Ãlvaro de Campos

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ÁLVARO DE CAMPOS APONTAMENTO Ana Luísa Rocha | David Carvalho | Joana Santos | Maria Paiva | 12ºJ Português

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lvaro de Campos

lvaro de CamposApontamentoAna Lusa Rocha | David Carvalho | Joana Santos | Maria Paiva | 12JPortugusApontamentolvaro de camposA minha alma partiu-se como um vaso vazio.Caiu pela escada excessivamente abaixo.Caiu das mos da criada descuidada.Caiu, fez-se em mais pedaos do que havia no vaso.

Asneira? Impossvel? Sei l!Tenho mais sensaes do que tinha quando me sentia eu.Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.Os deuses que h debruam-se do parapeito da escada.E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

No se zangam com ela.So tolerantes com ela.O que eu era um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,Mas conscientes de si-mesmos, no conscientes deles.Olham e sorriem.Sorriem tolerantes criada involuntria.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.

A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?Um caco.E os deuses olham-no especialmente, pois no sabem porque ficou ali.Apontamentolvaro de camposA minha alma partiu-se como um vaso vazio.Caiu pela escada excessivamente abaixo.Caiu das mos da criada descuidada.Caiu, fez-se em mais pedaos do que havia no vaso.

Asneira? Impossvel? Sei l!Tenho mais sensaes do que tinha quando me sentia eu.Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.Os deuses que h debruam-se do parapeito da escada.E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

No se zangam com ela.So tolerantes com ela.O que eu era um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,Mas conscientes de si-mesmos, no conscientes deles.Olham e sorriem.Sorriem tolerantes criada involuntria.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.

A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?Um caco.E os deuses olham-no especialmente, pois no sabem porque ficou ali.Caractersticas estilsticas:verso longo e livre;irregularidade estrfica e mtrica;pontuao emotiva;ausncia da rima.Apontamentolvaro de camposA minha alma partiu-se como um vaso vazio.Caiu pela escada excessivamente abaixo.Caiu das mos da criada descuidada.Caiu, fez-se em mais pedaos do que havia no vaso.

Asneira? Impossvel? Sei l!Tenho mais sensaes do que tinha quando me sentia eu.Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.Os deuses que h debruam-se do parapeito da escada.E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

No se zangam com ela.So tolerantes com ela.O que eu era um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,Mas conscientes de si-mesmos, no conscientes deles.Olham e sorriem.Sorriem tolerantes criada involuntria.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.

A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?Um caco.E os deuses olham-no especialmente, pois no sabem porque ficou ali.a alma partiu-se em cacosos deuses assistem complacenteso fragmento cintilanteApontamentolvaro de camposA minha alma partiu-se como um vaso vazio.Caiu pela escada excessivamente abaixo.Caiu das mos da criada descuidada.Caiu, fez-se em mais pedaos do que havia no vaso.

Asneira? Impossvel? Sei l!Tenho mais sensaes do que tinha quando me sentia eu.Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

comparaoanforasentimento de frustrao/desiluso fragmentao do eupleonasmodvidapergunta retricasensao de estar perdidofragmentao do eumetforaperda de identidade e unidadesensao visualsensao ttilsensao visualApontamentolvaro de camposA minha alma partiu-se como um vaso vazio.Caiu pela escada excessivamente abaixo.Caiu das mos da criada descuidada.Caiu, fez-se em mais pedaos do que havia no vaso.

Asneira? Impossvel? Sei l!Tenho mais sensaes do que tinha quando me sentia eu.Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.Aps a queda pelas escadas, ele e a sua alma partiram-se em demasiados pedaos que nada nem ningum os conseguiria juntar novamente.Os cacos apresentados ao longo de todo o poema metaforizam a alma fragmentada do sujeito potico. Antes da fragmentao, o poeta, sentia-se "um vaso vazio", depois tem "mais senses" do que tinha anteriormente.O poeta diz que no passa de um "espalhamento de cacos", intil, mas quando se parte existe um "barulho de queda".Apontamentolvaro de camposFiz barulho na queda como um vaso que se partia.Os deuses que h debruam-se do parapeito da escada.E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

No se zangam com ela.So tolerantes com ela.O que eu era um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,Mas conscientes de si-mesmos, no conscientes deles.comparaosensao auditivasensao de estar perdido sente-se sem existnciadomnio do pensar e da conscinciaa criada no responsvel pela sua dor, apenas uma intermediria vontade dos deusesos deuses nada fazem em relao ao acontecimentoApontamentolvaro de camposFiz barulho na queda como um vaso que se partia.Os deuses que h debruam-se do parapeito da escada.E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

No se zangam com ela.So tolerantes com ela.O que eu era um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,Mas conscientes de si-mesmos, no conscientes deles.O sujeito potico sente-se frustado, porque embora sinta a presena dos deuses, mas eles no se importam de o deixar entregue sua desgraa humana.lvaro de Campos condenado ao seu estado sem ser ajudado por ningum, os prprios deuses mesmo cientes do que se est a passar apenas "olham e sorriem.Aqui a criada surge como intermediria vontade dos deuses, no a responsvel, apenas apresenta-se como um instrumento nas mos dos deuses. Por isso os deuses mostran-se "tolerantes criada".Apontamentolvaro de camposOlham e sorriem.Sorriem tolerantes criada involuntria.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.

A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?Um caco.E os deuses olham-no especialmente, pois no sabem porque ficou ali. s um instrumento nas mos dos Deuses, por isso estes mostram-se tolerantes a ela

sensao visualalma do poetaApontamentolvaro de camposOlham e sorriem.Sorriem tolerantes criada involuntria.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.

A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?Um caco.E os deuses olham-no especialmente, pois no sabem porque ficou ali.Campo condenado ao seu estado de absurdo, sem ajuda nem compreenso de ningum, nem dos prprios Deuses.De todos aqueles cacos s um sobressai, o que faz com que o poeta se questione, com isto apercebemo-nos que apesar da indiferena dos Deuses o poeta ainda permanece l, ainda existe alguma vitalidade.No fim do poema o poeta chega concluso que a sua obra , assim como ele, dispersa e desorganizada. O caco, a alma do poeta, assim como ele fica perdido, sem identidade, sem coerncia, existindo apenas porque aconteceu, porque foi destinado assim, visto isto nem os Deuses o compreendem por isso no demostram compaixo para com o autor.Pg. 1901.- Estrofes 1 e 2 A alma partiu-se em cacos;- Estrofes 3, 4 e 5 Os deuses assistem complacentes;- 6 e 7 Fragmento cintilante.

2.A minha alma partiu-se como um vaso vazio serve de ponto de partida para a temtica da fragmentao do eu (partilhada entre lvaro de Campos e Fernando Pessoa). A comparao entre a alma e o vaso sugere uma grande fragmentao, porque afinal, um vaso que cai parte-se em vrios cacos. Neste caso o poeta um vaso vazio que cai das mos de uma criada descuidada. Os deuses assistem complacentes sem nada fazer.

Pg. 1903.Tanto no verso Tenho mais sensaes do que tinha quando me sentia eu, como no verso O que eu era um vaso vazio? remetem para o facto de o sujeito potico se sentir perdido. O poeta sentia que no passava de um vaso vazio, no se conhecia. Ento, para se conhecer ou simplesmente para se procurar, foi necessrio fragmentar-se em vrios eu, no poema simbolizado pelo vaso vazio. Agora, j fragmentado, pode sentir mais ( mais completo), embora tenha sido uma guerra interior para a chegar (Fiz barulho na queda como um vaso que se partiu). As escadas, aqui, como que uma metfora utilizada para sugerir a caminhada da vida, que progressiva.

Pg. 1904.A obra como o poeta, um caco disperso. O caco fica perdido como o seu autor, sem identidade, sem coerncia, existindo s porque aconteceu, porque foi destinado assim. No h uma causa para tudo o que aconteceu a Campos, foi uma espcie de descuido da vida. Um acidente que at os deuses no compreendem , e que, por isso, no tm por ele grande compaixo.

Pg. 1905.Ao nvel da coeso, neste poema, nota-se uma falta intencional de conectores interfrsicos. Essa falta de coeso est presente, tambm, na transgresso temporal, em que, so usados tempos diferentes para narrar o mesmo acontecimento: o pretrito perfeito (Caiu) e o presente do indicativo (No se zangam; olham e sorriem). Chegamos concluso que esta ruptura de coeso tem uma finalidade significativa, pois existe um tempo passado em que o sujeito potico se partiu em pedaos e h o presente em que o sujeito permanece fragmentado.A utilizao de comparaes e metforas, como por exemplo, A minha alma partiu-se como um vaso vazio., Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir. e Fiz barulho na queda como um vaso que se partia., apontam para a falta de coerncia a nvel semntico.Essa falta de coerncia est presente, tambm, a nvel sintctico, que se pode constatar na utilizao da interrogao retrica Asneira? Impossvel? Sei l! e na utilizao da anfora Caiu.