AMRIK Ana Miranda

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AMRIK Ana Miranda Profª. Karen Neves Olivan

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AMRIK Ana Miranda. Profª . Karen Neves Olivan. ANA MIRANDA Nasceu em Fortaleza, CE, em 1951. Quando criança morou no Rio de Janeiro (1956) e em Brasília (1959). Em 1969, volta para o Rio de Janeiro terminar seus estudos nas Artes. - PowerPoint PPT Presentation

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AMRIKAna Miranda

Profª. Karen Neves Olivan

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ANA MIRANDA

Nasceu em Fortaleza, CE, em 1951. Quando criança morou no Rio de Janeiro (1956) e em

Brasília (1959). Em 1969, volta para o Rio de Janeiro terminar seus

estudos nas Artes.

Sua obra é estudada em várias instâncias da Literatura e da História.

Recebeu alguns prêmios, como Jabutis e da Academia Brasileira de Letras.

Teve sua obra traduzida em cerca de vinte países, e conquistou expressivo número de leitores, no Brasil.

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ANA MIRANDA

Seus principais romances são:

Boca do Inferno, 1989; A última quimera, 1995; Desmundo, 1996; Amrik, 1998; Dias & Dias, 2002; Yuxin, 2009.

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ANA MIRANDA

“Voltada para a linguagem e dotada de um brasilianismo intenso, Ana Miranda realiza um trabalho de redescoberta e valorização do nosso tesouro literário, que a leva a dialogar com obras e autores de nossa literatura, numa época em que as culturas delicadas são ameaçadas pela força de uma cultura universal.”

“Fundada em séria e vasta pesquisa, recria épocas e situações que se referem à história literária brasileira, mas, primordialmente, dá vida a linguagens perdidas no tempo.”

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AMRIK ESTRUTURA DA OBRA

Título AMRIK

Gênero Romance

Escola Literatura Contemporânea

Editora Companhia Das Letras Envio à editora: 1997 1ª edição: 1998

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AMRIK ESTRUTURA DA OBRA

Composição: 11 partes com capítulos de 1 página.1 – Duas taças de arák (22 cap.)2 – Amrik3 – São Paulo4 – Mezze5 – Casa de amina6 – Aperfumada lubna7 – Al nahal8 – Uma palavra clara9 – O veneno do amor10 – Formiga – açucareira 11 – Jardim da luz

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AMRIK PARTE 1DUAS TAÇAS DE ÁRAK

Cortesã de Tresbeta Pássaro Miragem Debaixo da Lua Hardmana, Farine Manteiga Derretida Objetos Peludos Mamãe Maimuna Joia no Escrutínio Mãe Ghazala Serpente do Nilo

Ghawazee Trouxa de Pano Adeus Mdúkha Kahk B’halib Língua de Amrik Mercadorias de Beirute Figos de Embornal Pão Fresco, Hortelã Faná Faná Camelos, Amantes Mil e Uma Noites

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Cortesã de Trebesta -

Amina (protagonista), é questionada por seu tio Naim Salum (imigrante libanês) se aceita casar-se com o mascate1 Abraão .

Para Naim, casar com alguém como Abraão é encontrar a felicidade.

1. Mascate vendedor ambulante de objetos manufaturados, panos, joias etc. Alcunha depreciativa, dada antigamente aos portugueses do Recife pelos brasileiros de Olinda, de onde se originou o nome à Guerra dos Mascates, iniciada em 1710, em Pernambuco, entre os dois povos.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Cortesã de Trebesta -

Com o mascate Abraão eu ia ser muito feliz, diz tio Naim, viver numa casa imensa de avental contar ovos, bater manteiga, ralar abóbora, picar amêndoa, a natureza nos dedos, regar uma horta no quintal, alface hortelã tomilho, ter sexo na noite abençoado, açúcar cristal na língua hmmm. Com o mascate Abraão ia eu ter de dançar para ele haialá laia depois sentir as mãos dele me despindo, a língua dele arre o cipreste se sacia em suas fontes, as espadas lavram a concavidade dos vales, amantes branqueiam colinas com o leite de suas gazelas, ter de admitir suas brincadeiras e tapinhas, o sabre plantado, bocas unidas, naquela casa sem um quarto só pra mim, suportar as gazelinhas fazendo barulho correndo pela casa irra, o cheiro de galinha morta das velhas se lambendo os dedos, numa noite ser Xarazade, na outra Naziad a cortesã de Trebesta, na seguinte uma das moças de Adrar inebriando os golfinhos, cozinhar para quinze pessoas, viver só para ganhar dinheiro e ganhar dinheiro só para guardar e dar a vida para isso, o grande retorno para o Líbano, responde, Amina, aceita casar com o senhor Abraão?

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Pássaro Miragem -

Inicia com Amina completando o ditado:

Mais vale um pássaro na mão que dois voando, não, mais vale um pássaro voando, de que vale um pássaro que não voa? Melhor o pássaro voando e vai ter de fechar à mão até cansar e assim cansada a mão abre e o pássaro voa mesmo, sempre ele vai voar, pássaro é para voar vuuu vuuu vuvuvuvuuu pássaro voando não é uma miragem antes a miragem de um pássaro voando que um pássaro miragem, a verdade é uma mulher nua, onde poderá entrar sem ofender? Sem ruborizar?

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Pássaro Miragem -

O pensamento de Amina voa. Ela lembra de momentos com sua avó Farida na

montanha do Líbano:

Vovó Parida não podia me ensinar a dançar, nas noites de verão íamos vovó e eu espalhar damascos no sath para secar ao sol e levávamos tapetes e almofadas para deitar e olhar as estrelas, ali no cimo da casa eu ouvia as histórias de vovó, no Egito dançou para franceses haialala as histórias de Kutchuk homem, de Aziza, os braços ondulando serpentes brancas vovó se levantava e dançava ao luar halakala e me mandava dançar , suadas adormecíamos debaixo da lua.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Debaixo da lua -

Amina registra o comportamento de sua mãe Maimuna:

...minha mãe nunca respondeu a nenhuma acusação de papai, mas obedecia às suas ordens, guardou tudo dentro de sua alma e um dia deixou papai girando tonto em casa abrindo e fechando porta, perdido na sua dor sem poder entender nem explicar nada.

Fuad, irmão de Amina, foi o único dos homens da casa que ficou ou lado da mãe. Todos os outros ficaram ao lado do pai, principalmente Feres.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Hardmana, Fairine -

Amina lembra da mãe com doçura, de suas habilidades com os pés, como as sunitas.

A mãe não queria que ela fosse dançarina, mas seus olhos brilhavam quando via Amina dançar.

Amina fala de religião:

...ela (a mãe) levava sempre no peito um escapulário e tinha na alcova uma imagem de santa e um terço para rezar, rezava ajoelhada, já fomos bizantinos já fomos persas fomos árabes fomos cristãos, depois fomos mamalucos egípcios, mamãe na sua estranheza tinha todos os traços de nossa História antiga...

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Manteiga Derretida -

Amina relembra do que aprendeu com sua avó, símbolo de transgressão: as danças, a culinária, as lendas, a memória de seu povo (transmitida de geração a geração).

Amina é rejeitada por seu pai por causa de sua mãe. O pai transfere à Amina, por ser do gênero feminino,

todo o ódio causado pela traição.

...vovó mandava eu fazia, os meninos faziam, nem papai mandava nela, papai dizia Farida velha fedida não pode ensinar Amina a dançar...

Há esse velho de coração de lágrimas, de laban, de refresco perfumado, samnem mufaise , dia quente manteiga derretida.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Objetos Peludos -

Bêbados falavam mal das mulheres. O pai de Amina bebe lembra da mãe e pega o estojo com a faca pensando em matá-la.

...Maiumuna comedora de tios-felpudos mulher quando fala mente quando promete não cumpre quando cumpre volta atrás quando nela confiam trai quando não trai fere revela facilmente sua parte íntima a qualquer um lança olhares a todos semeia a discórdia um homem não pode partir para a aldeia vizinha nem por um dia se voltar antes vai encontrar a mulher na relva com um negro...

Abduhader, irmão de Amina é o único a quem o pai dela ouve.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Mamãe Maimuna -

Amina lembra-se de sua mãe: de chinelas de palha, pés de sunita, cabelos tingidos de hena.

Maimuna: beleza que atraía os homens como o mel atrai os ursos, mas também sofrimento com água salgada e ódio.

Lembra ainda de vovó Farida dizendo para que ela jamais deixe de amar a mãe.

Lembra do pai ‘satisfeito’ com a fuga da mãe, pois isso comprovava sua teoria sobre suas mulheres.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Joia no Escrínio -

Amina compara dança com vinho: ambos inebriantes.

As dançarinas seduzem, mas são discriminadas.

... O corpo não pode ser rejeitado nem esquecido ele não é inferior deve ser desejado amado como uma joia de família precisa ser guardado no escrínio, quem despreza o corpo sentirá a vingança de Deus... Dança é vinho e vinho pode ser tomado em comunhão na igreja como o sangue de Deus ou pode ser tomado nas festas dos clientes de Baco tirando as suas baforadas.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Mãe Ghazala -

Amina questiona o desaparecimento de sua mãe: Morrera? Fugira só? Fugira com alguém? Fora raptada?

Amina lembra de ter questionado tio Naim sobre isso, mas ele não soubera responder.

Lembra que ele ficara cego no ano do massacre dos drusos e que amara uma mulher, vovó Farida contou.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Serpente do Nilo -

Amina lembra da ‘história’ da dança:

Hoje vou ensinar Amina, gazelinha que vai ser dançarina, posso adivinhar, Amina tem olhar de uma serpente do Nilo, o passo leve, estudados intervalados no tempo, olhar de desdém como olhasse um deserto distante... As dançarinas foram expulsas do Cairo pelo malvado governador, os homens viajavam dias e noites rio acima até Esna apenas para ver Kutchuk Hanem dançar... Dança de sentir bem no corpo e na alma...

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Ghawazee -

... dança é um desejo de solidão, uma contemplação do interior da selvageria do corpo, da nostalgia da memória, mágicos efeitos, celebração da calma do espírito clarividente, corpo, a simbólica encarnação da infinita luxúria a obediência à paixão e ao perverso temperamento feminino.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Trouxa de pano -

Conhecemos a história de tio Naim: saiu fugido porque os turcos e muçulmanos queriam matá-lo devido ao que havia escrito.

Ele reuniu alguns livros, joias para trocar por comida ou roupa e pediu um dos meninos de seu irmão para acompanhá-lo.

Amina foi enviada, pois era a menos ‘útil’ para a família. Afinal, os homens serviriam no trabalho da agricultura e formariam famílias, e as outras mulheres menos parecidas com a mãe e mais fortes serviriam para dar continuidade à família.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Trouxa de pano -

Vovó Farida preparou uma trouxa com os acessórios de dança escondidos e Amina foi com tio Naim.

Eles embarcariam para Marselhe, na Itália e de lá para Amrik.

Beirute estava ocupada pelos turcos (inimigos). Na viagem, ela sentia a paz e o medo das pessoas.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Adeus Mdúkha -

Uma carroça busca Amina e tio Naim de madrugada e os leva até o porto de Beirute.

Amina observa tudo. Sente tudo, até os braços de vovó Farida.

...viajei sentada de costas na carroça olhei pra trás tentei gravar na minha lembrança as cabras que via, as ovelhas, os bules dourados a imensa bandeja de barro onde vovó fazia pão, o cheiro de pão e o calor do forno, o cheiro de jasmim e manjericão os campos de trigo o orvalho que eu gostava de beber nas folhas da relva, a minha infância acabava ali na estrada descendente, minha vida se tornava meu passado e minha infância se perdia nele schuift.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Kahk B’halib -

Amina, ainda na carroça, lembra de uma infância feliz: de comer, brincar e correr pelos campos.

Tio Naim, alegando que não gosta de crianças magrinhas, oferece a Amina um saquinho de kahk b’halib (rosquinhas de leite).

Ansiosos com a viagem de navio, eles conversam sobre navios, mares, criaturas.

Amina vê um “tapete de luzes”: Beirute e descreve sua impressão da cidade.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Kahk B’halib -

...uma cidade grande confusa urinada gente nas ruas mesmo naquela hora da noite, entramos nas ruas estreitas e nas mais estreitas cheirando a gordura e assim a cidade se fez em minha mente, eu a conheci primeiro por suas luzes seus escuros e seus cheiros e seus ruídos, fomos deixados em uma casa rica de poetas amigos de tio Naim, para ficar ali uns poucos dias antes da partida mas perdemos o embarque.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Língua da Amrik -

Amina relata seu primeiro contato com a língua falada na América, que, em tese, seria o inglês.

Fala ainda dos homens, poetas estudiosos. Fala do tempo através da mudança do corpo

(inferência). Fala da ida ao porto com a bagagem e a multidão

que esperava seus nomes serem chamados, bem como o passaporte turco.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Língua da Amrik -

...eu gostava de ir cortar rosas no jardim para ouvir mas se ouvia nada entendia, eles falavam outra língua, outras línguas, a língua da Université dos jesuítas, a da Universidade Americana de Beirute, a língua da Amrik para onde eu ia, umas vezes fui com tio Naim ao porto com o baú de livros e a trouxas, as minhas roupas cada vez maiores, eu crescia e meu corpo se tornava corpo de mulher.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Mercadorias de Beirute -

Amina mais olhava que comprava mercadorias em Beirute.

O corpo se derramava para o mundo. Conta que vivia na cozinha ou fechada no quarto

com as mulheres da casa. Dançava para elas, olhava a lua do terraço

...que a lua faz as plantas crescer e os animais engordar e me tornava mais mulher... Eu dançava para a estrela Zahra a sua magia de vênus para aumentar meu poder de atrair os homens despertar paixões... Ou queimar talismãs no forno de pão para o navio chegar logo e me levar para Amrik.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Mercadorias de Beirute -

Conta, triste, sobre as cartas que recebia:

...recebia cartas de papai, da aldeia, cartas que me faziam chorar, crueis, se eu era suave ele brigava se eu era fria ele cuspia se eu dizia elogio ele ignorava de noite na cozinha ele falava mal de mim com Abduhader, falava mal da mamãe com os outros bêbados de noite e falava mal das mulheres todas elas.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Figos no Embornal -

Tio Naim explica para Amina que a língua é suficiente para interpretarmos o mundo:

...para suas indagações e interpretações da natureza humana não precisava de seus olhos, os olhos servem para distrair a alma com as belezas as ilusões as aparências...

O estafeta grita o nome deles. Eles embarcam. Amina é os olhos de tio Naim.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Figos no Embornal -

Amina fala da educação que a cultura de sua sociedade esperava e da educação que recebera de tio Naim.

...papai me dera ao irmão para lhe ser uma serva ou escrava mas tio Naim nunca se quis tornar o centro de minha vida e me deixou livre youyouyouyouyouyou e me educou não para ele mas para o mundo, ensinou a ler e escrever e muitas palavras de francês e a língua da Amrik e grego e aramaico, mulher saber língua estrangeira é abrir uma janela na muralha e ensinou música filosofia matemática astronomia mas em vão, eu tinha sido forjada na dança e na cozinha...

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Pão Fresco, Hortelã -

Amina fala do navio associando o imaginado com o real.

Já no porto, havia uma amontoado de gente. Os pobres, mendigavam; os em melhores condições eram explorados pelos eunucos.

O navio era um ferro velho, sujo, enferrujado e que ‘acomodava’ oito pessoas em camarotes minúsculos preparados para receber quatro pessoas.

Eles dormiam na mesma cama (beliche), mas só saia um de cada vez, pois podiam perder o lugar.

Fala da pouca comida, da água salobra, dos enjoos.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Faná Faná -

Amina fala do fim do mundo no navio: perto das máquinas, sempre suja de carvão.

Ela se cansa e sai a procura de um lugar melhor. Acha o lugar perfeito: fardos de feno na coberta

superior em que os cavalos, vacas e ovelhas viajavam.

Chama tio Naim, suborna um ‘turco da Turquia’ e leva o baú do tio para aquele oásis.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Faná Faná -

Lá, comem ração 2x por dia, bebem Árak, tio Naim conta histórias do passado do Líbano e Amina lê para ele um livro que escrevera antes de ficar cego.

O turco ouvia, não entendia a filosofia de tio Naim, mas entendia a fuga deles.

Entendia que ‘onde está a liberdade está nossa pátria’.

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Camelos, Amantes -

Amina leu muito. Tio Naim pedia que lesse só livros árabes, para que

Amina não perdesse o amor pela terra natal. Ela lia até as súratas (poesias) dos Corão (livro

sagrado)

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AMRIK PARTE 1: DUAS TAÇAS DE ÁRAK- Mil e Uma Noites -

Tio Naim explica o que é história, o que é literatura. Há fronteiras entre o real e o irreal.

... A literatura árabe é a alma árabe... Não é o mundo árabe que as pessoas pensam... As Mil noites e uma noite.

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AMRIK PARTE 2AMRIK

Tudo é AMRIK Ya Noori Inti Helwa Sem Money Cruz no Céu Indústria Castelo de Pedra Fonte Bethesda Casas Desejadas História de Aziza Filha de Faraó Perfume Diferente

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Tudo é AMRIK -

Amina comenta que muitos libaneses eram enganados: achavam que iam para a América do Norte e iam para a América do Sul, mas o estafeta dizia: “tudo é américa!”.

Amina desembarca com tio Naim, diz que saiu da ilhazinha para a ilha maior.

Tio Naim foi mandado embora. Amina forma uma pequena banda com seus

instrumento (sagat, reque e daff) e apresenta danças na Feira de negócios Turquish dancer.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Ya Noori Inti Helwa -

“Ó você que é minha luz”. “Você é doce!” Amina achava que ficaria rica dançando, afinal

estava na terra da liberdade. Ela escrevia para tio Naim, falava do “cinza” da

cidade. Contou que ao desembarcar marcaram seu corpo

como se fosse uma etiqueta, deram uma banho e mudaram seu nome no documento.

Ao acabar a feira, foi jogada na rua.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Sem Money -

Amina fala da industrialização dos EUA:

... havia desempregados, policiais estúpidos arrogantes patrões ladrões greves de empregados reuniões de operários, trabalhadores de minas viviam feito escravos, havia dedos esmagados nas máquinas das fábricas...

Amina passa fome e frio, dorme na rua, em dormitórios, cortiços etc.

A neve é “cinza”.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Cruz no Céu -

Tio Naim escreve do Brasil.

... Tudo no Brasil estava entre opostos e oscilava entre dois abismos, o abismo da indústria e da velocidade o abismo do tédio e do estacionarismo...

Fala de ver o Cruzeiro do Sul e associa isso a um lugar marcado pelo cristianismo, onde ninguém é perseguido pela religião em que crê.

Tio Naim retrata o surgimento dos vários grupos étnicos que formam a atual São Paulo.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Indústria -

Tio Naim fala sobre o processo de industrialização no Brasil.

Diz ser necessário, pois as pessoas precisam de empregos.

Ainda assim, acredita estar entrando no tempo das inutilidades.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Castelo de Pedra -

Amina fala da dificuldade nos EUA. Ela morava num casebre para imigrantes, próximo a

um castelo de pedras. Conta que era difícil conseguir emprego de

dançarina. Certa vez conseguiu, dançou, recebeu, foi comprar

roupa, foi assaltada, roubaram seu lenço. Ficou a zero.

Passou por um café e ofereceu-se para dançar ao dono. Acreditava ser solidão.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Fonte Bethesda -

Amina está depressiva e escreve cartas: para tio Naim, para vovó Farida, para seus irmãos, para desconhecidos (um homem ruivo que passava, Mark Twain e um remador por quem acreditava ter se apaixonado.

Ela escreveu em árabe, pois não dominava o inglês. Marcou um encontro que nunca aconteceu com o

remador. O policial a abordou. Amina estava carente.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Casas Desejadas -

Ninguém falava com Amina. As pessoas eram frias.

Amina se denigre: pobre, feia, com frio, cachorra vadia de rua.

Sonhava com o Brasil de tio Naim.

Amina vagueia nas ruas escolhendo casas.

Ela dança na rua, talvez pela história de Aziza.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- História de Aziza -

Aziza, com ciúmes de Safiya, a mais famosa dançarina no Cairo, viu um estrangeiro comendo tâmaras.

Ofereceu-se para dançar para ele.

Inicialmente ele a recusa por causa de Kutchuk Hanem, depois aceita.

Sua história é contada até hoje.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Filha de Faraó -

Tio Naim chama Amina para ir morar com ele no Brasil.

A enche de adjetivos.

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AMRIK PARTE 2: AMRIK- Perfume Diferente -

Amina diz que o que chegava do Brasil tinha perfume diferente.

Ela achava que o Brasil era um depósito de imigrantes, um lugar para fracos.

Um Brasil com muitos padres, muitas religiões – até ridículas.

Colocou suas coisas num baú e foi para o Brasil.

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AMRIK FICHA TÉCNICA

OBRA AMRIK

AUTORA Ana Miranda

PUBLICAÇÃO 1997/1998

EDITORA Companhia Das Letras

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AMRIK ESTRUTURA DA OBRA

ESPAÇO São Paulo Presente: São Paulo, Jardim da Luz Passado: Líbano

TEMPO fim do século XIX Cronológico: não é registrado, mas dura entre o

pedido de casamento e sua resposta. Psicológico: relembrado pelo recurso do

flashback.

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AMRIK ESTRUTURA DA OBRA

LINGUAGEM Simplificada, porém poética e profunda, a

linguagem floresce das partes profundas da mente.

A narrativa se assemelha aos escritos por MAHJAR (os imigrantes libaneses)

PERSONAGENS PRINCIPAIS Amina Protagonista, narradora, dançarina. Foi

entregue pelo pai ao tio Naim para ser sua serva, pois a semelhança da menina com a mãe o irritava.

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AMRIK ESTRUTURA DA OBRA

PERSONAGENS PRINCIPAIS Naim Tio de Amina, cego, escreveu contra os

turcos e veio fugido com a sobrinha para o Brasil. Ele queria vê-la casada com Abraão.

Abraão No dia de seu FELLAH (casamento), seu pai convida Amina para dançar. Ela dança Al Nabal e seduzindo Abraão (não proposital!). Ele, deslumbrado, abandona a moça, foge para a América, volta a São Paulo e pede a mão de Amina em casamento.

Chafic paixão de Amina.