Analise Cinema Paradiso

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Analise Semiótica de Cinema Paradiso (1988)

Introdução

Durante a ascensão do capitalismo entre o final do século XIX e o começo do XX

já tínhamos uma critica ferrenha de pensadores sobre o colapso deste. Marx e

Engels com o manifesto comunista e outras literaturas, mais tarde veio Brecht

reforçando através do teatro. É nesse contexto que se passa a historia do Cinema

Paradiso – Filme Italiano dirigido por Giuseppe Tornatore – que será nosso objeto

de análise. Caminharemos sobre as estruturas poéticas narrativas utilizadas, as

principais funções e os símbolos que constroem esta rica narrativa.

Signos presentes e suas funções – Símbolos.

Os Sinos, ícones religiosos e Leão.

Sinos dos mais variados tocam durante todo o filme em momentos específicos.

Evidentemente marcam transições na vida do personagem principal. No plano da

expressão eles vão além de marcar transições de acontecimentos. Sua infância é

marcada pelo uso do sino nos cerimoniais religiosos e é aqui que ele se torna algo

além de ícone e se torna um símbolo. O Texto religião é trabalhado dentro do

Texto cinema metalinguisticamente entendido. O sino é usado pelo padre para

fazer cortes de cena onde seria proibido o povo ver, no caso uma censura. Há

cenas que mostram com ênfase os símbolos religiosos (imagens de santos e

cruzes) que dentro deste sistema modelizante tem significados ricos em si que são

agregados por uma cultura popular. Na função poética, os símbolos religiosos

sofrem uma “satanização”. Há uma forte função fática indicando que o poder está

nas mãos da religião, ao mesmo tempo em que esse poder é atribuído ao cinema

com elementos sígnicos que designam essa narrativa. O padre controlando a

censura, as imagens de santos dentro do cinema e o leão donde sai a imagem

que vai para a tela faz essa ligação. O padre usa o sino para indicar que a cena

deve ser retirada. Aqui o sino é muito mais do que um simples objeto cênico, ele

representa com todo seu poder (cortar ou deixar cenas) e sua rigidez (material em

que é feito, o metal – Rígido e indiferente.) o que a própria religião é naquele meio.

Os santos são já símbolos sacros o que é retratado é o poderio sendo passado

destes para o cinema. Por fim o Leão que emana poder. Os interpretantes que

estão no signo Leão vão desde ícones (naturais – o rei da selva) até

representações do divino. Um dos nomes de Deus segundo a bíblia é “leão da

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tribo de Judá”. A cena mostra o leão com a boca aberta e a projeção sai de dentro

dela, ou seja, o poder que há no cinema é emanado pelo divino. A transição se dá

quando a câmera pega o raio de projeção com a santa em primeiro plano; é como

se ela emanasse, em seguida mostra o leão, depois passa por todo o auditório

inferior mostrando o profano do povo. A plateia é mostrada num plano geral com

luzes vermelhas no fundo, esta cor representa essa satanização.

Vale ressaltar a critica ferrenha (e aqui entra Brecht) à luta de classes que é

evidenciada em diversos momentos em que a elite cospe no proletariado.

A película, a criança e o povo.

Aparece a primeira vez no processo de censura. A vontade de mexer e sentir a

película despertada em Totó faz com que ele se aproxime de Alfredo. O olhar puro

e curioso da criança denota a inocência que aqui entra como função poética frente

à película que representa a fonte do poder. O fogo é um terceiro signo que

aparece com uma representatividade de renovação. Em muitas culturas o fogo

está atrelado diretamente à purificação. Quando Totó leva pra casa as películas e

estas pegam fogo, e quando o cinema pega fogo nos dá essa ideia de que ali o

poder está transcendendo da burguesia e da religião e encaminhando para o

povo.

Quando o povo é expulso da sessão, Alfredo, parafraseando Spencer Tray, diz:

“uma multidão não pensa, não sabe o que faz”. Saussure vai dizer que o signo

gera conceito que por sua vez gera uma imagem acústica, fenômeno que ocorre

na fala do personagem que se lembra de uma das cenas que projetou e faz uso

dela para demarcar uma situação incomum até então. No Plano da expressão

enquanto técnica do filme, o diretor aproxima-se muito das propostas de Marx e de

Brecht. Alfredo diz: “Vamos dar a eles?” Soa como “proletários de todos os países,

Uni-vos!” (manifesto comunista). Aqui ele oferece muito mais do que uma sessão

publica, ele oferece o poder. A possibilidade de ter liberdade que seria ainda muito

precoce. A função poética aqui diz que o povo, tal como a criança, não estavam

preparados para lidar com esse PODER.

A película torna-se símbolo de poder quando após queimar Totó aprende a

manipulá-la, o que mais para frente na história e isso a trilha musical já vem

pontuando (repetição de motivo melódico quando totó faz algo heroico), mostra

que ele de fato tornou-se o herói. O bem sucedido cineasta volta pra cidade natal

com a perda de seu mentor. Com esse poder simbólico ele traz libertação ao

povo.

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Função predominante

Função Metalinguística

O filme é em si uma metalinguística por se tratar do que ele mesmo propõe.

Segundo Jakobson “todo fenômeno do mundo externo se transforma em signo na

tela”. Entendido isso, é possível realizarmos que as unidades culturais ou textos

que são entrelaçados no filme são de fato problemas reais da sociedade, em

contrapartida temos uma série de signos que nos complementam a função

poética. Abrangendo o pensamento temos uma serie de A’ (BAKTIN) introduzidos

na narrativa. Na construção do sistema de texto os códigos se adaptam

diversificadamente enriquecendo a narrativa poética dos signos. Ideias religiosas

estão se desprendendo através de ideias filosóficas e politicas. Por mais que se

tente, o A’ sempre está presente, ou seja, o discurso influenciado, por mais que se

tente negar, esta impregnado pois cada ser (no caso o diretor) possui uma

bagagem cultural rica que se revela a cada tipo de expressão artística.

Trilha Musical

Trilha remete ao heroico, ao belo. Acordes maiores dão essa sensação de

heroísmo. A trilha musical nos traz toda a trama, tomando e retomando diversas

vezes o tema do personagem, fortalecendo a ideia de que nada o afetaria

negativamente, que ele se apropriaria do poder e seria bem sucedido. Este signo

acústico faz esse recorte.

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Bibliografia:

CHIARINI, Paulo – Bertold Brecht, Coleção teatro Hoje. Editora Civilização

Brasilera 1997.

JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. Prefácio de Izidoro Blikstein;

tradução de Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. 22 ed. São Paulo, Cultriz, 2010.

LOPES, Edward. Fundamentos da Linguística Contemporânea. São Paulo, Cultrix.

(Pág. 15 à 25 e 40 à 71).

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. Tradução de Antônio

Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. São Paulo, Cultrix, 9ª. Edição. (pág.

79 a 93).

BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Prefácio à edição francesa Tzvetan

Todorov; introdução e tradução do russo Paulo Bezerra. São Paulo, editora Martins

Fontes, 2011.

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