Angola Os Portugueses e Os Bailundos

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Angola Os Portugueses e Os Bailundos PARTE X – KALUMBONJAMBONJA (O HOMEM QUE CASOU COM UM ALMA DO OUTRO MUNDO) – ROMANCE E AUTOBIOGRAFIA EM ANGOLA – OS BAILUNDOS, POR ARMANDO RIBEIRO SIMÕES – AS ÚLTIMAS 23 PÁGINAS PARTE D

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ESTA É UMA VERSÃO ACTUALIZADA E AMPLIADA de Kalumbonjambonja volume IV (Faltam 20 páginas para o fim deste romance). Em breve haverá nova ampliação. Fiquem na Paz! Stats: 855 Reads deste Romance!!! No WORDPRESS: 45 Views!!! 855 + 45 = 900 Leituras!!!!!!! Graça e Paz!

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Tendo-se esgotado todas as hipóteses de persuasão, então todos os brancos da vila,

unanimemente, fecharam as suas lojas e foram à Administração do Concelho, onde trabalhava

o atrevido, para o espancar, o que não foi possível pela intervenção do Administrador.

Depois retiraram a moçoila à força dos serviços de identificação, e levaram-na e a fecharam num quarto, forçadamente, sem

permissão para sair, ficando ela a fazer tricot.Uma amiga da moçoila, que servia de intermediária, enviava-

lhe revistas com desenhos de rendas, nas quais vinham secretamente as cartas do namorado, onde combinaram uma

fuga, com dia marcado e que fosse adequado.

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Neste dia, o Chefe da Secretaria estacionou o seu carro nas traseiras

http://estaticos.marca.com/multimedia/graficos/otrosdeportes/2010/bar_mad/contador_bar_

mad2010_02.swf da casa dos pais dela, que tem uma pista de aviões, e enquanto os pais

conversavam com um comerciante, que também sabia do segredo, numa noite escura,

ela saiu do quarto como quem ia à casa de banho, e foi ter com o namorado que a

esperava. Meteram-se no carro e começaram a fuga. Até que os pais da moçoila dessem pela

sua falta, eles já haviam percorrido uma grande distância, mas por azar, o carro

avariou. Os pais quando se aperceberam do sucesso organizaram uma perseguição, e em

três viaturas cheias de homens foram em busca dos fugitivos, tendo-os apanhado no local da avaria. Espancaram o homem até sangrar. A

partir dai a jovem estava profanada (desonrada) e já não servia para outro homem, e neste caso não havia outra alternativa senão

levá-los à Conservatória e realizar o casamento.

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Os angolanos que trabalhavam para o governo português eram submetidos a muita pressão pelos superiores brancos, e estavam sempre na mira da PIDE.

Muitos foram desterrados para S. Nicolau, pois os portugueses não gostavam de ver os angolanos serem funcionários públicos.

Entretanto no norte de Angola a guerra ganhava grandes proporções. Os guerrilheiros já não utilizavam catanas mas armas automáticas, e as suas bases situavam-se fora das fronteiras.

Haviam dois movimentos principais, MPLA e FNLA, que lutavam para o mesmo fim – a independência de Angola -, o MPLA tinha a sua base no Congo e a FNLA em Brazaville. No

momento a Unita ainda não existia.

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Os portugueses da Vila de Mungo, temendo que os bailundos os atacassem, passavam as noites na Capela Católica da vila; furavam

buracos nas paredes por onde metiam os canos das armas para se defenderem caso fossem

atacados. Por seu lado os bailundos não tinham quaisquer intenções de o fazer, mas até

os ajudavam a combater contra os seus compatriotas do Norte. Iam voluntariamente à tropa como pessoas civilizadas e já não como indígenas, como lhes diziam ser antigamente,

que nos tempos passados eram soldados descalços e os vestiam com fardamento de

caqui, composto de calção e casaco.

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Os portugueses que dormiam na Capela, todas as noites, por medo prendiam as pessoas negras civilizadas, que vestiam

roupa limpa e passada a ferro, e as torturavam na Torre da Capela, prendendo-as nas cadeias, alegando que eram essas

pessoas que um dia poderiam a governar em Angola. Os bailundos, apesar dos sofrimentos que recebiam dos

portugueses, sempre se esforçaram por defender a soberania portuguesa de Angola, que até muitas vezes vinham os aviões com soldados bailundos mortos em combate no Norte, para

serem sepultados nos seus locais de nascimento. Havia grande carnificina, visto estes portugueses intentarem exterminar a

população negra de Angola. Todas as noites saiam esquadrões da morte para as aldeias para matarem as populações, quando

se encontrassem a dormir. Na Gabela, as autoridades portuguesas locais, prendiam as populações das aldeias,

homens, mulheres e crianças, ordenando-lhes para fazerem filas compridas, de mãos dadas, obrigando a pessoa da frente a colocar a sua mão num cabo eléctrico para passar o choque a toda a gente da fila. Noutras áreas usavam aviões para lançar

bombas nas aldeias. Mesmo que os bailundos não fizessem guerra contra os lusos, mesmo assim eram constantemente incomodados e presos pela PIDE; alguns foram mortos, e

outros foram enviados para o campo de concentração de S. Nicolau, acusados de terroristas. Neste campo havia vários meios de tortura, submetendo os presos a uma morte lenta. Amarravam as pessoas com os braços levantados, presos em

cima de uma rede, e pela manhã e à tarde os picavam com um sabre. Isto durante dias seguidos, até que morresse

lentamente. Havia também um forno onde queimavam os prisioneiros ainda vivos.

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Os brancos viam-se tão desorientados e inseguros, que não sabiam mais o que fazer, pois em vez de irem aos locais de

combate para fazerem frente aos guerrilheiros que os combatiam, chamados de terroristas, massacravam as

populações indefesas que com eles viviam, as quais também desconheciam o que se passava nas frentes de combate. Até os

grandes batalhões de soldados portugueses que Salazar enviava para Angola para defender as populações brancas.

Muitos dos guerrilheiros não iam para a frente dos combates por estarem fora das fronteiras, de onde surgiam para fazer a guerra às colunas militares portuguesas, com emboscadas e outras estratégias de guerrilha, para os atacar nas cidades e

vilas.

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(»»» CORRELIGIONÁRIOS ESTE POST JÁ CONTINUA ABAIXO; STATS: FALTAM 20

PÁGINAS DE TESTEMUNHO)

Um Administrador já idoso fora transferido do norte de Angola para o Concelho do Mungo. Tinha uma mão danificada pelas catanas dos revoltosos e, por vingança, descarregava a sua

raiva contra os bailundos, com uma barra de ferro. Um outro, chamado António Matoso Quaresma, que também fora transferido para o Mungo, era um homem diabólico; espancava

diabolicamente todos quantos ele visse que poderiam vir a ser dirigentes de uma Angola independente. Batia nas pessoas com paus ou chicote até as vítimas desmaiarem, dando-lhes

uma injecção para recuperarem os sentidos, para serem novamente espancadas. Todas as semanas enviava viaturas cheias presos inocentes para Nova Lisboa, onde estava a cadeia da

PIDE, de onde depois seguiam para S. Nicolau.

Uma certa ocasião um grupo de sobas, que em virtude de entregarem poucos impostos, cobrados aos seus conterrâneos, esse mesmo Administrador, refiro-me ao Quaresma, alinhou-os no seu gabinete e os espancou brutalmente. O chão ficou todo manchado do sangue espirrado pelos narizes dos sobas com a pancada; mandou que eles tirassem os casacos e com eles limpassem o soalho. Ao ver toda aquela brutalidade desumana por parte do Administrador, ganhei coragem para pedir misericórdia em nome da bandeira portuguesa, para que não desrespeitasse desta forma estas pessoas, pois também eram autoridades

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tradicionais entre o povo de Angola. A minha aitude causou-lhe uma fúria terrível contra a minha pessoa. Pegou-me pela camisa e esbarrou-me contra as paredes, ameaçando-me com a PIDE e que me enviaria para S. Nicolau.A PIDE era quem mais torturava os angolanos. Todo o angolano que refilasse a um português era logo enviado para a PIDE e seguia para o campo de concentração. Uma ocasião um português, de noite, foi a uma sanzala em busca de prostitutas. Bateu na porta de casa de uma rapariga que nesse momento dormia, que ao ouvir o batimento gritou por socorro. Os homens da sanzala acordaram, indo em seu encontro, sendo depois esse português corrido de lá. No dia seguinte apareceu a PIDE prendendo todos os homens, que depois de torturados foram internados no campo de prisioneiros, acusados de quererem maltratar um branco.Em todos os concelhos da Província do Huambo só havia perseguição contra os habitantes do Mungo, que eram inocentes. Noutros concelhos apenas prendiam os que fossem apanhados em flagrante, lutando contra os portugueses, se de facto houvessem provas. Até o Governador da Província de Huambo fez todos os possíveis para evitar que a revolta do Norte se estendesse às terras do seu Governo, salvando também muitos que foram acusados falsamente das calúnias dos lusos.Houve um grupo de colonizadores vindos de Portugal para construírem uma auto-estrada, conhecida por Lusodana, que ia até Lobito. Eles haviam caluniado um professor, chamado Pedro Paulo, o qual possuía uma escola na área administrativa de Londuimbali, acusando-o de possuir armas para atacar os portugueses da área. Foram ter com o Chefe do Posto pedindo autorização para eliminar o dito professor. O Chefe do Posto disse-lhes que não tina competência para uma ordem destas. Foram depois ao Bailundo contar as mesmas calúnias ao Administrador, pedindo autorização para atacarem o docente. O Administrador ficou furioso contra o docente, acompanhou-os à casa do acusado para saber onde tinha as ditas armas. Foram nas viaturas até ao local, mandando que lhes fossem mostradas as armas, mas tiveram de se calar perante o desmentido de não haver armas nenhumas. Perante isto, o Administrador não podia ter outra atitude senão expulsá-los, mandando-os de volta para Portugal.

PRISÃO DE QUEM TIVESSE A OTALA, TORTURAS E MORTE DE ADÚLTEROS E

DE ADIVINHAÇÃO

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Tendo acabado o estatuto do indigenato, também a mesma identificação em que eu trabalhava, estatuto que fora revogado, por este motivo passei a ser recenseador das populações. Era um serviço enfadonho para mim, pois percorria as aldeias de bicicleta, onde tinha muita gente para recensear.

Quando fazia este trabalho no sobado do Cunjo, reparei que havia muitas pessoas com deficiências causadas pela otala. Uns com deficiências nos pés, outros com pernas torcidas e muitos com falta de membros superiores ou inferiores. Perguntei porque é que estas pessoas tinham estas incapacidades, e as pessoas a uma diziam: “É que nesta aldeia há quem tenha a otala, o que provoca todos estes males em muita gente”.

Perguntei então que me dissessem os nomes desses tais possuidores da otala para que fossem julgados, mas por medo ninguém quis dizer nomes temendo vingança.

Desta forma, à medida que ia fazendo o recenceamento, entregava um papelinho a cada um dos que eram chamados, e dizia-lhes que escrevessem o nome de todos os que suspeitassem ter a otala.

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No fim do recenseamento, em todos os papéis havia apenas dois nomes suspeitos. Mandei que essas pessoas viessem à minha presença para que fossem interrogados. Perguntei a um deles a razão que o tem levado a fazer todo aquele mal às pessoas com a otala. Ele disse-me que não tinha otala nenhuma, e que todas aquelas denúncias eram falsas calúnias. Então dei ordem ao cipaio que me acompanhava para o castigar, para desta maneira o obrigar a confessar. O cipaio, então, usou o seu cinturão e lhe bateu nas costas, até que ela confessasse. Sempre confessou, e pedi-lhe para que ele entregasse o objecto para ser destruído, e assim não houvesse mais vítimas. Como o não queria entregar, obriguei-o a levar-me ao local onde guardava a otala. Pensava que me conduzisse a casa, onde fariamos uma revista, mas conduziu-nos a um alto monte. Quando ali chegamos, levantou uma grande pedra de onde retirou a referida otala, que se encontrava embrulhada numa pele de cabrito. Eram cabeças secas de cobras venenosas, como a vívora, cabeças de maribondos, de abelhas, de lagartixas, de camaleões, etc., as quais torrava com óleo de palma e depois reduzia a pó. Todo aquele que tivesse contacto com esse pó, fosse no caminho ou colocado em qualquer objecto, logo ficava contaminado com os efeitos nefastos dele, vindo depois a sofrer deformações físicas. Muitas vezes era colocado nos guiadores de bicicletas, nos cabos das enxadas, nas maçanetas das portas, etc. Bastava tocar nesse pó, que é difícil de detectar, que a pessoa ficava logo afectada no seu corpo, pois o efeito quimico penetra no corpo até aos ossos.

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Este era um tempo de grande perturbação para mim, visto que além de estar sempre na mira da PIDE, e ter saído da Missão Evangélica, a tal mulher que me perseguia com as suas feitiçarias, quando por lá andava, passei a sonhar novamente com ela como anteriormente, em que me apresentava, nos sonhos, mulheres nuas, mulheres tão altas como a torre duma igreja, dum Templo SUD ou dum minarete, e me dizia: “Eis aqui uma mulher para ti!”

Mas desta vez também me trazia uma serpente venenosa. Isto na feitiçaria africana era a evidência de que aquela mulher só pretendia eliminar-me, pois quando ainda da minha presença na Missão, colocava-me um cazumbi no meu caminho para ser tentado com as mulheres alheias, o que constituia um grande perigo para mim, pois os homens bailundos, quando se tratava das suas mulheres, são muito ciumentos. O ciúme que tem por elas tem um nome terrível, que é “Ukuelume”.

Quanto a este ciúme que os bailundos têm pelas suas mulheres, há alguns factos verídicos que gostaria de narrar e presenciados por mim:

Quando estive no Mungo tinha um vizinho chamado Katombela, e a sua esposa chamava-se Anastácia. Uma manhã apareceram ali dois irmãos de Katombela, que lhe disseram: “Ontem à noite apanhamos a cunhada Anastácia adulterando com o António”. Katombela ao ouvir isto ficou furioso e disse aos seus irmãos: “Konjupili lonjanga (Vão já buscá-lo)”.

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Passado algum tempo os dois irmãos traziam o tal adúltero amarrado e posto na frente de Katombela, que ficou tão furioso que até parecia comê-lo vivo. Ajudado por os seus irmãos, deu-lhe uma carga de pancada até ao desgraçado defecar. Depois estenderam-no no chão, ataram-lhe as pernas com uma corda, suspendendo-o no ramo de uma árvore de cabeça para baixo, e depois de o espancarem com um cacete até se cansarem, desceram o homem da árvore e o estenderam novamente no chão, fazendo-o beber uma composição extraída de raízes de uma planta chamada olondeia, para o tornar impotente sexualmente para toda a vida. Finalmente, estenderam-no novamente no chão, tomaram uma enxada com cabo comprido, foram a uma retrete e de lá tiraram uma porção de excrementos podres e cheios de bichos, abriram a boca do adúltero e lhe meteram todos aqueles excrementos pela garganta a baixo. Um pisava-lhe a garganta com o pé, para o sufocar, enquanto outro metia-lhe as fezes na boca, e quando a boca ficava cheia o outro levantava o pé para que ele ao aspirar o ar que lhe faltava, ao mesmo tempo tinha que engolir o que tivesse na boca. Daí o dito: “Quem mexer em saias alheias comerá os excrementos”.

Outro caso foi de dois rapazes que tinham casado no mesmo dia e vizinhos um do outro. Um destes casais tinha filhos e o outro não. Aconteceu que na véspera de um Natal, o que tinha filhos foi à mata apanhar a lenha para a festa, que ficava no outro lado do rio. Quando chegou junto do rio encontrou a mulher do vizinho, que não tinha filhos, em busca de água, à qual lhe disse:

- Nós que casamos juntamente convosco já temos três filhos, quando vocês ainda não têm nenhum. Isso é mau para nós os negros, pois os filhos são a nossa riqueza, e serão eles que tratarão de nós na velhice. – Então a mulher respondeu:

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- Temos feito tudo para resolver este problema; andamos já pelos hospitais e curandeiros, mas sem nenhum resultado.

O vizinho então lhe disse:

- Pelos vistos o teu marido é que não pode dar filhos! – e ela respondeu:

- Se assim for significa que não temos solução para este problema!

Depois o outro falou:

- Solução há! Vais então ficar sem filhos, se existem tantos homens que te poderiam ajudar, e eu poderia um deles! Ora hoje era o dia adequado para te engravidar, e como estamos em dia de festa, e certamente como todas as pessoas vão estar entretidas durante a noite nas danças, aí podemos aproveitar uma oportunidade de escaparmos para um lugar sem que alguém perceba.EN DIRECTO y EN DIFERIDO:

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GALICIA, CAMIÑO DO PAPA

11/11/2011

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Alfredo Relaño

El director de AS charlará sobre el ‘Clásico’. LUNES | 12:00/11:00 OPORTO/LX

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