Aminoácidos, péptidos e...

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Aminoácidos, péptidos e proteínas

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Aminoácidos, péptidos e proteínas

Algumas funções de proteínas:

Luciferina e luciferase Hemoglobina Queratina

Funções das proteínas

1.Catálise enzimática

2.Transporte e armazenamento

3.Movimento coordenado

4.Suporte mecânico

5.Protecção imune

6.Geração e transmissão de impulsos nervosos

7.Controlo do crescimento e diferenciação

Estrutura geral de um aminoácido como ião dipolar

Convenção: Código de 3 letras : as três primeiras letras do nome Código com uma letra: Margaret Dayhoff (1925 – 1983) diminuir o tamanho dos ficheiros. CHIMSV – 6 aa – a 1ª letra do nome (é única) ex. cisteína, histidina AGLPT – 5 aa – a 1ª letra (não é única) dos aa mais comuns . Ex.leucina é mais comum que lisina.

RFYW – 4 aa – sugerido fonéticamente Ex. aRginine, tYrosine DNEQ -4 aa – letras sugeridas pelos nomes Ex. asparDic, asparagiNe K – lisina - sobravam poucas letras e era a letra mais perto do L

As proteínas são constituídas apenas por L-aminoácidos

Relação estérea dos estereoisómeros da alanina com a configuração absoluta do L- e D- gliceraldeído

Os aminoácidos podem ser classificados com base nas propriedades do grupo R

Grupos R alifáticos, não polares

Glicina Alanina Prolina Valina

Leucina Isoleucina Metionina

Grupos R aromáticos

Fenilalanina

Tirosina

Triptofano

Grupos R sem carga, polares

Serina Treonina Cisteína

Asparagina Glutamina

Cisteína

Cisteína

Cistina

Grupos R carregados positivamente

Lisina

Arginina Histidina

Grupos R carregados negativamente

Aspartato

Glutamato

Aminoácidos não comuns também têm papéis importantes

Paredes celulares de plantas Colagéneo

4 - Hidroxiprolina

Colagéneo

5 - Hidroxilisina

Miosina – proteína contráctil do músculo

6 – N - Metillisina

Protrombina – proteína envolvida na coagulação do sangue Outras proteínas que se ligam ao Ca

γ - Carboxiglutamato

Alguns resíduos de aa podem ser modificados transientemente (adição de grupos fosforil, metil, acetil, etc) – modificações regulatórias Ornitina e citrulina – aa envolvidos na biossíntese de arginina e no ciclo da ureia.

O estado de ionização de um aminoácido depende do pH Os aminoácidos podem funcionar como ácidos ou bases fracos

Forma não iónica Forma zwiteriónica

Titulação de um

aminoácido

Efeito do ambiente químico sobre o pka

Curva de titulação do glutamato

Curva de titulação da histidina

Sumário: •Os 20 aa têm um grupo α-carboxílico e um grupo α-amino. O C α é assimétrico. Nas proteínas apenas há L- aa.

• Outros aa menos comuns, existem quer nas proteínas (após modificação) ou como metabolitos livres

•Os aa são classificados em 5 grupos com base na sua polaridade e carga (a pH 7) do seu grupo R.

•Os aa variam nas suas propriedades ácido-base e têm curvas de titulação características.

Péptidos e Proteínas

A ligação peptídica

Ligação peptídica

Ligação peptídica

dipéptido

dipéptido

tripéptido

tetrapéptido

pentapéptido

...

oligopéptido...polipéptido

MM‹10 000 Da

Um pentapéptido

Terminal N ou amina

Terminal C ou

carboxilo

Ser–Gly–Tyr–Ala–Leu serilgliciltirosilalanileucine

SGYAL

Estrutura predominante do tetrapéptido alanilglutamilglicillisina a pH7 Carga global 0 pI = 7 Ponto isoelétrico de uma proteína – pH ao qual a carga global é zero

Péptidos com importância biológica

L-aspartil-L-fenilalanina metiléster

adoçante

Piroglutamato

Histidina

Prolilamida

piroGlu-His-Pro-NH2

TRH - hormona de libertação da

tirotropina

hormona

Piroglutamato

Histidina

Prolilamida

piroGlu-His-Pro-NH2

TRH - hormona de libertação da

tirotropina

hormona

forma-se no hipotálamo a partir de

Glu-His-Pro

Oxitocina (9 res) – pituitária; estimula as contracções uterinas Bradicinina (9 res) – inibição da inflamação de tecidos Vasopressina – aumento a tensão arterial Insulina (2 cadeias com 30 res) – reduz a glucose no sangue promovendo a sua entrada nas células.

Outras hormonas que são péptidos

Neuropéptidos:

encefalinas, endorfinas...

Massa Molecular de algumas proteínas

MM nº res nºcadeias

Nº aproximado de aa de uma proteína = MM/110

Proteínas constituídas por uma cadeia polipeptídica Proteínas multiméricas – dois

ou mais polipéptidos iguais ou diferentes, associados não covalentemente. As subunidades idênticas chamam-se protómeros. Ex. hemoglobina

Algumas proteínas têm duas cadeias polipeptídicas ligadas covalentemente Ex.insulina bovina

Composição em aminoácidos de duas proteínas

Cálculo do nº de aminoácidos de uma proteína

Massa molecular média dos aminoácidos = 138

Média ponderada dos aminoácidos mais frequentes = 128

Eliminação de uma molécula de água por ligação peptídica 128 – 18 = 110

Massa molecular média de um resíduo de aa numa proteína

110

Massa molecular da proteína / 110 = nº de aa de uma proteína

Lipoproteína Lípido Β1-lipoproteína sangue

Glicoproteína glúcido Imunoglobulina G

Fosfoproteína fosfato Caseína do leite

Hemoproteína Hemo (Fe

porfirinico) Hemoglobina

Metaloproteína Fe Ferritina

“ Zn Alcooldesidrogenase

“ Ca Calmodulina

“ Mo Dinitrogenase

Flavoproteína FAD Succinato desidrogenase

Proteína conjugada g.prostético exemplo

Proteínas em solução

Interacções electrostáticas

entre macroiões

Variação da solubilidade de proteínas com o pH e força

iónica

I = ½ ∑ MiZi 2

Salting in – Aumentando a concentração de sal, a

solubilidade de uma proteína aumenta.

Salting out – A concentrações salinas muito elevadas, a

solubilidade das proteínas diminui.

Células e tecidos usados em estudos bioquímicos E.coli, S.cerevisiae, chlamydomonas, folha de espinafre, fígado de rato, músculo esquelético Fonte homogénea e grande quantidade: culturas de microrganismos, tecidos, mutantes genéticos. Alguns materiais são ricos num componente específico: Músculo esquelético – actina e miosina Células do pâncreas – RER Células espermáticas – DNA Células do fígado – enzimas das vias biosintéticas Folhas de espinafre, eritrócitos, vírus, …

As proteínas podem ser separadas e purificadas

Tecido ou células ↓ lise

Extracto bruto ↓Fraccionamento subcelular

Extracto ↓ Fraccionamento de proteínas ↓ Proteína em estudo

As proteínas podem ser separadas e purificadas Solubilidade – “Salting out” Tamanho – Diálise, cromatografia de exclusão molecular Carga – Cromatografia de troca iónica Afinidade – Cromatografia de afinidade

Diálise

proteínas

reservatório

Fase móvel (amostra

de proteínas)

Fase estacionária

(matriz porosa)

suporte

poroso

efluente

Cromatografia em coluna

Carga + +

Carga +

Carga-

Carga- -

Partículas poliméricas

com grupos funcionais

negativos

As proteínas movem-se através da

coluna a velocidades dependentes da

carga e do pH usado

Cromatografia de troca

iónica (catiónica)

Explora

diferenças de

sinal e

intensidade

de carga

eléctrica de

proteínas a

um

determinado

pH

Questão:

Um biólogo pretende separar dois péptidos por cromatografia de troca iónica. Ao pH da fase móvel a usar na coluna, um péptido (A) tem uma carga global de -3, devido à presença de mais resíduos Glu e Asp do que Arg, Lys e His. O péptido B tem uma carga global de +1. • Qual dos péptidos seria primeiro eluído de uma resina de troca catiónica?

• Qual seria eluído primeiro de uma resina de troca aniónica?

Partículas

poliméricas

porosas

As moléculas de

proteína separam-se por

tamanho; as maiores

saiem (eluem) primeiro

Cromatografia por

exclusão ou filtração

gel

Proteína X

ligando

Amostra inicial

(mistura de

proteínas)

Mistura de proteínas é adicionada

à coluna contendo um polímero

com um ligando específico para a

proteína X

Proteínas diferentes de X são

retiradas por lavagem da

coluna

Proteina X é eluida

por solução de

ligando

Solução

do ligando

Cromatografia de

afinidade

HPLC- high performance liquid cromatography

Exemplo de tabela de purificação do enzima X

Vol. Prot. Activ.

Passo fracção(ml) total(mg) Activ. espec.

1. extracto cru

1 400 10 000 100 000 10

2. prec. c/ sulf. am. 280 3000 96 000 32

3. crom. troca ion. 90 400 80 000 200

4. filtração gel 80 100 60 000 600

5. crom. afinidade 6 3 45 000 15 000

Actividade vs actividade específica

Os dois copos contêm a mesma actividade da proteína. O segundo tem uma actividade específica mais elevada

electroforese

poço

direcção

da

migração

Amostras

diferentes

em cada

poço

Gel de

poliacrilamida

1 2 3 4 5 6

Purificação de RNA polimerase

de E.coli

Determinação do peso molecular de uma proteína

Isoelectrofocagem: separa proteínas conforme o pI

Pontos isoeléctricos de algumas

proteínas

Electroforese a duas dimensões: combinação de isoelectrofocagem e electroforese em acrilamida

Níveis de estrutura na proteína

primário

secundário

terciário

quaternário

Estrutura covalente das proteínas A purificação de uma proteína é o principio…

A função de uma proteína depende da sua sequência de aminoácidos • Proteínas com diferentes funções têm diferentes composições em aa.

• Doenças genéticas humanas envolvendo alterações em aa, têm na origem proteínas com funções alteradas.

• Proteínas com funções semelhantes em espécies diferentes, têm sequências de aa semelhantes (ex. a ubiquitina). Polimorfismo.

A sequência de aminoácidos de uma proteína é invariante?

20-30% das proteínas no homem são polimórficas (variantes) Como determinar a sequência ?

Sequência de aminoácidos da insulina bovina – a 1ª proteína a ser sequenciada

Determinação da sequência em aminoácidos de uma proteína

(estrutura primária)

1.Determinação da composição em aminoácidos:

Proteína completamente hidrolisada (110 0 C, 24h em HCl 6N). Aa separados e quantificados por cromatografia de troca iónica

2. Identificação do aminoácido N – terminal Método de Sanger (FDNB) Degradação de Edman (fenilisotiocianato)

polipéptido

Reagente

de Sanger

2,4-

dinitrofenil

deriv. do

polipép.

2,4-dinitrofenil

deriv. do res N

terminal

Mistura dos restantes aa

(inutil para prosseguir)

Sequenciação de um

polipéptido polipéptido

Reagente

de Sanger

2,4-

dinitrofenil

deriv. do

polipép.

2,4-dinitrofenil

deriv. do res N

terminal

Mistura dos restantes aa

(inutil para prosseguir)

Apenas permite identificar aa do terminal

N

Sequenciação de um

polipéptido polipéptido

Reagente

de Sanger

2,4-

dinitrofenil

deriv. do

polipép.

2,4-dinitrofenil

deriv. do res N

terminal

Mistura dos restantes aa

(inutil para prosseguir)

PTIC

feniltio

isocia

nato

Reagente

de Edman

aducto

PTC

Polipéptido com n-1

resíduos que reage

de novo com PTIC

Identificação do aa

N terminal

3. Cisão das pontes dissulfureto As ligações dissulfureto interferem com o procedimento de sequenciação. Oxidação pelo ácido perfórmico Redução pelo ditiotreitol(DTT) ou β-mercaptoetanol

lig.persulfureto

Ditiotreitol

(DTT)

2 res. ácido

cisteico

oxidação ac.

perfórmico Redução por

DTT

acetilação por

iodoacetato

cisteínas

acetiladas

4. Fragmentação dos péptidos A cadeia polipéptica é fragmentada em segmentos mais pequenos que são depois separados por métodos cromatográficos ou electroforéticos

Especificidade de alguns métodos comuns de fragmentação de cadeias

polipeptídicas

reagente (fonte) ponto de clivagem

Tripsina (pâncreas bovino)

Submaxillarus protease (glândula submaxilar)

Quimotripsina (pâncreas bovino)

Protease V8 (Staphylococcus aureus)

Asp-N- protease (Psedomonas fragi)

Pepsina (estômago de porco)

Endoprotease Lys C (Lysobacter enzymogenes)

CNBr

5. Sequenciação dos péptidos Cada péptido é sequenciado pelo procedimento de Edman. 6. Ordenamento dos fragmentos do polipéptido inicial Utilizam-se outros enzimas ou químicos para reconstruir a sequência da proteína original

Sequenciação de uma proteína

7. Localização das ligações dissulfureto A proteína é hidrolisada com um enzima (ou químico) mas sem antes se terem cindido as ligações dissulfureto. Os péptidos são separados por electroforese e comparados com o conjunto de péptidos gerados pelo mesmo enzima (químico). Por cada ligação dissulfureto não aparecerão dois péptidos e será visível um péptido maior.

A sequência de aminoácidos pode ser deduzida por outros métodos

A sequência de resíduos de aminoácidos de uma proteína fornece informações sobre: • Estrutura tridimensional

•Função

•Localização celular

•Evolução

Níveis de estrutura na proteína

primário

secundário

terciário

quaternário