Alunos ocupam Mocam contra a reorganização escolar · mais divulgados, as feiras de ciências que...

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Hora Comunidade Alunos ocupam Mocam contra a reorganização escolar Alunos ocupam E.E. Moacyr Campos contra a nova reorganização proposta pelo Governo do Estado de São Paulo Falta de vagas em creches causa problemas na Vila Rica AJAX F. C. promove evento beneficiente para o dia das crianças Feira de ciências na E.E. Carlos Pereira chama a comunidade para o evento Foto: Professor Daniel Burgos / Estudantes se unem em para manifestação na frente do MOCAM Venda Proibida Edição 001 - Dezembro/2016

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Alunos ocupam Mocam contra a reorganizaçãoescolar

Alunos ocupam E.E. Moacyr Campos contra a nova reorganização proposta pelo Governo do Estado de São Paulo

Edição 001 -

Falta de vagas em creches causa

problemas na Vila Rica

AJAX F. C. promove evento beneficiente

para o dia das crianças

Feira de ciências na E.E. Carlos Pereira

chama a comunidade para o evento

Foto: Professor Daniel Burgos / Estudantes se unem em para manifestação na frente do MOCAM Venda Proibida

Edição 001 - Dezembro/2016

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Por trás da Vila Rica

A Vila Rica, bairro localizado na Zona Leste de São Paulo, parte do distrito Aricanduva. O bairro que

existe há mais de 80 anos, conta com a As-sociação dos Moradores de Vila Rica. A comunidade tem como objetivo incentivar o crescimento e desenvolvimento do local, proporcionar auxilio e bem estar aos mora-dores, desenvolver festas, eventos, e bazares para unir o bairro como um todo e arreca-dar fundos para melhoras necessárias, e de bem comum. O boletim “Hora Comunidade” desen-volvido para os moradores de Vila Rica e com auxílio da comunidade tem como fi-nalidade abordar os principais temas do

mês, chamar atenção para os eventos que vão ocorrer futuramente e, principalmente, dar voz a todos que neste local não são ou-vidos pela grande mídia. Uma comunida-de pode parecer pequena se comparada à imensidão de São Paulo, mas a quantidade de assuntos, pautas e histórias a serem con-tadas é incontável. Dentro desta edição da “Hora Comunida-de” foram destacadas as editorias: Cotidia-no, Movimentos Culturais e de Resistência, Esporte, Política, Direitos Humanos, Fala Comunidade, Saúde e Cidadania. A partir dessas editorias, a Associação dos Moradores em parceria com a redação do Boletim, selecionou os assuntos mais importantes e de interesse dos moradores, que dessa forma foram às fontes e persona-gens de todas as matérias.

A mídia para com o Bair-ro Vila Rica é ausen-te, pelo que pudemos

analisar no período de Janeiro à Novembro de 2016, nas mí-dias R7, G1 e UOL. As poucas pautas sobre o bairro são sobre mortes, deslizamento, reinte-gração de posse, e assaltos que resultam em assassinatos, não houve nem uma matéria se quer neste período que trou-xesse viés positivo. Desta maneira a conclusão que se chega é de que a Comu-nidade é vista como violenta e perigosa, o viés das noticias são sempre negativos, valorizando apenas o lado “ruim” do bairro, o que é errado, pois em todo lugar há pontos positivos que devem ser levados em conside-ração e apresentados a socieda-de pelas grandes imprensas de comunicação. Não são colocados em pau-ta nas grandes mídias, os reais problemas que os moradores sofrem com transporte e esco-las públicas, ruas esburacadas e mal pavimentadas, e falta de recursos. Da mesma forma que como já foi citado, os pontos positivos do local também são excluídos, como o time de fu-

tebol de Vila Rica, os eventos e festas que ocorrem e podiam ter grande contribuição de ou-tros participantes se fossem mais divulgados, as feiras de ciências que ocorre na escola pública aos sábados, e a Asso-ciação de Vila Rica em si. A teoria do jornalismo Aná-lise do Enquadramento é a que mais se encaixa neste tipo de abordagem. O bairro é trazido para a audiência de forma ne-gativa e com pouca abrangên-cia, os enfoques escolhidos são sempre os mesmos, com notí-cias superficiais e breves, sem presença de imagens, com lin-guagem simples e informações básicas sem aprofundamento. A Associação dos moradores de Vila Rica vem tentando cha-mar atenção para a parte mais interessante do bairro, como os eventos e o time de futebol, para assim ter mais valorização da cidade de São Paulo em si, e de todos os moradores. Com divulgação nas redes sociais, blogs, cartazes por todo o bair-ro e o boca a boca, a esperança é de que futuramente a visão estereotipada de uma região perigosa seja transformada.

ARTIGO Texto: Daniela CorrêaFotos: Google MapsEDITORIAL Texto: Daniela Corrêa

Fotos: Reprodução

Bairro localizado na Zona Leste de São Paulo tem mais de 80 anos de história

Foto: Google Maps | Avenida principal de Vila Rica

Vila Rica em pautaNotícias na mídia sobre a comunidade envolvem, na

maioria, violência

Foto: Reprodução | Primeira linha de ônibus do bairro

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Dificuldade de encontrar va-gas em creches não é mais novidade em São Paulo,

principalmente para os moradores do bairro da Vila Rica - localizado na zona leste da capital. Com o número de reclamações em crescimento constante, a Asso-ciação de Moradores da Vila Rica em parceria com a diretoria da cre-che Rokinho, se uniram para aju-dar as famílias que não tem com quem deixar seus filhos para fazer uma triagem dessas crianças que, futuramente, poderão ocupar as vagas. “A Vila Rica é apenas mais uma comunidade com falta de va-gas nas creches, mas queremos fa-zer a diferença pelas pessoas que moram aqui a tanto tempo, assim como nós da Associação de Mora-dores”, diz Ana Maria Paulino, or-ganizadora e idealizadora da tria-gem das crianças. Tatiane de Oliveira - diretora da creche Rokinho – aponta que existe uma fila de espera e, além da parceria com a Associação de Moradores de Vila Rica, também é necessário remanejar crianças que morem mais próximo de ou-tras creches da região. “As vezes elas (crianças) acabam morando mais próximas de outras unidades, assim como recebemos de outras áreas da zona leste”.

A diretora ainda afirma que a triagem feita pelos moradores de Vila Rica pode ajudar – e muito – as mães solteiras que trabalham o dia todo e não contam com a aju-da de parentes próximos para cui-darem de seus filhos. “É incrível como a comunidade se propôs a ajudar essas mães, isso é raro em qualquer parte do mundo”, com-pleta Tatiane. Carolina Garcia, professora da creche há 2 anos, diz que é im-portante fazer essa triagem junto a associação dos moradores, para que as crianças da região da Vila Rica tenham prioridade para a ocupação das vagas. “Eu moro na região desde pequena e esse sem-pre foi um problema da Vila Rica, e aposto que em outros bairros da Zona Leste também se encontram na mesma condição. E eu acredito sim que esse apoio dos moradores vai ajudar e aliviar bastante a situ-ação em que nos encontramos. ”, conclui, esperançosa, a professora.

Em contra partida, a Prefeitura de São Paulo afirmou que houve um crescimento na população da cidade, e isso acarretou na falta de vagas, mas que a solução do pro-blema já está por vir com a cons-trução de novas creches, inclusive na região da Zona Leste, o que de-safogará algumas que já estão su-per-lotadas.

Associação de moradores e diretoria da creche Rokinho se juntam para triagem das vagas

Falta de vagas em creches: a união faz a força!

Edição EspecialDIREITOS HUMANOS Texto: Amanda Libel

Fotos: Tainara Ledra

“ É incrivel como a comunidade

se propôs a ajudar!”

“ Eu acredito que esse apoio dos moradores vai ajudar e aliviar

bastante a situação em que

nos encontramos.”

Foto: Tainara Ledra | Crianças almoçando na creche Rokinho

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Ocupação no Mocam mostrou que jovens estudantes possuem voz ativa

Era um dia como outro qual-quer na Escola Estadual Pro-fessor Moacyr Campos. Os

alunos do ensino médio estavam tendo aula de Sociologia com o professor Daniel e a secretaria tra-balhava furtivamente com papela-da e históricos escolares. Ouvia-se um murmurinho sobre uma possível ocupação por parte dos alunos causada pela reforma do ensino proposta pelo Governo do Estado de São Paulo. Tal pro-posta previa o fechamento de al-gumas escolas, o que faria com que alunos tivessem que estudar longe de suas casas e tal medida acabaria

trazendo problemas para a maioria deles. Por volta das 23h os alunos do en-sino médio foram liberados e a ad-ministração da escola foi se prepa-rando para ir embora. Fecharam-se as salas, as janelas, os portões e apagaram-se as luzes. O silêncio estava estranhamente assustador, mas o diretor seguiu com sua roti-na diária. Até que então, por volta das 00:15h começou a ocupação. Alunos en-traram na escola popularmente conhecida como Mocam com suas faixas, cartolinas e colchonetes. Pu-laram muros, acenderam as luzes

e fizeram suas postagens nas redes sociais informando que a escola havia sido finalmente ocupada. O grande incentivador para tal ato fora Daniel, o professor que estava dando aula para o ensino médio horas antes de tudo ocorrer. A luta estaria começando. Em meio a barracas, cartazes e discus-sões, lá estavam os alunos. Manti-nham-se firmes, preparados para serem escorraçados de lá pela Po-lícia Militar a qualquer instante, sabendo que a retirada não seria nada amigável, mas sim, sob tapas e chutes. O governador estava deci-dido, fecharia uma das maiores - e

Edição Especial

Alunos e comunidade se uniram em prol da educação e do não fechamento da escola

MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA Texto: Beatriz SchimidtFotos: Professor Daniel Burgos

Foto: Professor Daniel Burgos | Estudantes se unem em para manifestação na frente do MOCAM

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Edição Especial

mais tradicionais -, escolas da les-te 5. Um absurdo, porque de certa forma, avós, pais e filhos de muitos estudaram ali. O ensino é de total qualidade, a escola é ampla, com muitas quadras e grande espaço para o desenvolvimento dos alu-nos, além dos excelentes docentes que passam e já passaram por ali. Daniel Burgos tem 38 anos, é for-mado em Sociologia pela Univer-sidade de São Paulo e dá aula para adolescentes do ensino médio re-gular desde 2009. Como um bom entendedor de história e conhece-dor dos problemas da sociedade, o professor acredita que a educação seja a base para a vida e que sem luta, nenhum objetivo pode ser al-cançado.

“É preciso resistir! Estamos jun-tos nessa caminhada e vamos com isso até o fim!”. Foi com essa frase que Daniel acordou a vizinhança de Vila Rica pela manhã e fez com que os moradores também entras-sem na luta junto com os alunos. Com as aulas suspensas e a portões fechados, o Mocam tinha atingido seu objetivo. As pessoas finalmen-te estavam entendendo o motivo daquilo tudo e a grande mídia es-tava de olho no assunto. Foi dessa

maneira que os vizinhos tiveram grande participação nesse período, levando aos alunos água mineral, cestas básicas e produtos de higie-ne pessoal. Monica Peixoto, 32, moradora do bairro desde a infância, participou junto com os alunos, mesmo não tendo acesso ao interior da escola. “É uma linda atitude, nunca tinha visto isso antes. A gente vê que eles não estão aqui pra fazer baderna; estão aqui por causa de um ideal mesmo.”

Os jovens também puderam con-tar com o apoio de outro docente. Claudemir Cruz, diretor da escola e grande amigo da rapaziada fez questão de incentivar pessoalmen-te seus alunos e disse que as coisas iriam dar certo. Assim como os moradores do bairro, Claudemir não aceitara o fechamento de uma escola tão significativa para a Zona Leste, afinal ele mesmo havia se formado ali. Na visão dos alunos, Daniel foi peça chave para a ocupação. Jheni-fer Costa, 17, nomeia o professor como grande incentivador e forma-dor de opinião. “A gente aprende a ter opinião própria na aula dele. A gente questiona e consegue ver que temos sim que ir atrás do que é de nosso direito. É como se ele con-seguisse abrir nossa mente, sabe?”. Outros alunos também apontam Daniel como grande parceiro nessa época tão difícil. “Ele sempre este-

ve do nosso lado, é um cara firmeza mesmo”, aponta Rodrigo, 18. Com outras escolas também par-ticipando do movimento de ocupa-ção e com a contribuição da mídia, por fim, o Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, voltou atrás e decidiu adiar o pro-cesso de reorganização para o ano de 2017. Já em Outubro desse ano, alunos do Mocam realizaram um protes-to na Assembleia dos Professores. O objetivo maior era lutar contra a PEC 241, proposta então, pelo atual Presidente da República, Mi-chel Temer. Novamente, os jovens foram à luta com suas faixas e car-tazes, pois acreditam no futuro do país. O professor Daniel, mais uma vez, esteve presente ao lado de-les, dando todo apoio necessário. “Mais uma vez vocês estão mos-trando para a sociedade que nós podemos lutar contra as injustiças! É isso que espero dos meus alunos”, disse Daniel em uma publicação feita em uma rede social no ato da ocupação na Assembleia.

O que nos resta agora é aguardar e torcer para que nem alunos e nem professores sejam prejudicados com tal medida imposta, seja ela qual for.

“ É preciso resistir! Estamos

juntos nessa caminhada e

vamos com isso até o fim. ”

“ Mais uma vez vocês estão

mostrando para a sociedade que

nós podemos lutar

contra as injustiças! ”

Foto: Prof. Daniel Burgos | Professor de Sociologia apoia alunos

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Edição Especial

Futebol da Vila Rica promove evento beneficente para arrecadação de brinquedos no dia das crianças

Clube jogou contra o time de Cidade Tiradentes e venceu por 3 a 1

Fundado em 1973 no bair-ro da Vila Rica - localizado na Zona Leste da cidade de

São Paulo -, o Ajax Futebol Clu-be é o principal meio de inserção ao futebol para os jovens que se interessam pelo esporte. Batiza-do por sua torcida como “O Lo-bão da Vila” e carregando as cores amarelo e preto, o clube colecio-na os mais importantes títulos do futebol varzeano, dentre eles, o de Campeão Amador do Estado, no ano de 1992.

Para o dia das crianças desse ano, o clube teve uma iniciativa

muito bonita, que visou realizar a entrega de brinquedos às crianças carentes da comunidade, tendo

em vista que a maioria delas, se “divertem” com brinquedos que-brados ou as vezes, nem tem com o que brincar, pois os pais - em alguns casos - não tem condições para proporcionar essa “alegria” para seus filhos. Após a vitória contra o time Cidade Tiradentes, houve também uma distribuição de lanches no horário do almoço na sede do clube, localizada no próprio bairro.

Pais e crianças puderam partici-par da confraternização, aprovei-tando o ambiente e os comes e bebes. Dentre os brinquedos ha-via bolas para os meninos e bone-cas para as meninas, tudo muito bem embalado e feito com muito

carinho. A convocação para o evento re-alizado pelo Ajax F.C, se deu por meio da rede social Facebook, por uma postagem em que o time informava que no dia da festa haveria brindes e lanches para a criançada, que, com certeza, fica-ram contentes com os brinquedos novos.

Com essa iniciativa, o clube, não só conseguiu reunir vários mem-bros do bairro mas também possí-veis parcerias de comerciantes lo-cais para a festa de encerramento do ano, - que ocorre desde 2011 - que acontecerá no final do mês de Dezembro, no mesmo local onde foi realizado o jogo beneficiente.

ESPORTES Texto: Beatriz SchimidtFotos: Reprodução

Foto: Tainara Ledra | Escalação completa do time antes do jogo beneficente

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Associação do Vila Rica organiza plenárias com candidatos

Propostas dos vereadores do bairro são analisadas semanalmente pelos moradores

Chegando novamente o pe-ríodo das eleições, muitos eleitores ficam confusos

no momento de escolher os me-lhores candidatos para gestão de sua cidade, ou país. Isso aconte-ce com mais facilidade quando o assunto é a escolha do vereador. Em meio a tantos candidatos, tan-tas propagandas eleitorais e pro-postas, fica praticamente impos-sível escolher. Então, qual seria a melhor forma na hora de apertar “confirma” nas urnas? Os moradores do bairro de Vila Rica tiveram uma ideia um tanto quanto inusitada, e até mesmo, difícil. Com o apoio da Associa-ção dos Moradores do bairro, eles organizaram pela primeira vez pequenas plenárias ao redor do bairro no período pré-eleito-ral, escolheram minunciosamen-te cada local para realização das reuniões como, algumas escolas, creches, postos da UBS, pequenos comércios e claro, as ruas do bair-ro. A ideia deu tão certo que, eles receberam e entrevistaram cerca de dez candidatos para entrevista. A ideia partiu da moradora Rita de Cássia, “é muito importante ter um contato direto com cada candidato, claro que é impossí-vel entrevistarmos todos, mas os escolhidos não recusaram. Nosso critério foi selecionar moradores ou ex-moradores do bairro, afinal, eles já conhecem muitos proble-mas que enfrentamos aqui, e sei que outros bairros sofrem com as mesmas deficiências. Isso fa-cilita a visão dos candidatos para os reais problemas de toda cida-de, principalmente das periferias.

Essa ação é ideal para que poste-riormente, se um dos candidatos entrevistados seja eleito, podere-mos ter uma chance de cobrá-lo mediante os alertas e sugestões feitas pelos moradores daqui”, fi-naliza.

A ideia deu tão certo, que a co-munidade pretende manter o pro-jeto para as próximas eleições, além disso, alguns moradores de-ram boas sugestões, como conta uma das participantes das plená-rias, Sueli Martins, “nós gostamos muito desse contato direto com eles, por isso eu sugeri para as próximas, convidarmos os candi-datos a prefeito. Afinal, eles são a peça chave para gestão da cidade. A Rita adorou a ideia e prometeu pensar numa estratégia para con-seguir. Alguns vizinhos também deram a ideia de locações maiores para essas reuniões, porque pelo jeito, na próxima eleição as plená-rias vão lotar”, conclui a morado-ra que, claramente, fica esperan-çosa com as propostas feitas para o benefício de todos da comuni-dade da Vila Rica.

POLÍTICA Texto: Tainara LedraFotos: Tainara Ledra

“ Essa ação é ideal para que,

se um dos candidatos

entrevistados seja eleito,

poderemos ter uma

chance de cobrá-lo.”

Foto: Tainara Ledra | Moradores participam de reunião com candidato a vereador

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Assaltos e impunidade vem ganhando força na comunidadeMorador do Vila Rica há 35 anos reclama da violência no local e total negligência policial

A violência na cidade de São Paulo já é constante, e com o passar dos anos só piora.

Além disso, quando procuramos a polícia, dificilmente vemos algum resultado, o que é muito preocu-pante. No Vila Rica, a situação não é nada diferente. Apesar de ter um distrito policial que atende a re-gião, quando surge alguma ocor-rência, a viatura demora horas para chegar até o local, e quem constata isso é um morador muito antigo do bairro, que teve seu comércio e sua residência invadidos por la-drões em 2012, uma situação muito assustado-ra pois, no fim das contas ele foi levado para a de-legacia. O Sr. Cezar Garcia (56), que reside e trabalha na Vila Rica há mais ou menos 35 anos, relata que foi assustador, e reclama do crescimento de fave-las ao redor do bairro, isso vem tornando a vida de quem mora ali muito insegura, uma vez que, o po-liciamento não é efetivo no local. “No dia em que entraram na minha oficina para roubar fios de eletrici-dade e peças, a vizinha ligou para 190, pois foi ela quem viu os ban-didos pulando o muro. A polícia chegou trinta minutos depois, e me confundiram com o ladrão”, res-salta o morador. Cezar afirma que os ladrões não estavam armados, provavelmen-

te já entraram ali sabendo o que queriam levar, e agiram muito rá-pido, “eram dois, um ficou do lado de fora, e o outro pulou, cortou meus fios, foi até o fundo do ter-reno, pegou as peças que queria e depois correu puxando o fio para a rua, quando eu acordei e sai no quintal, ele já tinha pulado o por-tão, foi quando a polícia chegou e

me rendeu dentro da minha própria casa, achando que o bandido era eu. Talvez se eu não morasse ao lado da minha oficina, teria saído só no prejuízo financeiro mesmo”, enfatiza. Muitos moradores do local re-clamam da falta de segurança e principalmente, da falta de policia-mento, como relata Marília Silva, “eu tenho 79 anos e moro aqui des-de os meus 12. Os meus netos não podem mais brincar na rua, fazem uns dois meses que assaltaram um deles aqui na porta de casa, por causa de uma bicicleta meu neto até apanhou. Você vai até a dele-gacia e eles não fazem absoluta-

mente nada. Algum tempo atrás a PM fazia ronda pelo bairro, prin-cipalmente nas portas das escolas, hoje isso não acontece”, lamenta a moradora do bairro. O número de roubos e latrocí-nios cresceu muito na região nos últimos cinco anos, e provavel-mente isso acontece pela quantida-de de favelas que estão crescendo

próximo ao local, o que vem desvalorizando o bairro e a procura por ele. “Quando eu com-prei meu imóvel aqui, era um bairro tranquilo, as crianças brincavam na rua, os portões eram baixos, não tinha grade e cerca elétrica. Com esse aumento de roubos, tive que transformar minha casa e minha oficina num presídio, assim como meus vizinhos também. Não tenho liberdade de chegar tarde em casa, te-nho medo de ser rendido na porta, como muitos já

foram. Eu mesmo fui confundido com bandido e passei a noite na cadeia, no dia que me roubaram. O maior problema daqui é a folga que os policiais dão aos assaltantes. Se tem uma delegacia no bairro, o que custa fazer rondas noturnas? Falta policiamento aqui, mas principal-mente, preparação da PM. Eu tive prejuízo, me roubaram, me pren-deram, foi humilhante. Meus per-tences ninguém mais achou, e eu estou numa batalha judicial para ser indenizado. Agora tenho que esperar, e acreditar que um dia a polícia estará preparada para ações como essa”, finaliza Cezar.

fala comunidadeTexto: Tainara LedraFoto: Tainara Ledra

Foto: Tainara Ledra | Cezar foi preso ao ser confundido com ladrões

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Edição Especial CIDADANIA Texto: Amanda LibelFoto: Tainara Ledra

Chega de trânsito!Prefeitura aumenta e remaneja linhas de ônibus para desafogar o trânsito da região da

Vila Rica

O trânsito na cidade de São Paulo fica pior a cada ins-tante por diversos fatores

como congestionamento, aciden-tes nas vias, excesso de veículos e redução da velocidade permitida, o que ocasiona atrasos em horários das linhas de ônibus e sem falar no stress. Inclusive, um dos maiores índi-ces de trânsito se encontra na zona leste de São Paulo. E justo por esse motivo, foi necessário remanejar e implantar novas linhas na área da Vila Rica que interliga o metrô Be-lém, Carrão e Largo da Concórdia da linha 3 Vermelha do Metrô. Sem falar no ônibus que liga a parte les-te da cidade com a linha 2 Verde. A secretária Gislene Mendonça (52) - que mora na região da Vila Rica - apontou que a implantação e remanejamento das linhas que ligam o bairro aos metrôs foram notificadas com boletins informa-tivos nos ônibus. “Essa ideia da prefeitura de aumentar as opções para irmos até o metrô melhorou

bastante no trânsito. Agora consi-go até sair um pouco mais tarde de casa sem me preocupar com o con-

gestionamento e atrasos.”, com-pleta Gislene.

Foto: Tainara Ledra | Ônibus a caminho do metrô Carrão

Abertura de estabelecimento causa trânsito em horário de pico

A abertura do novo Supermercado Ben-gala na Avenida dos

Nacionalistas, centro de Vila Rica, tem causado trânsito no cruzamento com a Ave-nida Inconfidência Mineira, principalmente nos horários de pico. A academia que fica no piso superior do super-

mercado, também contribui com o fluxo de veículos no local.Antes da abertura do mercado a circulação de veículos neste horá-rio já era grande. Os responsáveis da comunidade estão organizando uma reunião com os moradores in-teressados e com sugestões de me-lhora para este problema.

Novo supermercado na região da Vila Rica causa trânsito em cruzamento das avenidas principais

COTIDIANO Texto: Daniela CorrêaFoto: Tainara Ledra

Foto: Tainara Ledra | Cruzamento das avenidas

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MOVIMENTOS CULTURAIS Texto: Daniela Corrêa Foto: Tainara Ledra

O conhecimento é a base para formação de todos, principalmente entre os

mais jovens. Nesse momento, o papel do professor é essencial e fundamental para gerar novas ideias. Como se sabe, o ensino pú-blico estadual em São Paulo não é um dos melhores, por isso que, de certa forma, os professores cami-nham juntos, tentam driblar obstá-culos e planejam estratégias para manter a atenção dos jovens e re-novar o sistema de ensino. Diante disso, a direção da E. E. Eduardo Carlos Pereira (ensi-no fundamental I), localizada na Avenida Inconfidência Mineira, no centro da Vila Rica, promove aos sábados uma feira de ciências, seguida de palestras realizadas por docentes, pedagogos, entre outros. Professores trabalham semanal-mente com seus alunos, e criam temáticas para exposição no fim de semana. A ideia partiu do

diretor da escola, Armando Neri (54), “pensamos na melhor forma de aproximar os alunos da escola. Além das reformas que eu mesmo fiz aqui, com ajuda dos meus cole-gas (professores), percebemos que tínhamos que ir mais fundo. Deci-di criar aula de leitura, pelo menos 40 minutos durante os horários. Deu super certo. Eu queria mais, conversei com os professores e chegamos a conclusão que a feira de ciências seria ideal. Os nossos alunos se animaram muitíssimo, e se jogaram de cabeça. Na semana passada, o tema escolhido – que normalmente é votado pelos nos-sos pequenos – , foi a crise hídrica. Eles são crianças ainda, e prova-velmente só assimilam aquilo que veem na televisão, ou o que os pais dizem. Como é um tema que vem sendo mascarado pelo Governo do Estado, decidimos abrir a mente deles, e o resultado foi excelente”, conta o diretor.

Tudo o que é apresentado é pro-duzido pelos próprios alunos da escola durante as aulas. Cada pro-fessor é responsável por uma peça do resultado final. As crianças de-senvolvem trabalhos, maquetes, cartazes, pesquisas e experiências sobre determinado assunto que está pautado. Alguns desses traba-lhos também são aprimorados du-rante os meses de aula, e antes do encerramento dos bimestres, são feitas as apresentações finais, na própria feira, para encerramento e fechamento das notas. Além disso, para aproximar mais a comunidade da escola, o professor Marcelo Aoki (52), de-cidiu trazer especialistas como, docentes, pedagogos, pesquisado-res e outros, para realizar palestras aos estudantes e a quem compa-rece ao evento. “Tive essa ideia porque a comunidade começou a participar efetivamente das feiras. Precisávamos de algo a mais”, en-fatiza o professor. O resultado tem sido excelente. Todos os envolvidos têm contribu-ído bastante para que tudo funcio-ne e os alunos estão a cada semana mais empolgados. Isso acaba tra-zendo mais ânimo para os profes-sores, já que o ensino está quase abandonado. O objetivo principal do projeto é fazer com que os alu-nos trabalhem em equipe e tenham contato com a sociedade também. Vinicius Silva (11), diz que acha a ideia muito legal. “É divertido vir aos finais de semana pra cá, mi-nha mãe também gosta. Eu sem-pre aprendo coisas novas”, finaliza ele.

Escola tradicional da Vila Rica organiza feira de ciências semanalmente

Projetos exclusivamente realizados pelos alunos são exibidos aos sábados para comunidade

Edição Especial

Foto: Tainara Ledra | Escola tradicional da leste 5 realiza apresentação de projetos da feira de ciências para comunidade

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saúde Texto: Tainara Ledra Foto: Tainara Ledra

Edição Especial

O caos na saúde é um dos maiores problemas que os brasileiros enfrentam dia-

riamente. Além das filas imensas, demora no atendimento e descaso, há um grande aumento no número da falta de médicos nas AMAS e UBS. É muito comum vermos dia-riamente pacientes voltando para casa porque não há atendimento para nenhuma especialidade ou muitas vezes, o exame necessitado não está disponível. Falta de materiais, equipamentos quebrados, limpeza precária, falta de pagamento, tudo colabora para que o Sistema Único de Saúde, não funcione como deveria, deixando muitos pacientes à míngua, e mui-tas vezes, morrem por falta de um direito básico. Na Vila Rica, os problemas são muito mais delicados. O bairro não possui uma UBS/AMA, o que difi-culta muito a vida de quem mora por ali. Afinal, a única UBS da re-gião fica a mais ou menos 20

minutos de caminhada, para quem mora no começo da vila. Amanda Alves (26), tem dois filhos, um de 10 anos, e a outra, apenas 8 me-ses de vida, e conta “é impossível sobreviver aqui. Além do posti-nho ser muito longe de casa, qua-se nunca consigo marcar consulta com pediatra para os meus filhos, me preocupo mais pela bebê. Até pra mim, fui ao posto em outubro para marcar ginecologista, eles me agendaram para o mês de feverei-ro. Imagina se é algo grave? Eu sou obrigada a esperar tudo isso para passar em uma consulta, fora os exames, nem conto em fazer lá porque nunca tem vagas, e quando tem, o aparelho sempre está que-brado. Na minha opinião esse é o maior problema daqui”, finaliza. O bairro, que é consideravel-mente grande, não abriga nenhum posto de saúde e nenhum hospital. Somente em bairros vizinhos é possível encontrar ajuda médica, ressalvando que, muitos morado-res da comunidade trabalham dia

e noite, e fica praticamente inviá-vel perder tempo indo muito longe para passar com especialistas, fa-zer exames etc. Esse é o caso da Sra. Luzia Mendonça (61), “eu tra-balho fora fazendo faxina. Saio da minha casa às 06h00 e retorno as 19h00. No começo, até tentei con-ciliar as idas ao posto, mas como nunca conseguia agendar meus exames ou passar nas consultas, tive que apelar para um conve-nio médico, o que prejudica mui-to meu orçamento. Tenho idade já, fica muito caro, mas é a única solução para ser atendida rápido e poder realizar meus exames”, res-salta. A Associação de Moradores do bairro já entrou em contato diver-sas vezes com a subprefeitura e com alguns vereadores para que seja analisada a proposta da cons-trução de uma UBS no local. Eles aguardam por respostas, mas já foram avisados que, pelo simples fato de existir dois postos de saúde em bairros vizinhos, será pratica-mente inviável a liberação de verba para construção de mais uma uni-dade. Quem conta é a diretora da Associação, Simone Nascimento, “nós entramos em contato diversas vezes com a sub Aricanduva. Fa-lamos com os vereadores conhe-cidos, e aproveitamos as eleições para ressaltar esse problema du-rante as plenárias. Já fui adianta-da que será difícil a construção de uma UBS aqui na VR. O que nos resta é aguardar, estamos tentando muito. Além do sistema ser precá-rio, somos prejudicados até com a distância e o esquecimento”, fina-liza a diretora.

Comunidade destaca a falta de hospitais no bairroMoradores tem extrema dificuldade para marcar consultas e cuidarem da saúde

Foto: Tainara Ledra | UBS mais próxima da Vila Rica sofre com falta de médicos e agendamento de exames

Page 12: Alunos ocupam Mocam contra a reorganização escolar · mais divulgados, as feiras de ciências que ocorre na escola pública aos sábados, e a Asso-ciação de Vila Rica em si. A

Hora Comunidade

A ciclofaixa da Avenida Aguiar da Beira foi inau-gurada em Outubro e já

está sendo bem utilizada por mo-radores do bairro. Localizada em um ponto estratégico, o projeto fez com que algumas pessoas tirassem suas bicicletas da garagem e co-meçassem a circular pelo bairro, podendo assim, realizar atividades rotineiras. Mariana Nascimento (32), conta que faz o caminho to-dos os dias para ir levar seu filho

Tomás (3) na creche: “Antes eu pegava trânsito e chegava quase sempre atrasada, mas agora de bi-cicleta fica bem mais fácil. Com a correria do dia-a-dia, quase não te-nho tempo pra ele e mudar o jeito de ir pra creche é um jeito da gente ficar mais tempo juntos, sem falar que passei a gastar menos com ga-solina e outras coisas por conta do uso do carro. Aí sobra um dinheiri-nho extra no fim do mês.”, afirma ela.

Ciclofaixa é inaugurada e dá maior mobilidade aos moradores de Vila Rica

Projeto traz benefícios e facilita a vida de muita gente por ali

Procurar a Associação dos Mo-radores para marcar presença e escolher o prato (doce ou sal-gado) que precisa levar para a virada do ano. As bebidas e a queima de fogos de artificio serão por conta do Ajax Leste F.C.

Local: Descampado (ao lado do campo do Ajax).

Réveillon da Vila Rica

informes

O colégio realizará o Sarau do livro no dia 29 de novembro, das 09h00 ao 12h00. Haverá troca de livros, espaço para recitar, empréstimos de livros (apenas para os alunos do Mocam), e música ao vivo.

Local: Rua Eng. Guilherme Cris-tiano Fender - Vila Rica (Auditório - E. E. Professor Moacyr Campos).

SARAU do livro no Mocam

O colégio Santos Amaro da Cruz abre as portas aos sába-dos, das 14h00 às 17h00 para aulas de capoeira.

Local: Avenida Barreira Grande - Vila Rica (Pátio - E. E. Professor Santos Amaro da Cruz).

Programa de Capoeira Escola

da Família

Edição Especial

AMANDA LIBEL - RA: 914101345

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Diretora de ArteEditora

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Professores:

Aguinaldo Pettinati - Jornalismo EspecializadoCaroline Sotilo - Jornalismo Social e ComunitárioDeusiney Robson - Comunicação e Cultura ContemporâneaFlávio Agnelli - Teorias do JornalismoGiuliano Tosin - Práticas de Redação em Revista

Comunicação Social: Jornalismo - 6ºSemestre - Noturno - Campus Memorial

Foto: Tainara Ledra | Ciclofaixa na Av. Aguiar da Beira

Textos: Beatriz Schimidt e Tainara LedraFoto: Tainara Ledra

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