Além da Porteira - Itapetininga

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Ceprevi - Meninos da Porteira promovem Inclusão Social e Diversidade Cultural Em Itapetininga o Ponto de Cultura Meninos da Porteira, projeto criado e coordenado pela entidade Ceprevi em par- ceria entre o governo federal, o Ministério da Cultura e o governo estadual, pela Secreta- ria de Estado da Cultura, com participação da Prefeitura de Itapetininga, tem desenvolvido ações pioneiras na defesa da cultura caipira e dos direitos das pessoas com deficiência visual. A inclusão social e a cidadania são metas que os integrantes do Ponto de Cultura tem bus- cado atingir, sem medir esfor- ços, bem como oferecer servi- ços de qualidade a custo zero para a população do municí- pio. Por meio de cursos e ações coordenadas, gestores tem se esforçado para que o municí- pio e sua população possam ter qualidade de vida aliada a arte, sem esquecer de pessoas que enfrentam limitações em sua rotina diária. Conheça mais sobre este trabalho. Página 3 Fazendo a diferença O trabalho voluntário, para muitos brasileiros, tem sido a maneira de fa- zer a diferença frente aos problemas que as esferas governamentais não con- seguem resolver. O ter- ceiro setor, vem deixando sua marca em Itapetinin- ga por meio do Ceprevi e do voluntariado. Página 2 Tapanaraca comemora 10 anos com parceria O grupo de teatro Ta- panaraca, é um sucesso de público na cidade e re- gião. O projeto tem colhi- do bons frutos na parceria firmada com o Meninos da Porteira, abrindo por- tas para novos apresenta- ções. Os espetáculos ga- nharam em qualidade e diversificação. Página 4 Pesquisador fala sobre Dança Caipira O professor de viola cai- pira do Ponto de Cultura, Bruno Sanches, pesquisou manifestações como Cati- ra e Dança de São Gonça- lo. Ele visitou locais tra- dicionais, onde os grupos se reúnem e falou sobre essa experiência em uma entrevista exclusiva para o Além da Porteira. Página 4 Espetáculo emocionou os presentes, mostrando a beleza e importância da preservação da cultura caipira na cidade Teatro e música: união de sucesso Tradição é mantida por grupos familiares

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Jornal do Ponto de Cultura Meninos da Porteira.

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Ceprevi - Meninos da Porteira promovemInclusão Social e Diversidade Cultural

Em Itapetininga o Ponto de Cultura Meninos da Porteira, projeto criado e coordenado pela entidade Ceprevi em par-ceria entre o governo federal, o Ministério da Cultura e o governo estadual, pela Secreta-ria de Estado da Cultura, com participação da Prefeitura de Itapetininga, tem desenvolvido ações pioneiras na defesa da cultura caipira e dos direitos das pessoas com deficiência visual. A inclusão social e a cidadania são metas que os integrantes do Ponto de Cultura tem bus-cado atingir, sem medir esfor-ços, bem como oferecer servi-ços de qualidade a custo zero para a população do municí-pio. Por meio de cursos e ações coordenadas, gestores tem se esforçado para que o municí-pio e sua população possam ter qualidade de vida aliada a arte, sem esquecer de pessoas que enfrentam limitações em sua rotina diária. Conheça mais sobre este trabalho.

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Fazendo adiferençaO trabalho voluntário,

para muitos brasileiros, tem sido a maneira de fa-zer a diferença frente aos problemas que as esferas governamentais não con-seguem resolver. O ter-ceiro setor, vem deixando sua marca em Itapetinin-ga por meio do Ceprevi e do voluntariado.

Página 2

Tapanaraca comemora10 anos com parceriaO grupo de teatro Ta-

panaraca, é um sucesso de público na cidade e re-gião. O projeto tem colhi-do bons frutos na parceria firmada com o Meninos da Porteira, abrindo por-tas para novos apresenta-ções. Os espetáculos ga-nharam em qualidade e diversificação.

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Pesquisador fala sobreDança Caipira

O professor de viola cai-pira do Ponto de Cultura, Bruno Sanches, pesquisou manifestações como Cati-ra e Dança de São Gonça-lo. Ele visitou locais tra-dicionais, onde os grupos se reúnem e falou sobre essa experiência em uma entrevista exclusiva para o Além da Porteira.

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Espetáculo emocionou os presentes, mostrando a beleza e importância da preservação da cultura caipira na cidade

Teatro e música: união de sucesso Tradição é mantida por grupos familiares

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Ano I - nº012

O Ponto de Cultura Meninos da Porteira nas-ceu do esforço de pesso-as comprometidas com o desenvolvimento socio--cultural, aliado a questão da inclusão do ser huma-no que vive uma realidade diversa em nossa socie-dade. É o caso do Cepre-vi, entidade que trabalha com deficientes visuais.

Cada dia mais o chama-do terceiro setor tem se esforçado para levar até o cidadão serviços, os quais muitas vezes o poder público, por limitações diversas, não consegue

Editorial

ExpedientePontão de CulturaJornal do Ponto

Coordenador CulturalMurilo Oliveira

ArticuladoraEliana Silveira

EstagiáriosKarina Koch, Marina Sch-midt, Eduardo Kaze, Bruno Praun Coelho e Nilton Faria de Carvalho

Oficina de JornalMontero Netto – 32814/SP

Oficina de Design GráficoNatália Balladas

Este periódico é produto das oficinas de comunicaçãopromovidas pelo Pontão de Cultura Jornal do Ponto,

projeto da Associação dos Jornais do Interior do Estadode São Paulo (ADJORI-SP) em convênio com o

Ministério da Cultura sob o nº 748226/2010.

Realização

Realização

oferecer. Nosso Ponto de Cultura tem como objetivo fornecer benefícios cultu-rais aos deficientes visuais e a qualquer pessoa dis-posta a testar e desenvolver suas capacidades, por meio de atividades estimulantes para o ser humano.

Temos a consciência de que o trabalho realizado na cidade deve ser desfru-tado por todos. Afinal de contas, nossas atividades são gratuitas como, as au-las de viola caipira, o coral (que proporciona forma-ção musical), e as oficinas de artesanato em argila,

se transformam em bons convites para os interes-sados ingressarem neste mundo maravilhoso de possibilidades.

Muitas pessoas ainda desconhecem nossa traje-tória, nossas atividades e nossas possibilidades para o presente e o futuro. Mas esta barreira começa a ser quebrada por meio deste jornal, com a finalidade de informar o leitor sobre tudo que falamos até ago-ra. Leia atentamente esta publicação e nos procure. Estamos de braços abertos esperando sua visita.

Redação Montero Netto – 32814/SP Editoração e Arte Final Natália Balladas Ponto de Cultura: Meninos da Porteira

Participantes:Danilo Newman, Giovana Soares, Karina Gabriela Mangili, Marcos Vinicius de Moraes Terra, Mirella Tainara S. Almeida, Pablo Antonio de Carvalho, Ra-fael Eduardo, Rafael Tava-res de Morais, Wesley Ga-maliel B. A. Miller, Zairan Silva F. dos Santos

Voluntários: fazendo a diferençaO serviço solidário já era

praticado no Brasil pelo pa-dre José de Anchieta. O pá-roco pode ser considerado o primeiro voluntário do país. Durante muitos anos, a maioria das ações foram de-senvolvidas de maneira mais assistencialista e emocional.

Mas foi a partir da década de 80, que o voluntariado co-meçou a modificar seu perfil, ganhando uma forma mais combativa, buscando resulta-dos para promover a cidada-nia e o bem estar social. Em 1985, foi criado pela ONU o Dia Internacional do Volun-tariado e, em 2001, o Ano In-ternacional do Voluntariado. De acordo com a definição da Organização das Nações Uni-das, voluntário é aquele que doa seu tempo de forma não remunerada para trabalhar em causas sociais. Segundo o Censo 2005, o Brasil conta com 19,7 milhões de volun-tários. Desse total 53% são homens e 47% mulheres.

Ambos trabalham em média 6 horas por mês.

A mesma pesquisa revelou ainda que 60% dos brasilei-ros gostariam de ser volun-tários, mas não sabem como ou não dispõem de tempo. É importante colocar que para ser voluntário não é preciso quantidade de tempo, mas sim a qualidade do tempo despendido em determinada atividade. Há ainda questões como o resultado da ação de-senvolvida, os esforços e a sua identificação com a causa.

O Ceprevi tem atuado em

favor da pessoa com defi-ciência visual e gostaria de contar com você. Precisa-mos de voluntários em di-versas áreas para minimizar as dificuldades dos assisti-dos, otimizando a qualidade dos nossos serviços: habili-tação, reabilitação, capaci-tação e inclusão social. Suas ideias ou contatos podem nos ajudar. Nosso endereço é rua Sulpízio Colombo, 30, Jd. Colombo e o telefone: 3272-5260. Contate-nos: [email protected]. Venha nos fazer uma visita.

Ano Novo com Pé na EstradaO ano de 2012 promete ser

bem agitado para o Ceprevi e o projeto Meninos da Por-teira. Já estão definidos os detalhes da grande turnê que será feita. Ao todo serão dez apresentações, as quais irão percorrer as cidades do inte-rior do estado de São Paulo. O grupo também se apresenta-rá em casa, subindo ao palco de Itapetininga. Os eventos contarão com a presença do grupo de viola do Ponto de Cultura Meninos da Porteira, com o Coral de deficientes visuais da instituição e exposi-ção das peças de argila produ-zidas pelos alunos do Centro.

O espetáculo ‘Inclusão

e Diversidade’ é composto por dança, música e poesia. No roteiro estão canções co-nhecidas cancioneiro caipira que, ao som dos violeiros da orquestra e das vozes do co-ral, ganham um novo brilho encantando os expectadores. Vale lembrar: o grupo já foi homenageado por artistas como Sérgio Reis e o maestro João Carlos Martins. Eles se mostraram maravilhados em ver o trabalho produzido pe-los envolvidos no projeto.

Mais informações sobre a agenda de shows, bem como a história do projeto, podem ser acessadas pelo portal www.meninosdaporteira.org.br

Quem se dedica a uma causa vive com mais qualidade

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Ano I - nº01 3

Entoando a música que faz parte do repertório do espetáculo “Inclusão e Di-versidade” promovido pelo Ceprevi - Centro de Pes-quisa e Reabilitação Visual de Itapetininga - no projeto Meninos da Porteira, con-tamos a nossa história nes-ta reportagem, a qual temos certeza irá esclarecer quem somos e o que fazemos. A instituição foi formada por um grupo de pessoas, afim de, construir uma comuni-dade mais fraterna, inclusi-va e cidadã.

Assim, em 2003, foram iniciados os trabalhos deste grupo, fundando a entidade. Como era es-perado as dificuldades não foram poucas, mas a equipe estava pronta para atender seu princi-pal público, as pessoas com deficiência visual. Acreditando na máxima que ‘ninguém é uma ilha’, os dirigentes do Ceprevi partiram para o trabalho diuturno, buscando apoio e parceiros na sociedade civil organizada. O isola-mento, definitivamente, estava fora do vocabulário básico da entidade. Entre suas metas estava a busca pelo aumento do número de pessoas atendidas pe-los serviços oferecidos. Afinal de contas, como já é sabido, muitos deficien-tes não buscam apoio por falta de conhecimento e condições. Este foi mais um desafio assumido pela equipe do Centro, mostra-mos que o trabalho volun-tário e a doação para os outros se tornaram ferra-mentas importantes para a conquista da cidadania dos atendidos.

A música quevem do coração

Dentro deste conceito a entidade sempre esteve

Ceprevi - Meninos da Porteira promovem Inclusão e Diversidade Cultural

além de suas paredes, apre-sentando à comunidade a beleza do trabalho social, conquistando a todos que por ali viverão momentos de inclusão e diversidade. Com o tempo, as atividades da instituição foram além do trabalho de reabilitação

e pesquisa na área da defi-ciência visual.

A música e a argila tor-naram-se parte do pla-no pedagógico e cultural da entidade, fomentando ações que funcionassem como elo principal com

a comunidade, além de enaltecer a cultura local.

Nasce um PontoInscrito e premiado pelos

governos federal e estadual, no edital, Pontos de Cultura de 2009, o Meninos da Porteira começou a oferecer ao itapeti-ninganos aula de arte em argila e canto coral, direcionadas aos deficientes visuais atendidos pelo Ceprevi e viola destinadas a comunidade local.

Além dessas ações, nos dois primeiros anos do projeto (2010 e 2011), foram criadas parcerias, as quais geraram vários espetáculos, oriundos das atividades criadas. Desta-que para o show ‘Inclusão e Diversidade’, apresentado no teatro do Sesi do município, que reuniu no mesmo palco o coral, formado pelos defi-cientes visuais da instituição e o grupo de viola, formado na comunidade.

O sucesso foi tanto que o evento foi incluído no proje-to Revelando São Paulo, do governo do estado. O maes-tro João Carlos Martins, co-

nhecido internacionalmente pela sua competência e his-tória de superação, foi um dos espectadores a se emo-cionar vendo a poesia de Nhô Bentico, recitada pela menina Kerolin.

O projeto foi lembrando também durante o show do cantor Sérgio Reis, na ci-dade. O artista parou sua apresentação para mais de 15mil pessoas e fez uma homenagem ao projeto que leva o nome da música eter-nizada em sua voz. Com suas ações o Centro de Pes-quisa e Reabilitação Visual de Itapetininga tem criado raízes, mostrando que não há construção de uma socie-dade plural, sem o resgate da palavra inclusão, o qual vai além das barreiras físicas, trabalhando pelo fim dos obstáculos sociais.

Um pouco maissobre as aulas de Argila

Para pessoas com defici-

ência visual todo trabalho manual é importante, no que tange trabalhar a coor-denação motora e o sentido de espacialidade. Na ação com a argila os resultados são comprovados na prática. Aprimorar o tato é apenas um destes benefícios, auxi-liando em toda a formação escolar direcionada para a preparação de uma vida pro-dutiva e feliz.

Outro fato importante a se destacar, é que os alunos da oficina de argila produzem peças belíssimas, favorecen-do o descobrimento de ta-lentos ocultos para o mundo das artes plásticas.

Os interessados em par-ticipar das oficinas podem procurar a sede do Cepre-vi, localizado na rua Sul-pízio Colombo,30, Jardim Colombo. Mais informa-ções podem ser obtidas pelo telefone 3272-5260 ou pelo e-mail [email protected].

Espetáculos mostram que limites podem ser vencidos com arte e cultura

Peças em argila ganham simpatia e admiração do público

“”

Todo dia o sol levanta, e a

gente canta ao sol de todo dia (Canto de um Povo de um

Lugar, Caetano Veloso)

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Ano I - nº014

Tapanaraca comemora10 anos com parceria junto

ao Meninos da Porteira

O cenário cultural de Ita-petininga não é rico apenas na questão musical. A mile-nar arte do teatro também tem espaço reservado no município. Assim diretores, atores e produtores podem mostrar o que sabem. Neste quadro, em 2002, os atores Fábio Jurera e Lucy Villar, decidiram montar um grupo para o público de Itapetinin-ga: o Tapanaraca, “Mutatis Mutandis”. Naquele momen-to Ailson Martins e Diogo Cruz, se integraram a equipe dirigida por Jurera.

O primeiro trabalho do Grupo foi a peça ‘Fofo meu Amor’, apresentada nos inter-valos das escolas municipais. O resultado foi positivo, com os atores ganhando a simpatia da juventude interessada pela iniciativa do grupo. A partir daí a ação evoluiu e a comuni-dade estudantil foi definitiva-mente afetada pela iniciativa do dos artistas.

AniversárioAtualmente o Tapanara-

ca, completando 10 anos de estrada, conta com mais de 50 integrantes, na faixa etá-ria dos oito aos 70 anos de idade. A equipe já realizou

mais de 48 montagens de peças teatrais, de diversos estilos, conquistando mais de 45 prêmios em festivais da região. Destaque para os prêmios de melhor ator e atriz coadjuvantes, me-lhor espetáculo, direção, sonoplastia, iluminação, cenários, entre outros.

Juntando ForçasA parceria com o músico

Bruno Sanches, do Ponto de Cultura Meninos da Portei-ra, surgiu quando ele acom-panhava os ensaios da peça Roque Santeiro, de Dias Go-mes. A vontade de trabalhar junto foi efetivada. Neste trabalho Sanches sugeriu integrar ao grupo um conte-údo relacionado para as cha-madas Peças Caipiras, ação que atende perfeitamente a missão do Meninos da Por-teira na preservação da cul-tura cabocla. A junção de forças inclui instrumentos musicais, aulas de canto e de percussão corporal. Assim, o Grupo Teatral Tapanaraca continua com seu o traba-lho de levar arte e cultura ao público de Itapetininga e re-gião, com grandes expectati-vas para o ano de 2012.

O músico e pes-quisador Bruno Sanches, especia-lista em cultura e viola caipira, alia formação acadêmica com a prática. Regen-te da Orquestra de Violeiros de Itapetininga, ar-tista acostumado à rotina de sho-ws, premiado no circuito cultural, Sanches recebeu a equipe de repor-tagem do Além da Porteira para uma entrevista exclusi-va. Ávido em co-nhecer as mani-festações culturais da cidade, o pesquisador mergulhou no universo das danças caipiras. Ele falou sobre o tema, rela-tando experiências que inte-ressam aos amantes da cul-tura produzida no interior do estado de São Paulo.

Além da Porteira - Quais as danças caipiras que você acompanhou em Itapetininga?

Bruno Sanches - Eu já fui ver e participar do fandango e da dança de São Gonçalo.

AP - O que é o Fandango?Sanches - É uma dança de

sapateado, assim como a ca-tira. Os membros do Grupo Nossa Senhora de Apareci-da, aqui de Itapetininga, por exemplo, chamam a dança de catira, mas afirmam que antigamente ela era chama-da de fandango. Creio que a mudança no nome ocorreu em virtude do aparecimen-to de duplas de catira na TV, como Vieira e Vieirinha. O ideal é ter um número par, mas segundo os dançadores, antigamente eles dançavam em família, com vinte ou mais pessoas. No Grupo de Catira Nossa Senhora Aparecida eles são cinco, atualmente, um violeiro e quatro dançadores.

AP - Quantos grupos exis-tem na cidade?

Pesquisador fala sobre Dança Caipira de Itapetininga

Sanches - Dois, na sua maioria idosos. A faixa etá-ria varia de 40 a 90 anos. Hoje, o grupo Nossa Senho-ra Aparecida se encontra com as atividades reduzi-das, mas esse é o único gru-po organizado da cidade. Há também o grupo do Pi-nhé, composto por quatro dançadores entre os quais estão os irmãos Euclides e o

Lucídio Proença. Eles tocam e dançam ao mesmo tempo. O fandango está sob risco de extinção, pois não há muitos jovens interessados em conti-nuar a tradição. Isso inclusive desmotiva os mais velhos a continuarem a dança, porque percebem que ela pode mor-rer junto com eles.

AP - Qual a história da dança de São Gonçalo?

Sanches - Muitas manifes-tações caipiras têm relação com a fé católica. O Cururu,

as Folias de Reis, a Dança do Divi-no, entre outras. Um dos motivos da diminuição dessas tradições foi à conversão de alguns dança-dores ao protes-tantismo. A dança de São Gonçalo é uma dessas dan-ças religiosas. São Gonçalo é um santo casamentei-ro, além de prote-tor dos violeiros e das prostitutas. Há muitas pessoas que fazem promes-sa ao santo e, quan-do agraciadas em

seus pedidos, oferecem a dança em suas casas.

AP - Como ela acontece?Sanches - Em roda e em

pares, com o mesmo tanto de mulheres e homens. Cada rodada da dança é chama-da de vorteada, e somam quatro durante a noite. As três primeiras são a paga da promessa do dono da casa e a última é a oferta dos violei-ros ao seu santo protetor. Em algum momento, entre uma vorteada e outra, o dono da casa oferece alimento aos dançarinos. As pessoas vin-culadas às práticas corporais e à natureza utilizam bastante esse tipo de dança, ligadas aos rituais em épocas de colheitas, de celebrações religiosas e ou-tras. As danças circulares são formas de revitalizar as ener-gias, e creio que a dança de São Gonçalo tenha essa função, como paga de promessa. Essa prática ainda acontece predo-minantemente na zona rural. Aqui na cidade, conheci ape-nas os tocadores, irmãos Lu-cídio e Euclides Proença (os quais já citei anteriormente) e o Marcílio da Rocha com o Zé Martins. Vale notar que a dança é sempre conduzida por dois violeiros, sendo um deles o Mestre da Dan-ça de São Gonçalo.

Sanches conheceu detalhes de perto

Grupo vem conquistando simpatia do público com trabalho diferenciado

O fandangoestá sob risco de

extinção, pois não há muitos jovens

interessadosem continuar

a tradição