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ANÁLISE DOS RELATOS DE

TECNOLOGIAS SOCIAIS

IMPLEMENTADAS NO ESTADO DE

GOIÁS PARA O DESENVOLVIMENTO

DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Guilherme Purcina de Assuncao (UFG)

[email protected]

Maico Roris Severino (UFG)

[email protected]

A Tecnologia Social (TS) é vista como um elemento essencial no

âmbito do empreendedorismo social. No entanto, verifica-se que este

desenvolvimento destas tecnologias ainda é tímido em diversas regiões

do Brasil, tal como existem poucos estudos sobre elas. Neste sentido,

este trabalho tem por objetivo apresentar um diagnóstico das TS

cadastradas no Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação

Banco do Brasil (FBB) implementadas no estado de Goiás e análises

quantitativa e qualitativa quanto ao seu impacto em termos do

empreendedorismo social. Para tanto, utilizou-se como procedimento

metodológico a pesquisa documental por meio do acesso e análise aos

projetos de TS implementados em Goiás cadastrados no BTS da FBB.

Os resultados da pesquisa mostraram o impacto positivo nas

comunidades que tem acesso a essas TS, apesar número de projetos

abaixo da média nacional e da concentração geográfica das mesmas.

Assim, verifica-se a necessidade de difusão das TS existentes para as

outras localidades, e necessidade de desenvolvimento de novas TS,

para o fortalecimento do empreendedorismo social.

Palavras-chave: Tecnologia Social, Empreendedorismo Social, Banco

de Dados

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção

Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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1. Introdução

Um conceito que vem sendo utilizado para enfrentamento da pobreza e luta para a

sobrevivência da população menos favorecida é o de empreendedorismo social. Segundo

Oliveira (2004) este conceito pode ser entendido como um paradigma de intervenção social

com um novo olhar e leitura da relação e integração entre os vários atores e segmentos da

sociedade, por meio de um processo de gestão e auto-organização social com cadeias

sucessivas e ordenadas de ações (concepção da ideia; institucionalização e maturação da

ideia; multiplicação da ideia) para o desenvolvimento de arte e ciência (tecnologias sociais).

Melo Neto e Froes (2001) ressaltam que o processo de empreendedorismo social exige,

principalmente, o redesenho de relações entre comunidade, governo e setor privado, que se

baseia no modelo de parcerias, tendo como principal objetivo retirar pessoas da situação de

risco social. Os atores destacam ainda que, o foco deve ser nos problemas sociais, e o objetivo

a ser alcançado é a solução a curto, médio e longo prazos destas questões buscando propiciar

à comunidade plena inclusão social.

Dentre as iniciativas de empreendedorismo social, podem-se destacar as Tecnologias Sociais

(TS) que vem sendo desenvolvidas. Para FBB (2009, 12), TS pode ser compreendida como

“produto, técnica ou metodologia replicável, desenvolvida na interação com a comunidade, e

que represente efetiva solução de transformação social”. Trata-se de um conceito que remete

para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no

processo de organização, desenvolvimento e implementação, aliando saber popular,

organização social e conhecimento técnico-científico. A TS está baseada na disseminação de

soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação,

renda, recursos hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras, importando essencialmente que

sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala (FBB, 2009).

Oliveira (2004) destaca a importância das TS para o empreendedorismo social, pois sua

capacidade de inovação e de empreender novas estratégias de ação faz com que sua dinâmica

gere outras ações que afetam profundamente o processo de gestão social, já não mais

assistencialista e mantenedor, mas empreendedor, emancipador e transformador.



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Dagnino (1976) aponta que a TS pode ser considerada como uma tecnologia que incorpora

aspectos culturais, sociais e políticos à discussão e propor uma mudança no estilo de

desenvolvimento, ou ainda numa tecnologia que emprega práticas antigas para satisfazer às

necessidades de comunidades carentes. Neste sentido, embutidas nesta concepção de

tecnologia foram estabelecidas características como: a participação comunitária no processo

decisório de escolha tecnológica, o baixo custo dos produtos ou serviços finais e do

investimento necessário para produzi-los, a pequena ou média escala, a simplicidade, os

efeitos positivos que sua utilização traria para a geração de renda, saúde, emprego, produção

de alimentos, nutrição, habitação, relações sociais e para o meio ambiente (com a utilização

de recursos renováveis).

Sobre o conceito de TS, Luna Filho (2004, p.5) afirma:

“TS não implicam necessariamente no uso exclusivo de tecnologias ou técnicas de

baixa agregação de conhecimento tecnológico ou científico. TS por definição apenas

não envolvem complexas indagações e pesquisas para responder a complexas

demandas produtivas. TS poderão envolver, ou não, direitos autorais, direitos de

propriedade industrial, o custeio de serviços e a alocação de recursos, com reflexos

sobre os dispêndios aí envolvidos e sobre a origem destes, portanto, exigindo que se

assegurem tais investimentos não sejam desviados ou não ocorram desvios de seu

uso e destinação ou apropriações indevidas ou indesejáveis. Portanto, fórmulas

jurídicas, gestão de direitos e de ativos também serão exigidos para a boa

disseminação e o desenvolvimento das aplicações de TS”.

Neste sentido, Dagnino (2004) aponta algumas características das TS, tais como: a) adaptada

a pequeno tamanho físico e financeiro; b) não-discriminatória (patrão×empregado); c)

orientada para o mercado interno de massa; d) liberadora do potencial e da criatividade do

produtor direto; e) capaz de viabilizar economicamente os empreendimentos autogestionários

e as pequenas empresas.

Desta forma, o desenvolvimento exige que a comunidade encontre (com a assistência dos

agentes de desenvolvimento) uma brecha de mercado, que permita que seus membros

produzam algo que lhes proporcione „boa remuneração‟. Para Singer (2004), esta brecha pode

ser criada mediante:

Acentuada melhora da qualidade de produtos tradicionais;

Invenção de produtos novos ou seminovos;

Detecção de demanda nova ou em forte expansão por algo que a comunidade pode vir

a produzir;



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Aplicação de processos de produtividade mais elevada em atividades antigas (para

poder vender os seus produtos mais barato);

Desenvolvimento de arranjos ou sistemas produtivos locais.

Outro fator importante para maior solidez e eficácia da TS, segundo Dowbor (2004), é a

interoperabilidade dos bancos de dados, a organização de sistemas locais de informação, a

articulação do apoio financeiro, a promoção de frentes de trabalho e a geração de uma

capacidade local de comunicação e mobilização.

Neste sentido, uma iniciativa em termos de criação de um banco de dados acerca de TS é o

Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Criado em 2001, é o principal

instrumento de identificação e certificação de tecnologias sociais, por meio do Banco de

Tecnologias Sociais (BTS). O prêmio se realiza a cada dois anos com a perspectiva de

captação de ideias e difundir as mesmas em todo o território nacional, a premiação também

serve como um estímulo aos autores que tem a fundação como uma vitrine para a divulgação

de suas pesquisas e assim conseguir apoio de outros setores da indústria nacional (FBB,

2015).

No Brasil, e de modo especial em Goiás, diversas experiências têm sido desenvolvidas no

âmbito da TS, no entanto o registro e a disseminação das mesmas ainda é tímido. Assim,

conhecer a produção de TS em âmbito regional se torna importante, para fortalecimento dos

incentivos e disseminação de tais conhecimentos.

Neste sentido, este trabalho tem por objetivo apresentar um diagnóstico das TS cadastradas no

BTS da Fundação Banco do Brasil (FBB) implementadas no estado de Goiás e análises

quantitativa e qualitativa quanto ao seu impacto em termos do empreendedorismo social.

2. Procedimentos metodológicos

Para a realização deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental quanto

aos procedimentos, exploratória e descritiva quanto aos objetivos e de abordagem quantitativa

e qualitativa.

Em termo da pesquisa documental, foi feita uma análise de todos os projetos desenvolvidos

por instituições goianas e implementados no estado de Goiás cadastrados no BTS da



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Fundação Banco do Brasil. A busca foi realizada pelo endereço eletrônico

<http://www.fbb.org.br/tecnologiasocial/banco-de-tecnologias-sociais/pesquisar-

tecnologias/pesquisar-tecnologias.htm>, utilizando a palavra „Goiás‟ como filtro em „UF da

Instituição‟ e „UF de Implementação‟, conforme pode ser observado na Figura 1.

Figura 1 - Imagem do filtro realizado na pesquisa documental.

Fonte: FBB, 2015.

Para a análise dos projetos foi realizado um tratamento quantitativo e qualitativo dos projetos

de TS encontradas. Em termos quantitativos análise baseou-se nos números totais de projetos,

projetos por ano, projetos por área temática e projetos por localização geográfica. Quanto à

análise qualitativa foram analisadas as especificidades de cada um dos projetos.

3. Resultados

Por meio da análise dos dados coletados foi possível identificar alguns resultados

interessantes. Em 7 (sete) edições realizadas, de 2001 a 2013, foram registrados 673 projetos

de todas as unidades federativas do Brasil. Destes projetos verifica-se que somente 18

projetos foram desenvolvidos por instituições goianas e implementados no estado de Goiás.

Isto não significa que existe somente este número de projetos em Goiás, mas que somente este

número de projetos foi cadastrado. Levando em consideração as 27 unidades federativas do

país, a média por estado seria aproximadamente 25 projetos, valor este que demonstra que o



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estado de Goiás tem uma produção inferior ao valor médio. Na Tabela 1 são apresentados os

projetos cadastrados no BTS com suas respectivas informações.

No cadastro do BTS os projetos devem ser relacionados a um dos seguintes temas:

alimentação, educação, energia, habitação, meio ambiente, recursos hídricos, renda e saúde.

Para analisar a produção do estado de Goiás foi elaborada a Figura 2. Verifica-se um

equilíbrio em termos do número de projetos, com destaque ao temas recursos hídricos e meio

ambiente. Nota-se também, que não foi proposto nenhum projeto quanto aos temas energia e

habitação.

Tabela 1 - Distribuição de certificações do estado de Goiás desde o início da premiação

Ano Nº de Projetos Tema Cidade Região Titulo

2001 1 Educação Goiânia Central Joven Cidadão

Alimentação Santo Antônio de Goiás Central Produção de Grãos em Propriedades Familiares de Assentados

Saúde Goiânia Central Projeto boa Visão

2005 0

Renda Goiânia Central Agroextrativismo Sustentável da Favela

Recursos Hídricos Rubiataba Central Córrego da Serra

2009 1 Alimentação Cristalina Leste Banco Comunitário de Sementes Crioulas

Saúde Anápolis Central Anápolis Sorridente Móvel - Atendimento Odontológico Domiciliar Gratuito

Saúde Anápolis Central Atendimento Odontológico Domiciliar: Saúde Bucal em Casa

Meio ambiente Anápolis Central Centro de Referência de Tecnologia Social - CRTS

Meio ambiente Rubiataba Central Córrego da Serra - Educação para o meio ambiente por meio de tecnologias sociais

Recursos Hídricos Formosa Leste Gota Ecológica Sustentável

Recursos Hídricos Santo Antônio de Goiás Central Tampando Buraco: Recuperando Voçorocas

Meio ambiente Buriti de Goiás Central Cadeia produtiva do óleo de amêndoas de Gueroba

Educação Aparecida de Goiânia Central Fábrica de Sustentabilidade

Recursos Hídricos Mineiros Sudoeste Gestão compartilhada da água

Meio ambiente Cristalina Leste Mãos Especiais... Empreendendo Ações Solidárias: APAExone-se pela Casa Betânia

Renda Formosa Leste Mãos Formosas

Alimentação Santo Antônio de Goiás Central Pequenas máquinas desenvolvidas para a agricultura familiar

2011 6

2013 6

2003 2

2007 2

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 2 - Número de projetos de TS por tema.


No gráfico da Figura 3 é apresentado o número de projetos produzidos e que foram

certificados pela FBB nos anos de premiação, constatando-se um crescimento no número de

produções.



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Com o intuito de compreender como os projetos de TS estão distribuídos geograficamente no

estado de Goiás, foi elaborado o gráfico da Figura 4. Nesta figura é apresentada a distribuição

de projetos de acordo com a respectiva cidade de implementação. Pode-se perceber que

somente 9 municípios vem apresentado projetos, e os municípios com o maior número de

projetos têm apenas 3 ao longo de 12 anos de premiação. Outro aspecto a ser destacado é

quanto a distribuição geográfica, pois 66% dos projetos foram implementados em cidades da

região central (metropolitana) ou leste, e não há nenhum projeto as regiões sul, sudeste, norte,

nordeste e noroeste do estado.

Figura 3 - Número de projetos de TS por ano.


Figura 4 - Número de projetos de TS por município.


Para melhor compreensão das especificidades das TS desenvolvidas no estado de Goiás, a

seguir, apresenta-se uma breve descrição das tecnologias desenvolvidas no estado que

participaram do prêmio por tema.



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Tema: Educação

- Jovem Cidadão (2001): seu objetivo geral é colaborar para o desenvolvimento

socioeconômico brasileiro e o combate da violência no país, por meio da promoção da

aprendizagem como ferramenta para geração de trabalho e renda, de jovens entre 14 e 21

anos. Neste sentido, busca combater a evasão escolar, promovendo a formação integral e a

qualificação profissional do jovem, utilizando a educação ambiental e multicultural como

elemento estruturante no processo de conquista da cidadania, estimulando a geração de

trabalho e renda e promovendo aumento de renda familiar.

- Fabrica de Sustentabilidade (2013): foi desenvolvido com o objetivo de formar pessoas por

meio de cursos de capacitação técnica e educação continuada, baseados na produção e venda

de produtos e serviços de qualidade, que preservem o meio ambiente, visando a

sustentabilidade de projetos de reinserção social. Neste contexto, as atividades foram

desenvolvidas no sentido de promover a geração de trabalho e renda para recuperandos de

casa de apoio (ex-dependentes químicos, andarilhos, catadores de lixo e moradores de rua)

que decidiram enfrentar o grande desafio de se recuperar, e de ter um convívio social saudável

e reconquistar sua dignidade.

Tema: Alimentação

- Produção de Grãos em Propriedades Familiares de Assentados (2003): tem como intuito

tornar viável o processo de transição de um sistema da produção tradicional, extensivo e com

sinais de degradação do meio ambiente, para um sistema sustentável, que recupere o solo. Os

principais desafios enfrentados pelos assentados são: solo degradado e falta de recursos para

recuperação convencional do solo; ausência de um sistema para produção de alimentos de

subsistência, segurança alimentar (arroz, feijão e milho), adaptado à condição dos assentados;

conciliar o processo de transição de uma agricultura convencional para orgânica, com geração

de renda; falta de treinamento e capacitação sobre as técnicas de produção ambientalmente

sustentáveis das famílias de assentados; falta de acesso a alternativas tecnológicas para

preservação, conservação e recuperação dos recursos ambientais na unidade familiar. Assim,

este projeto de TS foi desenvolvido no sentido de solucionar estes problemas.

- Banco Comunitário de Sementes Crioulas (2009): visa promover a sustentabilidade da

agricultura familiar através do fortalecimento do intercâmbio de variedades tradicionais e as



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respectivas informações sobre o seu cultivo e usos, entre as famílias de agricultores(as). Com

a agricultura moderna, criou-se uma relação de dependência entre sementes melhoradas,

adubos e defensivos químicos, um pacote tecnológico caro e viável somente quando aplicado

em extensas áreas e insumos e custos que não se sustentam no contexto da agricultura

familiar, forçada a adquirir sementes híbridas, muitas vezes as únicas disponíveis no mercado.

Plantas híbridas geram sementes não viáveis, impossibilitando o agricultor de utilizá-las nos

plantios seguintes, sendo necessária nova compra de sementes. O cruzamento de variedades

tradicionais com transgênicas, além de hibridizar, gera plantas geneticamente alteradas, com

anomalias ou incapazes de produzir sementes viáveis, comprometendo a diversidade das

variedades tradicionais. A TS desenvolvida foi criar um banco das sementes de variedades

tradicionais para garantia da manutenção da espécies, utilização no plantio seguinte, ou seja,

autonomia dos agricultores familiares.

- Pequenas máquinas desenvolvidas para a agricultura familiar (2013): foi desenvolvido para

efetivar a transferência da tecnologia junto aos técnicos do sistema Assistência Técnica e

Extensão Rural (ATER) e agricultores familiares visando maior adoção da tecnologia. A

agricultura familiar tem relevante participação na produção nacional de grãos e, na pós-

colheita, a limpeza deles. Normalmente são realizadas de modo manual (laborioso) por

inexistir equipamentos adequados, derivando em perdas na qualidade dos grãos, além de ser

pouco eficiente. Pensando nesse problema, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA) desenvolveu máquinas que podem ser fabricadas em pequenas oficinas, com

baixo custo de produção e de fácil utilização. Elas podem ser usadas para a limpeza do arroz,

feijão, milho, trigo ou soja, entre outras. Para divulgar essa tecnologia, foram elaborados

manuais com linguagem fácil visando a fabricação, pelo próprio produtor, de 3 trilhadoras de

arroz e 3 abanadoras de grãos e sementes.

Tema: Recursos Hídricos

- Gestão compartilhada da água (2013): atua no combate à pobreza e o abandono da terra em

áreas de assentamentos, apoiando financeira e tecnicamente no abastecimento de água e na

gestão dos recursos hídricos que, simultaneamente, combatem os problemas de segurança

alimentar. A má distribuição dos recursos hídricos e a alteração do regime de chuvas era um

entrave para 51 famílias da região, que não conseguiam garantir o sustento e o aumento de sua

produção. Com o aumento da demanda por água, a disputa entre as famílias aumentou o que



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vinha enfraquecendo o sentimento coletivo, tão necessário ao grupo. Por meio do projeto a

disputa foi amenizada e houve um fortalecimento do coletivo.

- Gota Ecológica Sustentável (2011): visa promover educação e ocupação à adolescentes de

uma unidade de internação privativa de liberdade) por meio da irrigação de plantas perenes

(frutíferas, ornamentais, trepadeiras, vasos, xaxim e covas. O que motivou a criação da

tecnologia foi a dificuldade do cumprimento da rotina (tirar os adolescentes para molhar as

plantas) no exercício da Oficina de Jardinagem, devido ao pequeno número de servidores

(agentes de segurança e educadores).

- Tampando Buraco: Recuperando Voçorocas (2011): visa atuar na contenção, recuperação e

na busca em evitar grandes erosões (voçorocas) em áreas degradadas. Há uma grande

quantidade de áreas degradadas onde pessoas, agricultores, agricultoras e seus filhos são

obrigados a produzir alimentos para sobreviver e assim, conviver com o estigma de que não

preservam o meio ambiente, não trabalham e só dão prejuízo ao país. Estes são lotes de

assentados, onde o uso do solo para fins agrícolas depende da adequação de técnicas de

conservação e manejo sustentáveis, sob pena de aumentar ainda mais a sua degradação.

- Córrego da Serra (2007): visa a promoção da inclusão social de adolescentes com realização

de oficinas educativas visando educação ambiental, empreendedorismo, qualidade de vida,

aumento da renda familiar, divisas para o município com o turismo rural, e cidadania para os

bairros carentes próximos à sede do projeto. O projeto nasceu de uma aula de campo (como

laboratório vivo) sobre ecologia. O cenário encontrado foi de um manancial degradado com

águas poluídas e quase sem vegetação em suas margens. De forma participativa e autônoma,

os próprios estudantes decidiram adotar o riacho e, com o tempo, fundaram a organização

Projeto Córrego da Serra.

Tema: Meio Ambiente

- Córrego da Serra - educação para o meio ambiente por meio de tecnologias sociais (2011):

trata-se de uma continuidade do projeto mencionado anteriormente. O objetivo do projeto é de

recuperar a degradada fonte de água por meio das TS, visando a permanência na escola,

limpeza do meio ambiente e geração de renda. Os principais problemas eram de poluição,

mau-cheiro, erosão, ausência de mata ciliar e vegetação próxima.



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- Cadeia produtiva do óleo de amêndoas de Gueroba (2013): visa promover geração de renda

para agricultores familiares e contribuir com a conservação do bioma Cerrado, através do

desenvolvimento da cadeia produtiva do óleo de amêndoas de gueroba. A gueroba foi

escolhida, porque além de seu potencial oleaginoso, está presente na paisagem e faz parte da

cultura dos habitantes do Território do Rio Vermelho (Goiás). A gueroba já foi estratégica

para a vida dos primeiros agricultores que chegaram à região, sendo usada como madeira,

forrageira, medicinal, ornamental e principalmente como alimento através da extração do seu

palmito de sabor amargo. Os usos tradicionais da gueroba eram sustentados nos sistemas

agropastoris consorciados com a palmeira.

- Centro de Referência de Tecnologia Social - CRTS (2011): buscando a criação de um centro

de referência em TS capaz de dispor métodos, técnicas e processos capazes de viabilizar

econômica e ambientalmente propriedades rurais para que possam aumentar sua produção e

atender o mercado interno principalmente com produtos orgânicos. O projeto visa solucionar

os problemas de saneamento básico, erosões, assoreamento do solo, uso dos recursos hídricos

e melhorar a renda do agricultor familiar, baseado nos três pilares da agroecologia:

socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente sustentável.

- Mãos Especiais... Empreendendo Ações Solidárias APAExone-se pela Casa Betânia (2013):

promove a reaplicação de TS adaptadas a um público em vulnerabilidade social estimulando a

interação comunitária da família e a mobilização de parceiros na temática da responsabilidade

socioambiental. Implementou-se um sistema de produção orgânico e um viveiro de espécies

nativas do cerrado. O projeto possibilitou melhoria na alimentação escolar, na geração de

trabalho e renda para os alunos, concretizando a profissionalização, via programa 1º emprego,

e articulando parceria com organizações do município.

Tema: Renda

- Agroextrativismo Sustentável da Favela (2007): é um projeto de uma organização

socioprodutiva dos agroextrativistas da favela em um processo em rede em três estados do

bioma Cerrado: Goiás, Minas Gerais e Bahia, através da sensibilização,

formação/capacitação, manejo sustentável, monitoramento participativo, beneficiamento e

comercialização solidária. Algumas relações entre o homem e o cerrado ainda permanecem,

mas surgem novos interesses e outras conotações, de ordem macroeconômica, que chegam até



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eles perpetuando a situação de miséria e expropriação. Este projeto visa a valorização dos

produtos oriundos desta atividade, buscando garantir renda, trabalho e respeito aos recursos

naturais.

- Mãos Formosas (2013): visa melhorar a vida das mulheres do campo por meio de sua

inclusão em processos produtivos de geração de renda de uma economia criativa, solidária e

cidadã. Em sua maioria, as mulheres assentadas da reforma agrária são trabalhadoras rurais

cuja mão-de-obra é apenas parcialmente ocupada na lida do campo. A falta de opções e

oportunidades de inserção em tempo integral nos processos produtivos do campo as deixa

com tempo livre para outras atividades, como o artesanato.

Tema: Saúde

- Anápolis Sorridente Móvel - Atendimento Odontológico Domiciliar Gratuito (2011): busca

resgatar a dignidade do ser humano, levando atendimento de saúde o mais próximo possível

de sua casa. Assim, neste projeto são realizados os mesmos procedimentos da Unidade de

Saúde convencional na unidade móvel, seguindo os princípios do Sistema Único de Saúde

(SUS), como a universalidade, equidade e integralidade. O objetivo é reduzir as desigualdades

e diminuir o índice de dentes cariados entre a população. Havia um grande número de pessoas

com problemas relacionados à saúde bucal que não recebiam assistência em suas casas e, por

isso, precisavam faltar ou perder dias de trabalho para ir até a cidade realizar o tratamento.

- Atendimento Odontológico Domiciliar: Saúde Bucal em Casa (2011): visa a educação bucal

por meio de visitas gratuitas, com orientações sobre prevenção e diagnóstico de câncer bucal e

higiene, além da realização de tratamentos odontológicos aos pacientes acamados ou com

dificuldades de locomoção, realizando tratamentos de urgência, raspagem, extrações,

profilaxia e aplicação de flúor.

- Projeto Boa Visão (2003): visa realizar exames médicos oftalmológicos, assegurando aos

pacientes atendidos o aviamento do receituário dos óculos prescritos, e a indicação de

tratamento das doenças oculares detectadas, visando a correção visual e prevenção da

cegueira. O Projeto, que beneficia prioritariamente estudantes da Rede Pública de Ensino,

independente da faixa etária, através da realização de exames médicos oftalmológicos, veio

contribuir diretamente para a melhoria do desempenho dos alunos beneficiados no seu dia a

dia dentro das salas de aula, com aviamento do receituário de óculos prescritos para correção



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visual e tratamento de doenças oculares detectadas, visando à correção visual, a prevenção da

cegueira e reduzindo a evasão escolar quando motivada por problemas de visão.

4. Considerações finais

A partir do estudo realizado pode-se diagnosticar que a produção goiana de TS está abaixo da

média nacional. Este dado pode ter dois motivos: ou o desenvolvimento de TS em Goiás é

tímido, ou as TS desenvolvidas não têm participado do Prêmio da FBB. Quanto ao segundo, o

questionamento a ser feito é o de como identificar estas TS não cadastradas no prêmio. Qual

seria outra fonte de pesquisa? Desta forma, por meio deste estudo, pode-se inferir a

necessidade de incentivo ao desenvolvimento e ao cadastramento das TS no BTS.

Outro aspecto a ser destacado é a concentração geográfica das TS goianas. Tal dado permite

concluir sobre a necessidade do surgimento de agentes transformadores nas demais regiões do

estado que estimulem ou desenvolvam TS adequadas à realidade das populações, ou que

popularizem as TS desenvolvidas para atingir maior parcela da população.

Analisando a descrição dos projetos goianos de TS, pode-se verificar que muitos deles estão

fundamentados no sentido de permitir que a população se aproprie da TS e possa utilizá-la

sem interferência de demais agentes. No entanto, algumas das tecnologias desenvolvidas, de

modo especial as da área da saúde, têm um alto grau de dependência dos demais agentes,

estando diretamente vinculados à manutenção de tais projetos.

Um aspecto a ser ressaltado é a aderência de todos os projetos de TS analisados como

mecanismo de empreendedorismo social. Pois os projetos desenvolvidos no estado de Goiás

apresentam uma nova relação e integração entre os vários atores e segmentos da sociedade

permitindo a transformação social. Ressalta-se que verifica-se tanto TS de cunho

assistencialista (para solução de situações de riscos), como de cunho empreendedor

(permitindo desenvolvimento socioeconômico da população atendida).

Este estudo contribui para maior conhecimento das TS que estão sendo desenvolvidas e

implementadas no estado de Goiás, e partir deste vislumbra-se a necessidade de continuidade

de pesquisa no que tange a difusão das tecnologias existentes, ampliação do número de

projetos de TS, o desenvolvimento de TS das regiões que não as possui, e estudos detalhados

acerca do empreendedorismo social que vem sendo desenvolvidos no estado de Goiás.



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REFERÊNCIAS

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Dissertação de Mestrado, 1976.

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<http://www.fbb.org.br/tecnologiasocial/o-que-e/banco-de-tecnologias-sociais/> Acessado em 26/02/2015.

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OLIVEIRA, E. M.; Empreendedorismo social no Brasil: atual configuração, perspectivas e desafios – notas

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