Analise Ergonomica Do Posto de Trabalho Nas Portarias da Unipampa Bagé

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ANÁLISE ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO NAS PORTARIAS DO CAMPUS BAGÉ DA UNIPAMPA Carla Novello* e-mail: [email protected] Daniel Dummer * e-mail: [email protected] Natana Pedroso* e-mail: [email protected] Jonathan Greik* e-mail: [email protected] Pésio Muraro* e-mail:[email protected] Fernando Augusto Mattos de Souza* e-mail: [email protected]; *Universidade Federal do Pampa, Bagé RESUMO: Os riscos ergonômicos no ambiente de trabalho têm causado uma série de impactos econômicos e financeiros ameaçando tanto a sobrevivência das organizações quanto a saúde dos trabalhadores. Os gestores passaram a ter a missão da gestão eficaz de forma a atender a demanda por prevenção de acidentes e doenças ocupacionais no ambiente de trabalho e atender a legislação deste setor, porém com a preocupação de administrar os custos totais das empresas. A qualidade de vida da saúde do trabalhador em uma organização moderna depende do seu desempenho na área de ergonomia. Uma forma de avaliação deste desempenho pode se dar através do uso de instrumentos de avaliação de riscos ergonômicos. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica dos métodos de análise de riscos ergonômicos e a observação do posto de trabalho com aplicação prática de questionários, registro de imagens dos movimentos executados na realização das tarefas e a aplicação do método OWAS, RULA e REBA na avaliação das posturas e esforços nas portarias do campus Bagé da UNIPAMPA e a

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ANÁLISE ERGONÔMICA DO POSTO DE TRABALHO NAS PORTARIAS DO CAMPUS BAGÉ DA UNIPAMPA

Carla Novello* e-mail: [email protected] Dummer * e-mail: [email protected]

Natana Pedroso* e-mail: [email protected] Greik* e-mail: [email protected]

Pésio Muraro* e-mail:[email protected] Augusto Mattos de Souza* e-mail:

[email protected];*Universidade Federal do Pampa, Bagé

RESUMO: Os riscos ergonômicos no ambiente de trabalho têm causado uma

série de impactos econômicos e financeiros ameaçando tanto a sobrevivência das

organizações quanto a saúde dos trabalhadores. Os gestores passaram a ter a missão da

gestão eficaz de forma a atender a demanda por prevenção de acidentes e doenças

ocupacionais no ambiente de trabalho e atender a legislação deste setor, porém com a

preocupação de administrar os custos totais das empresas. A qualidade de vida da saúde

do trabalhador em uma organização moderna depende do seu desempenho na área de

ergonomia. Uma forma de avaliação deste desempenho pode se dar através do uso de

instrumentos de avaliação de riscos ergonômicos. A metodologia utilizada foi a revisão

bibliográfica dos métodos de análise de riscos ergonômicos e a observação do posto de

trabalho com aplicação prática de questionários, registro de imagens dos movimentos

executados na realização das tarefas e a aplicação do método OWAS, RULA e REBA

na avaliação das posturas e esforços nas portarias do campus Bagé da UNIPAMPA e a

partir daí obtidos os níveis de ação, se aceitáveis, ou não, nas posturas com maiores

índices de freqüência.

Palavras-chaves: Ergonomia, OWAS, RULA, REBA

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1. INTRODUÇÃO

Várias alterações nos métodos e processos de produção vêm sendo causadas

pelas mudanças tecnológicas e as novas técnicas de gestão dos negócios. Devido a isso,

é necessário proporcionar aos funcionários ou colaboradores condições adequadas para

que estes possam exercer suas tarefas e atividades com conforto e segurança, e adequar

a empresa a essas mudanças.

Tornando-se uma estratégia para a empresa sobreviver no mundo globalizado, a

qualidade de vida no trabalho acarretará na conquista da melhor qualidade dos seus

produtos ou serviços e o aumento da produtividade. A contribuição da ergonomia no

projeto do posto de trabalho e do próprio sistema de produção deixa de ser apenas uma

necessidade de conforto e segurança, pois, sua importância está na contribuição para a

promoção da segurança e bem-estar das pessoas e conseqüentemente a eficácia dos

sistemas nas quais elas se encontram envolvidas. Então, a grande questão é como

melhorar o sistema produtivo de forma a beneficiar não só a empresa, como também os

trabalhadores.

A ergonomia é um campo do conhecimento, cujo objetivo é analisar o trabalho,

de forma a poder contribuir com a concepção e/ou transformação das situações e dos

sistemas de trabalho. A análise do trabalho real permite à ergonomia determinar as

informações que um operador dispõe para realizar seu trabalho, definindo as

características essenciais de uma nova situação de trabalho: os dispositivos técnicos, os

meios de trabalho, o ambiente e a organização de trabalho, além das competências e das

representações dos operadores.

Os impactos para as organizações decorrentes das LER/DORT atingem diversas

áreas, tanto no que se refere à redução da produtividade e ao aumento dos custos quanto

da menor qualidade de vida dos trabalhadores (COUTO, 1998 e MAENO, 2001). Neste

contexto a ergonomia contribui na elaboração dos projetos de postos de trabalhos e no

diagnóstico dos riscos para melhoria do ambiente. Ao analisar estes aspectos o presente

trabalho tem por objetivo analisar através do métodos OWAS, RULA e REBA, o

comportamento ergonômico dos funcionários das esforços nas portarias do campus

Bagé da UNIPAMPA.

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2. ERGONOMIA

A ergonomia é um campo do conhecimento, cujo objetivo é analisar o trabalho,

de forma a poder contribuir com a concepção e/ou transformação das situações e dos

sistemas de trabalho. A análise do trabalho real permite à ergonomia determinar as

informações que um operador dispõe para realizar seu trabalho, definindo as

características essenciais de uma nova situação de trabalho: os dispositivos técnicos, os

meios de trabalho, o ambiente e a organização de trabalho, além das competências e das

representações dos operadores.

Em princípio, a ergonomia volta-se para aspectos que se enquadram em uma

perspectiva baseada na fisiologia e na psicologia cognitiva. As questões tratadas têm

como ponto de partida aquilo que pode ser explicado por estudos que privilegiam

aspectos antropométricos, biomecânicos, consumo de energia, órgãos sensoriais,

neurofisiologia, entre outros.

Posto de trabalho é a configuração física do sistema homem – máquina – ambiente. É

uma unidade produtiva envolvendo um homem e o equipamento que ele utiliza para

realizar o trabalho, bem como o ambiente que o circunda (IIDA 2005).

A ergonomia enumera alguns passos de suma importância na projeção dos

postos de trabalho, que se levados em consideração atenuariam a incidência de

empregados afastados de seus empregos por doenças causadas geralmente pelas más

condições em que são realizadas as suas tarefas. É retrogrado pensar, nos dias atuais, em

produtividade sem levar em consideração o bem estar dos trabalhadores já que eles são

as variáveis impulsionadoras das receitas. Ao analisar os possíveis desconfortos citados

pelos empregados, é de suma importância observar o posto de trabalho dos indivíduos

em questão, há critérios físicos em que se baseia para o projeto desses locais.

O arranjo físico (layout) é o estudo da distribuição espacial ou do

posicionamento relativo dos diversos elementos que compõe o posto de trabalho (IIDA

2005).

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3. PROBLEMAS POSTURAIS

A má postura pode acarretar vários problemas de saúde. Muitos desses

problemas acabam ocorrendo na coluna vertebral, e são mais difundidos do que outros.

A seguir temos algumas patologias decorrentes da postura incorreta.

A postura frequentemente é determinada pela tarefa e pelo posto de trabalho,

seja sentado ou em pé, e quando inadequada e prolongada produz tensões mecânicas nos

músculos, ligamentos e articulações que resultam em dores no pescoço, costas, ombros

e punhos. Cada componente do posto de trabalho deve ter sua própria adequação

ergonômica, onde deve adaptar-se às características anatômicas e fisiológicas dos seres

humanos, principalmente no que se refere aos sistemas musculoesquelético e óptico.

Porém, nenhuma postura é neutra, e nenhuma má postura é adotada por alguém

livremente, mas é resultado de um conjunto de fatores, como: características da tarefa,

condições de trabalho, formas fisiológicas e biomecânicas de manutenção do equilíbrio

ou as características do meio de trabalho.

3.1 Lordose

É um aumento da concavidade posterior da curvatura na região cervical ou

lombar, acompanhado por uma inclinação dos quadris para frente (IIDA, 2005). A

lordose passa a ser considerada uma deformação quando atinge um ângulo superior a

60° na coluna cervical ou está entre 40° e 60° na coluna lombar, passando a chamar-se

hiperlordose. Na figura 1 é possível observar na imagem 1 a coluna normal e na imagem

2 a coluna com lordose.

Figura 1 – Coluna normal e coluna com lordose

3.2 Cifose

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Caracteriza-se por um aumento da convexidade, acentuando-se a curva para

frente na região torácica, correspondendo ao corcunda. Tal condição acentua-se em

idosos (IIDA, 2005).

Figura 2 – Coluna normal e coluna com cifose

3.3 Escoliose

É caracterizado por um desvio lateral da coluna. Vista de frente ou de costas, a

pessoa aparenta estar pendendo para um lado (IIDA, 2005).

Figura 3 – Coluna com escoliose

3.4 Hérnia de disco

Entre as vértebras cervicais, torácicas e lombares, estão os discos intervertebrais,

estruturas em forma de anel, constituídas por tecido cartilaginoso e elástico cuja função

é evitar o atrito entre uma vértebra e outra e amortecer o impacto. A Hérnia de Disco

ocorre quando acontece o deslocamento do disco intervertebral para fora de seu

compartimento natural, protegido por ligamentos (RIO; PIRES, 2001).

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De acordo com Rio e Pires (2001), a hérnia de disco nem sempre é um evento

agudo, mas evolui ao longo dos anos e pode, eventualmente, ser precipitada para fora de

seu compartimento natural por esforços relativamente pequenos.

Figura 4 – Disco invertebral normal e rompido

3.5 Tendinite

É uma condição atribuída à lesão no tendão e sua inserção no osso.

Freqüentemente a tendinite está relacionada a uma ocupação ou exercício físico. No

ombro temos a tendinite bicipital e do supraespinhoso que levam a dor e impotência

funcional. A tendinite também pode afetar os tendões bíceps e do tríceps, embora essas

lesões sejam bem menos comuns (CERVI et al, 2009), e também pode ocorrer no

punhos e mãos.

4. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ERGONÔMICA

Existem muitos métodos de análise de riscos ergonômicos, encontrados na

literatura disponível, delineados para determinar a exposição a fatores de risco devido à

sobrecarga biomecânica de todo o corpo ou dos membros superiores. Entre eles

destacam-se aqueles que evidenciam de forma qualitativa a presença de características

ocupacionais que podem levar o “avaliador” em direção à possível presença de um risco

(COLOMBINI, 2005), porém poucos métodos se propõem a quantificar a exposição e

definir limites de tolerância de exposição ao risco.

Procurou-se aqui identificar e discutir um número limitado de métodos de

avaliação de risco ergonômico que, pelas suas características intrínsecas e pela sua

propagação, parecem ser mais aplicáveis ao posto de trabalho analisado.

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4.1 Sitema de avaliação OWAS

Um sistema prático de registro, chamado OWAS (Ovako Working Posture

Analysing System) foi desenvolvido por três pesquisadores finlandeses. Eles

começaram com análises fotográficas das principais posturas encontradas tipicamente

na indústria pesada e encontraram posturas típicas (IIDA, 2005), as quais são

apresentadas na figura 5.

Figura 5 – Sistema OWAS para registro de postura

O quadro 1 apresenta a classificação das posturas pela combinação da variável

(dorso, braços, pernas e carga).

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Quadro 1 – Classificação das posturas

4.2 Sitema de avaliação RULA

Proposto por McAtamney & Corlett (1993), para avaliação rápida dos danos potenciais aos membros superiores, em função da postura adotada. O Método avalia posições específicas; É importante avaliar os que envolvem uma carga postural superior. Este método avalia a postura do pescoço, tronco e membros superiores (braço, antebraço e mãos) e relaciona com o esforço muscular e a carga externa a que o corpo está submetido (IIDA, 2005).

A aplicação do método começa com a observação da atividade do trabalhador ao longo de vários ciclos. A partir desta observação devem ser selecionadas tarefas e posições mais significativas, tanto em duração ou por apresentar uma maior carga postural.

Se o ciclo de serviço é longas avaliações podem ser feitas a intervalos regulares. Neste caso também considerar o tempo gasto pelo trabalhador em cada postura. As medidas a serem executadas com as posições assumidas são fundamentalmente de ângulo (o ângulo formado pelos diferentes membros do corpo a partir de algumas referências constantes postura estudada).

O RULA divide o corpo em dois grupos, um grupo que inclui os braços, antebraços e punhos. E outro que compreende as pernas, tronco e pescoço. Pelo método associado em três tabelas que proporcionam uma avaliação da exposição dos fatores de risco.

O método determina quatro níveis de ação de acordo com os valores que foram obtidos a partir da avaliação dos fatores de exposição. A análise pode ser efetuada antes e depois da intervenção para demonstrar que a referida ação influiu na diminuição do risco de lesão (COLOMBINI, 2005). Uma pontuação é atribuída a cada área do corpo para que com base nestas contagens, atribuir valores globais para cada um dos grupos. A atribuição de pontuações para os membros é a medição dos ângulos das diferentes partes do corpo do operador. O método consiste em determinar para cada membro na forma de medição do ângulo.

O primeiro membro avaliará o braço. Para determinar a pontuação a ser atribuída a esse membro, deve medir o ângulo entre o eixo do tronco, a Figura 6 mostra as diferentes posições consideradas pelo método e tem como objetivo orientar o avaliador no momento de fazer as medições necessárias.

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Figura 6 – As posições do Braço.

Dependendo do ângulo formado pelo braço, sua pontuação será obtida através da consulta do quadro 2.

Quadro 2 – Pontuação do braço.

Em seguida deve ser analisada posição antebraço. A pontuação para o braço inferior dependerá da sua posição novamente. A Figura 7 mostra as diferentes possibilidades. Tendo definido a posição do braço e o ângulo correspondente, consultar o quadro 3 para determinar a pontuação estabelecida pelo método.

Figura 7 – As posições do antebraço..

Quadro 3 – Pontuação do antebraço.

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Para qualificar o punho e terminar a parte dos membros superiores, em primeiro lugar, o grau de flexão do punho é determinado. A Figura 8 mostra três posições possíveis julgados pelo método. Depois de estudar o ângulo, proceder à seleção do ponto correspondente aos valores indicados no quadro 4.

Figura 8 – As posições do punho.

Quadro 4 – Pontuação do punho.

Após a avaliação dos membros superiores, proceder à avaliação das pernas, tronco e pescoço. O primeiro membro para avaliar este segundo bloco será o pescoço. A pontuação atribuída pelo método mostrado no Quadro 5. A Figura 9 mostra as três posições de flexão do pescoço e da posição de extensão obtidos pelo método.

Figura 9 – As posições do pescoço.

Quadro 5 – Pontuação do pescoço.

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O segundo membro para avaliar será o tronco. Deve ser determinado se o trabalhador executa a sentado ou em pé realizada, indicando, neste caso, o grau de flexão do tronco. A pontuação adequada mostrada no Quadro 6 e a Figura 10 mostrando as posições do tronco são mostrados a seguir:

Figura 10 – As posições do tronco.

Quadro 6 – Pontuação do tronco.

Para terminar falta a pontuação das pernas do trabalhador será avaliada. Será a distribuição de peso entre as pernas, suportes existentes e sentados ou em pé, que irá determinar a pontuação atribuída. Com o auxílio do Quadro 7 e da Figura 11 será finalmente obtida a pontuação.

Figura 11 – As posições das pernas.

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Quadro 7 – Pontuação das pernas.

Tabelas finais para preenchimento dos membros superiores e inferiores. Mostrado nas Figuras 12, 13 e 14:

Figura 12 – As pontuações e resultado dos membros superiores e inferiores.

Figura 13 – Marcações dos membros superiores e inferiores.

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Figura 14 – Interpretação dos resultados para o estudo dos membros superiores e inferiores.

4.2 Sistema de avaliação REBA

O método REBA (Rapid Assessment Entire Body) foi proposto por Sue Hignett e Lynn McAtamney e publicado pela revista Ergonomia Aplicada em 2000. O método é o resultado do trabalho conjunto de uma equipe de ergonomistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e enfermeiros que identificou cerca de 600 posições para processamento (BORG, 1985).O método permite a análise conjunta das posições tomadas pelos membros superiores (braço, antebraço, punho), tronco, pescoço e pernas. Define ainda outros fatores considerados decisivos para a avaliação final de postura, como carga ou força manuseada, tipo de pega ou tipo de atividade muscular do trabalhador. Permite avaliar posturas estáticas e dinâmicas e incorpora a possibilidade da existência de mudanças bruscas na postura ou posições instáveis (WEERDMEESTER, 2004).O método REBA avalia o risco de posições específicas de forma independente. Portanto, para avaliar uma postura, você deve selecionar as posições mais representativas ou pela sua repetição no tempo ou sua precariedade. Selecionar corretamente as posições determinadas e avaliar os resultados fornecidos pelo método e ações futuras.Este método avaliativo foi proposto para avaliar o risco de se desenvolver lesão musculoesquelética a partir da avaliação da postura dividindo o corpo humano em segmentos a serem codificados individualmente oferecendo um sistema de pontuação para atividade muscular causada por posturas estáticas, dinâmicas, instáveis ou de mudanças rápidas (IIDA, 2005). O cálculo da pontuação se divide em determinar a pontuação do Grupo A através da avaliação do tronco, pescoço, pernas e carga/força e determinar a pontuação do Grupo B através da avaliação do braço, antebraço, punho e qualidade da pega.Logo após este processo, transcrevem-se as pontuações do Grupo A para a Tabela A e do Grupo B para a Tabela B. A pontuação A corresponde à soma da Tabela A com a pontuação da Carga/Força e a pontuação B corresponde à soma da Tabela B com a pontuação da pega. Já a pontuação C pode ser lida na Tabela C, correspondendo à interseção das pontuações A e B. Os níveis de ação REBA correspondem à soma da pontuação C com a pontuação da Atividade e os níveis de risco são classificados em trivial, baixo, médio, alto ou muito alto.

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O método começa com a avaliação e pontuação individual do grupo A, formado pelo tronco, o pescoço e das pernas. O primeiro membro para avaliar o grupo A é o tronco. Deve ser determinado se o trabalhador executa a tarefa de erguer ou tronco, este último indicando o grau de flexão ou extensão observada. A seguir a Figura 15 mostra as posições e o Quadro 8 de pontuação.

Figura 15 – As posições do tronco.

Quadro 8 – Pontuação do tronco.

O resultado vai aumentar em valor se houver torção ou flexão lateral do tronco. Representada as posições na Figura 15 e no Quadro 9.

Figura 16 – As posições que modificam as pontuações do tronco.

Quadro 9 – Mudança de pontuação do tronco.

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Em segundo lugar a posição do pescoço será avaliada. O método considera duas posições possíveis do pescoço. No primeiro pescoço é dobrada entre 0 e 20 graus e, no segundo há flexão ou extensão de mais de 20 graus. Como mostra a Figura 17 e o Quadro 10.

Figura 17 – As posições do pescoço

Quadro 10 – Avaliação do pescoço

A pontuação calculada para o pescoço pode ser aumentada se o trabalhador apresenta torção ou flexão lateral do pescoço, como indicado na Figura 18 e o Quadro 11.

Figura 18 – As posições que modificam o pescoço

Quadro 11 – Alteração na pontuação do pescoço

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Para terminar os membros do grupo A. Verificamos a posição das pernas. O Quadro 12 e a Figura 19 permitem obter o resultado inicial atribuída às pernas, dependendo da distribuição do peso.

Figura 19 – As posições das pernas.

Quadro 12 – Avaliação das pernas.

A pontuação das pernas será aumentada se houver flexão de um ou ambos os joelhos. O aumento pode ser de até 2 unidades, se há flexão de 60 °. Se o trabalhador for concedida, o método considera que não há flexão e, portanto, aumenta a pontuação das pernas. Como mostra a figura 20 e o Quadro 13.

Figura 20 – Ângulo de flexão das pernas

Quadro 13 – Alterações da pontuação das pernas.

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A Figura 21 mostra a tabela de avaliação de pescoço, tronco e perna.

Figura 21 – Tabela de avaliação de pescoço, tronco e pernas..

Após a avaliação do grupo A irá proceder à avaliação de cada membro do grupo B, formado pelo braço, antebraço e punho. Lembre-se que o método de análise de uma única parte do corpo, direita ou esquerda, de modo que um único braço, antebraço e punho, para cada posição será marcada.Para determinar a pontuação atribuída ao braço, deve medir o ângulo de flexão. A Figura 22 mostra as diferentes posições consideradas pelo método e destina-se a guiar o avaliador no momento de fazer as medições necessárias. Dependendo do ângulo formado pelo braço a sua pontuação será obtida através da consulta a tabela abaixo no Quadro 14.

Figura 22 – Posição do braço.

Quadro 14 – Pontuação do Braço

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A pontuação atribuída ao braço pode ser aumentada se o trabalhador tem o braço abduzido ou girado ou se o ombro é levantado. As condições avaliadas pelo método como atenuante ou agravante posição do braço não pode ser em certas posições, no caso em que o resultado consultado no Quadro 14 permanece inalterado.

Figura 23 – Posição que modificam a pontuação do braço.

Quadro 15 – Alteração na Pontuação do Braço

Em seguida será analisada posição antebraço. Como mostra o Quadro 16 fornece a pontuação dependendo antebraço ângulo de flexão, a Figura 24 mostra os ângulos medidos pelo método. Neste caso, o método não vai adicionar mais condições de alterar a pontuação atribuída.

Figura 24 – Posição do antebraço.

Quadro 16 – Pontuação do Antebraço.

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Para acabar com a pontuação dos membros superiores a posição de pulso é analisada. A Figura 25 mostra as duas posições consideradas pelo método. Depois de estudar o ângulo de flexão do punho irá proceder à selecção do ponto correspondente nos valores dados no Quadro17

.Figura 25 – Posição do pulso.

Quadro 17 – Avaliação do pulso.

O valor calculado de pulso será aumentado de uma unidade se este apresenta torção ou desvio lateral Figura 26 e Quadro 18.

.Figura 26 – Torção ou desvio do pulso

Quadro 18 – Mudanças de pontuação do pulso.

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A Figura 27 mostra a tabela de avaliação do braço, antebraço e punho.

Figura 27 – Tabela de avaliação de braço, antebraço e pernas.

A tabela C compara os resultados do grupo A e do grupo B. A Figura 28 representa como deve ser feita a comparação dos resultados.

Figura 28 – Representação dos resultados do grupo A e B.

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A Figura 29 representa a folha de aplicação do método REBA com o resultado final. E a Figura 30 representa os níveis de ação e risco além da nova avaliação a ser feita.

Figura 29 – Representação da aplicação do REBA.

Figura 30 – Representação dos níveis de risco e nova avaliação.

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O método REBA torna-se muito útil para orientar o avaliador sobre se deve ou não propor ações corretivas em determinadas posições. Além disso, as pontuações individuais para os segmentos corporais, a carga e a atividade pode orientar o avaliador em aspectos com mais problemas ergonômicos e, assim, direcionar seus esforços de prevenção em conformidade.

5. APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ERGONÔMICA

5. Instituição de Ensino Superior

A instituição analisada foi fundada em 2006, tendo sua sede situada na Região

do Pampa do Rio Grande do Sul, desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e

extensão, voltada ao desenvolvimento intelectual e tecnológico regional.

5.1 Caracterizações do posto de trabalho

. A caracterização do posto de trabalho foi obtida através de entrevistas aos

porteiros/recepcionistas do campus Bagé da UNIPAMPA, cuja função consiste no

controle de acesso às salas, empréstimo e a entrega das chaves das salas de aula e

laboratórios, concessão dos projetores, controles de ar condicionado e extensões

elétricas; Além do atendimento por telefone ou pessoalmente para dar informações,

recepcionar visitantes, alunos e professores e os acompanhar ate as salas se necessário.

A jornada de trabalho é dividida em turnos de oito horas de trabalho cada, tendo

o direito a intervalo de 20 minutos de intervalo para almoço. O trabalho demanda que o

funcionário permaneça grande parte do seu turno sentado.

De posse destas entrevistas bem como observações feitas no local de trabalho,

conforme FIGXX,foi possível através dos métodos OWAS, RULA e REBA, analisarem

o comportamento ergonômico dos funcionários das portarias.

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Figura 1 XX

5.2 Resultados do método OWAS

Primeiramente, analisou-se a função desempenhada pelo funcionário e a tarefa

executada, no caso 1, quando o mesmo permanece sentado, obteve-se aplicando o

Método OWAS os resultados da Tabela 1. Tabela 1 Método OWAS

Dígitos (OWAS)

Costas Braços Pernas Força Fase de Trabalho

2 1 3 2 1

A Figuras 1 apresenta, de forma genérica, a atuação e os esforços ergonômicos

realizados pelos funcionários durante a maior parte da jornada de trabalho. Pode-se

observar um certo grau de inclinação nas costas destes. Esse grau faz com que sua

coluna apresente um ângulo de curvatura não recomendado.

O desempenho de tal função necessita do manuseio de materiais e equipamentos,

que se localizam em cima e abaixo da bancada e assim precisam de apoio para seu

manuseio. Fato este que exige que seus braços estejam posicionados abaixo do nível dos

ombros e acima deles. Como a atividade desempenhada exige que o trabalhador

permaneça na posição sentada durante praticamente todo o período de trabalho,

observou-se que suas pernas estavam flexionadas. Essa posição seria uma maneira de

aliviar o cansaço existente, pelo elevado tempo na mesma posição.

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5.3 Resultados do método REBA

Conforme análises, constatou-se na aplicação do método REBA no posto de

trabalho dos porteiros retirando as chaves que o risco é de nível dois caracterizado

médio, pois resultou em um escore total igual a sete, fazendo-se necessária a ação

corretiva para este posto de trabalho.

Já no posto de trabalho sentado, o resultado foi satisfatório pois não há

necessidade de mudanças drásticas no espaço ergonômico dos porteiros, devido ao nível

de ação zero, com risco negligenciável e ação desnecessária.

5.4 Resultados do método RULA

Aplicando o método RULA nos dois postos de trabalho, constatou-se que o

posto de trabalho em pé é mais prejudicial ao porteiro, pois se encontra no nível três

devido a sua pontuação final igual a cinco, mostrando que é necessária uma

investigação mais detalhada para possíveis ajustes de melhorias para o setor para que as

mudanças possam ser tomadas o mais rápido possível.

Embora o posto de trabalho sentado tenha resultado no nível dois, não quer dizer

que o mesmo não necessite de mudanças no setor. É de tamanha importância investigar

melhorias para o posto de trabalho sentado devido a sua pontuação final ter sido igual a

quatro, o que torna ambos resultados dos postos de trabalho muito próximos,

diferenciando-se apenas pelo fato de que o posto do trabalho em pé possui prioridade de

mudanças.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Ergonomia busca em essência adaptar o trabalho ao homem, porém para

atingir este objetivo é necessário conhecer detalhadamente o ambiente de trabalho, as

ferramentas disponíveis e como o trabalhador se relaciona com o seu posto de trabalho.

Para facilitar a obtenção de dados e interpretação dos mesmos, existem diversas

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ferramentas de análise, sendo que neste trabalho foram aplicadas Método OWAS,

RULA E REBA dos quais, foi possível uma visualização sistemática em relação a

posturas e ações desempenhadas pelos operários nos postos de trabalho estudados.

Pôde-se, ainda, examinar e classificar as posturas individualmente, por meio da

combinação de partes do corpo, como costas, braços, pernas, e a análise do fator força.

Permitiu determinar se cada trabalhador desempenhava sua função de maneira

ergonomicamente correta ou se suas atividades poderiam proporcionar futuros traumas,

fadigas e riscos à saúde. Os resultados obtidos demonstraram, de forma clara, a

importância e a necessidade de adequação dos postos de trabalho às normas

ergonômicas pré-estabelecidas, visando à segurança da empresa e bem-estar do

trabalhador.

A partir deste estudo, sugerem-se mudanças ergonômicas efetivas, visto que

seria possível a prevenção e diminuição de problemas relacionados à saúde dos

funcionários da instituição, gerando maior satisfação, conforto e segurança aos

envolvidos no processo. Destacando o fato de que o desempenho do funcionário e suas

condições de trabalho estão relacionados diretamente com a qualidade de vida no

trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2º ed. São Paulo Blucher, 2005.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica.

6ºed., São Paulo: Atlas, 2006