Análise de risco de um torno mecânico
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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO - POLI
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA INDUSTRIAL
Autores: Daniel Amorim
Lucas Gomes
Pedro Jorge
Vítor Raposo Silvino Rêgo
Título: Análise de risco de um torno mecânico.
Recife, 2014
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Autores: Daniel Amorim
Lucas Gomes
Pedro Jorge
Vitor Raposo
Título: Análise de risco de um torno mecânico.
Trabalho apresentado à Escola Politécnica de Pernambuco – UPE, como requisito de segunda
avaliação da cadeira de Engenharia de Segurança do departamento de Engenharia Mecânica.
Orientador: Prof. Dr. Béda Barkókebas
Recife, 2014
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Agradecimentos
Gostariamos de agradecer a empresa JM Service, em especial aos diretores Paulo André e
Roberto Wagner, por nos autorizar a fazer uso das imagens da sua linha de manutenção visando a
colaboração do nosso aprendizado, onde pudemos, relacionar os conceitos aprendidos na sala de aula
com as situações vivenciadas no cotidiano da nossa vida profissional. Imagens essas, essenciais para o
desenvolvimento deste trabalho.
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Resumo
O presente trabalho tem como objetivo a apresentação e solução das operações não
regulamentadas pela NR 12, encontradas no processo de usinagem de eixos e tampas de
máquinas elétricas, em uma assistência técnica autorizada, utilizando para isso,
conhecimentos adquiridos no decorrer do curso de Engenharia de Segurança e consulta da
própria norma, visando qualificar o processo produtivo e obedecendo os critérios de
segurança do operador, dos outros trabalhadores que circulam nas proximidades e do
patrimônio.
Palavras-Chaves
Engenharia de Segurança, NR 12, Usinagem, Torno, Máquinas Elétricas
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Sumário
1. Introdução ..................................................................................................................... 6
2. Problemas ...................................................................................................................... 7
3. Riscos ........................................................................................................................... 11
4. Adequações e melhorias ............................................................................................ 13
4.1 Adequações do meio ambiente de trabalho ....................................................... 13
4.2 Adequações na máquina ..................................................................................... 13
5 Conclusão ......................................................................................................................... 17
6 Anexos ............................................................................................................................... 18
7 Referências bibliográficas ............................................................................................... 25
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1. INTRODUÇÃO
Em nosso presente trabalho, iremos tratar de um estudo de caso, em que existe a
operação de usinagem em um torno mecânico, onde o mesmo apresenta situações que não
condizem com a NR 12, que trata de segurança no trabalho em máquinas e equipamentos.
Serão abordadas todas as não-conformidades do processo, bem como a conduta da
norma em relação a cada situação, a apresentação dos riscos iminentes ao processo executado
sem a regulamentação e também as medidas que deverão ser tomadas a fim de evitar perdas e
danos, sejam eles materiais ou físicos.
Por último serão especificadas tanto as práticas que deverão ser adotadas, quanto as
que deverão ser extinguidas, e como a execução das mesmas irão qualificar o processo
produtivo, aumentando o rendimento de trabalho e diminuindo os riscos de acidentes.
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2. PROBLEMAS
A seguir iremos fazer uma comparação entre o ambiente de trabalho analisado pelo o
nosso grupo, e as condições de saúde e segurança exigidas pela a NR-12 – Segurança no
trabalho em máquinas e equipamentos.
De acordo com a norma regulamentadora, nos locais onde equipamentos mecânicos
estão instalados e operando, deve-se ter uma região demarcada de forma a prevenir a
ocorrência de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Porém o que podemos enxergar
na foto abaixo é que a demarcação do local de trabalho do torno está bem apagada,
dificultando assim a visualização desta delimitação. (Figura 2)
Podemos também notar a presença de muita sujeira no chão devido ao cavaco gerado
pelo processo de usinagem, o que dificulta mais ainda a visualização da demarcação da área
de segurança ao redor do torno. Essa dificuldade em visualizar a marcação feita no chão faz
com os colaboradores que estão passando pelos os arredores do torno não dêem a devida
atenção para o perigo ali presente, podendo vir a ocasionar um acidente do trabalho.
A NR 12 ordena que os pisos dos locais de trabalho onde se instalam máquinas e
equipamentos e os pisos das áreas de circulação devem:
a) ser mantidos limpos e livres de objetos, ferramentas e quaisquer materiais que
ofereçam riscos de acidentes;
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b) ter características de modo a prevenir riscos provenientes de graxas, óleos e outras
substancias e materiais que os tornem escorregadios; e
c) ser nivelados e resistentes às cargas a que estão sujeitos
Além de a norma exigir uma demarcação do ambiente de trabalho da máquina, ela
também estabelece que deve-se demarcar as áreas de circulação de pessoas de acordo com as
normas técnicas oficiais, onde estas áreas devem ser mantidas permanentemente
desobstruídas.
A NR 12 determinam que as vias principais de circulação nos locais de trabalho e as
que conduzem as saídas devem ter no mínimo 1,20 m de largura, possibilitando assim uma
melhor circulação das pessoas ali presente em um caso se emergência e possível evacuação da
fábrica
Como podemos notar na figura a seguir, não existe um local exato para a circulação
dos funcionários. Porém o erro mais grave que se pode visualizar são os diversos itens
espalhados pela a área de movimentação dos funcionários ali presentes, o que pode vir a gerar
um tropeço de um funcionário, ou ainda pior, dificultar a sua locomoção em um caso
emergencial. (Figura 1)
A NR 12 sugere que os materiais em utilização no processo produtivo sejam alocados
em áreas especificas de armazenamento. Estes espaços para armazenamento devem ser
devidamente demarcados com faixas na cor indicada pelas normas técnicas oficiais ou
sinalizadas quando se tratar de áreas externas, evitando assim a obstrução dos pontos de
circulação dos colaboradores.
Outro ponto tratado por esta NR em questão são as zonas de perigo das máquinas e
equipamentos. Ela determina que estes dispositivos mecânicos devam possuir sistemas de
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segurança, caracterizados por proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de segurança
interligados, que garantam proteção à saúde e a integridade física dos trabalhadores.
Para fins de aplicação desta norma, considera-se proteção o elemento especificamente
utilizado para prover segurança por meio de barreira física, podendo ser:
a) proteção fixa que deve ser mantida em sua posição de maneira permanente ou por
meio de elementos de fixação que só permitam sua remoção ou abertura com o uso de
ferramentas especifica;
b) proteção móvel que pode ser aberta sem o uso de ferramentas, geralmente ligada
por elementos mecânicos à estrutura da máquina ou a um elemento fixo próximo, e
deve se associar a dispositivos de intertravamento.
Estes dispositivos acima citados devem atender as seguintes condições:
a) permitir a operação somente enquanto a proteção estiver fechada e bloqueada;
b) manter a proteção fechada e bloqueada até que tenha sido eliminado o risco de lesão
devido às funções perigosas da máquina ou do equipamento;
c) garantir que o fechamento e bloqueio da proteção por si só não possa dar início as
funções perigosas da máquina ou do equipamento.
Apesar de a NR 12 exigir todos estes parâmetros de segurança, sob pena de multa a
quem não as cumprir, o que podemos notar nas próximas imagens é algo bem diferente.
Podemos visualizar que existe uma proteção de acrílico no lado oposto da posição de
trabalho do operador do torno. Esse suporte tem a função de evitar que o cavaco proveniente
do processo produtivo seja lançado para o outro lado o vindo a ferir alguém. Porém o torno
que está sendo utilizado é extremamente grande, e quando o processo de usinagem estiver
ocorrendo em um ponto mais afastado das castanhas, existe uma grande probabilidade de que
uma partícula seja arremessada e que alguém venha a se ferir. (Figura 4)
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Outro ponto notado é a ausência de algum tipo de proteção ao redor das castanhas. As
castanhas são dispositivos rotativos e que possuem um alto potencial para gerar um acidente,
e devido a isso elas deveriam conter uma proteção móvel ou fixa para evitar que durante a
utilização do torno o operário por algum tipo de descuido viesse a encostar alguma parte dos
seus braços, e ali se acidentar.
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3. RISCOS
Devido ao fato de se tratar de um equipamento onde há a presença de elementos
girantes, existe uma necessidade de se prevenir certos riscos iminentes à operação da
máquina. Alguns desses riscos, podem ser facilmente observados, de acordo com os anexos, e
outros são mais sutis, mas nem por isso menos perigosos.
Percebemos que há a possibilidade de um agarramento ou arrastamento, seja nas
vestimentas do operador ou em alguma parte do corpo do mesmo (por exemplo, cabelo)
devido aos elementos girantes. Onde esse problema também pode estar relacionado a um
esmagamento de dedos, mãos e braços.
Operações como a de corte, sangramento e usinagem facial, geram calor devido ao
forte atrito entre a peça e a ferramenta, dessa forma é necessário um cuidado maior ao
manusear a peça ou a ferramenta pois elas podem causar queimaduras. Além da própria
ferramenta de corte oferecer risco, por ser um material afiado e ter que ser substituída diversas
vezes durante o processo, para se ajustar ao tipo de operação que o torno está realizando. Tais
operações também geram cavacos, que são os resíduos da peça usinada, onde elas podem ser
lançadas contra o rosto do operador, e causar lesões irreversíveis como a cegueira. Dessa
forma o operador, se não qualificado pela NR 12, fica expostos a tais acidentes relacionados
diretamente com o processo.
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É necessário estar atento a certos riscos que são presentes e quase sempre desprezamos
eles, no caso do nosso estudo, podemos observar que o torno não é bem iluminado, o que
pode lesionar a visão de quem o operar, pois a usinagem, além de muitas habilidades, depende
da boa visão do torneiro. Na usinagem de certos materiais, é usado fluidos de corte, que
servem para diminuir a temperatura gerada naquele local e evitar o surgimento de trincas na
peça, dessa forma, o torneiro, ao usar certos óleos e graxas expõe a saúde da sua pele. Outro
risco que acompanha muitos processos produtivos é a exposição ao ruído, que deve ser
acompanhada por um dosímetro, que mede a quantidade de ruído que o trabalhador é exposto
durante uma jornada de trabalho. Também no grupo de riscos não tão diretos com o processo,
está a da instalação elétrica, que se não adequada, compromete a vida do trabalhador; a
exposição à choques e impactos de ferramentas e peças, podendo causar fraturas dos ossos; e
um dos maiores, que atinge a maioria dos profissionais que já estão aposentados atualmente, é
devido á ergonomia. Ainda é possível ver pelas imagens, que houve uma adaptação da altura
de operação do torneiro, por meio de um pallet, o que nos mostra que não é uma posição
confortável e adequada para o trabalhador.
A seguir falaremos de todos os riscos citados acima, e o que a NR 12 diz a respeito de
cada um e quais medidas devem ser tomadas para qualificar o processo.
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4. ADEQUAÇÕES E MELHORIAS
4.1 ADEQUAÇÕES DO AMBIENTE DE TRABALHO
Abaixo serão enumeradas as modificações as quais o ambiente de trabalho deve ser
submetido para que apresente um mínimo necessário de segurança para os funcionários que
frequentam está área.
a. Iluminação: a iluminação da máquina é bastante limitada em alguns pontos como
pode ser visto nas figuras 2 e 5. Isto, além de forçar a visão do operador, pode gerar erros no
trabalho, pois as medidas impostas por ele podem acabar sendo muito discrepantes às reais.
Recomendamos que utilizem-se de fontes de iluminação mais bem distribuídas de forma a
atender o mínimo exigido na NBR 5413.
b. Organização do ambiente: no local onde o torno está instalado temos vários outros
equipamentos muito próximos, além de ferramentas – que estão até mesmo sobre o torno – e
peças de máquinas mal alocadas. O que dificulta tanto a movimentação do pessoal quanto o
trabalho com o aparelho e compromete a segurança, pois qualquer equipamento estando fora
do seu lugar pode vir a gerar desde uma simples topada até um esmagamento de um membro
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de algum funcionário. Também temos um chão repleto de material resultante do trabalho com
o torno. Isso pode gerar num funcionário mais desatento um corte ou uma queda, dependendo
do que se trate o material. Recomendamos que se utilize medidas organizacionais como 5S.
Cada funcionário ficaria encarregado de organizar a sua área de trabalho e mantendo-a sempre
limpa e organizada. Todas as ferramentas utilizadas por cada um deverão ser guardadas em
um local apropriado como uma estante ou uma caixa de ferramentas. Os resíduos gerados
devem ser descartados da forma correta, ou seja, respeitando sempre as normas ambientais.
c. Correção do desnível: o palete que está sendo utilizado deve ser substituído por
uma base que seja desenvolvida especialmente para esta situação. Ela pode ser de madeira
mas deve promover estabilidade, segurança em sua resistência e atender às condições
ergonômicas.
d. Perímetro de circulação: Em torno da máquina deve ser demarcado um espaço para
a circulação do pessoal. Esta demarcação deve ser bastante visível e apresentar no mínimo
1,2m de largura. Este espaço deve garantir segurança a todo aquele que transitar neste espaço,
estando ele a salvo de qualquer imprevisto que ocorra no torno.
4.2 ADEQUAÇÕES NA MÁQUINA
Por se tratar de um equipamento muito antigo algumas normas de segurança não estão
sendo atendidas. Seguem a abaixo as modificações para garantir um mínimo de segurança aos
funcionários.
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a. Acesso às partes moveis: recomendamos uma adaptação na máquina pela utilização
de anteparos que vão limitar o acesso a bucha de fixação da peça e a porta ferramentas,
protegendo o operador tanto do cavaco gerado quanto de uma possível peça que se solte. A
figura 7 ilustra este anteparo. Estas novas peças deverão estar acompanhadas de um sistema
elétrico de segurança que só permita que o torno seja ligado quando os anteparos estejam
fechados.
b. Aterramento do equipamento: a máquina deve ser aterrada segundo a NBR 5410,
evitando possíveis choques elétricos a que o operador possa ser submetido.
c. EPIs: Os operadores devem usar óculos de proteção para evitar que qualquer
partícula atinja os seus olhos e protetor auricular.
d. Utilização de um sistema de acionamento e de proteção: o sistema a seguir foi
desenvolvido especialmente para o torno estudado. Ele implementa o equipamento com um
botão de emergência, sensores que só permitem que a máquina seja acionada quando os
anteparos estiverem sendo utilizados, e um sinaleiro que informa o estado da máquina. Temos
que:
Q1: disjuntor de força do torno;
KM1: contator de comando do torno;
M1: motor representando o torno;
Q2: disjuntor do painel de comando;
S1: sensor do anteparo da bucha de fixação da peça;
S2: sensor do anteparo da porta ferramentas;
BD/R: botão deliga/reset;
BE: botão de emergência;
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BL: botão liga;
KE: contator de emergência;
L1: torno ligado;
L2: torno em espera;
L3: torno parado por segurança.
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5. CONCLUSÃO
Após a realização do trabalho alcançamos a concepção de que podemos encontrar em
nossos ambientes de atuação diversas irregularidades de segurança. Estas discrepâncias podem pôr
em risco a saúde de qualquer funcionário, gerando para ele problemas na sua qualidade de vida e
prejuízo para a empresa. Sendo assim, estas incoerências devem corrigidas e por isso se faz
necessário o conhecimento mínimo das normas de segurança que abrangem cada uma de nossos
possíveis ramos de trabalho.