Almanaque chuva de versos n. 438
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Uma Trova de Curitiba/PR Nei Garcez
No livro, cheio de graça,
que o Mestre, na sala edita, cada Criança que passa é a sua página escrita!
________________________ Uma Trova de Itajaí/SC Ari Santos de Campos
Eu não consigo entender - do futebol - a torcida,
que nada ganha a não ser estresse em cada partida. ________________________
Um Poema do Rio de Janeiro/RJ Luiz Poeta
ARMAS DE MENINO
Minha arma é o meu sonho mais menino;
Meu destino é combater o desamor E embora a dor me traga sempre um desatino,
Canto meu hino de menino sonhador.
O meu sorriso pisa a essência do meu pranto, Levo meu canto a quem possa me escutar E a quem me ouça, faço do meu acalanto,
O melhor canto que o amor possa cantar.
Sou um ser frágil, mas me espelho na semente; Árvore e gente têm a mesma comunhão: Fazem do chão, sua morada permanente, Mas é no céu que ganham nova dimensão.
A cada vez que o ser humano dissocia A fantasia do seu mundo irracional, Ele faz mal à sua própria rebeldia
E a poesia dá lugar ao próprio mal.
Por isso, quando alguém vem e me provoca, A dor me toca de maneira tão profunda,
Que o pranto inunda o meu olhar e me evoca A proclamar a minha dor mais triste e funda.
Empunho a arma mais sublime que possuo:
O meu perdão... assim flutuo... e sou criança... Construo a dança do amor e me diluo Na inocência mais feliz da esperança.
________________________ Uma Trova Humorística do Rio de Janeiro
Therezinha Zanoni Ferreira
Papai Noel não lembrou que era careca, o Clemente.
No seu sapato deixou: - escova, "shampoo" e pente.
________________________
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Uma Trova de Sorocaba/SP Dorothy Jansson Moretti
A alegria da criança é cenário colorido,
onde flutua a esperança que empresta à vida o sentido.
________________________ Um Poema de Catanduva/SP
Ógui Lourenço Mauri
AOS QUE SE FORAM
Não sei a qual deles mais me liguei Nem de qual deles tenho mais saudade;
Sei apenas que jamais os verei... Não mais terei essa felicidade!
Vi tudo tão natural quando a morte Levou os dois de vez de minha vida, Só hoje sinto a dor dessa má sorte,
Não os tendo aqui a me dar guarida.
Penso que partiram tristes comigo, Pois, deles, pouco segui seus cuidados;
Arrependido, quero, sim, o abrigo Dos sábios ensinamentos deixados.
Eu já não consigo estancar meu pranto,
Que, inesgotável, aumentando vai...
Deus meu, como, sozinho, sinto tanto A falta de minha mãe e meu pai...
________________________ Uma Quadra Popular
Autor Anônimo
Em cima daquela serra tem um velho fogueteiro. Quando vê moça bonita,
fica todo regateiro.
Fonte: Azevedo,Teófilo de. Literatura popular do norte de Minas: a arte de fazer versos.São Paulo, Global Editora, 1978. Cultura Popular, 3.
________________________ Uma Trova Hispânica da Argentina
Libia Beatriz Carciofetti
Piel la raza indentifica y Dios así nos creó
que nos amemos implica pues mucho así nos amó. ________________________ Um Poema de Curitiba/PR Siomara Reis Teixeira
IDÍLIO
Teu abraço no abraço que aperta e aperta
Transportando bruscamente
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Com teu corpo que se esvai continuamente Elegendo meu corpo como porta aberta.
E abre a boca com a boca que se abre, Com a língua para a língua que se suga E no romper do esplendor e nessa fuga, Os dois corpos no idílio como um sabre.
Embriaga com perfume esse amor E carrega para a dança e se dança,
Num frêmito ciciante com imenso ardor, Nessa valsa longa e que nunca cansa.
E o momento de beatitude surge,
No ondular tresmalhado Do espasmo manso,
Ao florir do sorriso que ressurge E transcende no langor infindo, o remanso.
________________________ Trovadores que deixaram Saudades
Waldir Neves Rio de Janeiro/RJ (1924 – 2007)
Circo novo na cidade!
- No poleiro, a dar risada, olhem lá minha saudade
no meio da garotada! ________________________
Uma Trova do Rio de Janeiro/RJ Renato Alves
Me aconchego em teu regaço
e me dás consolo e mel... Há sonhos em teu espaço, LIVRO - amigo de papel!
______ Um Haicai de Teresópolis/RJ
Eliane Pantoja Vaidya
Me comovem tuas mãos limpas e tua cabeça suja.
________________________ Um Poema do Rio de Janeiro/RJ
Lilian Maial
O AMOR QUE EU QUERO
Eu quero esse amor puro de criança, que traga pro meu peito a melodia,
que faça eu esquecer a fantasia e me entregar aos braços da esperança!
Eu quero começar a nova dança
bailando nos teus pés, em sintonia, poder beber da fonte da alegria,
do sonho que, de mim, jamais se cansa!
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Eu quero namorar com inocência! Viver ao lado teu na transparência
e ser feliz do jeito que puder.
Não sei se um amor assim ainda existe, mas sinto que o meu peito não desiste: apanha, quebra, chora, mas te quer!
________________________
Uma Trova de Porto Alegre/RS Delcy Canalles
Se nós unirmos os braços, independente da cor,
estaremos dando abraços alimentados de amor !
________________________
Um Haicai de São Paulo/SP Elson Fróes
Sol no templo solto o tempo só contemplo
________________________
Um Poema de Curitiba/PR Luciah Lopez
DESDITA
olhei o futuro e me perdi.
lembranças em cacos se apresentaram
ferindo os meus pés e os pensamentos de saudade
inebriaram todo meu ser quieto calado pasmo.
Não sei mais o que sou! Se saudade ou dor...
O que resta de mim, me olha no olhar de uma criança e
envolta em tristezas eu morro um pouco na luz desse olhar.
Morrer um pouco ante a saudade do que fui
me faz compreender a razão de ser tão mortal assim
e carregar nas mãos não só anéis e sim os fios
que fazem de mim, marionete. ________________________
Um Haicai de Belo Horizonte/MG Eolo Yberê Libera
Borboleta azul
raspa este céu de mansinho insegura e frágil.
________________________
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Uma Trova de Pedro Leopoldo/MG Wagner Marques Lopes
Ao perfume da verbena
do entendimento e da paz, o mundo se miscigena –
é um mundo-irmão que se faz! ________________________
Um Poema de Petrópolis/RJ Gilson Faustino Maia
SOBREVIVÊNCIA
Quero falar de flores, primavera; quero falar de vida, de prazeres;
quero falar de sonhos, de quereres; quero falar de tempo... Longa espera...
Meu calendário interno, quantas feras
com todas suas iras, seus poderes, más intenções, maldades e saberes jogaram bem no fundo das crateras.
E quase destruíram uma existência...
Porém só momentâneas alegrias. Lá no espaço encontrei sobrevivência,
entre estrelas, a luz que me alumia.
Eu procurei viver com mais prudência, mergulhado num mar de poesias.
________________________
Recordando Velhas Canções Naquela mesa
(1973)
Sérgio Bittencourt
Naquela mesa ele sentava sempre e me dizia contente o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
e contava contente o que fez de manhã e nos seus olhos era tanto brilho
que mais que seu filho eu fiquei seu fã
Eu não sabia que doía tanto
uma mesa num canto, uma casa e um jardim Se eu soubesse o quanto dói a vida essa dor tão doída, não doía assim
agora resta uma mesa na sala e hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim
Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala no seu bandolim
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Naquela mesa tá faltando ele E a saudade dele está doendo em mim
Naquela mesa tá faltando ele E a saudade dele está doendo em mim
________________________ Uma Trova de Santos/SP
Carolina Ramos
Pé descalço... pequenino, vai pagando, vida afora, os pênaltis que o destino cobra dele desde agora!... ________________________
Um Poema de Mimoso do Sul/ES Alci Santos Vivas Amado
POETA
Não sou fiel sonhador
Obrigam-me a delatar em verso A mazela que vem do violador É maior que o meu universo.
Parece não haver solução Tal desgoverno paranóico,
Fatos e bastante contradição Em meu acervo histórico. ________________________
Um Haicai do Rio Grande do Sul Érico Veríssimo
Cruz Alta/RS (1905-1975) Porto Alegre/RS
Gota de orvalho na carola dum lírio:
Jóia do tempo. ________________________
Uma Trova de São Paulo/SP Jaime Pina da Silveira
Quisera - ao descer a escada que conduz ao fim da vida - ao vislumbrar a alvorada,
sentir-me um sol na subida. ________________________
Um Poema de Belo Horizonte/MG Carlos Lúcio Gontijo
SANGUE MONTENSE
De Santo Antônio do Monte eu venho
É a terra que retenho no olhar É o par de olhos do meu passo errante
É diamante incrustado no chão de meus pés É a terceira visão do meu caminhar distante
Seu solo mirante parece remar pro céu A quase mil metros acima do nível do mar
Razão de sua gente engenhar fogos de artifício
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Um ofício milenar de sagrada tradição Forma colorida de canção ao Criador
Explosão de amor nos momentos de alegria E quem duvidar dessa vocação sadia
Basta cortar a veia de um cidadão montense Para detectar o sangue iluminado Que, coagulado, pólvora irradia
Como se fosse escravo enclausurado Condenado pela magia de fazer noite virar dia
________________________ Hinos de Cidades Brasileiras
Mariana/MG
No seio dolente das idas idades Em meio ao silêncio , fiquei a sorrir...
A Deusa de outrora só tinha saudades, Chorando o passado , esperando o porvir!
(Estribilho)
Entre os coros das litanias Que vêm do céu, na asa do luar,
Vivo de mortas alegrias, Sempre a sonhar, sempre a sonhar!
Quem é que me vem perturbar o meu sono
De bela princesa no bosque a dormir? Que há muito caiu sobre o solo o meu trono,
Que era emperolado de perlas de Ofir!
De estrelas o céu sobre mim recama;
Há luz no zênite e clarões no nadir... O campo auriverde da nossa auriflama,
É todo esperança: esperei o porvir!
Agora bem sinto, no peito, áureos brilhos; De novo me voltam as perlas de Ofir...
Aos doces afagos da voz dos meus filhos, Mais belas que outrora, eu irei ressurgir!
________________________ Uma Trova de Curitiba/PR Paulo Walbach Prestes
Se me acorrento a você, faço a corrente da paz; o mundo inteiro vai ver meu coração "Alcatraz".
Um Poema de Recife/PE
Manuel Bandeira
CONFISSÃO
Se não a vejo e o espírito a afigura, Cresce este meu desejo de hora em hora...
Cuido dizer-lhe o amor que me tortura, O amor que a exalta e a pede e a chama e a implora.
Cuido contar-lhe o mal, pedir-lhe a cura...
Abrir-lhe o incerto coração que chora, Mostrar-lhe o fundo intacto de ternura,
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Agora embravecida e mansa agora...
E é num arroubo em que a alma desfalece De sonhá-la prendada e casta e clara,
Que eu, em minha miséria, absorto a aguardo...
Mas ela chega, e toda me parece
Tão acima de mim... tão linda e rara... Que hesito, balbucio e me acovardo.
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1 A educação é candeia,
faz da treva o amanhecer, nas campinas que semeia
vê-se o futuro nascer. 2
A sogra morre aos noventa, deixa ao genro uma bolada. Trancafiado ele comenta: – “Só grana falsificada”.
3 A tenista, uma vedete,
deu no parto um trabalhão; foi um sufoco a raquete
que o nenê tinha na mão! 4
– Babá é gente também? - Claro, meu filho, por quê?
- É que o papai diz: “Meu bem, de que planeta é você??!!”
5 Comete um atroz pecado
o tempo, em seu transcorrer, roubando o instante sonhado
que acabamos de viver. 6
Com imprevistos sem conta, segue-se a estrada escolhida. Certeza é um lápis sem ponta
que tenta escrever a vida.
7 Consegue a paz verdadeira quem, ao levar sua cruz,
transforma os nós da madeira em claros fachos de luz.
8 De Deus o céu nós roubamos
e é de Deus a nossa voz, quando, em silêncio, deixamos que o amor discurse por nós.
9 Diz a boca à dentadura:
“Fique firme, ande na linha, não me faça a diabrura
de dar uma escapadinha!” 10
“Do peitoril da sacada ele pulou, coitadinho,”
diz a viúva transtornada, “só dei um empurrãozinho!!”
11 Em trambiques pela rua
não consegue mais lembrar se a mulher é mesmo sua ou se acabou de trocar.
12 Esperança é um passarinho
que, mesmo em desigualdade, mantém o calor do ninho na fúria da tempestade.
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13 “Fiz três bolos, tirei um, quanto sobra, garotada?
Os guris: - nenhum, nenhum, bolo aqui não sobra nada!
14 Fogo em casa, que sujeira,
e o dono, um bêbado, enérgico: – “Bombeiro, largue a mangueira. Água não, que eu sou alérgico!”
15 Funcionário em treinamento contra incêndio, ao zelador: – “Pus fogo num pavimento. Só me esqueci do extintor!”
16 Ganha o pobre num transplante
o cérebro de um barão. Voltando a si, já garante:
“Pago à vista ou no cartão.” 17
Gota de sonho e magia, sopro de um anjo... tão leve...
orvalho, suave poesia, que a noite, inspirada, escreve.
18 "Mas que preguiça'' e, no escuro,
o pau-d'água, chave à mão, espera, encostado ao muro, que ali passe o seu portão!
19 - Mas, “seu” guarda, por favor,
ao apito obedeci. Culpado é o muro, senhor,
que não deu ré... e eu bati!!! 20
Mostra bem mais que coragem quem, na fonte do poder,
não sorve a doce vantagem, prefere o amargo dever.
21 Na vida, a grande virtude não é correr na jornada,
mas, sem pressa e em plenitude, completar a caminhada.
22 O outono chegou de manso
e em teu rosto, bem fininhos, pôs traços que não me canso
de apagar com meus carinhos. 23
Passado... viva candeia, embora há muito afastado;
um livro que se folheia, que não se guarda fechado.
24 Põe luz em tua jornada,
pois o que importa na vida não é o tamanho da estrada,
mas como foi percorrida.
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25 Quando o dia, enfim, se acalma
e uma ausência faz sofrer, abro os braços de minha alma
para a saudade acolher. 26
Se dramas a chuva escreve, sem piedade, todo dia,
a garoa, renda leve, veste a terra de poesia.
27 Sem brinquedo, a sós na rua,
pede a criança, baixinho: – "Senhor Deus, me empresta a lua
para brincar um pouquinho". 28
Se o fracasso te magoa, guarda a coragem e avança, que o brilho vem da pessoa,
não das honras que se alcança. 29
Se um adeus é dor tamanha, estilhaça o coração,
regresso é um imã que apanha cada pedaço no chão...
30 Sob a teia da garoa, fiandeira sem igual,
teu amor, vagando à toa, fez um ninho em meu beiral.
31 Só na cultura repousa o progresso da nação:
– ela é o giz, e o povo, a lousa que recebe a informação.
32 Sou garota e quero espaço,
meu sonho é um nonagenário com safena e marcapasso e um belo saldo bancário!!!
33 Vencedor é quem no mundo
ao falso brilho diz “não” e após um labor fecundo,
ergue um brinde à retidão. 34
Vendo o assalto começar lembra o genro, gentilmente,
com vontade de ajudar: – “Leve a sogra de presente!”
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Mia Couto
POEMA DA DESPEDIDA
Não saberei nunca
dizer adeus
Afinal, só os mortos sabem morrer
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor, neste tempo,
seja ainda cedo.
Não é este sossego que eu queria,
este exílio de tudo, esta solidão de todos.
Agora
não resta de mim
o que seja meu e quando tento
o magro invento de um sonho todo o inferno me vem à boca.
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei. Ainda assim,
escrevo.
PERGUNTA-ME
Pergunta-me se ainda és o meu fogo
se acendes ainda o minuto de cinza
se despertas a ave magoada que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
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se o vento não traz nada se o vento tudo arrasta se na quietude do lago
repousaram a fúria e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas e se eras tu quem eu via
na infinita dispersão do meu ser se eras tu
que reunias pedaços do meu poema reconstruindo a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa pergunta-me qualquer coisa
uma tolice um mistério indecifrável
simplesmente para que eu saiba
que queres ainda saber para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
NOTURNAMENTE
Noturnamente te construo para que sejas palavra do meu corpo
Peito que em mim respira olhar em que me despojo
na rouquidão da tua carne me inicio
me anuncio e me denuncio
Sabes agora para o que venho
e por isso me desconheces
TRAJETO
Na vertigem do oceano vagueio
sou ave que com o seu voo se embriaga
Atravesso o reverso do céu e num instante
eleva-se o meu coração sem peso Como a desamparada pluma
subo ao reino da inconstância para alojar a palavra inquieta
Na distância que percorro eu mudo de ser
permuto de existência surpreendo os homens
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na sua secreta obscuridade transito por quartos
de cortinados desbotados e nas calcinadas mãos
que esculpiram o mundo estremeço como quem desabotoa a primeira nudez de uma mulher
DESPEDIDA
Aves marinhas soltaram-se dos teus dedos
quando anunciaste a despedida e eu que habitara lugares secretos
e me embriagara com os teus gestos recolhi as palavras vagabundas
como a tempestade que engole os barcos porque ama os pescadores
Impossível separarmo-nos
agora que gravaste o teu sabor sobre o súbito
e infinito parto do tempo
Por isso te toco no grão e na erva
e na poeira da luz clara a minha mão
reconhece a tua face de sal
E quando o mundo suspira exausto
e desfila entre mercados e ruas eu escuto sempre a voz que é tua
e que dos lábios se desprende e se recolhe
Ali onde se embriagam os corpos dos amantes
o teu ventre aceitou a gota inicial e um novo habitante
enroscou-se no segredo da tua carne
Nesse lugar encostámos os nossos lábios à funda circulação do sangue
porque me amavas eu acreditava ser todos os homens
comandar o sentido das coisas afogar poentes
despertar séculos à frente e desenterrar o céu para com ele cobrir
os teus seios de neve
SAUDADES
Magoa-me a saudade do sobressalto dos corpos
ferindo-se de ternura sói-me a distante lembrança
do teu vestido caindo aos nossos pés
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Magoa-me a saudade
do tempo em que te habitava como o sal ocupa o mar
como a luz recolhendo-se nas pupilas desatentas
Seja eu de novo a tua sombra, teu desejo,
tua noite sem remédio tua virtude, tua carência
eu que longe de ti sou fraco
eu que já fui água, seiva vegetal
sou agora gota trémula, raiz exposta
Traz de novo, meu amor,
a transparência da água dá ocupação à minha ternura vadia
mergulha os teus dedos no feitiço do meu peito
e espanta na gruta funda de mim os animais que atormentam o meu sono
António Emílio Leite Couto (Mia Couto) nasceu em Beira, Moçambique, em 1955, a segunda cidade do país. Ganhou o nome Mia do irmãozinho que não conseguia dizer "Emílio". Segundo o próprio autor a utilização deste apelido tem a ver com sua paixão pelos gatos e desde pequeno dizia a sua família que queria ser um deles. Ele disse uma vez que não tinha uma "terra-mãe" - tinha uma "água-mãe", referindo-se à tendência daquela cidade baixa e localizada à beira do Oceano Índico para ficar inundada. Filho de portugueses que emigraram para Moçambique em meados do século XX, Mia nasceu e foi escolarizado na Beira. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal Notícias da Beira e três anos depois, em 1971, mudou-se para a cidade capital de Lourenço Marques (agora Maputo). Iniciou os estudos universitários em medicina, mas abandonou esta área no princípio do terceiro ano, passando a exercer a profissão de jornalista depois do 25 de Abril de 1974.
Trabalhou na Tribuna até à destruição das suas instalações em Setembro de 1975, por colonos que se opunham à independência. Foi nomeado diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM) e formou ligações de correspondentes entre as províncias moç ambicanas durante o tempo da guerra de libertação. A seguir trabalhou como diretor da revista Tempo até 1981 e continuou a carreira no jornal Notícias até 19 85. Em 1983, publicou o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho, que inclui poemas contra a propaganda marxista militante. Dois anos depois, demitiu-se da posição de diretor para continuar os estudos universitários na área de biologia. Como biólogo, dirige a Avaliações de Impacto Ambiental, IMPACTO Lda., empresa que faz estudos de impacto ambiental, em Moçamb ique. Mia Couto tem realizado pesquisas em diversas áreas, concentrando -se na gestão de zonas costeiras. Além disso, é professor da cadeira de ecologia em diversos cursos da Universidade Eduardo Mondlane.
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Foi escolhido para ocupar, na categoria de Sócio Correspondente, a Ca deira número 5 da Academia Brasileira de Letras. Sua eleição deu -se em 1998, sendo ali o sexto ocupante. Além de considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do pa ís e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Premio Nacional de Ficção da Asso ciação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos d o século XX por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbabué. Foi fundador de uma empresa de estudos ambientais da qual é colaborador. Recebeu uma série de prêmios literários, entre eles e m 1999, o Prêmio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra. Em 2007, o Prêmio União Latina de Literaturas Românicas. Em 2007 foi o vencedor do prêmio Zaffari & Bourbon de Literatura, na Jornada Nacional de Literatura. O Prêmio Camões de 2013, o mais prestigioso da língua portuguesa, e o Neustadt Prize de 2014. Além de prêmios em seu país, recebeu o P rémio da Associação dos Críticos de Arte de S. Paulo (1996) Estreou-se no prelo com um livro de Poesia - Raiz de Orvalho, publicado em 1983. Mas já antes tinha sido antologiado por outro dos grandes poetas moçambicanos, Orlando Mendes (outro biólogo), em 1980, numa edição do Instituto Nacional do Livro e do Disco, resultante duma palestra na Organização Nacional dos Jornalistas (actual Sindicato), intitulada "Sobre Literatura Moçambicana". Em 1999, relançou Raiz de Orvalho e outros poemas que, em 2001 teve sua 3ª edição. Depois, estreou-se nos contos e numa nova maneira de falar - ou "falinventar" - português, que continua a ser o seu "ex-libris". Nesta categoria de contos publicou. Publicou em livros, algumas das suas crónicas, que continuam a ser coluna num dos semanários publicados em Maputo, capital de Moçambique e alguns romances. Vozes Anoitecidas (1986); Grande Prémio da Ficção Narrativa em 1990, ex aequo; Cronicando, 1988 (Prémio Nacional de Jornalismo Areosa Pena, em 1989); Cada Homem é uma Raça (1990); Terra Sonâmbula (1992) Prémio Nacional de Ficção da AEMO em 1995; Estórias Abensonhadas (1994); A Varanda do Frangipani (1996); Contos do Nascer da Terra (1997); Mar Me Quer (1998); Vinte e Zinco (1999); Na Berma de Nenhuma Estrada (1999); O Último Voo do Flamingo (2000); O Gato e o Escuro (2001); Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra (2002) rodado em filme pelo português José Carlos Oliveira; O País do Queixa Andar (2003); O Fio das Missangas (2003); A Chuva Pasmada (2004); Pensatempos. Textos de Opinião (2005); O Outro Pé da Sereia (2006); A Varanda do Frangipani (2007); Idades Cidades Divindades (2007); Venenos de Deus Remédios do Diabo (2008); Jerusalém (2009); Tradutor de Chuvas (2011); A Confissãol da Leoa (2012); Vozes Anoitecidas (2013) Resenha de alguns livros: Raiz de Orvalho : Livro intimista, lírico, uma espécie de contestação contra o domínio absoluto da poesia militante, panfletária. Idades Cidades Divindades : Mia Couto arrisca novamente um registo poético para narrar o seu universo de quotidianos maravilhosos. Os jogos semânticos e lexicais sustentam os aforismos, as alegorias, as fábulas que aqui se lêem, à imagem do que acontece com as suas narrativas.
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Tradutor de Chuvas: Todo o livro passa por uma espécie de um culto, um a homenagem a esse estado de espanto, de pasmo, da capacidade de nos encantarmos, esse não saber, essa ignorância que nos torna depois viajantes, que nos conduz à condição de uma certa dimensão que é a dimensão da poesia” Vozes Anoitecidas: O que mais dói na miséria é a ignorância que ela tem de si mesma. Confrontados com a ausência de tudo, os homens abstêm -se do sonho, desarmando-se do desejo de serem outros. Existe no nada essa ilusão de plenitude que faz parar a vida e anoitecer as vozes. Estas estóri as desadormeceram em mim sempre a partir de qualquer coisa acontecida de verdade mas que me foi contada como se tivesse ocorrido na outra margem do mundo. Na travessia dessa fronteira de sombra escutei vozes que vazaram o sol. Outras foram asas do meu voo de escrever. A umas e a outras dedico este desejo de contar e de inventar. Estórias Abensonhadas : Livro de histórias que retrata o renascer do país depois da assinatura do Acordo de paz. Contos do Nascer da Terra : Nos trinta e cinco contos que compõem este livro, Mia Couto traça o retrato de um povo e da sua identidade cultural. Utiliza para isso a fantasia que, naquela escrita africana prenhe de neologismos, possui um encanto muito próprio. O corpo hu mano e a sua ligação à terra, são uma constante nestas histórias, onde as pessoas ganham raízes, ou se somem no ar qual pássaro exótico. Parte significativa destas histórias inspirou-se na tradição popular. Terra Sonâmbula: Primeiro romance publicado por Mia Couto, tem como pano de fundo a guerra em Moçambique, da qual traça um quadro de um realismo forte e brutal. A Varanda do Frangipani : A narrativa decorre na Fortaleza de S. Nicolau, algures em Moçambique. A fortaleza há muito que deixou de ser reduto de defesa e ocupação estrangeira para se transformar num asilo de velhos. A trama policial, as reflexões sobre a guerra e sobre a paz, o Universo mágico, a riqueza de personagens, aliados a uma narrativa pujante e amadurecida, fazem deste livro uma das mais belas obras de Mia Cout o. O Último Voo do Flamingo: O livro começa com uma carta do “tradutor”, que é o narrador do livro, onde ele conta os motivos que o levaram a narrar essa história. Pouco tempo depois da guerra terminar em Moçambique, alguns soldados da Tropa de paz da ONU que estavam na reg ião começaram a explodir. Para tentar entender o que estava acontecendo, o italiano Massimo Risi é enviado à Tizangara, cidade fictícia onde se passa a narrativa, para investigar os estranhos acontecimentos. Para tanto, o governante local contrata o tradutor para acompa nhar Risi em sua investigação. O Gato e o Escuro: Em 2009 recebeu, no Brasil, o Prêmio de Literatura infanto-juvenil. Nesta estória em prosa poética, num primeiro nível textual vemos um pequeno gato malhado que anseia saber como é o escuro e que ao entrar nele vê-se em apuros para sair; afinal, descobre que tinha vivido apenas um sonho: o escuro, que o atemorizava, não lhe era prejudicial pois até morava nos olhos da sua mãe. Mais aprofundadamente, n ão só fica a importância de autoconhecimento e auto -afirmação como a visão descentrada do eu: não se sendo único na vida, devemos praticar valores como a tolerância, reconhecer o direito à diferença e, fundamentalmente, o respeito pelo outro. Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra: Um jovem estudante universitário regressa à sua ilha-natal para participar no funeral de seu avô Mariano. Enquanto aguarda pela cerimônia ele é testemunha de estranhas visitações na forma de pessoas e de cartas que lhe chegam do outro lado do mundo. São revelações de um universo dominado por uma espiritualidade que ele vai reaprendendo. À medida que se apercebe desse universo frágil e ameaçado, ele redescobre uma outra história para a sua própria vida e para a da sua terra. A pretexto do relato das extraordi nárias peripécias que rodeiam o funeral, este novo romance de Mia Couto traduz, de uma forma a um tempo ir ônica e profundamente poética, a situação de conflito vivida por
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uma elite ambiciosa e culturalmente distanciada da maioria rural. Uma vez mais, a escrita de Mia Couto leva -nos para uma zona de fronteira entre diferentes racionalidades, onde percepções diversas do mundo se confrontam, dando conta do mosaico de culturas que é o seu pa ís e das mudanças profundas que atravessam a sociedade moçambicana atual. O Outro Pé da Sereia: Esta obra aborda a questão da identidade, o sentido de pertença, o pós -colonialismo e o choque entre culturas. Para tanto, o autor entretece duas histórias paralelas, interligadas por uma personagem: A primeira se passa no presente (em 2002) e relata como Mwadia Malunga e seu marido, Zero Madzero, encontram uma imagem de Nossa Senhora (sem um pé) abandonada nas imediações do lugar em que vivem; significativamente denominado Antigamente. Mwadia é encarregada por um feiticeiro de ir a Vila Longe, onde vive sua mãe e a família dela, para providenciar um destino à imagem. Nesta história de retorno à casa natal, nos são apresentados uma série de personagens e seu s dramas pessoais. A segunda é uma narrativa histórica (ambientada em 1560), que, em capítulos alte rnados, conta como a referida imagem de Nossa Senhora chegou a Moçambique, trazida pelo jesuíta D. Gonçalo da Silveira em uma nau portuguesa. A imagem, benzida pelo papa, era destinada ao imperador do mítico reino de Monomotapa, a fim de catequizar a regiã o. Os acontecimentos dessa viagem, que em certa medida refletem problemas contemporâneos, envolvem, ainda, o conflito pessoal do jovem sacerdote Manuel Antunes, que será seduzido pelos ritos e ritmos africanos, e a relação de um escravo, Nsundi, com uma dama portuguesa e sua aia de origem indiana. Jesusalém: é seguramente a mais madura e mais conseguida obra de um escritor em plena posse das suas capacidades criativas. Aliando uma narrativa a um tempo complexa e aliciante ao seu estilo poético tão pessoal, Mia Couto confirma o lugar cimeiro de que goza nas literaturas de língua portuguesa. A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado, diz um dos protagonistas deste romance. A prosa mágica do escritor moçambicano ajuda, certamente, a reencantar este nosso mundo. Jesusalém, ermo encravado na savana, em Moçambique, abriga cinco almas apartadas das gentes e cidades do mundo. Ali, ensaiam um arremedo de vida: Silvestre e seus dois filhos, Mwanito e Ntunzi, mais o Tio Aproximado e o serviça l Zacaria. O passado para eles é pura negação recortada em torno da figura da mãe morta em circunstâncias misteriosas. E o futuro se afigura inexistente. Silvestre afiança aos filhos e ao cr iado que o mundo acabou e que a mulher - qualquer mulher - é a desgraça dos homens. Mas um belo dia os donos do mundo voltarão para reivindicar a terra de Jesusalém. E não só isso: uma bela mulher também virá para agitar a inércia dos dias solitários daqueles homens. Fontes: http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com.br/2012/11/mia-couto-professorbiologopoeta-e.html; http://lusofonia.com.sapo.pt/mia.htm#RESENHA_DAS_OBRAS_PUBLICADAS; http://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto
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José Marins
Sérgio Pichorim
Teia de Haicais
José Marins (JM)
Sérgio Pichorim (SP)
1028 (SP) desejos de paz
no banho com amacha. hana-matsuri.
_______ 1029 (JM)
noitinha de outono – de fininho do banheiro
com a toalha seca _______
1030 (SP) manhã de abril.
vou deixar para a tarde o banho de hoje.
_______
1031 (JM) Primeiro de maio –
manifesta-se o silêncio no Centro Cívico
_______
1032 (SP) a casa deserta.
a floreira da janela com flores-de-maio.
_______ 1033 (JM)
mais belos ainda − os áceres da avenida
de folhas tingidas _______
1034 (SP) mais cedo este ano. o ipê da minha rua pintou-se de roxo.
_______
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1035 (JM) como o tempo passa… as folhas amareladas
por todo lugar _______
1036 (SP) as folhas caídas
vão parar na compostagem. o ciclo da vida.
_______ 1037 (JM)
árvore sem folhas cheio de roupas enfrento
a nova estação _______
1038 (SP) lua de inverno.
a clara alvura do branco me faz congelar.
_______ 1039 (JM)
madrugada fria o gato quer dormir aos pés do casal
_______ 1040 (SP)
o ar está seco. minha garganta sem água
durante a queimada. _______
1041 (JM) ah, o vento quente
que antecede a frente fria nem sinal de chuva
_______ 1042 (SP)
fim do veranico. com o guarda-chuva aberto
eu saio de casa. _______
1043 (JM) chuvisco de inverno os bonsais ao relento
ainda verdes _______
1044 (SP) colhida do pé
com o sabor do passado. mimosa gelada.
_______ 1045 (JM)
alegre estralar o aroma chega na sala
antes das pipocas _______
1046 (SP) começo da noite. chega até a saltar
o pinhão na chapa. _______
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1047 (JM) inverno da infância – a família na cozinha
de fogão a lenha _______
1048 (SP) tardinha de junho
nasce a primeira estrela. silêncio divino.
_______ 1049 (JM)
ô, noite gelada ―– a lua crescente segue
pela imensidão _______
1050 (SP) juntinhos estão
para a festa de São Pedro. Vênus e Júpiter
_______ 1051 (JM)
o som da sanfona junta na última festa São Pedro e São Paulo
_______ 1052 (SP)
nem Pedro nem Paulo quem manda agora é Francisco.
Laudato Si´! _______
1053 (JM) inicia julho —
entre passado e futuro o ano dividido
_______ 1054 (SP)
a pilha de lenha já está junto ao fogão.
espero a geada. _______
1055 (JM) jardim enfeitado
vinte nós de pinheiro salvos da lareira
_______ 1056 (SP)
orquídeas cymbidium - por semanas esperei ver as suas flores.
_______ 1057 (JM)
o vento sul passa os sapatinhos floridos
parecem dançar _______
1058 (SP) batuque noturno.
as vidraças da janela ao vento de inverno.
_______
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1059 (JM) a tormenta cessa
um receio repentino de ver os estragos
_______ 1060 (SP)
o galho partido também se encheu de flores.
cerejeira, né! _______
1061 (JM) eita, vento frio –
mais arcado ainda o velho vizinho que passa
_______ 1062 (SP)
outra frente-fria. é difícil andar com o peso das roupas.
_______ 1063 (JM)
gélida manhã nossa, como foi curtinha
a volta do gato
José Marins é paranaense de Jandaia do Sul, mas se criou em Umuarama, noroeste do estado. Foi para Curitiba e se radicou lá. Psicoterapeuta de profissão, desistiu da carreira acadêmica. Jornalista e editor por trabalhos anteriores nestas áreas. Fez amizade com Paulo Leminski e muitos outros poetas: Geraldo Magela, Delores Pires, Eduardo Hoffmann, Alice Ruiz, entre outros. Publicou várias antologias. Com incentivo de Leminski estudou o haikai. Em 2005, com o haicaísta Sérgio Francisco Pichorim, publicaram o renga duplo Pinha Pinhão, Pinhão Pinheiro. Têm vários livros publicados. Na Biblioteca Pública do Paraná, ministra aulas sobre a poesia de autores paranaenses e faz oficinas e palestras sobre temas literários. Faz parte também do Centro de Letras do Paraná.
Sérgio Francisco Pichorim é natural de São José dos Pinhais/PR, professor titular da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e orientador de Mestrado e Doutorado dos programas CPGEI e PPGEB. Escritor e divulgador de Haicais, incluindo várias premiaçõ es. Sobre este tema, tem 4 livros publicados, participou de 5 antologias e ministra palestras em encontros, bibliotecas e escolas. Dois livros receberam o Prêmio Bunkyo de Literatura, São Paulo, 2012 e 2014.
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I Concurso de Trovas Estudantis de Balneário Camboriú/SC
O I Concurso de Trovas Estudantis de Balneário Camboriú aconteceu em novembro de 2015. Vinte e duas trovas de alunos dos 6ºs e 7ºs anos do C. E. M. Vereador Santa foram selecionadas dentre cinquenta e oito participantes. O evento de certificação e premiação dos alunos aconteceu no dia 12 de novembro de 2015 na Feira do Livro de Balneário Camboriú.
Vencedoras
Num livro: um conto de fadas, mergulho num mar de sonhos,
com criaturas aladas e monstros que são bisonhos.
Maria Eduarda Bussler Kusiak 7ºA
No grande livro da vida, por menos que seja escrito, tem um ponto de partida, chegando até o infinito.
Maria Eduarda Ozello 7ºB
Livros são interessantes, e gosto muito de ler,
eles são muito empolgantes, nos ajudam a crescer.
Guilherme Cugner Granado 6º B
Um bom livro dá a partida, há uma mágica aventura,
cada página vivida eu enfrento com ternura.
Laura Alice da Silva 7º B
Não sei se você conhece, mas estou sempre consigo. E se maior amor houvesse...
Sou o livro, seu amigo. Georgia Prezzi 7º B
Livro sempre! Todo dia!
Fica tudo diferente. Com muito mais alegria,
abre sempre minha mente. Sofia Rigo de Oliveira 7º B
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Os livros são nossa vida, exercitam nossa mente
e cada página lida
eu quero ler novamente. Anita Ohemia Sardá 7º
Menções Honrosas O livro é tão importante, dando muita inteligência, sempre tão emocionante: Guia de sobrevivência.
Abner Gabriel da Veiga 7º B
Os livros, como as sementes, trazem imaginações,
assim como nas nascentes nascem novas emoções.
Laura Jaqueline Greibeler 7º B
O livro é uma bela arte, fonte de sabedoria,
é uma coisa que faz parte desse nosso dia a dia.
Mel Delavi Krug 7º B
Livro é como uma jornada sempre cheia de emoção, então fique bem ligada, fugindo da depressão.
Pedro Ahlf Rodrigues 7º B
Aquele que sempre ler faz do livro um alimento, que o ajuda a bem viver e auxilia o crescimento.
Vitória de Jesus Viana 7º B
Ao ler livros ganho abrigos, e, muito eu posso aprender. Os livros são meus amigos,
por isso gosto de ler. Ariadne Bodemüller de Oliveira 7º A
Menções Especiais O livro é uma obra prima,
sendo uma das mais belas, que nos prende feito rima
como flores amarelas. Emily Caroline da Silva Penz 7º A
Um livro traz emoções, encarando o bem e o mal,
e conquista corações de uma maneira legal.
Adrielle Krause Costa 7º B
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Um bom livro para a mente, é um abrigo instrucional.
O meu amigo carente: Meu livrinho, sem igual!
Júlia Kelly de Azevedo 7º B
Achei um livro perdido, nesse livro, uma emoção,
queria deixar unido com o nosso coração.
Maria Eduarda Perette 7º B
Pra fazer a boa ação, você pode um livro ler.
Como uma bela canção, cada dia se entreter.
Éric Medeiros Rogério 7º B
Livro é cheio de lembrança, faz bater o coração,
feliz como uma criança, com muito mais emoção.
Rafaela Heloísa Bortolini 6º B
Os livros são meus amigos, são brancos e coloridos, uns falam sobre inimigos
e outros são bem divertidos. Laura Reckziegel da Silva 6º B
Um bom livro é bem legal, também seu melhor amigo,
sendo sempre bem leal nestas horas de perigo. João Lucas Colla 7º A
II Concurso Estadual de Trovas da UBT Campos do Jordão/SP
Tema: "Inverno"
Vencedores
1º. Na primavera eu perfumo;
se é verão, queimo e bronzeio; no outono sou fruto – assumo!- e no inverno... eu ‘jordaneio!"
José Ouverney
(Pindamonhangaba/SP)
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2º. Partiste... e com muito jeito,
a saudade, sem desvelos, vai pondo inverno em meu peito
e neve nos meus cabelos... Domitilla Beltrame
(São Paulo/SP)
3º. Saudade é dor que não sara,
e na alma deixa sequela, inverno algum se compara,
ao frio da ausência dela! Campos Sales (São Paulo/SP)
Menção Honrosa 1ª
Esse calor que me invade, junto à lareira aquecida,
também aquece a saudade no inverno da minha vida.
Selma Patti Spinelli (São Paulo/SP)
2ª
Conserva o sorriso eterno se sofres dor tão sombria... - Pior que o frio do inverno
é manter tua alma fria! José Valdez C. Moura (Pindamonhangaba/SP)
3ª Temos sempre em todo inverno,
pinha, pinheiro e pinhão; jordanense quer eterno, seu folclore e tradição.
Nadir Nogueira Giovanelli (São José dos Campos/SP)
4ª
Olho os céus... e num segundo, a neve que o inverno traz, parece a prece do mundo:
Rogando o branco da paz!... Roberto Tchepelentyky
(São Paulo/SP)
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5ª Se vens, inverno, te aceito, submisso estou à espera,
mas te previno: em meu peito há estoques de primavera.
Elbea Priscila de Souza e Silva (Caçapava/SP)
6ª Nós somos inverno e estio em comunhão comparada
à fúria do mar bravio e a calma da madrugada…
Renata Paccola (São Paulo/SP)
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Nota sobre o Almanaque O download (gratuito) dos números anteriores em formato e-book, pode ser obtido em http://independent.academia.edu/JoseFeldman
Os textos foram obtidos na internet, em jornais, revistas e livros, ou mesmo colaboração do poeta e escritores. As imagens são montagens, cujas imagens principais foram obtidas na internet e geralmente sem autoria, caso contrário, constará no pé da figura o autor. Alguns textos obtidos na internet não possuem autoria. Este Almanaque tem a intencionalidade de divulgar os valores literários de ontem e de hoje, sejam de renome ou não, respeitando os direitos autorais. Seus textos por normas não são preconceituosos, racistas, que ataquem diretamente os meios religiosos, nações ou mesmo pessoas ou órgãos específicos. Este almanaque não pode ser comercializado em hipótese alguma, sem a
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