Amor - Livro - poesia e prosa

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A474 Alves, Silvio Dutra Amor./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 180p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Comunhão. 3. Serviço 4. Poesia. 5. Felicidade. I. Título.

CDD 242

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Sumário

Introdução

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O amor em poesia

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O amor em prosa

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Introdução

Falar sobre o amor significa falar de algo que é

eterno e infinito, pois sendo a essência mesma do Deus eterno e invisível, o amor jamais acaba.

Tudo passa e passará, mas o amor jamais terá fim. Ao contrário, ele aumenta mais e mais em nós pela eternidade afora em busca da perfeição infinita do próprio Altíssimo. Então, tudo o que já se escreveu sobre o amor e que ainda será escrito ainda é muito pouco quando reconhecemos que ele é infinito.

Desde que esta fonte foi completamente aberta pelas chagas de Cristo, somos convocados a sempre bebermos gratuitamente da mesma, para que o amor aumente mais e mais em nós.

Felizes são aqueles que têm bebido continuamente das águas cristalinas do amor porque são felizes não apenas em si mesmos, como também fazem felizes todos aqueles que com eles convivem.

Quão bem-aventurada coisa é poder se recostar ao peito de alguém que ama, assim como apóstolo João costumava fazer com Jesus Cristo.

Braços amados e divinos que se abrem para nos receber e nos encher de todo o regozijo que do amor decorre. Assim, propusemo-nos a jorrar um

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pequeno filete deste amor nas poucas palavras deste livro, contando que ele seja um refrigério para toda alma sedenta, não de água, mas do amor puro e verdadeiro que pode ser encontrado somente em Jesus Cristo.

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Minha Oração de Amor

Oh Senhor amado de toda a glória!

Nada há para Lhe pedir nesta hora. Tudo preenches com as riquezas

Da Tua própria Pessoa Majestosa.

Que doce privilégio o ter sido criado Para que pudesse Te conhecer

E partilhar da Tua vida maravilhosa.

Contemplar-te em espírito E louvar Teu santo nome

É tudo o que desejo agora.

Nada além que ocupe o pensamento Deve apagar a paz e a comunhão

Que tenho contigo neste momento.

Glórias eternas... exaltadas Sejam dadas somente a Ti,

O grande Rei da glória.

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Purificados para o Amor

Oh dá-nos a todos um caráter santo

e um coração puro, pela graça renovado para que haja entre os teus amados

uma fraterna amizade insuspeita.

O pecado levanta entraves e barreiras ao fluir da corrente cristalina e santa

que procede das alturas celestiais para regar as plantas da Tua lavoura,

para limpar as mazelas que são tantas, de forma a andarmos naquela esperança que juntamente contigo todo o céu anela

ver laços, ternos, fortes e verdadeiros em todos aqueles que Te amam.

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Um Modelo a Ser Seguido

Naquele coração se via

mais do Céu do que da Terra. Sem raiz de amargura

ou mesmo erva daninha.

Fontes de águas cristalinas, eram as palavras proferidas.

Refrigério para a alma sedenta e cura para as feridas.

Assim era tia Tabita...

tão santa... tão amável, em todo o seu proceder espiritual inigualável... de todos tão querida!

De onde aprendeu então

aquele que acolhe o pecado bem lá no fundo do coração,

e afirma ser bom cristão?

Jesus pode e quer ser visto na minha e na tua vida.

Mas enquanto pensarmos que Ele ignora o viver em pecado,

jamais será observado em nós

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o que havia em Tia Tabita.

Quanta falta ela nos faz!!!

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Aroma de Céu

Há em minha alma um aroma de céu,

um hino de louvor ao nosso Deus,

em meio a um respirar de santidade

que aquece profundamente o coração.

Notas altissonantes do harpejar celestial,

com a doçura da mais pura adoração,

uno meu espírito ao do Deus Altíssimo,

pelos laços do amor em Jesus Cristo.

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Quão profundo e incomparável

Quão profundo e incomparável

é o amor de Deus.

Quem disporia a fazer o bem,

e a receber de bom grado, a quem lhe tenha ofendido,

e sempre sido ingrato?

Todavia Deus é assim, Tão diferente de você e de mim! porque sempre estende a mão

a quem lhe busca,

para receber dele graça e força para acertar o seu passo.

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A mais Linda Poesia

Não há mais linda, mais profunda

e inspirada poesia do que a da nossa própria vida...

no momento em que é convertida, e descobre os encantos inefáveis

do amor de Jesus Cristo.

Como a alma se eleva nesta hora... Ela se compunge e chora, não um choro de tristeza,

mas da mais pura alegria... que de nenhuma outra forma

jamais se expressaria.

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O Puro Amor

De tão acostumados que estamos

A contemplar o mal por todos os cantos podemos pensar que o amor

é como remendo de velhos panos... um mero desviar-se de contendas,

um apaziguamento aparente e o esconder do rilhar de dentes. Comparar o amor com tudo isto

equivale a cuspir na face de Cristo, que em si mesmo é a fonte de todo verdadeiro amor...

que em sua majestade e excelência, é sempre humilde, gentil e terno, como Ele revelou lavando os pés

de todos os seus discípulos. O amor que suportou ofensas Com longanimidade extrema.

Que tudo sofreu com paciência, e que curou toda sorte de doenças.

Ah! O amor que não conheceu canseira, que ressuscitou o morto,

consolou o triste, alimentou o faminto,

à custa do próprio sacrifício.

Ah! O amor que sarou feridas

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de tantas almas sofridas. Que nada tendo enriqueceu a tantos,

com a mais pura graça divina.

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Chamados às Profundidades do Amor

Profundidade com Deus

demanda caminhar com ele

em íntima comunhão

por longo tempo.

A cada passo de fidelidade

mais Deus nos revela em graus

da sua infinita profundidade.

E quanto mais o conhecemos,

mais o amamos e somos amados.

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Minha Eterna Namorada

De uma coisa podes ter certeza

esposa e amada minha! Serás para todo o sempre a minha eterna namorada.

Deus te escolheu para mim

e eu também te escolhi e decidi amar-te até o fim.

Não fim de término,

mas de continuidade até o eterno, porque ainda que não haja no céu

a relação do casamento, tenho por certo que ainda lá,

serei o teu melhor amigo.

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O Amor de Deus Pelos Seus

Enquanto eu dormia

o Espírito de Deus me instruía e ternamente me dizia:

“O amor de Deus pelos seus

é amor de afeto e cuidado

e também de capacitações e dons.”

O afeto se manifesta em comunhão

carinhosa e terna, em toda unção,

consolação e fortalecimento.

O cuidado consiste em provisão,

curas, livramentos, proteção, instrução, direção e aperfeiçoamento.

Os dons têm no próprio Espírito

o maior deles de quem decorre os dons espirituais sobrenaturais

e todos os serviços e realizações.

As capacitações são sobretudo

para amarmos como Deus ama

e cultuá-lo e adorá-lo em espírito.

Capacitações para andar na verdade, para ser paciente e longânimo,

para praticar o que é justo e santo,

para suportar ofensas e perdoar o próximo.

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Amado e Perdoado

Nunca aprova o que faça de errado,

mas não me condena. Assim é o meu Jesus amado,

em sua natureza.

Muito mais do que não condenar, me absolve do pecado, que lhe for confessado,

e remove a minha culpa.

Tudo porque havia me amado, antes da fundação do mundo.

Quem intentará acusar?

Quem condenará? Quem separará do amor de Deus

a quem ele tem justificado?

Aquele que era carne... foi feito espírito

pela fé em Cristo.

Quem estava condenado foi por ele absolvido.

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Agora amado e libertado

prossigo para o alvo

proposto por Deus

para todos os seus filhos.

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Onde Vive o Amor

O amor possui o seu habitat...

A sua atmosfera... Sem os quais não pode sobreviver.

A atmosfera é a do Espírito Santo.

O habitat é o coração quebrantado.

O peixe não vive fora da água. O amor não vive fora do coração sensível.

Os seres terrestres não vivem fora da atmosfera.

O amor não existe e não vive fora do Espírito Santo.

O Espírito da verdade e da justiça nas quais o amor tem o seu trono.

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Redescobrindo Amor

Sempre que olhamos para o Calvário

e vemos ali o amor de Jesus se derramando em sangue

por nós pecadores, então nos quebrantamos, e como que amolecidos

pelo Santo Espírito, somos como por assim dizer...

desembrutecidos e tornados sensíveis ao amor.

Os olhos lacrimejam

o sorriso do coração se abre a mão afaga com carinho

e a boca beija o rosto amado.

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Oh Quanto eu o Amo!

Quando a luz de Jesus brilhou e iluminou o meu

interior, eu pude ver quão grandes e tantos eram os meus

pecados. Mas vi no Seu olhar compadecido e amoroso que

não havia revelado o que havia no porão da minha vida para que me condenar, mas para fazer o que

somente Ele poderia fazer, a saber, limpar e reconstruir tudo o que o pecado havia destruído e

sujado. Desde então rendi-me aos Seus braços, e tenho permitido voluntária e prazerosamente que Ele

faça o Seu trabalho.

Oh, quanto tenho me regozijado e me deleitado na comunhão do Seu profundo amor.

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Que Deus Longânimo e Amoroso nós Temos!

Benigno e misericordioso é o Senhor.

Eu andava errado... confessei-lhe o meu pecado.

Pedi que mudasse a minha sorte. Que me desse um novo coração.

Ele me ouviu e me perdoou. A consequência é que agora limpo estou.

Estou em paz com minha consciência, e sinto de Deus, a Sua santa presença.

E toda vez que suceda,

de cair outra vez, ainda que não o queira,

sei que posso contar com o favor do meu Senhor, porque sabe perfeitamente o quão pecadores somos,

e necessitados do seu poder, do seu perdão e do seu amor.

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Se Ele Ama Eu Também Amo

Cristo ama a sua Igreja.

Deu sua vida por ela.

Como poderia dizer então,

que amo a Cristo,

se não amasse aos irmãos?

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Substituição por Amor

Se eu visse o meu filho caído,

incapaz de se levantar por si mesmo, derrotado e condenado

por causa de algum pecado,

eu me ofereceria de bom grado,

para em seu lugar ser castigado, para que ele pudesse ser livrado

para reconstruir a sua vida.

Foi justamente isto que fez por todos nós

o Senhor Jesus Cristo.

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Incoerências da Existência

Amor não entendido,

amor sofrido, amor não correspondido.

Trabalho suado,

socorro angustiado, esforço perdido.

Fartura de pão,

ao alcance da mão, e ninguém faminto.

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Restaurado

O coração do pai, partido,

sangrando tristeza,

ao ver o estado do filho,

entregue ao pecado.

Roupas andrajosas e sujas,

corpo ferido e surrado,

olhar de um espírito morto,

seguindo um rumo errado.

O pai compadecido e fraco,

achou forças no Salvador amado, e correu ao encontro do filho,

resgatando-o das garras do pecado.

Lavou-o e pensou-lhe as feridas, colocou-lhe um anel nos dedos,

traje e sapatos novos,

e deu-lhe a esperança de uma nova vida,

de um novo começo,

para estar para sempre

ao seu lado.

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Glórias ao Rei

Um hino triunfal ao nosso Rei eterno,

ao autor e ao significado da nossa vida.

A Jesus seja a glória, o domínio e o poder, porque ninguém mais governa como Ele.

No nosso coração estabeleceu o seu trono, e com o seu cetro nos ensinou o caminho.

Não somente lhe entoamos hinos de louvor, também lhe tributamos todo o nosso amor.

Estamos felizes por termos sido criados para Ele,

para o louvor da glória da sua infinita graça.

Para sermos servos, amados, amigos diletos, enriquecidos pela sua vida espiritual e eterna.

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Paz na Terra da Alma

Quando o amor invade o coração,

a alma explode numa linda canção.

Uma atmosfera calma nos alcança,

e gera de novo a esperança,

de se ter dias da mais pura poesia,

em todos os nossos pensamentos.

Toda escura e nefasta influência,

foge do nosso ser mais íntimo,

e o amor preenche a sua ausência.

Oh quão incomparável é isto...

ser assim penetrado pelo amor divino.

Tudo se faz céu em nós e ao redor.

A paz reina enfim na terra da alma,

e ali ficará, até que voltemos ao pó.

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Ama o que é Real

Ama conhecendo a quem ama,

não ama com uma amor imaturo,

que não sabe qual é a verdade,

qual é a real personalidade,

de quem se ama.

Um amor assim não está sujeito,

a frustrações, decepções...

porque não se funda em ilusões.

Assim é o amor maduro,

de quem sempre está seguro,

apesar das imperfeições,

da pessoa a quem se ama.

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Criados para o Amor

“8 A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque

quem ama aos outros cumpriu a lei. 9 Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não

furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo

como a ti mesmo. 10 O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.” (Romanos 13.8-10).

A verdadeira espiritualidade é movida

pelo amor a Deus e ao próximo. Paulo diz que podemos dar

todos os nossos bens para alimentar os pobres,

e os corpos à fogueira por uma causa nobre,

mas se nos faltar o amor ágape, nada seremos para Deus,

e não herdaremos a eternidade, porque o amor do qual aqui se fala, é sobretudo um amor muito puro,

que procede do próprio Jesus, cheio

de misericórdia e longanimidade, paciência, virtude e bondade. É uma transformação da alma.

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É um pedaço do céu na terra.

É Emanuel, Deus conosco.

É sofrimento e sacrifício

por amor a Jesus Cristo.

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Dilatando o Coração

Enquanto permanecermos moralistas,

iludidos, pensando ser modelos,

de virtude, poder e piedade,

condenando o pecado dos outros,

esquecidos da própria vaidade,

nunca poderemos ser instrumentos,

nas mãos de Jesus Cristo,

para levar salvação e perdão,

a um mundo perdido.

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Escrito com a Alma

O que agora escrevo,

não é meramente com as mãos,

ou sequer por pensamentos,

mas com lágrimas da alma.

Coração quebrado, humilhado,

por aflições não contadas,

não tendo em mim qualquer poder,

para conseguir afastá-las.

Inda que à mercê da esperança

fortalecida pela graça,

a minh’alma chora,

por erros que não cometi...

descaminhos de pessoas amadas.

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Melhor Olhar para o Bem

Fixar a atenção nos maus,

sempre acabará mal.

Melhor é olhar para o bem,

inclusive nos próprios maus.

Sempre se verá algum bem neles.

E alguns chegam a um bom final.

Melhor ainda é fixar a atenção,

nos que amam o bem.

Não são tantos, é verdade,

em relação aos que amam o mal.

Mas achamos neles consolação real.

Todavia há algo que é líquido e certo:

Não são os predadores que dominarão,

a terra no final.

No mar predominam os arenques,

e não os tubarões.

Na terra predominam as ovelhas,

e não os leões.

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Mãos Amorosas e Habilidosas

Se fosse mero sentimento,

haveria o risco de acabar,

mas o amor de Jesus Cristo,

é imutável e muito mais sólido

do que qualquer rocha.

Sempre cresce e nunca passa.

Lava, eleva, consola,

e nos transforma.

O barro bruto trabalhado,

em Suas mãos amorosas,

vira fino vaso bem acabado.

“Quem te viu e quem te vê!”

É o que todos exclamam,

ao ver a obra do Seu poder,

revelada em quem agora vive,

e que estava prestes a morrer.

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Vida da Minha Vida

Nos vales em que sofria,

tive a Tua companhia,

e isto me bastou.

Maior foi a Tua graça,

do que o meu sofrer,

e perdi o medo de morrer.

Fugiu também de mim,

o temor ao sofrimento.

Puseste fim ao meu tormento.

Descobri então enfim,

que a verdadeira vida,

está somente em Ti.

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Ama-se por Esforço

Não consigo falar de amor

como algo barato e fácil, porque sei o preço que foi pago,

para que pudesse amar e ser amado.

E o amor se aprende, se exercita em esforço,

para ser virtuoso.

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Simplesmente Amo

Amo-te,

Simplesmente te amo.

Inda que desligado eu seja, tardo de entendimento,

grosso na maneira de ser.

Amo-te,

Simplesmente te amo. Amar-te é o que me ocorre de melhor

Sou plenamente recompensado neste amor.

Nada tendo e a ninguém Mas tendo tudo e a todos porque te tenho,

Estou irremediavelmente ligado à tua vida Aonde quer que eu vá; em tudo que estou

fazendo...

Trago-te sempre comigo no meu pensamento.

Estou certo de que a nós não se aplica o dito: “Até que a morte os separe”

Pois hei de te amar além da morte.

Tenho contigo perfeita unidade. Já não és parte, és minha própria vida.

Amo-te,

Simplesmente te amo.

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Caminhando Juntos

É bom sentir a certeza

de que continuamos caminhando juntos; De mãos dadas na mesma direção.

Não paramos, não estamos regredindo, e por isso Temos chegado cada vez mais perto

Do sol da plenitude da felicidade conjugal.

O casamento não é uma instituição falida Porque o nosso é um exemplo vivo, do contrário

para o mundo E isto tudo porque é Deus mesmo quem nos tem

harmonizado, Aperfeiçoado e ensinado a caminhar lado a lado

De verdade,

compartilhando experiências, sofrendo, e se alegrando juntos

Tendo um mesmo sentir.

A Ele, toda a nossa gratidão neste dia e em cada dia que vivermos.

Posto que é Ele o sol que raiou em nossa vida e nos tem capacitado a viver o verdadeiro amor,

que em vez de esfriar nas dificuldades, cresce mais ainda, e nos aproxima

fazendo de duas, uma só vida,

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para a glória de Deus e para nossa alegria.

Amo você, não com a paixão de um menino

que se esfria e logo acaba, Mas com a firme convicção do varão

que sabe estar vivendo com alguém que lhe completa.

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O Extraordinário dos Extraordinários

Há somente um que é mais do que todos,

extraordinário por excelência, incomparável a qualquer tipo

de amor humano.

É do amor divino que estou falando.

Quem pode amar quem lhe odeia?

Inimigos declarados, perversos, ingratos.

E mais do que amar, morrer por eles, carregando todos os seus pecados?

Não há qualquer outro que eu conheça, que além de amar, perdoa, enriquece,

transforma, dando a sua própria vida,

que nos santifica, curando nossas feridas.

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Deserto com Deus é Oásis

Oh Senhor!

Quanto me deleito em Ti, ainda que no ermo solitário.

Melhor é a tua companhia

do que a de milhares.

Fizeste o homem e criaste laços. Mas cada qual

segue o seu próprio caminho.

Laços se rompem ou podem ser ilusórios,

Mas o laço que temos contigo

é inquebrantável.

Estou bem certo que os laços entre as pessoas

que te são fiéis, serão perfeitos

um dia na eternidade.

Todavia, a perfeição do teu laço de amor

nos preenche de tal forma, que mesmo que

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andemos solitários por um deserto árido,

a Tua presença nos servirá de refrigério

e de refúgio.

Deste modo, todo homem

que te seja fiel te dirá

com um coração sincero: De que mais necessito

eu na terra, se Deus é meu refúgio,

fortaleza e consolo?

Vão e passageiro é o consolo do homem, e por isso tu nos deste um outro Consolador

além de Ti mesmo para que esteja

para sempre conosco, especialmente nas jornadas áridas

que temos que realizar neste mundo de trevas.

Obrigado por tua doce companhia,

amado Espírito Santo!

Obrigado por tua amizade!

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Ensina a cada um de teu filhos

a viverem na mesma fidelidade

de amor e amizade

que existe na Tua pessoa divina,

que nos é tão amada e querida!

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Só Saber que Deus me Ama me Salva?

Se falasse somente:

“Jesus te ama”, em minhas poesias,

as pessoas gostariam. Ficariam agradecidas.

A questão é que

este tipo de agrado, pode encobrir o pecado,

como se Deus fizesse vista grossa para a injustiça.

Há uma exigência

que deve ser cumprida. O arrependimento e a fé.

A mudança de vida.

Se ficasse satisfeito, apenas com o “Jesus me ama”,

poderia até mesmo acordar um dia no inferno.

É uma verdade sim. Ele ama.

Mas por amor morreu por mim. Para que eu morresse com Ele,

para toda forma de pecado.

Se não nascer de novo,

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e não for, pelo Espírito santificado, continuarei morto em delitos e pecados,

sujeito à condenação eterna, apesar de saber com certeza,

que “Jesus me ama”, e nada pôde fazer por mim,

porque não correspondi ao Seu amor, guardando a Sua Palavra até o fim.

Para meditação:

Pode o simples amor de uma mãe salvar da prisão

um filho malfeitor? E como poderá o amor de Deus salvar o pecador,

se este não se arrepender do seu pecado?

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A Justiça do Evangelho Não é Juízo

Quando Deus criou o homem

ele pretendia demonstrar o quanto é misericordioso

e também bondoso e amoroso.

Ele sabia em Sua presciência que o homem pecaria,

e também toda a sua descendência.

Deus revelaria também que uma vez que a sua graça é retirada

em razão da desobediência a criatura perde a imagem do Criador,

não pode permanecer de pé em santidade, porque sem a graça divina

a natureza humana fica corrompida, ou seja, estragada para cumprir o propósito

para o qual fora criada.

Mas Deus demonstraria também o seu grande poder para restaurar,

por perdoar e amar, a humanidade que criou, para pertencer a Cristo.

Contudo, como poderia fazer isto?

Inocentando culpados?

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Um Deus justo pode fazê-lo?

O homem não é justo porque não manteve a imagem do Criador.

Não é justo porque não vive

segundo o caráter do Seu Senhor.

O propósito de Deus, no entanto, jamais pode ser frustrado.

Então o que faria para tornar justo o pecador culpado?

Que se opondo ao seu Criador

e não querendo se sujeitar à sua vontade, segue o seu caminho de vaidade?

Que resistindo a se entregar a Jesus

resiste também ao recebimento da Sua graça?

E sem a graça, sabemos, somente há ruína, perdição, ódio, desobediência e morte.

Ah! Que situação difícil para ser resolvida!

Difícil para nós, mas não para Deus,

a quem tudo é fácil e possível.

Difícil e penoso seria sim, o único modo pelo qual

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o pecador poderia ser justificado.

Deus visitaria o seu pecado, com juízos, no Seu Filho Amado.

Colocaria sobre Ele nossas transgressões,

resistências e descaminhos, e com o grande golpe do seu juízo

castigaria o próprio Cristo, fazendo com que a justiça exigida

fosse por fim atendida.

Jesus tem desde então justiça, e não juízo para oferecer,

pelo Evangelho.

Quem quiser ser justo, para receber a graça

salvadora e transformadora, basta vir a Cristo,

com a mão do coração estendida, e Ele a concederá com agrado

para apagar nosso pecado.

Por isso Ele diz que não veio a este mundo para condená-lo,

mas sim, para salvá-lo.

Oh! Senhor amado! Muito obrigado por sua justiça!

Felizes são os que têm fome e sede

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desta sua maravilhosa justiça,

pela qual, nós perdidos pecadores,

somos saciados,

justificados e abençoados!

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Tributo à Minha Amada Esposa

Devo pagar o que é devido...

A maior dívida que tenho, depois de nosso Senhor Jesus Cristo

Certamente é contigo.

A dívida de uma união em amor Que nenhuma pessoa

ou qualquer poder deste mundo, Jamais poderão separar.

Quem separará a quem Deus juntou?

Companheira fiel, De todas as horas,

Tanto das boas quanto das más.

O que poderia pagar tão grande dívida de gratidão?

Senão o amor que te devoto E sempre devotarei até à morte?

Há dívidas de amor

que jamais poderão ser pagas: A que tenho com Jesus Cristo

Por ter-me salvo e amado. Por nos ter unido neste forte laço.

O laço indestrutível do amor Que une pessoas que casam

Por terem sido unidas por Deus.

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Pessoas casadas por Deus jamais poderão ser separadas.

E certamente foi este o nosso caso.

Há outros laços de amor que não são tão fortes Porque não impõem

um caminhar juntos até a morte. Mas o laço que nos une

é mais forte do que a morte.

O tempo tem passado... Por quase quarenta anos

continuamos a caminhar juntos Como testemunhas de Deus

Que o casamento feito por Ele Jamais será destruído.

O amor tem aumentado

À medida que o tempo passa. E a graça de Deus

nos tem mantido unidos Porque em Seu amor divino

Ele bem sabe quão duro e difícil seria para mim

Ter que te perder e viver solitário.

Sem a tua presença Certamente direi:

Estou só.

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Ninguém mais poderá ocupar o lugar, o espaço Que tu ocupas, amada minha

Há tantos anos, no meu coração.

Que o Senhor te acrescente

anos de vida E que eu possa ter a graça de desfrutá-los a teu lado Continuando a caminhar me sentindo completo porque somos de fato

somente um no Senhor.

Deus mesmo te pague com Suas bênçãos e graças

Tudo quanto te tenho devido Porque, somente

a grande riqueza do Deus vivo pode pagar tão caro tributo, a quem tem me enriquecido

com os seus talentos, beleza e graça,

que jamais poderão ser apagados pelo tempo.

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A Imperfeição não Pode Impedir o Amor

Eis que neste mundo de trevas,

encontram-se os próprios cristãos, cheios de defeitos.

Todavia, são todos amados de Deus,

porque são seus filhos. Adotados em Jesus Cristo.

Assim, Deus não ama o que é perfeito.

Ama pecadores. E os amou mesmo quando se encontravam

Mortos em delitos e pecados, estando totalmente arruinados.

Viu beleza onde não havia nenhuma.

Viu justiça onde abundava a iniquidade. Porque o amor cobre multidão de pecados.

Todavia, é certo que quanto mais

se busca ser aperfeiçoado, mais nos tornamos íntimos e amados de Deus.

Porque podemos responder melhor aos Seus anelos para a comunicação

da Sua graça e do Seu amor.

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Pelo justo Juízo teríamos sido inteiramente consumidos,

mas graças a Deus por nosso Senhor Jesus Cristo.

Que pagou o preço da remoção da nossa culpa e do nosso pecado.

Há também nEle atributos divinos

que aplacam a ira da justiça de Deus. E que o tornam terno, misericordioso,

bondoso, gracioso e amoroso. Mesmo para com o pior dos pecadores.

Ficará portanto injustificável perante Ele

no dia do Seu grande Juízo, todo aquele que não buscou

lugar de arrependimento.

Porque há em Deus um suprimento de graça abundante

para o nosso livramento.

Há uma mão estendida para todos os fracos e caídos.

Pronta para levantá-los de toda forma de tormento.

Há uma tal concessão de graça que Deus jamais nos imputará penas pelos nossos pecados,

quando sairmos correndo

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na direção dos seus braços.

Os erros dos dias vividos sem arrependimento

por mais longos que tenham sido serão todos lançados para sempre

no mar do esquecimento.

Quem dentre os homens estaria pronto a perdoar

nesta profunda dimensão divina?

Como se pode chamar portanto, de cruel, duro e injusto,

a Deus amoroso e santo?

Porque lançará em chamas eternas a todos que pisaram no sangue

que Jesus derramou na cruz?

Rejeitar um Deus quem ama pessoas com pecados e defeitos?

Que não rejeita a ninguém

que se aproxime dEle em busca de salvação?

E que procura para a sua alma socorro e consolo em suas aflições?

Ninguém há que se possa comparar

em amor e bondade ao Senhor.

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Porque tem suportado ofensas, não poucas,

mas aos milhares. Com toda a longanimidade.

Então, por que permaneceria eu

nas minhas imperfeições e defeitos, Se a solução está à mão,

Bem junto da boca e do coração?

Tudo que se nos pede é que o confessemos como Senhor

como o Rei da vida e do amor como o nosso suficiente Salvador.

A trilha da perfeição é ser longânimo,

paciente e misericordioso para com os imperfeitos como nós.

Perfeitos na misericórdia.

Porque Ele tem dito: “Sede misericordiosos

assim com é misericordioso o Vosso Pai.”

O amor divino não depende portanto,

da nossa perfeição Porque num mundo de pecado,

seria impossível amar quem seja perfeito. E não há qualquer motivo para duvidar.

Sabemos que Deus nos ama.

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Porque nos deu o Seu próprio Filho.

Foi do Seu agrado, por amor de nós, moê-lo naquela rude cruz, com suas próprias mãos

que clamavam por justiça.

Justiça que exigia a morte do pecado. Por isso visitou com grande ira

o nosso pecado, no Seu Filho amado.

O sangue do Cordeiro imaculado escorreu provando que dera Sua vida,

para poder achá-la não apenas em Si mesmo,

mas em todos aqueles que estavam mortos porque de Deus andavam separados.

Bendito Cordeiro de Deus

que tira o pecado do mundo, quero dizer-te muito obrigado

com a minha vida.

A vida que não é minha, mas Tua.

Permite que eu a gaste totalmente fazendo a Tua vontade

com amor fervoroso e profundo.

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Impulsionado pelo Amor

Acredite-me,

pode parecer incrível, mas é verdade.

Tive que esperar

cerca de trinta anos, sem saber que esperava,

para estar agora publicando, o que tenho postado

aqui no Recanto.

Estudava e estudava. Orava e orava.

Escrevia e guardava.

Até que um dia despertou em mim

um inexplicável sentimento. Algo que me vinha de dentro,

e também de fora, porque ouvi a voz

que me falava:

“Chegou a hora! Coloca tudo para fora!

sai da caverna e mostra a cara!”

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Não por força, nem por constrangimento, mas por um amor divino

que me punha em movimento.

E este amor chegou, ficou, não cessou.

Enquanto estiver queimando,

e me impulsionando, estarei escrevendo,

não por amor a mim mesmo, mas por amor a vocês

que me deram acolhida aqui no Recanto.

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É o Que Dá Sentido à Vida

Somente quem ama,

sabe o valor que há, em ser também amado.

Valoriza o amor

mais que tudo deste mundo. Por nada trocaria o amor.

O que é melhor:

amar ou ser amado?

Ambos se equivalem, pois não há amor com alegria

para quem não ama. E nunca se sentirá pleno, quem nunca foi amado.

O amor é o remédio

eterno da alma.

Sem ele se morre. Tudo está acabado.

Ah! Quão bom

que Deus é amor!

Totalmente desejável, é o nosso amado!

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Oh! Quão precioso é,

que vivam os irmãos

neste mesmo amor!

Não se morre de frio

quando neste calor.

Não há no coração tremor,

quando diante do Senhor,

porque o seu amor por nós,

lança fora todo o temor,

de vivermos alijados,

desprezados,

esquecidos,

de não sermos alimentados

pelo néctar do amor.

Um hino triunfal

àquele que nos criou!

Para amar e ser amados

à Sua própria imagem nos formou.

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Com a Mesma Doçura de Cristo

É certo que Deus se agrada

de todo aquele que se esforça para poder servi-lo.

Mas muito mais lhe agrada

que se tenha a doçura de Cristo.

Quão bom e precioso

é poder desfrutar da companhia de quem está desprovido de todo tipo de amargura.

De quem é humilde e manso, como o nosso Jesus querido.

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Amor Eterno e Profundo

Oh! Quanto o coração se dilata!

À menção da simples ideia, tão real e verdadeira,

de que Deus ama aos homens

com amor tão grande e profundo

que nenhum bem a ele se compara de tudo que se pode achar no mundo.

Especialmente às pessoas

de boa vontade, ama com amor incansável,

da mais pura amizade e bondade.

Com certeza Deus ama.

E quanto ama!

Toda a humanidade.

Afinal não nos criou

à sua própria imagem?

Oh! Delícias eternas,

provindas do coração divino!

Sem elas não há vida,

senão somente morte.

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Amados e Amigos

Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós;

permanecei no meu amor.

10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.

11 Tenho-vos dito isto, para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa.

12 O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.

13 Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.

14 Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.

15 Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.

16 Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis

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fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.

17 Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros.” (João 15.9-17)

O Senhor revelou aos apóstolos, com estas palavras, qual é a maneira de permanecer no amor de Deus.

Ele mostrou que isto é possível somente quando se faz a vontade de Deus, por se honrar e guardar Seus mandamentos.

Muitos têm falhado na comunhão que deveriam ter com Deus e com seus irmãos, porque não consagram suas vidas ao Senhor, e assim não são despertados pelo Espírito Santo, para que possam conhecer ao Senhor e à Sua vontade.

Por isso é que se nos ordena que cresçamos na graça e no conhecimento de Jesus (II Pe 3.18), porque esta é a única maneira de sermos tomados de toda a plenitude do amor divino.

Sem esta capacitação espiritual que é recebida do Espírito Santo, quando nos consagramos nas mãos de Deus, para fazer a Sua vontade, é impossível viver e permanecer no Senhor e no Seu amor.

Assim, Ele foi muito claro em nos dizer que é necessário guardar os mandamentos de Deus para

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que se possa experimentar o Seu amor; porque o Senhor não manifestará a beleza da Sua intimidade e santidade àqueles que não Lhe honrarem, ainda que tenham nascido de novo do Espírito.

Jesus havia dado Seu próprio exemplo aos apóstolos, em plena submissão à vontade do Pai, e era esta a razão dEle ser amado pelo Pai e de sempre exultar e se alegrar em espírito em Seu relacionamento com Ele.

É somente quando se vive neste amor e alegria espiritual, que somos capacitados pelo Espírito a darmos frutos espirituais para Deus, de maneira que Ele seja glorificado através das nossas vidas.

O caráter deste amor divino é de amizade paternal, dEle em relação a nós, e amizade fraternal, de nós em relação a nossos irmãos, e de amizade filial, de nós em relação a Deus.

Jesus demonstrou até que ponto esta amizade espiritual pode nos levar, a saber, a dar a nossa vida pelos irmãos, assim como Ele entregou a Sua vida por nós.

Ele não deu Sua vida por nós somente na cruz, mas no serviço amoroso e cuidadoso que tem por cada um dos Seus discípulos e que é demonstrado em manifestações reais das operações das Suas graças e bênçãos em nossas vidas.

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O Senhor não nos trata como escravos, mas como amigos.

Ele nos revelou toda a verdade que está no seio do Pai.

Ele não age de maneira reservada com nenhum daqueles que guardam os Seus mandamentos.

Ao contrário, faz com que privem da Sua intimidade.

É pela nossa obediência ao Senhor que provamos a nossa amizade a Ele.

Na verdade é impossível estar em relação de amizade com Ele sem esta obediência que Lhe é devida em tudo.

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Um Pai Amoroso

Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na

eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos. Porque não contenderei para sempre, nem continuamente me indignarei; porque o espírito perante a minha face se desfaleceria, e as almas que eu fiz. Pela iniquidade da sua avareza me indignei, e o feri; escondi-me, e indignei-me; contudo, rebelde, seguiu o caminho do seu coração. Eu vejo os seus caminhos, e o sararei, e o guiarei, e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dentre eles choram. O propósito de Deus é o de reavivar o espírito do humilde, e o coração do arrependido, e Ele apresenta a razão disto, a saber que se Ele não agisse com amor infinito e condescendência em relação a eles, mas lidasse com eles lhes dando a justa retribuição às suas transgressões, eles seriam totalmente consumidos. Porém, na realização deste trabalho de cura, Ele tem que usar alguns remédios amargos para a recuperação espiritual deles. Por causa da iniquidade da cobiça deles que era a sua principal doença, eles foram feridos pelo Senhor e Ele escondeu a Sua face deles, porque isto seria necessário para que fossem curados. Mas como eles

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se comportaram debaixo deste procedimento de Deus em relação a eles? Rebelaram-se e continuaram seguindo a perversidade do seu coração. Então como faz este Consolador Santo para lidar agora com eles? Ele os deixa entregues à sua enfermidade? Ele os abandona? Não, porque um pai amoroso não lidará assim com os seus filhos.

E a promessa feita por Deus é que Ele agiria conosco tal com um pai consolando seus filhos. Ele realizará o Seu trabalho com tal amor infinito, ternura e compaixão, que isso superará todas as transgressões, e não cessará até que Ele tenha efetivamente administrado a necessária consolação a eles. Ele agirá nos termos da aliança que fez com eles por meio de Jesus Cristo de ser o Deus e Pai deles para sempre.

Então os corrigirá em amor para participarem da Sua santidade. Ele os aperfeiçoará no Seu amor. E tudo fará para conduzi-los a isto.

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A Grande Prova do Amor

Uma das grandes provas da existência de Deus e

do Seu grande amor e poder, é o fato de que pessoas tão fracas, incapazes, que mal conseguem se ocupar dos seus próprios problemas e necessidades, se dediquem de modo tão diligente e incansável em buscar a salvação das almas e o bem eterno de seus semelhantes; empenhando nisto todo o seu tempo e vida. Esquecidos de si mesmos são impulsionados pelo poder de Deus e pelo infinito amor que Ele derrama nos seus corações pela presença e ação do Espírito Santo – gastam-se inteiramente como velas que queimam para o único propósito de servirem de luz, da luz de Jesus que neles brilha, para tirarem os seus semelhantes das trevas e da escravidão ao pecado. Bendito seja Deus pelo Seu inefável amor. Bendito seja Deus que dá sentido às nossas pobres vidas, enriquecendo-as com a Sua graça para que cumpramos o Seu propósito de amar a humanidade através de instrumentos tão fracos e imperfeitos como nós. A maior prova desse amor nos foi dada por Jesus, ao derramar a Sua vida por nós na morte de cruz, carregando sobre Si todos os nossos pecados, e para

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que pudéssemos continuar recebendo esta vida celestial e divina que alimenta e vivifica o nosso espírito, para que possamos ter comunhão em amor com Deus e com todos aqueles que o amam.

É de fato muito comprobatório da existência do Seu amor, o fato de que morreu por pecadores, sem que houvesse um único justo – alguém que fosse dotado de uma natureza que não o inclinasse continuamente para o mal e que não fosse seduzido pelas paixões carnais que guerreiam contra a alma. Nisto se comprova o amor, pois morreu por nós, encontrando-nos na condição de pecadores, de modo que pudéssemos viver pela Sua própria vida e graça santificadora.

Em nenhuma religião e em nenhum outro Nome será achada esta provisão de graça divina que faz morrer a nossa velha natureza e que nos dota de uma nova natureza, para que por esta possamos viver de maneira vitoriosa sobre o pecado, o diabo e o mundo de trevas.

Quando me sinto enfraquecido e inclinado a viver segundo a carne e não segundo o Espírito, eu clamo ao Senhor, pois sei que posso contar com a assistência da sua poderosa graça, de modo que digo juntamente com o salmista ao concluir o Salmo 119:

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“Ando errante como ovelha desgarrada; procura o teu servo, pois não me esqueço dos teus mandamentos.” (Salmo 119.176)

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Escolhidos para o Propósito de Amar

Todos os que atendem ao convite da salvação pela

graça, mediante a fé em Jesus Cristo, são estes que a Bíblia chama de eleitos de Deus. Este trabalho rico da graça em favor dos eleitos se tornou possível porque Jesus Cristo os redimiu dos seus pecados com o Seu sangue, como Paulo afirma em Ef 1.7. O texto de Romanos 8.28-30 nos ajuda a entender o modo desta eleição. “E sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou.” Este texto no diz que aqueles que amam a Deus têm todas as coisas concorrendo para o bem deles, porque tudo estará cooperando para o seu aperfeiçoamento espiritual em santidade, conforme o propósito da vocação deles por Deus.

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Estes que agora amam a Deus não foram chamados porque O conheciam e O amavam antes da chamada deles, mas, porque Deus se revelou a eles, por meio de Jesus Cristo e do trabalho do Espírito Santo.

Assim, eles amam a Deus porque Ele os amou primeiro.

Além disso, é dito diretamente que esta chamada é segundo o propósito eterno de Deus de adotar como Seus filhos aqueles que dentre os pecadores viessem a Lhe amar.

Todos aqueles que têm sido diligentes para a santificação das suas vidas podem comprovar para si mesmos que têm de fato recebido a graça necessária para conhecer o mistério da vontade de Deus, segundo o Seu bom desejo que propusera em Cristo, para que na presente dispensação da plenitude dos tempos, que é a da graça ou do derramar do Espírito Santo em todas as nações, faça convergir em Cristo todas as coisas, quer as do céu, quer as da terra, de maneira que Ele tenha autoridade, tanto sobre os espíritos aperfeiçoados no céu, quanto sobre os que se encontram ainda na terra, como se vê em Ef 1.9,10.

Por causa da sua união com Cristo os cristãos têm recebido por promessa de Deus uma herança incorruptível no céu, e para terem a certeza de que serão herdeiros juntamente com Cristo, conforme

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Deus havia predestinado desde antes da fundação do mundo, para que assim fosse, conforme o conselho da Sua vontade, o Espírito Santo habita nos cristãos como um selo e penhor divino de que entrarão de fato na posse desta herança que eles alcançaram por causa da união deles com Cristo, como se vê em Ef 1.11 a 14.

O conselho da vontade de Deus é tudo aquilo que Ele tem planejado desde toda a eternidade conforme a Sua exclusiva autoridade e soberania.

Quanto à nossa salvação nós vemos em Hebreus 6.17 que este conselho é imutável.

Em Atos 2.23 nós vemos que Jesus foi entregue por nós conforme o conselho determinado e presciência de Deus. Em Atos 4.28 é dito que a perseguição de Herodes, de Pilatos e do povo contra a Igreja estava acontecendo conforme Deus havia predeterminado no Seu conselho eterno, porque Ele planejou que o evangelho avançaria em meio a perseguições e oposições, para que Ele receba muita glória nas vitórias sobre os poderes que se opõem à Sua santa vontade. Em Atos 20.27 nós vemos Paulo afirmando aos Efésios que não havia se esquivado de lhes anunciar todo o conselho de Deus.

A palavra boulê usada no original grego para conselho, no texto de Ef 1.11 é a mesma que é usada

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em todos estes demais textos, que acabamos de citar.

Então as ações contra a Igreja já estavam determinadas por Deus desde antes da fundação do mundo, como vemos em At 4.28, para a Sua exclusiva glória, pelo testemunho dos Seus servos no amor a Ele e à verdade, na medida em que teriam a fé deles aperfeiçoada por estas tribulações, que vêm aos cristãos como oposições de Satanás.

É declarado nas Escrituras quanto à salvação dos que creem em Cristo, que o caráter do decreto eterno é imutável, isto é, os que foram salvos, jamais poderão perder a condição de filhos de Deus porque foram marcados por um conselho que é imutável e absoluto quanto a isto.

De igual modo é também imutável o conselho quanto ao crescimento destes eleitos na graça e no conhecimento de Jesus, mas ele não é absoluto quanto à sua execução relativamente a todos os cristãos, porque este crescimento não dependerá somente da vontade de Deus, mas também do empenho e diligência de cada cristão em santificação.

Ainda que esteja determinado que todos eles serão perfeitos em santidade na glória, porque Deus é santo, e importa que Seus filhos sejam santos, no entanto, enquanto eles estiverem neste mundo se

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verá mais progresso em santidade em uns do que em outros. Haverá amor, demonstrado na prática por Deus, mais em uns do que em outros.

Mas todos devem crescer em estatura espiritual por um ato de escolha voluntária, porque não há amor e obediência verdadeiros que não sejam voluntários.

De modo que quanto maior for a obediência ao Senhor e aos Seus mandamentos, maior será o amor que teremos por Ele.

Todavia, isto implica a necessidade de cooperação com o trabalho do Espírito Santo para que haja o referido crescimento espiritual em amor.

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Sem Amar Não Somos Reais

Nós sabemos que já passamos da morte para a

vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. (1 João 3:14) “Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.” (1 Coríntios 13:2) O que se afirma nestes dois textos é que sem amar não somos reais. Sem o amor em nós nada somos. Por que isto? Porque fomos criados para sermos como Deus em santidade e em amor. Deus é o eterno Eu Sou porque é amor. Então é o amor de Deus em nós que nos torna reais, porque é somente assim que podemos existir em conformidade com o seu propósito eterno em relação a nós. Sem este amor somos apenas uma pálida e evanescente imagem daquilo que deveríamos ser. Não é muito difícil aceitar ou entender esta verdade, porque onde o amor não reina, o que reina é a morte e a destruição – destruição de bons sentimentos, de bons pensamentos, de bons

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propósitos, de relacionamentos harmônicos, enfim de tudo o que é verdadeiramente bom e permanente.

Então afirma o apóstolo João que aquele que não ama permanece morto espiritualmente – morto para Deus, morto para a possibilidade de viver em união com todos os demais que também amam.

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Onde o Amor Não Cresce Multiplica-se a Iniquidade

A palavra amor é entendida em múltiplos

significados, mas focaremos o nosso interesse, no momento, em discorrer somente sobre o amor que é um dos principais atributos de Deus e que pode ser comunicado a nós por meio da fé em Jesus Cristo.

O apóstolo Paulo se refere a este amor, que é designado na Bíblia, no original grego, pela palavra ágape, como sendo o dom mais duradouro, precioso e importante que é concedido por Deus aos homens.

De forma que ainda que tivéssemos toda a fé, todo o conhecimento, todas as riquezas, e até mesmo todos os dons sobrenaturais extraordinários do Espírito Santo, e não tivéssemos este tipo de amor, nada nos aproveitaria; nada teríamos de fato e nada seriamos para Deus.

De tal maneira o amor está vinculado à natureza mesma de Deus, que as características que são apontadas por Paulo em I Coríntios 13 como sendo pertencentes ao amor, são atributos que definem a personalidade daquele que as possuem – paciência,

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longanimidade, fé, esperança, alegria com a justiça etc.

Deus é espirito e definido em Sua natureza como sendo o próprio amor ágape. Assim, se não somos participantes deste amor, estamos separados da vida de Deus, e, por conseguinte, mortos espiritualmente (I João 3.14).

Somos convocados a obter e a fazer aumentar mais e mais este amor em nós, pela justa cooperação e união com todos os demais membros do corpo de Cristo, porque é nisto que se cumpre o propósito eterno de Deus em nossa criação.

Não fomos criados para a individualidade e para gastarmos a vida apenas com nossos próprios interesses, mas com os de Deus e o de muitos. Este amor ágape não é então, mero gostar ou sentimento, mas, sobretudo ações direcionadas a servir a Deus e ao próximo, especialmente aos domésticos da fé.

Amor que impõe renúncias, trabalhos, sofrimentos, indo-se à fonte de onde procede – Jesus – para buscar renovados suprimentos da Sua graça, pela qual possamos servir uns aos outros.

Amor sobrenatural, que nos é concedido como resposta às orações - nossas e da Igreja.

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É este amor ágape que devemos obter e nele crescer, porque não é algo propriamente de nossa natureza, mas um dom celestial, sobrenatural, e espiritual. Na verdade, o primeiro e grande fruto do Espírito Santo relacionado por Paulo, na epístola aos Gálatas.

Como poderíamos amar os nossos inimigos, conforme é necessário para que sejamos imitadores de Cristo, sem estarmos revestidos do amor ágape, a saber, do próprio amor de Deus?

O amor que é fruto do afeto natural (fileo) seria suficiente para isto?

Sendo um amor de edificação, de construção do caráter divino em nós, o amor ágape sempre é impelido para instruir, corrigir, repreender e disciplinar mutuamente a todos os que o possuem, e daí vemos nosso Senhor afirmar no livro de Apocalipse que Ele repreende e disciplina a todos que ama.

Em consequência disso, o amor ágape é santificador, pois nos conduz a batalhar para que a vontade de Deus seja feita, não somente em nossa própria vida, mas também nas daqueles aos quais amamos com este mesmo amor – o amor do novo mandamento de Jesus, com o qual devemos nos amar mutuamente.

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Tanto isto é verdadeiro que onde a iniquidade se multiplica o amor esfria. Onde o amor não cresce, ele diminui.

Por isso necessitamos nos esforçar em viver segundo as ordenanças de Deus, para que o nosso amor aumente progressivamente.

Nisto compreendemos, porque Jesus disse que O amamos se guardarmos os Seus mandamentos. O simples amor fileo, de afeto natural pode não ser santificado e até mesmo se opor ao amor de Deus, como por exemplo, uma mãe que a pretexto de amar o filho, não permite que o pai o discipline nos caminhos do Senhor.

Diz-se desse amor ser o vínculo da perfeição, o cumprimento da Lei, o meio pelo qual a fé atua, e portanto, é por meio dele que se cumpre o propósito eterno de Deus de ter muitos filhos semelhantes a Cristo.

Daí a importância de que todos os crentes cresçam neste amor, conforme dizer do aposto em Efésios 4.15,16:

“antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte,

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efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.”

À luz de tudo o que foi dito podemos entender qual é a principal causa de não viverem em unidade amorosa e fraterna os crentes de determinadas congregações, e isto ao longo de toda a história da Igreja, conforme vemos nosso Senhor Jesus Cristo repreendendo a Igreja de Éfeso citada em Apocalipse 2.4, por ter deixado o primeiro amor.

O mal que lhes afetou é o mesmo que pode afetar a todas as igrejas: não crescerem na graça, no amor, na fé e na piedade, principalmente no amor, pois como vimo antes, onde falta o amor, prevalece a iniquidade.

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Curados por Amor

Ó Senhor por estas coisas vivem os homens, e

inteiramente nelas está a vida do meu espírito; portanto restabelece-me, e faze-me viver.

17 Eis que foi para minha paz que eu estive em grande amargura; tu, porém, amando a minha alma, a livraste da cova da corrupção; porque lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados.” (Isaías 38.16,17)

O Senhor havia ordenado ao rei Ezequias que

pusesse em ordem a sua casa, uma vez que morreria

em breve.

Sabemos que o Senhor não voltou atrás quanto à

exigência de colocar em ordem a sua casa –

certamente os erros que ele vinha cometendo em

seu reinado, e no possível afastamento da

comunhão com Deus – apesar de ter revogado a

sentença de morte imediata, tendo-lhe

acrescentado 15 anos de vida.

Nós lemos nos versos do nosso texto uma parte da

carta de gratidão e memorial que Ezequias escreveu

após ter sido restaurado da sua enfermidade.

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Ele se refere à sua necessidade de restauração

espiritual – para que o Senhor o vivificasse por que

disso dependia a vida do seu espírito.

Ele reconhece que foi para o seu retorno à paz e

comunhão com o Senhor, que havia sido afligido

pelos assírios e por sua enfermidade mortal; e isto

lhe causara grande amargura de espírito.

Então declara que a causa do perdão dos seus

pecados e o livramento da corrupção da sua alma

foi o grande amor do Senhor por ele.

Assim como agiu em relação a Ezequias, Deus faz o

mesmo com todos os seus filhos, pois os repreende

e disciplina, especialmente através de tribulações,

por amá-los, de maneira que abandonem seu viver

pecaminoso e venham a andar de maneira ordeira

na Sua santa presença.

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“Não repreenderá perpetuamente, nem para sempre conservará a sua ira.”

(Salmo 103.9)

Quanto tempo dura a ira de uma pai ou de uma

mãe depois de ter repreendido a seu filho?

Se este filho é amado por eles a ira durará para sempre por causa do desatino que cometeu?

Todos os que são pais amorosos sabem muito bem qual é a resposta.

Por vezes nossos filhos se mostram renitentes e rebeldes por não pouco tempo em relação a determinado problema a que têm dado causa.

Todavia, por maior que seja a contrariedade que isto possa causar em nós, depois de certo tempo tornamos a ser favoráveis a eles sem que isto leve muito tempo.

Ora, se nós, falhos e limitados pecadores agimos desta forma, quanto mais o nosso Pai celestial que é perfeito em amor, justiça e bondade?

Daí o salmista ter se expressado nos termos do nosso texto, pois conhecia por experiência própria qual é o caráter de Deus.

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Ele tinha sido alvo do desagrado do Senhor em determinadas ocasiões, e no pecado com Bate-Seba, sua harpa ficou desafinada por cerca de um ano, e o seu espirito definhava debaixo dos juízos corretivos de Deus, pois não havia até então achado lugar para arrependimento, convencendo-se da grande transgressão que havia cometido.

Deus já havia se tornado favorável a ele, mas como se achava endurecido pelo pecado, não pôde contemplar Seus braços amorosos abertos para recepcioná-lo, depois de ter-se lavado com as lágrimas do arrependimento.

Mas aprendeu a lição e a compartilha conosco neste Salmo, de modo que possamos aprender que conforme afirma a Escritura a ira de Deus de um breve momento não passa, porque de outra forma seríamos todos consumidos.

Lembro-me agora da passagem quando nos foi feita a promessa do perdão de Cristo por causa do evangelho, no texto de Isaías 40, no qual o Senhor convoca consoladores para o seu povo, depois de tê-lo castigado devidamente pelos seus pecados.

Assim, então, você que se achou debaixo da palmatória corretiva do Senhor, que se manifestou sobretudo pela falta de paz e pelas próprias circunstâncias da vida que lhe mostraram o quanto Ele estava aborrecido com os seus maus caminhos,

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tente observar por esta fresta de luz que se abre para que você possa ver que o tempo da correção já passou, que é hora de derramar lágrimas não mais de amargura e desânimo, mas de arrependimento, de alegria e de esperança, de um novo recomeçar com Deus.

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Amor Espiritual e Amor Natural

Nosso Senhor Jesus Cristo disse que o maior

mandamento da Lei é o amor a Deus, e que um segundo mandamento semelhante a este é o amor ao próximo.

E acrescentou ainda um outro mandamento para seus discípulos, que é o próprio amor dEle entre os irmãos na fé.

Seguramente, este amor que nos deu como um novo mandamento, ou seja, algo para ser vivido pelos cristãos, é o amor ágape que existe somente na natureza de Deus, e do qual podemos compartilhar quando somos feitos coparticipantes da natureza divina.

Os apóstolos bem compreenderam e viveram a grande relação que há entre o amor ágape divino e a essência do Espírito Santo, do qual, quanto mais cheio estiver o espírito do cristão, mais cheio estará por conseguinte do referido amor.

É por isso que o apóstolo Paulo diz que o cumprimento da Lei é o amor.

O apóstolo Tiago chama este amor espiritual que procede de Deus, de Lei régia.

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O apóstolo João afirma não apenas que Deus é amor, como também que aquele que ama impulsionado pelo amor divino, dará a sua vida pelos irmãos, tal como nosso Senhor Jesus Cristo deu e tem dado a Sua vida por nós, não apenas no sentido de ter morrido na cruz em nosso lugar, mas por compartilhar os dons e a essência da Sua própria vida divina conosco, pela comunhão que temos com Ele em espírito.

Paulo diz que o amor de Deus é derramado abundantemente em nossos corações pelo Espírito Santo, como que querendo ensinar que não há outra fonte na qual possamos achar o amor divino, senão apenas na nossa comunhão com o Espírito Santo, e submissão à transformação e disciplina que Ele aplica em nós na regeneração (novo nascimento) e na santificação.

Então se diz antes de tudo que o fruto do Espírito Santo é o amor, e deste amor se destacam particularidades que não se encontrarão no mero afeto natural da alma humana.

Há portanto uma aplicação aos nossos espíritos, pelo mover e poder do Espírito Santo, que derrama o amor de Deus nos nossos corações, tornando-os aptos a também a amarem tal como Jesus nos ama.

E muitas destas particularidades são destacadas pelo apóstolo Paulo no texto de I Coríntios 13.

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O amor de Cristo em nossos corações não carrega consigo qualquer sombra de injustiça, ou de comportamento inconveniente, e está completamente despojado de qualquer forma de egoísmo.

O amor com o qual Cristo nos amou e com o qual devemos amar, por buscarmos estar cheios do Espírito Santo em nosso próprio espírito, pode suportar ofensas, como também até mesmo amar seus inimigos, enquanto lhes dá testemunho da completa longanimidade que há em Cristo, em benefício de suas próprias almas, para que tenham a oportunidade de acharem o arrependimento pelo qual possam encontrar a salvação ou a reconciliação com Deus.

O amor de Deus derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, nos torna cheios de esperança e confiança no Senhor, e faz com que nosso espírito seja inabalável e pronto para toda a boa obra, inclusive ao serviço mais humilde e incansável em favor do nosso próximo.

Como é pelo amor que se dá a plena comunhão dos nossos espíritos com Deus, que é espírito, por isso, o amor jamais acabará, diferentemente de todas as demais coisas que estão sujeitas a terminarem um dia, como os próprios dons sobrenaturais do Espírito Santo relacionados nos capítulos 12 e 14 de I aos Coríntios.

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Por isso se afirma na Bíblia que todos os nossos atos devem ser feitos com amor, e não meramente por amor às pessoas, mas como ao próprio Cristo.

Por isso nosso Senhor afirma que tudo o que tivermos feito com tal amor, até aos pequeninos entre seus irmãos, está sendo feito a Ele próprio.

Não erremos portanto, o alvo e o vínculo da perfeição espiritual, que é apenas o amor espiritual de Jesus que é implantado em nós pelo Espírito Santo.

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Deus é Amor Porque é Puro Espírito

O amor divino é marcado sobretudo pela

faculdade do espírito que é chamada de comunhão.

Isto significa dizer que se pode ter somente comunhão em espírito, e a fonte desta comunhão é o próprio Deus em nós, o qual é espírito.

Comunhão é ligação. É um cimento que liga seres morais numa verdadeira união de querer, sentir e realizar. É o compartilhar de vidas que se fundem numa grande unidade.

A expiação do pecado pela morte de Jesus na cruz objetivava principalmente este resultado relativo à promoção da comunhão entre Deus e o homem.

Por isso o apóstolo Paulo destaca em I Cor 13 o modo de manifestação deste amor, ou seja, desta comunhão entre aqueles que se amam em espírito no Senhor, dizendo que tal comunhão é estabelecida em suportar com paciência especialmente a debilidade dos que são fracos; e que não se manifesta de modo invejoso ou orgulhoso, nada fazendo que seja inconveniente, e ainda que tal comunhão não é egoísta, e não se fundamenta em iras, suspeitas ou injustiças, e que sempre se alegra com a verdade e a justiça.

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Assim, o amor tem o seu modo, porque a verdadeira comunhão do espírito, e que sempre procede de Deus, também tem o seu próprio modo ou caminho para se manifestar.

Trocando em miúdos: se todas as virtudes (benignidade, longanimidade, alegria, paz etc) que promovem o amor são espirituais; então a conclusão lógica é de somente em espírito, e em espíritos purificados, podem abundar tais virtudes, e por conseguinte, existir o amor divino.

Daí o nosso título: Deus é amor porque é puro espírito.

Daí também, nosso Senhor ter afirmado que importa que Deus seja adorado sempre em espírito e em verdade.

O principal significado de tal afirmação é que importa termos comunhão com Deus e uns com os outros em espírito, porque o amor celestial, eterno, divino, sempre emana do espírito, e nunca da alma ou do corpo. Pode se manifestar através de ambos, mas nunca terá neles a sua origem.

Foi por este motivo, que nosso Senhor relacionou no discurso que proferiu a Nicodemos, o amor de Deus à necessidade de se nascer de novo do Espírito Santo, ou seja, de se ser gerado pelo Seu poder em ser espiritual.

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“1 Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.

2 Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.

3 Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?

5 Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.

6 O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.

7 Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.

8 O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.

9 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto?

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10 Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?

11 Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso testemunho!

12 Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?

13 Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem.

14 E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;

15 para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.

16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

17 Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

18 Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.

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19 E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.

20 Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.

21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus.” (Jo 3.1-21)

Veja o modo como nosso Senhor relacionou e pôs em interdependência, no texto de João 3, estas realidades celestiais, que nos vêm da parte de Deus aqui embaixo na terra: espírito, amor, reino de Deus, fé, luz e verdade. Ele fez isto porque na verdade elas não podem existir separadamente.

A fé abre a porta para o reino de Deus, que se manifesta em amor, ou seja, naqueles que nascem do Espírito, para terem uma vida espiritual, e para a comunhão com Deus e mutuamente com os demais que têm também nascido do Espírito Santo, para um caminhar na luz e na verdade.

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O Amor não é Ciumento

Porquanto, havendo entre vós ciúmes e

contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem? (I Cor 3.3)

“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece,”

(I Cor 13.4)

Não foi sem motivo que o apóstolo Paulo discorreu sobre o detalhamento do amor ágape que procede de Deus, na mesma epístola que escreveu aos coríntios também lhes admoestando severamente por causa dos ciúmes que havia entre eles e que eram a principal causa das suas contendas.

Eles manifestavam preferências não somente pelos próprios apóstolos, como entre eles mesmos, e com isto, viviam em ruins suspeitas e rancores, que se manifestavam externamente na forma de contendas e de expressões de ressentimentos que impediam que vivessem na unidade de amor no Espírito.

A palavra grega “zelou” usada para ciúme nos textos de I Cor 3.4 e 13.4, tanto possuía o significado de estar cheio de raiva, ódio ou ciúme, em sentido negativo, como também possuía o sentido positivo

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de ser o objeto do zelo de outros para o nosso próprio bem, como é o caso da referência que se faz ao amor do Espírito Santo pelos cristãos em Tg 4.5.

Então há um ciúme que é gerador de divisões e contendas, que não procede do Espírito Santo de Deus, e é contra este tipo de ciúme que devemos nos guardar.

Tal espírito ciumento é marcante especialmente naqueles que são inseguros e que têm medo de perder para outros a atenção de pessoas do seu círculo de relacionamento.

Então o ciúme se instala no coração humano como um tipo de ferrugem que corroerá aos poucos a própria pessoa ciumenta, fazendo com que se torne amarga e ressentida, ao mesmo tempo em que produz grande desconforto naqueles que são o alvo do seu ciúme, quer seja aquele que diz amar, quer seja aquele que julga estar roubando o amor ou a amizade da pessoa que ama.

Tão corrosivo é o espírito ciumento que em não raros casos levará a pessoa que se deixa dominar por ele, a enfermar até mesmo física e emocionalmente.

Por isso, um cristão verdadeiro acabará vendo que, por ser contrário ao espírito de Deus, que o espírito de ciúme é um espírito odioso que deve ser evitado.

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E então, sempre que ele perceber que suas emoções estão subindo dentro dele em qualquer ocasião, ou em relação a qualquer pessoa, se ele for influenciado por um espírito cristão, ele ficará alarmado com isto, e lutará contra isto.

Quem tem o amor do Espírito Santo derramado em seu coração, e que portanto, tem amado com o amor de Deus, não se sente inseguro em relação ao objeto do seu amor. Não sufocará ninguém por temor de perdê-lo para outra pessoa.

Como poderão todos os membros de uma congregação viver em unidade amorosa, quando alguns se permitem dominar por um espírito tão perverso como o de ciúme?

É necessário lutar contra isto, porque senão, muitos serão contaminados e até mesmo poderá dissolver a congregação.

Por isso não são raras as passagens bíblicas que alertam e advertem contra o perigo de haver ciúme, inveja e contendas entre os cristãos.

Rom 13:13 “Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e invejas.”.

II Cor 12.20 “Temo, pois, que, indo ter convosco, não vos encontre na forma em que vos quero, e que também vós me acheis diferentes do que

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esperáveis, e que haja entre vós contendas, invejas, iras, porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos.”.

Gál 5.19-21 “inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas...”.

I Tim 6.4: “é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas,”.

Tito 3.3 “Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja. Odiosos e odiando-nos uns aos outros.”.

Tiago 3.14-16 “Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal, e demoníaca. Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de cousas ruins.”

Mandemos embora, portanto, o ciúme de nossas vidas.

No amor de Deus não há qualquer temor, inclusive este de temer não ser amado, e ser abandonado, preterido, por causa de outros.

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Não permitamos que o ciúme habite no seu coração, porque é um hóspede cuja intenção é a de destruir a sua vida e amargar a de muitos outros.

Não devemos dar acolhida a este hóspede perverso, porque ele nos disporá à pratica de muitos outros pecados, como por exemplo o da difamação, porque o ciúme procurará fazer acusações graves contra a reputação das pessoas das quais sentimos ciúme, para desmerece-las ou diminuí-las na estima que recebem da parte daqueles que supostamente amamos.

Dizemos supostamente porque o amor verdadeiro não é ciumento, e não produzirá este terrível mal naqueles que dizemos amar, lhes impedindo de se relacionarem livremente com outros, por causa do nosso ciúme.

Assim, devemos libertar a nós mesmos e libertar também aqueles que são o objeto do nosso ciúme.

Lembremos sempre que uma pessoa ciumenta não pode crescer na admiração e estima daqueles dos quais sente ciúme, porque sempre verão o ciúme como uma atitude de fraqueza e insegurança que carrega consigo muitos outros males, e isto não é de fato algo para ser admirado ou estimado.

Busquemos então ser conhecidos não como alguém fraco e inseguro que não permite que os laços de

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amor e amizade sejam estendidos entre muitos, mas como alguém que promove a realização e manutenção de tais laços.

Não será o ciúme que manterá o nosso cônjuge ao nosso lado.

Não será o ciúme que preservará a companhia de um amigo.

Não é tornando alguém inimigo daqueles que julgamos serem nossos inimigos, que tornará este alguém nosso amigo.

O amor é voluntário e necessita de liberdade de expressão para continuar vivo.

Sufoquemos o amor, limitemos o amor, e ainda que ele não morra, é certo que não poderá se expressar com alegria, admiração e liberdade.

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Como Amar o Cristo Invisível

Nunca será demais sempre recordarmos que o

Deus único e verdadeiro que servimos é invisível, e que todas as realidades espirituais relativas ao seu reino são também invisíveis.

A fé não necessita de qualquer apoio visível para ser firmada e aumentada, ao contrário, as coisas visíveis em relação à fé tendem à idolatria, e por conseguinte, a extingui-la.

Amamos o Cristo invisível, disse o apóstolo Pedro, I Pe 1.7,8.

Moisés declarou expressamente que o povo de Israel não havia visto qualquer aparência de Deus quando ele entrou em aliança com eles no Monte Sinai, de modo a desencorajá-los de qualquer adoração que não fosse dirigida exclusivamente à Sua pessoa, Deut 4.12,15.

Nosso Senhor deu a seguinte ordenança à sua Igreja:

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” (Mat 28.19,20a)

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O discipulado é para Cristo e não para os próprios ministros. Ninguém deve fazer discípulos para si mesmo, e nem lhes ensinar para a própria conveniência e interesse, senão fazer discípulos para Cristo em relação a tudo o que ele nos tem ordenado na Sua Palavra para ser guardado por nós.

É portanto lamentável que tantos incentivem pessoas a serem suas seguidoras, por saberem dessa fraqueza da natureza carnal humana de buscar apoio no que é visível para o exercício de sua devoção religiosa.

É um triste engano pensar que é mais conveniente firmar a fé em pessoas, porque são visíveis, do que em Cristo, que não vemos com os olhos da carne, e que pode ser somente conhecido em espírito com os olhos da fé.

Por isso os próprios apóstolos de Cristo se afadigavam no ensino da Palavra de Deus, porque sabiam o quão danoso seria para os cristãos tornarem-se, eles próprios, o fundamento da sua fé. O que eles fizeram deve ser imitado por todos os ministros do Senhor, que têm o dever de se afadigarem na Palavra para apresentarem ao povo somente a Cristo, e este crucificado.

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Não é nossa missão apresentarmo-nos a nós mesmos, senão somente Aquele que morreu e ressuscitou por nós.

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Sem Amar Não Somos Reais

“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte.” (1 João 3:14)

“Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei.” (1 Coríntios 13:2)

O que se afirma nestes dois textos é que sem amar não somos reais.

Sem o amor em nós nada somos.

Por que isto?

Porque fomos criados para sermos como Deus em santidade e em amor. Deus é o eterno Eu Sou porque é amor.

Então é o amor de Deus em nós que nos torna reais, porque é somente assim que podemos existir em conformidade com o seu propósito eterno em relação a nós. Sem este amor somos apenas uma pálida e evanescente imagem daquilo que deveríamos ser.

Não é muito difícil aceitar ou entender esta verdade, porque onde o amor não reina, o que reina

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é a morte e a destruição - destruição de bons sentimentos, de bons pensamentos, de bons propósitos, de relacionamentos harmônicos, enfim de tudo o que é verdadeiramente bom e permanente.

Então afirma o apóstolo João que aquele que não ama permanece morto espiritualmente - morto para Deus, morto para a possibilidade de viver em união com todos os demais que também amam.

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Amor Perfeitamente Bom e Gentil

Deus não tem prazer em condenar ninguém.

Ele é tão puro, bom, amoroso e terno, que não seria possível guardar qualquer indisposição perversa em seu interior.

Pensamos muito mal sobre Deus quando pensamos que ele está cheio de amargura, rancor ou sentimentos semelhantes contra aqueles que vivem no pecado.

Estes sentimentos são inerentes a criaturas caídas, como nós, mas jamais poderiam ser imputados à Majestade Santíssima do céu.

Nós que nos reprovamos, nós que nos condenamos, nós que nos destruímos, nós que estamos cheios de amarguras ressentidas que necessitam ser expurgadas pela graça divina.

Apesar disso, o Senhor, em sua infinita bondade e longanimidade, se compadece de nós, e nos estende a mão para fazer sempre o que é bom para nós.

Agora, não será de se admirar que Ele nada possa fazer por aqueles que teimam de modo voluntário e obstinado em viver na prática constante do mal; em

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não consentirem em sequer investigar a causa do bem e da justiça; que odeiam o amor e os que amam o bem; que reprovam e condenam a si mesmos, escolhendo o sofrimento eterno nestas cadeias de ira, impureza, violência, malícia, indiferença, e em tudo o que é negativo em que vivem.

Mas de tal ordem é a bondade de Deus, que ele estenderá a mão e mudará a sorte, mesmo destes, ainda que seja no final de suas vidas, quando se voltarem para ele arrependidos em busca de perdão e transformação.

Não é portanto por qualquer tipo de maldade que exista em Deus que muitos serão achados afastados para sempre dele e do seu amor. Não foi afinal, Deus que assim o desejou, mas eles que assim decidiram.

João 8.15: Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo.

João 12.47: Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.

Mateus 12.36: Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo;

Mateus 12.37 porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.

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Permanecer no Amor e na Verdade

Desde que Deus criou o primeiro homem, séculos

e séculos se passaram.

Quão diferentes foram as gerações em sua própria época quanto às artes, à tecnologia; aos processos de produção, etc.

Todavia, a necessidade essencial básica do ser humano, perante Deus, tem permanecido inalterada.

Muito desta necessidade se refere a afetos, intenções, e ao tipo de caráter que o homem deve possuir.

Mais do que capacidade operativa, trabalho, serviços, obras, espera-se o amor ao Senhor, o qual se traduz muito mais nos pontos destacados anteriormente, do que em qualquer outra coisa.

Esta verdade está claramente declarada na palavra de repreensão dirigida por Jesus Cristo à Igreja de Éfeso, em Apocalipse 2.4,5.

Ele também definiu o amor como sendo o guardar os Seus mandamentos.

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Note que a grande maioria destes mandamentos pouco tem a ver com ações, e por isso, apesar de terem sido numerosas as obras de Éfeso, Jesus mostrou que eram dignos de repreensão porque falhavam justamente no essencial.

Em outra passagem das Escrituras Jesus apontou o valor do viver pela fé, quando disse aos judeus que a obra que se esperava deles era que cressem nEle.

E que somente aqueles que permanecessem na Sua Palavra seriam identificados como Seus discípulos.

Jesus nos foi enviado pelo Pai para nos ensinar e aplicar em nossas vidas a fé, o arrependimento, a adoração, a oração, o louvor, a paciência, a longanimidade, a alegria, a misericórdia, a paz, o perdão, a justiça, a mansidão, o amor..., coisas estas que têm muito mais a ver com a necessidade da nossa transformação individual, do que com as nossas ações e obras, as quais a par de serem importantes, nenhum valor terão diante de Deus, se não forem acompanhadas por estas virtudes citadas, que são possíveis de serem obtidas somente pela graça, mediante a fé e santificação do Espírito Santo.

Obras, conhecimento, política, investigação científica e filosófica, tecnologia, e tudo o mais que se relacione a este mundo e ao plano temporal, e mesmo concílios religiosos, debates apologéticos,

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processos para crescimento numérico de igrejas, e outros assuntos correlatos, por si só, em nada contribuem para o propósito de formar o homem interior que é segundo o coração de Deus, pois isto só é possível por meio da santificação na verdade, a antiga verdade revelada na Bíblia conforme o próprio Jesus afirmou em João 17.17: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.”

Fujamos portanto, da tentação de desprezar a meditação e prática bíblica em prol de contextualizações modernas que nos afastam dos princípios e mandamentos imutáveis da Palavra de Deus, a bem de nossas próprias almas.

Examinemos tudo e retenhamos o que é bom, porque afinal somente uma coisa é necessária, e de nada aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e por fim perder a sua alma.

“Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.” (Hebreus 2.1)

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A Grande Prova do Amor

Uma das grandes provas da existência de Deus e do Seu grande amor e poder, é o fato de que pessoas tão fracas, incapazes, que mal conseguem se ocupar dos seus próprios problemas e necessidades, se dediquem de modo tão diligente e incansável em buscar a salvação das almas e o bem eterno de seus semelhantes; empenhando nisto todo o seu tempo e vida.

Esquecidos de si mesmos são impulsionados pelo poder de Deus e pelo infinito amor que Ele derrama nos seus corações pela presença e ação do Espírito Santo - gastam-se inteiramente como velas que queimam para o único propósito de servirem de luz, da luz de Jesus que neles brilha, para tirarem os seus semelhantes das trevas e da escravidão ao pecado.

Bendito seja Deus pelo Seu inefável amor.

Bendito seja Deus que dá sentido às nossas pobres vidas, enriquecendo-as com a Sua graça para que cumpramos o Seu propósito de amar a humanidade através de instrumentos tão fracos e imperfeitos como nós.

A maior prova desse amor nos foi dada por Jesus, ao derramar a Sua vida por nós na morte de cruz, carregando sobre Si todos os nossos pecados, e para que pudéssemos continuar recebendo esta vida

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celestial e divina que alimenta e vivifica o nosso espírito, para que possamos ter comunhão em amor com Deus e com todos aqueles que o amam.

É de fato muito comprobatório da existência do Seu amor, o fato de que morreu por pecadores, sem que houvesse um único justo - alguém que fosse dotado de uma natureza que não o inclinasse continuamente para o mal e que não fosse seduzido pelas paixões carnais que guerreiam contra a alma.

Nisto se comprova o amor, pois morreu por nós, encontrando-nos na condição de pecadores, de modo que pudéssemos viver pela Sua própria vida e graça santificadora.

Em nenhuma religião e em nenhum outro Nome será achada esta provisão de graça divina que faz morrer a nossa velha natureza e que nos dota de uma nova natureza, para que por esta possamos viver de maneira vitoriosa sobre o pecado, o diabo e o mundo de trevas.

Quando me sinto enfraquecido e inclinado a viver segundo a carne e não segundo o Espírito, eu clamo ao Senhor, pois sei que posso contar com a assistência da sua poderosa graça, de modo que digo juntamente com o salmista ao concluir o Salmo 119:

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"Ando errante como ovelha desgarrada; procura o teu servo, pois não me esqueço dos teus mandamentos." (Salmo 119.176)

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Deus Não me Ama!!!

Esta é a queixa de muitos, ainda que seja apenas no

recôndito de seus pensamentos.

E ela pode ser vista até mesmo, temporariamente, em dados momentos da vida dos santos mais eminentes, quando submetidos a circunstâncias destinadas a provar a sua fé.

Todavia, esta queixa é uma constante naqueles que não amam a Deus, quando as coisas não caminham na direção que eles desejavam.

Apressadamente concluem: “posso comprovar isto pelas minhas presentes condições de vida.”

“Por acaso é ser amado e assistido por Deus quando se vive na pobreza em que tenho vivido?”

“Quando não se tem as qualificações, dons e habilidades que tantas pessoas possuem e que lhes faz pessoas prósperas neste mundo?”

“Por acaso é ser amado com esta enfermidade que carrego por anos sucessivos?”

A esta lista de argumentos, muitos outros poderiam ser acrescentados, mas estes poucos nos bastam para ilustrarem o ponto que pretendemos enfocar.

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Nesta noite de 10-05-2015 tive um sonho muito revelador no qual vi pessoas que tinham profissões que não demandavam qualificações empreendedoras, e nem mesmo capacitação para resolver situações desafiadoras, uma vez que não teriam a mínima possibilidade de atender a tais requisitos. Caso fossem necessários, certamente não permaneceriam empregadas.

Então ouvi uma voz que dizia alto e bom som: “Nisto se comprova o amor e cuidado divino para com tais pessoas.”

E isto se aplicava também aos que eram qualificados para tais desempenhos, pois se não fosse pelos dons e capacitações recebidas de Deus, jamais poderiam cumprir as funções para as quais foram designadas a desempenhar neste mundo.

Assim, soa muito estranha ao ouvido divino a queixa de que não somos amados por Ele em razão de não sermos habilitados, ou prósperos em bens terrenos etc.

A declaração de Jesus relativa à viúva pobre destaca muito mais o Seu amor e cuidado por ela, do que propriamente um elogio ao fato de ter ofertado do modo que é esperado por Deus.

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Por acaso esta única passagem das Escrituras não é bastante suficiente para exemplificar o amor de Deus pelos que são pobres neste mundo?

E quanto ao que se queixa de sua enfermidade prolongada... este não possui um grande motivo para louvar a graça divina que o mantêm em vida?

Não lhe é dada a oportunidade de aumentar o seu galardão pelo testemunho de uma boa consciência para com Deus, e de paciência na tribulação?

Não podemos medir de fato o tamanho do amor e cuidado de Deus por nós, pela régua curta e estreita da nossa razão natural, quanto àquilo que somos ou que possamos fazer, uma vez que é Ele que a tudo e a todos governa, e dá a cada um segundo a medida da sua própria capacidade.

Contentemo-nos portanto com a porção que Ele nos tem designado neste mundo, e exaltemos em todas as circunstâncias, o Seu grande, amoroso e poderoso Nome.

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Não Há Amor a Deus

Sem Obediência

A verdade relativa ao que Deus é em pessoa, e o

que Ele opera na humanidade, não é boa e agradável somente ao próprio Deus como também a nós.

Na realidade, não podemos estar em comunhão amorosa com Deus sem estarmos santificados na citada verdade,

à qual Jesus se referiu em sua oração em favor daqueles que nele cressem, pedindo ao Pai que lhes santificasse na verdade da Sua Palavra divina (João 17.17).

Por isso Ele define o amor não como mero sentimento, mas sobretudo como prática dos seus mandamentos (João 14.15,21; 15.10), conforme se encontram registrados na Bíblia, porque são eles, e somente eles, que definem a natureza celestial que nos convém obter, e o padrão de comportamento que dela decorre.

Antes de conhecer ao Senhor Jesus Cristo, pelas Escrituras Sagradas, eu cria e havia criado um Jesus a quem eu pensava amar, apesar de agir contrariamente a tudo o que Ele nos tem ordenado.

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Hoje, eu sei que estava enganado, porque Ele é o mesmo para todos os que nele creem do modo pelo qual convém crermos, e que somente podemos chegar a este conhecimento por meio da conversão, pelo arrependimento e pela fé nEle, e segundo a instrução que recebemos do Espírito Santo, não somente para conhecermos a sua vontade, como também para ter o poder espiritual necessário para cumpri-la, porque isto é possível somente pela operação da sua graça que nos é concedida.

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Nada Poderá nos Separar do Amor de Deus

Satanás trabalha para que o cristão não saiba ou

duvide que se encontra firme para sempre nas mãos de Deus, como se afirma em Romanos 5.2 e em muitas outras passagens bíblicas.

É impressionante como ele consegue cegar o cristão para as afirmações feitas pelo próprio Jesus, como esta que encontramos em Jo 10.27-29: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão.

Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”.

Ah, como isso fere ao diabo, saber que Ele não poderá ter no inferno a nenhum dos que Jesus genuinamente justificou e regenerou.

Por isso ele trabalha para infundir a dúvida no cristão, de que pertence realmente a Deus para sempre, e que Deus o aceita completamente como filho, apesar de suas imperfeições e limitações.

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O diabo deseja que você creia que de alguma forma, você pode perder sua redenção e ele soprará sobre você para que se sinta inseguro e intimidado.

Por isso você deve colocar o capacete da esperança da salvação.

Esta esperança significa que você pode aguardá-la como coisa segura e certa, porque Deus é fiel para cumprir a promessa de salvá-lo eternamente e de que ninguém tirará você das mãos de Jesus e das mãos do Pai, como se lê em João 10.27-29 e Romanos 8.32-39:

“João 10:27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.

João 10:28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.

João 10:29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”

“Rom 8:31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?

Rom 8:32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?

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Rom 8:33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.

Rom 8:34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.

Rom 8:35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?

Rom 8:36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.

Rom 8:37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.

Rom 8:38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes,

Rom 8:39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”

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Um Pai Amoroso

Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita

na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.

16 Porque não contenderei para sempre, nem continuamente me indignarei; porque o espírito perante a minha face se desfaleceria, e as almas que eu fiz.

17 Pela iniquidade da sua avareza me indignei, e o feri; escondi-me, e indignei-me; contudo, rebelde, seguiu o caminho do seu coração.

18 Eu vejo os seus caminhos, e o sararei, e o guiarei, e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dentre eles choram.".

O propósito de Deus é o de reavivar o espírito do humilde, e o coração do arrependido (verso 15), e Ele apresenta a razão disto, a saber que se Ele não agisse com amor infinito e condescendência em relação a eles, mas lidasse com eles lhes dando a justa retribuição às suas transgressões, eles seriam totalmente consumidos (verso 16).

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Porém, na realização deste trabalho de cura, Ele tem que usar alguns remédios amargos para a recuperação espiritual deles.

Por causa da iniquidade da cobiça deles (verso 17) que era a sua principal doença, eles foram feridos pelo Senhor e Ele escondeu a Sua face deles, porque isto seria necessário para que fossem curados.

Mas como eles se comportaram debaixo deste procedimento de Deus em relação a eles?

Rebelaram-se e continuaram seguindo a perversidade do seu coração.

Então como faz este Consolador Santo para lidar agora com eles?

Ele os deixa entregues à sua enfermidade?

Ele os abandona?

Não, porque um pai amoroso não lidará assim com os seus filhos.

E a promessa feita por Deus é que Ele agiria conosco tal com um pai consolando seus filhos.

Ele realizará o Seu trabalho com tal amor infinito, ternura e compaixão, que isso superará todas as transgressões, e não cessará até que Ele tenha

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efetivamente administrado a necessária consolação a eles (verso 18).

Ele agirá nos termos da aliança que fez com eles por meio de Jesus Cristo de ser o Deus e Pai deles para sempre.

Então os corrigirá em amor para participarem da Sua santidade.

Ele os aperfeiçoará no Seu amor. E tudo fará para conduzi-los a isto.

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“A misericórdia triunfa sobre o juízo.”

(Tiago 2.13b)

Conheça o Homem que Criou Um Método para

Você Parar de Esquecer

Estudo e Memorização

O que teria levado o apóstolo Tiago a fazer tal afirmação senão o fato de saber que nos encontramos, desde que Jesus morreu e ressuscitou, na dispensação da Graça, em que vigora uma nova aliança com Israel, na qual não apenas a nação de Israel é considerada o povo da aliança, como no período do Velho Testamento, mas todas as pessoas de todas as nações que estejam unidas a Cristo pela fé.

Nesta é exigido que os aliançados sejam misericordiosos para com todos os pecadores, assim como Deus tem sido plenamente misericordioso para conosco.

Ele determinou ser completamente longânimo e misericordioso nesta dispensação, inclusive para com os Seus inimigos que vivem deliberadamente na impiedade, e não apenas com aqueles que tivessem sido alcançados pela Graça, tendo sido justificados pela fé nEle no período da dispensação da Lei, e mesmo antes deste período, conforme foi

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o caso por exemplo de Enoque, Noé, Abraão, entre outros.

Que a misericórdia triunfa sobre o juízo está sendo patentemente demonstrado pelo Senhor nesta dispensação da Graça; pois todos os que se arrependem de seus pecados e que simplesmente confiam em Cristo, são perdoados.

Nunca antes de Jesus ter feito a expiação dos nossos pecados na cruz do Calvário, e ter instituído uma Nova Aliança com base no sangue do Seu sacrifico, houve na Terra uma tal disponibilidade de graça salvadora e misericordiosa para todas as nações – as páginas do Velho Testamento demonstram este fato, especialmente nos chamados livros históricos.

Como o juízo divino é estabelecido com base na transgressão da Sua Lei, a qual é o reflexo exato da Sua vontade, então podemos dizer que a Graça tem triunfado sobre a Lei nesta presente dispensação, porque é por meio dela que somos resgatados da condenação da Lei, no que tange aos juízos da Lei, por causa da nossa fé em Jesus Cristo, pois somos considerados por Deus como tendo morrido para a Lei, por termos sido considerados participantes da morte de Cristo na cruz – e a Lei não tem poder sobre mortos, senão somente sobre quem está vivo.

A Lei e a Graça pertencem à mesma fonte que é Deus, mas a Lei não pode ser eficaz para a nossa

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salvação e livramento do poder do pecado, porque é somente uma norma e não um poder. Ela assim, ao contrário, em vez de nos ajudar eficazmente neste propósito da nossa salvação, nos condena justamente, porque somos pecadores transgressores da vontade de Deus.

Então este trabalho eficaz poderia ser realizado somente pela Graça, que não somente nos perdoa, como também é o poder que mortifica o pecado que habita em nossa natureza terrena. Não se pense entretanto na Lei e na Graça como sendo coisas antagônicas. Ambas concorrem juntamente para o propósito da nossa salvação.

A Lei, conduzindo-nos ao conhecimento da vontade de Deus, e da Sua bondade e juízos, e ao convencimento da nossa condição pecaminosa, juntamente com o testemunho do Espírito Santo, e a Graça, nos capacitando a viver em conformidade com as exigências da Lei, até aquela perfeição de obediência que teremos à vontade de Deus quando formos introduzidos na glória celestial.

De maneira que a Graça não anula a Lei, antes a confirma, pois nos foi dada com o propósito de vivermos eternamente com Deus com uma justiça que excede até mesmo em muito todas as exigências da Lei de Moisés.

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Assim que nem sequer um jota ou til serão eliminados da Lei até que tudo se cumpra, quando Cristo entregar o Reino ao Pai no qual não mais existirá o pecado, e por conseguinte a necessidade de uma Lei escrita, porque “não se promulga Lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina,” – I Tim 1.9,10

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O Amor às Trevas Impede o Vir Para a Luz

Tão grande é a corrupção do coração humano, que

somente o Senhor conhece a fundo, como Ele afirma através do profeta Jeremias.

Tão grande é o pecado que grassa em toda a humanidade, desde a queda de Adão, que ao homem natural, que não possui o Espírito do Senhor, as profecias bíblicas parecem um exagero de uma exortação à busca de um padrão inatingível, e de fato o é, para aquele que não tiver o auxílio da graça do Senhor, não somente para conhecer a corrupção do seu coração, quanto para ser transformado em uma nova criatura, coparticipante da natureza divina.

Tão elevado é o padrão de vida espiritual divina, e que não sendo algo deste mundo, mas que se recebe do alto por meio da fé, que parece algo totalmente estranho e até mesmo um motivo de escândalo e loucura para o homem natural, como o apóstolo Paulo afirma em sua primeira epístola aos Coríntios.

Muitos chegam até mesmo a considerar as palavras do criador do Universo, como palavras da mais profunda ingenuidade, uma vez que consideram

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que é utópico exigir do homem algo que não faz parte da sua natureza. Como que se lhe pedisse que tivesse a inocência de um bebê.

Na verdade, o que Deus exige do homem não é próprio da sua natureza terrena decaída no pecado, e se quiser ser restaurado à imagem e semelhança com Cristo, terá que receber isto de fora, do alto, do Espírito Santo.

Não admira que Jesus disse que se alguém quiser entrar no reino do céu terá que se fazer como uma criança e nascer de novo do Espírito.

Assim, quando não se dá crédito ao amor divino, à paz divina, à justiça e à santidade divinas, e a tudo o mais que faz parte do caráter de Deus, como também a Sua perfeita bondade, misericórdia, longanimidade, e todos os demais atributos que o caracterizam como Deus, dificilmente se alcançará a salvação, que demanda nosso arrependimento e conversão a tais atributos.

Então, pode parecer aos que justificam a si mesmos em suas más obras, sob a alegação de que o padrão de exigência divino revelado na Bíblia para o homem seja algo inatingível, utópico, ingênuo, ou que se lhe dê a adjetivação que se quiser, no entanto, ele permanece imutável e real, demandando de todo homem que se arrependa e que se purifique de seus pecados no sangue de

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Cristo, sem o que, será sujeito ao juízo eterno de Deus, que haverá de se manifestar no futuro, por ter recusado mudar pelo recebimento da justiça de Cristo que Ele está oferecendo gratuitamente a todos na dispensação da graça. .

Como não chegamos a conhecer Adão e Eva quando se encontravam em perfeição absoluta no jardim do Éden, e nem as condições de perfeição que havia em toda a criação, antes de o homem e a terra terem sido amaldiçoados por Deus por causa do pecado, então, torna-se não apenas difícil, mas até mesmo impossível, conceber como seria a nossa vida sem qualquer pecado, ou influência do pecado. Agora, conscientes ou não da realidade do pecado, Deus nos impõe responsabilidade por todos os nossos atos, pensamentos e omissões perante Ele, porque nos tem estendido a possibilidade de optarmos por um viver em consonância com o que Ele havia planejado para que fôssemos, simplesmente pela fé nEle, que nos faz participantes da Sua graça, pela qual somos transformados. E a imputação desta responsabilidade traz em consequência recompensas e bênçãos para os obedientes, e castigos e juízos sobre aqueles que Lhe desobedecem.

É exatamente a revelação desta realidade que achamos nos escritos bíblicos, e especialmente nos profetas, protestando veementemente contra os pecados não somente do povo de Deus, mas de toda

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a humanidade, não por motivos de uma afetação moralista, mas para o cumprimento do propósito de Deus de que haja paz e amor entre os homens. Não vemos por isso, um Deus justo negociando com pecadores nos termos dos pecados deles, lhes fazendo concessões ou lhes dando promessas de suspensão de Seus juízos, ainda que não se disponham a mudar o seu procedimento, porque afinal, lhes preparou um escape, um meio de fazerem a Sua vontade, através da fé em Jesus Cristo.

Deste modo, todo o povo de Israel é conclamado a escutar, especialmente os sacerdotes e a corte do rei, porque é declarado que o juízo era contra eles, dado terem sido um laço e uma rede na qual apanharam todo o povo de Israel, mantendo-os presos aos seus pecados (Os 4.1). As coisas que eles faziam em oculto e toda a prostituição cultual deles estava patente aos olhos do Senhor, que é Onipresente e Onisciente. Procedendo daquela forma não podiam se voltar para Deus e fazer a Sua vontade, porque estavam dominados por um espírito de prostituição ao qual haviam se afeiçoado, e por causa do qual não podiam conhecer ao Senhor. Se o homem não se humilhar e não reconhecer que é dependente do Senhor para poder fazer a Sua vontade, não receberá graça dEle para que possa estar de pé na Sua presença, por um procedimento que Lhe seja agradável.

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E se não houver a operação da graça, a iniquidade se espalhará em seu coração, e tornará cada vez mais difícil que venha a se humilhar diante do Senhor para que seja salvo de seus pecados, porque em vivendo no pecado, sequer ocupará seus pensamentos com a existência de Deus, quanto mais sobre a necessidade de conhecê-lO de modo pessoal e íntimo, e também a Sua vontade, para que seja praticada e obedecida. Porque para se ter o real conhecimento de Deus é necessário que sejamos transformados paulatinamente à semelhança do seu caráter divino.

Por isso nem todos se dispõem a isto, porque estão apegados à vida que é contrária a quase tudo o que existe no caráter de Deus. Quando o coração está endurecido de tal forma, nada adianta religiosidade externa manifestada em ritos e cerimônias, com o fito de desviar a ira de Deus, como por exemplo a apresentação de sacrifícios que os israelitas costumavam fazer, porque não será desta forma que o Senhor se deixará achar, senão somente por uma real conversão de coração.

Judá deveria aprender dos juízos que seriam trazidos pelo Senhor a Israel, quando fossem levados ao cativeiro pela Assíria, e assim, tanto Judá quanto a tribo de Benjamim que se encontravam no Reino do Sul, deveriam evitar incorrer no mesmo juízo, desviando-se de seus pecados.

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Todavia, o Senhor tinha uma contenda com os príncipes de Judá que não mantinham os marcos que se encontravam amarrados na Lei, e que os alteravam segundo as suas conveniências interesseiras. Seria vã a busca de Israel de auxílio na Assíria, para ser livrado das nações que lhe oprimissem, porque seria a própria Assíria que os conduziria ao cativeiro.

A chaga dos pecados de Efraim havia se tornado incurável, e somente lhe aguardava a hora da sua visitação. O Senhor mesmo entraria em juízo tanto com Israel quanto com Judá e não haveria portanto, quem pudesse livrá-los de suas mãos. Ele se retiraria deles até que se reconhecessem culpados e buscassem a Sua face, e o Senhor sabia que eles o fariam quando estivessem angustiados, e logo o buscariam confessando os seus pecados.

Baseado em Oseias 5

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Viver no Amor de Deus

O amor divino é oposto à malícia e toda forma de

maldade, porque o amor é benigno. à inveja e ao ciúme, porque o amor não é invejoso ou ciumento. à busca de glória pessoal em coisas vãs, porque o amor não se vangloria. à soberba, ou seja, ao orgulho, porque o amor não é soberbo. à falta de sobriedade e moderação, porque o amor nunca se porta inconvenientemente. Ao egoísmo, porque o amor não busca os seus próprios interesses, mas os de Cristo. O amor é também oposto à impaciência, porque o amor não se exaspera, ou seja, ele não se irrita, não se deixando provocar facilmente, sobretudo quando provado pelas injustiças e perseguições. O amor não é vingativo, porque nunca se ressente do mal que lhe façam. O amor é também oposto à injustiça, porque se alegra somente com a prática da justiça.

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E é também oposto à mentira, porque o amor se alegra somente com a verdade.

A intolerância, porque o amor tudo pode sofrer e jamais desistirá de amar.

A incredulidade, porque o amor crê em tudo o que a boca do Senhor tem proferido na Sua Palavra.

É também oposto à desesperança, porque o amor sempre esperará com firme confiança no Senhor, no cumprimento de todas as boas promessas que nos fez na Bíblia.

O amor é também oposto ao desânimo diante das dificuldades porque o amor tudo suporta, e portanto, nada pode destruí-lo. E é por tudo isso que o amor jamais acaba.

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Alegria e Paz na Comunhão com Jesus

Quando descobrimos quem é de fato o Senhor

Jesus e o quanto Ele nos ama e cuida de nós, a consequência natural é que nos regozijaremos sempre nEle, e manifestaremos isto com a nossa adoração e louvor voluntários, com alegria de coração. Quando crescemos no conhecimento da graça e de Jesus, e passamos a conhecer cada vez melhor, qual é o caráter, amoroso, justo e bondoso do nosso Rei, nada deste mundo poderá nos tornar insatisfeitos. Tudo suportaremos por amor a Ele com alegria em nossos corações, não somente como expressão de nossa gratidão, mas, sobretudo, porque será impossível viver de outro modo, estando permanentemente em espírito diante da Sua Grandeza e Majestade. Ainda que sejamos contristados por breve tempo com muitas aflições, estas não podem roubar a alegria que temos na nossa comunhão com o Senhor. Podemos dizer juntamente com o apóstolo Paulo, as seguintes palavras: ” Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados;

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perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.” – 2 Coríntios 4:8-10

Esta alegria sobrenatural, que é fruto do Espírito, habita em nosso coração de tal maneira que podemos ser achados contentes em toda e qualquer circunstância.

Nós podemos aprender isto, assim como Paulo havia aprendido (Fp 4.11).

A alegria e coroa dos ministros do evangelho é ver que seus amados irmãos, que estão sob o seu cuidado permanecem firmes no Senhor, perseverando na fé em meio às tribulações que têm que enfrentar neste mundo, com a plena convicção de que por maiores e duradouras que sejam estas tribulações, pode ser dito delas que são leves e passageiras, comparadas com o peso de glória a ser revelado àqueles que perseveram (2 Cor 4.16,17).

Agora, esta alegria que os crentes têm em Cristo não é uma alegria carnal, ou seja, oriunda da carne, que tenha seus motivos na carne. É alegria puramente espiritual.

Nem mesmo as nossas presentes necessidades neste mundo são motivo para nos roubar esta alegria espiritual no Senhor, porque devemos

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aprender a não andar ansiosos por coisa alguma; ao mesmo tempo em que devemos fazer conhecidos os nossos pedidos diante de Deus por meio da oração e da súplica, sendo-Lhe gratos pelas respostas que nos der, ainda que seja um “não”, ou um “espere”; porque é somente assim, reconhecendo Sua soberania, que a Sua paz poderá guardar nosso coração e nosso pensamento, em nossa comunhão com Cristo Jesus (Fp 4.6).

Como esta alegria é fruto da graça, onde ela estiver presente também será achada a paz espiritual que é outro fruto da graça. Esta paz não significa ausência de problemas ou a realização de todas as nossas aspirações. A paz que Deus nos dá é sobrenatural. Ela não pode ser explicada pela razão, porque excede todo o entendimento.

É paz comunicada diretamente ao nosso espírito, pelo Espírito de Deus. Ela não é o fruto dos nossos pensamentos.

É paz no meio do conflito, a qual nos visita muitas vezes inesperadamente; vinda do alto, como resposta à nossa oração e comunhão com o Senhor, e permanece em nós ao lado da gratidão, da alegria e do amor, enquanto permanecermos nesta comunhão.

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Deste modo, é requerida uma real santificação de nossas vidas para a preservação desta alegria, paz e comunhão com Deus.

Sem santificação não podemos ter o nosso pensamento fixado naquilo que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama e que possua virtude e louvor (Fp 4.8).

Não admira portanto que aqueles que vivem em comunhão mental com coisas que sejam abomináveis ao Senhor, se queixem de terem falta de alegria e paz espiritual. Eles poderão até mesmo exibir um comportamento alegre, mas será uma alegria oriunda da carne, e não do Espírito Santo, cujo fruto é também alegria.

Deus é inteiramente santo e justo. Ele é luz perfeita. Ele é perfeito amor e bondade.

Então, que comunhão poderíamos ter com Ele, nos agradando das coisas que são das trevas e rejeitando aquelas que são da luz?

A nossa mente corrompida pelo pecado original deve ser renovada pelo Espírito Santo, com a Palavra de Deus e as coisas que são aprovadas, a saber, que são verdadeiras, honestas, justas, puras, amáveis, e que possuam boa fama, virtude e louvor.

Por isso não é possível amar o mundo, as coisas reprovadas que há no mundo, e ter ao mesmo tempo, o amor e a aprovação de Deus.

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Não há um caminho fácil para a paz. Não há um caminho fácil para a consolação do Espírito Santo, porque Ele sempre santificará primeiro, e depois consolará. Não se pode contar com Sua consolação enquanto permanecemos deliberadamente na prática do pecado, amando as trevas, em vez da luz.

Mas todo aquele que se consagrar ao Senhor, sujeitando-se à disciplina do Espírito Santo, poderá dizer junto com o apóstolo: “posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13).

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Prova-se o Amor a Deus Pela Obediência à Sua Palavra

É muito comum se ouvir de lábios que professam

amar a Deus coisas que contrariam completamente a Sua Palavra. Por mais sincero que seja o pensamento de que se ama a Deus de fato, neste caso, não há realmente qualquer amor a Ele afinal.

O Deus e Pai de nosso Jesus Cristo, e o próprio Jesus têm definido na Bíblia que é somente aquele que honra e guarda a Sua Palavra que o ama de fato.

Desta forma, quando alguém afirma que não há qualquer tipo de morte porque todos vivem para sempre no amor divino, ele está indo diretamente na contramão de tudo o que a Bíblia afirma de capa a capa; pois, segundo a Palavra de Deus, não há somente morte física, como também espiritual e eterna.

Nisto e em muitas outras afirmações que sejam feitas, ainda que com a intenção de ser tão amoroso e bom, segundo o seu próprio modo de pensar, até o ponto de superar a própria bondade e amor de Deus, é escolher viver em auto ilusão e de maneira excluída do amor e comunhão com Deus, porque esta comunhão é possível somente quando se honra

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e se obedece a toda palavra que procede da boca de Deus nas Escrituras Sagradas.

Foi justamente para livrar da condição de morte espiritual e eterna que Jesus se manifestou, e este benefício é exclusivo para aqueles que nele creem e guardam a Sua Palavra.

“Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu vos mando.” (Deuteronômio 4.2)

“ Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-te a nós e não ao mundo? Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama não guarda as minhas palavras; e a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai, que me enviou.” – João 14:21-24

“ Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das

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coisas que se acham escritas neste livro.” – Apocalipse 22:18-19

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Encerraremos o nosso livro com um sermão em domínio público de Charles Haddon Spurgeon que traduzimos do original em inglês.

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Membros de Cristo “Porque somos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos.” Efésios 5.30

Ontem, quando eu tive a dolorosa tarefa de falar

no funeral de nosso querido amigo, o Sr. William Olney, falei sobre o texto que eu vou usá-lo novamente agora. O estou retomando porque eu realmente não preguei sobre esse texto, senão que apenas trouxe à memória de vocês uma expressão favorita dele que eu ouvi muitas vezes de seus lábios em oração. Ele frequentemente falou de sermos um com Cristo numa união viva, amorosa, duradoura, três palavras que, além de serem uma aliteração são muito descritivas da natureza de nossa união com Cristo. Essas três palavras, vocês se lembrarão, foi o título do meu sermão na presença dessa congregação notável que encheu este lugar para honrar a memória do nosso irmão, cuja maior ambição era honrar seu Senhor, a quem ele serviu tão fielmente. Paulo aqui se refere unicamente aos verdadeiros crentes, homens que receberam a vida pela graça divina e são feitos vivos para Deus. Desses afirma, não por ficção, nem por exagero poético, senão por um fato indiscutível: “Nós somos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos.” Que há uma real união entre Cristo e o Seu povo não é uma

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ficção, nem o sonho de uma imaginação febril. O pecado nos separou de Deus, e para desfazer o que o pecado tem produzido, Cristo nos une a si mesmo numa união real maior do que qualquer outra união no mundo.

Esta união é muito próxima e muito amorosa e completa. Estamos tão perto de Cristo, que não poderíamos chegar mais perto, porque nós somos um com Ele. Somos tão amados por Cristo que já não podemos ser mais amados. Considere quão íntimo e terno é o vínculo, quando é certo que Cristo nos amou e se entregou por nós. É uma união mais íntima do que qualquer outra que possa existir entre os homens. “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” Éramos seus inimigos quando Cristo morreu para nos salvar e um com Ele, que dEle obtivemos a nossa vida, e nEle está escondida essa mesma vida. É, portanto, uma união muito amada e muito próxima, que Cristo tem estabelecido entre Ele e Seus remidos; e esta união não poderia ser mais completa do que é.

É também uma união extremamente maravilhosa. Quanto mais vocês pensarem nela, mais surpreendidos ficarão, e serão possuídos de um santo temor diante dessa maravilha da graça. Kent disse muito bem:

” Oh sagrada união, firme e forte,

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Como é grande a graça, quão doce a canção ,

Que vermes da terra possam ser

Um com a Divindade Encarnada!”

Porém, é assim. Até mesmo a encarnação de Cristo não é mais maravilhosa do que a sua união viva com o Seu povo. É algo que devemos considerar frequentemente; é a maravilha dos céus; é a mais importante das coisas que “os anjos anseiam observar”. Talvez eles não possam ver muito sobre a superfície desta verdade, mas quanto mais se dedicarem à sua contemplação, e na medida em que, em sua meditação receberem a ajuda do Espírito Santo, poderão ver mais neste maravilhoso mar de vidro misturado com fogo. A minha alma se alegra com a doutrina de que Cristo e Seu povo são eternamente um.

Esta é uma doutrina muito consoladora. Quem a entende tem um oceano de música em sua alma. Quem realmente pode entendê-la e alimentar-se dela, se sentará muitas vezes em lugares celestiais com o seu Senhor, e terá uma antecipação do dia, quando estiver com Ele e for semelhante a Ele. Mesmo agora, uma vez que somos um com Ele, não há distância entre nós, estamos mais perto dele do que poderíamos estar de qualquer outra coisa. A própria ideia de união nos faz esquecer toda distância: verdadeiramente, a distância é aniquilada completamente. O amor nos une tão intimamente com Cristo, que ele se torna mais para

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nós do que nosso próprio ser, e embora não o vejamos, contudo, pela fé, nos regozijamos com alegria indizível e cheia de glória.

Aliás, posso dizer que esta doutrina é muito prática. Não é apenas um torrão de açúcar para sua boca; é uma luz para o seu caminho, pois “Aquele que diz que permanece nele, esse deve andar como ele andou.” Devemos cuidar para que o amor que rodeava os pés de Cristo, esteja sempre brilhando em nosso caminho. Devemos tentar fazer o bem, seguindo os passos de nosso Senhor. Seria desmentir esta doutrina se vivêssemos em pecado; pois, se formos um com Ele, então devemos estar no mundo como ele estava; e cheio do Seu Espírito, devemos buscar reproduzir a Sua vida diante do mundo.

Estes pensamentos podem nos servir como uma introdução para uma consideração mais completa deste grande assunto; começarei dizendo que, na Sagrada Escritura, a união entre Cristo e Seu povo é explicada de várias maneiras. Então eu vou tentar mostrar que a metáfora do nosso texto está cheia de significado; e, em terceiro lugar, lhes demonstrarei que a doutrina da nossa união com Cristo tem suas lições práticas. Ao deleitar os nossos corações com a verdade gloriosa de que “somos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos”, tenhamos a determinação de viver como aqueles que estão assim unidos ao Senhor da vida!

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I. Nosso primeiro pensamento é que esta união é explicada de várias maneiras. Este fato bendito está acima do nosso mais elevado pensamento: não nos surpreende então, que a linguagem não consiga descrevê-lo de forma adequada! Símile após símile é usado. Eu somente vou mencionar quatro deles.

A união entre Cristo e o crente é descrita como a união do fundamento (alicerce) e a pedra. “Achegando-nos a ele, pedra viva, rejeitada, na verdade pelos homens, mas para Deus, escolhida e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados como casa espiritual”. Estamos sobre Ele da mesma forma que a pedra repousa sobre o alicerce. Bem podemos cantar:

“Toda a minha esperança em Ti está posta,

Toda a minha ajuda de Ti a tenho!”

Em sua dependência, a pedra é uma com o alicerce. No momento da nossa necessidade, mais nos apertamos a Cristo; quanto mais os nossos corações estejam aflitos, mais lançamos toda a nossa ansiedade sobre Ele. É a pedra que adere à fundação (alicerce). É possível que o vento leve uma pedra leve. Mas nos agarramos a Ele em todo o tempo, confiando inteiramente nEle, assim como a pedra repousa sobre a rocha que está embaixo. A pedra não suporta o seu próprio peso: somente descansa

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ali onde é colocada. Então nós descansamos em Cristo. Ele é o fundamento e descansamos nEle.

Além disso, a pedra adere ao alicerce, formando uma unidade. No decurso do tempo, a pedra fica muito mais ligada à fundação. Quando a massa é colocada no início, e está úmida, vocês poderiam agitar a pedra. Mas logo que a massa se seca, a pedra fica colada ao cimento, e se mantém firme. Nas velhas muralhas romanas, você não poderia remover uma pedra, porque o cimento que une uma pedra a outra, é tão forte quanto a própria pedra, e, de fato, o que nos une a Cristo é mais forte do que nós. Podemos ser quebrados, mas o vínculo de amor que nos sustenta em Cristo como um poderoso cimento, nosso fundamento, nunca pode ser quebrado.

Na verdade, nós nos tornamos um com Ele, como já muitas vezes tenho visto pedras nas paredes de um antigo castelo se tornarem uma com a outra. Você não pode separá-las, elas estavam formando uma única peça com a parede, e teria sido necessário destruir a parede antes que pudessem separar as pedras uma das outras. Da mesma forma, nós, pela graça de Deus, temos nos tornado um com Cristo, experimental e indissoluvelmente. O passar dos anos nos tem ligado a ele ainda mais fortemente.

Além disso, na sua concepção, a pedra é uma com o fundamento. Quando o arquiteto colocou a pedra

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estava seguindo seu plano. Ele projetou a fundação e pensou sobre cada item, e a pedra é essencial para a parede, assim como a fundação é essencial para a pedra. Da mesma forma, somos um com Cristo no plano de Deus. Dizemos com reverência que o propósito de Deus inclui não apenas Cristo, mas toda a companhia dos seus eleitos, e sem o seu povo escolhido, o projeto do Senhor nunca poderia ser realizado.

Ele está construindo um templo para o seu louvor; porém um templo não pode ser apenas uma fundação. Cada pedra na parede é necessária; no propósito divino, é necessário que uma pessoa seja uma pedra viva, e é preciso que outra seja outra pedra viva. Os mais fracos e mais humildes do povo do Senhor são tão necessários como os mais nobres e mais formosos, mas certamente nenhum dos membros é digno de louvor enquanto não tiver sido incorporada à parede.

Quem elegeu a Cristo, elegeu todo o Seu povo; Ele ordenou que fossem construídos em conjunto, e nele “todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor.” Ah, eu gosto de pensar que cada um de nós, independentemente de quão insignificantes sejamos, somos tijolos ou pedras nesse grandioso templo de graça todo-poderosa! Talvez alguns membros estejam colocados onde todos possam vê-los. Outros podem estar embutidos na parede, onde ninguém pode nos ver; mas quem se importa? Se estamos na parede, tudo

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bem. Onde quer que estejamos colocados estamos unidos a Cristo; e, portanto, ninguém tem precedência sobre os demais, porque todos nós estamos igualmente construídos sobre um fundamento, Jesus Cristo nosso Senhor, em quem nós crescemos diariamente, cada vez mais próximos a Ele na experiência, e apegando-nos cada vez mais firmemente a Ele através da fé.

O segundo aspecto que é usado pelas Escrituras para representar a nossa união com Cristo é a videira e os ramos. “Eu sou a videira, vós sois os ramos”, é a palavra de Cristo aos seus discípulos. O símile (comparação) anterior do fundamento e da pedra, não sugere qualquer ideia de vida. Por esta razão, quando o apóstolo o usou, teve que falar de Cristo como uma pedra viva, e também de nós, como pedras vivas. É uma figura um pouco estranha, e contudo é estritamente verdadeira; pois vocês e eu, não temos mais vida espiritual em nós do que as pedras, exceto quando um milagre nos dá vida; e então, apesar de vivermos, somos como pedras aparentemente inertes e sem vida, mas realmente temos sido revividos por uma obra sobrenatural, e temos sido feitos pedras vivas. Porém, a figura não parece harmônica.

No entanto, este segundo símile nos comunica a ideia da vida, pois uma videira não é videira se está morta, e seus ramos não são verdadeiros ramos, a menos que estejam vivos. Há uma união viva entre

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Cristo e Seu povo, e eu espero poder apelar para a experiência de muitos dos meus leitores, que sabem que há uma união viva entre eles e Cristo. Bem-aventurado é o homem que pode dizer: “Eu já não vivo, mas Cristo vive em mim, e a vida que vivo agora na carne, eu a vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.”

A união é algo mais do que uma união de vida: é uma união de vida dependente. O ramo está ligado de tal modo ao caule que ele recebe toda a sua seiva dele, não poderia viver a menos que os sucos de vida fluam do tronco até ele. E assim é a nossa vida. Cristo derrama seu sangue de vida em nós. Perpetuamente, enquanto que Ele exista, estará fluindo para o Seu povo. Na verdade, quando suas feridas foram abertas, Ele sangrou vida em nós, e quando o seu coração foi aberto, ele mudou os nossos corações e lhes deu vida, embora tivessem sido antes corações de pedra. Somos de tal maneira um com Cristo, que a princípio recebemos nossa vida dEle, e nós a continuamos recebendo dEle a cada momento.

Como consequência da vida de Cristo em nós, crescemos. O crescimento do ramo é realmente o crescimento da videira. É porque o caule cresce que o crescimento é transmitido ao ramo. Como Cristo derrama Sua força de vida em nós, nos faz crescer, para o louvor da glória de Sua graça.

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Produzir fruto é o objetivo final de nossa união com Cristo. Nós somos um com Ele para que possamos dar frutos para o Seu louvor. Queridos amigos, estamos realmente fazendo isso? Acaso estamos satisfeitos com uma união nominal com Cristo, embora não produzamos frutos para Sua honra? Deveríamos estar muito angustiados quando somos estéreis e infrutíferos. Devemos lembrar que o grande Agricultor tem uma faca afiada, e está escrito: “Todo ramo em mim que não dá fruto, o tira.” Oh, que nenhum dos meus leitores possa estar em Cristo, de um modo falso, senão que todos estejam nEle numa união tão verdadeira e vital, que nos conduza a dar frutos para o Seu louvor; pois então, embora sejamos podados, nunca seremos cortados da videira!

A terceira metáfora da qual se serve o Salvador em relação a esta união, é o marido e a esposa. “Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja.” Aqui encontramos uma união, não somente de vida, mas também de amor. Vale ressaltar que as duas palavras, “vida” e “amor” sejam tão semelhantes entre si. Nas coisas espirituais, as duas coisas não somente são semelhantes, senão que são exatamente as mesmas. O amor é a vida e a vida é sempre enviada em primeiro lugar, e enviada principalmente em forma de amor.

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Com o verdadeiro marido, sua esposa é ele mesmo. A Escritura diz : “Quem ama a sua esposa ama a si mesmo”, e eu acho que eu creio que Cristo considera que, quando Ele ama a Sua igreja ama a si mesmo. Seu cuidado por nós é agora o Seu cuidado de si mesmo. Posto que nos tem tomado para que estejamos em eterna união matrimonial com Ele, nos considera como Ele mesmo, e cuida de nós como cuida de Si mesmo. “Porque somos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos”. Nenhum homem em sã consciência irá ferir a sua própria carne. “Porque ninguém jamais odiou a própria carne, senão que a nutre e sustenta, como também Cristo faz com a igreja.” Assim, Cristo cuida do seu povo, porque o considera vinculado a Si mesmo por esses laços que o fazem ser como Ele mesmo. Assim somos sustentados como a menina dos seus olhos.

Lembrem-se que em cada família a esposa é a mãe dos filhos, e assim é a igreja de Cristo. Ele quer que todos nós geremos uma semente espiritual santa. Se permanecermos nEle, nós poderemos espalhar a nossa fé, e trazer outros para a igreja. Cada crente deve ter este propósito diante dele como a alegria de sua vida; pois assim Cristo “verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade de Jeová prosperará na sua mão.”

A esposa, também, é quem cuida da casa. Ela cuida dos assuntos domésticos de seu marido. E assim o

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Senhor Jesus Cristo quer que seu povo cuide de Seus interesses, e de tudo o que Lhe pertence, porque Ele nos tem dado essas coisas, como o marido confia o seu tesouro para a esposa. Ele nos tem deixado como guardiões de tudo o que ele tem. Num certo sentido, somos os mordomos de Sua casa, mas em outro sentido mais íntimo estamos unidos a ele pelos laços matrimoniais que jamais podem ser dissolvidos. É um assunto muito doce, mas eu não posso demorar-me muito nele. Permitam que seus próprios pensamentos se tornem fragrantes com esse aroma. Independentemente de quão íntimo possa ser a união do marido e da esposa, a união entre o crente e Cristo é ainda mais íntima. Oh, que a compreendêssemos cada dia mais!

“Oh, Jesus! Sê para mim

Uma realidade viva e brilhante;

Mais presente para a ávida visão da fé,

Do que qualquer outro objeto externo visto.

Mais amado, mais intimamente próximo,

Que o mais doce laço terrenal!”

Todo o imaginário humano é incapaz de explicar a união entre Cristo e Seu povo; porém a comparação em nosso texto é agora a cabeça e os membros. O apóstolo diz de Cristo que “somos membros do seu corpo, seu sangue e ossos.” Cristo é a Cabeça e nós somos membros do seu corpo. Quão maravilhosa é essa união! Na primeira metáfora, a do fundamento e a pedra, tínhamos a ideia do apoio; na segunda, a

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da videira e os ramos, a ideia de vida;, a união entre marido e mulher nos deu a ideia de amor; e agora aqui temos a sugestão de identidade. Há duas vidas no marido e na mulher, mas há apenas uma vida para a cabeça e o corpo, e, neste sentido, esta metáfora revela a verdadeira relação de Cristo com o Seu povo, mais claramente do que qualquer outra.

Existe uma ligação maravilhosa entre a cabeça e os membros do corpo. É uma união de vida, e uma união do corpo que sempre continua. O marido pode ter que viajar para longe de sua esposa, mas isso nunca pode acontecer que a cabeça viaje longe do corpo. Se eu chegasse a ouvir de algum homem cuja cabeça foi cortada de seu corpo 300 milímetros, ou pelo menos meia polegada, eu diria que esse homem estava morto. Deve haver uma união perpétua entre a cabeça e os membros, caso contrário, ocorre a morte, e, fixem bem, a morte, não somente do corpo, mas da cabeça. Quando são divididos, morrem. Quão glorioso é este pensamento quando aplicado ao Senhor e Seu povo redimido! Sua união é para sempre. Eles morreriam se fossem separados dEle, mas Ele deixaria de ser, se perdesse seus membros, porque, de alguma forma ou outra, estão tão unidos, que Ele não estará sem eles; não pode ficar sem eles, porque isso significaria que a Cabeça da igreja foi separada dos membros do Seu corpo místico. É por isso que cantamos:

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“E isso eu descubro, nós dois estamos tão unidos,

Que Ele não estaria na glória, deixando-me para trás.”

II. Tendo lhes mostrado desta maneira estes quatro símiles (e há outros, mas eu não tenho tempo para falar sobre eles), agora chego ao que está diante de nós no texto, e assinalo que a metáfora está cheia de significado: “Somos membros do seu corpo, de sua carne e de seus ossos.” Há sete pontos sobre os quais gostaria de chamar a sua atenção.

Há aqui união de vida, união de relacionamento e união de serviço. Vejam o que quero dizer. A mão nunca estuda o que ela pode fazer pela cabeça; mas quando a cabeça deseja que a mão seja levantada, a mão é levantada imediatamente; e quando a cabeça deseja que a mão baixe, ela baixa instantaneamente. Não há deliberação ou discussão sobre isso. Em um corpo saudável, a cabeça e os membros são praticamente um. Se você estivesse doente, poderia ser diferente. Às vezes eu tenho visto, numa pessoa semiparalisada, que a perna se agita sem seguir a instrução da cabeça; tenho visto uma mão tremer sem a vontade da cabeça; e às vezes (quão frequentemente tem sucedido comigo), a cabeça tem desejado que a mão passe as páginas de um livro, e a mão não tem sido capaz de fazê-lo.

Quando a enfermidade se apodera do sistema, imediatamente os membros desobedecem a

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cabeça; mas num corpo saudável, basta que cabeça queira algo e a mão logo o realiza. Acaso não notaram alguma vez ao caírem, como, sem pensar, suas mãos tentaram proteger a cabeça? Se alguém estivesse prestes a atingi-los, não ficariam deliberando; seu braço subiria imediatamente para proteger a cabeça. Esta lei se aplica também na vida espiritual. Todos os verdadeiros cristãos farão de tudo para salvar a sua Cabeça. Ele nos salvou, e agora é o nosso desejo salvá-lo.

Não podemos suportar que Ele seja insultado, que Seu evangelho seja desprezado, ou feita alguma coisa contra sua dignidade sagrada. Somos de tal maneira um com nossa gloriosa Cabeça, que no momento em que alguém queira golpeá-lo, a nossa mão é levantada imediatamente em sua defesa. Oh, eu confio que você sabe o que isso significa. Se alguma vez tiverem que passar pela pena de ouvir que o Evangelho de Cristo é pregado falsamente, ou de ver os cristãos professantes que trazem desonra a Seu amado nome, sentem imediatamente que prefeririam suportar qualquer dor ou reprovação, antes do que ver Cristo injuriado. A mão é de tal maneira uma com a cabeça, que se esforça por resguardá-la.

Entre a cabeça e os membros há também uma união de sentimento. Se a cabeça dói, vocês sentem essa dor em todos as partes – estão completamente enfermos. E se o seu dedo dói, a cabeça se sente

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mal. Há tal coordenação entre todas as partes do corpo que “se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele, e se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Vós sois portanto, corpo de Cristo, e membros uns dos outros.” Cristo é a nossa Cabeça, e a Cabeça sofre especialmente pelos membros. Não tenho certeza de que é sempre tão claro que uma das mãos, sofra pela outra mão, como é muito claro que a cabeça sofre por causa de qualquer das mãos. Assim sucede com a igreja. Nem sempre pode estar claro que todos os membros se sentem em afinidade uns com os outros, mas sempre é muito claro que Cristo se identifica com cada um dos membros do Seu povo. De alguma forma, há uma conexão mais rápida da cabeça com a mão, do que a de uma mão em relação à outra. E há uma afinidade mais profunda entre Cristo e Seu povo, do que a que normalmente há entre um e outro de Seus servos. Está escrito no que diz respeito ao seu povo que “Em toda a angústia deles Ele foi angustiado.” Em todas as tuas aflições, filho de Deus, a tua Cabeça celestial sente dor!

Há também uma união de necessidade mútua entre os membros e a cabeça. A cabeça precisa do corpo. Agora, tenho que falar com cuidado quando relaciono o pensamento com Cristo, porém ainda assim é verdade. O que seria da minha cabeça sem o meu corpo? Seria um espetáculo terrível. E Cristo sem o seu povo estaria incompleto. Um Cristo que morre sem redimir a ninguém! Um Cristo vivo, sem

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ninguém para viver por Sua vida, seria um fracasso horrível! Cristo no Calvário, e as almas afundando no inferno, sem que ninguém seja salvo por seu precioso sangue! Cristo encarnado na cruz, sem que ninguém seja salvo por Sua encarnação e Sua morte! Seria uma visão horrível. Diz-se que a igreja é a plenitude de Cristo: “a igreja, que é o Seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas.” Esta é uma expressão maravilhosa. Agora, a plenitude da cabeça é o corpo; retire o corpo da cabeça, e o que resta? Quanto ao corpo, o que poderia ser sem a cabeça? Se você perdesse a cabeça, não teria nenhuma velocidade de pé, nem de mão, nem força de coração. Não; nada sobra para cabeça se é separada do corpo; e nada sobra para o corpo se é separado da cabeça. Há entre eles uma união de necessidade mútua.

Além disso, entre a cabeça e os membros há uma união de natureza. Não intentarei descrever a composição química da carne humana; mas é bastante claro que minha cabeça é feita da mesma carne que os meus membros. Não existe diferença entre a carne de um e a carne de outros. Assim, embora a nossa Cabeça da aliança esteja agora no céu, e os seus pés na terra, Cristo é tanto um por natureza com o Seu povo, que é homem verdadeiro de homem verdadeiro, e também Deus verdadeiro, de Deus verdadeiro. Se você negar sua humanidade, não creio que mantenha por muito tempo Sua divindade. E se negar sua Deidade, tem destruído

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tristemente a perfeição de Sua humanidade; pois não poderia ser um homem perfeito, se fizesse os homens crerem que era Deus, quando não o era. Para nós, Ele é o Deus-Homem em uma pessoa, a quem amamos e adoramos; Sua natureza é a mesma que a nossa, e estamos unidos a Ele para sempre.

“Senhor Jesus, nós somos um contigo?

Oh, altura! Ó profundidade do amor!

Contigo morremos no madeiro,

E em Ti vivemos acima “.

“Oh, ensina-nos, Senhor, para conhecer e reconhecer

Este mistério maravilhoso,

Que Tu conosco é verdadeiramente um

E nós somos um contigo!”

Entre Cristo e Seu povo há também uma união de posse. Nada que pertença à minha cabeça deixa de pertencer à minha mão. Qualquer coisa que minha cabeça reclame, como própria, minha mão pode também reivindicar como sua. Pobre pecador, qualquer coisa que pertença a Cristo pertence a ti! Cristo é rico, como poderias ser pobre? Seu Pai é teu Pai, e Seu céu é teu céu; és de tal maneira um com Ele, que todas as vastas possessões de sua riqueza te são dadas gratuitamente. Ele te outorga Seu tesouro, não somente, “até a metade do meu

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reino”, senão todo o reino. Unido a Ele, tudo o que Ele tem te pertence.

Entre o Senhor e Sua igreja há também uma união de condição presente. Cristo é amado pelo coração de Seu Pai. “Este é o meu Filho amado, em quem tenho prazer”, foi a palavra que veio do céu aberto a respeito de Cristo; e como se Deus se deleita em Cristo, também está satisfeito com vocês que estão em Cristo. Sim, Ele tem tanto contentamento em vocês, como tem em Cristo; porque vê a vocês em Cristo, e a Cristo em vocês. Deus não estabelece divisões entre vocês e Cristo, a quem uniu a vocês. “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” Certamente Deus nunca irá separar o que Ele uniu em Cristo.

Nem sequer em seus pensamentos se separem vocês de Cristo, por suporem que não são tão amados por Deus da maneira que o é a Cabeça do pacto.

Finalmente, há uma união de destino futuro. Qualquer coisa que seja de Cristo, vocês serão participantes de todas elas. Como podem morrer se Cristo vive? Como pode morrer o corpo se a cabeça vive? Se cruzarmos as águas, elas não podem nos cobrir enquanto não cobrirem a cabeça. Enquanto a cabeça de um homem está acima da água, ele não pode se afogar. E Cristo lá em cima na eternidade da glória, nunca pode ser vencido; nem tampouco

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poderá ser vencido quem é um com ele. Para sempre, a menos que Cristo morra, a menos que expire o Filho imortal de Deus, vocês que estão unidos a Ele no propósito de Deus e na fé com a qual agora se apegam a Ele, viverão e reinarão. “Porque eu vivo, vós também vivereis.” Acaso não é isso um descanso para todo o temor de destruição? Vocês são tão um com Ele que, quando o sol se tornar num carvão queimado, e a lua se tornar um coágulo de sangue, quando as estrelas caírem como folhas de outono, e os céus e a terra derreterem, voltando a ser nada desde onde a Onipotência os tiver chamado, vocês viverão, porque Quem é a sua Cabeça viverá. “Cremos que também viveremos com ele; sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre mais, a morte não tem mais domínio sobre ele.” Onde ele for, nós o seguiremos.

Ouvi dizer que quando um ladrão consegue colocar a cabeça entre as barras da janela, o seu corpo pode facilmente entrar. Eu não tenho tanta certeza, mas eu sei que ali onde meu Senhor passou, os membros devem certamente passar. “Eu sou o que vive, e estive morto; mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos”, é uma palavra que tem a intenção de confortá-los. Guardem-na com vocês. “Somos membros do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos”, e nós cantamos com Doddridge:

“Desde que Cristo e nós somos um,

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Por que deveríamos duvidar ou temer?

Se no céu Ele tem estabelecido o seu trono ,

Ali também estabelecerá Seus membros.”

III. Finalmente, e muito brevemente, esta doutrina tem suas lições práticas, que vou tentar explicar de forma simples, de tal forma que aqueles que são membros de Cristo possam trazer mais alegria e glória à nossa Cabeça do que temos feito até agora.

Para começar, eu diria que, se somos verdadeiramente um com Cristo, não devemos ter qualquer dúvida sobre isso. Costumava ser uma moda, e eu temo que em alguns lugares ainda é, pensar que desconfiar de nossa própria condição e duvidar quanto ao que se refere à nossa salvação, é uma espécie de virtude. Eu conheci pessoas boas que não se atreviam a dizer que eles foram salvos, eles “esperavam” ser, e eu conheci outras pessoas que não tinham certeza de terem sido lavadas no sangue precioso de Cristo, eles “confiavam” que o eram. Esse estado mental não é um crédito nem para Cristo ou para nós mesmos.

Se eu contasse ao meu filho uma coisa, e ele me dissesse: “Pai, eu espero que você mantenha sua palavra”, não sentiria que ele estivesse me tratando como deveria. Certamente, crer em Cristo sem reservas é a forma de honrá-lo. Se somos um com Ele, perderíamos o consolo do fato de não sabermos com certeza sobre a nossa união abençoada;

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(perderíamos muito da confiança que nos viria do fato, se não apreendêssemos claramente a realidade), e nos subtrairíamos muito da alegria que traz, e saberíamos pouco sobre o significado dessa palavra: “a alegria do Senhor é a vossa força”, se não cremos de modo simples como crianças.

Esta é uma época de dúvida; mas, no que a mim concerne, não duvidarei; eu já duvidei o suficiente, e mais do que suficiente; acabei com minhas dúvidas há muito tempo; posso dizer com Paulo: “Eu sei em quem tenho crido, e eu tenho certeza que é capaz de guardar o meu depósito até aquele dia.” A salvação é pela fé. A condenação vem pela dúvida. A dúvida é a morte de todo o consolo, a destruição de toda a força, o inimigo de Deus e do homem.

Se somos um com Cristo, deveríamos percorrer o mundo como príncipes; deveríamos ser como Abraão entre os seus companheiros, que não reclamou nenhum principado, nem tomou qualquer coroa, mas ainda assim ele poderia dizer ao rei de Sodoma o que ele tinha prometido solenemente ao Senhor, “que desde um fio, nem uma correia de sandália, nada tomarei de tudo o que é teu, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão”. Se você é um com Cristo, trate o mundo dessa forma. Oh, mundo, você não pode me abençoar! Deus tem me abençoado. Você não pode me amaldiçoar! Deus me abençoou. Você ri? Ria se isso faz você se sentir bem. Acaso me olhas com a face enraivecida? O que

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me importa? Se Deus tem sorrido para mim, você pode me desprezar. Se eu sou um com Cristo, eu espero que você me tenha em muito pouca conta, pois você desprezou a minha Cabeça. Acaso o corpo de Cristo deve esperar um tratamento melhor do que o que recebeu a Cabeça?

Se somos um com Cristo lembraremos que desonramos a nós mesmos por nos envolver com essa desonra a nosso Senhor. Se eu desonrar qualquer parte do meu corpo, minha cabeça se sente envergonhada por isso; e uma vez que somos membros de Cristo, devemos ter muito cuidado como nos comportamos, de modo que não lhe causemos qualquer dor. Os homens julgarão Cristo pelo Seu povo. Se eu vejo um par de pernas que andam cambaleando ao longo da rua, estaria inclinado a dizer que elas pertencem a uma cabeça embriagada. Se a nossa caminhada entre os homens não é “como digna do evangelho”, que pensamentos tão duros sobre o nosso Salvador, terão os que nos rodeiam! Claro que sabemos que toda concepção errada sobre Ele é falsa, pois Ele é formoso e não há nele qualquer mancha; mas mesmo assim, seu nome e sua causa sofrerão desonra. Portanto, não nos causemos danos a nós nem nos contaminemos a nós mesmos, para não trazer reprovação a Quem amamos!

Em continuação, se somos um com Ele, deve ser muito natural que pensássemos nEle. Passamos

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com ele mais tempo do que com que com qualquer outra pessoa. Mais do que com cônjuge, filhos, com nossos queridos companheiros da igreja ou do mundo. E o conhecemos melhor do que conhecemos a qualquer outra pessoa. Embora seja pouco o que sabemos dele, comparado com o que esperamos conhecer, contudo Seu amor se tem tornado para nós o fato mais brilhante e visível em toda nossa história. Conhecemos muito poucas coisas; porém sabemos que somos um com Cristo numa união que nunca será quebrada. Também o conhecemos por nossa comunhão com Ele. O vimos nesta manhã; o temos visto durante o dia; o veremos novamente esta noite. Não me agradaria ir para a cama com nenhum outro pensamento na minha mente além deste :

“Aspergido novamente com o sangue que perdoa,

Eu me ponho a descansar,

Como abraçado por meu Deus,

Ou sobre o peito do meu Salvador.”

Se somos um com Ele, viver com Ele deve ser a coisa mais natural em nossas vidas. No entanto, acaso não tenho ouvido de algumas pessoas que professam ser cristãs, que não têm tido comunhão com Cristo por muitos dias? Uma vez eu conversei com um irmão que falou muito sobre muitas coisas; e quando ele se queixou disto e daquilo, me dirigi a ele, e lhe perguntei: “Irmão, quando foi a última vez que você teve íntima comunhão com Cristo?” Ele

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respondeu: “Oh, você me pegou fora da balança!” Quando lhe perguntei, “o que você quer dizer com isso?” respondeu: “Eu temo que eu não tenho tido qualquer comunhão com Cristo por meses.” Eu suspeitava que era assim, porque senão a conversa não teria sido como foi.

Que coisa mais triste para uma esposa que deve viver com o marido em casa, sem poder lhe falar por muitas semanas! Mas quão pior é que nós, que professamos ser um com Cristo, não termos nenhuma comunicação com ele por longos meses! Isto é algo perfeitamente horrível. Deus nos livre de tal coisa! Pensemos continuamente em nosso Senhor, e vivamos sempre com Ele, porque somos um com Ele!

Ademais, sendo um com Cristo, servir-lhe deve ser muito natural. Certamente que existimos apenas para cumprir a Sua vontade, e para glorificar Seu nome. Para que servem as minhas mãos e os pés, a não ser para serem levados a se moverem pela minha cabeça? Seriam estorvos a menos que eles estejam prontos para obedecer o comando da minha mente. Mas temo que há muitos de nós que são de pouco serviço ao nosso Senhor. Nós ouvimos a Sua Palavra, mas não a obedecemos; Ele procura obreiros, e não respondemos correndo ao Seu chamado! Vamos, vamos, isto não irá funcionar. Somos membros de Cristo, e o único propósito de

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nossa vida deve ser o de servir a nossa Cabeça. Deus nos ajude a fazê-lo!

Eu vou concluir. Lhes deixarei fazer todas as inferências que brotam naturalmente de nossa união com Cristo. Nosso céu consiste em nossa união com Ele. Ah, e às vezes, quando nos damos conta de nossa união com Cristo, dificilmente podemos pensar que seremos mais felizes no céu do que somos agora! Que todos vocês participem desta alegria! Oh, vocês pensarão que estávamos delirando, se lhes disséssemos o indizível deleite e a bênção sem medida que a comunhão com Cristo tem trazido às nossas almas. Desejo que todos vocês conheçam o mesmo êxtase. Não desfruto de nada sem desejar que todo mundo desfrute do mesmo; portanto, quando chego ao ponto de ser um com Cristo, o deleite que isto traz, oro para que todos vocês o conheçam também! Mas, infelizmente, vocês não o conhecem, alguns de vocês nem querem conhecê-lo. Eu tenho falado algo parecido ao holandês para alguns de vocês no dia de hoje; não têm compreendido nada da minha linguagem. Que o simples fato de que não o tenham entendido, ou que não lhes tenha preocupado para nada, lhes leve a suspeitar que há uma alegria que é desconhecida para vocês, e uma vida que não têm encontrado; e quando souberem que é assim, “Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Se você buscá-Lo de todo o coração, você certamente vai encontrá-lo, e em

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breve também será conduzido a uma “viva, amorosa e duradoura união” com Cristo.

Lembre-se que o mais leve toque de fé é suficiente para salvar a alma. Aquela pobre mulher que veio por detrás de Cristo no meio da multidão, somente tocou na orla de Suas vestes, e contudo este tímido toque lhe trouxe salvação e saúde. Porém saiu dEle para ela, e foi salva de sua enfermidade. Se você somente pudesse tocar o Senhor com o dedo de sua fé, ah, mesmo se fosse com seu dedo mindinho, você seria abençoado; apesar de sua mão estar tremendo com a paralisia da incredulidade, se você tem fé suficiente para tocá-lo, para entrar em contato com ele, terá posto em funcionamento toda a maquinaria da salvação.

Que Deus lhe dê fé para encontrar a vida eterna agora mesmo! Por que não? Se o meu querido amigo estivesse aqui agora, de quem estes panos de luto são um memorial, ele me diria, “oh, diga-lhes para provarem e ver que o Senhor é bom; bem-aventurados são aqueles que confiam nEle!” Vocês sabem quanto William Olney amava esta estrofe que cantamos ontem:

“Oh, basta fazer uma prova do Seu amor;

A experiência comprovará

Bem-aventurados são aqueles, e somente aqueles ,

Que confiam em Sua verdade!”

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Que Deus abençoe a todos, por meio de Cristo, nosso Senhor! Amém. Texto de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.