ANÁLISE DA CAPACIDADE DE RESPOSTA DO SETOR DE...
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ANÁLISE DA CAPACIDADE DE
RESPOSTA DO SETOR DE
ENGENHARIA ATRAVÉS DO ESTUDO
DOS SEUS ÍNDICES DE AUTOMAÇÃO:
UM ESTUDO DE CASO EM UMA
INDÚSTRIA PRODUTORA DE
VÁLVULAS.
Moises dos Santos Rocha (UEMA )
Oswaldo Luiz Agostinho (UNICAMP )
As condições de negócios atuais forçam as empresas competirem
através das cadeias de valor das quais fazem parte e não mais como
unidades de negócios individuais. Para poderem competir
eficientemente devem lançar mão de metodologias ou modeelos que as
ajudem a se tornarem mais eficientes no atendimento dos seus clientes.
Nesse contexto, propõe-se a aplicação de um modelo de analise de
integração através dos índices de automação. Este modelo pode
auxiliar as organizações a identificarem suas ineficiências pertinentes
aos sistemas de manufatura. Assim, este trabalho consiste na aplicação
deste modelo no setor de engenharia de uma indústria dedicada a
produção de válvulas de aço industriais. Para a realização desse
trabalho foi estabelecido o seguinte objetivo geral: identificar os níveis
de integração de um processo de negócios de uma empresa através de
índices de automação de suas subatividades. A abordagem
metodológica utilizada inclui pesquisa de campo, bibliográfica e
estudo de caso. Conclui-se que o modelo de analise de integração
através de índices de automação apresenta-se muito útil na
identificação e análise de ineficiências do sistema de manufatura,
indicando que o setor de engenharia da empresa analisada, nesse
estudo, não apresenta características de integração, devendo sofrer
ajustes para atender tal requisito.
Palavras-chave: Automação, Índices de automação, Integração da
Manufatura, Processo de Engenharia, Indústria de válvulas.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
As condições de negócios atuais forçam as empresas a competirem através das cadeias de
valor das quais fazem parte e não mais como unidades de negócios individuais.
Para que as empresas possam se sobressaírem frente à concorrência, bem como para
atingirem os níveis adequados de responsividade no atendimento aos seus consumidores
necessitam integrar seus processos tanto internamente quanto aos processos de seus parceiros
de negócios.
Uma forma possível de integração de processos das empresas consiste na automação desses
processos de modo a possibilitar a integração dos diversos processos de negócio. Desse modo,
são criadas as condições para que as empresas consigam ser competitivas.
De acordo com Agostinho (2014), sendo a atividade de engenharia um dos quatro conjuntos
processos de negócios que compõem o Sistema de Manufatura (além de chão de fábrica,
negócios e suporte), com um papel importante na sobrevivência de uma empresa, surge à
seguinte questão-chave desse trabalho: “Como identificar os níveis de integração de um
processo de negócios de uma empresa através de índices que quantifiquem os níveis de
automação suas atividades componentes?”.
Para responder a este questionamento foi estabelecido o seguinte objetivo geral: identificar os
níveis de integração de um processo de negócios de uma empresa através de índices de
automação de suas subatividades. Este objetivo foi decomposto em objetivos específicos:
Pesquisar a bibliografia;
Caracterizar a organização a ser estudada;
Identificar os índices de integração do processo de engenharia da empresa em estudo;
Avaliar as características de integração do setor de engenharia da empresa estudada.
2. Abordagem metodológica
A abordagem metodológica utilizada nesse trabalho pode ser classificada como: pesquisa de
campo, estudo de caso e pesquisa bibliográfica. A pesquisa de campo consistiu na aplicação
de um questionário (ANEXO I) para identificação dos índices de automação das atividades do
setor de engenharia da empresa em análise.
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De acordo com Lakatos e Marconi (2000), pesquisa de campo é utilizada objetivando adquirir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta.
Segundo Fleury et al (2012), o método de caso pode ser aplicado em diversas situações, nas
fases iniciais de uma investigação (exploração), construção da teoria (explanatório), teste de
teorias e na extensão ou refinamento de uma teoria.
A Figura 1 apresenta um modelo para a condução da pesquisa de campo desenvolvido por
Fleury et al (2012). Esse modelo apresenta os seguintes passos: definir uma estrutura
conceitual-teórica, planejar os casos, conduzir teste piloto, coletar dados, analisar os dados e
gerar relatório.
Segundo Severino (2007), a pesquisa bibliográfica tem como objetivo a analise de textos
referentes à problemática que envolve o tema, bem como informações públicas da empresa
analisada e de empresas que possuam alguma relação com esta.
Figura 1 – Condução da pesquisa de campo
Fonte: Segundo Fleury et al (2012)
Essa pesquisa pode ainda ser classificada como exploratória, como explica Severino (2007)
esse tipo de pesquisa busca apenas levantar informações sobre determinado objeto
delimitando assim um campo de trabalho, mapeando as condições de manifestação desse
objeto.
3. Fundamentação teórica
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3.1. Automação
Segundo Bittar (2014), a palavra "automação" é derivada da palavra grega "auto-matos", que
significa "ação própria". Ela refere-se a um aparato, a um processo ou a um sistema que é
capaz de operar por conta própria sem assistência externa.
Para Barbosa (2012), a palavra automação está diretamente ligada ao controle automático, ou
seja, ações que não dependem da intervenção humana. Porém Silva (2007) apud Barbosa
(2012) afirma que este conceito é discutível devido às impossibilidades da construção e da
implementação dos processos automáticos sem a presença do elemento humano.
Figura 2 - Os dez graus de automação
Fonte: Agostinho (2014)
Segundo Makris e Alexopoulos (2012) há problemas com a automação da engenharia
de produção, a geração e a execução de um projeto de engenharia de produção podem levar
um longo tempo e podem envolver várias organizações em diversas localizações geográficas.
Para os mesmos autores, outro ponto delicado reside no acompanhamento e melhoria dos
planos de produção que podem ser complexas e difíceis de serem automatizadas.
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Segundo Fantoni et al (2014), o processo de fabricação atual caracterizado por etapas do
processo manuais e complexos, tamanho de lote pequeno, um elevado número de variantes e
as propriedades difíceis dos materiais.
Agostinho (1995) faz uma classificação da automação em 10 graus como apresentado na
Figura 2. Este quadro está dividido em três colunas, a primeira apresenta os graus de
automação, atributo humano (mecanizado e automatizado) e exemplos de automação.
3.2. Processo de engenharia como subsistema da manufatura
O processo denominado Engenharia pertencente ao sistema de manufatura engloba a
engenharia de produto, engenharia de fabricação e o controle de qualidade segundo Agostinho
(2014).
A Figura 3 apresenta o processo de Engenharia como componente do Sistema de Manufatura
Simplificado desenvolvido por Agostinho (2014). Inicialmente, o Marketing coleta no
mercado as informações de aceitação e as condições de competição dos seus produtos e os
traduz em termos de simplificações, alterações e melhoria necessárias e as repassa para a
Engenharia de Produto, que desenvolve ou altera características dos produtos e/ou serviços.
A Engenharia do Produto, por sua vez, especifica novos desenhos, especificações,
necessidades de instrumentos e normas e envia tanto para Engenharia de Fabricação quanto
para o Controle de Qualidade.
Figura 3 – Processo de engenharia como componente do sistema de manufatura simplificado
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Fonte: Agostinho (2014)
3.3. Índices de automação da manufatura
Para que as informações fluam de maneira eficaz através de um Sistema de Manufatura
automatizado, os níveis de automação, das várias atividades componentes desse sistema,
devem ser compatíveis (AGOSTINHO, 1995). Caso os níveis de automação das atividades do
Sistema de Manufatura utilizem tecnologias compatíveis, segundo Agostinho (1995) o
sistema possuirá características de integração.
Com o intuito de quantificar os níveis de automação das atividades do Sistema de Manufatura
Agostinho (1995) propôs índices de automação para esse sistema. A definição de índice de
automação é feita através da seguinte relação, exposto na Equação 1.
onde:
= índice de automação (variando de 0 ≤ ≤1);
= número de atividades do homem substituídas por dispositivos aparelhos com
conceito de automação;
Equação (1)
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= número total de atividades exercidas pelo homem.
Agostinho (1995) estabelece que a faixa de valores que deve assumir 0 ≤ ≤ 1, nas
condições limites, pode-se dizer que:
= 0 → todas as atividades são exercidas pelo homem;
= 1 → todas as atividades são exercidas pelos dispositivos de automação,
substituindo as atividades correspondentes.
Dentro desse contexto, Agostinho (1995) divide o conceito de automação em automação fixa
ou rígida e automação programável.
A automação fixa ou rígida é aquela na qual a sequência das operações do roteiro de
fabricação é definida pela configuração do equipamento. As principais características da
automação rígida são: alto custo de investimento inicial; altas taxas de produção adequadas
para altos volumes; as operações básicas são normalmente simples; a integração e a
coordenação de um grande número de operações em um único equipamento tornam o sistema
complexo; sistema flexível ou rígido, as alterações no processo para permitirem alterações de
produto são difíceis e de alto custo. As linhas de transferência, máquinas indexadoras, linhas
de montagem automáticas, etc. são exemplos típicos da automação rígida. (AGOSTINHO,
1995).
De acordo com Agostinho (1995), a automação programável é feita através da troca de
programas de instrução através de programação computacional. As duas principais
características são: alto custo de investimento, tão alto quanto da automação rígida. Em
algumas aplicações, o investimento pode se tornar ainda maior que uma instalação similar
com automação rígida; a sequência de operações é controlada por um programa (de
instruções). O sistema pode ser reprogramado para se alterar a sequência de operações; a
flexibilidade torna o sistema adequado para produção em baixas quantidades de produtos
diferentes; baixas taxas de produção quando comparadas aos sistemas de automação rígidos.
São apresentados por Agostinho (1995) exemplos típicos de automação programável ou
flexível: máquinas-ferramenta comandadas numericamente (CNC). O programa CNC da peça
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controla a sequência de operações para se usinar determinada peça. Novas peças e/ou projetos
são feitos a partir de novos programas.
De acordo com as definições relacionadas aos tipos de automação, rígida e flexível,
Agostinho (1995) define os índices de automação para esses dois tipos de automação são
apresentadas pelas Equações 2 e 3.
Índice de Automação Rígida
=
onde:
= índice de automação rígida;
número de atividades do homem substituídas por dispositivos de
automação rígida;
= número total de atividades exercidas pelo homem.
Índice de Automação Programável
=
onde:
= índice de automação programável;
número de atividades do homem substituídas por dispositivos ou
aparelhos com conceito de automação programável;
= número total de atividades exercidas pelo homem.
Os limites de e de são os mesmos de . Agostinho (1995) convencionou que o índice
de automação será positivo, quando a substituição das atividades do homem for exercida
através de automação programável, e será negativo, quando as atividades do for substituída
por automação rígida.
Para realizar esta avaliação, Agostinho (1995) apresenta um modelo do Sistema de
Manufatura através quatro conjuntos de processos de negócios principais: Engenharia, Chão-
Equação (2)
Equação (3)
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de-Fábrica, Negócios e Suporte. Esses, por sua vez, são divididos em subgrupos de processos
de negócios, bem como a comunicação entre os processos de negócios é feita através de suas
interrelações internas e externas.
A análise do nível de integração proposta por Agostinho (1995) requer que os processos de
negócios do Sistema de Manufatura sejam decompostos em subatividades. Em seguida, essas
subatividades devem ser avaliadas quanto aos índices de automação que, posteriormente são
comparados para identificar se possuem índices de automação compatíveis e avaliar se o
sistema possui características de integração. A Figura 4 apresenta o modelo simplificado do
Sistema de Manufatura.
Observa-se que processos de negócios Chão-de-Fábrica encontram-se na parte central desse
modelo, possui o subgrupo de processos de negócios composto por: Transformação de Forma
e Característica, Fluxo de Materiais e Gerenciamento e Controle da Informação. As
interrelações que este processo de negócio possuem são todas internas com os demais
processos de negócios do sistema.
Figura 4 - Sistema de manufatura modelo simplificado
Fonte: Agostinho (1995)
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O processo de negócio engenharia é composto pelo subgrupo de processos de negócios:
Geração do Produto, Geração dos Meios de Manufatura e Comunicação com o Chão-de-
Fábrica. Além das interrelações internas com o Chão-de-Fábrica, possui interrelações externas
com os demais processos de negócios.
O processo de negócio de Suporte é formado pelo subgrupo: Suporte à Qualidade, Suporte à
Operação e Suporte à Facilidades. Este processo de negócio possui interrelações internas com
o processo de negócio de Chão-de-fábrica e externas com Engenharia e Negócios.
Por fim, o processo Negócios é formado pelo subgrupo: Marketing, Suprimentos e
Planejamento. Possui inter-relações internas com o processo de negócio de Chão-de-fábrica e
externas com os demais processos de negócios que compõem o Sistema de Manufatura.
O segundo quando o atributo humano decorrente ao seu esforço mental é substituído por um
programa de instruções residente em um computador. A Figura 5 apresenta os tipos de
automação relacionados ao sistema de Manufatura definidos por Agostinho (1995).
Assim, a atividade de Chão-de-fábrica pode sofre automação rígida através do uso de linhas
de transferência e de manipuladores mecânicos. A automação programável a este sistema
pode ser feito pela aplicação de sistemas flexíveis de manufatura e de robôs estacionários ou
de pórtico.
Figura 5 - Aplicações de automação fixa e programável para as atividades principais da manufatura
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Fonte: Agostinho (1995)
Ainda de acordo com Agostinho (1995), a Engenharia pode sofrer automação rígida ou fixa
através do uso de pranchetas, réguas, esquadros e pastas. A automação programável para a
atividade de manufatura quando são utilizados sistemas computacionais gráficos. A atividade
de negócio pode sofrer automação fixa quando são empregadas fichas de controle de
produção e arquivos-pastas. Sendo a automação programável quando são empregados
sistemas computacionais de Chão-de-fábrica.
Por fim, quando são empregados métodos manuais de controle estatístico e tabelas à atividade
de Suporte, este subsistema sofre automação fixa. Quando são aplicados programas de
computador para controle estatístico de processo e programas de manutenção preventiva,
então a atividade de suporte sofre automação programável.
3.4. Modelo de integração
Modelo de integração é definido por Agostinho (2014):
“A integração do Sistema de Manufatura representa um estado de organização,
refletido na capacidade de transitar informações sinergicamente entre suas atividades
e subatividades” (AGOSTINHO, 2014, p.3).
Agostinho (1995) determinou para efeito de modelagem de automação do Sistema de
Manufatura, que quando a substituição das atividades do homem for realizada através de
automação programável, o índice de automação será positivo. E o índice será negativo,
quando a substituição das atividades do homem for realizada por automação rígida.
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As atividades do Sistema de Manufatura estão subdivididas em três subatividades, os valores
nos eixos assumem valores positivos, zero e negativos, a Figura 6 apresenta os principais
aspectos do modelo em foco. Os pontos nos segmentos vermelhos representam índices
relacionados à automação rígida, na parte azul do segmento estão os índices relacionados à
automação programável. S.A.1, S.A2 e S.A.3 representam as os subprocessos de negócios
referentes a um processo de negócio particular.
Os pontos da reta variam de 0 a 1 na parte azul do eixo e de 0 a -1 na parte vermelha das retas.
Assim, emergindo do centro do gráfico os pontos assumem os valores 0, 0,33, 0,66 e
1(representando os níveis de automação programável em ordem crescente). Do outro lado, os
pontos assumem os mesmos valores, mas com sinal negativo para indicar automação rígida.
Quanto maior o valor absoluto maior o nível de automação rígida ou flexível.
Figura 6 - Modelo genérico dos gráficos de automação rígido e programável do sistema de
manufatura
Fonte: Adaptado de Agostinho (1995)
Devido à evolução e a obsolescência dos elementos de automação (mecanismos, dispositivos,
softwares etc.) utilizados em cada subatividade alguns gráficos dos subsistemas do sistema de
manufatura não possuem todos os eixos contemplados na Figura 6. Agostinho (1995) apud
Bittar (2014) apresenta as condições de Integração para o Sistema de Manufatura ilustrado
pela Figura 7.
Figura 7 - Condições de integração para o sistema de manufatura
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Fonte: Adaptado de Agostinho (1995) apud Bittar (2014)
Pode-se observar que a condição para a integração entre os processos em cada subgrupo é
obtida pela compatibilidade entre as tecnologias utilizadas. O processos Engenharia e
Comercial seus componentes possuem índices de automação compatíveis ambos com valores
iguais a 1.
O processo Suporte também apresenta índices de automação idênticos dos seus componentes,
todos iguais a 0,33. O processo de negócio Chão de fábrica, por sua vez, apresenta índices
compatíveis entre suas atividades, todos com 0,66.
3.5. Tecnologias utilizadas na automação do processo de engenharia e níveis de
integração
Nesta seção serão apresentadas as ferramentas empregadas na automação do processo de
engenharia, bem como seus respectivos enquadramentos relacionados ao nível de automação
em cada um dos seus subprocessos. A Figura 8 apresenta as tecnologias empregadas no
processo Engenharia e contempladas no trabalho de Agostinho (1995).
Observa-se que na atividade de geração do produto as ferramentas utilizadas no mais alto
nível de automação são o CAE, o CAT, o PDM e o CAD. Em nível mediano nesta atividade
são utilizados o computador e o protótipo. E no nível mais básico são utilizadas pranchetas.
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Figura 8 - Principais tecnologias usadas nas atividades da Engenharia
Fonte: adaptado de Agostinho (1995)
Na atividade de Geração dos Meios de Manufatura, no nível mais elevado de automação são
utilizadas as ferramentas CAD, TDM, CAV e o CAPP. O computado é a ferramenta de
automação utilizada quando o índice de automação é de 0,66. No nível em que o índice de
automação é igual a 0,33 são utilizados documentos físicos e pranchetas.
Na atividade de Comunicação com o Chão de fábrica com as atividades de Chão de fábrica,
quando o índice de automação atinge o nível 1 são utilizadas as ferramentas: MES, DNC,
CAQ e CAPP. Quando o nível é de 0,66 são utilizados computadores e a ferramenta SCADA,
Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados. No nível 0,33 os documentos físicos
prevalecem.
Segundo o modelo desenvolvido por Agostinho (1995) representa-se o subgrupo de processos
de negócio em cada atividade principal no Sistema de Manufatura em um gráfico com três
eixos para realizar de modo apropriado a analise das características de integração do processo
de engenharia. A Figura 11 apresenta o processo de Engenharia com características de
integração.
Observa-se que as atividades na Figura 9 apresentam índices de automação das subatividades
do processo de Engenharia idênticos nas três arquiteturas apresentadas. As configurações
apresentam características de integração devido ao fato de que as ferramentas tecnológicas
utilizadas são compatíveis, viabilizando o fluxo contínuo de informações.
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Figura 9 - Gráfico do processo de engenharia com características de integração
Fonte: Agostinho (1995)
As atividades pertencentes ao subgrupo do processo podem não apresentar características de
integração. Isso ocorre quando os índices de automação das atividades componentes não
apresentam características de integração (AGOSTINHO, 1995). Quando isso ocorre há uma
interrupção no fluxo de informação, esta situação é apresentada através da Figura 10.
Na primeira arquitetura da Figura 10 o processo de geração de produto apresenta índice igual
a um e os processo de Comunicação com Chão-de-fábrica e Geração dos meios de manufatura
apresentam o índice igual a 0,33.
Na arquitetura 2 o processo de Comunicação com Chão-de-fábrica apresenta índice igual a 1
e os demais processos apresentam índice de 0,33. Por fim, na arquitetura 3 o processo de
geração de produto apresenta índice igual a 1, enquanto as demais atividades apresentam
índice 0,33.
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Todas essas arquiteturas demonstram a utilização de ferramentas de automação que não
possuem interfaces amigáveis entre si. O que dificulta a comunicação entre esses processos de
negócio. (AGOSTINHO, 1995).
Figura 10 - Gráfico do processo de engenharia sem características de integração
Fonte: Agostinho (1995)
4. Estudo de caso
A empresa analisada nesse estudo está localizada na cidade de São Paulo. A empresa foi
fundada em 1986, nessa época seu mix de produtos contava com conexões de aço forjadas
(cotovelos, tês, uniões etc.). Nos anos 90 devido à abertura de mercado a empresa passou a
produzir válvulas levando-a a mudar sua razão social.
Em 2005, a empresa ampliou suas instalações o que elevou a capacidade instalada da
organização para 3500 válvulas. Com relação ao desenvolvimento dos seus produtos a
empresa investiu em ferramentas como CAD, CAE e CFX. Além de ter estabelecidos
parcerias com instituições como o Instituto de Pesquisa em Energia Nuclear (IPEN) e a
Universidade de São Paulo (USP).
A Figura 11 apresenta uma análise das características de integração, através dos índices de
automação, das atividades do subgrupo que compõem o processo de Engenharia da Empresa.
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Observa-se na Figura 11 que a atividade de Geração de Produto utiliza as ferramentas CIM
(CAE, CAD e CAD) e a comunicação da atividade é realizada através da rede. O índice de
automação da atividade de Comunicação com o Chão-de-fábrica foi avaliado em 0,66 devido
ao fato de serem utilizados computadores e a comunicação ser feita através da transferência
isolada de dados. O índice de automação da atividade de Geração dos Meios de Manufatura
também foi avaliado em 0,66.
As atividades do processo de Engenharia com índices iguais, Geração dos meios de
Manufatura e Comunicação com o Chão-de-fábrica, apresentam características de integração
entre si por utilizarem tecnologias de automação de mesmo nível.
A atividade de Geração de Produto, por sua vez, teve seu índice de automação avaliado em 1,
devido ao fato de utilizarem as tecnologias (ferramentas) mais sofisticadas a serem utilizadas
na realização do seu conjunto de tarefas. Dessa forma, o conjunto geral das atividades de
Engenharia dessa indústria de válvulas não apresenta características de integração.
A falta de integração tende a dificultar a comunicação entre as atividades e reduzir a
velocidade desse processo. Isso levará a organização a ser menos competitiva nos mercados
em que atua.
Figura 11 – Índices de integração da empresa de válvulas
Devido ao fato de que, atualmente, as empresas atuarem em mercados com elevados níveis de
competitividade, a saída mais viável seria a elevação dos índices de automação das atividades
de Comunicação com o Chão-de-fábrica a de Geração dos Meios de Manufatura. Essa solução
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eliminaria a “ilha” tecnológica que ocorre com a atividade de Geração de Produto com
relação às outras atividades do processo de Engenharia como defendem (AGOSTINHO,
1995) e (BITTAR, 2014).
5. Conclusões e considerações finais
A realização desse trabalho apresentou algumas conclusões relacionadas à problemática que
envolve o tema, o modelo de análise de integração através dos índices de automação, bem
como sobre a aplicação no setor de engenharia da indústria de válvulas e das limitações
enfrentadas.
A análise de publicações nacionais e internacionais levou ao enriquecimento do trabalho, bem
como auxiliaram na caracterização dos temas abordados, automação, índices de automação,
sistema de manufatura e engenharia.
Pode-se concluir que a pesquisa de campo mostrou-se útil para a realização do estudo. Essa
abordagem metodológica se mostrou eficaz na análise da integração do departamento de
engenharia da empresa analisada nesse estudo, pois identificou a situação partir da aplicação e
análise de um questionário simples.
O modelo desenvolvido por Agostinho (1995) mostra-se bastante útil na análise dos processos
empresariais, principalmente no que diz respeito à identificação das ineficiências dos
processos componentes do sistema de manufatura. Tais ineficiências estão relacionadas à
incompatibilidade de dispositivos ou ferramentas de utilizados para automação dos
subprocesso de manufatura de uma mesma empresa.
Muitas empresas sofrem com a falta de integração dos seus sistemas de manufatura, o que as
leva a não atenderem de modo adequado sua base de clientes. Sendo assim, essas empresas
devem aplicar o modelo aqui utilizado para identificar e auxiliar a sanar tais problemas.
A análise na integração do processo de engenharia da empresa analisada foi de extrema
importância para exercitar e compreender o modelo desenvolvido por Agostinho (1995), bem
como sobre o sistema produtivo em analise.
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O setor de engenharia analisado não apresenta características de integração devido à falta de
compatibilidade entre os processos de Geração dos Meios de Manufatura e a Comunicação
com o Chão-de-fábrica com a atividade de Geração de Produto.
Para sanar o problema de falta de integração, diagnosticado nesse estudo, a solução que
parece ser a mais viável consiste em elevar os níveis de automação das atividades de Geração
dos Meios de Manufatura e a Comunicação com o Chão-de-fábrica.
REFERÊNCIAS
AGOSTINHO, Oswaldo Luiz. Sistemas de Manufatura: Atributos, Metodologia e tecnologias. Unicamp.
Campinas. 2014.
AGOSTINHO, Oswaldo Luiz. Manufatura como Pré-Requisito de Competitividade. Campinas: UNICAMP,
1995. Tese (Livre Docência) - Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, 1995.
BARBOSA, Gustavo Franco. Desenvolvimento de um modelo de analise para a implantação de automação
na manufatura aeronáutica, orientado pelos requisitos de metodologias de Projeto para a Excelência
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(Doutorado) - Programa de Pós-Graduação Engenharia Mecânica, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2012.
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FLEURY, Afonso Carlos Correa; MELLO, Carlos Henrique Pereira; NAKANO, Davi Noboru; TURRIONI,
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Roberto Antônio, PUREZA, Vitória. Metodologia de Pesquisa em Engenharia de Produção e Gestão de
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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .
20
ANEXO
Questionário para identificação e avaliação dos níveis de automação do processo de
engenharia.