ANÁLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS...

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JÚLIO CEZAR DE CERQUEIRA VÉRAS ANÁLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS TÉRMICOS EM GERADORES TERMOELÉTRICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Elétrica - PPGEE, da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Dr. Cleonilson Protásio de Souza JOÃO PESSOA 2014

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  • JLIO CEZAR DE CERQUEIRA VRAS

    ANLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS TRMICOS EM

    GERADORES TERMOELTRICOS

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica - PPGEE, da Universidade Federal da Paraba - UFPB, como requisito para a obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Eltrica. Orientador: Prof. Dr. Cleonilson Protsio de

    Souza

    JOO PESSOA

    2014

  • JLIO CEZAR DE CERQUEIRA VRAS

    ANLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS TRMICOS EM

    GERADORES TERMOELTRICOS

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica - PPGEE, da Universidade Federal da Paraba - UFPB, como requisito para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Eltrica. Orientador: Prof. Dr. Cleonilson Protsio de

    Souza

    JOO PESSOA

    2014

  • FICHA CATALOGRFICA

    Vras, Jlio Cezar de Cerqueira Anlise Experimental dos Efeito Termoeltricos em Geradores Termoeltricos Joo Pessoa, 2014. N de pginas: 68 rea de concentrao: Engenharia Eltrica Orientador: Prof. Dr. Cleonilson Protsio de Souza. Dissertao de Mestrado Universidade Federal da Paraba (UFPB) 1.Plataforma Experimental; 2. Ciclos trmicos; 3. Gerador Termoeltrico

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA UFPB

    CENTRO DE ENERGIAS ALTERNATIVAS E RENOVVEIS CEAR

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA ELTRICA PPGEE

    A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova o Exame de Defesa

    ANLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS TRMICOS EM

    GERADORES TERMOELTRICOS

    Elaborado por

    JLIO CEZAR DE CERQUEIRA VRAS

    como requisito para obteno do grau de

    Mestre em Engenharia Eltrica

    COMISSO EXAMINADORA

    PROF. DR. CLEONILSON PROTSIO DE SOUZA (Presidente)

    PROF. DR. FRANCISCO ANTNIO BELO

    PROF. DR. JUAN MOISS MAURCIO VILLANUEVA

    PROF. DR. YURI PERCY MOLINA RODRIGUEZ

    Joo Pessoa/PB, 28 de novembro de 2014.

  • Aos meus pais amados, Dcio de Cerqueira Vras e Dinalva Cezar Vras, por

    estarem sempre ao meu lado em minhas escolhas.

    Aos meus irmo, George Cezar de Cerqueira Vras, Augusto Cezar de Cerqueira

    Vras e Valria M F. Cezar de Cerqueira Vras, pelo apoio e incentivo.

    s minhas cunhadas Natlia Sibele Vras e Marlia Souto

    Dedico

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente a Deus, que por meio de minha famlia maravilhosa e amigos

    to presentes sempre transmitiu-me conforto por meio de suas palavras.

    Ao Prof. Dr. Cleonilson Protsio de Souza, pela pacincia, dedicao e por

    todas as lies durante todo o perodo do programa.

    Aos amigos Thyago Vasconcelos e toda a famlia, Fabrcio Cabral, Andr

    Padilha, pela grande fora e palavras de sabedoria e incentivo.

    Aos meus colegas da ps, em especial, ao colega e amigo Bruno Wililan, pois

    tornaram o perodo de dedicao em algo satisfatrio.

  • Embora todos queiram viver no topo da montanha, toda a felicidade e crescimento ocorre durante a escalada.

    William Shakespeare.

  • SUMRIO

    LISTA DE ILUSTRAES .................................................................................. VII

    LISTA DE TABELAS .......................................................................................... VIII

    LISTA DE ABREVIAES E SMBOLOS ........................................................... IX

    RESUMO X

    ABSTRACT XI

    1 INTRODUO ................................................................................................ 13

    1.1 OBJETIVOS ................................................................................................. 15

    1.2 MOTIVAO ................................................................................................ 16

    2 REVISO DE LITERATURA .......................................................................... 19

    2.1 REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................... 19

    2.2 ESTADO DA ARTE ...................................................................................... 22

    3 FUNDAMENTAO TERICA ...................................................................... 26

    3.1 ENERGIA INTERNA..................................................................................... 26

    3.2 RESISTIVIDADE TRMICA ......................................................................... 27

    3.3 RESISTIVIDADE ELTRICA ........................................................................ 28

    3.4 EFEITO SEEBECK....................................................................................... 28

    3.5 EFEITO PELTIER ........................................................................................ 29

    3.6 CONDUO TRMICA ............................................................................... 30

    3.7 GERADOR TERMOELTRICO ................................................................... 32

    3.8 FIGURA DE MRITO ................................................................................... 34

    3.9 COLHEITA DE ENERGIA ............................................................................ 35

    3.10 TERMOELETRICIDADE .............................................................................. 36

    4 PLATAFORMA EXPERIMENTAL .................................................................. 39

    4.1 INSTRUMENTAO VIRTUAL .................................................................... 42

    4.2 SISTEMA TRMICO .................................................................................... 43

    4.3 CICLOS TRMICOS .................................................................................... 45

    5 MEDIES E CLCULOS ............................................................................. 49

    5.1 MTODO HARMAN ..................................................................................... 49

    5.2 MEDIES .................................................................................................. 51

    5.3 MEDIES CONSIDERANDO APLICAES DE CICLOS TRMICOS .... 53

    6 CONCLUSES ............................................................................................... 58

    7 TRABALHO PUBLICADO .............................................................................. 61

  • REFERNCIAS ..................................................................................................... 62

  • LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 1 - GERADOR TERMOELTRICO COM SEMICONDUTOR ............... 14

    FIGURA 2 - EM (A) H EXPANSO NO VOLUME INTERNO DO SISTEMA, DEVIDO A TROCA DE CALOR TRABALHO REALIZADO PELO SISTEMA. NO SISTEMA (B) NO H AGITAO MOLECULAR, PORM H MUDANA NO VOLUME SOBRE O SISTEMA. ........ 27

    FIGURA 3 - EFEITO SEEBECK: TERMOPAR DE COBRE E METAL ............... 29

    FIGURA 4 - EFEITO PELTIER: TERMOPAR DE COBRE E METAL ................. 30

    FIGURA 5 - CONDUO TRMICA EM UM MATERIAL ................................. 31

    FIGURA 6 - TERMOPAR METLICO ................................................................. 32

    FIGURA 7 - GERADOR TERMOELTRICO (TEG) ............................................ 33

    FIGURA 8 - DIAGRAMA DE BLOCOS GENERALIZADO PARA COLHEITA DE ENERGIA ......................................................................................... 36

    FIGURA 9 - REPRESENTAO DA PLATAFORMA EXPERIMENTAL ............ 40

    FIGURA 10 - RESPOSTA DO SISTEMA A UM DEGRAU .................................... 41

    FIGURA 11 - MTODO ZIEGLER-NICHOLS PONTOS DE INSERO ........... 41

    FIGURA 12 - PROGRAMA EM LABVIEW IHM.................................................. 43

    FIGURA 13 - SISTEMA TRMICO ........................................................................ 44

    FIGURA 14 - BANCADA DE TESTES ................................................................. 45

    FIGURA 15 - CICLO TRMICO T E TENSO .................................................... 46

    FIGURA 16 - SENTIDO DE FLUXO DE CALOR.................................................. 46

    FIGURA 17 - ILUSTRAO DO MTODO HARMAN .......................................... 51

    FIGURA 18 - CICLO DE CORRENTE ................................................................... 52

    FIGURA 19 - TENSO GERADA PELO MTODO HARMAN.............................. 52

    FIGURA 20 - CICLO TRMICO EM UMA HORA.................................................. 54

    FIGURA 21 - EFEITO DO CICLO TRMICO NA TENSO GERADA .................. 54

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 - ESPECIFICAES DO TEG ........................................................... 39

    TABELA 2 - PARMETROS CALCULADOS ANTES DOS CICLOS TRMICOS ...................................................................................... 53

    TABELA 3 - PARMETROS CALCULADOS APS CICLOS TRMICOS ........ 55

    TABELA 4 - COMPARATIVO PR E PS CICLOS TRMICOS ........................ 56

  • LISTA DE ABREVIAES E SMBOLOS

    Coeficiente de Seebeck [V/K]

    rea da seco transversal do Material [mm2]

    Diferena de Temperatura [K]

    TEC Thermoelectric Cooler

    TEG Thermoelectric Generator

    TEM Thermoelectric Module

    Rin Resistncia Interna []

    ZT Figura de Mrito

    Th Temperature Hot [K]

    Tc Temperature Cold [K]

    Tenso Total [V]

    Tenso de Seebeck [V]

    Corrente Fornecida Total [A]

    Resistividade Eltrica [/mm]

    Resistividade Trmica [K.mm/mW]

    Condutividade Eltrica [mm/]

    Condutividade Trmica [mW/K.mm]

    Comprimento do Material [mm]

    Coeficiente de Peltier [W/K]

    Potncia de Peltier [W]

    Potncia de Fourier [W]

    Fator de Potncia [adimensional]

    Fluxo de Calor [W]

  • RESUMO

    ANLISE EXPERIMENTAL DOS EFEITOS DE CICLOS TRMICOS EM GERADORES TERMOELTRICOS Objetivo: Os geradores termoeltricos so dispositivos de estado slido que utilizam a diferena de temperatura para a converso em energia eltrica. No entanto, submeter os geradores termoeltricos a variaes de temperatura pode comprometer o tempo de vida desses dispositivos. Assim, com o objetivo de investigar a possvel influncia das variaes de temperatura ciclos trmicos a que os mdulos geradores termoeltricos (TEGs) esto expostos, este trabalho desenvolveu uma plataforma experimental capaz de submeter TEGs influncia de ciclos trmicos, permitindo assim que os TEGs possam ser avaliados. Para constatar os efeitos na degradao do TEG, alguns parmetros foram avaliados antes da aplicao dos ciclos trmicos e aps uma sequncia de ciclos trmicos. Ao fim da pesquisa, as avaliaes feitas nos parmetros so apresentadas em uma tabela comparativa, em que so apresentados os valores obtidos antes da aplicao dos ciclos trmicos e os valores dos parmetros aps a aplicao dos ciclos trmicos. Palavras-chave: Plataforma Experimental, Ciclo Trmico, Gerador Termoeltrico

  • ABSTRACT

    EXPERIMENTAL EVALUATION OF THE THERMAL CYCLING EFFECTS IN THERMOELECTRIC GENERATORS A thermoelectric generator is a solid-state temperature dependent device that provide power generation on thermoelectric conversion. For that, the thermoelectric modules needs a temperature difference to ensure the thermoelectric conversion process. However, being subject to temperature variations may compromise the thermoelectric generator lifetime. Thus, in order to evaluate the temperature variation (thermal cycling) that the thermoelectric generators are exposed, this work has proposed an experimental platform that submits the thermoelectric generators modules to thermal cycling. With the experimental platform proposed the parameters of the thermoelectric generators may be to investigate properly. To evaluate the degradation effects on TEG the parameters were evaluated before the thermal cycling and then the parameters were evaluated after the thermal cycling process. At the research end, the parameters are presented by a comparative table with parameters evaluation before the thermal cycling and parameters evaluation after thermal cycling which brings to the experimental platform reliability. Keywords: Experimental Platform, Thermal Cycling, Thermoelectric Generators

  • 1 INTRODUO

  • INTRODUO

    13

    1 INTRODUO

    Com o desenvolvimento crescente de dispositivos de baixa potncia como os

    ns em uma rede de sensores sem fio, dispositivos mdicos implantados, sensores

    industriais, dentre outras tecnologias, a utilizao de baterias como fonte de energia

    pode se tornar um alternativa invivel, especialmente quando as dimenses da bateria

    excedem as dimenses do prprio dispositivo ou quando o acesso ao dispositivo

    impraticvel, como em florestas, oceanos, entre outros. Dentro desse contexto, alguns

    esforos em pesquisas tem sido empregados em uma tcnica que pode auxiliar tais

    dispositivos a se tornarem autossuficientes ou em alguns casos garantir um

    prolongamento de vida til s baterias (RADAMASS; CHANDRAKASAN, 2011). Tal

    tcnica conhecida como colheita de energia (energy harvesting).

    Segundo Beeby (2010) e Harb (2011) o conceito de colheita de energia est

    relacionado ao processo de converso da energia (trmica, solar, elica, dentre

    outras) que desperdiada ao meio ambiente para energia eltrica, a fim de tornar

    dispositivos como implantes biomdicos, ns sensores de uma rede de sensores sem

    fio, dispositivos de monitoramento militar, entre outros, em sistemas

    autossustentveis. Em Tan e Panda (2010) as tcnicas de energy harvesting tratam

    da converso de energia em baixa potncia (normalmente em ), ou seja, uma

    tcnica em baixa escala de potncia, diferente da colheita com fontes de energia

    renovveis que fornecem grandes potncias, como parques solares ou parques

    elicos. Os sistemas de colheita de energia so compostos normalmente por elemento

    de coleta, dispositivo para converso e condicionamento, e um dispositivo de

    armazenamento. Como tcnica de colheita de energia, pode-se citar a colheita de

    energia trmica, que apresenta como soluo a possibilidade de converter

    temperatura desperdiada ao meio em energia eltrica (GLANTZ et al., 2006).

    A colheita de energia trmica uma tcnica que permite a converso de calor

    em energia eltrica e um dispositivo com potencial para a converso termoeltrica

    o gerador termoeltrico (TEG), que opera quando exposto a diferena de temperatura

    (HARB, 2011; ISMAIL; AHMED, 2009; NI et al., 2012; BOBEAN; PAVEL, 2013). Para

    Priya (2009), um ambiente pode fornecer diferena de temperatura adequada

    converso da energia termoeltica. Entretanto, mesmo sobre grandes diferenas na

    temperatura, a eficincia na converso termoeltrica baixa, uma vez que est

  • INTRODUO

    14

    limitada aos materiais com que o TEG produzido (PARK et al., 2012; TAN; PANDA,

    2010).

    O efeito termoeltrico foi observado primeiramente em 1821 por Thomas

    Seebeck a partir de termopares metlicos (JAVAN, 2000; KASAP, 2001). Atualmente,

    os termopares em um TEG so semicondutores, pois possuem caractersticas mais

    vantajosas sobre os metais, tais como menor perda pelo efeito Joule, maior

    sensibilidade s diferenas de temperatura, dentre outras caractersticas (JAVA, 2000;

    PRYIA, 2009). Assim, o gerador termoeltrico semicondutor definido como sendo

    a associao de termopares semicondutores com dopagem do tipo e

    semicondutores com dopagem do tipo, dispostos em srie eletricamente e em

    paralelo termicamente entre dois substratos de cermica (ISMAIL; AHMED, 2009)

    (LU; LAIRD, 2006), como mostrado na Figura 1.

    FIGURA 1 - GERADOR TERMOELTRICO COM SEMICONDUTOR

    O TEG caracterizado por sua eficincia na converso termoeltrica, a partir

    de uma diferena de temperatura entre as placas de cermica (NI et al., 2012;

    PARK et al., 2012). Assim, quanto maior o a que o TEG submetido, maior ser a

    tenso eltrica gerada na converso. Essa relao expressa por = . , em que

    o coeficiente de Seebeck. Entretanto, Park (2012) e Hatzikraniotis (2010)

    verificaram que variaes constantes nas diferenas de temperatura podem

    comprometer a eficincia de um TEG, o que pode causar estresse trmico significante

    ao TEG. Em resumo, o desempenho do TEG poder apresentar degradao na

    medida em que o material que forma o gerador termoeltrico submetido a ciclos

    trmicos de diferenas de temperatura (PARK et al., 2012).

    Assim, a proposta apresentada neste trabalho o de avaliar a degradao na

    eficincia em um gerador termoeltrico comercial, o TEC12708 da Hebei

  • INTRODUO

    15

    I.T.(Shanghai) Co. Ltd, formado por 127 termopares semicondutores e medidas de

    40mm x 40mm x 3,3mm. Assim, esse TEG ser submetido a variaes de temperatura

    controladas de ciclos trmicos, de modo que sejam verificadas possveis degradaes

    em parmetros como o coeficiente de Seebeck, a tenso gerada, condutividade

    trmica e eltrica, entre outros.

    Para Bhatt (1992) e Kumar (2010) submeter um gerador termoeltrico a ciclos

    trmicos poder causar ao material que o forma um desgaste mais acelerado. Isso

    significa dizer que o material pode sofrer fissuras ou a criao de pequenas bolsas de

    ar. Assim, submeter materiais a ciclos trmicos pode determinar em qual ambiente o

    material pode se tornar mais eficiente ou mensurar o tempo de vida do gerador

    termoeltrico. Nesse contexto, conclui-se que avaliar os geradores termoeltricos sob

    ciclos trmicos de suma importncia de modo a garantir aos TEGs que o ambiente

    mais adequado a que sero submetidos ao calor e assim, no sofram uma possvel

    degradao em seu material de modo precoce. Assim, neste trabalho foi criada uma

    plataforma que controla a diferena de temperatura a que submetido o TEG. O

    desenvolvimento da plataforma dever auxiliar na anlise de eficincia de outros

    geradores termoeltricos.

    Este trabalho est dividido como segue: na Seo 1, esto descritos os

    objetivos e a motivao para o trabalho; na Seo 2, feita uma reviso na literatura

    e o que h de mais recente na rea; na Seo 3, apresentada a base terica para o

    entendimento no que se refere a converso termoeltrica; na Seo 4, descrita a

    plataforma experimental desenvolvida; na Seao 5 apresentada a metodologia

    utilizada nas medies e nos clculos dos parmetros que foram avaliados; na Seo

    6 esto as concluses a partir da avaliao dos parmetros; e na Seo 7 esto os

    trabalhos que foram submetidos em eventos e concressos.

    1.1 OBJETIVOS

    Os objetivos gerais deste trabalho so:

    1. Desenvolver uma plataforma que seja capaz de controlar as variaes de

    temperatura e medir parmetros do gerador termoeltrico; e

    2. Analisar o desempenho do gerador termoeltrico comercial modelo TEC-

    12708 durante exposio de ciclos trmicos.

  • INTRODUO

    16

    Os objetivos especficos so os seguintes:

    1. Desenvolver sistema de Integrao Homem-Mquina para interagir com a

    plataforma trmica;

    2. Aplicar o mtodo Harman para avaliao dos parmetros de geradores

    termoeltricos;

    3. Avaliar a possvel degradao nos parmetros do TEG;

    1.2 MOTIVAO

    O crescente ganho em desempenho dos geradores termoeltricos por parte

    de estudos nos materiais que os compem demonstra que a converso termoeltrica

    como fonte de energia torna-se cada vez mais promissora e poder garantir

    eventualmente maior autonomia ou at mesmo tentar tornar dispositivos mveis

    energeticamente autnomos (PRYIA, 2009; JEYASHREE, 2013). Fornecer energia a

    fim de garantir autonomia a dispositivos que esto dispostos em regies onde no h

    fcil acesso da energia eltrica ou recursos em energia eltrica so escassos torna

    essa tecnologia atrativa. Alm do mais, para Pryia (2009), algumas vezes

    impraticvel a utilizao de fontes externas como baterias para alimentao de

    dispositivos mveis, pois necessitam de substituio e, em muitas vezes, h grandes

    dificuldades em acessar os dispositivos, como em florestas densas, no mar, entre

    outros. Segundo Tan e Panda (2010), o ciclo de vida dos dispositivos mveis est

    associado ao tempo de vida de uma fonte central de energia eltrica ou baterias.

    Nesse contexto, a tcnica de colheita de energia termoeltrica, alm de no poluente,

    podem oferecer algumas vantagens por possurem estrutura simples, no possurem

    partes mveis, serem relativamente pequenos e leves, entre outros (GOULD et al.,

    2008).

    Embora o TEG necessite de variaes na temperatura para a converso

    termoeltrica, para Park (2012), importante avaliar a exposio do material que

    submetido ciclos trmicos, que podem criar no material algum tipo de fissura ou

    bolsas de ar, o que poderia provocar no TEG mal funcionamento ou degradao na

    converso termoeltrica, alm de mudanas em caractersticas que afetem, por

    exemplo, a resistncia interna do TEG. Assim, importante avaliar o impacto dos

  • INTRODUO

    17

    ciclos trmicos sobre o TEG. Do ponto de vista prtico, este estudo poder auxiliar na

    avaliao do tempo de vida de um TEG exposto s variaes de gradientes de

    temperatura em ambientes naturais.

  • 2 REVISO DE LITERATURA

  • REVISO DE LITERATURA

    19

    2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 REVISO BIBLIOGRFICA

    Segundo Egli (1961), a termoeletricidade vem sendo intensamente

    investigada e, naquele momento em que feito o estudo, cita-se quo precoce

    definir possveis aplicaes para a converso termoeltrica, de modo que possa

    apresentar melhor desempenho. No entanto, os estudos em termoeletricidade ainda

    esto focados em problemas relacionados a converso termoeltrica, como o tipo de

    material utilizado, que acredita-se, o impacto no desempenho dos mdulos

    termoeltricos pontual. Assim, ainda segundo Egli (1961), para uma proposta de

    uma aplicao, importante propor um modelo matemtico de modo que se possa ter

    uma avaliao prvia do desempenho de um TEG a partir das caractersticas do

    material que o formam.

    Em Javan (2000), so avaliados termopares metlicos e termopares

    semicondutores sobre o efeito dos fenmenos de Seebeck, Peltier e Thomson. Aps

    a avaliao de alguns geradores termoeltricos diferentes tipos de material, o autor

    do estudo realizado conclui que utilizar semicondutores de Germnio (Ge), por

    apresentar alto valor da figura de mrito ZT, entende que essa mostrou ser a melhor

    opo na produo de TEGs.

    De acordo com Chen (2000), imprescindvel que seja feito um estudo sobre

    a eficincia dos TEGs comerciais, de modo que sejam avaliados dois parmetros: a

    figura de mrito e a eficincia . Para tanto, as expresses gerais para clculo

    desses dois importantes parmetros so apresentadas e aplicadas.

    Em Chaves (2000) so propostos trs modelos SPICE para representar o

    funcionamento de um gerador termoeltrico. Aps a modelagem feita uma

    simulao da influncia dos efeitos termoeltricos na variao da tenso.

    Segundo Singh e Bhandari (2004), o material que um gerador termoeltrico

    produzido oferece melhor eficincia quando produzido com material semicondutor de

    telureto de bismuto (23). O trabalho prope avaliar o desempenho de um gerador

    termoeltrico produzido semicondutores de telureto de bismuto e faz a comparao

    de sua eficincia com alguns geradores termoeltricos formados por outros tipos de

    materiais.

  • REVISO DE LITERATURA

    20

    Paradiso e Starner (2005) afirmam que o crescimento em pesquisas na rea

    de geradores termoeltricos crescente e sugerem que tcnicas de colheita de

    energia, tais como as baseadas em converso termoeltrica, tm se tornado atrativas

    na medida em que podem possibilitar a alguns dispositivos mveis a possibilidade de

    tornarem-se autossustentveis. No trabalho, feita uma anlise na eficincia da

    colheita por converso termoeltrica e na eficincia da tcnica de colheita por

    vibrao, de modo que as duas tcnicas possam ser comparadas.

    No trabalho de Tritt e Subramanian (2006) so feitas avaliaes em parmetros

    de um TEG, tais como eficincia na converso, desempenho, eficincia do efeito

    Seebeck e a eficincia do efeito Peltier. Na pesquisa feita ainda uma anlise

    comparativa de alguns materiais utilizados em geradores termoeltricos de estado

    slido. O trabalho ainda escralece o processo do fluxo de eltrons no interior dos

    semicondutores.

    Em Laird e Lu (2006) feita uma modelagem SPICE para a converso

    termoeltrica em um TEG. No modelo so apresentados os efeitos Peltier, Seebeck,

    Joule, Thomson e o efeito de fluxo de calor. A modelagem feita a partir do estudo

    em circuitos eltricos que podem representar os efeitos em um TEG. No estudo,

    citado ainda que o efeito Thomson possui uma influncia nfima na converso

    termoeltrica, e portanto, costuma ser negligenciado nos estudos que tratam de

    converso termoeltrica. Para tal concluso, a modelagem avaliou os efeitos a partir

    de duas equaes analticas: uma das equaes considera o efeito Thomson e a outra

    equao desconsidera o efeito Thomson.

    Em Glatz (2006) apresentado uma metodologia que otimize a produo de

    um TEG no modo como desenvolvido e melhorar os parmetros da interface do

    TEG. A otimizao no material do TEG apresenta um processo de fabricao mais

    barato e possibilita a fabricao de TEGs de polmero.

    Lossec (2006) sugere que, para geradores termoeltricos utilizados em contato

    com o corpo humano, interessante a busca por materiais com maior eficincia na

    converso termoeltrica. Para tanto, feito um estudo simulado em parmetros de

    alguns materiais no que diz respeito a eficincia e desempenho do TEG quando h

    mudanas de temperatura do corpo.

    Para Lineykin e Yaakov (2007), analisar a topologia do circuito proposto para

    um resfriador termoeltrico (TEC) importante. A contribuio do trabalho propor, a

  • REVISO DE LITERATURA

    21

    partir de estudos no circuito dado para um TEC, que um mtodo analtico possa ser

    desenvolvido, e portanto, possa ser capaz de extrair parmetros especificados pelos

    fabricantes nos datasheets dos TECs comerciais.

    Para Gonalves (2008), importante propor um novo tipo de gerador

    termoeltrico feito com materiais semicondutores tipo de 23 (telureto de

    bismuto) e semicondutores tipo de 23 (telureto de antimnio). Para garantir

    melhor desempenho aos materiais, o trabalho tambm avalia o desempenho e a

    eficincia do gerador termoeltrico produzido pelos materiais propostos.

    Segundo Apostol (2008), importante que as equaes fundamentais da

    termoeletricidade sejam revistas e, portanto, estudadas de modo mais aprofundado.

    Nos estudos, citado que embora haja grande importncia na reviso de todas as

    equaes envolvidas no processo termoeltrico, estudar as equaes que calculam a

    figura de mrito e a eficincia em um gerador termoeltrico mais importante. Esse

    foco dado na medida em que a importncia desses parmetros na relao de

    eficincia na converso dos geradores termoeltricos pontual.

    Em Ismail e Ahmed (2009) apresentado um conhecimento bsico do que vem

    a ser um gerador termoeltrico. Assim, so apresentadas as frmulas utilizadas para

    o clculo do desempenho de um TEG, conceitos sobre o efeito Seebeck e frmulas

    para o clculo da eficincia. No trabalho so apresentados estudos de desempenho

    em vrios tipos de materiais.

    Pryia (2009) trata dos conceitos sobre energy harvesting, alm de suas

    tecnologias. H uma seo dedicada aos geradores termoeltricos com conceitos e

    frmulas sobre , eficincia, entre outras. No livro, vrios estudos da utilizao de

    dispositivos termoeltricos a semicondutores de telureto de bismuto como proposta

    de aplicao para as tecnologias de redes de sensores sem fio que utilizam ns

    sensores, citada como bastante promissora.

    Para que um n sensor seja totalmente autnomo e autossustentvel em um

    Rede de Sensor Sem Fio (RSSF), o consumo de energia do dispositivo deve ser

    totalmente colhido do ambiente. Para tanto, a colheita de energia trmica vem sendo

    estudada e os geradores termoeltricos estudados de modo a garantir que a eficincia

    na converso de energia trmica em energia eltrica por meio do efeito Seebeck seja

    maior possvel. Entretanto, a eficincia tpica em geradores termoeltricos a

    semicondutor baixa, de modo que em uma diferena de temperatura que varie em

  • REVISO DE LITERATURA

    22

    at 40C, a eficincia apresentada pouco menos de 1%. Uma diferena de

    temperatura de 40C pouco provvel em ambientes normais, o que torna a tcnica

    de converso termoeltrica uma tecnologia pouco atrativa na medida em que h

    dispositivos que necessitam de mais potncia do que pode ser fornecida. Assim, a

    colheita termoeltrica estudada em aplicaes prticas para as RSSFs, por fornecer

    baixa potncia, com poucos ou centenas de (TAN; PANDA, 2010).

    Na medida a converso termoeltrica de um TEG depende diretamente da

    variao de temperatura, ou seja, quanto maior o gradiente de temperatura, maior a

    potncia fornecida, para Dalola (2009) importante observar os TEGs quando

    submetidos ciclos trmicos elevados, o que pode comprometer e degradar de

    maneira precoce a estrutura no material em que o TEG feito. Nos estudos

    apresentados no artigo, os TEGs so expostos variaes elevadas de temperatura

    e algumas fotos da estrutura interna dos material na degradao material so

    apresentadas, antes e aps o TEG ser submetido aos ciclos.

    Em Radamass e Chandrakasan (2011) feita a avaliao no desempenho de

    um TEG comercial. O TEG estudado submetido a diferena de temperatura, que

    varia com a temperatura do ambiente e a temperatura corporal. As diferenas de

    temperatura produzidas so utilizadas na converso termoeltrica e a potncia

    produzida fornecida para o funcionamento de relgio de pulso.

    2.2 ESTADO DA ARTE

    Em Bobean e Pavel (2013), uma plataforma experimental montada para que

    algumas caractersticas em alguns parmetros de um gerador termoeltrico possam

    ser estudados e avaliados. A ideia principal foi utilizar a plataforma para propsitos

    educacionais. No trabalho foi obtido e apresentado, a partir da plataforma, um teste

    experimental em um TEG comercial modelo TG 100. As caractersticas analisadas

    foram de tenso e da potncia fornecidas para o circuito.

    No trabalho de Jo (2013) apresentado um novo material para fabricao de

    um TEG, que pode garantir melhor converso termoeltrica quando o TEG

    submetido temperatura corporal. O material utilizado como substrato e que garante,

    alm de melhor eficincia na converso termoeltrica, maior flexibilidade para o TEG

  • REVISO DE LITERATURA

    23

    o polidimetiloxano. Aps a fabricao do TEG, feita uma avaliao em seus

    parmetros. O TEG foi submetido a uma diferena de temperatura de 19 K, que gerou

    potncia de aproximadamente 2,1 na converso termoeltrica.

    Em Jeyashree (2013), apresentado um novo modelo de TEG, conhecido por

    microTEG. So feitas algumas simulaes, alm de estudos prticos no que se refere

    ao desempenho do TEG. Para tanto, o TEG submetido radiao solar direta, de

    modo a provocar as variaes de temperatura. Assim, a diferena de temperatura

    obtida a partir da temperatura da superfcie em um dos lados e no outro lado est a

    temperatura submetida pela radiao solar.

    Para Assion (2013), importante que haja uma ferramenta capaz de

    desenvolver um TEG rapidamente e sem gastos a partir dos materiais e das condies

    de limites dos materiais, ou ainda, que a ferramenta seja capaz de propor uma melhora

    a uma estrutura j existente. Assim, o trabalho faz um estudo do mtodo de volumes

    finitos a partir do clculo analtico em um TEG e compara seus resultados aos medidos

    na prtica.

    Segundo Park (2012), importante verificar a preciso em avaliaes de

    parmetros dos TEGs. Nos estudos, foram comparados dois mtodos que permitem

    avaliar a figura de mrito em um gerador termoeltrico aps ser submetido ciclos

    trmicos: o mtodo de Harmann e o mtodo dependente de frequncia. Para tanto, o

    TEG estudado foi submetido temperaturas pouco comuns ao meio ambiente, de at

    200 e a partir dos testes, pode-se concluir quando os dois mtodos so comparados

    que h um erro entre estes de aproximadamente 2% o que aceitvel entre os

    fabricantes, segundo o autor. Assim, para qualquer um dos dois mtodos aplicados, a

    avaliao sobre ciclos trmicos satisfatria e garantem a avaliao adequada de um

    TEG.

    Em Feinaeugle (2013), proposta uma metodologia para que os elementos

    semicondutores de telureto sejam depositados nos substratos. A metodologia consiste

    na utilizao de induo a laser para fixao dos semicondutores.

    Niotaki (2013) prope a coleta de calor a partir da dissipao de calor gerada

    por um circuito amplificador que funciona a 1 Watt de potncia. Para tanto, o TEG

    colocado sobre o circuito integrado amplificador, que fornecer ao TEG o calor

    dissipado.

  • REVISO DE LITERATURA

    24

    Do que foi exposto, o estudo em geradores termoeltricos tem por foco na

    maioria dos trabalhos estudados um tema que aponta para o melhoramento dos

    materiais utilizados na produo de TEGs. Outro ponto bastante recorrente nas

    pesquisas o estudo no desempenho de TEGs, para que possam ser sugeridas

    aplicaes especficas. Entretanto, h pouca abordagem sobre a avaliao dos efeitos

    das variaes de temperatura (ciclos trmicos) sobre o material dos TEGs,

    especialmente da influncia dessas variaes, logo que os TEGs so submetidos

    converso termoeltrica. importante que sejam verificadas as possveis

    degradaes em parmetros, tais como a resistncia interna do TEG, alm da

    avaliao na energia fornecida pelo TEG aps ser submetido a variaes de

    temperatura contnuas, sobretudo para garantir confiabilidade quando um dispositivo

    TEG for indicado possvel aplicao. Assim, fundamentado em um estudo

    apresentado por Park (2012) que avalia alguns efeitos de ciclos trmicos aplicados

    aos TEGs, este trabalho dissertativo avalia os parmetros de um TEG comercial

    quando submetido ciclos trmicos, observando a necessidade de buscar variaes

    de temperatura que podem ser impostas pelo ambiente natural. Ao final da pesquisa,

    apresentada uma tabela comparativa dos parmetros avaliados antes dos ciclos

    trmicos e aps a imposio dos ciclos trmicos.

  • 3 FUNDAMENTAO TERICA

  • FUNDAMENTAO TERICA

    26

    3 FUNDAMENTAO TERICA

    Para a converso termoeltrica, os geradores termoeltricos dependem de

    propriedades que so intrnsecas dos materiais (HATZIKRANIOTIS et al., 2010). Para

    tanto, os efeitos termoeltricos em um material condutor geram um fluxo de portadores

    eltricos em funo da variao de temperatura e, para que haja melhor compreenso

    da influncia dos materiais que formam os mdulos geradores termoeltricos

    necessria uma breve fundamentao no que diz respeito a alguns parmetros e

    efeitos envolvidos no processo de converso termoeltrica.

    3.1 ENERGIA INTERNA

    A energia interna pode ser definida como sendo a relao entre as atraes

    intermoleculares, movimentos de rotao, translao e vibrao das molculas.

    Assim, para um sistema, a variao de energia dada pela diferena entre o calor

    trocado pelo sistema com o meio e o trabalho realizado pelo/sobre o sistema ( =

    ) como mostra a Figura 2 (HALLIDAY; RESNICK, 2009). Em outras palavras, a

    primeira Lei da Termodinmica (ou princpio da conservao de energia) pode

    representar essa relao de modo que: a soma da energia mecnica com a

    quantidade de calor trocado pelo sistema, seja este um sistema isolado, constante.

    De outro modo, a energia total inicial do sistema igual a energia total final desse

    mesmo sistema (HALLIDAY; RESNICK, 2009).

    Uma vez que em sua estrutura o TEG no apresenta partes mecnicas, pode-

    se verificar que os geradores termoeltricos no sofrem ou executam trabalho, pois o

    trabalho est associado variao considervel de volume em um sistema (ou energia

    mecnica). Isso significa dizer que, por no possuir partes mveis ou no depender

    de variaes mecnicas na estrutura do sistema, para que ocorra o efeito de

    converso termoeltrica, tem-se que a variao de energia total do sistema em um

    gerador termoeltrico igual quantidade de calor trocado com o meio ambiente

    ( = ) (HALLIDAY; RESNICK, 2009). Para representar a variao de um sistema

    a partir da variao de temperatura, so apresentados na Figura 2 a expanso e o

    resfriamento de dois sistemas trmicos.

  • FUNDAMENTAO TERICA

    27

    FIGURA 2 - EM (A) H EXPANSO NO VOLUME INTERNO DO SISTEMA, DEVIDO A TROCA DE CALOR TRABALHO REALIZADO PELO SISTEMA. NO SISTEMA (B) NO H AGITAO MOLECULAR, PORM H MUDANA NO VOLUME SOBRE O SISTEMA.

    3.2 RESISTIVIDADE TRMICA

    Para uma escolha acertada do material no que diz respeito a boa ou m

    transferncia trmica, pode-se utilizar o conceito de resistividade trmica ().

    Portanto, se um material transfere facilmente energia trmica por conduo, este

    material um bom condutor de calor e deve possuir um alto valor de (HALLIDAY;

    RESNICK, 2009) (BARAKO et al., 2012).

    A resistividade trmica uma caracterstica intrnseca em um material e para

    um TEG uma tcnica que pode ser empregada para o seu clculo o mtodo Harman

    que ser apresentado na ltima Seo deste trabalho. Para tanto, uma vez que

    medidos os parmetros necessrios, calcula-se a resistividade trmica a partir

    equao dada (BARAKO, 2012; YATIM, 2012)

    =

    (1)

    em que o coeficiente de Seebeck, a corrente percorrida pelo mdulo

    termoeltrico, a temperatura ambiente em Kelvin, a variao de temperatura

    (A) (B)

  • FUNDAMENTAO TERICA

    28

    entre as faces, a altura de um semicondutor e a rea de seco transversal

    em um semicondutor.

    3.3 RESISTIVIDADE ELTRICA

    Assim como a resistividade trmica, a resistividade eltrica de um material

    caracterstica intrnseca do material. A resistividade eltrica define o quanto pode ser

    permissvel a passagem de corrente eltrica no material, ou seja, se bom ou mau

    condutor eltrico (HAYT; BUCK, 2003; HALLIDAY; RESNICK, 2009). Pode-se definir

    a resistividade eltrica como sendo o inverso da condutividade eltrica

    =1

    (2)

    em que a condutividade eltrica dada em (. m)1 e a resistividade eltrica do

    material em (. m).

    Para o clculo de resitividade eltrica em um gerador termoeltrico utiliza-se

    a relao matemtica dada pela 2 Lei de Ohm, que relaciona a resistncia eltrica

    interna () e as medidas de comprimento e de rea da seco transversal do

    gerador termoeltrico (HALLIDAY; RESNICK, 2009; YATIM, 2012). Assim, tem-se a

    equao

    =

    (3)

    3.4 EFEITO SEEBECK

    No efeito Seebeck, se dois materiais metlicos conectados por junes, de

    modo que estas junes mantidas temperaturas diferentes e , como mostrado

    na Figura 3, em que > , os metais so capazes de produzir uma tenso (GOULD

    et al., 2008; DZIURDIA, 2011). Assim, para que ocorra o efeito Seebeck entre dois

    tipos de metais conectados, as junes devem estar a uma diferena de temperatura

    () (BOBEAN; PAVEL, 2013). Para o clculo da tenso de Seebeck () dada uma

  • FUNDAMENTAO TERICA

    29

    relao na equao (4), em que o gradiente de temperatura entre as junes

    localizadas nos lados opostos do material (DZIURDIA, 2011).

    = ( ) ( 4)

    em que o coeficiente de Seebeck.

    FIGURA 3 - EFEITO SEEBECK: TERMOPAR DE COBRE E METAL

    Segundo Ahiska e Mamur (2013), o coeficiente de Seebeck para geradores

    termoeltricos produzidos com metais na ordem de 1 microvolt por grau Celsius

    (/), enquanto que para materiais semicondutores o coeficiente de Seebeck

    tipicamente da ordem de cem microvolts por grau Celsius (100/). Para se obter

    uma tenso de Seebeck, a perda do condutor deve ser no mnimo, a fim de que possa

    ser gerada a maior eficincia termoeltrica em um TEG (RAMADASS;

    CHANDRAKASAN, 2011).

    3.5 EFEITO PELTIER

    O efeito Peltier ocorre de maneira contrria ao efeito Seebeck, o que significa

    dizer que, uma vez que seja aplicada uma corrente, as junes entre os termopares

    metlicos devero, em uma juno dissipar calor e na outra juno absorver calor.

    Essa energia dissipada ou absorvida proporcional a corrente eltrica (Figura 4). O

    efeito Peltier pode ser quantificado pelo coeficiente de Peltier (), que se relaciona

    com o coeficiente de Seebeck, de acordo com a seguinte equao (BOBEAN; PAVEL,

    2013)

  • FUNDAMENTAO TERICA

    30

    = . (5)

    O efeito de Peltier se inverte na medida em que o sentido da corrente invertida

    tambm (LINEYKEIN; YAAKOV, 2007; DZIURDZIA, 2011). A quantidade de calor

    absorvida/dissipada proporcional a corrente eltrica aplicada e a temperatura

    absoluta . Assim, o calor associado ao efeito Peltier pode ser calculada pela equao

    = . = . . (6)

    em que a corrente eltrica que flui nos materiais, o coeficiente de Peltier, e que

    pode ser expresso em termos de coeficiente de Seebeck () (DZIURDZIA, 2011).

    FIGURA 4 - EFEITO PELTIER: TERMOPAR DE COBRE E METAL

    3.6 CONDUO TRMICA

    A conduo trmica ocorre quando h transferncia de calor de um ponto a

    outro em um dado material (Figura 5). Para que essa transferncia de calor possa

    ocorrer, um material deve ser submetido a uma diferena de temperatura, o que faz

    surgir um fluxo de calor entre dois pontos do material. Este fluxo de calor segue a

    segunda lei da termodinmica, e portanto, flui do ponto em que h maior temperatura

    em direo ao ponto de menor temperatura (LINEYKIN; YAAKOV, 2007; HALLIDAY;

    RESNICK, 2009). Nos semicondutores, os efeitos termoeltricos surgem por causa da

    quantidade de portadores de cargas livres, que carregam a carga eltrica,

    aumentando durante o processo de converso termoeltrica, a quantidade de cargas

  • FUNDAMENTAO TERICA

    31

    e de lacunas nos semicondutores que, por difuso, buscam equilbrio

    (SUBRAMANIAN; 2006).

    Uma grande dificuldade em descrever o processo de conduo trmica

    encontrar uma diferena de temperatura ideal a que deve ser submetido o material

    semicondutor, e mais ainda, encontrar a melhor relao entre a resistividade trmica

    () sobre a dependncia da variao de temperatura (DZIURDZIA, 2011).

    FIGURA 5 - CONDUO TRMICA EM UM MATERIAL

    A conduo trmica ()entre dois pontos separados pode ser determinada

    pela Lei de Fourier (calor de Fourier QF) , desde que as temperaturas dos dois pontos

    no variem, ou seja, mantenham-se em estado estacionrio (PRYIA e INMAN, 2009)

    (LAIRD; LU, 2008)

    =1

    (7)

    em que a espessura do material em questo em metros (), a rea da seco

    transversal do material em metros quadrados (2), a diferena de temperatura

    entre as faces em Kelvin () e a resistividade trmica do material dada em metro

    Kelvin por watt (. ).

  • FUNDAMENTAO TERICA

    32

    3.7 GERADOR TERMOELTRICO

    O efeito de um gerador termoeltrico foi observado pela primeira vez por J.

    Seebeck em 1821 em um termopar metlico, formado por dois tipos de metais

    diferentes conectados entre si por meio de junes (Figura 7) (JAVAN, 2000;

    RAMADASS; CHANDRAKASAN, 2011). Segundo Javan (2000) os materiais

    semicondutores tambm podem exibir os efeitos termoeltricos, e alm do mais,

    apresentam algumas vantagens sobre os metais, tais como reduo do efeito Joule,

    alm de possurem maior sensibilidade ao calor.

    FIGURA 6 - TERMOPAR METLICO

    O gerador termoeltrico (TEG) um dispositivo formado por semicondutores

    de estado slido capazes de converter energia trmica diretamente em energia

    eltrica quando submetidos a uma diferena de temperatura (ISMAIL; AHMED, 2009).

    O TEG formado por termopares semicondutores do tipo e do tipo que

    esto conectados em srie eletricamente e em paralelo termicamente e esto

    dispostos entre dois substratos de cermica, que so bons condutores de calor e

    oferecem alta resistncia eltrica (Figura 8) (LAIRD; LU, 2006; ISMAIL; AHMED, 2009;

    DZIURDZIA, 2011).

    Segundo Ismail e Ahmed (2009) e Dziurdzia (2009) h algumas vantagens que

    podem ser citadas sobre os mdulos geradores termoeltricos:

  • FUNDAMENTAO TERICA

    33

    i) So confiveis e silenciosos por no possurem partes mveis;

    ii) Requerem pouca manuteno;

    iii) Tm tamanhos e pesos reduzidos;

    iv) So capazes de operar em altas temperaturas;

    v) Possuem longo tempo de vida;

    vi) So adequados a aplicaes de pequena escala ou aplicaes remotas,

    tpicas aplicaes para ambientes rurais em que o fornecimento de energia

    bastante limitado ou muitas vezes no tem; e

    vii) So ecologicamente corretos.

    Como desvantagem, Javan (2000) cita que o TEG tem uma baixa eficincia de

    converso termoeltrica em relao variao de temperatura, aproximadamente 5%

    para os metais e pouco mais de 23% para os alguns semicondutores.

    FIGURA 7 - GERADOR TERMOELTRICO (TEG)

    Na converso termoeltrica esto envolvidos quatro efeitos efeito Peltier,

    efeito Joule, efeito Fourier e o efeito Seebeck que esto associados a vrios

    mecanismos de transporte e esto expressos pelas equaes (8) e (9), considerando

    o nmero de termopares (BITSCH, 2009; GOULDSMID, 2009).

    = + . 1

    22 (8)

  • FUNDAMENTAO TERICA

    34

    = + . +1

    22 (9)

    em que a condutividade trmica do material, a resistncia eltrica do material,

    e e so a quantidade de calor absorvido e a quantidade de calor dissipado pelas

    faces do TEG, respectivamente. A diferena entre os fluxos de calor das faces e

    representam a potncia eltrica () produzida na converso termoeltrica.

    Portanto, pode ser reescrita como sendo (CHVEZ, 2000; YATIM,2012)

    = = ( ) . + 2 (10)

    O primeiro termo da equao (10) representa os efeitos Seebeck e Peltier, o

    segundo termo representa o efeito Fourier e expressa o fluxo de calor, e o terceiro

    termo representa o efeito Joule (YATIM,2012; PARK, 2013).

    3.8 FIGURA DE MRITO

    Para que o desempenho dos materiais termoeltricos seja avaliado, foi

    proposta uma figura de mrito que est em funo das propriedades do material, e

    representada pela seguinte equao (LINEYKIN, 2007; BOBEAN; PAVEL, 2013):

    =.2

    (11)

    em que a figura de mrito do material termoeltrico, o coeficiente de Seebeck,

    a condutividade eltrica e a condutividade trmica do material. De acordo com

    Yatim (2012, p.18), a figura de mrito importante e representa o desempenho dos

    dispositivos termoeltricos semicondutores. A fim de se obter uma figura de mrito

    adimensional, multiplicada pela temperatura absoluta (estabelecida em algum

    valor dado), sendo a equao (11) reescrita como (PRYIA, 2009; BOBEAN; PAVEL,

    2013):

    =.2

    (12)

  • FUNDAMENTAO TERICA

    35

    Uma grandeza que tambm pode ser avaliada a partir da figura de mrito, o

    fator de potncia que calculado a partir da equao retirada do numerador da

    figura de mrito , dada por

    = . 2 (13)

    O fator de potncia frequentemente utilizado para o estudo dos materiais,

    mais efetivamente estuda-se a condutividade eltrica dos materiais. Por ter uma

    relao direta, quanto maior a potncia efetiva, maior tambm deve ser a figura de

    mrito.

    Para uma mxima eficincia esperada na converso em um TEG, a relao

    pode ser dada pela equao (YAN, 2011; YATIM, 2012; PARK, 2013)

    = (

    )

    (1+)1

    (1+)+(

    ) (14)

    em que (

    ) a relao dada pela eficincia de Carnot ().

    3.9 COLHEITA DE ENERGIA

    A colheita de energia uma tcnica que coleta e armazena a energia

    desperdiada pelo ambiente (tais como: vibraes, calor, fora dos ventos, radiao

    solar, entre outras) e converte essa energia coletada em energia eltrica, que

    armazenada para alimentar dispositivos eletrnicos de baixo consumo, geralmente

    dispositivos mveis (HARB, 2011). A colheita de energia trabalha em baixa escala de

    potncia (aproximadamente em ) e os dispositivos utilizados para a converso

    podem apresentar pequenas dimenses, o que pode permitir mobilidade ao sistema

    (TAN; PANDA, 2010; HARB, 2011).

    Os sistemas de colheita de energia consistem geralmente de elementos de

    coleta de energia, equipamento para converso e/ou condicionamento de potncia, e

    dispositivos de armazenamento (Figura 8). Portanto, parte do processo de colheita de

    energia envolve um dispositivo que dever converter a energia desperdiada em um

  • FUNDAMENTAO TERICA

    36

    determinado ambiente em energia eltrica, condicionar essa tenso por meio de um

    circuito que dever gerenciar essa tenso coletada, armazenar em elementos como

    baterias por fim, fornecer energia carga (TAN; PANDA, 2010).

    Na tcnica de colheita de energia, vrios so os mtodos de converso:

    vibrao, eletromagntica (RF), gradiente de presso, solar, biolgica, trmica, dentre

    outras (HARB, 2011). Neste trabalho dissertativo, a tcnica de energy harvesting

    estudada a converso de energia trmica em energia eltrica, ou simplesmente

    converso termoeltrica.

    FIGURA 8 - DIAGRAMA DE BLOCOS GENERALIZADO PARA COLHEITA DE ENERGIA

    3.10 TERMOELETRICIDADE

    A colheita termoeltrica uma tcnica de colheita de energia que converte

    energia trmica em energia eltrica por meio de dispositivos de estado slido. No

    entanto, a capacidade de converso para esses dispositivos limita-se a poucos watts

    de potncia por mdulo e muitas opes podem ser utilizadas como fonte de calor,

    como a chama de uma vela ou o calor dissipado por um circuito, por exemplo

    (JEYASHREE et al., 2013).

    Por trs dcadas consecutivas os efeitos bsicos da termoeletricidade foram

    explorados e entendidos macroscopicamente e sua aplicabilidade, que era baseada

    na termometria, foram reconhecidas (FARMER, 2007). Entretanto, a possibilidade de

  • FUNDAMENTAO TERICA

    37

    uso do fenmeno termoeltrico na gerao de eletricidade s foi considerada em 1885

    por Rayleigh, que primeiro sugeriu o clculo, embora incorretamente, para eficincia

    de um gerador termoeltrico. Apenas em 1909 e 1911 Altenkirch forneceu uma teoria

    satisfatria para a gerao de energia e a refrigerao trmica, e mostrou que os bons

    materiais termoeltricos deveriam possuir grandes coeficientes de Seebeck com uma

    baixa condutividade trmica () para reter o calor na juno e, uma alta condutividade

    eltrica para minimizar ao mximo o efeito Joule (GONCALVES et al., 2008).

    Segundo Farmer (2007), na dcada de 30 e nas dcadas seguintes, um estudo

    microscpio da termoeletricidade levou ao desenvolvimento de mais materiais

    sofisticados, muitos deles ainda em uso. Embora a eficincia desses materiais tenha

    avanado constantemente, as pesquisas na rea tiveram queda na dcada de 70.

    Apenas na dcada de 90, uma combinao de fatores como a preocupao com o

    meio ambiente e o interesse em resfriamento de equipamentos eletrnicos que

    conduziram a um novo interesse em tecnologias alternativas para resfriamento. O

    resfriamento termoeltrico j era uma tecnologia estabelecida e, portanto, um novo

    mbito de pesquisas e avanos teve maior foco, que era produzir um gerador

    termoeltrico de energia menor, com maior eficincia e maior produo de energia.

    Aps 12 anos, um efeito complementar foi descoberto por Peltier, que observou

    mudanas de temperatura nas vizinhanas das junes entre os diferentes tipos de

    metais, na medida em que havia passagem de corrente (GONCALVES et al., 2008;

    PRYIA; INMAN, 2009). Embora Peltier utilizasse o efeito Seebeck em seus

    experimentos como fontes de correntes baixas, ele falhou em verificar a natureza

    fundamental de suas observaes, ou de como relatar o efeito com as concluses de

    Seebeck, e a verdadeira natureza do efeito Peltier s foi explicado por Lenz em 1938,

    que conclui que, dependendo da direo em que flui a corrente, o calor pode ser

    absorvido ou dissipado em uma juno entre dois metais diferentes. Lenz demonstrou

    esse funcionamento congelando a gua em uma bismuto-juno e derreteu o gelo

    invertendo o sentido da corrente (GONCALVES et al., 2008).

    O funcionamento geral de um gerador de energia termoeltrico , segundo

    Lineykin e Yaakov (2007) e Dziurdzia (2011), governado por trs fenmenos

    principais: Seebeck, Peltier e a conduo trmica dos materiais. Alguns dos materiais

    promovem a converso termoeltrica, porm alguns materiais limitam o desempenho

    do gerador termoeltrico.

  • 4 PLATAFORMA EXPERIMENTAL

  • PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    39

    4 PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    Para avaliao experimental, uma plataforma foi desenvolvida, de modo a

    atuar no processo de controle da diferena de temperatura que sero aplicadas sobre

    o TEG submetido ao teste (TEG-under-test). Para tanto, tem-se como suporte uma

    interface de aquisio de dados da National Instruments para medio e controle das

    temperaturas nas faces, alm de efetuar a medio de tenso produzida pelo TEG-

    under-test.

    A plataforma proposta ir atuar em trs mdulos termoeltricos comerciais

    modelo TEC1-1278 de 23. Dois mdulos definidos como Thermoelectric Coolers

    (TECs) sero as fontes de calor e iro fornecer as temperaturas nas faces do mdulo

    central, o TEG-under-test (Figura 9). A especificaes dos mdulos so mostradas na

    Tabela 1.

    TABELA 1 - ESPECIFICAES DO TEG

    Quantidade de termopares

    semicondutores

    127

    Medidas 40mm x 40mm x 3,5mm

    Temperatura Mxima 235

    Corrente Mx como Peltier 8 A

    Resistncia Nominal Interna 1

    Medidas dos termopares

    Seco Transversal (A) 1,44 mm2

    Comprimento (L) 3,3 mm

    Como mostrado na Figura 9, para as medies de temperatura, foram utilizados

    termopares (TPs) do tipo K dispostos entre cada face do TEG-under-test, sendo estas

    denominadas UP e DOWN, para as faces superior e inferior, respectivamente. Os

    termopares foram escolhidos dada a sensibilidade variao de temperatura. De

    qualquer modo, para suavizar a variao nas mudanas de temperatura, reservatrios

    de calor de cobre foram colocados nas faces do TEG-under-test. Esse procedimento

    permite uma variao de temperatura mais eficiente nas faces, permitindo um melhor

  • PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    40

    controle. Assim, a partir das medies o programa desenvolvido ser capaz de

    controlar as temperaturas e a variao do ciclo trmico definido.

    FIGURA 9 - REPRESENTAO DA PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    Para controlar a temperatura, foi implementado um algoritmo em LabView,

    baseado em controle PI, que atua por meio da interface de aquisio de dados PCIe-

    6321, case SCB68A da National Instruments. O controle mede os valores de

    temperatura nas faces do TEG-under-test, e o sistema controla o valor de setpoint

    definido. Para tanto, h um driver de corrente conectado ao sistema que controla as

    correntes nos TECs e, portanto, tem-se como varivel de controle do sistema a

    temperatura. Para o clculo dos parmetros do controlador foi feita a medio da

    temperatura quando aplicada a mxima corrente, de modo que seja verificada a

    resposta do sistema em temperatura (C) ao degrau de corrente. A partir dos dados

    da resposta do sistema, que apresentada pela Figura 9, pde-se aplicar o mtodo

    emprico de Ziegler-Nichols.

  • PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    41

    FIGURA 10 - RESPOSTA DO SISTEMA A UM DEGRAU

    A partir da resposta do sistema ao degrau da corrente so traadas as retas

    para aplicao do mtodo de Ziegler-Nichols, como pode ser visto na Figura 10. Em

    seguida, com o auxlio do comando ginput do matlab, so encontrados os valores de

    atraso de transporte e da constante de tempo, L=27,4102 e T=329,8677L, dadas em

    segundos. A partir dos parmetros L e T so encontrados os parmetros do

    controlador, em que P 10 e I 91,37.

    FIGURA 11 - MTODO ZIEGLER-NICHOLS PONTOS DE INSERO

  • PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    42

    O erro no controle foi calculado em dois momentos dos ciclos: (a) quando o

    positivo o erro foi de 0,22%, o que satisfaz as condies requisitadas para o controle,

    com baixa oscilao em relao ao setpoint, mantendo a temperatura mdia desejada

    do controle; (b) quando o negativo o erro calculado foi de 0,97%, maior que o

    controle positivo, porm satisfez s condies necessrias de controle para a

    pesquisa.

    4.1 INSTRUMENTAO VIRTUAL

    Um recurso que d suporte na criao de sistemas de testes, medies e

    automatizao a utilizao da instrumentao virtual. A instrumentao virtual

    utilizada na combinao de diferentes componentes de hardware e software. Portanto,

    em caso de mudana no sistema, possvel que sejam feitas modificaes sem que

    haja a necessidade de adquirir equipamentos adicionais.

    Para este trabalho, a instrumentao virtual foi empregada no desenvolvimento

    do sistema de medio e controle dos ciclos trmicos, com exibio de grficos e

    dados relevantes ao processo. Na Figura 12 apresentada a interface homem-

    mquina (IHM) desenvolvida para este trabalho utilizando o software LabView.

    Na IHM so definidos parmetros como a durao de cada ciclo trmico, o

    tempo em que o programa deve funcionar (em horas) e o setpoint da diferena de

    temperatura a que sero submetidas as faces do TEG-under-test. Alm da definio

    de parmetros do controle a IHM apresenta grficos com os valores medidos, em

    tempo real, no momento em que h atuao do ciclo trmico. Assim, so medidas as

    temperaturas das faces do TEG-under-test e da tenso que est sendo gerada pelo

    TEG-under-test a partir do efeito Seebeck. A medio da tenso pode fornecer ao

    usurio um acompanhamento efetivo de uma possvel degradao na gerao de

    tenso, que produzido pelo efeito termoeltrico no TEG-under-test, alm de verificar

    a resposta do sistema, se est funcionando de acordo com o que esperado. Para

    tanto, a Interface Homem-Mquina apresenta dois indicadores de temperatura e dois

    blocos com grficos UP e DOWN. Os blocos com os grficos mostram valores de

    temperatura para as faces do TEG-under-test. H ainda um bloco que apresenta dois

    grficos para T: (i) em que so apresentados os valores requeridos pelo usurio

    valores de setpoint para a diferena de temperatura entre as faces do TED-under-

  • PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    43

    test; e (ii) em que so apresentados os valores de temperatura medidos efetivamente

    entre as faces do TEG-under-test.

    FIGURA 12 - PROGRAMA EM LABVIEW IHM

    4.2 SISTEMA TRMICO

    Para a atuao efetiva do IHM desenvolvido em instrumentao virtual

    necessria a estrutura do sistema trmico, que apresentado na Figura 13. Nessa

    estrutura que esto dispostos os TECs e o TEG-under-test.

    A estrutura do sistema de ao e possui em suas extremidades, dissipadores

    e coolers, que auxiliam na dissipao de excesso de calor que produzido durante o

    processo de ciclos trmicos. Assim, o uso dos dissipadores e dos coolers deve

    favorecer limites mximos de calor a que o sistema pode alcanar, uma vez que o

    calor produzido fora do que se deseja nas faces do TEG-under-test deve ser

    eliminado. No momento em que eliminado todo o calor excedente, a temperatura

    desejada dependente apenas do nvel de corrente a que o TEC submetido pelo

    controle.

  • PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    44

    FIGURA 13 - SISTEMA TRMICO

    Na estrutura esto dispostos ao centro o TEG-under-test, que ser submetido

    ao processo de ciclos trmicos. Conectados as faces do TEG-under-test esto

    dispostos os reservatrios de calor de cobre e, entre eles foi disposta uma fina camada

    de pasta trmica, que auxilia na conduo de calor.

    Dispostos entre os reservatrios de calor e os coolers esto os TECs que sero

    controlados pelo programa implementado no LabView. Para tanto, foram construdos

    dois circuitos drivers de corrente para controlar a intensidade de corrente a que os

    TECs sero submetido. Para os TECs aplicado portanto, o efeito Peltier, que gera

    diferena de temperatura entre as faces de acordo com a intensidade de corrente.

    Para a medio da temperatura, foram colocados dois termopares (TPs) do tipo

    K em cada uma das faces do TEG-under-test.

    Toda a estrutura da plataforma experimental apresentada pela Figura 14, em

    que h a exposio da bancada de testes.

    TEG-under-test TECs

    TPs

  • PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    45

    FIGURA 14 - BANCADA DE TESTES

    Na bancada onde foram feitas as medies e controle dos ciclos trmicos foram

    utilizadas duas fontes como fontes de corrente para os TECs e uma fonte para

    alimentar os coolers. apresentada a Interface Homem-mquina programada no

    LabView o driver de corrente para controle e o case SCB-68A com as conexes

    necessrias para controle e medio.

    4.3 CICLOS TRMICOS

    Os ciclos trmicos aplicados ao TEG tm durao de 15 minutos (900

    segundos), em que a diferena de temperatura positiva na metade do ciclo e

    negativa na outra metade do ciclo trmico. Isso significa dizer que, so definidos

    valores de setpoint para as duas faces e na metade do ciclo esses valores so

    invertidos. Essa mudana de temperatura nas faces feita para tentar causar ao TEG-

    under-test choques trmicos de modo que o processo de degradao acelere. O ciclo

    trmico aplicado pode ser visto nos grficos da Figura 15.

    Sistema

    Trmico

    DAQ

    IHM LabView

    Fontes Fonte

    Driver

  • PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    46

    -40

    -20

    0

    20

    40

    0 2000 4000 6000 8000 10000

    Tem

    per

    atu

    ra T

    ()

    Tempo (s)

    Ciclo Trmico

    medido setpoint

    -0,4

    -0,2

    0

    0,2

    0,4

    0,6

    0 2000 4000 6000 8000 10000Ten

    so

    (V

    )

    Tempo (s)

    Ciclo Trmico na Tenso

    tenso

    FIGURA 15 - CICLO TRMICO E TENSO

    A diferena de temperatura escolhida para aplicao do ciclo trmico leva em

    considerao possveis aplicaes do TEG em um ambiente natural, onde as

    aplicaes devem ser de baixa potncia, e portanto aplicadas em tcnicas de energy

    harvesting. Assim, o de setpoint foi definido em 20, em que a temperatura inicial

    na face UP deve ser de 40 e a temperatura inicial na face DOWN deve ser de 20.

    Aps meio ciclo trmico os setpoints so invertidos, ou seja, a face UP deve chegar a

    20 e a face DOWN a 40. Nesse processo, o fluxo de calor na estrutura muda de

    sentido, como est representado na Figura 16, em que h fluxo descendente, como

    ilustrado pela Figura 16a e fluxo ascendente como est ilustrado na Figura 16b.

    FIGURA 16 - SENTIDO DE FLUXO DE CALOR

  • PLATAFORMA EXPERIMENTAL

    47

    O tempo em que a temperatura leva para que o sistema se estabilize no

    setpoint definido de aproximadamente 56 segundos para um positivo, e 90

    segundos aproximadamente para um negativo, como mostrado no ciclo trmico

    da Figura 15. A tenso medida, apresentada pela Figura 15, do TEG-under-test no

    inicio do processo, ou seja, a partir do primeiro ciclo trmico de aproximadamente

    430mV. A variao da tenso pode ser observada atravs do programa implementado

    em tempo real de modo que seja verificada o momento de inicio na degradao do

    material.

    Para a medio e clculo dos parmetros como o parmetro de figura de mrito

    ZT, condutividades trmica e eltrica, so apresentadas na seo seguinte.

  • 5 MEDIES E CLCULOS

  • MEDIES E CLCULOS

    49

    5 MEDIES E CLCULOS

    Para as medies e clculos dos parmetros do TEG-under-test foi utilizado o

    mtodo de Harman que, avaliado dentre outros mtodos dispostos na literatura,

    apresentou um erro de 2% quando comparado a outros mtodos como o mtodo

    frequncia-dependente, microscpio infravermelho, dentre outros (BARAKO, 2012;

    PARK, 2013). Segundo Barako (2012), em seu trabalho comparativo, o percentual

    apresentado pelo mtodo Hardman tolerante. Nas sees que seguem, o mtodo

    Harman apresentado e em seguida o mtodo aplicado nas medies e clculos.

    5.1 MTODO HARMAN

    O mtodo Harman foi proposto em 1958 por T. C. Harman (HARMAN, 1958).

    A metodologia baseia-se no fato da co-existncia de duas tenses: a tenso ()

    gerada pela diferena de temperatura (trmica) no mdulo e a tenso resistiva (),

    pela queda de tenso na resistncia interna do mdulo, a partir de uma pequena

    intensidade de corrente aplicada aos terminais do mdulo termoeltrico.

    O fluxo de calor gerado pelo efeito Peltier quando as faces do mdulo

    chegam ao estado de equilbrio, e assumindo que no h perdas de calor, o efeito

    Peltier entra em equilbrio com o efeito de transporte de calor, conhecido por efeito

    Fourier. Assim, tem-se que (BARAKO, 2012; YATIM, 2012; PARK, 2012)

    =

    (15)

    em que e so o coeficiente de Seebeck e a condutividade trmica,

    respectivamente, o comprimento da amostra, a seco transverso da

    amostra, a corrente aplicada ao mdulo, a temperatura ambiente e a

    diferena de temperatura gerada pelo efeito Peltier. O coeficiente de Seebeck e a

    resistividade eltrica podem ser calculados a partir das equaes

    =

    (16)

  • MEDIES E CLCULOS

    50

    =

    =

    (17)

    em que a tenso de Seebeck e a tenso em .

    A condutividade trmica pode ser retirada da relao dada pela figura de

    mrito em (12), e portanto tem-se a equao

    =

    =

    2

    (18)

    No momento em que a corrente flui, a diferena de temperatura produzida no

    mdulo termoeltrico gera uma tenso total (), que a soma das tenses de Peltier

    e de Seebeck, dadas portanto pela relao

    = + (19)

    Assim, uma vez que forem definidas as tenses, a figura de mrito ZT pode

    ser obtida a partir da equao (12). Uma vez que a figura de mrito depende dos

    parmetros que so calculados em (16), (17) e (18).

    Na prtica, as medies de e so feitas como est ilustrado na Figura

    17. No grfico da Figura 17a representada a curva da corrente () que aplicada

    ao mdulo termoeltrico por um perodo determinado, em que = . No

    mesmo perodo medida a variao de tenso que est sendo gerada pelo mdulo.

    Essa curva representada pela Figura 17b. A partir da curva de tenso que so

    retirados of valores das tenses total (), da tenso de Seebeck () e da tenso no

    resitor () (YATIM, 2012).

    O perodo deve ter durao tal que s faces do mdulo alcancem um estado

    trmico fixo, ou seja, a diferena de temperatura entre elas seja constante. Aps o

    perodo determinado, a corrente desligada e o processo pode ser repetido logo

    que o equilbrio trmico entre as faces do mdulo seja estabelecido. Isso significa dizer

    que o processo s deve ser repetido quando as temperaturas das faces forem iguais.

  • MEDIES E CLCULOS

    51

    (a) (b)

    FIGURA 17 - ILUSTRAO DO MTODO HARMAN

    5.2 MEDIES

    Para as medies das tenses e para fornecer uma corrente ao mdulo,

    como prope o mtodo de Harman, utilizou-se um sistema de aquisio myDAQ da

    National Instruments controlado por LabView tambm da National Instruments fornece

    ao mdulo uma corrente DC com intensidade de 10 por um perodo = 70

    segundos e ento cessa o fornecimento da corrente ( = 70), como apresentado

    no grfico da Figura 18. Aps esse perodo, a corrente se mantm desligada por 60

    segundos, tempo suficiente para que as temperaturas das faces entrem em equilbrio

    trmico, uma vez que o tempo de resposta do equilbrio trmico est em um intervalo

    menor, de 19 < < 35 .

    Os ciclos de corrente so efetuados 30 vezes, a fim de garantir maior preciso

    nos resultados. Os tempos dos ciclos de corrente e so utilizados a partir do

    trabalho de Barako (2012) cuja diferena nas medies est na quantidade de ciclos,

    que de 10 vezes.

  • MEDIES E CLCULOS

    52

    -0,004

    -0,002

    0

    0,002

    0,004

    0,006

    0,008

    0,01

    0,012

    0 20 40 60 80 100

    Ten

    so

    (V

    )

    Tempo (s)

    Tenso em Harman

    FIGURA 18 - CICLO DE CORRENTE

    Com o sistema de aquisio myDAQ tambm foram feitas as medies das

    variaes de tenso geradas pelo mdulo termoeltrico. Foram medidas tambm as

    temperaturas e nas faces do mdulo utilizando termopares tipo K.

    Desligar a fonte de corrente elimina a contribuio da tenso eltrica () e

    deixa apenas a contribuio da tenso trmica de Seebeck () (Figura 19). No

    momento em que a corrente () retirada, a corrente () a corrente fornecida pelo

    TEG e, a partir desses dados, pode-se calcular a resistncia interna do TEG ()

    utilizando a Lei de Ohm ( = ).

    FIGURA 19 - TENSO GERADA PELO MTODO HARMAN

  • MEDIES E CLCULOS

    53

    5.3 MEDIES CONSIDERANDO APLICAES DE CICLOS TRMICOS

    As tenses mdias geradas antes do mdulo ser submetido aos ciclos

    trmicos podem ser observadas no grfico da Figura 19. Aps 30 ciclos de corrente,

    os valores mdios de tenso foram = 8,348 , = 6,447 e = 1,902 .

    Das medies, tem-se ainda valores mdios de = 0,22 e = 1,127. O valor

    da corrente de Seebeck verificada em um multmetro, logo que a fonte de corrente

    deixa de fornecer ao mdulo a corrente ().

    Outros parmetros foram calculados a partir das equaes (12), (16), (17) e

    (18), e a resistncia interna a partir da Lei de Ohm. Os resultados dos clculos esto

    dispostos na Tabela 2.

    TABELA 2 - PARMETROS CALCULADOS ANTES DOS CICLOS TRMICOS

    Resistncia Interna () 1,688

    Coef. De Seebeck () 0,0308 V/K

    Condutividade Trmica () 2,1616 K.mm/mW

    Condutividade Eltrica () 0,368 /

    Figura de mrito ZT 0,08943

    Aps os clculos dos parmetros, iniciou-se o processo de ciclos trmicos,

    com as configuraes de = 20, com durao de 15 minutos por ciclo. H

    inverso do ciclo, que ocorre a cada 7min30seg do ciclo.

    A cada hora, os dados de temperatura e tenso so armazenados em um

    arquivo do Microsoft excel, o que totaliza 4 ciclos trmicos por hora. Isso possibilita

    manter o programa funcionando de maneira ininterrupta, alm disso, os dados esto

    armazenados no caso de uma possvel falha externa como queda de energia. O

    armazenamento dos arquivos foi feito em uma pasta compartilhada que pode ser

    acessada a partir de outro ambiente, o que permite uma acompanhado distncia do

    processo. Na Figura 20 mostrado o grfico do ciclo trmico em uma hora. So

    mostradas a curva de setpoint, que a curva da diferena de temperatura controlada.

  • MEDIES E CLCULOS

    54

    FIGURA 20 - CICLO TRMICO EM UMA HORA

    Aps aproximadamente 238 ciclos trmicos mais de 59 horas a que o TEG

    foi submetido, a tenso gerada comeou a apresentar degradao. A mdia da tenso

    inicial era de 430mV logo na primeira hora. Aps esses ciclos, a tenso gerada pelo

    TEG foi de aproximadamente 402mV, o que representa uma reduo de 6,51% da

    tenso inicial gerada.

    Em seguida, o TEG foi submetido a 548 ciclos trmicos durante 137 horas

    at a avaliao final de seus parmetros. Em aproximadamente 451 ciclos trmicos

    112 horas ficou evidente uma reduo na tenso gerada pelo TEG-under-test,

    como apresentado no grfico de tenso sobre ciclos trmicos apresentado pela

    Figura 21.

    FIGURA 21 - EFEITO DO CICLO TRMICO NA TENSO GERADA

  • MEDIES E CLCULOS

    55

    A tenso mdia aps o final de todos os ciclos trmicos, apresenta um valor

    de 383mV, que representa uma reduo de 10,93% em relao a tenso inicial.

    Novamente os parmetros so avaliados e no processo de avaliao, os valores de

    tenso j apresentaram um decaimento. Assim, tem-se os valores medidos de tenso

    = 7,969 , = 6,206 e = 1,764 .

    O valor mdio em tambm variou no momento em que o TEG foi avaliado,

    embora pouco, a queda foi percebida. Isso ocorre com a variao da resistncia

    interna do gerador termoeltrico. No momento em que foi avaliado com a mesma

    intensidade de corrente em que foi avaliado antes dos ciclos trmicos, a resistncia

    interna aumentou, o que imprimiu ao efeito Peltier maior resistncia. Assim, tem-se

    que o valor medido de = 0,21 e, para para a corrente de Seebeck, foi medido

    = 0,9523. Os valores dos parmetros calculados esto dispostos na Tabela 3.

    TABELA 3 - PARMETROS CALCULADOS APS CICLOS TRMICOS

    Resistncia Interna () 1,8538

    Coef. De Seebeck () 0,0296 V/K

    Condutividade Trmica () 1,9745 K.mm/mW

    Condutividade Eltrica () 0,4044 /

    Figura de mrito ZT 0,07266

    Ao comparar os valores da Tabela 2 prciclo trmico e da Tabela 3 psciclo

    trmico, verificam-se mudanas em parmetros. Na resistncia interna pode-se

    verificar um aumento, isso poderia ser percebido uma vez que a corrente medida

    psciclos foi menor que que a corrente prciclos. Assim, a resistncia interna teve um

    aumento de 9,79% quando comparada ao valor inicial.

    Para o coeficiente de Seebeck, que dependente da tenso de Seebeck ()

    e do produzido, verifica-se uma reduo de 3,89% em relao ao valor inicial. Na

    condutividade trmica, a reduo do significa menor fluxo de calor. Isso significa

    dizer que houve degradao na condutividade trmica, que representa uma queda de

    8,65% do valor inicial calculado. Com a queda na gerao de tenso, a condutividade

    eltrica sofreu degradao na ordem de 9,64% se comparada com o valor inicial.

  • MEDIES E CLCULOS

    56

    O parmetro de desempenho do TEG-under-test, ou figura de mrito ZT,

    tambm sofreu uma degradao e, por depender de parmetros como condutividade

    trmica e condutividade eltrica, alm do coeficiente de Seebeck, foi o parmetro com

    maior degradao quando comparado ao valor inicial. Assim, a figura de mrito

    apresentou degradao de 18,75% em relao ao valor inicial. Na Tabela 4 so

    dispostos os valores dos parmetros de modo que possam ser verificados em

    comparativo.

    TABELA 4 - COMPARATIVO PR E PS CICLOS TRMICOS

    PR CICLOS TRMICOS PS CICLOS TRMICOS

    Resistncia Interna () 1,688 1,8538

    Coef. De Seebeck () 0,0308 V/K 0,0296 V/K

    Condutividade Trmica () 2,1616 K.mm/mW 1,9745 K.mm/mW

    Condutividade Eltrica () 0,368 / 0,4044 /

    Figura de mrito ZT 0,08943 0,07266

    Para a mxima eficincia () esperada, que calculada pela equao (14),

    espera-se reduo uma vez em que a mxima eficincia depende da figura de mrito.

    Assim, para avaliaes iniciais dos parmetros, o percentual da eficincia para

    converso termoeltrica deve ser de 8,54% e a avaliao dos parmetros aps os

    ciclos trmicos, tem-se que a eficincia na converso de 1,39%. Para tanto, os

    valores de temperatura utilizados foram as temperaturas medidas sobre s faces do

    TEG-under-test quando avaliados pelo mtodo Harman.

  • 6 CONCLUSES

  • CONCLUSES

    58

    6 CONCLUSES

    Neste trabalho foram investigados a partir da imposio de variao de

    temperatura, os parmetros do TEG que esto relacionados ao seu desempenho. O

    TEG avaliado, foi um dispositivo comercial especfico. Para tanto, foi desenvolvida

    uma plataforma experimental formada por uma estrutura fsica que possue em seu

    interior dispositivos controlados por uma interface implementada em um computador.

    A plataforma experimental tem por finalidade impor aos dispositivos

    termoeltricos ciclos trmicos com variaes de temperatura em ambas as faces do

    dispositivo posto prova. A partir da aplicao dos ciclos trmicos, pode-se estudar o

    nvel de degradao na eficincia do dispositivo. Isso permite determinar por exemplo

    qual ambiente e qual aplicao mais adequada para um determinado dispositivo, uma

    vez que seja avaliado na plataforma.

    Na primeira etapa foi feito um estudo de como podem ser determinados os

    parmetros referentes ao desempenho do TEG. Para tanto, foi escolhido o mtodo de

    medio direta de Harman, proposto em 1958, pois apresentam um percentual baixo

    de erro quando comparado a outros mtodos. Assim, foram medidos os parmetros

    do TEG-under-test antes que este seja submetido ao processo de degradao pelos

    ciclos trmicos.

    Em uma segunda etapa o TEG-under-test foi submetido a ciclos trmicos por

    mais de 137 horas sobre ciclos com diferena de temperatura de 20, para que se

    aproxime mais s variaes naturais a que um dispositivo de baixa potncia ser

    submetido.

    Aps a aplicao dos ciclos trmicos, os parmetros do TEG-under-test foram

    avaliados mais uma vez, de modo que foram percebidas e constatadas degradaes

    nos parmetros avaliados. Isso significa portanto, que mesmo em ambientes em que

    as variaes de temperatura so baixas, submeter os TEGs a tais condies podem

    ainda sim, comprometer o seu desempenho. Um comparativo resumido dos

    parmetros prciclos e psciclos trmicos foi realizado.

    As degradaes dos parmetros podem comprometer portanto, o desempenho

    do TEG-under-test. Como sugesto de trabalhos que tomem por base este estudo,

    partir das comparaes nas degradaes dos parmetros apresentados pode ajudar

    a traar um tempo de vida til a este dispositivo, levando em considerao a variao

  • CONCLUSES

    59

    de temperatura em que o TEG deve operar. Para que este estudo seja mais

    aprofundado, necessrio que o TEG-under-test seja submetido a quantidades

    maiores de ciclos trmicos. Desse modo, pode ser traado um grfico de degradao.

    Avaliar sobre o mesmo perfil de temperatura pode ser interessante em vrios

    modelos de dispositivos TEG. Essa avaliao pode resultar em um modelo analtico

    para um possvel tempo de vida em um dispositivo termoeltrico.

    Enfim, para a proposta de avaliar a degradao no TEC1-12708 foi satisfatria

    visto que, o objetivo era verificar temperaturas naturais uma possvel degradao

    em seus parmetros. Outro ponto da proposta que funcionou de modo esperado foi a

    plataforma experimental, uma vez que cumpriu o propsito de imposio de ciclos

    trmicos sobre o material avaliado.

  • 7 TRABALHO PUBLICADO

  • TRABALHO PUBLICADO

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    7 TRABALHO PUBLICADO

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