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ISSN 2317-661X Vol. 08 – Num. 02 – Agosto 2015
www.revistascire.com.br
ANÁLISE DA EDUCAÇÃO INFANTIL OFERTADA NA ZONA RURAL
DO MUNICÍPIO DE COXIXOLA/PB
Marta Tamires de F. DOURADO1
RESUMO: O presente estudo teve como proposta, traçar um perfil da realidade educacional do município de
Coxixola localizado no Estado da Paraíba, analisando o funcionamento e as práticas pedagógicas usadas nas
escolas localizadas na zona rural do município. A pesquisa aqui posta é dividida em um estudo bibliográfico,
seguido de aplicação de questionário aos docentes onde os dados foram trabalhados de forma qualitativa e
quantitativa. O estudo foi capaz de demonstrar que a prática utilizada em todas as escolas, as classes
multisseriadas vem dificultando o trabalho dos docentes, em virtude da variedade e necessidade de cada turma,
além do mais o professor todos os dias tem que preparar aula assim como material para as turmas que leciona
conjuntamente. Outro fator que deve ser ressaltado é o fato de impedir que o professor dedique-se integralmente
a cada turma, levando assim a uma aprendizagem menos eficiente, já que conforme salienta os professores
envolvidos na pesquisa que nem todos os alunos termina o Ensino Fundamental I, preparado integralmente para
a próxima etapa. Foi possível perceber que os problemas que assolam o município em análise no quesito escolas
rural, são os mesmos que afirmam a realidade do país: estas escolas necessitam de uma olhar especial para que
assim consigam formar cidadãos preparados para a prática cidadã.
Palavras- Chaves: Educação Infantil. Multisseriado. Dificuldades
ABSTRACT: This study aimed to trace a profile of the educational reality of the city of Coxixola located in the
state of Paraíba, analyzing the operation and the pedagogical practices used in schools in the rural area of the
municipality. The research put here is divided into a bibliographic study, followed by a questionnaire to teachers
where the data was worked qualitatively and quantitatively. The study was able to demonstrate that the practice
used in all schools, multigrade classes has hindered the work of teachers, because of the variety and needs of
each group, besides the teacher all days have to prepare lessons and materials for the courses that he teaches
jointly. Another factor that should be highlighted is the fact that its prevent the teacher to dedicate himself fully
in each class, thus leading to a less efficient learning , since as pointed out by the teachers involved in research
that not all students complete the elementary school fully prepared for the next step. It was observed that the
problems facing the municipality pointed here in the question of rural schools are the same as affirm the reality
of the country: these schools require a special look to be able to form citizens prepared for citizen practice.
Keys -words: Early Childhood Education. Multigrade. Difficulties.
INTRODUÇÃO
A Educação está presente no mundo desde os povos primitivos, contudo, ela era
somente oferecida apenas aos adultos e para as classes mais abastardas, ou nobres, deixando
as crianças de fora desse processo.
1 Graduada em Geografia pela UVA/UNAVIDA/ Pós- Graduada pela UEPB em Fundamentos da
Educação/Professora da Educação Básica pelo Gov. da PB. [email protected]
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A visão da criança como um ser que necessita de atenção especial para alcançar um
desenvolvimento pleno só começou a partir da Idade Média, até então as crianças eram vista
como um adulto em miniatura, sendo assim não recebiam os devidos cuidados para o
desenvolvimento pleno como acontece nos dias atuais.
No campo nacional a proposta que norteia até hoje o processo educacional infantil é a de
Anísio Teixeira, que instituiu que a Educação Infantil deveria ser gratuita e universal a todas
as crianças brasileira. Onde teria uma educação lúdica e com profissionais qualificados para
desempenhar a função de educar, que antes era desempenhada no seio familiar.
A pesquisa desenvolvida pode ser classificada como quali-quantitativa através da qual
buscou-se lançar um olhar sobre a Educação Infantil anos iniciais ofertada nas escolas do
município, mas precisamente as escolas rurais de Coxixola/PB. Objetivando conhecer o perfil
dos docentes e discentes, como também lançar um olhar sobre a prática pedagógica usada nas
classes multisseriado, buscando demostrar as lacunas dessa modalidade tanto no que se refere
ao trabalho do professor como também no processo de ensino- aprendizagem dos educandos.
Para melhorar esse cenário é preciso que o governo lance um novo olhar sobre a educação que
está sendo posta com uma proposta inovadora buscando mudar a realidade.
METODOLOGIA
O trabalho aqui apresentado foi dividido em dois momentos onde a primeira fase
consiste em uma revisão bibliográfica, no segundo momento pretender-se-á trabalhar com a
aplicação de um questionário para assim colher dados, sobre a realidade estudada de forma
mais detalhada. Além a observação participante também será um meio de obtenção de
informações e dados acerca do universo e do objeto investigado. Os dados serão trabalhados
de forma qualitativa e quantitativamente.
Para o desenvolvimento desse estudo foram entrevistados 50% dos profissionais
da educação do município de Coxixola que atuam nas escolas rurais do município. Num
universo de 10 educadores, os quais responderam o questionário onde foram elaboradas
questões capazes de traçar o perfil profissional como também suas perspectivas e dificuldades
quando a prática da docência.
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2 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO
O surgimento da Educação é marcado pelo período dos povos primitivos. Mas, a
educação que era prática por eles era bem diferente da atual, pois essa educação era
perpetrada de forma informal, ou seja, não era planejada. A transmissão dos conhecimentos
em nada se assemelha com hoje, já que hoje temos uma educação sistematizada, e
documentada.
Os povos daquela época transmitiam os valores e princípios que seriam levados ao meio
social vivido, e as futuras gerações, através da oralidade, pois os primitivos ainda não
dominavam a técnica da escrita, como confirmam os autores:
[...] a transmissão desses valores, limitava-se somente à memória, ou seja,
não havia nenhum outro mecanismo além da convivência que registrasse
esses valores culturais nas sociedades antigas. Costa, Rouber ( 2009, p. 242)
O descobrimento da escrita foi um fator primordial no que tange a transmissão e
evolução da educação, pois possibilitou documentar a cultura e os conhecimentos apreendido
ao longo do tempo e assim transmiti-lo com mais facilidade e confiabilidade.
Seja em tempos remotos ou hoje, os primeiros métodos educacionais são incitados na
família, os quais posteriormente são organizados de forma sistemática na escola, com a
educação formal, aquela que deve ser aplicada com o objetivo de preparar melhor o aluno
para fazer uso de suas habilidades pessoais, recursos, e conhecimentos, em benefício próprio.
A este respeito, comenta Velasco (1991, p. 101), “a formação do caráter do ser humano pode
ser influenciada pelo meio onde se vive, porém, o mesmo possui a capacidade física,
intelectual que está em constante modificação”.
Cabe lembrar que todo individuo traz consigo uma gama de conhecimentos
cotidianamente construídos, que deve ser levado em consideração na sua formação escolar.
Esses conhecimentos são conceituados por Educação Informal, para Brandão (1993), a
educação informal aparece sempre que surgem formas sociais de condução e controle da
aventura de ensinar e aprender.
O ensino formal é o momento em que a educação se sujeita à pedagogia (a teoria da
educação); cria situações próprias para o seu exercício, produz os seus métodos, estabelece
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suas regras e tempos, e constitui executores especializados. Onde esses conhecimento devem
se articular para tornar o aprendizado mais significativo.
De forma direta pode afirmar que educação enquanto um processo histórico pode ser
compreendida como:
A educação é um dos meios humanos que garantem aos sujeitos, por maior
que seja o estado de miséria material e espiritual e o limite de opções dados
pelas condições de vida, o sentido de realização ao atuar na História
modificando-a e sendo modificado no processo de construção de alternativas
ao modo como nos organizamos e vivemos em sociedade. (LOUREIRO,
2006, p. 149).
Com base nas discussões apontadas, entende-se a educação como um processo de
desenvolvimento que envolve a capacidade física, intelectual e moral do ser humano, e,
sobretudo, o poder que o indivíduo tem de exercer sua cidadania, partindo do lugar onde vive
a favor do seu crescimento individual e coletivo.
3 SURGIMENTO DO PENSAMENTO SOBRE EDUCAÇÃO INFANTIL NO
CONTEXTO INTERNACIONAL E NACIONAL
Historicamente, até o período da Idade Média, as crianças eram vistas com um aspecto
diferente que hoje. Elas eram vista apenas como um adulto em miniatura, ou pior ainda como
um ser pecaminoso, impuro, não necessitando de cuidados especiais para o seu
desenvolvimento pleno. Sendo assim, não havia também o pensamento de uma educação
voltado para os pequenos com a finalidade de garantir um desenvolvimento das condições
psíquicas e sociais.
Somente por volta do século XVI por impulso da igreja iniciou-se as primeiras
incitações sobre Educação Infantil, que tinha um caráter somente assistencialista e religioso,
estando inseto da participação do Estado ou de qualquer mecanismo deste.
Mas esse movimento por si só, não foi capaz de modificar a visão da criança como um
adulto em miniatura. Entre os séculos XVII e XVIII calhou uma mudança quanto a essa visão.
Um marco que deve ser lembrado quanto a esse rompimento foi o período da Revolução
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Industrial na Europa, esse episódio mudou todo o modo de produção econômico e social,
transformando assim a sociedade da época.
A Revolução Industrial trouxe consigo outros eventos como afirma Lima e Silva,
(2013, p.611 Apud Lima, 2007): trouxe outras revoluções dentre elas o pensamento concreto
sobre educação na idade infantil a ser garantida como um direito social fruto das cobranças de
uma sociedade que passará por muitas transformações de cunho político, econômico, social,
dentre outros. Contudo a revolução citada inseriu a mulher no mercado de trabalho e era
necessário um local seguro para deixar as crianças enquanto as mães cumpriam a jornada de
trabalho.
É nesse contexto do sistema capitalista que surgem o sentimento de mudança por uma
sociedade que seja capaz de acabar com a fome e a e a miséria, buscando de garantir os
direitos sociais de todos os cidadãos. Com esses ideais, os países considerados desenvolvidos
economicamente, lançaram pressupostos sobre a educação infantil como proposta de
intervenção aos países emergentes. Sobre esta questão temos a afirmação de RIZZINI (1997,
p.24):
Em meio às grandes transformações econômicas, políticas e sociais que
marcaram a era industrial capitalista no século XIX, a infância adquire novos
significados e uma dimensão social até então inexistente no mundo
ocidental. “A criança deixa de ser objeto de interesse, preocupação e ação no
âmbito privado da família e da igreja para tornar-se uma questão de cunho
social, de competência administrativa do Estado.
Este período mostra um grande avanço no que se refere a Educação Infantil, tornando
a sociedade como toda responsável e ainda levando a educação a uma necessidade primordial
para alcançar o desenvolvimento econômico.
No Brasil, a preocupação com as crianças é marcado pela retirada das crianças de rua
no Rio de Janeiro. Contudo, não havia uma política que tratasse sobre o bem estar das
crianças de fato, nem tão pouco se tinha a intenção de oferta de uma educação voltada para as
mesmas.
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Uma iniciativa que vale ser destacada no tocante a questão das crianças brasileiras foi
o I Congresso Proteção à Infância em 1922 com o tema “Infância e Mortalidade‟ em que se
apontava a falta de “higiene‟ como o principal agente causador da mortalidade infantil”
LIMA; SILVA (2013, p. 612). O congresso em nada contemplou a temática da Educação
Infantil para as crianças, já tratava sobre questões de saúde, mas, foi um passo de suma
importância para a discussão a respeito da situação de descaso vivida pelas crianças da época.
A partir disso inicia-se de modo muito primário com a participação tanto do Estado como
também da instancia privada uma proposta voltada para a Educação Infantil.
Anísio Teixeira destacou-se como um dos principais propulsores da educação, da
proposta de Educação Infantil no século XXI. Defendia o principio que a educação deveria ser
municipalizada por achar que é no município onde a realidade local é percebida, onde as
políticas podem ser melhores desenvolvidas. Para manter essas escolas os recursos seriam
advindos de um fundo que custearia a manutenção.
As propostas de Anísio Teixeira foram fundamentais para a criação de uma educação
para a prática infantil decente, mas da forma como as políticas foram implementadas não foi
possível que todas as crianças tivessem o direto de estar na escola garantido, sendo um
privilegio de apenas alguns. Logo, em decorrência do exposto não se pode afirmar que estas
políticas atingiram a proposta do idealizador.
Contudo, mesmo sabendo de tantos problemas é inegável as melhorias no magistério
no quesito Educação Infantil, contudo este ainda enfrentava muitos desafios como a falta de
qualificação profissional, infraestrutura precária, salários e propostas curriculares defasadas.
Sendo assim,
4 EDUCAÇÃO INFANTIL NA LEI DE DIRETRIZES E BASES
A Educação Básica tem sua legitimidade na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB) 9.394/96. A parte que incumbe a Educação Infantil (primeira etapa do processo formal
educativo) está citada no Artigo 22 da lei, garantindo assim que toda criança tenha uma
educação pautada nos juízos da pratica da cidadania e desenvolvimento integral humanitário.
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De acordo com a lei, a Educação Infantil deve ser oferecida em creches (ou entidades
equivalentes), para crianças de até três anos de vida, e em pré-escolas, para as crianças de
quatro a seis anos de idade.
O artigo 28 inciso IV argumenta que a Educação Infantil é dever do Estado devendo
ser garantida a todas as crianças. No entanto, a lei em alguns casos é meramente simbólica em
muitos municípios brasileiros. Levando em consideração o fato que nem todas as crianças
brasileiras têm acesso a creches e pré-escolas, ou pela ausência destas ou pelo número de
vagas que não atendem a demanda (Reis, Cunha Apud Correa 2002).
Um ponto que merece destaque de discussão na LDB é o caso da criação do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e valorização do Magistério
(FUNDEB) fruto de um modelo de gestão democrática, sendo na prática um mecanismo de
descentralização das ações governamentais no campo educacional. Este fundo responsabiliza
a esfera municipal pela oferta da educação infantil, enquanto que a União fica somente com a
cargo de fiscalizar, criar e manter as políticas para todo o país.
Esse novo modelo veio a dificultar a oferta de disponibilidade de escola para atender a
primeira fase da educação infantil, já que os municípios até então davam prioridade ao ensino
fundamental que já era anteriormente uma responsabilidade. Essa questão deve ser vista como
um ponto crucial para compreender melhor o real motivo que a educação infantil passa por
tantos problemas estruturais ainda nos dias de hoje.
5 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA
Localizado sob as coordenadas geográficas 7º 37‟ 31”S e 36º 36‟12” O, a uma
altitude de 475 m. O município de Coxixola tem uma área de 119 km², representando
0,2109% do Estado da Paraíba, 0,0077% da região Nordeste e está inserido na unidade
geoambiental do Planalto da Borborema, microrregião do Cariri Ocidental e encontra-se
incluído na área geográfica de abrangência do Semiárido brasileiro (CPRM, 2005).
O clima é do tipo Tropical Chuvoso, com verão seco. A estação chuvosa se inicia
em janeiro/fevereiro com término em setembro, podendo se adiantar até outubro e a
precipitação pluviométrica é de 436,5 mm, com temperatura média de 28 ºC.
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O município foi criado em 1997, a população total é de 1.771 habitantes, sendo 782
na área urbana e 989 na zona rural. Conforme demostram os dados, no quesito distribuição da
população pode-se concluir que Coxixola é um município com características ainda
predominantemente agraria, tendo em vista que mais metade da população habita na zona
rural.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município é de 0.639, segundo o
PNUD (2013). A sede do município está distante cerca 200,5 km da capital João Pessoa,
sendo o acesso feito pelas rodovias BR 230 / BR 412 / PB 200.
O município dispõe de oito escolas para atender a população, sendo sete
municipais e uma mantida pelo Estado. Das sete escolas municipais seis estão localizadas nas
comunidades rurais, atendem a quase 100 alunos, s que cursam o Ensino Fundamental I, ou
seja, cursam somente a Educação Infantil no seu local de origem.
O município atende somente a Educação Infantil anos iniciais, o Ensino
Fundamental anos finais fica a cargo do poder publico estadual. Assim quando os alunos que
vivem na zona rural terminam o Ensino Fundamental anos iniciais são transferidos para
estudar na cidade e passam a frequentar a escola estadual.
De acordo com os dados fornecidos pela Secretaria de Educação, o município
dispõe de 17 professores no quadro efetivo atuando nas escolas municipais, sendo 10 alocados
nas escolas rurais, escolas estas, que têm suas turmas formadas com multisseriado. Forma
essa justificada pelo numero de alunos que é bem pequeno, não permitindo assim a formação
de turmas por serie.
5.1 PERFIL DOS PROFISSIONAIS
Traçando um perfil dos educadores do município que atual na área rural do
município no tocante a idade há uma variação de 35 a 53 anos, quanto ao tempo que prestam
serviços ao município todos estão em exercício a pouco mais de 17 anos de serviços. Dos
entrevistados 40% deles residem na zona urbana e se deslocam para as comunidades rurais
para ministrar suas aulas, enquanto o maior percentual 60% residem nas comunidades onde
lecionam atualmente.
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No que diz respeito à qualificação profissional todos os docentes são pedagogos com
pós-graduação em Educação infantil, participam de formação continuada oferecida pelo
Governo federal o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
Formação que é desenvolvida na sede do município, os estudos são ministrados
por um orientador de estudos, onde a cada 15 dias se reúnem junto com todos os profissionais
que atuam na Educação Infantil do município.
5.2 PERFIL DOS ESTUDANTES
Os educandos localizados nas zonas rurais do município, sem exceção estudam em
turma de multisseriados, olhando pelo prisma da faixa etária somente poucos deles estão em
turmas que não são condizentes com a idade. Os docentes buscam sempre trabalhar em
parceria com as famílias, tendo em vista que é de fundamental a participação familiar para o
desenvolvimento escolar dos educandos. Contudo nem sempre é possível contar com essa
parceria, pois alguns pais, por não terem estudado não conseguem ajudar aos filhos nas lições
escolares.
No que se refere à motivação foi notado pelos professores que algumas crianças
estão desmotivadas, não demostrado prazer em frequentar a escola, esses necessitam mais
ainda atenção por parte da escola e das famílias que precisam par esse apoio para desenvolver
o gosto pelos estudos e assim melhorar as competências escolares.
Quanto ao ensino aprendizagem efetivo dos alunos, os docentes afirmaram que nem
todos dominam competências como leitura, escrita e operações matemáticas, mas que há uma
grande pressão pelo órgão como a Secretaria de Educação pela aprovação mesmo sem o
domínio das competências necessárias para avançar de serie.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os profissionais do município que atuam nas áreas rurais utilizam o mesmo
material didático que é usado na escola da zona urbana. Segundo eles, não é a melhor
proposta para ser trabalhadas em nem nas escolas urbana nem tão pouco nas rurais, tendo em
vista que há um grande problema quanto a esse material, pois os livros que são dispostos pelo
Governo geralmente não trazem conteúdos relacionados ao contexto local.
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Segundo os docentes, os livros são voltados para realidade de cidades grandes,
trazem conteúdos sobre agronegócio, os problemas que afligem as grandes metrópoles dentre
outros assuntos, bem diferente da realidade dos educados. Para eles o material didático que é
utilizado principalmente na região Nordeste deveria ser bem especifico em virtude de a região
ter características bem diferenciadas das demais do país.
Para sanar essas dificuldades os profissionais entrevistados de forma geral
utilizam outros materiais para melhorar o processo de ensino aprendizagem, apoiando-se em
livros de literatura principalmente os cordéis escritos por profissionais nordestinos como
também utilizam e o material do acervo do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
(PNAIC), e materiais buscados na internet.
Mesmo com tantas dificuldades é possível perceber que há um engajamento dos
profissionais para desenvolver uma educação contextualizada, já que os mesmo afirmaram
que sabem da necessidade de desenvolver os conteúdos. Inclusive um dos entrevistados para
desenvolver conteúdos de matemáticas ligados à realidade, fez um gráfico sobre a criação de
galinha das famílias dos educandos. Segundo ele foi bem participativo, os alunos tiveram o
cuidado de contar as aves e levar tudo anotado para desenvolver a atividade. Assim a
atividade ocorreu de forma bem natural e significativa, uma vez que os educandos aplicaram a
matemática nas questões cotidianas.
Quanto à questão da necessidade de trabalhar temas ligados à realidade do campo
como também questões ligadas ao meio ambiente, os profissionais trabalham os temas nas
aulas, alguns relataram que não tratam a temática de forma profunda, mas que pelo menos
trazem algumas noções por ser turmas do Ensino Fundamental I. Somente um profissional
afirmou não trabalhar de forma nenhuma.
Já a grande maioria trabalha temas como preservação do solo e a importância da
agricultura familiar, já que todos os alunos são filhos de agricultores que desenvolvem essas
questões cotidianamente. Pois há uma urgente necessidade de trabalhar a preservação do meio
ambiente principalmente as questões de poluição da agua das nascentes como também a
questão de degradação do solo causada por ações antrópicas por falta de conhecimento de
práticas sustentáveis.
O ensino multisseriado tem se apresentado como algo sempre presente na prática
docente. Muitos deles começaram a vida profissional com classes multisseriadas. Portanto,
para esses não é possível perceber os prejuízos, notam até um ponto positivo que é a
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coletividade, mas que é um grande desafio para o professor, preparar aula para duas ou três
turmas por dias e dar-lhes atenção necessária a cada um é bem difícil e requer bastante
disposição e motivação. Já aqueles que já desenvolveram atividades em turmas únicas e hoje
trabalham com multisseriado é possível perceber os danos ao processo de ensino-
aprendizagem, principalmente na questão do tempo que ao invés de ser dedicado
integralmente a uma turma é dividido para duas ou três. Isso implica diretamente e é ai que o
educando precisa de um reforço seja ele familiar ou ajuda de um profissional, pois a escola
trabalhando com até três turmas juntas não consegue dar a atenção necessária para todos
alunos se desenvolverem plenamente
Para os educadores é um grande desafio a seleção dos conteúdos, dividir as turmas
para que cada uma tenha o momento de ensino aprendizagem. Todavia, o grande desafio é a
questão da alfabetização das turmas iniciais e repassar conteúdos as demais estando todas
juntas, é preciso criar estratégias, que por mais de bem pensadas nunca atendem a finalidade
desejada e nem sempre os educandos chegam à aprendizagem merecida.
Uma das professoras produziu um pensamento que foi bem interessante no ensino
multisseriadas2 “Por outro lado trabalhar com multisseriado é positivo pela coletividade, a
formação de grupos com níveis diversificados, mas com cada um assumindo um papel de
transmissor ou receptor de conhecimento”.
Contudo, a maiorias dos professores veem o ensino multisseriado um grande
impasse uma aprendizagem mais sólida, como também cobra muito do educador que tem q de
desdobrar todos os duas uma turma cheia de particularidades e necessidades. É comum
acontecer falta de concentração em virtude dos momentos de desenvolvimento de conteúdo
para séries distintas, ocorrem momentos de desmotivação e desinteresse por parte do aluno.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A universalização da educação do é uma realidade garantida na lei brasileira, o que
não a faz ser garantida a todos. O Estado representado pelos municípios não tem nas suas
propostas educativas levar a verdadeira educação que tenha como premissa a formação
integral do individuo.
2 Para resguardar sua identidade chamarei de Ana.
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O município de Coxixola mesmo sendo um município de pequeno porte com
características agraria, mantem suas crianças estudando em escolas rurais, onde essas escolas
se apresentam como uma extensão das escolas urbanas.
Foi possível perceber que os problemas das escolas rurais do município são bem
característicos a realidade do país, já que adotam sistemas de classes multisseriados que
implicam muito no processo de ensino-aprendizagem dos educandos.
Outros fatores foram apontados ainda como a falta de interesse dos alunos como
também a falta do apoio familiar para o baixo rendimento dos mesmos, tendo em vista que
muitos deles terminam o Ensino Fundamental anos iniciais sem dominar os conteúdos como
leitura, escritos e as operações matemáticas.
Diante do exposto pelos educadores, nota-se que eles almejam que o multisseriado
seja abolido, pois só assim eles poderiam dar a atenção devida e merecida aos educandos
fazendo com estes terminassem os anos iniciais do Ensino Fundamental, mais preparados para
adentrar nos anos finais do Ensino Fundamental.
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