ALEXANDRE MARTINS PINHO -...
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO ARTES E LETRAS – FACALE
MESTRADO EM LETRAS
ALEXANDRE MARTINS PINHO
LETRAMENTO INFORMACIONAL DIGITAL: UM ESTUDO DE CASO DO
COMPORTAMENTO DE BUSCA E SELEÇÃO DE INFORMAÇÕES REALIZADO
POR PROFESSORES EM FORMAÇÃO
DOURADOS – MS
2018
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS
FACULDADE DE COMUNICAÇÃO ARTES E LETRAS – FACALE
MESTRADO EM LETRAS
ALEXANDRE MARTINS PINHO
LETRAMENTO INFORMACIONAL DIGITAL: UM ESTUDO DE CASO DO
COMPORTAMENTO DE BUSCA E SELEÇÃO DE INFORMAÇÕES REALIZADO
POR PROFESSORES EM FORMAÇÃO
Dissertação apresentada à Banca de defesa
do Programa de Pós-Graduação em Letras,
da Faculdade de Comunicação, Artes e
Letras da UFGD, área de concentração:
Linguística e Transculturalidade, em
cumprimento aos requisitos para a obtenção
do título de Mestre, sob orientação da Prof.ª
Dra. Edilaine Buin e coorientação da Profª
Dra. Inês Signorini.
DOURADOS – MS
2018
Àqueles que sempre abdicaram de seus
próprios objetivos para que eu alcançasse os
meus: meus pais!
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus por ter permanecido comigo desde o início desta
empreitada, concedendo-me forças nos momentos de maior necessidade, levantando-me
quando parecia já não haver forças para continuar caminhando.
Agradeço a minha família que permaneceu sempre presente, mesmo quando a distância
física poderia ter nos distanciado. Obrigado por todo o pensamento positivo, as palavras de
ânimo, e pelo carinho. A energia de todos, sempre contagiante, apesar dos problemas e
dificuldades pelos quais rotineiramente passam uma família, me fez enxergar o lado positivo
das adversidades.
Ao meu pai, Antonio Pinho, pelo exemplo de ser humano perseverante que sempre se
mostrou ser: o primogênito de oito filhos que, apesar de já ter largado os estudos para trabalhar
na roça e ajudar nas despesas de casa, jamais deixou de conquistar seus objetivos, tornando-se
um educador e, posteriormente, diretor de unidade escolar. Agradeço pela dedicação com a qual
sempre tratou seus alunos e sempre cuidou da escola, trabalhando até mesmo nos fins de
semana, fazendo dela sua segunda morada. Agradeço por ter me criado dentro de um ambiente
escolar de referência. Se hoje sou professor, herdei essa paixão de ti, meu pai, do exemplo de
bom profissional em que sempre me espelhei.
A minha mãe, Edna Martins da Rocha Pinho, por todo o amor, preocupação, carinho e
oportunos conselhos. Obrigado por ser meu porto seguro em noites de tempestade, obrigado
por dizer aquilo que eu necessitava ouvir, obrigado por segurar minha mão há duas décadas
atrás e me ensinar caminhar sozinho. Obrigado pelos sacrifícios diários para que eu ainda possa
trilhar meu próprio caminho!
A minha irmã, Erica Martins Pinho, pelas variadas demonstrações de carinho. Jamais
me esquecerei dos desenhos com mensagens motivacionais, das ligações fora de hora ou da
preocupação incessante com a minha saúde.
A minha namorada/noiva/esposa, Michelle Sanches, por estar ao meu lado nos
momentos de angústia e também de alegria, sempre me incentivando a nunca desistir dos meus
objetivos, participando de e vibrando comigo a cada conquista. Obrigado por ser partícipe da
construção do meu (nosso) destino!
Aos amigos que o curso de Letras me deu, Danilo Bernardes da Silva, Jéssica Rojas e
Selma Peruci, por sempre caminharem comigo, estendendo a mão quando mais necessitei.
Obrigado pelas risadas, pelas sessões de psicanálise de porta de boteco, pelas demonstrações
de empatia e altruísmo e pelas mensagens de incentivo que tanto me ajudaram a crescer pessoal
e profissionalmente. A todos vocês, muito obrigado!
A todos os meus parceiros e parceiras de pedal, pelos momentos de descontração tão
importantes em que pude nutrir corpo e mente, recarregando as energias para me dedicar com
mais vigor ao trabalho.
A minha sempre lembrada Teacher Patricia Nascimento, pelos constantes incentivos e
pela revisão criteriosa feita no abstract. Muito obrigado pelas inúmeras contribuições a minha
formação!
Aos meus amigos e companheiros de jornada, Bianca Meneguini e Patrick Sousa, pelas
experiências compartilhadas, pelas conversas e trocas de mensagens sobre prazos, orientação,
relatórios e tudo mais que faz parte do manual do bolsista de mestrado.
À secretária deste programa de pós-graduação, Suzana Marques, pela competência
ímpar com que sempre desempenhou sua função e pela presteza e atenção no atendimento e
orientação aos mestrandos.
A todos os professores e colegas do Programa de Pós-Graduação em Letras, que, direta
ou indiretamente, contribuíram com o meu crescimento cognitivo e profissional e com a
realização desta pesquisa. Em especial, meu muito obrigado ao coordenador, o professor Dr.
Paulo Bungart Neto, quem, sempre solícito, muito me ajudou em momentos cruciais.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES –, pela
concessão de bolsa durante o período de 24 meses. Sem inestimável ajuda, esta pesquisa jamais
teria se concretizado.
Ao professor Dr. Adair Vieira Gonçalves e ao professor Dr. Bruno Maroneze, pelas
valiosas contribuições feitas a este trabalho em ocasião do exame de qualificação. A leitura
meticulosa e os apontamentos, verdadeiramente, singulares, frutos de uma experiência
linguística inigualável, em muito favoreceram o aprimoramento de questões essenciais.
À professora Dra. Fabiana Poças Biondo Araújo e à professora Dra. Thayse Figueira
Guimarães, titulares da banca de defesa, por disponibilizarem tempo e esforço para contribuir
com esta pesquisa.
À professora Dra. Inês Signorini pela coragem de se dispor a coorientar uma pesquisa
realizada a quilômetros do seu local de trabalho. Muito obrigado, professora Inês, pelas reuniões
via Skype, pelas contribuições valiosas, pela paciência com que respondia aos meus
questionamentos, pelos apontamentos categóricos e meticulosos que tanto enriqueceram nosso
trabalho.
Ao meu primo e amigo, Gean Pereira Pinho, por todo o esforço e profissionalismo
desempenhados em momentos determinantes da pesquisa. Enquanto apreciador de boa música,
Gean descobriu “Novos Horizontes” no campo da Linguística Aplicada, mostrando-se um
promissor pesquisador. Obrigado por todo o empenho, meu primo!
Agradeço especialmente ao professor Dr. Adair Vieira Gonçalves, com quem tive a
honra e o prazer de compartilhar quatro frutíferos anos de trabalho, divididos entre três
iniciações científicas e parte do mestrado. Por motivos que extrapolam a compreensão e a
vontade humanas, não mantemos mais uma relação profissional, restando uma amizade
alimentada pelo imenso carinho, respeito e pela profunda admiração que sinto por ti, professor
Adair. Agradeço cada troca de e-mail, cada conversa, cada conselho, cada dica, cada vez que
saímos para tomar uma cerveja ou andar de bicicleta. Agradeço as vezes em você e sua esposa
Cris me receberam em sua casa. Serei eternamente grato por toda a preocupação com a minha
vida profissional e também pessoal. Devo a você o meu interesse pelo mundo acadêmico!
Por fim, meus mais sinceros agradecimentos à professora Dra. Edilaine Buin, quem,
nesse período em que trabalhamos juntos, tem se mostrado muito mais que uma orientadora,
uma verdadeira amiga. Muito obrigado, professora, por ter aceitado a empreitada, nada
promissora, de orientar um mestrando com 13 meses de uma pesquisa não efetivada. Quaisquer
palavras de agradecimento ditas aqui serão meramente protocolares perto da gigantesca
gratidão que sinto por ter ouvido o seu “sim” ao meu pedido de orientação. Gratidão essa que
só aumenta após cada palavra de incentivo que sempre acompanhava as devoluções de texto, a
cada vez que abria espaço na sua apertada agenda ou que, com toda a bondade e paciência
características, sacrificava momentos familiares para me receber em sua residência. À
professora e amiga Edilaine Buin, meu mais verdadeiro “muito obrigado”!
“Se fosse fácil achar o caminho das pedras,
tantas pedras no caminho não seria ruim”
(Engenheiros do Hawaii)
RESUMO
O crescimento acelerado das tecnologias disponíveis, em especial às ligadas à Internet, tem
provocado mudanças significativas na maneira como os indivíduos acessam e assimilam o
conhecimento. A escola, espaço constituído por indivíduos, não se mantém invulnerável a essas
mudanças, tendo que se adequar às novas tendências. Diante desse cenário, objetivamos realizar
um estudo de caso sobre o comportamento de busca e seleção de informações em ambiente
digital, ou seja, de práticas relacionadas ao Letramento Informacional Digital, daqueles que
atuarão, em um futuro próximo, dentro da sala de aula, os professores em formação. Visando a
atender a esse objetivo, desenvolvemos a geração de registros e analisamos os dados
provenientes dela. A fase de geração consistiu em duas etapas: a consecução de uma atividade
semiexperimental e de entrevistas individuais semiestruturadas aplicadas a um grupo de dez
acadêmicos da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), frequentadores do primeiro
semestre do curso de Letras, no ano de 2017. Propusemos uma atividade de trinta minutos de
duração, de acordo com a qual os participantes tinham de empreender a busca, através da
Internet, de informações relacionadas a dois termos-chave (Ciclismo de estrada e Ciclismo de
montanha) e construir um infográfico, como forma de sintetizar as informações encontradas.
Ao término dessa tarefa, entrevistamos cada um deles, de modo a confrontar as respostas com
as evidências empíricas advindas da análise dos dados da atividade semiexperimental. Por
intermédio do software Camtasia Studio 9 – um aplicativo que cria registros audiovisuais da
tela do computador e do ambiente externo a ela – seguimos todos os passos dos participantes
durante a atividade. Para conduzir o processo investigativo, utilizamos como base teórico-
metodológica os estágios de busca de informação apresentados por Shankar et al. (2005), a
partir do modelo criado por Ellis (1989), a saber: Início; Encadeamento; Navegação;
Diferenciação; Monitoramento; Extração. O estudo evidenciou comportamentos marcados pela
superficialidade de busca e generalidade das informações. Os acadêmicos se restringiram ao
comando da atividade, selecionando conteúdo, majoritariamente, a partir de fontes de origem
questionável, tais como o site wikipedia.org – de natureza colaborativa. Juntamente a questões
relacionadas à seleção de informações, a investigação apontou para a apropriação indébita do
discurso alheio, por meio do recurso Ctrl + C, Ctrl + V. Além disso, os dados indicaram a
ausência significativa do estágio de diferenciação (comparação) entre fontes distintas. De modo
geral, as considerações evidenciadas refletem comportamentos de busca e seleção específicos,
mas que podem servir de referência a pesquisas futuras ou, mesmo, a docentes interessados em
repensar técnicas de ensino a fim de formar alunos capazes de atuar com ética e precisão durante
a busca e seleção de conteúdo.
PALAVRAS-CHAVE: Letramento Informacional Digital. Comportamento de busca e seleção
de informações. Internet.
ABSTRACT
The quick increase of available technologies, especially those connected to the Internet, has led
to significant changes in the way individuals access and assimilate knowledge. The school, a
space made of different individuals, does not remain invulnerable to these changes, having to
adapt to the new trends. In this scenario, we aim to carry out a case study about the information
search and selection behavior in a digital environment, that is, practices related to Digital
Information Literacy, of those who will act, in the near future, within the classroom, the teachers
in training. In order to meet this objective, we developed records and analyzed the data from it.
The record-collection phase was consisted of two stages: the achievement of a semi-
experimental activity and semi-structured individual interviews applied to a group of ten
undergraduate students from the Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), who
was attending the first semester of the course of Letras (Languages and Literature), in the year
2017. We proposed a thirty-minute activity, in which the participants had to undertake the
search, through the Internet, for information related to two keyterms (Road cycling and
Mountain biking) and construct an infographic to synthesize the information found. At the end
of this task, we interviewed each one of them, in order to confront the answers with the
empirical evidences coming from the data analysis of semi-experimental activity. Through
Camtasia Studio 9 software – an app that creates audiovisual records of the computer screen
and the external environment – we have followed each step of the participants during the
activity. In order to conduct the investigative procedure, we have used as theoretical-
methodological basis the search information stages presented by Shankar et al. (2005), from the
model created by Ellis (1989), namely: Starting; Chaining; Browsing; Differentiating;
Monitoring; Extracting. The study evidenced behaviors marked by the superficiality of search
and generality of information. Academics were restricted to activity command, selecting
content, mostly, from questionable origin sources, such as the wikipedia.org website, whose
essence is collaborative. Along with questions related to information selection, research has
pointed to the misappropriation of the discourse of others through the use of Ctrl + C, Ctrl + V.
In addition, the data have indicated the significant absence of the differentiating stage
(comparison) among different sources. In general, the considerations presented reflect specific
search and selection behaviors, but can serve as reference to future research or even to scholars
interested in rethinking teaching techniques/methodologies to train students who can act
ethically and accurately while searching and selecting content.
KEYWORDS: Digital Information Literacy. Information search and selection behavior.
Internet.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Representação do comando com a atividade proposta...................................26
Figura 02: Recorte da captura de tela do Participante 01.................................................63
Figura 03: Recorte do diagrama do processo de busca do Participante 02......................68
Figura 04: Ampliação do recorte do diagrama do processo de busca do Participante 02,
correspondente ao início em A1........................................................................................69
Figura 05: Ampliação do recorte do diagrama do processo de busca do Participante 02,
correspondente ao início em A4........................................................................................70
Figura 06: Captura de tela da produção final do Participante 02.....................................72
Figura 07: Captura de tela do registro audiovisual do Participante 03............................76
Figura 08: Captura da tela da produção final do Participante 03.....................................78
Figura 09: Recorte do diagrama do Participante 04.........................................................81
Figura 10: Comparação entre recorte da tela no momento da atividade e produção final
do Participante 04..............................................................................................................83
Figura 11: Recorte do diagrama do Participante 05.........................................................85
Figura 12: Representação em imagem da produção final do Participante 05..................87
Figura 13: Recorte editado da captura de tela do Participante 07....................................88
Figura 14: Recorte da produção final do Participante 08.................................................93
Figura 15: Recorte da produção final do Participante 10...............................................102
Figura 16: Recorte da captura de tela do Participante 11...............................................104
Figura 17: Recorte da captura de tela do Participante 11...............................................105
Figura 18: Captura de tela do computador do Participante 02.......................................110
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Informações relacionadas aos principais usos do computador e da Internet
declarados pelos participantes em entrevista.....................................................................38
Quadro 02: Comparação entre a resposta do Participante 02 e a do Participante 09 à
pergunta 01 da entrevista individual.................................................................................95
Quadro 03: estágios de busca de informação com contribuições conceituais-
terminológicas posteriores..............................................................................................115
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Número de ocorrências das respostas dadas pelos participantes à questão do
quadro 01...........................................................................................................................39
Gráfico 02: Comparação entre os dados referentes aos estágios de busca dos
participantes 03 e 02..........................................................................................................77
Gráfico 03: Páginas visitadas e quantidade de acessos primários entre os participantes 09
e 02....................................................................................................................................97
Gráfico 04: Comparação entre a quantidade de encadeamentos para frente e para trás
realizados pelos participantes 02, 05 e 09.......................................................................108
Gráfico 05: Páginas visitadas e quantidade de acessos primários do participante 01 ao
11.....................................................................................................................................111
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................16
1. INSTRUMENTOS E PERCURSOS METODOLÓGICOS.................................... 21
1.1 A escolha pelo estudo de caso......................................................................................21
1.2 Anterior à geração de registos: o piloto.......................................................................24
1.3 A geração de registros..................................................................................................25
1.3.1 A atividade semiexperimental de busca e seleção de informações para produção de
um infográfico....................................................................................................................25
1.3.2 As entrevistas individuais semiestruturadas..............................................................30
1.4 Dificuldades na geração de registos em uma pesquisa sujeita tanto a fatores humanos
quanto tecnológicos...........................................................................................................32
1.5 Procedimentos de armazenamento dos registros.........................................................35
1.6 Caracterização dos participantes da pesquisa..............................................................37
1.7 Protocolos éticos..........................................................................................................39
1.8 Composição do corpus e transcrição dos registros......................................................40
2. LETRAMENTO INFORMACIONAL DIGITAL E OS ESTÁGIOS DE BUSCA
DE INFORMAÇÃO: UMA INTERSECÇÃO ENTRE TEORIA E
METODOLOGIA............................................................................................................43
2.1 A concepção de letramento adotada e o conceito de letramento informacional..........43
2.2 Os conceitos de letramento digital e letramento informacional digital........................48
2.3 Relação entre LID e a formação de professores...........................................................53
2.4 Os estágios de busca de informação.............................................................................55
3. ANÁLISE DE DADOS: DO INDIVIDUAL AO COLETIVO..................................62
3.1 Os dez casos.................................................................................................................62
3.1.1 Participante 01...........................................................................................................63
3.1.2 Participante 02...........................................................................................................67
3.1.3 Participante 03...........................................................................................................74
3.1.4 Participante 04...........................................................................................................80
3.1.5 Participante 05...........................................................................................................84
3.1.6 Participante 07...........................................................................................................86
3.1.7 Participante 08...........................................................................................................91
3.1.8 Participante 09...........................................................................................................94
3.1.9 Participante 10...........................................................................................................99
3.1.10 Participante 11.......................................................................................................103
3.2 A respeito dos dez casos.............................................................................................107
3.3 Contribuição dos casos aos estágios de busca e seleção de informação....................112
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................117
REFERÊNCIAS.............................................................................................................121
ANEXOS.........................................................................................................................126
16
INTRODUÇÃO
O crescimento e popularização de mecanismos digitais, conjuntamente com a
propagação da rede mundial de computadores – do inglês, International Network ou, apenas,
Internet –, têm criado novos espaços de interação e de propagação e assimilação de
conhecimento. Quando desejamos obter uma informação recorremos, com frequência, aos
meios digitais, inserindo-nos em uma nova cultura ou, nas palavras de Lévy (1999), na
cibercultura.
As fronteiras da cibercultura já não estão mais tão definidas como quando o termo foi
cunhado pela primeira vez, no fim século passado. Essa tendência cultural já chegou a espaços
antes impensados, adentrando, inclusive, os muros da escola, sob as mais variadas formas, seja
pelo uso direcionado do computador e da Internet, seja pelo acesso a diferentes conteúdos e
fontes de interesse, possibilitada pelo manuseio do celular em sala.
A utilização desses dispositivos, ao mesmo tempo em que significa uma revolução,
também acarreta problemas e desafios para seus usuários (JENKINS et al., 2003) e, em contexto
escolar, igualmente para os educadores, tendo em vista que o crescimento acelerado de espaços
de informação na rede (COSTA, 2013) gera uma organização deficitária de conteúdo
(HÖLSCHER & STRUBE, 2000). Em decorrência disso, a forma como obtemos informação
ou, mesmo, lemos através da rede tem mudado significativamente.
Nesse contexto de busca por informação através de ferramentas eletrônicas modernas,
surgem questionamentos a respeito de como a educação vem tratando a inserção dos indivíduos
nesses espaços plurais e difusos proporcionados pela Internet e pelo uso constante de
tecnologias digitais. Neste trabalho, nos preocupamos em investigar como um grupo de
professores em formação, estudantes de um curso de graduação em Letras, de uma universidade
pública, realiza busca e seleção de informações por meio de computadores ligados à Internet,
suas estratégias de processamento, assimilação e seleção de informações veiculadas na rede.
Em outras palavras, preocupamo-nos com o letramento informacional digital, doravante LID,
de futuros professores.
O conceito de LID foi apresentado pela primeira vez por Shankar et al. (2005) para
explicar uma forma mais completa (se considerado o conceito tradicional de letramento digital)
de compreender práticas que correspondessem à busca crítica de informação por meio das
tecnologias digitais. Conceito esse que compreende a associação entre letramento
informacional (LI) e letramento digital (LD). De acordo com Gasque (2012, p. 28), LI
17
“corresponde ao processo de desenvolvimento de competências para localizar, selecionar,
acessar, organizar, usar informação e gerar conhecimento, visando à tomada de decisão e à
resolução de problemas”, ao passo que LD diz respeito ao “estado ou condição que adquirem
os que se apropriam da nova tecnologia digital e exercem práticas de leitura e de escrita na tela,
diferente do estado ou condição – do letramento – dos que exercem práticas de leitura e de
escrita no papel” (SOARES, 2002, p. 151). Fruto da complexa associação entre essas distintas
concepções, o LID, poderia, portanto, ser compreendido como o conjunto amplo de habilidades
relacionadas à busca e processamento críticos de informações em múltiplos formatos,
decorrente de demandas próprias do uso das tecnologias de informação e comunicação (TICs)
ou, mais próximo à realidade deste trabalho, do computador e da Internet.
Considerando o contexto de abrangência e propagação das TICs, especialmente o
avanço das ferramentas e recursos digitais entre o público jovem e, consequentemente, entre os
alunos, surge o seguinte questionamento: como os professores em formação do curso de Letras
da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) lidam com a tarefa essencial de busca e
seleção de informações através de tecnologias já difundidas na escola: o computador e a
Internet?
Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo geral realizar um estudo de caso a
respeito do comportamento de busca e seleção de informações, a partir da investigação dos
dados gerados por uma atividade semiexperimental de busca por intermédio de navegador e
demais ferramentas computacionais ligadas à Internet, aplicada a um grupo composto por dez
acadêmicos do primeiro semestre – ano letivo de 2017 – do curso de Letras-UFGD.
Servido a esse propósito, adotamos os seguintes objetivos específicos: i) investigar
individualmente o processo de busca e seleção de informações dos acadêmicos; ii) traçar
recorrências e singularidades entre o grupo investigado; iii) apontar possíveis influências de
práticas escolares ou cotidianas no LID dos futuros professores, de modo a favorecer o trabalho
de pesquisas futuras que se dediquem a esses aspectos.
Nosso trabalho contribui com pesquisas desenvolvidas no grupo Práticas de Escrita e
de Reflexão sobre a Escrita em Diferentes Mídias, liderado pela Profa. Dra. Inês Signorini, o
qual tem o intuito de investigar o LID de estudantes universitários em diferentes instituições
acadêmicas no Brasil.
A exemplo de estudos anteriores, Magalhães (2016), Pinho e Gonçalves (2016) e Silva
(2016), pretendíamos realizar um trabalho de caráter comparatista entre acadêmicos
ingressantes e concluintes do curso, de modo a estabelecer parâmetros investigativos para
18
determinar os efeitos da formação acadêmica, dos quatro anos de Letras, no que tange ao LID
desses acadêmicos, ou mais propriamente, no que diz respeito ao comportamento de busca e
seleção de informações em ambiente digital.
Esses estudos receberam críticas por solicitarem a produção de um gênero discursivo
pouco familiar aos acadêmicos de Letras: o infográfico. Assim como realizado aqui, solicitaram
a acadêmicos a consecução de uma atividade semiexperimetal de busca e seleção de
informações por meio de motores de pesquisa, a qual deveria resultar na produção de um
infográfico, de modo a sistematizar as informações encontradas. Nesse sentido, uma vez que
optamos por reproduzir a metodologia dessas pesquisas, nossa principal contribuição a elas
corresponde ao aprimoramento do instrumento utilizado, ou seja, da atividade
semiexperimental, visto que, anteriormente a sua realização, e diferentemente do realizado
pelos predecessores, oferecemos uma capacitação sobre o gênero solicitado. Partimos do
pressuposto de que, se soubessem de antemão de que gênero se tratava, o processo de busca de
informação seria mais eficiente.
Como parte integrante da geração de registos, mas anterior a ela, ministramos uma
capacitação sobre o gênero infográfico. Oferecida a uma turma de primeiro ano e a uma de
quarto, último ano do curso de Letras-UFGD – cerca de um mês antes da aplicação da atividade
semiexperimental –, funcionou como pré-requisito para a participação na atividade. Somente
acadêmicos que assistiram à capacitação puderam participar da pesquisa. Tencionamos
amenizar aquilo que, somado à suposta falta de tempo alegada pelos participantes, foi alvo de
críticas em estudos anteriores: o desconhecimento do gênero solicitado.
Com a duração média de duas horas e meia, a capacitação foi oferecida igualmente para
o primeiro e para o quarto ano do curso. Foram apresentados como exemplos de produções
reais (não artificializadas) infográficos veiculados em revistas, jornais, periódicos científicos e
no setor de marketing. Destacamos os pontos convergentes e divergentes entres as produções
desses diferentes setores, evidenciando o propósito sociocomunicativo que esse gênero
discursivo1 assume em diferentes contextos.
A esse respeito, faz-se necessário dizer que enfatizamos, além de noções
composicionais, estilísticas e discursivas, questões pontuais, como autoria e autenticidade do
discurso. Visando a combater a apropriação do discurso alheio (plágio) – apontada em trabalhos
1 Nos aproximamos da concepção bakhtiniana que compreende gênero como uma forma relativamente estável de
manifestação do discurso/enunciado, dotado de flexibilização estilístico-composicional, visando a atender uma
função específica, a qual emana das necessidades sociodiscursivas/sociointeracionais. Vide discussão mais
aprofundada desse tema em Bakhtin (2003).
19
como o de Costa (2013), o de Magalhães (2016), o de Pinho e Gonçalves (2016) e o de Silva
(2016) –, defendemos que todo infográfico precisa ser uma produção autêntica, dotada de
informações confiáveis, e que, por isso, necessita conter “fonte (indicação de onde se obteve a
informação) e crédito (autor ou autores do infográfico)” (MANFRÉ & SAITO, 2009, p. 1958).
Depois da formação, todos os acadêmicos participantes puderam realizar a atividade
semiexperimental de busca e seleção de informações, dispondo de conhecimentos básicos sobre
a função, características estilístico-composicionais e, até mesmo, sobre a produção do gênero
discursivo infográfico, contando, portanto, com aparatos suficientes para desenvolver uma
produção minimamente próxima do que se costuma compreender como infográfico.
A justificativa pela escolha desse gênero do discurso se deve às suas características
estilístico-composicional e funcionais muito semelhantes à multiplicidade sígnica e ao
dinamismo característicos de informações que são veiculadas na Internet. Manfré e Saito
(2009), apropriando-se das proposições de Colle (1996) a respeito da infografia, defendem que
o gênero fornece dinamismo e movimento à informação, visto que ele corresponde a uma
“unidade espacial na qual se utiliza uma combinação de códigos icônicos e verbais para
transmitir uma informação ampla e precisa, para a qual o discurso verbal seria complexo e
requereria mais espaço” (MANFRÉ & SAITO, 2009, p. 1958).
A esse respeito, as autoras ainda defendem que:
[...] percebe-se que a relação imagem-texto, no infográfico, não se trata de um casual
encontro entre duas linguagens, em que uma acompanha a outra por mera estética. As
partes desse binômio se fundem, formando um todo indissociável e coerente, uma
perfeita coesão intersemiótica, e esse infográfico, como o gênero textual que é,
cumpriu seu papel de informação visual (MANFRÉ & SAITO, 2009, p. 1960).
Considerando a coesão intersemiótica e a multimodalidade (PAIVA, 2011)
características do gênero, percebemos que o infográfico se constitui como legítimo
representante de informações veiculadas no ambiente hipermidiático (SIGNORINI, 2013)2.
Nossa intenção prima – comparar o processo de busca de um grupo ingressante e de um
concluinte do curso de Letras –, porém, tornou-se inviável quando, poucos dias antes do
momento de geração de registros, da realização da atividade semiexperimental, os acadêmicos
do quarto ano se negaram a participar. Não nos foi justificado com plausibilidade o motivo da
2 Signorini (2013) faz referência à expressão “escritas hipermidiáticas”, defininado-a como sendo “os programas
computacionais de modo geral, as estruturas hipertextuais, as interfaces gráficas, além das mensagens síncronas e
assíncronas produzidas em diferentes ambientes e plataformas digitais” (p. 02). A partir de tal definição, cunhamos
o termo “ambiente hipermidiático” para nos referirmos ao espaço virtual onde tais escritas são desenvolvidas.
20
recusa. Soubemos, através de duas professoras, que apenas dois alunos – de um grupo de mais
de trinta que havia participado da capacitação sobre o gênero infográfico – demonstraram
interesse em participar como voluntários da atividade proposta. Como não tínhamos número
significativo de participantes para compor nem mesmo uma amostra minimamente
representativa da sala, optamos por trabalhar somente com os acadêmicos ingressantes, ou seja,
com dez alunos da turma do primeiro semestre letivo do ano de 2017.
Mesmo sabendo da desistência dos acadêmicos do quarto ano, depois de já termos
realizado a geração de registros com a turma do primeiro, uma vez que essa etapa estava
agendada para dias diferentes, a pesquisa não foi comprometida, havendo, no entanto,
necessidade de modificação metodológica, passando de estudo comparativo para estudo de
caso. O foco passou de uma comparação do panorama global de cada turma a uma análise
pontual de cada caso, isto é, do comportamento de busca de cada um dos dez participantes,
conforme será detalhado com mais propriedade no capítulo primeiro.
No capítulo 1, apresentamos a metodologia adotada, abordando: i) o aporte teórico a
respeito do estudo de caso; ii) a pesquisa piloto que antecedeu a geração de registros; iii) as
etapas e os instrumentos que constituíram a geração de registros; iv) o perfil do público
participante; vi) os protocolos éticos adotados.
No capítulo 2, desenvolvemos uma discussão teórico-metodológica, organizada em
torno de duas temáticas: o conceito de letramento informacional digital e os pressupostos
teórico-metodológicos que balizarão as análises. O nome dado, bem como a organização
atípica, constituindo-o como segundo capítulo, e não como primeiro, deve-se ao fato de sua
temática inserir-se tanto no campo teórico quanto metodológico. Por uma questão didática,
optamos por apresentá-la (a temática) pouco antes da análise, facilitando a compreensão da
investigação.
No capítulo 3, analisamos práticas e comportamentos relacionados ao LID dos
acadêmicos, a partir dos dados selecionados da etapa de geração de registros. Seguindo esse
propósito, desenvolvemos uma subdivisão que mostra a análise de cada caso e as observações
gerais dela provenientes.
Por fim, apresentamos as considerações finais a respeito deste trabalho, além de algumas
sugestões para futuras pesquisas.
21
1. INSTRUMENTOS E PERCURSOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo, encontram-se descritos todos os percursos metodológicos que
orientaram a consecução da pesquisa, bem como os instrumentos adotados para geração,
computação e análise de dados. Para tanto, tratamos, inicialmente, do aporte teórico que insere
nosso trabalho nos moldes do estudo de caso. Na sequência, abordarmos as estratégias, ao
mesmo tempo em que descrevemos os instrumentos, utilizadas para geração e computação de
registros e para a constituição e análise do corpus, incluindo-se aí os protocolos éticos que
regimentaram toda a consecução da pesquisa.
1.1 A escolha pelo estudo de caso
Uma vez que optamos por adotar o estudo de caso como abordagem metodológica, faz-
se necessário apresentar as definições conceituais que justificam sua escolha. De acordo com o
Denscombe (2007), o estudo de caso pode ser entendido como a metodologia que “foca em um
(ou apenas alguns) exemplo(s) de um fenômeno em particular, com o objetivo de fornecer um
relato detalhado de eventos, relacionamentos, experiências ou processos que ocorrem numa
instância específica” (p. 52, tradução nossa3).
Para Yin (1989), imbuído de uma perspectiva mais abrangente, trata-se de
[...] uma pesquisa empírica que: investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu
contexto real; quando os limites entre o fenômeno e contexto não são claramente
evidentes; no qual múltiplas fontes de evidência são usadas (YIN, 1989, p. 23,
tradução nossa4).
Indo além dessas definições conceituais, considerando apenas que o estudo de caso não
se trata de “um tipo de pesquisa mais fácil, pelo fato de lidar com uma ou poucas unidades”
(ALVES-MAZZOTTI, 2006, p. 639), mas sim de um fazer possível, dentre tantos outros, o
qual leva relativa vantagem sobre outras metodologias, conforme defende Yin (2001), quando
levantamos “uma questão do tipo "como" ou "por que" sobre um conjunto contemporâneo de
3 Original: Case studies focus on one (or just a few) instances of a particular phenomenon with a view to providing
an in-depth account of events, relationships, experiences or processes occurring in that particular instance. 4 Original: A case study is an empirical inquiry that: investigates a contemporary phenomenon within its t; when
the boundaries between phenomenon and context are not clearly evident; and in which multiple sources of evidence
are used.
22
acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle” (p. 28), percebemos
que se trata de uma metodologia viável e apropriada aos propósitos investigativos deste
trabalho. A definição de Yin (2001) se faz especialmente oportuna em se tratando de uma
pesquisa que visa a investigar detalhadamente o percurso, as estratégias, as ações (o
comportamento) desenvolvidos por cada um dos dez participantes para buscar e se apropriar de
informações disponíveis na Internet. Dito de outro modo, é extremamente adequada aos
propósitos de um estudo que se propõe a investigar em detalhes “como” cada participante busca
informação e, consequentemente, alguns “porquês” decorrentes do percurso investigativo.
Yin (2001) rebate ao longo de todo o seu trabalho o estereótipo de que essa metodologia
seria um “parente pobre” dos métodos de pesquisa nas ciências sociais. Considerando tal
estereótipo como fruto de uma incompreensão conceitual, o pesquisador oferece uma série de
possibilidades que desconstruiria com facilidade esse pensamento falacioso. Dentre elas, a que
mais nos interessa é a que considera o estudo de caso como método rigoroso de pesquisa e não
como ferramenta de ensino, como etnografia e observação participante ou como método
qualitativo, apenas. “A essência do estudo de caso vai além dessas três áreas, muito embora
possa haver sobreposições com as últimas duas” (YIN, 2001, p. 13).
Ao combater essa incompreensão conceitual, enfatiza a complexidade do método,
defendendo que essa metodologia apresenta características “verdadeiramente distinguíveis” das
demais, a saber: a) definição do problema, b) delineamento da pesquisa, c) coleta de dados, d)
análise de dados e e) composição e apresentação dos resultados, o que permite que ela
contribua, “de forma inigualável, para a compreensão que temos dos fenômenos individuais,
organizacionais, sociais e políticos” (YIN, 2001, p. 21).
Ao traçarem um panorama histórico da ascensão da investigação qualitativa enquanto
um ramo da ciência, Bogdan e Biklen (1994) destacam o descrédito que essa abordagem teve
no século passado, especialmente na primeira metade, quando era recorrente entre os
pesquisadores o pensamento de que o termo qualitativo era sinônimo de um trabalho irrelevante,
distante do empirismo tradicional da época. Ao combaterem essa visão, os autores mostram
perspectivas que conferem cientificidade ao trabalho qualitativo atual. Dentre elas, o estudo de
caso aparece como uma metodologia de destaque. Embora não detalhem características desse
método de pesquisa, há aí uma intersecção com o trabalho de Yin (2001), à medida que rebatem
incompreensões conceituais antigas, elevando a pesquisa qualitativa e o estudo de caso ao nível
de ciência.
23
Yin (2001) não considera o estudo de caso como eminentemente de cunho qualitativo,
defendendo que o tipo de abordagem (qualitativa ou quantitativa) dependerá da natureza do
fenômeno estudado. Comunga, por outro lado, das ideias de Bogdan e Biklen (1994), ao
percebê-lo como ciência, ou seja, dotado de precisão, quantificação, objetividade e rigor
necessários.
Nesse sentido, nosso trabalho vai ao encontro das afirmações de Yin (2001) e do
pensamento de Bogdan e Biklen (1994), tentando responder a questionamentos, sobre o LID,
sobre aspectos da realidade formativa de um grupo de acadêmicos ingressantes num curso de
Letras da UFGD. Ao analisarmos individualmente cada caso (lê-se comportamento de busca e
seleção de cada uma dos dez participantes), de modo a investigar o comportamento de todo o
grupo, vamos ainda ao encontro das ideias de Alves-Mazzotti (2006), aproximando-nos daquilo
que a pesquisadora define como estudo de caso coletivo, segundo o qual
[...] o pesquisador estuda conjuntamente alguns casos para investigar um dado
fenômeno, podendo ser visto como um estudo instrumental estendido a vários casos.
Os casos individuais que se incluem no conjunto estudado podem ou não ser
selecionados por manifestar alguma característica comum. Eles são escolhidos porque
se acredita que seu estudo permitirá melhor compreensão, ou mesmo melhor
teorização, sobre um conjunto ainda maior de casos (p. 642).
O fato de se enquadrar nesse campo metodológico não nos obriga a estender nossas
investigações, ou os resultados delas advindos, a um contexto que exceda o âmbito investigativo
deste trabalho, simplesmente pelo fato de levar a alcunha de “coletivo”. A esse respeito, Bogdan
e Biklen (1994) afirmam, ao tratarem da aplicação dessa abordagem metodológica em contexto
educacional, que ainda que pesquisadores “conduzam um estudo de caso em determinada
turma, isto não significa necessariamente que tenham intenção, ao relatarem os resultados do
estudo, de sugerir que todas as turmas se lhe assemelham” (p. 66). Nesse sentido, não temos a
pretensão de realizar assimilações generalizantes entre os próprios participantes e, menos ainda,
entre o grupo estudados e os demais alunos da classe ou, mesmo, de outras turmas do curso de
Letras.
Pretendemos, como já dito na introdução, usar dados individuais para tecer
considerações que, confrontadas, apontem para singularidades e intersecções no
comportamento dos indivíduos do grupo estudado, as quais podem servir de referência para
estudos posteriores.
Uma vez delimitado o campo de estudo, cabe detalhar os percursos metodológicos (e os
respectivos instrumentos) que orientaram a geração de registros e a composição do corpus de
24
análise: a atividade semiexperimental de busca e seleção de informações, as entrevistas
individuais, as transcrições dos registros audiovisuais e dos registros de áudio.
1.2 Anterior à geração de registos: o piloto
Ainda que tenhamos optado pelo estudo de caso para conduzir nossa investigação,
seguimos o percurso metodológico das pesquisas anteriores, conforme já especificado. Nesse
sentido, tal como Magalhães (2016), também decidimos por realizar uma pesquisa do tipo
piloto, a qual, por não se tratar de nosso objeto de estudo, será descrita com muita brevidade a
seguir.
Diferentemente do empreendido por Magalhães (2016), nosso piloto não se limitou a
testar recursos de ordem técnica e tecnológica, nem mesmo foi desenvolvido somente entre os
pesquisadores. Por meio dele, pudemos experimentar e testar cada uma das etapas da pesquisa
alvo, as quais começarão a ser descritas a partir da próxima seção. Contamos com a participação
de sete membros do próprio laboratório de informática escolhido para a realização do
experimento de geração de dados: o Laboratório Interdisciplinar de Formação de Educadores
da UFGD (LIFE5). Por se tratar de um espaço utilizado por acadêmicos de diversos cursos de
licenciatura da UFGD, seus frequentadores constituíam um público variado no que tange a
questões etárias, formativas e sociais.
Após apresentarmos a proposta da pesquisa à coordenadora do laboratório, foi-nos
permitido um espaço para diálogo com seus frequentadores. Depois de expormos todos os
meandros do trabalho a eles, conseguimos um número de sete voluntários. Por se tratar de uma
pesquisa-teste, mais destinada à delineação de instrumentos metodológicos, desconsideramos
qualquer relação ao processo formativo desses indivíduos, aplicando os mesmos procedimentos
a acadêmicos advindos de seis cursos: Matemática, Artes Cênicas, História, Química, Física e
Pedagogia.
A capacitação sobre o gênero infográfico, que no caso da pesquisa alvo foi oferecida
cerca de um mês antes do procedimento de geração de registros, foi realizada no mesmo dia em
que solicitamos a atividade semiexperimental de busca e seleção de informações para a
produção de um infográfico – atividade essa que será descrita em detalhes a seguir –, o que
5 O LIFE é um laboratório de informática situado na unidade central da UFGD, na rua João Rosa Góes, 1761 -
Vila Progresso, Dourados – MS. Conforme informações do site oficial da universidade, trata-se de um programa
patrocinado pela Capes, tendo como objetivo “a criação de espaços e recursos para a formação docente”. Dessa
modo, seus membros e principais frequentadores resumem-se a acadêmicos dos cursos de licenciatura da própria
UFGD e a professores da rede pública de ensino.
25
tornou o processo excessivamente demorado: em torno de 5 horas. Em virtude disso, tal fato
não foi repetido, sendo realizadas capacitação e geração em momentos distintos.
Por meio do piloto, pudemos vivenciar previamente todas as etapas do estudo, o que
nos levou a testar e a aprimorar procedimentos e equipamentos. Uma importante questão, a
delimitação temporal da atividade semiexperimental, sofreu alteração, devido aos resultados
dessa metodologia, passando de quarenta para trinta minutos.
Além disso, a pesquisa piloto nos possibilitou rever algumas das perguntas norteadoras
das entrevistas individuais6 realizadas com cada voluntário – as quais pareciam ambíguas ou
pouco objetivas – e ainda ajustar algumas questões de ordem técnica, tais como a inicialização
dos computadores antes de os participantes os utilizarem e a otimização do tempo da atividade
semiexperimental de busca e das próprias entrevistas.
1.3 A geração de registros
Cerca de um mês após a capacitação sobre o gênero infográfico oferecida à turma de
primeiro ano, demos prosseguimento à fase de geração de registros com os voluntários dessa
turma, cabendo agora evidenciar os percursos e instrumentos utilizados para atender a essa
etapa metodológica constituída por dois estágios: a atividade semiexperimental de busca e
seleção de informações e as entrevistas individuais semiestruturadas.
1.3.1 A atividade semiexperimental de busca e seleção de informações para produção de
um infográfico
O primeiro passo da fase de geração de registros corresponde à realização de uma
atividade de busca e seleção de informações com vistas à produção de um infográfico feita por
onze acadêmicos da turma de primeiro ano de Letras que se voluntariaram a participar da
pesquisa. A opção terminológica para definir essa etapa se deve ao fato de ter sido realizada em
contexto parcialmente induzido, de acordo com o qual os participantes atendiam a uma
solicitação de um experimento, concomitante, ao fato de poderem assimilar conhecimentos
reais sobre o assunto solicitado. Daí o termo: “semiexperimental”.
6 O processo de realização das entrevistas também será detalhado com maior propriedade mais à frente, na seção
As entrevistas individuais semiestruturadas.
26
O desenvolvimento da atividade teve como propósito fornecer o maior número de dados
possíveis para investigar o comportamento de busca e seleção de informações destinadas à
elaboração de um infográfico, através de navegadores ligados à Internet. Destacamos que
entendemos por comportamento de busca o percurso metodológico desenvolvido por cada
participante para acessar, selecionar, assimilar, processar e, mesmo, gerar informação e
conhecimento, ou seja, os mecanismos informacionais e/ou digitais por ele utilizados durante o
transcorrer da atividade. Posto de outra forma, essa etapa teve como propósito investigar
criteriosamente os passos dos voluntários desde o início até o fim da atividade, verificando
possíveis estratégias, técnicas e habilidades frente à busca e seleção de informações ou, mesmo,
aos usos do computador e da Internet, que evidenciassem, dentre tantos aspectos, práticas que
ajudassem a compreender melhor o LID desses indivíduos.
O local escolhido para a realização dessa fase, assim como no piloto, foi o LIFE. Esse
laboratório de informática era o único em toda a instituição que oferecia os requisitos básicos
para o desenvolvimento da atividade semiexperimental: computadores com espaço de
armazenamento interno suficiente para gerar registros audiovisuais e para proporcionar o pleno
funcionamento do programa escolhido para a geração dos registros da busca empreendida pelos
participantes, além de uma Internet de melhor qualidade.
Assim que todos os onze7 acadêmicos que se apresentaram ao local e horário
combinados se acomodaram à frente de um computador, utilizamos um projetor para apresentar
o comando com a proposta da atividade, descrita na imagem a seguir:
Figura 01 – Representação do comando com a atividade proposta.
7 Faz-se necessário dizer que a referida seção diz respeito ao conjunto de registros e não conjunto final de dados
analisados, o qual compreende a apenas dez participantes. Deficiências de registro em um dos arquivos nos
obrigaram a delimitar o corpus em torno de dados de apenas dez participantes, conforme será relatado adiante.
27
Basicamente, o comando consistia em duas propostas:
(i) Fazer uma pesquisa sobre os termos-chave Ciclismo de estrada e Ciclismo de
montanha, utilizando qualquer motor de busca na Internet.
(ii) Construir um infográfico que representasse cada uma das duas modalidades
esportivas, bem como suas principais características e diferenças e outras
informações que o participante julgasse necessárias.
Munidos de um computador, os participantes tinham de escolher um motor de busca de
sua preferência para iniciar os termos-chave. Também chamado de motor de pesquisa,
ferramenta de busca ou, simplesmente, buscador, o motor de busca pode ser um programa,
aplicativo ou site responsável por procurar correspondências, em um banco de dados online ou
não, para os termos ou palavras-chave inseridas em sua caixa de diálogo. No que diz respeito
aos motores de busca disponíveis na rede mundial de computadores, há um número crescente.
Os de maior visibilidade, porém, são o Google, o Yahoo, o Bing, o Lycos e o Gluwi e, o mais
recente deles, o Amazom. Vale lembrar que os navegadores utilizados já estavam abertos em
cada máquina no modo de navegação anônima8 antes da escolha pelo buscador. O modo
anônimo garante total restrição ao histórico de busca, significando que a escolha de
determinados Sites, blogs, páginas pessoais, entre outros, não seja influenciada por registros de
pesquisas anteriores. Com isso, pretendíamos evitar que dados de outras buscas, acumulados
pelo navegador, não exercessem influência sobre as estratégias de nossos participantes,
garantindo a imparcialidade na escolha dos caminhos percorridos por eles. Tal ferramenta
possui fundamental relevância para uma pesquisa que busca compreender o comportamento de
busca que cada participante adota e que, para isso, precisa possibilitar que as estratégias,
técnicas e habilidades individuais sejam, ao mesmo tempo, garantidas e evidenciadas.
Somado a isso, havia o fato de o laboratório ser de acesso público e de grande fluxo de
usuários, podendo gerar elevado número de registros no histórico de cada navegador e provocar
uma mudança significativa nos rumos da pesquisa. Para efeitos de padronização, optamos pela
escolha do navegador do Google, o Google Chrome, já que era o único presente em todas as
máquinas do laboratório.
8 O modo de navegação anônima é uma ferramenta disponibilizada por alguns navegadores com o intuito de não
permitir acesso ao histórico de buscas. Desse modo, os usuários dessa ferramenta não sofrem influências de buscas
anteriores durante todo o período de utilização do navegador. No Google Chrome, por exemplo, tal ferramenta
recebe o nome de “Nova janela anônima”. Já no Internet Explorer, é chamada de “Navegação InPrivate”.
28
Após a escolha do motor de busca, os participantes dispuseram de exatos trinta minutos
para realizar o procedimento de busca e seleção de informações relacionadas aos dois termos
apresentados e produzir um infográfico que contemplasse as informações julgadas relevantes a
respeito de cada uma das duas modalidades esportivas solicitadas pelo comando da atividade,
procedimento esse ao qual atribuímos o nome de atividade semiexperimental de busca e seleção
de informações para a construção de um infográfico.
Para a escolha dos termos, optamos por aqueles que não tivessem relação direta com a
temática investigada. Se apresentássemos como termos-chave expressões relacionadas a
técnicas de busca de informação na rede ou à produção de infográfico, por exemplo, os
informantes poderiam se vigiar, desenvolvendo, talvez, comportamentos não habituais de busca
e seleção. Como as respostas dos navegadores à temática “ciclismo” não englobava técnicas
de seleção de informações e uma vez que tanto pesquisador quanto orientadora eram (e ainda
são) ciclistas amadores, acordamos em solicitar tal atividade, mas somente após pesquisa
prévia, em que foi possível atestar a abrangência e relevância do tema na Internet e,
consubstancialmente, nos principais motores de busca. Cada uma das palavras-chaves levava a
uma ampla gama de resultados, muitos deles relacionados a fontes de conteúdo mais específico.
A escolha pela delimitação temporal de trinta minutos foi decorrente do fato de parcela
significativa dos integrantes da pesquisa piloto ter concluído a atividade em tempo inferior ou
semelhante a esse, mas também decorrente do modelo proposto por Costa (2013), o qual
também realizou a atividade em situação semiexperimental. O pesquisador desenvolveu um
estudo a respeito do comportamento de busca, mas de natureza comparativa entre um grupo de
membros de um programa de inserção de acadêmicos através da nota do ENEM e do curso de
Letras da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Considerando a efetividade da pesquisa supracitada e os demais aspectos envolvidos
no experimento, tais como o limite de tempo no uso do laboratório, a necessidade de realização
de outras etapas da atividade no mesmo dia (as entrevistas individuais), a consecução da
atividade em semelhante tempo pelos participantes da pesquisa piloto, além da inviabilidade de
analisarmos um número expressivo de dados advindos de uma atividade demasiado extensa,
optamos por adotar o mesmo período de tempo da experimento realizado por Costa (2013).
Para o processo de registro das informações relativas à atividade semiexperimental,
utilizamos o programa computacional Camtasia Studio versão 9. Esse programa é uma
ferramenta de captura e gravação de tela disponível para os sistemas operacionais Windows e
Mac. Comumente utilizado para criação de tutorias em plataformas de divulgação de vídeo, tais
29
como o Youtube, tem por função registar toda a interface gráfica do computador, com uma
janela que enquadra em formato de vídeo (quando há Webcam disponível) o rosto de quem o
está utilizando. Além de acompanhar todos as ações realizadas na máquina, a versão 9 do
programa ainda permite gravações em áudio do ambiente externo, assim gerando um registro
audiovisual de tudo que é feito no computador e a sua volta (dentro do raio de ação da Webcam
e do microfone) durante o período em que estiver em funcionamento. Como resultado, tem-se,
basicamente, dois registros audiovisuais em paralelo: um maior, correspondente ao realizado
no computador, e um em menor escala, em forma de janela, no canto da tela, com as gravações
externas.
Cada computador em funcionamento no LIFE recebeu um exemplar do programa na
semana anterior à realização da geração de registros e foi exaustivamente testado pelos
pesquisadores. Para essa tarefa, contamos com a colaboração efetiva de um graduando que
participava do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), sob supervisão
da mesma orientadora desta pesquisa, a professora doutora Edilaine Buin. Gean Pereira Pinho9
desempenhou papel fundamental em atividades de cunho tecnicista. Além da ajuda na
instalação e teste do software de registro, contribuiu, significativamente, com etapas
posteriores, tais como a geração de registros e a transcrição dos dados que compuseram o
corpus.
Uma vez que o programa tenha sido instalado e, devidamente, testado, colocamo-lo em
funcionamento minutos antes de os participantes se apropriarem dos computadores para a
realização da atividade solicitada. O Camtasia Studio 9 atua de forma discreta, possibilitando a
minimização durante seu funcionamento. Desse modo, apesar de saberem que estavam sendo
monitorados, os participantes não sofreram nem tipo de interferência na interface do
computador que pudesse afetar negativamente o uso dos recursos ali disponíveis.
Ao final do tempo determinado para a atividade semiexperimental, solicitamos que
todos encerrassem suas atividades para que pudéssemos finalizar as gravações. Como produto
dos mais de trinta minutos em funcionamento, o programa gerou arquivos audiovisuais, vídeos,
os quais foram imediatamente salvos em unidade externa de armazenamento, pertencente aos
pesquisadores, conforme será detalhado na seção Armazenamento dos registros. O intuito dessa
prática foi resguardar a identidade dos participantes, deixando aqueles computadores – de uso
9 A época do experimento, Gean Pereira Pinho havia acabado de ingressar no curso de Letras e também no PIBIC.
Por questões éticas e de logística, enquanto acadêmico do primeiro ano e enquanto primo em primeiro grau de um
dos pesquisadores, não pôde participar como sujeito da pesquisa.
30
coletivo – livres de quaisquer vestígios que pudessem levar às pessoas, os participantes, que os
tivessem utilizados na referida ocasião.
Os onze arquivos audiovisuais gerados ao cabo da atividade continham todas as
informações relativas a tudo o que apareceu na tela do computador de cada participante durante
o período em que o programa esteve em funcionamento. Inclui-se aí, as gravações do rosto e da
voz do usuário e de quem mais esteve dentro do campo de ação da câmera frontal e do
microfone. Os arquivos forneceram não somente dados relativos ao percurso de busca e seleção
de informações e elaboração de um produto final (infográfico ou não), mas também ações a
eles relacionados ou deles decorrentes, como o direcionamento do olhar para partes específicas
da tela ou expressões faciais ou, mesmo, comunicações (solicitação de ajuda aos pesquisadores)
após incompreensão ou dúvida geradas por algum aspecto relacionado ao que estava sendo feito
pelo participante.
1.3.2 As entrevistas individuais semiestruturadas
Logo após o término da atividade semiexperimental, cada acadêmico se dirigiu a um
espaço mais reservado, no próprio laboratório, para uma entrevista individual conduzida pelo
pesquisador responsável. Como esteve sujeita a subjetividades, a duração foi variável,
mantendo-se a volta dos cinco e sete minutos.
Adotando a concepção de entrevista individual como “encontro entre duas pessoas, a
fim de que uma delas obtenha informações a respeito de um determinado assunto” (MARCONI
& LAKATOS, 1999, p. 94), pretendíamos sanar possíveis questionamentos não evidenciados
pela análise dos registros audiovisuais no que se referia ao comportamento de busca e seleção
de informações. Não nos preocupamos, porém, em seguir um modelo rígido de perguntas e
respostas, aproximando nosso trabalho da concepção de entrevista semiestruturada ou não-
estruturada (MATTOS, 2005). Tomamos como referência os apontamentos de Magalhães
(2016), ao criticar o uso de “questionário rígido”, estruturado, em seu próprio trabalho, por
defender que “um questionário semiestruturado poderia ter dirimido dúvidas ou explorado
informações que ficaram “sem resposta”” (MAGALHÃES, 2016, p. 37).
Apesar de tê-las pensado previamente, tentamos adequar as perguntas às respostas
fornecidas por cada participante, objetivando sempre atender aos propósitos deste trabalho. A
esse respeito, faz-se necessário admitir, como pode ser visto em algumas transcrições
disponíveis na seção Anexos, que, em dadas situações, o pesquisador entrevistador necessitou
31
ser incisivo e, talvez, até mesmo tendencioso, já que determinados voluntários não pareceriam
oferecer respostas completas ou, mesmo, apropriadas para as finalidades da própria pergunta.
Desse modo, vivenciamos aquilo que muitos pesquisadores apontam como algumas
deficiências apresentadas pela geração de registros realizada por meio de entrevistas: a
influência de quem entrevista no raciocínio de quem é entrevistado (MANZINI & SIMÃO,
2001; MANZINI, 2003) e, até mesmo, na constituição do discurso de quem fornece as respostas
(GILBERT, 1980; DIAS, 1997).
As perguntas possuíam estrita relação com o percurso de busca e seleção de
informações, necessário para a elaboração do infográfico e, em caráter complementar, com
questões exteriores à atividade, favorecendo a indicação de práticas e/ou comportamentos que
nos ajudassem a compreender melhor o LID dos acadêmicos. Procurando nos manter à margem
de questões pessoais, partimos de onze questionamentos que elaboramos julgando serem
pertinentes para nossa investigação, os quais, possivelmente, não teríamos como determinar
somente analisando as transcrições dos registros audiovisuais gerados durante a atividade de
busca:
1. Com relação ao uso do computador e da Internet, como você se denomina: experiente, regular
ou inseguro? Por quê?
2. Você possui computador em casa? Sim, não e por quê?
3. Quais são os principais usos do computador? Que tipo de coisa você mais faz no computador
e na Internet?
4. Onde você mais usa o computador? Em casa, no trabalho, na universidade?
5. Você tem acesso à Internet em casa? Sua Internet é banda larga? Sim, não e por quê?
6. Quais são as suas principais fontes de informação?
7. Quais as estratégias que você utilizou para cumprir a atividade?
8. Você conseguiu terminá-la?
9. O que te atrapalhou?
10. Agora que você terminou a atividade, faria alguma coisa diferente?
11. Você acredita que a formação que está sendo oferecida na faculdade, no seu curso, te ajuda
no momento de realizar atividades como esta?
Conforme pode ser visto nas transcrições completas, disponíveis na seção Anexos, em
Anexo II, realizamos algo que se aproxima muito de uma entrevista qualitativa, tendo em vista
32
que procuramos dialogar (no sentido mais estrito do termo) com cada participante,
compreendendo e instigando suas respostas de modo a dificultar resultados restritivos ou
genéricos. Como uma das características principais de todo trabalho qualitativo, conforme
defende Duarte (2002), as possibilidades de investigação podem se multiplicar durante o
próprio ato de investigação. Partindo dessa consideração, vai ainda mais longe ao defender que
“enquanto estiverem aparecendo “dados” originais ou pistas que possam indicar novas
perspectivas à investigação em curso as entrevistas precisam continuar sendo feitas”
(DUARTE, 2002, p. 144).
Tomando essa afirmação como máxima, procuramos fazer do processo de entrevista o
mais próximo daquilo que Whyte (1979) chama de entrevista “de estrutura flexível” (tradução
nossa), a qual até pode se prover de certo grau de estruturação, mas sempre favorecendo a
fluidez, a naturalidade da resposta e do próprio entrevistado. Como pontuam Bogdan e Biklen
(1994), o “carácter flexível deste tipo de abordagem permite aos sujeitos responderem de acordo
com a sua perspectiva pessoal” (p. 17).
Para o registro das entrevistas, optamos por utilizar duas fontes de gravações de áudio:
um gravador de voz portátil e um aplicativo de registro de áudio instalado em celular.
O gravador portátil pertencia ao próprio laboratório de informática, o LIFE, e foi a nós
cedido. O celular contendo o aplicativo de gravação de voz pertencia ao pesquisador
responsável pela condução das entrevistas. O uso concomitante de duas fontes de registro foi,
intencionalmente, redundante, pois queríamos ter o máximo de clareza ao analisarmos os áudios
gerados, eliminando prováveis interferências do meio e/ou incompreensões proporcionadas
pelo próprio aparelho. A junção desses dois fatores, somada ao uso de apenas um instrumento,
aumentaria as chances de perdas significativas de registros, podendo, inclusive, inviabilizar
todo o processo. Assim, ao fim dessa etapa, composta por onze (número referente ao total de
voluntários no momento da atividade) entrevistas individuais, dispúnhamos de um conjunto de
vinte e dois arquivos de áudio.
1.4 Dificuldades na geração de registos em uma pesquisa sujeita tanto a fatores humanos
quanto tecnológicos
As dificuldades no processo de geração de registros começaram quando precisamos
encontrar um laboratório de informática que oferecesse um número significativo de
computadores em pleno estado de uso e que ainda dispusesse de especificações técnicas
33
suficientes para comportar o funcionamento adequado do software necessário para geração dos
registros audiovisuais. Apesar de o Camtasia Studio não exigir muito do computador, os
laboratórios de informática disponíveis na UFGD encontravam-se, à época, em estado de
degradação, dispondo de aparelhos obsoletos e em precário estado de funcionamento.
Após muito procurarmos, vimos no LIFE uma saída possível, já que se tratava de um
laboratório novo, de uso mais restrito e adquirido, parcialmente, com recursos da CAPES. Após
negociações com a professora responsável pelo laboratório, conseguimos aval para a instalação
do programa nos computadores e realização da pesquisa naquele espaço. A instalação do
software, porém, se mostrou uma dificuldade a mais. Por estarem ligados ao servidor interno
da instituição, os computadores possuíam restrição de modificação em seu disco rígido. Devido
a isso, toda e qualquer alteração permanente deveria passar por supervisão de um órgão interno
que regulamenta o setor de informática na universidade, a Coordenadoria de Tecnologia da
Informação (COIN).
Como resultado dessa restrição, tivemos que enviar uma solicitação, incluindo uma
justificativa, para requisitar a liberação de acesso aos computadores, o que só poderia ser feito,
segundo nos informaram, com a presença de um representante técnico da COIN. Desde a data
da solicitação até o agendamento e posterior visita do técnico ao LIFE, mais de um mês havia
se passado.
Assim que o software foi instalado, agendamos a realização da geração de registros do
piloto, com os lifeanos (como são chamados os frequentadores do LIFE), para a semana
seguinte. Após a geração, constatamos que o programa não funcionava plenamente em todas as
máquinas do laboratório. Descobrimos, então, que havia uma versão mais “leve” disponível no
mercado, o Camtasia Studio 9. Até o momento trabalhávamos com a versão 8. Realizamos nova
solicitação para instalação, a qual foi atendida com maior rapidez, cerca de uma semana e meia
depois. Aproveitamos essa lacuna temporal para ministrar a capacitação sobre o gênero
infográfico às duas turmas de Letras.
Uma vez realizadas capacitação e instalação do programa e pesquisa piloto, dedicamo-
nos à geração de registros. À época, ainda pretendíamos desenvolver um estudo comparatista
entre as duas turmas de Letras quando fomos informados, já no meio do processo, que,
majoritariamente, os acadêmicos do quarto ano haviam perdido o interesse em participar. Como
já havíamos reservado o laboratório em dias distintos para as duas turmas, todo o processo de
geração de registros – compreendido como a atividade semiexperimental de busca e seleção de
informações para a produção de um infográfico e as entrevistas individuais semiestruturadas –
34
já tinha ocorrido com a turma de primeiro ano quando recebemos a notícia de que somente dois
ou três acadêmicos do quarto ano que haviam sido capacitados ainda tinham interesse em
participar da pesquisa. Já que não poderíamos simplesmente desconsiderar todo o material
proveniente da geração realizada com os voluntários da turma de primeiro ano, optamos por
investigar esse grupo somente e mudar a abordagem metodológico-investigativa para o estudo
detalhado de cada caso, ou seja, da trajetória de busca e seleção de informações desenvolvida
por cada participante.
Somado a essas questões, a própria geração de registros apresentou suas peculiaridades
que acabaram incorrendo em dificuldades próprias. O grupo inicial de acadêmicos do primeiro
ano que se voluntariou para a realização das atividades correspondentes à geração de registros
era formado por quinze indivíduos. Porém, por motivos não especificados, quatro deles não
compareceram no dia reservado. O número, por si só, não representou problema significativo,
uma vez que considerávamos que situações assim pudessem ocorrer, que o programa não
funcionasse plenamente ou, mesmo, que alguns participantes pudessem desistir da pesquisa em
momentos diversos, como será especificado na seção Protocolos Éticos. Vale ressaltar que, em
condições normais de funcionamento dos recursos e de consentimento dos voluntários,
pretendíamos investigar o maior número de registros possíveis e utilizar os dados de todos os
participantes, de modo a ter um arcabouço investigativo mais amplo e também a valorizar cada
participação. A ausência injustificada desses quatro indivíduos gerou um atraso de quase uma
hora à consecução das atividades previstas. Considerando o agendamento do laboratório para
horários específicos e a posterior utilização por seus frequentadores, o atraso levou a uma
situação desconfortável tanto com aqueles que foram pontuais quanto com os usuários regulares
do LIFE, a ponto de termos que nos desculpar perante a professora supervisora, mas sem
consequência para o desenvolvimento da atividade.
Além do número já reduzido de participantes, tivemos ainda problema com o processo
de geração de registro audiovisual da atividade semiexperimental de um dos participantes.
Apesar de ter sido um problema de geração do registro, só constatamos a questão no momento
de transcrição, quando verificamos que, apesar de o arquivo se assemelhar aos demais no que
diz respeito às características técnicas, a partir do sexto minuto de gravação o vídeo se
transforma em um conglomerado de pontos pretos. Tivemos que desconsiderar todas as
informações a respeito daquele participante, incluindo o registro da entrevista, o qual não
apresentou problema. Tal fato nos obrigou a compor o corpus tendo por base um conjunto de
dados referente a somente dez participantes.
35
Por fim, ainda em relação à fase de geração de registros, tivemos grandes dificuldades
durante o processo de entrevistas com alguns participantes. Em dados momentos, os diálogos
pareciam não ter fluidez, apesar de todo o esforço para fugir do protocolo e se aproximar, ao
máximo, de uma conversa fluida com os participantes. Como no excerto a seguir, extraído da
transcrição10 da entrevista individual com um dos participantes, o Participante 05:
Entrevistador: Com relação ao uso do computador e da Internet, como que você
se denomina: experiente, regular ou inseguro e por quê?
Entrevistado: É... acho que regular.
Entrevistador: Por quê?
Entrevistado: Eu falo que é regular, porque... você só vai aprender as coisas quando
tiver a necessidade de aprender.
Entrevistador: Uhum.
Entrevistado: Eu só tenho... só tive necessidade de aprender agora a mexer...
Entrevistador: Com o quê?
Entrevistado: Com o quê? Tá falando da Internet?
Entrevistador: Ah.
Entrevistado: Pode começar de novo?
Entrevistador: Não, não, relaxa.
Entrevistado: Não!! [risos]
Entrevistador: Fica tranquilo, fica tranquilo. É... fica tranquilo, tá?
Entrevistado: Não, eu sou regular!
Entrevistador: Tá. É... você só teve necessidade, vamos esclarecer isso, tá? Você
só teve necessidade de mexer com...
Entrevistado: Agora com...
Entrevistador: Com infográfico...
Entrevistado: Isto, com infográfico.
Entrevistador: Com a síntese de informações...
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: É isso que você quer dizer?
Entrevistado: É, porque pesquisar eu sei pesquisar.
Entrevistador: Ah, então, é isso que eu queria saber.
Entrevistado: Aham.
Entrevistador: Com relação à pesquisa, Internet, você já...
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: Tá bem. Mas então, de modo geral, você se denomina como?
Entrevistado: Regular.
Entrevistador: Regular?
Entrevistado: Uhum.
Esse trecho é prototípico de uma das dificuldades encontradas pelo pesquisador no
momento da realização da entrevista individual: a falha na comunicação ou a incompreensão
da pergunta realizada. Esses problemas levaram à atitude evidenciada pelo trecho acima, a
instigação, quase impertinente, do entrevistador que, na ânsia por respostas mais reveladoras,
acaba por se tornar tendencioso, incorrendo no possível direcionamento de algumas respostas.
1.5 Procedimentos de armazenamento dos registros
10 A metodologia de transcrição das entrevistas será detalhada posteriormente. A íntegra das transcrições pode ser
acompanhada na seção Anexo II, a partir da página 130.
36
Como resultado das duas etapas que corresponderam ao procedimento de geração de
registros, tivemos três tipos de arquivos: aqueles com conteúdo audiovisual, os contendo o
produto final (infográfico ou não11) provenientes da atividade semiexperimental e os arquivos
em áudio, resultantes das gravações das entrevistas individuais.
Ao término de cada uma dessas etapas, adotamos o mesmo procedimento de
armazenamento: salvamos os arquivos em um computador próprio, de posse de um dos
pesquisadores, eliminando os vestígios de dados pessoais em computadores e aparelhos de uso
coletivo.
Para tanto, ao fim da atividade semiexperimental, levamos uma unidade portátil de
armazenamento externo para extrair dos computadores do LIFE os registros audiovisuais
gerados pelo Camtasia e os arquivos contendo o produto final da atividade de busca e seleção
de informações. “Extrair”, nesse contexto, corresponde à atividade de mover o arquivo de um
local de armazenamento no computador para outra unidade de armazenamento, no caso, um
HD externo, eliminando-o da fonte de origem. Essa atitude corresponde, em linguagem
computacional, ao ctrl + X, ctrl + V.
Anterior à extração criamos uma pasta, tanto na unidade externa de armazenamento
quanto no computador, de modo a comportar todos os arquivos, contendo subpastas nomeadas
de 1 a 11. Seguindo essa divisão, cada participante foi nomeado de acordo com a sequência de
extração do arquivo audiovisual e do produto final dos computadores. Baseamos nessa
ordenação a sequência de realização das entrevistas e, consequentemente, de armazenamento
dos arquivos de áudio. Graças a essa técnica, conferimos maior legitimidade ao processo, visto
que, a identidade dos voluntários foi mantida sob sigilo. Vale lembrar que, logo após a geração,
ainda não tínhamos ciência do problema no registro audiovisual correspondente ao participante
de número 06, o qual acabou por eliminar o comportamento de busca desse participante de
nossas investigações, reduzindo-as a um conjunto de dados referente a dez participantes. Para
não provocar alterações em um processo já consumado de nomeação, optamos por manter a
terminologia de referência (de 1 a 11) em toda a pesquisa, excluindo o termo Participante 06.
Em relação ao armazenamento dos registros em áudio, das entrevistas, podemos dizer
que os princípios e os procedimentos éticos12 foram mantidos. Os meios para seguirmos esses
procedimentos é que se diferem um pouco dos demais. Pelo fato de os arquivos terem sido
11 Essa terminologia faz referência àquelas produções que não atenderam à proposta de produção de infográfico. 12 Todos os protocolos éticos adotados durante a pesquisa podem ser verificados em seção homônima: 1.7
Protocolos éticos.
37
armazenados no celular do pesquisador responsável pela entrevista e no gravador de voz
disponibilizado pelo laboratório, houve a transferência direta deles para a pasta correspondente.
Logo após a conclusão da transferência, todas as formas de registro foram apagadas do gravador
e, até mesmo, do celular do pesquisador.
1.6 Caracterização dos participantes da pesquisa
Uma vez excluído deste estudo o voluntário de número 06, a quantidade de participantes
se limitou a dez, ou seja, uma amostra correspondente a 13,3 % de um total de setenta e dois
alunos que compunham a turma do primeiro semestre de Letras, referente ao ano letivo de 2017.
Podemos dizer, genericamente, sobre esses acadêmicos ingressantes que se trata de um
público diverso, no que tange aos níveis etários, étnicos e sociais. Como reflexo dessa
conjuntura, temos um grupo de participantes igualmente plural. Por se tratar de um curso
noturno, favorece a possibilidade de dupla jornada: trabalho no período diurno e estudo à noite.
A característica mais preponderante, entretanto, diz respeito à diferença de sexo. Dentre os dez
voluntários, apenas um se caracterizava como pertencendo ao gênero masculino, o que parece
ser um reflexo, em proporcionalidade, da composição da turma.
As etapas da pesquisa, no entanto, não fizeram distinção de tais fatores, justamente pela
incapacidade de avaliar de forma equilibrada as subjetividades dos participantes, através apenas
da avaliação de registros audiovisuais e em áudio, frutos de uma atividade induzida, portanto,
limitada. Tanto as análises dos dados gerados pelas gravações em vídeo quanto as dos advindos
das entrevistas seguiram padrões gerais de investigação. As únicas questões subjetivas
consideradas foram aquelas declaradas pelos participantes em entrevista, questões essas que
estavam voltadas para aspectos comportamentais de busca e seleção de informações em
ambiente digital.
A esse respeito, chegamos ao quadro a seguir, o qual descreve respostas dadas a algumas
questões mais relacionadas ao contexto exterior ao registrado pelo Camtasia Studio 9, as quais
nos ajudaram a compreender a realidade individual, ao mesmo tempo em que forneciam
informações para que chegássemos a singularidades e convergências dentro do grupo estudado.
Como todos os participantes afirmaram ter computador com Internet em casa, com
acesso à Internet, o que, por si, já é revelador de uma convergência comportamental (uso em
contexto real), o quadro a seguir mostra a utilização dessas ferramentas a partir das descrições
dos participantes:
38
Principais usos do computador e da Internet
Participante 01 Pesquisas em geral e acadêmicas
Participante 02 Pesquisas acadêmicas e uso de redes sociais
Participante 03 Pesquisas acadêmicas
Participante 04 Pesquisas em geral, assistir a filmes e a séries, uso de redes sociais
Participante 05 Pesquisas em geral, pesquisas culinárias e compras
Participante 07 Pesquisas em geral e pesquisas acadêmicas
Participante 08 Pesquisas de conteúdos audiovisuais (videoaulas)
Participante 09 Pesquisas em geral e acadêmicas e uso de redes sociais
Participante 10 Pesquisas acadêmicas, usos de redes sociais e obtenção de informações
jornalísticas
Participante 11 Uso de redes sociais, comunicações assíncronas (e-mail) e pesquisas de
conteúdos audiovisuais (videoaulas)
Quadro 01 – Informações relacionadas aos principais usos do computador e da Internet declarados pelos
participantes em entrevista.
Notamos que muitas dessas informações são recorrentes, apontando para um grupo com
interesses convergentes. Outras, porém, apontam singularidades, tais como usos dos
participantes 05 (pesquisas culinárias), 10 (obtenção de informações jornalísticas) e 11 (uso do
e-mail). Visando uma melhor compreensão, essas informações podem ser dispostas em formato
de gráfico.
39
Gráfico 01 – Número de ocorrências das respostas dadas pelos participantes à questão do quadro 01.
Por meio do Gráfico 01, percebemos um grupo de voluntários que se caracteriza por
realizar as mais variadas buscas através da Internet, tanto de natureza genérica quanto
relacionadas a assuntos acadêmicos, essas últimas, possuindo relativa vantagem sobre as
demais. Temos um quadro que dialoga diretamente com a resposta dada à pergunta de número
06 da entrevista individual: “Quais são as suas principais fontes de informação?”, para a qual
todos apresentam a Internet como principal ou, ao menos, uma das principais fontes de
assimilação de conhecimento. O fato é que as informações são reveladoras de um quadro em
que 100% dos participantes alegam possuir familiaridade com os usos do computador e da
Internet.
1.7 Protocolos éticos
A consecução das etapas que constituíram a geração de registos, a atividade
semiexperimental de busca e seleção de informações para a produção de um infográfico e as
entrevistas individuais, e da própria pesquisa, esteve condicionada ao consentimento pleno – de
cada um dos participantes – dos objetivos e dos propósitos do estudo.
A ciência a respeito das etapas de geração de registros e posterior usos de dados foi
possibilitada pela apresentação, a cada um dos voluntários, de um documento impresso em duas
vias, intitulado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Minutos antes de darmos início
0
1
2
3
4
5
6
7
Principais usos do computador e da Internet
40
às atividades que integraram a geração de registros, entregamos a cada provável participante
dois exemplares e realizamos a leitura coletiva desse documento. A íntegra pode ser conferida
na seção Anexos, em Anexo I, página 126.
Imbuída de transparência, a redação do termo comtemplava os propósitos do
experimento, os objetivos e a justificativa da pesquisa, a conduta dos pesquisadores frente ao
armazenamento de registros, noções éticas de sigilo e privacidade, benefícios, possibilidade de
desistência a qualquer momento ou em qualquer etapa e a forma de contatar o pesquisador
responsável. Munido dessas informações, o participante escolhia aceitar ou não se voluntariar
ao experimento, autorizando, em caso afirmativo, a gravação em áudio e vídeo de sua imagem.
Após a leitura, disponibilizamos tempo para que ponderassem sobre a assinatura ou não.
Faz-se necessário especificar que, à época da geração de registros a pesquisa levava o
nome de Dimensionando o letramento informacional digital de professores em formação, o
qual sofreu alterações após adotarmos o estudo de caso como abordagem metodológica.
Também há necessidade de explicar que os objetivos específicos I) e II) se aplicavam à intenção
primeira de comparar o comportamento de busca e seleção de informações de alunos
ingressantes e concluintes, de modo a verificar as implicações formativas dos quatros anos do
curso de Letras-UFGD. Apesar das mudanças, o objetivo geral sem manteve, basicamente,
inalterado, o que permitiu a viabilidade dos dados gerados com os voluntários do primeiro ano.
Deixamos claro que todas as medidas necessárias para resguardar o anonimato dos
sujeitos da pesquisa foram adotadas. Assim, os procedimentos descritos no Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido a respeito da manutenção do sigilo sobre a identidade dos
participantes durante e depois da realização da pesquisa são tomados como máxima irrevogável.
1.8 Composição do corpus e transcrição dos registros
Para constituição do corpus, seguimos um critério básico de eliminação de registros de
apenas um participante, registros esses que, devido ao problema de ordem técnica, já
mencionado, tornaram-se inconsistentes para análise. Os arquivos audiovisuais gerados pelo
programa Camtasia Studio 9 e os em forma de áudio, resultantes das entrevistas individuais, de
cada um dos dez participantes foram objeto de transcrição, possibilitando a composição do
conjunto de dados que se tornou alvo de nossa investigação.
Vale lembrar que as informações provenientes das entrevistas possuem caráter
complementar. Essas informações secundárias nos ajudaram a compreender o conjunto central
41
de dados, formado pelas transcrições dos registros audiovisuais. Soma-se a esse conjunto de
dados, também de forma periférica, os arquivos contendo as produções finais (infográficos ou
não). O corpus de nossa pesquisa diz respeito, portanto, aos dados advindos das transcrições
dos registros audiovisuais e, por vezes, da observação dos próprios registros audiovisuais –
objetos de uma investigação central –, somados a dados secundários provenientes das
transcrições em áudio e da análise das produções finais dos participantes.
Quanto ao procedimento de transcrição dos registros, seguimos metodologias
diferentes, adequadas à natureza dos arquivos: audiovisuais ou somente em áudio. Ainda a
exemplo de trabalhos anteriores, transcrevemos os trinta minutos do vídeo de cada participante
adotando como base teórico-metodológica o trabalho de Shankar et al. (2005) que prevê o
detalhamento de comportamentos de busca a partir de seis estágios, adaptados do modelo de
busca de informação de Ellis (1989). A descrição mais apurada desse modelo está disponível
na seção 2.4.
Além das transcrições dos registros audiovisuais proporcionados pelo Camtasia Studio
9, desenvolvemos um sistema, em caráter complementar, de diagramação, o qual possibilitou
sistematizar, pela visualização dos movimentos de cada participante, os percursos individuais
de busca e de seleção de informações. Por intermédio do programa Bizagi Process Modeler13,
criamos uma rede de cores, formas e vetores que desempenhou papel determinante na realização
dessa tarefa. Através dos diagramas, pudemos visualizar com maior propriedade os
movimentos, os percursos individuais de busca e seleção de informações, além da inserção
dessas informações nos programas computacionais utilizados para a elaboração do infográfico.
Sem essa sistematização através dos diagramas de cada movimento individual, não seria
possível descrever comportamentos em função dos estágios de busca (a serem detalhados no
capítulo seguinte), tampouco traçar elementos comuns e discrepantes entre os percursos que
compuseram o grupo dos dez participantes estudados.
Em virtude de uma incompatibilidade de formato entre o Bizagi Process Modeler e
plataformas de processamento de textos, só será possível mostrar capturas de tela referentes a
partes dos mapas (diagramas). Embora complementares, alguns recortes desses diagramas, tais
como alguns excertos das entrevistas, aparecem ao longo do capítulo de análise para ilustrar
apontamentos.
13 O Bizagi Process Modeler é um aplicativo que permite a criação de mapas estruturais, fluxogramas e diagramas.
Segundo a plataforma de download de arquivos baixaki.com.br, pode também ser usado para o compartilhamento
das produções com colegas e consultores, sendo comumente utilizado por empresas de marketing.
42
Para a tarefa de elaboração dos diagramas, bem como a de transcrição dos registros
audiovisuais, além do estágio de geração de registros, contamos com a colaboração efetiva do
graduando que participava do PIBIC.
As transcrições das entrevistas, por sua vez, também realizadas com ajuda do graduando
em Iniciação Científica, foram desenvolvidas sem a preocupação de seguir modelos pré-
determinados. O caráter de tais entrevistas era complementar, ou seja, tinham a tarefa de sanar
possíveis dúvidas que os dados obtidos através das transcrições dos vídeos pudessem acarretar,
ou melhor, questionamentos para os quais os dados principais não fossem capazes de oferecer
respostas efetivas. O que mais nos interessou foi o aspecto discursivo. Questões fonéticas ou
fonológicas foram totalmente desconsideradas para efeito deste estudo, concentramos todos os
esforços em compreender a natureza semântica das informações.
43
2. LETRAMENTO INFORMACIONAL DIGITAL E OS ESTÁGIOS DE BUSCA DE
INFORMAÇÃO: UMA INTERSECÇÃO ENTRE TEORIA E METODOLOGIA
Uma vez delineados os instrumentos e os percursos metodológicos necessários para a
realização da pesquisa, este capítulo visa à definição do conceito de letramento informacional
digital, que orienta todo o estudo, e da apresentação do modelo de busca de informação, que
norteia a transcrição e análise dos dados referentes à atividade semiexperimental – o principal
mecanismo de investigação do comportamento de busca e seleção, o qual possibilita a
consequente compreensão do LID dos acadêmicos pertencentes ao grupo estudado. O capítulo
desvela a relação de interdependência existente entre os dois conceitos, sendo caracterizado,
portanto, como teórico-metodológico.
2.1 A concepção de letramento adotada e o conceito de letramento informacional
O termo letramento vem sendo objeto de diferentes (re)significações desde que Kato
(1986) o introduziu no campo dos estudos linguísticos e educacionais. Embora cunhadas para
compreender um processo amplo de ensino-aprendizagem, as definições da pesquisadora a
respeito do termo foram submetidas a diferentes perspectiva e concepções linguísticas,
possibilitando distintas interpretações conceituais. Dentre elas, a que ganhou notoriedade nos
campos linguístico e educacional, especialmente na Pedagogia, é a concepção do termo
letramento como sinônimo de alfabetização. Porém, distante das acepções primeiras, foi
duramente rebatida por diversos pesquisadores, cedendo lugar a interpretações menos
restritivas.
Neste trabalho, nos posicionamos diametralmente contrários a acepções reducionistas,
indo ao encontro do que defendem pesquisadores como Scribner e Cole (1981), Street (1984),
Kleiman (1995; 2007) e Soares (1997; 2003): letramento como conjunto de práticas sociais que
envolvem noções de leitura e escrita em diferentes ambientes e contextos. A esse respeito,
tornam-se especialmente oportunas as palavras de Kleiman (1995) sobre a definição que o
termo vem recebendo na área dos estudos de linguagem: “um conjunto de práticas sociais que
usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos,
para objetivos específicos” (p. 17).
Por acreditarmos já terem sido superadas as disputas conceituais a respeito desse termo,
não incorreremos em extensas definições de letramento, per se. Nosso foco passa à discussão,
44
em profundidade, de seus desdobramentos, fruto de novas demandas por “habilidades e
entendimentos que antes não eram exigidos” (CUSTÓDIO, 2015, pp. 14-15), a saber: o
letramento informacional e o letramento informacional digital, também compreendido, apenas,
como letramento digital.
A expressão information literacy (lê-se letramento informacional), por sua vez, surgiu
nos Estados Unidos na década de setenta, para designar a atividade relativa ao conjunto de
práticas necessárias à busca eficiente de informação no contexto das pesquisas realizadas em
bibliotecas, ainda através do recurso do banco de dados.
Em 1974, Paul Zurkowski, presidente da Information Industries Association
(Associação das Indústrias da Informação), introduziu o conceito ao redigir um relatório,
representando o setor de bibliotecários daquele país, o qual requeria maior investimento do
governo em medidas educativas de capacitação que favorecessem o aprimoramento de
habilidades pessoais para a seleção e o uso de informações disponibilizadas em bancos de dados
das bibliotecas estadunidenses.
Em seu trabalho, Zurkowski (1974) listou e sugeriu diversos serviços e produtos
ofertados por instituições particulares que poderiam promover o aprimoramento de técnicas de
acesso e trabalho com informação, sobretudo no ambiente bibliotecário. Ainda é possível notar
um teor reformista no relatório ao propor mudanças significativas na maneira de os americanos
enxergarem e lidarem com o conhecimento e com a busca por informação.
Muitos pesquisadores, tais como Behrens (1994), Dudziak (2001; 2003), Campello
(2009), Gasque (2012), apontam o relatório de Zurkowski como o marco introdutório do
conceito na literatura correspondente. Porém, como defende Dudziak (2003),
Em 1976, o conceito de information literacy reapareceu agora mais abrangente, ligado
a uma série de habilidades e conhecimentos; incluía a localização e uso da informação
para a resolução de problemas e tomadas de decisão. Não se tratava apenas de buscar
a informação, tratava-se de fazer uso dela para tomar decisões e resolver problemas
(p. 24).
A partir desse contexto, a expressão ganhou notoriedade e recebeu diferentes acepções
e interpretações ao longo dos anos, nos Estados Unidos e no mundo, vindo a encontrar como
correspondente mais próximo para o português brasileiro letramento informacional, somente
nos anos 2000.
No Brasil, esse conceito ganha notoriedade a partir do trabalho de Dudziak (2001), o
qual aproxima a acepção de letramento informacional do ambiente educacional, ao realizar uma
45
abordagem teórico-documental de práticas dessa forma de letramento que enfatizavam o papel
das bibliotecas e, especialmente, o dos bibliotecários.
Em Dudziak (2003) vemos a reiteração das proposições aventadas no trabalho anterior,
ao mesmo tempo em que se preocupa em apresentar uma definição sobre o tema que parece
dialogar diretamente com a concepção de letramento enquanto conjunto de práticas sociais que
envolvem noções de leitura e escrita, em outras palavras, com o conceito de letramento
ideológico (Cf. STREET, 1984) que adotamos neste trabalho:
A partir da análise da evolução do conceito e seguindo a concepção de information
literacy voltada ao aprendizado ao longo da vida, pode-se defini-la como o processo
contínuo de internalização de fundamentos conceituais, atitudinais e de habilidades
necessário à compreensão e interação permanente com o universo informacional e sua
dinâmica, de modo a proporcionar um aprendizado ao longo da vida (DUDZIAK,
2003, p. 29).
Para a pesquisadora, essa definição estaria sujeita a reinterpretações a depender de três
fatores: “nível da informação”, “nível do conhecimento” e “nível da inteligência”.
O nível da informação enfatiza a tecnologia por meio da qual o indivíduo obtém
conhecimento. Assim:
[...] prioriza a abordagem do ponto de vista dos sistemas, com o aprendizado de
mecanismos de busca e uso de informações em ambientes eletrônicos. Limitado ao
simples aprendizado de habilidades e conhecimentos instrumentais, praticamente
mecânicos, tem como foco o acesso à informação (DUDZIAK, 2003, p. 30).
O nível do conhecimento, por outro lado, se volta para o aspecto cognitivo, dizendo
respeito, portanto, ao:
[...] uso, interpretação e busca de significados, dentro da perspectiva da sociedade do
conhecimento, procura-se a construção de modelos mentais, não apenas respostas às
perguntas. O foco está no indivíduo, em seus processos de compreensão da
informação e seu uso em situações particulares. Os sistemas de informação são
examinados à maneira como são percebidos pelo indivíduo. Os pesquisadores que se
dedicam a essa concepção de information literacy procuram entender como as pessoas
buscam sentido para seus questionamentos e pesquisas, a partir de
suas habilidades e conhecimentos (DUDZIAK, 2003, p. 30).
O terceiro e último nível, o da inteligência, é o que melhor se aproxima da concepção
primeira de letramento informacional defendida por Dudziak. De acordo com essa perspectiva,
o conhecimento e, consequentemente, a busca por ele estariam sujeitos às experiências sociais
pelas quais os indivíduos passam ao longo da vida. Sob essa ótica, a forma como lidam com
46
informação depende diametralmente do caráter movente das relações sociais, ao mesmo tempo
em que “as ligações que se estabelecem entre habilidades, conhecimentos e valores determinam
o aprendizado, levando a mudanças individuais e sociais (DUDZIAK, 2003, p. 30).
Ao defender essa concepção, a pesquisadora se posiciona a favor de mudanças no
ensino, não apenas no que tange ao papel do bibliotecário, mas também do educador, de modo
geral, o qual passaria a “considerar a dimensão social e ecológica do aprendiz, percebendo-o
não mais como usuário, nem tampouco como indivíduo, antes como sujeito, que é o indivíduo
enquanto ator social” (DUDZIAK, 2003, p. 30).
Outra referência nacional quando o assunto é letramento digital, Campello (2009), em
sua tese de doutoramento, aborda práticas educativas exercidas por bibliotecários de bibliotecas
escolares, demonstrando a relevância ou não de tais práticas no que diz respeito ao auxílio aos
alunos para a obtenção de um processo eficiente de busca de informação. Diferentemente de
Dudziak (2003), dedica grande parcela de seu trabalho a mostrar que mais importante que
definir a expressão letramento informacional é compreender a essência do conceito, o que, para
ela, estaria mais próximo da concepção de Langford (1998), que o enxerga como um conceito
mutável, um continuum adaptável às necessidades informacionais dos indivíduos.
Campello (2009) se aproxima das ideias de Dudziak (2003), por outro lado, quando
defende ser consenso entre diversos autores que as diferentes terminologias atribuídas ao
conceito ao longo de distintas interpretações, especialmente quando traduzido, tais como
competência informacional, habilidade informacional, fluência informacional ou, mesmo,
letramento informacional, não refletem mudanças expressivas em sua essência. Desse modo,
o letramento informacional não se constituiria como um mero objeto a ser ensinado ou
alcançado, mas sim:
[...] um continuum de habilidades, familiaridade e eficiência relativas ao uso da
informação, representado por graus crescentes de domínio, mostrando que apenas
mudar termos (competência, fluência, etc.) para tentar definir melhor o conceito não
ajuda a esclarecer sobre o fenômeno que ele representa (CAMPELLO, 2009, pp. 83-
84).
A autora vai além das críticas conceituais ao defender que a concepção corrente do
termo desconsidera princípios básicos de seu funcionamento, como as individualidades de
quem busca informação. Para ela, a abordagem funcional utilizada com frequência até o início
47
dos anos 2000 para compreender o fenômeno deixa de lado o caráter sociointeracional
necessário à obtenção de conhecimento.
Citando estudos que apontam a necessidade de compreensão do termo como
diretamente relacionado a uma visão de letramento como conjunto de práticas socialmente
disseminadas – Pawley (2003), que também aproxima o conceito de letramento da concepção
de modelo ideológico (STREET, 1984), e Tuominen, Savolainen e Talja (2005), que defendem
o letramento informacional como resultante de uma demanda sociocultural –, Campello (2009)
mostra a visão compartilhada por esses estudiosos, a qual põe em evidência as deficiências que
alguns pesquisadores demonstram ao tentarem explicar e propagar o princípio do letramento
informacional sem a devida compreensão das necessidades sociais a ele associadas.
A natureza sócio-cultural é central para os autores citados, que propõem nova
abordagem para o letramento informacional, partindo do princípio de que ele deveria
voltar-se principalmente para as possibilidades de grupos e comunidades cultivarem
suas ações de informação e para encontrar estratégias de apoio às suas interações com
as tecnologias da informação (CAMPELLO, 2009, p. 88).
A esse respeito, a autora parece ser efusiva, especialmente ao criticar a maneira
funcional, genérica e distante das relações sociais (e tecnológicas) segundo a qual, afirma, os
profissionais que atuam em bibliotecas escolares costumam conceber o letramento
informacional, haja vista que que não estabelecem como base o seu conhecimento prático sobre
biblioteconomia “para ajudar os usuários no desenvolvimento de habilidades de lidar com
informação, não expressando com clareza as habilidades específicas que ensinam aos alunos”
(CAMPELLO, 2009, p. 171).
Em relação à conceituação da expressão, Gasque (2012), uma referência mais
contemporânea, traz contribuições significativas à questão, ao definir letramento informacional
como “processo de desenvolvimento de competências para localizar, selecionar, acessar,
organizar, usar informação e gerar conhecimento, visando à tomada de decisão e à resolução de
problemas” (p. 28). A pesquisadora se dedica a refletir criticamente a respeito do tema,
apresentando definições, à medida que se aproxima do conceito aqui já apresentado de conjunto
de práticas mutáveis, adaptáveis às necessidades informacionais.
Comungando particularmente da visão de continuum propagada por Langford (1998),
Gasque (2012) percebe o letramento informacional como sendo “um processo de aprendiza-
gem, compreendido como ação contínua e prolongada, que ocorre ao longo da vida” (p. 38),
para o qual o sentido da aprendizagem estaria relacionado, justamente, à construção do
48
conhecimento, o qual, por sua vez, seria inerente ao ser humano e, por isso, envolveria as
atividades do comportamento informacional, considerando, nesse cenário, as experiências
pessoais.
A esse modo, o processo de letramento informacional pode ser compreendido como “o
conjunto das mudanças relativamente permanentes resultantes das inter-relações entre a nova
informação, a reflexão e a experiência prévia, sem desconsiderar as interações do indivíduo
com o meio social” (GASQUE, 2012, p. 38) ou, de acordo com uma acepção mais abrangente:
[...] um processo de aprendizagem que favorece o aprender a aprender, visto que
engloba conceitos, procedimentos e atitudes que permitem ao indivíduo identificar a
necessidade de informação e delimitá-la, buscar e selecionar informação em vários
canais e fontes de informação, bem como estruturar e comunicar a informação,
considerando os seus aspectos éticos, econômicos e sociais. (GASQUE, 2012, p. 46).
A propósito, a ciência sobre aspectos éticos e socioeconômicos e também culturais
parecer ser condição sine qua non para um processo de aprendizagem “eficaz”, ou seja, que
favoreça as habilidades para lidar com as necessidades informacionais. Em oposição a isso,
todos os autores colocados em evidência neste trabalho ou refutam a ausência desses aspectos
na concepção corrente da expressão letramento informacional, desde seu surgimento, ou
defendem enfaticamente uma conceituação que abranja, especialmente em se tratando do
campo educacional, as demandas atuais de busca por informações, as quais exigem novos
parâmetros de escolha e seleção. A esse respeito ganham notoriedade os trabalhos relacionados
ao letramento digital ou, com mais propriedade, os correspondentes ao letramento
informacional digital.
2.2 Os conceitos de letramento digital e letramento informacional digital
A cada ano parece mais difícil refutar a afirmação de que vivemos em um ambiente
marcadamente inovador, o qual favorece o crescimento exponencial de tecnologias. Nesse
contexto mutável, é igualmente crescente a reconfiguração e propagação de mecanismos
facilitadores da assimilação de conhecimento e da interação humana, tais como as TICs, em
especial aqueles diretamente relacionados aos usos do computador e da Internet. Atentos à
aproximação entre linguagem e tecnologia (digital), muitos têm sido os pesquisadores a se
dedicar a esse mote.
Dentre os trabalhos mais expressivos podemos citar Lévy (1996, 1996b, 1999, 2001,
2002), Marcuschi (1999, 1999b) e Brasil (1996, 1999), os quais, já no fim século do passado e
49
início deste, atentos a um fenômeno relativamente novo, trouxeram reflexões a respeito das
práticas de leitura e de escrita desenvolvidas em contexto digital ou, nas palavras de Lévy
(1999), no ciberespaço.
Para Lévy (1999), o ciberespaço diz respeito ao ambiente virtual em que ocorre a
comunicação e interação de mecanismos ligados através da rede mundial de computadores, o
qual demanda práticas e técnicas próprias, favorecendo a instalação de uma cultura
característica, a cibercultura: “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o
crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 1999, p. 17).
Inseridos ou no contexto de aproximação entre linguagem e ciberespaço ou já no de
crescimento e perpetuação da cibercultura, muitos pesquisadores têm buscado compreender e
discutir o conjunto de práticas que envolvem essa nova maneira de ler, escrever, acessar e
processar informações, ou seja, aquilo que se convencionou chamar letramento digital.
O conceito, no entanto, apresenta uma definição binária, conforme defende Souza
(2007), e antagônica: uma do tipo restritiva e outra do tipo ampla. A primeira não considera
fatores externos aos usos das tecnologias, aproximando-se, portanto, das primeiras ponderações
a respeito do tema, aqui entendida como correspondente ao conceito de letramento digital. A
Segunda, mais próxima aos propósitos deste estudo, por considerar fatores de ordem
sociointeracional, está diretamente relacionada ao conceito mais recente de letramento (em
âmbito digital): o letramento informacional digital, o qual será discutido adiante.
O termo letramento digital veio do inglês, tendo como correspondentes naquele idioma
computer literacy, digital literacy, multimodal literacy, entre outros. Embora apresente
diferentes terminologias, tal como acontece com o conceito de letramento informacional, a
noção de práticas letradas voltadas para tecnologias digitais jamais se perdeu, como defende
Freitas (2010). Ideia essa que é reforçada por Custódio (2015), ao tratar dos diferentes nomes
que a concepção já recebeu: “Apesar das especificidades, todos possuem relação direta ou
indireta com os Letramentos Digitais” (p. 32).
O primeiro a utilizar a expressão correspondente ao termo letramento digital,
propriamente dito, parece ter sido Gilster (1997). O pesquisador defende que o conceito vai
muito além do simples ato de estar apto a ler. Contraditoriamente, também apresenta uma
definição restritiva, de acordo com a qual letramento digital corresponde à “habilidade de
acessar recursos computacionais ligados à rede e utilizá-los” (GILSTER, 1997, p. 107, tradução
50
nossa14). Definição essa que contempla ações pontuais de busca frente aos mecanismos
computacionais, desconsiderando-se fatores exteriores a eles, como o próprio comportamento
do indivíduo frente a esses recursos.
Embora reducionista, tal definição teve adeptos em outros países, sendo muito bem
aceita por pesquisadores brasileiros. Soares (2002), por exemplo, apresenta uma definição que
ganhou notoriedade e que foi propagada por muitos pesquisadores, a qual parece emergir da
definição de Gilster (1997). Para a pesquisadora, o letramento digital, ainda sob visão
marcadamente restritiva, corresponderia ao “estado ou condição que adquirem os que se
apropriam da nova tecnologia digital e exercem práticas de leitura e de escrita na tela, diferente
do estado ou condição – do letramento – dos que exercem práticas de leitura e de escrita no
papel” (SOARES, 2002, p. 151).
Embora aceita por alguns pesquisadores, muitos trabalhos refutam ou ampliam essa
concepção. Freitas (2005, 2010) critica definições de natureza simplista, especialmente no que
tange ao ensino, defendendo, inclusive, que a acepção de letramento compreende maior
abrangência que as considerações a respeito dos usos do computador e da Internet. Sob essa
perspectiva, letramento digital também corresponderia ao ato de “associar informações, ter uma
perspectiva crítica diante delas, transformando-as em conhecimento” (FREITAS, 2010, p. 348).
A pesquisadora parece compartilhar da perspectiva de trabalhos anteriores que adotaram uma
visão mais ampla de letramento digital, ou mesmo, tal qual este, a de letramento informacional
digital.
Buzato (2001) – em seu estudo que trata do ensino de língua estrangeira através do
computador – já apontava para essa tendência de considerar o conceito de letramento sob
perspectiva mais abrangente. Sem apresentar uma definição pontual para letramento digital ou
eletrônico, como prefere chamar, pondera sobre o fator sociointeracional, enfatizando uma
maior possibilidade de interação e comunicação entre as pessoas, proporcionada pelos usos do
computador.
O autor se aproxima ainda mais dessa visão ampla ao defender que, diferentemente das
formas tradicionais, o letramento digital está diretamente ligado a tendências
sociocomunicativas por favorecer “a emergência de gêneros específicos e muitas vezes
híbridos” (BUZATO, 2001, p. 88). Por híbrido, compreende gêneros que se apropriam tanto da
linguagem verbal quanto da imagética. Exemplificando, aponta como o expoente maior dessa
tendência o uso de emoticons na comunicação.
14 Original: “ability to access networked computer resources and use them”.
51
Notamos, portanto, a aproximação incontestável entre a compreensão apresentada por
Buzato (2001) e a perspectiva mais abrangente, visto que ao tratar da criação de gêneros
discursivos, está, por associação, se referindo a uma demanda social por comunicação.
Diferente da acepção de Soares (2002), a compreensão apresentada pelo pesquisador defende
uma possível coexistência de formas tradicionais e digitais de letramento durante as práticas
sociocomunicativas desenvolvidas pelo computador.
A distinção básica entre letramento tradicional, relativo a práticas sociais de leitura e
escrita em ambiente grafocêntrico, e letramento digital, relacionado a práticas que emergem em
contexto dos usos de recursos digitais, leva a duas reflexões importantes apresentadas por
Buzato (2001): (i) esses diferentes tipos de letramentos não são excludentes; (ii) o letramento
digital apresenta contribuições às formas de letramento relacionadas unicamente a recursos
impressos.
Considerando essas reflexões e a emergência de contextos que demandam práticas mais
dinâmicas de comunicação, obtenção e trabalho com informação, especialmente no que
corresponde ao uso de TICs, procuramos refletir sobre um conceito de letramento mais próximo
à nova demanda, aquele que considera também o protagonismo no processo individual de
aprendizagem. Em outras palavras, um conceito que abrange as concepções mais amplas tanto
de letramento informacional quanto de letramento digital.
A concepção de letramento informacional digital ou digital information literacy
(original em inglês) foi introduzida na literatura científica por Shankar et al. (2005), justamente
para evidenciar uma forma de letramento que representasse o contexto de busca por informação
realizado sob condições em que tanto práticas “informacionais” quanto “digitais” fossem
consideradas. Partindo de concepções de letramento digital presentes nos trabalhos de Lanham
(1995) e Gilster (1997), os pesquisadores definem o conceito de letramento informacional
digital como sendo “a habilidade de compreender e usar informações em vários formatos, a
partir de uma ampla variedade de fontes de computador em rede, o que envolve a habilidade de
decifrar imagens multimídia, sons e texto” (SHANKAR et al., 2005, p. 356, tradução nossa15).
Além dessa definição, os autores ainda apresentam diferentes acepções a respeito de
letramento informacional e digital e as rebatem, dizendo que os conceitos correntes sobre essas
formas de letramento as compreendem, equivocadamente, como correspondente à habilidade
de acessar, avaliar e usar a informação, seja através de recursos digitais, seja por meios
15 Original: “Digital information literacy can be defined as the ability to understand and use information in multiple
formats from a wide variety of networked computer sources and it involves the skill of deciphering multimedia
images, sounds and text.”
52
impressos, quando, na verdade, o letramento informacional digital seria mais complexo que
isso, oferecendo possibilidades muiltifacetadas e “uma infinidade de informações ao aprendiz
em vários modos e se constituindo com uma ferramenta cognitiva de reforço ‘auto dirigido’ e
de ‘aprendizagem exploratória’” (SHANKAR et al., 2005, p. 357, tradução nossa16).
Isso posto, torna-se evidente que a concepção adotada pelos pesquisadores não só
condensa os diferentes conceitos de letramento – considerando práticas relacionadas à escrita e
à leitura no papel e em plataformas hipermidiáticas17 (SIGNORINI, 2013) – como ainda
defendem que o letramento informacional digital considera também a habilidade de selecionar
e julgar com criticidade a profusão de informações disponíveis na Internet.
Partindo das considerações aventadas por Shankar et al. (2005), muitos estudos,
especialmente os relacionados à formação de professores ou à busca por informação em
contexto escolar, se propõem a conceituar e/ou refletir sobre o assunto. Alguns deles, entretanto,
tais como Costa (2013) e Pinho e Gonçalves (2016), não se detêm pormenorizadamente sobre
o conceito, a ponto de apresentarem suas próprias definições.
Para Custódio (2015), o LID corresponde à “habilidade de buscar, selecionar, avaliar, e
utilizar informações encontradas no meio digital” (p. 34), um conceito que, segundo ela, une as
concepções de letramento informacional e digital, tendo em vista que:
Uma vez que nos apropriamos de informações em meios digitais, o letramento passa
a ser a prática social de busca de informação através das diferentes tecnologias
disponíveis, por isso, os conceitos de Letramento informacional e digital estão inter-
relacionados (CUSTÓDIO, 2015, p. 35).
Pinho e Gonçalves (2016) corroboram essa visão de interrelação entre os dois conceitos,
apresentada pela pesquisadora. Mas, para eles, o LID vai além da capacidade de lidar com
ferramentas digitais, “ao possibilitar o desenvolvimento de competências para buscar e usar a
informação disponível em vários suportes e/ou canais, como, livros, jornais, revistas científicas,
audiovisuais, bases de dados, bibliotecas, Internet, entre outros” (PINHO & GONÇALVES,
2016, p. 61), competências essas que habilitam o indivíduo a se posicionar com criticismo frente
à diversidade de informações.
16 Original: “a plethora of information to the learner in numerous modes and is a cognitive tool enhancing ‘self
directed’ and ‘exploratory learning’.” 17 Neste trabalho, utilizamos o termo hipermidiático, e seus desdobramentos, para nos referir ao espaço
caracterizado pela profusão de informações multi-hipermidíáticas (linguagem verbal e imagética, músicas, vídeos,
imagens) dispostas na tela, ligadas ou não à rede.
53
Magalhães (2016) compartilha da percepção dos pesquisadores, estendendo suas
observações ao campo da educação, no que tange à sistematização (ou à falta dela) de
mecanismos que garantam empoderamento aos usuários de ferramentas digitais. Nesse sentido,
a autora defende que o LID não se restringe a estratégias de leitura e de escrita multi-
hipermidiáticas, mas sim compreende uma “prática de utilização das novas tecnologias para
busca de informações de forma criteriosa, para avaliar, organizar e transformá-las em
conhecimento” (MAGALHÃES, 2016, p. 46). A ênfase nessa visão reside no criticismo, em
concomitância à orientação sistemática necessária para obtê-lo:
A busca de informações na internet deveria possibilitar ao estudante acessar fontes
de forma efetiva, apropriando-se das novas informações ao conhecimento prévio,
utilizando tais informações de forma ética e legal. É preciso, por exemplo, que os
estudantes saibam citar as fontes e extrair informações que julguem relevantes a seu
objetivo, além de julgar tais informações com o intuito de fazê-los refletir enquanto
cidadãos mais “empoderados” (MAGALHÃES, 2016, p. 46).
Partilhando dessa visão de LID como propiciador do protagonismo e da autoafirmação
do indivíduo enquanto partícipe do processo de acesso e construção do conhecimento, Silva
(2016) assevera que essa forma de letramento “abrange o saber extrair as informações da
Internet, com caráter seletivo, utilizá-las de forma mais significativas e transformá-las em
conhecimento” (p. 24), o que corrobora e reafirma as proposições anteriores, as quais
consideram o criticismo/seleção de critérios como fator-chave.
Tal qual Magalhães (2016), o trabalho de Silva (2016) enfatiza o papel do professor
como orientador de práticas que favoreçam a autonomia dos alunos (e dos indivíduos, em geral)
durante a tarefa de assimilação e consequente produção de conhecimento, especialmente em se
tratando do ambiente digital. O estudo empreendido pela pesquisadora compreende um
experimento, semelhante ao aqui realizado, para analisar o processo e o resultado, no que
corresponde ao LID, de uma capacitação oferecida a um grupo de acadêmicos de Letras. Ao
tecer críticas a respeito de algumas das práticas dos estudantes avaliados, põe em evidência a
importância do professor e da escola na capacitação de habilidades que levem à efetivação de
competências informacionais e digitais. Defende a emergência e a urgência de uma formação
docente que habilite os professores a lidarem, mais apropriadamente, com questões relativas ao
LID.
2.3 Relação entre LID e a formação de professores
54
A crescente propagação da Internet e de recursos digitais, iniciada por volta dos anos
90, hoje já atingiu outro patamar. Aparelhos extremamente acessíveis, física e economicamente,
possibilitam o acesso à informação de maneira prática e rápida. O conceito de digital já se
propagou: com um simples toque em uma tela de celular, tablet ou, mesmo, de um computador,
podemos obter acesso a mais variada gama de informações, desde o saldo bancário até as
informações públicas a nós relacionadas disponíveis na rede. Esse conjunto de relações
moventes possibilitado pelo uso de recursos digitais, definidas por Lévy (1999) como
cybercultura, não poderia ficar de fora do ambiente escolar e das relações de ensino.
Conforme defendem Signorini (2011) e Custódio (2015), a utilização, por parte dos
alunos, dos recursos digitais como instrumentos de busca deve ser mediada pela escola, de
modo a proporcionar reflexões críticas que possibilitem uma mais bem efetivada apropriação
tecnológica “ou seja, como condição para sua recriação enquanto recurso de empoderamento,
e não apenas de dominação e controle do indivíduo e dos grupos pela lógica do consumo, do
poder econômico, estatal, político etc” (SIGNORINI, 2011, p. 261).
Para atender a essa necessidade, uma série de fatores externos à tecnologia, mais
apropriadamente relacionados a capacidades informacionais, tais como veracidade das
informações e intencionalidade de quem as veicula, devem ser objeto de reflexão em sala de
aula (COSTA, 2013).
Sob essa ótica, voltamo-nos para a formação acadêmico-profissional de nossos
professores. A necessidade de acompanhar as novas tecnologias e de estimular os alunos a se
apropriarem criticamente delas coloca o professor em processo de constante reflexão sobre os
procedimentos de ensino-aprendizagem, sobre seus próprios conceitos (CUSTÓDIO, 2015).
Dessa forma,
[...] pela crescente necessidade de refletir sobre o papel do professor nas práticas
escolares atuais, com novas tecnologias, com políticas de inclusão digital, e alunos
cada vez mais atentos às informações, é indispensável a discussão sobre os novos
letramentos nos cursos superiores. Precisamos que os futuros professores, que agora
são alunos em formação inicial, estejam preparados para em um futuro próximo
desenvolverem as habilidades de leitura e escrita criticamente, e que esses alunos
passem a dominar a informação de forma mais adequada e eficaz (CUSTÓDIO, 2015,
p. 37).
De fato, é notável a necessidade de professores capacitados a lidarem com essa sala de
aula cada vez mais tecnológica e plural no que se refere à propagação e busca por informação.
Nesse contexto, o presente estudo pode oferecer contribuições relevantes, ao investigar a prática
de busca e seleção de informação através da Internet de um grupo de acadêmicos de Letras de
55
uma universidade do interior do estado de Mato Grosso do Sul, analisando, portanto, práticas,
comportamentos e habilidades relacionadas ao LID desses acadêmicos. Para tanto, adotamos
como aporte teórico-metodológico as categorias desenvolvidas por Ellis (1989) e readaptadas
por Shankar et al (2005) para o contexto de busca em ambiente digital.
2.4 Os estágios de busca de informação
Ao estudar o comportamento de busca de informação, em ambiente não hipermidiático,
Ellis (1989) elaborou um modelo geral que o ajudou a identificar padrões comportamentais
durante o processo de busca. Esse modelo foi dividido em seis estágios: Starting, Chaining,
Browsing, Differentiating, Monitoring e Extracting.
Para Shankar et al (2005), dentre vários modelos possíveis para estudar
comportamentos informacionais de busca, o modelo de Ellis (Ellis’ Information-Seeking
Behavior Model) parece ser o que melhor atende aos anseios desse tipo de investigação,
oferendo suporte para que se possa estudar processos cognitivos envolvidos na atividade de
busca por informação em contexto digital. Para os pesquisadores, as “diferentes fases nesse
modelo podem capturar diferentes processos cognitivos de estudantes enquanto navegam por
informações on line” (SHANKAR et al., 2005, p.356, apud COSTA, 2015, p. 14).
A respeito da possibilidade de avaliação do caráter cognitivo, fazemos uma ressalva,
conforme ficará evidente no capítulo de análise, para defender que nem todas as características
e/ou procedimentos cognitivos envolvidos na busca de informação podem ser avaliados e
descritos pelo modelo de Ellis de maneira satisfatória. A relevância e viabilidade desse modelo,
por outro lado, não são questionadas, uma vez que uma série de fatores e comportamentos
podem ser muito bem observados e analisados a partir dele.
Adotamos como pressupostos para transcrição e análise dos registros audiovisuais
gerados pelo Camtasia Studio 9 a readaptação de Shankar et al. (2005), para contexto de LID,
do modelo de busca de informação de Ellis (1989). Ao transcrevermos e analisarmos passo a
passo o percurso de busca e seleção de informações empreendido por cada participante durante
os trinta minutos da atividade semiexperimental, tomamos como referência essas seis etapas:
Início (Starting), Encadeamento (Chaining), Navegação (Browsing), Diferenciação
(Differentiating), Monitoramento (Monitoring), Extração (Extracting) (KUMAR;
NATARAJAN; SHANKAR, 2005; SHANKAR et al., 2005). A seguir, a definição de cada uma
delas:
56
• Início: Corresponde ao começo, ao início da busca por qualquer informação. É o ponto
inicial ou, mais propriamente, no caso da busca na Internet, o termo iniciado nos
motores de pesquisa ou a sinalização por fontes de interesse. Pode ser subdividido em
início primário e início secundário. O Início Primário diz respeito a comandos mais
simples, de acordo com os quais o indivíduo se restringe a usar palavras ou termos-
chave solicitados pela atividade. O Início Secundário, por sua vez, diz respeito a
entradas de busca mais bem formuladas (não necessariamente melhores), ao uso
estratégico das questões, pretendendo obter melhores resultados e/ou sanar dúvidas
sobre a busca ou, mesmo, sobre a própria palavra-chave.
• Encadeamento: Trata-se do processo de projetar (encadear) a informação através de
links, proporcionando conexões entre uma fonte e outra, ou seja, entre uma página e
outra. Pode ocorrer tanto Para Frente (forward) quanto Para Trás (backward). O
Encadeamento Para Frente se realiza quando o indivíduo identifica e se projeta em
outras fontes (páginas) a partir de uma referência primeira/inicial. O Encadeamento Para
Trás ocorre num processo inverso, quando o indivíduo volta às referências do estágio
anterior (à página de partida), seja através do caminho inverso, seja por intermédio de
outros recursos, como novos links que remontam ao conteúdo anterior.
• Navegação: Diz respeito a uma ação hoje já popularizada: o ato de navegar.
Compreende a visualização de páginas, sites, blogs, imagens e afins, visando acessar
informações relevantes para os propósitos da busca.
• Diferenciação: Corresponde ao procedimento de seleção de informações, considerando
fatores determinantes, como a qualidade, a confiabilidade e a natureza das informações.
Está expressamente vinculada ao interesse pela busca e à subjetividade do indivíduo.
Subdivide-se em primária e secundária. A Diferenciação Primária pode ser
compreendida como o ato de analisar uma informação ou um link específico, tendo
como parâmetro somente o conteúdo, ou seja, desconsiderando completamente outros
aspectos que poderiam ser relevantes. Já na Diferenciação Secundária, ao contrário da
primeira, a seleção das informações é realizada com base na avaliação da autoridade de
quem disponibiliza os dados e na precisão e confiabilidade das informações.
• Monitoramento: Trata-se da ação de manter-se informado a respeito dos acontecimentos
de um campo de interesse por intermédio de serviços de notificação, tais como e-mail,
sistemas de feed e/ou Rich Site Summary (RSS).
• Extração: Corresponde ao procedimento de retirada (extração) tanto de informações
quanto de imagens específicas. A extração de informações apresenta duas subdivisões,
podendo ser chamada de Primária e Secundária. A Extração Primária compreende
ocorrências reducionistas do procedimento, sem objetividade ou, mesmo, síntese na
assimilação das informações encontrados. Em outras palavras, corresponde ao popular
“Ctrl + C”; “Ctrl + V” (copiar e colar). A Extração Secundária, por outro lado, abrange
maior precisão de resultados, ao transpor informações relevantes e com sinteticidade.
Pode haver ainda a Extração de Imagem, a qual não apresenta subdivisões, por
corresponder a um sistema sígnico que não permite tanta flexibilidade quanto o verbal.
De acordo com essa descrição:
57
[...] um indivíduo pode começar a sua busca na sua página preferencial da Internet
(Início); seguir por hipertextos para frente ou para trás (Encadeamento); fazer leituras
mais rápidas por listas de resultados (Navegação); avaliar a relevância de fontes e
informações (Diferenciação); assinar serviços de alerta de e-mails, ou sistemas de feed
que enviam novas informações caso haja alguma (Monitoramento); e extrair as
informações relevantes para seu uso (Extração). (COSTA, 2013, p. 16).
Vale ressaltar, conforme o fazem Costa (2016) e Pinho e Gonçalves (2016), que tais
estágios não seguem um processo linear durante o transcorrer da atividade de busca. Em outras
palavras, cada um deles pode se repetir inúmeras vezes ou, simplesmente, não ocorrer, a
depender da estratégia utilizada pelo indivíduo. Um ”Início”, por exemplo, pode ou não ser
seguido por um “Encadeamento”. Pode ainda o indivíduo, estando insatisfeito com o resultado
da busca, realizar um novo “Início”, o qual pode até ser da ordem dos inícios secundários, se
tal indivíduo quiser apurar sua busca ou, ainda, se não tiver compreendido plenamente o
comando inicial, no caso desta pesquisa.
O fato é que cada um desses estágios nos permitiu uma transcrição18/descrição detalhada
a respeito do comportamento de busca e seleção de informações dos participantes registado
pelo Camtasia 9, o que nos ajudou a traçar padrões comportamentais e a compreender melhor
o Letramento Informacional Digital dos acadêmicos, professores em formação.
É importante evidenciar, porém, que, apesar de corresponder a um dos estágios
referenciados, o monitoramento não fez parte da investigação aqui desenvolvida. Por se tratar
de uma estratégia que depende da resposta de mecanismos de notificação, algo que,
notoriamente, envolve tempo de resposta maior que o período da atividade proposta, não foi
utilizada pelos participantes, tal como ocorre com as pesquisas de Costa (2013), Magalhães
(2016) e de Pinho e Gonçalves (2016). Nenhum dos voluntários demonstrou interesse pela
assinatura de sistemas de monitoramento de informação. Nossa investigação, portanto,
restringiu-se a cinco estágios.
Apropriando-se das definições conceituais sobre os estágios de busca, explicaremos
algumas terminologias e/ou abreviações próprias que aparecem nas transcrições dos registros
audiovisuais gerados pelo Camtasia 9. Ainda que tais transcrições não apareçam integralmente
no corpo do texto, alguns dos termos aqui apresentados surgem ao longo do capítulo de análise
e a compreensão dessa terminologia implica no entendimento do material que compõe os
18 As transcrições dos registros em vídeo seguiram terminologia própria, tendo como referência os estágios de
busca, e, assim como as transcrições das entrevistas, encontram-se na íntegra na seção Anexo II, a partir da página
129.
58
anexos. Objetivamos, portanto, maior transparência metodológica e compressão desses
registros.
A vogal “A”, em caixa alta, tem como correspondente semântico “aba”, ou seja, todas
as vezes em que aparecer “A”– seja nas transcrições, seja nos mapas19 de comportamento de
busca delas advimos –, estaremos nos referido ao ato consciente20 de abrir uma nova janela ou
nova guia (aba) no navegador. Assim, “A” sucedido por um numeral, tal como em “A1”, por
exemplo, sinaliza a abertura de uma aba registrada cronologicamente em ordem crescente.
Nesse caso, a primeira.
Quando “A”, seguida pelo respectivo numeral ordinal, vier antecedida do termo
“início”, será um indicativo de que ocorreu, naquela aba, um início de busca. Em outras
palavras, é a representação de que o indivíduo introduziu em um motor de busca, aberto naquela
aba, palavras ou termos-chave para começar a procura por determinada informação. Por isso,
juntamente aos termos “início” e “A [+ numeral]”, constará a descrição do motor de busca
utilizado e das palavras nele buscadas, transcritas tais como o participante as digitou. A
exemplo, o Participante 01 que abriu a primeira aba do motor de busca Yahoo e procurou por
um dos termos-chave oferecidos pelo comando da atividade: /Início A1. Yahoo. “ciclismo de
estrada”/. O Início Secundário, quando o indivíduo utiliza termos-chave diferentes dos
solicitados pelo comando da atividade, diferentemente do primário, é simbolizado pelo
acréscimo da letra “S” ao termo “Início”. Desse modo, no caso do participante 03, por exemplo,
que busca por um termo diferente do solicitado, temos: /Início S A2. Google. “infografico”/.
Outra simbologia que merece explicação é a que corresponde aos tipos de
encadeamento. Quando se tratar de Encadeamento Para Frente, através do qual o indivíduo
estabelece conexões entre páginas não acessadas, será representado como Encadeamento F, ao
passo que, quando estabelecer conexão com páginas já acessadas, isto é, retomar o conteúdo de
páginas anteriores, terá como correspondente Encadeamento T. Como esse processo pode
ocorrer de distintas maneiras – por intermédio de links, hiperlinks, imagens –, podendo,
inclusive, acontecer numa nova aba, logo após a descrição do tipo de encadeamento, será
19 Por mapas, compreendemos os diagramas individuais do comportamento de busca gerados pelo programa
Bizagi Process Modeler. 20 A depender da configuração do computador, alguns navegadores geram o conteúdo dos links, automaticamente,
em novas guias. Para efeitos deste estudo, desconsideramos tal fato por se tratar de uma atividade automatizada, a
qual independe da vontade do usuário, não correspondendo a uma estratégia pessoal. Consideramos, portanto,
novas guias quando o participante, numa atitude refletida, faz uso do recurso oferecido pelo botão direito de seu
mouse – o qual recebe o nome de “abrir link em uma nova guia” ou “abrir link em uma nova janela”, no caso do
Google Chrome – ou quando, simplesmente, utiliza o recurso disponível no topo do navegador dedicado à criação
de uma nova aba.
59
informado o meio pelo qual se consumou. Dessa forma, temos /Encadeamento F. #03
wikipedia.org/ como representação do processo de encadeamento para frente realizado pelo
participante 01, ao se projetar numa página nova que tratava do conteúdo por ele buscado:
“ciclismo de estrada”. O sustenido sucedido pelo numeral cardinal representa a ordem na qual
aparecem os links na página-resposta21 do motor de busca, tendo como referência o topo da
página. Nesse caso, portanto, o participante escolheu o terceiro link (wikipedia.org), de cima
para baixo, resultante de sua pesquisa no motor de busca Yahoo.
Conforme já mencionado, o processo de encadeamento pode também se efetivar através
de imagens, sendo indicado por /Encadeamento F (Imagem)/ ou por meio de hiperlinks ou
chamadas dentro de uma página, como no caso do Participante 01, assim representado:
/Encadeamento F [“ciclismo de estrada regras”]/. Esses dois tipos podem ainda ocorrer em
novas abas, como no caso de uma página encadeada pelo Participante 02, mas não aberta de
imediato22: /Encadeamento F. #03 studiobikefit.com (deixa em nova guia A5, mas não aberta
de imediato)/.
Vale lembrar que esses desdobramentos se aplicam igualmente ao Encadeamento para
trás, embora menos comum. Nos casos em que o processo de retomada de páginas já visitadas
se valer desses mesmos recursos (Links, hiperlinks, imagens ou retomada da página em nova
aba), o processo de descrição seguirá os mesmos moldes do Encadeamento Para Frente. No
entanto, essa forma de encadeamento conta com um recurso singular, próprio dos navegadores:
a função Back. Presente no canto superior esquerdo de todos os navegadores, a famosa seta
permite a retomada de páginas anteriores. Em outras palavras, favorece a ocorrência do
Encadeamento Para Trás.
Em relação a esse fato, optamos por indicar apenas a ocorrência do Encadeamento, sem
a marcação da página retomada, caso seja de fácil visualização a indicação da página anterior,
como no seguinte exemplo: /Encadeamento F. #03 wikipedia.org. Navegação.
Encadeamento F (Imagem). Encadeamento T. Navegação/. Nesse caso, o Participante 01
retoma a página Wikipedia.org, utilizando a seta voltar de seu navegador e, por já ter sido
indicada no processo de encadeamento para frente, não consta na descrição a página, somente
21 Entendemos por página-resposta a página repleta de resultados (links) que os navegadores oferecem após a
inserção e posterior “enter” de termos, expressões ou palavras-chave no espaço destinado à busca, a caixa de
diálogo. 22 Ao utilizar o recurso abrir nova guia (aba), o participante pode tanto acessar a aba de imediato, seguindo com
suas estratégias de busca, quanto acessá-la (abri-la) num outro momento ou, simplesmente, não a acessar. Todas
as vezes em que houver encadeamento em uma aba diferente, mas não houver acesso imediato, será indicado por
meio de parênteses ao lado da descrição do encadeamento.
60
o processo de retomada (Encadeamento T). Vale ressaltar que a Navegação, que acompanha os
dois tipos de encadeamentos na descrição acima não é, necessariamente, indissociável deles.
Obviamente, não temos um parâmetro capaz de determinar com exatidão o que é ou não
navegação, mas acreditamos que algo em torno de dois a três segundos não seja tempo
suficiente para que o indivíduo consiga depreender informações relevantes para a sua busca na
página (ou imagem) visualizada. Algumas vezes, o sujeito projeta sua busca em locais
equivocados ou de irrelevância facilmente verificável para os propósitos de sua busca,
ocasionado fechamentos súbitos de página ou imediatos encadeamentos para trás.
Outra terminologia amplamente empregada que carece de maiores explicações é a
relacionada ao processo de extração. Sabendo que trabalhamos com três tipos de extração, todas
as vezes em que surgirem os termos Extração P, Extração S e Extração I deveremos
compreender que correspondem aos processos de Extração Primária, Extração Secundária e
Extração de Imagem, respectivamente. Normalmente, associados a esses termos devem surgir
o indicativo de abertura do programa utilizado para elaborar o infográfico, uma vez que a
extração, seja de qual natureza for, somente pode ocorrer de um local para o outro, o que, no
caso do nosso experimento, implica na transposição de uma informação ou imagem encontrada
na rede (no navegador) para o programa computacional escolhido para a confecção do produto
final, o infográfico. Por esse motivo, sempre que o participante deixar a navegação e realizar
uma extração ou, simplesmente, utilizar um programa, indicaremos esse fato, mesmo que tal
indicação signifique um corte na representação do percurso do participante na rede, como no
caso do Participante 01 a seguir: /Início A1. Yahoo. “ciclismo de estrada”. Navegação.
Encadeamento F. #03 wikipedia.org. Navegação. Encadeamento F (Imagem).
Encadeamento T. Navegação. Abre o Word. Extração primária./.
A partir do momento em que o participante abre o programa, já não mais se encontra
navegando na rede, mas sim na interface do próprio computador. Quando volta a usar a Internet,
utilizamos o termo “retoma”, sucedido pela representação da aba retomada. Aproveitando-nos
do exemplo do participante 01 sobre extração, representamos sua retomada de navegação da
seguinte maneira: /Retoma A1. Navegação/. Essa representação mostra que, ao deixar o
programa computacional, retomou a única aba aberta – até aquele momento – “A1” e navegou
nela, ou seja, no último site ali aberto: wikipedia.org. O processo de navegação, porém, poderia
não ter ocorrido, caso o participante tivesse apenas retomado a aba e, imediatamente, aberto
outra. É fundamental lembrarmos que a retomada não está condicionada à última página
visitada antes de deixar o navegador. Caso o indivíduo tivesse mais de uma aberta, poderia
61
retomar uma guia diferente daquela acessada por último ou finalmente acessar uma guia que
ainda não tivesse visitado.
Além dessas terminologias que seguem um padrão pré-determinado, adotamos uma
série de registros, descrições e observações em momentos específicos das transcrições, com
base não só na captura da interface do computador, como também na do rosto dos participantes,
a qual, normalmente, vem descrita entre parênteses – ao lado da ocorrência – ou em forma de
apreciação final, como pode ser visto em Anexo II, a partir da página 129.
O capítulo a seguir apresenta o estudo detalhado de cada caso, apropriando-se de dados
possibilitados pela observação das transcrições do comportamento de busca, as quais se
apropriam da terminologia mencionada anteriormente, e de outras informações, possibilitadas
por demais recursos.
62
3. ANÁLISE DE DADOS: DO INDIVIDUAL AO COLETIVO
Neste capítulo, evidenciamos os aspectos mais relevantes do processo de busca de cada
participante, contrastando-os com dados pontuais e igualmente importantes advindos das
entrevistas e, em alguns casos, da produção final apresentada, de modo a compreender melhor
seus comportamentos/estratégias de busca e seleção de informações e, como consequência, o
LID. Ao indicarmos possíveis individualidades durante a investigação do comportamento de
busca dos dez participantes, esperamos contribuir com uma análise condizente com um grupo
de acadêmicos que acabara de ingressar na turma de Letras-UFGD, ano de 2017, análise essa
capaz de fornecer hipóteses e direcionamentos no que diz respeito tanto a fenômenos
particulares quanto a convergências comportamentais. Seguindo esse propósito, o capítulo
subdivide-se em três seções: 3.1 Os Dez casos, 3.2 A respeito dos dez casos, 3.3 Contribuição
dos casos aos estágios de busca e seleção de informação.
3.1 Os dez casos
O intuito desta seção é descrever a analisar comportamentos e fenômenos evidenciados
a partir do estudo dos dados provenientes da triangulação entre as informações coletadas das
transcrições dos registos audiovisuais – e, por vezes, captadas diretamente dos registros
audiovisuais –, das transcrições dos registros em áudio, dos mapas de comportamento de busca
e seleção de informações e, até mesmo, das produções finais de cada um dos dez participantes,
embora não sejam elas objeto de nossa análise, mas sim o percurso comportamental que levou
a sua elaboração.
O grau de detalhamento do percurso de busca e seleção de informação correspondente
à atividade semiexperimental, bem como o dos demais dados, é variável, estando a cargo da
evidência e ênfase de fenômenos ou práticas específicos. Por isso, em alguns dos casos,
determinados aspectos ou informações poderão não ser discutidas.
O caráter descritivo desta seção se resume ao detalhamento do comportamento de busca
e seleção de informações que tem como referência os estágios descritos por Shankar et al.
(2005), apresentados no capítulo segundo. Por se tratar de um estudo de caso que investiga
comportamentos de busca e seleção de informações através de ferramentas ligadas à rede, a
descrição do procedimento de busca a partir dos estágios, associada a outras informações,
constitui-se instrumento imprescindível para a formulação de hipóteses que levem à
63
compreensão das práticas dos participantes e, como consequência, do panorama global sobre o
LID desse grupo de professores em formação.
3.1.1 Participante 01
O primeiro participante a concluir a atividade semiexperimental de busca e seleção de
informações com vistas à produção de um infográfico, ganhando a identidade de Participante
0123, parece, a priori, representar uma exceção à regra. Ao contrário de todos os outros, que
utilizam como motor de busca o site Google, estabelece como base, utilizando-o do começo ao
fim da atividade, a plataforma de pesquisas Yahoo.
Porém, o que poderia ser indício de uma prática singular, sugerindo diferentes usos ou
estratégias, indicou uma característica mais relacionada à preferência pessoal. Todas as
funcionalidades exploradas pelo participante naquele motor de pesquisa eram oferecidas pelos
demais, incluindo o Google. Além disso, o participante não se apropria plenamente de alguns
recursos, deixado de explorar suas funcionalidades, como no caso da imagem a seguir,
recortada24 de um registro de tela feito durante o início da atividade.
Figura 02 – Recorte da captura de tela do Participante 01.
23 O termo “Participante”, em maiúsculo e sucedido de numeração, foi adotado para representar cada um dos
participantes voluntários da pesquisa, de maneira a preservar sua identidade. O número representa a ordem
cronológica de término da atividade semiexperimental, como já especificado no capítulo primeiro. 24 Ainda objetivando preservar a identidade do participante, optamos por realizar recortes quando houver capturas
de tela, já que o Camtasia 9 grava toda a interface gráfica do computador, sobrepondo uma janela com o registro
do rosto do participante às gravações.
64
Por meio da imagem, podemos verificar que o Participante 01 realizou um Início
primário, apropriando-se ipsis litteris de um dos termos-chave indicados pelo comando da
atividade. Essa mesma imagem mostra que utiliza um recurso relativamente recente,
implantado em muitos sites de busca e em vários navegadores: o “sugestão de pesquisa”.
Segundo informações do site Agência Mestre25, no exato momento em que um usuário
começa a digitar as primeiras letras, o recurso pode oferecer sugestões com base em vários
fatores, tais como histórico de busca e identificação do usuário (fatores descartados no modo
de navegação anônima), linguagem padrão do navegador, tipo e velocidade da navegação e
conceitos associados à busca – com o intuito de que o indivíduo não precise digitar todo o termo
pretendido. O participante em questão utiliza o recurso depois de concluir a escrita do termo
dentro da caixa de diálogo do buscador, evidenciando uma prática igualmente diferenciada da
dos demais participantes, os quais se apropriam da ferramenta ou não a utilizam.
Por intermédio do registro da face é possível constatar que mantém os olhos fixos para
a região que parece corresponder ao teclado do computador até terminar de digitar o termo-
chave. Ao voltar-se para a tela, percebe a sugestão do navegador. Então, leva o cursor até ela,
porém, já com todo o termo digitado na caixa de diálogo, como mostra a figura 02. Em resposta
à pergunta de número um da entrevista individual, o participante se considera regular,
justificando sua resposta ao dizer que “[...] a dificuldade é a questão de... de mexer rápido, né”.
Embora tal afirmação possibilite distintas interpretações, em associação ao fato apontado,
constrói a imagem de um usuário que não dispõe de experiências básicas em relação ao uso de
ferramentas computacionais, como o uso regular do teclado (a datilografia). É interessante
observar que a expressão de espanto ou de surpresa que demonstra logo após terminar de digitar
e voltar-se para a tela, vendo a sugestão do motor de busca, corrobora a avaliação feita através
da observação da figura 02: o usuário desconhecia o recurso “sugestão de pesquisa”.
Em relação ao processo de início, de modo geral, é perceptível a ausência de estratégias
de refinamento dos termos ou, mesmo, de aprofundamento da própria atividade de busca. Todos
os seus inícios pertencem à ordem primária. Restringindo-se, fidedignamente, ao comando da
atividade, realiza apenas dois inícios, cada um em uma aba: um para o termo-chave Ciclismo
de estrada e outro para o termo Ciclismo de montanha. Para tanto, começa a busca procurando
por ciclismo de estrada e, aos onze minutos e cinquenta e quatro segundos de atividade, após
ter realizado extrações de conteúdo para o programa Word, no qual tenta construir o infográfico,
25 Disponível em: <https://www.agenciamestre.com/marketing-digital/google-suggestion-como-google-sugestao-
funciona/>.
65
fecha a aba de número 1 (A1) e busca em A2 novamente por “ciclismo de estrada”. Aos vinte
e nove minutos e cinquenta e sete segundos, após ter realizado mais extrações sobre ciclismo
de estrada, já quase no fim do tempo padrão da atividade, utiliza A2 para buscar por ciclismo
de montanha, demonstrando não conseguir concluir a atividade no tempo oferecido, fato que é
confirmado pela entrevista, quando o próprio participante afirma não ter concluído a atividade
devido à “questão do tempo”.
Seguindo essa tendência, a Navegação não apresenta maiores complexidades. Porém,
ao abrir apenas duas abas e destinar, basicamente, todo o tempo da pesquisa a um termo-chave,
o participante adota uma estratégia de busca pouco clara, gastando expressivo tempo navegando
nas páginas sobre ciclismo de estrada e pouco nas sobre montanha. O site
regrasdoesporte.com.br, acessado na busca sobre ciclismo de estrada, oferece informações a
respeito do ciclismo de montanha, sendo a única fonte responsável pela pouca informação sobre
essa temática constante na produção final, informação essa que somente é obtida e extraída,
primariamente, aos vinte e nove minutos e dez segundos de atividade. A esse respeito,
compreendemos que o fato de o site oferecer informações sobre as duas modalidades pode ter
favorecido um processo de navegação superficial, uma vez que o participante navegou por
quatro sites, dentre os quais somente dois são alvo de uma leitura mais apurada: wikipedia.org
e regrasdoesporte.com.br, sendo o último objeto de um processo de navegação distintamente
demorado. Em entrevista, diz que, caso participasse de outra atividade, seria mais rápido e “iria
aos pontos necessários”, afirmação que reforça as impressões sobre uma insatisfação pessoal
quanto à estratégia de navegação.
Relacionado à Navegação, temos o Encadeamento. Neste caso em especial, o número
de encadeamentos para frente (07) e para trás (04), relativamente baixos, pode ser visto como
um indicativo de que o participante não navegou por muitos sites, o que é facilmente verificável
ao analisarmos a transcrição dos registros audiovisuais gerada pelo Camtasia Studio 9, a qual
aponta a presença de quatro deles durante toda a pesquisa. Embora quantidade não seja
prerrogativa de qualidade, o número limitado de sites mostra que o participante procurou por
informações, mas não as contrastou com fontes diversas, fato que é reforçado pelos quatro
encadeamentos para trás utilizados não para comparar o conteúdo das páginas, mas sim para
retomar a página-resposta do Yahoo e se projetar em novos links (sites).
A análise da transcrição e dos próprios registros audiovisuais mostram que, adotando
uma estratégia quase linear, o participante recorre a um site de cada vez, extraindo, quando é o
caso, primariamente as informações para modificar a escrita no programa escolhido para a
66
confecção do infográfico. Desse modo, torna-se impossível determinar com exatidão se há o
processo de diferenciação de conteúdo, uma vez que não podemos avaliar os processos
cognitivos do participante, somente incorrendo em análises de dados visíveis, os quais, nesse
caso, não apontam vestígios de comparação entre diferentes fontes e/ou conteúdos, entre
diferentes sites. Dessa forma, evidencia-se que, se houve diferenciação, limitou-se à
assimilação de conteúdos acessados em momentos distintos, durante a visita às quatro fontes –
sem evidências de estratégias de comparações simultâneas entre os dois sites utilizados para
seleção de informações de cada modalidade ciclística. Caso tenha havido, limita-se à distinção
entre ciclismo de estrada e ciclismo de montanha.
Voltando-nos para a Extração, verificamos um processo marcado pela presença tanto
do nível primário quanto do secundário. Todas as ocorrências de Extração Primária se resumem
a cópias indiscriminadas de trechos dos sites buscados, excluindo-se qualquer menção à fonte.
Em alguns casos, como em um trecho que define ciclismo de estrada, retirado da wikipedia.org,
o texto (verbal) vem com marcações características da hipermídia (sublinhados e numerações
de hiperlinks). A esse fato, atribuímos a falta de familiaridade com recursos básicos do
programa utilizado, no caso o Word, como, por exemplo, o “mesclar formatação”, que permite
a cópia do texto, adaptando-a ao formato de destino e assim eliminando marcação e formatação
iniciais. O único caso de Extração secundária ocorre quando, aos vinte e oito minutos e vinte
segundos, o participante realiza aquilo que poderia se assemelhar ao processo de reescrita,
eliminando marcações da hipermídia do trecho do texto extraído da Wikipédia. Embora, devido
a uma questão terminológica, tenhamos de considerar tal fato como Extração Secundária, somos
tentados a questionar se não seria essa mera “higienização do texto”, refletindo resquícios de
uma tendência escolar, conforme já preconizava Jesus (1995), de ignorar o discurso e focar na
forma, ou melhor, na “limpeza do texto”.
Conforme declarado em entrevista, o participante não conclui a atividade, deixando de
otimizar a busca para desenvolvê-la no tempo previsto. Somado a isso, outras questões, como
a noção de autoria e de autenticidade, são aparentes em todo o processo de busca. Há a
apropriação do discurso alheio sem a devida menção. Realizando ações relacionadas à
superficialidade da materialidade discursiva – acréscimo ou supressão de pontuação, junção ou
separação de períodos – ainda distantes de mecanismos parafrásticos, apropria-se de
informações veiculadas na Wikipedia.org, uma plataforma colaborativa, cujas informações
possuem autenticidade questionável. Esse comportamento relaciona-se com as habilidades de
escolha e seleção de informações nesse ambiente específico, logo relacionado ao LID desse
67
acadêmico. O fato de ter utilizado como motor de busca o Yahoo, não reflete propriamente uma
prática e/ou comportamento diferente do dos demais participantes, como será mostrado a seguir,
pois as estratégias de busca e seleção de informações parecem seguir tendências gerais, tais
como as dos que utilizaram o Google.
3.1.2 Participante 02
Para abordarmos o caso do Participante 02, partiremos da resposta à pergunta de número
01 da entrevista individual, a qual diz respeito a como o voluntário se considera em relação aos
usos do computador e da Internet.
Entrevistador: Eu vou começar perguntando com relação ao uso do computador
e da Internet. Como você se denomina: experiente, regular ou inseguro, e por
quê?
Entrevistado: É... entre regular e experiente.
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: Porque já faz um tempo que eu já uso... faço uso do computador.
Entrevistador: Ah, então você... você acha que... se denomina como experiente
ou regular pelo fato de usar há um bom tempo?
Entrevistado: Isso.
Através do trecho da transcrição do registro em áudio gerado pela entrevista com o
Participante 02 é possível compreender que a declaração de um usuário regular ou experiente
vem do tempo de uso das ferramentas computacionais e não de práticas ou experiências
relacionadas a esse uso. De fato, o comportamento de busca e seleção de informações desse
participante parece apontar, sob um primeiro olhar, para singularidades condizentes com tal
declaração, ao menos no que corresponde ao grau de familiaridade com tais ferramentas
digitais.
Com um total de quinze abas abertas, elege basicamente duas para os inícios dos termos-
chave solicitados pelo comando da atividade. Conforme pode ser visto no recorte26 do diagrama
26 Utilizamos o programa computacional Bizagi Process Modeler para criar um sistema de mapeamento
complementar através de cores e formas que nos ajudasse a visualizar e compreender cada etapa do processo de
busca, conforme já descrito no capítulo metodológico. Dada a quantidade de informações que se repetem,
sobretudo nos casos dos participantes que projetam suas buscas por muitas abas, como no caso do participante em
questão, a observação do comportamento de busca através apenas das transcrições dos registros audiovisuais ou,
mesmo, dos próprios registros não ofereceria subsídios suficientes para uma análise precisa. O programa, no
entanto, não dispõe de uma interface gráfica inteiramente compatível com aplicativos de processamento de texto,
68
que fizemos, em caráter complementar, para facilitar a compreensão das transcrições e dos
próprios registros audiovisuais, o participante realiza um início primário sobre ciclismo de
estrada em A1 e sobre ciclismo de montanha em A4 e vai desenvolvendo toda sua busca tendo
como parâmetro esses dois inícios.
Mesmo que a imagem represente parcialmente o processo de busca, é possível observar
que o Participante 02 realiza dois inícios, como mencionado anteriormente, e desenvolve toda
a sua busca em abas complementares, as quais se relacionam diretamente a cada uma das duas
abas-base (A1 e A4) por intermédio de encadeamentos e retomadas, conforme será detalhado
posteriormente.
Figura 03 – Recorte do diagrama do processo de busca do Participante 02.
Cada um dos retângulos em vermelho representa um início. Da mesma forma que o
Participante 01, limita-se a inícios primários. Mas, ao contrário daquele, utiliza a opção “abrir
o link em uma nova guia” para realizar o encadeamento dos conteúdos através da abertura de
guias diferentes, promovendo a continuidade de seus inícios em novas abas, o que é disposto
de maneira vertical nos diagramas (mapas) do comportamento de busca. Os dois recortes que
se seguem tornam mais didática a visualização desse processo para cada um dos dois inícios.
o que nos levou a realizar recortes de tela referentes às partes dos mapas, abertos no programa, de modo a utilizá-
los quando necessário.
69
Figura 04 – Ampliação do recorte do diagrama do processo de busca do Participante 02, correspondente ao
início em A1.
Cada seção horizontal compreendida pelos limites de duas linhas paralelas representa
uma guia (aba) aberta no navegador, numerada de acordo com a ordem cronológica de abertura.
Os retângulos em vermelho se referem aos inícios, sejam eles primários (como neste caso) ou
secundários, indicados pelas letras P ou S, juntamente ao nome do motor de busca e do termo-
chave utilizados. Ligando-se a eles, em preto, temos a indicação de navegação e, ligado a ela,
por sua vez, o retângulo, em azul claro, que indica o encadeamento para frente (ou para trás),
juntamente com a indicação (dentro da figura geométrica) do recurso utilizado para consumar
o processo: o site, o link ou o hiperlink. Em casos de encadeamentos em outras guias, como no
aqui referido, o retângulo azul claro aparece em uma nova aba, ou melhor, em uma seção
horizontal disposta verticalmente em relação a outra. Caso o encadeamento tenha ocorrido sem
a abertura imediata da página, por intermédio da ferramenta “abrir o link em uma nova guia”,
a ligação entre o retângulo azul claro e o seu correspondente anterior é simbolizada por uma
linha tracejada e por uma linha contínua em formato de seta que se estendem até o ponto em
que, finalmente, há o acesso à página encadeada (caso a página seja acessada) – tal como pode
ser visto no canto esquerdo da figura anterior, entre A1 e A2 (primeira e segunda seções, de
cima para baixo).
Desse modo, temos: /InícioA1. Google. “ciclismo de estrada”. Navegação.
Encadeamento F. #02 brasil2016.gov (deixa em nova guia A2, mas não abre). Encadeamento
70
F. #03 cob.org (deixa em nova guia A3, mas não abre). (Usou, com o botão direito do mouse,
o recurso “Abrir link em uma nova guia’’, não necessitando entrar no site de imediato para abri-
lo. Por isso, clica para encadear os links em A2 e A3, mas permanece em A1). Abre A2./ para
representar o que ocorre nas três primeiras seções (abas) do diagramas, representadas pela
figura 04. A linha pontilhada que se estende da navegação no Google descrita em A1 até o
retângulo azul claro em A2, por exemplo, e que depois se encontra com a navegação de
brasil2016.gov em A2 indica um processo de encadeamento numa aba que somente é aberta
depois de algum tempo (com a navegação de brasil2016.gov), evidenciando um processo
consciente de abertura e posterior visualização de páginas em novas abas. Em outras palavras,
um posicionamento estratégico a respeito do ato de encadear os conteúdos, visando ter acesso
em momentos específicos. O mesmo ocorre com a relação estabelecida entre A4 e as demais
guias.
Figura 05 – Ampliação do recorte do diagrama do processo de busca do Participante 02, correspondente ao
início em A4.
O processo de busca e seleção de informações desse participante revela, logo a
princípio, uma estratégia de busca bem definida de selecionar fontes para cada uma das duas
modalidades ciclísticas, provendo-se do recurso das guias do navegador, mais precisamente da
ferramenta “abrir o link em uma nova guia”, fato revelador de um nível de proficiência em
relação ao uso do navegador.
Por outro lado, mesmo tendo adotado a estratégia de estabelecer abas diferentes para
seus inícios e de encadear a busca em abas paralelas, gerando um total de quinze guias abertas,
71
o que poderia favorecer a diferenciação, o participante não refina ou aprofunda a pesquisa,
limitando-se a inícios primários. Aos vinte e oito minutos e vinte e três segundos, desenvolve
novo início primário em A4, buscando, precisamente, pelo mesmo termo do começo da
atividade naquela mesma aba: “ciclismo de montanha”, como pode ser verificado na transcrição
dos registros audiovisuais, disponível em Anexo II, página 133. A entrevista não fornece
informações sobre esse fato, porém, tal atitude parece refletir falta de estratégia, uma vez que
os resultados oferecidos pelo Google são precisamente os mesmos. Desse modo, o participante
realiza um total de três inícios, todos primários, sendo dois precisamente iguais e, por isso,
levando à mesma página-resposta do motor de busca, aos mesmos resultados.
O processo de encadeamento, por sua vez, aponta para uma atitude mais bem pensada,
indicativo, talvez, de criticidade. O participante seleciona os resultados da sua busca no Google,
aparentemente, pela confiabilidade do site, visto que opta pelas páginas reconhecidamente de
maior renome – já no próprio motor de busca – e as projeta em novas abas, sempre deixando
A1 e A4 para conduzir os futuros encadeamentos, ou seja, como abas-base, conforme pode ser
visto anteriormente nos recortes do diagrama ampliado (figuras 04 e 05).
No que tange à navegação, podemos dizer que apresenta consideráveis diferenças, se
comparada ao mesmo estágio do participante anterior. Ao contrário dele, não visita sites de
origem questionável, apropriando-se, inclusive, de informações veiculadas em páginas
especializadas em ciclismo. A análise do registro audiovisual evidencia uma aparente
preocupação com a escolha das páginas a serem visitadas. O participante leva o cursor por
diversas vezes aos tópicos gerados pelo Google na página-resposta, demostrando realizar uma
escolha consciente dos sites a visitar, um processo de diferenciação primária, ou seja, de seleção
da fonte pelo possível conteúdo da página. Além disso, a transcrição evidencia sustenidos com
numerações mais elevadas, o que reforça a proposição de que esse participante não se contentou
com o primeiro resultado oferecido pelo motor de busca. Em entrevista, afirma, porém, que
poderia “ser mais objetivo nas buscas das informações”, fato que é endossado pela análise dos
estágios de diferenciação, extração e na simples observação do produto final.
Quanto à Diferenciação de conteúdo, obviamente, conforme já defendido, não temos
aparatos, nem dados, suficientes para determinar em que medida e intensidade o participante
fez uso ou não dessa estratégia de busca. Com quinze abas abertas e com um número elevado
de navegações e retomadas, torna-se praticamente impossível negar que esse participante tenha
realizado comparações de conteúdo, sejam elas superficiais ou em profundidade. Quando
questionado em entrevista a respeito das estratégias utilizadas para desenvolver a busca,
72
responde: “Eu busquei informação sobre cada modalidade, né...” e “E comparei as duas.”,
referindo-se às duas modalidades esportivas solicitadas no comando da atividade. Como
defende Magalhães (2016), ao mencionar o trabalho de Silva (2016), o processo de
diferenciação aparenta estar “diluído” no de navegação, uma vez que os participantes parecem
fazer uso de critérios de seleção não evidenciados pela tela do computador.
À luz da análise do registro audiovisual, porém, as comparações parecem se limitar à
distinção entre ciclismo de estrada e ciclismo de montanha. Logo nos cinco primeiros minutos,
nota-se aquilo que se mostra uma diferenciação entre as informações sobre “a história do
ciclismo” veiculadas pelo website studiobikefit.com.br e pela página oficial brasil2016.gov.br
(diferenciação de conteúdo), a qual não resulta em nada além da abertura de uma nova aba, A4,
e do início de uma longa busca sobre ciclismo de montanha, culminado numa comparação entre
as duas modalidades ciclísticas e em três extrações primárias do site infoescola.com a respeito
de cada uma das duas modalidades e de algumas de suas diferenças, ao fim da atividade.
Como resultado dessa busca extensa, realizada com base na visita a oito sites diferentes
e em um processo superficial de extração (somente primária), temos um produto final distante
do gênero discursivo infográfico – embora não constitua esse o foco de nosso estudo –, quer
pelas características estilístico-composicionais, quer pela função de síntese de informações,
conforme pode ser visto na figura de número 06.
Figura 06 – Captura de tela da produção final do Participante 02.
Apesar de o participante ter desenvolvido uma busca extensa, restringindo-se a visitar
sites direcionados, especificamente, à temática, empreende muito tempo nessa atividade,
73
relegando os minutos restantes à produção exposta pela figura 06. Todos os três parágrafos
constantes nela pertencem, respectivamente, aos websites brasil2016.gov [informações sobre
ciclismo de montanha], brasil2016.gov [informações sobre ciclismo de estrada], infoescola.com
[informações sobre as duas modalidades]. Não realiza extrações secundárias, nem mesmo para
padronização estética do texto. Assim, num ato de copiar/colar, se apropria do discurso alheio,
sem quaisquer sinais de referenciação ou crédito aos produtores do discurso.
Ao nos debruçarmos sobre o processo, vemos práticas verdadeiramente singulares, tais
como escolha (visível pelo movimento do mouse) de sites especializados na temática buscada
e estratégia de eleição de abas-base para acesso das páginas. Porém, demonstra desorientação
em relação à seleção e, mesmo, à busca de informações, conforme ele próprio afirma ao
justificar não ter concluído a atividade por falta de objetividade no processo de busca.
Uma justificativa possível para tal comportamento é a propagação vertiginosa de
informações que constituem o âmago do ambiente hipermidiádico. A esse respeito, Signorini
(2013) defende que:
A principal característica do hipertexto e da hipermídia de modo geral é o fato de
serem constituídos pelo verbal escrito, dentre outras linguagens, e por estruturas de
navegação que só se realizam, ou se concretizam, na seleção e clicagem de links pelo
leitor internauta. O que significa dizer que ao mesmo tempo em que só se revelam
pelo design, isto é, pelas relações possíveis entre os nós linkáveis, tais estruturas nunca
se revelam por inteiro como no caso da macroestrutura gráfico-visual e coesiva de um
texto grafocêntrico convencional, com princípio, meio e fim, dispostos nessa ordem
(p. 200).
Justamente por não se revelar por completo na superficialidade gráfica da tela do
computador a multiplicidade de informações faz com que o usuário autodeclarado experiente
se perca em meio a sua própria estratégia de busca e seleção. O comportamento desse
participante reforça a ideia de que práticas relacionadas à leitura e à escrita são indissociáveis
das TICs e de quaisquer outras ferramentas de acesso a informações disponíveis em ambientes
hipermidiáticos. Percebemos que para ter sucesso nesse ambiente, portanto, não basta ser
“experiente” somente no que diz respeito à decodificação de interfaces ou utilização de
ferramentas digitais ou, simplesmente, utilizá-las há muito tempo.
O Participante 02 poderia ter empreendido mais sucesso na atividade proposta se tivesse
se atido a questões pontuais, relacionadas às próprias informações buscadas ou, mais
precisamente, ao comando da atividade: “Construa um infográfico que represente cada uma
delas [das duas modalidades esportivas solicitadas], suas características, as principais
diferenças entre as duas e outras informações que julgar relevantes”. Apesar de visitar oito sites,
74
as informações extraídas para a produção final não contemplam a proposta, limitando-se a uma
breve contextualização histórica a respeito do surgimento do Mountain bike e a um breve
excerto sobre diferença entre as modalidades: “As principais diferenças entre o Mountain Bike
e o Ciclismo de Estrada consiste em pneus mais grossos e amortecedores traseiros e dianteiros,
com objetivo claro de diminuir o impacto da trilha”. Fica evidente que o processo de navegação
(leitura) de páginas com conteúdo escrito foi conduzido de maneira pouco objetiva para os
propósitos da atividade, apesar de demasiado longa, impedindo a sua conclusão dentro do
período estipulado.
3.1.3 Participante 03
Seguido uma tendência bem diferente da dos anteriores, o Participante 03 adere
massivamente aos inícios secundários. De dez inícios, oito são secundários. O que poderia
apontar um letramento específico, relacionado ao aprimoramento da busca, revela falta de
pressupostos básicos para a realização da atividade, tais como o conhecimento do gênero
solicitado. Mesmo tendo participado da capacitação sobre infográfico oferecida à turma –
requisito base para participar do experimento – realiza, aos trinta e cinco segundos de atividade,
o seguinte início secundário no buscador Google: “infografico”, e navega pela definição
genérica oferecida pela página-resposta do próprio motor de busca, fato comprovado tanto pelo
movimento do cursor quando pela gravação do rosto do participante, em cujo registro é possível
acompanhar a direção dos olhos para o local na tela que corresponde à referida definição.
Em outros momentos, o participante realiza novos inícios secundários que apontam para
o um provável desconhecimento do gênero e mesmo das estratégias de refinamento de busca.
Ao procurar por “modelo de infografico de ciclismo” e por “modelo de infografrico de ciclismo
de montanha e estrada” no Google Imagens, encadeando-se para frente e para trás sucessivas
vezes, como se buscasse ali, naquele banco de dados de imagens, algo que o ajudasse
compreender o gênero ou, mesmo, algum infográfico que atendesse previamente às solicitações
da atividade de busca. Os indícios nos levam à formulação de duas hipóteses: ou o participante
tencionava encontrar um modelo que servisse de referência para a elaboração da sua própria
produção e/ou o ajudasse a compreender, por assimilação, a constituição do gênero ou tal fato
reflete uma intenção de copiar um trabalho pronto.
75
Voltando-nos aos próprios termos-chave utilizados, temos indícios de falta de
familiaridade quanto ao uso das estratégias de aprimoramento de busca27, sobretudo no segundo
termo mencionado, o qual é muito abrangente e resulta em informações, aparentemente, aquém
das esperadas pelo participante. Quanto à supressão do grafema responsável por indicar a
tonicidade na proparoxítona “infográfico”, entendemos corresponder a um conhecimento
prático, uma vez que o voluntário demostra ciência de que esse fato é ignorado pelo buscador,
considerando que em outros inícios o participante utiliza palavras sem a devida acentuação e/ou
a marcação de maiúsculas e obtém êxito. A esse respeito, Machado (2016) diz que os
buscadores modernos desconsideram distinção entre grafemas maiúsculos e minúsculos e entre
“ç” e “c”, bem como todo o sistema de acentuação gráfica da língua portuguesa e de outras
línguas, o que, segundo ele, permite que os usuários de teclados construídos para atender
diferentes sistemas linguísticos não tenham problemas ao utilizá-los. A supressão do elemento
gráfico por parte do acadêmico pode indicar a pretensão em ser veloz, visto que digitar o acento
agudo poderia representar, mesmo que em frações de segundos, tempo gasto com questões
triviais.
Parcela significativa do processo de navegação é dedicada à compreensão do gênero,
sendo a maior parte dela realizada através do Google Imagens, conforme pode ser verificada na
transcrição do registro audiovisual correspondente, disponíveis em Anexo II, na página 139.
27 As estratégias de aprimoramento ou refinamento de busca, conforme indicação da página de suporte do Google,
nos ajudam a encontrar informações de maneira bastante específica. Dentre uma gama de funções e recursos, os
mais usuais podem ser definidos como as “Aspas”, que localizam termos tais como foram digitados e,
precisamente, na mesma ordem em que aparecem na caixa de pesquisa, e os símbolos matemáticos “+” e “-“, os
quais são responsáveis pela a inclusão e exclusão, respectivamente, dos termos por eles antecedidos.
76
Figura 07 – Captura de tela do registro audiovisual do Participante 03.
Como podemos perceber na figura 07, o resultado para “modelo de infografrico de
ciclismo de montanha e estrada” no Google Imagens é um mosaico repleto de fotos de bicicleta
ou correlatos que em nada parece atender às pretensões do participante, levando-o a uma
navegação prolongada e distante do objetivo, fato que aparamenta induzi-lo a continuar a busca,
mesmo insatisfeito, conforme mostra a gravação de seu rosto: é possível notar uma expressão
de insatisfação após chegar aos resultados expostos na figura 07 e de dúvida ao continuar a
busca. Desse modo, o restante do tempo de navegação é, basicamente, destinado à busca por
ciclismo de estrada, com o participante se limitando a dois sites – um que trata genericamente
de ciclismo: wikipedia.org e outro que aborda, especificamente, o tema ciclismo de estrada: o
sportsregras.com.
Nesse sentido, é perceptível o quanto o conhecimento ou não do gênero a ser elaborado
pode influenciar no processo de busca de informações. O desconhecimento do gênero do
discurso incutiu em um processo de busca distante da pretensão inicial.
Em virtude da navegação prolongada através do Google Imagens, o número de
encadeamentos para frente alcançou o patamar de oitenta e duas ocorrências, ao passo que o de
encadeamentos para trás ficou na marca dos dezessete. Ao contrário da guia convencional do
buscador, o Google Imagens permite que seus usuários tenham acesso aos conteúdos oferecidos
(as imagens) sem que precisem visitar as páginas de origem, fato que, comprovadamente,
favorece a ocorrência de encadeamentos para trás e para frente, ao, simplesmente, mudar de
77
uma imagem para a outra através das setas do teclado. A critério de comparação, vejamos o
gráfico com as informações deste e do participante anterior, o qual não navega com tanta
frequência pela guia Imagens do Google.
Gráfico 02 – Comparação entre os dados referentes aos estágios de busca dos participantes 03 e 02.
Notoriamente, as ocorrências do processo de encadeamento do Participante 03
apresentam expressiva superioridade numérica em relação às ocorrências do Participante 02 (e
a dos demais participantes), superioridade essa atribuída a um cenário específico de busca
através do Google Imagens, cujo mecanismo de encadeamento é favorecido pela interface da
aba Imagens, não servindo, por isso, de indicativo de proficiência de busca. O número de
ocorrências de navegação, por outro lado, muito maior em 02, é indicativo de uma prática
diferenciada, uma vez que a elevada quantidade se deve a um processo consciente de sucessivos
acessos e retomadas, distribuídos entre oito sites diferentes – quantidade quatro vezes superior
aos dois sites visitados pelo Participante 03. O que torna o processo do participante anterior
diferente é o fato de aquele recorrer a mais fontes de informação e acessar seu conteúdo, bem
diferente do participante aqui mencionado, que apenas realiza encadeamentos por distintas
imagens, sem se deter com propriedade no conteúdo por elas oferecido.
Quanto à Extração, verificamos uma singularidade: o Participante 03 realiza extrações
secundárias e em exata quantidade a de extrações primárias, conforme pode ser verificado no
gráfico 02. No entanto, assim como o Participante 01, as extrações secundárias se resumem a
um processo marcadamente superficial de polidez estética do texto verbal, realizado, neste caso,
0102030405060708090
100
Comparação entre os participantes 03 e 02
Participante 03 Participante 02
78
já aos vinte e nove minutos e trinta segundos da atividade, evidenciando uma preocupação em
eliminar as marcas de hiperlinks e sublinhados vindos do trecho copiado de wikipedia.org. A
única imagem extraída, dentre tantas visualizadas, representa – em forma de gravura – um
ciclista de estrada, mas não dialoga, diretamente, com a informação verbal extraída sobre essa
modalidade, pois essas duas formas de significação (texto verbal e imagético) não ocupam o
mesmo plano visual, por serem expostas em slides, como será mostrado na figura 08.
Podemos ainda verificar indicativos da ausência do estágio de diferenciação, seja ela
primária ou secundária, visto que a análise da transcrição e do próprio registo audiovisual não
apontou quaisquer sinais de comparação entre o conteúdo dos dois sites visitados para a
extração, tampouco entre as várias imagens visualizadas. Tal observação, no entanto, posiciona-
se em contrariedade às afirmações do participante:
Entrevistador: Ok. É... e com relação à essa atividade, quais as estratégias que
você utilizou pra terminá-la, pra... pra cumprir essa atividade?
Entrevistado: Bom, eu tentei primeiro procurar informações, porque eu não entendo
muito de ciclismo...
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: Eu num... nem ando de bicicleta...
Entrevistador: Aham...
Entrevistado: Tive um pouco de dificuldade porque, como não entendo muito do
assunto, aí tive que pesquisar bastante antes de começar.
Entrevistador: Ah, entendi. E depois que você conseguiu as informações...?
Entrevistado: Aí eu fui montar o... o infográfico, né.
Entrevistador: Aham.
Entrevistado: Mas mesmo assim não deu tempo de terminar.
Entrevistador: Tá bem. E você comparou informações diferentes...?
Entrevistado: Uhum.
Entrevistador: É?
Entrevistado. Eu fui em vários sites pra...
Entrevistador: Vários sites...?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Entendi. E você voltou em um site pra pesquisar as...
Entrevistado: É, aham.
Nesta passagem notamos que o entrevistado afirma, após insistência do pesquisador a
respeito de qual estratégia teria utilizado para desenvolver a busca e seleção de informações,
recorrer ao conteúdo de “vários sites”, tendo, inclusive, realizado a comparação entre esses
conteúdos. O número de fontes a que se refere diz respeito às duas páginas já mencionadas, a
plataforma colaborativa de compartilhamento de informações – wikipedia.org – e a versão em
português de um website destinado a tratar de regras esportivas – o sportsregras.com. Além
disso, a estratégia informada em entrevista parece divergir da evidenciada pelo registro
audiovisual. Conforme já mostrado, as primeiras informações buscadas foram relacionadas à
79
produção do infográfico e não a respeito de características do ciclismo, como defendido pelo
participante em entrevista.
A produção final, ainda que inacabada (declaração do entrevistado), corrobora as
questões aqui aventadas e, possivelmente, demonstra que o Participante 03 desconhecia o
gênero infográfico e que também não obteve sucesso ao tentar compreendê-lo, buscando por
modelos no Google Imagens.
Figura 08 – Captura da tela da produção final do Participante 03.
A figura 08 nos mostra que o participante construiu o infográfico no PowerPoint28.
Apesar de ser um programa com muitos recursos para o trabalho com textos verbais e
imagéticos, o formato escolhido, em Slides, dificilmente conseguiria comtemplar as
especificidades do gênero, sobretudo devido à disposição em formato de apresentação, a qual
segregou imagem verbal e não verbal, contrariando, portanto, o princípio de coesão
intersemiótica de que falam Manfré e Saito (2009). A imagem ainda denuncia a disposição dos
conteúdos em tópicos, uma prática legítima, se considerarmos o contexto das apresentações,
mas, mais uma vez, incompatível com o esperado para um infográfico.
Em suma, a observação da produção final reiterou tudo aquilo que a transcrição e análise
do registro audiovisual havia apontado: um participante que apresenta pouca proximidade tanto
28 O programa computacional PowerPoint foi criado pela empresa norte-americana de computadores Microsoft.
Com uma interface interativa e repleta de recursos para trabalho com imagens e texto, é destinado a apresentações
gráficas.
80
com produção de textos, especificamente em relação à necessidade de atribuir autoria às fontes
consultadas, quanto em relação a ferramentas do ambiente digital, envolvendo desde a busca
por palavras-chave até a elaboração de estratégias eficientes de pesquisa.
Além disso, a produção final, associada ao registro audiovisual, aponta para uma
aparente contradição: um usuário que gasta significativo tempo acessando imagens, desenvolve
um trabalho pautado na linguagem verbal topicalizada. Apesar de condizentes imagem e
conteúdo extraídos, já que ambos fazem referência ao ciclismo de estrada, não levam à coesão
entre si. A escolha do PowerPoint como canal de veiculação da produção impossibilita a sua
constituição como um gênero discursivo nos moldes de um infográfico.
Desse modo, cabem algumas considerações: (i) toda a atividade poderia ter sido mais
eficiente e, talvez, concluída, se o participante tivesse, inicialmente, buscado pelos termos-
chaves para, só então, se preocupar com a produção do infográfico; (ii) nem todas abas abertas
(5) parecem ter um propósito específico. Poderiam, então, se resumir a apenas uma ou duas, o
que conferiria maior objetividade ao processo e melhor visualização da interface; (iii) o Google
Imagens não parece ser o melhor recurso para a compreensão do gênero infográfico,
considerando que o participante estivesse mesmo interessado em buscar um modelo para
construção de seu próprio infográfico: tutoriais em vídeos se mostram ferramentas de
aprendizagem muito mais didáticas, práticas e rápidas.
3.1.4 Participante 04
O Participante 04, por sua vez, realizando um número expressivo de inícios secundários
(7) e primários (3), apresenta algumas singularidades que merecem ser destacadas.
Em se tratando de inícios, revela notável agilidade, demonstrando contato com a prática
de busca na Internet. Embora não faça uso de instrumentos de refinamento de pesquisa, como
os oferecidos pelos navegadores, em seus inícios secundários, majoritariamente, se dedica a
ampliar a busca, seja procurando por termos ou conceitos surgidos durante a pesquisa, seja se
informando sobre as maneiras de utilizar os recursos do próprio computador, como ocorre aos
três minutos e quarenta segundos, quando realiza a seguinte procura: “ferramentas do
computador para fazer infográfico” ou como acontece, na sequência, após navegar por alguns
sites e obter informações sobre o Visme, uma ferramenta on-line de elaboração de slides e
infográficos, o que o leva a buscar secundariamente por mais informações, as quais são
81
desconsideradas, posteriormente, provocando o fechamento da aba. O recorte do diagrama a
seguir mostra em mais detalhes essa estratégia.
Figura 09 – Recorte do diagrama do Participante 04.
O retângulo em vermelho na aba 2 (segunda seção horizontal de cima para baixo)
representa o primeiro início secundário descrito anteriormente, relacionado à busca por
ferramentas para produção do infográfico, o segundo, na terceira seção, diz respeito à busca
pelo aplicativo Visme, a qual, após alguns segundos, é descartada, acarretando, inclusive, o
fechamento da aba, como representado pelo losango verde, na terceira seção: /Fecha A3/.
Outra peculiaridade no que se refere aos inícios do Participante 04 é o fato de ele ter
sido o único dentre todos os demais sujeitos do experimento a realizar uma pesquisa dentro de
um buscador secundário, isto é, dentro de uma página gerada a partir de um início anterior em
determinado motor de busca. Aos dezessete minutos e quarenta e nove segundos, ele utiliza a
caixa de busca da wikipedia.org para procurar por “esportes”. Apesar de ser uma busca isolada,
descartada pelo participante alguns minutos mais tarde, é reveladora de uma prática singular,
evidentemente fruto de experiências anteriores a respeito de buscas na rede, provavelmente em
outras plataformas de pesquisa. Essa percepção, associada à afirmação do participante: “eu acho
que nas utilidades básicas do computador, experiente”, referindo-se a como se denomina a
respeito dos usos do computador e da Internet (pergunta 01), ajuda a compor um perfil
diferenciado desse participante.
Um olhar mais detalhado em relação à navegação, por exemplo, endossa a ideia de um
participante experiente, ao menos no que corresponde à capacidade de selecionar fontes de
82
interesse. Escolhe criteriosamente os links gerados pelo motor de busca Google, correndo o
cursor com relativa destreza algumas vezes pelas opções antes de finalmente decidir realizar o
encadeamento (a clicagem). No que diz respeito aos sites escolhidos, grande parte deles é
especializada em ciclismo, sendo que apenas um, o visme.co, trata de assuntos relacionados à
produção do infográfico. Ele também demonstra agilidade e rapidez ao visitar as páginas.
Em relação ao Encadeamento, parece adotar uma estratégia pontual de encadear para
frente, quase sempre numa mesma aba, projetando-se para trás somente quatro vezes durante a
atividade e, em todas elas, para retornar à página-resposta do motor de busca, de modo a fazer
novos encadeamentos para frente. Tal atitude, porém, basicamente exclui o processo de
diferenciação – visualmente identificável ou quando há retomada de um conteúdo
(Encadeamento para Trás) ou quando o indivíduo mantém abas simultâneas, com o intuito claro
de comparar/diferenciar seu conteúdo. Faz-se necessário salvaguardar a possibilidade de o
participante realizar diferenciações entre conteúdos apesar de não voltar às páginas anteriores,
isto é, lembrar-se das informações a que teve acesso, mesmo realizando outras atividades ou
navegando em outras páginas, o que, necessariamente, implica em uma técnica de memorização
muito apurada. Mais uma vez, reiteramos que não dispomos de instrumentos para determinar
processos cognitivos. Com base nas informações palpáveis, portanto, consideramos que toda a
destreza do participante em realizar a Navegação ou, mesmo, o Encadeamento não reflete uma
estratégia de busca eficaz para os propósitos da atividade solicitada, uma vez que não aprofunda
a pesquisa, contrastando (diferenciando) os conteúdos.
Ainda que tenha realizado mais extrações secundárias que primárias, o que poderia
indicar maior familiaridade com a atividade de busca, não consegue concluí-la, alegando, em
entrevista, falta de tempo e de ferramenta adequada para desenvolvimento do infográfico. De
fato, ao contrário dos demais, realiza paráfrases de conteúdo sobre ciclismo de montanha
disponível em regrasdoesporte.com.br, porém, não extrai uma só imagem para o programa no
qual pretende produzir o infográfico, tornando todo o seu trabalho um amontoado de linguagem
verbal.
É possível afirmar que o Participante 04 possui práticas diferentes dos demais. Seus
conhecimentos a respeito de inícios de busca, escolha de fontes e cuidados com noção de autoria
são particulares. Entretanto, a comparação ou a diferenciação de conteúdos com base nas fontes
de referência, isto é, a diferenciação entre o conteúdo acessado em diferentes páginas não parece
ser recorrente entre as suas práticas digitais, apesar de afirmado em entrevista que o faz: “eu
usei o Google como fonte de pesquisa, entrei em vários sites... Vi que alguns forneciam algumas
83
coisas a mais que outros... é... e fui juntando alguns dados pra poder for... é... juntar e formar o
infográfico”.
Um indício que refuta tal afirmação é o fato de, diante de um número de oito sites,
inclusive um governamental (apresentando suposto maior grau de confiabilidade), escolher
extrair informações de apenas um deles. Obviamente, por se tratar de uma atividade inconclusa,
temos de considerar a possibilidade de o participante ter desenvolvido sim comparações e
apenas não ter tido tempo de transpor as informações encontradas para o produto final. O
conjunto dos fatos, ao contrário disso, só endossa a percepção de uma busca sem diferenciação
– recorrendo a uma única fonte de extração de conteúdo para “ciclismo de montanha”:
regrasdoesporte.com e para “ciclismo de estrada”: wikipedia.org.
Como resultado de um processo longo de navegação que resultou em sucessivas
extrações primárias (13) e secundárias (19) a partir dos dois sites mencionados, tem-se um
produto final bastante próximo às páginas de referência, de onde o conteúdo foi extraído,
evidenciando que, a superioridade numérica das extrações secundárias não garantiu que o
trabalho não apresentasse cópia. A figura a seguir mostra uma comparação entre a produção
final apresentada pelo participante e um recorte de tela do registro audiovisual, contendo as
informações veiculadas pela página wikipedia.org.
Figura 10 – Comparação entre recorte da tela no momento da atividade e produção final do Participante
04.
84
À esquerda da figura 10 temos a captura parcial de tela (excluindo-se a janela com o
rosto do participante) do momento da atividade em que navega pelo website wikipedia.org em
busca de informações sobre ciclismo de montanha. À direita, temos a produção entregue ao
cabo da atividade semiexperimental. A semelhança estrutural entre os dois é inegável. O
registro audiovisual do participante mostra que as extrações primárias relacionadas à página em
questão dizem respeito ao ato de copiar os tópicos da página e colá-los no programa utilizado
para a confecção do infográfico. As extrações secundárias, por sua vez, se resumem a sínteses
das definições desses mesmos tópicos. Esse fato mostra que a produção apresentada não teve
como referência um infográfico, nem mesmo do ponto de vista estilístico-composicional, mas
sim a página wikipedia.org. Indicações de fonte ou de autoria, por outro lado, inexistem, como
mostra a figura 10 (lado direito da imagem).
O fato mais curioso envolvendo essa ocorrência é que o participante busca por
“ferramentas do computador para fazer infográfico”, obtendo informação, inclusive, sobre
ferramentas digitais de construção, tais como o Visme e termina por utilizar o aplicativo
computacional de produção de slides, o PowerPoint. Tal escolha não é esclarecida em
entrevista, mas a justificativa mais plausível seria a possibilidade de lidar melhor com imagem
e texto, fato que acaba por não ser explorado pelo participante.
3.1.5 Participante 05
O comportamento de busca e seleção de informações do Participante 05 chama a tenção
em relação ao dos demais participantes devido à estratégia bem definida, orientada pela abertura
de guias. Ao contrário dos outros, abre três abas e desenvolve toda a pesquisa em torno de três
inícios. Os dois primeiros, realizados em A1 e A2, conforme mostra o recorte do diagrama a
seguir, correspondem a termos-chave solicitados pela atividade, respectivamente “ciclismo de
estrada” e “ciclismo de montanha”. Já o terceiro, aberto em A3, diz respeito a um início
secundário, a uma pesquisa paralela, sobre “como construir um infográfico”.
85
Figura 11 – Recorte do diagrama do Participante 05.
Esse número reduzido de inícios rege todo o processo de busca, com sucessivas
retomadas a cada um deles em vários momentos da pesquisa, como pode ser visto na transcrição
dos registros audiovisuais, em Anexo II, página 150. A figura 11, por outro lado, mostra parte
desse processo: os círculos em verde indicam, justamente, o procedimento de retomada, o qual
pode vir acompanhado de navegação ou se apresentar como uma rápida visita à aba, o que, a
propósito, se constitui como uma marca comportamental desse participante. Como é possível
ver na transcrição dos registros audiovisuais, o percurso de busca apresenta um total de dez
retomadas sem navegação, ou seja, um rápido acesso à guia, mas sem se deter em uma
visualização detalhada do conteúdo (navegação). Já que não há indícios ou menção a nada que
justifique esse fenômeno durante a entrevista, não podemos fazer afirmações sem que
incorramos em meras especulações. É possível inferir, no entanto, que esse participante
apresenta relativa desorientação frente às informações que lhe são oferecidas pelo navegador,
pois, em frações de segundos, acessa duas ou três delas para se deter em uma, como se estivesse
perdido, mesmo com apenas três abas abertas, inferência endossada pela aparente expressão de
desorientação que o participante esboça durante esses momentos.
O estágio de navegação requer um olhar mais apurado. Além de visitar diferentes sites,
desde os de menor confiabilidade, como a wikipedia.org, até os mais renomados, tais como o
site governamental sobre as olimpíadas do Rio o brasil2016.gov.br, ou o tectmundo.com (no
caso da busca sobre como construir um infográfico), o participante realiza rápida navegação
pelo Google Imagens, em busca de imagem sobre “ciclismo de montanha”. Aos dois minutos e
86
vinte e nove segundos, o participante se projeta em uma sessão de encadeamentos simultâneos
para frente. Durante dez segundos, encadeia onze imagens, até parar em uma que chama a
atenção, a qual é salva em uma pasta do computador para posterior uso (Extração). Com
exceção desse fato, que demostra extrema rapidez em encadear e selecionar as imagens, o resto
da navegação é realizada de maneira lenta, voltada para páginas de conteúdo verbal, com o
participante visitando cinco sites para obter informações a respeito das duas buscas primárias,
ou seja, sobre as duas modalidades ciclísticas. A página a que dedica maior tempo é a
wikipedia.org, mesma página que serve de subsídio para a elaboração do produto final.
Seguindo a estratégia de utilizar três abas para cada início até o fim da atividade, o
processo de encadeamento se realiza sem ultrapassar seus limites. Os encadeamentos para trás
se restringem às retomadas das páginas de resultado do motor de busca, como acontece com o
Participante 04. Os encadeamentos para frente, por outro lado, em maior número, representam
todas as seis páginas visitadas (incluem-se nesse número cinco páginas sobre ciclismo e uma
sobre infográfico) e as imagens visualizadas através da interface do Google Imagens. Tal como
ocorre com o participante anterior, a estratégia de encadeamento para trás, somente utilizada
para retomar o ponto de partida das buscas, colabora com a avaliação de que não houve processo
visível de diferenciação.
Quanto ao estágio de extração, ocorre tanto primária quanto secundariamente. De
maneira primária, por meio da extração de informações de diferentes sites e de forma secundária
da página sobre ciclismo de montanha ciclofemini.com. A navegação no site resulta numa
definição elaborada pelo participante para o ciclismo de montanha, também chamado de
Mountain bike ou Mountain Biking: “Mountain Biking, uma modalidade de ciclismo na qual o
objetivo é transpor percursos com diversas irregularidades e obstáculos”. Essa e as demais
definições e características podem ser vistas na figura a seguir, que corresponde à representação
da produção final do participante.
87
Figura 12 – Representação em imagem da produção final do Participante 05.
Aqui cabem considerações importantes. O participante demonstra ter conhecimento a
respeito das características estilístico-composicionais do gênero infográfico – fato, justamente,
pretendido com a capacitação sobre o gênero –, desenvolvendo uma produção que sintetiza
informações, através da extração secundária, e que mescla linguagem verbal e não verbal. Sob
a ótica estrutural, a produção do Participante 05 é a que mais se aproxima dos moldes de um
infográfico dentre todas as analisadas. Do ponto de vista do discurso, sua produção mais parece
uma colcha de retalhos, sobrepondo texto verbal a uma imagem que não condiz: embora o título
e o subtítulo se refiram ao ciclismo de montanha, as características da imagem, tais como a
estrada pavimentada e o desenho das bicicletas, remetem ao ciclismo de estrada. Associado a
isso, existe o fato de realizar extração secundária ignorando questões de autoria, já que não
menciona a fonte das informações, tampouco da imagem.
A produção final reflete um processo de busca e seleção de informações que não atende
à solicitação inicial, apesar de toda a objetividade estratégica para a condução do processo (a
eleição de três abas-base). Embora tenha feito uso de poucas abas, as quais eram responsáveis
por conduzir uma busca específica, o participante termina por incorrer em uma incompreensão
conceitual no momento de relacionar as distintas informações. Comprova-se que o fenômeno
de rápidas retomadas de abas, sem a presença de navegação, de fato, indicava a desorientação
88
desse participante diante do emaranhado de informações lançadas na interface gráfica do
computador.
3.1.6 Participante 0729
O Participante 07, ao contrário de todos os outros, realiza em toda a busca apenas um
início. Se restringe a procurar por “ciclismo de estrada”. Esse início primário rege todos os
trinta minutos da atividade, evidenciando, de antemão, a não conclusão da tarefa. Como o
próprio participante declara em entrevista, buscou informações sobre a modalidade citada, para
depois tentar procurar por ciclismo de montanha e, só então, “passar para as imagens”, o que
alega não ter sido possível devido à falta de tempo.
O processo de navegação apresenta indícios de práticas específicas. Apesar de não ter
concluído a atividade, declara ser criterioso quanto à escolha dos sites, pois necessita “saber
dos dados, se os dados são bons...”. Tal fato é evidenciado uma vez – aos vinte e nove segundos
–, quando passa o cursor sobre os primeiros links oferecidos, optando por escolher o terceiro
deles (#03), evidenciando o processo de diferenciação de links, como já apontado com os
participantes 02 e 04.
Figura 13 – Recorte editado da captura de tela do Participante 07.
29 O registro audiovisual do participante de número 06 apresentou problemas, conforme já especificado no capítulo
metodológico, o que nos obrigou a desconsiderar toda a atividade desse voluntário. Optamos, porém, por manter
a terminologia inicial para que não houvesse desordem dos dados – nomeados já no ato da coleta de registros.
Seguindo essa lógica, temos um total de dez participantes que vão do 01 ao 11, excetuando-se o de número 06.
89
Através da figura 13 é possível ver que o participante desconsidera o primeiro link
disponibilizado pelo Google, a plataforma colaborativa wikipedia.org, ao contrário do que faz
a maioria dos voluntários, e escolhe uma página governamental: cob.org.br, a qual serve de
base para a paráfrase (Extração Secundária) que norteia a produção do texto escrito que é
apresentado como produto final. Esse fato só reforça a seguinte afirmação: “Sites mais
confiáveis... algo do governo...”, quando declara serem essas as suas principais fontes de
informação, em resposta à pergunta de número seis da entrevista individual.
Ainda em relação à figura 13, é possível ver o outro site (logo abaixo) utilizado pelo
participante: revistabicicleta.com.br. Embora não possua origem governamental, a Revista
Bicicleta apresenta informações sobre as duas modalidades esportivas, além de notícias sobre
o mundo do ciclismo. Ainda que confiável, é subutilizado pelo acadêmico, uma vez que ele
extrai, primariamente, somente uma informação a respeito da primeira prova oficial de ciclismo
de estrada, realizada na França, em 1868.
A maior parte do processo de navegação acontece através desses dois sites: cob.org.br
e revistabicicleta.com.br, sendo que a página do Comitê Olímpico do Brasil (COB) acaba por
ser muito mais utilizada. O participante realiza o encadeamento em A2 dessa página (COB) que
já havia sido acessada inicialmente em A1, evidenciando uma postura isolada (da dos demais)
de abertura de guia para uma página já visitada. Esse acontecimento reflete má otimização da
estratégia de navegação, uma vez que o site se refere a um mesmo conteúdo, ainda relacionado
a “ciclismo de estrada”, sendo possível acessá-lo simplesmente clicando diretamente no link
disponibilizado pela página-resposta, o que seria mais rápido. Com isso, nossa tendência de
considerar a ferramenta “abrir o link em nova guia” um processo consciente de tomada de
decisão, já não corresponde, nesse caso, a um procedimento dotado de plena intencionalidade.
O participante parece ter aberto uma nova aba por meio de um ato irrefletido. A própria
denominação pessoal como um usuário inseguro leva à hipótese de pouca experiência: “Acho
que inseguro porque eu não sou muito de mexer em computador, assim...”.
A respeito da navegação por páginas de conteúdo majoritariamente verbal, notamos um
leitor meticuloso, visto que é possível verificar, através do registro do seu rosto e do movimento
do cursor, que acompanha a progressão linha a linha da escrita. O sujeito se detém em todas as
informações contidas no corpo do texto em cada uma das duas páginas antes de qualquer tipo
de extração. Essa prática é indicativo de distintos letramentos no que tange à Navegação.
Demostra aparente ciência da relevância de compreender e avaliar o texto como um todo – por
meio do cotexto e contexto (MAINGUENEAU, 2004), ao mesmo tempo em que torna a
90
navegação mais demorada, se comparada à dos demais participantes que realizam ações
pontuais. O que torna esse comportamento interessante é o fato de o usuário demonstrar pleno
conhecimento de que isso cause delonga ao processo: “[...] ia lendo num site, ia lendo em outro.
Aí depois eu comecei a escrever. Aí eu não terminei.”, mas ainda assim defender a necessidade
dessa prática: “[...] prefiro fazer algo num processo demorado e compreendível (sic) e um
processo rápido e as pessoas não entenderem o que eu tô querendo passar”.
Em relação aos encadeamentos, como esperado para alguém que só navega por duas
fontes de informação, a transcrição do registro audiovisual é reveladora de um número
reduzido. Realiza dois encadeamentos para trás, somente para retomar a página-resposta do
motor de busca e quatro para frente, também a partir da página de resultado do Google, sendo
um deles aberto em uma nova aba, como já mencionado.
Mesmo com dois sites abertos em guias diferentes – revistaicicleta.com.br, em A1, e
cob.org.br, em A2 – e um demorado processo de navegação/leitura em cada um deles, não é
possível constatar qualquer forma de diferenciação entre as informações ali veiculadas,
restringindo-se, esse estágio, ao ato já referido de diferenciar links oferecidos pela página-
resposta. O que vemos é uma massiva extração realizada, mais especificamente, na aba 02, a
partir das informações advindas do site do COB.
Quanto à Extração, o Participante 07 se aproxima daquilo que entendemos como
Extração Secundária: demonstra realizar paráfrase do conteúdo, distante da mera adequação
textual, diferentemente da maior parte dos participantes. Embora extraia primariamente uma
informação do site revistabicicleta.com.br, realiza extrações secundárias de cob.org.br, num
processo, marcadamente original, de ler e sintetizar informações.
Porém, o voluntário não consegue concluir a busca, limitando-se à extração de
informações ligadas a apenas um dos termos-chave, também não consegue concluir a produção
do gênero solicitado. Se por um lado, demostra características de um leitor (de texto escrito)
assíduo, por outro, se prende à superficialidade do conteúdo escrito de apenas dois sites,
deixando de cotejar (lê-se diferenciar) dados de diferentes fontes e de explorar imagens.
A produção desse participante, ainda que fruto, em sua maior parte, de extrações
secundárias, não pode ser considerada como pertencente ao gênero infográfico. Não apresenta
características composicionais básicas como título e subtítulo, por exemplo, assim como não
possibilitada a coesão intersemiótica, visto que só apresenta uma modalidade sígnica: o texto
escrito. Por outro lado, domina o processo de síntese de informações escritas, realizando um
singular trabalho de paráfrase.
91
A análise desse caso desvela, portanto, um delicado e complexo processo. Se por um
lado o participante não consegue lidar com ferramentas básicas de acesso e trabalho com
informações disponíveis em rede a ponto de se considerar um usuário inseguro, por outro se
mostra um leitor interessado. Percebemos que o que falta a esse acadêmico de Letras são
condições de acesso a conhecimentos digitais que igualem as suas experiências informáticas às
leitoras, possibilitando que una diferentes práticas em um ambiente que exige “a habilidade de
compreender e usar informações em vários formatos” (SHANKAR et al., 2005, p. 356).
Claramente, esse indivíduo sofre a influência forte em suas práticas informacionais de uma
cultura grafocêntrica, talvez pelo fato de não ser “muito de mexer com computador”.
3.1.7 Participante 08
O Participante 08 começa sua busca procurando por imagens. Com uma estratégia bem
definida de buscar, primeiramente, imagens para depois ir para as informações escritas de cada
um dos dois termos-chave solicitados, realiza apenas dois inícios primários (“ciclismo de
estrada” e “ciclismo de montanha”) na aba de número 01, utilizando mais três guias para fazer
alguns encadeamentos para frente. Esse comportamento o destaca em comparação aos demais,
os quais ou iniciam a atividade buscando por informações verbais ou simplesmente realizam
buscas de informações escritas.
O trabalho com imagens, porém, se resume a uma navegação rápida no Google Imagens,
a qual resulta em duas extrações para “ciclismo de estrada” e em nenhuma para ciclismo de
montanha. O participante realiza duas ligeiras visitas ao Google Imagens, procurando por
ciclismo de montanha, sendo que a última – que se estende do minuto vinte e seis vírgula
quarenta e oito ao vinte e nove vírgula quarenta e um, parece não oferecer imagens a contento
(evidenciado pelo aparente semblante de frustação do participante), levando-o a desconsiderar
todo conteúdo imagético sobre essa modalidade.
Quanto à busca por informações escritas, tanto em relação ao primeiro termo chave,
quanto em relação ao segundo, é realizada unicamente por intermédio da plataforma
colaborativa wikipedia.org. Tal fato é justificado pelo próprio participante, ao dizer:
[...] eu pesquisei na Internet, mas como tem o... Wikipédia... tem gente que não gosta
muito, mas lá eu sei que é um “resumão”, assim, e de forma fácil, que qualquer pessoa
do senso comum consegue entender.
92
Com essa fala, demostra ter conhecimento do propósito modalizador de informações do
gênero infográfico, porém, mesmo ciente das polêmicas envolvendo a plataforma, opta por
realizar cópia de suas informações sem referenciar. A Wikipédia permite que qualquer pessoa
faça modificações em seu conteúdo. Por isso, é consenso que suas informações possam
apresentar origem duvidosa. Ao levantar a questão de que “tem gente que não gosta muito”, o
participante demonstra ter consciência desse fato.
No que tange aos encadeamentos, são mais frequentes para frente. Três dos quatro
encadeamentos F ocorrem em abas diferentes. Ao eleger A1 para os dois inícios, como já
explicitado anteriormente, encadeia suas buscas por informações em A2, A3 e A4 e deixa a
primeira guia para as buscas por imagens, com exceção do último minuto de atividade, quando
realiza o único Encadeamento T para sair do Google Imagens e retomar o Google Web – como
pode ser visto na transcrição do registro audiovisual referente ao Participante 08, na seção
Anexos, em Anexo II, página 159. Esse fato é revelador de uma estratégia de divisão espacial
(virtual) para a busca direcionada tanto de imagem quanto de informação verbal, a qual não é
observada em nenhum outro participante.
É importante observar que, devido ao comportamento de consultar uma só fonte de
informação (wikipedia.org), acaba realizando um número reduzido de retomadas, ficando
evidente, portanto, a ausência de qualquer traço de diferenciação, seja ela primária ou
secundária.
O processo de extração se constitui como uma exceção a todos os dos demais
participantes. Em um primeiro momento, o acadêmico realiza Extração P, em um ato de copiar
integralmente as informações sobre ciclismo de estrada veiculadas na página wikipedia.org e
colar no programa computacional WordPad – uma extensão do Word. Conforme informações
do site Techtudo30, por ser uma versão condensada, o programa não oferece recursos básicos,
como inserção de nota de rodapé, inserção de tabelas e mesmo as ferramentas de cópia,
presentes na versão completa do Microsoft Word. Devido a isso, o texto extraído primariamente
da plataforma Wikipédia não apresenta marcas de hiperlinks ou sublinhados, como acontece
em todos os outros casos, dos demais participantes, em que houve extração primária a partir da
wikipedia.org.
Apesar de todos os participantes que utilizaram o Word e que realizaram cópias de texto
desconsiderarem os recursos de cópia do processador de textos – que permitem a mescla entre
a formatação de origem e a formatação do seu destino final, no caso, o próprio Word –, o
30 Disponível em: <www.techtudo.com.br/tudo-sobre/wordpad.html>.
93
programa permitia tal ação, bem diferente do WordPad, que apresentava apenas a opção
“Colar”. Compreendemos que esse fato possa ter facilitado a ausência de extrações secundárias
no processo de busca desse participante, tendo em vista que grande parte dos voluntários da
pesquisa desenvolveram esse tipo de extração simplesmente para resolver questões estruturais
e também estéticas dos textos copiados de forma primária, especialmente os advindos do site
wikipedia,org. No caso do WordPad, a formatação original é automaticamente convertida,
excluindo-se, portanto, marcas de sublinhados e/ou hiperlinks.
Outro aspecto marcante, ainda em relação à extração, é o fato de o Participante 08
extrair, primariamente, parte do texto do WordPad para o programa da Microsoft destinado ao
trabalho com imagens, o Paint. Observamos aí uma particularidade dentre os participantes: é o
único que realiza Extração Primária a partir de um texto já extraído primariamente e também o
único que desenvolve uma extração de um programa computacional para outro. Extrai duas
imagens, ainda no WordPad, relacionadas ao ciclismo de estrada e as leva (extrai) para o Paint,
junto ao texto. Embora tenha mudado para o Paint, aos dezesseis minutos, não utiliza os
recursos dessa plataforma de processamento de imagens, indo na contramão do que poderia
sugerir tal mudança.
Durante quase metade da atividade, reproduz a prática desenvolvida no programa
anterior de alocar imagem verbal e não verbal num mesmo plano. A diferença fica a cargo da
disposição espacial das duas imagens utilizadas, as quais, no WordPad, foram inseridas
verticalmente, acompanhado o layout do programa, e no Paint foram dispostas
horizontalmente, nos lados esquerdo e direito do texto escrito, conforme pode ser visto na figura
14.
Figura 14 – Recorte da produção final do Participante 08.
94
A figura 14 é uma representação da produção final entregue pelo participante. Embora
inconclusa, alguns indícios nos mostram que, ainda que fosse terminada, não seria muito
diferente do apresentado. O nome da modalidade ciclística, as imagens e o texto correlatos e a
indicação da fonte (Wikipédia), ocupando um espaço mediano na interface do programa,
marcados por um traço vermelho horizontal que parece sugerir uma bipartição, somado ainda
à resposta do próprio participante quando perguntado se havia concluído a atividade: “Ah...
não! Só metade.”, parecem constituir indícios mais que suficientes de que ele pretendia concluir
àquela maneira a parcela referente ao ciclismo de estrada e, talvez, adotar lógica semelhante
para representar a modalidade ciclismo de montanha.
Com base nessa percepção, podemos constatar que o Participante 08 deixa de usar uma
gama de recursos que o Paint disponibiliza para o trabalho com imagens. Poderia ter
estabelecido ligações profícuas, por meio de setas, círculos, sublinhados, entre outros, de modo
a promover a coesão intersemiótica. Porém, o que se observa é uma disposição linear de
imagem e texto, reproduzindo, talvez, práticas advindas de outras plataformas de
processamento, como o próprio WordPad.
Analisando o comportamento de busca e seleção de informações desse participante, em
associação aos dados da entrevista individual, percebemo-lo muito restrito a superficialidades:
i) utiliza como única fonte de informação um site com problemas de confiabilidade e com
informações generalizantes; ii) não conclui o infográfico e dá indicativos de que, mesmo que o
concluísse, não se aproximaria dos propósitos sociocomunicativos do gênero; iii) inicia sua
busca recorrendo às imagens, mas acaba por subutilizá-las, deixando de usufruir das
ferramentas de edição do Paint, além de escolher figuras genéricas, que não ajudam a
compreender em potencialidade a modalidade representada; iv) apropria-se do discurso alheio.
Em resumo, o participante demostra pouca familiaridade seja com a tarefa de buscar ou
comparar informações, seja com a tarefa de modalizar tais informações.
3.1.8 Participante 09
Ao empreendermos qualquer análise sobre o caso do Participante 09, necessitamos
considerar, inicialmente, as semelhanças com o Participante 02. A começar pela resposta à
primeira questão da entrevista individual, segundo a qual, declara-se um usuário experiente. É
interessante destacar que o próprio participante justifica sua autodenominação, tal qual o
95
Participante 02, como sendo resultado de muito tempo de uso e não como fruto de suas
experiências frente aos recursos digitais.
Pergunta 01 - Com relação ao uso do computador e da Internet, como você se denomina:
experiente, regular ou inseguro? Por quê?
Participante 02 Participante 09
Entrevistador: Eu vou começar
perguntando com relação ao uso do
computador e da Internet. Como você se
denomina: experiente, regular ou
inseguro, e por quê?
Entrevistado: É... entre regular e
experiente.
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: Porque já faz um tempo que
eu já uso... faço uso do computador.
Entrevistador: É... Com relação aos usos
do computador e da Internet, como que
você se denomina: experiente..., regular...,
inseguro? Por quê?
Entrevistado: Experiente! Porque... a gente
já mexe há tanto tempo, né. Hoje pra tudo
você vai usá..., fazer um trabalho... qualquer
coisa precisa da Internet. Então..., é
experiente.
Quadro 02 - Comparação entre a resposta do Participante 02 e a do Participante 09 à pergunta 01 da
entrevista individual.
Apesar de o primeiro participante se justificar a partir do uso somente do computador e
o segundo fazer menção somente ao uso da Internet, percebemos que ambos compreendem esse
binômio como indissociável, uma vez que a pergunta cita os dois, sugerindo, talvez (sujeito à
interpretação do entrevistado), uma noção de sinonímia entre os termos. Partindo desse
pressuposto, podemos considerar que a justificativa dos dois participantes foi, precisamente,
equivalente, ou seja, enxergando a experiência como consequência do tempo de uso do
computador e da Internet.
As semelhanças não se restringem ao campo das declarações pessoais. A observação do
estágio de início, por exemplo, demonstra que o Participante 09 o realiza de maneira a eleger
abas distintas para os inícios e para os encadeamentos, de forma muito próxima ao feito pelo
Participante 02, mas, diferentemente daquele, desenvolve todos os seus inícios em uma única
aba – A1. Essa estratégia resulta em um número total de quinze abas, curiosamente, a mesma
quantidade aberta por 02. A esse acontecimento, atribuímos a casualidade, pois, apesar de
estratégias de busca e seleção de informação semelhantes, o número de abas depende de outras
questões, como por exemplo, a conclusão ou não da atividade dentro do tempo previsto. O
Participante 02 não acessa a última guia por ele gerada (A15), possivelmente pelo fato de o
tempo da atividade semiexperimental ter sido insuficiente para a conclusão de seu trabalho,
dando indícios de que mais guias poderiam ter sido abertas caso o concluísse. Tal fato não
ocorre com o Participante 09, o qual afirma ter terminado a atividade.
96
Ainda em relação aos inícios, realiza quatro de denominação primária e um secundário.
Os primários correspondem a duas buscas por ciclismo de estrada e duas por ciclismo de
montanha. Já o início secundário, corresponde ao termo “ciclismo mountain bike”, aos vinte e
um minutos e cinquenta e seis segundos de atividade, conforme pode ser verificado na
transcrição correspondente.
É difícil formularmos uma hipótese que explique satisfatoriamente o fato de esse
participante repetir os termos-chave. A busca pelo primeiro deles – ciclismo de estrada – dura
dezoito minutos e cinquenta segundos, quando, só então (e após ter feito uma série de extrações
primárias), realiza o segundo início “ciclismo de montanha”. A navegação por esse tópico dura
trinta e nove segundos (18:53 – 19:32), sendo que o participante busca novamente por ciclismo
de estrada, aos dezenove minutos e trinta e três segundos. O mais intrigante dessa estratégia é
o fato de recorrer à mesma página-resposta do Google, já que o termo buscado é precisamente
o mesmo, e ainda aos dois sites já acessados através do início anterior: wikipedia.org e
brasil2016.gov.br. Esse fato não se repete quando, aos vinte e um minutos, busca novamente
por ciclismo de montanha. Por meio desse novo início, desconsidera os dois sites anteriormente
visitados – wikipedia.org e newzealand.com.br – e encadeia, para posterior visualização, três
páginas: studiobikefit.com.br; brasil2016.gov.br (página sobre ciclismo de estrada);
peru.travel.com/pt.br. Na Sequência, aos vinte e um minutos e cinquenta e seis segundos,
realiza de forma secundária o último início - “ciclismo mountain bike” –, o qual o leva a um
encadeamento em regrasdoesporte.com.br. Esse processo poderia ter ocorrido de maneira mais
usual se o participante, ao invés de repetir os inícios, tivesse simplesmente retomado a página-
resposta do motor de busca e encadeado novos sites, como no caso do início sobre ciclismo de
montanha, ou, como ocorreria no caso da busca por ciclismo de estrada, retomando a página
para realizar encadeamentos de sites já visitados, o que seria mais rápido.
Detendo-nos no processo de navegação, verificamos mais uma convergência com o
comportamento do Participante 02: a visita a oito páginas, exatamente o mesmo número de sites
acessados pelo participante alvo desta comparação. Dentre os sites navegados, cinco são
comuns entre os dois voluntários, conforme pode ser verificado no gráfico 03.
97
Gráfico 03 - Páginas visitadas e quantidade de acessos primários entre os participantes 09 e 02.
As informações do gráfico acima fazem referência ao processo de acesso primário, não
representando, portanto, as retomadas da página já aberta na aba. Com isso, analisamos as
informações correspondentes à quantidade de vezes em que os participantes optaram por
recorrer a um site antes de ter tido acesso ao seu conteúdo ou depois de já tê-lo descartado.
A partir do gráfico 03 é possível inferir que o processo de navegação dos dois
participantes – levando a uma busca eficiente, para os propósitos desta pesquisa, ou não – é
realizado, majoritariamente, por meio do acesso a páginas especializadas em ciclismo. No caso
do Participante 09, embora recorra ao site wikipedia.org, visita cinco vezes brasil2016.gov.br,
realizando, inclusive extrações (primárias) dessa página. A página em questão, uma plataforma
governamental para atender à demanda por informações a respeito das modalidades dos jogos
olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, fornece informações sobre as duas modalidades
ciclísticas buscadas.
Os demais sites mais visitados por ambos os participantes – cob.org.br,
regrasdoesporte.com.br, ciclofemini.com.br e studiobikefit.com.br – se assemelham, em termos
de conteúdo, à página das olimpíadas. Os dois últimos, porém, apresentam informações
exclusivas sobre ciclismo. A semelhança entre a escolha dos dois participantes, possivelmente,
reside nesse fato: sites de maior confiabilidade, fruto, possivelmente, de um processo de
navegação marcadamente mais apurado, no que tange à escolha das páginas visitadas.
0
1
2
3
4
5
6
Páginas visitadas e quantidade de acessos primários entre os participantes 09 e 02
Participante 09 Participate 02
98
A análise do registro audiovisual do Participante 09, por outro lado, mostra que os
quatro sites supracitados exercem papel coadjuvante na busca. Apesar das visitas, somente o
conteúdo de regrasdoesporte.com.br se torna objeto de apropriação (extração) pelo
participante, os outros três sites, mesmo contendo informações especializadas a respeito das
duas modalidades, são descartados, após uma navegação rápida.
Assim como dissemos em relação ao Participante 02, é quase impossível asseverar que
não houve processo de diferenciação, tendo em vista que o elevado número de encadeamentos
para frente (18), desenvolvidos por meio das 14 abas (somadas a A1, que serviu de referência),
poderia significar, per si, um forte indício de comparação. A fala do participante endossa esse
pensamento: “[...] primeiro eu coloquei a busca, né, sobre ciclismo... é... de montanha e de
estrada e separei os dois, coletei informações sobre os dois, mas eu procurei no Google, claro,
e ele vai oferecer várias fontes ali... Jogos das olimpíadas, Wikipédia... Eu coletei as
informações mais objetivas”. Frente a essa afirmação e diante da expressiva quantidade de
páginas acessadas quase que simultaneamente, deveríamos considerar que houve diferenciação
secundária, seja pela escolha precisa dos dados, seja pela escolha com base em quem
disponibiliza esses dados: “Eu peguei aquilo que eu achava mais confiável”. Porém, tal como
ocorre com os demais participantes, não dispomos de evidências empíricas suficientes para
comprovarmos o afirmado pelo participante: os dados mostram o contrário.
O processo de extração evidencia mais uma semelhança com o participante 02: a
ausência de Extração de Imagem. Ainda que tenha desenvolvido um processo de navegação por
oito sites que o levaram a realizar onze extrações primárias, o participante não desenvolve
nenhuma de natureza secundária ou de imagem. O processo se detém sobre dois sites, no que
diz respeito ao ciclismo de estrada: wikipedia.org e brasil2016.gov.br – processo esse que
corresponde a vinte minutos e cinquenta e sete segundos de atividade – e, em relação à busca
por ciclismo de montanha, compreende três sites: regrasdoesporte.com.br, newzealand.com/br
e brasil2016.gov.br, ocupando o tempo restante.
O resultado é uma produção muito distante do gênero pretendido, um conglomerado de
textos verbais que ocupa cinco páginas do Word. Além da ausência de imagens, a produção não
apresenta a modalização característica do infográfico e, menos ainda, vestígios de polidez
estética/adequação textual. O participante não retira marcações de hiperlinks advindas da
página wikipedia.org, demonstrando desconhecer, ou não querer usar, o recurso “mesclar
formatação” disponível no Word. Também não justifica o texto. Obstante a isso, afirma: “[...]
foi um trabalho assim, sem foto..., sem imagem..., mas ele foi muito bem organizado”.
99
De maneira muito próxima à maioria dos voluntários, o Participante 09 não aprofunda
a busca, restringindo-se a inícios idênticos ou semelhantes ao comando da atividade. Mais uma
vez, percebemos que a quantidade de sites visitados não é prerrogativa de uma busca eficiente,
nem mesmo a visita a imagens ou a seleção de algumas delas. A produção final, distante do
gênero solicitado, fruto de um processo de extração unicamente primário, recai sobre a noção
de autoria. Embora apresente os links das páginas de onde extraiu os textos, não referencia
apropriadamente, transmitindo a equivocada ideia de se tratar de um texto original. Por outro
lado, revela um comportamento particular de mencionar, a sua maneira, a fonte das
informações.
Por fim, constamos que todo o processo de busca e seleção, mesmo que tivesse sido
mais objetivo, não estaria adequado aos propósitos da atividade semiexperimental, à medida
que exclui uma modalidade importante: a imagem. Vale ressaltar que o participante afirma
concluir a atividade, o que prova que não foi a falta de tempo que excluiu do processo de busca
a visualização e seleção de elementos relacionados à linguagem imagética. Esse
comportamento é explicável com base nas considerações de Laborão e Signorini (2016) que
apontam a tendência de busca por informações escritas que os acadêmicos de Letras costumam
adotar por terem, segundo as autoras, mais familiaridade com essa modalidade sígnica.
3.1.9 Participante 10
O Participante 10 apresenta a peculiaridade de ser aquele, dentre todos os investigados,
a desenvolver o maior número de inícios. A transcrição do registro audiovisual mostra três
inícios primários e dezessete secundários. É possível constatar, no entanto, que a expressiva
quantidade de inícios secundários não reflete uma busca mais precisa ou aprofundada em
relação à dos demais. Há uma restrição a termos próximos aos oferecidos pelo comando da
atividade, além de não haver nenhum tipo de recurso de refinamento, a não ser dois casos
específicos de aprofundamento de conceitos.
Alguns inícios, tais como “ciclismo de estrada x montanha”, “Ciclismo de estrada e de
montanha diferença”, “o que é ciclismo de montanha”, “ciclismo de estrada o que é”, embora
secundários para efeitos terminológicos, se limitam à polarização já dada pelo comando –
ciclismo de estrada/ciclismo de montanha – ou à simples compressão das duas modalidades,
não refletindo um procedimento mais elaborado. Por outro lado, termos como “Resistência
pessoa” e “Resistência ciclismo” correspondem a um aprofundamento de informações
100
encontradas durante a atividade. Nesse caso, trata-se da busca por mais informações sobre
ciclismo de resistência, uma subdivisão da modalidade de ciclismo de estrada. Porém, a
navegação relacionada a cada um desses termos não passa da página-resposta oferecida pelo
motor de busca Google, incorrendo em novo início poucos segundos depois do acesso à referida
página-resposta.
Um aspecto que se destaca, ainda em relação a esse estágio, é a acentuada quantidade
de inícios que são desenvolvidos – ou, posteriormente, encadeados – no Google Imagens. Aos
três segundos de atividade, o participante já projeta sua busca (encadeia) na aba Imagens do
Google, procurando por “Ciclismo de estrada”. Dentre os vinte inícios realizados ao logo da
atividade, dezesseis ou foram desenvolvidos no Google Imagens ou para lá foram encadeados
logo após o Google Web gerar sua página-resposta. Esse fato mostra que o Participante 10
constitui uma exceção não só pelo elevado número de inícios, mas também pelo fato de oitenta
por cento deles corresponderem a buscas por imagens, caminhado na contramão dos outros
participantes, os quais ou realizam buscas, majoritariamente, verbais ou, mesmo,
exclusivamente direcionadas ao texto escrito.
A navegação, obviamente, acompanha a tendência da busca por imagens. Porém, ao
contrário do que isso poderia indicar, o participante visita sete sites (quantidade expressiva) que
oferecem informações escritas, dois deles, inclusive, o wikipedia.org e o cicclofemini.com.br,
são visitados mais de uma vez, cinco e três vezes, respectivamente. Com exceção da plataforma
livre wikipedia.org, os outros seis sites são especializados em ciclismo e oferecem informações
pontuais sobre as duas modalidades solicitadas e suas características.
O fato de ter realizado mais inícios à procura de imagens e ainda acessar mais páginas
com informações específicas que outros participantes não é sinônimo, necessariamente, de um
bom desempenho. A maior parte dos inícios foi desconsiderada pelo participante, resultando
em uma navegação de poucos segundos. Em que medida depreendeu algo dessas breves
navegações é difícil determinar. O fato é que a rapidez com a qual realizava um início (no
Google Web ou Imagens), descartava as informações e realizava novo início elevou
significativamente a quantidade desse estágio, sem garantir um processo de navegação mais
eficiente, para os propósitos do experimento. Corrobora essa ideia o fato de a produção final
não abordar nem mesmo as características mais básicas do ciclismo de estrada, sobre as quais,
contraditoriamente, deteve mais tempo navegando. Toda a informação referente a essa
modalidade corresponde à extração primária de um trecho do texto escrito veiculado pelo site
101
revistabicicleta.com.br, uma página que oferece amplas informações não só a respeito do
ciclismo de estrada, como também do de montanha.
Apesar de utilizar três abas para desenvolver sua busca, não demostra seguir a estratégia
de estabelecer uma aba como ponto de apoio para os encadeamentos. Muito diferente disso,
esse processo se dá em maior número para frente (16), na mesma aba ou em abas diferentes,
sem aparente critério de definição. Ao retomar abas abertas anteriormente, navega por poucos
segundos ou, simplesmente, não navega e logo realiza um início, indicativo de que o fato de ter
aberto três abas ao logo da busca, não garantiu a diferenciação dos conteúdos entre elas,
apontando, inclusive, para possível desorientação do indivíduo quanto à estratégia adotada (ou
a falta dela). Durante alguns encadeamentos e até no momento de abertura de uma guia (A3) é
possível acompanharmos, pelo registro da webcan, um olhar de desorientação ou de dúvida.
Os encadeamentos para trás, em menor número (11), destinam-se à retomada da página-
resposta do motor de busca, seguindo uma tendência de muitos participantes. Tal fato só reforça
a possibilidade de que não tenha havido diferenciação, uma vez que o participante usa esse
recurso para retomar a página do Google e fazer novo início ou realizar novo encadeamento
para frente, através de algum dos links ali disponibilizados ou por meio da aba Web ou Imagens,
a depender de em qual delas se encontra. Não utiliza os encadeamentos para trás para contrastar
diferentes páginas já vistas.
Em relação ao processo de extração, o próprio participante o define da seguinte maneira:
“Pesquisei as palavras-chave. Aí... copiou, colou... Coloquei no Word. Só que tive dificuldade
porque... eu não sei mexer muito bem no Word.”. Por “copiar”, “colar” compreendemos as duas
extrações primárias, uma, já mencionada, relacionada ao ciclismo de estrada, extraída de
revistabicicleta.com.br, e outra, relacionada ao ciclismo de montanha, extraída de
ciclofemini.com.br. Além dessas duas extrações primárias, o participante desenvolve cinco
extrações de imagem, que juntas, compõem a produção mostrada a seguir:
102
Figura 15 – Recorte da produção final do Participante 10.
A figura 15 mostra que, embora tenha realizado a extração de informações modalizadas
por diferentes sistemas sígnicos, não há coesão intersemiótica entre os elementos ali
distribuídos, o que, aliás, é característica de todos que tentaram associar linguagem verbal e
imagética. Mesmo desenvolvendo uma navegação prolongada por imagens, as figuras
selecionadas não parecem refletir um processo eficaz de busca. As imagens correspondentes ao
ciclismo de contrarrelógio se enquadram muito mais no que poderia representar genericamente
a modalidade estrada que, propriamente, a de contrarrelógio – uma das subdivisões do ciclismo
de estrada. A figura de um relógio que ocupa o topo da imagem, provavelmente, foi utilizada
com o intuito de fazer alusão ao nome contrarrelógio. O fato de aparecer no espaço
correspondente a essa modalidade, ao contrário disso, não estabelece uma ligação necessária
entre a figura e o texto verbal. É importante lembrar que o ciclismo de estrada vai muito além
de provas de contrarrelógio, abrangendo modalidades e características que não foram
exploradas na produção.
O processo de busca que esse participante apresenta é complexo, evidenciando
singularidades que, contraditoriamente, incorrem em um quadro comportamental muito
103
próximo aos dos demais participantes. Dentre os dez analisados, o único que realiza uma busca
majoritariamente voltada para imagens acaba por subutilizá-las e recai sobre uma produção
longe do gênero solicitado. Sem síntese de informações e com falta de dados pontuais que
correspondam ao comando da atividade, o produto final reflete uma busca complexa, com
vários inícios secundários e navegação tanto por páginas de conteúdo integralmente imagético
quanto por sites com informações, predominantemente, verbais, mas que não resulta em um
trabalho adequado aos propósitos da atividade solicitada.
3.1.10 Participante 11
O último dos voluntários, o Participante 11, denomina-se um usuário regular, atribuindo
a isso o fato de não saber lidar com um recurso de programas computacionais dedicados ao
processamento de textos escritos, a “formatação de texto”. O trecho da transcrição da entrevista
que se segue aponta com mais propriedade esse fato:
Entrevistador: Vamos lá! Com relação aos usos do computador e da Internet,
como você se denomina: Experiente..., regular... ou inseguro?
Entrevistado: Regular.
Entrevistador: E por quê?
Entrevistado: Porque tem um tempo já que eu manipulo o computador e a Internet
em casa, né. Então, me considero regular.
Entrevistador: Tá! Mas você tem dificuldade em algum aspecto, alguma coisa
que não te habilite a dizer que é experiente?
Entrevistado: É..., às vezes, quando eu tento formatar, deixar, assim..., nas normas,
eu tenho alguma dificuldade.
Entrevistador: Com relação ao texto?
Entrevistado: Ao texto.
A passagem mostra um pensamento semelhante ao de outros participantes, a atribuição
de proficiência em relação ao computador e à Internet como consequência do tempo de uso
dessas ferramentas. É possível conjecturar que se não fosse pela falta de habilidade com a tarefa
de formatação de textos, o participante se denominaria experiente.
O participante inicia sua busca procurando por “ciclismo de estrada” no Google Web e,
logo aos quatro minutos e treze segundos, realiza uma extração primária da página
wikipedia.org. Ao todo, são dois inícios primários e dois secundários. Cada um deles é
desenvolvido em uma aba. Esse fato evidencia uma estratégia clara de divisão da busca por
guias. Os inícios primários correspondem aos dois termos-chave solicitados pelo comando da
atividade. Já os secundários, dizem respeito a uma busca sobre “como se constroi um
infografico” e sobre “iconi de ciclismo”.
104
Esse último início ganha especial atenção pela sua peculiaridade. Sendo inserido na
caixa de diálogo do Google Web aos vinte e três minutos e vinte e quatro segundos e, logo em
seguida, aos vinte e quatro minutos e vinte e nove segundos, encadeado para frente no Google
Imagens, esse termo-chave ganha especial visibilidade no processo de busca do referido
participante.
Figura 16 – Recorte da captura de tela do Participante 11.
A figura 16 mostra o termo-chave ainda na caixa de diálogo do Google Web. Através
dela, é possível ver não só o fato de o participante ter ignorado as convenções ortográficas, mas
também o de ter realizado um encadeamento com base em uma sugestão do próprio motor de
busca, igualmente fora dos padrões da norma culta. Entendemos que, mesmo que o participante
tenha cometido um equívoco ao digitar o termo pretendido, o software termina por compreender
o comando. Uma prova disso é o termo “ícone” que aparece nos links subsequentes do buscador
(a exemplo dos dois links visíveis na parte inferior da imagem). Ademais, a sugestão oferecida
pelo Google, mesmo em dissonância com as normas, conduz o participante a um encadeamento
por uma página repleta de ícones/símbolos31 de ciclismo, sendo que um desses símbolos se
torna objeto de extração por parte do participante, demonstrando que, possivelmente, seu
objetivo foi alcançado.
A exemplo do que acontece com outros participantes, a acentuação gráfica foi suprimida
em todos os inícios que continham palavras que deveriam carregar a marca gráfica. Assim,
31 Não constitui objeto de nosso estudo as discussões semióticas a respeito das definições terminológica-
conceituais de ícone e símbolo. Para efeitos desta investigação, considerá-los-emos como sinônimos. A fim de
maiores informações a respeito dessa distinção, vide LOPES (2000).
105
“ícone” /ikoni/ encontrou como correspondente o termo “iconi”; “constrói”, “constroi”;
“infográfico”, “infografico”. Além da ausência de acentuação, o participante ainda
desconsiderou a grafia de maiúsculas para início de oração. A esses dois acontecimentos
atribuímos a possibilidade, já referida neste capítulo, de o indivíduo ter consciência da
inexpressividade, para o motor de busca, dessas marcações gráficas. O fato de utilizar a mesma
tática para todos os inícios em que havia essa necessidade gráfica e ser correspondido pelo
Google só corrobora tal suposição. Se assim o for, torna-se evidente uma prática letrada do
participante, fruto, provavelmente, de experiências anteriores em contextos reais de pesquisa
na rede.
O comando secundário “como se constroi um infografico”, por outro lado, é revelador
de ausência de familiaridade com uma determinada prática: a construção de um infográfico.
Ainda que tenha participado da capacitação oferecida previamente a todos os participantes,
realiza a busca mencionada, que o leva ao site resultadosdigitais.com.br. Além de vários
modelos e de uma explicação bastante metódica a respeito das possibilidades de construção de
um infográfico, o site ainda oferece uma definição muito próxima daquilo que compreendemos
ser um infográfico.
Figura 17 – Recorte da captura de tela do Participante 11.
Ao subir a caixa de rolagem e se deparar com a definição mostrada pela figura 17, o
Participante 11 para o cursor e detém fixamente seu olhar por onze segundos (5:09 – 5:20) para
o ponto da tela que corresponde a tal definição. A esse respeito, concluímos: ou não estava
seguro da própria compreensão ou, simplesmente, desconhecia o gênero. Ambas possibilidades
revelam que a capacitação oferecida antes da realização da atividade semi-experimetal não
106
obteve o resultado esperado, tendo em vista que deveria oferecer plenas condições de
conhecimento e produção do gênero discursivo infográfico.
Além do site que traz informações sobre infográfico, a navegação por páginas de
conteúdo verbal relacionadas às duas modalidades ciclísticas se constrói tendo como fonte
wikipedia.org e bikeloko.com.br. O primeiro diz respeito a uma navegação correspondente ao
início sobre ciclismo de estrada, o segundo relaciona-se à busca por ciclismo de montanha. No
tocante à navegação por páginas de conteúdo não verbal, podemos dizer que fica a cargo do
Google Imagens. Distribuído entre cinco abas, o processo de navegação ocorre de maneira,
basicamente, linear, com encadeamentos para trás e para frente, sem aparente diferenciação de
conteúdo. Cada um dos quatros inícios se efetiva em uma aba. O total de cinco, como pode ser
verificado em Anexo II, página 171, provém do fato de haver um encadeamento de uma imagem
sobre ciclismo de montanha em A4 – a partir de A3 –, a qual termina por ser extraída para
compor a produção final.
A ideia de ausência de diferenciação ganha força quando observamos que somente
foram visitados três sites, dos quais um trata da construção de infográficos e os outros dois de
ciclismo em modalidades distintas. O fato de realizar inícios e os respectivos encadeamentos
em guias separadas, como se fossem buscas individuais dentro de um processo maior, favorece
a ausência de diferenciação entre o conteúdo das páginas visitadas em cada aba. Desse modo,
verificamos que um maior número de abas abertas não é prerrogativa de maior/melhor
diferenciação. Se houve algum tipo de diferenciação, portanto, restringiu-se à oposição geral
entre as duas modalidades ou à escolha dos links da página-resposta. O próprio participante
evidencia essa possibilidade, ao falar das estratégias utilizadas para cumprir a atividade:
Eu fui lá no Google, peguei o que era ciclismo, peguei os dois itens pedido, colei.
Copiei a imagem e colei no Word. Aí peguei as informações também e colei no Word.
Aí busquei um ícone, né..., que representasse o ciclismo, colei.
A partir da descrição do participante, é possível conjecturar que se trata de uma
atividade relativamente superficial de “pegar” informações da rede e “colar” no programa
computacional. Pautando-nos nessa afirmação e nas evidências fornecidas pela análise dos
registros audiovisuais, verificamos que a compreensão que o participante tem de busca e seleção
de informações se restringe a excertos de uma única fonte.
O processo de extração reitera a proposição anterior. Sem a presença de extrações
secundárias, o participante se apropria de um trecho escrito veiculado pela página
wikipedia.org, realizando duas extrações primárias sobre ciclismo de estrada, aos treze minutos
107
e onze segundos e aos quinze minutos e cinquenta e três segundos de atividade. Na primeira
metade do período estipulado, portanto. O resultado é um texto verbal que não contempla as
características da modalidade ciclística, tampouco as defini. Além disso, é repleto de
sublinhados, hiperlinks e outras marcas características de um texto originário da Wikipedia. O
participante não realiza a adequação textual, do mesmo modo que não confere crédito ao
discurso alheio. Deixa de atender, portanto, ao comado da atividade: Construa um infográfico
que represente cada uma delas [as duas modalidades propostas], suas características, as
principais diferenças entre as duas e outras informações que julgar relevantes. Seguindo essa
tendência, realiza uma extração primária aos dezenove minutos e vinte e dois segundos, agora
sobre ciclismo de montanha, da página bikeloko.com.br. Da mesma forma que faz com a outra
modalidade, apropria-se de textos escritos sem menção à fonte, além de não contemplar as
características do ciclismo de montanha.
As duas imagens extraídas, apesar de corresponderem satisfatoriamente às modalidades
propostas, não ajudam a estabelecer ligação com o texto verbal, seja pela sobreposição
desconexa, seja porque os fragmentos textuais não contemplam as características das
modalidades às quais correspondem e, consequentemente, das imagens que representam tais
modalidades. Por fim, apesar de considerar que conseguiu terminar a atividade, afirmando em
entrevista, fato que, obrigatoriamente, implicaria na construção de um infográfico, a produção
apresentada ao fim dos trinta minutos se encontra muito distante tanto da função modalizadora
quanto das características estilístico-composicionais do gênero.
3.2 A respeito dos dez casos
Com base nas análises pontuais de cada participante, podemos tecer algumas
considerações a respeito do grupo. Para tanto, esta seção retoma alguns comportamentos
representativos, cotejando-os – quando houver necessidade –, de modo a apontar tendências ou
subjetividades distintivas em relação às práticas dos dez indivíduos avaliados.
As investigações individuais revelam uma tendência marcadamente representativa
desse grupo: a busca majoritária por informações relacionadas à linguagem verbal. Todos os
participantes realizam mais visitas a fontes de informação escrita ou, simplesmente, recorrem a
apenas esse tipo de fonte. Somente um deles, o Participante 10, desenvolve um processo de
busca que, visivelmente, coloca a mesmo nível a procura por informações escritas e
pertencentes à modalidade não verbal. Esse comportamento comum se mostra revelador de falta
108
de familiaridade com leitura e trabalho com imagens, característica, possivelmente, do perfil do
grupo. Nesse sentido, nos aproximados daquilo que apontam Laborão e Signorini (2016) em
trabalho análogo ao nosso, desenvolvido com acadêmicos dos cursos de Letras e de Jornalismo:
os acadêmicos do curso de Letras têm mais apreço pelo texto escrito, por encontrar nele terreno
mais seguro (pp. 313 - 314).
A análise geral do conjunto de dados mostra que o comportamento dos acadêmicos
revela um distanciamento da proposta da atividade semiexperimental. Esse fato pode ter como
causa distintos fatores, como o letramento informacional digital de cada participante ou a falta
de tempo da própria atividade, relatada por muitos participantes. Nesse sentido, é perceptível
que a maior proximidade à proposta inicial acontece entre os participantes que geram menos
guias durante o processo de busca. Embora o nível de proficiência quanto aos usos de
ferramentas digitais corresponda a experiências pessoais, e não exatamente ao número de guias,
esse fato revela-se um indicativo de maior experiência no que tange à avaliação e seleção de
informações. O Participante 05, por exemplo, que gera três abas, demonstra maior objetividade
quando em comparação aos participantes 02 e 09, que geram quinze abas cada um.
Os dados do Participante 05 revelam um processo que apresenta aparente confusão em
nível conceitual, no que diz respeito às duas modalidades ciclísticas, mas objetividade
estratégica quanto ao processo de busca e seleção de informações, uma vez que utiliza três guias
apenas, cada uma sendo responsável por um início específico e pelos encadeamentos a ele
relacionados. Ao contrário disso, os participantes 02 e 09 elegem duas e uma abas,
respectivamente, para os inícios e projetam seus encadeamentos em guias diversas, chegando a
um total de quinze. Essa diferença de estratégia se vê representada no gráfico a seguir:
Gráfico 04 – Comparação entre a quantidade de encadeamentos para frente e para trás realizados pelos
participantes 02, 05 e 09.
19
2
17
6
18
4
E N C A D E A M E N T O F E N C A D E A M E N T O T
QUANTIDADE DE ENCADEAMENTOS DESENVOLVIDO PELOS PARTICIPANTES 02, 05
E 09
Participante 02 Participante 05 Particpante 09
109
O gráfico 04 mostra a relação proporcionalmente inversa existente entre o número de
abas geradas e a quantidade de encadeamentos para trás. Essa tendência se aplica a todos os
casos investigados. Dessa forma, observamos que os dois participantes que acessam mais guias
(15) tendem a realizar menos encadeamentos para trás que o Participante 05, que acessa apenas
três. Esse processo é explicável pelo favorecimento que a menor quantidade de abas gera em
relação ao encadeamento para trás por meio do recurso “back” dos navegadores. Uma vez que
o usuário opte por não desenvolver os encadeamentos em guias distintas da do(s) início(s), caso
do Participante 05, a única alternativa para retomar páginas visitadas é a seta “voltar” que os
navegadores disponibilizam, fato que proporciona o aumento do número de encadeamentos
para trás. No caso da estratégia de abertura de guias encadeadas a partir de uma aba de apoio,
exemplo do realizado pelos participantes 02 e 09, o processo de retomada, ou seja, de levar o
cursor à aba já acessada não é computado como Encadeamento T, tendo em vista que o usuário
não necessita recorrer à clicagem de links para reacessar a página, bastando retomar a guia
desejada – disponível em paralelo à utilizada naquele momento.
Sob uma primeira avaliação, esse fenômeno poderia indicar objetividade, pelo fato de
gerar menos encadeamentos para trás, representando, talvez, uma escolha de fontes de interesse
mais criteriosa em relação ao desenvolvido pelo Participante 05, o qual necessita retornar à
página-resposta do buscador, encerrando a navegação na página atual, todas as vezes em que
retoma páginas ou realiza novos acessos (Encadeamento F). A análise dos registros
audiovisuais mostra, diferentemente disso, que a abertura de guias em número expressivo gera,
especialmente ao final da busca, aquilo que Kumar et al. (2005) apontam como um dos entraves
para a realização de buscas rápidas e eficientes: a dispersão de conteúdo (tradução nossa). Os
autores defendem que a quantidade de informação acaba se tornando um desafio para os
usuários da tecnologia digital. A esse respeito, a figura a seguir mostra a captura de tela do
computador do Participante 02 nos minutos finais da atividade semiexperimental.
110
Figura 18 – Captura de tela do computador do Participante 02.
No topo da figura 18 é possível ver oito abas abertas em simultâneo. Compreendemos
que o grande número delas e, consequentemente, de fontes a que o usuário recorre, ao mesmo
tempo, possa ter levado a um processo de dispersão, de desorientação, resultando em uma busca
sem objetividade. Embora não seja objeto central de nossa investigação, a produção final desse
participante, assim como a do Participante 09, reforça essa constatação. O produto entregue ao
fim da atividade corresponde a um compêndio de trechos escritos, sem ligação entre si, tal qual
o apresentado por 09, reforçando a ideia de disperção de conteúdo. Dessa forma, a mesma
tecnologia que poderia facilitar a busca e seleção de informações acaba por se tornar um entrave
na consecusão de uma busca objetiva e mais criteriosa.
A produção final do Participante 05, ainda que distante do solicitado devido a uma
confusão em relação ao uso das imagens, como já detalhado, apresenta maior coesão e
objetividade que a dos outros dois participantes mencionados. Esse fato reflete um processo de
busca com acesso a menos fontes: seis sites, além da aba Imagens do Google, mas que é
sinônimo de maior eficiência em relação à seleção das informações.
Além dessas questões que dizem respeito a estratégias de busca e seleção, os dados
gerais apontam para comportamentos que evidenciam a ausência de estratégias de refinamento
de busca ou, mesmo, a preferência por fontes de menor reconhecimento, como indicado pelo
gráfico a seguir.
111
Gráfico 05 - Páginas visitadas e quantidade de acessos primários do participante 01 ao 11.
Esse gráfico mostra os sites e o respectivo número de vezes em que houve visualização
primária, ou seja, desconsiderando-se as retomadas (encadeamentos para trás), mostra todas as
páginas recorridas como meio de acesso à informação e a quantidade de vezes em que os
participantes decidiram acessar cada uma delas. Através dele é possível perceber a enciclopédia
livre wikipedia.org como a fonte de busca preponderante entre os acadêmicos, uma página
colaborativa e de definições generalizantes.
As pesquisas de delimitação do tema (de escolha dos termos-chave) realizadas pelos
pesquisadores antes da aplicação da atividade semiexperimental mostraram que havia uma
variedade de sites especializados na temática disponibilizados pelos principais motores de
busca, fato que vemos refletido no gráfico 05 entre as demais páginas visitadas pelos
voluntários. Essa ampla possibilidade de fontes de informações consideradas mais
especializadas, contribuiu fortemente para que optássemos por esse tema ao elaborarmos a
atividade semiexperimental, tendo em vista que o produto final tem, ou deveria ter, como
função comunicativa básica a modalização/síntese de informações mais complexas (MANFRÉ
& SAITO, 2009). Contrariando essa tendência, vemos um número de acesso à enciclopédia
livre quase duas vezes maior que o do segundo mais visitado – o site oficial das olimpíadas,
brasil2016.gov –, o que aponta dificuldades não só em relação ao processo de navegação, mas,
principalmente, em relação à escolha de fontes mais especializadas.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Páginas visitadas e quantidade de acessos primários do participante 01 ao 11
112
Além desse fato, os dados mostram uma sobreposição de extrações primárias frente às
secundárias, efetivando-se nas produções sem nenhum tipo de referência ou menção à fonte de
onde as informações são obtidas. A esse fato atribuímos duas causas: a) os participantes não
tiveram tempo de concluir a atividade – podendo fazer as devidas citações depois (caso
dispusessem de mais tempo); b) apropriaram-se do discurso de outrem, uma vez que
consideraram concluída a atividade, caso de apenas 20 % deles – participantes 09 e 11.
De maneira geral, vemos participantes muito ligados aos termos-chave do comando da
atividade, os quais não realizam buscas mais direcionadas, sem a presença de diferenciações de
conteúdo e, principalmente, de autoridade e autenticidade de quem disponibiliza os dados,
recorrendo com frequência a páginas de conteúdo generalizante e superficial. Nosso público se
prende à forma e não ao conteúdo, apresentando como resultado da atividade de busca
informações ineficientes (para o propósito da atividade) e duvidosas, denunciando um conjunto
de práticas para buscar, selecionar e utilizar informações reveladores de pouca familiaridade
com atividades informacionais e com tecnologias digitais.
Desse modo, falaremos de alguns comportamentos e/ou estratégias reveladores de uma
realidade de busca e seleção de informações em ambiente hipermidiático, cuja a teoria sobre
estágios de busca foi incapaz de contemplar. Tencionamos, portanto, trazer contribuições a essa
teoria, ampliando-a, a partir da análise do comportamento do grupo.
3.3 Contribuição dos casos aos estágios de busca e seleção de informação
Ao adotarmos o modelo de Shankar et al. (2005) para compreender comportamentos
desenvolvidos no contexto da atividade semiexperimental, imaginávamos ter um parâmetro que
conduzisse nossa prática investigativa. O processo de investigação mostrou a efetividade desse
modelo. Porém, algumas questões relacionadas às práticas/comportamentos dos participantes
ou às próprias características do ambiente de busca, como recursos dos navegadores e dos
computadores, não puderam ser abordadas sob a ótica da teoria adotada, havendo necessidade
de especial reflexão sobre elas.
Começando pelo estágio de início, temos um recurso disponível nos navegadores que
pode influenciar na descrição do conceito. O recurso em questão é o aprimoramento ou
refinamento de busca, o qual, por meio do uso de aspas, parênteses ou símbolos como “+” e “-
”, pode levar a uma busca mais objetiva. O uso do aprimoramento de busca, possível em
navegadores modernos, confere um novo sentido ao início secundário. Por meio dele, os
113
indivíduos podem não somente modificar os termos de modo a obter maior precisão, tal como
a descrição do conceito diz, mas sim controlar a abrangência de cada termo digitado na caixa
de diálogo do navegador. Dessa forma, o início secundário pode ser conduzindo simplesmente
modificando-se o termo pretendido por meio de expressões correlatas ou sinônimas ou de
maneira totalmente controlada: apropriando-se dos próprios termos-chave e realizando
modificações específicas (aspas, parênteses), de modo a obter resultados específicos para cada
modificação. Essa forma totalmente controlada (refinamento de busca), porém, não foi utilizada
pelos participantes. A ela damos o nome, a partir de agora, de início secundário com
refinamento de busca.
Além desse recurso, os navegadores oferecem o “sugestão de pesquisa”, como no caso
do mostrado pela “figura 02”, relacionada ao Participante 01. Caso utilizado, pode representar
uma forma de início secundário, tendo em vista que o recurso leva em consideração uma série
de fatores como histórico de buscas anteriores, tipo e velocidade de navegação, localização
geográfica – o que pode resultar em um início diferente do previsto a princípio. Nesse caso,
temos um início secundário que não corresponde a uma escolha plena do usuário. É o navegador
quem decide o que mostrar como sugestão próxima ao que considera estar sendo buscado,
cabendo ao indivíduo decidir se acata ou não a sugestão. Atribuímos a essa ocorrência o nome
de início secundário a partir da sugestão de pesquisa.
O estágio de navegação também merece considerações quanto ao apresentado pelos
autores e o evidenciado por este trabalho. A navegação realizada em páginas de conteúdo
eminentemente imagético, mais especificamente o Google Imagens, no caso deste trabalho,
apresenta a especificidade de poder ocorrer de maneira muito rápida, sem que o indivíduo se
debruce nos detalhes de seu conteúdo. Diferentemente, da navegação em páginas de conteúdo
verbal, o indivíduo pode decidir descartar ou consumir o conteúdo disponibilizado em um ato
que leva frações de segundos. A exemplo, a navegação na seção Imagens do Google realizada
pelos participantes 03 e 05 se efetua por meio de frames de segundos. Ambos buscam por uma
imagem em específico. Desse modo, entendemos que estejam navegando, consumindo, mesmo
que rapidamente e não totalmente – em profundidade de detalhes –, o conteúdo das páginas
(das imagens). As definições desse estágio de busca (Navegação), porém, não fazem distinção
da navegação em páginas de conteúdo verbal e imagético, nem contemplam essa especificidade.
Em virtude disso, propomos uma subcategorização ao optarmos por trazer essa distinção.
Atribuimos à navegação por imagens em sequência rápida no Google Imagens o nome de:
navegação em frames em busca de uma imagem específica.
114
No que diz respeito ao encadeamento, os dados mostraram uma lacuna conceitual em
se tratando do processo de retomada. A conceitualização trata o processo de encadeamento para
trás como a retomada de um conteúdo já visto, utilizando para tanto a clicagem de links. A
abertura e uso de abas nos navegadores oferecem, porém, uma possibilidade a mais: a retomada
de conteúdos já vistos e ainda abertos em guias diferentes da utilizada no momento. Por
seguirmos a descrição dos estágios de busca, não consideramos nas análises como
Encadeamento T esse processo, sobretudo porque parece não ter significado um indício de
diferenciação, mas sim de retomada a guias abertas ou à página-resposta do motor de busca
para a realização de novos inícios ou encadeamentos. Por outro lado, trata-se de um
desdobramento do processo de encadeamento para trás, o qual não é contemplado pela teoria,
mas que é utilizado pelos participantes que adotam a abertura de abas em simultâneo, recebendo
aqui o nome de encadeamento para trás por retomada de guia.
Quanto à diferenciação, os dados mostram que os participantes podem diferenciar além
dos conteúdos de distintas páginas, os links da página-resposta do motor de busca. A definição
de diferenciação primária prevê a diferenciação de links, porém com base apenas no conteúdo.
Ao falarmos de diferenciação de links ainda na página do motor de busca, temos que considerar
dois fatores: o fato de cada link acompanhar um breve resumo ou início do conteúdo (em caso
de páginas verbais) e o fato de trazer também o nome da página, ou seja, mostrar uma
informação relacionada à confiabilidade e autenticidade de quem disponibiliza as informações.
Nesse contexto, a definição apresentada para a diferenciação ganha um novo desdobramento.
A diferenciação que pode ocorrer entre os links (que levam a sites) do motor de busca pode se
efetivar considerando fatores tanto primários, conteúdo, quanto secundários, avaliação da
autoridade e confiabilidade de quem disponibiliza o conteúdo. A isso damos o nome de
diferenciação de links da página-resposta, tal qual pode ser visto no processo realizado pelos
participantes 02, 04 e 07.
Por fim, a análise dos dados também contribui com o estágio de diferenciação. Em quase
todas as produções, foi possível observar um procedimento de extração de texto que parece se
enquadrar tanto no campo primário quanto no secundário. A ferramenta “Ctrl + C”; “Ctrl + V”
favoreceu a transposição integral de trechos escritos de informações veiculadas em páginas para
a interface dos programas escolhidos para a produção do infográfico. Esses trechos, nos casos
em que houve modificação, foram editados em posterioridades, de modo ou a promover a
adequação/padronização textual ou, mesmo, a síntese de informações. Para efeitos deste
trabalho, compreendemos como dois processos distintos, sendo o primeiro de natureza primária
115
e o segundo secundário. Após análise das transcrições, muitos desses casos se mostraram como
pertencentes a único procedimento de copiar para editar e/ou sintetizar. Nesse caso, temos um
processo de extração que contempla dois aspectos: primário e secundário concomitantemente.
Podemos falar em extração primária/secundária.
Para tornar todo esse processo de reorganização terminológica mais didático e
compreensível, apresentaremos o quadro a seguir que aborda os estágios de busca adotados e
seus desdobramentos após essas considerações. Todas as terminologias adicionas às definições
anteriores recebem cor de destaque.
Início
Primário
Secundário
início secundário com
refinamento de busca
início secundário a partir da
sugestão de pesquisa
Navegação
Páginas de conteúdo verbal
Páginas de conteúdo
imagético
navegação em frames em
busca de uma imagem
específica
Encadeamento
Frente links
Trás
links, seta
back (um
tipo de link)
encadeamento
para trás por
retomada de
guia
Diferenciação
Primária diferenciação de links da
página-resposta Secundária
Extração
Primária extração
primária/secundária Secundária
Imagem
Quadro 03 – estágios de busca de informação com contribuições conceituais-terminológicas posteriores.
Com essas definições, esperamos contribuir com pesquisas posteriores que se dediquem
a estudar, em contexto semelhante ao nosso, cada um desses estágios. Contexto do qual poderá
116
surgir questionamentos que necessitem de uma base mais adequada para responder
competentemente aos próprios anseios.
117
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das informações obtidas após a análise dos casos, tecemos algumas
considerações sobre estatégias e comportamentos relacionadas tanto ao letramentro
informacional quanto ao digital que nos levam à resposta da pergunta inicial sobre a forma
como o grupo composto por dez acadêmicos do curso de Letras - UFGD faz busca de
informações através do computador e da Internet.
Verificamos um grupo que apresenta estratégias pouco produtivas para a execução da
atividade solicitada. O impedimento maior para a conclusão das solicitações diz respeito à falta
de tempo – alegação de 80% dos participantes. Os dados apontam para a inabilidade de se
adequarem ao tempo da atividade semiexperimental, um fato constituitivo do LID desses
participantes que, como evidenciado, o levam a desenvolver práticas destoantes do contexto da
atividade, ainda voltadas para aspectos grafocêntricos.
A maior parte dos inícios, extrações e diferenciações (quando há), correspondem a
comandos primários. O grupo demonstra interesse em definições generalizantes e, muitas
vezes, imprecisas, proporcionadas por termos-chave sem aprofundamento conceitual e
terminológico, termos esses que se restringem, basicamente, ao binarismo apresentado pelo
comando da atividade: ciclismo de estrada versus ciclismo de montanha. Assim, percebemos
que a objetividade e a efetividade da busca começam já na escolha criteriosa do termo-chave,
os quais podem ainda ser progressivamente refinados a cada nova informação obtida ao longo
da busca.
Quanto ao estágio de diferenciação, notamos práticas que levam à ausência significativa
de sua forma mais aprimorada, a diferenciação secundária, ou seja, a que segue o critério de
avaliação de autoridade e de confiabilidade de quem disponibiliza os dados. Até mesmo entre
aqueles participantes que abrem abas com conteúdos diferentes em simultâneo, o que poderia
favorecer a presença dessa estratégia, notamos um processo, quando ocorre, restrito à
diferenciação de links na página-resposta do motor de busca. Não combatemos essa estratégia,
uma vez que a escolha criteriosa desses links evita acessos desnessários e a dispersão de
conteúdo. O que defendemos é associação dessa forma de diferenciação à posterior
diferenciação entre os conteúdos das páginas visitadas, garantindo uma seleção de informações,
de modo geral, mais criteriosa.
Consideramos, ainda em relação à Diferenciação, que a busca e seleção de informações
pode ser realizada em uma ou duas guias e ainda assim ser mais eficiente que aquela
118
desenvolvida em várias abas, contrariando a tendência apontada por Magalhães (2016), a qual
defende que “quanto mais abas o participante usar, mais desenvolvida é sua prática de
letramento digital, e mais substancial é a sua familiaridade com o uso do computador” (p. 63).
O caso dos participantes 02 e 09 mostra que a expressiva quantidade de abas acessadas não é
prerrogativa de uma estratégia de busca eficaz. Sem procedimento de diferenciação (e
navegação) efetiva, o número de guias utilizadas pouco interfere nos resultados.
Destacamos, porém, que a quantidade razoável de abas abertas, tal como defendem
Costa (2013) e a própria Magalhães (2016), possibilitam um processo de busca mais objetivo,
sem dispersão e com chances de comparação concomitante entre distintas fontes, logo, mais
precisa. Uma significativa quantidade de guias abertas, como o feito pelos participantes 02 e
09, ou reduzidas e com inícios e encadeamentos desenvolvidos na mesma guia, como o caso do
Participante 05, favorecem a falta de objetividade e efetividade do processo. Por outro lado, a
eleição de uma ou duas abas para inícios criteriosos, servindo de apoio para encadeamentos
realizados em guias diferentes (em número razoável), pode mostrar a condensação dos aspectos
positivos dessas duas estratégias: a objetividade proprocionada pelo estabelecimento de guia(s)-
base para cada início e a facilidade de diferenciação de conteúdo proporcionada pelo
encadeamento comedido de guias em simultâneo.
No que tange ao processo de extração, consideramos ser revelador de uma prática
controversa: a cópia sem referência à fonte, ou plágio. Ainda que em alguns casos, haja cópias
que se tornam objeto de síntese ou adequação textual, trata-se de um comportamento recorrente.
Resquício, possivelmente, de uma tendência escolhar, o ato de copiar/colar faz parte do
comportamento de todos os indivíduos avaliados, revelando-se uma prática usual e bem aceita
entre os membros do grupo – acadêmicos de Letras. As extrações secundárias correspondem,
em grande medida, a comportamentos de adequação gráfica da materialidade discursiva copiada
da fonte de acesso, indicativo provável de mais uma tendência escolar: a sobreposição da
ortografia e da gramática ao discurso. Essas duas práticas revelam a preferência pelo texto
escrito que domina todo o processo de extração. A esse respeito, comungamos das
considerações de Laborão e Signorini (2016), atribuindo o fato ao perfil do curso de Letras. A
questão, porém, recai não sobre a preferência por essa modalidade sígnica, mas sobre o
letramento necessário à seleção e trabalho com informações escritas, letramento esse que aponta
para conhecimentos diminutos sobre discurso e comunicação, possivelmente, provenientes da
incipiência em um curso de língua(gem).
119
Dessa forma, ainda em resposta à pergunta inicial, constatamos que o grupo de
professores em formação apresenta letramentos, tanto relacionados a aspectos informacionais
quanto digitais, que não condizem com as necessidades de busca e seleção de informações para
os propósitos da atividade solicitada, distantes, portanto, da habilidade de compreender
plenamente e utilizar com propriedade e criticismo informações disponíveis em várias fontes e
formatos a que a concepção de LID faz menção. Apesar de todos afirmarem possuírem
computador ligado à rede em sua residência, alguns, inclusive, asseverando usá-lo há muito
tempo, o contato com essas tecnologias não parece produzir usuários experientes, o que nos
habilita a dizer que a competência em LID não provém do contato ou do tempo de utilização
de ferramentas digitais, mas sim da maneira como essas ferramentas são utilizadas.
Pensando nesse cenário, ao considerarmos que o mesmo grupo em formação poderá
atuar como professores e que as observações aqui realizadas podem representar a realidade
vivida por outros licenciandos, deixamos algumas sugestões para pesquisas posteriores
dedicadas ao aprimoramento de estratégias de busca e seleção de informações ou, mesmo, a
formadores e gestores de cursos de Letras que desejem pensar sua prática docente e/ou a grade
curricular a partir dessas questões.
Ao falarmos em LID ou em estratégias de busca e seleção de informação ligadas à rede,
devemos considerar, antes de tudo, o fator informacional e seus desdobramentos. Os cursos de
Letras e/ou as futuras pesquisas precisam favorecer mecanismos que garantam habilidades
críticas de acesso e seleção de conhecimento. Os acadêmicos de Letras necessitam saber realizar
procedimentos simples como avaliação de fontes com base na comfiabilidade e autenticidade
das informações e, principalmente, a compreensão de mecanismos parafrásticos ou de
referenciação que os possibilitem utilizar as informações selecionadas. Além disso, questões
éticas como a de ser um escrevente, não se apropriando do discurso alheio devem ser,
exaustivamente, abordadas, a ponto de serem internalizadas. Nossa capacitação de duas horas
sobre o gênero infográfico jamais conseguiria esgotar essas questões.
Um trabalho sistemático e comprometido que visasse a solucionar essas lacunas a nível
informacional proporcionaria mudanças significativas na forma como os indivíduos concebem
e assimilam o conhecimento, mas não bastaria para provocar modificaçoes profícuas no que
compreende o letramentro informacional digital. Para isso, práticas digitais também precisam
ser objeto de estudo e ensino.
Este trabalho mostra que a busca começa pela escolha do(s) termo(s)-chave, passando
pelos procedimentos de encadeamento, navegação e diferenciação e extração. Nesse sentido,
120
cada um desses estágios deveria ser repensado de forma metódica. Quanto ao primeiro deles,
por exemplo, poderiam ser exploradas as estratégias de refinamento de busca nos navegadores,
demonstrando-se a maior precisão obtida a partir de inícios mais elaborados; quanto ao
encadeamento, poderiam ser esgotadas as suas diferentes formas, apontando-se para a vantagem
da abertura controlada de páginas em guias diferentes, a qual facilita, por sua vez, o processo
de navegação e, principalmente, de diferenciação; quanto à Extração, poderiam ser mostradas
as vantagens de um processo secundário de paráfrase a partir de distintas fontes de informação.
Destacamos que essas são questões complexas e que, portanto, somente o trabalho sistemático
daria cabo delas. Questões como o aperfeiçoamento das estratégias de busca e das habilidades
informacionais devem ocupar espaço central nas discussões dos cursos de Letras.
Por fim, tendo em vista a possível semelhança de alguns aspectos investigados com a
realidade de outros trabalhos, indicativo de que não se trata, este, de um cenário isolado,
defendemos a relevância das observações aqui apresentadas, bem com a realização de pesquisas
vindouras que propiciem, a apartir das presentes considerações, mecanismos de favorecimento
do letramento informacional digital enquanto forma de assimilação/propagação crítica de
conhecimento.
121
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ZURKOWSKI, P. G. Information services environment relationships and priorities.
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126
ANEXOS
Anexo I – Termo de consentimento entregue a cada voluntário.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(PARTICIPANTE MAIOR DE IDADE)
DIMENSIONANDO O LETRAMENTO INFORMACIONAL DIGITAL DE
PROFESSORES EM FORMAÇÃO
Pesquisador Responsável: Alexandre Martins Pinho.
Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo. Este documento,
chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar os seus direitos e deveres
como participante e é elaborado em duas vias: uma que deverá ficar com você e outra com o
pesquisador.
Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas.
Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o
pesquisador. Se você não quiser participar ou se quiser cancelar sua participação, a qualquer
momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo.
Justificativa e objetivos:
Em virtude da transformação no modo como os indivíduos buscam o conhecimento –
ou seja, em virtude dos novos letramentos – proporcionada pela imersão crescente no
ciberespaço, a presente proposta possui significativa relevância, uma vez que tenciona
investigar as práticas de Letramento Informacional Digital (LID) de professores ainda em
formação, estabelecendo um panorama de possíveis dificuldades encontradas por eles para lidar
com a busca de informações na rede.
Dessa forma, este trabalho justifica-se à medida em que busca conhecer as práticas de
LID, por meio da análise do comportamento de busca de informações na Internet (ciberespaço)
de acadêmicos do curso de Letras (sendo esses professores em formação), verificando
comportamentos e/ou tecendo sugestões no processo formativo desses acadêmicos que
impliquem em resultados positivos na atuação dos mesmos enquanto profissionais da educação.
O objetivo principal desta pesquisa é investigar o LID de professores em formação,
através do comportamento de busca de informações na Internet. Para isso, nos valemos dos
seguintes objetivos específicos:
127
I) Investigar o comportamento (os passos) dos participantes na Internet;
II) Observar, descrever e analisar como os participantes lidam com as informações encontradas
para investigar se a formação oferecida no curso de Letras contribui para o aprimoramento do
LID;
III) Prover medidas que auxiliem os futuros profissionais da educação a aprimorar sua
metodologia (se esse for o caso) com relação à busca de informações na rede.
Procedimentos:
Será proposta uma atividade de busca de informações na Internet. Os participantes
poderão utilizar quaisquer motores de busca de informações para desenvolvê-la. Como objetivo
final, será solicitada a construção de um infográfico que caracterize a atividade. Todos os
participantes terão exatos 30 (trinta) minutos para desenvolver a atividade proposta. Para
geração dos registros, será utilizado o software Camtasia Studio 9, que fará a gravação de áudio
e vídeo da busca de informações realizada na Internet, bem como do rosto do participante. Após
a realização da atividade, será feita uma entrevista com cada participante. Estas entrevistas
seguirão um roteiro pré-determinado e serão registradas por um gravador de áudio.
Desconfortos e riscos:
Apesar de não haver riscos previsíveis, é garantido que você possa cancelar sua
participação na pesquisa a qualquer momento, caso venha a se sentir constrangido ou
desconfortável com alguma situação, seja esta decorrente da filmagem, da abordagem e/ou do
tempo gasto para participação no estudo, sem qualquer penalidade. Você é livre para se recusar
a participar e/ou interromper a sua participação neste experimento a qualquer momento. A sua
participação é voluntária e não haverá nenhuma penalidade em optar por deixar a pesquisa.
Benefícios:
Será dado um retorno, através da divulgação do trabalho final resultante desta pesquisa,
para os alunos envolvidos. Os alunos poderão através disso refletir sobre o seu processo de
aprendizagem e sua formação acadêmica enquanto futuros profissionais da educação.
Parte importante desse projeto é a devolutiva dos resultados para os acadêmicos, futuros
professores. Através das análises espera-se que eles possam ser ajudados a aperfeiçoar suas
128
práticas, relacionadas ao Letramento Informacional Digital, bem como ajudar a mudar a
realidade educacional que vivemos.
Armazenamento de material:
A participação neste estudo envolve gravação em vídeo e entrevistas semiestruturadas
para a coleta de registros. Após a finalização da pesquisa, os vídeos e todos os outros registros
coletados ficarão sob a guarda do pesquisador responsável e de sua orientadora até a finalização
do estudo, em 2018. Após essa data, todos os registros serão destruídos.
Sigilo e privacidade:
Ao assinar este termo, você terá a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo
e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de
pesquisadores. Na divulgação dos resultados deste estudo, o seu nome não será citado, bem
como nenhuma informação que possa identificá-lo.
Ressarcimento:
A participação no estudo não acarretará em nenhum tipo de custo para você e não será
disponibilizada nenhuma compensação financeira adicional, uma vez que toda a pesquisa será
realizada dentro da instituição em que você está inserido.
Contato:
Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com Alexandre
Martins Pinho, pelo endereço de e-mail: [email protected].
Consentimento livre e esclarecido:
Após ter sido esclarecido sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos,
benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:
Nome do participante:
____________________________________________________.
Autorizo a gravação em vídeo e em áudio.
__________________________________________________ Data: ___/___/___.
(Assinaturado participante ou nome e assinatura do responsável)
129
Responsabilidade do Pesquisador:
Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante.
________________________________________________ Data: ____/_____/_____.
(Assinatura do pesquisador)
Anexo II - Transcrições dos registros audiovisuais e dos registros em áudio do participante
01 ao 11
Participante 01
Início A1. Yahoo. “ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. #03 wikipedia.org.
Navegação. Encadeamento F (Imagem). Encadeamento T. Navegação. Abre o Word.
Extração P.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento T. Yahoo. Navegação. Encadeamento F. #06
globoesporte.globo.com. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A1. Encadeamento T. Yahoo. Navegação. Encadeamento F. #07 suapesquisa.com.
Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento F. Yahoo imagens. Abre o Word. Extração I.
Início A2. Yahoo. “Ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. [“ciclismo de estrada
regras”]. Navegação. Encadeamento T. Yahoo. Navegação. #01 regrasdoesporte.com.
Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A2. Navegação. Abre o Word.
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração I. (Do próprio site regrasdoesporte.com)
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração P. (Gasta um tempo considerável
formatando o texto no Word). Extração S.
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração P. (O site de ciclismo de estrada oferecia
informações sobre o ciclismo de montanha. Se apropria dessas informações.)
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração P.
130
Retoma A2. Navegação.
Início A2. Yahoo. “Ciclismo de montanha”. Navegação. Encadeamento F. Yahoo Imagens.
Navegação. Abre o Word.
Observação: Gastou muito tempo procurando sobre ciclismo de estrada e trabalhando o
texto no Word. Obteve informações sobre ciclismo de montanha quando fazia buscas
sobre ciclismo de estrada.
Participante 01
Entrevistador: Eu queria saber, é..., com relação ao uso do computador e da Internet,
como que você se denomina: experiente..., regular... ou inseguro? E por quê?
Entrevistado: É... regular, né. Eu sou sempre...
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: Pesquiso as... as atividades da... do curso.
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: E... a dificuldade é a questão de... de mexer rápido né. De aprender assim.
Entrevistador: Aham. Rápido?
Entrevistado: Isso. É.
Entrevistador: Ah. Entendi. Então você se denomina regular?
Entrevistado: Isso. Regular...
Entrevistador: Aham. Ok. É... você tem computador em casa?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: É... quais são os principais usos que você faz nesse computador? Que tipo
de coisa que você mais faz no computador ou na internet?
Entrevistado: Ah... busca de pesquisa, né, do... dos trabalhos da faculdade...
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: E tudo referente à... ao ensino, né... que a gente tá fazendo uma porção de
pesquisa...
Entrevistador: Hum, entendi.
Entrevistado: Dos trabalhos.
Entrevistador: Então o seu uso tá mais restrito à academia... o...
Entrevistado: Sim.
131
Entrevistador: Tá! Ok. É... onde que mais você usa o computador: só em casa ou você usa
também no trabalho, na universidade, onde?
Entrevistado: Sim, uso na escola...
Entrevistador: Hum...
Entrevistado: Para levar... é... é... vídeos...
Entrevistador: Você é professor?
Entrevistado: Isto.
Entrevistador: Tipo...
Entrevistado: Na escola.
Entrevistador: Professor de que nível?
Entrevistado: Não, é uma... é... ba... básico.
Entrevistador: Ah, entendi. Tá. Você já... mas você dá aula do quê?
Entrevistado: É... é de reforço.
Entrevistador: Ah.
Entrevistado: Na escola.
Entrevistador: Entendi. Ok. Então você usa mais na escola?
Entrevistado: Isso, na escola.
Entrevistador: Tá. Ok. É... no trabalho, seria, né?
Entrevistado: Isso, no trabalho.
Entrevistador: Isso. Você tem acesso à Internet na sua casa?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: É... e que tipo de internet que é: banda larga, via rádio...?
Entrevistado: É... banda larga.
Entrevistador: Banda larga? Tá. É... quais são suas principais fontes de informação?
Onde que você costuma buscar informação?
Entrevistado: Huuumm... no... chrome, né.
Entrevistador: Ah, sim, sim... sem se... pode ser na... você usa sempre a internet...?
Entrevistado: Sim, internet.
Entrevistador: Ou você não assiste a jornais televisivos...?
Entrevistado: Ah, sim! Em tudo: jornal...
Entrevistador: Mas onde que você mais costuma buscar informações?
Entrevistado: Em site, né.
Entrevistador: Não, não! Onde? Costuma em jornal, Internet?
132
Entrevistado: Ah, em artigos...
Entrevistador: Aham... na Internet?
Entrevistado: Isto.
Entrevistador: Tá! Ok. É... quais são... são as estratégias, se tratando dessa pesquisa...
Entrevistado: Hum.
Entrevistador: Que você utilizou pra cumprir a atividade de hoje?
Entrevistado: Eu... eu busquei vê o que que era o assunto, né.
Entrevistador: Uhum.
Entrevistado: E fui recortando as informações... as imagens... tudo assim.
Entrevistador: As imagens... tá. Então você... é... você utilizou a estratégia de primeiro ir...
verificar...
Entrevistado: O que é...
Entrevistador: A informação...
Entrevistado: O que é o assunto...
Entrevistador: Hum. E depois... vo... só depois você foi...
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Fazer uma... uma colagem com imagens...
Entrevistado: Isso, imagens.
Entrevistador: Com extração...
Entrevistado: Como que acontece, aonde.
Entrevistador: Huum, hum.
Entrevistado: Como que faz... aí fui seguindo.
Entrevistador: Entendi. Ok. É... você conseguiu terminar a atividade?
Entrevistado: Não.
Entrevistador: Não? E o que te atrapalhou?
Entrevistado: Foi a questão do tempo, né.
Entrevistador: Aham...
Entrevistado: Separar as informações pra depois montar.
Entrevistador: Ok.
Entrevistado: As... tudo o conjunto das informações.
Entrevistador: Tá ótimo. É... e agora que você terminou a atividade, você faria alguma
coisa diferente?
Entrevistado: Agora? Sim.
133
Entrevistador: Sim? O que, por exemplo?
Entrevistado: Ser mais rápido e ir mais aos pontos necessários.
Entrevistador: Aham... então a questão do tempo, não é que faltou tempo...
Entrevistado: É...
Entrevistador: Mas você poderia ter sido mais objetivo...?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: É isso?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Tá, tá ok. É... você acredita que a formação que está sendo oferecida pra
você, enquanto acadêmica do curso de letras, é... te ajuda no momento de realizar a
atividades como a de hoje?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: Sim? Você acha que sim?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: Em que te ajuda?
Entrevistado: Ah... em... em... como eu vou falar...? ...Em buscar as coisas mais... mais... é...
como você falou: mais rápido.
Entrevistador: Mais objetivo?
Entrevistado: Isso, mais objetivo.
Entrevistador: Ah. Entendi. Mais precisamente com a busca de informações na internet,
construção de infográfico, a atividade de hoje, você que a formação do curso de Letras te
ajuda?
Entrevistado: Sim, com certeza.
Entrevistador: Ok. Então era isso, tá? Muito obrigado.
Participante 02
Início A1. Google. “ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. #02 brasil2016.gov
(deixa em nova guia A2, mas não abre). Encadeamento F. #3 cob.org (deixa em nova guia A3,
mas não abre). (Usou, com o botão direito do mouse, o recurso “Abrir link em uma nova guia’’,
não necessitando entrar no site para abri-lo. Por isso, clica para abrir A2 e A3, mas permanece
em A1)
Abre A2. Navegação.
134
Início A4. Google. “ciclismo de montanha”. Navegação. Encadeamento F. #03
studiobikefit.com (deixa em nova guia A5, mas não abre). Navegação. Encadeamento F.
#05 ciclofemini.com (deixa em nova guia A6, mas não abre). Navegação. (Usou, com o botão
direito do mouse, o recurso “Abrir link em uma nova guia’’, não necessitando entrar no site
para poder abri-lo. Por isso abre A5 e A6, mas sempre permanece em A4)
Abre A5. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A5. Navegação.
Abre A6. Navegação.
Retoma A4. Navegação. Encadeamento F. #07 regrasdoesporte.com (Aberto em A7).
Abre A7. Navegação.
Retoma A4. Navegação. Encadeamento F. #06 brasil2016.gov (Aberto em A8).
Abre A8. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A8. Navegação
Retoma A7. Navegação
Abre A3. Navegação. Abre o Word.
Retoma A3. Navegação.
Retoma A7. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A3. Navegação.
Retoma A5. Navegação.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento F. #4 revistabicicleta.com (Aberto em A9).
Abre A9. Navegação.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento F. Google Imagens. Navegação
Retoma A4. Navegação. Encadeamento F. Google Imagens. Navegação
Retoma A1. Navegação.
Retoma A3. Navegação.
Retoma A4. Navegação.
Retoma A8. Navegação.
Retoma A6. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A3. Navegação.
135
Retoma A6. Navegação.
Retoma A8. Navegação.
Retoma A7. Navegação.
Retoma A8. Navegação.
Retoma A4. Navegação. Encadeamento F. Imagem. Encadeamento F. (Clica, com o botão
direito do mouse, em uma imagem e deixa aberta em uma nova guia A10). Navegação (ainda
em Google Imagens A4)
Retoma A1. Navegação.
Retoma A4. Navegação.
Retoma A1. Navegação.
Retoma A4. Navegação.
Retoma A1. Navegação.
Retoma A3. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A8. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A1. Navegação.
Retoma A9. Navegação.
Retome A3. Navegação.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento F (imagem).
Retoma A4. Navegação.
Abre A10. Navegação. Encadeamento F. Imagem. Navegação.
Retoma A4. Navegação.
Retoma A1.
Retoma A9. Navegação.
Retoma A4. Navegação. Encadeamento F. Google Imagens. Navegação. Encadeamento F.
Imagem sobre ciclismo de estrada. (Abre em uma nova guia A11).
Fecha A1. (A página não estava carregando)
Abre A11. Navegação. (Google imagens sobre ‘’ciclismo de estrada’’)
Retoma A4. Navegação.
Retoma A11. Navegação.
Retoma A7. Navegação.
Fecha A7.
136
Retoma A8.
Retoma A9. Navegação.
Retoma A6. Navegação.
Fecha A6.
Retoma A5. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A8. Navegação.
Retoma A9. Navegação.
Retoma A8. Navegação.
Retoma A3.
Retoma A5. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A8. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A8.
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A8. Navegação
Retoma A3.
Retoma A2.
Retoma A5. Navegação.
Retoma A11. Navegação.
Retoma A9. Navegação.
Retoma A4. Navegação. Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F. #03
studiobikefit.com (Aberto em A12).
Abre A12. Navegação.
Fecha A12.
Retoma A4. Navegação.
Retoma A11. Navegação.
Retoma A10. Navegação.
Fecha A10.
Retoma A4. Navegação. (Pesquisa novamente “ciclismo de montanha”). Encadeamento T.
Início A4. Google. “ciclismo de montanha”. Navegação. Encadeamento F. #08
infoescola.com (Aberto em A13).
137
Abre A13. Navegação. Encadeamento F (webventure.com.br/a-hitoria-do-mountain-bike)
(Abre A14, mas continua em A13). Encadeamento F (brasil2016.gov.br) (Abre em A15, mas
permanece em A13). Abre o Word. Extração P.
Retoma A13. Navegação
Abre A14. Navegação.
Observação: Sempre que abria algum link, clicava com o botão direito do mouse e usava
a opção ‘’Abrir link em uma nova guia’’, o que fez com que várias abas fossem abertas e
usadas ao longo da pesquisa. Sempre que havia Encadeamento para Frente, fazia-o em
uma nova guia. Abre o site brasil2016.gov.br em A15, mas não acessa. Talvez pelo fato de
os 30 min da atividade terem transcorrido antes que pudesse realizar a visita ao site.
Participante 02
Entrevistador: Eu vou começar perguntando com relação ao uso do computador e da
Internet. Como você se denomina: experiente, regular ou inseguro, e por quê?
Entrevistado: É... entre regular e experiente.
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: Porque já faz um tempo que eu já uso... faço uso do computador.
Entrevistador: Ah, então você... você acha que... se denomina como experiente ou
regular pelo fato de usar há um bom tempo?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Tá. Ok. Você possui computador em casa?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: É... e quais são os principais usos desse computador? O que você mais faz
no computador ou na Internet?
Entrevistado: É... pesquisa da faculdade e uso de rede social.
Entrevistador: Rede social?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Tá ok. É... onde que você mais usa essa computador: em casa... ou no
trabalho... ou na universidade...?
Entrevistado: É... em casa.
Entrevistador: Em casa?
Entrevistado: É.
138
Entrevistador: É... você tem acesso à Internet na sua casa?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: De que tipo: banda larga... via rádio...?
Entrevistado: É banda larga.
Entrevistador: Banda larga?
Entrevistado: Uhum.
Entrevistador: É... quais são suas principais fontes de informação?
Entrevistado: É... como assim?
Entrevistador: Você costuma buscar informação onde: em jornais... internet... onde?
Entrevistado: Principalmente Internet.
Entrevistador: Principalmente na Internet?
Entrevistado: É. Isso.
Entrevistador: Então sua principal fonte de informação é a Internet?
Entrevistado: É a internet.
Entrevistador: Ok. E... com relação à essa pesquisa, quais foram as estratégias que você
utilizou pra cumprir a atividade?
Entrevistado: Eu busquei informação sobre cada modalidade, né...
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: E...
Entrevistador: Ciclismo de montanha e ciclismo de estrada.
Entrevistado: Isso. E comparei as duas.
Entrevistador: As duas.
Entrevistado: Os dois... é.
Entrevistador: E depois você não partiu pras imagens, você não associou as imagens?
Entrevistado: Eu não cheguei ainda... sa...
Entrevistador: Não chegou?
Entrevistado: Não.
Entrevistador: Ah, então... é... você não conseguiu... não conseguiu terminar a atividade.
Entrevistado: Não, não consegui.
Entrevistador: Tá. E o que foi que te atrapalhou?
Entrevistado: Foi... eu acho que eu faltei ser mais objetivo nas busca das informações.
Entrevistador: Hum...
Entrevistado: Que eu não consegui achar exatamente o que eu queria.
139
Entrevistador: Entendi, entendi. É... agora que você terminou a ativi... a atividade,
terminou durante o período dos trinta minutos, né, você faria alguma coisa diferente?
Entrevistado: Eu... talvez seria mais objetivo mesmo.
Entrevistador: Mais objetivo?
Entrevistado: É.
Entrevistador: É isso que te faltou?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Tá. É... você acredita que a formação que está sendo oferecida pra você,
enquanto acadêmico do curso de Letras, te ajuda no momento de realizar a atividades
como esta, como as de hoje, precisamente?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: Sim?
Entrevistado: Acho que sim.
Entrevistador: E te ajuda em que, pra ser mais exato?
Entrevistado: Hum... talvez no modo de eu pesquisar as in..., as informações.
Entrevistador: Hum... Ok! Obrigado. Era isso.
Participante 03
Início A1. Google. “ciclismo de estrada e ciclismo de montanha”. Navegação.
Início S A2. Google. “infografico”. Navegação.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento F. #01 wikipedia.org. Navegação. Encadeamento
T. Navegação. Encadeamento F. #02 sportsregras.com. Navegação.
Retoma A2. Início S A2. Google. “modelo de infografico de ciclismo”. Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento T. Encadeamento F. Google Imagens. Navegação.
Encadeamento F. (Imagem). Navegação. Encadeamento F. (Imagem). Navegação.
Encadeamento F. (Imagem). Navegação. Encadeamento F. (Imagem). Navegação.
Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento T. Navegação. Encadeamento F. (Imagem).
Encadeamento T. Navegação. Encadeamento F. (imagem). Encadeamento T. (imagem).
Retoma A1. Navegação.
Retoma A2.
Retoma A1. Navegação.
Retoma A2. Início S A2. Google. “modelo de infografrico de ciclismo de montanha e estrada”.
Navegação. Encadeamento F. Google Imagens. (Imagem). Encadeamento T. Navegação.
140
Encadeamento F. (Imagem). Navegação. Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento T. Navegação. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem).
Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem).
Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem).
Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem).
Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem).
Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem).
Navegação. Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento T (imagem). Navegação.
Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. Imagem.
(Salvou a imagem no computador). Encadeamento T. (Imagem). (Salvou a imagem no
computador). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento T. (Imagem). Encadeamento T. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). (Salvou a imagem no computador). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento
F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). (Salvou a imagem no computador). Encadeamento
F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento T. Navegação. Encadeamento F.
(Imagem). (Salvou a imagem no computador). Encadeamento F. (Imagem). Navegação.
Encadeamento T.
Abre o PowerPoint. (Gasta um tempo considerável escolhendo o design da apresentação no
PowerPoint) Extração Secundária.
Retoma A2.
Início S A3. Google. “ciclismo”. Navegação. Encadeamento F. #01 wikipedia.org
Retoma A2.
Retoma A1. Navegação.
Fecha A3.
Retoma A1.
Início S A4. Google. “ciclismo infografico”. Encadeamento F. Google Imagens. (As imagens
demoram a carregar e não carregam. Então, o participante parece se apropriar desse acotecimeto
para pesquisar novamente acrescentando alguns termos à palavra-chave já utilizada).
Início S A4. Google Imagens. “ciclismo de estrada infográfico”. Navegação. Encadeamento
F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
141
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. Imagem. Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem).
Retoma A2.
Retoma A4.
Início S A5. Google. “ciclismo etrada” (Houve um erro de digitação ao procurrar por ciclismo
de estrada, mas o Google compreende a busca e oferece a guia de sites normalmete).
Encadeamento F. #01 wikipedia.org. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração
Secundária.
Retoma A5. Navegação.
Retoma A2. Navegação. Início S A2. Google Imagens. “modelo de ciclista”. Encadeamento
T. (As imagens não carregaram. Volta à página inicial e realiza nova busca). Início S A2.
Google imagens. “ciclista”. Navegação. Encadeamento F. Imagem. (Salvou a imagem no
computador).
Abre o PowerPoint. Extração I.
Retoma A2.
Retoma A4.
Retoma A5. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P. (Gasta considerável tempo
formatando o texto)
Retoma A5. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A5. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P. (Trabalha algumas coisas no
texto).
Observação: Utilizou bastante o recurso oferecido pelo Google Imagens e navegou, grande
parte do tempo, entre as imagens relacionadas ao tema pesquisado, acarretando um
grande número de encadeamentos para frente e para trás.
Participante 03
142
Entrevistador: Com relação ao uso do computador e da internet, como você se denomina:
experiente, regular ou inseguro? E por que você se denomina assim?
Entrevistado: Eu acho que experiente, porque eu uso bastante no dia a dia pra fazer os trabalhos
acadêmicos... eu... em rede sociais... é... eu assisto bastante filmes também...
Entrevistador: Hum... entendo. Ok. Você possui computador em casa?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: Hum. E quais são os usos desse computador na sua casa? O que você mais
faz? Que tipo de coisa você pesquisa, o que você faz no computador ou na Internet?
Entrevistado: Eu uso bastante pra fazer as pesquisas dos trabalhos da faculdade.
Entrevistador: Hum... trabalhos acadêmicos, então?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Seu uso tá restrito à academia?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Tá! Ok. Onde que você mais usa o computador: em casa ou na
universidade, já que você usa pra trabalhos acadêmicos, no trabalho ou em outros
ambientes? Onde?
Entrevistado: Em casa e na faculdade.
Entrevistador: É?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Tá bem. Você tem acesso à Internet na sua casa?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: E que tipo que é: banda larga..., via rádio...
Entrevistado: Eu acho que é via cab... via rádio.
Entrevistador: Via rádio?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Você é daqui de Dourados?
Entrevistado: Não.
Entrevistador: É de onde?
Entrevistado: [nome da cidade natal]
Entrevistador: [nome da cidade natal]? Você vem todos os dias pra universidade...?
Entrevistado: Não, eu moro aqui. Eu sou de lá, mas eu mudei pra cá.
Entrevistador: Ah, entendi. E onde você mora aqui? Qual bairro?
Entrevistado: É... [nome do bairro].
143
Entrevistador: Ah, [nome do bairro], é aqui.
Entrevistado: É. Isso.
Entrevistador: Ok. E quais são suas principais fontes de informação? Onde você costuma
buscar informação?
Entrevistado: Na Internet e com a televisão.
Entrevistador: Hum... em televisão... Internet e televisão?
Entrevistado: É.
Entrevistador: Ok. É... e com relação à essa atividade, quais as estratégias que você
utilizou pra terminá-la, pra... pra cumprir essa atividade?
Entrevistado: Bom, eu tentei primeiro procurar informações, porque eu não entendo muito de
ciclismo...
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: Eu num... nem ando de bicicleta...
Entrevistador: Aham...
Entrevistado: Tive um pouco de dificuldade porque, como não entendo muito do assunto, aí
tive que pesquisar bastante antes de começar.
Entrevistador: Ah, entendi. E depois que você conseguiu as informações...?
Entrevistado: Aí eu fui montar o... o infográfico, né.
Entrevistador: Aham.
Entrevistado: Mas mesmo assim não deu tempo de terminar.
Entrevistador: Tá bem. E você comparou informações diferentes...?
Entrevistado: Uhum.
Entrevistador: É?
Entrevistado. Eu fui em vários sites pra...
Entrevistador: Vários sites...?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Entendi. E você voltou em um site pra pesquisar as...
Entrevistado: É, aham.
Entrevistador: Pra comparar as informações, você fez isso?
Entrevistado: Isso. Fiz.
Entrevistador: Tá! Ok. É... quais estratégias que você utilizou...? É.... você já me falou,
né, com relação à isso. É... você conseguiu terminar? Conseguiu terminar a atividade?
Entrevistado: Não.
144
Entrevistador: Não? Por quê? O que te atrapalhou?
Entrevistado: Bom, no meu ponto de vista, foi a falta de tempo mesmo.
Entrevistador: Ah.
Entrevistado: E..., como eu num entendia muito do assunto, eu tive que pesquisar bastante
antes de começar.
Entrevistador: Uhum.
Entrevistado: Então eu precisaria de mais tempo pra terminar.
Entrevistador: Mais tempo... Ok. Entendi. É... bem, com... com relação à atividade, né,
agora que você já terminou, você faria alguma coisa diferente agora?
Entrevistado: Não, acho que não, não.
Entrevistador: Não?
Entrevistado: Não.
Entrevistador: Só pre... você precisaria de mais tempo?
Entrevistado: Só precisaria de mais tempo.
Entrevistador: Mas seguiria a mesma estratégia?
Entrevistado: Seguiria.
Entrevistador: Ah. Tá ok. Você acredita que a formação que está sendo oferecida no seu
curso te ajuda no momento de realizar atividades como as de hoje, com relação a busca
de informação, a síntese de informações, a construção de infográfico pra sintetizar
informações mais complexas. Você acha que a sua formação ajuda no momento de
realizar atividades como a de hoje?
Entrevistado: Bom, por enquanto eu não acho que ela tenha auxiliado muito, mas na busca de
informações na Internet sim. A respeito dos infográficos, não.
Entrevistador: E co... Ela te ajuda a como buscar informações?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Ah... na Internet?
Entrevistado: Na Internet.
Entrevistador: Tá certo. Bem, era isso, tá? Muito obrigado.
Participante 04
Início A1. Google. “ciclismo de montanha”. Navegação. Encadeamento F. #04
studiobikefit.com. Navegação. Encadeamento T. Google. Início A1. “ciclismo de montanha
e de estrada”. Navegação. Encadeamento F. #06 suapesquisa.com. Navegação.
145
Encadeamento T. Navegação. Encadeamento F. Google Imagens. Encadeamento T.
Navegação. Encadeamento F. #08 regrasdoesporte.com. Navegação.
Início S A2. Google. “ferramentas do computador para fazer infográfico”. Navegação.
Encadeamento F. #01 techtudo.com. Navegação. Encadeamento T. Navegação.
Encadeamento F. #03 camilaporto.com. Navegação.
Início S A3. Google. “visme”. Navegação. Encadeamento F. #01 visme.co. Navegação.
Fecha A3.
Retoma A2.
Retoma A1. Navegação. Abre o Word.
Retoma A1. Navegação.
Retoma A2.
Fecha A2.
Início A4. Google. “ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. #01 wikipedia.org.
Navegação.
Retoma A1. Abre o Word.
Retoma A1.
Retoma A4. Navegação. (Minimiza tudo que estava aberto e navega pelos programas do
computador)
Início S A5. Google. “o que é picasa”. Navegação. Abre o Picasa.
Retoma A4. Navegação. Abre o Word.
Retoma A4. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A4. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A4. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A4. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A4. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A4. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A4. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A4. Navegação. Início S A4. Google. “o que é ciclismo mountain bike”. Navegação.
Encadeamento F. #01 brasil2016.gov. (Abre em uma nova guia A6, mas a visita).
Encadeamento F. #02 wikipedia.org. Navegação.
Abre A6. Navegação.
Retoma A5. Início S A5. Google. “diferenças entre o ciclismo de estrada e de montanha”.
Navegação. Encadeamento F. #01 lobi.com. Navegação.
146
Retoma A6.
Retoma A4. Navegação. Início S A4. Wikipedia. “esportes”. (Pesquisa feita dentro do próprio
site Wikipedia, onde existe também um campo para digitar e pesquisar). Navegação.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A1. Navegação. Abre o Word.
Retoma A1. Abre o PowerPoint.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A1.
Retoma A4. Navegação. Encadeamento T. Google.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. (O site aberto em A1 oferece informações sobre
ciclismo de montanha e de estrada)
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Abre o Word. Abre o PowerPoint. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
147
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o Word. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração S.
(Gasta tempo considerável organizando os textos no PowerPoint)
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A1.
Retoma A4. Início S A4. Google. “imagens de ciclismo”. Navegação. Encadeamento F.
Google Imagens. Abre o PowerPoint.
Observações: Ao fazer a pesquisa para criar o infográfico, utilizou bastante os recursos
de extração primária e secundária, sendo que grande parte do que foi feito no PowerPoint
era digitado como extração secundária na mesma frequência com que se utilizava o Ctrl
+ C e Ctrl + V. Não ouve extração de imagem.
Participante 04
Entrevistador: Com relação ao uso do computador..., da Internet..., como que você se
denomina: é... experiente..., regular..., ou inseguro e por quê?
Entrevistado: É... eu acho que nas utilidades básicas do computador, experiente.
Entrevistador: Uhum.
Entrevistado: E porque já tenho contato com... é... computador, celular há um bom tempo já.
Entrevistador: Sim. E em outras áreas, como por exemplo... o uso da rede mundial de
computares...?
Entrevistado: Ah... sim... é... já... sim. É, realmente.
Entrevistador: Ah, então. E no que você não se acha experiente, por exemplo?
Entrevistado: Ah, por exemplo: digamos que... o computador precise de formatar, não tenho
muito conhecimento a respeito disso, só nas ferramentas de pesquisa, de uso de programas...
Entrevistador: Hum, entendi. Então, com relação aos usos básicos, é experiente! Você tem
computador em casa?
Entrevistado: Tenho.
Entrevistador: Aham. E... quais são os principais usos desse computador pra você? Que
tipo de coisa costuma fazer mais?
148
Entrevistado: Fazer pesquisa, assistir filme, séries, é... uso das redes sociais, principalmente
esses.
Entrevistador: Ah, tá ok. É... onde que você mais usa o computador: em casa, na
universidade ou no trabalho?
Entrevistado: É... principalmente em casa.
Entrevistador: Em casa?
Entrevistado: Principalmente em casa.
Entrevistador: Tá. É... por quê? O trabalho não te dá...
Entrevistado: Bom, como eu não trabalho...
Entrevistador: Na faculdade...
Entrevistado: Na faculdade eu... uso... mais seria cerca de... nem um... nem um terço do que
eu uso em casa, digamos assim.
Entrevistador: Uhum.
Entrevistado: Só uma quantidade pequena de tempo que eu uso na faculdade.
Entrevistador: Mas, e por que você não usa mais lá?
Entrevistado: Por não ter necessi... da...
Entrevistador: Não ter necessidade?
Entrevistado: Isso, exatamente.
Entrevistador: Não por questões de infraestrutura, por exemplo?
Entrevistado: Não, não. Tem disponível, mas eu na... não uso por não ter necessidade.
Entrevistador: Necessidade.
Entrevistado: Exatamente.
Entrevistador: Ok. Ok. É... quais são suas principais fontes de informação? Onde você
busca mais informações: jornais..., Internet...
Entrevistado: Principalmente a Internet.
Entrevistador: Hum.
Entrevistado: A busca de informações mesmo é principalmente na Internet.
Entrevistador: Internet. Tá. Sendo assim, você tem Internet em casa, certo?
Entrevistado: Certo! Tenho.
Entrevistador: E de qual tipo seria: banda larga, via rá...?
Entrevistado: Banda larga.
Entrevistador: Certo! É... com relação à atividade de hoje, quais estratégias que você...
quais estratégias que você utilizou pra... terminá-la?
149
Entrevistado: Pra te... então, eu não cheguei a concluir, mas... é... terminar no sentido de
conclu...
Entrevistador: Não, não. Que você utilizou pra realizar a atividade.
Entrevistado: Ah, sim. Pra realizar? É... eu usei o Google como fonte de pesquisa, entrei em
vários sites...
Entrevistador: Aham...
Entrevistado: Vi que alguns forneciam algumas coisas a mais que outros... é... e fui juntando
alguns dados pra poder for... é... juntar e formar o infográfico.
Entrevistador: Tá. Tá ótimo. Hum... então você já afirmou que não conseguiu terminar a
atividade, né?
Entrevistado: Não, não consegui terminar.
Entrevistador: Está ótimo. Já que você não terminou, o que teria te atrapalhado?
Entrevistado: É..., no meu caso, acho que fo... com o tempo a mais...., talvez com uma
ferramenta mais especializada, daria certo de terminar e fazer mais trabalho em menos tempo.
Entrevistador: Especializada seria...?
Entrevistado: No sentido de Photoshop... na... por exemplo...
Entrevistador: Pra... pra construir o infográfico?
Entrevistado: Isso!
Entrevistador: Essa é a questão?
Entrevistado: Isso. Aham.
Entrevistador: Entendi. Tá! É... Então pra você o computador não... não dispunha de uma
ferramenta suficiente para o trabalho que você pretendia realizar?
Entrevistado: É, não... não dis... não dispunha.
Entrevistador: Tá.
Entrevistado: Desse tipo de ferramenta.
Entrevistador: Tá ok. É... agora que você, que cê num terminou né, mas você... já foi
estabelecido o prazo e você já cumpriu, faria alguma coisa diferente?
Entrevistado: Hum... acredito que... não. Eu faria da mesma forma...
Entrevistador: Seguiria a mesma estratégia?
Entrevistado: Mesma estratégia. Com um pouquinho mais de tempo talvez eu coletaria mais
dados e conseguiria... é... fazer algum trabalho melhor.
Entrevistador: Com relação ao infográfico?
Entrevistado: Isso, aham.
150
Entrevistador: Hum... Tá bem. É... você acredita que a formação que está sendo oferecida
no curso de letras te ajuda no momento de realizar buscas de informação... infoma... é...
no momento de realizar atividades como as de hoje?
Entrevistado: Eu acredito que... não... por focar... acho que o curso. Por enquanto, tá focando
muito em... ler, leituras prévias, em...
Entrevistador: Hum.
Entrevistado: E das seis matérias que eu faço, apenas uma usa o Moodle, né, que é uma
ferramenta da Internet mesmo...
Entrevistador: Interessante.
Entrevistado: Que eu acho que é... que na... que não ajuda nesse sentido.
Entrevistador: Interessante. Muito bem! Obrigado.
Participante 05
Início A1. Google. “ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. Google Imagens.
Início A2. Google. “ciclismo de montanha”.
Início S A3. Google. “como construir um infográfico”. Navegação. Encadeamento F. #01
resultadosdigitais.com.
Retoma A2.
Retoma A1.
Retoma A2.
Retoma A1. Navegação.
Retoma A3.
Retoma A2.
Retoma A1. Navegação.
Retoma A2.
Retoma A3. Navegação.
Retoma A2. Navegação. Encadeamento F. (Imagem). Google Imagens. Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F. (Imagem). Encadeamento F.
(Imagem). (11 encadeamentos para frente no Google imagens). Navegação.
Retoma A1.
Retoma A2.
151
Retoma A1. Navegação. Encadeamento F. (Imagem).
Retoma A3. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A3.
Retoma A2.
Retoma A1. Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F. #01 wikipedia.org.
Navegação. Abre o PowerPoint. Extração I.
Retoma A1. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento T. Navegação. Encadeamento F. #02
brasil2016.gov.br. Navegação. Abre o PowerPoint. Retoma A1. Navegação.
Retoma A2. Navegação. Encadeamento T. Navegação. Encadeamento F. #05
ciclofemini.com. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P. Extração S.
Retoma A2. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P.
Retoma A2. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P.
Retoma A2.
Retoma A3. Navegação. Encadeamento T. Navegação. Encadeamento F. #05
tecmundo.com. Navegação.
Retoma A2. Navegação. Abre o PowerPoint. (Gasta tempo editando os textos no PowerPoint)
Retoma A2. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração P. (Gasta muito tempo novamente
editando os textos no PowerPoint)
Retoma A2. Encadeamento T. Navegação. Encadeamento F. #06 regrasdoesporte.com.
Navegação.
Retoma A1. Abre o PowerPoint.
Retoma A1. Navegação.
Retoma A2. Abre o PowerPoint.
Retoma A2. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A2. Abre o PowerPoint.
Retoma A2. Navegação. Encadeamento T. Navegação. Encadeamento F. #01
wikipedia.org. Navegação. Abre o PowerPoint. Extração primária.
Observação: Gastou tempo considerável mexendo e formatando os textos em cima da
imagem extraída no PP. Demonstrou ter um pouco de facilidade com o programa.
Participante 05
152
Entrevistador: Com relação ao uso do computador e da Internet, como que você se
denomina: experiente, regular ou inseguro e por quê?
Entrevistado: É... acho que regular.
Entrevistador: Por quê?
Entrevistado: Eu falo que é regular, porque... você só vai aprender as coisas quando tiver a
necessidade de aprender.
Entrevistador: Uhum.
Entrevistado: Eu só tenho... só tive necessidade de aprender agora a mexer...
Entrevistador: Com o quê?
Entrevistado: Com o quê? Tá falando da Internet?
Entrevistador: Ah.
Entrevistado: Pode começar de novo?
Entrevistador: Não, não, relaxa.
Entrevistado: Não!! [risos]
Entrevistador: Fica tranquilo, fica tranquilo. É... fica tranquilo, tá?
Entrevistado: Não, eu sou regular!
Entrevistador: Tá. É... você só teve necessidade, vamos esclarecer isso, tá? Você só teve
necessidade de mexer com...
Entrevistado: Agora com...
Entrevistador: Com infográfico...
Entrevistado: Isto, com infográfico.
Entrevistador: Com a síntese de informações...
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: É isso que você quer dizer?
Entrevistado: É, porque pesquisar eu sei pesquisar.
Entrevistador: Ah, então, é isso que eu queria saber.
Entrevistado: Aham.
Entrevistador: Com relação à pesquisa, Internet, você já...
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: Tá bem. Mas então, de modo geral, você se denomina como?
Entrevistado: Regular.
Entrevistador: Regular?
Entrevistado: Uhum.
153
Entrevistador: Tá, ok. E... você tem computador em casa?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: Sim?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: E... quais são os principais usos que você faz desse computador? Que tipo
de coisa você mais, é... pesquisa ou você mais faz no computador, ou... na rede mundial de
computadores?
Entrevistado: Eu pesquiso receita.
Entrevistador: Receita?!
Entrevistado: Receita.
Entrevistador: Receitas culinárias?
Entrevistado: Receitas culinárias...
Entrevistador: Hum...
Entrevistado: É... como... pesquisa de... da faculdade, sabe?
Entrevistador: Sei!
Entrevistado: Procurar livros também pra ler, comprar... fazer compras pela Internet também.
Compro muita coisa da China.
Entrevistador: Então o que você costuma fazer mais são pesquisas e compras?
Entrevistado: Isso.
Entrevistador: Ah, então tá bem. Tá ótimo. E... você tem acesso à Internet na sua casa,
certo? E que tipo de Internet que é: banda larga..., via rádio...,
Entrevistado: Certo. É.. Banda larga.
Entrevistador: Banda larga?
Entrevistado: É.
Entrevistador: Uhum. É... você mora onde aqui? Em que bairro?
Entrevistado: Eu moro no [nome do bairro].
Entrevistador: [Nome do bairro]? E lá você... tem banda larga da [nome da empresa]...,
[nome da empresa]?
Entrevistado: É [nome da empresa].
Entrevistador: Eu pensava que não tivesse [nome da empresa] por lá. Que bom. É... quais
são suas principais fontes de informação? Onde que você costuma mais buscar
informação... você pesquisa receitas, né?
Entrevistado: Uhum.
154
Entrevistador: Onde?
Entrevistado: No Google. E depois eu coloco naquele [nome do site de receitas culinárias], se
for pra receitas, sabe?
Entrevistador: Hum, tá.
Entrevistado: Aí se eu quero assistir alguma coisa sobre a fac..., sobre aula, é no Youtube...
Entrevistador: Então de modo geral você realiza buscas na internet?
Entrevistado: Na Internet.
Entrevistador: Tá ok. É... com relação a atividade de hoje, quais as estratégias que você
utilizou?
Entrevistado: Estratégia?
Entrevistador: É, como você desenvolveu a sua busca..., como você fez..., primeiro o que
que você fez... depois...
Entrevistado: Primeiro eu fui pesquisar o que foi pedido.
Entrevistador: Hum.
Entrevistado: Aí depois eu fui abrindo as janelas e fui colocando “como construir um
infográfico”, porque... né?
Entrevistador: Hum. Entendi.
Entrevistado: Aí, depois, eu abri todas as janelas. Aí, fui pro PowerPoint, já abri lá, fui
procurando as imagens e, assim foi, sabe? Fui lendo, fui só...
Entrevistador: E você chegou a voltar em algum momento...?
Entrevistado: Voltei várias vezes.
Entrevistador: Você...
Entrevistado: Sim. Olhei, retirei
Entrevistador: Comparou...
Entrevistado: Aham, qual seria melhor.
Entrevistador: Entendi. Tá bem. É... você acredita que conseguiu terminar a atividade?
Entrevistado: Se tivesse um pouquinho... mais uns quinze minutos, talvez eu terminaria, mas...
Entrevistador: Não, então?
Entrevistado: Não, mas eu não term..., com certeza. Não concluí.
Entrevistador: Ok. Então o que te atrapalhou foi o tempo? Falta de tempo?
Entrevistado: Não, nem foi o tempo, foi porque eu não tinha necessidade de fazer isso na
minha vida, tipo, construir infográfico, nunca fiz.
Entrevistador: Aham...
155
Entrevistado: Então, ah... é... meu cérebro não tá acostumado a saber onde tá as coisas certinha,
então eu tive que olhar, analisar “o que colocar aqui”, “o que que é melhor colocar aqui”, sabe?
Entrevistador: Então você acha que é uma falha...
Entrevistado: Isso. Falha minha mesmo.
Entrevistador: Hum... mecânica, assim? Em termos de...
Entrevistado: Uhum.
Entrevistador: Entendi, tá ok. Agora que a atividade já acabou, você faria alguma coisa
diferente?
Entrevistado: Ah, eu tentaria fazer outra vez, de novo, em casa.
Entrevistador: Com mais precisão?
Entrevistado: Com mais precisão.
Entrevistador: Tá bem. Mas as estratégias seriam basicamente essas?
Entrevistado: A mesma.
Entrevistador: Tá ok. É... você acredita que a formação que está sendo oferecida pra você
no curso de Letras te ajuda no momento de realizar atividades como as de hoje?
Atividades especificas de construção de infográfico..., de busca de informação e síntese de
informações...?
Entrevistado: Ah, sim, com certeza, né. A minha faculdade, ela serve pra tudo, na verdade.
Entrevistador: Tá. Então é isso. Obrigado.
Participante 07
Início A1. Google. “ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. #03 cob.org.br.
Navegação. (gasta um tempo considerável procurando um programa na barra de ferramentas –
provavelmente o Word -, desiste e retoma a navegação)
Retoma A1. Navegação. Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F. #04
revistabicicleta.com.br. Navegação. Abre o Word. Extração Primária.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F.
#03 cob.org.br (encadeado em A2, mas não aberto). Navegação. Abre o Word. Extração
secundária. (coloca referências de sites e parafraseia algumas informações).
Abre A2. Navegação. Abre o Word. Extração secundária.
Retoma A1. Navegação. Abre o word. (pergunta ao pesquisador “qual o nome do
programa que trabalha com slides?”. E ele diz que “com relação a isso, não poderei
ajudar” [min 19:12 – 19:21]; depois encontra o programa sozinho). Abre o PowerPoint.
156
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração secundária. (Gasta muito tempo
escrevendo sobre ciclismo de estrada, parafraseando as iformações encotradas em cob.org.br)
Retoma A2. Navegação. (gasta um tempo considerável na página).
Observação: Este informante tem dificuldade em trabalhar com os programas
disponibilizados pelo computador, demonstrando falta de conhecimento para realizar
atividades simples, como utilizar o buscador oferecido pela caixa de ferramentas e
encontrar programas como Word e PowerPoint. Além disso, não otimiza o tempo,
mostrando-se muito lento ao desempenhar as atividades de leitura (Navegação) e
extração. Por outro lado, parafraseia as informações ao extraí-las (Extração S) e
referencia os dois sites de onde obteve as informações. Porém, não conclui a atividade.
Participante 07
Entrevistador: É... com relação ao uso do computador..., da Internet... como que você se
denomina, [nome do entrevistado]? Experiente..., regular... ou inseguro e por quê?
Entrevistado: Ahan... Acho que inseguro porque eu não sou muito de mexer em computador,
assim... Mas eu gosto, então eu mexo bastante e..., mas... são poucos sites. Então acaba sendo
só o essencial mesmo.
Entrevistador: Você tem computador em casa?
Entrevistado: Tenho!
Entrevistador: Tem?
Entrevistado: Tenho.
Entrevistador: E que tipo de coisa você mais gosta de fazer no computador? O que você
costuma fazer no computador da sua casa?
Entrevistado: [risos] Pesquisa de faculdade ou... pesquisa de algo que eu acho interessante,
tipo: coisas envolvendo medicina..., filmes..., coisas assim.
Entrevistador: Ok!
Entrevistador: Onde você mais usa o computador: na sua casa, na faculdade ou, se você
trabalha, no trabalho?
Entrevistado: Eu acho que... é mais nos dois: na faculdade e em casa. Caso contrário, eu não
mexo. Ou celular... É mais celular.
Entrevistador: E você tem acesso à Internet na sua casa, então? É de que tipo: banda
larga, via rádio...?
157
Entrevistado: É... banda larga.
Entrevistador: É... quais são as suas principais fontes de informação, onde que você
costuma buscar informações?
Entrevistado: Sites mais confiáveis... algo do governo...
Entrevistador: Ok!
Entrevistador: E quais as estratégias que você utilizou nessa atividade? E... você
conseguiu terminá-la?
Entrevistado: Eu não consegui terminar. E estou com raiva por causa disso!
Entrevistador: Não conseguiu terminar?
Entrevistado: Não..., não consegui terminá!
Entrevistador: E por quê? O que que te atrapalhou?
Entrevistado: Porque... eu sou uma pessoa que pesquisa e eu preciso saber dos dados, se os
dados são bons...
Entrevistador: Confiáveis?
Entrevistador: Confiáveis.
Entrevistador: Então, quais as estratégias que você utilizou?
Entrevistado: Eu... separo o que eu vou passá pra pessoa entendê.
Entrevistador: Aham... E como você fez isso?
Entrevistado: Eu... separei, han...os tópicos. Alguns que... O primeiro tópico que era o
ciclismo na estrada...
Entrevistador: Han...
Entrevistado: E eu ia fazer a mesma coisa no segundo e depois ia passar para as imagens.
Não deu tempo.
Entrevistador: Você não concluiu nem a fase inicial que era de separar os tópicos...?
Entrevistado: Não, nem essa! É por causa que eu ia lendo num site, ia lendo em outro. Aí
depois eu comecei a escrever. Aí eu não terminei.
Entrevistador: Então o que te atrapalhou...?
Entrevistado: Mais o tempo.
Entrevistado: A falta de tempo?
Entrevistado: É!
Entrevistador: E agora que essa atividade já terminou, você faria alguma coisa
diferente?
Entrevistado: Não...
158
Entrevistador: Não...? Usaria a mesma estratégia?
Entrevistado: Não porque, pra mim, eu prefiro fazer algo num processo demorado e
compreendível (sic) e um processo rápido e as pessoas não entenderem o que eu tô querendo
passar.
Entrevistador: Você acredita que a formação que está sendo oferecida hoje no curso de
Letras te ajuda no momento de realizar atividades como esta?
Entrevistado: Sim! Porque você vai ter um modo de falar mais compreen... compre...
compreensível e você vai passar de um modo... de modo que a pessoa vai... compreender aquilo
que você tá passando, ou seja, eu vou ter uma noção daquilo que eu vou passar para as pessoas.
E Letras passa isso pra gente.
Entrevistador: Uhum... Entendi.
Entrevistado: Uma coisa mais focada, mais objetiva.
Entrevistador: Tá! Ok. Está ótimo! Obrigado!
Participante 08
Início A1. Google. “ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. Google Imagens.
Navegação. Encaderamento F. Google web (aberto em A2). Encadeamento F. #01
wikipedia.org (aberto em A3).
Abre A3. Navegação.
Retoma A1. Navegação.
Fecha A2.
Retoma A1. Início A1. Google imagens. “ciclismo de montanha”. Navegação.
Retoma A3. Navegação. Abre o WordPad. Extração P. (Formata o texto) Extração de
imagem.
Retoma A1. Navegação. Abre o WordPad. Extração de Imagem. (sobre ciclismo de estrada)
Abre o Paint. Extração de Imagem. (da imagem do WordPad sobre ciclismo de estrada)
Extração P. (Leva as imagens e o texto para o Paint, num ato de copiar e colar).
Retoma o WordPad.
Abre o Paint.
Retoma A1. Navegação. Abre o Paint. Extração Imagem. (da imagem do WordPad sobre
ciclismo de estrada)
Retoma A3. Navegação. Abre o WordPad. Extração P (copia parte do texto já copiado no
WordPad – faz uma cópia da cópia).
159
Fecha o WordPad.
Retoma o Paint. (Gasta muito tempo lidando com as ferramentas de edição de imagem e texto
do Paint).
Retoma A1. Navegação. Encademanto T. Google web. Navegação. Encadeamento F. #01
wikipedia.org. (aberto em A4). Navegação. Abre o Paint.
Usa o WordPad e depois o Paint. Demonstra desconhecimento das ferramentas de
edição do Paint (perde muito tempo experimento-as até obter o resultado pretendido).
Não conclui a atividade. Afirma (durante a entrevista) que o computador não tem Word,
mas, na verdade, não consegue encontrar o programa na máquina.
Participante 08
Entrevistador: Com relação ao uso do computador e da Internet, como você se denomina:
experente..., rergular... ou inseguro? E por quê?
Entrevistado: Com a Internet?
Entrevistador: E com o computador também. Com os dois.
Entrevistado: Regular...
Entrevistador: Regular?
Entrevistado: É...
Entrevistador: Por quê?
Entrevistado: Porque eu tenho algumas dificuldades no..., no... é... naquele que tem as
planilhas, o... o... Excel... O Word ainda tem muita ferramenta que eu não sei utilizá... Na
Internet eu entro nos sites mais conhecidos, o Youtube, né, o Google... Eu não conheço outros
sites de pesquisa, assim...
Entrevistador: Tá! E de modo geral, como que você se denomina?
Entrevistado: Ah! Acho que regular. Porque eu tenho um domínio, assim..., básico, né, mas
eu me viro.
Entrevistador: Você “se vira”, mas também não é um expert, né...
Entrevistado: [risos] É!
Entrevistador: Ok! É... você possui computador em casa?
Entrevistado: Sim, possuo.
Entrevistador: E que tipo de coisa mais costuma fazer no seu computador doméstico?
Entrevistado: Olha, eu busco muita pesquisa de vídeo, eu gosto mais quando eu vou trabalhar
no computador, porque, pra leitura, eu prefiro a coisa física, que é... livro. Até quando tem
160
algum artigo, algum texto que a professora manda no e-mail, eu prefiro imprimir pra poder ler,
porque eu gosto de grifar... essas coisas. Então, artigo, livro eu leio mais quando eu imprimo.
E então, quando eu vou utilizar a ferramenta da Internet, eu entro mais no Youtube... Eu acesso
tutorial, vídeo, vídeo aula. Documentário, eu gosto muito... E uso Netflix também, que é pra
assistir filme [risos].
Entrevistador: Uhum! Bem, onde você mais usa o computador, [nome do participante]:
na sua casa, no trabalho... ou na universidade?
Entrevistado: O que eu mais uso é em casa, em casa mesmo, e, geralmente, nos finais de
semana.
Entrevistador: Certo! É... Você não usa na universidade, por exemplo, por quê?
Entrevistado: Na universidade por conta da distância, né. Agora que eu tô conhecendo aqui a
unidade do centro – o CEUD [prédio que sedia o laboratório onde foi realizada a pesquisa] –
que tem computadores... que é dentro das cidade e tal. Mas eu também não sei se a gente pode
ter acesso... Enfim, por conta disso, da distância, eu procuro usar mais em casa. E como eu uso
mais durante o fim de semana, né, porque eu trabalho.
Entrevistador: Você trabalha...?
Entrevistado: Eu trabalho numa escola aqui em Dourados, faço estágio lá.
Entrevistador: Na sua casa, você tem acesso à Internet?
Entrevistado: Tenho. É que, na verdade, eu moro com os meus pais e lá em casa tem minha
irmã que também faz faculdade..., meu pai também usa e, então, ele decidiu colocá. Hoje em
dia sem Internet é difícil, né. [risos]
Entrevistador: E de que tipo que é, você sabe?
Entrevistado: É da... é da [nome da empresa].
Entrevistador: É banda larga, então?
Entrevistado: É... banda larga.
Entrevistador: Quais são suas principais fontes de informação?
Entrevistado: Olha, quando é assunto acadêmico... eu procuro sempre pesquisar artigos no
Google Acadêmico, no Scielo. Agora, por exemplo, quando é um texto que a professora passou,
né, eu olho os livros que a professora passou em casa – igual eu te falei: físico, né – aí eu busco
no youtube, né. Algum “videzinho” ou algum “documentariozinho”... um tutorial, uma vídeo-
aula, só como acréscimo, entendeu?
Entrevistador: Uhum!
Entrevistado: Só pra acrescentar naquele conteúdo, alguma curiosidade, né...
161
Entrevistador: Uhum... E você tá dizendo com relação às pesquisas acadêmicas, certo?
Entrevistado: É.
Entrevistador: Mas... com relação aos usos cotidianos, de interesse pessoal, onde você mais
costuma buscar informação?
Entrevistado: Olha, pra ser bem sincero, a Internet, pra não dizer que eu não uso pra lazer, tem
um joguinho no computador de casa – que é da minha irmã –, que às vezes eu entro, mas é mais
o Youtube, música eu quase não vejo, e a Netflix mesmo. Eu não uso muito pra lazer. Facebook
eu uso para fins acadêmicos: a professora cobra pra enviar trabalhos. A própria sociedade, às
vezes, cobra isso de você.
Entrevistador: Ok! Com relação à atividade de hoje, quais as estratégias que você utilizou
para concluí-la?
Entrevistado: Oh! O computador que eu peguei não tinha o Word, que é uma ferramenta que
eu tenho domínio. O PowerPoint... eu não tenho domínio – nenhum! Tanto é que quando vai
fazer trabalho eu digito no Word, tudinho, mando pra alguém do grupo que monta o meu
PowerPoint, tudinho. Então eu utilizei o Paint, que é de imagem. Então, lá eu coloquei o texto
na caixa texto e as figuras.
Entrevistador: Uhum. Mas antes disso, como você procedeu: você buscou informações...,
comparou sites a outros... como foi?
Entrevistado: É... primeiro eu tentei ver. Aí quando eu percebi que não tinha o Word no
computador eu preferi fazer no Paint, né. Aí eu pesquisei na Internet, mas como tem o...
Wikipédia... tem gente que não gosta muito, mas lá eu sei que é um “resumão”, assim. E de
forma fácil, que qualquer pessoa do senso comum consegue entender. Aí lá eu fiz um “resumão”
do texto e pesquisei no Google as imagens.
Entrevistador: Então, você se dirigiu... diretamente para o Wikipédia, logo de início?
Entrevistado: Direto para o Wikipédia. Aí já peguei o texto, fiz um “resumão”... coloquei na
caixa de texto e pesquisei as imagens.
Entrevistador: Tá ótimo! Você... conseguiu terminar essa atividade?
Entrevistado: [risos] Ah... não! Só metade.
Entrevistador: O que te atrapalhou?
Entrevistado: Eu acho que é da minha característica mesmo, que eu sou muito perfeccionista.
[risos] Então, eu demorei... Apesar de que a Wikipédia já é um “resumão”, eu fiz um resumo
do resumo, o que levou muito tempo. Porque da Wikipédia.... eu tentei focar nas informações
principais, porque o infográfico... pede isso. E a imagem que “esclareia” bem isso, né.
162
Entrevistador: Hum... Entendo. Então você parafraseou, utilizando suas próprias
palavras..., tentando ser mais sintética ainda?
Entrevistado: Isso...
Entrevistador: E tentou ser objetiva tanto com a linguagem escrita quanto com a não
escrita?
Entrevistado: Isso! Com a imagem...
Entrevistador: Com a imagem... Ah!
Entrevistado: Porque eu busquei uma imagem assim: ciclismo de estrada, como estratégia. Eu
busquei um ciclismo na estrada com chuva e um ciclismo na estrada em... maratona, que é a
disputa, né. E lá na Wikipédia tava explicado os tipos de... de maratona, de.. e não sei o que...
Isso eu não coloquei porque eu achei que a imagem já esclareceu bem isso. Então, coloquei
mais o que fiscaliza o ciclismo... o que que é, o basicão.
Entrevistador: Então... o que te atrapalhou... foi a falta de tempo, seria isso?
Entrevistado: Eu acho que – pelo meu perfil, pela minha personalidade perfeccionista, né – o
tempo. E... e também o domínio do Paint, por ter mais familiaridade com o Word. No Word Eu
tenho um domínio melhor.
Entrevistador: Entendi. Bem, agora que a atividade já acabou, você faria alguma coisa
diferente?
Entrevistado: Faria! [risos]
Entrevistador: Como, por exemplo...?
Entrevistado: Ah! Talvez eu pesquisaria primeiro as imagens do ciclismo de estrada e de
montanha e deixaria salvas, pra ganhar tempo, e depois pesquisaria um “resumão” grande sobre
ciclismo, de forma geral, e de lá tirar alguns componentes que definam uma e outra.
Entrevistado: Uhum... Você acredita que a formação que está sendo oferecida no curso de
Letras contribui no momento de realizar atividades como esta?
Entrevistado: Sim, eu acho que sim. Querendo ou não..., na universidade, a gente aprende
como pesquisar na Internet... – quais sites são utilizados pra cada coisa, né...
Entrevistador: Uhum...
Entrevistado: É como eu falei, se é uma coisa pro senso comum entender e pra nós,
pesquisadores, cientistas... seria mais o Wikipédia. Agora se for uma coisa específica da
academia, outros sites eu pesquisaria. Então, o curso de Letras dá essa base. A academia, a
universidade dá esse... esse entendimento pra gente.
Entrevistador: Ok! Bem, era isso. Muito obrigado!
163
Participante 09
Início A1. Google. “Ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. #01 wikipedia.org
(aberto em A2).
A2. Navegação.
Retoma A1. Navegação (Google). Encadeamento F. #02 brasil2016.gov.br (aberto em A3).
A3. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A3. Navegação.
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração Primária.
Retoma A2. Navegação. Encadeamento F [Copa América de Ciclismo]. (Aberto em A4. Não
navega). Encadeamento F [Copa da República de Ciclismo]. (Aberto em A5. Não navega).
Abre o Word. Extração P.
Abre A4. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Fecha A4.
Abre A5. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Fecha A5.
Retoma A3. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A3. Navegação. Abre o Word (edita a fonte e formata o texto por um longo tempo).
Retoma A3. Navegação. Abre o Word.
Retoma A2. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A2. Navegação.
Fecha A2.
Fecha A3.
Retoma A1. Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F. #03 cob.org.br
(aberto em A6).
A6. Navegação.
Fecha A6.
Retoma A1. Encadeamnto T. Google. Navegação. Início A1. Google. “ciclismo de
montanha”. Navegação. Encadeamento F. #01 wikipedia.org (aberto em A7).
A7. Navegação.
Retoma A1. Navegação. Encadeamnto T. Google. Navegação. Encadeamento F. #07
newzealand.com.br (aberto em A8).
164
A8. Navegação.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento F. #08 ciclofemini.com.br (aberto em A9).
A9. Navegação.
Fecha A9.
Retoma A8. Navegação.
Retoma A7. Navegação.
Retoma A1. Início A1. Google. “ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. #01
wikipedia.org (aberto em A10).
A10. Navegação.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento F. #02 brasil2016.gov.br (aberto em A11).
A11.Navegação.
Retoma A1. Navegação.
Retoma A10. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Fecha A10.
Retoma A11. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Fecha A11.
Retoma A8. Navegação.
Retoma A7. Navegação.
Fecha A7.
Retoma A1. Navegação. Início A1. Google. “ciclismo de montanha”. Navegação.
Encadeamento F. #05 studiobikefit.com.br (Aberto em A12. Não navega.) Encadeamento F.
#09 brasil2016.gov.br (aberto em A13. Não navega.) Encadeamento F. #12
peru.travel.com/pt.br (aberto em A14. Não navega.) Encadeamento F [ciclismo mountain
bike regras] (no Google). Navegação. Encadeamento T. Google. Início S A1. Google.
“ciclismo mountain bike”. Navegação. Encadeamento F. #02 regrasdoesporte.com.br
(Aberto em A15. Não navega).
Abre A12. Navegação.
Abre A13. Navegação.
Abre A14. Navegação.
Abre A15. Navegação.
Retoma A14. Navegação. Encadeamento F [conheça o Peru] (dispersa-se com assuntos
paralelos disponíveis no site)
Retoma A15. Navegação. Abre o Word. Extração P.
165
Retoma A15. Navegação.
Fecha A15.
Retoma A13. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A12. Navegação.
Fecha A12.
Retoma A8. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Observação: Apesar de navegar em diferentes sites, abrindo 15 abas, não realiza se quer
uma extração de Imagem e nem demonstra realizar o processo de diferenciação, mesmo
tendo aberto tantos sites.
Participante 09
Entrevistador: É... Com relação aos usos do computador e da Internet, como que você se
denomina: experiente..., regular..., inseguro? Por quê?
Entrevistado: Experiente! Porque... a gente já mexe há tanto tempo, né. Hoje pra tudo você
vai usá..., fazer um trabalho... qualquer coisa precisa da Internet. Então..., é experiente.
Entrevistador: Uhum... Você possui computador em casa?
Entrevistado: Sim!
Entrevistador: E quais são os principais usos desse computador? O que você costuma
fazer?
Entrevistado: Pra trabalhos...,
Entrevistador: Acadêmicos?
Entrevistador: Acadêmicos. Pra rede social..., pra pesquisas, muita pesquisa... entrá em sites;
pra pesquisar alguma coisa sobre várias disciplinas... Então, a gente usa bastante.
Entrevistador: Ok! Bem, você disse que faz bastante pesquisa, trabalhos acadêmicos... E
você usa mais esse computador em casa... ou na universidade ou, até, em outros
ambientes?
Entrevistado: Na minha casa!
Entrevistador: E por que não em outros espaços, como na universidade, por exemplo?
Entrevistado: Porque... não tem tempo. Aí o único lugar que eu tenho tempo e sossego pra
fazer isso é na minha casa.
Entrevistador: Uhum... E você acha que os computadores da universidade são bons,
oferecem os mesmos recursos da sua casa?
166
Entrevistado: Sim!
Entrevistador: Você tem acesso à Internet na sua casa, então, né?
Entrevistado: Sim!
Entrevistador: E que tipo de Internet que é: banda larga..., via rádio...?
Entrevistado: Banda Larga.
Entrevistador: E quais são suas principais fontes de informação, onde você costuma
buscar informações?
Entrevistado: De modo geral, o Google, mas existem outras páginas que são mais confiáveis.
Então é assim: quando é pra trabalho acadêmico, eu procuro mais em livros... ou em sites de
livros, baixar algum livro pra pesquisar..., algo assim. Não vou em qualquer fonte, sem saber
se é verídico ou não. Busco alguma coisa confiável.
Entrevistador: Entendo. Ah... Com relação à atividade de hoje, quais as estratégias que
você utilizou para concluí-la?
Entrevistado: Então..., primeiro eu coloquei a busca, né, sobre ciclismo... é... de montanha e
de estrada e separei os dois, coletei informações sobre os dois, mas eu procurei no Google,
claro, e ele vai oferecer várias fontes ali... Jogos das olimpíadas, Wikipédia... Eu coletei as
informações mais objetivas sobre o tema.
Entrevistador: Você se preocupou com os tipos de sites, com o conteúdo?
Entrevistado: Eu me preocupei sim. Eu peguei aquilo que eu achava mais confiável.
Entrevistador: E depois disso, o que você fez?
Entrevistado: Então, o recurso que eu tinha pra usar era o Word, né. Aí eu organizei, certinho,
os tópicos, em ordem, e coloquei a bibliografia. Os Sites onde eu coletei as informações e
terminei o trabalho.
Entrevistador: Então você considera seu trabalho como concluído: você conseguiu
realizar a busca e concluir o infográfico?
Entrevistado: Sim!
Entrevistador: Nada te atrapalhou..., você não teve nenhuma restrição ou barreira para
concluir a atividade?
Entrevistado: Não! Nada me atrapalhou! Mas ele foi um trabalho assim, sem foto..., sem
imagem..., mas ele foi muito bem organizado.
Entrevistador: Uhum... E agora que você já concluiu a atividade, faria alguma coisa
diferente?
Entrevistado: Não!
167
Entrevistador: Não? Ok! É... A formação oferecida pra você na universidade, é
importante, te ajuda no momento de realizar atividades como esta?
Entrevistado: Sim, ajuda!
Entrevistador: Em que?
Entrevistado: A formação você diz, os professores...?
Entrevistador: A formação diz respeito às disciplinas ofertadas, a metodologia que a sua
faculdade adota...
Entrevistado: Ah, tá! Entendi. Claro, ajuda, né! Cada dia que a gente via pra universidade e
conversa com um professor e com outro, eles vão dando dicas, né, de como facilitar uma busca
de alguma coisa..., eles vão falando o lugar que é melhor pra você coletá informação... Ajuda,
bastante.
Entrevistador: Ok, ok! Então, é isso, tá? Muito obrigado!
Entrevistado: De nada!
Participante 10
Início A1. Google. “Ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. Google Imagens.
Navegação. Google. Navegação. Encadeamento F. #01 wikipedia.org. Navegação.
Encadeamento T. Google. Início S A1. Google. “Ciclismo de estrada e de montanha
diferença”. Navegação. Encadeamento T. Google. Início S A1. Google. “ciclismo de estrada
x montanha”. Navegação. Encadeamento T. Google. Início A1. Google. “ciclismo de
estrada”. Navegação. Encadeamento F. #01 wikipedia.org. Navegação. Encadeamento T.
Google. Início S A1. Google. “ciclismo de estrada o que é”. Navegação. Encadeamento F.
#01 wikepedia.org. Navegação. (realizada inícios diferentes, mas acessa o mesmo site:
Wikipédia). Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F. #02
brasil.2016.gov.br. Navegação. Encadeamento F. #04 revistabicicleta.com.br. Navegação.
Abre o Word. Extração primária.
Retoma A1.
Abre A2. Início S A2. Google. “ciclismo relógio”. Navegação. Encadeamento F. Google
Imagens. Navegação. Início S A2. Google Imagens. “relógio”. Navegação. Abre o Word.
Extração Imagem. (gasta um tempo considerável tentando encaixar a imagem no texto).
Retoma A2. Início S A2. Google Imagens. “resistência”. Navegação. Início S A2. Google
Imagens. “Ciclismo”. Navegação. Abre o Word. Extração Imagem.
168
Retoma A2. Início P A2. Google Imagens. “Ciclismo de montanha”. Navegação.
Encadeamento F. Google Web. Navegação. Encadeamento F. #05 newzealand.com.br.
Navegação. Abre o Word.
Retoma A1.
Abre A3. Início S A3. Google. “Bomba”. Navegação. Encadeamento F. Google Imagens.
Início S A3. Google Imagens. “Resistência pessoa”. Navegação. Abre o Word.
Retoma A3. Início S A3. Google Imagens. “Resistência ciclismo”. Navegação.
Retoma A2. Navegação. Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F. #04
ciclofemini.com.br. Navegação. Abre o Word.
Retoma A3. Navegação. Início S A3. Google Imagens. “bicicleta ciclismo”. Navegação.
Retoma A2. Navegação.
Retoma A3. Navegação. Início S A3. Google Imagens. “capacete ciclismo”. Navegação. Abre
o word. Extração Imagem.
Retoma A2. Navegação. Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F.
#01wikipedia.org. Navegação. Encadeamento T. Google. Início S A2. Google. “o que é
ciclismo de montanha”. Navegação. Encadeamento F. #06 ciclofemini.com.br. Navegação.
Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeaento F. #01 wikepedia.org. Navegação.
Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F. #03 studiobikefit.com.br.
Navegação. Encadeamento T. Google. Navegação. Encadeamento F. #06
ciclofemini.com.br. Navegação. Abre o Word. Extração P. (pede ajuda ao pesquisador para
retirar os marcadores de espaçamento do Word. Não obtendo êxito com uma possível ajuda,
gasta considerável tempo nessa atividade).
Abre o PowerPoint.
Retoma A3. Início S A3. Google Imagens. “ciclismo na estrada”. Navegação. Fecha A3.
Retoma A2. Navegação. Abre o PowerPoint.
Retoma A1. Navegação. Encadeamento T. Google. Encadeamento F. Google Imagens.
Início S A1. Google Imagens. “Ciclismo montanha”. Navegação. Abre o Word. Extração
Imagem.
Retoma A1. Navegação. Início S A1. Google Imagens. “Ciclismo montanha obstáculos”.
Navegação. Início S A1. Google Imagens. “Ciclismo montanha Everest”. Navegação. Abre o
Word. Extração Imagem. (formata o texto).
169
Observação: Não demonstra falta de familiaridade com o Word, gastando expressivo
tempo para retirar os marcadores de espaço, ferramentas de revisão textual. Isso afeta o
desenvolvimento da atividade, resultando em uma produção longe da esperada. Realiza
somente extrações primárias.
Participante 10
Entrevistador: Com relação ao uso do computador e da Internet, como você se denomina:
regular..., experiente... ou... inseguro?
Entrevistado: Regular.
Entrevistador: Regular? Por que você se denomina assim?
Entrevistado: Porque eu sei mais ou menos os macete ali, né.
Entrevistador: Os macetes?
Entrevistado: É... sei mais ou menos como mexer.
Entrevistador: Entendo. Ok. E você tem computador em casa?
Entrevistado: Tenho!
Entrevistador: E... e... que tipo de uso você faz desse computador?
Entrevistado: Mais pra uso da Internet: redes sociais, ver as notícias ou algum trabalho da
faculdade!
Entrevistador: Certo! Então os seus usos são variados, mas restritos à Internet?
Entrevistado: Isso, isso!
Entrevistador: Ok. Bem, e já que esses são seus usos, você utiliza o computador com mais
frequência em casa ou na universidade?
Entrevistado: Em casa!
Entrevistador: E por que você não o utiliza em outros ambientes, como na universidade,
por exemplo?
Entrevistado: Na verdade, eu também utilizo no serviço.
Entrevistador: Você trabalha com o que?
Entrevistado: Eu sou estagiário em uma escola.
Entrevistador: Tá! E você usa mais em casa ou no trabalho?
Entrevistado: Mais em casa.
Entrevistador: E por quê?
Entrevistado: Porque em casa eu tenho mais tempo e... porque eu faço as coisas que gosto.
Lazer...
170
Entrevistador: Então qual o tipo de Internet que você tem na sua casa, banda larga..., via...
Entrevistado: Banda Larga.
Entrevistador: É... quais são as suas principais fontes de informação, onde você costuma
buscar informações? No computador..., Internet..., em jornais, revistas?
Entrevistado: Na Internet.
Entrevistador: Ok! Ah... com relação à atividade de hoje, quais as estratégias que você
utilizou para concluí-la? Como você fez, passo a passo?
Entrevistado: Então, eu utilizei o Word, né...
Entrevistador: Uhum. Mas, primeiramente, o que você fez? Você começou pelo Word?
Entrevistado: Pesquisei.
Entrevistador: Aham!
Entrevistado: Pesquisei as palavras-chave. Aí... copiou, colou... Coloquei no Word. Só que
tive dificuldade porque... eu não sei mexer muito bem no Word.
Entrevistador: Entendi. Tá bem. Pode falar...
Entrevistado: Foi isso.
Entrevistador: Foi isso? Ok. Você trabalhou com imagens?
Entrevistado: Sim, trabalhei.
Entrevistador: É... você conseguiu concluir a atividade?
Entrevistado: Não perfeitamente, né. Assim..., a primeira pergunta e a segunda, mas... eu
poderia ter feito melhor.
Entrevistador: Entendo. E o que te atrapalhou, então?
Entrevistado: Foi manusear mesmo, saber mexer com o Word.
Entrevistador: Ok. Bem, agora que já transcorreu o tempo, você faria alguma coisa
diferente?
Entrevistado: Sim!
Entrevistador: O que, por exemplo?
Entrevistado: Sei lá, aprender mexer no Word, fazer melhor.
Entrevistador: Entendi. Estudar o Word.
Entrevistado: É...
Entrevistador: Você acha que a formação que está sendo oferecida a você na universidade,
no seu curso, te ajuda a realizar atividades como esta, como as de hoje?
Entrevistado: Sim!
Entrevistador: Ajuda em que?
171
Entrevistado: Na escrita, nas palavras...
Entrevistador: Uhum... Tá! Tá, ok! Era isso. Muito obrigado.
Participante 11
Início A1. Google. “ciclismo de estrada”. Navegação. Encadeamento F. #01 wikipedia.org.
Navegação. Abre o Word. Extração Imagem.
Retoma A1.
Abre A2. Início S A2. Google. “como se constroi um infografico”. Navegação.
Encadeamento F. #01 resultadosdigitais.com.br. Navegação. Abre o Word.
Retoma A1. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A1. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Retoma A1. Navegação.
Abre A3. Início A3. Google. “ciclismo de montanha”. Navegação. Encadeamento F. Google
Imagens. Navegação. Encadeamento F. [ciclismo de montanha] clica com o botão direito do
mouse e gera A4, mas não a abre. Navegação. Encadeamento T. Google Web. Navegação.
Encadeamento F. #05 bikeloko.com.br. Navegação. Abre o Word. Extração P.
Abre A4. Navegação. Abre o Word. Extração Imagem.
Retoma A3. Navegação.
Abre A5. Início S A5. Google. “iconi de ciclismo”. Navegação. Encadeamento F [Imagens
de iconi de ciclismo]. Google Imagens. Navegação. Abre o Word. Extração Imagem.
Retoma A5. Navegação. Abre o Word. Extração Imagem.
Observação: Se perde durante os usos das ferramentas do Word. Gasta muito tempo
ajustando as imagens. Por conta da disposição das imagens, tem dificuldade em colocar
parte do texto copiado dentro das margens do espaço destinado à escrita do corpo do
texto. Acaba copiando um trecho no cabeçalho, o que gera a duplicação, aparentemente
indesejável, do conteúdo na página seguinte. Tenta resolver esse problema apagando o
cabeçalho da página seguinte, o que acaba apagando também o da página anterior, o qual
não era desejável que desaparecesse. Gasta muito tempo com essas questões técnicas e
acaba produzindo um infográfico sem coesão intersemiótica e, até mesmo, sem requintes
estilístico-composicionais.
Participante 11
172
Entrevistador: Vamos lá! Com relação aos usos do computador e da Internet, como você
se denomina: Experiente..., regular... ou inseguro?
Entrevistado: Regular.
Entrevistador: E por quê?
Entrevistado: Porque tem um tempo já que eu manipulo o computador e a Internet em casa,
né. Então, me considero regular.
Entrevistador: Tá! Mas você tem dificuldade em algum aspecto, alguma coisa que não te
habilite a dizer que é experiente?
Entrevistado: É..., às vezes, quando eu tento formatá, deixar, assim..., nas normas, eu tenho
alguma dificuldade.
Entrevistador: Com relação ao texto?
Entrevistado: Ao texto.
Entrevistador: Mas de modo geral, com relação ao computador e a Internet, você tem
algum problema...?
Entrevistado: Não!
Entrevistador: Tudo bem. Você possui computador em casa?
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: E o que você mais faz nesse computador, como você utiliza o computador
e a Internet em casa?
Entrevistado: Eu entro nas redes sociais, né... Eu também uso muito o e-mail, né... e também
uso muito o Youtube pra estudar.
Entrevistador: Uhum. Ok! E onde você mais usa o computador: em casa, na faculdade,
no trabalho?
Entrevistado: Em casa!
Entrevistador: Por que não em outros ambientes?
Entrevistado: É porque eu trabalho com crianças, né, e não uso computador. Em casa, porque
eu tenho que lançar conteúdos, presenças e faltas de crianças...
Entrevistador: Você é pedagogo?
Entrevistado: Pedagogo!
Entrevistador: Ok! Bem, se você lança notas, deve ter acesso à Internet em casa.
Entrevistado: Sim.
Entrevistador: Qual o tipo da sua Internet: banda larga, via rádio?
Entrevistado: Via rádio.
173
Entrevistador: Você mora onde?
Entrevistado: [Nome do bairro].
Entrevistador: E lá não tem banda larga?
Entrevistado: Até últimas informações, lá não tinha fibra ótica.
Entrevistador: Entendo. É o mesmo caso do meu bairro. É... quais são as suas principais
fontes de informação, onde você costuma buscar informações?
Entrevistado: Na Internet.
Entrevistador: Uhum. E tem sites específicos?
Entrevistado: Sim. Dourados News, 94 FM.
Entrevistador: Entendi. Ok! E quais são as estratégias que você utilizou pra cumprir essas
atividades, como você fez essa atividade?
Entrevistado: Eu fui lá no Google, peguei o que era cicrismo, peguei os dois itens pedido,
colei. Copiei a imagem e colei no Word. Aí peguei as informações também e colei no Word. Aí
busquei um ícone, né..., que representasse o cicrismo, colei.
Entrevistador: Interessante. Ah... você, então, conseguiu terminar a atividade?
Entrevistado: Acredito que sim.
Entrevistador: E alguma coisa te atrapalhou ou correu tudo bem?
Entrevistado: Não, nada me atrapalhou.
Entrevistador: Você faria alguma coisa diferente?
Entrevistado: Olha, digamos assim: quando a escola pede uma atividade diferente, né, aí a
gente tem mais tempo usando... Se, por ventura, eu não der conta, eu pego uma colega mais
experiente, digamos, e ela formata para mim. Então, acredito que não.
Entrevistador: Ok! Você acredita que a formação que está sendo oferecida no curso de
letras, a metodologia dos professores, o conteúdo, o formato das aulas, te ajuda no
momento de realizar atividades como as de hoje?
Entrevistado: Ajuda. Devido ao que? Ao longo do nosso curso..., a gente vai precisar fazê isso.
Então... ajuda!
Entrevistador: Ajuda?
Entrevistado: Ajuda.
Entrevistador: Ok! Muito obrigado! Era isso.