar os coolers. apresentada a Interface Homem-mquina programada no
LabView o driver de corrente para controle e o case SCB-68A com as conexes
necessrias para controle e medio.
4.3 CICLOS TRMICOS
Os ciclos trmicos aplicados ao TEG tm durao de 15 minutos (900
segundos), em que a diferena de temperatura positiva na metade do ciclo e
negativa na outra metade do ciclo trmico. Isso significa dizer que, so definidos
valores de setpoint para as duas faces e na metade do ciclo esses valores so
invertidos. Essa mudana de temperatura nas faces feita para tentar causar ao TEG-
under-test choques trmicos de modo que o processo de degradao acelere. O ciclo
trmico aplicado pode ser visto nos grficos da Figura 15.
Sistema
Trmico
DAQ
IHM LabView
Fontes Fonte
Driver
-
PLATAFORMA EXPERIMENTAL
46
-40
-20
0
20
40
0 2000 4000 6000 8000 10000
Tem
per
atu
ra T
()
Tempo (s)
Ciclo Trmico
medido setpoint
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0 2000 4000 6000 8000 10000Ten
so
(V
)
Tempo (s)
Ciclo Trmico na Tenso
tenso
FIGURA 15 - CICLO TRMICO E TENSO
A diferena de temperatura escolhida para aplicao do ciclo trmico leva em
considerao possveis aplicaes do TEG em um ambiente natural, onde as
aplicaes devem ser de baixa potncia, e portanto aplicadas em tcnicas de energy
harvesting. Assim, o de setpoint foi definido em 20, em que a temperatura inicial
na face UP deve ser de 40 e a temperatura inicial na face DOWN deve ser de 20.
Aps meio ciclo trmico os setpoints so invertidos, ou seja, a face UP deve chegar a
20 e a face DOWN a 40. Nesse processo, o fluxo de calor na estrutura muda de
sentido, como est representado na Figura 16, em que h fluxo descendente, como
ilustrado pela Figura 16a e fluxo ascendente como est ilustrado na Figura 16b.
FIGURA 16 - SENTIDO DE FLUXO DE CALOR
-
PLATAFORMA EXPERIMENTAL
47
O tempo em que a temperatura leva para que o sistema se estabilize no
setpoint definido de aproximadamente 56 segundos para um positivo, e 90
segundos aproximadamente para um negativo, como mostrado no ciclo trmico
da Figura 15. A tenso medida, apresentada pela Figura 15, do TEG-under-test no
inicio do processo, ou seja, a partir do primeiro ciclo trmico de aproximadamente
430mV. A variao da tenso pode ser observada atravs do programa implementado
em tempo real de modo que seja verificada o momento de inicio na degradao do
material.
Para a medio e clculo dos parmetros como o parmetro de figura de mrito
ZT, condutividades trmica e eltrica, so apresentadas na seo seguinte.
-
5 MEDIES E CLCULOS
-
MEDIES E CLCULOS
49
5 MEDIES E CLCULOS
Para as medies e clculos dos parmetros do TEG-under-test foi utilizado o
mtodo de Harman que, avaliado dentre outros mtodos dispostos na literatura,
apresentou um erro de 2% quando comparado a outros mtodos como o mtodo
frequncia-dependente, microscpio infravermelho, dentre outros (BARAKO, 2012;
PARK, 2013). Segundo Barako (2012), em seu trabalho comparativo, o percentual
apresentado pelo mtodo Hardman tolerante. Nas sees que seguem, o mtodo
Harman apresentado e em seguida o mtodo aplicado nas medies e clculos.
5.1 MTODO HARMAN
O mtodo Harman foi proposto em 1958 por T. C. Harman (HARMAN, 1958).
A metodologia baseia-se no fato da co-existncia de duas tenses: a tenso ()
gerada pela diferena de temperatura (trmica) no mdulo e a tenso resistiva (),
pela queda de tenso na resistncia interna do mdulo, a partir de uma pequena
intensidade de corrente aplicada aos terminais do mdulo termoeltrico.
O fluxo de calor gerado pelo efeito Peltier quando as faces do mdulo
chegam ao estado de equilbrio, e assumindo que no h perdas de calor, o efeito
Peltier entra em equilbrio com o efeito de transporte de calor, conhecido por efeito
Fourier. Assim, tem-se que (BARAKO, 2012; YATIM, 2012; PARK, 2012)
=
(15)
em que e so o coeficiente de Seebeck e a condutividade trmica,
respectivamente, o comprimento da amostra, a seco transverso da
amostra, a corrente aplicada ao mdulo, a temperatura ambiente e a
diferena de temperatura gerada pelo efeito Peltier. O coeficiente de Seebeck e a
resistividade eltrica podem ser calculados a partir das equaes
=
(16)
-
MEDIES E CLCULOS
50
=
=
(17)
em que a tenso de Seebeck e a tenso em .
A condutividade trmica pode ser retirada da relao dada pela figura de
mrito em (12), e portanto tem-se a equao
=
=
2
(18)
No momento em que a corrente flui, a diferena de temperatura produzida no
mdulo termoeltrico gera uma tenso total (), que a soma das tenses de Peltier
e de Seebeck, dadas portanto pela relao
= + (19)
Assim, uma vez que forem definidas as tenses, a figura de mrito ZT pode
ser obtida a partir da equao (12). Uma vez que a figura de mrito depende dos
parmetros que so calculados em (16), (17) e (18).
Na prtica, as medies de e so feitas como est ilustrado na Figura
17. No grfico da Figura 17a representada a curva da corrente () que aplicada
ao mdulo termoeltrico por um perodo determinado, em que = . No
mesmo perodo medida a variao de tenso que est sendo gerada pelo mdulo.
Essa curva representada pela Figura 17b. A partir da curva de tenso que so
retirados of valores das tenses total (), da tenso de Seebeck () e da tenso no
resitor () (YATIM, 2012).
O perodo deve ter durao tal que s faces do mdulo alcancem um estado
trmico fixo, ou seja, a diferena de temperatura entre elas seja constante. Aps o
perodo determinado, a corrente desligada e o processo pode ser repetido logo
que o equilbrio trmico entre as faces do mdulo seja estabelecido. Isso significa dizer
que o processo s deve ser repetido quando as temperaturas das faces forem iguais.
-
MEDIES E CLCULOS
51
(a) (b)
FIGURA 17 - ILUSTRAO DO MTODO HARMAN
5.2 MEDIES
Para as medies das tenses e para fornecer uma corrente ao mdulo,
como prope o mtodo de Harman, utilizou-se um sistema de aquisio myDAQ da
National Instruments controlado por LabView tambm da National Instruments fornece
ao mdulo uma corrente DC com intensidade de 10 por um perodo = 70
segundos e ento cessa o fornecimento da corrente ( = 70), como apresentado
no grfico da Figura 18. Aps esse perodo, a corrente se mantm desligada por 60
segundos, tempo suficiente para que as temperaturas das faces entrem em equilbrio
trmico, uma vez que o tempo de resposta do equilbrio trmico est em um intervalo
menor, de 19 < < 35 .
Os ciclos de corrente so efetuados 30 vezes, a fim de garantir maior preciso
nos resultados. Os tempos dos ciclos de corrente e so utilizados a partir do
trabalho de Barako (2012) cuja diferena nas medies est na quantidade de ciclos,
que de 10 vezes.
-
MEDIES E CLCULOS
52
-0,004
-0,002
0
0,002
0,004
0,006
0,008
0,01
0,012
0 20 40 60 80 100
Ten
so
(V
)
Tempo (s)
Tenso em Harman
FIGURA 18 - CICLO DE CORRENTE
Com o sistema de aquisio myDAQ tambm foram feitas as medies das
variaes de tenso geradas pelo mdulo termoeltrico. Foram medidas tambm as
temperaturas e nas faces do mdulo utilizando termopares tipo K.
Desligar a fonte de corrente elimina a contribuio da tenso eltrica () e
deixa apenas a contribuio da tenso trmica de Seebeck () (Figura 19). No
momento em que a corrente () retirada, a corrente () a corrente fornecida pelo
TEG e, a partir desses dados, pode-se calcular a resistncia interna do TEG ()
utilizando a Lei de Ohm ( = ).
FIGURA 19 - TENSO GERADA PELO MTODO HARMAN
-
MEDIES E CLCULOS
53
5.3 MEDIES CONSIDERANDO APLICAES DE CICLOS TRMICOS
As tenses mdias geradas antes do mdulo ser submetido aos ciclos
trmicos podem ser observadas no grfico da Figura 19. Aps 30 ciclos de corrente,
os valores mdios de tenso foram = 8,348 , = 6,447 e = 1,902 .
Das medies, tem-se ainda valores mdios de = 0,22 e = 1,127. O valor
da corrente de Seebeck verificada em um multmetro, logo que a fonte de corrente
deixa de fornecer ao mdulo a corrente ().
Outros parmetros foram calculados a partir das equaes (12), (16), (17) e
(18), e a resistncia interna a partir da Lei de Ohm. Os resultados dos clculos esto
dispostos na Tabela 2.
TABELA 2 - PARMETROS CALCULADOS ANTES DOS CICLOS TRMICOS
Resistncia Interna () 1,688
Coef. De Seebeck () 0,0308 V/K
Condutividade Trmica () 2,1616 K.mm/mW
Condutividade Eltrica () 0,368 /
Figura de mrito ZT 0,08943
Aps os clculos dos parmetros, iniciou-se o processo de ciclos trmicos,
com as configuraes de = 20, com durao de 15 minutos por ciclo. H
inverso do ciclo, que ocorre a cada 7min30seg do ciclo.
A cada hora, os dados de temperatura e tenso so armazenados em um
arquivo do Microsoft excel, o que totaliza 4 ciclos trmicos por hora. Isso possibilita
manter o programa funcionando de maneira ininterrupta, alm disso, os dados esto
armazenados no caso de uma possvel falha externa como queda de energia. O
armazenamento dos arquivos foi feito em uma pasta compartilhada que pode ser
acessada a partir de outro ambiente, o que permite uma acompanhado distncia do
processo. Na Figura 20 mostrado o grfico do ciclo trmico em uma hora. So
mostradas a curva de setpoint, que a curva da diferena de temperatura controlada.
-
MEDIES E CLCULOS
54
FIGURA 20 - CICLO TRMICO EM UMA HORA
Aps aproximadamente 238 ciclos trmicos mais de 59 horas a que o TEG
foi submetido, a tenso gerada comeou a apresentar degradao. A mdia da tenso
inicial era de 430mV logo na primeira hora. Aps esses ciclos, a tenso gerada pelo
TEG foi de aproximadamente 402mV, o que representa uma reduo de 6,51% da
tenso inicial gerada.
Em seguida, o TEG foi submetido a 548 ciclos trmicos durante 137 horas
at a avaliao final de seus parmetros. Em aproximadamente 451 ciclos trmicos
112 horas ficou evidente uma reduo na tenso gerada pelo TEG-under-test,
como apresentado no grfico de tenso sobre ciclos trmicos apresentado pela
Figura 21.
FIGURA 21 - EFEITO DO CICLO TRMICO NA TENSO GERADA
-
MEDIES E CLCULOS
55
A tenso mdia aps o final de todos os ciclos trmicos, apresenta um valor
de 383mV, que representa uma reduo de 10,93% em relao a tenso inicial.
Novamente os parmetros so avaliados e no processo de avaliao, os valores de
tenso j apresentaram um decaimento. Assim, tem-se os valores medidos de tenso
= 7,969 , = 6,206 e = 1,764 .
O valor mdio em tambm variou no momento em que o TEG foi avaliado,
embora pouco, a queda foi percebida. Isso ocorre com a variao da resistncia
interna do gerador termoeltrico. No momento em que foi avaliado com a mesma
intensidade de corrente em que foi avaliado antes dos ciclos trmicos, a resistncia
interna aumentou, o que imprimiu ao efeito Peltier maior resistncia. Assim, tem-se
que o valor medido de = 0,21 e, para para a corrente de Seebeck, foi medido
= 0,9523. Os valores dos parmetros calculados esto dispostos na Tabela 3.
TABELA 3 - PARMETROS CALCULADOS APS CICLOS TRMICOS
Resistncia Interna () 1,8538
Coef. De Seebeck () 0,0296 V/K
Condutividade Trmica () 1,9745 K.mm/mW
Condutividade Eltrica () 0,4044 /
Figura de mrito ZT 0,07266
Ao comparar os valores da Tabela 2 prciclo trmico e da Tabela 3 psciclo
trmico, verificam-se mudanas em parmetros. Na resistncia interna pode-se
verificar um aumento, isso poderia ser percebido uma vez que a corrente medida
psciclos foi menor que que a corrente prciclos. Assim, a resistncia interna teve um
aumento de 9,79% quando comparada ao valor inicial.
Para o coeficiente de Seebeck, que dependente da tenso de Seebeck ()
e do produzido, verifica-se uma reduo de 3,89% em relao ao valor inicial. Na
condutividade trmica, a reduo do significa menor fluxo de calor. Isso significa
dizer que houve degradao na condutividade trmica, que representa uma queda de
8,65% do valor inicial calculado. Com a queda na gerao de tenso, a condutividade
eltrica sofreu degradao na ordem de 9,64% se comparada com o valor inicial.
-
MEDIES E CLCULOS
56
O parmetro de desempenho do TEG-under-test, ou figura de mrito ZT,
tambm sofreu uma degradao e, por depender de parmetros como condutividade
trmica e condutividade eltrica, alm do coeficiente de Seebeck, foi o parmetro com
maior degradao quando comparado ao valor inicial. Assim, a figura de mrito
apresentou degradao de 18,75% em relao ao valor inicial. Na Tabela 4 so
dispostos os valores dos parmetros de modo que possam ser verificados em
comparativo.
TABELA 4 - COMPARATIVO PR E PS CICLOS TRMICOS
PR CICLOS TRMICOS PS CICLOS TRMICOS
Resistncia Interna () 1,688 1,8538
Coef. De Seebeck () 0,0308 V/K 0,0296 V/K
Condutividade Trmica () 2,1616 K.mm/mW 1,9745 K.mm/mW
Condutividade Eltrica () 0,368 / 0,4044 /
Figura de mrito ZT 0,08943 0,07266
Para a mxima eficincia () esperada, que calculada pela equao (14),
espera-se reduo uma vez em que a mxima eficincia depende da figura de mrito.
Assim, para avaliaes iniciais dos parmetros, o percentual da eficincia para
converso termoeltrica deve ser de 8,54% e a avaliao dos parmetros aps os
ciclos trmicos, tem-se que a eficincia na converso de 1,39%. Para tanto, os
valores de temperatura utilizados foram as temperaturas medidas sobre s faces do
TEG-under-test quando avaliados pelo mtodo Harman.
-
6 CONCLUSES
-
CONCLUSES
58
6 CONCLUSES
Neste trabalho foram investigados a partir da imposio de variao de
temperatura, os parmetros do TEG que esto relacionados ao seu desempenho. O
TEG avaliado, foi um dispositivo comercial especfico. Para tanto, foi desenvolvida
uma plataforma experimental formada por uma estrutura fsica que possue em seu
interior dispositivos controlados por uma interface implementada em um computador.
A plataforma experimental tem por finalidade impor aos dispositivos
termoeltricos ciclos trmicos com variaes de temperatura em ambas as faces do
dispositivo posto prova. A partir da aplicao dos ciclos trmicos, pode-se estudar o
nvel de degradao na eficincia do dispositivo. Isso permite determinar por exemplo
qual ambiente e qual aplicao mais adequada para um determinado dispositivo, uma
vez que seja avaliado na plataforma.
Na primeira etapa foi feito um estudo de como podem ser determinados os
parmetros referentes ao desempenho do TEG. Para tanto, foi escolhido o mtodo de
medio direta de Harman, proposto em 1958, pois apresentam um percentual baixo
de erro quando comparado a outros mtodos. Assim, foram medidos os parmetros
do TEG-under-test antes que este seja submetido ao processo de degradao pelos
ciclos trmicos.
Em uma segunda etapa o TEG-under-test foi submetido a ciclos trmicos por
mais de 137 horas sobre ciclos com diferena de temperatura de 20, para que se
aproxime mais s variaes naturais a que um dispositivo de baixa potncia ser
submetido.
Aps a aplicao dos ciclos trmicos, os parmetros do TEG-under-test foram
avaliados mais uma vez, de modo que foram percebidas e constatadas degradaes
nos parmetros avaliados. Isso significa portanto, que mesmo em ambientes em que
as variaes de temperatura so baixas, submeter os TEGs a tais condies podem
ainda sim, comprometer o seu desempenho. Um comparativo resumido dos
parmetros prciclos e psciclos trmicos foi realizado.
As degradaes dos parmetros podem comprometer portanto, o desempenho
do TEG-under-test. Como sugesto de trabalhos que tomem por base este estudo,
partir das comparaes nas degradaes dos parmetros apresentados pode ajudar
a traar um tempo de vida til a este dispositivo, levando em considerao a variao
-
CONCLUSES
59
de temperatura em que o TEG deve operar. Para que este estudo seja mais
aprofundado, necessrio que o TEG-under-test seja submetido a quantidades
maiores de ciclos trmicos. Desse modo, pode ser traado um grfico de degradao.
Avaliar sobre o mesmo perfil de temperatura pode ser interessante em vrios
modelos de dispositivos TEG. Essa avaliao pode resultar em um modelo analtico
para um possvel tempo de vida em um dispositivo termoeltrico.
Enfim, para a proposta de avaliar a degradao no TEC1-12708 foi satisfatria
visto que, o objetivo era verificar temperaturas naturais uma possvel degradao
em seus parmetros. Outro ponto da proposta que funcionou de modo esperado foi a
plataforma experimental, uma vez que cumpriu o propsito de imposio de ciclos
trmicos sobre o material avaliado.
-
7 TRABALHO PUBLICADO
-
TRABALHO PUBLICADO
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