ANA CLÁUDIA CONHECIMENTO DAS LETRAS E … · O presente trabalho tem como principal objetivo...
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UUniversidade de Aveiro
2014
Departamento de Educação
ANA CLÁUDIA
DA SILVA
SANTOS
CONHECIMENTO DAS LETRAS E EMERGÊNCIA DA
LINGUAGEM ESCRITA
UUniversidade de Aveiro
2014
Departamento de Educação
ANA CLÁUDIA
DA SILVA
SANTOS
CONHECIMENTO DAS LETRAS E EMERGÊNCIA DA
LINGUAGEM ESCRITA
Relatório de Estágio apresentado à Universidade de Aveiro para cumprimento dos
requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Educação Pré-Escolar e
Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico, realizada sob a orientação científica da
Doutora Professora Maria Luísa Álvares Pereira, Professora Auxiliar do
Departamento de Educação da Universidade de Aveiro
Dedicatória
Dedico este trabalho primeiramente aos meus pais, por me terem
proporcionado a hipótese de realizar esta formação, e por me terem
ensinado a nunca desistir dos meus objetivos.
Ao meu irmão, que sempre foi um grande apoio, e que sempre foi
um exemplo de que devemos viver a vida com determinação e
paixão.
Ao meu noivo, por todo o apoio dado, pelas ideias e conselhos, por
toda a paciência e por sempre me ter mostrado que a persistência e a
dedicação só podem conduzir ao sucesso.
Às minhas Amigas: Ana Reis, Catarina Costa e Filipa Covas, pelo
apoio incondicional prestado ao longo do tempo e, principalmente,
nesta etapa final.
O júri
Presidente Professora Doutora Ana Alexandra Valente Rodrigues
Professora Auxiliar do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro
Vogais Professora Doutora Ana Filipa Almeida da Silva
Professora do Quadro do Agrupamento de Escolas de Vagos
Professora Doutora Maria Luísa Álvares Pereira
Professora Auxiliar do Departamento de Educação da Universidade de Aveiro
Agradecimentos
Sendo este um trabalho resultante da participação e dedicação de
várias pessoas, agradeço…
À Professora Orientadora de Seminário de Investigação Educacional,
Maria Luísa Álvares Pereira, por me ter acompanhado nesta fase tão
importante da minha formação académica.
À Professora Orientadora da Prática Pedagógica Supervisionada,
Marlene da Rocha Miguéis, por todas as reflexões sobre a prática e,
apoio fundamental durante todo este percurso, por me fazer ver e
acreditar que as crianças são sempre a nossa prioridade enquanto
educadores/professores.
À educadora de infância da sala 5 do CIAQ e às suas auxiliares de
ação educativa. Em especial, ao grupo de crianças, que participou
ativamente neste projeto de intervenção, sem o qual não seria
possível a realização deste relatório.
À minha colega de estágio e amiga, Cátia Lopes, apoio diário
essencial durante o desenvolvimento deste projeto de intervenção.
Aos meus pais, pois foram eles que me deram a possibilidade de
realizar este sonho.
Ao meu noivo e ao meu irmão por me terem acompanhado ao longo
da minha formação no âmbito do ensino superior.
Às minhas amigas, Ana Reis, Catarina Costa e Filipa Covas, pela
ajuda dada e pela imensa paciência que tiveram.
À professora Margarida pelo apoio e disponibilidade demonstrados
ao longo do tempo.
A todos os familiares e amigos que, de alguma forma, contribuíram
para que este meu sonho pudesse tornar-se real.
Palavras-chave
Crianças, pré-escolar, linguagem, emergência da escrita, letras,
aprendizagem, linguagem oral, linguagem escrita
Resumo
O presente trabalho tem como principal objetivo compreender de que
forma é que o educador de infância pode despertar nas crianças o
desenvolvimento da linguagem escrita.
Este relatório aborda a aprendizagem e a aquisição da linguagem,
através da interação entre a criança ainda muito pequena e a família.
Ao mesmo tempo, antes da entrada no ensino formal, a criança
começa a formar conceções precoces sobre a linguagem escrita
manifestadas nas suas tentativas de escrita. Atualmente sabe-se que o
conhecimento do nome das letras, assim como as escritas inventadas
são cruciais para a aprendizagem da leitura e da escrita.
Desta forma, a emergência da escrita, assume, no pré-escolar, um
papel fundamental, na medida em que estimula o desenvolvimento,
na criança, de competências de escrita e de leitura essenciais à
aprendizagem da linguagem escrita.
Assim, foi implementado um projeto de intervenção que teve por
base as conceções precoces demonstradas por um pequeno grupo de
cinco crianças, com idades compreendidas entre os quatro e os cinco
anos, através de um teste inicial de avaliação das tentativas de escrita
das crianças.
Concluída a dinamização das atividades que constituíram o referido
projeto de intervenção, foi realizado um teste final, com o intuito de
verificar uma possível evolução das competências de escrita das
mesmas, através das suas tentativas de escrita. Este teste também
teve como finalidade, avaliar a adaptabilidade das atividades
dinamizadas e da qualidade da intervenção relativamente ao objetivo
primário mencionado.
Keywords
Children, preschool language, emergence of writing, letters,
learning,
oral language, written language
Abstract
This thesis study aims at understanding how it is that the
kindergarten teacher can awaken in children the development of
written language. This report addresses the learning and language
acquisition through the interaction between the young child and the
family at an early stage.
At the same time, before the entry into formal schooling, the child
begins to form early conceptions about written language expressed in
their attempts to mime and draft writing. Currently it is known that
the knowledge of the name of the letters, as well as the written
guided and invented tasks are crucial for the learning of reading and
writing.
Thus, the emergence of writing, assumes, in preschool, a key role,
since it stimulates the child development into the writing skills
essential to the learning of written language for reading.
Therefore, an intervention project was implemented and it was based
on early conceptions demonstrated by a small group of five children,
aged between four and five years, through an initial assessment
testing attempts at children's writing.
After the stimulation of activities that constituted the said
intervention project, a final test was performed in order to verify a
possible evolution and improvement of the same writing skills
through their attempts at writing. This test also aimed at assessing
the adaptability of streamlined activities and the quality of the
intervention targeting the mentioned purpose.
i
ÍNDICE
PÁGINA
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................ iv
ÍNDICE DE QUADROS ....................................................................................................... v
ÍNDICE DE GRÁFICOS ...................................................................................................... v
SIGLAS E ABREVIATURAS.............................................................................................. v
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................................................ 3
Introdução .......................................................................................................................... 3
2.1. Importância do desenvolvimento da linguagem na educação pré-escolar ............. 4
2.1.1. A primeira leitura orientada ............................................................................ 4
2.1.2. Da oralidade à escrita ...................................................................................... 6
Síntese ........................................................................................................................... 9
2.2. A emergência da linguagem escrita na educação pré-escolar .............................. 10
2.2.1. Do desenho às primeiras escritas inventadas ................................................ 10
2.2.2. Papel do educador ......................................................................................... 13
Síntese ......................................................................................................................... 17
3. CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................... 19
4. PRÁTICA PEDAGÓGICA SUPERVISIONADA ..................................................... 20
Introdução ........................................................................................................................ 20
4.1. Contextualização da Prática Pedagógica .............................................................. 20
ii
4.1.1. Caraterização da Comunidade ....................................................................... 20
4.1.2. Caraterização da instituição .......................................................................... 21
4.1.3. Caraterização da sala de pré-escolar ............................................................. 22
4.1.4. Caraterização do grupo de crianças ............................................................... 27
4.1.5. Caraterização do contexto familiar das crianças ........................................... 29
5. PROJETO DE INTERVENÇÃO ................................................................................ 32
Introdução ........................................................................................................................ 32
5.1. Objetivo geral e objetivos específicos .................................................................. 33
5.1.1. Estrutura do programa ................................................................................... 33
5.2. Aspetos metodológicos ......................................................................................... 34
5.2.1. Método utilizado ........................................................................................... 34
5.2.2. Instrumentos de recolha de dados ................................................................. 34
5.2.3. Participantes .................................................................................................. 35
5.3. Teste inicial ........................................................................................................... 35
Introdução .................................................................................................................... 35
5.3.1. Sujeitos do estudo .......................................................................................... 36
5.3.2. Descrição do teste inicial ............................................................................... 36
5.3.3. Apresentação, análise e interpretação de resultados ..................................... 37
5.3.4. Conclusões .................................................................................................... 44
5.4. Descrição, análise e reflexão crítica das sessões .................................................. 45
Introdução .................................................................................................................... 45
iii
5.5. Teste final aplicado ............................................................................................... 63
Introdução .................................................................................................................... 63
5.5.1. Descrição do teste final ................................................................................. 64
5.5.2. Apresentação, análise e interpretação de resultados ..................................... 64
5.5.3. Conclusões .................................................................................................... 71
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 72
7. REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 78
Bibliografia ...................................................................................................................... 78
Documentos Oficiais ....................................................................................................... 81
Webgrafia ........................................................................................................................ 81
ANEXOS ............................................................................................................................. 82
iv
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Identificação na porta da sala
Figura 2 – Sala Heterogénea 5 (organização do espaço)
Figura 3 – Espaço da casinha
Figura 4 – Espaço da manta
Figura 5 – Espaço da biblioteca
Figura 6 – Espaço das mesas
Figura 7 – Espaço do computador
Figura 8 – Cartões utilizados para a aplicação do teste das letras
Figura 9 – Tentativa de escrita de D2
Figura 10 – Tentativa de escrita de E
Figura 11 – Tentativa de escrita de T
Figura 12 – Tentativa de escrita de J3
Figura 13 – Tentativa de escrita de M2
Figura 14 – Tentativas de escrita por parte das cinco crianças
Figuras 15 – História “ABC” de Luísa Ducla Soares (1999)
Figura 16 – Registo fotográfico da narração da história “ABC”
Figura 17 – Desenho elaborado por uma das crianças
Figura 18 – Letra H construída com legos durante o brincar livre
Figura 19 – Ficha “Encontra as vogais e os seus esconderijos”
Figura 20 – Realização da ficha por duas das crianças do pequeno grupo
Figura 21 – Elaboração do “livro do alfabeto” por cada criança
Figura 22 – Letras utilizadas para a realização da atividade
Figura 23 e 24 – Exemplos da atividade “A árvore de natal feita com letras”
Figura 25 – Folha branca com a faixa do nome próprio
Figura 26 – O D2 a trabalhar na letra K
Figura 27 – O T a trabalhar na letra I
Figura 28 e 29 – Atividade “Aprender a soletrar o meu nome”, através de figuras com
letras minúsculas e maiúsculas
Figura 30 e 31 – Atividade “Cartaz das letras do alfabeto”
Figura 32 – Tentativa de escrita de D2
Figura 33 – Tentativa de escrita de E
v
Figura 34 – Tentativa de escrita de J3
Figura 35 – Tentativa de escrita de M2
Figura 36 – Tentativa de escrita de T
Figura 37 – Tentativas de escrita por parte das cinco crianças (teste final)
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Idades das crianças do grupo à data de conclusão da nossa intervenção
Quadro 2 – Distribuição das crianças, participantes do teste inicial, segundo o género e a
idade
Quadro 3 – Síntese da informação dos quadros do Anexo 1
Quadro 4 – Síntese da informação dos quadros do Anexo 3
Quadro 5 – Níveis evolutivos de cada criança aquando da realização dos testes inicial e
final
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Atividades extra curriculares desenvolvidas pelo grupo
Gráfico 2 – Profissões dos pais das crianças da sala 5 do CIAQ
SIGLAS E ABREVIATURAS
AEC – Atividade Extra Curricular
CEB – Ciclo do Ensino Básico
CIAQ – Centro Infantil, Arte e Qualidade
COOFUA – Cooperativa dos Funcionários da Universidade de Aveiro
DE – Departamento de Educação
DGIDC – Direção Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular
IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social
MA – Metas de Aprendizagem
ME – Ministério da Educação
MF – Meta Final
OCEPE – Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar
PPS – Prática Pedagógica Supervisionada
SIE – Seminário de Investigação Educacional
vi
UC – Unidade Curricular
UA – Universidade de Aveiro
1
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho surge no âmbito das unidades curriculares Prática Pedagógica
Supervisionada e Seminário de Investigação Educacional, as quais se inscrevem no plano
de estudos do Mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
A aprendizagem da linguagem é fundamental para podermos comunicar, obter
informação ou registar algo importante. É a através da linguagem que alcançamos cada vez
mais informação e, com ela, construímos conhecimento. Neste processo de
desenvolvimento da linguagem e aprendizagem constante por parte da criança, importa
referir que o educador é um apoio, um interveniente de alto-relevo, na medida em que
ajuda a criança na sua constante exploração do mundo envolvente. O educador assume,
igualmente, um papel fundamental nas aprendizagens das crianças, sendo que as atividades
que propõe, o seu exemplo e o seu apoio constituem verdadeiros pilares indispensáveis
para despertar uma maior motivação e o interesse das crianças. Assim, no que diz respeito
à linguagem escrita, como sustenta Mata (2008), “(…) as crianças vão progredindo nas
suas conceptualizações, sendo esta progressão resultante das oportunidades que tiveram de
interagir com o escrito, de experimentar, de reflectir, dos apoios que tiveram e das
respostas às questões que foram colocando” (p. 42). Assim, a aprendizagem da linguagem,
particularmente da linguagem escrita, é mais do que uma simples aquisição de
conhecimento, é, por exemplo, descobrir um meio de adquirir informação ou de registar
algo que queiramos perpetuar no tempo.
Consideramos, desta forma, essencial à construção deste trabalho, recorrer a vários
autores, como Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1988), a textos de apoio para educadores
de infância do ME- DGIDC, como o da autoria de Lourdes Mata (2008), e a documentos
oficiais como as OCEPE (1997). Por sua vez, no que diz respeito aos testes inicial e final,
aplicados anterior e posteriormente à dinamização das atividades delineadas, bem como a
posterior análise dos resultados, baseamo-nos, essencialmente, no trabalho de Alves
Martins e Niza (1998), Psicologia da Aprendizagem da Linguagem Escrita, e no artigo de
Lourenço e Martins (2010), Evolução da Linguagem Escrita no Pré-Escolar.
De forma geral, a nossa investigação procura compreender o papel do educador no
desenvolvimento da linguagem escrita das crianças que frequentam a educação pré-escolar,
admitindo-se que as atividades propostas, o exemplo e o apoio constituem pilares
indispensáveis para despertar-lhes o interesse e a motivação.
2
Assim, na primeira parte, apresentar-se-á a fundamentação teórica que, em traços
gerais, aborda algumas questões relacionadas com o desenvolvimento da linguagem na
educação pré-escolar, mas concretamente a emergência da escrita (isto é, a “passagem” do
desenho às primeiras escritas inventadas), considerando a importância da mediação do
educador, das primeiras leituras orientadas e da reflexão promovida acerca da relação entre
a oralidade e a escrita.
Na componente metodológica, faremos uma pequena breve alusão ao período em
que decorreu o estágio, realizado no âmbito da unidade curricular Prática Pedagógica
Supervisionada, e o estudo de campo, caraterizando a comunidade e a instituição, assim
como o grupo de crianças e respetivos familiares. No que se refere ao projeto de
intervenção propriamente dito, procederemos à descrição, à apresentação e à respetiva
análise da sua dinamização com um grupo de cinco crianças do pré-escolar, com as quais
trabalhamos na PPS A2.
Os primeiros desenhos e as consequentes tentativas de escrita são fundamentais
para as crianças desenvolverem a linguagem escrita e para que o educador tenha a
oportunidade de os observar e analisar, de maneira a elaborar e proporcionar às crianças
atividades potenciadoras da aquisição e da aprendizagem da escrita. Assim, para
compreender melhor o objeto em estudo realizamos um teste inicial que possibilitou
mapear os conhecimentos adquiridos pelas crianças e avaliar as suas primeiras conceções
de escrita. Posteriormente, a informação recolhida ajudou-nos a planificar a intervenção,
especialmente no que diz respeito às estratégias e às atividades mais ajustadas à descoberta
progressiva da linguagem escrita.
De igual modo, após a conclusão do projeto de intervenção, realizámos o teste final
(uma repetição do teste aplicado inicialmente), permitindo-nos – através de um processo de
comparação – verificar a evolução das conceções de escrita primárias. Importa, portanto,
referir que o nosso projeto de intervenção tinha como principal objetivo compreender o
papel do educador no desenvolvimento da linguagem escrita das crianças que frequentam a
educação pré-escolar, admitindo-se que as atividades propostas, o exemplo e o apoio
constituem pilares indispensáveis para despertar-lhes o interesse e a motivação.
Numa fase posterior, após a dinamização das atividades, realizámos um teste final,
que consistiu numa repetição do teste aplicado inicialmente, e que nos permitiu verificar se
3
as crianças se encontravam no mesmo nível de escrita em que estavam no teste inicial ou
se o nível era outro.
As metas de aprendizagem1 foram base crucial para a elaboração das múltiplas
planificações do programa de intervenção que, posteriormente, foi implementado e
dinamizado com o grupo de crianças.
Por último, teceremos algumas considerações finais, refletindo sobre as conclusões
que este estudo nos permitiu chegar. Refletiremos, ainda sobre algumas limitações do
trabalho, apresentando sugestões do que poderíamos ter realizado de outra forma, tendo em
conta os gostos e as necessidades das crianças.
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Introdução
A aprendizagem é uma forma de “aquisição de conhecimento que se estrutura a
partir da relação que se estabelece entre o conhecimento prévio que se possui sobre o
assunto e a nova informação que é objecto de aprendizagem” (Sim-Sim, 2001, p. 53) e, no
caso da linguagem, aplicam-se os mesmos pressupostos.
Utilizada essencialmente como instrumento de comunicação, de informação e/ou de
registo, desde a nascença que o ser humano comunica com quem o rodeia, primeiramente a
partir do choro e depois através de sons e de gestos. Como refere Sim-Sim (1998): “o
primeiro ano de vida do bebé representa um período muito importante para o
desenvolvimento da linguagem” (p. 78). Nesta fase que precede aquisição da linguagem os
sentidos, visual e auditivo, são aqueles que as crianças mais utilizam com o intuito de
compreender e de apreender a linguagem e, durante o seu desenvolvimento, vão sendo
aprimorados e os níveis cognitivo e linguístico desenvolvidos.
Considerando que é através do que vêem e do que ouvem que as crianças começam
a compreender melhor a linguagem, as experiências vivenciadas na educação pré-escolar
são extremamente benéficas para o seu desenvolvimento, até porque esta “é a primeira
1 Consultadas em: (http://metasdeaprendizagem.dge.mec.pt/educacao-pre-escolar/metas-de-
aprendizagem/metas/?area=46&level=1)
4
etapa da educação básica no processo de educação ao longo da vida” (Ministério da
Educação, 1997, p. 17). Com efeito, é nesta fase que devem ser promovidas estratégias e
situações de aprendizagem que funcionem como um suporte à estruturação do pensamento
e da linguagem, aliás competências imprescindíveis ao sucesso pessoal, educativo e
profissional.
Alusivo ao universo da linguagem na educação pré-escolar, o enquadramento
teórico que sustenta a presente investigação estrutura-se em dois capítulos, nomeadamente,
a importância do desenvolvimento da linguagem na educação pré-escolar e a emergência
da linguagem escrita no pré-escolar, sendo que o primeiro trata o desenvolvimento global
da linguagem em crianças que frequentam a educação pré-escolar (desde a importância do
conto de histórias ao processo de correlação entre a oralidade e a escrita que as crianças
experienciam nos primeiros anos de vida) e o segundo pretende relevar a emergência da
linguagem escrita, focando a evolução das produções das crianças (desde o desenho às
primeiras tentativas de escrita) e refletindo acerca do papel assumido pelo educador,
enquanto mediador do processo de aquisição e de aprendizagem da linguagem escrita.
2.1. Importância do desenvolvimento da linguagem na educação pré-escolar
2.1.1. A primeira leitura orientada
Como já tivemos oportunidade de referir, no processo de aprendizagem da linguagem, é
fundamental apreendê-la nas vertentes, oral e escrita, de forma a melhor comunicar,
informar e/ou registar. Assim, poder-se-á afirmar que “o domínio da língua é (…) o
passaporte que permite a acção e a interacção entre a nossa interioridade e as estruturas do
mundo exterior, permitindo dar um sentido ao real interior e exterior” (Sim-Sim, 2001, p.
12). Segundo Marques (1990), existem três grandes abordagens ao estudo da forma como
as crianças adquirem e desenvolvem a linguagem:
Teoria nativista de Chomsky refere que são as capacidades naturais das crianças
que ajudam a desenvolver a linguagem. Chomsky afirma que o desenvolvimento da
linguagem é um processo inato que apenas exige tempo e condições normais, dispensando
o ensino formal;
5
Teoria behaviorista, divulgada sobretudo por Becker e Engelmann, pressupõe que a
linguagem é um comportamento verbal em que a criança aprende por imitação de modelos
do adulto. A linguagem ensina-se corrigindo os erros;
Teoria desenvolvimentista, em que Brown e Cazden afirmam que as crianças
produzem palavras que nunca ouviram e compreendem frases que ouvem pela primeira
vez.
Segundo as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar, “o gosto e
interesse pelo livro e pela palavra escrita inicia-se na educação pré-escolar” (Ministério da
Educação, 1997, p. 72), embora esse estímulo também possa ser promovido no seio
familiar, a criança pode ser estimulada através dos hábitos de leitura e de escrita, através
dos seus hábitos e rotinas de leitura e de escrita.
A propósito, as primeiras narrações ocorrem muito antes do primeiro contato da
criança com os livros, geralmente veiculadas pela família próxima, podendo gerar a
imitação do simples gesto de contar, de imaginar e/ou (até) inventar uma história. Daí que
esta fase seja essencial para estimular a curiosidade e o interesse pela leitura, sendo
nomeadamente através dos livros de histórias que as crianças “descobrem o prazer da
leitura e desenvolvem a sensibilidade estética” (Ministério da Educação, 1997, p. 70).
A narração da primeira história ocorre, certamente, muito antes do primeiro contato
com os livros, pois a criança poderá ser ainda recém-nascida quando a mãe lhe conta a
primeira história, curta e simples, mas que já estimula a criança para o conto de histórias.
Esta é a primeira vinculação com a leitura, gerando uma fase em que a criança imita este
simples gesto de contar, imaginar e inventar uma história.
Esta primeira fase de imitar o conto de histórias é essencial para estimular a
curiosidade e o interesse pelo contato mais forte com a leitura que é feita a partir do livro,
nomeadamente, os livros de histórias. É através destes que as crianças “descobrem o prazer
da leitura e desenvolvem a sensibilidade estética” (Ministério da educação, 1997, p. 70). O
livro de história é, por norma, o primeiro grande contato intencionalmente estabelecido
com a linguagem escrita, pois é através dele que as crianças conhecem as primeiras
características do imaginário, ou seja, é com os contos de fadas que começam a
desenvolver a imaginação e a criatividade. Da mesma forma, se a leitura do adulto for
6
expressiva, acompanhada da exibição da ilustração e da marcação do texto com o dedo as
crianças começam a aperceber-se que, normalmente, existe uma relação entre o que se
escuta e o que está ilustrado e/ou escrito. Se a prática de contar histórias for frequente a
criança terá tendência para, sozinha, abrir o livro e contar a história. Ou seja, tende a
imitar, a experienciar por ela mesma, o comportamento observado. Neste sentido, apreende
conhecimentos relativos à linguagem não somente através do que lhe é transmitido, mas
também a partir de si mesma. Ela é capaz de observar e refletir sobre o observado, é capaz
de tirar as suas próprias conclusões e alcançar aprendizagens.
Na educação pré-escolar, a primeira leitura orientada está estritamente relacionada
com a hora do conto, no sentido em que as histórias são lidas (e manuseadas) pelo adulto
e, depois, exploradas com as crianças. Esta dinamização permite que a criança apreenda as
ideias principais e, por vezes, ajuda-a a concetualizar a realidade envolvente. De igual
forma, as capacidades de síntese também vão sendo promovidas, podendo-lhes ser
solicitado breves resumos do “ouvido” e do “visualizado”.
O processo de aquisição e de aprendizagem da linguagem é complexo e exige
contato frequente com a língua, nas suas formas oral e escrita, desenvolvendo-se ao longo
do tempo. É um processo que se desenvolve ao longo do tempo, desde a aquisição da
linguagem oral à compreensão da linguagem escrita. Ou seja, a criança desenvolve a
linguagem inicialmente a partir do choro, de gestos ou sons e, ao longo do tempo,
aprimora-a através da fala estimulada pela convivência com o adulto. De igual modo,
também a linguagem escrita pode ser estimulada no âmbito familiar, pois a “variedade de
material impresso que está a à disposição das crianças depende da família e da comunidade
em que esta se insere” (Viana, 2001, p. 29). Assim, através do contato e da exploração
frequente de suportes escritos a criança poderá descobrir que “existe uma relação entre a
oralidade e a escrita, isto é, a escrita representa a oralidade” (Zorzi, 1998, p. 51).
2.1.2. Da oralidade à escrita
A criança começa a desenvolver a linguagem oral através da interação com a
família próxima e, à medida que cresce, com pessoas de outros contextos sociais. Para
7
Sim-Sim (2008), “é através da interacção comunicativa que as crianças adquirem a língua
da comunidade a que pertencem” (p. 27) e, quando a criança compreende que aquilo que se
diz oralmente pode ser escrito (ainda que muitas vezes seja necessário proceder algumas
alterações, consciencializar-se-á da importância da leitura e da escrita para comunicar e
para desenvolver-se enquanto indivíduo.
No que respeita à oralidade, importa ainda sublinhar que a criança desenvolve
melhor a linguagem oral quando existem estímulos que fomentem o diálogo e a
comunicação oral. A criança, ao sentir necessidade de expressar-se esforçar-se-á para
comunicar mais e melhor, tornando possível que os indivíduos que a rodeiam apreendam e
compreendam a mensagem que pretende transmitir. O desenvolvimento da oralidade na
criança irá condicionar a iniciação da aprendizagem da linguagem escrita, por exemplo, no
que diz respeito à estruturação de ideias e de pensamentos. Isto é, se por um lado, o adulto
fala com outros adultos na presença da criança, esta acaba por escutar, interiorizar e, com o
tempo, familiarizar-se com o discurso oral. Por outro lado, a criança também está
constantemente rodeada de materiais escritos. A aprendizagem progressiva da linguagem
oral é o principal ponto de partida para a aprendizagem da linguagem escrita, sendo que
antes de serem capazes de compreender o princípio alfabético, “as crianças devem
entender que aqueles sons associados às letras são precisamente os mesmos sons da fala”
(Adams, Foorman, Lundberg & Beeler, 2006, p. 19).
Durante muito tempo considerou-se que a introdução à leitura e à escrita só deveria
acontecer no 1.º ciclo do Ensino Básico e, na mesma linha, as OCEPE, apenas indicam que
a “(…) aquisição e a aprendizagem da linguagem oral tem tido (…) uma importância
fundamental na educação pré-escolar (…)” (Ministério da Educação, 1997, p. 65). Embora
existam opiniões contraditórias sobre a aprendizagem da leitura e da escrita em idades
precoces, efetivamente, é “indiscutível que também a abordagem à escrita faz parte da
educação pré-escolar” (Ministério da educação, 1997, p. 65). Ou seja, tal como a
linguagem oral, a escrita é uma aprendizagem progressiva, gradual e presente nas rotinas
de qualquer criança (quer nos contextos da vida familiar, que nos contextos sociais e
culturais).
Gradualmente a criança começará a aperceber-se de que o que dizemos também se
pode escrever, por exemplo, quando vêm alguém escrever um recado ou uma nota. Este
contacto revela-se muito importante na aprendizagem da linguagem escrita, pois, por um
8
lado, as crianças começam a reconhecer visualmente o código escrito e a diferenciá-lo de
um mero desenho, por outro lado, despertando a curiosidade, neste caso, para o desejo de
aprender e de compreender a escrita.
Assim, como sustenta Martins (1994), as crianças ao confrontarem-se com a
linguagem escrita, ainda antes da entrada no 1.º ciclo do Ensino Básico, constroem
representações mentais e elaboram hipóteses explicativas que interagem com as noções
que o educador as ajudará a descobrir.
Retomando a ideia presente nas OCEPE, dever-se-á proporcionar à criança
situações que promovam e estimulem o contacto precoce com a linguagem escrita, através
da observação e da exploração de diferentes e variados suportes de escrita que poderão
existir na sala e/ou no meio circundante. Dessa forma, as crianças têm igualmente
oportunidade de visualizar as palavras e mais tarde as letras isoladamente e, assim,
começam a (re)conhecer as diferentes letras que constituem o alfabeto português. Contudo,
importa realçar que no pré-escolar “não se trata de uma introdução formal e “clássica” à
leitura e escrita, mas de facilitar a emergência da linguagem escrita” (Ministério da
Educação, 1997, p. 65). Como sustenta Mata (2008), as crianças podem desenvolver
diferentes conhecimentos sobre a linguagem escrita devido às interações, mesmo não
sendo em contextos formais, daí ser “(…)essencial que as crianças vejam frequentemente
outras pessoas a ler e a escrever” (p. 15), pois ao observarem o comportamento do adulto
tentarão imitá-lo, descobrindo-o e experienciando-o . Entre os três e os seis anos, as
crianças podem aproximar-se um pouco mais do ato de ler, sendo que a criança pode ter
uma curiosidade natural e, por si mesma, descobrir o código escrito, aprendendo a ler a
partir das marcas escritas que a rodeiam. Segundo Mata (2008),
“mais do que todas as crianças atingirem a mesma etapa, o grande objectivo da
educação pré-escolar deve ser o de proporcionar oportunidades, para que todas
possam ir explorando a escrita, brincando com a escrita, reflectindo sobre a escrita
e as suas convenções” (p. 43).
Resumidamente, se as crianças forem estimuladas e motivadas para a leitura, a
partir do conto de histórias, em que o adulto ajude-as a compreender a existência de uma
relação entre os sons e as letras, elas possivelmente serão capazes de aprender a escrever
com maior facilidade. Ou seja, as crianças ao ouvirem contos e ao relacioná-los com os
9
livros de história (imagens e texto) aprendem a distinguir o desenho do texto e a imitar as
letras, as palavras ou até as frases observadas nos livros. Estas capacidades de distinção e
de imitação são fulcrais para a aquisição e desenvolvimento da linguagem escrita, na
medida em que demonstram se a criança evoluiu no que se refere às suas produções
escritas, nomeadamente na passagem entre o desenho e as primeiras tentativas de escrita.
Síntese
A aquisição e a aprendizagem da linguagem assumem extrema importância no
desenvolvimento cognitivo, pessoal e sociocultural de qualquer criança, pois é esta função
que nos permite também expressar ideias ou opiniões, informar alguém sobre
acontecimentos importantes, exprimir sentimentos e emoções e/ou comunicar com alguém
que, por exemplo, está noutro país.
Como salienta Ferreiro (1986), “o desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem
dúvida, em um ambiente social” (p. 24), sendo nas práticas rotineiras que expomos aquilo
que sabemos no que concerne à linguagem (oral e escrita). Para que a criança conheça e
compreenda esta afinidade, a Língua Portuguesa “deverá estar presente em todos os
conteúdos” (Ministério da Educação, 1997, p. 66), pois é a partir desse contacto que as
crianças começam a conhecer e a apreender as regras de utilização da língua portuguesa.
Aprender a ler e a escrever é crucial para vivermos numa sociedade multifacetada e
envolvida em suportes escritos, em que é a linguagem que nos permite, por exemplo,
comunicar a longas distâncias ou ler informação sobre um determinado tema. Por isso,
desde tenra idade, as crianças “possuem já todo um conjunto de conhecimentos e de
representações sobre a tarefa de ler, o que implica terem pensado sobre a linguagem oral,
sobre a linguagem escrita e sobre as relações entre ambas” (Martins, 1994, p. 20). A
primeira leitura orientada é, também, um aspeto a salientar, na medida em que,
normalmente é esta primeira leitura que permite um contacto intencional com os livros. É
igualmente uma forma de as crianças compreenderem um pouco melhor a importância de
relacionar os sentidos da audição e da visão consoante o tipo de livros. Isto é, por um lado,
existem livros em que o texto e as ilustrações podem acarretar informações distintas e, por
outro lado, noutros livros o texto e as ilustrações podem ambos a mesma informação.
Diariamente podemos observar nas crianças atitudes e comportamentos que
denunciam o seu interesse relativamente à linguagem escrita e, Viana (2001) afirma que “é
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vulgar vermos as crianças de Jardim de Infância a exigirem escrever o seu nome, ou
algumas das letras que o constituem, em substituição dos símbolos com que marcavam os
seus objectos ou os seus trabalhos” (p.35). Assim, de uma forma generalizada, a
aprendizagem da linguagem oral apresenta-se como um elemento indispensável à
aprendizagem da escrita.
2.2. A emergência da linguagem escrita na educação pré-escolar
2.2.1. Do desenho às primeiras escritas inventadas
Nos dias de hoje, utilizamos a escrita em quase todas as tarefas que realizamos e,
por isso, torna-se importante transmitir à criança que “la civilización es impensable sin
escritura” (Teberosky, 1992, p. 61). Em conformidade com as Orientações Curriculares
para a Educação Pré-Escolar é comum que as crianças desenhem e, como “o desenho é
também uma forma de escrita” (Ministério da Educação, 1997, p. 69), constitui igualmente
uma forma de expressão e de comunicação. Além disso, muitas vezes reproduzem, em
simultâneo, desenhos e pequenas marcas escritas que se complementam. Isto é, por vezes
nas suas tentativas de escrita reproduzem pequenos grafismos com o intuito de apoiarem os
desenhos, tal como acontece com as legendas de uma banda desenhada.
O desenho é o primeiro passo das crianças até chegar à escrita com letras
convencionais. Como referido nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar
(1997), as crianças encontram a presença do código escrito em tudo o que as rodeia, desde
o seio familiar ao exterior, com o qual podem estar ligadas a partir da televisão ou de
outras fontes socioculturais de texto escrito. Desta forma, é fundamental que o educador
proporcione momentos de contacto e de aprendizagem associados à linguagem escrita.
Muito antes de serem capazes de ler, as crianças tentam interpretar os diversos
suportes escritos que as rodeiam (Ferreiro, 1986), pelo que é fundamental a existência e o
acesso a uma enorme variedade de textos, para que a criança tenha a oportunidade de
observar e de explorar a linguagem escrita nas suas diversas formas. Este contacto que as
crianças estabelecem com a linguagem escrita, quer em textos manuscritos quer impressos,
permite possam reconhecer as letras e o seu formato, identificar algumas palavras e/ou
pequenas frases, pois “quando a criança vive num meio rico em material impresso, ela
11
interage com este material, organizando-o e analisando os seus significados” (Viana, 2001,
p.28). Neste sentido, com o tempo e muito trabalho no domínio da linguagem, as crianças
poderão apreender que “a escrita permite recordar o dito e o vivido, mas constitui um
código com regras próprias” (Ministério da Educação, 1997, p. 70).
Assim, se existir contacto com a linguagem escrita, a criança com cerca de 3 anos,
já é capaz de “distinguir a escrita do desenho e, mais tarde, sabe também que uma série de
letras iguais não forma uma palavra, começando a tentar imitar a escrita e a reproduzir o
formato do texto escrito” (Ministério da Educação, 1997, p. 69). Desta forma, o primeiro
grande passo é levá-la a compreender a diferença entre o desenho e a escrita e que esta
exige uma manipulação mais orientada para ser capaz de delinear as primeiras pseudo-
letras. Após a fase inicial do desenho pouco explícito, nos registos gráficos das crianças em
idade pré-escolar, podemos encontrar marcas gráficas cuja forma se assemelha à das letras
que constituem o alfabeto. Estes desenhos começam a ser autênticas tentativas de escrita
quando a criança começa a querer garatujar, imitando o comportamento dos adultos.
Fazem rabiscos e formas aproximadas à das letras a que, de modo diferente, consoante o
seu grau de desenvolvimento, atribuem um significado (Martins, 1994).
Neste sentido, como sustenta Sim-Sim (2008), “(…) o contacto com a linguagem
escrita e a manipulação das unidades gráficas através da linguagem escrita vão conduzir a
progressos em relação à consciência do conceito de palavra” (p. 62). Ou seja, a criança
tentará imitar as letras e, mais tarde, compreendendo a codificação escrita, ainda que de
forma muito básica, irá ter vontade de reproduzir texto, tentando escrever algumas
palavras. No que se refere à palavra, normalmente a primeira palavra que a criança aprende
é o seu nome, em letras maiúsculas e nem sempre escrito corretamente. Contudo, o nome
próprio é algo que lhe é próximo, pois constitui um elemento da sua identidade. Por sua
vez, ao interagirem com outras crianças, muitas vezes acabam por querer aprender a
representar, através da linguagem escrita, o nome dos amigos, apreendendo novos
conhecimentos e mais formas gráficas do código escrito (Martins, 1994). No que se refere
às letras do alfabeto, “as crianças, inicialmente, constroem a noção de letra e do seu valor,
ou seja, compreendem que as letras escrevem os sons” (Zorzi, 1998, p. 97) e assim
descobrem um ponto de partida para a aprendizagem da escrita. Por sua vez, Rojo (1998)
afirma que as crianças “aprendem os nomes das letras e sabem que, no nosso sistema de
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escrita, existe, de certo modo, um princípio acrofónico: o nome das letras serve de guia
para mostrar que sons elas representam” (p. 79).
A leitura e a escrita estão intimamente interligadas, pois “hacen referencia a un
mismo hecho que es objeto de conocimiento: el texto escrito” (Esteve, 2004, p. 20) e,
como afirma o autor, ler é um processo através do qual se apreende o texto escrito e, por
sua vez, escrever é o processo que nos permite conceber o texto escrito.
Relativamente à aprendizagem da linguagem escrita, A. Martins (1994), revisita
Ferreiro (1988), informando que a “evolução das conceptualizações infantis” (p. 64) é
dividida em três fases distintas. Numa primeira fase, as crianças procuram diferenciar as
marcas gráficas, não dando qualquer ênfase às letras. A segunda fase é determinada “pela
construção de modos de diferenciação entre os encadeamentos de letras, jogando as
crianças alternadamente nos eixos de diferenciação qualitativos e quantitativos” (Martins,
1994, p. 65). Esta fase avança quando as crianças compreendem que se as palavras são
diferentes, então, quando as escrevem terão que fazer variar a posição e/ou o número das
letras de cada palavra. A terceira fase está associada à fonetização da escrita, “começando
num período silábico e acabando num alfabético” (Martins, 1994, p.66). No período
silábico, quando as crianças tentam ler o que escreveram, tendem a fazer corresponder uma
letra a uma sílaba, tendo por base sobretudo a quantidade de letras na palavra.
Posteriormente, depois de compreenderem que as letras são diferentes, que existem as
consoantes e as vogais, e que cada letra tem um nome, as crianças atingem a “etapa final
da evolução”, isto é “o acesso aos princípios de base do sistema alfabético” (Martins, 1994,
p. 67).
No que se refere às escritas inventadas, podemos referir quatro tipos que
correspondem a níveis evolutivos de produção textual (Martins & Niza, 1998):
A escrita pré-silábica em que “do ponto de vista gráfico, as crianças
utilizam letras, pseudo-letras ou algarismos para escrever” (Martins & Niza
1998, p. 72). Isto é, as crianças têm por base um número limitado de letras,
pseudo-letras ou números, que, escrevem variando-os entre palavras ou
trocando-os de posição;
13
A escrita silábica, nível em que as crianças já começam a utilizar grafemas
convencionais, as letras, sendo que cada letra “escrita”, geralmente,
representa uma sílaba “falada”;
A escrita com fonetização já é orientada por critérios linguísticos, em que as
letras são escolhidas com mais intencionalidade;
A escrita alfabética a fonetização é aprimorada e as crianças desenham as
letras não para representar as sílabas da oralidade, mas da forma correta, isto
é, estabelecendo a relação letra-som.
Importa salientar que todas as tentativas de escrita, ainda que não conseguidas,
devem ser “valorizadas e incentivadas” pelo educador (Ministério da educação, 1997, p.
69). Se as crianças tentam reproduzir uma palavra ou simplesmente uma letra, mesmo que
em termos gráficos e de orientação espacial não esteja correta, o adulto deverá “valorizar a
produção das crianças, mostrar-lhes as regras do jogo e fazê-las crer que estão conseguindo
progredir” (Zorzi, 1998, p. 108). É realmente importante que o adulto trabalhe de forma a
motivar a criança para que esta conheça e explore as capacidades que possui. No que
concerne ao livro, e sendo tão relevante para o desenvolvimento integral das crianças, é
muito importante que sejam adequados à sua faixa etária, aos seus interesses e às suas
necessidades.
Neste sentido, importa salientar o papel de mediação do educador nesta fase de
descoberta e de aprendizagem, antes da criança começar “a vivenciar situações formais de
ensino que têm por objetivo a aprendizagem da leitura e da escrita” (Zorzi, 1998, p. 17).
2.2.2. Papel do educador
O educador assume um papel primordial no desenvolvimento da criança,
nomeadamente na abordagem à linguagem escrita, na medida em que “dá voz e vez” à
mesma, pois “dar una oportunidade a que los niños piensen, significa partir de sus ideas,
reconocerles su lógica, mostrarles sus limitaciones, apontarles información nueva que les
ayude a pensar más y mejor” (Curto, Morillo & Teixidóos, 1997 a), p. 69). Isto é, o
educador deve ser capaz de escutar as crianças, proporcionando momentos em que tenham
14
a oportunidade de se expressarem, darem a sua opinião e, fundamentalmente, dialogarem
com os pares, de maneira que aprendam a aceitar e a respeitar críticas e diferentes
perspetivas. Por sua vez, “ao aluno deve ser dada a oportunidade de falar, para, pouco a
pouco, falar correctamente” (André, 1996, p. 35). Isto é, torna-se fundamental que o
educador saiba escutar as crianças, escutando o que elas já sabem e deixando que estas
digam o que pensam sem receio de serem julgadas, pois, na verdade, muitas crianças
travam a interação ou a expressão oral receando falhar ou como refúgio a uma certa
exposição perante o grupo.
De acordo com Sim-Sim (2008):
“desde o nascimento até à entrada no jardim-de-infância, um longo percurso
linguístico foi já percorrido pela criança, mas muito caminho há ainda por andar
durante os três anos que se seguem até à chegada ao 1.º ciclo da Educação Básica”
(p. 13).
Desta forma, é essencial que o educador promova o contacto com a linguagem
escrita, nomeadamente com diversos géneros. Neste sentido, o educador assume um papel
fundamental na área da escrita, tal como na oralidade e na leitura, na medida em que é ele
quem deverá criar e imaginar estratégias de ensino verdadeiramente adequadas às
características, necessidades e dificuldades das crianças.
O educador, enquanto mediador do processo de aprendizagem da leitura e da
escrita, deverá ser um exemplo a seguir, não só pelas crianças mas também pelos
familiares destas e, para isso, “é prioritário que o professor se mostre aos alunos como um
sujeito que lê e escreve cotidianamente, que se compromete a fazê-lo e obtém satisfação
em ambas as atividades” (Rojo, 2002, p. 48). Isto é, se o educador for um indivíduo que lê
frequentemente, que escreve, registando as mais variadas tarefas do seu dia-a-dia e que,
fundamentalmente, demonstre gosto e interesse por estas duas atividades, então estará a
passar a ideia de que são duas atividades extremamente úteis e gratificantes.
A criança poderá descobrir, pela primeira vez, a leitura e a escrita, no círculo
familiar, ou seja, as crianças possuem sempre conhecimentos já adquiridos que são, por
norma, adquiridos em casa. Isto é, se os pais que estiverem devidamente informados sobre
a importância de estimular os filhos para a leitura, poderão proporcionar um maior
contacto destas com os materiais escritos, pois, essencialmente, os pais e os avós, terão
15
tendência a ler e mostrar às crianças suportes escritos como histórias, receitas, listas,
bilhetes ou cartas. É, portanto, crucial que o educador considere o que a criança já sabe, até
porque “quando as crianças entram na pré-escola, suas habilidades linguísticas costumam
estar bastante desenvolvidas” (Adams, Foorman, Lundberg & Beeler, 2006, p. 31).
O educador deve também ser o principal mediador da leitura e da escrita na etapa
da educação pré-escolar, pois “al ler para los niños, no sólo les pone en contacto com
textos escritos, les muestra, además, un modelo de cómo se lee” (Curto, Morillo &
Teixidóos, 1997 b, p. 50).Em contexto de sala de aula, deverá promover momentos em que
a criança tenha tempo e espaço para contactar com material impresso, podendo observar e
explorar a sua escrita (Martins, 1994). A existência de uma biblioteca na própria sala é
muito positiva, pois proporciona momentos de leitura e de descoberta dos livros, mesmo
que não seja da hora do conto. Eventualmente, pode também ser uma medida de equidade,
considerando as ambiências familiares mais desfavorecidas, onde a criança não tem a
possibilidade de descobrir e de explorar suportes escritos.
Por outro lado, com a família, a criança poderá conhecer e explorar livros nas
bibliotecas. A criança deverá compreender que, na biblioteca, existem imensos livros e
textos escritos com os mais diversificados temas e formatos. Não meramente no seio
familiar, mas também no âmbito escolar, a frequência de bibliotecas é essencial por
permitir um maior contacto com uma diversidade de suportes escritos. É por isso de
salientar que “o contacto e frequência de bibliotecas pode também começar nesta idade, se
as crianças tiverem oportunidade de utilizar, explorar e compreender a necessidade de as
consultar e de as utilizar como espaços de recreio e de cultura” (Ministério da Educação,
1997, p. 72). Desta forma, as crianças começam a aperceber-se de que os livros podem
servir para ocupar as horas de lazer, para aprender e para alargar o horizonte cultural. Por
isso, a frequência de bibliotecas constitui uma mais-valia para a formação pessoal,
académica e profissional de qualquer indivíduo e, portanto, é extremamente vantajoso que
a criança tenha a oportunidade de conhecer e explorar as bibliotecas próximas de si.
Atendendo à faixa etária e ao nível de desenvolvimento das crianças em idade pré-
escolar, as OCEPE afirmam que as histórias, as rimas, as adivinhas e as lengalengas são as
que se revelam mais ajustadas para abordar a leitura e a escrita. Assim, o educador
efetuando uma boa leitura orientada, ajudará as crianças a compreender que as imagens das
histórias, por norma, estão associadas ao texto escrito, podendo mesmo ensinar-lhes como
16
se lê através do seu comportamento, ou seja “señala a los niños donde está el texto, resigue
com el dedo lo que va leyendo, para subrayar la correspondência entre lo que dice y lo que
está escrito, vuelve las páginas, etc” (Curto, Morillo & Teixidóos, 1997 b, p. 63). Isto é, o
educador ao ler em voz alta com o seguimento da leitura através do dedo ajudará as
crianças a compreenderem que esta deve ser feita da esquerda para a direita e de cima para
baixo, conhecendo e apreendendo, dessa forma, a sua orientação espacial, assim como
ajudará a que elas se apercebam da relação entre o que se diz e o que está escrito.
Pequenas tarefas rotineiras também podem transformar-se em valiosas atividades
de imersão na escrita e uma das práticas que o educador poderá realizar é a etiquetagem de
alguns objetos existentes na sala (brinquedos, mesas, lápis, folhas, tintas, livros, cola,
tesoura ou cantinhos). De igual forma, o educador poderá escrever diante das crianças, para
que estas possam consciencializar-se da relação entre a linguagem oral e a linguagem
escrita e compreender que o que se diz pode ser escrito. Ou seja, “ao ver o educador
escrever, a criança compreende melhor como e para que se escreve” (Ministério da
educação, 1997, p.71). No fim dos registos é fundamental que o adulto proceda à sua
leitura, com intenção de que as crianças entendam que a escrita fixa e regista a memória do
grupo (Martins, 1994). Assim, estas rotinas permitem às crianças aprenderem mais sobre a
linguagem escrita, na medida em que se vão apercebendo de “que o código oral tem uma
determinada representação escrita; que as palavras se alinham no espaço pela ordem que as
proferimos; que tudo o que se diz se pode escrever; que se escreve da esquerda para a
direita e de cima para baixo; que as letras se desenham seguindo certos percursos”
(Martins, 1994, p. 65).
Todavia, a participação do grupo em tarefas como a marcação das presenças, do
estado do tempo, do dia da semana ou o registo escrito do seu fim de semana ou de uma
saída, são altamente estimuladoras de aprendizagens, não só no que se refere aos formatos
e respetivas intenções dos textos, mas também no que respeita ao desenvolvimento do
trabalho colaborativo (Ministério da Educação, 1997).
17
Síntese
O ponto de partida para a aprendizagem da leitura e da escrita pode surgir numa
tentativa da criança imitar as rotinas quotidianas dos seus cuidadores e das pessoas com as
quais interage mais frequentemente.
Geralmente, a escrita é utilizada com um objetivo específico e, em função do
próprio contexto e do público-alvo, requer o conhecimento e a mobilização de regras e de
convenções próprias.
Teberosky (1992) refere que as crianças, anteriormente à entrada no ensino formal,
já possuem conhecimentos referentes à escrita, tal como certas convenções e, daí que, no
processo de aquisição e de aprendizagem da escrita seja fundamental “tirar partido do que
a criança já sabe” (Ministério da Educação, 1997, p. 65), pois “los niños no están vacíos.
Ni son una «tabla rasa»” (Curto, Morillo & Teixidóos, 1997 a), p. 63).
As OCEPE referem que o código escrito permite, entre outras, a partilha de
“sentimentos e emoções, sonhos e fantasias” e sendo “ também um meio de informação, de
transmissão do saber e da cultura, um instrumento para planificar e realizar tarefas
concretas” (Ministério da Educação, 1997, p. 70). Com efeito, a escrita possibilita o registo
de ideias, de sonhos, de emoções e do próprio imaginário infantil. Ora, sendo a linguagem
escrita um forte meio de comunicação, é da máxima importância que a criança contacte
com a escrita, que conheça e aprenda as suas características de forma adequada. De igual
modo, a existência de materiais escritos no seio familiar propicia a sua exploração e, por
isso, é vital que os pais e os encarregados de educação estejam devidamente informados
acerca da emergência da leitura e da escrita nesta fase.
Conforme Mata (2008), “muitas crianças, no final da educação pré-escolar, já
possuem um conhecimento diversificado sobre as funções da linguagem escrita” (p. 15),
pois, nesta faixa etária, as crianças vão contactando com todo o tipo de produções escritas,
em diversos locais e circunstâncias e, assim, vão apreendendo conhecimentos,
nomeadamente a partir da observação de comportamentos rotineiros. Contudo, para que
estes conhecimentos sejam apreendidos pela criança, é fundamental a existência de uma
forte estimulação por parte do adulto. De um modo generalizado, para que as
aprendizagens na área da linguagem escrita sejam desenvolvidas torna-se necessário “criar
um clima de comunicação em que a linguagem do educador, ou seja, a maneira como fala e
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se exprime, constitua um modelo para a interacção e a aprendizagem das crianças”
(Ministério da Educação, 1997, p. 66). Neste sentido, “numa primeira fase, a melhor ajuda
que podemos dar à criança é a de lhe proporcionar, de forma lúdica e sistemática, contacto
com material impresso” (Viana, 2001, p22), pois a criança poderá aprender mais
facilmente se aprender para que serve ler e escrever, e se compreender a relação entre a
oralidade e a escrita.
Consideramos que “o educador ocupa uma posição privilegiada de mediador da
interação da criança com a escrita” (Zorzi, 1998, p. 108). Isto é, por um lado, o educador
deverá compreender como as crianças adquirem conhecimento e, por outro lado, para ser
capaz de auxiliar a criança na sua viagem pelo “mundo das letras, ele necessita (…)
aprofundar seus próprios conhecimentos a respeito do que é a escrita: sua natureza, seus
usos e funções” (Zorzi, 1998, p. 108). O educador deverá, ao longo de todo o processo de
aprendizagem da leitura e da escrita, “estimular a los niños y niñas para que intenten
escribir, y valorar todos los intentos de escritura” (Esteve, 2004, p. 46), tendo por base os
conhecimentos já adquiridos de cada criança. De uma forma geral, podemos afirmar que
compete ao educador “assumir uma atitude pessoal e descobrir processos e materiais de
trabalho que despertem o interesse dos alunos, isto é, que os motivem” (André, 1996, p.
15) para um mundo de aprendizagens que o futuro lhes reserva.
19
3. CONTEXTUALIZAÇÃO
As crianças, aquando da sua entrada na educação pré-escolar, já possuem
conhecimentos fruto das mais variadas experiências diárias, das distintas origens culturais
e sociais, que, de certo modo, influenciarão a aprendizagem e o desenvolvimento de cada
uma. Desde muito cedo, a linguagem desenvolve-se de uma forma natural e espontânea,
pois, se por um lado, no seio familiar o sujeito começa a conhecer a Língua utilizada pelos
familiares, por outro lado, através de ambientes linguisticamente estimulantes, como a
biblioteca ou um cantinho da escrita no quarto dos brinquedos, a criança começa a sentir-se
entusiasmada e motivada para a descoberta do mundo da linguagem oral e escrita.
A relação que a criança estabelece com o adulto educador, seja ele educador
familiar ou profissional, é essencial para todo um processo de desenvolvimento cognitivo,
social e emocional. Por isso, é extremamente importante que este esteja atento ao
comportamento da criança, ouvindo-a e observando-a, de forma a perceber os seus
interesses e as suas necessidades. Assim, com base nessas observações, o adulto deverá
proporcionar ambientes linguísticos atrativos e estimulantes que despertem a curiosidade e
o interesse pela linguagem, oral e escrita.
Neste trabalho, centramo-nos na aquisição e no desenvolvimento da linguagem
escrita e, para isso, o nosso programa de intervenção comtemplou atividades que, com
frequência, visavam a leitura e a escrita de letras, de palavras ou de frases. Como sustenta
Mata (2008), “(…) é essencial que as crianças vejam frequentemente outras pessoas a ler e
a escrever (…) e que participem também regularmente nessas atividades” (p. 15), e,
enquanto alunas estagiárias, pretendemos, proporcionar momentos estimulantes e de
aprendizagem, promovendo o gosto pela leitura e pela escrita.
Desta forma, temos como principal objetivo compreender o papel do educador no
desenvolvimento da linguagem escrita das crianças que frequentam a educação pré-escolar,
admitindo-se que as atividades propostas, o exemplo e o apoio constituem pilares
indispensáveis para despertar-lhes o interesse e a motivação.
20
4. PRÁTICA PEDAGÓGICA SUPERVISIONADA
Introdução
A Prática Pedagógica Supervisionada A2 trata-se de uma UC incluída no plano de
estudos do primeiro semestre do segundo ano do Mestrado em educação Pré-escolar e
Ensino do 1.º Ciclo do Ensino Básico da Universidade de Aveiro e realizou-se numa sala
de pré-escolar do Centro de Infância Arte e Qualidade, em Aveiro, com início a 17 de
setembro e término a 20 de dezembro de 2012.
Para uma compreensão mais cabal do estudo, apresentaremos uma caraterização
geral da comunidade do contexto educativo e, de seguida, estreitamos a informação
focando-nos na instituição (contexto educativo, espaços, recursos humanos) e na sala de
pré-escolar onde decorreu a intervenção (organização do espaço e do tempo, rotinas e
funcionamento). Finalmente, centrar-nos-emos no grupo de crianças, fazendo alusão às
suas caraterísticas individuais e familiares.
4.1. Contextualização da Prática Pedagógica
4.1.1. Caraterização da Comunidade
O Centro de Infância Arte e Qualidade encontra-se localizado no Campus da
Universidade de Aveiro, na freguesia da Glória, situada na parte mais alta da cidade e
considerada tanto urbana como rural, moderna e aberta completamente ao exterior. Esta
freguesia conta com um grande património histórico e é notável o seu crescimento urbano.
Os serviços são a principal fonte geradora de emprego, sendo a população, na sua grande
maioria, jovem, em parte, devido às instituições universitárias que se localizam na zona.
21
4.1.2. Caraterização da instituição
O CIAQ é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), fundada em
1980 por pais e funcionários do Hospital Distrital de Aveiro, e que à data que funcionava
apenas com a valência de ATL nas instalações cedidas pelo hospital.
Atualmente, a sua sede encontra-se no Campus Universitário de Santiago, na
Universidade de Aveiro, dispondo de dois pólos, o primeiro no edifício sede e o segundo
junto à entrada norte do Campus. A Instituição engloba diversas valências (creche, jardim-
de-infância e ATL) e encontra-se aberta todos os dias úteis da semana no horário das 8
horas às 19 horas e 30 minutos.
O edifício sede é relativamente recente, com um ambiente agradável e acolhedor,
sendo constituído por dois pisos, funcionando a creche na ala sul e o jardim-de-infância na
ala norte. No que respeita aos espaços destinados a esta última valência, existem duas salas
de atividades, três instalações sanitárias, um refeitório, um salão polivalente, uma oficina
de expressão plástica, um recreio e duas salas de arrumação.
O salão polivalente, a cozinha, a secretaria, a sala de reuniões/pessoal, o gabinete
de gestão, a lavandaria e as instalações sanitárias dos adultos, são espaços de utilização
comum. O espaço exterior é amplo e com boas condições para as crianças se divertirem.
Quanto às questões da alimentação, é de salientar que as ementas são elaboradas de acordo
com as necessidades específicas de cada faixa etária e, sempre que se justifique, é possível
preparar uma refeição alternativa à que se encontra prevista.
A gestão da Instituição é feita através de corpos gerentes, cujas funções se
encontram discriminadas nos estatutos organizados de forma hierarquizada. O organigrama
do CIAQ compreende os órgãos de Direção e Gestão, o Conselho de Coordenação
Pedagógica subdividido por cada valência (Creche, Jardim-de-infância e ATL) e, por fim,
a Educadora e a Assistente Operacional.
No que concerne aos recursos humanos, o CIAQ dispõe de um elemento da direção
técnica, três coordenadoras (uma por cada valência) no âmbito da coordenação pedagógica,
dez educadoras de infância (igualmente repartidas em creche e em pré-escolar), uma
técnica de artes plásticas, vinte e nove ajudantes de ação educativa (catorze em creche, dez
em pré-escolar e cinco em ATL), uma cozinheira, uma costureira, um motorista de
pesados, um motorista de ligeiros, uma encarregada do sector, uma escriturária e uma
auxiliar de serviços gerais.
22
4.1.3. Caraterização da sala de pré-escolar
A nossa intervenção decorreu na sala heterogénea (Figura 1). A sua organização
privilegiava seis espaços (casinha, manta, jogos, biblioteca, computador e mesas de
trabalho), onde as crianças podiam encontrar diversos materiais para exploração livre e/ou
orientada (Figura 2).
Figura 1 – Identificação na porta da sala
23
Figura 2 – Sala Heterogénea 5 (organização do espaço)
No espaço da casinha (Figura 3), as crianças tinham a possibilidade de transportar
as suas vivências, interagindo com o próprio espaço e umas com as outras. Ao seu dispor,
tinham recursos como as roupas, a cama, o fogão, os bonecos, entre outros. Era um espaço
explorado por todas as crianças e, ali, desenvolviam a sua imaginação que, por vezes, ia
além da ideia daquele espaço representar apenas uma casinha.
24
Figura 3 – Espaço da casinha
No espaço da manta (Figura 4), observámos que se tratava de uma zona onde as
crianças se reuniam para dialogar com a educadora, ouvir uma história, cantar uma música,
ou partilhar as vivências diárias. Durante o brincar livre, as crianças podiam brincar na
manta com os diversos recursos (legos, blocos, revistas, entre outros) que se encontravam
arrumados em caixas acessíveis.
Figura 4 – Espaço da manta
Outro espaço que merece destaque é a biblioteca (Figura 5), onde as crianças
podiam encontrar alguns livros de histórias. Esta área era utilizada com alguma frequência
durante o brincar livre, o que consideramos de extrema relevância por permitir o contacto
com suportes escritos. Através dos livros as crianças conhecem a dimensão textual e
25
relacionam-se com ela, abrindo, assim, novos horizontes para a aquisição e aprendizagem
da linguagem escrita num futuro próximo.
Figura 5 – Espaço da biblioteca
O espaço das mesas (Figura 6) constituía um apoio transversal para diversas
atividades livres e orientadas em pequeno grupo.
Figura 6 – Espaço das mesas
O espaço do computador (Figura 7) era a preferida da maioria das crianças,
disponibilizando vários jogos didáticos consoante a sua faixa etária e permitindo-lhes
contactar com as novas tecnologias.
26
Figura 7 – Espaço do computador
Para além da sala, o espaço exterior era bastante apreciado pelas crianças. Era
amplo, tinha um parque infantil e ainda uma vasta área que não possuía quaisquer
obstáculos, o que possibilitava às crianças uma livre movimentação. Segundo as OCEPE
(1997), “o espaço exterior do estabelecimento de educação pré-escolar é igualmente um
espaço educativo” (p.38) que merece a mesma atenção por parte do educador que o espaço
interior.
Relativamente à rotina, apresenta-se como uma prática educacional presente em
todos (quase todos) os jardins-de-infância e constitui a base das atividades que são
desenvolvidas. Importa salientar que algumas já frequentavam a instituição e que a maioria
era extrovertida e, talvez por isso, aderissem favoravelmente às atividades propostas.
As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (1997) fazem uma breve
alusão à rotina diária, admitindo que é “educativa porque é intencionalmente planeada pelo
educador e porque é conhecida pelas crianças que sabem o que podem fazer nos diferentes
momentos e prever a sua sucessão, tendo a liberdade de propor modificações” (p. 40).
Neste sentido, a criança ao interiorizar a sequência da rotina, conseguirá organizar o seu
tempo e as suas atividades de forma mais independente. Por sua vez, o papel do educador
nos diferentes momentos da rotina diária é tido em conta, nomeadamente na preparação do
contexto educativo. As Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (1997, pp.
25-28) deixam algumas diretrizes globais para o educador, salientando a importância de
observar, de planear, de agir, de avaliar e de comunicar.
27
Voltando à nossa intervenção, no que concerne à rotina diária, as crianças
exploravam livremente a sala até às 9 horas e 40 minutos. O brincar livre é essencial para
experienciar-se o pensar, o falar e o interagir, pelo que o educador pode observar a
manifestação da aprendizagem da criança e perceber os seus interesses e, assim, planear e
avaliar com mais eficiência as atividades. O brincar é mais do que uma distração: através
da brincadeira, a criança coloca-se no espaço em que vive, constrói a ideia de si e do outro,
experimenta, fala, age, interpreta, interage, ou seja, desenvolve habilidades essenciais para
uma melhor compreensão do mundo que a rodeia.
Posteriormente, as crianças reuniam-se na manta para comer o pão, enquanto
conversavam entre si e com a educadora sobre diversos assuntos (espontâneos e/ou
sugeridos pela educadora). Por vezes, este momento na manta destinava-se ao conto de
uma história e respetiva exploração. De seguida, as crianças tinham atividades orientadas
nas mesas e, uma vez terminada, voltavam ao brincar livre e espontâneo. Por volta das
11horas e 45minutos, a educadora reunia novamente o grupo na manta, onde costumavam
ouvir e cantar uma música. Pelas 12horas as crianças preparavam-se para irem à casa de
banho e, depois, dirigiam-se para o refeitório para almoçarem.
Ao início da tarde, as crianças mais velhas encontravam-se na sala, enquanto as
mais novas dormiam a sesta. Até as crianças mais novas acordarem, por volta das 15horas,
a educadora sugeria atividades dirigidas ao pequeno grupo. Quando os mais novos
regressavam à sala, a educadora estimulava as crianças para que estas dedicassem o
restante tempo ao brincar livre, até perto das 16horas, a hora do lanche.
4.1.4. Caraterização do grupo de crianças
A sala heterogénea 5 integrava inicialmente 22 crianças: duas crianças de 2 anos;
cinco crianças de 3 anos; onze crianças de 4 anos e quatro crianças de 5 anos. À data da
conclusão da nossa intervenção, o grupo era composto por sete crianças de 3 anos; oito
crianças de 4 anos e sete crianças de 5 anos (Quadro 1). Os nomes das crianças foram
codificados para garantir as questões relacionadas à ética e confidencialidade das mesmas
enquanto participantes deste estudo. Para tal, o critério utilizado foi simples, utilizar a
inicial do nome de cada criança, sendo a ordem numérica (quando aplicada)
correspondente à ordem alfabética das iniciais dos nomes.
28
Nome Idade (em anos)
A 3
B 3
C1 4
C2 3
D1 3
D2 5
D3 4
E 5
F 5
G 3
H 4
I 4
J1 4
J2 4
J 5
M1 4
M2 5
M3 5
M4 3
R1 4
R2 3
T 5
Quadro 1 – Idades das crianças do grupo à data de conclusão da nossa intervenção
No decorrer da PPS, tivemos oportunidade de apurar que as relações estabelecidas
entre o grupo e os adultos eram bastante positivas e que o trabalho de integração realizado
pela educadora e pelas auxiliares tinha sido profícuo. Assistimos e intervimos na adaptação
das crianças de dois e de três anos, que aconteceu de forma gradual e progressiva,
constatando-se que esta nova fase foi mais difícil para umas do que para outras.
Na generalidade, o grupo apresentava níveis de bem-estar emocional e de
implicação elevados, sendo notável o esforço e dedicação por parte dos adultos desta sala,
nomeadamente da educadora e das auxiliares (Quadro 2). Os adultos, tal como as crianças,
foram codificados para garantir as questões relacionadas à ética e confidencialidade. O
critério utilizado foi, igualmente, utilizar a inicial do nome de cada pessoa.
Nome Função
29
E Educadora
I Auxiliar N Auxiliar
Quadro 2 – Função dos adultos da sala
As crianças participavam de forma ativa nas atividades propostas, e a grande
maioria também usufruía das atividades extracurriculares existentes (Gráfico 1), desde que
houvesse autorização dos seus encarregados de educação.
0
2
4
6
8
10
12
Natação Karaté Música Dança
Natação
Karaté
Música
Dança
Atividades Extra Curriculares
Gráfico 1 – Atividades extra curriculares desenvolvidas pelo grupo
No que concerne à alimentação, entendemos ser relevante o facto de todas as
crianças se alimentavam autonomamente e, algumas delas, até utilizavam garfo e faca.
Depois do almoço, grande parte das crianças do grupo – cerca de quinze – faziam a sesta2.
4.1.5. Caraterização do contexto familiar das crianças
A idade pré-escolar é primordial na aquisição e no desenvolvimento de competências
e de aprendizagens aos mais variados níveis, pelo que é da máxima importância que as
2 Até aos três anos é obrigatória a sesta após o almoço e, depois dessa idade, isso já não é suposto, embora
com a devida autorização dos pais, se possa fazer.
30
crianças se sintam apoiadas e motivadas pelos pais e respetivas famílias. Por sua vez, a
relação entre pais e educadora é igualmente fundamental, na medida em que poderão
partilhar ideias e opiniões para proporcionarem um ambiente de qualidade às crianças.
Neste sentido, no que diz respeito ao contexto familiar do grupo e tendo por base os
processos individuais, julgamos importante salientar que a grande maioria das crianças vivia
com os pais e um irmão, existindo, porém, quem vivesse com mais familiares ou então
apenas com um dos progenitores. Todos os pais afirmavam brincar com as crianças, pois
consideravam indispensável que os filhos usufruíssem de momentos de diversão e
aprendizagem não só no contexto educativo mas também em casa. Ora, o brincar com os
filhos é fundamental para acompanharem as grandes descobertas deles no mundo da
linguagem escrita.
Consideramos relevante o facto de o grupo ser proveniente de famílias da classe
média-alta, cujos pais se apresentavam muito disponíveis para apoiar a educação dos filhos.
É essencial que exista um bom relacionamento e, sobretudo, que exista tempo para
conversarem, questionarem-se e refletirem sobre os gostos, os interesses e as dificuldades das
crianças por quem se responsabilizam. Na sua maioria, os pais das crianças eram
engenheiros, professores ou técnicos de diversas áreas, trabalho, na generalidade junto à área
da instituição. Importa referir que o facto de serem pessoas com cursos superiores (Gráfico
2), por norma, significa que são indivíduos com hábitos diários de leitura e de escrita.
31
27%
20%15%
2%2%
2%2%
2%
7%
2%2% 2% 2%
2% 2%2% 2%
Profissões dos Pais
engenheiro
professor
técnico
empresário
secretário
dentista
formadora
directora financeira
investigador
operador de manobra
administrativa
música
oficial de justiça
locutor de rádio/jornalista
advogada
cozinheiro
pós doutoramento
Gráfico 2 – Profissões dos pais das crianças da sala 5 do CIAQ
No que respeita à escolha do CIAQ, os pais apresentavam como principais motivos
a sua qualidade, bem como o profissionalismo dos educadores e dos funcionários, as boas
instalações, as boas referências feitas sobre a instituição; e, na grande maioria, a
proximidade com o local de trabalho.
32
5. PROJETO DE INTERVENÇÃO
Introdução
Relativamente ao projeto de intervenção em si, como já referimos anteriormente, o
principal objetivo foi compreender o papel do educador no desenvolvimento da linguagem
escrita das crianças que frequentam a educação pré-escolar, admitindo-se que as atividades
propostas, o exemplo e o apoio constituem pilares indispensáveis para despertar-lhes o
interesse e a motivação.
O grupo de estudo foi constituído por cinco crianças de cinco anos, sendo que,
sempre que possível, as atividades foram estendidas ao grande grupo da sala.
Começaremos por apresentar os testes iniciais aplicados e a análise dos resultados
obtidos. Estes testes foram realizados com o intuito de recolher dados acerca dos
conhecimentos prévios das crianças apresentam no que se refere ao reconhecimento do
nome das letras e à capacidade de reproduzir palavras escritas (da forma que entendessem).
A análise dos resultados foi essencial para delinear, posteriormente, um programa de
dinamização com atividades adequadas e potenciadoras do desenvolvimento da linguagem
escrita, nomeadamente através do contacto com as letras através dos mais diversificados
suportes escritos.
Desta forma, descreveremos o programa do projeto de intervenção, fazendo
referência ao número de participantes, à dinâmica de trabalho aplicada e analisando e
refletindo sobre os níveis de envolvimento de cada criança no decorrer das atividades,
sobre a nossa intervenção enquanto alunas-estagiárias, e, ainda, sobre os resultados obtidos
em cada atividade. Posteriormente apresentaremos o teste final que foi aplicado com o
intuito de avaliar o impacto do programa do projeto de intervenção e, ainda, se possível,
verificar, se houve progressão no que se refere ao reconhecimento do nome das letras. E,
por último, apresentaremos algumas sugestões de atividade, no âmbito do objetivo central
deste projeto de intervenção, ou seja, o do desenvolvimento da linguagem escrita.
33
5.1. Objetivo geral e objetivos específicos
O projeto de intervenção teve como objetivo geral o desenvolvimento da linguagem
escrita em crianças com cinco anos. Este objetivo geral subdivide-se em objetivos
específicos: avaliar a linguagem escrita de crianças de cinco anos de idade, para preparar e
executar um programa de atividades promotor da aquisição e do desenvolvimento de
competências de literacia; dinamizar um conjunto de atividades pretendendo despertar o
gosto e o interesse das crianças para a aprendizagem da leitura e da escrita e, realizar, após
a implementação das atividades, uma nova avaliação dos conhecimentos da linguagem
escrita adquiridos pelas crianças.
5.1.1. Estrutura do programa
Tendo como alvo de intervenção o grupo de crianças de cinco anos, pretendemos:
Despertar o gosto e o interesse para a aprendizagem da leitura e da escrita,
essencialmente através do conto e do reconto de histórias, da realização de
pequenos teatros e da elaboração de cartazes alusivos aos mais diversificados temas
abordados ao longo do ano letivo;
Proporcionar momentos de convívio, de aprendizagem e de brincadeira, através dos
quais as crianças sejam estimuladas a compreender a importância da linguagem
escrita, de maneira que as atividades programadas se tornem uma descoberta e não
apenas uma obrigação;
Relacionar a escrita, nomeadamente as letras, com as mais variadas atividades
desenvolvidas no pré-escolar, através de tarefas como a etiquetagem, a escrita de
legendas nos desenhos de cada criança, a elaboração de cartazes, receitas, recados
ou cartas;
Incentivar e valorizar as tentativas de escrita das crianças (dos seus nomes, dos
nomes dos colegas e/ou familiares, e de outras palavras sugeridas pelas crianças ou
associadas aos temas trabalhados);
Motivar os familiares de cada criança, nomeadamente os pais e os avós, para
proporcionarem momentos de aprendizagem, por exemplo, através da partilha de
34
tarefas como ler uma revista ou um jornal, redigir uma lista de compras ou escrever
uma carta a um amigo;
Despertar nas crianças o interesse em conhecer as letras do alfabeto, assim como
compreender que a uma letra associa-se geralmente um som e que essa relação é
essencial para se aprender a ler e a escrever;
Promover competências de literacia, com vista à aquisição e à aprendizagem da
linguagem escrita, nomeadamente no que se refere ao reconhecimento e nomeação
das letras do alfabeto português e às tentativas de escrita.
As sessões de atividade realizaram-se na sala de acolhimento, ora em grande grupo, ora
em pequeno grupo (só com as crianças de cinco anos), de forma a trabalhar num ambiente
mais calmo e harmonioso.
5.2. Aspetos metodológicos
5.2.1. Método utilizado
A metodologia utilizada no presente trabalho foi qualitativa com caraterísticas de
investigação-ação. Baseamo-nos numa observação da realidade no contexto para elaborar
um programa de atividades cuja dinamização pretendia ajudar a desenvolver e a melhorar
os conhecimentos das crianças (para posterior verificação da evolução dos resultados
obtidos antes e depois da realização das atividades).
5.2.2. Instrumentos de recolha de dados
Os dados recolhidos derivam essencialmente dos testes inicial e final. Os
instrumentos de recolha de dados utilizados foram essencialmente os registos fotográficos
(fotografias de momentos e trabalhos das crianças) e os registos escritos (breves anotações
realizadas por nós relativamente aos diálogos das crianças, questões e dúvidas apresentadas
no decorrer da implementação do projeto de intervenção). Por sua vez, também as
reflexões realizadas, individualmente (no final de cada dia), com a colega de estágio e a
coorientadora (semanalmente) ou com as orientadoras de PPS e de SIE (realizadas com
alguma frequência, sempre que necessário), constituíram um instrumento de recolha de
dados, na medida em que nos permitiram refletir e (re)pensar estratégias utilizadas até
então.
35
5.2.3. Participantes
Embora o grupo fosse constituído por vinte e duas crianças, optamos por recolher
os dados apenas das crianças dos cinco anos, isto é, aquelas crianças que estavam no seu
último ano da educação pré-escolar. Contudo, importa salientar que embora os dados
recolhidos e apresentados ao longo do trabalho constem apenas da participação de cinco
crianças, sempre que possível, as atividades foram alargadas ao grande grupo e integradas
nas atividades planeadas para todo o grupo, consoante o nível de dificuldade, o ritmo e a
predisposição das crianças.
Em vinte e duas crianças, na data da realização dos testes iniciais (14 de novembro
de 2012), duas crianças tinham dois anos, cinco crianças tinham três anos, dez crianças
tinham quatro anos e quatro crianças tinham cinco anos. Foram selecionadas as sete
crianças que, até ao final do ano de 2012, completariam os cinco anos (nascidos em 2007).
No entanto, os dados recolhidos e apresentados são referentes à participação de apenas
cinco crianças: D2, E, J3, M2 e T. Este decréscimo no número de participantes prende-se
com a exclusão dos trabalhos de duas das crianças por diferentes motivos. F mudou de
instituição durante o ano letivo. M3 também não realizou todas as atividades, devido a um
pequeno atraso no desenvolvimento da linguagem.
5.3. Teste inicial
Introdução
Tendo por base a ideia de que as crianças em idade pré-escolar têm conceções
precoces relativamente à linguagem escrita e que essas são fundamentais para a
aprendizagem da escrita e da leitura, e baseadas em Alves Martins e Niza (1998), e o artigo
de Lourenço e Alves Martins (2010), selecionamos e ajustamos duas situações. A primeira
referente a tentativas de escrita, para conseguirmos avaliar o tipo de escrita de cada uma
das crianças e, a segunda, relacionada com o reconhecimento do nome das letras.
A realização dos testes decorreu em novembro de 2012 e em janeiro de 2013 e a
sua aplicação teve como objetivo permitir a comparação das avaliações dos referidos testes
de forma a verificar se as atividades propostas e uma pré-disposição do educador
proporcionaram uma evolução gradual quer no (re)conhecimento das letras quer no tipo de
escrita que produz.
36
5.3.1. Sujeitos do estudo
Como pretende elucidar o quadro 2, o grupo que participou na aplicação do teste
inicial era constituído por cinco crianças, três do género feminino e dois do género
masculino. Aquando da sua realização, duas crianças tinham quatro anos e três tinham
cinco anos de idade.
Crianças
Género Feminino Idade (em anos) Género Masculino Idade (em anos)
E 5 D2 4
J 3 4 T 5
M 2 5
Quadro 2 – Distribuição das crianças, participantes do teste inicial, segundo o género e a
idade
5.3.2. Descrição do teste inicial
Como já mencionamos, o teste inicial foi aplicado em novembro de 2012 e integrou
dois momentos. No primeiro apresentamos de forma aleatória as diferentes letras do
alfabeto português3, ora em maiúsculas ora em minúsculas, em cartões (Figura 8). De
seguida, solicitamos a cada uma das cinco crianças que nos dissessem se reconheciam (ou
não) cada letra e, em caso afirmativo, se sabiam nomeá-la. Em traços gerais foram
realizadas questões como: “Sabes o que é isto?”, “É uma letra?”, “Conheces esta letra?”,
“Sabes como se chama esta letra?”, “Como se chama?”, com o intuito de perceber se as
crianças tinham algum contato com as letras, se as reconheciam como tal e se as sabiam
identificar.
3 O novo acordo ortográfico comtempla 26 letras (incluindo “k”, “w” e “y”), mas para este estudo foram
consideradas apenas 24 letras (optamos por excluir as letras “w” e “y”), sendo a letra “k” incluída pelo facto
de as crianças já a conhecerem devido à AEC do karaté.
37
Figura 8 – Cartões utilizados para a aplicação do teste das letras
No segundo momento, tendo por base o artigo Evolução da Linguagem Escrita no
Pré-escolar de Lourenço e Alves Martins (2010), solicitamos a cada criança que
escrevesse, da forma que soubesse, algumas palavras: “ave”, “boi”, “formiga”, “iogurte”,
“urso”, “zebra” e “zebras”. Com esta tarefa queríamos verificar em qual dos quatro tipos
de escrita que correspondem a níveis evolutivos de produção textual (Martins & Niza,
1998) se encontrava cada criança.
Após a aplicação do teste inicial, concluímos que as cinco crianças reconheciam
pelo menos 10 letras do alfabeto português, sendo que apenas três crianças conseguiam
nomear o mesmo número de letras. No que concerne à escrita inventada, pudemos verificar
que quase todas as crianças se encontravam acima do nível de escrita pré-silábica.
5.3.3. Apresentação, análise e interpretação de resultados
De seguida, apresentaremos a análise dos resultados obtidos no teste inicial.
1.º Momento:
Relativamente ao primeiro momento do teste inicial, conseguimos verificar quais as
letras do alfabeto que as crianças reconheciam e aquelas que sabiam nomear. Desta forma,
através dos quadros disponíveis no Anexo 1, podemos observar as letras reconhecidas por
cada criança, maiúsculas e minúsculas respetivamente.
38
Nome do participante Teste inicial4
D2
Maiúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
mais 10 consoantes; não conhece apenas 7
letras
Minúsculas: conhece e nomeia apenas 2
vogais e mais 8 consoantes; não conhece 12
letras
E
Maiúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
mais 10 consoantes; não conhece 4 letras
Minúsculas: conhece e nomeia apenas 3
vogais e mais 8 consoantes; não conhece 11
letras
J3
Maiúsculas: conhece e nomeia apenas 3
vogais e mais 6 consoantes; não conhece 14
letras
Minúsculas: conhece e nomeia apenas 3
vogais e mais 4 consoantes; não conhece 17
letras
M2
Maiúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras exceto a letra Q
(que não se lembrado nome)
Minúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
mais 12 consoantes; não conhece 3 letras
T
Maiúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
mais 4 consoantes; não conhece 13 letras
Minúsculas: conhece e nomeia apenas 3
vogais e mais 3 consoantes; não conhece 16
letras
Quadro 3 – Síntese da informação dos quadros do Anexo 1
4 O número de letras em falta corresponde ao conjunto de letras que as crianças conhecem mas não são
capazes de nomear, por não saberem o nome ou por simples esquecimento do mesmo.
39
Numa avaliação inicial, podemos constatar que, em geral, a maioria das crianças
reconhecem as cinco vogais, essencialmente quando estas estão na sua forma maiúscula.
M2 destaca-se por ser o único participante do nosso público-alvo a conhecer todas as letras
e a saber nomeá-las (quase) todas.
2.º Momento:
No segundo momento, as crianças realizaram as suas tentativas de escrita, tendo por
base as palavras que lhes havíamos dito. A grande maioria do grupo afirmou não ser capaz
de executar a tarefa, mas todos tentaram fazê-la.
A análise das tentativas de escrita será apresentada por nível de escrita evolutivo,
isto é, do nível de escrita pré-silábico ao de escrita alfabético, definidos por Alves Martins
e Niza (1998, pp. 64-74).
Apenas uma criança encontrava-se no nível pré-silábico (D2) na medida em que
utiliza as letras e pseudo-letras, sem que exista intencionalidade da sua posição (Figura 9).
De igual modo, escreve essencialmente com as letras que constituem o seu nome ou outras
que lhe são familiares, não estabelecendo, ainda, uma relação entre letras e sílabas.
Figura 9 – Tentativa de escrita de D2
As restantes quatro crianças revelaram encontrar-se no nível silábico, uma vez que
escreveram as letras associadas essencialmente às sílabas, isto é, escreveram as palavras
pedidas, tendo por base as sílabas como unidade oral.
40
E teve por base as sílabas como unidade do oral para a escrita das palavras pedidas,
pois, numa fase em que as crianças ainda não são capazes de associar cada letra ao som
correspondente, se tiver “algum conhecimento sobre o valor sonoro de algumas letras vai,
no geral, utilizá-lo para a representação da sílaba” (Viana, 2001, p. 38). Quase sempre foi
capaz de escrever as vogais que constituem a palavra, com exceção das palavras “boi” e
“urso”. Nas palavras “boi” e “zebra”, a criança trocou letras semelhantes, nomeadamente
entre “p” e “b” e entre “z” e “s”, o que acontece em crianças “por volta dos 5 ou 6 anos,
que ao tentarem escrever ou reproduzir letras, invertem ou espelham a posição das mesmas
no espaço” (Zorzi, 1998, p. 94), Quanto ao “m” escrito para representar a palavra “zebras”,
a criança E justifica, quando questionada, que representa o plural, isto é “muitas zebras e
não só uma”.
Figura 10 – Tentativa de escrita de E
T também relacionou as sílabas com a palavra como unidade do oral, escrevendo
basicamente as vogais, esquecendo-se de uma ou outra, especificamente nas palavras
“urso” e “zebra”. Verificamos a existência da troca entre as letras “e” e “s” e entre “s” e
“z”. Por outro lado, também existe alguma confusão entre o “o” e o “u”, porque, segundo a
criança, diz-se “ú” e não “ó”, demonstrando, assim, que conhece somente o som que
corresponde ao nome da letra e não os restantes sons que essa letra pode ter. Não se
lembrando de como representar o “e”, a criança optou por desenhar a letra “u” em sua
substituição. Tal como E, também T sabe que “zebra” e “zebras” não se escrevem da
41
mesma forma, representando o plural através do “s”, mas contrariamente ao que seria
correto, no início da palavra.
Figura 11 – Tentativa de escrita de T
J3 encontra-se um pouco mais atrasada dentro deste nível evolutivo de escrita,
sendo que ainda não é capaz de escrever todas as vogais que constituem as palavras. A
criança troca as letras “e” e “r”, “g” e “z” e, também, “s” e “t”. Contrariamente às crianças
referidas anteriormente, a J3 foi capaz de desenhar a letra “z” sem a confundir com a letra
“s”. Embora tenha detetado a existência do plural na palavra “zebras”, também não foi
capaz de representá-lo devidamente, desenhando a sobreposição das letras “r” e “x”.
42
Figura 12 – Tentativa de escrita de J3
M2 demonstrou ser a criança com maior facilidade em conhecer as letras e atribuir-
lhes o nome, mas o mesmo não aconteceu no que se refere às sílabas, pois ao ser
questionada pela educadora, revelou que a sua dúvida seria o facto de uma mesma letra,
em determinadas palavras, ter mais do que um som. Na palavra “ave”, a letra “e”, para a
menina, era representada pela letra “i”. Tal como E, também M2 faz confusão entre as
letras “b” e “p”, fazendo uma inversão destas. Do mesmo modo que J3, também M2
confundiu o “o” com o “u” por uma questão de som, isto é, de conhecer apenas o som
referente ao nome da letra. Esta criança representou as letras das palavras “zebra” e
“zebras” de forma refletida/espelhada, acrescentando ainda a letra “c”, também refletida,
nas palavras referidas. Relativamente ao plural, na palavra “zebras” M2 apresenta a letra
“x” sobreposta num traço, afirmando que esta sobreposição representa o plural, sendo isso
que distingue a palavra “zebra” de “zebras”.
43
Figura 13 – Tentativa de escrita de M2
De um modo geral pudemos verificar que a maioria das crianças se encontra no
nível silábico, utilizando letras para representar sílabas, sendo raros os casos em que as
crianças colocassem as letras nas posições corretas, como aliás já esperávamos.
44
Figura 14 – Tentativas de escrita por parte das cinco crianças
5.3.4. Conclusões
A partir da análise apresentada, concluímos que tanto no reconhecimento e
nomeação das letras, como nas tentativas de escrita, as crianças se encontravam em níveis
semelhantes, existindo uma ou outra cujos resultados dos testes a distanciavam do nível
alcançados pelos colegas.
Segundo Rojo (2002), “o processo de aprendizagem do sistema de escrita tem
certas características de ordem quantitativa (quantas letras pode levar uma palavra) e de
ordem qualitativa (quais letras deve levar uma palavra)” (p. 29) e estas caraterísticas são
visíveis se compararmos, por exemplo, as tentativas de escrita de D2 com M2. D2 coloca
um determinado número de letras em cada palavra, sem que esteja associado ao número de
sílabas ou ao tamanho/quantidade dos animais. Por sua vez, M2 tenta estabelecer uma
ligação letra-sílaba. No que diz respeito ao aspeto qualitativo, M2, ao contrário de D2,
seleciona as letras tendo por base o nome de cada uma delas.
45
5.4. Descrição, análise e reflexão crítica das sessões
Introdução
Tendo por base a fundamentação apresentada ao longo deste trabalho e após a
aplicação do teste inicial, apresentaremos as atividades realizadas durante o período de
intervenção relativo à unidade curricular de PPS A2, especificamente entre os meses de
novembro de 2012 e janeiro de 2013 (Anexo 2). As atividades foram delineadas tendo por
base o tema deste trabalho, os conselhos e as propostas da educadora de infância
responsável pelo grupo e as observações realizadas antes do início da intervenção. Ao
longo do trabalho, a entidade dos participantes estará obviamente protegida, por questões
de confidencialidade, sendo utilizados nomes fictícios.
As atividades foram organizadas e implementadas em cinco sessões ao longo de
oito dias. E todas as escolhas foram feitas em equipa e de acordo com o tema da UC de
SIEA2 e das necessidades e vontades apresentadas pelas crianças na fase de observação.
Desta forma, começaremos por assinalar as sessões de intervenção e as suas
respetivas datas. De seguida, apresentaremos as áreas de conteúdo que suportaram a
preparação das atividades. Por outro lado, descreveremos, ainda que de forma sucinta, cada
sessão de atividades e também faremos reflexões sobre cada sessão, nomeadamente sobre a
participação das crianças e a nossa intervenção, enquanto alunas-estagiárias.
Primeira sessão – 27 e 28 de novembro
Áreas de conteúdo/domínios explorados:
Domínio: Reconhecimento e Escrita de Palavras
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe isolar uma letra;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece algumas letras;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança escreve o seu nome.
Domínio: Conhecimento das Convenções Gráficas
46
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que a escrita e os desenhos
transmitem informação;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece o sentido direcional da
escrita;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que as letras
correspondem a sons;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança usa o desenho, garatujas ou
letras para fins específicos;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança identifica e produz algumas
letras maiúsculas e minúsculas.
Domínio: Independência / Autonomia
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança revela interesse e gosto por
aprender, usando no quotidiano as novas aprendizagens que vai realizando.
Domínio: Cooperação
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança contribui para o funcionamento
e aprendizagem do grupo, fazendo propostas, colaborando na procura de soluções,
partilhando ideias, perspetivas e saberes e reconhecendo o contributo dos outros.
Descrição da sessão nº 1:
Nesta sessão começamos por apresentar o programa, questionando as crianças
sobre a importância de se saber ler e escrever, fazendo-as refletir sobre o assunto e
estimulando, um pouco mais, o interesse e a curiosidade do grupo para as atividades a
realizar.
Após este diálogo, iniciamos o programa de intervenção com a história ABC de
Luísa Ducla Soares (1999). O conto desta história teve como objetivo proporcionar o
contato visual e auditivo com o alfabeto português e, assim, de uma forma divertida
começarem a apreender os nomes das letras.
47
O conto da história permitiu a interação com as crianças e o início de um diálogo
sobre as letras, nomeadamente aquelas que iniciam os nomes dos colegas da turma. Com o
intuito de tornar a aprendizagem não formal das letras uma atividade divertida e agradável,
exibimos o vídeo intitulado “Alfabeto” do Canal Panda, através do qual as crianças, uma
vez mais, teriam a oportunidade de visualizar cada letra e ouvi-la, respetivamente. Estas
atividades permitiram, assim, amplificar os conhecimentos pré-adquiridos relativamente às
letras, começando a associar a letra ao som, ou seja, o grafema ao fonema. Posto isto,
convidamos as crianças a fazerem um desenho sobre as letras das quais elas gostavam e/ou
se lembravam.
Nesta primeira sessão, a última atividade consistiu em apresentar e iniciar a
elaboração do “livro do alfabeto”. Mata (2008) apresenta algumas atividades que o
educador poderá desenvolver, entre as quais, escolhemos e adaptamos a “construção de
livros de “alfabeto” onde cada criança escolhe uma letra e numa folha desenha alguns
objectos cujo nome comece por essa letra. O educador escreve o nome dos objectos e as
crianças copiam-nos para o livro.” (Mata, 2008, p. 58). Esta atividade em que o grupo foi
convidado a participar, consistiu em cada criança construir um pequeno livro com todas as
letras do alfabeto (exceto as letras W e Y) pela respetiva ordem, em que cada folha
retratasse uma letra do alfabeto. Isto é, por exemplo, para a letra A, no centro da folha
podiam encontrar a referida letra desenhada de forma impressa, em maiúscula e minúscula,
e cada criança tinha que descobrir palavras de pessoas e/ou objetos que se iniciassem por
essa mesma letra. A criança desenhava a representação gráfica e, após a escrita dos nomes
dessas representações por parte das educadoras, a criança reproduzia essa mesma escrita.
Esta atividade não ficou concluída nesta primeira sessão, sendo que se prolongou até à
quinta e última sessão. Com esta atividade o grupo teve que pensar e imaginar palavras
cuja inicial coincidisse com a letra a explorar. Por outro lado, relacionaram essas e outras
letras do alfabeto com os seus respetivos sons. Não obstante, algumas crianças aprenderam
a escrever palavras que desejavam há muito aprender, ainda que possa ser uma mera cópia
de escrita sem qualquer significado linguístico.
Reflexão da participação das crianças e da intervenção das alunas-estagiárias:
48
Enquanto apresentámos o programa que iríamos aplicar ao longo das sessões, todas
as crianças se manifestaram interessadas e estimuladas para trabalhar a descoberta das
letras. M2 e E já conheciam várias letras do alfabeto, pelo que o seu interesse em conhecer
e saber mais era ainda mais notório.
Durante a narração da história referida anteriormente, as crianças revelaram-se
participativas e interessadas, respondendo às questões efetuadas pelas educadoras e
interpelando-nos quanto ao nome e ao número das letras que constituem o alfabeto. Por sua
vez, o vídeo mostrado revelou-se um momento divertido e fundamental para estimulá-la e
despertar uma curiosidade por parte das mesmas. Após uma primeira visualização e, a
pedido do grupo, voltamos a exibir o vídeo, sendo que, mais entusiasmadas, desta vez, as
crianças tentavam acompanhar a música.
Figura 15 – História “ABC” de Luísa Ducla Soares (1999)
Figura 16 – Registo fotográfico da narração da história “ABC”
49
Os desenhos elaborados pelas crianças superaram as nossas expetativas, na medida
em que se revelaram verdadeiras representações das aprendizagens efetuadas. De forma a
concretizar os nossos objetivos, começamos a legendar todos os desenhos das crianças,
sendo essa tarefa opcional e ao critério de cada criança. Isto é, propusemos fazê-lo, mas só
colocamos legendas nos desenhos das crianças que realmente queriam.
Figura 17 – Desenho elaborado por uma das crianças
No que concerne ao livro do alfabeto, as crianças mostraram-se predispostas a
iniciar a sua elaboração, participando ativa e interessadamente. Importa referir que no
decorrer desta atividade, que preencheu uma parte das cinco sessões, foram imensas as
tentativas de escrita por partes das crianças. Isto é, em cada folha, as crianças tinham uma
letra do alfabeto e o grande desafio era descobrirem e identificarem objetos, pessoas,
animais, entre outros, cuja inicial do respetivo nome coincidisse com a letra já desenhada
na folha. As crianças desenhavam a figura correspondente ao nome escolhido e, depois,
numa primeira fase tentavam escrevê-lo da forma que conseguissem e só após essa
tentativa é que nós escrevíamos a palavra corretamente (se ainda não estivesse) para que a
criança a pudesse reescrever tendo por base o modelo escrito por nós. Entre muitas
palavras escritas, também as utilizadas para os testes foram tratadas.
50
Na sua generalidade, as crianças foram participativas e extrapolaram
experienciações para o âmbito do brincar livre, fazendo desenhos com letras e construindo
letras do alfabeto com legos e blocos.
Figura 18 – Letra H construída com legos durante o brincar livre
Segunda sessão – 4 de dezembro
Áreas de conteúdo/domínios explorados:
Domínio: Reconhecimento e Escrita de Palavras
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe isolar uma letra;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece algumas letras;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança escreve o seu nome.
Domínio: Conhecimento das Convenções Gráficas
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que a escrita e os desenhos
transmitem informação;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece o sentido direcional da
escrita;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que as letras
correspondem a sons;
51
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança usa o desenho, garatujas ou
letras para fins específicos;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança identifica e produz algumas
letras maiúsculas e minúsculas.
Domínio: Independência / Autonomia
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança revela interesse e gosto por
aprender, usando no quotidiano as novas aprendizagens que vai realizando.
Domínio: Cooperação
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança contribui para o funcionamento
e aprendizagem do grupo, fazendo propostas, colaborando na procura de soluções,
partilhando ideias, perspetivas e saberes e reconhecendo o contributo dos outros.
Descrição da sessão nº 2:
Iniciamos a segunda sessão com o conto da história “AEIOU – História das cinco
vogais” de Luísa Ducla Soares e Manuela Bacelar (1999), com o objetivo de destacar as
cinco vogais das restantes letras do alfabeto, para que as crianças apreendam as mesmas.
Posteriormente, convidamos as crianças a realizarem uma ficha – “Encontra as
vogais e os seus esconderijos” (Figura 19) – alusiva à história e elaborada pelas
educadoras. A execução desta proposta ajudou as crianças a conhecerem melhor as vogais
e a distingui-las das consoantes.
52
Figura 19 – Ficha “Encontra as vogais e os seus esconderijos”
Após o término da atividade, pedimos às crianças para elaborarem o seu “livro do
alfabeto”. Empolgadas com a proposta feita pelas educadoras, começaram de imediato a
pensar em palavras para a letra em que cada uma se encontrava para darem continuidade à
atividade iniciada na sessão anterior e que decorreria até ao final da nossa intervenção.
Reflexão da participação das crianças e da intervenção das alunas-estagiárias:
Neste dia as crianças já estavam mais relacionadas com o tema e às atividades,
revelando terem questionado os pais e os amigos sobre as letras de alguns nomes próprios.
A história narrada foi importante para que compreendessem que existem cinco
letras “especiais”. Aquando da realização da ficha, uma das crianças até questionou:
M3: “ Porquê que não pintas a cobra toda?”
M2: “Porque é só o A, E, I, O, U. São só as letrinhas especiais e são cinco”.
53
Quando questionadas pela educadora estagiária: “São especiais, sim. Mas como
chamamos ao conjunto dessas cinco letrinhas?”, a E respondeu – : “O A, E, I, O e o U são
as cinco vogais. Era o que dizia na história que a Ana leu.”
Na sua generalidade, todas as crianças se apresentaram muito entusiasmadas e
divertidas com a realização da ficha, relacionando-a sempre com a história narrada.
.
Figura 20 – Realização da ficha por duas das crianças do pequeno grupo
Assim, a continuação da construção do “livro do alfabeto” decorreu de forma
tranquila. As crianças já apresentaram mais conhecimentos sobre cada letra. Por exemplo:
D2: “Ana, já sei que “Diogo” começa com a letra D, mas que “Neves” que é do meu nome
já não. Neves começa com “N”. E o “N” tem a perninha pra cima, porque se for com a
perninha pra baixo já é o “M”.”
Educadora estagiária: “Quem te ensinou isso tudo, D2?”
D2: “O meu pai! E disse que depois me vai ensinar mais coisas sobre as letras.”
54
Figura 21 – Elaboração do “livro do alfabeto” por cada criança
Ao fazer um balanço desta sessão, podemos concluir que, efetivamente, as crianças
se mostraram participativas, estando entusiasmadas com estas atividades e com as
aprendizagens realizadas. Descobrir que as vogais são letras distintas das outras foi fácil
para as crianças que rapidamente compreenderam que essas letras são as que mais
aparecem nas palavras, nas frases e, nos textos.
Terceira sessão – 5 e 6 de dezembro
Áreas de conteúdo/domínios explorados:
Domínio: Reconhecimento e Escrita de Palavras
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe isolar uma letra;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece algumas letras;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança escreve o seu nome.
Domínio: Conhecimento das Convenções Gráficas
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que a escrita e os desenhos
transmitem informação;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece o sentido direcional da
escrita;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que as letras
correspondem a sons;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança usa o desenho, garatujas ou
letras para fins específicos;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança identifica e produz algumas
letras maiúsculas e minúsculas.
Domínio: Independência / Autonomia
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Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança revela interesse e gosto por
aprender, usando no quotidiano as novas aprendizagens que vai realizando.
Domínio: Cooperação
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança contribui para o funcionamento
e aprendizagem do grupo, fazendo propostas, colaborando na procura de soluções,
partilhando ideias, perspetivas e saberes e reconhecendo o contributo dos outros.
Descrição da sessão nº 3:
Iniciamos esta sessão dando seguimento ao “livro do alfabeto”, uma atividade já
referida que serviu de incentivo ao reconhecimento das letras e auxiliou na descoberta do
seu nome e da relação letra-som entre as mesmas.
Posteriormente, apoiadas no espírito natalício que se vivenciava, propusemos a
elaboração de uma árvore de natal feita com letras massa (Figura 22). A atividade “A
árvore de natal feita com letras” permitiu relacionar a temática deste programa de
intervenção com a época natalícia e, nesse sentido, com uma folha branca e um desenho de
uma árvore de natal, as crianças apenas tinham que colar as massas com formas de letras
do alfabeto e, a seu gosto, decorar com purpurinas.
Figura 22 – Letras utilizadas para a realização da atividade.
Reflexão da participação das crianças e da intervenção das alunas-estagiárias:
56
A continuação do “livro do alfabeto” revelou-se uma atividade intensiva, mas
apaixonante para as crianças. A competição para ver quem sabia mais nomes iniciados pela
mesma letra, a vontade de aprender a escrever aquela palavra, o desejo de chegar à letra
seguinte, um conjunto de sensações e muita aprendizagem divertida à mistura foi
conseguida e observada a cada sessão.
No que diz respeito à realização da atividade “A árvore de natal feita com letras”, à
medida que iam colando as letras no papel, as crianças faziam comentários que nos
mostraram o interesse, a gratificação e o gosto pelas descobertas que tinham feito até ao
momento:
D2: “J3, encontrei o J do teu nome!”
J3: “Olha o L do meu nome e do natal.”
M2: “Vou escrever o meu nome, o do pai e o da mãe com estas letras.”
Ao aperceberem-se de que as pequenas massinhas eram letras do alfabeto, de
imediato começaram a trocar ideias de palavras que queriam “escrever” juntando as
respetivas letras. Assim, mais uma vez pudemos verificar que “el primer texto que un niño
quiere reconocer (leer) y escribir es su proprio nombre” (Curto, Morillo & Teixidó, 1995,
p. 62).
Desta atividade resultaram trabalhos fantásticos, mas, a nosso ver, os maiores e
melhores resultados desta atividade não são visíveis no papel. As conversas com as
crianças, a participação das mesmas e a vontade de aprender mais e descobrir o que ainda
não sabem é o verdadeiro fruto desta e de outras atividades realizadas.
57
Figura 23 e 24 – Exemplos da atividade “A árvore de natal feita com letras”
Quarta sessão – 11 e 12 de dezembro de 2012 e 10 de janeiro de 2013
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Domínio: Reconhecimento e Escrita de Palavras
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe isolar uma letra;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece algumas letras;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança escreve o seu nome.
Domínio: Conhecimento das Convenções Gráficas
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que a escrita e os desenhos
transmitem informação;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece o sentido direcional da
escrita;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que as letras
correspondem a sons;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança usa o desenho, garatujas ou
letras para fins específicos;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança identifica e produz algumas
letras maiúsculas e minúsculas.
Domínio: Independência / Autonomia
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança revela interesse e gosto por
aprender, usando no quotidiano as novas aprendizagens que vai realizando.
Domínio: Cooperação
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança contribui para o funcionamento
e aprendizagem do grupo, fazendo propostas, colaborando na procura de soluções,
partilhando ideias, perspetivas e saberes e reconhecendo o contributo dos outros.
58
Descrição da sessão nº 4:
Como em momentos anteriores, esta sessão deu continuidade à elaboração do “livro
do alfabeto”, atividade de maior duração e que despertou uma maior curiosidade nas
crianças. Como sustenta Mata (2008), “uma criança envolvida com a escrita tem vontade,
iniciativa e prazer, e sente-se desafiada a explorar e avançar” (p. 46), daí considerarmos
tão importante realizar estas e outras atividades com crianças em idade de transição para
o 1.º Ciclo do Ensino Básico.
Após mais algum tempo dedicado à atividade, introduzimos a proposta “Aprender a
soletrar o meu nome” que permitiria um maior conhecimento das letras que formam o
nome, especialmente das letras além da inicial. Para isso, utilizámos uma folha branca,
pequenas faixas recortadas para colar com o nome das crianças.
Segundo Mata (2008), as crianças através das
“imitações que vão fazendo do código escrito, apercebem-se das suas
características e vão criar o desejo de escrever algumas palavras, que muitas vezes
são o seu nome, ou o nome de companheiros, mas que lhes servem para fazer
comparações e evoluírem nas concepções sobre o funcionamento da escrita” (p.
32).
Isto é, quando a criança observa comportamentos de escrita, por parte de familiares
ou do educador, tem tendência a querer imitá-los, começando pelas palavras com as
quais estão mais familiarizadas. Desta forma, “o nome próprio tem um papel muito
importante e são, muitas vezes, as letras do seu nome as primeiras que a criança começa
a identificar, a tentar reproduzir e a saber o nome ou valor sonoro” (Mata, 2008, p. 38).
Tendo por base as palavras da autora, considera-se da máxima importância trabalhar o
nome próprio, pelo que a referida atividade visa abordar as letras partindo do próprio
nome, pois essas são as letras com as quais as crianças têm maior afinidade. Por outro
lado, “también se interessa por el nombre de sus padres y hermanos, de sus compañeros y
professores, de los animales de compañía e de los objetos predilectos” (Curto, Morillo &
Teixidó, 1995, p.62).
59
Figura 25 – Folha branca com a faixa do nome próprio
Reflexão da participação das crianças e da intervenção das alunas-estagiárias:
O “livro do alfabeto” estava cada vez mais completo e rico em aprendizagens,
novas letras, novos nomes, novos conceitos apreendidos. Breves registos escritos de
conversas ajudam a revelar um pouco da interação no decorrer da atividade.
Educadora estagiária: “Sabes quais são as letras que já fizeste no teu livro?”
D2: “Sei. Olha, fiz o A, B, C, D, E, F, G, H, I, J e agora estou no K de karaté.”
Figura 26 – O D2 a trabalhar na letra K
Educadora estagiária: “T, qual é o nome dessa letra?”
T: “Esta é a letra I da ilha e do iogurte que eu estou a desenhar. Porque começam os dois
por essa letra.”
60
Figura 27 – O T a trabalhar na letra I
No que diz respeito à atividade “Aprender a soletrar o meu nome”, verificámos que
as crianças aderiram positivamente e foram extremamente participativas, querendo
aprender a soletrar não só o seu nome, mas também o dos colegas. Consideramos
importante salientar alguns dos registos efetuados no decorrer desta atividade para que se
possa perceber o tipo de interações, tanto entre as educadoras e as crianças, como entre o
grupo. Assim, apresentamos dois exemplos:
E: “Ana, já viste que temos todos a letra I nos nossos nomes? Olha, eu tenho no meu
nome: porque E tem duas vezes, antes e depois do L. M2 tem a seguir à letra R. T é logo a
segunda letra do nome dele. J3 também tem depois do L. E D2 é antes da última letra.”
J3: “D2 tenho no meu nome duas letras do teu nome.”
Estes pequenos diálogos que as crianças estabelecem, quer com os colegas quer
com as educadoras, são fundamentais para expressarem ideias, dúvidas e conhecimentos já
adquiridos e não podemos esquecer que “todos os momentos são oportunos para o aluno
“libertar a palavra” mesmo aqueles em que ele fala sobre as aprendizagens estruturadas em
momentos anteriores” (André, 1996, p.36).
61
Figura 28 e 29 – Atividade “Aprender a soletrar o meu nome”, através de figuras com
letras minúsculas e maiúsculas
Quinta sessão – 10 de janeiro de 2013
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Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe isolar uma letra;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece algumas letras;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança escreve o seu nome.
Domínio: Conhecimento das Convenções Gráficas
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que a escrita e os desenhos
transmitem informação;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança conhece o sentido direcional da
escrita;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança sabe que as letras
correspondem a sons;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança usa o desenho, garatujas ou
letras para fins específicos;
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança identifica e produz algumas
letras maiúsculas e minúsculas.
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Domínio: Independência / Autonomia
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança revela interesse e gosto por
aprender, usando no quotidiano as novas aprendizagens que vai realizando.
Domínio: Cooperação
Meta final – No final da educação pré-escolar, a criança contribui para o funcionamento
e aprendizagem do grupo, fazendo propostas, colaborando na procura de soluções,
partilhando ideias, perspetivas e saberes e reconhecendo o contributo dos outros.
Descrição da sessão nº 5:
Na quinta sessão, sugerimos ao pequeno grupo a elaboração do “Cartaz das letras
do alfabeto”. Esta atividade tinha como principal finalidade que as crianças fossem capazes
de estabelecer uma tripla ligação entre letras, imagens e palavras, isto é, entre as letras do
alfabeto e uma imagem e uma palavra associadas à respetiva letra. Para isso, fizemos uma
espécie de jogo em que separámos o conjunto das imagens, o conjunto das letras e o das
palavras. Cada criança, com ajuda ou não dos colegas, retirava uma letra, dizia o seu nome
e depois tinha que descobrir a imagem e a palavra que lhe estava associada. Concluímos
também a atividade do “livro do alfabeto”.
Reflexão da participação das crianças e da intervenção das alunas-estagiárias:
A elaboração do cartaz seria essencialmente para o pequeno grupo dos cinco anos,
mas rapidamente todos quiseram participar e, por isso, a ajuda por parte do grupo foi maior
do que prevíamos, essencialmente quando era a vez dos mais novos tirar uma letra.
Rapidamente compreenderam que o objetivo era serem capazes de estabelecer a ligação
entre uma letra, uma palavra cuja inicial fosse essa letra e uma imagem que representasse a
palavra. As crianças instantaneamente referiam que as letras têm nome e facilmente
começaram a explorar o cartaz, as letras, as imagens e as palavras com cada uma das letras
que a constituem.
63
Figura 30 e 31 – Atividade “Cartaz das letras do alfabeto”
Por fim, terminámos o programa de intervenção com a conclusão dos livros do
alfabeto de cada uma das crianças. A nossa maior recompensa foi observar a satisfação e a
alegria das crianças por terem concluído o livro, com todas as letras do alfabeto. Enquanto
alunas estagiárias, consideramos, neste culminar da dinamização das atividades, que a
dinamização do projeto de intervenção enriqueceu muito o nosso percurso, na medida em
que nos permitiu aprofundar os nossos conhecimentos assim como descobrir que as
crianças (mesmo antes da entrada no 1.º Ciclo do Ensino Básico) são capazes de explorar
áreas diversas e iniciar um processo complexo de aquisição e de aprendizagem da escrita.
5.5. Teste final aplicado
Introdução
Finalizadas as atividades realizadas ao longo das cinco sessões, realizamos o teste
final em janeiro de 2013para verificação do progresso das competências ligadas à escrita.
Consideramos ser fundamental referir que os resultados conseguidos podem ser
influenciados por vários fatores, tais como o curto período de tempo para aplicar o
programa de intervenção, o número reduzido de sessões (cinco), a frequência da
participação de cada criança e a qualidade e a adaptabilidade das atividades ao grupo.
64
5.5.1. Descrição do teste final
Conforme o teste inicial, também o teste final foi composto por dois momentos,
sendo aplicado a dez de janeiro de 2013. No primeiro momento, apresentamos novamente
aos sujeitos do estudo, de forma aleatória, as diferentes letras do alfabeto português, ora
em maiúscula ora em minúscula. Posteriormente pedimos a cada uma das crianças que nos
dissessem o nome de cada letra, referindo primeiramente se as reconheciam ou não. No
decorrer do primeiro momento deste teste final e à semelhança do primeiro momento do
teste inicial, foram colocadas questões às crianças, nomeadamente: “Conheces esta letra,
não conheces?”, “Sabes como se chama esta letra? Lembras-te de falar dela no livro de
alfabeto?”, “Como se chama?”. Através deste momento, pretendíamos verificar o que as
crianças tinham apreendido do contato com as letras a que estiveram sujeitos ao longo da
dinamização das atividades do nosso projeto de intervenção, especificamente no que se
refere às letras, ao seu reconhecimento e ao seu nome.
No segundo momento, e tendo, uma vez mais, por base o artigo Evolução da
Linguagem Escrita no Pré-escolar de Lourenço e Alves Martins (2010), solicitamos a cada
criança que escrevesse, da forma de soubesse, algumas palavras: “ave”, “boi”, “formiga”,
“iogurte”, “urso”, “zebra” e “zebras”. Com este momento queríamos verificar a evolução
das escritas inventadas das crianças, recolhendo dados anterior e posteriormente à
dinamização das atividades, para compararmos e observarmos a evolução entre eles.
Após a aplicação do teste final verificamos que as cinco crianças reconheciam pelo
menos 20 letras do alfabeto português, sendo que todas as crianças conseguiam nomear o
mesmo número de letras. No que se refere às escritas inventadas, pudemos verificar que
todas as crianças se encontravam acima do nível de escrita silábica, isto é, no nível de
escrita alfabético.
5.5.2. Apresentação, análise e interpretação de resultados
De seguida, apresentaremos a análise dos resultados obtidos após a aplicação do teste
final.
1.º Momento:
Relativamente ao primeiro momento deste teste final, conseguimos verificar que
letras do alfabeto é que as crianças reconheciam e quais sabiam nomear. Desta forma,
65
através dos quadros relativos aos dados recolhidos nos testes de cada uma das crianças (ver
Anexo 3), podemos afirmar que todas as crianças reconheciam e diziam o nome de pelo
menos vinte letras do alfabeto, sendo que, ocasionalmente, aconteceu uma ou outra criança
não se recordar do nome de alguma letra, afirmando, no entanto, reconhecer essa mesma
letra.
Nome do participante Teste final5
D2
Maiúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras
Minúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras
E
Maiúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras
Minúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras
J3
Maiúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras
Minúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras (exceto a letra “g”
que no momento do teste não se recordava
do nome)
M2
Maiúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras
Minúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras
T
Maiúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras
Minúsculas: conhece e nomeia as 5 vogais e
todas as restantes letras (exceto a letra “e”
que no momento do teste não se recordava
5 O número de letras em falta corresponde ao conjunto de letras que as crianças conhecem mas não são
capazes de nomear, por não saberem o nome ou por simples esquecimento do mesmo.
66
do nome)
Quadro 4 – Síntese da informação dos quadros do Anexo 3
A realização do teste final permitiu-nos verificar que, de uma forma geral, as cinco
crianças reconheciam e sabiam nomear todas as letras (Quadro 4).
2.º Momento:
No segundo momento deste instrumento de análise, as crianças realizaram, uma vez
mais, as suas tentativas de escrita, tentando, assim, reproduzir como soubessem as palavras
que lhes havíamos pronunciado. Contrariamente ao que aconteceu no teste inicial, as
crianças não demonstraram medo ou insegurança de tentar escrever as palavras.
Consideramos importante referir que nos solicitaram várias vezes que disséssemos as
palavras “muito devagarinho”, isto é, que soletrássemos cada uma das palavras de forma
que a criança não se esquecesse de nenhuma das letras e, por outro lado, para conseguirem
acertar no som de determinada letra, por exemplo o som da letra “o” na palavra “urso”.
Baseando-nos nos níveis de escrita em que verificamos que cada criança se
encontrava aquando da aplicação do teste final, apresentaremos, de seguida, as tentativas
efetuadas pelas crianças e a respetiva análise.
Como sucedeu no teste inicial, a análise das tentativas de escrita será apresentada
por nível de escrita evolutivo, isto é, do nível de escrita pré-silábico ao de escrita
alfabético, definidos por Alves Martins e Niza (1998, pp. 64-74).
Todas as cinco crianças do grupo em estudo revelaram estar no nível de escrita
alfabética, pois a seleção das letras, por parte das crianças, pretende representar os diversos
sons da linguagem oral.
D2, neste segundo teste de escrita inventada (Figura 32), demonstrou reconhecer as
letras através dos sons. A maioria das letras, ele foi capaz de reproduzir à medida que dizia
a palavra, tendo solicitado a nossa ajuda para soletrar palavras como “formiga” e “urso”.
Verificámos ainda que esta criança, por vezes, ainda confunde um pouco o “s” com o “z”,
apercebendo-se do erro e corrigindo-o de imediato. Encontra-se no nível de escrita
alfabética.
67
Figura 32 – Tentativa de escrita de D2
E apresenta, à semelhança de D2, uma evolução notável quanto às suas tentativas
de escrita (Figura 33), conseguindo escrever toda a palavra sem trocar ou omitir alguma
letra. Sendo uma criança bastante perfeccionista, E escrevia e voltava a apagar várias
vezes, porque “as letras têm que ficar bem desenhadas”, como afirmava a criança.
Encontra-se no nível de escrita alfabética.
68
Figura 33 – Tentativa de escrita de E
J3 demonstrou ser capaz de reproduzir as palavras sem grandes dificuldades,
sempre que estas fossem soletradas por nós (a pedido da criança). Questionou, nas palavras
“formiga” e “urso” se seria um “u” ou um “o”, devido à forma como pronunciamos a
palavra. Encontra-se no nível de escrita alfabética (Figura 33).
Figura 34 – Tentativa de escrita de J3
M2 revelou um progresso extraordinário, na medida em que não só conseguiu
reproduzir as letras constituintes de cada palavra sem solicitar soletração, como foi a
criança cujo resultado final mais se assemelhou à escrita convencional (Figura 35). Esta
criança escreveu corretamente as palavras pronunciadas, reproduziu a palavra e o nome de
cada uma das letras que a constitui de uma forma correta, escrevendo sempre com o
mesmo tamanho (pequeno) cada letra e seguindo a ideia que lhes tínhamos dado nos contos
de histórias (que se escreve e se lê de cima para baixo e da esquerda para a direita).
Encontra-se no nível de escrita alfabética.
69
Figura 35 – Tentativa de escrita de M2
T, ainda demonstrou alguma dificuldade em distinguir a letra “s” da letra “z”, mas
foi igualmente capaz de reproduzir todas as palavras propostas, encontrando-se no nível de
escrita alfabética (Figura 36).
Figura 36 – Tentativa de escrita de T
70
Tendo por base os níveis de escrita em que verificamos que cada criança se
encontrava aquando da aplicação do teste inicial e final, apresentaremos, no quadro 5, a
progressão evolutiva de cada criança, através dos níveis definidos por Alves Martins e
Niza (1998, pp. 64-74).
Nome Nível no teste inicial Nível no teste final
D2 Pré-silábico Alfabético
E Silábico Alfabético
J3 Silábico Alfabético
M2 Silábico Alfabético
T Silábico Alfabético
Quadro 5 – Níveis evolutivos de cada criança aquando da realização dos testes inicial e
final
71
Figura 37 – Tentativas de escrita por parte das cinco crianças (teste final)
5.5.3. Conclusões
Devido ao fato de no decorrer das atividades dinamizadas, termos optado por referir
o nome de todas as letras do alfabeto (exceto y e w) e associá-lo à sua forma escrita, todas
as crianças foram capazes de identificar (quase) todas as letras, reconhecendo-as e
indicando o nome das mesmas, como podemos constatar tendo em conta os resultados
obtidos no teste final. Desta forma, verificamos uma evolução por parte de cada criança no
que se refere ao reconhecimento das letras e ao conhecimento do seu nome, anteriormente
à dinamização das atividades do nosso projeto de intervenção, as crianças reconheciam
algumas letras, mas raramente eram capazes de nomeá-las.
No segundo momento do teste final, verificámos uma evolução, pois inicialmente
representavam uma palavra com duas ou três letras (usavam apenas o conjunto de letras
que conheciam) e, após a dinamização das atividades, as crianças já foram capazes de
associar os sons das sílabas e das letras que constituem as palavras, representando
corretamente a maioria das palavras pretendidas.
Assim, através da interação com as crianças, no âmbito de todas as sessões, tivemos
a oportunidade de, ao longo do tempo, nos apercebermos que este programa já não estava a
ser aplicado apenas na sala cinco do CIAQ, mas em casa, no seio familiar de cada uma das
crianças. Com o apoio dos pais e familiares, dando atenção e incentivo às crianças para as
atividades a realizar, o nosso trabalho foi mais gratificante e, por outro lado mais exigente,
na medida em que o pequeno grupo de crianças queria descobrir mais e mais sobre a magia
das letras, conhecer novas palavras e escrever histórias segundo a sua fértil imaginação.
72
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Temos consciência que nem todas as atividades poderiam ser dinamizadas da
mesma maneira consoante a idade e, por isso, tomamos a decisão de expandir as atividades
para os mais pequenos, sendo que as atividades mais exaustivas e com maior grau de
dificuldade foram dinamizadas sobretudo no horário da sesta (entre as catorze e as quinze
horas), período em que na sala se encontravam essencialmente as crianças de cinco anos.
Assim, sempre que possível as atividades foram abertas a todo o grupo e não somente ao
pequeno grupo, embora o grupo de participantes para este estudo seja constituído apenas
por cinco crianças de cinco anos.
Consideramos fundamental referir que as atividades realizadas podem (e devem)
ser integradas nas rotinas diárias das mais diversas áreas de conteúdos, pois acreditamos
que é nos pequenos detalhes que se descobrem enormes aprendizagens. Quando
dinamizamos atividades de vários temas e as relacionamos com a escrita, abordando
nomeadamente as letras, podemos despertar nas crianças o interesse em conhecerem as
letras do alfabeto, em compreenderem que a uma letra associa-se geralmente um som e que
essa relação é essencial para se aprender a ler e a escrever. Tarefas simples como preencher
o quadro de presenças ou etiquetar os diferentes espaços da sala são estimulantes e
promotores da aprendizagem da linguagem escrita.
Por sua vez, se o educador estiver sensibilizado para a importância, cada vez mais
reconhecida pela investigação, das escritas das crianças muito pequenas, poderá dinamizar
atividades promotoras do desenvolvimento da linguagem escrita. Consideramos que as
atividades elaboradas pela colega de estágio, Cátia Lopes, no âmbito do seu projeto de
intervenção6, como criar um “cantinho da escrita” (com diferentes tipos de materiais) ou
uma “caixa do correio” (para podermos enviar uma carta com determinada informação) são
deveras estimulantes e potenciadoras da aquisição e da aprendizagem da linguagem escrita.
Enquanto futuras educadoras, a nossa preocupação inicial foi partir dos
conhecimentos pré-adquiridos das crianças, isto é, avaliar para conhecer as competências
que as crianças possuíam no que diz respeito à aquisição da linguagem escrita. Essa
6 Visa a criação de espaços e ambientes promotores da aprendizagem da linguagem escrita Não referenciado
bibliograficamente por ainda estar em fase de construção.
73
avaliação derivada da referida preocupação tinha como objetivo verificar os conhecimentos
das crianças de forma que as atividades a desenvolver posteriormente estivessem
adequadas e ajustadas, que estimulassem a curiosidade e permitissem uma evolução
gradual dos conhecimentos adquiridos até então. Por sua vez, no que diz respeito às
sessões do nosso projeto de intervenção, apercebemo-nos, perante a heterogeneidade do
grupo da sala cinco, que as atividades não seriam desenvolvidas exclusivamente para as
crianças de cinco anos, contando também com a participação de crianças com dois, três e
quatro anos de idade.
Consideramos imprescindível referir que das sete crianças de cinco anos do grande
grupo, apenas estão incluídas neste trabalho cinco, sendo omissas duas crianças (F e M3)
que, devido aos fatores que, de seguida, explicaremos. F, embora tenha marcado presença
em grande parte das atividades e tenha realizado muitas das tarefas propostas, não foi
incluído neste estudo, mudou de instituição durante o período de implementação do nosso
projeto de intervenção e, por isso, não conseguimos realizar com esta criança o teste final,
não tendo, assim, dados para avaliar e, posteriormente, comparar com os do teste inicial.
Por sua vez, M3 também não consta do presente trabalho, pois embora tenha participado
em algumas das atividades, na maioria das vezes demonstrou pouco interesse e entusiasmo
pela descoberta das letras, preferindo brincar livre. Tendo em conta que se trata de uma
criança com alguns atrasos a nível do desenvolvimento da linguagem, sendo inclusive
acompanhado por um profissional de terapia da fala, consideramos ser preferível não
incluir os seus trabalhos, podendo estes, muito provavelmente, influenciar os resultados
obtidos.
No entanto, ao longo da dinamização das atividades do projeto de intervenção,
verificamos que algumas atividades exigiam uma maior concentração, como por exemplo a
elaboração do “livro do alfabeto”, pois embora as crianças participassem sempre de forma
voluntária nas atividades, apercebemo-nos de que seria uma atividade de longa duração e
que poderia tornar-se cansativa, pelo que a sua realização foi, propositadamente, dividida
em pequenos períodos de tempo ao longo de todas as sessões.
De maneira a proporcionar um encadeamento das atividades e a contextualização
das mesmas, apoiamo-nos no conto de histórias, em que, muitas vezes, eram alusivas às
letras e ao alfabeto, como por exemplo “o H perdeu uma perna” de Ana Vicente ou
74
“abecedário maluco” de Luísa Ducla Soares. Ao narrar histórias alusivas ao alfabeto e à
descoberta das letras do alfabeto, pretendíamos captar a atenção e aumentar os níveis de
concentração e de participação de todas as crianças, despertando a curiosidade e interesse,
antes, durante e após cada narração. Deste modo, ao optarmos pelo conto de histórias cujo
conteúdo estivesse relacionado, de alguma forma, com as atividades a desenvolver, surgiu
em nós a necessidade de procurar livros variados e adequados, de autores que escreviam
para a educação infantil e, evidentemente, dentro da temática que pretendíamos abordar
com o grupo. No decorrer desta procura, tentámos selecionar histórias com boas
ilustrações, apelativas e que representassem a narração, pois, numa fase anterior, tínhamo-
nos apercebido que, fundamentalmente as crianças mais novas, de dois e três anos,
focavam a sua atenção principalmente nas ilustrações.
Consideramos fundamental referir que muitas vezes, o texto original de uma
determinada história exigia uma certa adaptação, aquando da sua narração, de forma que
todas as crianças conseguissem compreender. Por outro lado, se pretendemos que as
crianças desenvolvam competências no que se refere à aquisição e ao desenvolvimento da
linguagem, importa obviamente desenvolver o vocabulário das crianças. Assim e para
aumentar a área vocabular das crianças, começamos por, intencionalmente, trabalhar o
significado de determinadas palavras na história, o que proporcionou a que, ao longo das
sessões, as crianças tomassem a iniciativa de questionar o significado das palavras que não
conheciam.
Centralizando-nos, a partir de agora, no pequeno grupo, composto por cinco
crianças de cinco anos, à medida que íamos dinamizando as atividades constituintes do
projeto de intervenção, frequentemente nos questionamos e refletimos sobre os níveis de
dificuldade e de exigência das atividades para as crianças. Além disso, refletimos também
sobre as atividades, nomeadamente a forma como as dinamizamos, se proporcionamos
atividades que as crianças pudessem trabalhar livremente ou de forma dirigida, se os
recursos materiais eram apelativos e de caráter manipulativo e, claramente, na modalidade
estipulada, dado que as atividades foram realizadas sobretudo em pequeno grupo e
individualmente. Concluímos que deverá ter existido um pequeno desajuste entre estes
aspetos, na medida em que algumas atividades, como a da elaboração do “livro do
alfabeto”, se tornaram exaustivas para as crianças, devido à duração das mesmas. Desta
75
forma, consideramos que a vontade de obter resultados divulgadores da evolução visível
diariamente, ajudou a que, por vezes, nos esquecêssemos de uma questão da máxima
relevância: a motivação das crianças. Efetivamente, é importantíssima a motivação da
criança, a sua curiosidade natural e o seu desejo de descobrir e aprender sempre mais.
Torna-se, assim, essencial, deixarmos as crianças expressarem-se quanto às suas opiniões e
vivências, podendo, desta forma, o educador, ao invés de recolher dados que permitam
verificar uma possível evolução de aprendizagem, refletir diariamente acerca das
atividades que propõe às crianças e se elas estarão ou não ajustadas à motivação e aos
interesses de cada criança e de todas, de forma a não encararem as atividades propostas
como uma obrigatoriedade. O fator da obrigatoriedade foi, sem dúvida, a principal
distinção encontrada por nós entre as duas valências educativas pelas quais tivemos a
oportunidade de passar. Esta, resulta de momentos experienciados no 1.º CEB, no primeiro
semestre da Prática Pedagógica Supervisionada A1, e o que vivemos no pré-escolar, no
segundo semestre da UC supracitada, pois no 1.º CEB existe a ideia de obrigação, pelo
programa curricular a cumprir pré-estabelecido pelo ME, pelas metas de aprendizagem a
atingir, pela ideia de acompanhar todos os conteúdos a abordar através dos manuais
respetivos a cada uma das áreas curriculares, tudo isto por cada ano de escolaridade, para
que, dessa forma, a criança progrida no seu percurso estudantil.
A implementação das sessões de atividades pertencentes ao projeto de intervenção
foi realizada pouco tempo depois do início do ano letivo, sendo influenciada pela entrada
de crianças novas no grupo. Segundo a educadora da sala, esta alteração sentida ao iniciar
o ano letivo, gerou mudança de rotinas e uma fase de adaptação quer para as crianças que
ingressaram no grupo quer para aquelas que já constituíam o grupo. Neste sentido, para
fomentar o diálogo entre as crianças com o intuito facilitar a sua integração, neste projeto
tentamos articular as diversas áreas do saber, dando sempre relevo ao objetivo geral, o
domínio da linguagem oral e abordagem à escrita. Julgamos, ainda, ser essencial sublinhar
mais um aspeto, o fato de os resultados obtidos pelos registos e observações efetuados
poderem ser, eventualmente, influenciados pelas rotinas diárias, isto é, pelas circunstâncias
particulares, familiares ou sociais que, de alguma forma, poderão levar a criança a, por
exemplo, não estar tão predisposta no momento em que foi sujeita à implementação do
projeto de intervenção.
76
Centrando-nos na nossa prestação, admitimos que, aquando da avaliação da
evolução das competências adquiridas pelas crianças ao longo das sessões de intervenção
e, fundamentalmente, na aplicação e na análise dos dados recolhidos dos testes inicial e
final, concentramo-nos maioritariamente em referir o que a criança ainda não sabia fazer e
no que ainda não era capaz de fazer naquele momento, não valorizando, talvez,
suficientemente o esforço e dedicação que cada criança teve para conseguirmos obter os
resultados apresentados.
O período de tempo para estágio referente à PPS já, por si só, é escasso, então
quando pretendemos elaborar e aplicar um projeto de intervenção em tão pouco tempo,
ainda mais difícil se torna, pois nem sempre conseguimos conhecer as crianças como
gostaríamos, bem como os seus interesses e as suas necessidades, suficientemente, para
preparar atividades adequadas e pertinentes. A interrupção realizada na altura do natal
poderá ter influenciado um pouco os resultados obtidos, na medida em que as crianças
ficaram cerca de duas a três semanas sem manter o mesmo contato com os suportes
escritos e sem desenvolver atividades direcionadas à aprendizagem da linguagem escrita e,
consequentemente, à aprendizagem das letras do alfabeto.
Por outro lado, consideramos importante referir os aspetos que entendemos serem
limitações à realização do projeto de intervenção. A nossa inexperiência como educadoras
poderá constituir uma limitação, na medida em que consideramos que nós, certamente não
nos sentimos preparadas suficientemente para o desafio, obrigando-nos assim a fazer mais
leituras e pesquisas sobre o tema. Ora, consideramos que este desafio que nos foi
apresentado despoletou em nós a vontade de ultrapassar os nossos medos de fracassar,
esforçando-nos, assim, por aprofundar os nossos conhecimentos e, ao vivenciar momentos
que nos ajudaram a refletir, sentimos que o desafio se revelou uma ponte para atingir metas
e alcançar aprendizagens. Por sua vez, a ausência da análise das interações das crianças
para compreender melhor a passagem entre os diferentes tipos de escrita, o reduzido
número de crianças em estudo, a não exploração do tipo de palavras utilizadas e ausência
de pseudo-palavras, assim como, a inexistência de termo de comparação (grupo de
controlo) constituem igualmente limitações à realização do presente trabalho. Em anexo
(Anexo 4) colocaremos algumas sugestões de atividades para futuras intervenções.
77
De uma forma generalizada, podemos concluir que cumprimos o nosso grande
objetivo, proporcionamos aprendizagens decorrentes de momentos divertidos, resultantes
do brincar, experienciar e refletir acerca da escrita e das suas convenções. Consideramos
que se tornou claro que o educador assume um papel da máxima relevância no
desenvolvimento da linguagem escrita das crianças que frequentam a educação pré-escolar,
nomeadamente através das atividades propostas às crianças, do seu exemplo e, também, do
apoio e motivação.
Em suma, enquanto alunas estagiárias e futuras educadoras, consideramos que
“aprendemos muito mais construindo conhecimento do que recebendo conhecimento”
(Sim-Sim, 2001, p.24), e foi isso que nós fizemos, aprender construindo conhecimento em
vez de simplesmente o absorver. Esperamos, por isso, que o percurso de aprendizagem
construído se manifeste tão rico para as crianças quanto foi para nós, pois além das muitas
aprendizagens e competências adquiridas por parte das crianças, estamos certas de que a
implementação do projeto de intervenção se revelou uma autêntica vivência e partilha de
emoções, saberes e relações, em ambos os sentidos.
78
7. REFERÊNCIAS
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Vídeo: Alfabeto do Canal Panda. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=z2S3E45llvw&hd=1
82
ANEXOS
83
Anexo 1
Teste Inicial – Letras: reconhecimento e designação
D2
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome x x
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece x x x x x x x
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x
84
Conhece mas não se
lembra do nome x x
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece x x x x x x x x x x x x
E
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome x x
Conhece mas não
sabe o nome
85
Não conhece x x x x
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome x x
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece x x x x x x x x x x x
J3
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o x x x x x x x x x
86
nome
Conhece mas não se
lembra do nome x
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece x x x x x x x x x x x x x x
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece x x x x x x x x x x x x x x x x x
87
M2
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome x
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x
88
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
sabe o nome x x x x
Não conhece x x x
T
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome x x
Conhece mas não
sabe o nome
89
Não conhece x x x x x x x x x x x x x
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece x x x x x x x x x x x x x x x x
90
Anexo 2
Quadro de intervenções
N.º de Intervenção Data(s) Descrição
Antes 14 de novembro Teste inicial
1
27 de novembro Apresentação do projeto de intervenção.
Conto e interpretação da história “ABC” de Luísa Ducla Soares.
Visualização do Vídeo “Alfabeto” do Canal Panda. Apresentação e
início da elaboração do “livro do alfabeto”
28 de novembro
2 4 de dezembro
Sessão dedicada ao conhecimento das vogais: História “AEIOU –
História das cinco vogais” de Luísa Ducla Soares e Manuela Bacelar.
Ficha “Encontra as vogais e os seus esconderijos” alusiva à história.
Continuação da elaboração do “livro do alfabeto”.
3 5 de dezembro Continuação da elaboração do “livro do alfabeto”
Atividade “A árvore de natal feita com letras” 6 de dezembro
4
11 de dezembro Continuação da elaboração do “livro do alfabeto”
Atividade “Aprender a soletrar o meu nome” 12 de dezembro
10 de janeiro
5 10 de janeiro Conclusão da elaboração do “livro do alfabeto”
Elaboração do cartaz do alfabeto.
Depois 10 de janeiro Teste final
91
92
Anexo 3
Teste Final – Letras: reconhecimento e designação
D2
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
93
sabe o nome
Não conhece
E
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
94
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece
J3
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
95
sabe o nome
Não conhece
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome x
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece
M2
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
96
nome
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece
T
97
Letras maiúsculas A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V X Z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece
Letras minúsculas a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v x z
Conhece e sabe o
nome x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Conhece mas não se
lembra do nome x
Conhece mas não
sabe o nome
Não conhece
98
Anexo 4 - SUGESTÃO DE ATIVIDADES
Introdução
Depois de todas as reflexões efetuadas com base na nossa intervenção enquanto
alunas estagiárias e futuras educadoras, apresentaremos e descreveremos três atividades7
que, tal como o conjunto de atividades dinamizadas no nosso projeto de intervenção, têm o
objetivo de estimular o desenvolvimento de competências de escrita em crianças de 5 anos.
Neste sentido, poderão ser igualmente implementadas na valência de pré-escolar, sendo
que poderão ser dinamizadas para todo um grupo heterogéneo (crianças com idades
compreendidas entre os três e os cinco anos). Na aplicação destas atividades sugerimos que
sejam realizadas preferencialmente em pares ou em pequenos grupos, de forma a estimular
a partilha de opiniões e conhecimentos e a desenvolver capacidades que as ajudem a
trabalhar em equipa.
Descrição das Atividades
A primeira atividade tem como objetivo que as crianças sejam capazes de fazer a
correspondência entre letras e sons iniciais nas palavras. Pretendemos, por isso, que as
crianças observem cada uma das letras e, também, que comecem associar o som à letra que
o representa. Assim, num primeiro momento, através de cartões, com as fotografias
individuais do grupo e o respetivo nome, uma criança escolhida aleatoriamente retiraria um
cartão e, a criança referente ao cartão seria a primeira a jogar. Esta seria questionada pela
educadora quanto ao seu nome, isto é, qual o nome da letra pela qual começa o seu nome.
Posteriormente, escolheria dois colegas e teria que dizer a letra inicial do nome dos
mesmos. Por fim, retiraria um novo cartão e a criança representada nesse cartão seria a
próxima a jogar. Importa referir que, até serem referidos todos os nomes da sala, as
crianças não poderiam repetir os nomes dos dois colegas. Num segundo momento, seriam
apresentados dois conjuntos de cartões ao grupo. No conjunto I, os cartões ilustravam
letras do alfabeto e, no conjunto II, eram apresentadas imagens de objetos (cuja inicial do
seu nome começaria por uma das letras do I). Note-se que é suposto existirem mais
7 As atividades foram elaboradas tendo por base Pereira & Azevedo (2005), Mata (2008), Pereira (2008) e
Borges & Pereira (2011).
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imagens (e consequentemente nomes) do que letras, com o intuito de repetirem,
intencionalmente, a mesma letra. Assim, primeiramente, em conjunto, começavam por
dizer o nome de todos os objetos e, posteriormente, mostrar as figuras aleatoriamente e
solicitar às crianças que digam o seu nome e identifiquem a letra inicial do mesmo.
Numa outra atividade consideramos igualmente essencial dar continuidade ao
trabalho desenvolvido no projeto de intervenção e, por isso, o objetivo é o reconhecimento
do nome das letras. Neste sentido seriam apresentadas pequenos cartões com as letras do
alfabeto. Aleatoriamente seria escolhida uma criança para iniciar o jogo e, esta, chamada
de “chefe”, retiraria um cartão e teria que dizer e escrever a letra representada. Por sua vez,
os colegas do grupo teriam uma missão: dizer, vez à vez, uma palavra começada por essa
mesma letra. Quando não se lembrassem de mais palavras, a última criança a lembrar-se de
uma palavra, iria jogar.
Numa terceira atividade, separar-se-ia o grande grupo quatro pequenos grupos, sendo o
objetivo o reconhecimento de letras e de palavras. Assim, existiriam quatro conjuntos de
cartões (um para cada pequeno grupo) com palavras referentes a objetos da sala e quatro
outros conjuntos (um para cada pequeno grupo) com pelo menos três conjuntos das letras
do alfabeto. Cada equipa teria que eleger um representante (por votação) e, posteriormente,
essa criança escolhida retiraria um cartão com uma palavra e, em cada pequeno grupo, as
crianças teriam que encontrar no baralho do segundo conjunto as letras necessárias à
construção dessa palavra. Ganha um ponto a equipa que terminar primeiro a construção de
todas as palavras. Num segundo momento, separar as letras de uma palavra será o objetivo,
e, primeiramente, uma criança (escolhida aleatoriamente) diz uma palavra para que, numa
fase seguinte, as crianças tentem soletrá-la e, assim, ditem à educadora as letras que
consideram constituir essa palavra.