Amor não é sentimento, é atitude AMOR NÃO É SENTIMENTO, É ATITUDE Este livro não vai ter...

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AMOR NÃO É SENTIMENTO,

É ATITUDE

Tânia Cristina Giachetti Ministério Seara Ágape

www.searaagape.com.br/amornaoesentimentoeatitude.html

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AMOR NÃO É SENTIMENTO, É ATITUDE

Ministério Seara Ágape

Ensino Bíblico Evangélico

Tânia Cristina Giachetti São Paulo – SP – Brasil

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Agradecimento

Ao ÚNICO que, verdadeiramente, sabe o que é o AMOR

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Dedicatória

Aos que sabem o que é OBEDECER

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“Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas

amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”. (Lv 19: 18)

“Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço... O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei... Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a

própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando”.

(Jo 15: 10; 12-14)

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AMOR NÃO É SENTIMENTO, É ATITUDE

Este livro não vai ter introdução, diferentemente dos outros. Também não terá capítulos separados, porque tudo se entrelaça. O Espírito Santo vai determinar, com certeza, o seu ritmo de leitura. Se desejar, complemente-a com “As três faces do amor” e “Jamais Falte Óleo Sobre Tua Cabeça” – links: www.searaagape.com.br/astresfacesdoamor.html e www.searaagape.com.br/jamaisfalteoleosobretuacabeca.html Vamos iniciar com algumas perguntas. Existe algo mais difícil de praticar, hoje em dia, do que o amor? Existe algo mais difícil de receber do que o amor? Existe algo mais deturpado no ser humano que é o entendimento correto do que é amar? Se entendêssemos, compreendêssemos e praticássemos verdadeiramente o amor como Deus o concebe, não haveria tantas doenças emocionais nem tantas tragédias, pois por amor se mata e se morre. Se tivéssemos o amor limpo e puro dentro do nosso ser conheceríamos a Deus, pois a bíblia diz que Deus é amor [“Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4: 8)]. Diz também: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus” (Mt 5: 8). Como já escrevi em outro livro (“Jamais Falte Óleo Sobre Tua Cabeça”, no capítulo chamado: O amor é o dom supremo), para falar sobre o verdadeiro amor precisamos deixar de lado, em primeiro lugar, as ações distorcidas e doentes do diabo que assumem a roupagem bonita e formosa de amor, mas são formas doentias e malignas de prender o ser humano em cadeias por muitos anos. O “amor” por ele apresentado é uma forma de mascarar a chantagem emocional, o abuso de poder, os sentimentos piegas (sentimentalismo ridículo), a vontade de dominar ou subjugar o próximo, tirar das pessoas o livre-arbítrio dado por Deus, manipular uns aos outros, colocar o fardo da preocupação sobre os ombros de quem ama e de quem é amado, desproteger uma vida em decorrência da preocupação descontrolada, desejos carnais ou simples atração física, dependências emocionais, ciúme e possessividade que geram até impulsos homicidas em grau extremo de descontrole e outras malignidades que só trazem dor e opressão. Hoje, vamos deixar de lado a conhecida “variação” do amor à qual os gregos chamam de Eros e que, embora tenha sida criada por Deus de uma maneira pura para dar uma alegria ao homem que Ele gerou, também está presente nos animais irracionais como algo instintivo que promove apenas uma sensação de prazer momentâneo; envolve endorfinas e outros neurotransmissores cerebrais e, de certa forma, beneficia apenas duas pessoas por alguns momentos; por vezes, não tem nenhum envolvimento do Espírito de Deus, transformando o ato em si em algo carnal, para não dizer animal. Esse discurso pode parecer duro de ouvir, como foi o discurso de Jesus em Jo 6: 22-71, quando Ele disse ser o pão da vida e que quem quisesse ser salvo deveria comer da Sua

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carne e beber do Seu sangue. Foi um escândalo, justamente por estar tratando com pessoas carnais, rebeldes e obstinadas.

O objetivo deste livro é outro e foi verdadeiramente ditado pelo Espírito Santo para exortar profundamente Seu povo naquilo que Ele acha mais repugnante dentro da Sua Igreja, que é se pregar o que não se vive, ou seja, falar de amor, mas não demonstrá-lo abertamente e da maneira correta, nem o Philleo (o amor de irmão), muito menos o Ágape (o amor de Deus), já que este exige maturidade espiritual e consagração maior ao Senhor para ser exercido. Quando muito, a Igreja demonstra um amor pequeno e limitado e de que ainda se ufana, mas que merece a mesma repreensão do apóstolo Paulo aos Coríntios: “Não tendes limites em nós; mas estais limitados em vossos próprios afetos. Ora, como justa retribuição (falo-vos como a filhos), dilatai-vos também vós” (2 Co 6: 12-13). Exercer corretamente o Philleo nos habilita a ter o Ágape, pois ninguém pode ter em si mesmo e praticar o Amor Maior e Incondicional que flui de Deus, sem conseguir praticar nem ao menos o amor humano para com seu próximo. A bíblia diz: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (1 Jo 4: 20-21). Muitos podem argumentar: – “Eu não odeio o meu irmão”. Porém, Jesus diz: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo” (Mt 5: 22-26). Algum de nós pode passar incólume por todos esses versículos? Quantos irmãos que antes se sentavam juntos na igreja, hoje sentam bem longe um do outro por não se suportarem? Quantas vidas sofrem por causa da indiferença ao seu redor? Quantas ofertas se tornam mecânicas, sem alegria, porque o coração está ferido? Quantos são feridos ali mesmo, dentro da Casa de Deus, sem necessidade, simplesmente porque alguém optou por deixar o “velho homem” prevalecer? Por favor, não responda rápida e mecanicamente, como já ouvi uma pessoa dizer: – “Se Jesus voltar hoje, eu subo com Ele, porque já perdoei todo mundo”. Por que não fazemos um exame mais aprofundado dentro da nossa alma antes de sermos “tão santos” e “tão irrepreensíveis”? Existe coisa mais hipócrita que dizer “Paz do Senhor, irmão!” sem sentir a mínima paz no coração, ou a mínima vontade de dizê-lo, simplesmente porque é “de praxe” dizer isso? Nunca houve tanta hipocrisia quanto a que vemos hoje, simplesmente porque criamos na carne uma forte muralha de proteção contra as revelações verdadeiras do Espírito Santo que vêm para nos corrigir, nos provar, nos moldar e, por fim, para nos fazer bem. Mas o povo de

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Deus assume uma atitude arrogante de falsa pureza, de falsa cura e de falsa autoridade; só não percebe que a Igreja, apesar de proclamar tanto, continua derrotada, justamente porque experimenta tanta disputa de poder, divisão e separação; e o diabo, pelo contrário, se vê cada vez mais unido e “atualizado”. Paulo diz: “Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos. Na Lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor” (1 Co 14: 20-21). Ele estava falando com homens ou com demônios? Com ímpios ou com povo de Deus? Encarar isso é maturidade. Por falar em coisas que Deus aborrece, além de não se pregar o que não se vive, vamos dar uma olhada em Pv 6: 16-19: “Seis coisas o Senhor aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contenda entre irmãos”. Em Rm 5: 5 está escrito: “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”. Pensando em tudo o que lemos acima podemos perguntar: – “Se somos povo de Deus, lavados, remidos, perdoados, cheios do Espírito Santo, por que é tão difícil ver dentro da Casa de Deus demonstrações humanas espontâneas, livres, genuínas e puras do amor, ao invés de algo tão controlado e contido pelo ego?” É mais fácil entrar numa igreja e ouvir gritos de guerra, cochichos, mexericos, acusações falsas de pecado de algum membro, ver julgamentos precipitados, contendas ou alguém expulsando demônio (que, às vezes nem é demônio, mas carne humana necessitada de cura profunda). Por que saímos tão vazios e entristecidos, muitas vezes, ao perceber que a única coisa que precisávamos era de um abraço, mas não havia braços disponíveis para “se emprestar” para Jesus por alguns momentos? Ou não havia boca capaz de dizer o que estávamos precisando ouvir? Será que não havia olhos sensíveis para perceber a necessidade de um irmão? Não havia ouvidos sensíveis à voz do Espírito Santo? No Sl 115: 5-8 está escrito: “Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam”. O Senhor estava se referindo aos ídolos dos povos. Mas, se a Igreja de Cristo continuar tão indiferente e tão contida em relação ao amor, será que não vai se assemelhar a eles?

O título do livro é: Amor não é sentimento, é atitude. Para Deus, desde o Monte Sinai até aqui, o amor a Ele se resume em obediência às Suas leis, não a um sentimento piegas onde reviramos os olhos e, com “cara de anjo”, dizemos: – “Eu amo tanto, Jesus!”. Todavia, isso não exclui as demonstrações de afeto, nem as palavras de conforto, nem o auxílio financeiro que precisamos dar uns aos outros como uma atitude de obediência ao Espírito Santo em nosso coração. Em outras palavras, a atitude de amor que temos para com Deus é obedecer-Lhe em tudo o que Ele nos pede e nos

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ordena a fazer, seja o que for; para com nossos irmãos, o amor se resume em atitudes práticas e palpáveis decorrentes da vivência da própria Palavra (JESUS) em nós. Aí sim, o sentimento se une a uma ação. A civilização materialista, capitalista e informatizada de hoje passou a excluir as demonstrações inocentes e descompromissadas de afeto para dar lugar a uma racionalidade fria, doente, neurótica e impessoal que trata o outro ser humano como uma máquina e que, dependendo do botão que se aperta se obtém uma resposta. Agir em contrário a esta lei demoníaca significa dar “prejuízo para a empresa” ou “pagar mico”, passando por uma pessoa desequilibrada e carente diante de gente tão controlada e dona de si. A carência afetiva passou a ser suprida pelo dinheiro. Dentro da Igreja não é diferente, pois se tornaram raros os momentos de louvor que realmente “tocam o trono”; fica ridículo exibir qualquer lágrima durante o louvor porque logo se cogita no que a pessoa que está ao lado vai pensar disso; também se tornaram raros os momentos onde a cura divina começa a fluir e o Espírito Santo necessita verdadeiramente “limpar” uma vida para ela continuar a prosseguir sua jornada cristã. Por isso, os mais sensíveis não têm vez em determinados lugares; passam por descontrolados emocionais, quando, na verdade, anseiam desesperadamente por estar no “Santo dos Santos”. Não têm privacidade para falar com o Pai. Falta mais silêncio dentro da Igreja de Cristo, mais choro, mais reverência, mais humildade, mais busca, mais verdade, mais espírito e menos carne. As brechas que estão sendo dadas ao diabo são tão grandes que o coração de muitas pessoas não se sente à vontade para se abrir completamente ao Espírito de Deus. É como se a “poluição espiritual” ao redor fosse maior e seria arriscado demais “abaixar a guarda”. Isso é reflexo de falta de santidade, de paz genuína e, principalmente, de amor verdadeiro, pois quando Jesus está ali de maneira plena o diabo não tem lugar. Não digo que não é necessária a unção de poder, de guerra, de cura etc., dependendo da vontade de Deus naquele momento para aquele povo, entretanto, sem o alicerce do amor divino (Ágape) e das colunas do amor de amigo (Philleo), o resto da estrutura desmonta. Vamos nos lembrar do que o apóstolo Paulo escreveu em 1 Co 13: 1-13:

O amor é o dom supremo

“E eu passo a mostrar-vos ainda um caminho sobremodo excelente. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze (NVI, sino) que soa ou como o címbalo (NVI, prato) que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então,

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veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”.

As palavras em itálico são as atitudes principais de quem quer praticar o amor, seja o Ágape ou o Philleo. Amor é amor. Elas já foram esmiuçadas no livro referido acima (“Jamais falte óleo sobre tua cabeça”), mas vamos repeti-las para podermos prosseguir: 1º) O amor é paciente. A grande e primeira característica da presença do amor de Deus em nós é a paciência; paciência para que as coisas aconteçam, paciência conosco e com as pessoas, paciência com as circunstâncias e até com Deus, o que já nos coloca numa situação de humildade diante Dele e dependência da Sua ajuda. Num mundo tão informatizado, mecanizado e tão desesperado e preocupado com a urgência, com a rapidez e com a eficiência, torna-se extremamente difícil a prática do amor verdadeiro porque não temos paciência nem humildade de reconhecer que somos aprendizes em algumas áreas e que é o exercício, o tempo e a prática que nos fazem eficientes naquilo que estamos aprendendo. Um médico não se torna médico em duas semanas na faculdade de medicina, nem sentado apenas numa biblioteca estudando sobre patologia (estudo das doenças) médica, mas dentro de um hospital de oito a trinta e seis horas seguidas, às vezes, lidando frente a frente com o lado prático das situações. Um pastor não se torna pastor em três anos de convertido, só porque sabe de cor a palavra de Deus ou porque sabe expulsar demônio. Tanto para lidar com aparelhos, quanto com pessoas, até com plantas e animais, precisamos ter amor, o que implica em paciência para esperar a semente frutificar e o “filho” nascer, ou o “pai (mãe)” estar pronto para ser pai (mãe). Por isso, Deus fez o mundo em sete dias para nos mostrar que quando se ama o que gerou e quer fazer perfeito, deve-se ter paciência e meticulosidade, perseverança, persistência e cuidado. A carne humana é impaciente porque vê o tempo cronológico; o espírito é paciente porque enxerga a eternidade, o tempo de Deus.

2º) O amor é benigno. Significa ser bondoso. Benignidade, embora parecido com bondade no seu significado prático, simboliza, mais diretamente, a natureza de ter o bem implantado dentro de si como uma marca. É ter uma natureza voltada ao bem sempre, pensando no bem-estar do semelhante como Deus pensa nos Seus filhos;

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detestar tudo o que é maligno ou possa causar dano a outrem; rejeitar e se opor à natureza do diabo e do mundo. Ser bom é saber fazer o outro feliz. E fazer o outro feliz implica em respeito pelas suas vontades e necessidades. Muitas vezes, queremos dar algo a alguém, entretanto, não nos preocupamos se o que vamos dar vai fazer essa pessoa feliz ou não, porque nem todos os presentes agradam, simplesmente pelo fato de estar implícita aí uma necessidade. Por exemplo, pode ser lindo o vestido ou a peça de decoração que queremos dar à nossa amiga e, com certeza, ela ficaria feliz, pois o preço é caro e o produto é importado. Entretanto, pode ser que um pacote de macarrão dado com amor num momento de extrema dificuldade financeira seja a grande felicidade. Fazer o outro feliz, ser bom com o outro, significa termos sensibilidade para observá-lo, assim como suas necessidades, seus gostos, seus costumes, como Jesus fez com todos aqueles que se aproximaram Dele pedindo algo. Ele poderia simplesmente curar o cego, mas perguntou-lhe primeiro: “Que queres que eu te faça?” Isso foi, entre muitas outras coisas, um sinal de respeito pelo desejo do outro. É lógico que, como Deus, Ele sabia, mais do que o homem, o que ele necessitava. O cego poderia, simplesmente, ter pedido para Jesus para falar com aquele povo para consertar o teto de sua casa porque, se houvesse goteiras, ele poderia se machucar ao cair. Tenho certeza que se esse fosse o pedido, Jesus lhe concederia com prazer, porém, como Deus que era, mesmo que fosse só esse pedido, Ele o curaria também, porque sabia muito bem o que o faria verdadeiramente feliz. Portanto, exercer o amor é exercer a bondade de Jesus, fazer nosso próximo feliz seja com grandes como com pequenas coisas. Muitas vezes, ser bom não nos faz gastar dinheiro nem tempo; só um beijo ou um bom-dia basta; uma oração no momento do choro de angústia de um irmão é suficiente para trazê-lo novamente ao seu estado de bem-aventurança. A bondade está ligada à compaixão. Uma pessoa não consegue sentir compaixão por aqueles que sofrem algo que para ela é desconhecido; por isso, Deus nos permite sofrer muitas coisas: para podermos entender o outro e sermos um canal verdadeiro de bênção como Jesus foi. O egoísmo e o não querer se comprometer com o próximo é inato no ser humano. O ensinamento de Jesus é: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei; chorai com os que choram e alegrai-vos com os que se alegram”.

3º) O amor não arde em ciúmes. Como somos crianças imaturas diante de Deus e sentimos ciúmes da aprovação Dele se um irmão fizer algo melhor que nós! (Como se Deus medisse nossos atos da mesma forma!). Ele nos vê sob outro prisma, olha o nosso coração de outra maneira. Quando Samuel foi enviado para ungir Davi, Deus lhe disse: “O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração”. Não arder em ciúmes significa: ser generoso. Generosidade é dar liberalmente, sem pensar que o que estamos dando nos pertence e é precioso demais para o darmos ao outro. Se tivermos ciúmes de algo que nos pertence, fica difícil dá-lo a alguém livremente, porque ficamos pensando naquilo o tempo todo. Assim é o amor; se dermos amor a alguém, pensando que ele nos pertence, terminaremos com a sensação de que vai ficar faltando e, então, o reivindicaremos de volta para nos suprir. É aí que entra a diferença entre o amor humano e o amor divino.

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Nascemos como uma visão errada de que amor é algo limitado e que tem uma cota diária para ser usada, por isso amamos de maneira restrita, exigindo de volta o que damos. É o que Paulo fala nas suas epístolas aos Coríntios (2 Co 6: 12): “Estais limitados nos vossos afetos”. Muitos pais incutem esse conceito errôneo nos filhos quando dizem: – “Se você for bonzinho, papai lhe dá um brinquedo”; – “Se você for uma menina boazinha, mamãe lhe dá um beijo”. – “Olha só o que você fez! Eu odeio você!”. Assim, a pessoa carrega esse amor condicional dentro de si por toda a vida e faz qualquer negócio para ganhá-lo; é o que se chama de: “a paz a qualquer preço”. Não precisamos sentir ciúmes se outros amam mais do que nós, ou se aquele a quem amamos é mais amado do que nós, ou se quem amamos só pode ser amado por nós e por mais ninguém. Jesus amou a todos na cruz e Seu amor deu e sobrou para todo mundo até hoje. Está disponível vinte e quatro horas por dia para quem quiser beber dele há mais de dois mil anos. Não precisamos ter ciúme do amor de Deus por outras pessoas, porque o Seu amor é suficiente para todos nós ao mesmo tempo. O interessante de tudo, a grande chave, é saber encontrar e receber Seu amor; em segundo lugar, aprender a amar como Ele ama: libertando. O amor humano prende, o amor divino liberta. Para encontrar o amor de Deus é fácil: apenas entrar em Sua presença pela oração e com o coração sincero, livre de pecados, sem medo de Sua punição e com a disposição interna de ser como Ele: um doador. Quando aprendermos a nos doar, descobriremos como Deus ama. Muitas pessoas se confundem e querem justificar seu egoísmo dizendo que cada um tem uma maneira própria de amar, o que de fato tem, mas o que está em jogo aqui não é a quantidade ou a forma de manifestação, e sim a qualidade do amor: “Ninguém tem amor maior do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15: 13). A qualidade de amor que o Senhor fala aqui é a que Ele deu na cruz: a totalidade do Seu ser em disponibilidade a todos; em outras palavras, o que temos não nos pertence, nos foi dado gratuitamente pela misericórdia e graça de Deus sem o nosso merecimento, portanto, deve estar disponível a quem necessitar disso. O que temos de mais precioso é Sua palavra de salvação.

4º) Não se ufana, não se ensoberbece. Isso quer dizer: humildade. O verdadeiro amor se dá sem pedir condecorações pelo seu ato de doação e bondade. Não se orgulha de ter feito o bem, não fica contando seus feitos para todo mundo, não procura ser visto, mas alegra-se pelo fato de ter exercido o mandamento do Senhor, sabendo que a recompensa vem de cima. Não precisamos de demonstrações exageradas de afeto ou de grandes presentes para dizer que amamos; pelo contrário, o amor é uma semente pequena que precisa ser semeada, adubada e regada todo o dia como um estilo de vida, não como um ato esporádico de benfeitoria. O amor implica em cuidado constante com aquilo que se ama, até com coisas inanimadas como uma casa ou com o templo do Senhor. O ato de amor exige constância e vigilância para que nada cause dano ao que está sendo cuidado. É assim que Deus faz conosco: dia a dia Ele cuida e vigia para que nada nos cause dano (Is 27: 3: “Eu, o Senhor a vigio e a cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia eu cuidarei dela”).

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5º) Não se conduz inconvenientemente. Significa: delicadeza, discrição. O verdadeiro amor é delicado, discreto, respeita a vontade, o direito, o descanso, as limitações do outro e procura sempre o melhor momento para se manifestar. Para isso, é necessário desenvolver a sensibilidade. Assim como o Espírito Santo é delicado e procura um momento oportuno para nos falar sem nos expor ao ridículo, devemos fazer o mesmo com aqueles a quem dizemos que amamos, não chamando sua atenção na frente dos outros por pouca coisa ou apenas por um costume, uma “brincadeirinha” que causa mal-estar em todos os que estão à volta. Brincar com a maneira de ser das pessoas, com suas limitações, tiques nervosos ou problemas, principalmente na frente de outros, até na frente de um grande público, não agrada o coração de Deus. Esposos e esposas, pais e filhos, irmãos e irmãs, amigos e amigas, namorados, alunos e professores, patrões e empregados, pastores e ovelhas e assim por diante, todos precisam rever suas atitudes para que a rejeição, a divisão, a inimizade e o ódio desapareçam dos relacionamentos. O amor levanta o caído e o exalta diante dos que o humilharam. Foi o que Jesus fez o tempo todo. Lembre-se da mulher do fluxo de sangue; de Jairo; do centurião; dos leprosos; de Zaqueu; da mulher adúltera que ia ser apedrejada; da mulher que enxugou Seus pés com os cabelos na casa de Simão; da história do filho pródigo; da viúva pobre; das crianças que queriam estar com Ele; de Maria que era criticada por Marta; de Maria Madalena que foi liberta de sete demônios e passou a acompanhá-lo; da mulher samaritana que já tinha tido cinco homens, mas nenhum deles fora seu marido de verdade; dos cegos que foram curados; do ladrão preso na cruz ao Seu lado; do endemoninhado gadareno e outros. A nenhum deles Jesus ridicularizou, pelo contrário, teve sensibilidade para com eles, soube se portar convenientemente; soube amá-los.

6º) Não procura seus interesses. Isso quer dizer: entrega. Quem ama não se preocupa se amar o outro vai dar lucro, retorno, ou não. É saber suprir a necessidade do semelhante sem ver nele um “investimento” para o futuro. Pessoas não são poupança que vão dar rendimento posteriormente. Isso se refere a casais, famílias, amigos, relacionamentos com irmãos em Cristo etc. O cuidado mútuo vai ser o resultado de uma semente que se plantou; vai ser um exercício do amor, não uma obrigação sujeita a pena ou julgamento. Se assim fosse, Jesus teria levado uma total desvantagem conosco, pois nenhum de nós, por melhor que façamos, podemos retribuir à altura o que Ele nos deu; nem adianta tentar. O respeito pelo outro não é uma coisa que se compra, vende ou

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exige, porém, se ganha no dia a dia, dependendo da atitude daquele que o quer. Jesus não precisava exigir respeito; Sua atitude diária por si só já era digna de respeito. Ele amou incondicionalmente, sem procurar Seus próprios interesses, mesmo quando Lhe negavam acolhida (você se lembra da passagem que Jesus disse: “As raposas têm seus covis e as aves dos céus seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”, porque recusaram estadia para ele naquela cidade? – Mt 8: 20). Ele não os amaldiçoou, apenas continuou Seu caminho.

7º) Não se exaspera. Significa: tolerância. Que coisa difícil sermos tolerantes com a lentidão dos outros, com suas manias e costumes, até com sua ansiedade e stress, pois muitas vezes, nos afetam e tiram nossa paz de espírito! Às vezes, é difícil até sermos tolerantes conosco, com o nosso próprio crescimento e compreensão das coisas naturais e espirituais. O perfeccionismo que assola a maioria das pessoas é um reflexo da intolerância em relação às próprias imperfeições, o que acaba gerando uma cobrança nos outros e impedindo o livre fluir do Espírito de Deus. Onde tudo tem que ser perfeito, o Espírito Santo não age, pois o nosso conceito deformado de perfeição é completamente diferente do Seu. Devemos buscar a perfeição, sim, o que nos leva a pensar que devemos buscar a semelhança com Jesus, fazer o melhor que podemos para Ele, para nós e para os outros, mas estando cientes das nossas limitações e sabendo elogiar alguém ou a nós mesmos quando descobrimos que o amor com que algo foi feito esteve acima da neurose humana de atingir a perfeição. Para o Senhor, a perfeição está relacionada a sermos completos, ou seja, é nossa união com Ele que nos torna perfeitos, pois Ele nos completa, preenche nossos espaços vazios e nos supre nas nossas deficiências. A perfeição não é a ausência de pecado; ela indica plenitude, maturidade, exercendo a lei do amor a Deus e aos homens. O Senhor disse a Abraão: “Anda na minha presença e sê perfeito”. Existe outro versículo que diz: “Porque, se há boa vontade, será aceita conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem” (2 Co 8: 12). Fazer o melhor que podemos é ser perfeito. Por outro lado, o perfeccionismo é uma forma de rejeição contra nós mesmos e nos torna inflexíveis diante daquilo com que necessitamos ter “jogo de cintura” como, por exemplo, lidar com gente como a gente. O perfeccionismo acarreta jugo e impede o riso, gera formalidade e impede a comunhão verdadeira no Ágape, pois nos sentimos inibidos de sermos nós mesmos. Entristece o coração de Deus, pois tira de nós a humildade e a espontaneidade e dá lugar ao orgulho. Jesus era tão tolerante que suportou a mente fechada e o tradicionalismo dos fariseus julgando Sua sã doutrina; suportou a incompreensão e a arrogância de Pilatos julgando se devia ser solto ou preso. Era tão tolerante que se dispunha a comer com ladrões, bêbados e prostitutas para lhes levar a verdadeira luz. Era tão tolerante que agüentava as mudanças de humor de Pedro. Era tão tolerante que suportava ver Judas como Seu tesoureiro. Era tão tolerante que ouvia as histórias mais compridas e absurdas, quando podia ir direto ao assunto, curar a pessoa de uma vez por todas e sair para fazer outra coisa. É tão tolerante conosco que trabalha por anos a fio na mesma ferida e no mesmo trauma até que estejam perfeitamente curados e estejamos totalmente

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seguros para enfrentar novos desafios, mesmo quando qualquer psicólogo já desistiu de nós. É tão tolerante que não desiste de nos transformar de “pedras brutas” em “cristais lapidados” ou “esculturas” perfeitas semelhantes a Ele. Que temos a dizer diante disso?

8º) Não se ressente do mal. Significa: inocência, não guardar rancor diante das coisas que nos fazem. Quem ama esquece e perdoa, faz vista grossa diante de certas coisas para não ser ferido. É mais um item das difíceis características do amor, e só por ação divina em nós é que conseguiremos superar as provas da vida. É exercitar, pela fé, o que Davi teve que exercitar na família e diante de Saul. É preferir ser feliz a ter razão. É deixar a justiça na mão de Deus, assim como a escolha de certas circunstâncias para não sofremos mais do que o necessário. Não é fugir do desafio, é simplesmente ter sabedoria e prudência. É fazer o que Davi fez diante da revolta de Absalão e deixar Deus decidir. Amar com inocência é fazer as coisas na simplicidade de uma criança, apenas porque dá prazer em fazer, não porque os outros vão achar adequado ou não. Atualmente somos tão exigentes em tudo, que até na questão do amor queremos julgar as atitudes. Amar sem se ressentir do mal é ser como criança na malícia e viver debaixo das asas protetoras de Deus Pai, ao invés de sermos tão adultos como os homens desejam que sejamos; é fugir das atitudes carnais que trazem peso ao nosso ser.

9º) Não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. É ser sincero, fazer o mesmo que Jesus fez no passado e ainda faz conosco: amar o pecador, mas odiar o pecado. É saber que nós podemos errar, todavia, não precisamos ser coniventes com o erro ou com as coisas que entristecem o coração de Deus. Na verdade, é vivenciar o verdadeiro arrependimento e mostrar esse arrependimento aos que estão no caminho errado, até para que possam gozar a intimidade com o Senhor. Arrepender-se é reconhecer o erro e mudar de atitude. Quando amamos nossos irmãos e as coisas de Deus, também nos importamos se o diabo os está enganando e roubando deles ou através deles as bênçãos divinas ou violando Sua santidade. É, muitas vezes, tomar partido de certas causas por amor à Sua justiça, mesmo nos custando a falta do apoio dos acomodados ou dos covardes; é defender aqueles que não podem se defender e lutar para erradicar a tristeza, trocando-a por um sorriso de satisfação nos lábios de alguém. Em resumo, repetir o que Jesus veio fazer aqui na terra: destruir as obras do diabo. A sinceridade, entretanto, não deve ser uma desculpa da carne para colocar o outro “lá

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embaixo” ou minar sua esperança e sua fé, e sim, a sinceridade de mostrar no próprio semblante a aprovação ou a desaprovação com as situações e atitudes que nos afrontam; é exercer a disciplina e a autoridade para preservar a vida de Deus em nós e nos que amamos. O texto continua dizendo que o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. E isso até que veja cumprida a justiça e a verdade de Deus em cada situação. O amor é o dom supremo como está escrito na Palavra, mas também é um fruto do Espírito (Gl 5: 22), ou seja, o exercício do amor gera mais amor; em outras palavras, quando se planta amor, se colhe amor. Uma dica: Se você não sabe como amar uma determinada pessoa, tente perguntar a ela como ela quer ser amada, como ela se sente amada, de que forma ela vê o amor ou percebe a demonstração do amor de alguém por ela. Você pode se surpreender com a simplicidade da resposta. Talvez ela não esteja sendo tão exigente quanto você está pensando; pelo contrário, sua necessidade pode a mais simples do que você possa imaginar.

Além do que já foi falado, vamos raciocinar sobre certas atitudes que parecem ter sido varridas das emoções, do comportamento e das necessidades básicas de algumas pessoas, de seres humanos de carne e osso como todo mundo. São coisas que incomodam de verdade, pois dão lugar a outras características completamente indesejáveis e egoístas da carne que, conseqüentemente, abrem brecha para Satanás e distorcem os relacionamentos, minando a força do povo de Deus. Não são cabíveis as desculpas como medo (por causa de tantos traumas sofridos), características diferentes de personalidade, diferenças de comportamento por ser homem ou mulher, idade, costumes sociais, vergonha, timidez, influências do círculo de trabalho ou até da própria igreja que se freqüenta. Na verdade, tudo se resume em: falta de vontade de obedecer ao Mandamento do Amor de Deus. A velha e conhecida citação bíblica: “O Senhor disse que nos últimos tempos o amor se esfriará de quase todos” é simplesmente uma desculpa para não se lutar mais pelo amor, pois dá trabalho e nos expõe em campo aberto com o diabo; talvez seja uma testificação de que talvez não se tenha realmente “vestido a camisa” de filho de Deus, pois se Deus é amor e você se diz filho Dele, mas não se comporta como Ele, então como é que fica essa filiação? [Rm 8: 15; 29]. “Filho de peixe, peixinho é”. Se Jesus não tivesse sido o espelho do Pai e não tivesse amado o mundo de tal maneira, como diz a Palavra, talvez estivéssemos todos no inferno a essas horas, sem salvação alguma, porém, se eu e você estamos em Sua presença é porque, por amor ao Pai e a nós, Jesus se permitiu ser massacrado; não “ficou em cima do muro” como muitos ficam, sem se envolver com “certas coisas” ou sem se revoltar contra a violência que se vê no mundo, até que sua própria família seja atingida por ela. Aí, talvez, resolvam “se mexer”.

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Estávamos falando sobre algumas atitudes que parecem ter sido varridas da alma humana. Entre elas podemos notar:

1) Gratidão: quantas vezes nos esquecemos rapidamente os favores que recebemos, não só de Deus, mas dos irmãos! Somos incapazes de pegar num telefone para dizermos que recebemos uma encomenda pelo correio ou que a oração que recebemos no dia anterior surtiu efeito. O irmão do outro lado da linha vai continuar orando por uma coisa que já foi conquistada, simplesmente porque não teve um retorno. A desculpa de falta de tempo ou de que o preço da ligação é exorbitante é “mirrada demais”. Dependendo do plano telefônico que você fizer, as ligações nos finais de semana são gratuitas. O dia tem vinte e quatro horas; sempre vai sobrar um tempinho para dar um “alô” para quem se ama de verdade. O que falta, talvez, é um pouco de organização do tempo que se tem. As “cartas sociais” também não custam caro e podem conter um versículo de estímulo a quem precisa. Depende apenas da disposição de abençoar e servir. A bíblia diz: “Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui” (Gl 6: 6).

2) Costumes sociais adequados. O ditado popular diz: “educação vem de berço”. Hoje em dia se tornaram “caretas” ou “cafonas” certas atitudes de etiqueta que no tempo dos nossos pais ou avós faziam parte da sociedade; pelo contrário, costumes errados adquiridos na infância ou no mundo, mas que ainda são difíceis de largar, hoje, como cristãos, são os mais comuns de se ver; na verdade, deveriam ser inadmissíveis. Esqueceu-se a gentileza, o respeito aos mais velhos e aos nossos semelhantes, a reverência na Casa de Deus, o cuidado com o que lhe foi confiado, a higiene e a limpeza, o respeito às autoridades, a obediência às regras e aos horários estipulados para certas reuniões, a delicadeza, responder cartões, cartas e e-mails, se lembrar do aniversário de um amigo, a responsabilidade e o compromisso com o trabalho etc. Se não temos compromisso com nada nem com ninguém, quem dirá com Deus! Uma das frases mais comuns é: – “Você não tem que dar satisfação para ninguém”. Outra é: – “Sempre fui independente”. Ninguém tem que dar relatório do que faz para ninguém, mas uma satisfação a quem lhe fez um favor ou que precisa de um retorno para prosseguir numa determinada área é extremamente necessário, para não dizer gentil e uma atitude humilde de interdependência com nosso semelhante. A maioria das pessoas gosta de ser tão independente que até de Deus escondem suas necessidades ou nem pedem oração para um irmão para “não expor sua vida a qualquer um”. A bíblia fala: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5: 16).

3) Humildade para reconhecer que se precisa de um toque, de um beijo, de um abraço ou de uma palavra de apoio. Todos nós somos humanos e, queiramos ou não, as nossas necessidades emocionais básicas são iguais, desde a criação de Adão e Eva, sem diferença de cor, sexo, idade, nacionalidade, instrução ou posição social. A única diferença é o grau de orgulho de cada um e as barreiras do próprio ego que se colocaram como uma defesa para não entrarmos em contato com as dores das emoções mal curadas ou com as “coisas horrorosas” da carne que nos trazem vergonha e expõem diante de Deus e de nós mesmos a nossa pequenez humana. Aí entra a humildade de pedir ajuda a

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Ele para corrigirmos algo que para nós é completamente impossível. Aqui vale o comentário de que nós temos 50% de participação na cura, pois é por nossa vontade que o Espírito age. Voltando ao assunto da necessidade de toque físico, é só olharmos os animais domésticos que reagem a eles ou contra eles; quanto mais nós, seres formados à semelhança de Deus! De onde veio essa idéia de que tocar um irmão ou uma irmã na igreja é “perigoso”? De onde veio essa malícia de que o toque das nossas mãos ou um abraço é “pecaminoso”? De onde veio a famosa frase: – “Imagine só o que vão pensar de você dando um abraço no pastor na frente de todo mundo?”. Não é melhor dar um abraço no pastor durante a entrega das ofertas do que dá-lo escondido de todo mundo com outras intenções? Quantas vezes eu estive tão carente de um pai que naquele momento de dor me desse um abraço de conforto! E quantas vezes fui, praticamente, empurrada pelo pastor para que não pensassem coisa errada! Se eu quisesse sexo com ele não o faria no altar na frente de uma congregação inteira, ainda por cima na frente da pastora. Irmãos! Vamos encarar as coisas como são? Quem tem o Espírito Santo dentro de si não entrega seu corpo ao pecado, nem causa escândalo a outrem. “Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes Aquele que nasceu de Deus o guarda e o Maligno não lhe toca” (1 Jo 5: 18)... “Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas. No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra” (Tt 1: 15-16)... “São os teus olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão” (Mt 6: 22-23). Quantas vezes passamos por lutas terríveis e não há ninguém para nos consolar! Quantas vezes a solidão se torna tão difícil e não há um irmão, sequer, que ligue para conversar! Quantas vezes estamos doentes e não temos ninguém mais que cuide de nós e não há uma pessoa que nos telefone para saber se precisamos de alguma coisa ou se já melhoramos! Somos nós que doentes, sem dinheiro, com problemas e com dívidas precisamos telefonar para alguém para poder pedir ajuda. Tudo isso porque outro ser humano não sente a mesma necessidade que nós ou está tão cauterizado nas emoções que acha que pode dar um jeito em tudo sozinho e que todo mundo é como ele. Chegou a hora de descer do pedestal do orgulho, ser “gente”, e deixar “Deus ser Deus”. Orações poderosas, determinações fortes expulsando demônios (que não existem) nesta hora são, no mínimo, ridículas. Admitir a própria fragilidade diante de certas situações não é negar a fé; é simplesmente saber que não se é auto-suficiente. “Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Co 12: 10 b). Outra colocação interessante aqui é sobre o tipo de toque. Existe um livro secular, mais voltado à psicologia, que li muitos anos antes de me converter, e de que me lembrei hoje para nos mostrar algo. Ele falava sobre a necessidade humana de ser tocado fisicamente e orientava sobre os diversos tipos de toque que podemos receber. Se o mundo, da maneira dele, tem sensibilidade para perceber a intenção e o tipo de toque que recebemos, quanto mais um filho de Deus com o discernimento do Espírito Santo! Por isso, não devemos ter medo de tocar nos irmãos como uma forma de demonstrar o nosso amor, mesmo porque nossas mãos podem ser poderosos instrumentos de cura debaixo do domínio do Espírito de Deus. Ele nos usa de várias maneiras, como diz a bíblia, com vários dons diferentes e devemos nos deixar ser canais para Ele trabalhar, removendo do nosso meio os preconceitos humanos e os medos que só causam empecilhos à Sua vontade. Certa vez eu estava visitando uma determinada igreja e o diácono veio para orar pela irmã que estava ao meu lado. O Espírito Santo me fez (discretamente) erguer minha mão direita em direção a ela. O

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diácono parou a oração e me repreendeu dizendo que não era necessário impor as mãos. Quem é ele para se sobrepor ao Espírito Santo? Por acaso ele sabe o que Deus estava querendo realizar ali? Como médica que fui e como ovelha de Jesus, tive inúmeras experiências de cura divina sem ter que orar, ministrar ou falar nada, apenas abraçando a pessoa necessitada. O que o Senhor fez não sei, mas aquelas vidas mostraram grandes transformações. Em 1 Pe 1: 22-25 a bíblia fala sobre a santidade no amor: “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente, pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus a qual vive e é permanente. Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada”.

4) Saber ouvir: uma das coisas mais difíceis de ver hoje em dia na Igreja, de uma maneira geral, é alguém ouvir o que um irmão tem a dizer, seja numa sessão de aconselhamento ou numa conversa qualquer que necessite de oração, buscando solução para uma dor na alma como: angústia, tristeza, revolta, ódio, medo etc. A primeira coisa que acontece é que, em vez de deixar a pessoa falar e desabafar, o ministro entra logo com a Palavra, muitas vezes para se “defender” das emoções desconfortáveis que estão fluindo, sem a direção, muito menos a revelação do Espírito Santo, pronunciando apenas frases sem nexo e, pior, dando conselhos religiosos que trazem mais culpa e peso ao sofredor do que um alívio real, como se ele mesmo fosse imune àquele tipo de problema. Na verdade, o que dá para perceber é que ele jamais teve um tipo de tribulação semelhante, por isso não tem condições, sequer, de se colocar no lugar do irmão e exercitar a compaixão e a misericórdia. Por isso, muitos crentes passam anos sentados no banco sem experimentar uma cura profunda. Não têm confiança de se abrir totalmente por medo da acusação, do julgamento, do farisaísmo reinante. O que vejo hoje, apesar de várias tentativas bem intencionadas de alguns irmãos, é uma Igreja, na verdade, despreparada para ouvir um choro ou um grito de dor ou revolta, um pedido de socorro que pode surgir e se manifestar de várias formas, mas que necessita da sensibilidade espiritual de quem presencia o fato para poder perceber o que está “na base” do problema. Muitas técnicas de cura interior precisam ser abandonadas, pois, além de agressivas (vi casos de crentes no meu consultório completamente destruídos por elas e eu mesma já fui vítima disso), foram criadas por pessoas que nada entendem de amor, da formação psicológica do ser humano e, na maioria das vezes aprenderam com homens e não com Deus. Em Tg 3: 13; 17-18, embora esteja se referindo a outro assunto, há uma palavra que se encaixa neste contexto também. Ela diz: “Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras... A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que promovem a paz”. A dica é: se você estiver aconselhando alguém e nunca passou por aquele problema, fale o menos possível, julgue o menos possível, discuta o menos possível, seja o mais humilde possível e deixe o caso nas mãos experientes de Deus. Se não tiver dom de revelação espiritual (que é imprescindível a um conselheiro), não faça nada; apenas abrace e ore com a pessoa. Vamos parar de contender e de querer saber tudo, ter sempre uma resposta para tudo, sem conhecer o interior de cada ser humano. Somos apenas canais para o Espírito de Deus e só podemos aconselhar e opinar naquilo que já vivemos em nossa própria carne. É mais aconselhável pedir os dons corretos para o Espírito Santo, segundo a Sua vontade para nós, do que fazermos algo que possa prejudicar outra vida,

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por melhores intenções que tenhamos. Como diz o ditado: “De boas intenções o inferno está cheio”.

5) Falta de compromisso com a própria palavra: encontros são marcados, mas sempre se chega atrasado ou não aparece, deixando o outro a adivinhar o que aconteceu; sequer, liga depois para se explicar. Por isso, muitos ministérios entram em falência esgotando o líder, pois os liderados não têm compromisso com o horário, com a própria palavra empenhada, com o irmão, conseqüentemente, nem com Deus. Não se pode confiar numa pessoa dessas. Não é comportamento de crente, e sim de ímpio. Impiedade é não dar valor às coisas de Deus. Muitos no mundo são gentios, mas temem a Ele; e muitos que se dizem Seus filhos são verdadeiros ímpios, não dando valor às coisas santas. Depois disputam cargos de liderança! Jesus disse: “Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mt 5: 37). Vemos impedimentos demais para fazer o que o Senhor nos pede e, nem por isso, são tão grandes assim. O que falta é a determinação forte de cumprirmos com aquilo com o qual nos empenhamos. Um verdadeiro servo não vê empecilho algum ao trabalho de Deus. Lembre-se de Paulo. Uma simples garoa atrapalha muita gente hoje em dia; Paulo superou três naufrágios, entre outras coisas (2 Co 11: 23 b-29: “Eu ainda mais em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um, fui três vezes fustigado com varas; uma vez apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia na voragem [turbilhão, qualquer abismo] do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas”). Também disse: “Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível... Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele” (1 Co 9: 19 e 23). A falta de compromisso com a própria palavra empenhada gera falta de confiança e credibilidade em quem não a cumpre, põe por terra a esperança, a fé e o tempo de quem estava esperando por algo, o que, em resumo, se chama roubo. Depois, não vá reclamar que alguém lhe fez a mesma coisa ou que nada vai bem na sua vida. Jesus disse: “Assim como quereis que os homens vos façam, fazei também a eles”.

6) Comunicação emocional sadia, em outras palavras, saber conviver; conseqüentemente, não criar isolamento: isso não quer dizer que devemos perder nossa privacidade, nem deixarmos de ter a nossa individualidade (característica pessoal), e sim que a necessidade de viver em comunidade é inata no ser humano, pois foi Deus mesmo que a colocou em nós. Por isso, o segredo derivado da prática do amor verdadeiro é saber aceitar as diferenças sem ter que impor ao outro nossas próprias idéias, mas dar lugar para novas visões, muitas vezes melhores e maiores, vindas do Espírito para engrandecer o Corpo (Ef 4: 12-16: “... com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor”). Nesses momentos, a visões religiosas limitadas e preconceituosas

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impedem a todos de crescer e faz com que os mais ousados e arrojados, com idéias mais abertas, se isolem por si mesmos para não sofrerem mais a dor da rejeição. Geralmente, o ser humano é segregacionista; tudo o que é diferente da maioria ou da noção do “normal” ele deixa à parte e segrega. Isso não procede de Deus. Essa atitude bloqueia potenciais valiosos dentro da Igreja e gera separação e contendas. Acabou-se o fogo do último avivamento; é hora de receber outro e o coração do povo de Deus precisa estar aberto para isso e jogar fora o que é velho porque limita o Espírito de agir como deve. O medo de errar ou pecar é um grande empecilho a conhecer o novo de Deus para nós.

7) Saber viver em paz: temos muitas desculpas para isso, usando de maneira distorcida, inclusive, a Palavra de Deus, mencionando versículos apocalípticos que nada têm a ver com a malignidade da carne humana que busca constantemente um motivo para contender e minar os projetos divinos de construção e reedificação colocados no coração de um filho. Já vimos o que a Palavra diz: “É em paz que se semeia o fruto da justiça” (Tg 3: 18). Foi em paz que Salomão construiu o templo, pois na época de Davi só houve guerras (1 Rs 5: 3-4). A bíblia também diz: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5: 9). Quando se guerreia demais, ama-se de menos. O espírito bélico (e avarento também) impede o fluir pacífico do amor e nos afasta do altar. Por isso o diabo provoca constantemente a Igreja à guerra, pois sabe que se ela aceita a provocação para guerrear sem necessidade ou de maneira carnal, ela se afasta da verdadeira proteção do trono de Deus e se enfraquece.

8) Interesse para com as conquistas alheias, pois a falta dele gera apatia, indiferença e incapacidade de se alegrar pelas vitórias dos outros irmãos e perpetua a inveja e a discriminação de dons e potenciais valiosos dentro da própria congregação. Tudo isso está diretamente ligado à falta de amor. Um coração que não consegue sentir alegria pela vitória do seu próximo é um coração doente, egoísta, amargo e que não dá lugar a Deus. Prejudica todos os que estão à sua volta e abre brecha para a ação do diabo. Muitas vezes, a indiferença de certos irmãos pelas nossas vitórias e pelos nossos sonhos, sua incredulidade a respeito do que o Senhor nos deu, assim como sua falta de interesse em compartilhar nossas conquistas machucam mais do que se demonstrassem abertamente seus sentimentos e pensamentos contrários e derrotistas. Só porque um irmão tem um dom que se manifesta de maneira diferente dos demais na igreja já é motivo para “jogá-lo de escanteio”, até bloquear abertamente sua manifestação. Esse tipo de atitude fere o coração de Deus, o que mais tarde vai acarretar um “acerto de contas” no mundo espiritual. O amor é uma semente que semeamos na terra dos nossos semelhantes, assim como as atitudes acima também são abrolhos e espinhos plantados, e não se pode jogar sobre a vítima o jugo constante do perdão para quem, deliberadamente, não quer se corrigir; muito menos reconhecer que errou e vir pedir desculpas. São laços e laços que se criam, cada vez mais amarrando a Igreja e impedindo-a de crescer, de se desenvolver, de realizar aquilo que Cristo planejou para ela. Por isso, a vigilância proposta pelo Senhor é para que isso não venha a nos atingir, dificultando a nossa vitória na Sua vinda. Estar preparado para a vinda de Jesus é se manter limpo e “incontaminado” (Tg 1: 27) das armadilhas que nos prendem ao pecado.

9) Ousadia e coragem para dizer não aos costumes e leis humanas adquiridas há séculos, mas que não são aprovadas por Deus. Isso significa não se conformar com certas limitações humanas que são mais cabíveis aos ímpios, desconhecedores da Palavra, do que a filhos de Deus revestidos de autoridade para romper as barreiras espirituais, emocionais e materiais erguidas pelo próprio diabo na mente das pessoas. Os pensamentos limitantes e incrédulos na mente de um crente geram emoções medrosas e covardes e, por conseguinte, atitudes completamente contrárias ao amor e à liberdade que o Espírito Santo já nos delegou. Por isso conquistamos pouco. Falamos

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muito, oramos muito, “profetizamos” muito, mas conquistamos e realizamos muito pouco porque não conseguimos romper, de verdade, com a incredulidade humana que nos impede de vivermos os milagres de Jesus. Acreditamos na Palavra escrita, nas experiências dos nossos irmãos do passado, mas se alguém nos pedir para abrir um rio, ressuscitar um morto ou curar um paralítico quando a nossa sombra passar por ele, com certeza, 90% de nós vai titubear e temer, pois reconhecemos que crescemos pouquíssimo ainda na área espiritual para deixar o poder de Deus fluir com toda a Sua força através de nós. Isso porque uma alma doente não agüenta a unção plena do Espírito fluindo pelo seu ser; é forte demais. Quanto mais aprendermos a amar como Jesus ama, mais força emocional teremos, e quanto mais barreiras mentais limitantes derrubarmos dentro de nós, mais força espiritual conquistaremos. Em Rm 12: 1-2 está escrito: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Trocando em miúdos: se não mudarmos nossa maneira de pensar, tirando de nós a maneira do mundo para aceitar a de Deus, como uma criança, com inocência, jamais poderemos viver a vida plena de Jesus em nós; portanto, atingiremos apenas certos patamares, mas nunca os ultrapassaremos pelo fato de haver uma divisão dentro da nossa alma. Não estou falando da conhecida “briga entre carne e Espírito”, que muitas vezes os crentes usam para justificar sua estagnação nas coisas espirituais, e sim da constante da prática do amor, que nos leva a vencer o medo e nos dá ousadia para suplantar o (aparentemente) impossível. A Palavra de Deus diz: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor” (1 Jo 4: 18). O medo gera angústia, incredulidade, sensação de falta de proteção e fraqueza e outros tipos de emoções que “fecham” o nosso coração para o amor que flui do trono de Deus; dessa forma a nossa força espiritual cai e não vencemos os desafios. Um dos exemplos mais palpáveis e claros entre o que o mundo pensa e o que a bíblia pensa é o dinheiro. O jeito do mundo de usá-lo e manipulá-lo é completamente oposto ao que a bíblia diz e, quando nos dispomos a tomar uma posição pelo que Deus nos diz, nos encontramos “na contramão”. Torna-se um grande esforço tirar de dentro de nós as noções aprendidas, colocar em prática as verdadeiras, lutar contra as que vêm de fora para nos afrontar e provar nosso erro, e ainda ter de mostrar que somos nós os certos, trazendo à realidade o que o Senhor fala. Em outras palavras, é quebrar a negatividade e a incredulidade do pensamento coletivo para mostrar a todos que milagres existem, quando nos dispomos a vencer os desafios. O que isso tem a ver com amor? Já explicamos acima: o verdadeiro amor lança fora todo o medo e nos traz a vitória; por isso o Senhor alerta Sua Igreja a voltar à prática do amor verdadeiro e, assim, retornar ao patamar de conquistas que ela já teve. Mais do que isso, que possa ter conquistas e vitórias ainda maiores.

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Antes de terminarmos, ainda falta um comentário pertinente sobre o assunto amor, já que o Espírito Santo é o gerador desse dom e desse fruto em nós. O que tem acontecido com os dons espirituais na Casa de Deus? Estão desaparecendo? Algumas igrejas ainda conseguem manter seus dons espirituais fluindo; outras, entretanto, parecem ter deixá-los esfriar. Sem o avivamento espiritual é impossível caminhar como cristãos. Precisamos rogar ao Senhor que nos avive os dons espirituais, caso contrário, não conseguiremos avançar. E isso só é possível quando nos ajudarmos mutuamente e lançarmos fora os preconceitos religiosos, pois Ele ainda tem muito a derramar sobre Sua Igreja. Tudo começa com o batismo no Espírito Santo. Complete o tema com o livro deste ministério: “Corações partidos”: www.searaagape.com.br/coracoespartidos.html

Enquanto eu escrevia, o Senhor me mostrou por duas vezes a mesma palavra em dois evangelhos diferentes (Mateus e Lucas) sobre a vigilância. Vou transcrevê-la e, assim, Ele mesmo falará a cada um dos Seus filhos o que Ele deseja: “Ainda lhes propôs uma parábola, dizendo: Vede a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, vendo-o, sabeis, por vós mesmos, que o verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que está próximo o reino de Deus. Em verdade vos digo que não passará esta geração, sem que tudo isso aconteça. Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão. Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço. Pois há de sobrevir a todos os que vivem sobre a face de toda a terra. Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem” (Lc 21: 29-36/ Mt 24: 32-44). Este texto vem logo após o que fala sobre o princípio das dores e a grande tribulação, onde muitos tentarão enganar as pessoas com falsas doutrinas, dizendo ser o Cristo, se possível tentando enganar os próprios eleitos. O Senhor também fala dos desastres da natureza e das guerras, que nada mais são do que a exteriorização da corrupção do homem, como aconteceu na época de Noé. Em Mateus, Ele fala também da necessidade do evangelho ser pregado a toda a criatura, mesmo que Seus seguidores sejam perseguidos por Sua causa; por se multiplicar o pecado, o amor se esfriará de quase todos, mas o que perseverar até o fim, amando e seguindo o Senhor, será salvo. Talvez por isso, Ele esteja nos alertando aqui a vigiar para que não caiamos nessas tentações e possamos estar curados, limpos e livres na Sua volta. O povo de Deus fala muito sobre a vinda de Jesus, sobre o arrebatamento, mas parece não ter total consciência do que significa “subir” com Ele. Não é pelo simples fato de termos nosso espírito recriado no batismo de arrependimento que seremos arrebatados. Nosso espírito, assim como o de todo o ser sobre a terra, pertence a Deus e quando morrermos, todos voltaremos para Ele. O que Jesus veio fazer na cruz foi resgatar a nossa alma do pecado, ou seja, do domínio de Satanás, para que ela possa ser como no Éden: uma

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unidade com Ele. E para termos uma unidade completa com o Criador, nossa alma, onde estão os nossos pensamentos, emoções e vontade (não o nosso espírito, que nos dá a vida, da forma que a que conhecemos), precisa estar curada e santificada e, assim, podermos subir junto com Ele no arrebatamento. O que pesa na nossa alma é o pecado da nossa carne, isto é, a parte da nossa alma que insiste em guardar e viver os antigos padrões pecaminosos. Portanto, a transformação constante dela em contato com o Espírito Santo é o que a habilita a estar preparada para as bodas com o Cordeiro. Por isso Paulo falava tanto em desenvolver a salvação e a santificação. É isso que a maioria dos crentes precisa entender. Sem a transformação profunda da nossa alma, sem a cura interior, não é possível se falar em arrebatamento. Na palavra que foi transcrita anteriormente, Jesus disse: “Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique sobrecarregado com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço... Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do Homem”. Ele quer dizer para deixar cada dia mais as coisas da carne e do mundo para que a alma, leve e sem jugos, sem apegos, possa estar livre para voltar ao céu com Ele. Dessa forma, o amor que Ele tem colocado dentro de nós não só nos protege do mal, porque é uma cobertura divina sobre nossa vida, como nos torna leves, sem os pesos da mágoa, do ódio, da falta de perdão, da amargura, da contenda, da violência, da revolta, das feridas e de todo o pecado. Por isso, essa mensagem é para que a Sua Igreja venha a reavaliar suas atitudes e seus ensinamentos, mudando, se necessário, o rumo da sua caminhada para poder sair vitoriosa. Nós pouco sabemos do amor verdadeiro, quase nada, por isso devemos pedir a Deus que tire de nós as distorções do amor e coloque a Sua verdade dentro do nosso ser para que ela possa atuar na nossa própria vida e na de outros. Que esse seja o primeiro dom a ser buscado, pois os outros só poderão agir através dele. Tenha certeza também de uma coisa: é “lição de casa” para o resto da vida.

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“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos

mostrarei a quem é semelhante. É semelhante a um homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa e não a pôde abalar, por ter sido bem construída. Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e, arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que foi grande a ruína daquela

casa” (Lc 6: 46-49).

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