ANÁLISE DA PROVINHA BRASIL DE 2015 E 2016 SOB A...

12
ISSN 2176-1396 ANÁLISE DA PROVINHA BRASIL DE 2015 E 2016 SOB A ÉGIDE DOS GÊNEROS TEXTUAIS NA SEMED/MANAUS. Vanessa Cardoso dos Santos Souza 1 - SEMED Nataliana de Souza Paiva 2 - UNINORTE EixoAvaliação da Educação Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Este trabalho é o resultado de relato de experiência a partir do trabalho de análise dos resultados educacionais da Secretaria Municipal de Educação SEMED/Manaus realizada pela Divisão de Avaliação e Monitoramento - DAM. Os dados com os resultados de todas as avaliações externas e em larga escala são tratados, interpretados pedagogicamente e transformados em relatórios pedagógicos neste setor por duas assessoras e depois são enviados às escolas, aos professores, gestores e alunos, como também aos setores macros da Secretaria como à Divisão Distrital Zonal - DDZ, que trata das operações administrativas e pedagógicas divididas em sete zonas da cidade. Os objetivos da pesquisa são compreender os processos da avaliação educacional e a Provinha Brasil; analisar os gêneros textuais como suporte para entender o item e realizar uma análise dos resultados dos alunos da Zona Leste de Manaus a partir dos itens Língua Portuguesa no guia da Provinha Brasil do teste 02 dos anos de 2015 e 2016. Enquanto procedimentos metodológicos utilizamos a revisão de literatura sobre a Provinha Brasil (BRASIL, 2015, 2016); sobre os elementos que fazem parte da elaboração de itens Depresbiteris (2009) e para gêneros textuais Marcuschi (2003), Távora (2008), Maingueneau (2013); Motta-roth (2011), como também pesquisa quantitativa dos dados recolhidos e tratados pelas pesquisadoras sobre a frequência dos descritores, dos gêneros textuais usados como texto-base nos itens da Provinha Brasil e seus reflexos no desempenho dos alunos das escolas localizadas na DDZ Leste I da SEMED/Manaus. Os resultados mostram que a prova tem em média 50% dos descritores D6, D7, D8, D9 e D10, estas também mais presença de conto literário, de fragmento de divulgação científica, texto instrucional e de fragmento de reportagem do que outros gêneros e por fim que existe geralmente são mais difíceis para os alunos responderem. Palavras-chave: Avaliação externa. Provinha Brasil. Gêneros textuais. 1 Especialista em Gestão do Currículo e desenvolvimento de práticas pedagógicas pela Universidade Estadual do Amazonas. Assessora Pedagógica da Divisão de Avaliação e Monitoramento da SEMED/MANAUS, trabalha com a análise dos resultados das avaliações externas. E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas. Professora do Curso de Pedagogia do Centro Universitário do Norte - Uninorte e a Assessora Pedagógica da Divisão de Avaliação e Monitoramento da SEMED/MANAUS, trabalha com a análise dos resultados das avaliações externas. E-mail: [email protected].

Transcript of ANÁLISE DA PROVINHA BRASIL DE 2015 E 2016 SOB A...

ISSN 2176-1396

ANÁLISE DA PROVINHA BRASIL DE 2015 E 2016 SOB A ÉGIDE DOS

GÊNEROS TEXTUAIS NA SEMED/MANAUS.

Vanessa Cardoso dos Santos Souza1 - SEMED

Nataliana de Souza Paiva2 - UNINORTE

Eixo– Avaliação da Educação

Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este trabalho é o resultado de relato de experiência a partir do trabalho de análise dos resultados

educacionais da Secretaria Municipal de Educação –SEMED/Manaus realizada pela Divisão de

Avaliação e Monitoramento - DAM. Os dados com os resultados de todas as avaliações externas

e em larga escala são tratados, interpretados pedagogicamente e transformados em relatórios

pedagógicos neste setor por duas assessoras e depois são enviados às escolas, aos professores,

gestores e alunos, como também aos setores macros da Secretaria como à Divisão Distrital

Zonal - DDZ, que trata das operações administrativas e pedagógicas divididas em sete zonas da

cidade. Os objetivos da pesquisa são compreender os processos da avaliação educacional e a

Provinha Brasil; analisar os gêneros textuais como suporte para entender o item e realizar uma

análise dos resultados dos alunos da Zona Leste de Manaus a partir dos itens Língua Portuguesa

no guia da Provinha Brasil do teste 02 dos anos de 2015 e 2016. Enquanto procedimentos

metodológicos utilizamos a revisão de literatura sobre a Provinha Brasil (BRASIL, 2015,

2016); sobre os elementos que fazem parte da elaboração de itens Depresbiteris (2009) e para

gêneros textuais Marcuschi (2003), Távora (2008), Maingueneau (2013); Motta-roth (2011),

como também pesquisa quantitativa dos dados recolhidos e tratados pelas pesquisadoras sobre

a frequência dos descritores, dos gêneros textuais usados como texto-base nos itens da Provinha

Brasil e seus reflexos no desempenho dos alunos das escolas localizadas na DDZ Leste I da

SEMED/Manaus. Os resultados mostram que a prova tem em média 50% dos descritores D6,

D7, D8, D9 e D10, estas também mais presença de conto literário, de fragmento de divulgação

científica, texto instrucional e de fragmento de reportagem do que outros gêneros e por fim que

existe geralmente são mais difíceis para os alunos responderem.

Palavras-chave: Avaliação externa. Provinha Brasil. Gêneros textuais.

1 Especialista em Gestão do Currículo e desenvolvimento de práticas pedagógicas pela Universidade Estadual do

Amazonas. Assessora Pedagógica da Divisão de Avaliação e Monitoramento da SEMED/MANAUS, trabalha com

a análise dos resultados das avaliações externas. E-mail: [email protected]. 2Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas. Professora do Curso de Pedagogia do Centro

Universitário do Norte - Uninorte e a Assessora Pedagógica da Divisão de Avaliação e Monitoramento da

SEMED/MANAUS, trabalha com a análise dos resultados das avaliações externas. E-mail:

[email protected].

2742

Introdução

O cenário de Avaliação Educacional no Brasil, difundiu-se nos estados e municípios

uma cultura de avaliação externas e em larga escala, devido à necessidade por informações mais

rápidas, precisas e próximas da realidade dos estudantes de cada rede de ensino. Alguns estado

e municípios brasileiros criaram seus próprios sistemas de avaliação, administrando seus testes.

Em 2007, com os indicadores gerados pelo Sistema de Avaliação da Educação -SAEB,

destacando-se o desempenho em Leitura e interpretação, o Ministério da Educação e Cultura –

MEC - e do Plano Nacional de Metas – Compromisso Todos pela Educação, destacou a

necessidade de avaliar, por meio da Provinha Brasil, a eficácia do processo de alfabetização das

crianças nas escolas públicas.

A SEMED/Manaus seguindo a mesma tendência desde de 2007 vem aplicando os testes

da Provinha Brasil aos alunos do 2ª ano do ensino fundamental, mas este ano com o ofício nº

127/2017/ GAB-INEP, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio

Teixeira – INEP, tornou público a decisão da não realização da Provinha Brasil a partir do ano

de 2017, alegando já avaliar o processo de alfabetização por meio da Avaliação Nacional da

Alfabetização – ANA e a necessidade de revisão das Matrizes de Referência da Provinha Brasil

pela Base Nacional Comum, salientamos que esta decisão desfavorecerá as escolas quanto ao

desempenho dos estudantes no processo de alfabetização.

Neste sentido, optamos como o cerne dessa pesquisa a análise das questões da Provinha

Brasil, porque acreditamos que as habilidades adotadas por esta avaliação em leitura fornecer

informações relevantes em função dos objetivos que lhe aferem e ainda considerando ressaltar

a importância de seus resultados, tanto como diagnóstico, quanto para reorganização do

planejamento do professor para as escolas do município.

Desta forma, começaremos pela compreensão dos processos da avaliação educacional e

a Provinha Brasil; depois o entendimento dos gêneros textuais como texto-base para construção

do item e realizar uma análise dos resultados dos alunos da Zona Leste de Manaus a partir dos

itens Língua Portuguesa no guia da Provinha Brasil do teste 02 dos anos de 2015 e 2016.

1. Processos avaliativos e a Provinha Brasil

Preocupado com o cenário educacional do país, o Governo Federal teve a incumbência

de implementar políticas públicas e governamentais na educação. Para tanto, o MEC instituiu

2743

o SAEB. Esse Sistema, por meio da Avaliação Nacional da Educação Básica - Aneb avalia a

qualidade e equidade do ensino ministrado nas escolas públicas e privadas, os resultados são

divulgados para unidades da federação, regiões e Brasil.

Desde então, o INEP vem produzindo indicadores sobre o sistema educacional brasileiro

mediante as avaliações em larga escala. Destacamos as principais avaliações: a Provinha Brasil,

a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), a Anresc (Prova Brasil), o Exame Nacional para

Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) e o Exame Nacional do Ensino

Médio (ENEM).

A Provinha Brasil, foi pensada em 2007, a partir do Plano de Metas Compromisso Todos

pela Educação na qual no art. 2º, inciso II, do Decreto nº 6.094, de abril de 2007 que estabelece

a alfabetização de crianças, até no máximo, os oito anos de idade, aferindo os resultados por

exame periódico específico.

Mediante a todo esse cenário é relevante pensar que “ a complicada relação entre

escolarização e desenvolvimento econômico, social e individual tem balizado o empenho dos

organismos internacionais e dos governos em evidenciar esforços para a melhoria da

alfabetização” (2014, p. 112).

No ano seguinte, foi aplicada a primeira edição da Provinha Brasil em aproximadamente

3.133 municípios e 22 Unidades Federativas composta por 27 questões de leitura e escrita. Para

essa aplicação, o MEC/FNDE disponibilizou tanto o material impresso no teste 1 e também em

mídia a partir do teste 2 com download na página do Inep.

Segundo o INEP, na Portaria Normativa nº 10, de 26 de abril de 2007 são objetivos da

Provinha Brasil, enquanto avaliação diagnóstica:

a) avaliar o nível de alfabetização dos educandos nos anos iniciais do ensino

fundamental;

b) oferecer às redes e aos professores e gestores de ensino um resultado da

qualidade da alfabetização, prevenindo o diagnóstico tardio das dificuldades de

aprendizagem;

c) concorrer para a melhoria da qualidade de ensino e redução das desigualdades,

em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas diretrizes da

educação nacional.

Neste sentido, para avaliar o nível de alfabetização, as primeiras edições traziam um

diagnóstico voltado exclusivamente para a leitura, só a partir de 2011, passou para 40 questões

2744

sendo 20 de leitura e 20 para o monitoramento das habilidades de Matemática. Corroborando

com este sentido diagnóstico Luckesi (2008) entende que para uma perspectiva diagnóstica de

avaliação, esta precisa servir para democratização do ensino.

Desta maneira, garantindo o acompanhamento do processo de alfabetização por

professores, pedagogos e gestores das escolas públicas longe das cobranças classificatórias,

uma vez que a avaliação diagnóstica serve “como um instrumento de compreensão do estágio

de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e

satisfatórias para que possa avançar no seu de aprendizagem” (LUCKESI, 2008, p. 81).

A cada ano essa avaliação é composta pelos testes de leitura, considerando três eixos:

Apropriação do sistema de escrita, Leitura e Compreensão e valorização da cultura escrita e de

Matemática que compreende quatro eixos: Números e operações, Geometria, Grandezas e

medidas e Tratamento da informação.

Participar desse processo é opcional, a aplicação fica a critério de cada Secretaria de

Educação das Unidades Federativas mediante um termo de adesão assinado pelo Secretário (a)

de Educação e cada escola recebeu até 2015 kit impresso da Provinha Brasil, composto por

Caderno do Aluno com teste de Leitura e de Matemática, Guia de Aplicação com

procedimentos para aplicação e o Guia de Correção e Interpretação de Resultados, mas em 2016

já foi apenas disponibilizado no site INEP e quem quisesse aplicá-lo teria que imprimi-lo.

Em 2015, o Inep desenvolveu um Sistema online com o objetivo de analisar os dados e

gerar relatórios, para que o professor tivesse os dados de forma rápida e sistêmica. Em 2016,

cada professor já pôde lançar os dados no Sistema, obtendo a análise e relatórios com mais

precisão, assim reorganizar, caso necessário, a prática pedagógica da área do conhecimento

avaliada.

Seus resultados permitem aos professores identificarem o que foi agregado na

aprendizagem das crianças dentro do período avaliado, bem como as habilidades que precisarão

desenvolver, o próprio caderno de Guia de Correção e Interpretação de Resultados traz

sugestões de como fazer potencializar isso na sala de aula.

O foco desta pesquisa está no Eixo 02 da Matriz de Referência desta Provinha Brasil

teste 02 dos anos de 2015 e 2016 nos descritores D6, D7, D8, D9 e D10, todos que usam como

gêneros textuais, enquanto suporte para elaboração de itens de avaliações, como veremos a

seguir.

2. Os Gêneros Textuais como texto-base (suporte) para entender o Item

2745

Para que não se confunda texto-base para elaboração de itens de avaliações com suporte

entendemos ser relevante trazer alguns estudos relacionados ao significado de Gênero

Textual/Discurso e suporte. Hoje, há muitas literaturas referentes em GTs, no entanto citamos

quatro autores renomados da área de linguística para a definição dos GTs: Bakhitin (1997),

Marcuschi (2008), Bonini (2011) e Motta-Roth (2011). Para a definição de suporte, embasamo-

nos nos autores: Maingueneau (2013), Marcuschi (2003) e Távora (2008).

Segundo Bakhtin nos gêneros textuais apresentam-se como gêneros do discurso, e são

tipos relativamente estáveis de enunciados produzidos pelas mais diversas esferas da atividade

humana (1997). Para o autor, o gênero pode sofrer mudanças de acordo com a situação em que

é empregado, por exemplo quando é empregamos ao desde um simples e-mail com uma

linguagem mais formal e/ou rebuscada ao seu chefe do que enviaria a um colega.

Em consonância com Bakhitin (1997), para Marcuschi (2008), os gêneros são entidades

empíricas em situações comunicativas e se expressam em designações diversas, constituindo

em princípio listagens abertas (2008, p.155). Assim, mediante a comunicação, os gêneros vão

se adaptando conforme a necessidade de um dado grupo de indivíduos e/ou sociedade, sob

inferência do contexto histórico e social do processo comunicativo.

Temos ainda Bonini (2011, p. 63) que conceitua gênero como “um conjunto de

características mais ou menos estáveis, responsáveis pela realização de ações e práticas sociais

que se materializam como texto‖. Para o autor o gênero nada mais é do que um conjunto de

práticas”. No caso de um bilhete, além do emissor (quem escreve - escrita) e do receptor (quem

ler - leitura), ainda há a escolha do papel que será utilizado para a escrita, que caneta escrever,

em que local deixar.

Motta-Roth (2011) estuda o gênero como fenômeno estruturador da “cultura” que, por

sua vez, constitui como um conceito complexo, que pode sofrer vários recortes (2011, p.156).

Para a autora os mais variados gêneros estão contidos nas atividades humanas de um

determinado grupo social, por exemplo: cartas pessoais trocadas por amigas adolescentes,

entrevista para emprego, orçamento de um empresário a um cliente.

Seja gênero textual ou discursivo, todos os autores concordam que o gênero mudará de

acordo com a situação em que está sendo recebido, considerando o ambiente, a cultura (alguns

casos) e/ou a intenção do emissor.

A organização do suporte para Maingueneau (2013) está relacionada à sua

funcionalidade, localidade e momento legítimo, suporte material e organização textual.

2746

[...] uma modificação do suporte material de um texto modifica radicalmente um

gênero de discurso: um debate político pela televisão é um gênero de discurso

totalmente diferente de um debate em sala de aula para um público exclusivamente

formado por ouvintes presentes. (MAINGUENEAU, 2013, p. 68).

Para Marcuschi (2003), suporte é “um locus físico ou virtual com formato específico

que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto” (2003, p. 11).

O autor entende que existem duas formas de suporte: o convencional (elaborado exatamente

com o objetivo de portar textos) e o incidental (que apresenta outros objetivos, mas

eventualmente pode servir como base de fixação de textos).

Na concepção de Bonini (2011) suporte é um portador de textos e estão divididos em

duas formas de suporte; os físicos (o álbum, o outdoor, etc.) e os convencionados (o jornal, a

revista, etc.). Para o autor o gênero e suporte não são categorias tão independentes como

pensada em Marcuschi (2013).

Távora (2008) em sua tese vê o suporte como uma entidade de interação, que se realiza

graças a uma materialidade formalmente organizada, que permite que se avaliem os processos

de difusão aos quais os gêneros estão submetidos sejam eles + orais ou + escritos. Ele divide o

suporte em três componentes: registro, atualização e acesso, compreendendo o suporte como

uma entidade que estabelece interação.

Assim, para compreendermos como os gêneros textuais são usados como texto-base nos

itens da Provinha Brasil, comecemos por entender que “um item consiste na unidade básica de

um instrumento de coleta de dados, que pode ser uma prova, um questionário etc” (Brasil Inep,

2006).

Um item na Provinha Brasil é constituído de texto-base (unidade de comunicação verbal

e não verbal) comando (explicitação do desafio para o desenvolvimento da habilidade),

distratores (opções incorretas) e gabarito (opção correta), as justificativas e comentários e só

pode avaliar uma única especificação da habilidade no caso de língua portuguesa.

Segundo o Guia de elaboração de Itens - Provinha Brasil (2012), esse texto base/suporte

serve para auxiliar na contextualização do problema a ser resolvido pelo estudante e deve conter

informações necessárias para a resolução do problema proposto. O Guia também nos deixa

algumas recomendações quanto a esse texto base/suporte:

Selecionar textos significativos, interessantes e atrativos aos alunos;

Apresentar os textos cm referência bibliográfica completa;

2747

Ao utilizar fragmento de textos, eles deverão ser identificados logo após o título

e devem possuir sentido completo;

Os textos devem seguir a mesma estrutura gráfica utilizada na fonte;

Os textos não podem ser muito extensos.

Quando se planeja um instrumento (avaliativo), deve-se pensar sobre quais as suas

finalidades (DEPRESBITERIS; TAVARES, 2009). Por tanto, ao se elaborar um item, devemos

ter muito claro a habilidade que será testada, escolhendo e/ou construindo o problema do texto-

base, pois este precisa servir como auxílio na compreensão do que foi solicitado, como deixa

muito claro o Guia de Elaboração de itens da Provinha Brasil (2012), que sugere diversificar os

gêneros textuais, utilizar situações ou contextos próximos da realidade, ainda temáticas ligadas

ao contexto infantil e sempre que possível levar em consideração o universo infantil.

A escolha do gênero textual é fundamental para o estudante na hora de responder seu

teste, pois quanto maior a variedade de gêneros textuais, maior será o reconhecimento

diagnóstico que o professor receberá de sua turma, podendo reorganizar suas aulas para que o

estudante passe a conhecer os mais variados gêneros textuais. Portanto,

O professor pode contribuir na formação de um leitor autônomo se gerar condições

didáticas que articulem as diversas habilidades presentes no exercício da leitura, como

a antecipação de sentidos do texto, a decodificação do código escrito, a verificação e

a confirmação das hipóteses levantadas antes da leitura, a inferência e a seleção de

informações. (KOCHE; MARINELLO; BOFF, 2012, p. 11).

Dessa forma, com ações dinâmicas e integradoras o professor contribuirá para uma

aprendizagem significativa e levará o estudante, a reconhecer e usar os gêneros mais variados

no seu cotidiano, como também em avaliações como a Provinha Brasil.

Os gêneros textuais são um dos meios pela qual a leitura é inserida no contexto social,

pois, são nossa forma de inserção, ação e controle social no dia-a-dia (MARCUSCHI, 2013).

Assim, os Gêneros Textuais mediante suportes vistos nas avaliações externas, como a

Provinha Brasil, têm contribuído no desenvolvimento das habilidades relativas à alfabetização

e letramento, apoiando o trabalho do professor na reorganização das aulas, fazendo-o refletir

que não se pode estagnar em um grupo de gêneros textuais, pois como visto em Marcuschi

(2013), o suporte não é neutro e o gênero não fica indiferente a ele (2013, p. 13), e para que o

estudante compreenda o item é importante que ele tenha internalizado as variedades discursivas

trazidas pelos gêneros textuais em um determinado suporte.

2748

3. Análise dos Gêneros textuais usados nos descritores – D6, D7, D8, D9 e D10 da Matriz

da Provinha Brasil 2015 e 2016.

Esta pesquisa tem como objetivo entender os reflexos dos gêneros textuais utilizados

nos testes 02 da Matriz da Provinha Brasil 2015 e 2016 nos descritores D6, D7, D8, D9 e D10,

a frequência das habilidades, quanto cada uma delas representam a Prova e quais os gêneros

textuais foram utilizados com texto-base e o desempenho dos alunos Secretaria Municipal de

Educação de Manaus, da Divisão Distrital Zonal – DDZ Leste 01 nestas avaliações para que o

diagnóstico da situação dos alunos.

Abaixo veremos a análise da frequência e percentual dos descritores nas Provinhas Teste

02 de 2015 e 2017.

Tabela 1 – Dados sobre a Frequência e Percentual dos Descritores na Provinha Brasil 2015 e 2016.

2º EIXO Leitura Fr - Provinha

Brasil/2015

Fr - Provinha

Brasil/2016

% de

2015

% de

2016

D6 – Localizar

informação

explícita em textos.

D6.1 – Localizar informação

explícita em textos. 2 1 10 % 5%

D7 – Reconhecer

assunto de um texto

D7.1 – Reconhecer o assunto do

texto com apoio das características

gráficas e do suporte.

1 0 % 5%

D7.2 – Reconhecer o assunto do

texto com base no título. 1 2 5 % 10%

D7.3 – Reconhecer o assunto do

texto a partir da leitura individual

(sem apoio das características

gráficas ou do suporte).

3 1 15% 5%

D8 – Identificar a

finalidade do texto.

D8.1 – Reconhecer a finalidade do

texto com apoio das características

gráficas do suporte ou do gênero.

1 2 5% 10%

D8.2 – Reconhecer a finalidade do

texto a partir da leitura individual

(sem apoio das características

gráficas do suporte ou do gênero).

1 5% 0%

D9 – Estabelecer

relação entre partes

do texto.

D9.1 – Identificar repetições e

substituições que contribuem para

a coerência e coesão textual.

1 1 5% 5%

D10 – Inferir

informação.

D10.1 – Inferir informação. 2 1 10% 5%

Total 11 9 55% 45%

Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nas análises da Provinha Brasil 2015 e 2016.

Diante dos dados podemos notar que alguns descritores se fizeram mais frequentes

nessas avaliações o D6.1 – Localizar informação explícita em textos; D7.2 – Reconhecer o

assunto do texto com base no título; D8.1 – Reconhecer a finalidade do texto com apoio das

2749

características gráficas do suporte ou do gênero; e o D10.1 – Inferir informação com 15% de

frequência nas duas provas. Ainda, o D7.3 – Reconhecer o assunto do texto a partir da leitura

individual (sem apoio das características gráficas ou do suporte) com 20% somando a

frequência nas duas avaliações.

Percebe-se uma preocupação do INEP na elaboração da Matriz de Encomenda da

Provinha Brasil com a o tamanho do texto, sequência da apresentação das ideias e localização

da informação no corpo do texto (início, meio ou fim).

Com relação a diversidade de texto-base com gêneros textuais verbais, percebemos a

diversificação já não se apresenta tão variada, com a presença de 15% de conto literário, 30%

de fragmento de divulgação científica, 15% de texto instrucional e 10% de fragmento de

reportagem.

Tabela 2 – Dados sobre a Frequência e Percentual dos Texto-Base de gêneros textuais verbais dos

descritores estudados da Provinha Brasil 2015.

Provinha Brasil - 2015 Fr %

Conto 3 15

Lei 1 5

em fragmento de divulgação científica 3 15

Convite 1 5

História em Quadrinho 1 5

Tirinha 1 5

Instrucional: regras de jogos 1 5

Total 11 55

Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nas análises da Provinha Brasil 2015.

Tabela 3 – Dados sobre a Frequência e Percentual dos Texto-Base de gêneros textuais verbais dos

descritores estudados da Provinha Brasil 2016.

Provinha Brasil - 2016 Fr %

em fragmento de divulgação científica 3 15

Instrucional 2 10

fragmento de reportagem. 2 10

em apresentação de livro 1 5

Fábula 1 5

Total 9 45

Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nas análises da Provinha Brasil 2016.

Mesmo que as escolas tivessem que pôr os dados referentes a Provinha Brasil no Sistema

do INEP, a DAM fez suas análises a partir de planilhas enviadas pelas escolas para

gerenciamento das informações da Rede, com isso apresentaremos informações desses

relatórios.

2750

Nesta perspectiva, apresenta-se os resultados da aplicação da Provinha Brasil de Leitura

(Teste-2 2015 e 2016) na Divisões Distritais Zonais – DDZ Leste 01 Rede Municipal de

Manaus, que apresentou uma melhoria 5% no resultado voltado ao nível de leitura de 2015 para

2016.

Tabela 3 – Percentual de Alunos por Nível de Desempenho em Leitura da DDZ Leste 01.

NÍVEL DE

DESEMPENHO

TESTE 2 - 2015 TESTE 2 - 2016

% de Desempenho do

alunos

% de Desempenho do

alunos

NÍVEL 1 0% 1%

NÍVEL 2 2% 2%

NÍVEL 3 13% 8%

NÍVEL 4 18% 17%

NÍVEL 5 67% 72%

TOTAL 100% 100%

Fonte: Dados organizados pelas autoras, com base nas análises da Provinha Brasil 2016.

Na Divisão Distrital Zona Leste 1 participaram da Avaliação da Provinha em Leitura

3.016 alunos na 2ª aplicação de 2015 e 4.024 alunos na 2ª aplicação de 2016. Os estudantes

neste nível já avançaram expressivamente no processo de alfabetização e letramento, além das

habilidades dos níveis anteriores demonstram ainda reconhecer o assunto de um texto longo

com base no título; reconhecer o assunto de textos médios por meio de inferências, a partir de

leitura individual; identificar informação explícita não trivial; inferir informação não trivial em

textos médios com base em leitura individual ou com o apoio de leitura pelo aplicador;

reconhecer a finalidade de um texto de construção complexa lido silenciosamente com o apoio

de suporte.

Todos esses dados fazem-se necessário para a entendermos que melhorar os níveis de

aprendizagem neste tido de prova precisam que o sistema de ensino municipal junto aos seus

setores competentes ajude a escolas e professores nas escolas a oferecer muito mais do que uma

diversidade de possibilidades de gêneros textuais aos seus alunos, mas que estimule as

competências leitoras dos mesmos.

Para Gontijo (2014) afirma que mesmo os resultados os resultados não serem utilizados

pelo MEC para compor o Índice de Desempenho da Educação Básica – IDEB, é preciso tomar

cuidado para não transforma as escolas em “vestibulinho” e não organizarem seu proposta

curricular e ensino a partir de uma matriz de referência, como a da Provinha Brasil.

2751

Considerações Finais

A Provinha Brasil tem como objetivo ser uma avaliação diagnóstica, é aplicada aos

estudantes no 2º ano de escolarização das escolas públicas do País. Assim, os resultados

apresentados nesta comunicação possibilitam o acompanhamento do desenvolvimento

cognitivo dos estudantes pela Divisão Distrital Zonal Leste 01, dando possibilidades de

promoverem ações estratégicas para a correção ou avanço do processo educacional nas turmas

de 3º ano do ensino fundamental.

Os resultados mostram que a prova tem em média 50% dos descritores D6, D7, D8, D9

e D10, estas também mais presença de conto literário, de fragmento de divulgação científica,

texto instrucional e de fragmento de reportagem do que outros gêneros e por fim que existe

geralmente são mais difíceis para os alunos responderem.

Por fim, é importante ressaltar que por todos esses anos a Provinha Brasil, foi

fundamental para o auxílio aos professores, diretores e pedagogos quanto ao nível de

desempenho do estudante, pois enquanto diagnóstica, contribui com os setores das áreas afins

nas orientações às escolas quanta a correção de insuficiências apresentadas nas áreas de leitura

e escrita da SEMED/Manaus, respectivamente da DDZ Leste I.

REFERÊNCIAS

BAKHITIN, Mikhail M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BONINI, A. Mídia / suporte e hipergênero: os gêneros textuais e suas relações. Revista

brasileira linguistica aplicada, Belo Horizonte, 2011, vol.11, n.3, pp.679-704.

BRASIL. Decreto no 6.094, de 24 de abril de 2007. Dispõe sobre a implementação do Plano

de Metas Compromisso Todos pela Educação. Brasília: Congresso Nacional, 2007.

_______. Ministério da Educação. Portaria Normativa nº 10, de 26 de abril de 2007. Diário

Oficial da União, Brasília, DF, MEC, 26 abr. 2007.

_______. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Guia

de elaboração de itens Provinha Brasil, Brasília. 2012.

______. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –INEP.

Provinha Brasil. Guia de Aplicação de Leitura – Teste 02, 2015. 2015. Disponível em:

http://portal.inep.gov.br/web/provinha-brasil. Acesso em: 31 maio. 2017.

2752

______. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –INEP.

Provinha Brasil. Guia de Aplicação de Leitura – Teste 02, 2016. 2016. Disponível em:

http://portal.inep.gov.br/web/provinha-brasil. Acesso em: 31 maio. 2017.

DEPRESBITERIS, L. Diversificar é preciso: instrumentos e técnicas de avaliação de

aprendizagem. São Paulo: Senac, 2009.

GONTIJO, Claudia Maria Mendes. Alfabetização: políticas mundiais e movimentos nacionais.

Campinas: Autores Associados, 2014.

LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 19. ed.

São Paulo: Cortez, 2008.

MAINGUENEAU, D. Análise de textos de comunicação. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2013.

MARCUSCHI, L. A. A questão do suporte dos gêneros textuais. João Pessoa, v. 1, n.1, p. 9-

40, 2003.

_________________. Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão. São Paulo:

Parábola Editorial, 2008.

MOTTA-ROTH, D. Questões de metodologia em análise de gêneros. In: KARWOSKI, A.M;

GAYDECZKA,B; BRITO, K. S. (orgs.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. São Paulo:

Parábola Editorial, 2011. P. 153-173.

TÁVORA, A. D. F. Construção de um conceito de suporte: a matéria, a forma e a função

interativa na atualização de gêneros textuais. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de

Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal do Ceará, 2008. Disponível em:

file:///C:/Users/pedro/Desktop/Provinha/artigo/Bonini%20Hipergênero.pdf. Acesso em: 01

jun. 2017.