ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

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ANGELICA LANZINI XA VIER EDUCA<;:ii.O MUSICAL INFANTIL Monogr:tfia apreserllada no de ESl!ecializa~ao MClodologia do Ensillo da Artc rcquisilo parcial para obtcn~iio de tflula de Espcciaiista em MClodologia do Ensino da Artc.TUIUTI. Oricntador: Evandro Galln.L CURITlIIA 2003

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ANGELICA LANZINI XA VIER

EDUCA<;:ii.O MUSICAL INFANTIL

Monogr:tfia apreserllada no

de ESl!ecializa~ao

MClodologia do Ensillo da Artc

rcquisilo parcial para

obtcn~iio de tflula de Espcciaiista

em MClodologia do Ensino da

Artc.TUIUTI.

Oricntador: Evandro Galln.L

CURITlIIA

2003

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AGRADECIMENTOS

:7Igrades;o a Vells pOI' IeI' me dado a oporlullidade de jazer e

cone/uir eJ"la especializas;iio.

Page 3: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

SUMARIO

INTRODU<;:AO .... . 01

I A MUSICA E A SOCIEDADE 03

1.1 A EDUCA<;:AO MUSICAL E 0 DESENVOLVIMENTO INFANTTL 05

1.2 A EDUCA<;:AO MUSICAL E A EDUCA<;:AO INFANTIL 18

II A VOZ.. . 20

III ATlVlDADES BASEADAS EM MINHA PROPRIAEXPERIENCIA 24

3.1 MINHA EXPERIENCIA COMO EDUCADORA 34

IV MUSICA COMO CULTURA 39

4.1 MUSICA COMO CONHECIMENTO ESPEciFiCO 41

V 0 VINCULO PROFESSOR -ALUNO 43

5.1 0 SENSO ESTETICO E cRITICO . .44

CONCLUSAO .. . 46

REFERENCIAS .. . 49

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iii

RESUMO

EDUCA«;:AO MUSICAL INFANTIL

Palavras chave: educacrao-musica-criancra-musicalizayao-Senso estetico e

critico.

Esta pesquisa tendo como referencia a minha atuacrao enquanto

professora de musica, tern cunho bibliografico e tem como finalidade mostrar a

importancia da musica no desenvolvimento do individuo bem como na

sociedade. Sendo a musica,uma pratica que atravessa os seculos, fazendo

parte da dinamica da historia da humanidade. E como nao poderia ser diferente

dentro dessa evolucrao humana, a musica tomou novos rurnos e novas

formas,rnarcando epocas e fazendo historia, permitindo-nos hoje esta reflexao

de que todos podem ser praticantes de musica nao somente os que nascem

com um dom especial mas sim aqueles que dedicam tempo ao seu estudo, ela

e urn agente de mudany8, algo que pode dar sentido a vida. E nisto que se

baseia a musicalizacrao ou educayao musical infantil.

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INTRODUc;:iio

Entender a musica na sociedade hoje significa levar em conta

lodos os falores que influenciam a sua produyao bern como seu estilo e

qualidade.

Tratarei no capitulo urn sabre a musica na Antiguidade seus

valores e a volta desses valores nos dias de hoje, musicas sao usadas em

rituais desde as sociedades primitivas ate as mais modernas. Os parametres

curriculares nacionais buscam novamente os antigos valores da musica,

tentando resgatar sua importancia na educa9ao e no desenvolvimento do

indivfduo. Falo ainda sabre as metodos ativos criados par importantes mestre

da musica.

No capitulo dais abordo a importancia da voz e dos cuidados a

serem tornados par educadores que S8 utilizam da voz na aprendizagem de

musica.

Alguns exemplos de atividades e 0 que falo no capitulo tres,

atividades usadas por mim em minha vivencia como educadora e baseadas

nos metodos de Kodaly, Martenot, Dalcroze e Orff.

Musica como cultura e musica como conhecimento especffico sao

duas maneiras de dividir 0 aprendizado musical , na musica como cultura

podemos citar musicas folcl6ricas, brincadeiras infantis, diversos ritmos e

estilos, musicas para diversas situa(foes, musica classica, parlendas, trava-

linguas, instrumentos musicais, aprecia(fao musical. Musica como

conhecimento especifico: 0 canto, afina(fao, 0 rilmo, a percep(fao, altura,

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intensidade, improviso, composiC(ao. lsto tudo esta registrado no quarto

capitulo.

o professor, principalmente de crianC(as, deve procurar ter um

vinculo com seu aluno, a importante saber os problemas e as necessidades

pois isso influencia no desempenho musical. No trabalho com crianC(as a

importante saber por limites para que ela nao perca a concentraC(ao na aula e

nao atrapalhe se houver outros alunos juntos, 0 professor deve ser urn exemplo

para seus alunos. 0 senso estatico e crftico a formado na infancia e na

adolescencia 0 educador tem grande responsabilidade pois a na sua

peliormance que 0 aluno ira se espelhar. Sabre este assunto trato no capitUlo

cinco.

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CAPiTULO I - A MUSICA E A SOCIEDADE

A musica sem sombras de duvidas e uma otima maneira de

relaxar au divertir-se, desde a sociedade primitiva ela e usada em

rituais. Entre os pav~s antigos do Ocidente a musica e a dan<;a

eram formas de expressar alegrias, tristezas, inquieta90es e

animosidades da comunidade.

"As pessoas cantavam e dan9avam, exteriorizando as

emo<;oes; a musica era constante e indispensavel a vida grupal."

(Santa Rosa, 1990: 13).

Os rituais hoje em dia foram aprimorados e ainda contam

com a musica para servir a seu proposito, alguns rituais da

sociedade maderna: casamento, aniversario, funeral. atos

religiosos, em qualquer que seja a sociedade estes rites fazem

parte do cotidiano, bern como a musica relativa a cada urn

deles.Ela esta presente em todos os momentos, em jingles, no

radio, nos programas de tv, nas brincadeiras, no shopping, na rua,

em clinicas, as vezes ela a tratada como "pano de fundo", outras

para descontrair e ainda como metoda de ensine , seja como for a

musica tern urn papel relevante na sociedade. As propriedades

terapeuticas da musica sao conhecidas desde a Gracia antiga, era

tratada como S8 tivesse poderes magicos, como sendo curativa,

capaz de purificar a corpo e a espfrito, era tam bern incorporada aeduca9ao fazendo parte da cultura geral. Hoje a humanidade se ve

voliando a estes principios, seja com a divulga,ao da

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musicoterapia ou com a presenya da musica nos Parametros

Curriculares Nacionais.

Apesar de estar descoberta a todos os olhos atentos a

musica ainda nao esta em seu devido lugar, varias pesquisas

indicam seus inumeros beneffcios como resgatar a percepyao,

criatividade, autodisciplina, atenyao, comunicayao afetiva, tais

beneffcios sao fundamentais para a vivencia humana. Mas com 0

advento do computador as palavras tornaram-se mais significativas

ainda, existem milhares de relacionamentos baseados somente no

que se Ie, 0 convfvio ffsico esta cada vez mais comprometido, a

internet proporciona momentos de "bate- papo" sem que as

pessoas fiquem expostas, nunca se sabe se e verdade ou mentira

o que esta sendo lido.

o mundo e dominado pela razao, pelo fazer, nao ha tempo

para pensar nem para perceber ou sentir 0 que esta ao redor.

Tudo gira em torno de conceitos e significayao verbal ou visual. A

linguagem verbal bitola a percepyao, 0 pensamento e as

sensayoes, 0 conceito e apenas urn fragmento dos sentidos,

segundo Joao Manuel Marques Fonseca no texto porque Educayao

Musical.

A musica e uma boa soluyao para esta vida alienada,

infelizmente ela e tratada como urn mere passa -tempo, tern funyao

decorativa, preenchendo 0 vazio da vida com alguns momentos de

audiyao de concertos au mesmo em casa com a ajuda de urn

aparelho de som espanlando 0 silencio.

4

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1.1 A EDUCAC;:ii.O MUSICAL EO DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

Ja e comprovada cientificamente a influencia da musica no

desenvolvimento infantil, "a musica e urn dos estimulos mais

potentes para ativar os circuitos do cerebra." (universidade de

Konstanz, Alemanha,1995). Principalmente a musica classica, "a

divisao mel6dica das obras classicas exige urn tipo de

automatismo matematico acurado. Essa seria a razao par que as

conex6es nerVDsas acionadas ao S8 executar uma pecta estejam

tao pr6ximas, no c6rtex cerebral esquerdo, daquelas usadas ao S8

fazer uma operat;:ao aritmetica au 16gica. A musica S8 relaciona

ainda a Quiros dons, como a capacidade de perceP9ao de sons

sutis. 0 professor Luiz Celso Vila nova ja observou que os alunos

de medicina habituados a ouvir musica classica tern maior

facilidade para auscultar corat;6es e pulm6es. Gordon Shaw e

Frances Rauscher, da Universidade da California, num trabalho

com dezenove pre - escolares, descobriram que, apos oito meses

de aulas de piano e canto, as criant;as se safram muito melhor na

copia de desenhos geometricos do que as que nao tiveram aulas

de musica. as pequenos musicos eram melhores na percept;ao

espacial e muito mais eficientes, por exemplo, no jogo de quebra

cabe,a."

"E penoso aprender a tocar um instrumento depois dos dez

anos de vida. As areas do cerebro dedicadas aos movimentos dos

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dedos da mao esquerda sao maio res entre instrumentistas destros

de cordas do que entre nao musicos Crian9as na idade pre -

escolar quando submetidas a aulas de musica aprimoram 0

raciocfnio 16gico e malematico. As poryoes cerebrais responsaveis

pela musica e pela matematica estao pr6ximas".(Revista Veja,

1996: 87 e 88).

Como desenvolver: cantar junto com a crianya e jogar com a

musicalidade das palavras sao estfmulos simples mas potentes.

Colocar urn CO no aparelho de som, enquanto a crianya brinca,

lambem Se ela apresentar aptidao musical, e bam incentiva-Ia 0

quanto antes.

A educayflO musical deve ter em vista 0 desenvolvimento

integral do educando contribuindo para seu crescimento pessoal,

nao se detendo simplesmente no ensino de um instrumento.

Apesar da musica ter funyoes importantes na sociedade, durante

muito tempo nao havia a pedagogia musical, 0 ensino da musica

se delia a teo ria e a uma participayao nada ativa por parte do

aluno.

A partir de Jacques oalcroze surgiu a participay8.o ativa do

aluno, esta nova visao veio colaborar para que a aprendizagem

seja realmente efetiva. Hoje cham amos de "Metodos Ativos" as

metodos criados por Maurice Martenot, Zoltan Kodaly, Carl Orff e

Jacques oalcroze, os quais serao relatados a seguir.

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Jaques Dalcroze

Jaques Dalcroze

(1865-1950) professor de solfejo no

conservat6rio de Genebra, observando que muitos de seus alunos

possufam dificuldades rftrnicas, chegou a conclusao de que 0

problema estaria no desenvolvimento do sistema nervoso, entao

formulou um trabalho de ginastica r{tmica, ende 0 trabalho rftmico

muscular esta aliado aD desenvolvimento auditive. A ginastica

rftmica segundo Dalcroze e uma "disciplina do sense ritmico

muscular; taz do corpo um instrumento anda S8 baseia 0 ritmo".

Atravas da ginastica rftrnica 0 alune toma consciencia do seu

pr6prio corpo, 0 que possibilita a percepgao de suas habilidades e

limitayoes ffsicas, esta trabalho visa tambem desenvolver a

ateny8.o, a inteligencia, a rapidez mental, a sensibilidade e 0

movimento. Portanto as exercfcios devem cultivar a atenyao e a

preparayao do corpo, estimulando reayoes rapidas e a aUdiyao.

Exercicios de descontra9ao e respira9ao levam 0 aluno a dominar

seus movimentos, ao mesmo tempo desenvolvem seu senso de

equilibria, conhecimento de espa90 e sentido de orienta9ao. E

necessario que 0 aluno conhe9a as valores rftmicos e sua

representa9ao simb61ica, para efetivar 0 trabalho ritmico muscular

aliado ao desenvolvimento auditiv~.

Para isso Dalcroze atribuiu uma expressao corporal para

cad a valor musical: 0 trabalho inicia-se pela seminima cujo

movimento equivalente e a andar; em seguida vem a colcheia,

traduzida pela corrida. 0 elemento ritmico colcheia pontuada e

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semicolcheia sao representados pelo salUto; e por fim a minima

que seria 0 andar lento. As rela90es de dura<;ao devem ser

precisas, entre urn valor e outro.

Inicia-se 0 trabalho com ritmos simples, evoluindo

lentamente ate chegar aos movimentos assimetricos, nesta etapa 0

aluno ja tera certo dominio de seu corpo. 0 aluno deve ter

liberdade para criar novos gestos e movimentos, utilizando-se de

todas as partes do corpo, exprimindo atrav8s do gesto espontaneo

aquilo que sente, 8 a vivencia , pelo movimento, do ritmo e da

musica.

Ap6s 0 aluno ter vivenciado os elementos rltmicos, varios

;090S sao propostos para que haja a fixaqao de tais simbolos,

assim chega-se a gratia ritmica e ao reconhecimento auditiv~ dos

diferentes valores.

Dalcroze acreditava que para um melhor aproveitamento do

aluno, a classe deveria conter de doze a quinze pessoas, com

grande espa90 para possibilitar 0 livre deslocamento dos alunos.

As crian9as que nao estiverem participando do exercicio devem

permanecer como publico, com 0 senti do de observa9ao para uma

critica ou analise posterior, ou ainda pod em formar um grupo de

acompanhamento ritmico, orquestra. A dura9ao das aulas deve ser

de no maximo trinta minutes, pais todos os exercicios exigem

maxima cencentra9ao, os exercicios devern ser curtos e variados

para evitar a dispersao dos alunos, quando urn exercicio passa a

ser executado perfeitarnente deve ser trocado per outro po is ja

Page 13: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

perdeu seu carater educativo. 0 professor deve proporcionar um

ambiente calmo e silencioso para maior aproveitarnento dos

alunos, 0 professor nao deve ser um modela a ser seguido e sim

urn orientador.

Zaltan Kadaly

Zollan Kodaly (1882-1967), compositor e doutor em Filosofia,

ao fazer uma coletanea com mais de tres mil e quinhentas

melodias do folclore hungaro contribuiu nao so com suas

compasi<;oes mas tambem com sua obra pedagogica, ambas

influenciadas pelas can<;oes folcl6ricas. Seu grande objetivo era

educar musicalmente 0 povo hungaro, seu primeiro passe foi

colocar a musica como parte integrante do curricula escolar, a

partir daf a musica tomou papel fundamental na educa<;ao,

constando de cinco a seis horas semanais.

Seu metoda vocal leva a otimos resultados, atraves do canto

pode-se chegar a uma 6tima forma<;8o musical em seus diferentes

aspectos: audi<;8o, leitura e esc rita. Caracteriza-se por ser

baseado no folclore hungaro, por utilizar a solmniza~ao relativa

(entoar no tom de do qualquer melodia) e a fonomimica (relacionar

as alturas do som a gestos).

Segundo Kodaly toda crian,a tem a capacidade de se

desenvolver musicalmente, desde que bern orientadas e

perseverantes, os elementos a serem trabalhados sao: a audi~ao,

a VOl, a capacita~80 r(tmica, 0 solfejo relativo, 0 ditado musical e

a improvisa~ao. As capacidades individuais devem ser

Page 14: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

respeitadas, 0 processo didatico deve ser progressivo. Este

metoda se baseia, no inicio, na escala pentatonica (escala de

cinco sons), 0 primeiro intervalo a ser entoado e a ter9a menor

descendente, composto pelas notas sol- mi, em qualquer altura

sera dado 0 nome sol- mi (solmnizayao relativa), nesta fase nao

sera utilizado 0 pentagrama completo e slm as duas primeiras

linhas das notas sol- mi, em seguida sao acrescentadas as notas:

la, do ere, (bem como as outras linhas do pentagrama) formando

a escala pentatonica, desse sistema evolui-se para 0 sistema

tonal progressivamente complementando a escala. As notas

sempre sao acompanhadas de seus gestos correspondentes

(fonomimica), a afinayao dos intervalos e adquirida atraves dos

exercicios de ditados e canones mel6dicos, perguntas e respostas,

exercicios de audiyao interior e improvisayoes.

A educayao ritmica desenvolve-se ao mesmo tempo em que

a educayao aUditivo vocal, exemplo: ao serem ensinadas as notas

sol- mi, ensina-se tambem os valores ritmicos seminima e

colcheia. Aproveitando recursos propostos por Oalcroze, 0 metodo

Kodaly propoe 0 movimento: ao an dar 0 aluno marca 0 pulso, para

sentir 0 rilmo proposto. Sao relacionadas silabas aos valores

ritmicos, a seminima sera a sflaba la e a colcheia a sflaba ti, 0

aluno pronuncia as sflabas rftmicas antes de execular 0 rilmo. Em

seguida passa-se a representa9ao esc rita das figuras ritmicas, que

nao e ainda a representay8.o oficial, a aprendizagem da nota98.0

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Page 15: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

rftmica, leitura e ditado, e efelivada atraves de exercfcios de

repetiy8.o e imitay8.o rftmica, canones rftmicos e movimentos.

o metodo Kodaly capac ita 0 aluno a leitura desde os mais

simples e elementares exercfcios de entoByao ate as mais diffceis

partituras de uma, duas e tres vozes, para facilitar 0 trabalho do

professor foi elaborado pelo proprio Kodaly 0 "Metodo Coral

Kodaly" que consta de quinze cadernos organizados

progressivamente.

Maurice Martenot

Maurice Martenot nascido em Paris no ano de 1898, inventor

do primeiro instrumento radioelelrico, de onde veio a onda

Marlenol, a partir de 1930 iniciou seus estudos sobre pedagogia

musical, fundou a Escola de Arte Marlenot em Neuilly na Fran<;a,

seu metodo trata 0 desenvolvimento musical na crian<;a da mesma

forma que a evoluyao da humanidade. Por isso 0 ensino deve

iniciar pela imitay8.o, primeiro do ritmo depois da melodia , 0

objetivo principal deste metodo e levar 0 indivfduo a pensar

musica, atraves do desenvolvimento da audi<;ao e canto interior.

Neste metodo 0 relaxamento e considerado fundamental, pOis os

elementos da musica devem ser trabalhados separadamente , 0

uarsis", momentos de muita aten<;ao, e 0 Uthesis", momentos de

relaxamento, devem ser alterados para que haja maior

aproveitamento na aprendizagem. Muitos dos exercfcios de

relaxamento visam tambem 0 desenvolvimento da concentra<;ao,

todo ° trabalho feito com os alunos deve visar a ay8.o pois tudo 0

II

Page 16: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

que e vivenciado e assimilado com mais eficiencia, Martenot

propoe tecnicas ludicas para que a aula se torne mais interessante

e a aprendizagem realmente seja efetiva.

A audi«ao interior e a memoria auditiva sao aspectos

fundamentais a serem desenvolvidos no educando levando em

conta que 0 ritmo foi 0 primeiro dos elementos musicais a surgir

no desenvolvimento da humanidade, e por ser parte vital na

crian«a, deve ser 0 primeiro elemento a ser trabalhado, inicia-se

pela imita«ao (ecos rftmicos), fala-se 0 ritmo com a sflaba Iii

marcando 0 pulso com palm as , jogos de improviso pod em ser

feitos na forma de perguntas e respostas, assim ja estara sendo

desenvolvida a memoria rftmica, a audi«ao interior e a

improvisa«ao.

CarlOrff

Carl Orfj nasceu em Munique em 1895, sua obra musical e

tao significativa quanta sua obra pedagogica. compos

principalmente musica de cena, entre as quais destaca-se Carmina

Burana (1937).

No infcio deste seculo come«ou uma revolu«ao na dan«a,

provocada pelo coreografo russo Diaghilev. Abriram- se novas

caminhos na danc;a nao sendo mais utilizadas as regras classicas,

a danya e a movimento corporal passaram a ser vistos de maneira

diferente por muitos outros danc;arinos, core6grafos e tambem

pedagogos de diversos paises.

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Page 17: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

Essas novas tendencias influenciaram Carl Orif e tam bern

Gunter, com quem fundou a Guntherschule, em Munique, uma escola de

ginastica, musica e dan9a 1924. Sua ideia principal era levar 0 aluno a criar

sua propria musica, atraves do improviso, deixando de lado a idela de que 0

piano e 0 unico recurso de acompanhamento, sua grande preocupa«ao era de

deixar a crian9a dentro de seu proprio mundo respeitando e aproveitando seus

impulsos.

A partir do trabalho realizado na Guntherschule, come9a a

ser editada a "Orf-Schulwerk" (obra pedag6gica de Orf! feita para

crian9as) em colabora«ao com Gunild Keetman. Esta obra

pedagogica teve grande repercussao. E hoje utilizada em paises

nao so da Europa como tam bern da America e Extremo-Oriente,

foi traduzida para diversas linguas e varias vezes adaptada.

Com 0 inicio da Segunda Guerra Mundial a Guntherschule e

obrigada a interromper seu trabalho, so retornando as atividades

em 1948. Durante as atividades da Guntherschule foram criados

instrumentos especiais para crian«as, de facH manejo.

No seu metodo Carl Orff considera fundamental na

aprendizagem musical, a atividade e a cria«ao por parte do aluno,

por leva-Io a uma concretiza«ao da musica. Sua proposta deve ser

avaliada e adaptada conforme 0 ambiente social e cultural onde eaplicado, permanecendo a ideia do ensino musical para todos,

considerando-se que a musica colabora no desenvolvimento

integral do individuo.

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Page 18: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

Para urn trabalho realrnente eOcaz e necessario que 0

professor esteja consciente de que e preciso entrar no rnundo

infantil, buscando na rnus;ca e literatura infantis 0 seu material de

trabalho, uma vez que estes elementos fazem parte da vida da

crianqa e ela os conhece bern.

Guillermo Greetzer fez uma adapta,ao da Orff-Schulwerk

(obra pedagogica de Orft) para a America Latina, disp6s a obra

em quatro ciclos, em dificuldades progressivas. abrangendo cada

um todos os aspectos do metoda: ritmo, melodia, cria({8..o, jogos,

instrumental. Segundo Orff 0 ritmo deve ser 0 primeiro elemento

musical a ser trabalhado, usando a recita({ao de palavras, rimas,

versos, frases, descobrindo 0 ritmo nelas contido pelas proprias

inflex6es da linguagem. 0 ritmo podera ser trabalhado com batidas

nas pernas, palmas estalos de dedos, pois 0 corpo e 0 primeiro

instrumento de percussao a ser utilizado, em seguida sao usados

os instrumentos de percuss8..o simples, em unfssono ou em forma

de acompanhamento, ostinato. Oesta forma a crian({a ira perceber

naa somenle a ritmo como tambem a pulsa e 0 tempo forte.

Assim como 0 ostinato rftmico, 0 ostinato mel6dico tambem

pode ser criado, podera ser executado com vozes ou com

instrumentos mel6dicos. Par fim faz-s8 uma melodia com dais au

tres sons, unindo 0 ostinato mel6dico com a melodia 0 aluno tera

uma no({8..o de harmonia. 0 trabalho dev8 ser feito de maneira

acessivel conservando sempre 0 carater ludico,

levando-a a improvisa({ao e desta para a grafia 8 a leitura. Para

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Page 19: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

uma aprendizagem efetiva a crianga precisa vivenciar e sentir os

elementos musicals antes de aprende-Ios teoricamente, ressalta-

se tambem a oportunidade de trabalhar em grupo, ° que

desenvolvera, entre outros aspectos, a percep((ao auditiva (sen do

que ela tem que executar 0 que os outros fazem) e a ajudara a

manter 0 tempo e 0 andamento.

Orff utiliza muito 0 eco, repeti9ao exata de uma seqOencia

r(tmica ou mel6dica, desenvolvem a percep((ao auditiva e a

aten((ao, os eeos rftmicos poderao ser executados atraves da

percussao corporal ou instrumental, e os ecos mel6dicos serao

feitos pelo canto ou pelos instrumentos de placas feitos par Orff.

Ap6s a trabalho com ecos, quando 0 aluno ja adquiriu uma certa

habilidade motora, inicia-se 0 trabalho de perguntas e respostas,

sen do elas rftmicas ou mel6dicas, desta forma 0 aluno estara

sendo gradativamente estimulado e habituado a improvisar,

facilitando tam bam a aprendizado da leitura musical.

A leitura musical, segundo Orff, inicia-se na pauta de duas

linhas com a ler9a menor sol-mi, por ser um intervalo familiar' a

crian«a. Ap6s 0 aprendizado das notas escritas e tendo localizado

as notas nos instrumentos, a crian((a executara e inventara

pequenas can90es com estes sons. Chega-se ao sistema

pentatcnico acrescentando as natas la, ra e do. muitas cangoes

poderao ser inventadas a partir destes sons, na obra Orff-

Schulwerk existem varias sugestoes, por ultimo sao acrescentadas

as natas hi e si, completando a escala maior. Da mesma forma

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Page 20: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

como se dB. a leitura mel6dica, a leitura rftmica tambem deve ser

trabalhada de forma lenta e gradativa. Atraves da recitayao a

crianga percebera as rela90es de inteiro e metade, inicia-se com a

semfnima e a colcheia, pouco a pouco serao acrescentados outros

valores rftmicos, mas sempre mantendo a semfnima como unidade

ritmica (pulso).

A maior contribuigao de Orff a educayao musical foi

certamente 0 instrumental por ele elaborado, inspirado por

instrumentos primitivos da Asia e Africa. 0 instrumental Orff e

constitufdo da seguinte maneira:

e instrumentos de percussao

e instrumentos harmonicos e mel6dicos.

Os instrumentos de percussao se dividem em

e instrumentos de madeira: clavas, caixas-china,

castanholas, maracas e reco-recos

e instrumentos de metal: triangulos, pratos, cfmbalos e

guizos

e instrumentos de pele esticada: tfmpanos, pandeiros,

panderetas, bombos, caixa clara, tambores e bongo.

Os instrumentos harmonicos e mel6dicos (ou de placas), sao:

emetalofones

exilofones

ecarrilh6es.

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Page 21: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

Os instrumentos de placa se dividem em:

• instrumentos de madeira, xilofones: soprano, contralto e

baixo .

• instrumentos de metal, metalofones: soprano, contralto e

baixo.

carrilh6es : soprano e contralto.

Alem de todos estes instrumentos Orff sugere que sejam

usados tambem 0 violoncelo e a flauta-doce para enriquecer 0

conjunto, pois esta foi a inten<;ao que levou Orff a criar este

instrumental.

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Page 22: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

1.2 A Educac;ao Musical e a Educac;ao Infantil

"0 ensina da musica favorece 0 desenvolvimento do g05to

estatica e da expressao artlstica, alem de prom over 0 g05tO e 0

senso musical. Formando 0 ser humano com uma cultura musical

desde crian9a, estaremos educando adultos capazes de usufruir a

musica, de analisa-Ia e de compreendiHa." (Santa Rosa, 1990:

21.)

A musica tambem pode ser utilizada como recurso

pedag6gico em todas as outras matarias tornando 0 ensine mais

divertido e facil de fixar, ate mesma professores de segundo grau

e cursinhos pre-vestibulares tern feita usa deste incrfvel recurso

para a fixa9ao da materia. 0 periodo pre - alfabetizayao ebeneficiado com 0 en sine da linguagem musical, pais no processo

sao desenvolvidos: a concentra9ao, a coorctena9ao matara, a

atenyao, percepyao, memorizayao, expressao corporal, raciocinio

e imitayao. A musica contribui na compreensao da sociedade

levando 0 individuo a ter certas posiyoes no que diz respeito a

comportamento, respeito ao proximo, gentileza, disciplina; quanto

aos aspectos didaticos pode ser utilizada nas datas comemorativas

entre outros, com respeito as datas comemorativas deve-se tomar

cuidado para que esta nao seja a unica aplicayao para a musica na

escola, as apresentayoes em festas devem ser fruto de um

trabalho profundo e com resultados, sendo elas uma maneira de

encerrar tal trabalho.

18

Page 23: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

o professor na Educac;:ao infantil tern que estar atento ao

desenvolvimento de seus alunos respeitando 0 andamento de cada

urn, procurando chegar ao universo infantil criando oportunidades

para que 0 educando possa ser criativo em sala de aula e livre

para se expressar. 0 ludico precisa estar sempre presente

estimulando o interesse, fazendo com que as aulas sejam

dinamicas e educativas, 0 folclore e as brincadeiras de roda sao

grandes aliados pois sao educativos e divertidos, alem da sua

importancia no desenvolvimento cultural e conhecimento de

mundo.

"Ouvir musica, aprender uma can~ao, brincar de roda,

realizar brinquedos ritmicos, jogos de maos, etc., sao atividades

que despertam, estimulam e desenvolvem 0 gosto pela atividade

musical, alem de atenderem a necessidades de expressao que

passam pela esfera afetiva, estetica e cognitiva. Aprender musica

significa integrar experiencias que envolvem a vivencia, a

percepc;:ao e a reflexao, encaminhando-se para niveis cada vez

mais elaborados." (Referencial Curricular Nacional para a

Educa<;ao Infantil, Conhecimento de Mundo, Brasilia ,volume 3,

1998: 32).

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Page 24: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

CAPiTULO II - A Voz

A voz e 0 primeiro instrumento a ser usado ,desde que a

crianc;:a camega a balbuciar ela faz sons que parecem canto, este

deve ser estimulado, cantando para ela com afina980, S8 nao for

passfvel cantar com afjna980 e melhor colocar urn CD de boa

qualidade, para que S8 desenvolva a afina9aO na crianya, pois 0

processo de aprendizagem S8 da em primeiro lugar atraves da

imitac;:8.o. Na escola 0 canto deve ser trabalhado visando

desenvolver a afina98.0, dicgao, perceP98o, escuta, imitaC;:8o e

criac;:8.o. E import ante ressaltar as cuidados que sao necessarios auma boa saude vocal, quando S8 utiliza 0 canto na educa9ao

musical e preciso estar ciente dos cuidados a serem tornados, pois

e responsabilidade do professor 0 usa correto da voz por seus

alunos. Deve-se tambem levar em conta 0 timbre de cada aluno,

mudanyas de voz devem ser respeitadas, tomando os devidos

cuidados para que nao aconteyam abusos vocais, esses cuidados

sao cham ados de Higiene vocal, e necessario alertar os alunos

que gritos e esforyos sao prejudiciais a saude vocal, sempre que

posslvel e melhor aproximar-se das pessoas com quem deseja

falar e se for necessario chama-las de longe, usar gestos,

assobios, batidas, palmas, etc. Falar na hora certa tambem

contribui na conservay8.o da voz, nao conversar ouvindo musica

com volume alto, ou em festas, recreios, jog os, shows, nao

competir com as vozes de outras pessoas, ou com outros barulhos.

A imita,aa de certas sons pode causar ardencia na garganta e

20

Page 25: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

machucar as pregas vocals e precIso que 0 professor esteja atent

e sempre orientando seus alunos, na pratica de exercfcios ffsicos

deve-se manter a respira\!ao livre e so Ita, evitando conversas

durante a corrida, a ginastica, a muscula9B.O e principalmente

nunca grunhir durante exercfcios ffsicos.

A to sse e 0 pigarro sao prejudiciais pois machucam as

pregas vocais, portanto deve-se tira-Io sem fazer fOrlfa ou muito

som; beber muita agua hidrata 0 corpo e faz as pregas vocais

funcionarem methor, a agua e importante nao s6 quando sentir

sede mas quando talar demais tambem; as bebidas geladas ou

sorvetes podem provocar choque termico por isso elas devem ser

engolidas lentamente esperando quebrar 0 gelo na boca antes de

engolir; a roupa tarnbem pode interferir na produgao vocal, calcas

apertadas na cintura, golas justas na garganta e len\!os amarrados

no pesco\!o incomodam durante a fala.

A respira\!ao a fundamental para a saude, a poeira, mofo,

cheiros fortes e polu;\!B.o irritam as pregas vocais e 0 nariz.

A voz revela como a pessoa realmente a como ela esta se

sentindo, a a grande reveladora de sentimentos, a voz conta:

Idade - a voz infantil e diferente da voz de um adulto, que tambam

a diferente da de um idoso.

Sexo - 0 timbre masculino e mais grave que 0 feminino.

21

Page 26: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

Saude - quando se esta com a saude abalada por uma gripe

ou alergia a voz fica rouca , grossa e abafada, quando se esta bem

ela fica clara e feicil de sair.

Emoyao - pelo som da voz e posslvel saber se uma pessoa

esta alegre ou triste, calma ou apressada, etc.

Inten<;ao - pode-se distinguir quando alguem estas tentando

agradar, convencer ou machucar somente pela forma como fala.

Profissao - exemplo: um feirante tem de gritar, jei uma

enfermeira tala baixo.

Personalidade - pessoas que sao timidas falam baixo e fraco,

as que gostam de mandar falam grosso e forte.

Dicas para quem gosta de cantar:

-Can tar sem fazer esforyo ou gritar.

- Nao tentar cantar mais forte que os oulros.

-Fazer sempre exercfcios de aquecimento antes de cantar.

-Evilar cantar quando a voz estiver rouca po is ela podera

piorar.

-Evilar cantar quando esliver gripado ou resfriado,

geralmente as pregas vocais ficam inchadas e a voz fica mais

grave, podendo for<;ar demais a garganta.

-Evilar 0 uso de pastilhas principal mente aquelas que

anestesiam a garganta pois podera acontecer urn abuso vocal sem

ser sentido.

22

Page 27: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

-Se passive I comer uma maya ou outra fruta antes de can tar,

faz bern para as museu los do pesco90 e do roslo relaxando-os,

antes de cantar evitar chocolates, leite e doces pois provocam

secre9ao.

-Abrir bem a boca ajuda as oulras pessoas a

compreenderem 0 som.

-Enquanto canta respirar pela boca ou pelo nariz, nao ficar

sem f6lego.

-Uma boa postura faz com que a voz saia melhor, sem

esfor90, cantar em pe ou sentado com 0 corpo ereto.

Estas dicas sao importantes para quem canta em coral ou

na aula de musica, as professores tam bern devem cuidar da sua

propria voz, ao senti rem urn desconforto como a rouquidao por

mais de quinze dias, devem procurar urn otorrinolaringologista

para detectar urn possivel problema e tamar as devidas

atitudes.(Higiene Vocal Infantil, Informag6es Basicas; Belau, M. ;

Dragone, M. L;Ferreira, • E; Pela, S. 1997, Lovise.)

23

Page 28: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

CAPiTULO III - Atividades baseadas em minha propria

experiencia:

Voz

Para desenvolver a afina,8o e importante que 0 professor

seja afinado e tenha urn certo conhecimento de tecnica vocal, as

cantigas de rada e as can90es folcl6ricas representam urn born

repertorio para 0 trabalho de educac;ao musical infantil. Existem

varios Cd's de can90es infantis de boa qualidade, principalmente

os do selo "Palavra Cantada", e importante ouvir com as crianyas

e cantar acompanhando 0 CD, pais ja que sao de boa quaJidade

podem auxiliar como urn born exemplo.

4 a 6 anos

-Faz-se uma rada cada crianya deve cantar uma musica sem

repetir as que ja fcram cantadas.

-Cantar acompanhando Cd's.

-Brincadeiras de reda.

-Cantar fazendo ge5t05 proprios da mlisica.

- 0 professor taz desenhos no quadro e os alunos devem

cantar musicas que falem destes desenhos, exemplo: gato - Atirei

o pau no gato.

-Cantar em Socca Chiusa.

-Cantar com sons de animais

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Page 29: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

"Gainza refere-se a can gao infantil como 0 alimento musical

mais importante que recebe a crianga, pois at raves das cang6es

estabelece contato direto com os elementos basicos da musica,

melodia e rilmo." (Marsico, Osorio. 1982: 131.)

As cang6es podem ser trabalhadas de maneira a ensinar os

elementos da musica: cantar forte, fraco, ligeiro, "devagar", grave,

agudo. Pode-se trabalhar tam bern express5es faciais com

dinamica: can tar triste, feliz, bravo, tfmido, chorando, etc.

Os sons

o reconhecimento de sons e importante para a percepgao de

mundo, coisas que estao ou que acontecem ao redor, sons de

dentro da casa, sons da rua, sons da noite, sons da floresta, sons

de anima is, sons de vefculos, sons de eletrodomesticos, sons do

corpo humano, sons que se faz com a boca, sons feitos com as

maos, com os pes, sons diversos feitos com papel, feitos com

objetos quaisquer, etc. 0 assunto sons tern uma gama incrfvel

para ser trabalhada, podem ser desenvolvidas infindas atividades.

o som e a materia-prima da musica, portanto e

imprescindfvel que seja explorado de diversas maneiras, os

elementos da musica podem ser trabalhados com os sons,

exemplos: sons curios e longos, fracos e fortes, agudos e graves,

densidade - quantidade de sons, etc.

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Page 30: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

o trabalho com a musica deve reunir toda e qualquer fonte

sonora: brinquedos, objetos do cotidiano e instrumentos musicais

de boa qualidade. E preciso lembrar que a voz e 0 primeiro

instrumento e 0 corpo humano e fonte de produ98.0 sonora.

E importante que 0 professor possa estar atento a maior ou

menor adequay8.o dos instrumentos a faixa eta ria de zero a seis

anos. Pode~se confeccionar diversos materiais sonoros com as

crianyas, bem como introduzir brinquedos sonoros populares, e

instrumentos etnicos, etc. 0 trabalho musical a ser desenvolvido

nas instituiyoes de educa9ao infantil pode ampliar meios e

recursos pela inclusao de materiais simples aproveitados do dia~

dia ou presentes na cultura da crianc;a.

"Os brinquedos sonoros e os brinquedos de efeito sonoro

sao materiais bastante adequados ao trabalho com bebes e

crianyas pequenas. Com relayao aos brinquedos deve~se valorizar

os populares como a matraca, 0 r6i~r6i ou berra - boi do Nordeste;

os pioes sonoros, as sirenes e apilos, etc., alem dos tradicionais

chocalhos de bebes, alguns dos quais portadores de timbres

bastante especiais (Referencial Curricular Nacional para a

Educay.3.o Infantil, Conhecimento de Mundo, Brasilia Volume 3,

1998: 50.)

Explorac;ao sonora:

2a6anos

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Page 31: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

o trabalho de explora,ao sonora e bastante amplo

importante, ale envolve: escutar, reconhecer, localizar e criar.

- Fazer sons diversos com 0 proprio carpa, exemplo: sons

com a boca, com a lingua, com os pes, pernas.

- Fazer sons diferentes com objetos que estao no ambiente.

- Gravar as vozes das crian9as e ouvir depois comparando.

- Fazer sons diversos com diferentes papeis.

- Jagar uma bola imaginaria fazendo seus sons, ou outros

objetos imaginarias.

Tocar varies instrumentos de percussao e classifica-Ios

quanta a maneira de tocar, e explorar seus sons tDeanda de

maneiras diferentes do convencional.

Confeccionar instrumentos de percussao explorando

diversos materiais como: papelao, plasticQ, papel, madeira, metal.

Trabalhar conto sonoro, onde os personagens sao

representados por instrumentos ou os instrumentos sao os

personagens.

- Contar uma hist6ria e pedir que os alunos fa9am a

sonoriza9ao.

Percep,ao de sons

4 a 6 anos

- a professor tala no ouvido das crian«as 0 nome de um

animal, de modo que formem pares, e segredo uma nao deve

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Page 32: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

contar a outra, quando 0 professor der 0 sinal pre -determinado

todos devem tazer 0 som de seu animal ate encontrar 0 seu

respectivo par.

- Dar instrumentos 'as crian9as de modo que formem pares,

ir a uma area grande que possibilite varios esconderijos, urn de

cada par vai esconder-se e esperar que seu respectivo par 0

encontre atraves do som de seu instrumento, esta brincadeira

trabalha tam bern perguntas e respostas, pois urn toca e 0 outro

responde assim sucessivamente ate que encontre 0 seu par.

- 2 a 6 anos

- Ouvir material sonoro que contenha diversos sons que as

crian9as possam reconhecer.

- Mostrar figuras e pedir que os alunos fa9am seus sons.

- Tocar os instrumentos de percussao dentro de uma sacola

ou caixa que nao possibilite a vi sao, para que os alunos

reconhe9am somente 0 som.

- Ajudar 0 aluno a ouvir os sons do pr6prio corpo: coc;ando a

cabec;a, sentlr 0 corac;ao, engolir a saliva, espirrar tossir, bocejar,

estalar a lingua, estalar os dedos, bater palmas, bater os pes,

fazer xixi, pedir que os alunos descubram outros sons ainda nao

faladas.

- Lembrar os sons de dentro da casa: televisao, radio,

telefone, porta, campainha, microondas, liquidificador, descarga,

chuveiro, tomeira, etc.

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Page 33: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

1 Ouvir sons da natureza: chuva, vento, mar, gato miando,

cachorro latindo, usar grava«oes que tenham sons nao

disponfveis ao redor como cachoeira, cavalo, etc.

"Quando uma crian«a bate ou esfrega um bloquinho de

madeira contra a mesa, golpeando-o., a principio rapidamente,

depois mais devagar, jogando-o posteriormente ao chao ou

movimentando-o de varias maneiras, ela obtem sonoridades

diversas.Esses gestos revelam uma pesquisa sonora, que devemos

respeitar, encorajar e orientar, ainda que de irnediato ela possa

parecer sem sentido, pelos movimentos desordenados que

envolve.Com 0 tempo, tal atividade ira sendo gradual mente

aprimorada, ate

transformando-se

integrar-se ao corpo como

em capacidade expressiva."

urn todo,

(Jeandot,

1993:21,22).

Percep«ao ritmica

5e6anos

- Fazer uma brincadeira chamada Bomba: os alunos sentam

em roda, 0 professor da urn objeto que deve ser passado de urn

para outro, este objeto e a bomba portanto deve ser passado logo

que recebido, quando a musica parar por comando do professor, 0

aluno que estiver com a bomba na mao deve imitar as palmas do

professor, ecos ritmicos.

- Oitados ritmicos de sequemcias ja conhecidas, usa-se

tragos na representagao das figuras.

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Page 34: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

- Fazer ditados rftmicos de seqOencias conhecidas mas a

representa9ao sera feita atraves de papeis pequenos que sao as

colcheias e grandes as semfnimas.

"A crian9a possui essa n09ao instintiva de ritmo, mas a

princfpio nao tem controle sobre ele, devido a falta de matura9ao

de seu sistema nervoso, que a impede de estabelecer as

coordena90es neuromusculares necessarias. Isso explica os

numerosos e pacientes exercfcios aos quais a criancinha se

entrega." (Jean dot, 1993:26.)

Representayao grafica de sons

5 e 6 an os

- Contar uma hist6ria e depois representar alguns sons dos

mais importantes, exemplo: 0 lobo soprou muito forte, conversar

com os alunos e fazer um desenho que pare9a com 0 sopro do

lobo, chegar a um consenso em grupo.

- 0 professor pede que as alunos fechem as olhos e faz sons

que eles tentarao descobrir quais sao, depois de descobertos faraD

desenhos representando-os, esta atividade trabalha tambem a

percepgao, cuidar para que 0 desenho nao seja da fonte geradora.

Fazer esquemas rftmicos e representa-

los com tra90s, a semfnima e um tra90 grande e a colcheia e

menor, depois que os alunos ja conhecem estes esquemas de

representa9ao faz-se ditados rftmicos.

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Page 35: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

4 an os

- Tocar do is instrumentos de sons distintos lange da vista

das crianyas, pode ser dentro de uma sacola ou caixa, para que

as crianyas conforme forem ouvindo reconheyam os sons, elas

devem representar asses sons com as form as de representayao ja

anteriormente estipuladas, exemplo: 0 tambor sera representado

por um cfrculo, os guizos por trayos.

- Ouvir uma canyao e fazer 0 desenho registrando a letra, ou

os instrumentos.

- Ouvir uma musica instrumental e desenhar os sentimentos

que sentiu ao ouvi-Ia.

o professor de educayao musical deve respeitar a etapa em

que se encontra 0 aluno,se for urn bebe ele tera suas IimitaC(oes

como nao tolerar certas alturas au intensidades, 0 mesmo

acontece com enfermos.O pre-adolescente muitas vezes tern

dificuldades ao se expressar, nao con segue exteriorizar suas

sensaC(oes,ja 0 adolescente poe na musica seus sentimentos e

procura se expressar at raves daquilo com que se identifica.

"A crianC(a em idade escolar nao costuma escutar 0 som da

musica que ela mesma produz, grita quando canta e bate nos

instrumentos, ao inves de toea-los, a menos que tenha side

especial mente sensibilizada au treinada para proceder de forma

diferente, ou caso tenha ao seu redor modelos capazes de induzir

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Page 36: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

comportamentos mais refinados que os correspondentes a sua

idade. Energia ffsica e afetividade estao intimamente entrelagadas

nela; gosta de explorar 0 mundo sonoro e manipula os sons

espontaneamente." (Gainza. 1982: 23).

A assimila9aO da musica depende de outras vivencias do

individuo, 0 primeiro contato na aula de musica deve ser

estimulador a ponto de 0 aluno se interessar por aprender

mais,mas simples 0 suficiente para que ele perceba que esta a seu

alcance.As aulas devem progressivamente apresentar uma etapa a

ser vencida pois urn elemento desafiador provoca 0 aluno a

sempre buscar seu desenvolvimento.E importante tambem que 0

aluno possa se identificar com algum aspecto da aula de musica,

brincadeiras, jogos e musicas infantis, pois assim a aprendizagem

se tornara mais facil visto que algumas coisas sao tiradas do

cotidiano da crianga e unidas a novos conhecimentos.

A musica gera um movimento interno no indivfduo

provocando reagoes externas, expressao corporal, sonora e

verbal. Tambem estimula a imaginagao e a fantasia promovendo

uma intensa atividade mental. A musica gera expresseo de suas

capacidades e dificuldades, 0 individuo que nao con segue atingir 0

melhor nivel de execugao esta exteriorizando urn movimento

interno, suas dificuldades ficam todas a vista, assim como aquele

que executa uma obra com quaJidade otima tambem esta

exteriorizando a que ha em seu inti mo. Para que haja uma

interpretagaa aprimorada e necessaria que 0 executante tenha se

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Page 37: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

mobilizado equilibradamente a nfvel ffsico (sensorio -motor),

afetivo (comunica~ao senslvel) e mental (grau de compreensao da

obra).

"A aprendizagem se concretiza com a aquisiyao- consciente

au nao - de urna serie de capacidades ou destrezas no campo

sensorial, motor, afetivo e mental." (Gainza. t 982: 23).

A musica gera sentimentos nas pessaas,simboliza,

representa au evoca, provoca associa~oes, as situa~oes de

potencia ou impotencia musical associam-se a outras situa~oes

vitais par se tratar de intense subjetivismo. No geral a imaturidade

da infancia tende a ser superada atraves do processo natural de

amadurecimento, porem as condutas musicais sao mais propensas

que outras a se manterem em estado imaturo. Por esse motivo

muitas pessoas pensam que musicos sao aqueles que nascem

como se a aptidao musical se restringisse a alguns seres

privilegiados. 0 que acontece e que na hora da execu9ao 0

executante demonstra varias facetas de seu treinamento,

imagina~ao, sensibilidade,capacidade motora e mental, grau de

treinamento, grau de relaxamento, capacidade de libera~ao ou

proje9ao,seus medos, tensoes, preocupa9ao, desequilibrio,

carencia, excesso e repreensao.

3.1 Minha experit~ncia como educadora

Trabalhei dUrante cinco anos e meio em urna escela de

Educayao Infanlil e Ensino Fundamental particular de cia sse media

alta em Curitiba (19971julho 2002). Crian9as de 1 ana e 2 meses

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Page 38: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

ata tres an os tinham duas aulas de musica par semana de trinta

minutos, crianyas de quatro a oito anos tinham duas aulas par

semana de quarenta minutos.

Oar aula de musica para crian9as a muito mais do que

ensinar a cantar au tocar um instrumento, a sensibilizar a aluno de

maneira que a musica faya parte de sua vida como uma forma de

expressao, como algo que gera atitudes.

E precise entrar no mundo infant iI, lembrar-se de seu tempo

de crianya pais certamente elas vivem de um modo total mente

diferente que os adultos, nao a justo querer lira-las de seu

universo tao rico e ao mesmo tempo tao carente de aprendizado.

Crianyas precisam de compreensao, diversao e limites, quem se

disp6e a trabalhar com elas deve estar ciente de que pracisara ser

um educador, um amigo a um examplo. A aducayao se da atravas

de imitayao em primeiro lugar por isso digo que 0 professor

precisa ser um exemplo, crianyas absorvem tudo que esta ao seu

redor quer seja born ou ruim.

Conhec;o muitos professores de musica que se limitam a

ensinar 0 que diz nos livros, ou ate menos do que isso,

principalmente de quando se trata de crian9as, pois eles acreditam

que qualquer coisa para elas esta born, eu creio que musica e

vida, a movimento, sentimento,ela deve S8r sent ida e entendida, a

fazer musical e nato do ser humano, as bebes cantarolam

pequeninas melodias antes mesmo de saber falar imitando suas

maes que sussurram para faze-los ninar. Pessoas desafinadas sao

34

Page 39: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

aquelas que nunca tiveram oportunidade de musicalizar-se, ou que

tiveram professores mediocres. Mesmo para elas ha solu<;ao com

disci pi ina, perseveranc;a e urn educador responsavel 0 suficiente

para nao desistir.

Sempre ouvi dizer que 0 aluno faz a escola mas eu digo que

o professor pode fazer rna is ainda. Pouco se diz sobre 0 professor

al9m de que ele ganha pouco, essa 9 uma visao errada desta

profissao, na area de musica entao a situa({ao fica pior, vejo

professores musicistas reclamando 0 tempo todo ao inv9s de

serem agentes transformadores da sociedade, falta consciemcia,

for,a de vontade e atitude, a responsabilidade e do educador, eele quem deve se dar valor e ele quem deve mostrar a importancia

da musica no desenvolvimento do ser, nao deve aceitar trabalhar

simplesmente datas comemorativas, aula de musica nao s

calendario!

Cabe ao professor definir como sera seu trabalho, existem

muitas possibilidades para se trabalhar a musica, 9 uma area

muito rica, ainda mais levando em conta toda a tecnologia ao

nosso alcance, por mais que uma escola nao possua muitos

materiais 0 professor deve ser capaz de produzir 0 melhor para

seus alunos ja que ele 9 quem detsm 0 conhecimento necessario

para que haja urn real aprendizado, nao digo que 0 professor e 0

unico capaz de ensinar pois existem muitas pessoas que com sua

vivencia tam bam possuem conhecimento, alias a vivencia e 0

maior instrumento de aprendizado jil. visto.o professor deve sempre

35

Page 40: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

estar disposto a aprender mais e a realizar trocas mesmo com os

alunos po is nao devemos subestimar 0 conhecimento que eles ja

adquiriram, as pessoas sempre tem algo a nos acrescentar, ou

trocar.

A participa\=ao das crian\=as na prepara\=ao de um projeto e

nao 56 na execu\=ao e muito importante po is gera nelas maior

satisfa\=ao, todas as vezes que trabalhei projetos de confec\=8.o de

instrumentos com sucata as crian\=as participaram colhendo 0

material a ser usado em suas casas. Oepois de termos recebido

todo 0 material af entao iniciamos a confec\=ao, fizemos pandeiros,

tambores, chocalhos, ganzas, reco·recos e ate viol5es que apesar

de nao terem um som bonito agradaram muito as crian\=as.

Projetos sobre compos ito res tambem pod em contar com a

participa\=ao das crian\=as, elas pod em trazer de casa CO's e

imagens.

Certa vez, fiz urn projeto sabre a vida de Chopin com

crian\=as de seis an as de idade, foi simplesmente maravilhoso ver

como elas pod em ser tao sensfveis a ponto de chorar quando

ficam sabendo que Chopin morreu muito doente, sua musica e sua

vida as comove, musica nao e apenas som, musica e vida, quando

ouvimos um preludio estamos voltando de certa maneira a spoca

em que ele foi escrito, sentimos 0 que 0 compositor sentiu, ou

chegamos muito perto.E importante estudar sobre a vida dos

compositores pois assim entenderemos melhor 0 que eles

quiseram expressar com sua musica, para as crian\=as e

36

Page 41: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

imprescindivel saber mais sobre 0 compositor , po is para elas a

questao de tempo nao esta ainda estabelecida, ela nao

compreende bem 0 que significa cem an os atras, e preciso explicar

o que havia naquele tempo em que 0 compositor viveu, ex: no

tempo de Chopin nao havia televisao, nem computador, as

pessoas divertiarn-se ouvindo musica na casa de alguem, musica

ao vivo, os musicos iam ate Ie. tocar, nao havia radio ou CD.

A crian9a precisa fazer urn registro para que fique marcado

em sua mem6ria 0 que ela fez ou ouviu, quando ouvimos musica

com crian9as e importante que ela possa registrar seja

desenhando, encenando ou fazendo uma colagem, existem varias

maneiras de fazer urn registro. Serve para mais tarde elas

lembrarem 0 que fizeram ou ouviram, e uti I tambem aos pais pOis

assim eles podem ter algo mais concreto sobre 0 desenvolvimento

de seu litho.

Para ensinar crian9as e preciso ter intimidade com 0 que

faz, so mente assim conseguiremos transmitir a verdadeira

essencia do que e 0 fazer musical. Outro projeto que fiz com meus

alunos foi sabre a opera "0 Guarani", escolhi esta obra por ser

uma historia que se passa no Brasil, "0 primeiro compositor

brasileiro a alcan9ar proje9ao mundial foi Carlos Gomes, que

conquistou a plateia italian a com sua opera II Guarani (1870)."

(Jeandot,1993:130), e porque em sala de aula as crian,as estavam

estudando sabre as fndios brasileiros, usei 0 livro da cole9ao

"Opera para crian9as".Enquanto nos ouvfamos a opera eu ia

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Page 42: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

traduzindo e contando a historia, nao ouvimos tudo pOis e muito

longa para cr;an~as de cinco anos, ouvfamos algumas partes mais

importantes sem ficar muito tempo na mesma faixa para que as

crian~as nao perdessem 0 interesse, e uma historia de herofsmo

que cativa as crian~as, ouvimos a opera em tres aulas respeitando

os tres atos, foi interessante como as crian~as se envolveram com

esta obra, elas vibravam com 0 hero; Peri.

o professor que trabalha com musica em escola normal

deve sempre levar em conta 0 que a crian9a esta aprendendo em

sala de aula pOis assim 0 aprendizado sera mais efetivo,

abrangera mais aspectos, ex: quando trabalhei "0 Guarani" as

crian~as ja estavam aprendendo sobre os indios, e depois tambem

trabalhei com elas musica indfgena.

A musica indfgena e interessante de ser trabalhada, as

crian~as go starn muito de ouvir musica em outra lingua (desde que

haja a tradu~ao). os indios fazem seus proprios instrumentos a que

tambem pode servir de incentivo para um projeto de confec9ao de

instrumentos com sucata.Conhecer a musica indigena e conhecer

mais sobre a cultura brasileira.

Gosto de dividir 0 meu trabalho de musica com crian~as da

seguinte maneira: musica como cultura e musica como

conhecimento especffico.

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Page 43: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

CAPiTULO IV - Musica como cultura:

Nesta parte do trabalho a musica sera trabalhada de maneira

que 0 aluno conhe<;8 mais a cultura de seu pais e de autros

parses, ampliando seu conhecimento de mundo.

Musicas folcl6ricas

E importante que a crianc;:a conheC;:8 e cante as musicas

folcl6ricas de seu pafs para que a tradi<;ao oral nao tenha tim,

mesma que existam livres e partituras S8 nao houver a vivencia

tude S8 extinguira. 0 conhecimento das tradigoes faz parte do

desenvolvimento da identidade da crianga. Cantigas folcl6ricas de

autros parses enriquecem 0 vDcabulario infanti!.

2 Brincadeiras infantis (geralmente sao musicadas)

As brincadeiras infantis sao muito uteis na musicalizac;:ao

po is elas trabalham a ritmica e a afinac;:ao de uma maneira ludica,

e preciso preserva-Ias as crianctas precisam dessas brincadeiras,

sao saudaveis estimulam a atividade ffsica e a musica.

3 Oiversos ritmos mus;cais, estiJos

A aprecia~ao musical de diversos estilos enriquece 0

conhecimento musical e promove 0 desenvolvimento do senso

estetico e critico.

4 MtJsicas para diversas situa90es

Ex:musica para danctar, musica de casamento, musica de

propaganda. Desenvolve a sensibilidade.

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Page 44: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

5 Musica classica

Acima de tadas as caisas a que mais pram ave a

desenvolvimenta do senso estatica e crftica e a aprecia!;?8.o de

musicas classicas, a crianCfa precisa aprender a ouvi-Ia e aprecia-

la para issa a necessario que 0 professor saiba conduzir este

momento de apreciaCfao para que ele seja relaxante au ate mesmo

excitante. Fazer movimentos que acompanhem a musica,

desenhar, fingir que toca 0 instrumento que esta ouvindo,etc.

6 Parlendas, lrava-Ifnguas etc

Este tipo de atividade trabalha a dic9ao, a concentra98.o e a

rftmica, alem de fazer parte do nosso folclore.

7 Instrumentos musicais

A percepl'ao pode ser trabalhada atraves de um projeto

sabre instrumentos musicais, a importante para a crianCfa conhecer

varias instrumentos e conseguir reconhecer seus sons.

8 Apreciayao musical

Ouvir somente musicas de qualidade, principalmente musicas

infantis, pois a sensa estatico e crftico esta sendo form ada.

40

Page 45: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

4.1 Musica como conhecimento especlfico

1 0 canto, afina,8o

o canto e trabalhado atraves de cantigas infantis 0 professor

deve ter noyoes de canto e cantar bern pois ele e urn exemplo,

caso nao cante bern e melhor que cante acompanhando CD's de

boa qualidade. A infancia e a hora certa de se desenvolver a

afinayao, a crianya tern mais capacidade de aprendizado do que 0

adulto.

2 0 ritmo

o rilmo e trabalhado atraves de danya, expressao corporal,

apreciayao de ritmos diferentes. Tudo na vida tern seu ritmo e

importante que a crianc;:a perceba isso, seu pr6prio corpo tem

ritmos diferentes

3 A percep,8o

Primeiro de sons da natureza, da casa, de instrumentos etc,

depois de rnelodias e rilrnos. A perceP9ao e urna parte irnportante

da educayao musical, uma perceP98.o pouco trabalhada resulta em

um instrumentista ou cantor que nao con segue se ouvir e

conseqOentemente nao percebe se esta executando bern ou mal,

ela e necessaria tambem para os compositores ou arranjadores.

4 Altura

Reconhecer diferentes alturas e reproduzi-Ias e fundamental

na afinac;:ao ou execuc;:ao instrumental.

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5 Intensidade

Na execu~ao de uma pe~a existem varia~6es de intensidade,

a dinamica.

6 Improviso

Ao meu ver 0 improviso antecede a composiQao, uma criany8

que aprende a improvisar, S8 soltar, conseguira rnais tarde

camper. Acredito que funcione da seguinte maneira: imitagao,

execu98.o com sua propria dinamica, improviso e composic;ao.

7 Composi9ao

E a fase em que acrianQa poderc3. utilizar-se da sua vivencia

musical para criar algo novo, algo seu. A criatividade desenvolvida

ao lango das aulas encontrara seu apice aqui.

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Page 47: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

CAPiTULO V - a vinculo professor- aluno

E importante que haja urn elo entre 0 professor e 0 atuno, 0

professor nao pode ser simplesmente aquele que entra e despeja 0

conteudo esperando que 0 aluno cate 0 que conseguir, ele deve

sar urn exemple, de justi98, ordem, interesse, amizade Em sala

de aula com varias crian9as e passivel que aeont898m mementos

de conflitos seja entre as alunos au ate mesma entre aluno e

professor, e preciso saber lidar com esses conflitos para que eles

sejam resolvidos e 0 clima em sala volte ao normal.

Criany8s precisam de Iimites, cabe ao adulto responsavel dar

ests limite, nas aulas de musica e 0 professor que deve dar limite

quando necessaria, as cr;an9as provam 0 adulto a todo tempo para

ver ate ends elas podem ir na brincadeira ou na conversa, 0

professor nao deve perrnitir que urn aluno atrapalhe a aula pois 0

aprendizado dele e dos colegas esta em jogo. A crianc;:a deve

aprender a hora certa para brincar e a hora de prestar atenyao,

para lsso as aulas devem proporcionar momentos de descontra9ao

e momentos de concentraqao, sempre tendo em vista ° Jado ludico

ja que se trata de crianyas impedindo que a bagunc;:a se instale na

sala.

As crianyas usam 0 professor como espelho, varias maes de

alunos me disseram que quando estes brincavarn em casa diziam

ser eu, pude perceber 0 quanta eu posse influenciar!

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Page 48: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

o professor de musica nao e s6 urn exemplo de justic;:a e bern

proceder, ele e um exemplo de musicista a ser seguido, para isso

e preciso sempre estar disposto a se aperfeittoar, nao estagnar.

o educador deve procurar conhecer seus alunos, saber de

suas habilidades e entender suas dificuldades para ajuda-Io,

fatores familiares influenciam na conduta do aluno, se tratando de

crianc;:as deve-se estar sempre atento aos motivos que levam tal

crianc;:a a certos comportamentos, seja de isolamento, brigas,

autocritica severa, criticas aos colegas etc.

o relacionamento entre cole gas deve ser trabalhado com

atividades que envolvam trabalho em equipe e conscientiza9ao do

respeito ao pr6ximo.

5.1 0 sen so estetico e critico

o professor precisa saber cantar para ensinar a cantar, nao

pode ensinar 0 que nao sabe.

A responsabilidade e grande, a professor contribui para a

desenvalvimento do individuo, a sen so estetica e critico vern

sen do comprometido por que as crian9as ouvem musicas de ma

qualidade vocal, e ainda par cima muitas vezes com letras nao

adequadas a sua idade. Algumas vezes me lembro de quando eu

era crian9a de como gostava de cantar com minha mae ou com

minha av6, percebo que as crian9as de hoje nao tern ninguem alem

da babe para cantar com elas, infelizmente as babes em geral nao

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Page 49: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

tiveram uma educa~ao que as levasse a ter urn sensa estetico e

crftico refinado, a TV e outro educador de crianc;as talvez mais

inadequado que uma baba.

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CONCLUSAO

o professor de musica precisa conseguir superar as

barreiras da cultura moderna, precisa tamar vivo 0 folclore,

precisa realmente educar musical mente as crian9as, elas estao na

melhor idade para aprender, nao pod em os deixar que 0 folclore se

perea ele e urn importante aliado na edUC8lfaO musical.

As crian98s e adolescentes sao como esponjas prontas a

absorver a que Ihes for dado, e preciso ter consciencia da

importancia que nos professores temos, nos somas capacitadores

devemos estar sempre atentos as necessidades dos alunos e da

sociedade em geral, podemos ser agentes transformadores.

Esta em nossas maDS a responsabilidade de educar

musicalmente a sociedade, que esta tao polufda e deturpada, esta

sociedade que cresee ouvindo lixo e continua ouvindo par toda sua

vida achando que e 0 melhor. Pessoas que nao tem seu senso

estetico e crftico desenvolvido, e isso nao se trata apenas de

musica mas de qualidade de vida, 0 senso estatico e crftico guia 0

comportamento da pessoa, ela vai a lugares que acha que Ihe

convem mesmo sendo perigosos a olhos mais atentos, mas tal

pessoa nao enxerga, esta cega pela sua ignorancia nao con segue

discernir ° bem do mal. Por isso nossa sociedade tem tantos

problemas, a faJta de sen so produz consequencias graves que

levam a uma vida mediocre cercada de maus exemplos.

Os musicistas devem erguer sua bandeira, a bandeira da

paz, da tolerancia, do tazer musical como forma de expressar

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Page 51: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

sentimentos, e preciso canalizar toda a energia dos jovens para a

arte, a musica produz sentimentos e reayoes, e nosso dever saber

utiliza·la adequadamente, temos em maos uma arma que nao mata

mas transforma e pra melhor. A musica continua sendo curativa

como acreditavam os antigos gregos, a boa musica jamais acaba,

nao importando seu estilo e sim sua qualidade.

E. preciso acreditar no que se faz, ter muita intensidade, 56

assim poderemos contaminar a muitos com os efeitos curativos da

musica, a sociedade esta doente mas n6s temos um bern remedio:

a musica, quase tao antiga quanta a pr6pria sociedade, ela passou

a existir a partir da necessidade de comunicayao que os antigos

povos tinham.

Ainda hoje 0 povo tem necessidade de se comunicar de se

expressar livremente, mas sem cultura 0 que ele expressa e inutil,

inexpressive, nao faz diferen<ta, apenas faz barulho, barulhe

significa que ° povo ja nao sabe 0 que diz, portanto diz asneira.

Isso s6 podera mudar se nos professores nos preocuparmos em

educar 0 pavo musicalmente, pois se nos nao tomarmos uma

atilude quem tomara?

Nao esqueya a musica lem poder e voce 0 conhece esla em

suas maos passar adiante, nao se acomode en sine mostre 0

caminho da verdadeira expressao musical, depais que 0 aluno

entender 0 caminho ele mesma podera trilha·lo sozinho

escolhenda quais musicas ele vai ouvir ou executar, mas serao de

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boa qualidade po is ele ja foi orientado no desenvolver de seu

senso estetico e crftico.

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Page 53: ANGELICA LANZINI XAVIER EDUCA

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