Análise de conceito do diagnóstico de enfermagem Náusea … · RESUMEN MOYSÉS, A. M. B....

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO ALINE MARIA BONINI MOYSÉS Análise de conceito do diagnóstico de enfermagem Náusea no tratamento quimioterápico RIBEIRÃO PRETO 2014

Transcript of Análise de conceito do diagnóstico de enfermagem Náusea … · RESUMEN MOYSÉS, A. M. B....

  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO

    ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRO PRETO

    ALINE MARIA BONINI MOYSS

    Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no

    tratamento quimioterpico

    RIBEIRO PRETO

    2014

  • ALINE MARIA BONINI MOYSS

    Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no tratamento

    quimioterpico

    Dissertao apresentada Escola de

    Enfermagem de Ribeiro Preto da

    Universidade de So Paulo, para a obteno

    do ttulo de Mestre em Cincias, junto ao

    Programa de Ps-Graduao Enfermagem em

    Sade Pblica.

    rea de Concentrao: Enfermagem em

    Sade Pblica

    Linha de Pesquisa: Processo Sade-Doena e

    Epidemiologia

    Orientadora: Profa. Dra. Thais de Oliveira

    Gozzo

    Ribeiro Preto

    2014

  • AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL E PARCIAL DESTE

    TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL E ELETRNICO, PARA

    FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

    FICHA CATALOGRFICA

    Moyss, Aline Maria Bonini

    Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no

    tratamento quimioterpico. Ribeiro Preto, 2014.

    152 p. : il. ; 30 cm

    Dissertao de Mestrado, apresentada Escola de Enfermagem de

    Ribeiro Preto/USP. rea de concentrao: Enfermagem em Sade

    Pblica.

    Orientadora: Gozzo, Thais de Oliveira.

    1. Nusea. 2. Quimioterapia. 3. Neoplasias. 4. Diagnstico de

    Enfermagem.

  • FOLHA DE APROVAO

    Nome: MOYSS, Aline Maria Bonini

    Ttulo: Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no tratamento

    quimioterpico.

    Dissertao apresentada ao Programa de

    Enfermagem em Sade Pblica da Escola

    de Enfermagem de Ribeiro Preto da

    Universidade de So Paulo para a obteno

    do ttulo de Mestre em Cincias.

    Aprovado em: ____/____/ _____

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Dr. (a) ________________________ Instituio: ______________________________

    Julgamento: ________________________ Assinatura: ______________________________

    Prof. Dr. (a) ________________________ Instituio: ______________________________

    Julgamento: ________________________ Assinatura: ______________________________

    Prof. Dr. (a) ________________________ Instituio: ______________________________

    Julgamento: ________________________ Assinatura: ______________________________

  • DEDICATRIA

    Aos pacientes com cncer, grandes

    guerreiros, por enfrentarem sem escolhas o desafio

    entre o tratamento quimioterpico e os eventos

    adversos advindos dele.

    Mulheres, idosos, crianas, que mesmo

    indiretamente contriburam tanto no decorrer deste

    trabalho, s tenho a lhes agradecer.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao meu esposo Marcelo, por compartilhar cada momento comigo, os bons, os

    difceis, as angstias, privaes e agora esta conquista.

    Aos meus pais, Sueli e Jos Pedro, pela educao, apoio, segurana e palavras de

    otimismo diante dos desabafos sobre a profisso.

    Aos meus irmos, Alexandre, Andr e Amanda, que tambm acompanharam o

    transcorrer deste trabalho.

    A minha famlia e famlia do Marcelo que estiveram presentes e dando palavras de

    apoio nesta trajetria.

    A todos os meus amigos que de alguma forma acompanharam este momento,

    sempre apoiaram e incentivaram minha escolha.

    A minha orientadora, Profa Dra Thais de Oliveira Gozzo, pela leveza com que

    conduziu esta orientao, pelas discusses clnicas, no cobrando mais do que eu

    poderia oferecer, respeitando minhas limitaes e acima de tudo pela parceria.

    A Profa Dra Ana Maria de Almeida, pelas contribuies, ensinamentos no Grupo

    de Pesquisa e por estar presente neste momento. Voc tem todo meu respeito.

    A Profa Dra Emlia Campos de Carvalho, pela sugesto do tema a ser investigado,

    pelo importante e rico aprendizado durante as disciplinas na ps-graduao.

    A Profa Dra Maria Clia Barcellos Dalri e Profa Dra Renata Cristina de Campos

    Pereira Silveira pelas valiosas contribuies durante o exame de qualificao e no

    decorrer deste trabalho.

  • Aos demais docentes, funcionrios da Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto e

    funcionrios da Universidade de So Paulo Campus de Ribeiro Preto, que me

    forneceram conhecimento, amadurecimento profissional e me auxiliaram em

    diversos momentos na ps-graduao.

    A minha chefia do Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina de Ribeiro

    Preto que me proporcionou condies e apoio para o desenvolvimento deste

    trabalho.

    As minhas amigas Lilian de Andrade S e Rosemeire Aparecida de Oliveira de

    Carvalho, primeiramente pela amizade, mas tambm pelas oportunidades,

    discusses enriquecedoras, apoio nos momentos de fraqueza, palavras de incentivo,

    por compartilhar e compreender as barreiras em conciliar assistncia e cincia,

    enfim, meu muito obrigada.

    A toda equipe de enfermagem e escriturrias da Central de Quimioterapia e

    Ambulatrio de Oncologia do HCFMRP, que acompanharam minha jornada e

    pela forma humanizada com que assistem os pacientes oncolgicos.

  • DESEJOS

    Desejo a vocs...

    Fruto do mato

    Cheiro de jardim

    Namoro no porto

    Domingo sem chuva

    Segunda sem mau humor

    Sbado com seu amor

    Chope com amigos

    Viver sem inimigos

    Filme antigo na TV

    Ter uma pessoa especial

    E que ela goste de voc

    Msica de Tom com letra de Chico

    Ouvir uma palavra amvel

    Ter uma surpresa agradvel

    Ver a Banda passar

    Noite de lua cheia

    Rever uma velha amizade

    Ter f em Deus

    Rir como criana

    Escrever um poema de Amor

    Que nunca ser rasgado

    Tomar banho de cachoeira

    Aprender uma nova cano

    Esperar algum na estao

    Queijo com goiabada

    Pr-do-Sol na roa

    Uma festa

    Um violo

    Ter um ombro sempre amigo

    Bater palmas de alegria

    Uma tarde amena

    Tocar violo para algum

    Ouvir a chuva no telhado

    Vinho branco

    E muito carinho meu.

    Carlos Drummond de Andrade

    http://pensador.uol.com.br/autor/carlos_drummond_de_andrade/
  • RESUMO

    MOYSS, A. M. B. Anlise de conceito do diagnstico de enfermagem nusea no

    tratamento quimioterpico. 2014. 152 f. Dissertao (Mestrado) - Escola de Enfermagem

    de Ribeiro Preto, Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, 2014.

    Este estudo trata-se de uma anlise de conceito do diagnstico de enfermagem Nusea no

    tratamento quimioterpico, de acordo com o modelo de Walker e Avant. Os objetivos

    foram: identificar e sintetizar o conceito nusea em pacientes durante o tratamento

    quimioterpico por meio de uma reviso integrativa; identificar os atributos, os

    antecedentes, as consequncias e os referenciais empricos da nusea relacionada

    quimioterapia; elaborar um caso modelo, um caso-relacionado e um caso-contrrio do

    conceito nusea em pacientes durante o tratamento quimioterpico; comparar a definio

    de nusea da NANDA-I, edio de 2012-2014 com as definies de nusea encontradas

    nos estudos da reviso integrativa; comparar os atributos definidores da nusea relacionada

    quimioterapia na literatura com as caractersticas definidoras e os antecedentes com os

    fatores relacionados do diagnstico de nusea da NANDA-I. Foram seguidas as oito etapas

    da anlise de conceito de Walker e Avant: seleo do conceito, objetivos da anlise

    conceitual, identificao dos possveis usos do conceito, determinao dos atributos

    definidores, identificao do caso modelo, identificao de casos adicionais, identificao

    de antecedentes e consequncias e definio de referenciais empricos. Para este estudo foi

    selecionado o conceito de nusea em pacientes em tratamento quimioterpico e o objetivo

    da anlise foi investigar se o diagnstico de enfermagem nusea da NANDA-I contempla o

    tratamento quimioterpico como fatores relacionados. Posteriormente foi realizada uma

    reviso integrativa para identificar os possveis usos do conceito, bem como os referenciais

    empricos, os antecedentes e consequncias. O atributo definidor mais frequente foi

    transpirar; os antecedentes mais encontrados foram idade menor que 50 anos, potencial

    emtico do quimioterpico e ansiedade e a consequncia foi reduo na qualidade de vida.

    Quanto aos referenciais empricos mais usados pelos autores dos estudos da reviso

    integrativa foram, dirio do paciente, Escala Visual Analgica e entrevista. No houve

    divergncias entre a definio de nusea da NANDA-I e as dos estudos da reviso. Entre as

    caractersticas definidoras e os fatores relacionados da NANDA-I, edio de 2012-2014,

    foram identificados nos estudos da reviso integrativa: averso comida, relato de nusea,

    salivao aumentada, cinetose, ansiedade e medicamentos. Esta anlise de conceito

    possibilitou a percepo de que tratamento quimioterpico ou a quimioterapia devem ser

    includos relao dos fatores relacionados do diagnstico de enfermagem Nusea da

    NANDA-I. Este trabalho poder ser norteador para o desenvolvimento das outras etapas do

    processo de validao do diagnstico de enfermagem Nusea, no tratamento

    quimioterpico.

    Palavras-chave: nusea, quimioterapia, neoplasias, diagnstico de enfermagem.

  • ABSTRACT

    MOYSS, A. M. B. Concept analysis of diagnosis of nausea during chemotherapy

    treatment in nursing. 2014. 152 f. Masters Thesis - University of So Paulo, at Ribeiro

    Preto College of Nursing, Ribeiro preto, 2014.

    The present study is an concept analysis of nausea during chemotherapy treatment

    according to the model by Walker and Avant. The objectives of the study were to identify

    and synthesize the concept of nausea in patients during chemotherapy treatment by means

    of an integrative review; identify the attributes, antecedents, consequences, and empirical

    references on chemotherapy-related nausea; construct a model case, a borderline case, and

    a contrary case of the concept of nausea during chemotherapy treatment; compare the

    definition of nausea according to 2012-2014 issue of NANDA-I with definitions found in

    integrative review studies; compare the defining attributes of chemotherapy-related nausea

    found in the literature with the its defining characteristics, and the antecedents with the

    factors related to the diagnosis of nausea found in NANDA-I. The eight steps of concept

    analysis by Walker and Avant were followed: selecting a concept, aims of the analysis,

    identifying the possible uses of the concept, determining the defining attributes, identifying

    the model case, identifying the additional cases, identifying the antecedents, and

    consequences, and defining empirical references. For the present study, the concept of

    nausea in patients undergoing chemotherapy treatment was selected and the aim of the

    analysis was to investigate whether the diagnosis of nausea in nursing found in NANDA-I

    contemplates chemotherapy as a related factor. The, an integrated review was carried out

    so as to identify the possible uses of the concept as well as empirical references,

    antecedents and consequences. The most frequently found defining attribute was sweating;

    the antecedents most commonly found were age (under 50), emetic potential of the

    medication and anxiety, and the consequence found was lower quality of life. The

    empirical references most commonly used by authors of integrative review studies were

    the patients journal, Visual Analogue Scale, and interview. There were no disagreements

    between the definitions in the 2012-2014 issue of NANDA-I and the review studies.

    Among the defining characteristics and related factors in the 2012-2014 issue of NANDA-

    I, aversion to food, reports of nausea, increased salivation, cinetosis, anxiety, and

    medication. The present concept analysis has led to the perception that chemotherapy

    should be included in the list of related factors of the diagnosis of nausea in nursing in

    NANDA-I. The present study could be a roadmap for the development of other steps in the

    process of validation of the diagnosis of nausea in nursing.

    Key Words: nausea, chemotherapy, neoplasias, diagnosis in nursing.

  • RESUMEN

    MOYSS, A. M. B. Anlisis de concepto del diagnstico de enfermera Nusea en el

    tratamiento quimioterpico. 2014. 152 f. Disertacin (Maestra) - Escuela de Enfermera

    de Ribeiro Preto, Universidad de So Paulo, Ribeiro Preto, 2014.

    En este estudio se trata de analizar el concepto del diagnstico de enfermera Nusea en el

    tratamiento quimioterpico, de acuerdo con el modelo de Walker y Avant. Los objetivos

    fueron: identificar y sintetizar el concepto nusea en pacientes durante el tratamiento

    quimioterpico por medio de una revisin integradora; identificar los atributos, los

    antecedentes, las consecuencias y los referenciales empricos de la nusea relacionada con

    la quimioterapia; elaborar un caso modelo, un caso relacionado y un caso contrario al

    concepto nusea en pacientes durante el tratamiento quimioterpico; comparar la

    definicin de nusea de la NANDA-I, edicin de 2012-2014, con las definiciones de

    nusea encontradas en los estudios de la revisin integradora; comparar los atributos

    definitorios de la nusea que es relacionada con la quimioterapia en la literatura con las

    caractersticas definitorias y los antecedentes con los factores relacionados del diagnstico

    de nusea de la NANDA-I. Se siguieron las ocho etapas del anlisis de concepto de Walker

    y Avant: seleccin del concepto, objetivos del anlisis conceptual, identificacin de los

    posibles usos del concepto, determinacin de los atributos definitorios, identificacin del

    caso modelo, identificacin de casos adicionales, identificacin de antecedentes y

    consecuencias y definicin de referenciales empricos. Para este estudio se seleccion el

    concepto de nusea en pacientes en tratamiento quimioterpico y el objetivo del anlisis

    fue investigar si el diagnstico de enfermera Nusea de la NANDA-I contempla el

    tratamiento quimioterpico como factor relacionado. Posteriormente se realiz una revisin

    integradora para identificar los posibles usos del concepto, as como los referenciales

    empricos, los antecedentes y consecuencias. El atributo definitorio ms frecuente fue

    transpirar; los antecedentes ms encontrados fueron edad menor que 50 aos, potencial

    emtico del quimioterpico y ansiedad y la consecuencia fue la reduccin de la calidad de

    vida. En cuanto a los referenciales empricos ms usados por los autores de los estudios de

    la revisin integradora, fueron diario del paciente, Escala Visual Analgica y entrevista.

    No hubo divergencias entre las definiciones de nusea de la NANDA-I y las de los

    estudios de la revisin. Entre las caractersticas definitorias y los factores relacionados de

    la NANDA-I, edicin de 2012-2014, se identificaron en los estudios de la revisin

    integradora: aversin a la comida, relato de nusea, salivacin aumentada, cinetosis,

    ansiedad y medicamentos. Este anlisis de concepto posibilit la percepcin de que el

    tratamiento quimioterpico o la quimioterapia se debe incluir a la relacin de los factores

    relacionados del diagnstico de enfermera Nusea de la NANDA-I. Este trabajo podr ser

    conductor para el desarrollo de las otras etapas del proceso de validacin del diagnstico

    de enfermera Nusea, en el tratamiento quimioterpico.

    Palabras clave: nusea, quimioterapia, neoplasias, diagnstico de enfermera.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Consideraes anatmicas.......................................................... 30

    Figura 2 Fluxograma da distribuio do nmero de artigos encontrados

    em cada base de dados aps a estratgia de busca, dos

    selecionados aps leitura dos ttulos e resumos, do texto

    completo e amostra final............................................................

    62

    Figura 3 Escala Visual Analgica para avaliao de nuseas.................. 94

    Figura 4 Escala Visual Analgica para avaliao de nuseas, segundo

    Pompeo (2012)...........................................................................

    94

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 Distribuio dos estudos consultados em relao autoria, ano

    de publicao e frequncia relativa de nusea aps a

    administrao da quimioterapia.................................................

    32

    Quadro 2 Distribuio dos estudos consultados em relao autoria,

    ano de publicao e frequncia relativa de nusea

    antecipatria...............................................................................

    32

    Quadro 3 Potencial emtico dos Agentes Antineoplsicos endovenosos.. 34

    Quadro 4 Graduao das nuseas e consequncias clnicas.......................

    36

    Quadro 5 Regime antiemtico para a preveno de mese induzida pela

    quimioterapia por categoria de risco emtico............................

    38

    Quadro 6 Distribuio das bases de dados consultadas segundo os

    descritores controlados e no controlados utilizados na busca

    dos estudos.................................................................................

    56

    Quadro 7 Descrio das estratgias de busca realizadas nas bases de

    dados e o nmero de artigos identificados.................................

    59

    Quadro 8 Distribuio das publicaes excludas segundo a base dos

    dados e as causas da excluso, aps leitura dos ttulos e

    resumos.......................................................................................

    61

    Quadro 9 Distribuio das causas da excluso das publicaes aps a

    leitura dos estudos na ntegra, segundo as bases de dados.........

    62

    Quadro 10 Classificao de nveis de evidncia..........................................

    64

    Quadro 11 Distribuio dos estudos primrios includos na RI, segundo

    autoria, ttulo, ano de publicao, peridico, tipo do estudo e

    nvel de evidncia.......................................................................

    69

    Quadro 12 Distribuio dos atributos definidores da nusea nos estudos

    da RI, segundo frequncia absoluta e relativa............................

    74

    Quadro 13 Distribuio dos antecedentes da nusea encontrados nos

    estudos da RI, segundo frequncia absoluta e relativa...............

    79

    Quadro 14 Distribuio das consequncias da nusea encontradas nos

    estudos da RI, segundo frequncia absoluta e relativa...............

    88

    Quadro 15 Distribuio dos referenciais empricos da nusea nos estudos

    da RI, segundo frequncia absoluta e relativa............................

    93

    Quadro 16 Definies da Nusea segundo a NANDA-I, edio de 2012-

    2014 e os estudos da RI..............................................................

    97

  • Quadro 17 Distribuio das caractersticas definidoras do DE Nusea

    propostos pela NANDA-I, edio de 2012-2014 e os

    encontrados nos artigos da RI, segundo frequncia absoluta e

    relativa.........................................................................................

    99

    Quadro 18 Distribuio dos fatores relacionados do DE Nusea propostos

    pela NANDA-I, edio de 2012-2014, encontrados nos artigos

    da RI, segundo frequncia absoluta e relativa............................

    100

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABVD - Adriamicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina

    ANA - American Nurses Association

    ASCO - American Society of Clinical Oncology

    BCRP - Biblioteca Central da Universidade de So Paulo de Ribeiro Preto

    CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CID-10 - Classificao Internacional de Doenas

    CINAHL - Cumulattive Index to Nursing and Allied Health Literature

    COMUT - Servio de Comutao Bibliogrfica

    CTCAE - Common Terminology Criteria for Adverse Events

    DE - Diagnstico(s) de Enfermagem

    DeCS - Descritores em Cincias da Sade

    EMBASE - Excerpta Medica Database

    EORTC-QLQ-C30 - European Organization for Research and Treatment of Cancer Quality

    of Life Questionnaire-C30

    ESMO - European Society for Medical Oncology

    EUA - Estados Unidos da Amrica

    EVA- Escala Visual Analgica

    FACT-G - Functional Assessment of Cancer Therapy-General

    FDA - Food and Drug Administration

    FEC - 5-fluouracil, epirrubicina e ciclofosfamida

    FLIE - Functional living index-emesis

    LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Cincias da Sade

    MANE - Morrow Assessment of Nausea and Emesis

    MASCC - Multinacional Association of Supportive Care in Cancer

    NANDA - North American Nursing Diagnosis Association

    NANDA-I - North American Nursing Diagnosis Association International

    NCCN - National Comprehensive Cancer Network

    NCBI - Nacional Center for Biotechnology Information

    NLM - US National Library of Medicine

    NVIQ - Nuseas e vmitos induzidos por quimioterapia

    OMS - Organizao Mundial de Sade

    PE - Processo de Enfermagem

  • PG-SGA - Patient-Generated Subjective Global Assessment

    RI- Reviso Integrativa

    SAE - Sistematizao da Assistncia de Enfermagem

    SIBi-USP - Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de So Paulo

    WHO - World Health Organization

  • SUMRIO

    APRESENTAO ................................................................................................................. 18

    1. INTRODUO ................................................................................................................. 21

    1.1.Os diagnsticos de enfermagem ................................................................................ 22

    1.2. Delimitao do problema Nusea .......................................................................... 29

    1.3. Referencial Terico - Anlise de conceito e o modelo proposto por Walker e Avant

    ......................................................................................................................................... 40

    1.3.1. Primeira etapa: Seleo do conceito .................................................................. 42

    1.3.2. Segunda etapa: Objetivos da anlise conceitual ................................................ 43

    1.3.3. Terceira etapa: Identificao dos possveis usos do conceito ............................ 43

    1.3.4. Quarta etapa: Determinao dos atributos definidores ...................................... 43

    1.3.5. Quinta etapa: Identificao do caso modelo ...................................................... 44

    1.3.6. Sexta etapa: Identificao de casos adicionais (casos-limtrofes, casos-

    relacionados, casos-contrrios, casos-inventados e casos-ilegtimos) ......................... 44

    1.3.7. Stima etapa: Identificao de antecedentes e consequncias ........................... 46

    1.3.8. Oitava etapa: Definio de referenciais empricos ............................................ 46

    2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 47

    2.1. Objetivo geral ........................................................................................................... 48

    2.2. Objetivos especficos ................................................................................................ 48

    3. MTODO .......................................................................................................................... 49

    3.1. Anlise de Conceito .................................................................................................. 50

    3.1.1. Primeira etapa: Seleo do conceito .................................................................. 50

    3.1.2. Segunda etapa: Objetivos da anlise conceitual ................................................ 51

    3.1.3. Terceira etapa: Identificao dos possveis usos do conceito ............................ 51

    3.1.4. Quarta etapa: Determinao dos atributos definidores ...................................... 52

    3.1.5. Quinta etapa: Identificao do caso modelo ...................................................... 52

    3.1.6. Sexta etapa: Identificao de casos adicionais (casos-limtrofes, casos-

    relacionados, casos-contrrios e casos-inventados) ..................................................... 52

    3.1.7. Stima etapa: Identificao de antecedentes e consequncias ........................... 52

    3.1.8. Oitava etapa: Definio de referenciais empricos ............................................ 53

    3.2. Reviso Integrativa da Literatura .............................................................................. 53

    3.2.1. Primeira fase: Identificao do tema e formulao da questo de pesquisa ...... 54

  • 3.2.2. Segunda fase: Amostragem ou busca na literatura ............................................ 55

    3.2.3. Terceira fase: Definio das informaes a serem extradas dos estudos

    selecionados ................................................................................................................. 63

    3.2.4. Quarta fase: Avaliao dos estudos includos na amostra ................................. 64

    3.2.5. Quinta fase: Interpretao dos resultados .......................................................... 65

    3.2.6. Sexta fase: Apresentao da reviso/sntese do conhecimento ......................... 65

    4. RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................................................ 67

    4.1. Avaliao dos estudos includos na amostra ............................................................. 68

    4.2. Anlise de conceito ................................................................................................... 74

    4.2.1. Quarta etapa da anlise de conceito: Determinao dos atributos definidores .. 74

    4.2.2. Quinta etapa da anlise de conceito: Identificao do caso modelo .................. 75

    4.2.3. Sexta etapa da anlise de conceito: Identificao de casos adicionais (casos-

    limtrofes, casos-relacionados, casos-contrrios e casos-inventados) ......................... 77

    4.2.4. Stima etapa da anlise de conceito: Identificao de antecedentes e

    consequncias .............................................................................................................. 79

    4.2.4.1. Antecedentes............................................................................................. 79

    4.2.4.2. Consequncias.......................................................................................... 88

    4.2.5. Oitava etapa da anlise de conceito: Definio de referenciais empricos ....... 92

    4.3. Comparao dos componentes do DE Nusea encontrados nos estudos da RI com os

    da NANDA-I, edio de 2012-2014. ............................................................................... 97

    4.3.1. Definio ............................................................................................................ 97

    4.3.2. Caractersticas definidoras ................................................................................. 99

    4.3.3. Fatores relacionados ........................................................................................ 100

    5. CONCLUSO ................................................................................................................. 103

    6. CONSIDERAES FINAIS ........................................................................................... 107

    REFERNCIAS ................................................................................................................... 110

    APNDICES ....................................................................................................................... 125

    ANEXO ................................................................................................................................ 149

  • 18

    APRESENTAO

    ___________________________________________

  • 19

    APRESENTAO

    H dez anos iniciei minha atividade profissional enquanto enfermeira atuante na

    rea de enfermagem oncolgica. Inicialmente, trabalhei em uma Enfermaria de Pediatria

    de um hospital geral, onde prestava assistncia a crianas e adolescentes com cncer,

    dentre outras especialidades. Nesta fase pude perceber o incmodo de pacientes em relao

    aos eventos adversos ocasionados pelos tratamentos para o cncer, seja quimioterpico,

    radioterpico ou para aqueles em cuidados paliativos.

    Posteriormente, fui alocada na Central de Quimioterapia do mesmo hospital e o

    foco da assistncia passou a ser o tratamento quimioterpico. No mais centrado em

    crianas e adolescente, mas pacientes de todas as faixas etrias e em diferentes fases da

    doena. Novamente os eventos adversos apresentados por estes me inquietaram e as

    nuseas e vmitos por eles vivenciados tornaram-se mais marcantes em minha prtica

    clnica. Fatos que despertaram meu interesse em aprofundar meus conhecimentos acerca

    deste conceito e assim poder lhes proporcionar uma assistncia de melhor qualidade.

    Com isso busquei capacitao profissional e fiz o curso de Especializao em

    Enfermagem Oncolgica. Tive a oportunidade de aprofundar um pouco mais sobre a

    temtica nuseas e vmitos na elaborao e defesa da monografia intitulada Toxicidade

    gastrointestinal e a qualidade de vida de mulheres com cncer de mama durante o

    tratamento quimioterpico.

    Manejar o paciente oncolgico que a presenta nusea relacionada ao tratamento

    quimioterpico sem dispor de protocolos ou sistematizao da assistncia, tem sido um

    desafio.

    A nusea torna-se ainda mais complexa por ser um sintoma subjetivo, sendo que

    muitas vezes os pacientes a apresentaro no domiclio, longe dos olhos dos profissionais da

    sade, o que faz com que este sintoma no tenha a devida importncia na prtica clinica.

    Devido ao fato de a nusea ser um sintoma frequentemente referido pelos pacientes

    em tratamento quimioterpico e que interfere em suas atividades dirias de forma negativa,

    acredito que explorar esse conceito nos trar alicerce para prosseguir com o

    desenvolvimento da validao deste diagnstico de enfermagem (DE). Alm de nortear os

    enfermeiros oncolgicos a elaborarem o processo de enfermagem de forma completa,

    desde a coleta de dados, planejamento das intervenes e avaliao das mesmas.

    O processo de enfermagem atividade exclusiva do profissional enfermeiro e cabe

    a ns, enfermeiros, buscar o conhecimento produzido nas pesquisas clnicas bem como nas

  • 20

    revises integrativas e/ou sistemticas estreitar os laos entre o que produzido na

    literatura e o que aplicado na prtica clnica.

    Por isso, julgo pertinente que os enfermeiros passem a desenvolver estudos

    especficos sobre o processo de enfermagem, mais especificamente acerca dos DE, tendo

    sido escolhido por mim o DE Nusea.

    O DE Nusea da NANDA-I edio de 2012-2014, apesar de listar inmeros fatores

    relacionados, no aborda especificamente a nusea relacionada ao tratamento

    quimioterpico.

    Acredito que a partir do momento em que os profissionais conhecerem o fenmeno,

    podero melhorar sua prtica no sentido de investigar este sintoma, incluindo essa

    investigao nas consultas mdicas e extendendo-a ao histrico de enfermagem no dia da

    infuso da quimioterapia, dando suporte s intervenes de enfermagem que iro englobar

    o indivduo tanto nos aspectos fsicos, como no social e no psicolgico.

    Este estudo proporcionar aos enfermeiros que assistem pacientes oncolgicos

    maior suporte e embasamento cientfico para conhecer o estado da arte deste conceito e

    posteriormente desenvolver estratgias para seu controle.

    Diante do exposto, senti a necessidade de desenvolver este trabalho, aperfeioar o

    conhecimento do conceito nusea na rea da enfermagem, durante o tratamento

    quimioterpico.

  • 21

    1. INTRODUO

    ___________________________________________

  • 22

    1. INTRODUO

    1.1.Os diagnsticos de enfermagem

    A idia de atividade diagnstica teve incio na Enfermagem com o advento da

    enfermagem moderna, quando Florence Nightingale, durante a Guerra da Crimia, em

    1854. Aliada a 24 freiras e outras 14 mulheres, diagnosticaram e trataram problemas de

    sade de forma efetiva e o resultado foi uma queda de 42 para 2,2% na taxa de mortalidade

    nos hospitais britnicos (FARIAS et al., 1990).

    Na dcada de 1920, ressurge a idia de atividade diagnstica, quando Harmer

    sugere que cabe aos enfermeiros usar o mtodo cientfico, organizar a cincia

    Enfermagem, identificar problemas especficos de enfermagem, registrar os problemas

    identificados e designar prescries para estes problemas (FARIAS et al., 1990). J na

    dcada de 1950, McManus especificou o termo diagnstico como uma atividade de

    enfermagem, e descreveu as funes de responsabilidade do enfermeiro da seguinte forma:

    identificao ou diagnstico de problemas e a deciso sobre as intervenes de

    enfermagem a serem implementadas para a soluo destes (CARVALHO; GARCIA,

    2002).

    J em 1953, Vera Fry acrescentou enfermagem ao termo diagnstico, quando

    publicou um estudo em que foram identificadas cinco reas de necessidades do cliente e

    considerou-se como domnio da Enfermagem e como foco para os DE. O maior interesse

    por este conceito evidenciou-se na dcada de 1960 com a publicao de artigos que

    fizeram referncia aos DE, ao reconhecimento da importncia de uma avaliao clnica

    identificao dos problemas de sade que requerem intervenes de enfermagem (FARIAS

    et al., 1990).

    Associado a isso, nos Estados Unidos da Amrica (EUA) desde 1950 o Processo de

    Enfermagem (PE) tem levado em conta a estrutura para o raciocnio clnico da

    enfermagem. Ao contrrio de outros pases, o PE nos EUA foi desenvolvido para organizar

    o raciocnio e para rapidamente solucionar os problemas enfrentados pelos pacientes.

    Rituais, tradies e procedimentos operacionais padro foram substitudos por raciocnios

    clnicos. O mtodo de identificao de problemas estimulou educadores a lecionar o PE

    como um mtodo de resoluo de problemas fundamentado na avaliao (PESUT, 2006).

    A utilizao do PE foi incentivada quando lideranas da rea da enfermagem

    reconheceram que este mtodo de trabalho poderia ser til na busca de autonomia

    profissional e na individualizao do cuidado ao paciente (BARROS, 2012).

  • 23

    A primeira gerao do PE (1950-1970) envolvia avaliao, planejamento,

    interveno e re-avaliao, ao longo do raciocnio clnico estruturado por problemas

    solucionados. As aes de enfermagem, procedimentos e intervenes foram

    desenvolvidas e usadas nos cenrios clnicos (PESUT, 2006).

    Esta primeira gerao evoluiu dando lugar segunda gerao do PE (1970-1990),

    que passou a explorar as dimenses e processos dos DE e da argumentao (PESUT,

    2006).

    O PE envolve uma sequncia de etapas, tais como obteno de informaes

    multidimensionais sobre o estado de sade, identificao das condies que requerem

    intervenes de enfermagem, planejamento das intervenes necessrias, implementao e

    avaliao das aes, com a finalidade de prestar atendimento profissional ao cliente. Pode-

    se dizer que se trata da expresso do mtodo clnico na nossa profisso (CARVALHO;

    BACHION, 2009).

    Em resposta ao crescente interesse na aceitao dos DE e na necessidade de

    formular um sistema para promover o uso da referida terminologia, Kristine Gebbie e

    Maryann Lavien, enfermeiras norte-americanas da Universidade de St. Louis convocaram

    a Primeira Conferncia do Grupo Norte-Americano para Classificao dos Diagnsticos de

    Enfermagem, em 1973. Foram convidadas enfermeiras dos EUA e Canad, e o evento

    contou com cem participantes (GORDON, 1979).

    Os DE foram definidos como a identificao das necessidades bsicas afetadas e

    do grau de dependncia do paciente em relao enfermagem, para seu atendimento por

    Horta (1979), precursora na consolodao da enfermagem no Brasil, bem como na

    implantao do PE.

    Em 1982, a North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) foi

    formalmente organizada e seu regimento interno aprovado. A partir de ento suas

    conferncias foram abertas a toda a comunidade de Enfermagem (CRUZ, 1994).

    Em 1986 a American Nurses Association (ANA) encaminha a Taxonomia da

    NANDA para a Organizao Mundial de Sade (OMS), para sua possvel incluso como

    um captulo da Classificao Internacional de Doenas (CID-10), (FARIAS et al., 1990).

    Na stima Conferncia realizada em 1986, foi aprovada a Taxonomia I da NANDA,

    porm tal aprovao deu-se em meio a crticas por ter sido elaborada sem uma perspectiva

    terica especfica da Enfermagem. Foi ento que em 1989 foi publicada pela NANDA a

    Taxonomia I revisada, a qual incluiu DE testados em pesquisa e no uso clnico. Foi em

    maro de 1990, na nona Conferncia que a NANDA apresentou aos seus membros a

  • 24

    Taxonomia II. Esta surgiu da dificuldade encontrada pelo Comit de Taxonomia em

    categorizar os novos diagnsticos recm-aprovados na estrutura revisada da Taxonomia I

    (FARIAS et al., 1990; NANDA, 2002).

    Durante a nona Conferncia da NANDA, em 1990, foi aprovada uma definio

    para DE, como sendo um julgamento clnico das respostas do indivduo, da famlia ou da

    comunidade aos processos vitais ou aos problemas de sade atuais ou potenciais, os quais

    fornecem a base para a seleo das intervenes de enfermagem, para atingir resultados,

    pelos quais o enfermeiro responsvel (FARIAS et al., 1990).

    Em 2002 a NANDA torna-se NANDA International e assim passa a ser chamada a

    partir da edio de 2003-2004. Tal mudana surgiu do aumento do interesse, em todo o

    mundo, pelo campo do desenvolvimento de termos para a enfermagem e por ser usada na

    prtica clnica de enfermeiros de diversas nacionalidades (CHAVES, 2008; NANDA-I,

    2010).

    Alm da definio citada, os DE podem ser classificados de diferentes formas,

    como (NANDA-I, 2005; NANDA-I, 2008):

    Diagnstico de enfermagem real: descreve respostas humanas a condies de

    sade/ processos vitais que existem em um indivduo, famlia ou comunidade. sustentado

    pelas caractersticas definidoras (manifestaes, sinais e sintomas) que se agrupam em

    padres de pistas ou inferncias relacionadas.

    Diagnstico de enfermagem de risco: descreve respostas humanas a condies de

    sade/ processos vitais que podem desenvolver-se em um indivduo, famlia ou

    comunidade vulnerveis. sustentado por fatores de risco que contribuem para uma

    vulnerabilidade aumentada.

    Diagnstico de enfermagem de promoo da sade: julgamento clnico da

    motivao e do desejo de uma pessoa, famlia ou comunidade de aumentar o bem-estar e

    concretizar o potencial de sade humana, conforme manifestado em sua disposio para

    melhorar comportamentos especficos de sade, como a alimentao e a atividade fsica.

    Diagnsticos de promoo da sade podem ser utilizados em qualquer condio de sade,

    no necessitando de nveis de bem-estar atuais. Essa disposio sustentada por

    caractersticas definidoras. As intervenes so escolhidas junto com o indivduo/ famlia/

    comunidade, para melhor assegurar a capacidade de alcance dos resultados enunciados.

    Diagnstico de enfermagem de bem-estar: descreve respostas humanas a nveis de

    bem-estar em um indivduo, famlia ou comunidade que tm potencial de aumento ou

    melhora deste bem-estar.

  • 25

    A Taxonomia II foi projetada para ser multiaxial na sua forma, aumentando

    substancialmente, dessa maneira, a flexibilidade da nomenclatura e permitindo realizar

    facilmente acrscimos e modificaes (NANDA, 2002). Foram realizadas modificaes

    adicionais na estrutura, dividindo, renomeando domnios e acrescentando novos. Foram

    desenvolvidas definies para todos os domnios e classes da estrutura e feitas revises e

    modificaes na colocao dos diagnsticos para assegurar a mxima combinao entre

    domnio, classe e diagnsticos. Finalmente a estrutura foi composta por 13 domnios, 46

    classes e 167 DE (NANDA-I, 2005).

    Um domnio representa uma esfera de atividade, estudo ou interesse e uma classe

    uma subdiviso de um grupo maior; uma diviso de pessoas ou coisas por qualidade,

    grau ou categoria. medida que novos diagnsticos foram aprovados pela NANDA

    International, o Comit de Taxonomia continuou a inclu-los, sendo que a edio da

    NANDA-I de 2005-2006 j contava com 13 domnios, 47 classes e 172 DE (NANDA-I,

    2006). Atualmente, na edio da NANDA-I de 2012-2014, a taxonomia composta por 13

    domnios, 47 classes e 217 DE (NANDA-I, 2013).

    medida que o trabalho de nomear e classificar a linguagem da enfermagem

    progride, h uma contnua necessidade de validar essa linguagem e transpor as fronteiras

    culturais, para testar e validar sua utilizao na prtica clnica (NANDA, 2000).

    Os DE apresentam os seguintes componentes: enunciado diagnstico, definio,

    caractersticas definidoras, fatores relacionados e/ ou fatores de risco. So definidos como

    (NANDA-I, 2005; NANDA-I, 2010):

    Enunciado diagnstico: estabelece um nome ao diagnstico. um termo ou expresso

    concisa que representa um padro de indcios relacionados. Pode incluir modificadores.

    Definio: estabelece uma descrio clara e precisa; delineia seu significado e ajuda a

    diferenci-lo de diagnsticos similares.

    Caractersticas definidoras: pistas/ inferncias observveis que se agrupam como

    manifestaes de um DE real ou de bem-estar.

    Fatores de risco: fatores ambientais e elementos fisiolgicos, psicolgicos, genticos ou

    qumicos que aumentam a vulnerabilidade de um indivduo, famlia ou comunidade a um

    evento insalubre.

    Fatores relacionados: fatores que aparecem para demonstrar algum tipo de

    relacionamento padronizado com o DE. Tais fatores podem ser descritos como

    antecedentes a, associados com, relacionados a, contribuintes para ou estimuladores.

  • 26

    Os diagnsticos da NANDA-I so conceitos construdos por meio de um sistema

    multiaxial. um sistema que consiste em eixos, nos quais os componentes so combinados

    para tornar os diagnsticos, substancialmente, iguais na forma. Assim sendo, um eixo

    definido de forma operacional, como uma dimenso da resposta humana considerada no

    processo diagnstico (NANDA-I, 2013). So eles:

    -Eixo 1- foco do diagnstico: O foco do diagnstico o elemento principal, ou a parte

    fundamental e essencial, a raiz do conceito do diagnstico. Descreve a resposta humana

    que o elemento central do diagnstico.

    -Eixo 2- sujeito do diagnstico: O sujeito do diagnstico definido como a(s) pessoa(s)

    para quem determinado um DE. Os valores neste eixo so indivduo, famlia, grupo e

    comunidade, representando a definio de paciente da NANDA-I.

    -Eixo 3- julgamento: Um julgamento um descritor ou modificador que limita ou

    especifica o sentido do foco do diagnstico. Este, junto do julgamento do enfermeiro a seu

    respeito, compe o diagnstico. Por exemplo: prejudicado ou ineficaz.

    -Eixo 4- localizao: A localizao descreve as partes/regies do corpo e/ou as funes

    relacionadas, ou seja, todos os tecidos, rgos, locais ou estruturas anatmicas, por

    exemplo, vesical, auditivo, cerebral.

    -Eixo 5- idade: Refere-se idade da pessoa que o sujeito do diagnstico, por exemplo:

    beb, criana, adulto.

    -Eixo 6- tempo: O tempo descreve a durao do conceito diagnstico, por exemplo:

    crnico, agudo, intermitente.

    -Eixo 7- situao do diagnstico: Refere-se realidade ou potencialidade do

    problema/sndrome, ou categoria do diagnstico como um diagnstico de promoo da

    sade. Por exemplo: real, de risco, de promoo da sade.

    O DE Nusea da edio da NANDA de 1999-2000 era composto pelos seguintes

    componentes:

    - Definio: uma sensao desagradvel, semelhante a uma onda, na parte de trs da

    garganta, epigstrio ou atravs do abdmen, que pode ou no levar ao vmito.

    - Caractersticas definidoras: Normalmente precede o vmito, mas pode ser experimentada

    aps vomitar ou quando o vmito no ocorre; acompanhada de palidez, pele fria e

    pegajosa, salivao aumentada, taquicardia, estase gstrica e diarria; acompanhada de

    movimentos de deglutio causados pela musculatura esqueltica; relata nusea ou estar

    doente do estmago.

  • 27

    - Fatores relacionados: Quimioterapia; anestesia ps-cirrgica; irritao do sistema

    gastrintestinal; estimulao de mecanismos neurofarmacolgicos.

    Em 2003 o DE Nusea foi revisado por Hsiao Chen Jane Tang e sua nova verso

    foi apresentada na edio da NANDA-I de 2003-2004. Este passou a ser composto por:

    - Definio: uma sensao subjetiva desagradvel, semelhante a uma onda, na parte de trs

    da garganta, epigstrio ou no abdome, que pode levar ao impulso ou necessidade de

    vomitar.

    - Caractersticas definidoras: relato de nusea ou de estar mal do estmago, salivao

    aumentada, averso comida, sensao de tentar vomitar sem conseguir, gosto cido na

    boca, deglutio aumentada.

    - Fatores relacionados: so subdivididos em referentes terapia, como medicamentos (p.

    ex., aspirina, antiinflamatrios no-esterides, esterides, antibiticos), lcool, ferro e

    sangue; distenso gstrica (esvaziamento gstrico retardado causado por intervenes

    medicamentosas, p. ex., uso de narcticos, agentes anestesiantes); medicamentos (p. ex.,

    analgsicos, antiviral contra HIV, aspirina, substncias similares ao pio ou a seus

    derivados, agentes quimioterpicos); toxinas (p. ex., radioterapia); biofsico, como

    distrbios bioqumicos (p. ex., uremia, cetoacidose diabtica, gravidez); doena cardaca;

    cncer de estmago ou tumores intra-abdominais (p. ex., cncer colorretal ou dos rgos

    plvicos); doena esofgica ou pancretica; distenso gstrica devido ao esvaziamento

    gstrico, obstruo pilrica, disteno de vescula biliar e gnito-urinria, compresso

    externa do estmago, fgado, bao, ou contra dilatao de rgo que diminui a velocidade

    de funcionamento do estmago-sndrome do estmago comprimido, alimentao

    excessiva; irritao gstrica devido inflamao peritoneal e/ou farngea; distenso da

    cpsula esplnica ou fgado; tumores localizados (p. ex., neuroma do acstico, tumores

    cerebrais primrios ou secundrios, metstases sseas na base do crnio); cinetose, doenas

    de Menire ou labirintite; fatores fsicos (p. ex., presso intracraniana aumentada,

    meningite); toxinas (p. ex., peptdeos produzidos por tumores, metabolismo anormal

    devido ao cncer); situacional, como fatores psicolgicos (p. ex., dor, medo, ansiedade,

    odores nocivos, estmulo visual desagradvel).

    Observa-se que com a reviso deste DE, houve alterao tanto na definio, como

    nas caractersticas definidoras e nos fatores relacionados. Porm houve um acrscimo de

    fatores relacionados e o que antes era chamado de quimioterapia, mudou para agentes

    quimioterpicos.

  • 28

    A edio da NANDA-I de 2007-2008 trouxe uma maior quantidade de revises e

    acrscimos de diagnsticos. Afirma-se tambm que nesta edio quase todos os

    diagnsticos apresentaram algumas mudanas em suas caractersticas definidoras e em

    seus fatores relacionados ou de risco. Foi assim que se pode observar a retirada do fator

    relacionado agentes quimioterpicos do DE Nusea, o qual se mantm ausente at a

    edio atual de 2012-2014.

    Mais uma vez, na ltima edio de 2012-2014, o DE Nusea foi revisado. A

    apreciao foi enviada por Gilmaikon Roela Pereira e Llian Guardian. Foi revista a

    definio deste DE e foram includas as referncias usadas (NANDA-I, 2013).

    Finalmente, o DE Nusea pertence ao Domnio 12: Conforto, Classe 1: Conforto

    fsico e seu cdigo 00134. Apresenta-se abaixo a verso atual do DE Nusea, segundo a

    NANDA-I (2013):

    - Definio: um fenmeno subjetivo de uma sensao desagradvel, na parte de trs da

    garganta e no estmago, que pode levar ou no resultar em vmito.

    - Caractersticas definidoras: averso comida, deglutio aumentada, relato de gosto

    amargo na boca, relato de nusea, salivao aumentada, sensao de vontade de vomitar.

    - Fatores relacionados: so subdivididos em biofsicos, como cinetose, distenso da cpsula

    do fgado, distenso da cpsula esplnica, distenso gstrica, distrbios bioqumicos

    (exemplo: uremia, cetoacidose diabtica), doena de Menire, doena esofgica, doena

    pancretica, dor, gravidez, irritao gstrica, labirintite, meningite, presso intracraniana

    aumentada, toxinas (exemplo: peptdeos produzidos por tumores, metablitos anormais

    devido ao cncer), tumores intra-abdominais, tumores localizados (exemplo: neuroma do

    acstico, tumores cerebrais primrios ou secundrios, metstases sseas na base do crnio),

    referentes ao tratamento, como distenso gstrica, medicamentos, irritao gstrica e

    situacionais como ansiedade, dor, estmulo visual desagradvel, fatores psicolgicos,

    medo, odores nocivos e sabor nocivo.

    Avant na edio de 1999-2000 da NANDA afirma que uma linguagem de

    enfermagem dinmica necessria se deseja expressar a riqueza e a mudana das prticas

    de enfermagem. Revises sempre contribuem para aumentar a especificidade e a

    sensibilidade da linguagem (NANDA, 2000).

    Mediante a identificao dos DE em uma clientela, os enfermeiros podem propor

    intervenes fundamentadas e especficas, proporcionando a implementao de aes

    eficazes e imediatas para a resoluo dos problemas identificados (DALRI; ROSSI;

  • 29

    DALRI, 2006). Por isso estes diagnsticos devem ser validados e, quando necessrio,

    reformulados (CHAVES; CARVALHO; HASS, 2010).

    A validao de DE uma ferramenta necessria para alicerar a prtica clnica do

    enfermeiro, uma vez que subsidia tanto o estabelecimento das intervenes de enfermagem

    quanto avaliao propriamente dita (CHAVES, CARVALHO, ROSSI; 2008).

    A taxonomia da NANDA-I no possui todos os seus DE validados contribuindo

    para uma baixa adeso ao seu uso, uma vez que muitos deles podem no representar as

    reais necessidades de sade dos pacientes (CHAVES, 2008).

    1.2. Delimitao do problema Nusea

    Nusea pode ser definida como uma sensao desagradvel, mal-estar ou

    desconforto localizado no epigstrio, regio da garganta e/ou difusamente pelo abdmen

    (BONASSA; GATO, 2012). Outra definio de nusea apresentada pelo Common

    Terminology Criteria for Adverse Events (CTCAE), como uma desordem caracterizada por

    uma sensao de enjo e/ou impulso para vomitar (UNITED STATES, 2010). Enquanto o

    vmito pode ser definido como expulso forada do contedo do estmago, duodeno e/ou

    jejuno proximal pela boca e nariz, acompanhado de alteraes somticas (BONASSA;

    GATO, 2012).

    Os termos nusea e vmito so frequentemente utilizados juntos, embora cada

    fenmeno deva ser avaliado separadamente. O vmito pode ser objetivamente medido em

    termos de nmero de episdios emticos, enquanto que a nusea um fenmeno subjetivo

    que requer ferramentas de medio e definies diferentes (ROILA, 2010).

    Os aferentes vagais abdominais parecem ter a maior importncia para as nuseas e

    os vmitos induzidos pela quimioterapia (NVIQ). Receptores, incluindo os 5-

    hidroxitriptamina 3 (5-HT3), neuroquinina-1 e colecistoquinina-1, esto localizados nas

    extremidades terminais dos aferentes vagais. Estes receptores encontram-se em estreita

    proximidade com clulas enterocromafnicas localizadas na mucosa gastrointestinal, do

    intestino delgado proximal, que contm um nmero de mediadores locais, tais como a 5-

    hidroxitriptamina (5-HT), a substncia P e colecistoquinina. Agentes antineoplsicos, por

    meio da mucosa ou mecanismos diretos transmitidos pelo sangue, estimulam as clulas

    enterocromafnicas para libertar mediadores, os quais, em seguida, se ligam aos receptores

    apropriados das fibras vagais adjacentes, conduzindo a um estmulo aferente que termina

    no tronco dorsal do crebro, principalmente no ncleo do trato solitrio, e, posteriormente,

  • 30

    ativa o gerador de padro central. Acredita-se que dentre os vrios mediadores locais, 5-

    HT, localizado nas clulas enterocromafnicas, desempenham o papel mais importante

    (ANDREWS; SANGER, 2002; HESKETH, 2008).

    Esta via vagal-dependente considerada o principal mecanismo pelo qual a maior

    parte dos agentes antineoplsicos iniciam a mese aguda, enquanto que a mese tardia

    desencadeada por dopamina, histamina, mediadores de inflamao como a prostaglandina

    e substncia P (BECKER; NARDIN, 2011). A fisiologia do processo emtico est ilustrada

    na Figura 1.

    Figura 1 Fisiologia do processo emtico

    Fonte: Associao Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP, 2011). Adaptado de Hesketh (2008).

  • 31

    As nuseas e os vmitos so os eventos adversos mais estressantes e incmodos

    referidos pelos pacientes durante o perodo de quimioterapia. So sintomas frequentes e

    contribuem para a diminuio da qualidade de vida relacionada sade (JORDAN;

    GROTHEY; SCHOBER, 2010; PERWITASARI et al., 2012).

    Nuseas e vmitos induzidos pela quimioterapia atualmente esto classificados em

    agudos, tardios e antecipatrios, e sero descritos a seguir (JORDAN; KASPER;

    SCHMOLL, 2005; NAVARI, 2003):

    Agudos: nuseas e vmitos que ocorrem nas primeiras 24 horas aps a administrao da

    quimioterapia, so causados principalmente pela liberao de serotonina, a partir das

    clulas enterocromafnicas.

    Tardios: so os episdios que ocorrem 24 horas aps a administrao da quimioterapia e

    podem permanecer por at cinco dias. Evidncias recentes sugerem que podem iniciar em

    at 16 horas aps a administrao da quimioterapia. As causas mais frequentes so

    associadas induo da substncia-P, perturbao da barreira hematoenceflica, alterao

    na motilidade gastrintestinal e hormnios da adrenal.

    Antecipatrios: resposta condicionada que ocorre antes do ciclo de quimioterapia seguinte

    ao primeiro episdio de nuseas e vmitos significativos devido quimioterapia anterior.

    Em geral, so observados em pacientes cujos episdios emticos estiveram associados a

    gosto, odores, viso, pensamentos, ou ansiedade, secundrios a uma histria de m

    resposta aos agentes antiemticos.

    Estudos apontam que, durante a quimioterapia, a prevalncia de nusea e vmito

    varia de 38 a 60% (ESPINOSA et al., 2004; LINDEN et al., 2007; PICCART et al., 2001).

    Quando avaliados separadamente, nusea apresenta incidncia de 37 a 70% e vmitos de

    13 a 34% (PIRRI et al., 2011). Estes dados comparativos mostram a importncia do

    desenvolvimento e da implementao de estratgias eficazes na preveno das nuseas. No

    Quadro 1, esto apresentados dados relativos incidncia de nusea em estudos publicados

    ao longo de 15 anos.

  • 32

    Quadro 1 - Distribuio dos estudos consultados em relao autoria, ano de publicao e

    frequncia relativa de nusea aps a administrao da quimioterapia

    Autores Ano de

    publicao

    Nusea ps-quimioterapia

    Tyc; Mulhern; Bieberich 1997 26%

    Tsavaris et al. 1998 83%

    Roscoe et al. 2000 97%

    Tsavaris et al. 2000 81,4%

    Hickok; Roscoe; Morrow 2001 62%

    Molassiotis et al. 2002 81,7% aguda

    88,7% tardia

    Roscoe et al. 2004 22% aguda

    Bloechl-Daum et al. 2006 36,2% aguda

    54,3% tardia

    Shih; Wan; Chan 2009 68,1% aguda

    73,6% tardia

    Huertas-Fernndez et al.

    2010 40,7% aguda

    47,1% tardia

    Fernndez-Ortega et al. 2012 31%

    J as nuseas antecipatrias foram abordadas em outros estudos e a sua incidncia

    est descrita no Quadro 2.

    Quadro 2 - Distribuio dos estudos consultados em relao autoria, ano de publicao e

    frequncia relativa de nusea antecipatria

    Autores Ano de

    publicao

    Nusea antecipatria

    Komen; Redd 1985 33%

    Tyc; Mulhern; Bieberich 1997 25%

    Hickok; Roscoe; Morrow 2001 19%

    Akechi et al. 2010 10,3%

    Nuseas e vmitos podem afetar a condio nutricional causando anorexia,

    desequilbrio hidroeletroltico, complicaes metablicas graves, necessidade ou

    prolongamento de internao hospitalar, impacto negativo no desempenho das atividades

    do dia-a-dia, alm de comprometer a adeso e at mesmo levar ao abandono do tratamento

    (GONALVES et al., 2009; SANTOS et al., 2008; SILVA et al., 2009).

  • 33

    O controle de vmitos durante o tratamento quimioterpico melhorou

    consideravelmente durante os ltimos anos, sobretudo no que se refere ao manejo

    medicamentoso com o desenvolvimento e uso de novos e modernos medicamentos

    antiemticos. Entretanto, o controle de nuseas permanece como um desafio (ROILA,

    2010) e, apesar disso, este sintoma tem sido negligenciado tanto pela equipe de sade

    quanto pelo prprio paciente.

    Algumas das causas provveis do difcil controle das nuseas induzidas pela

    quimioterapia podem ser: a subjetividade do sintoma, a falta de foco na sua avaliao que

    no dispoem de ferramentas validadas, a compreenso limitada da fisiopatologia, o relato

    deficiente deste evento por parte dos pacientes, alm da falha da equipe de sade em

    avaliar o impacto da nusea na vida dos mesmos, sobretudo na qualidade de vida

    (MOLASSIOTIS et al., 2007).

    No estudo de Molassiotis et al. (2007) foi identificado que os pacientes

    entrevistados associaram nusea principalmente a perda de apetite, os vmitos e a

    alterao do paladar, alm de perturbao do sono e da vida social. Os pacientes referiram

    ter recebido pouca orientao dos profissionais de sade sobre o que seria recomendado

    para manejar esse evento, exceto quanto ao uso de medicamentos.

    Pirri et al. (2013) encontraram em seu estudo que a nusea foi mais frequente que

    os vmitos ou a perda de apetite durante o tratamento oncolgico e teve um maior impacto

    na qualidade de vida global dos pacientes. Embora a terapia antiemtica tenha sido eficaz

    para vmitos, os benefcios para a perda de apetite foram aparentemente limitados por no

    exercer controle adequado sobre nuseas em muitos pacientes.

    O impacto das nuseas sobre o estado nutricional e a qualidade de vida fica

    evidente poucos dias aps a administrao da quimioterapia. Como na maioria dos casos o

    tratamento feito ambulatorialmente, este sintoma requer avaliao cuidadosa, a utilizao

    de uma combinao de terapias farmacolgicas e no-farmacolgicas para a gesto deste

    sintoma, com manejo clnico especfico e intervenes nutricionais (FARRELL, 2013).

    Neste contexto, o enfermeiro que atua na rea da oncologia deve estar preparado,

    com conhecimento cientfico atual e amplo para avaliar as nuseas. Alm de informar os

    cuidados preventivos aos pacientes susceptveis a apresent-las e para aqueles que j

    estejam vivenciando este sintoma, como possvel ameniz-lo.

    A incidncia das nuseas est relacionada primariamente com o potencial emtico

    do quimioterpico utilizado, associado s variaes individuais de cada paciente. O

    conhecimento do potencial emtico e das caractersticas deste evento adverso, no que se

  • 34

    refere a pico e intervalo de ocorrncia fundamental e indispensvel prtica da

    enfermagem oncolgica (MOLASSIOTIS et al., 2008a). A partir deste conhecimento, o

    enfermeiro poder elaborar um plano assistencial individualizado e consequentemente

    obter resultados mais satisfatrios.

    Cada paciente submetido ao tratamento quimioterpico deve ser tratado pela equipe

    holisticamente, como um indivduo com fatores de risco especficos associados ao

    potencial emetognico das drogas quimioterpicas (HESKETH et al., 1997).

    O potencial emtico e o conjunto de quimioterpicos pertencentes a cada classe

    esto expostos no Quadro 3. Apesar desta classificao referir-se a mese, o sucesso do

    manejo das nuseas correlacionado. Importante ressaltar que o risco emetognico pode

    aumentar caso haja associao de drogas, ou seja, o poder emetognico de um composto

    ser mais alto do que o de um nico quimioterpico administrado (HESKETH et al., 1997).

    Quadro 3 - Potencial emtico dos Agentes Antineoplsicos endovenosos

    Potencial emtico Agentes Antineoplsicos

    Alto (> 90%) Cisplatina

    Mecloretamina

    Etreptozotocina

    Ciclofosfamida (>1500 mg/m2)

    Carmustina

    Dacarbazina

    Dactinomicina

    Moderado (30 a 90%) Azacitidina

    Alemtuzumabe

    Bendamustina

    Oxaliplatina

    Citarabina (>1000 mg/m2)

    Carboplatina

    Ifosfamida

    Ciclofosfamida (

  • 35

    Concluso

    Potencial emtico Agentes Antineoplsicos

    Baixo (10 a 30%) Paclitaxel

    Docetaxel

    Cabazitaxel

    Catumaxomabe

    Doxorrubicina lipossomal

    Ixabepilona

    Panitumumabe

    Mitoxantrona

    Topotecano

    Etoposido

    Pemetrexede

    Metotrexato

    Mitomicina

    Gemcitabina

    Citarabina (

  • 36

    intensidade de extrema importncia tanto para intervir em sinais e sintomas imediatos,

    como prevenir agravos futuros. As nuseas podem ser graduadas, de acordo com a CTCAE

    (UNITED STATES, 2010), do grau 1 ao 3, como apresentados no Quadro 4.

    Quadro 4 - Graduao das nuseas e consequncias clnicas

    Graduao das

    nuseas

    Conseqncias clnicas

    Grau 1 Perda de apetite, sem alterao nos hbitos alimentares.

    Grau 2 Ingesto oral diminuda, sem perda de peso significativa,

    desidratao ou desnutrio.

    Grau 3 Ingesto calrica ou de lquidos por via oral inadequada:

    alimentao por sonda, nutrio parenteral ou hospitalizao

    indicadas.

    Fonte: United States (2010).

    Para a preveno e tratamento de NVIQ, so empregados agentes farmacolgicos. Os

    antiemticos mais utilizados atualmente so (HESKETH, 2008):

    Antagonistas do receptor da serotonina (5-HT3): A introduo desta classe de

    medicamentos ocorreu no incio dos anos 1990 e revolucionou o tratamento de NVIQ. So

    cinco os antagonistas do receptor da 5-HT3 disponveis atualmente: ondansetrona,

    granisetrona, dolasetrona, tropisetrona e palonosetrona. Estes agentes apresentam maior

    eficcia em relao s nuseas e vmitos agudos do que em relao aos tardios.

    Antagonistas do receptor da neuroquinina-1 (NK-1): Os antagonistas do receptor

    neuroquinina-1 representam a classe mais recente de agentes antiemticos, eficazes na

    preveno de NVIQ. Destaca-se o aprepitante, aprovado pelo Food and Drug

    Administration (FDA) em 2003, que foi o primeiro agente disponvel desta classe.

    Corticides: podem ser eficazes quando administrados como agente nico em pacientes

    que recebem quimioterapia de baixo potencial emtico, porm so mais benficos quando

    usados em combinao, principalmente com os antagonistas do receptor 5-HT3. So

    eficazes tanto para mese aguda quanto tardia. Os corticides mais utilizados como agentes

    antiemticos so dexametasona e metilprednisolona.

  • 37

    Fenotiazinas: so antagonistas dopaminrgicos, com um ndice teraputico baixo;

    apropriados para uso como profilaxia primria em pacientes submetidos quimioterapia

    com um baixo potencial emetognico. Representadas pelos agentes prometazina e

    clorpromazina.

    Benzodiazepinicos: classe de agentes que tm eficcia antiemtica modesta, porm suas

    propriedades ansiolticas podem ser teis na preveno e no tratamento de mese

    antecipatria. O agente mais utilizado o lorazepam.

    Antagonistas do receptor de dopamina: representados pelos agentes metoclopramida,

    bromoprida e domperidona. A eficcia da metoclopramida melhora com doses crescentes,

    provavelmente devido sua capacidade para inibir os receptores de 5-HT3 no sangue em

    altas concentraes.

    Butirofenonas: possuem eficcia teraputica semelhante a metoclopramida e fenotiazinas.

    Classe representada pelo haloperidol.

    Nabilona canabinides sintticos e dronabinol: tm eficcia antiemtica para os

    quimioterpicos com baixo a moderado potencial emtico.

    Olanzapina: antagonista de vrios receptores de neurotransmissores, incluindo a

    dopamina e os receptores de 5-HT3, tem sido eficaz na preveno das nuseas e vmitos

    induzidos pela quimioterapia, tanto agudos quanto tardios.

    A ASCO tambm define o regime de antiemticos a ser administrado antes da

    infuso dos quimioterpicos, de acordo com o risco emtico de cada droga ou composto

    (Quadro 5).

  • 38

    Quadro 5 - Regime antiemtico para a preveno de mese induzida pela quimioterapia por

    categoria de risco emtico

    Risco emtico Regime antiemtico Frequncia

    Alto (> 90%) Antagonistas NK1

    - Aprepitante

    - Fosaprepitante

    Antagonistas 5-HT3

    - Granisetrona

    - Ondansetrona

    - Palonosetrona

    - Dolasetrona

    - Tropisetrona

    - Ramosetrona

    Corticide

    - Dexametasona

    Dias 1 a 3

    Dia 1

    Dia 1

    Dia 1

    Dia 1

    Dia 1

    Dia 1

    Dia 1

    Dias 1 a 4

    Moderado (30 a 90%) Palonosetrona

    Dexametasona

    Dia 1

    Dias 1 a 3

    Baixo (10 a 30%) Dexametasona Dia 1

    Mnimo (< 10%) Prescrever conforme necessrio Conforme

    necessrio Fonte: Basch et al. (2011).

    Estratgias de preveno das nuseas e vmitos devem ser planejadas no momento

    da prescrio de um esquema de quimioterapia que envolva antineoplsicos que possuam

    diferentes riscos emticos (BECKER; NARDIN, 2011). Sabe-se que a chance do paciente

    apresentar tais efeitos aumenta nos ciclos posteriores se, no primeiro ciclo, o controle no

    for adequado (SHIH; WAN; CHAN, 2009).

    Ensaios clnicos com diversos frmacos tm sugerido tambm que, assim como

    alguns agentes podem ser mais eficazes contra o vmito agudo ps-quimioterapia e contra

    vmitos antecipatrios, outros agentes podem ser mais eficazes contra nuseas do que

    contra o vmito e vice-versa. A identificao e caracterizao de agentes antinusea e a

    incluso racional destes em esquemas antiemticos pode ser o principal desafio nos

    prximos anos (ROILA, 2010).

    Segundo a NCCN (2009), a escolha dos antiemticos deveria ser baseada no risco

    emtico do esquema institudo, experincias prvias com antiemticos e fatores de risco

    dos pacientes. Porm, sabe-se que na maioria das vezes estes critrios no so seguidos ao

    instituir o tratamento quimioterpico, pois os fatores intrnsecos aos pacientes no so

  • 39

    investigados, o que ocasionar um limitado controle das nuseas e vmitos.

    Alm do manejo farmacolgico, o no farmacolgico torna-se um importante

    aliado para a preveno e controle de nuseas e vmitos na prtica clnica do enfermeiro

    oncolgico. Este manejo consiste em implementar terapias complementares, tais como

    yoga, hipnose, relaxamento, biofeedback, relaxamento muscular progressivo,

    dessensibilizao sistemtica, massagem, toque teraputico, acupresso, dentre outros

    (ROSCOE et al., 2011). Tais intervenes podem ser aplicadas pelos enfermeiros

    independentemente da prescrio de outros profissionais. Por isso, julga-se importante a

    busca pela capacitao para desenvolver habilidade destas tcnicas teraputicas, pois dessa

    forma a assistncia de enfermagem no farmacolgica no ser baseada, exclusivamente,

    em condutas relacionadas aos ajustes dietticos/alimentares.

    Torna-se indispensvel que o profissional de enfermagem tenha conhecimentos

    tcnicos e cientficos para a preveno, manejo adequado e gil destes eventos adversos,

    pois assim espera-se evitar os atrasos entre os ciclos, redues de doses, que podem

    comprometer a resposta ao tratamento, alm de melhorar a qualidade de vida desses

    pacientes (GOZZO, 2008).

    A avaliao do potencial emetognico do esquema quimioterpico e dos fatores de

    risco do paciente, por meio da anamnese, so essenciais para a elaborao de um plano de

    cuidados que atenda as necessidades dessa clientela. Para Thompson (2012), terapia

    antiemtica combinada com educao individualizada, comunicao clara, e a gesto das

    expectativas contribuem para que se consiga o controle emetognico ideal.

    Os enfermeiros, trabalhando com os demais membros da equipe de sade, podem

    implementar diretrizes ou prticas institucionais e planos individuais que ofeream um

    melhor padro de atendimento para aos usurios. Barreiras adeso ao plano antiemtico,

    como, por exemplo, financeiras, precisam ser avaliadas e tratadas antes de iniciar o

    tratamento (THOMPSON, 2012).

    Pensando neste contexto, possvel identificar a importncia do envolvimento do

    enfermeiro no planejamento de sua assistncia em prol do bem estar do paciente. Sabe-se

    que o tratamento quimioterpico provoca eventos adversos, mas se houver uma terapia

    planejada, se o paciente estiver bem informado, assistido pelos profissionais de sade e

    recebendo apoio familiar, o mesmo passar pelo tratamento com menos marcas e

    sofrimento.

  • 40

    1.3. Referencial Terico - Anlise de conceito e o modelo proposto por Walker e Avant

    Mtodos sistemticos so necessrios para o desenvolvimento ou para o

    aperfeioamento dos DE, os quais so considerados conceitos. A anlise de conceito

    considerada um mtodo sistemtico importante tanto no desenvolvimento de novos DE,

    como no aperfeioamento dos j existentes na NANDA-I (WALKER; AVANT, 2005).

    Lorraine O.Walker e Kay C. Avant (2005), enfermeiras e docentes da Escola de

    Enfermagem da Universidade do Texas nos EUA, alm de especialistas em filosofia da

    educao e teorias em enfermagem, introduziram na rea da enfermagem o mtodo de

    anlise de conceito com adaptaes, proveniente do modelo clssico de anlise de conceito

    de Wilson (1963).

    Para Walker e Avant (2005), a anlise e o desenvolvimento de conceito um

    processo fundamental exigido por pesquisadores da rea da enfermagem que esto

    tentando medir fenmenos da sua prtica. Afirmam que, por definio, a anlise de

    conceito um processo de operacionalizao de um fenmeno, de modo que este possa ser

    utilizado para o desenvolvimento de teorias ou mensurao de pesquisa. Para as autoras,

    um conceito desenvolvido cientificamente , por conseguinte, o primeiro passo essencial

    em qualquer processo de pesquisa. A falta de se ter um processo adequado e sistemtico

    para o desenvolvimento da varivel, coloca em risco a validade de toda a investigao

    (DUNCAN; CLOUTIER; BAILEY, 2007).

    O desenvolvimento do conceito pode ser entendido como um processo, uma

    construo mental resultante das observaes e experincias em torno dos fenmenos

    (VENDRAMINI et al., 2003).

    Fehring (1987) recomenda que, anteriormente realizao de um estudo de

    validao de DE, seja realizada uma reviso de literatura, com o objetivo de buscar suporte

    e sustentao terica para a efetivao das fases seguintes, ou seja, a validao de contedo

    e a validao clnica (POMPEO, 2007). Barros (2012) afirma que a anlise de conceito

    uma abordagem adequada para a etapa inicial de reviso de um DE.

    Sendo assim, para que se possa afirmar que um DE vlido este deve passar por

    um processo em que se conclua que as caractersticas que o definem realmente so

    representativas ao que encontrado na prtica clnica (MATOS, 2009).

    Os conceitos so fundamentais no processo de pesquisa e suas funes podem ser

    classificadas em cognitiva, pragmtica e comunicativa. No aspecto cognitivo, o conceito

    delimitador; no pragmtico, deve ser operacional e permitir que o pesquisador trabalhe

  • 41

    com o conceito no campo; no comunicativo, deve ser claro, especfico e abrangente e

    permitir sua compreenso pelos interlocutores de uma mesma rea de interesse (MINAYO,

    2000).

    Os conceitos so essenciais para a construo do conhecimento. Um dos principais

    requisitos da palavra conceito que ela seja capaz de expressar por meio de seu significado

    o que ocorre na realidade, isto , as palavras utilizadas para designar um conceito devem

    significar idias semelhantes para diferentes pessoas (MOTA; CRUZ; PIMENTA, 2005).

    Segundo Rodgers e Knafl (2000), o mtodo tem como finalidade definir os

    conceitos existentes no intuito de diferenciar seus atributos definidores de outros atributos

    irrelevantes, bem como mant-lo atualizado, visto que os conceitos modificam-se

    continuamente.

    A anlise de conceito til na classificao de fenmenos na enfermagem,

    oferecendo novas formas de conceituao e descrio de uma determinada situao ou na

    reaplicao de um conceito j existente, dentro de outro campo de interesse (ZAGONEL,

    1996).

    Considerando que os conceitos advm da prtica cotidiana, faz-se necessrio

    lembrar que por meio das observaes apreendidas e refletidas na dinmica desse

    cotidiano vivido no mbito da prtica de enfermagem, bem como ante as modificaes

    contnuas e complexas do conhecimento cientfico, que emerge a necessidade da anlise

    contnua dos conceitos de interesse (FERNANDES et al., 2011).

    O desenvolvimento de um conceito por uma pessoa acontecer com o

    direcionamento do contexto social na qual a pessoa interage e desenvolve conceitos.

    Portanto, os fatores contextuais variaro dependendo do perodo ou das situaes em que

    os conceitos so analisados (RODRIGUES, 2004).

    O estudo de Dalri et al. (2008) revelou a necessidade de novas investigaes,

    enfocando clientelas e situaes clnicas de sade especficas ao validar o DE Troca de

    gases prejudicada em adultos no atendimento de emergncia. Neste mesmo contexto,

    Pompeo (2012) desenvolveu o estudo sobre Validao do DE Nusea no perodo ps-

    operatrio imediato e pretendia que os resultados incentivassem outros enfermeiros a

    pesquisarem sobre a nusea em diferentes populaes.

    Outras pesquisas que procederam anlise de conceito, utilizando tanto o modelo

    de Walker e Avant (2005) como o modelo proposto por Rodgers (2000), destaca-se:

    Tuberculose no idoso (VENDRAMINI et al., 2003); Cuidados paliativos (RODRIGUES,

    2004); Fadiga (MOTA; CRUZ; PIMENTA, 2005); Condio crnica no contexto da sade

  • 42

    do idoso (FREITAS; MENDES, 2007); Morte digna da criana (POLES; BOUSSO, 2009);

    Fragilidade em idosos (ANDRADE, 2010); Exerccio fsico em portadores de hipertenso

    arterial (GUEDES; LOPES, 2010); Comportamento de preveno de quedas (VITOR,

    2010); Incontinncia urinria de esforo (THOMAZINI, 2011); Integridade tissular

    prejudicada (BARROS, 2012); Nusea relacionada ao perodo ps-operatrio imediato

    (POMPEO, 2012); Dor de parto (MAZONI, 2012), Risco de leso do trato urinrio

    (GARBUIO, 2012), Recuperao cirrgica retardada (ROMANZINI, 2013) e Eliminao

    urinria prejudicada com foco em lactentes (MIRANDA, 2013).

    A flexibilidade da Taxonomia II da NANDA-I favorece a incluso de novos

    diagnsticos como tambm a incluso, por meio de estudos de reviso e validao, de

    caractersticas definidoras, fortalecendo os achados clnicos (DALRI et al., 2008).

    O Modelo de Anlise de Conceito de Walker e Avant composto por oito etapas:

    seleo do conceito, objetivos da anlise conceitual, identificao dos possveis usos do

    conceito, determinao dos atributos definidores, identificao do caso modelo,

    identificao de casos adicionais, identificao de antecedentes e consequncias e

    definio de referenciais empricos (WALKER; AVANT, 2005).

    A seguir, sero apresentadas estas etapas, segundo Walker e Avant (2005).

    1.3.1. Primeira etapa: Seleo do conceito

    A seleo do conceito deve ser cautelosa, pois deve estar relacionado com a

    pesquisa, ser de interesse para o pesquisador, associado com o seu trabalho ou incomod-lo

    de alguma forma. A anlise do conceito selecionado deve contribuir para o

    desenvolvimento do conhecimento sobre o fenmeno de interesse do pesquisador.

    Termos muito amplos devem ser evitados, pelo fato de abrangerem vrios

    significados, o que pode confundir a anlise.

    Geralmente, a seleo do conceito reflete o tema ou a prtica de enfermagem, e

    pode ser gerada a partir de pesquisas da rea de enfermagem ou desenhada a partir de uma

    teoria ainda incompleta ou que tenha conceitos que no estejam claros.

  • 43

    1.3.2. Segunda etapa: Objetivos da anlise conceitual

    A segunda etapa refere-se a determinar os objetivos ou propsitos da anlise,

    focando sobre o que exatamente se pretende fazer a partir dos resultados, tentando

    responder seguinte questo: Porque estou fazendo esta anlise?.

    A anlise de conceito inclui diferentes objetivos, tais como: distinguir entre o uso

    comum de um conceito e o seu uso cientfico; esclarecer o significado de um conceito j

    existente; desenvolver uma definio operacional; desenvolver um instrumento de

    pesquisa; ou, ainda, adicionar e/ou renovar uma teoria existente.

    Alm desses, existem outros possveis propsitos, mas o importante que se

    decida, com antecedncia, porque h o interesse na realizao de uma anlise de conceito.

    Esta definio de propsito til, pois quando comear a determinar os atributos

    que definem o conceito escolhido, poder se descobrir vrios usos diferentes do conceito.

    Assim, a seleo do uso especfico do conceito escolhido ir refletir os objetivos da

    anlise.

    1.3.3. Terceira etapa: Identificao dos possveis usos do conceito

    recomendado que se realize uma ampla reviso dos possveis usos do conceito,

    ou seja, que ele seja investigado a partir de diferentes fontes, tais como, dicionrios,

    enciclopdias, livros, colegas e disponveis na literatura. A reviso de literatura cientfica

    importante, mas esta no deve ser restrita apenas a pesquisas provenientes da rea da

    enfermagem e mdica.

    Ignorar os aspectos fsicos de um conceito e se concentrar apenas no psicossocial,

    por exemplo, pode priv-lo de uma grande quantidade de informaes valiosas. Importante

    incluir tanto os usos implcitos como os explcitos do conceito. A leitura extensiva em

    grande nmero de diferentes fontes quanto possvel inestimvel. Esta reviso da literatura

    indispensvel para apoiar ou validar as escolhas finais dos atributos definidores.

    1.3.4. Quarta etapa: Determinao dos atributos definidores

    A medida em que o pesquisador observa e examina o maior nmero de diferentes

    instncias em que o conceito utilizado, ele ir atentar-se s caractersticas que aparecem

  • 44

    com maior frequncia, ou seja, as que aparecem repetidas vezes. Esta lista de

    caractersticas denominada atributos crticos, definidores ou caractersticas definidoras.

    Eles funcionam muito bem como os critrios para a elaborao de diagnsticos

    diferenciais em medicina, pois ajudam a nomear a ocorrncia de um fenmeno especfico,

    diferenciando-o do outro semelhante ou afim.

    Quando todas as instncias de um conceito so recolhidas, haver um grande

    nmero de possveis significados. A deciso na escolha deve basear-se nos objetivos da

    anlise. Pode-se optar pela escolha de mais de um significado, porm a anlise desses

    outros significados ser contnua.

    1.3.5. Quinta etapa: Identificao do caso modelo

    Ao mesmo tempo em que uma lista de atributos definidores desenvolvida, deve-se

    comear a desenvolver um caso modelo. O pesquisador apresentar um caso em que o

    conceito usado, trazendo todos os atributos definidores essenciais; o caso modelo pode

    ser um exemplo da vida real, achado na literatura ou criado pelo pesquisador.

    Nesta fase, muitas vezes til e s vezes necessrio, procurar colegas que atuem na

    rea em estudo, para auxiliar na identificao de falhas ou erros no percebidos

    anteriormente.

    Segundo o modelo clssico de anlise de conceito de Wilson (1963), no qual se

    basearam Walker e Avant, um caso modelo quando o pesquisador pode afirmar: Bem,

    se isto no um exemplo deste conceito, ento nada ser.

    1.3.6. Sexta etapa: Identificao de casos adicionais (casos-limtrofes, casos-

    relacionados, casos-contrrios, casos-inventados e casos-ilegtimos)

    Nesta etapa apresentam-se casos semelhantes ou contrrios ao conceito de interesse

    ajudando no julgamento sobre quais atributos definidores ou caractersticas do conceito so

    essenciais. Estes casos so construdos com a finalidade de fornecer exemplos do que no

    representa o conceito em questo e para promover uma maior compreenso do conceito em

    discusso.

    Os casos-limtrofes ou borderline so aqueles casos ou exemplos que contm

    alguns atributos crticos do conceito examinado, mas no todos eles. Podem ainda conter a

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    maioria ou todos os critrios, mas diferem substancialmente em um deles, tais como a

    durao ou a intensidade de ocorrncia. Estes casos so inconsistentes de alguma forma e,

    como tal, eles auxiliam a entender porque no um caso modelo.

    Os casos-relacionados so exemplos de conceitos que esto relacionados com o

    conceito em estudo, mas que no contm os atributos crticos. Eles so semelhantes aos do

    conceito em estudo e apresentam alguns atributos do conceito, mas no os mais

    importantes. Eles esto de alguma forma ligados ao conceito principal e auxiliam a

    entender como o conceito em estudo se encaixa na rede de conceitos que o rodeiam.

    Os casos-contrrios no representam o conceito, ou seja, no contm os atributos do

    mesmo; so aqueles casos que so exemplos claros do que o conceito no ". Entretanto

    auxilia no julgamento sobre quais atributos definidores ou caractersticas so essenciais a

    esse conceito. Estes casos podem ser reais, extrados da literatura ou elaborados pelo autor.

    Wilson (1963) sugere que pode ser feita a seguinte afirmao sobre o caso contrrio "Bem,

    qualquer que seja o conceito, certamente, no um exemplo disso". Os casos contrrios

    so frequentemente muito teis ao pesquisador, uma vez que muitas vezes mais fcil

    dizer o que no algo, do que o que ; e descobrir o que um conceito no , nos ajuda a ver

    de que maneira o conceito em anlise diferente do caso contrrio. Este, por sua vez, nos

    d informaes sobre o que o conceito deve ter como atributos definidores se os do caso

    contrrio so claramente excludos.

    Os casos-inventados so aqueles construdos usando idias fora da nossa prpria

    experincia e muitas vezes so lidos como fico cientfica. Casos inventados so teis

    quando se est examinando um conceito muito familiar, como "homem" ou "amor".

    Utilizam idias do conceito, mas no esto presentes na vivncia e experincia do

    pesquisador. Este caso no precisa necessariamente estar presente na anlise; se os demais

    casos clarificam a presena do conceito, este dispensado.

    Os casos-ilegtimos so exemplos do termo do conceito utilizado de forma

    inadequada. Estes casos so teis quando o pesquisador se deparar com um significado

    para um termo que completamente diferente de todos os outros. Ele pode ter um ou dois

    dos atributos fundamentais, mas a maioria dos atributos no se aplica.

    Uma vez que o caso modelo e os demais casos so construdos, os mesmos devem

    ser comparados com os atributos essenciais ou que o definem mais uma vez para assegurar

    que todos os atributos essenciais foram descobertos. Pode ser que algumas reas de

    sobreposio, impreciso ou contradio torne-se aparente e neste ponto um refinamento se

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    torna necessrio. Uma anlise no pode ser concluda at que no haja sobreposio de

    atributos e sem contradies entre os atributos definidores e o caso modelo.

    1.3.7. Stima etapa: Identificao de antecedentes e consequncias

    Esta etapa muitas vezes ignorada, mas pode clarear os contextos sociais em que o

    conceito geralmente utilizado. Pode ser til para aperfeioar ainda mais os atributos

    crticos, pois o mesmo no pode ser um antecedente e um atributo ao mesmo tempo, por

    exemplo.

    Antecedentes so os acontecimentos ou incidentes que devem ocorrer antes da

    ocorrncia do conceito, portanto no podem ser um atributo do conceito. Consequncias,

    por outro lado, so os acontecimentos ou os incidentes que ocorrem como resultado do

    aparecimento do conceito.

    1.3.8. Oitava etapa: Definio de referenciais empricos

    Referenciais empricos so classes ou categorias de fenmenos reais que, pela sua

    existncia ou presena demonstram a ocorrncia do prprio conceito. Para o

    esclarecimento desta fase, deve-se responder seguinte pergunta: Se formos medir o

    conceito ou determinar sua existncia no mundo real, como faramos?.

    So teis para o desenvolvimento de instrumentos porque esto ligados s bases

    tericas do conceito, contribuindo para a validao de construto e de contedo de um novo

    instrumento.

  • 47

    2. OBJETIVOS

    ________________________________________________

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    2. OBJETIVOS

    2.1. Objetivo geral

    Analisar o conceito Nusea no tratamento quimioterpico usando o Modelo de

    Walker e Avant (2005) e comparar os resultados da anlise do conceito com os elementos

    do DE Nusea apresentados na taxonomia II da NANDA-I (2013).

    2.2. Objetivos especficos

    identificar e sintetizar o conceito nusea em pacientes durante o tratamento

    quimioterpico por meio de uma reviso integrativa (RI);

    identificar os atributos, os antecedentes, as consequncias e os referenciais

    empricos da nusea relacionada quimioterapia;

    elaborar um caso modelo, um caso-relacionado e um caso-contrrio do conceito

    nusea em pacientes durante o tratamento quimioterpico;

    comparar a definio de nusea da NANDA-I (2013) com as definies de nusea

    relacionada quimioterapia encontradas nos estudos da RI;

    comparar os atributos definidores da nusea na literatura com as caractersticas

    definidoras do DE Nuse