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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA ATIVIDADE ELETROENCEFALOGRÁFICA DE PACIENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA APRENDIZAGEM MOTORA DE UM JOGO BASEADO EM REALIDADE VIRTUAL ALINE BRAGA GALVÃO SILVEIRA FERNANDES NATAL RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

ATIVIDADE ELETROENCEFALOGRÁFICA DE PACIENTES COM

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA APRENDIZAGEM MOTORA

DE UM JOGO BASEADO EM REALIDADE VIRTUAL

ALINE BRAGA GALVÃO SILVEIRA FERNANDES

NATAL – RN

2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

ATIVIDADE ELETROENCEFALOGRÁFICA DE PACIENTES COM

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA APRENDIZAGEM

MOTORA DE UM JOGO BASEADO EM REALIDADE VIRTUAL

ALINE BRAGA GALVÃO SILVEIRA FERNANDES

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Fisioterapia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte como pré-

requisito à obtenção do Grau de Doutor.

Área de Concentração: Avaliação e

intervenção nos Sistemas Nervoso e

Musculoesquelético.

Linha de pesquisa: Aprendizagem motora,

sono, cognição e funcionalidade.

Orientadora: Profa. Dra. Tania Fernandes

Campos.

NATAL – RN

2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Coordenador da Pós-graduação em Fisioterapia:

Prof. Dr. Álvaro Campos Cavalcanti Maciel

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

ATIVIDADE ELETROENCEFALOGRÁFICA DE PACIENTES COM

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL NA APRENDIZAGEM

MOTORA DE UM JOGO BASEADO EM REALIDADE VIRTUAL

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Tania Fernandes Campos (Presidente da banca) – UFRN

Profa. Dra. Fabrícia Azevedo da Costa Cavalcanti – UFRN

Prof. Dr. Julio Cesar Paulino de Melo – UFRN

Prof. Dr. Kliger Kissinger Fernandes Rocha – Faculdade Estácio do RN

Prof. Dr. Damião Ernane de Souza – IBGE – UE/RN

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iv

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu filho

Samuel, o meu melhor e mais

perfeito projeto de doutorado.

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v

AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter me dado a vida, por ter guiado minhas escolhas e por

permitir que tantas coisas boas acontecessem em minha vida. Obrigada senhor,

por ter me dado forças e disposição para enfrentar esses anos de Doutorado, com

gravidez, bebê pequeno e mais dois empregos.

À minha família, especialmente aos meus pais, Fernando e Ana, por terem

me ensinado princípios éticos e me guiado a trilhar o caminho certo, por sempre

terem me apoiado em minhas decisões e por terem me dado colo nos momentos

mais difíceis dessa jornada; aos meus irmãos Fernanda e André, pelas palavras

de conforto e pelo apoio constante; aos meus sobrinhos, André, Bruna e Melissa,

por me proporcionarem tantos momentos de alegria; e ao meu avô, José Silveira

(in memoriam), meu eterno primeiro paciente e incentivador da minha escolha

pela Fisioterapia.

Ao meu lindo e esperto filho, meu melhor e mais perfeito projeto de

Doutorado, por tudo que é e representa pra mim, minha fonte de maior alegria e

realização, por ter recarregado, e muitas vezes descarregado minhas baterias.

Mamãe ama você demais!

Ao meu querido e amado esposo, Jefferson, por ter me dado a

oportunidade de amá-lo e ser amada por ele, por me apoiar e acreditar mais em

mim do que eu mesma acredito, por ter abdicado das suas atividades

profissionais e de lazer para me ajudar na confecção da tese, por ter dado apoio

ao nosso filho enquanto eu estava ausente e por estar sempre ao meu lado. Te

amo muito. Não conseguiria imaginar esse momento sem você.

Aos meus amigos de ontem, hoje e sempre, Denise, Ana Tereza, Marina,

Raquel e Lukas por estarem presentes em todos os momentos importantes de

minha vida.

Às minha amigas do Centro de Reabilitação do Adulto, por terem me

apoiado, coberto as minhas ausências, pela compreensão em todos os momentos

de estresse e por termos formado uma verdadeira família nesse tempo juntas.

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vi

À minha amiga, parceira, confidente, companheira de coletas e angústias,

Débora Carvalho, pela companhia tão agradável que é estar ao seu lado, por ser

sempre tão prestativa e cuidadosa comigo, por me achar mais do que eu

realmente sou. Obrigada pelas risadas, pelo apoio, pelas conversas fiadas ao final

das coletas e pela alegria que você emana por onde passa.

A todos do grupo de pesquisa de Tania, especialmente aos que me

ajudaram nas coletas. Jacilda e Deyvson, vocês foram de suma importância

nessa jornada. Matheus, Maria Júlia, Bruna e Herta, sou muito grata por vocês

terem me ajudado e despendido parte do tempo de vocês para o estudo.

À minha eterna orientadora, Tania Campos, uma pessoa determinada

como poucas, dedicada aos estudos, inteligente, sábia, estudiosa; mulher

guerreira, que luta pela vida, que ama a Deus sobre todas as coisas. O nosso

vínculo, tenho certeza que será eterno. Você me ensinou muito mais do que pode

imaginar, muito mais do que conhecimentos científicos e técnicos, você me

ensinou a ser uma pessoa melhor. Obrigada pelo tempo, dedicação e confiança

em mim depositados.

Aos colegas do grupo de discussão em EEG: Professor Julio, Kim, Nathália

e Rafael, por terem me ajudado a desvendar os “mistérios” do processamento do

EEG e por termos compartilhado tanto conhecimento entre áreas diferentes. Sem

vocês esse trabalho não seria possível.

À banca examinadora, pelas considerações expostas, sempre buscando a

melhoria do trabalho.

Aos meus queridos pacientes, exemplos de perseverança e dedicação,

provas de que sempre poderemos superar obstáculos, por mais relevantes que

sejam.

Ao pessoal de apoio do Departamento de Fisioterapia, por sempre serem

tão solícitos a fazerem o que precisávamos.

A todos que contribuíram de alguma forma para a realização deste

trabalho, meus agradecimentos.

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vii

SUMÁRIO

Lista de Tabelas ix

Lista de Figuras x

RESUMO xii

ABSTRACT xiv

1. INTRODUÇÃO 1

1.1. Acidente Vascular Cerebral 2

1.2. Neuroplasticidade 3

1.3. Reabilitação de pacientes com AVC 4

1.4. Realidade Virtual 5

1.5. Aprendizagem Motora 7

1.6. Eletroencefalografia 8

2. JUSTIFICATIVA 10

3. HIPÓTESES 12

4.OBJETIVOS 14

4.1.Objetivo geral 15

4.2. Objetivos específicos 15

5. MATERIAIS E MÉTODOS 16

5.1. Caracterização da pesquisa 17

5.2. Local da pesquisa 17

5.3. População e amostra 17

5.3.1. População 17

5.3.2. Critérios de inclusão 17

5.3.3. Critérios de exclusão 17

5.3.4. Critérios de decontinuidade do estudo 18

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viii

5.3.5. Amostra 18

5.4. Aspectos Éticos 18

5.5. Instrumentos 18

5.6. Procedimentos 21

5.7. Processamento e Análise dos Dados 25

6. RESULTADOS 30

6.1. Caracterização da amostra 31

6.2. Comparações da atividade eletroencefalográfica entre a avaliação e

a retenção

32

6.3. Comparações do desempenho no jogo entre a avaliação e a

retenção e correlações com a atividade eletroencefalográfica

42

7. DISCUSSÃO 44

7.1. Caracterização da amostra 45

7.2. Comparações da atividade eletroencefalográfica entre a avaliação e

a retenção

45

7.3. Comparações do desempenho no jogo entre a avaliação e a

retenção e correlações com a atividade eletroencefalográfica

50

7.4. Contribuições para a Fisioterapia Neurológica 52

8. CONCLUSÕES 55

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58

APÊNDICES 67

ANEXOS 71

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ix

Lista de Tabelas

Tabela 1. Eletrodos do Emotiv EPOC e sua correspondência anatômica de

áreas cerebrais.

21

Tabela 2. Comparação das características sociodemográficas e clínicas

estabelecidas em média e desvio padrão entre os grupos de pacientes

com lesão cerebral direita (PD) e esquerda (PE) por meio do teste T não-

pareado.

31

Tabela 3. Correlação entre o desempenho no jogo (Erro Absoluto) e a

potência de ativação nas frequências “Low Alfa”, “High Alfa” e Beta nos

canais através do teste de correlação de Pearson.

43

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x

Lista de Figuras

Figura 1. “Headset” do Emotiv EPOC. 20

Figura 2. Disposição dos 14 canais do Emotiv EPOC . 20

Figura 3. Dispositivo kinect. 21

Figura 4. “Headset” do Emotiv EPOC posicionado na cabeça do

participante.

22

Figura 5. Tela do Emotiv Control Panel indicando boa captação dos sinais

dos eletrodos.

23

Figura 6. Tela do Test Bench com o registro do EEG bruto. 24

Figura 7. Participante jogando dardos em ambiente virtual usando o

Emotiv EPOC.

24

Figura 8. Desenho do estudo. 25

Figura 9. Esquema do processamento dos dados de EEG no MatLab,

EEGLab e Excel.

26

Figura 10. Tela do EEGLab mostrando o recorte do ruído provocado pelo

lançamento do dardo.

27

Figura 11. Pontuação de cada tentativa e fórmula usada para medida de

erro absoluto.

28

Figura 12. Diagrama com os principais motivos de exclusão na

composição da amostra do estudo.

31

Figura 13. Média e desvio padrão da potência de ativação na banda de

frequência “Low Alfa” dos pacientes em 8 canais. Os maiores valores de

potência indicam uma menor ativação cerebral e os menores valores

indicam uma maior ativação cerebral. (*) Diferença significativa entre a

avaliação e retenção em cada grupo, PD e PE.

34

Figura 14. Média e desvio padrão do escore de assimetria na banda de

frequência “Low Alfa” nas áreas cerebrais nos grupos PD e PE na

avaliação e na retenção. Os maiores valores indicam maior ativação do

35

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xi

hemisfério esquerdo e os menores valores indicam maior ativação do

hemisfério direito. (*) Diferença significativa entre a avaliação e retenção

em cada grupo

Figura 15. Média e desvio padrão da potência de ativação na banda de

frequência “High Alfa” dos pacientes em 8 canais. Os maiores valores de

potência indicam uma menor ativação cerebral e os menores valores

indicam uma maior ativação cerebral. (*) Diferença significativa entre a

avaliação e retenção em cada grupo, PD e PE.

37

Figura 16. Média e desvio padrão do escore de assimetria na banda de

frequência “High Alfa” nas áreas cerebrais nos grupos PD e PE na

avaliação e na retenção. Os maiores valores indicam maior ativação do

hemisfério esquerdo e os menores valores indicam maior ativação do

hemisfério direito. (*) Diferença significativa entre a avaliação e retenção

em cada grupo

38

Figura 17. Média e desvio padrão da potência de ativação na banda de

frequência Beta dos pacientes em 8 canais. Os maiores valores de

potência indicam uma maior ativação cerebral e os menores valores

indicam uma menor ativação cerebral. (*) Diferença significativa entre a

avaliação e retenção em cada grupo, PD e PE

40

Figura 18. Média e desvio padrão do escore de assimetria na banda de

frequência “Beta” nas áreas cerebrais nos grupos PD e PE na avaliação e

na retenção. Os maiores valores indicam maior ativação do hemisfério

direito e os menores valores indicam maior ativação do hemisfério

esquerdo. (*) Diferença significativa entre a avaliação e retenção em cada

grupo

41

Figura 19. Média e desvio padrão do erro absoluto dos grupose pacientes

com lesão cerebral direita (PD) e esquerda (PE) na avaliação e na

retenção.

42

Figura 20. Modelo da aprendizagem motora no jogo de dardos virtual. 54

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RESUMO

O AVC é a principal causa de incapacidade a longo prazo entre os adultos e a

aprendizagem motora é primordial na reabilitação das sequelas motoras. Sendo

assim, diversas técnicas têm sido propostas para alcançar este fim, dentre elas a

Realidade Virtual (RV), que simula o ambiente do mundo real. O objetivo do

estudo foi avaliar a atividade eletroencefalográfica de pacientes com AVC na

aprendizagem motora de um jogo baseado em realidade virtual. Participaram do

estudo 10 pacientes com AVC crônico, destros, sendo 5 com lesão cerebral

esquerda (PE), com idade média de 48,8 anos (± 4,76) e 5 com lesão à direita

(PD), com idade média de 52 anos (± 10,93). Os participantes foram avaliados

quanto à atividade eletroencefalográfica (EEG) e ao desempenho na realização

de 15 repetições do jogo de dardos no XBOX Kinect e também por meio do

NIHSS, MEEM, Fugl-Meyer e da escala de Ashworth modificada. Os pacientes

foram submetidos a um treino com 45 repetições do jogo de dardos virtual, sendo

12 sessões em 4 semanas. Após o treino, os pacientes foram submetidos à

reavaliação da atividade do EEG e do desempenho no jogo de dardos virtual (fase

de retenção). Os dados foram analisados através da ANOVA de medidas

repetidas. De acordo com os resultados, houve diferença entre os grupos (PD e

PE) nas frequências “Low Alfa” (p=0,0001), “High Alfa” (p=0,0001) e Beta

(p=0,0001). Verificou-se um aumento das potências de ativação de Alfa e

diminuição de Beta do grupo PD na fase de retenção. No grupo PE, foi observado

o aumento da potência de ativação de Alfa, porém sem diminuição da ativação de

Beta. Considerando o escore de assimetria, o grupo PD aumentou a ativação

cerebral no hemisfério esquerdo com a prática nas áreas frontais, no entanto, o

grupo PE apresentou maior ativação do hemisfério direito nas áreas fronto-

central, temporal e parietal. Quanto ao desempenho, foi observada uma

diminuição do erro absoluto no jogo para o grupo PD entre a fase de avaliação e

retenção (p=0,015), porém essa diferença não foi observada para o grupo PE

(p=0,135). Conclui-se então que os pacientes com lesão cerebral direita se

beneficiaram mais do treino do jogo de dardos em ambiente virtual no que diz

respeito ao processo de aprendizagem motora, diminuindo o esforço neural em

áreas ipsilesionais e os erros com a prática da tarefa. Em contrapartida, pacientes

com lesão no hemisfério esquerdo diminuem o esforço neural em áreas

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contralesionais importantes para a aprendizagem motora e não apresentaram

melhoras do desempenho com a prática de 12 sessões do jogo de dardos virtual.

Sendo assim, a RV pode ser utilizada na reabilitação do membro superior de

pacientes com AVC, porém a lateralidade da lesão deve ser considerada na

programação do protocolo de aprendizagem motora.

Palavras-chave: Transtornos Cerebrovasculares, Extremidade Superior, Paresia,

Eletroencefalografia, Desempenho Psicomotor.

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ABSTRACT

Stroke is the leading cause of long-term disability among adults and motor

relearning is essential in motor sequelae recovery. Therefore, various techniques

have been proposed to achieve this end, among them Virtual Reality. The aim of

the study was to evaluate electroencephalographic activity of stroke patients in

motor learning of a virtual reality-based game. The study included 10 patients with

chronic stroke, right-hande; 5 with left brain injury (LP), mean age 48.8 years (±

4.76) and 5 with injury to the right (RP), mean age 52 years (± 10.93). Participants

were evaluated for electroencephalographic (EEG) activity and performance while

performing 15 repetitions of darts game in XBOX Kinect and also through the

NIHSS, MMSE, Fugl-Meyer and the modified Ashworth scale. Patients underwent

a trainning with 45 repetitions of virtual darts game, 12 sessions in four weeks.

After training, patients underwent reassessment of EEG activity and performance

in virtual game of darts (retention). Data were analyzed using ANOVA for repeated

measures. According to the results, there were differences between the groups

(PD and PE) in frequencies Low Alpha (p = 0.0001), High Alpha (p = 0.0001) and

Beta (p = 0.0001). There was an increase in alpha activation powers and a

decrease in beta in the phase retention of RP group. In LP group was observed

increased alpha activation potency, but without decrease in beta activation.

Considering the asymmetry score, RP group increased brain activation in the left

hemisphere with the practice in the frontal areas, however, LP group had

increased activation of the right hemisphere in fronto-central areas, temporal and

parietal. As for performance, it was observed a decrease in absolute error in the

game for RP group between assessment and retention (p = 0.015), but this

difference was not observed for LP group (p = 0.135). It follows then that the right

brain injury patients benefited more from darts game training in the virtual

environment with respect to the motor learning process, reducing neural effort in

ipsilesionais areas and errors with the practice of the task. In contrast, patients

with lesions in left hemisphere decrease neural effort in contralesionais areas

important for motor learning and showed no performance improvements with

practice of 12 sessions of virtual dart game. Thus, the RV can be used in

rehabilitation of stroke patients upper limb, but the laterality of the injury should be

considered in programming the motor learning protocol.

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Key-words: Cerebrovascular Disorders, Upper Extremity, Paresis,

Electroencephalography, Psychomotor Performance.

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1. INTRODUÇÃO

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2

1.1. Acidente Vascular Cerebral

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é definido como o surgimento agudo

de um comprometimento da função cerebral, com duração maior do que 24 horas,

resultante de uma insuficiência de suprimento sanguíneo cerebral, a qual

interrompe o fornecimento de oxigênio e nutrientes, causando danos ao tecido

cerebral1.

Essa patologia vem sendo considerada um importante problema de saúde

pública no mundo, e é a causa principal de mortalidade no Brasil2,3, que também

apresenta o mais alto índice de morte da América Latina, sendo assim

considerada uma doença ainda muito negligenciada no país, devido as poucas

ações e o baixo orçamento na prevenção e tratamento desta doença4,5,6.

O AVC é a principal causa de incapacidade a longo prazo entre os adultos,

com até 50% dos sobreviventes apresentando déficits sensório-motores

residuais7. O comprometimento mais prevalente nos pacientes é a

hemiplegia/hemiparesia contralateral à lesão cerebral, podendo acometer,

isoladamente ou de forma combinada, os membros superiores, membros

inferiores e a face. Em geral, o membro superior parético apresenta déficit motor

mais acentuado do que o membro inferior parético8,9.

Estudos de especialização hemisférica mostram que indivíduos com lesão

cerebral no hemisfério esquerdo apresentam déficit no controle da trajetória do

movimento devido a um comprometimento da coordenação multi-articular10. O

hemisfério cerebral esquerdo é mais predominantemente envolvido no

planejamento motor do que o direito, sendo responsável pela seleção de padrões

motores, ou seja, dos objetivos e estratégias motoras que devem ser seguidas

pelos dois hemicorpos11. Por outro lado, indivíduos com lesão cerebral direita

apresentam déficits no controle posicional, visto que este hemisfério está mais

diretamente envolvido no controle da posição final do movimento e com o

processamento visuoespacial10.

As sequelas provocadas pelo AVC implicam em algum grau de

dependência funcional, principalmente no primeiro ano, com cerca de 30 a 40%

dos sobreviventes impedidos de voltarem ao trabalho e requerendo algum tipo de

auxílio no desempenho de atividades cotidianas12. O uso funcional do membro

superior acometido está comprometido em aproximadamente 80% dos pacientes

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no estágio agudo de recuperação e 40% cronicamente, limitando movimentos

efetivos e os níveis de atividade e participação do indivíduo na comunidade13.

Dessa forma, as sequelas apresentadas pelos pacientes após insulto

neurológico e mais marcadamente o comprometimento motor é resultante das

mudanças plásticas, ou seja, da neuroplasticidade do tecido neural destes

indivíduos, como resultado da excitabilidade diminuída e do não uso dos

membros afetados após a injúria, culminando na redução da representação

cortical destas áreas14.

1.2. Neuroplasticidade

A neuroplasticidade pode ser definida como a capacidade do sistema

nervoso para responder a estímulos intrínsecos e extrínsecos através da

reorganização de sua estrutura, função e conexões, sendo um conceito amplo

que se estende desde a resposta a lesões traumáticas destrutivas até as sutis

alterações resultantes dos processos de aprendizagem e memória. Tal

plasticidade pode ser vista como adaptativa quando associada com um ganho de

função ou como mal-adaptativa quando associada a consequências negativas,

tais como a perda de função ou aumento da lesão. Além disso, a plasticidade

adaptativa deve ser diferenciada de comportamentos compensatórios, que são

aqueles diferentes dos que estão operativos nas redes neurais que normalmente

suportam o comportamento antes de início da doença15,16,17.

A recuperação devido a lesão cerebral pode ocasionar tanto a

neuroplasticidade adaptativa e mal-adaptativa, que podem ocorrer

simultaneamente16.

Diante de uma lesão cerebral, dois processos podem ocorrer a nível

neuronal: a recuperação e a compensação. A recuperação é caracterizada por

uma reativação de áreas cerebrais desativadas devido ao AVC, refere-se à

restituição ou reparação de estruturas ao seu estado original. Embora não seja

esperado que ocorra na área primária da lesão cerebral, pode ocorrer em zonas

em torno da lesão (penumbra) e em áreas de diásquise. Já a compensação é

caracterizada pela ativação de áreas cerebrais alternativas, que normalmente não

são observadas em indivíduos sem lesão cerebral17.

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4

De fato, grande parte da recuperação após o AVC ocorre devido à

plasticidade cerebral, com algumas áreas do cérebro assumindo as funções

anteriormente desempenhadas pelas regiões lesionadas. Os mecanismos

propostos incluem: redundância de circuitos cerebrais com caminhos alternativos,

revelação de redes neurais já existentes, mas funcionalmente inativas e

brotamento de fibras neuronais sobreviventes com formação de novas

sinapses18,19.

Sendo assim, áreas corticais em ambos os hemisférios cerebrais podem

estar envolvidas na recuperação motora, porém, estudos de imagem mostram

que ativações maiores no córtex motor ipsilesional estão associadas a um maior

potencial de recuperação, enquanto que ativações bilaterais e do córtex motor

contralesional estão relacionados a comprometimentos motores mais

graves17,19,20. De fato, em pacientes com AVC, a melhora do movimento do braço

e da mão, além de escores clínicos foi encontrada em correlação com na

ampliação do mapa da região da mão no córtex ipsilesional18.

A evidência da ocorrência de reorganização neural após o AVC pode

também conduzir ao desenvolvimento de novas intervenções que promovam a

reabilitação desses pacientes. Estudos utilizando técnicas de neuroimagem e

neurofisiológicas para identificar alterações na atividade metabólica e conexões

anatômicas cerebrais para investigar a dinâmica dos circuitos motores pós-AVC

indicam que áreas motoras ipsilesionais podem contribuir significativamente para

a movimentação do membro acometido21.

1.3. Reabilitação de pacientes com AVC

A recuperação funcional dos pacientes que sofreram AVC torna-se o foco

principal da reabilitação deles. As terapias baseadas em movimentos ativos para

reabilitação de pacientes com AVC promovem alterações plásticas neuronais no

córtex sensoriomotor do hemisfério cerebral lesionado, aumentando a sua

ativação e diminuindo a ativação do córtex contralesional. Essas alterações são

acompanhadas de ganhos motores funcionais da extremidade superior,

resultando em uma maior habilidade para realizar as atividades de vida

diárias22,23.

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5

Interessante observar que essas mudanças ocorrem também em pacientes

na fase crônica de recuperação do AVC. Pacientes que supostamente estão em

um platô na recuperação motora (mais de um ano de AVC) podem apresentar

melhora substancial na capacidade motora após participar de novos protocolos de

reabilitação que requerem uma prática motora repetida e com tarefas específicas,

devido as alterações neurais e funcionais24.

Desse modo, a recuperação motora do membro superior em pacientes com

AVC é uma meta importante da reabilitação, podendo ser caracterizada como um

processo de "reaprender" como mover-se para responder de forma satisfatória às

demandas da vida diária25,26,27. No campo da Fisioterapia, os princípios da

aprendizagem motora tornaram-se recentemente foco de atenção para os

pacientes com AVC. A aprendizagem de habilidades motoras é particularmente

atraente, já que o aumento da performance sensório-motora induzida pela prática

apoia o desenvolvimento de novas aptidões (habilidades), que fornecem a

flexibilidade necessária para se adaptar às novas condições28.

Por isso, diversas intervenções terapêuticas têm sido mostradas para ter

um efeito positivo na recuperação neurológica da função motora do membro

superior29. Estudos recentes têm sugerido que, para ocorrer neuroplasticidade o

treino deve ser desafiador, repetitivo, tarefa-específico, intensivo e motivador.

Como um resultado das limitações da Fisioterapia convencional, novas

estratégias têm emergido recentemente, objetivando o desenvolvimento de

habilidades motoras, melhorando a plasticidade dependente da experiência,

incluindo atividades usando robótica e tecnologia de Realidade Virtual (RV)30.

1.4. Realidade Virtual

A RV é uma simulação do ambiente do mundo real que é gerado através

de software de computador e experimentado pelo usuário através de uma

interface homem-máquina31, proporcionando aos usuários a repetição intensiva

de tarefas complexas direcionadas por estímulos visuais e auditivos, criando uma

interação dinâmica indivíduo-tarefa, ambiente motivador e feedback imediato

sobre o desempenho e os resultados, estimulando a aprendizagem de habilidades

motoras e o controle motor de comportamentos complexos32.

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6

O treinamento em ambiente virtual é baseado no pressuposto de que o

conhecimento ou habilidades adquiridas em um mundo virtual serão transferidas

para o mundo real. Desse modo, consoles de realidade virtual vêm sendo

utilizados em variadas pesquisas com pacientes neurológicos, visando avaliar sua

eficácia e efetividade33.

A realidade virtual induz alterações plásticas dependentes do uso, em

resposta à estimulação de áreas motoras mais altas, recrutando o sistema de

memória motora, que contem os programas motores armazenados. Assim, essas

intervenções interativas da realidade virtual estão baseadas na ideia de que a

estimulação do sistema de processamento da ação, em contrapartida, ativa áreas

corticais envolvidas na execução dos movimentos34.

Essas características dos jogos permitem a ativação do sistema de

neurônios-espelho, os quais são ativados durante a execução ou observação de

ações. Recentes evidências sugerem um papel importante desse sistema de

neurônios para melhorar e mesmo explicar a recuperação motora de pacientes.

Nesse sentido, a observação da ação em associação com o treino físico pode

aumentar os efeitos do treino motor na reabilitação de pacientes com

AVC35,36,37,38.

Desse modo, a execução e observação do movimento orientado à tarefa

oferece feedback sensorial de suas ações, em termos de padrões de movimento

e dos resultados do mesmo, e esse feedback tem sido mostrado como facilitador

para a aprendizagem motora39.

Segundo Cameirão et al. (2011), os resultados provenientes da

comparação de pacientes hemiparéticos que utilizaram o sistema de jogos de

reabilitação e seu grupo controle, o qual foi submetido à terapia ocupacional e uso

de jogos interativos não específicos, mostra que os primeiros tiveram melhor

desempenho ao final do treinamento, tanto na velocidade de movimento do

membro superior parético quanto na pontuação em escalas clínicas39.

A lateralidade da lesão parece influenciar os efeitos da utilização da RV na

reabilitação de pacientes com AVC. Fernandes et al. (2014)40 investigaram os

efeitos imediatos de um treino com tênis de mesa virtual e observaram que os

pacientes com lesão cerebral direita se beneficiaram mais do treino no que diz

respeito à angulação de ombro e cotovelo no movimento de beber água.

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7

A indústria de jogos vem desenvolvendo uma variedade de sistemas de

realidade virtual acessíveis ao uso pelos pacientes34. Nesse sentido, o videogame

XBOX 360® possui um dispositivo auxiliar, o Kinect, o qual faz uma captura do

movimento do jogador, sendo desnecessária a utilização de um controle. Devido

ao dispositivo Kinect fazer um mapeamento do movimento do jogador, o jogo

exige um controle maior do movimento realizado, visto que o jogador só obtem

êxito com a realização do padrão de movimento necessário ao jogo.

A revisão sistemática de Laver et al. (2015)32 constatou que há melhora da

função do membro superior e da limitação de atividade de pacientes com AVC ao

serem submetidos a terapias baseadas em realidade virtual em comparação com

terapias controles. Porém, os estudos não fazem a utilização da RV em pacientes

com AVC sob a ótica e seguindo princípios da aprendizagem motora.

1.5. Aprendizagem motora

O termo aprendizagem motora se refere à habilidade de gradualmente

melhorar o desempenho de uma atividade recentemente adquirida, usualmente

por meio de sessões de treinamento. Esse aprimoramento do desempenho de

base de uma habilidade particular deve durar por períodos longos de tempo41,42.

De fato, a prática induz alterações uso-dependentes em redes funcionais de

conexões cerebrais, as quais são conhecidas por representar a memória motora.

A memória motora é definida como uma representação da ação motora em todas

as suas formas que é adquirida por meio da prática ou experiência43.

Os métodos de investigação de aprendizagem motora envolvem algumas

fases. Inicialmente é avaliada a habilidade do indivíduo em realizar uma

determinada atividade, tarefa ou exercício na sua linha de base. Logo depois, o

indivíduo é submetido à etapa de aquisição da tarefa, a qual consiste na prática

da habilidade a ser aprendida em um período de treino. Após a fase de aquisição,

o indivído deve ser submetido ao teste de retenção, o qual é feito da mesma

forma da avaliação. A retenção pode ser de curto prazo (antes de 24h do treino)

ou de longo prazo (após 24h do treino). A retenção de curto prazo está

relacionada à memória de curto-prazo, já a retenção de longo prazo se refere à

consolidação da memória motora da habilidade adquirida43.

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8

O processo de aprendizagem motora pode ser quantificado. Os métodos

de investigação podem envolver medidas de produto e processo. As medidas de

produto final ou de resultado envolvem abordagens comportamentais, de

desempenho motor, tais como precisão, latência e magnitude da resposta e

velocidade de realização do movimento. As medidas de processo envolvem a

análise do padrão de movimento realizado ou mesmo alterações neurofisiológicas

que são necessários para atingir o produto final, dentre elas temos as abordagens

biomecânicas, sendo elas a cinemática e cinética do movimento; e abordagens

neurofisiológicas, sendo elas a eletromiografia (EMG), exames de imagem

cerebral e eletroencefalografia (EEG). As medidas de EEG são utilizadas para

explicar qual área e qual tipo de onda cerebral são responsáveis pela execução

de diferentes tarefas42.

A aprendizagem motora de pacientes com AVC já é bem documentada na

literatura, induzindo alterações plásticas neuronais uso-dependentes44. Porém,

existem poucos estudos que utilizam os princípios da aprendizagem motora em

ambientes virtuais, e não existem estudos especialmente quando se diz respeito a

medidas eletroencefalográficas.

1.6. Eletroencefalografia (EEG)

A EEG é o registro da atividade elétrica cerebral, em diferentes regiões do

córtex, realizado através de eletrodos posicionados em regiões específicas no

escalpo. A atividade elétrica do cérebro, resultante da comunicação eletroquímica

entre seus neurônios, corresponde ao fluxo de informações e acontece em

regiões distintas em função da atividade executada45. O EEG de escalpo fornece

medidas robustas da função dinâmica dos neurônios piramidais do neocórtex. Um

único eletrodo fornece estimativas da média da ação sináptica do tecido neural

contendo entre aproximadamente 100 milhões e 1 bilhão de neurônios46.

A atividade rítmica no córtex é caracterizada por sua frequência, sendo

caracterizada por 5 bandas independentes principais: delta – δ (0.5-4Hz),

indicando sonolência, relaxamento ou excitação, caso ondas delta sejam

suprimidas; teta- θ (4-8Hz), indicando estado de meditação profunda e

automatismos; alfa - α (8-15), estado de alerta relaxado, descanso e meditação;

beta - β (15-30Hz), indicando estado de alerta, engajamento e processo

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consciente de informação; e gama γ (mais de 30Hz) indicando percepção,

atenção e resolução de problemas45,47.

Pesquisas que utilizam a avaliação eletroencefalográfica no processo de

aprendizagem motora observaram que pessoas mais habilidosas em uma

determinada tarefa apresentam maior eficiência, efetividade e menos esforço

mental no processamento de informações do cérebro, principalmente dos lobos

frontais e temporais, do que pessoas novatas naquela tarefa. Sendo assim,

quanto maior a atividade alfa, maior a sincronia neural, menor o esforço mental e,

consequentemente, melhor o desempenho. A atividade alfa é importante nas

pesquisas em aprendizagem motora porque pode indicar se houve ou não

aprendizado45,48.

De fato, não só o ritmo alfa, mas também o ritmo beta foram investigados

em estudos de processamento de ação. Ritmos nestas faixas de freqüência

podem estar relacionados com a codificação neural comum de ação e percepção,

estando intimamente ligados à alocação de atenção visuo-espacial, e à ativação

do córtex sensorial e motor49.

Diante do exposto, observa-se que para a relização da Fisioterapia

neurológica nos pacientes é imprescindível utilizar métodos e técnicas baseadas

em princípios de aprendizagem motora e que os jogos de realidade virtual podem

ser um dos melhores meios para a realização do tratamento desses pacientes.

Assim, se faz importante saber como se dá a aprendizagem motora dos pacientes

com AVC em jogos baseados em realidade virtual, utilizando medidas de

processo (neurofisiológicas – EEG) e de resultado (comportamental –

desempenho motor), buscando as alterações na fase de retenção e a influência

da lateralidade da lesão cerebral.

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2. JUSTIFICATIVA

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Diante da alta incidência e prevalência do AVC no cenário mundial, a

Fisioterapia tem atuado de maneira a desenvolver estratégias cada vez mais

eficazes para recuperação motora e funcional deste grupo de pacientes,

reabilitando os pacientes a realizarem suas atividades diárias. Assim, a

Fisioterapia deve fornecer o maior número de fatores possíveis que promovam

uma reorganização cortical satisfatória e uma recuperação motora e funcional.

Por isso, torna-se importante trabalhar com métodos e técnicas baseadas

nos princípios de aprendizagem motora, nos aspectos que dizem respeito ao

indivíduo ativo no processo e motivado; ao ambiente com estímulos, enriquecido;

e à pratica, que deve ser intensiva, com muitas repetições para facilitar a

aquisição da habilidade motora requerida. De fato, a prática induz alterações

plásticas neuronais em várias áreas cerebrais, mas principalmente em áreas

relacionadas à memória motora.

Nesse sentido, os jogos baseados em realidade virtual, por sua natureza

estimulante, integrativa, com aferências sensoriais diversas, formas de feedback

de resultado, oferecem um ambiente enriquecido, aumento do número de

repetições e motivação melhorando a função motora do membro superior

acometido em pacientes com AVC. Porém, precisa ser mais estudada para serem

observados também os seus efeitos no processo de aprendizado de habilidades

motoras.

Assim, se faz importante saber como se dá o processo de aprendizagem

motora nos pacientes com AVC em ambientes virtuais, com medidas de produto e

de processo, dando mais ênfase à segunda medida, pela importância de observar

nessa população quais alterações neurofisiológicas ocorrem durante a prática em

ambientes virtuais, promovendo a melhora do desempenho da atividade.

É nesse ponto que a utilização da eletroencefalografia, que já vem sendo

utilizada em estudos relacionados à aprendizagem motora, é uma ferramenta

importante para observar o padrão de ativação cerebral associado à

aprendizagem motora, principalmente no que diz respeito ao aumento da

amplitude das ondas alfa.

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3. HIPÓTESES

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O presente estudo possui a hipótese de que ocorrem alterações

eletroencefalográficas e de desempenho em decorrência do processo de

aprendizagem mototra de pacientes com AVC crônico no jogo de dardos virtual.

Porém esses resultados podem depender da lateralidade da lesão cerebral.

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4. OBJETIVOS

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4.1. Objetivo geral

Avaliar a atividade eletroencefalográfica de pacientes com AVC crônico na

aprendizagem motora de um jogo baseado em realidade virtual.

4.2. Objetivos específicos

- Avaliar a atividade de EEG nos espectros de frequência “Low Alfa”, “High Alfa” e

Beta, antes e depois do treino com o jogo de realidade virtual, para verificar o

efeito da intervenção na ativação das áreas cerebrais e na aprendizagem motora;

- Analisar a atividade de EEG entre os hemisférios cerebrais, a fim de observar

qual hemisfério cerebral apresenta maior ativação, antes e após a intervenção;

- Analisar o desempenho motor (erro absoluto) dos participantes, verificando a

diferença do número de erros entre as fases de avaliação e retenção;

- Correlacionar a atividade de EEG (frequência de ondas) com o desempenho

motor (erro absoluto) obtido no jogo de realidade virtual.

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5. MATERIAIS E MÉTODOS

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5.1. Caracterização da Pesquisa

Foi realizado um estudo do tipo quase-experimental, o qual consiste em um

estudo de intervenção com apenas um grupo, sem a presença de um outro grupo

que realize uma terapia controle50.

5.2. Local da Pesquisa

A pesquisa foi realizada no Laboratório de Intervenção e Análise do

Movimento Humano (LIAM) do Departamento de Fisioterapia da Universidade

Federal Rio Grande do Norte (UFRN).

5.3. População e amostra

5.3.1. População

A população do estudo foi constituída de pacientes com diagnóstico de

AVC estabelecido pelo neurologista que se encontravam em tratamento

fisioterapêutico ou em listas de espera de unidades de fisioterapia da cidade do

Natal-RN.

5.3.2. Critérios de inclusão

Foram selecionados para o estudo os pacientes de ambos os sexos, que

possuissem diagnóstico de primeiro episódio do AVC comprovado por exame de

imagem, lesão cerebral unilateral, tempo de lesão a partir de 6 meses, destros e

com até 70 anos de idade.

5.3.3. Critérios de exclusão

Os pacientes que possuíam sinais de negligência unilateral, deficiência

auditiva e visual primária não corrigidas e que tinham pontuação do MEEM menor

do que o ponto de corte estabelecido por Brucki et al. (2003)51 não fizeram parte

do estudo. Além disso, os indivíduos que não possuíssem alguma habilidade de

movimento do membro superior afetado e tivessem a capacidade de manter-se

em posição ortostática, com ou sem dispositivos de auxílio à marcha seriam

excluídos devido à importância desses fatores para a realização do jogo proposto.

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5.3.4. Critérios de descontinuidade do estudo

Durante a avaliação e treinamento, os participantes que apresentassem

sintomas de mal-estar, cansaço excessivo ou dor, seriam excluídos. Além disso,

os pacientes que se ausentassem em mais do que 2 dias de treinamento também

seriam excluídos.

5.3.5. Amostra

A amostra foi constituída por 10 pacientes, sendo 5 com lesão cerebral à

esquerda (PE) e 5 com lesão à direita (PD).

5.4. Aspectos Éticos

Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Onofre Lopes sob parecer no 978.349 (Anexo 1), sendo respeitados

os aspectos éticos da Resolução no 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A

participação dos sujeitos na pesquisa foi de caráter voluntário, sem fins lucrativos.

Após serem explicados os objetivos e procedimentos da pesquisa os participantes

assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE (Apêndice 1),

concordando com a participação no estudo.

5.5. Instrumentos

Os dados demográficos, antropométricos e clínicos foram coletados por

meio de uma ficha de avaliação (Apêndice 2).

O exame neurológico dos pacientes foi realizado por meio da National

Institute Health Stroke Scale (NIHSS), uma escala para avaliação do grau de

comprometimento neurológico, específica para o AVC (Anexo 2)52,53. A escala

avalia comprometimentos no nível de consciência, movimentos extraoculares,

campo visual, função dos músculos faciais, força dos membros, função sensória,

coordenação (ataxia), linguagem (afasia), fala (disartria) e negligência unilateral.

Os escores variam de 0 a 42. Os pontos de corte utilizados são: 0 a 5 = leve; 6 a

13 = moderado; 14 ou mais = grave. Pode ser aplicada por qualquer profissional

da área da saúde, com excelente confiança e validade, sendo muito utilizado em

estudos e pesquisas54,55.

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O estado cognitivo dos participantes foi avaliado por meio do Mini Exame

do Estado Mental (MEEM), protocolo que vem sendo largamente utilizado em

estudos, pesquisa e prática clínica. Consiste em uma avaliação rápida da

orientação espacial e temporal, memória imediata, atenção e cálculo, evocação

tardia, linguagem e capacidade construtiva visual (Anexo 3), e fornece um escore

que varia de 0 a 30, sendo 30 a ausência de comprometimento cognitivo51,56.

A avaliação motora dos pacientes foi realizada por meio da aplicação do

sub-item de membro superior da Escala de Fugl-Meyer (Anexo 5). Esta escala é

amplamente utilizada na prática clinica para mensuração quantitativa da

capacidade sensório-motora de pacientes neurológicos57. O sub-item de membro

superior avalia especificamente a atividade reflexa, movimentos isolados,

padrões sinérgicos e não sinérgicos de movimento, controle do punho, atividades

da mão, além de testar a coordenação e velocidade do movimento. Os escores

dessa escala variam entre 0 e 66. Os escores de membro superior podem ser

divididos em três categorias: comprometimento leve (58 a 66), moderado (39 a

57) e grave (0 a 38)58.

A avaliação subjetiva do tônus muscular foi feita através da Escala de

Ashworth Modificada, a qual gradua o tônus de acordo com a resistência

percebida durante a movimentação passiva das articulações, classificando os

segmentos acometidos de 0 (tônus muscular normal) a 5 (parte afetada rígida em

flexão ou extensão) (Anexo 6). Neste estudo, a avaliação do tônus muscular foi

realizada no membro superior parético, nas articulações do ombro, cotovelo e

punho59.

A atividade eletroencefalográfica foi captada por meio do Emotiv EPOC,

dispositivo de eletroencefalograma que usa sensores de contato que são fixados

a braços plásticos flexíveis de um “headset” sem fio (figura 1) que envia as

informações para um receptor colocado em um computador. O “headset” possui

16 sensores, alinhados de acordo com a disposição internacional de análise

eletroencefalográfica em sistema 10-20 de posicionamento, que são: antero-

frontal (AF3, AF4), frontal (F3, F4, F7, F8), fronto-central (FC5, FC6), occipital

(O1, O2), parietal (P7, P8), temporal (T7, T8) de acordo com a figura 2. O sensor

mastóideo (M1) atua como um ponto de referência para o qual a voltagem de

todos os outros sensores é comparada. O outro mastóide (M2) é uma referência

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feed-forward que reduz a interferência elétrica externa60,61. Importante ressaltar

que os canais com terminação ímpar estão localizados no lado esquerdo e os

canais com terminação par localizados no lado direito do crânio.

Cada eletrodo possui uma correspondência anatômica de áreas cerebrais,

de acordo com Koessler et al. (2009)62, como visto na tabela 1.

Figura 1. “Headset” do Emotiv EPOC

Figura 2. Disposição dos 14 canais do Emotiv EPOC

O jogo baseado em realidade virtual utilizado no estudo foi o XBOX 360

(Microsoft®) com o dispositivo do Kinect (Figura 3), o qual possui uma câmera

filmadora RGB (Red, Green, Blue), iluminação infravermelha, microfone,

processador e software próprios. Essas carcterísticas permitem ao dispositivo o

reconhecimento facial perfeito da pessoa que está em frente do console,

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escaneamento do ambiente em três dimensões, tendo a capacidade rastrear 48

pontos do corpo do indivíduo em tempo real, reconhecendo as pessoas que estão

à frente o dispositivo, localizando as partes do corpo, as articulações e os

movimentos do indivíduo. Estes dispositivos estavam ligados a um televisor de 52

polegadas.

Tabela 1. Eletrodos do Emotiv EPOC e sua correspondência anatômica de áreas

cerebrais.

Eletrodos Área cerebral correpondente

AF3/AF4 Córtex pré-frontal esquerdo/direito

F3/F4 Córtex frontal esquerdo/direito

F7/F8 Cortex frontal esquerdo/direito

FC5/FC6 Área motora primária esquerda/direita

T7/T8 Cortex temporal esquerdo/direito

P7/P8 Córtex parietal esquerdo/direito

O1/O2 Córtex occipital esquerdo/direito

Figura 3. Dispositivo kinect.

5.6. Procedimentos

Após aprovação do projeto pelo Comitê de ética, os participantes que

atenderam aos critérios de elegibilidade e assinaram o TCLE foram submetidos à

avaliação inicial demográfica e clínica, por meio do MEEM, NIHSS, Fugl-Meyer e

Ashworth modificada.

Após essa avaliação inicial os indivíduos foram submetidos à avaliação do

jogo de dardos virtual do “Kinect Sports: segunda temporada”.

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Para o registro eletroencefalográfico do jogo, foi acoplado à cabeça do

participante o ‘headset’ sem fio do Emotiv EPOC, encaixando o dispositivo de trás

para frente e de cima para baixo, com os eletrodos previamente hidratados com

solução salina para lentes de contato. Para posicionar corretamente os eletrodos,

os eletrodos antero-frontais (AF3 e AF4) deveriam ser posicionados 3 dedos

acima da sobrancelha do paciente, o que permite o ajuste inerente dos outros

eletrodos em suas respectivas áreas de ação. Os fios de cabelo dos participantes

foram afastados da área de contato dos eletrodos, permitindo um maior

acoplamento (Figura 4).

Figura 4. “Headset” do Emotiv EPOC posicionado na cabeça do participante

Depois de acoplado na cabeça do participante, o “headset” foi ligado e, no

computador, por meio do software Emotiv Control Panel, foi verificado o sinal de

captação dos 14 canais e ajustes no posicionamento e hidratação dos eletrodos

eram feitos até que o sinal dos canais estivesse na cor verde, indicando uma boa

captação (Figura 5). No software Test Bench, foi feito o registro e

acompanhamento do sinal do EEG bruto (Figura 6).

Buscando minimizar ruídos e interferências no sinal, o participante não

deveria fazer uso de produtos cosméticos nos cabelos e não poderia portar

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aparelhos eletrônicos durante a realização da coleta, informações previamente

fornecidas aos participantes.

Figura 5. Tela do Emotiv Control Panel indicando boa captação dos sinais dos

eletrodos

Nessa avaliação, foram realizados 3 blocos de 5 repetições do jogo de

dardos virtual durante o registro eletroencefalográfico (Figura 7). Durante a

realização de cada uma das 15 tentativas foi registrado em protocolos, o local do

alvo onde o dardo acertou (ANEXO 6) e o tempo da gravação do sinal

eletroencefalográfico em que ocorria cada lançamento (ANEXO 7).

Após essa avaliação inicial, os pacientes realizaram um protocolo de 12

dias de treino da atividade de jogar dardos no XBOX, numa frequência de 3 vezes

por semana, por 4 semanas consecutivas,correspondendo à etapa de aquisição

da habilidade. Em cada sessão foram realizadas 45 repetições do jogo de dardos

virtual, no qual o participante tinha como objetivo somar a maior quantidade de

pontos possível de acordo com a distância que o dardo lançado encontra-se do

alvo central. O movimento realizado no jogo proposto é importante para a

realização de atividades funcionais, envolvendo movimentos amplos de cotovelo

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com estabilização das articulações de ombro e de punho, dando ênfase aos

movimentos no plano sagital.

Figura 6. Tela do Test Bench com o registro do EEG bruto

Figura 7. Participante jogando dardos em ambiente virtual usando o Emotiv EPOC

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Após a etapa de aquisição foi realizada uma reavaliação de retenção de

longo prazo (24 horas após o último dia de treino) seguindo os mesmos

parâmetros da avaliação inicial do jogo de dardos em ambiente virtual.

O desenho do estudo está representado na figura 8.

Figura 8. Desenho do estudo

5.7. Processamento e análise dos dados

O processamento dos dados eletroencefalográficos foi feito por meio do

MatLab 2013 e do EEGLab 13, conforme visto na figura 9. No EEGlab foram

estabelecidos a localização dos respectivos canais e os canais de referência; foi

aplicado o filtro passa banda 1 a 50 Hz. Nesse software, foram realizados os

cortes do registro do sinal eletroencefalográfico de acordo com a hora do registro

em que ocorria o lançamento. A partir disso, o sinal do EEG que foi utilizado para

a análise compreendia 3 segundos antes do lançamento e 1 segundo após o

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lançamento, após ser excluído o ruído causado pelo movimento de lançamento

(Figura 10). Devido ao fato de, em algumas tentativas, o ruído do lançamento ser

muito duradouro, foram selecionadas, das 5 tentativas de cada bloco, apenas 3

delas, totalizando 9 tentativas para a análise.

No MatLab foi aplicado um filtro DC com frequência de passagem em 4Hz,

sendo esse valor estabelecido por meio de tentativas iniciando a partir de 1Hz, de

forma crescente, até ser observada a filtragem da componente DC. Para fazer a

transformação do sinal no tempo em sinal de potência na frequência do sinal, foi

aplicado o periodograma de Welch63. Os dados de potência em uma resolução de

0,125 para os valores de frequência em Hertz foram colocados em um vetor e

transportados para uma tabela no Excel, no qual foram geradas as médias de

cada espectro de frequência para cada participante.

Figura 9. Esquema do processamento dos dados de EEG no MatLab, EEGLab e

Excel.

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Figura 10. Tela do EEGLab mostrando o recorte do ruído provocado pelo

lançamento do dardo.

A análise nos espectros de frequência foi feita nas bandas mais utilizadas

em estudos com produção de movimento e aprendizagem motora48,49: Alfa (9 –

11Hz), a qual possui as divisões “Low Alfa” (9Hz) e “High Alfa” (10 - 11Hz) e Beta

(18 – 22Hz).

O valor da potência de ativação em cada espectro de frequência foi

atribuído para canais importantes no processo de aprendizagem motora, sendo

eles: AF3, AF4, FC5, FC6, T7, T8, P7 e P8.

Além disso, foi calculado o índice de assimetria de ativação cerebral, sendo

ele a potência de ativação do hemisfério direito diminuída da potência de ativação

do hemisfério esquerdo nas diferentes áreas cerebrais. Sendo assim, o cálculo

desse índice será feito entre os canais AF3 (esquerdo) e AF4 (direito),

representando a área ântero-frontal; FC5 (esquerdo) e FC6 (direito),

representando a área fronto-central; T7 (esquerdo) e T8 (direito), representando a

área temporal; e P7 (esquerdo) e P8 (direito), representando a área parietal. Os

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escores de assimetria negativos indicam maiores potências no lado esquerdo e

valores positivos indicam maiores potências no lado direito48.

A avaliação do desempenho no jogo foi realizada por meio de medida de

erro absoluto, considerando o padrão de pontuação da figura 11. Para cada

tentativa foi estabelecida uma pontuação de acordo com o local de acerto do

dardo e então, para calcular o erro absoluto foi feita uma média aritmética das

pontuações de cada tentativa.

Figura 11. Pontuação de cada tentativa e fórmula usada para medida de erro

absoluto.

A análise dos dados foi realizada através do programa SPSS 20.0

(Statistical Package for the Social Science) atribuindo-se a significância de 5% e o

intervalo de confiança de 95% para todos os testes estatísticos.

Primeiramente, foi feita a análise descritiva das variáveis demográficas e

clínicas (sexo, tipo do AVC, idade, escolaridade, tempo de lesão, escores das

escalas NIHSS, MEEM, Fugl-Meyer e Ashworth), por meio de medidas de

tendência central e dispersão.

O teste de Kolmogorov-Smirnov com correção de Shapiro-Wilk foi usado

para verificar a normalidade de distribuição dos dados. Em seguida, o teste

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29

t´Student não-pareado foi aplicado para confrontar os dados demográficos e

clínicos entre os grupos dos pacientes.

Foi aplicada a análise de variância ANOVA two-way, com teste post hoc de

Tukey, utilizando os fatores lateralidade da lesão e avaliação/retenção para

análise dos dados do EEG para análise dos dados de desempenho no jogo.

O teste de correlação de Pearson foi utilizado para verificar relações entre

o desempenho e a atividade de EEG.

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30

6. RESULTADOS

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31

6.1. Caracterização da amostra

Dentre as listas de pacientes das Unidades de Fisioterapia da cidade do

Natal, foi feita uma filtragem breve de acordo com os critérios de inclusão. A partir

disso, foi feito o contato com 201 pacientes, dos quais 191 foram exluídos pelos

motivos explícitos na figura 12.

Figura 12. Diagrama com os principais motivos de exclusão na composição da

amostra do estudo.

O grupo PD composto por 2 homens e 3 mulheres e o grupo PE foi

constituído de 4 homens e 1 mulher. De acordo com as características

sociodemográficas e clínicas dos grupos de pacientes, verificou-se que não houve

diferença significativa entre os grupos PD e PE quanto à idade, escolaridade,

tempo de AVC, grau de comprometimento neurológico (NIHSS),

comprometimento motor do membro superior (Fugl-Meyer) e quanto ao tônus

muscular (Ashworth) (Tabela 2).

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32

Tabela 2. Comparação das características sociodemográficas e clínicas

estabelecidas em média e desvio padrão entre os grupos de pacientes com lesão

cerebral direita (PD) e esquerda (PE) por meio do teste T não-pareado.

PD PE p

Idade (anos) 52,0 ± 10,93 48,8 ± 4,76 0,56

Escolaridade (anos) 9,0 ± 4,12 11,2 ± 3,96 0,41

Tempo de AVC (meses) 29,8 ± 22,66 19,2 ± 16,96 0,42

NIHSS (escore) 2,8 ± 2,38 2,6 ± 1,67 0,88

Fugl-Meyer (escore) 46,6 ± 6,80 45,8 ± 9,62 0,88

Ashworth (escore) 0,26 ± 0,43 1,53 ± 1,21 0,08

(*) Diferença significativa entre os grupos

6.2. Comparações da atividade eletroencefalográfica entre a avaliação e a

retenção

As comparações da atividade eletroencefalográfica entre a avaliação e a

retenção têm como objetivo verificar o efeito do treinamento no jogo de dardos

virtual na ativação cerebral, a fim de poder analisar melhor o processo de

aprendizagem motora dos pacientes estudados.

Quanto às análises da potência do EEG pelos espectros de frequência

estudados é necessário primeiramente ressaltar que a maior ativação de Alfa

representará menor ativação cerebral; enquanto que a maior ativação de Beta

indicará maior ativação cerebral48.

Sendo assim, um escore de assimetria positivo em Alfa é indicativo de uma

maior ativação cerebral do hemisfério esquerdo, enquanto que um escore

negativo representa uma maior ativação do hemisfério direito. Em contrapartida,

um escore de assimetria positivo em Beta é indicativo de uma maior ativação

cerebral do hemisfério direito, enquanto que um escore negativo representa uma

maior ativação do hemisfério esquerdo48.

Analisando a banda de frequência “Low Alfa”, a análise de variância foi

significativa (F= 8,364; p=0,0001). Sendo assim, observou-se diferença

significativa entre a avaliação e a retenção do grupo PD com aumento da potência

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33

de ativação nos canais AF3 (p=0,0001), AF4 (p=0,0001) e FC6 (p=0,022). Quanto

ao grupo PE, observou-se diferença significativa entre a avaliação e a retenção

com aumento da potência de ativação nos canais AF4 (p=0,001), FC6 (p=0,011),

T7 (p=0,004) e P7 (p=0,0001) (Figura 13).

Considerando o escore de assimetria nas áreas cerebrais estudadas,

observou-se diferença significativa entre a avaliação e a retenção do grupo PD

com aumento do escore na área fronto-central (p=0,007). Comparando-se a

avaliação e retenção do grupo PE, foi observada uma diminuição significativa do

escore na área parietal (p=0,0001) (Figura 14).

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34

Figura 13. Média e desvio padrão da potência de ativação na banda de frequência

“Low Alfa” dos pacientes em 8 canais. Os maiores valores de potência indicam

uma menor ativação cerebral e os menores valores indicam uma maior ativação

cerebral. (*) Diferença significativa entre a avaliação e retenção em cada grupo,

PD e PE.

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35

Figura 14. Média e desvio padrão do escore de assimetria na banda de frequência

“Low Alfa” nas áreas cerebrais nos grupos PD e PE na avaliação e na retenção.

Os maiores valores indicam maior ativação do hemisfério esquerdo e os menores

valores indicam maior ativação do hemisfério direito. (*) Diferença significativa

entre a avaliação e retenção em cada grupo.

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36

Analisando a banda de frequência “High Alfa”, a análise de variância foi

significativa (F= 16,245; p=0,0001). Sendo assim, observou-se diferença

significativa entre a avaliação e a retenção do grupo PD com aumento da potência

de ativação nos canais AF3 (p=0,048), FC6 (p=0,046), T8 (p=0,0001) e P7

(p=0,02). Quanto ao grupo PE, observou-se diferença significativa entre a

avaliação e a retenção com aumento da potência de ativação nos canais AF4

(p=0,007) e T7 (p=0,0001) (Figura 15).

Considerando o escore de assimetria nas áreas cerebrais estudadas,

observou-se diferença significativa entre a avaliação e a retenção do grupo PD

com aumento do escore na área temporal (p=0,0001). Comparando-se a

avaliação e retenção do grupo PE, foi observado um aumento significativo do

escore na área ântero-frontal (p=0,046) e uma diminuição significativa do escore

nas áreas fronto-central (p=0,012) e temporal (p=0,001) (Figura 16).

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37

Figura 15. Média e desvio padrão da potência de ativação na banda de frequência

“High Alfa” dos pacientes em 8 canais. Os maiores valores de potência indicam

uma menor ativação cerebral e os menores valores indicam uma maior ativação

cerebral. (*) Diferença significativa entre a avaliação e retenção em cada grupo,

PD e PE.

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38

Figura 16. Média e desvio padrão do escore de assimetria na banda de frequência

“High Alfa” nas áreas cerebrais nos grupos PD e PE na avaliação e na retenção.

Os maiores valores indicam maior ativação do hemisfério esquerdo e os menores

valores indicam maior ativação do hemisfério direito. (*) Diferença significativa

entre a avaliação e retenção em cada grupo.

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39

Analisando a banda de frequência “Beta”, a análise de variância foi

significativa (F= 4,459; p=0,0001). Sendo assim, observou-se diferença

significativa entre a avaliação e a retenção do grupo PD com aumento da potência

de ativação no canal AF3 (p=0,004) e diminuição da potência de ativação nos

canais AF4 (p=0,007) e T7 (p=0,0001). Não foram observadas diferenças

estatísticas entre a avaliação e a retenção no grupo PE (Figura 17).

Considerando o escore de assimetria nas áreas cerebrais estudadas,

observou-se diferença significativa entre a avaliação e a retenção do grupo PD

com diminuição do escore na área ântero-frontal (p=0,001). Comparando-se a

avaliação e retenção do grupo PE, foi observado um aumento significativo do

escore na área parietal (p=0,012) (p=0,001) (Figura 18).

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40

Figura 17. Média e desvio padrão da potência de ativação na banda de frequência

Beta dos pacientes em 8 canais. Os maiores valores de potência indicam uma

maior ativação cerebral e os menores valores indicam uma menor ativação

cerebral. (*) Diferença significativa entre a avaliação e retenção em cada grupo,

PD e PE.

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41

Figura 18. Média e desvio padrão do escore de assimetria na banda de frequência

“Beta” nas áreas cerebrais nos grupos PD e PE na avaliação e na retenção. Os

maiores valores indicam maior ativação do hemisfério direito e os menores

valores indicam maior ativação do hemisfério esquerdo. (*) Diferença significativa

entre a avaliação e retenção em cada grupo.

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42

6.3. Comparações do desempenho no jogo entre a avaliação e a retenção e

correlações com a atividade eletroencefalográfica

Considerando o desempenho dos pacientes, a análise de variância

mostrou diferença entre os grupos (F = 6,63; p = 0,007). Quando comparado o

erro absoluto entre a avaliação e a retenção, foi observada uma diminuição do

erro absoluto no grupo PD (p=0,015), porém não foi observada diferença no grupo

PE (p=0,135), conforme exposto na Figura 19.

Figura 19. Média e desvio padrão do erro absoluto dos grupos de pacientes com

lesão cerebral direita (PD) e esquerda (PE) na avaliação e na retenção.

Ao ser correlacionado o desempenho no jogo com as potências de ativação

nos canais em cada banda de frequência (Tabela 3), observou-se que houve uma

correlação negativa do desempenho com a potência de ativação na banda de

frequência “Low Alfa” nos canais AF3, AF4, FC6 e T7; uma correlação negativa

com a potência de ativação na banda de frequência “High Alfa” nos canais AF3,

T8 e P7; e uma correlação positiva na banda de frequência Beta nos canais AF4 e

T7.

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43

Tabela 3. Correlação entre o desempenho no jogo (Erro Absoluto) e a potência de

ativação nas frequências “Low Alfa”, “High Alfa” e Beta nos canais através do

teste de correlação de Pearson.

Desempenho (Erro Absoluto)

Canais

“Low Alfa” “High Alfa” Beta

r p r p r p

AF3 -,860 0,0001* -,499 0,049* -,377 0,150

AF4 -,780 0,0001* -,021 0,938 ,690 0,003*

FC5 -,157 0,562 -,228 0,396 -,052 0,638

FC6 -,519 0,039* -,207 0,442 ,261 0,329

T7 -,542 0,03* -,258 0,335 ,782 0,0001*

T8 -,363 0,168 -,663 0,005* ,406 0,118

P7 -,411 0,087 -,759 0,001* -,289 0,278

P8 -,351 0,182 -,379 0,148 -,286 0,283

(*) Correlação significativa

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7. DISCUSSÃO

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45

O presente estudo teve o objetivo de avaliar a atividade

eletroencefalográfica de pacientes com AVC crônico no processo de

aprendizagem motora de um jogo de dardos em ambiente virtual, observando as

diferenças entre a avaliação e retenção e entre lateralidades de lesões diferentes.

7.1. Caracterização da amostra

A homogeneidade da amostra quanto às variáveis sóciodemográficas e

clínicas foi confirmada, não sendo observada diferença significativa entre os

grupos PD e PE. Esse resultado era importante que ocorresse para que não

houvesse influência, principalmente do grau de comprometimento neurológico e

motor, nos dados da atividade eletroencefalográfica e do desempenho.

7.2. Comparações da atividade eletroencefalográfica entre a avaliação e a

retenção

Os pacientes com lesão cerebral direita do presente estudo apresentaram

um aumento das potências de ativação de Alfa nos canais AF3 (área pré-frontal

esquerda), AF4 (área pré-frontal direita), FC6 (área motora primária direita), T8

(área temporal direita) e P7 (área parietal esquerda) na fase de retenção. Foi

observada também uma diminuição das potências de ativação de Beta no canal

AF4 (área pré-frontal direita) e T7 (área temporal esquerda), bem como o

aumento dessa potência de ativação no canal AF3 (área pré-frontal esquerda).

Esses resultados denotam uma diminuição do esforço neural para a realização do

jogo de dardos virtual em ambos os hemisférios cerebrais, porém, principalmente

no hemisfério ipsilesional e em áreas importantes para a aprendizagem motora,

tais como a área pré-frontal e motora primária ipsilesionais, e consequentemente

um efeito benéfico do treinamento realizado.

Os pacientes com lesão cerebral esquerda no presente estudo

apresentaram um aumento das potências de ativação de Alfa nos canais AF4

(área pré-frontal direita), FC6 (área motora primária direita), T7 (área temporal

esquerda) e P7 (área parietal esquerda) na fase de retenção. Além disso, não foi

observada nenhuma alteração quanto à potência de ativação de Beta na

retenção. Esses resultados expressam uma diminuição do esforço neural para a

realização do jogo em ambos os hemisférios cerebrais, porém, em áreas

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46

importantes para a aprendizagem motora, tais como a área pré-frontal e motora

primária contralesionais e pouca alteração em áreas ipsilesionais, além de

nenhuma alteração da onda Beta, se expressando diferente dos resultados dos

pacientes com lesão cerebral à direita.

É possível que a especialização hemisférica possa explicar essas

diferenças entre os pacientes visto que estudos mostram que o hemisfério

esquerdo está mais relacionado à seleção dos padrões motores de uma tarefa e

na coordenação inter-articular do movimento. Assim, o hemisfério esquerdo

seleciona os objetivos, estratégias motoras e controla a trajetória do movimento

que deve ser seguida por ambos hemicorpos, enviando essas informações para

ambos os hemisférios cerebrais, os quais levam o comando de execução motora

para o hemicorpo contralateral. Déficitis na habilidade de coordenar as ações

musculares durante ações com um objetivo específico são encontradas após

lesão cerebral esquerda e não na lesão direita, podendo causar desempenhos

menos eficientes em testes funcionais envolvendo movimentos multiarticulares.

Nesse sentido, há uma dominância do cérebro esquerdo no planejamento de

movimentos complexos10,11,64, o que pode ter influenciado diretamente no

desempenho dos pacientes com lesão cerebral esquerda.

De acordo com os dados da literatura, era esperado que o esforço neural

fosse maior na fase de avaliação e menor na fase de retenção, caracterizado por

um aumento na ativação de Alfa e diminuição da ativação de Beta, conforme foi

verificado no presente estudo. Fang et al. (2007)65 evidenciaram um elevado

esforço cognitivo em ambos os hemisférios cerebrais em pacientes com AVC

comparados com indivíduos saudáveis durante o planejamento de movimentos

complexos de ombro e cotovelo, em estágios iniciais da aprendizagem motora.

Além disso, o estudo observou que os pacientes necessitavam de mais esforço

neural para reaprender uma nova habilidade motora quando comparado com a

realização de uma habilidade já aprendida.

De fato, as análises de EEG associadas à aprendizagem motora

demonstram um aumento da expressão das ondas Alfa e uma diminuição da

expressão das ondas Beta com a prática da habilidade motora. As ondas Alfa

estão relacionadas ao estado de alerta relaxado, com níveis mais baixos de

atenção ou concentração na tarefa, funcionando com um filtro de inibição que

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47

protege os sistemas cerebrais de interferências que podem perturbar o

processamento cognitivo local. Essa banda de frequência de onda cerebral está

aumentada no processo de recuperação, de evocação de memórias,

principalmente na aprendizagem motora. As ondas Beta estão relacionadas ao

pensamento ativo, atenção ativa, atividades com foco no mundo externo e

resolução de problemas, correspondendo ao estado mental na programação de

uma atividade motora e representando a atividade de camadas mais internas do

córtex. Essa banda de frequência fica atenuada em habilidades complexas

aprendidas45,47.

Ma et al. (2010)66, estudando indivíduos saudáveis que fizeram um treino

de 15 minutos de uma sequência de movimentos dos dedos por 28 dias (quatro

semanas), observaram um aumento da ativação de áreas motoras e pré-motoras

contralaterais no dia 14 do treinamento (segunda semana) e uma diminuição

dessa atividade, indicando aprendizagem motora, apenas na avaliação feita no

último dia (quarta semana). O estudo de Hlustik et al. (2004)67 observou que essa

diminuição da ativação cerebral ocorre entre a segunda e terceira semana de

treino (14 a 21 dias de treino).

De fato, as mudanças na atividade cerebral, se devem a diferenças na

dificuldade da tarefa com a prática. Na verdade, a aprendizagem motora ocorre

em estágios de acordo com Schmidt e Lee (2005)68. Quando um indivíduo inicia a

realização de uma nova tarefa, encontra-se no estágio cognitivo da

aprendizagem. Este estágio é caracterizado por um elevado grau de esforço

cognitivo e caracterizado pela necessidade de atenção. Assim, pode-se dizer que

os grandes aumentos na atividade cortical nas primeiras semanas de

aprendizagem são um indicativo do estágio cognitivo e refletem que os ganhos de

comportamento na fase inicial de aprendizagem foram alcançados através do

recrutamento de neurônios adicionais e incremento do disparo neural66,68.

Ao longo do tempo, com a prática da tarefa, a necessidade da

aprendizagem baseada na atenção reduz, correspondendo ao estágio

associativo, no qual os indivíduos realizam mudanças sutis na forma como a

tarefa é executada visto que as noções básicas da tarefa já foram aprendidas.

Durante este estágio, há um declínio no recrutamento de neurônios extras e

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48

disparo neural para executar a tarefa, a qual vai se tornando funcionalmente mais

eficiente66,68.

Pode-se inferir que o tempo de treinamento de 12 dias com o jogo de

dardos virtual realizado no presente estudo tenha realmente sido favorável para o

processo de aprendizagem motora para os pacientes com lesão cerebral direita,

podendo ter alcançado o estágio associativo da aprendizagem conforme

observado pela atividade eletroencefalográfica na fase de retenção. Porém, os

pacientes com lesão cerebral esquerda provavelmente permaneceram na fase

cognitiva, sem diminuição do esforço neural quanto às ondas Alfa e Beta de áreas

ipsilesionais importantes para a aprendizagem motora.

Por outro lado, no processo natural da aprendizagem motora, alterações

nos padrões de ativação de áreas ipsilesionais são esperadas, mostrando uma

menor ativação neural das áreas envolvidas na atividade. Portanto, uma maior

contribuição do hemisfério contralesional no acoplamento entre os córtices

sensoriomotores durante uma atividade pode representar uma plasticidade mal-

adaptativa, uma estratégia compensatória após o AVC, sendo mais encontradas

em pacientes com uma menor recuperação motora17,69. Consequentemente a

diminuição dessa contribuição pode estar associada a uma melhor recuperação,

embora já tenha sido provado que, na fase aguda, áreas motoras cerebrais

ipsilaterais são capazes de compensar funcionalmente a disfunção cortical

contralateral16,70,71,72.

Sendo assim, no presente estudo, os pacientes com lesão cerebral

esquerda demonstraram essas alterações de atividade neural em áreas

contralesionais, principalmente na área pré-frontal e motora primária.

Provavelmente, a lesão do hemisfério cerebral esquerdo, devido a não

preservação de áreas de planejamento, programação e memória motora,

influenciou de forma negativa o processo de aprendizagem motora desses

pacientes, aumentando o esforço neural de áreas não relacionadas à

aprendizagem da tarefa, podendo denotar que os jogos baseados em realidade

virtual nesses pacientes podem estar induzindo a estratégias compensatórias de

ativação e conexões cerebrais e neuroplasticidade mal-adaptativa.

O nível de complexidade da tarefa também pode influenciar o padrão de

excitabilidade da área motora primária ipsilesional. Assim, tarefas mais complexas

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49

podem estar associadas a uma maior excitabilidade corticoespinhal nos contatos

iniciais com a tarefa e associadas a uma queda nessa excitabilidade após o

treinamento73.

Os pacientes com sequelas de AVC apresentam ativações cerebrais ainda

maiores em fases iniciais da aprendizagem de tarefas complexas, visto que para

eles, até mesmo os movimentos mais simples são considerados “complexos”,

requerendo mais conexões em estruturas corticais sensoriomotoras. Até mesmo

para pacientes com uma recuperação motora considerada boa, qualquer

movimento do membro parético é mais desafiador do que antes do AVC74,75.

Sabendo que uma boa recuperação motora de pacientes com AVC está

relacionada ao recrutamento das conexões originais funcionais76, as alterações

nas frequências relacionadas à aprendizagem motora em pacientes com AVC

seguem os mesmos princípios da aprendizagem de indivíduos saudáveis.

Outra análise importante realizada no presente estudo foi o cálculo dos

escores de assimetria. Os pacientes com lesão hemisférica direita aumentaram os

escores na banda de frequência Alfa para as áreas fronto-central e temporal e

diminuíram os escores na banda de frequência Beta na área pré-frontal. No

entanto, os pacientes com lesão cerebral esquerda, quanto aos escores na banda

de frequência Alfa, diminuíram os escores nas áreas parietal, fronto-central e

temporal e aumentaram os escores na área pré-frontal. Na banda de frequência

Beta, houve aumento do escore na área parietal. Vale relembrar que um escore

de assimetria positivo em Alfa é indicativo de uma maior ativação cerebral do

hemisfério esquerdo, enquanto que um escore negativo representa uma maior

ativação do hemisfério direito. Em contrapartida, um escore de assimetria positivo

em Beta é indicativo de uma maior ativação cerebral do hemisfério direito,

enquanto que um escore negativo representa uma maior ativação do hemisfério

esquerdo48.

Sendo assim, os pacientes com lesão cerebral direita aumentaram a

ativação cerebral no hemisfério esquerdo nas áreas frontais (pré-frontal e área

motora primária) como resultado da prática. No entanto, os pacientes com lesão

cerebral esquerda apresentaram maior ativação do hemisfério direito nas áreas

temporal, parietal e motora primária.

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50

A literatura já vem mostrando que, decorrente da aprendizagem, há uma

transferência da atividade neural para o hemisfério esquerdo77,78. Nesse sentido,

o hemisfério esquerdo estaria mais relacionado ao processamento de

informações já assimiladas enquanto que o hemisfério direito seria responsável

pela aquisição, processamento de novas informações, segundo a teoria de

Goldberg45.

Portanto, durante a aquisição de uma nova informação, a atividade do

cérebro é predominantemente maior no hemisfério direito e, depois do

aprendizado, passa a ser maior no esquerdo. Assim, a atividade assimétrica, com

maior ativação do hemisfério esquerdo pode também evidenciar a aprendizagem

de uma habilidade motora45. Sendo assim, a maior atividade do hemisfério

esquerdo nos pacientes com lesão cerebral direita, indica que os mecanismos de

neuroplasticidade e as conexões necessárias para que ocorra a aprendizagem

motora foram eficazes, o que não aconteceu com os pacientes com lesão cerebral

esquerda.

7.3. Comparações do desempenho no jogo entre a avaliação e a retenção e

correlações com a atividade eletroencefalográfica

Com relação ao desempenho no jogo, verificou-se uma diminuição do erro

absoluto na fase de retenção, apenas para o grupo PD, caracterizando uma

melhora do desempenho no jogo de dardos virtual para esses pacientes. Esse

resultado aponta que esses pacientes não perderam a capacidade de

desenvolver a aprendizagem motora. Existem demonstrações de que a

aprendizagem motora e a melhora da função ocorrem até mesmo em indivíduos

com AVC crônico, podendo ser um importante estimulador de alterações plásticas

neuronais e podem remediar padrões de atividade cerebral mal-adaptativos após

o AVC17.

As melhoras de desempenho e funcionais já tem sido observadas em

estudos utilizando a realidade virtual na reabilitação do membro superior de

pacientes com AVC e, muitos deles atribuem os efeitos positivos da realidade

virtual ao aumento da quantidade de repetições32. Porém, o estudo de

Subramanian et al. (2013)79, comparou a mesma quantidade de repetições em

ambiente virtual e real, identificando que os atributos adicionais da realidade

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51

virtual (motivação, interatividade) oferecem vantagem ao processo de

aprendizagem motora no AVC.

O grupo com lesão cerebral esquerda estudado, não apresentou alterações

no erro absoluto na fase de retenção, não sendo observada melhora do

desempenho no jogo de dardos virtual com a prática. Nesse sentido, Fernandes

et al. (2014)40 já tinham observado que pacientes com lesão cerebral direita se

beneficiaram mais do treino do jogo de tênis de mesa com o XBOX Kinect, quanto

aos efeitos imediatos do treino de um dia no padrão do movimento de beber água,

o que não aconteceu com os pacientes com lesão cerebral esquerda. Porém, não

foram encontrados estudos na literatura que comparem os efeitos da utilização da

realidade virtual em lateralidades de lesões diferentes com períodos de

treinamento maiores.

A diferença entre os pacientes quanto ao desempenho e atividade

eletroencefalográfica não pode ser justificada pelo nível de recuperação motora

dos pacientes no presente estudo, visto que não houve diferença estatística entre

os grupos na escala de Fugl-Meyer, a qual avaliou a função motora dos

pacientes. Nesse caso, a especialização hemisférica pode ter influenciado no

resultado diferente entre as lesões cerebrais direita e esquerda. Como já

mencionado, o hemisfério esquerdo está mais relacionado ao planejamento e

controle da trajetória do movimento. O hemisfério direito está mais relacionado

com o controle e acurácia da posição final do movimento e com a codificação

motora preditiva baseada na atenção espacial e maior carga de processamento

sensorial para o desempenho motor10,11,65,80.

Sendo assim, os pacientes com lesão esquerda não melhoraram o

desempenho, nem diminuíram o esforço neural no hemisfério ipsilesional e não

direcionaram a ativação cerebral para o hemisfério esquerdo com a prática do

jogo de dardos virtual, sugerindo que os jogos baseados em realidade virtual

possam ter melhor efeito em pacientes com lesão cerebral direita, os quais se

beneficiaram dos mecanismos de neuroplasticidade indizidos pela aprendizagem

da habilidade motora. Há indícios de que os pacientes com lesão cerebral

esquerda podem necessitar de um período mais longo de terapia para alcançar o

estágio associativo da aprendizagem. De fato, a revisão sistemática de Laver

(2015)32 observou que apenas os tratamentos baseados em realidade virtual com

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52

mais do que 15 horas tiveram efeitos positivos na função motora do membro

superior afetado de pacientes com AVC.

Pela análise de correlação realizada, foi observada uma associação entre a

atividade eletroencefalográfica e o erro absoluto, mostrando uma correlação

negativa entre o desempenho nos jogos e a expressão das bandas de frequência

Alfa com os canais AF3 (área pré-motora esquerda), AF4 (área pré-motora

direita), FC6 (área motora primária direita), T7 (área temporal esquerda), T8 (área

temporal direita) e P7 (área parietal esquerda); e negativa entre o desempenho e

a expressão da banda de frequência Beta com os canais AF4 (área pré-frontal) e

T7 (área temporal esquerda). Interessante observar que os menores valores de

erro absoluto, correspondentes aos melhores desempenhos, se encontraram

relacionados a valores de potência de ativação maiores nas bandas de frequência

Alfa e menores na banda de frequência Beta. De fato, valores maiores de Alfa e

menores de Beta indicam um menor esforço neural para a realização de uma

determinada tarefa81, mecanismo esse que ocorre no processo de aprendizagem

observada por uma melhora no desempenho.

Outro aspecto importante foi que as correlações com o desempenho foram

encontradas em praticamente todas as áreas cerebrais estudadas, seja em um

espectro de onda ou no outro. De fato, a execução e aprendizagem de atividades

mais complexas envolve a participação de mais áreas cerebrais relacionadas aos

processos de atenção e memória de trabalho, planejamento e execução motora,

processamento e integração de informações sensoriais e áreas de memória de

longo-prazo.

7.4. Contribuições para a Fisioterapia Neurológica

Os resultados do presente trabalho poderão servir como base científica

para as terapias que utilizam jogos baseados em realidade virtual na reabilitação

de pacientes com AVC.

No presente estudo observamos a importância de priorizar a terapia com

jogos de realidade virtual baseada nos princípios da aprendizagem motora,

utilizando protocolos com um maior controle de tempo ou repetições e

considerando as fases de aquisição e retenção. De fato, uma revisão sistemática

realizada em 20119 observou que o treino de tarefas específicas e intensivo, com

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53

muitas repetições, são princípios da aprendizagem motora que beneficiam os

pacientes com AVC, por isso elaboramos um modelo esquemático de

aprendizagem motora no jogo de dardos virtual conforme os resultados

verificados no nosso estudo (Figura 20).

De acordo com esse modelo, o acompanhamento da fase de aquisição e a

realização do teste de retenção com medidas de processo e de resultado se faz

importante para a reabilitação, sempre buscando diferenças e alterações no

desempenho motor dos pacientes. Considerando a retenção, ressalta-se a

importância de utilizar o teste de retenção de longo-prazo, visando avaliar

mudanças mais duradouras no planejamento, programação e memória motora82.

No presente estudo, 12 sessões de 45 repetições foram suficientes para

promover alterações em parâmetros neurofisiológicos e comportamentais em

pacientes com lesão cerebral direita. Porém, devido às diferenças da atividade

da EEG de acordo com a lateralidade da lesão, esse é um fator que deve ser

levado em consideração na programação dos protocolos de aprendizagem motora

envolvendo jogos baseados em realidade virtual, buscando melhoras funcionais e

motoras mais expressivas nos pacientes. Sendo assim, se faz importante realizar

testes para os jogos de realidade virtual disponíveis, visando analisar qual estágio

da aprendizagem motora foi atingido em um determinado período de prática.

Pode-se considerar que talvez os pacientes com lesão cerebral esquerda

precisem de um tempo ou número de repetições maior do que os pacientes com

lesão cerebral direita.

O presente estudo teve as limitações de ter utilizado uma amostra

pequena, não ter utilizado um grupo controle e não ter realizado um teste de

trasnferência. Outra limitação foi a impossibilidade de correlacionar as áreas

cerebrais afetadas com a atividade de EEG dos pacientes, em função dos

exames de neuroimagem terem sido realizados em diferentes hospitais, não

permitindo a padronização dos laudos médicos. No entanto, o estudo traz uma

importante contribuição para os programas de reabilitação pós-AVC, no que diz

respeito à utilização de jogos baseados em realidade virtual buscando a indução

de alterações plásticas neuronais, principalmente no que diz respeito aos

pacientes que melhor respondem a essa técnica/instrumento de reabilitação.

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Figura 20. Modelo da aprendizagem motora no jogo de dardos virtual

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8. CONCLUSÕES

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Pelos resultados encontrados, pode-se concluir que decorrente da prática

de um jogo de dardos baseado em realidade virtual, os pacientes com lesão

cerebral direita apresentaram alterações neurofisiológicas, tais como diminuição

do esforço neural, pela diminuição da ativação cerebral em áreas ipsilesionais

(aumento da ativação das ondas Alfa e diminuição da ativação da onda Beta) e

direcionamento da ativação cerebral para o hemisfério esquerdo, ao passar do

estágio cognitivo para o estágio associativo da aprendizagem motora; bem como

alterações de desempenho pela diminuição do erro. Essas alterações na fase de

retenção são compatíveis com a aprendizagem motora da tarefa praticada e

esses pacientes podem estar se beneficiando do jogo baseado em realidade

virtual por meio de mecanismos adaptativos da neuroplasticidade.

No entanto, os pacientes com lesão cerebral esquerda tiveram resultados

que não são compatíveis com a aprendizagem motora da habilidade praticada,

pois apresentaram alterações neurofisiológicas, tais como diminuição da ativação

cerebral em áreas contralesionais e direcionamento da ativação cerebral para o

hemisfério direito; bem como não apresentaram alterações no desempenho,

mantendo a quantidade de erros na fase de retenção. Sugere-se que esses

pacientes podem precisar de tempos mais longos de treino (acima de 15 horas)

para alcançarem o estágio associativo da aprendizagem, ou mesmo podem não

responder com os mecanismos de neuroplasticidade adaptativa necessários para

a aprendizagem em ambientes virtuais pela lesão em áreas importantes de

planejamento motor e controle da trajetória do movimento.

Sendo assim, os pacientes com lesão cerebral direita parecem se

beneficiar mais do treino do jogo de dardos em ambiente virtual no que diz

respeito ao processo de aprendizagem motora. Pelos resultados encontrados,

sugere-se que a realidade virtual pode ser utilizada na reabilitação do membro

superior de pacientes com AVC, porém a lateralidade da lesão deve ser

considerada na programação do protocolo de aprendizagem motora, buscando

melhoras significativas.

Ressalta-se a importância da pesquisa de aprendizagem motora de

pacientes com AVC em ambientes virtuais utilizando medidas de processo e de

resultado, buscando informações sobre quais condições clínicas desse pacientes

são mais indicadas para a utilização da realidade virtual durante a reabilitação.

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Estudos futuros devem incluir a avaliação de transferência e adicionar um

grupo controle, buscando uma avaliação mais completa do processo de

aprendizagem, bem como realizar a terapia por mais do que 15 horas para

verificar o comportamento dos pacientes com lesão cerebral esquerda com um

tempo maior de treino.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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67

APÊNDICES

APÊNDICE 1

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Esclarecimentos:

Este é um convite para você participar da pesquisa “Aprendizagem motora

de pacientes com Acidente Vascular Cerebral em ambientes virtuais: ensaio

clínico controlado e randomizado”, coordenada pela profª Drª Tania Fernandes

Campos e sua orientanda Aline Braga Galvão Silveira Fernandes.

A pesquisa tem como objetivos avaliar a aprendizagem motora de

pacientes com AVC crônico utilizando jogos em ambientes virtuais. Caso decida

aceitar o convite, se for um indivíduo saudável será realizada apenas uma

avaliação dos movimentos do seu corpo, na qual o (a) sr. (a) permanecerá

sentado (a), serão colocados adesivos em seu braço e, através de câmeras,

serão registrados os movimentos do braço; e uma avaliação da sua atividade

cerebral, por meio de um “capacete” que será colocado na sua cabeça. Essas

duas avaliações serão feitas no movimento de beber água e ao realizar jogos em

ambientes virtuais e reais (dardos e boliche). Se for paciente, serão aplicados

também questionários que irão avaliar o seu estado cognitivo (orientação,

memória, cálculo, atenção e linguagem), seu comprometimento neurológico, o

grau de independência funcional (necessidade de ajuda em tarefas cotidianas), o

seu sono e a função motora do seu braço comprometido. Além disso, será

colocado um aparelho parecido com um relógio no seu braço durante todo o

período do estudo, que avaliará como está o seu comportamento de atividade e

repouso. Após essa avaliação o sr. (a) será submetido (a) a uma terapia de

fisioterapia convencional associada a um treino usando um jogo de videogame ou

a outra atividade no computador, ambas com duração de 50 minutos, por 12 dias,

num período de 4 semanas. Após o treino, será realizada novamente uma

avaliação igual à que foi feita antes do treino.

O treino realizado trará risco mínimo para sua saúde, podendo causar

desconforto ou cansaço durante a avaliação ou na terapia, de modo a interromper

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o tratamento, respeitando os seus limites. Os procedimentos da pesquisa serão

feitos com toda a segurança necessária para minimizar as possibilidades de

riscos. Os participantes que vierem a sofrer qualquer tipo de dano não previsto

aqui e resultante de sua participação, terão direito à assistência integral e à

indenização. Se tiver algum gasto que seja devido à sua participação na

pesquisa, será ressarcido, caso solicite.

O (a) sr. (a) poderá se beneficiar deste tratamento pelo estímulo das suas

atividades motoras. Além disso, passará por uma avaliação que lhe trará

informações importantes sobre a sua função motora, funcional e cognitiva. Os

resultados dessa pesquisa poderão orientar a inclusão dos jogos baseados em

realidade virtual na reabilitação de pacientes com AVC.

Solicitamos a sua colaboração para participar dessa pesquisa, como também

sua licença para apresentar os resultados deste estudo em eventos da área de

saúde e publicar em revista científica. Por ocasião da publicação dos resultados,

seu nome será mantido em sigilo.

A participação no estudo é voluntária e, portanto, o (a) sr. (a) não é obrigado

(a) a fornecer as informações e colaborar com as atividades solicitadas pela

pesquisadora. Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer

momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum prejuízo ou penalidade.

Toda a dúvida que tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar

diretamente para as pesquisadoras Profª Drª Tania Campos e Aline Braga, no

endereço: Departamento de Fisioterapia, Av. Senador Salgado Filho, 3000,

Campus Universitário, Natal/RN; ou pelo telefone: 9986-2403 (Aline).

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao

CEP HUOL, na Av. Nilo Peçanha, 620 - 3º subsolo do HUOL ou pelo telefone (84)

3342-5003.

Consentimento Livre e Esclarecido

Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será

realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar

voluntariamente da pesquisa “Aprendizagem motora de pacientes com Acidente

Vascular Cerebral em ambientes virtuais: ensaio clínico controlado e

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randomizado”. Autorizo a divulgação dos resultados e imagens do estudo. Estou

ciente que receberei uma cópia desse documento.

_________________________________________

Assinatura do Participante da pesquisa

__________________________________________

Assinatura do Pesquisador

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APÊNDICE 2

FICHA DE AVALIAÇÃO CLÍNICA

1. Identificação do paciente

Nome: _________________________________________________________

Idade: ____________ Data de nascimento:_____________ Sexo : F ( ) M ( )

Endereço: _______________________________________________________

_______________________________________________________________

Tel.: _______________________________________

Anos de estudo: ____________________ Estado Civil: __________________

Ocupação antes do AVC: __________________________________________

Ocupação após AVC: _____________________________________________

Peso: _______________________ Altura: _________________________

Data de Avaliação: ________________ Avaliador: _______________________

2. Dados clínicos referentes à patologia

Tomografia Computadorizada: Localização da lesão:

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________

Tipo patológico: Isquêmico ( ) Hemorrágico ( ) Inespecífico ( )

AVC: D ( ) E ( ) Hemiparesia: D ( ) E ( )

Fatores de risco presentes: Hipertensão ( ) Tabagismo ( ) Diabetes Mellitus (

) Obesidade ( ) Doença cardíaca ( ) Sedentarismo ( )

Outros ( ) ______________________________________________________

Medicação controlada: Sim ( ) Não ( ) Qual (is) ________________________

_______________________________________________________________

Data do AVC: ________________________________

Realiza Fisioterapia? ( ) sim ( ) não. Frequência: ______________________

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ANEXOS

ANEXO 1

Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL

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ANEXO 2

NIHSS – NATIONAL INSTITUTE HEALTH STROKE SCALE

Nome: ______________________________________Data: ____/_____/____

Examinador: _______________________________________________

Instruções

Definição de pontuação

Pontos

1a. Nível de consciência 0 = alerta, responde com vivacidade 1 = não está alerta, mas desperta com estímulo menor, obedecendo e respondendo 2 = torporoso, requer estimulação repetida ou dolorosa para responder aos comandos 3 = responde apenas com reflexos motores ou autonômicos, ou totalmente irresponsivo, flácido e arreflexo

b. Nível de consciência – Perguntas: Qual o mês do ano e qual a sua idade?

0 = responde ambas questões corretamente 1 = responde uma questão corretamente 2 = nenhuma questão é respondida corretamente

c. Nível de consciência – Solicitar para o paciente fechar e abrir os olhos e fechar e abrir a mão não-parética

0 = executa ambas as tarefas corretamente 1= executa somente uma tarefa corretamente 2 = nenhuma tarefa é executada corretamente

2. Olhar – Solicitar movimentos dos olhos para a direita e para a esquerda

0 = normal 1 = paralisia ocular parcial.O movimento ocular é anormal em um ou ambos os olhos, mas não estão presentes desvio forçado do olhar ou paresia total do movimento ocular 2 = desvio forçado ou paresia ocular total não sobrepujada pela manobra oculocefálica

3. Visual – Solicitar a contagem dos dedos nos quadrantes superiores e inferiores (direito e esquerdo) avaliando cada olho independentemente

0 = sem perda visual 1 = hemianopsia parcial 2 = hemianopsia total 3 = hemianopsia bilateral (cegueira, incluindo a cegueira cortical)

4. Paralisia facial – Solicitar para o paciente mostrar os dentes ou levantar as sobrancelhas e fechar os olhos

0 = movimento simétrico normal 1 = paralisia leve (sulco nasolabial apagado e assimetria do sorriso) 2 = paralisia parcial (total ou quase total da face inferior) 3 = paralisia completa de um ou ambos os lados (ausência de movimento facial superior e inferior)

5. Motricidade dos MMSS – Solicitar para o paciente manter o braço em flexão a 45º na posição supina durante 10 segundos, ou 90

0 se

sentado, iniciando com o membro não afetado 5 a. Braço esquerdo

5 b. Braço direito

0 = sem queda, o membro mantém os 900 ou 45

0

graus durante 10 segundos 1 = queda, o membro mantém os 90

0 ou 45

0, cai

antes dos 10 segundos, mas não atinge a cama ou outro suporte 2 = algum esforço contra a gravidade, o membro não atinge ou não consegue manter os 90

0 ou 45

0,

cai até a cama mas existe algum esforço contra a gravidade 3 = sem esforço contra a gravidade; o membro cai 4 = sem movimento 9 = amputação, fusão articular: ______________

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6. Motricidade dos MMII – Solicitar para o paciente manter a perna em flexão a 30º na posição supina durante 5 segundos, iniciando com o membro não afetado 6 a. Perna esquerda

6 b. Perna direita

0 = sem queda, o membro mantém os 300 graus

durante 5 segundos 1 = queda, o membro cai antes dos 5 segundos, mas não atinge a cama 2 = algum esforço contra a gravidade, o membro cai na cama em 5 segundos, mas existe algum esforço contra a gravidade 3 = sem esforço contra a gravidade; o membro cai imediatamente 4 = sem movimento 9 = amputação, fusão articular: ______________

7. Ataxia de membros – Realizar as provas índice-nariz e calcanhar-joelho

0 = ausente 1 = presente em um membro 2 = presente em dois membros

Ataxia no: MSD = sim ( ) não ( ) amputação, fusão articular, etc (9) MSE = sim ( ) não ( ) amputação, fusão articular, etc (9) MID = sim ( ) não ( ) amputação, fusão articular, etc (9) MIE = sim ( ) não ( ) amputação, fusão articular, etc (9)

8. Sensibilidade – Realizar estimulação dolorosa com alfinete na região proximal do braço, perna, tronco e face

0 = normal, sem perda de sensibilidade 1 = perda de sensibilidade, de leve a moderada, o paciente sente que é a fincada é menos aguda ou é romba no lado afetado, ou existe uma perda da dor superficial com a fincada, mas o paciente está ciente de que esta sendo tocado 2 = perda severa ou total da sensibilidade; o paciente não está ciente de ter sido tocado na face ou membros

9. Linguagem – Solicitar ao paciente para identificar um grupo de figuras e ler um conjunto de sentenças (no mínimo 3)

0 = sem afasia, normal 1 = afasia leve a moderada, alguma perda óbvia da fluência ou da facilidade de compreensão, sem limitação significativa nas idéias expressadas ou na forma de expressão. A redução da linguagem e/ou compreensão, entretanto, torna a conversação sobre o material apresentado difícil ou impossível. O examinador pode identificar no material apresentado figuras ou nomeações a partir das respostas do paciente 2 = afasia severa; toda comunicação é através de expressão fragmentada; há grande necessidade de inferência, questionamento e adivinhação pelo examinador. A variedade de informação que pode ser trocada é limitada; o examinador carrega o fardo da comunicação. O examinador não consegue identificar os materiais apresentados a partir das respostas do paciente. 3 = mudez, afasia global; sem linguagem aproveitável ou compreensão auditiva.

10. Disartria – Solicitar para o paciente ler uma lista de palavras

0 = normal 1 = leve a moderada, o paciente arrasta pelo menos algumas palavras e, na pior situação, pode ser entendido com alguma dificuldade. 2 = severa; a fala do paciente é tão arrastada que torna-se ininteligível, na ausência ou desproporcional à qualquer disfasia, ou o paciente é mudo/anártrico. 9 = intubado ou com outra barreira física. Explique: _______________________________

11. Extinção e inatenção (prévia 0 = sem anormalidade

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negligência) – Solicitar para o paciente descrever o que está acontecendo na figura apresentada numa folha de papel, do lado direito e esquerdo (compensar com a cabeça qualquer perda visual). Se não conseguir, o paciente deverá reconhecer uma estimulação tátil simultânea e bilateral, com os olhos fechados

1 = inatenção ou extinção visual, tátil, auditiva, espacial ou pessoal à estimulação simultânea bilateral em uma das modalidades de sensibilidade. 2 = hemi-inatenção profunda ou hem-inatenção à mais que uma modalidade. Não reconhece sua própria mão ou orienta-se somente a um lado do espaço.

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ANEXO 3

Mini-exame do Estado Mental – MEEM

Nome: ___________________________________________Data: ___/___/_____

Examinador: ______________________________________________________

Funções cognitivas Pontos Escore

Orientação temporal 1. Qual é o(a) Dia?

Mês? Ano? Dia da semana? Hora?

1 1 1 1 1

Orientação espacial 2. Onde estamos? Local (cômodo)? Local (prérdio)? Bairro ou rua próxima? Cidade?

Estado?

1 1 1 1 1

Memória imediata 3. Mencione três objetos, levando 1 segundo para cada um. Então, pergunte ao paciente sobre os três objetos após você os ter mencionado. Estabeleça um ponto para cada resposta correta. Repita as respostas, até o paciente aprender todos os três.

3

Atenção e cálculo 4. Série de sete. Estabeleça um ponto para cada resposta correta. Interrompa a cada cinco respostas.

5

Memória: evocação tardia 5. Pergunte o nome dos três objetos aprendidos na questão 3. Estabeleça um ponto para cada resposta correta.

3

Linguagem 6. Aponte para um lápis e um relógio. Faça o paciente dizer o nome desses objetos conforme você os aponta.

7. Faça o paciente repetir “Nem aqui, nem ali, nem lá”. 8. Faça o paciente seguir um comando de três estágios: “Pegue o papel com a mão direita. Dobre o papel ao meio. Coloque o papel no chão”. 9. Faça o paciente ler e obedecer ao seguinte: FECHE OS OLHOS. 10. Faça o paciente escrever uma frase de sua própria autoria (A frase deve conter um sujeito e um objeto e fazer sentido. Ignore erros de ortografia ao marcar o ponto).

2 1 3 1 1

Capacidade construtiva visual 11. Faça o paciente copiar o desenho impresso. Estabeleça um ponto se todos os lados e ângulos forem preservados e se os lados de interseção formarem um quadrilátero.

1

Total 30

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ANEXO 4

FUGL-MEYER – MEMBRO SUPERIOR

Nome: ____________________________ Data: _______ Examinador:

__________

Teste Pontuação

1 – Motricidade reflexa: Bíceps ( ) Tríceps ( ) Pont. máx:(4)

0 – Não é possível elicitar atividade reflexa 2 – É possível elicitar atividade reflexa

2 – Sinergia flexora: Elevação ( ) Retração de ombro ( ) Abdução (pelo menos 90) ( ) Rot. Externa ( ) Flexão de cotovelo ( ) Supinação ( ) Pont. máx:(12)

0 – Não consegue executar de nenhuma maneira 1 – Executado parcialmente 2 – Executado impecavelmente

3 – Sinergia extensora: Adução / rotação interna do ombro ( ) Extensão cotovelo ( ) Pronação ( ) Pont. Max:(8)

0 – Não consegue executar de nenhuma maneira 1 – Executado parcialmente 2 – Executado impecavelmente

4 – Movimento combinando sinergismos: a) mão a coluna lombar ( ) b) flexão de ombro a 90º com cotovelo a 0º ( ) c) prono-supinação com cotovelo a 90º e ombro a 0º ( ) Pont. Max:(6)

a) 0 – Não executou nenhuma ação específica 1 – A mão deve ultrapassar a coluna ilíaca ântero-posterior 2 – Ação executada impecavelmente b) 0 – No início do movimento o braço é abduzido ou o cotovelo é fletido 1 – Na fase final do movimento, o ombro abduz e/ou ocorre flexão de cotovelo 2 – a tarefa é realizada perfeitamente c) 0 – Não ocorre posicionamento correto do cotovelo e ombro e/ou pronação e supinação não é realizada completamente 1 – prono-supinação pode ser realizada com ADM limitada, o ombro e o cotovelo estão corretamente posicionados 2 – a tarefa é realizada completamente

5- Movimento fora de sinergismo: a) abdução ombro a 90º com cotovelo estendido e antebraço pronado ( ) b) flexão de ombro de 90º a 180º com cotovelo estendido e antebraço em posição média ( )

a) 0 – Ocorre flexão inicial de cotovelo ou qualquer desvio em relação ao antebraço pronado 1 – realiza parcialmente o movimento ou ocorre flexão do cotovelo ou não mantém o antebraço em pronação 2 – movimento impecável b) 0 – Ocorre flexão inicial do cotovelo ou abdução do ombro 1 – Ocorre flexão do cotovelo ou abdução do

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c) prono-supinação do antebraço, cotovelo estendido e flexão de ombro de 30 a 90º ( ) Pont. Max:(6)

ombro durante a flexão deste 2 – Movimento impecável c) 0 – Posição não pode ser obtida pelo paciente e/ou prono-supinação não pode ser realizada 1 – Cotovelo e ombro posicionado corretamente e a prono-supinação são executadas em amplitude limitada 2 – a tarefa é realizada perfeitamente

6 – Atividade reflexa normal: ( ) bíceps / tríceps/ flexor dedos (avalia se o paciente atingiu nota 6 no estágio 5) Pont. máx:( 2)

0 – 2 ou 3 reflexos estão hiperativos 1 – 1 reflexo esta marcadamente hiperativo ou 2 estão vivos 2 – não mais que 1 reflexo esta vivo e nenhum esta hiperativo

7 – Controle de punho: a) Dorsiflexão, c/ cotovelo 90º, ombro 0º e pronação, com resistência. (assistência, se necessário) ( ) b) Máxima flexo-extensão de punho, cotovelo 90º, ombro 0º, dedos fletidos e pronação (auxílio se necessário) ( ) c) Dorsiflexão com cotovelo a 0º, ombro a 30º e pronação, com resistência (auxílio) ( ) d) Máxima flexo-extensão, com cotovelo 0º, ombro a 30º e pronação (auxílio) ( ) e) Circundução ( ) Pont. máx:(10)

a) 0 – Não realiza dorsiflexão de punho a 15 º 1 – Consegue a dorsiflexão, não aceita resistência 2 – A posição pode ser mantida contra alguma resistência b) 0 – não ocorre movimento voluntário 1 – o paciente não move ativamente o punho em todo grau de movimento 2 – Movimento impecável e suave c) Idem ao a) d) Idem ao b) e) Idem ao b)

8 – Mão: a) flexão em massa dos dedos ( ) b) extensão em massa dos dedos ( ) c) Preensão 1: Art. metacarpofalangeanas (II a V) estendidas e interfalangeanas distal e proximal fletidas. Preensão contra resistência ( ) d) Preensão 2: O paciente é instruído a aduzir o polegar e segurar um papel interposto entre o polegar e o dedo indicador ( ) e) Preensão 3: O paciente opõe a digital do polegar contra a do dedo indicador, com um lápis interposto ( ) f) Preensão 4: Segurar com firmeza um objeto cilíndrico, com a superfície volar do primeiro e segundo dedos contra os demais ( )

a) 0 – Não ocorre flexão 1 – Alguma flexão, não o movimento completo 2 – Flexão ativa completa (comparada com a mão não-afetada) b) 0 - nenhuma atividade ocorre 1 – ocorre relaxamento (liberação) da flexão em massa 2 – extensão completa (comparado com mão não afetada) c) 0 – posição requerida não pode ser realizada 1 – a preensão é fraca 2 – a preensão pode ser mantida contra considerável resistência d) 0 - a função não pode ser realizada 1 – o papel pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão 2 – O papel é segurado firmemente contra um puxão e) Procedimento de pontuação são os mesmos da preensão 2 f) Procedimento de pontuação são os mesmos da preensão 2 e 3 g) Os procedimento de pontuação são os

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g) Preensão 5: o paciente segura com firmeza uma bola de tênis ( ) Pont. máx: (14)

mesmos da preensão 2, 3 e 4

9 - Coordenação/ Velocidade - Index-nariz 5 vezes em sucessão rápida: a) Tremor ( ) b) Dismetria ( ) c) Velocidade: ( ) Pont. máx: (6)

a) 0 – tremor marcante/ 1 – tremor leve/ 2 – sem tremor b) 0 – dismetria marcante/ 1 – dismetria leve/ 2 – sem dismetria c) 0 – 6 seg. mais lento que o lado não afetado/ 1 – 2 a 5 seg. mai s lento que o lado não afetado/ 2 - menos de 2 seg. de diferença

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ANEXO 5

ESCALA DE ASHWORTH MODIFICADA

Nome: ___________________________________________Data: ___/___/_____ Examinador: ______________________________________________________

Escore de

Ashworth

Grau de tônus muscular – Ombro

0 Nenhum aumento do tônus muscular

1 Leve aumento do tônus muscular, manifestado por uma tensão momentânea ou por

resistência mínima, no final da ADM, quando a região é movida em flexão ou

extensão

2 Leve aumento do tônus muscular, manifestado por tensão abrupta, seguida de

resistência mínima em menos da metade da ADM restante

3 Aumento mais marcante do tônus muscular, durante a maior parte da ADM, mas a

região é movida facilmente

4 Considerável aumento do tônus muscular, o movimento passivo é difícil

5 Parte afetada rígida em flexão ou extensão

Escore de

Ashworth

Grau de tônus muscular – Cotovelo

0 Nenhum aumento do tônus muscular

1 Leve aumento do tônus muscular, manifestado por uma tensão momentânea ou por

resistência mínima, no final da ADM, quando a região é movida em flexão ou

extensão

2 Leve aumento do tônus muscular, manifestado por tensão abrupta, seguida de

resistência mínima em menos da metade da ADM restante

3 Aumento mais marcante do tônus muscular, durante a maior parte da ADM, mas a

região é movida facilmente

4 Considerável aumento do tônus muscular, o movimento passivo é difícil

5 Parte afetada rígida em flexão ou extensão

Escore de

Ashworth

Grau de tônus muscular - Punho

0 Nenhum aumento do tônus muscular

1 Leve aumento do tônus muscular, manifestado por uma tensão momentânea ou por

resistência mínima, no final da ADM, quando a região é movida em flexão ou

extensão

2 Leve aumento do tônus muscular, manifestado por tensão abrupta, seguida de

resistência mínima em menos da metade da ADM restante

3 Aumento mais marcante do tônus muscular, durante a maior parte da ADM, mas a

região é movida facilmente

4 Considerável aumento do tônus muscular, o movimento passivo é difícil

5 Parte afetada rígida em flexão ou extensão

Observações gerais:

_______________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________

____________________________

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ANEXO 6

Desempenho no jogo

Nome: _______________________________________________ Data: ____/____/_____ Examinador: ______________________________________________

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ANEXO 7

Registro do EPOC

Nome: __________________________________________ Data: ____/____/_____ Examinador: ______________________________________________ Lançamentos 1 - ___________________ 2 - ___________________ 3 - ___________________ 4 - ___________________ 5 - ___________________ 1 - ___________________ 2 - ___________________ 3 - ___________________ 4 - ___________________ 5 - ___________________ 1 - ___________________ 2 - ___________________ 3 - ___________________ 4 - ___________________ 5 - ___________________ Intercorrências _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________