Amkoullel o Menino Fula. PARTE 1

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Amadou Hampate B

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Amadou Hampate B

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Arnkoullel,

a menino fula

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Dese jamo s ex pre ssa r um agra de cimen to es pec ia l ~ tra du to ra d o liv ro ,

X in a Smith d e Vasconce llo s (1949-2000 ),q ue se d ed icou comverd ad eira p aix ao

a tarefa, permitindo 0 aflo rar d e to da a b eleza e p oesia d o tex to o rig in al.

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AMADOU HAMPATE BA

Arnkoullel,

amenino fula

traducao

Xina Smith de Vasconcello s

• Cas. das Micas

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Ti tu lo origina l: Amkoullel. l'enfimt Peu!

Copyright © 1992 by A CT ES SU D

Pro je to e dito ria l e o rg an iz ac ao

Consu ltor ia ed itor ia l

C on su lto ria p ara termos ara bes

C opy D esk

R evisao de pro v as

Dani ela Moreau

Den ise D ia s Ba rro s

P au lo D an ie l F ara h

Grac ie la Ka rman

Luc ia B ra nd ao Saft Mouf arrig e

Ther ez inha S ique ir a Campos

P rojeto grafico M auricio Z abotto

Capa para 2' edicao Rodrigo AndradeDiagramacso M aria do Carmo de O liveira

Imagens Images & Memoires

Dados de Catalogacao na Publicacao (CIP) Internacional

(Camara Brasileira do Livro, SP,Brasil)

B i!, A m adou H am pate, 1900-1991

Amkoullel, 0menino fula / Amadou H ampate Bft ; traducao Xina Smith de

V asconcellos. -_ S ao Paulo: P alasA thena : C asa das A iricas, 2003 .

376 pags. 16 x 23 em

ISBN 978-85-7242-Q44,0

1.A ntropologia - Africa 2. Cultura - Africa 3 . P ula (Povo a fr icano)

4. Bil;Amadou H ampate, 1900-1991 5 . Mali- H ist6 ria 6 . Mali - Usos e

costumes l. Titulo.

03-3752 COO-928.96

indices para catalogo sistematico

1. In telectu ais african os: A uto bio grafia 9 28 .9 6

2' Edi¢ao - 2008

Tod os o s d ireito s reserv ad os e p ro te gid os

pela Lei 96 10 de 19 de fevereiro de 1998 .

E proibida a reproducao total ou parcial, por quaisquer m eios,

sem a autorizacao previa, por escrito, da editora,

D ireitos adquiridos para a lingua portug uesa, por

EmTORA PALAS ATHENAR ua L eoncio de C arvalho, 99 Sala 1 - P araiso

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Surnario

Prefacio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 9

Prologo 13

Rafzes '. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 23

Kadidja, m inha mae " . . . . . . .. 5 1

Oexflio 97

o retorno a Bandiagara .' . . . . . . . . . . . . .. 15 7

A escola dosbrancos , ' . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 209

Kati, a c idade m ilitar '. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 28 5

Bamako, 0 fim dos estudos 311

hnagem e memoria. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3 45

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Prefacio

M erece os m elhores elogios a resolucao da Editora Palas A thena de trazer ao

publicobrasileiro. em traducao do frances, um a das mais significativas obras de

A madou H am pate Ba, sem duvida um grande vulto africano. 0 livro relata 0perio-

d o qu e v ai.d o seu n ascim en to a juventude, ganhando im portancia ainda m aior por

se r 0B rasil urn pais de grande presen~a afro-descendente, m as m uito pequeno em

term os de bibliografia em portugues sobre a A frica negra.

Convenceram -m e, D aniela M oreaue D enise D ias B arros, de que eu poderia

elaborar 0 prefacio a edicao brasileira e, quando percebi, estava enredado na em -

p reitad a, p elo q ue p e~o descu lpas.

A introd u~ao a uma obra deve ser 0 quanto possivel breve para que 0 leitor

va logo ao grande texto. T enho entretanto, para cum prir 0 dever que assum i brava-

m ente, de fazer algum as observacoes que, esperQ , nao im pacientem muito.

H ampate Ba, que acreditava ter nascido em 1900, fo i u rn neg ro -a fric ano

produto das civilizacoes das savanas ao sul do Saara (a regiao Balour), n a A frica

do oeste , eng lobando 0 atual M ali. Filho de H am pate e K adidja, viveu, segundo e1e,

ao lado dos tucolor e bambara nesses vastos espacos ondeaacao se desenrola, e

onde rm ritas e m uitas pessoas, que sao inclusive personagens do texto, influencia-

ram sua trajetoria,

Educado e sp iritu almen te n a re lig iao isla rn iea , fe z c urses sob a adm in istra ca o

colonial francesa, obteve diplom as e ocupou cargos, m as foi fortem ente m arcado

pela identidade nascida de suas raizes originarias e ancestrais. M uitos sao seus

m erito s: co ntud o, p arece-m e que 0 trace decisivo de sua personalidade e sabedoria

e 0 de ter se dedicado desde sempre a coleta de narrativas - que sabia de m em oria

- acabando por se transformar emmestre da transmissao oral e especialistano

estu do d as so cied ades n eg ro -african as das sav an as.

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AM K0ULL EL, 0 MEN I N0 FULA

Este trabalho nao e liberto da visao alcoranica da realidade; todavia, 0 amor

de Hampate Ba pelos fatos vividos e sua honestidade trazem dimensoes insuspeitadas

sobre a verdadeira Africa negra. Viajante incansavel, memorizando e anotando, fazaflorar, em narrativa de extrema simplieidade. coerencia, beleza e humor, fatos que

nos remetem imediatamente ao grande humanismo africano.

Procuro sempre lembrar que existern duas maneiras principais de abordar

as realidades das sociedades africanas. Uma delas, que pode ser chamada de perife-

rica, vai de fora para dentro e chega ao que chama de Africa-Objeto, que nao se

explica adequadamente. A outra, que propoe uma visaointerna, vai de dentro

para fora dos fenomenos e revela a Africa-Sujeito, a Africa da identidade profunda,

origin aria, mal conhecida, portadora de propostas fundadas em valores absoluta-

mente diferenciais.

o Iivro pertence it segunda categoria. Traz, em sua simplicidade narrati-

va, fatos memoraveis nos quais, apesar da adrninistracao colonial, nao faltam so-

nhos, emocoes, condutas, modelos ancestrais, honra, ternura, gra<;a,beleza, fome,

horror, alegria, bravura, medo, farsa, diplomacia, suspense e tantos outros, 0 todo

envolvendo as peripecias - algumas de grande dureza, outras extremamente en-

gracadas mas emocionantes - que marcaram a fase de vida narrada pelo autor sem

abrir mao do manto mais abrangente da africanidade, que e uma grande voz nao

ouvida pelomundo.

o proprio Hampate B a .concordou em retirar do texto original analises antro-

pologicas. sociologicas e outras que tais para que se obtivesse melhor fluxo da

narrativa. Todavia, a obra e urn rico manancial para essas disciplinas. sendo dificil

ao pre£aciador resistir it tentacao perigosa de indicar, timidamente, a existencia

de alguns desses pressupostos, que the saocaros porque se inserem na ideia de

Africa-Sujeito revelada pelo texto.

Urn dos angulos principais e 0da narrativa baseada na memoria dos fatos, a

que liga todo 0 texto it complicada questao da oralidade e da palavra na Africa

negra. Este e urn trabalho escrito, grafado, porem fundamentado nos principios que

exigem "memoria fotografica", como tambern nos ens ina 0 autor, pois que os fatos

remetem a passado longinquo mas com extrema precisao. Hampate Ba serve-se

assim de um dos principais valores do conhecimento proposto por essas sociedades.

A palavra aparece aqui, em seu fulcro constitutive, comb sabedoria e verdade;

contudo, muitas vezes formula-se de maneiras diversas, tragicas, amaldicoadoras,

prernonitorias de boas e mas novas e ate mesmo mentira deliciosarnente narrada,

como no caso da contadora de historias que relata fatos de um rei. Traz essapalavra,

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PREFA.CIO

ainda, a dura denuncia sobre os efeitos da guerra de 1914 na transmissao oral do

conhecimento na Africa originaria.

Outre aspecto e 0 da notavel importancia atribuidaa mulher, valorizada

enormemente em variossentidos, seja rra organizacao e administracao da familia,

seja na legitirnacao de usos e costumes, nas composieoes e tramas politicas, no arnot

e na morte, na maternidade e na educacao. Aqui a mulher e vista com maior reali-

dade, libertada da visao equivocada de mera reprodutora, cabendo ao leitor a mis-

sao de melhor avaliar tao delicada tematica. Tal distincao, que repassa todo 0 livro,

e devida nao so as privilegiadas relacoes do autor com a mae e outras mulheres cia

familia, porern ainda a ideia de que 0homem e urn "semeador distraido". enquanto

a mulher e instrurnento do preexistente para elaboracao da vida.

Ao longo desses escritos, ha seguidas alusoes a problematica da socializa-

<;ao,outro assunto que emerge, geralmente diluidas em situacoes especificas. A

insercao do individuo nasociedade pauta-se pelas regras de hom a e conduta, regras

essas queorientam a familia extensa - queja constitui por si S O urn instrumento de

pressao - e que sao um legado dos ancestrais e definem identidades, sem falar

na educacao religiosa islamic a a qual urn dos personagens, animista extrema do,

devotava tal desprezo e odio que nunca volvia a cabeca em direcao a Meca ...

Essas regras e val ores sao tao distintivos e importantes que aparecem como atri-

butos do proprio preexistente e recebem um nome a ele relacionado (n 'dimsskoui,o que lhes da existencia concreta e formal segundo as propostas da palavra em

mis sociedades.

Em sentido ainda ligado a socializacao, Hampate Ba lembra muitas vezes a

associacao de jovens como instrumento de auxilio a formacao da personalidade, de

vida em sociedade e mesmo do exercicio do poder. Ha excelentes exemplos de

associacoes de meninos que se formam, se unem a outras e ate se tornam protetoras

de associacoes de meninas. Esses grupos, com seus principios de honra e hierarquia,

organizacao formal, direitos e deveres.reproduzem as praticas adultas e parecem

bastante eficazesinclusive em suas incriveis proezas.

Outro tema de importancia e 0 da circuncisao dos meninos. que merece

d€SCtic;aodetalhada efundamentada ontologica e socialmente - constituindo precio-

sa referenda ao assunto - mostrando a importancia notavel atribuida ao evento, no

qual toda asociedade se envolve para participar de alguma forma de tao raro ato de

mndanca de papeis sociais. Infelizmente, Hampate Ba nao faz alusao a excisao das

menmas, livrando-se assim de tematica tao contravertida. E curiosa observar que

ele.mesmo passou por uma situacao excepcional relativa a sua propria circuncisao,

mo se vera.

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AMKOULLEL, OMENINO FULA

Mas que nao se enganem os incautos com uma eventual visao idilira que

o texto poderia trazer. Nas relacoes e papeis sociais, nos quais se estruturam as

praticas historicas, as paix6es humanas, sempre presentes, aparecem tambern sob

a forma de odio, raiva, intriga, traicoes, rnuitas vezes decidindo assuntos graves.

E a trama da vida, e a relacao de pessoa a pesso.a que se imp6e no cotidiano, como e

de estilona Africa negra.

Bastante haveria ainda a escrever, se tanto ousasse.pois os ternas sao muitos.

Porem, basta de ousadias. Mergulhe-se, como em SOMO, em urn universo onde

tudo pode acontecer. E no memento emque escrevo estas linhas penso - agora que

ja sao mais de 20h la na distancia africana - nos velhinhos, homens, mulheres e

criancas vivendo nas localidades de diffeil acesso. eles que estao sujeitos a umaeconomia.apenas suficiente e que devem ficar sempre atentos ao restrito estoque de

cornida e de agua.

Fabio L eite

Centro de Estudos A fricanos da USP

Sao Paulo, fevereiro de 2003

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A MEMORIA AFRICANA

Prrilogo

M uitos am igos que leram 0 m anuscrito m ostraram -se surpresos. C om o e

que a m em 6ria de urn hom em de m ais de oitenta anos e capaz de reconstituir tantas

c ois as e , p r in cip almente , c om ta l m iru ic ia d e d eta lh es? E que a m em 6ria das pessoas

d e m in ha .g era ~ao ,so bre tu do ad os pOVOI> d e trad icao oral, q ue n ao p ocliam ap oiar-

se na escrita, e de um a fidelidade e de um a precisao prodigiosas. D esde a infancia,eram os treinados a observar, olhar e escutar com tanta atencao, que todo aconteci-

mente se inscrevia em nossa mem6 ria como em cera virgem . Tudo laestava nos

menore s deta lhes : 0 cen ario , as p alavras, os perso nag ens e ate suas ro up as. Q u and o

descrevo 0 traje do prim eiro com an dante de circunscricao frances que vi de perto

em minha infancia, por exemplo, nao preciso me "lembrar"; eu 0 vejo em uma

especie de tela de cinem a interior e basta contar 0 que vejo. Para descrever um a

cena, s6 preciso revive-lao E se um a hist6 ria me foi contada por alguem , m inha

memoria nao registrou somente seu conteiido, mas toda a cena - a atitude doaarrador, sua roupa, seus gestos, sua m im ica e os ruidos do am biente, com o os sons

da guita- rra que 0griot1 D ieli M a adi tocava enq uan to W an grin m e con tav a su a v id a,

e-qu e ain da escuto ag ora ...

" Gnol$: corp0ra~i):o profissional compreendendo rniisicos, cantores e tambem sabios

g;:nealogistas itinerantes ou ligados a algumas familias cuja hist6ria cantavam e celebravam.

1'odem tambem ser simples cortesaos (ver tarnbern nota 5, pag, 110). Comonao existe em

.gwls urn tenno equivalente para designar estas pessoas e este tipo de atividade, foi

_~_rr-\3<i'IXl'!~iQ.JLieJOJlO _ o r i g j m J l f\ill todo J).r ela to . {NT )

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AMKOULLEL, 0 MEN.INO PULA

Q uando se reconstitui urn acontec imento , 0 film e gravado desenrola-se do

com eco ao firn, por in te iro , P oristo e.rn uito d ific il para urnafricano de miriha gera-

G ao"resumir", 0 relatose faz em sua totalidade.ounao 5e faz, Nunc a nosoansarnos

de ouvir m ais um a.vez, e m ais outra a.rn esma.h is io ria l P ara.n os, a rep etica o .n ao eurn def ei to .

CRONOLOGIA

ZONA DE REFERENCIA

C om o a cronologia nao e um agrande'preocupacao dos narradores africanos.

quer tratem de tem as tradicionais ou.Iam iliares, nem sem pre pude fornecer datas

prec is as. Ha sem preum a m argem de.diferenca de urna doisanos para osaconteci-

m entes, salvo quando fatores externos conhecidos m e perm itiam situs-los. N a s

narratives africanas, em que 0 passado e revivido COrnO Ulna exp erien eia atu al d e

form a quase intem poral, as vezes surge certocaos que incornoda os espiritos oci-

d en ta is . Ma s n os n os e nc aix amo s p erfeitame nte nele , Sent imo-nos a vontade com o

peixes num m ar onde as m oleculas de agua se m istutam para form ar tim todo vivo.

Q uando se fala cia "tradicao africana", nunca se deve generalizar. N a o hil

ums A frica, nao ha tun h om em african o, n ao ha ume t rad i¢aoa fri cana val idapa ra

todas as tegi6 es e todas as etnias, C laro.existem grandes constantes (a presenG a do

sagrado em todas as coisas..a relacao entre os m undosvisivel einvisivel e entre os

vivos e os m ortos, 0 sen tido comun it ar io , 0 respeito teligioso pela m ae etc.), m as

tambem .h a n umero sa s d ife re nca s: d eu ses, simbolo s sa gra do s, p ro ib ico es re lig io sa s

e costum es sociais delas resultantes variant deum a regiao a outra, de um a etnia a

outra; as vezes, de aldeia para aldeia.

As tradicoes a que me refire nesta historia sao, de maneira geral, as da

savana africana que seestende de leste C \ oeste ao sul do Saara (territ6 rioque

antigam ente era cham ado Bafur), e parficularm ente as do M ali, na area dos fula-

tucolor e bam bara onde vivi.

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PRO LOGO

SONHOS E PREVISOES

Outra coisa que as vezes incomoda os ocidentais nas historias africanas e a

frequente intervencao de sonhos premonitorios, previsoes e outros fenomenos do

genero. Mas a vida africana e entremeada deste tipo de acontecimentos que, para

nos, sao parte do dia-a-dia e nao nossurpreendem de maneira alguma. Antigamen-

tel nao era raro ver urn homem chegar a pe de uma aldeia distante apenas para

trazer a alguem urn. aviso ou instrucoes a seu respeito que havia recebido em

sonhos. Feito is to, simplesmente retornava, como urn carteiro que tivesse vindo

entregar uma carta ao destinatario. Nao seria honesto de minha parte deixar de

mencionar este tipo de fenomenos no decorrer da historia, porque faziam - e sem

diivida, em certa medida ainda fazem - parte de nossa realidade vivida.

Depoimento de Amedou Hampate B a ,

recolhidoem 1986 por Helene Heckmann

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TOMBUCTU

o

oLUTA

.... BAMAKO

BlJRKINA FASSO

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o manuscrito de A madou Hampate.Ba con tinha numero sas explicacoes so -

bre a cultura e a sociologia africanas. E m razao da im portancia da obra, de com um

acordo com 0 autor ficou decidido privilegiar a narracao e suprim ir grande parte

d esta s o bse rv ac oes. 0 le ito r p od era e nco ntra -la s em outra s o bras mais e sp ecia liz ad as

d o au to r. (N ota do editor frances)

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A m k a u lIe 1,

a men ino fu1a

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Normatizacao cia grafia: Nemes de localidades e etnias africanas aparecern grafados

de dilerentes maneiras em dicionarios, atlas e publicacocs especializadas. Resta entao ao

editor a dificil tarefa de optar por determinada grafia a fim de facilitar a leitura e manter,

ao mesmo tempo, uma coerencia que nao prejudique a compreensao do texto. 'Iratando-

se de obra originalmente escrita em frances, mas relativa a Africa, criterios diferenciados

foram estabelecidos. Alguns privilegiarama fonetica, aportuguesando nomes de loeali-

dades (llno lugar de all do frances, como Futa e nao Fouta). Outros, a traducao, como

no case de nomes de etnias ja adotados na literature africana de lingua portugu.esa

(uolofe para a grafia francesa woiof) . Quanto aos nomes pr6prios, foram transcritos

diretamente e de acordo com 0 original. As diferencas de ortografia, conforme os perso-

nagens, explica-se pelo fato de que esses nornes, derivados do arabe, sofreram numero-

sas transforrnacoes foneticas pelo uso, por exemplo, Ahmed, que se transforma em

Ahmadou ou Amadou dependendo do caso.

Cabe ainda explicitar a opcao pelo termo fula e nao peul como no original

frances. A sociedade a qual pertence 0 autor e conhecida por nomes muito diferentes.

Eles se auto-referem tanto como FulBe quanto como Hsel-Pulsre nomeiam sua lingua

Iuliulde ou puiar. Entre os uolofes sao cham ados peul; entre os bambaras, fula e entre os

haucas, fiJIani Na literatura de lingua inglesa sao conhecidos como 11IianI,na francesacomo peul . Na Cuine Bissau, pais de lingua portuguesa, sao denominados fula, grafia

adotada nesta traduqao,e que tern sido utilizada em publicacces brasileiras recentes