Angiologia Aula e Roteiro

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ANGIOLOGIA 1) Conceito: A angiologia, em sentido estrito, significa o estudo dos vasos, mas seu alcance é convenientemente ampliado, incluindo o coração, o baço e diversos órgãos linfáticos, além das artérias, veias e outros vasos. Um sistema circulatório é essencial para qualquer organismo que ultrapasse o tamanho relativamente simples em que a difusão é capaz de distribuir o combustível metabólico e outras substâncias necessárias pelos tecidos, bem como remover seus produtos, sejam resíduos para excreção ou materiais utilizados em qualquer outra parte. Evidentemente, a massa critica deve variar com o nível de atividade metabólica. É logo atingida no embrião mamífero em crescimento rápido, cujo sistema circulatório, embora não seja o primeiro a se formar, é o primeiro sistema corpóreo a atingir um "estado funcional". Todo ser vivo só consegue sobreviver se tiver um suprimento nutritivo adequado, que é oriundo da alimentação e através da absorção, é incorporado ao sangue. O sangue passa a ser, então, o veículo transportador destes nutrientes (elemento carreador). O sistema circulatório é um sistema hermeticamente fechado, cujo órgão central é o coração que bombeia o sangue para todas as partes do corpo. O sangue está constituído por células: Linhagem vermelha: são os eritrócitos ou hemácias (transportam oxigênio). Linhagem branca : são os linfócitos (defesa orgânica). Todo o sistema é fechado (circulação por vasos sanguíneos). 2)Funções: transportar substâncias nutritivas eO 2 às células; recolher os produtos do metabolismo e o CO 2 conduzir catabólitos; produzir estruturas que estão relacionadas com a defesa do organismo, 3) Divisão do sistema circulatório: 3.1) Sistema vascular sanguíneo: O humor é o sangue, e os elementos encarregados de transportá-lo são: ü Coração ü Vasos sanguíneos (artérias, capilares e veias) 3.2) Sistema vascular linfático: O humor é a linfa e os elementos encarregados de transportá-la são: ü órgãos linfóides (timo, baço, linfonodos e tonsilas); ü Vasos linfáticos (capilares linfáticos e vasos linfáticos aferentes ou eferentes). 3.3) Órgãos hematopoiéticos: ü Medula óssea ü Fígado ü Órgãos linfóides (linfonodos, hemolinfonodos, tonsila, placas de Peyer, timo, baço). 4) Órgãos do sistema circulatório:

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ANGIOLOGIA

1) Conceito: A angiologia, em sentido estrito, significa o estudo dos vasos, mas seu alcance é convenientemente ampliado, incluindo o coração, o baço e diversos órgãos linfáticos, além das artérias, veias e outros vasos. Um sistema circulatório é essencial para qualquer organismo que ultrapasse o tamanho relativamente simples em que a difusão é capaz de distribuir o combustível metabólico e outras substâncias necessárias pelos tecidos, bem como remover seus produtos, sejam resíduos para excreção ou materiais utilizados em qualquer outra parte. Evidentemente, a massa critica deve variar com o nível de atividade metabólica. É logo atingida no embrião mamífero em crescimento rápido, cujo sistema circulatório, embora não seja o primeiro a se formar, é o primeiro sistema corpóreo a atingir um "estado funcional". Todo ser vivo só consegue sobreviver se tiver um suprimento nutritivo adequado, que é oriundo da alimentação e através da absorção, é incorporado ao sangue. O sangue passa a ser, então, o veículo transportador destes nutrientes (elemento carreador). O sistema circulatório é um sistema hermeticamente fechado, cujo órgão central é o coração que bombeia o sangue para todas as partes do corpo. O sangue está constituído por células:

• Linhagem vermelha: são os eritrócitos ou hemácias (transportam oxigênio). • Linhagem branca: são os linfócitos (defesa orgânica).

Todo o sistema é fechado (circulação por vasos sanguíneos). 2)Funções: Ø transportar substâncias nutritivas eO2 às células; Ø recolher os produtos do metabolismo e o CO2 Ø conduzir catabólitos; Ø produzir estruturas que estão relacionadas com a defesa do organismo,

3) Divisão do sistema circulatório:

3.1) Sistema vascular sanguíneo: O humor é o sangue, e os elementos encarregados de transportá-lo são: ü Coração ü Vasos sanguíneos (artérias, capilares e veias)

3.2) Sistema vascular linfático: O humor é a linfa e os elementos encarregados de transportá-la são: ü órgãos linfóides (timo, baço, linfonodos e tonsilas); ü Vasos linfáticos (capilares linfáticos e vasos linfáticos aferentes ou eferentes).

3.3) Órgãos hematopoiéticos: ü Medula óssea ü Fígado ü Órgãos linfóides (linfonodos, hemolinfonodos, tonsila, placas de Peyer, timo,

baço).

4) Órgãos do sistema circulatório:

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4.1) Coração O coração é o órgão central do sistema circulatório, funcionando como uma bomba aspirante e premente, destinada a manter constante o fluxo sanguíneo nos vasos. Está localizado na cavidade torácica, estando sua base localizada junto ao mediastino médio e o seu ápice, localizado preso ao osso esterno (por meio, do ligamento externo do pericárdio), e sendo sustentado pelos vasos e demais estruturas que a ele chegam. Situa-se assimetricamente no tórax, com a maior parte (digamos 60% à esquerda do plano mediano. A projeção do coração na parede torácica estende-se entre a terceira e a sexta costelas (ou nas imediações); como resultado grande parte do coração fica coberta pelo cíngulo escapular, um considerável obstáculo para o exame clínico, especialmente nas grandes espécies . É, portanto um músculo central, cavitário (oco), que funciona como uma bomba contrátil propulsora e com capacidade de contração (sístole) e relaxamento (diástole), dando propulsão ao sangue, sendo a porção mais larga a base e a porção mais estreita o ápice. Tem forma de um cone irregular, com a base (porção mais larga) voltada dorsalmente e o ápice (porção mais estreita) ventralmente. Apresenta duas faces (face auricular ou esquerda e face atrial ou direita), duas bordas (borda ventricular direita, voltada cranialmente e borda ventricular esquerda, voltada caudalmente). As faces do coração são percorridas por dois sulcos perpendiculares a base: Sulco interventricular paraconal ou esquerdo e sulco interventricular subsinuoso ou direito. Estes sulcos marcam externamente a divisão das cavidades ventriculares pelo septo interventricular. O sulco interventricular paraconal é o mais desenvolvido. Próximo à base o coração é circundado quase que inteiramente por um sulco transversal paralelo à base, o sulco coronário, que representa externamente o limite entre os átrios e ventrículos. O coração é constituído pelo: miocárdio (músculo estriado cardíaco - involuntário, camada média) epicárdio (serosa responsável pelo revestimento externo, pericárdio visceral), endocárdio (serosa responsável pelo revestimento interno). Este órgão é quase completamente envolvido pelo pericárdio, que se adapta com perfeição ao seu redor. O pericárdio forma assim um saco fibroseroso no qual está contido o coração e a raiz dos grandes vasos. Sua forma acompanha a do coração, isto é, cônica e com o ápice voltado para o esterno. É composto de duas lâminas: pericárdio fibroso e pericárdio seroso. O pericárdio é em sua essência um saco seroso fechado, tão profundamente invaginado pelo coração que seu lúmen fica reduzido a uma simples fenda capilar. Esse espaço contém líquido seroso, normalmente em quantidade suficiente para permitir o fácil movimento da parede do coração contra seu revestimento. As lâminas visceral e parietal do pericárdio prolongam-se entre si em uma reflexão complexa, que segue sobre os átrios e as raízes dos grandes vasos. A lâmina visceral encontra-se tão perfeitamente aderida à parede do coração que pode ser descrita como um componente da mesma, o epicárdio. A lâmina parietal adquire um espesso revestimento fibroso externo que se funde com a adventícia dos grandes vasos dorsalmente e continua por um ligamento no ápice ventral do saco. Este usualmente se une ao esterno (ligamento esternopericárdico), mas liga-se ao diafragma (ligamento frenicopericárdico) nas espécies em que o eixo cardíaco é mais oblíquo. Estes ligamentos impõem uma rigorosa restrição à mobilidade do coração embora ocorra um leve movimento a cada excursão respiratória. Assim, temos: . . - Pericárdio fibroso: é o envoltório mais externo, fibroso e resistente, do coração. É revestido externamente pela pleura mediastinal, que a este nível passa a chamar-se pleura pericardíaca, sendo cruzado pelos nervos frênicos. Está preso à face dorsal do esterno por uma condensação fibrosa, o ligamento esternopericardíaco. A face interna do pericárdio fibroso é revestida pela lâmina parietal do pericárdio seroso.

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- Pericárdio seroso: é urna membrana serosa de dupla parede que envolve o coração. Internamente ao pericárdio fibroso. Compõe-se de duas lâminas: parietal e visceral, A lâmina parietal constitui o revestimento seroso, brilhante, da face interna do pericárdio fibroso. A lâmina visceral, também conhecida como epicárdio, é uma delgada película que reveste a superfície externa do coração, estando em intimo contato com o miocárdio. O estreito espaço situado entre as lâminas parietal e visceral constitui a. cavidade pericardíaca. Esta cavidade é preenchida por um líquido - liquido pericardíaco – secretado pelo próprio pericárdio. Este líquido pode estar aumentado nos casos de inflamação do pericárdio (pericardite). O coração é dividido internamente em quatro compartimentos: átrio direito, ventrículo direito, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. Os dois átrios são separados por um septo interno assim como os dois ventrículos, mas o átrio e o ventrículo de cada lado comunicam-se através de uma grande abertura. O coração é, portanto constituído de duas bombas que ficam dispostas em série, mas combinadas no interior de um único órgão. A bomba direita recebe sangue desoxigenado ("venoso") do corpo e o lança no tronco pulmonar, que o conduz aos pulmões para reoxigenação; a bomba esquerda recebe o sangue oxigenado (arterial) dos pulmões e o lança na aorta, que o distribui mais uma vez ao corpo. Assim, a base do coração é formada pelos átrios de paredes delgadas, nitidamente separados dos ventrículos por um sulco coronário. Os átrios direito e esquerdo unem-se em uma formação contínua em U, que envolve a origem da aorta; a formação é interrompida craniossinistramente onde cada átrio termina em um apêndice cego livre, a aurícula, que se sobrepõe à origem do tronco pulmonar. Os ventrículos constituem uma parte muito maior do coração, que também é muito mais firme devido à maior espessura das paredes. Embora os ventrículos se fundam externamente, suas extensões separadas são definidas por sulcos rasos que descem em direção ao ápice. O sulco paraconal (esquerdo) segue junto à face cranial do coração; já o sulco subsinuoso (direito) segue junto à face caudal, ambos conduzem vasos substanciais que acompanham as bordas do septo interventriculares e juntas revelam a disposição assimétrica dos ventrículos. Átrio direito: É formado por uma cavidade central, a qual se prolonga em um divertículo em fundo cego, a aurícula do átrio direito, cujo ápice está voltado para a face auricular ou esquerda do coração, relacionando-se com a origem do tronco pulmonar. Externamente; a borda ventral da aurícula apresenta-se pregueada, este pregueamento corresponde internamente às cristas musculares, denominadas músculos pectíneos, que também são encontrados na face interna da parede lateral do átrio. O restante da parede lateral do átrio direito é lisa. O átrio direito apresenta os seguintes orifícios: Ø Óstio da veia cava cranial: Esta veia, antes de desembocar na parede dorsal

do átrio direito, corre numa pequena extensão sobre a parede dorsal da aurícula direita, formando com esta um ângulo fechado, que é denominado sulco terminal. Internamente, o sulco terminal corresponde a uma elevação, a crista terminal que marca o limite entre a cavidade do átrio e a cavidade da aurícula.

Ø Óstio da veia cava caudal: Situa-se caudalmente ao óstio da veia cava cranial, do qual está separado por uma elevação vertical, a crista intervenosa.

Ø Óstio do seio coronário: Situa-se veritra1mente ao óstio da veia cava caudal. Ao nível dele pode-se encontrar uma pequena válvula, a válvula do seio coronário, rudimentar.

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Ø Óstio atrioventricular direito: É uma ampla abertura circular que comunica ventralmente o átrio direito com o ventrículo direito.

O átrio direito está separado do átrio esquerdo pelo septo interatrial. No feto, este septo é perfurado pelo forame oval. No adulto este forame está ocluído, encontrando se em seu lugar, uma depressão ovoide pouco profunda, a fossa oval.

• Átrio esquerdo: Apresenta, como o direito; uma cavidade central e uma expansão em fundo cego, a aurícula do átrio esquerdo. Esta é geralmente a menor que a do átrio direito e seu fundo cego está situado caudalmente ao tronco pulmonar. A superfície interna da aurícula esquerda também se apresenta forrada por músculos pectíneos. No átrio esquerdo abrem-se os óstios das veias pulmonares, que são em número de quatro e seis nos ruminantes. Ventralmente, o átrio esquerdo comunica-se com o ventrículo esquerdo através do óstio atrioventricular esquerdo.

• Ventrículo direito: Situa-se ventralmente ao átrio direito, formando a maior

parte do contorno cranial do coração. Está separado do ventrículo esquerdo pelo septo interventricular. Sua parede é mais delgada e sua cavidade mais ampla que a do ventrículo esquerdo. Ele se prolonga dorsocaudalmente na face auricular (esquerda), formando uma expansão alongada, o cone auricular, que termina ao nível do óstio do tronco pulmonar. Sua face interna apresenta rugosidade e saliências, as trabéculas cárneas, mais desenvolvidas nos limites com o septo interventricular. Unindo a parede ao septo são encontradas uma ou mais pontes musculares, as trabéculas septomarginais, das quais uma é particularmente bem desenvolvida.

O óstio atrioventricular direito é circundado por um anel fibroso, que mantém sua circunferência aproximadamente constante durante as contrações cardíacas. Sua borda é guarnecida pela válvula atrioventricular direita ou tricúspide constituída por três válvulas, as cúspides, formadas por pregas do endocárdio. As cúspides têm forma mais ou menos triangular e prendem-se ventralmente por meio das cordas tendíneas, com elevações abauladas denominadas músculos papilares, situadas nas paredes do ventrículo e no septo interventricular. Existem no ventrículo direito três músculos papilares, dois situados no septo interventricular e o terceiro na parede. Em cada músculo papilar inserem-se as cordas tendíneas de duas cúspides. O óstio atrioventricular direito está separado do óstio do tronco pulmonar por potente crista muscular, denominada crista supra-ventricular, que auxilia na expulsão do sangue pelo cone arterial.

• Ventrículo Esquerdo: Possui parede mais espessa que o ventrículo direito e, no cadáver, sua cavidade apresenta-se bastante reduzida devido à contração muscular. As trabéculas septomarginais, semelhantes às do ventrículo direito, variam em número e forma.

No ventrículo esquerdo abrem-se o óstio atrioventricular esquerdo e o óstio da aorta. O óstio atrioventricular esquerdo tal como o direito, está também guarnecido por um anel fibroso e a valva atrioventricular esquerda compõem-se de duas cúspides ou válvulas, que se inserem por meio de cordas tendíneas em dois músculos papilares situados na parede do ventrículo. O óstio da aorta, situado cranialmente ao óstio atrioventricular esquerdo, é guarnecido pela valva aorta, composta de três válvulas

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semilunares. Nos ruminantes adultos pode-se encontrar o osso do coração envolvendo o óstio da aorta.

Externamente ao coração temos:

Sulcos coronários: Com disposição transversal e localizado na base do coração, separando os átrios (porção dorsal) dos ventrículos (porção ventral).

Sulcos interventriculares: Separando os dois ventrículos, são: Sulco interventricular paraconal ou esquerdo (vai alojar a artéria no ramo interventricular paraconal). Sulco interventricular subsinuoso ou direito (vai alojar a artéria no ,ramo interventricular subsinuoso ). Obs: Nos ruminantes, o ramo interventricular subsinuoso ou direito representa a continuação do ramo circunflexo paraconal ou esquerdo. Internamente ao coração, temos: Septos cardíacos: São eles: Septo interatrial; Septo interventricular; Septo atrioventricular direito (com o óstio atrioventricular direito); Septo atrioventricular esquerdo (com o óstio atrioventricular esquerdo). -Valva: Controla a passagem do sangue entre os átrios e ventrículos. É um mecanismo orientador da corrente sanguínea. É composto por válvulas ou cúspide. O ponto de fixação das valvas são músculos papilares por meio das cordas tendíneas. Temos: Valva atrioventricular direita (valva tricúspide); Valva atrioventricular esquerda (valva bicúspide); VaIva aórtica (composta por 3 válvulas semilunares); Valva troncopulmonar (também composta por 3 válvulas semilunares); -Trabéculas cárneas: São pregas existentes na parede dos ventrículos. -Músculos pectíneos: são pregas existentes na parede dos átrios. Os vasos que chegam ao átrio direito são: -Veia cava cranial (transporta o sangue proveniente da cabeça, do pescoço, dos membros torácicos, parte da cavidade torácica e a parede do tórax); -Veia cava caudal (transporta o sangue proveniente do restante da cavidade torácica, parede torácica, parede abdominal, cavidade pelvina e membros pelvinos).

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-Veia seio coronária: Esta veia é formada pela união da veia cardíaca magma ou máxima, com a veia ázigos esquerda. Ela irá desembocar no átrio direito e é responsável pela drenagem do coração. Os vasos que chegam ao átrio esquerdo são: -Veias pulmonares (de dois a quatro pares). Os vasos que saem do ventrículo direito são: -Artéria tronco pulmonar (guarnecida pela valva tronco pulmonar) que se ramifica em: artéria tronco pulmonar direita e artéria pulmonar esquerda. Os vasos que saem do ventrículo esquerdo são: -Artéria aorta (guarnecida pela valva aórtica), As artérias que irrigam o coração são: - Artéria coronária direita: origina do ramo circunflexo direito e o ramo interventricular subsinuoso. -Artéria coronária esquerda: origina o ramo circunflexo esquerdo e O ramo interventricular Paraconal. 4.2) Vasos sanguíneos: - Artérias: São órgãos tubulares nos quais o sangue circula centrifugamente em relação ao coração. No animal vivo, as artérias têm cor rosada, apresenta pulsação característica e, quando são seccionadas, o sangue sai em esguichos. No cadáver têm cor esbranquiçada, De acordo com o calibre, elas podem ser classificadas em artéria de grande, médio e pequeno calibre, mas também arteríolas. Nas artérias de grande calibre predomina o tecido elástico, e por isto são denominadas artérias elásticas. As artérias de médio e pequeno calibre são conhecidas como musculares em razão do grande contingente de fibras musculares lisas que participam na constituição de suas paredes. O tecido elástico, embora reduzido, ainda continua presente. As arteríolas são as últimas divisões das artérias. Em geral, elas ocorrem no interior dos órgãos. Suas paredes são constituídas predominantemente de fibras musculares lisas. As arteríolas oferecem grande resistência ao fluxo sanguíneo, diminuindo a pressão do sangue antes de circular nos capilares.

- Veias: As veias formam a parte da rede de vasos sanguíneos que transporta o sangue dos tecidos para o coração O sentido da corrente sanguínea nas veias é, portanto, contrário daqueles nas artérias. Os pequenos vasos que recolhem o sangue dos plexos capilares constituem as vênulas. Estas confluem para veias que se tornam cada vez mais calibrosas à medida que se aproximam do coração. A estrutura da parede das veias é semelhante à das artérias. No entanto, a parede é mais delgada que a das artérias correspondentes. Por outro lado, seu diâmetro é geralmente maior que as das artérias correspondentes, sua túnica media tem poucas fibras musculares lisas e pouco tecido elástico.

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Características das artérias: v Relacionadas com os ventrículos v Irrigam v Sentido centrífugo (saem do coração) v Cor rósea no vivente v Parede mais espessa v Lúmen menor v Sangue com pressão alta (jorra) v Menor quantidade v Mais protegidas (profundas) v Pulsação é arterial

Características das veias: v Relacionadas com os átrios v Drenam v Sentido centrípeto (entram no coração) v Cor azulada v Parede mais fina (delgada) v Lúmen maior v Sangue escorre v Maior quantidade (suas superficiais não possuem artérias correspondentes) v Menos protegidas (superficiais ou profundas) v Não pulsa

Capilares: Os capilares formam extensas redes de vasos sanguíneos microscópicos situados no interior dos órgãos nos quais desembocam as arteríolas. Suas paredes são membranas semipermeáveis. Elas deixam passar para o tecido o oxigênio e outros nutrientes e recebem dele CO2 e resíduos do metabolismo tissular. Anastomoses: A união entre dois ramos arteriais entre duas veias ou entre artéria e veia, é denominada anastomose. Anastomoses arteriais são encontradas nos membros, em vísceras e na base do encéfalo.

5) Circulação do sangue: É o trajeto circular que o sangue desenvolve ao nível do coração e dos vasos sanguíneos. Temos: Grande circulação ou circulação sistêmica (coração - tecidos - coração): É a circulação que se inicia no ventrículo esquerdo do coração com o sangue oxigenado, através da artéria aorta. Este abandona o ventrículo esquerdo através da aorta e por meio de suas artérias distribuidoras alcança os diferentes órgãos. Após suprir os tecidos, o sangue retorna ao coração, através das veias cavas caudal e cranial, desaguando no átrio direito.

Caminho do sangue na grande circulação:

Ventrículo esquerdo- valva aórtica- artéria aorta- corpo (troca nos capilares) – veias cavas cranial e caudal – átrio direito.

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Pequena circulação ou circulação pulmonar (coração-pulmão-coração): É a circulação que tem início no ventrículo direito do coração e atinge a rede capilar do pulmão, correndo inicialmente na artéria tronco pulmonar e depois nas artérias pulmonares. Após sofrer a hematose, o sangue oxigenado abandona os pulmões por meio das veias pulmonares e chega ao átrio esquerdo.

Caminho do sangue na pequena circulação:

Ventrículo direito- valva tronco pulmonar- artéria tronco pulmonar- artérias pulmonares direita e esquerda – pulmão (hematose)- veias pulmonares – átrio esquerdo.

Circulação colateral: Só acontece frente às várias anastomoses. É quando uma artéria é obstruída por algum motivo, forçando a passagem do sangue por outro caminho para drenar aquela região. A capacidade para desenvolver uma circulação colateral adequada amplia-se quando a obstrução se desenvolve lentamente; é reduzida por manifestação súbita e pelo envelhecimento, ou por alterações francamente patológicas na parede do vaso. Circulação porta: É Uma rede de capilares entre dois sistemas venosos (enquanto que o certo seria entre um sistema venoso e um arterial). Tipos: circulação porta-hipofisária (na hipófise), circulação porta-renal (nos rins das aves) e a circulação porta-hepática (no fígado). Esta última é a mais importante, pois o sangue do intestino (através da veia mesentérica cranial), do estômago, pâncreas e baço (através da veia lienal) é desviado para o fígado (através da veia porta-hepática). Circulação no feto e alterações após o nascimento:Durante a vida fetal a placenta reúne as funções que mais tarde são desempenhadas pelos pulmões, pelo trato digestivo e pelos rins. O sangue, portanto, é reabastecido com oxigênio, suprido com nutrientes e tem os resíduos removidos em sua circulação através da placenta. É conduzido de volta ao feto por duas grandes veias umbilicais que se enrolam no cordão umbilical e unem-se em uma só onde entram no umbigo. A veia umbilical intra-abdominal, única segue adiante para penetrar o fígado na fissura umbilical,antes de se dividir. Emite ramos colaterais que vascularizam as porções esquerdas (metade umbilical) do fígado, enquanto um ramo posterior se curva à direita e faz uma ampla conexão com a veia porta, que vasculariza as porções direitas (metade portal). Um prolongamento direto do tronco umbilical. o ducto venoso, penetra através do parênquima do fígado, desviando da circulação hepática e unindo-se à veia cava caudal. O ducto venoso, presente em todos os embriões jovens. logo toma-se vestigial nos embriões do equino e do suíno. Persiste em outras espécies, mas varia em calibre e importância, tendendo a ficar reduzido com o término da gestação. A divisão do fígado em metades umbilical e portal tem uma óbvia importância funcional e, possivelmente, também clínica. A metade portal é menos ricamente suprida com oxigênio e isto estimula uma hemopoiese mais ativa; já a metade umbilical tem mais probabilidade de adquirir infecções in útero. A veia cava caudal recebe o sangue umbilical após sua passagem pelo fígado e o adiciona ao sangue desoxigenado que retorna da parte posterior do corpo. O teor de oxigênio da corrente da cava caudal já se encontra, portanto reduzido abaixo do teor do retomo placentário antes de chegar ao coração, onde a corrente se choca com a margem cranial do forme oval. Essa corrente se divide em duas: uma parte continua no átrio direito e outra passa pelo forame oval para o átrio esquerdo. As dimensões relativas das duas correntes mudam conforme a gestação avança um desvio contínuo da margem do forame à esquerda aumentando o fluxo no átrio direito. A corrente da direita mistura-se com o retomo de outras veias sistêmicas e o teor de oxigênio do sangue conduzido ao ventrículo direito, portanto, diminui ainda mais. Este sangue é

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lançado no tronco pulmonar, que no feto se comunica com a aorta através de um amplo canal. o ducto arterioso. O ducto entra na aorta além da origem do tronco braquiocefálico e é tão dilatado quanto o tronco pulmonar (é, na verdade, seu prolongamento direto - as artérias pulmonares direita e esquerda são os ramos laterais). O ducto arterioso recebe a maior parte do débito do ventrículo direito, uma vez que o leito vascular dos pulmões não expandidos oferece uma resistência mais notável ao fluxo sanguíneo. O pequeno fluxo que retorna ao átrio esquerdo proveniente dos pulmões se mistura, neste ponto, com o maior volume sanguíneo que passou pelo forame oval. O sangue que ingressa na aorta é, portanto, relativamente bem oxigenado; parte desta corrente entra nas artérias coronária e carótida A cabeça e o encéfalo são, então, favorecidos por receberem um suprimento de oxigênio mais rico que os dos ramos da aorta, que têm origem distal à entrada do ducto arterioso e recebem o débito misto de ambos os ventrículos. A placenta recebe a maior porção do fluxo através da aorta descendente, por meio das artérias umbilicais; estas se ramificam a partir das artérias ilíacas internas e deixam o feto no umbigo, junto ao ducto alantóico. A corrente sanguínea fetal entra em perfeita aposição com a corrente sanguínea materna na placenta, embora a espessura e a permeabilidade da barreira tecidual intermediária variem entre as espécies. As alterações na circulação que acompanham o nascimento não se completam tão prontamente como muitos acreditam, podendo ser necessárias algumas horas, ou mesmo dias, antes que se estabeleça uma circulação estável de padrão adulto. O fechamento permanente dos canais fetais excedentes requer um tempo muito maior. A parada da circulação placentária pode anteceder ou suceder o início da ventilação pulmonar, de acordo com as circunstâncias do parto. Os vasos umbilicais ou são cortados pela mãe (p. ex., filhote de cão) ou se rompem, quando incapazes de suportar o peso da progênie (p.ex, bezerro); nas espécies em que o último fato é usual, rompem-se em níveis predeterminados. Em ambas as circunstâncias, ocorre pouca hemorragia, pois o tratamento preliminar estimula a contração da musculatura na parede vascular. Os cotos arteriais transformam-se lentamente nos ligamentos redondos da bexiga. O coto da veia umbilical fora do abdome seca e, eventualmente, a parte intra-abdominal transforma-se no ligamento redondo do fígado. As superfícies umbilicais feridas constituem uma entrada-potencial para infecção ("mal do umbigo"), sendo o ducto alantóico e a veia trombosada vias adequadas para sua disseminação. O ducto venoso fecha-se dentro de pouco tempo, mas de qualquer forma, como isto ocorre e se o fechamento deve ser mensurado em horas ou dias são pontos controversos. Sua eliminação da circulação permite à veia porta perfundir todas as partes do fígado. A perda do retorno umbilical reduz tanto o volume como a pressão da corrente da cava caudal. Isto, combinado com o aumento concomitante na pressão atrial esquerda, interrompe o desvio através do forame oval. A contração da parede muscular do ducto arterioso é estimulada pela tensão elevada de oxigênio do sangue em perfusão; não é efetuada imediatamente e, durante algumas horas ou dias, o sangue pode desviar-se em qualquer direção, de acordo com as pressões relativas na aorta e na artéria pulmonar. A expansão dos pulmões reduz a resistência de seu leito vascular e a queda na pressão arterial pulmonar resulta no fluxo através do ducto normalmente oriundo da aorta. A passagem de sangue através do tubo contraído causa vibração de sua parede, o que pode ser detectado à auscultação como um murmúrio contínuo durante o primeiro ou os dois primeiros dias da vida pós-natal em bezerros e potros. Por fim, alterações estruturais permanentes obliteram o lúmen, transformando o ducto

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em uma estrutura fibrosa (ligamento arterioso); mas, durante certo tempo após o nascimento, o ducto dilata-se em circunstâncias que produzem hipóxia e, com frequência, é encontrado amplamente aberta na amostra pós-morte do neonato. O aumento do retomo venoso dos pulmões eleva a pressão no átrio esquerdo e isto força a válvula do forame oval contra o septo atrial, fechando o forame. A válvula é uma simples aba nos carnívoros, mais elaborada e tubular nos ungulados, nos quais a musculatura leva-a a enrugar, restabelecendo o fechamento. Embora a fibrose acabe firmando a válvula no lugar, isto leva algum tempo, e não é raro que a abertura esteja permeável para uma sonda durante meses ou mesmo anos; tal permeabilidade raramente tem importância. A hipertrofia da parede do ventrículo esquerdo ocorre como uma resposta ao aumento da carga de trabalho aplicada no momento sobre esta câmara. Embora poucas informações precisas estejam disponíveis sobre este assunto para a maioria das espécies, um espessamento relativo importante da parede ventricular já é evidente por volta do final da primeira semana pós-natal nos filhotes de cães.

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ROTEIRO PARA AULA PRÁTICA DE SISTEMA CIRCULATÓRIO

1. Identifique em um cadáver aberto, a cavidade torácica com suas vísceras. Observe os pulmões e reconheça entre eles a região do mediastino. Veja que a base do coração está alojada no mediastino médio. Já seu ápice está voltado para o antímero esquerdo e apoiado no processo xifoide do osso esterno ao qual está preso através do ligamento esterno pericárdico. Identifique-o. Já a base do coração está fixada a cavidade torácica através dos grandes vasos (artérias e veias) que têm acesso a este órgão. 2. Observe ainda o coração in situ e veja que o mesmo está envolvido externamente por uma membrana fibrosa, o pericárdio. Aproveita pala identificar em peças previamente preparadas suas lâminas por ordem de estratificação do exterior para o interior: pericárdio fibroso, lâmina parietal do pericárdio seroso, cavidade pericárdica e lâmina visceral do pericárdio seroso (epicárdio). 3. Veja agora em um coração isolado e fechado as câmaras (cavidades) cardíacas, observe que os átrios (direito e esquento) se dispõem dorsalmente, estando separados externamente dos ventrículos direito e esquerdo através do sulco coronário, o qual contorna praticamente toda a base do órgão. Note que dos átrios projetam-se duas estruturas semelhantes a duas orelhas que são: a aurícula do átrio direito e aurícula do átrio esquerdo, os ápices das aurículas estão voltadas uma para a outra, sendo esta face do coração chamada face auricular ou esquerda e a face oposta chamada de atrial ou direita. Ventralmente aos átrios observe os ventrículos esquerdo e direito, respectivamente, note que a parede do ventrículo esquerdo é mais espessa que a do direito. Já a cavidade do ventrículo direito projeta-se no sentido dorsal, chegando ao mesmo nível do átrio direito, sendo este segmento chamado cone arterial e do mesmo sai a artéria tronco pulmonar. Observe ainda externamente na região ventricular 2 sulcos que têm origem do sulco coronário e se dispõem perpendicularmente ao ápice cardíaco: o sulco interventricular paraconal ou esquerdo (mais desenvolvido) e o sulco interventricular subsinuoso ou direito. Internamente os sulcos correspondem aos septos que separam as câmaras cardíacas.

4. Reconheça agora em coração aberto suas quatro câmaras. Aproveite para identificar inicialmente o músculo cardíaco (miocárdio), bem como o endocárdio, que reveste internamente as cavidades cardíacas. Em seguida observe os septos atrioventriculares direito e esquerdo que separam parcialmente os átrios dos ventrículos correspondentes, bem como os óstios atrioventriculares direito e esquerdo, observe que estes estão guarnecidos respectivamente pelas valvas tricúspide (valva atrioventricular direita) e bicúspide (valva mitral ou valva atrioventricular esquerda). Identifique ainda septo interatrial, que separa totalmente o átrio direito do átrio esquerdo, observe que num ponto central, sua parede se mostra mais delgada, constituindo a fossa, oval, esta corresponde ao forame oval na vida fetal. Aproveite para identificá-lo num coração de feto. Finalmente observe o septo interventricular, separando por completo as duas cavidades ventriculares. 5. Observe que as paredes internas dos átrios e aurículas mostram-se pregueadas constituindo os músculos pectíneos. Já as paredes internas dos ventrículos apresentam pregueamentos semelhantes que são as trabéculas cárneas. Observe ainda nas cavidades ventriculares as trabéculas septomarginais unindo a parede do ventrículo correspondente ao septo interventricular. Note que as valvas tricúspides

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estão presas a elevações do miocárdio ventricular denominados músculos papilares, sendo que estes se interligam através das cordas tendíneas. 6. Observe ainda em um coração aberto os orifíc ios dos vasos que tem acesso ao órgão. No átrio direito: óstio da veia cava cranial (a parede deste vaso forma externamente com a parede da aurícula do átrio direito uma depressão, o sulco terminal, o qual corresponde internamente a uma elevação, a crista terminal. óstio da veia cava caudal (o qual está separado internamente do óstio da veia cava cranial através de uma elevação: a crista intervenosa). Óstio do seio coronário (situado ventralmente ao óstio da veia cava caudal), este corresponde ao ponto de chegada do sangue venoso oriundo do próprio coração. No átrio esquerdo: óstios das veias pulmonares (que são em número de quatro a seis nos ruminantes). No ventrículo direito: óstio da artéria tronco pulmonar na região do cone arterial, note que este é guarnecido pela valva troncopulmonar constituída por três válvulas semilunares. No ventrículo esquerdo, observe o óstio da artéria aorta, este também é guarnecido pela valva aórtica composta por três válvulas semilunares, veja que nos bovinos adultos forma-se neste nível o osso cardíaco. 7. Aproveite e identifique os segmentos dos vasos venosos da base: veia cava cranial, veia cava caudal, veias pulmonares e veia seio coronário, bem como as artérias pulmonares direita e esquerda,já artéria aorta emerge do ventrículo esquerdo através do bulbo da artéria aorta (impregnado na parede cardíaca) em seguida a mesma é denominada artéria aorta ascendente (veja neste segmento a origem das artérias coronárias direita e esquerda). A continuação da artéria aorta ascendente é denominado arco da artéria aorta, esta se ramifica cranialmente dando o tronco braquiocefálico e caudalmente a artéria aorta descendente. Aproveite para identificar em um segmento seccionado da artéria aorta: vaso vasorum (que representa os vasos nutridores da parede deste vaso). Volte a estudar as artérias coronárias em um coração de bovino onde este sistema foi previamente injetado com uma solução neoprene látex. 8. Identifique inicialmente a artéria coronária esquerda com seus ramos interventricular paraconal e circunflexo esquerdo. Veja que deste se origina o ramo interventricular subsinuoso (este comportamento é próprio dos ruminantes e suínos). A artéria coronária direita nesses animais apresenta apenas o ramo circunflexo direito. 9. Aproveite para observar junto a um cadáver a distribuição dos vasos condutores de sangue: tanto das artérias (grande, médio e pequeno calibre) como veias (grande, médio e pequeno calibre). Em peças preparadas procure identificar algumas anastomoses entre os vasos, bem como a rede admirável epidural rostral.