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ANÁLISE DE VIABILIDADE OPERACIONAL DA
UTILIZAÇÃO DE UM SISTEMA APS EM UMA
EMPRESA DO SETOR METAL MECÂNICO
KAREN FAVERSANI DOS SANTOS (PUCRS )
Fernando de Oliveira Lemos (PUCRS )
Um sequenciamento adequado do sistema produtivo da empresa permite um
melhor aproveitamento dos seus recursos e o atendimento de quantidades e
prazos de entrega estabelecidos pelo cliente. Uma das soluções é a utilização
de um sistema APS para o sequenciamento de seus produtos. Este artigo
propõe uma sistemática para a análise da viabilidade operacional da
utilização de um sistema APS em uma empresa do setor metal mecânico.
Para isso, foram comparadas diferentes regras de sequenciamento, com o
objetivo de tornar mais flexível e dinâmico o sequenciamento de suas
operações e consequentemente minimizar suas perdas produtivas. Através
dos resultados dos parâmetros operacionais (ordens atrasadas, tempo de
antecipação, tempo de atraso, tempo de lead time e tempo produtivo) foi
feita a comparação das regras de sequenciamento. Com os resultados
obtidos foi possível identificar a melhor regra de sequenciamento dentro de
um cenário pré-definido. Por fim, conclui-se que para a utilização do sistema
APS serão necessárias algumas adaptações no processo de planejamento e
programação da empresa.
Palavras-chaves: Programação; Sequenciamento; Sistema APS.
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
1. Introdução
Atualmente, as empresas devem garantir um atendimento da demanda com maior flexibilidade e
menor tempo de entrega (TORRES, 1999; NUNES et al., 2009). O processo de Planejamento e
Controle de Produção (PCP) é fundamental no atendimento da demanda e deve ser estruturado
respeitando os requisitos tempo, volume e qualidade de produção (SLACK et al., 2002).
O estabelecimento de um plano de produção, que viabilize o atendimento da demanda, permite a
minimização dos estoques e a utilização, de forma adequada, da capacidade disponível. Dificilmente
as empresas conseguem estabelecer um plano de produção sem que surjam problemas no momento
de sua aplicação (CORRÊA et al., 2001).
A alta variedade, o desconhecimento dos tempos de ciclos dos produtos e as restrições dos
diferentes tipos de sistemas produtivos, tornam a tarefa de PCP complexa ao longo do tempo
(STEFANELLI, 2010). As diversas informações a curto prazo, o grande número de variáveis envolvidas
na decisão de programação, eventos de mudanças de datas de entrega, quebras de máquinas,
problemas de qualidade de matéria-prima, necessidade de fechamento de pedidos para entrega,
entre outros, caracterizam o dinamismo do ambiente produtivo (TURATTI, 2010).
Estas restrições do planejamento e programação de produção podem ser modeladas em sistemas
APS (Advanced Planning System). Sistemas APS garantem o atendimento do pedido dentro do prazo
acordado, pois o foco da programação da produção é a administração da capacidade produtiva, o
que possibilita um adequado sequenciamento e acompanhamento das ordens emitidas para o
ambiente de produção existente (TUBINO, 2009). O uso de um sistema APS permite identificar a
disponibilidade dos recursos produtivos para atender um planejamento de produção (NUNES et al.,
2009).
Desta forma, o objetivo geral do trabalho é propor uma sistemática para a análise da viabilidade
operacional da utilização de um sistema APS em uma empresa do setor metal mecânico. Os objetivos
específicos deste trabalho são: (i) analisar o processo de PCP da empresa estudada; (ii) identificar as
principais regras de programação e sequenciamento de produção citadas na literatura e utilizadas
em softwares APS; e (iii) simular diferentes regras de sequenciamento de produção através de um
sistema APS e comparar com a sistemática atual utilizada pela empresa.
Nas próximas seções deste artigo são apresentados: (i) os conceitos relacionados a Sistemas APS e
Sequenciamento de Produção; (ii) a sistemática proposta; (iii) a aplicação prática para atingir os
objetivos definidos no artigo; e (iv) as considerações finais e conclusões deste estudo.
2. Sistemas APS
Os sistemas MRP/MRP II (Material Requeriments Planning/Manufacturing Resource Planning)
definem o que deve ser produzido, em que momento e como será produzido, ou seja, quais recursos
serão utilizados para atender a demanda de produção (CORRÊA et al., 2001). Este tipo de sistema de
apoio ao processo de PCP utiliza o conceito de capacidade infinita, ou seja, não consideram as
limitações de capacidade dos recursos produtivos.
Visando solucionar esta limitação foram desenvolvidos os sistemas de capacidade finita, os quais
consideram a restrição da capacidade produtiva do sistema no processo de programação de
produção (ZATTAR, 2003). Os sistemas APS são sistemas de capacidade finita, nos quais o usuário
consegue modelar o sistema produtivo com as restrições de demanda, planejamento, programação,
produção e controle (PEDROSO; CORREA, 1996).
Os fornecedores de software APS (como PREACTOR, QUINTIQ, LINTER, ASPROVA e ORTEMS)
evidenciam grandes melhorias para empresas que utilizam a ferramenta, pois o APS possibilita a
redução de estoque de produtos acabados e materiais em processo, a diminuição de pedidos em
atraso, a diminuição da ociosidade dos recursos e garantia de uma melhor gestão de compras de
materiais e serviços (GIANCON; MESQUITA, 2011).
Segundo Faé e Erhart (2005), as principais características destas ferramentas são: capacidade finita,
restrições finitas, relacionamento entre ordens, reprogramações instantâneas e simulações de
cenários.
Os sistemas APS utilizam uma abordagem baseada em simulação, pois disponibilizam uma série de
regras pré-definidas de sequenciamento que permitem ao programador selecionar a mais adequada
para o sistema produtivo analisado, a partir da simulação de diferentes cenários (ZATTAR, 2004).
3. Sequenciamento de Produção
A decisão a ser tomada sobre a ordem em que as tarefas serão executadas é denominada de
sequenciamento. Essa atividade deve ser realizada independente da abordagem do carregamento
finito ou infinito (SLACK et al., 2002).
As regras de sequenciamento têm como principal objetivo, apoiar as tomadas de decisões relativas
ao PCP, permitindo um melhor desempenho do sistema produtivo como um todo (SOUZA, 2000).
As características do produto, a variedade e tamanhos dos lotes influenciam diretamente na eficácia
de uma regra de sequenciamento. Uma regra pode ser ideal para uma determinada situação e não
ser necessariamente adequada em outra Existem várias regras para definir prioridades no momento
do sequenciamento (TUBINO, 2009). A Figura 1 apresenta um quadro comparativo das classificações
das regras de sequenciamento.
Figura 1 – Quadro comparativo das classificações das regras de sequenciamento
Fonte: Adaptado de Tubino (2009)
A Figura 2 apresenta as regras de sequenciamento comumente empregadas. As regras baseadas em
cálculo de índices (ICR, IFO, IFA) são normalmente empregadas em sistemas informatizados de
sequenciamento (APS). As regras ICR e IFO privilegiam o atendimento ao cliente, enquanto que a
regra IFA busca evitar que os estoques se esgotem, causando prejuízo no fluxo de produção
(TUBINO, 2009). Segundo Zattar (2003) o APS trabalha com regras globais e locais; e dispõe de 11
regras estáticas e 16 regras dinâmicas,.
Algumas das principais regras disponíveis são: carregamento paralelo, sequência preferida,
sequenciamento para frente, sequenciamento para trás, minimizar estoque intermediário, minimizar
WIP (work in progress) para frente, minimizar WIP para trás e gargalo dinâmico (ZATTAR, 2004).
Figura 2 – Regras de sequenciamento
Fonte: Adaptado de Tubino (2009)
Neste estudo são aplicadas as regras APS carregamento paralelo, minimizar WIP para frente e
gargalo dinâmico. A regra de carregamento paralelo é uma regra global, que sequencia as operações
conforme a disponibilidade do recurso. O sistema verifica quais os recursos que estão liberados e
aloca a operação no recurso. Caso esteja ocupado, o sistema avança no tempo até encontrar algum
recurso ocioso (PINEDO, 2002).
Na regra de minimização de WIP para frente o sistema sequencia todas as operações da ordem de
produção para frente. Isto minimiza o período total de processamento das ordens e reduz o WIP
(PINEDO, 2002). Na regra do gargalo dinâmico o sistema identifica a operação que esperou mais
tempo para ser processada. A operação do recurso gargalo é sequenciada para frente e as outras
operações são sequenciadas para trás. Esta regra é utilizada para minimizar problemas de espera
causados por recursos gargalos, que mudam durante o processo produtivo (PINEDO, 2002).
4. Sistemática Proposta
A sistemática proposta para análise de viabilidade operacional da utilização de um sistema APS em
uma empresa do setor metal mecânico esta estruturada em quatro fases - diagnóstico e
planejamento, modelagem, simulação e análise - apresentadas na Figura 3.
Figura 3 – Fluxograma da Sistemática Proposta
Fonte: Adaptado de Erhart et al. (2007) e Zattar (2003)
As etapas de identificação do recurso gargalo e mapeamento do recurso gargalo foram propostas
pelos autores deste artigo. A etapa de identificação de perdas no processo de PCP foi adaptada de
Zattar (2003). As etapas adaptadas de Erhart et al. (2007) são discriminadas na Figura 4.
Figura 4 – Metodologia de implantação do sistema APS
Fonte: Elaborado pelo Autor
Na primeira fase da sistemática proposta (Figura 3) é identificado o recurso gargalo do processo
produtivo analisado, e a partir desta identificação é realizado o mapeamento de todos os produtos
alocados no recurso gargalo, bem como os produtos alocados nos recursos sucessores e
antecessores a este equipamento. Paralelamente, realiza-se o detalhamento das atividades do PCP e
a identificação de perdas no processo de PCP. Esta fase finaliza com a definição dos dados
necessários para a modelagem de um sistema APS: tempo de setup, recursos, datas de entrega, lote
de transferência, vínculos entre operações, eficiência de recursos, lotes de produção, produtos,
tempos de ciclos, ordens de produção, matéria-prima, regime de trabalho, paradas planejadas e
demanda.
Na segunda fase são coletados os dados definidos na fase anterior. Finalizando esta fase com a
modelagem do PCP em um sistema APS, ou seja, todos os dados levantados são inseridos no sistema.
Nesta fase o modelo de PCP deve ser verificado por uma equipe da empresa analisada.
Na terceira fase é realizada a simulação de um sequenciamento, utilizando a regra atual da empresa
e avaliando os critérios de ordens atrasadas e tempo de atravessamento. Caso não seja validado o
modelo, a modelagem deve ser refeita. Esta fase finaliza com a simulação de outras regras de
sequenciamento e comparações com a regra de simulação adotada pela empresa analisada.
Na quarta fase é realizada a análise dos resultados obtidos com as simulações. Através da
comparação dos resultados das simulações é possível determinar a regra com melhor desempenho
de programação da produção.
5. Aplicação Prática
Esta seção apresenta a aplicação da sistemática proposta em uma empresa que atua no ramo metal
mecânico, no segmento de componentes usinados de precisão para a indústria automotiva, agrícola,
industrial e hidráulica, e possui um sistema de produção classificado como repetitivo em lotes. A
empresa utiliza uma estratégia de produção MTS (Make to Stock) e possui um fluxo de processo do
tipo Job-shop.
5.1 Identificação do Recurso Gargalo
Atualmente, a empresa analisa sua capacidade produtiva através de planilhas eletrônicas,
alimentadas, manualmente, com informações de código do produto, roteiro do produto, tempo de
ciclo por operação, recurso alocado em cada operação, cliente e demanda. A empresa analisa sua
capacidade produtiva anual considerando uma eficiência de 85% e uma carga de trabalho disponível
de 3.725 horas por recurso.
No Apêndice A verifica-se a ocupação dos recursos produtivos da empresa. Através destes dados é
possível identificar sete recursos com alocação maior que a capacidade disponível (percentual de
ocupação em vermelho).
Os produtos alocados nos recursos CN19 e CN23 podem ser sequenciados na máquina CN22 (2.794
horas disponíveis). O mesmo acontece com a CN28, na qual dois produtos de maiores volumes
podem ser sequenciados na CN14 (1.670 horas disponíveis). As máquinas CN33, CN34, CN35 e CN36
são idênticas, e os produtos processados nelas podem ser sequenciados na CN35 (535 horas
disponíveis) ou na CN36 (76 horas disponíveis). A SD01 (3.364 horas disponíveis) pode processar os
produtos da SD02, mas com menor produtividade.
A partir do levantamento acima, foi realizada uma redistribuição de produção. A ocupação resultante
para as máquinas é apresentado no Apêndice B, o qual destaca a máquina CN16 como gargalo.
5.2 Mapeamento do Recurso Gargalo
A principal finalidade deste mapeamento é determinar todos os produtos que serão sequenciados no
sistema APS. Este trabalho limitou-se a executar a simulação de um sequenciamento considerando
os produtos alocados no recurso gargalo, bem como os alocados nos recursos antecessores e
sucessores a este equipamento. Na Figura 5 pode-se observar o mapeamento do recurso gargalo.
Figura 5 – Mapeamento do recurso gargalo
Fonte: Elaborado pelo autor
Com os produtos identificados, são levantados os seus roteiros de produção para a modelagem da
programação no sistema APS.
5.3 Detalhamento das Atividades do PCP
No Apêndice C é apresentado o fluxo das atividades de PCP da empresa analisada. O processo inicia
com a atualização semanal da carteira de pedidos (firmes e previstos) da empresa analisada. A
programação de produção é baseada nos dados de demanda fornecidos pelos clientes, através do
EDI (Electronic Data Interchange). A empresa possui previsão de demanda com horizonte de
dezesseis meses, sendo quatro semanas de pedidos firmes.
Neste processo, verificam-se as necessidades de entrega da próxima semana e ajustes necessários
nos dados. Com os dados revisados, é gerado um MRP para um período de três meses. O MRP
permite calcular as necessidades dos materiais, através da lógica de programação para trás,
disponibilizando documentos como ordens de compra, plano de materiais e ordens de serviços. Este
sistema não considera a capacidade produtiva no planejamento de materiais, gerando estoques
elevados e possíveis atrasos na entrega de pedidos (CORRÊA et al., 2001; SLACK et al., 2002).
A partir do MRP é emitido um relatório de saldos em estoque de produto acabado e um relatório de
necessidade e data de entrega de matéria-prima e de outros materiais necessários para a execução
das ordens de produção. A data de emissão da ordem de produção é a data de entrega das matérias-
primas.
Os lotes programados diferem conforme a quantidade demandada e o período de produção, não
existindo lotes fixos de produção. A alocação dos produtos nos recursos é informada ao setor de
processo e manufatura, responsável pelo cadastro do roteiro do produto no sistema de programação
atual da empresa. Com o término de todas as operações da ordem de produção o produto acabado é
estocado e a ordem de produção é finalizada.
Neste processo não é utilizado nenhum recurso computacional para sequenciar a produção. O
sequenciamento é realizado considerando regra de sequenciamento para frente com critério de
priorização por menor data de entrega.
5.4 Identificação de Perdas no Processo de PCP
As atividades de programação e sequenciamento de produção estão diretamente relacionadas às
perdas de produção. A Figura 6 apresenta a quantidade de peças produzidas e vendidas de um
determinado produto. Pode-se observar que a empresa produz lotes com quantidades maiores que
as vendas programadas, evidenciando a perda por superprodução.
Figura 6 – Gráfico Produção x Venda
Fonte: Elaborado pelo autor
A empresa não se preocupa com as perdas produtivas geradas com o sequenciamento das ordens de
produção. O foco da empresa é manter em dia a entrega de seus pedidos, mesmo com estoques
elevados de produtos acabados e em processo.
O problema encontrado com o sequenciamento realizado manualmente é a falta de sincronização
das operações, o que resulta em ociosidade de recursos, mão de obra excedente, lead time elevado e
elevado estoque de produtos acabados e em processo.
5.5 Definição dos dados para modelagem
O sistema APS disponibiliza uma série de funcionalidades para a realização da modelagem, mas para
isso se faz necessário um número elevado de informações. Neste estudo foram utilizados os
seguintes dados: tempo de setup, recurso, data de entrega, lote de transferência, vínculos entre
operações, eficiência de recursos, lotes de produção, produtos, tempos de ciclos, ordens de
produção, matéria-prima, regime de trabalho, paradas planejadas e demanda.
Na modelagem não foram consideradas as paradas não programadas por falta de operador, quebra
de máquinas, falta de ferramenta e ajuste de máquinas.
5.6 Modelagem no Sistema APS
Nesta fase é realizada a integração e o cadastro dos dados no sistema APS. Os dados foram coletados
e organizados em planilhas eletrônicas para a importação do sistema, e outros parâmetros com
menor volume de dados foram cadastrados diretamente no sistema (tempo de setup, eficiência de
recursos, regime de trabalho, lotes de transferência e paradas planejadas). Neste estudo foram
considerados os dados de produção do primeiro semestre de 2013.
O tempo de setup considerado foi de uma hora para cada operação da ordem de produção. Na
criação do calendário foi considerado o tempo normal de trabalho (93 horas/semana) e as paradas
planejadas definidas pela empresa.
O modelo de APS desenvolvido foi verificado através da análise das informações de entrada e saída
programadas no sistema. O sistema APS disponibiliza uma ferramenta de análise, denominada
estatísticas de programação. Com esta ferramenta é possível analisar os dados das ordens
(quantidade de ordens antecipadas/em dia, quantidade de ordens em atraso, quantidade de ordens
incompletas, quantidade de ordens iniciadas e lead time) e de utilização dos recursos (tempo de
trabalho, tempo de setup, tempo não disponível, tempo ocioso e utilização real).
5.7 Simulação da Regra Atual
Nesta fase é realizada a simulação de um sequenciamento utilizando a regra de sequenciamento
para frente com critério de priorização de menor data de entrega, a qual deve ser validada através
dos critérios de ordens atrasadas e tempo de atravessamento.
A simulação do sequenciamento resultou em 21 ordens atrasadas (Apêndice D). As ordens de
produção são abertas com grandes quantias por lote, elevando o seu tempo de atravessamento e
consequentemente impossibilitando o sequenciamento de outras ordens dentro do prazo.
Na comparação do sequenciamento atual da empresa com o sequenciamento simulado foi
constatada a divisão de algumas ordens de produção no sequenciamento manual. No
sequenciamento manual foram identificadas situações de interrupção de algumas ordens de
produção para o sequenciamento de outras ordens de produção devido à necessidade de entrega do
produto. Com esta informação, foi utilizada uma das funcionalidades do sistema APS que permite a
divisão dos lotes de produção (Apêndice E). Com a divisão de lotes todas as de ordens de produção
foram atendidas dentro do prazo de entrega.
Em relação, ao tempo de atravessamento foram comparados os produtos sequenciados no recurso
CN16 (Figura 7). No sequenciamento manual a média do lead time é de 33 dias e no sistema APS a
média é de 29 dias. A diferença pode ser explicada pelo fato que na modelagem não foram
consideradas as paradas não programadas dos recursos, e o tempo de setup considerado foi de uma
hora para todas as operações da ordem de produção.
Figura 7 – Lead Time das ordens de produção sequenciadas no recurso CN16
Fonte: Elaborado pelo autor
5.8 Simulação de outras Regras
Neste estudo, foram utilizadas as regras de sequenciamento para frente com critério de priorização
de menor data de entrega (regra utilizada pela empresa), carregamento paralelo, minimizar WIP para
frente e gargalo dinâmico (Apêndices D, F, G e H).
A simulação foi realizada sem considerar a divisão de lotes, para verificar os fluxos das ordens de
produção nos recursos, sem qualquer tipo de intervenção. Os resultados dos parâmetros
operacionais foram utilizados para comparar as regras de sequenciamento e para identificar a regra
que possibilita um melhor desempenho no processo de programação da produção.
5.9 Análise dos Resultados
Na Figura 8 são apresentados os resultados obtidos com a simulação da regra atual de
sequenciamento e com as regras APS.
Figura 8 – Resultados das simulações realizadas sem a divisão de lote
Fonte: Elaborado pelo autor
Observa-se que para o critério tempo de antecipação, que caracteriza o tempo que um produto
ficará em estoque, a melhor regra é a utilizada atualmente pela empresa. Em relação ao tempo de
atravessamento (lead time), que evidencia o tempo de estoque em processo, a regra APS gargalo
dinâmico apresenta o menor tempo. O menor percentual do tempo produtivo é obtido com a
utilização da regra APS carregamento paralelo.
Como o principal indicador do PCP é a entrega dentro do prazo, nenhuma das regras atenderá a
exigência da empresa, pois não foi considerada a estratégia de divisão de lotes. Os tempos de
atravessamento obtidos são muito elevados, evidenciando que a utilização de grandes lotes de
produção e de transferência acabam gerando perdas produtivas. Os resultados referente à
ociosidade não retratam a realidade, pois não foram sequenciados todos os produtos e recursos da
empresa.
Atualmente, a empresa divide seus lotes de produção para cumprir os prazos de entrega sem
considerar os problemas que pode causar com isso, como: elevação do tempo de setup, elevação dos
custos de produção, descontrole na compra de ferramental, aumento no tempo de máquina parada
aguardando liberação, elevado estoque de matéria-prima e materiais em processo.
A partir dos resultados, pode-se afirmar que a utilização de um sistema APS permitirá a simulação de
diferentes regras de sequenciamento para apoiar o processo de decisão em relação aos diferentes
critérios de desempenho da programação de produção.
6. Conclusão
Os sistemas APS auxiliam as empresas em suas tomadas de decisões gerenciais, propiciando um
grande diferencial de mercado perante os clientes e fornecedores. Este artigo apresentou uma
sistemática para a análise da viabilidade operacional da utilização de um sistema APS em uma
empresa do setor metal mecânico.
Os resultados do artigo demonstraram que o sistema APS é viável operacionalmente na empresa
estudada. Porém para que a implementação tenha sucesso, a empresa deverá adaptar o seu
processo de PCP, utilizando de maneira eficiente todas as funcionalidades disponíveis no sistema
APS. A sistemática permitiu a identificação de adequações necessárias por parte da empresa para a
implantação de um sistema APS (Figura 9).
Os objetivos específicos deste trabalho também foram atingidos, pois: (i) foi realizada a análise do
processo de planejamento, programação e controle de produção da empresa estudada através da
execução das etapas de detalhamento das atividades e identificação de perdas no processo de PCP;
(ii) a identificação das principais regras de programação e sequenciamento de produção foi realizada
na revisão de literatura; e (iii) com a simulação de outras regras de sequenciamento (terceira fase da
sistemática proposta) foi possível comparar os resultados obtidos com as diferentes regras utilizadas.
Figura 9 – Ajustes necessário para implementação do APS
Fonte: Elaborado pelo Autor
Sugerem-se como trabalhos futuros a aplicação da sistemática proposta e das regras de
sequenciamento utilizadas incorporando a estratégia de divisão de lotes de produção. Além disso,
sugere-se a implantação da sistemática completa proposta por Erhart et al. (2007).
REFERÊNCIAS
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Finita em empresas prestadoras de serviço. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Tecnologia Mecânica,
Sociedade Educacional de Santa Catarina, 2003.
APÊNDICE A – Ocupação dos Recursos Produtivos
APÊNDICE B – Ocupação dos Recursos Produtivos (redistribuição)
APÊNDICE C – Fluxograma das Atividades do PCP
APÊNDICE D – Regra de Sequeciamento para Frente com Critério de Priorização com Menor Data
de Entrega (sem divisão de lotes)
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
20
APÊNDICE E – Regra de Sequeciamento para Frente com Critério de Priorização de Menor Data de
Entrega (com divisão de lotes)
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
21
APÊNDICE F – APS Carregamento Paralelo
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
22
APÊNDICE G – APS Regra de Minimização do WIP para Frente
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
23
APÊNDICE H – APS Regra de Gargalo Dinâmico