Alceu Medeiros -...

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | 5 DE ABRIL DE 2016 | EDIÇÃO 177 54 3452.4723 | [email protected] Rua General Osório, 309 - Sala 904 - Centro - Bento Gonçalves - RS Alceu Medeiros, advogado e exator estadual aposentado Uma longa história sobre a política local vai ser contada no livro “O Hospital de Papel”, que estou escrevendo.

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54 3452.4723 | [email protected] General Osório, 309 - Sala 904 - Centro - Bento Gonçalves - RS

AlceuMedeiros,

advogado e exator estadual aposentado

Uma longa história

sobre a política local

vai ser contada no

livro “O Hospital de

Papel”, que estou

escrevendo.

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Integração - Quando e por que o senhor veio morar em Bento Gonçal-ves?

Medeiros - Sou exator estadual aposentado. Em 1982, fui transferido para Bento Gonçalves para trabalhar com o também exator José Homero da Costa. Ele conversava com os respon-sáveis pelas empresas com impostos estaduais em atraso, e eu acertava os parcelamentos. Chegava com autorida-de para cobrar. No momento em que se sonega, o Estado fica sem meios. Mas, eu sempre agia com diplomacia. Apren-di aqui com os italianos a ‘pechinchar’. Também aprendi a tomar vinho. Na abertura de uma das Fenavinhos, re-presentando a Exa-toria, fui colocado para integrar a mesa de honra, ocasião em que pedi uma coca-cola para mis-turar com o vinho. A atitude não pas-sou despercebida. Disseram: o senhor sabe quanto tempo estudamos enologia para melhorar a qualidade dos nossos vinhos secos? Expliquei que era acos-tumado com o suave. Serviram então o Sangue de Boi, da Cooperativa Aurora. Fiquei na Exatoria até 1987, ano em que

advogado Alceu Medeiros adotou Bento Gonçalves como sua cida-de do coração. Natural de Santa Rosa foi transferido para o municí-pio, em 1982, para trabalhar como exator da Receita Estadual. No auge de sua maturidade, Medeiros está escrevendo um livro sobre

o caso da construção, na cidade, de um Hospital Geral, que nunca saiu do papel, rendendo condenação ao então prefeito Fortunato Rizzardo (PDT). Ele se envolveu com a busca de informações sobre esse desvio de verba pública atuando como procurador-geral do município na administração do ex-prefeito Aido Bertuol, então PMDB, sucessor de Rizzardo. Com excelente memória, divide seu tempo entre a família, a leitura, o preparo do livro e o exercício da advocacia. Gosta muito de política, onde atua nos bastidores. Sua máxima é “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”, dita por Santo Agostinho. Entre seus feitos na cidade, se destacam a ação popular pela manutenção de uma tipuana na praça Walter Galassi e a assessoria jurídica gratuita prestada à extinta Asso-ciação de Inquilinos. É casado com a também advogada Veranice Altissimo Medeiros com quem tem a filha Maria Eduarda.Ká

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“Fui intimidado, fui ameaçado, mas a árvore continua aí”

fui eleito para assumir em Porto Alegre a presidência da Associação dos Audi-tores de Finanças Públicas do Estado do Rio Grande do Sul (AFERGS), cargo que ocupei até 1989. Depois me apo-sentei e passei a atuar como advogado, profissão que desde criança admirava. Prestei concurso para a Exatoria com o ensino médio. Cursei Direito após, em Passo Fundo. Sempre gostei de estudar e de ler. Estudava na rua embaixo de um poste de luz, porque meu pai queria que economizássemos energia elétrica.

Integração - Como foi sua infância e adolescência em Santa Rosa?

Medeiros - A minha infância foi muito difícil e, ao mesmo tempo, mui-to boa. Difícil, porque eu não tinha nem sapato. E boa, por-que havia um riacho perto de casa, cheio de peixes, dava até para pegar com as mãos. Perto também havia um campinho de futebol. Eu jogava

de pés no chão. Meu primeiro calçado foi uma alpargata. As chuteiras eram de bico duro. Valia tudo nesses jogos, me-nos xingar a mãe do outro. Na adoles-cência, joguei no Sepé Tiaraju de Santa

Kátia Bortolini

Tipuana na praça Walter Galassi foi preservada

Por Kátia Bortolini e Janete Nodari

Advogado Alceu Medeiros

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Essa região é a mais gaúcha do Estado.

A começar pelos municípios que têm

nomes dos heróis farroupilhas. Houve nessa terra a união

perfeita entre a cultura italiana e a

gaúcha. A junção do galeto e do churrasco, da farofa e da polenta.

Rosa. Hoje, meu jogo é na arquibancada. Sou tor-cedor do Internacional desde 1955.

Integração - Em que momento de sua trajetó-ria destacou-se o advogado?

Medeiros - Foi em 2001, quando impetrei uma ação popular contra o município encabeçada pelo jornaleiro Achiles Poli, evitando que fosse derruba-da a árvore da espécie Tipuana tipa, localizada na praça Walter Galassi, no centro da cidade. A prefei-tura alegava que a árvore estava doente e poderia cair. Também alegava que queria reformar a praça. O jornaleiro Achiles Poli, que tinha sua banca no local, pedia a manutenção da árvore, causa logo abraçada pela comunidade. A justiça solicitou uma nova avaliação técnica, feita pelo engenheiro flo-restal, Leomar Zancan, de Caxias do Sul. Com base na avaliação, a justiça determinou a manutenção da tipuana e a remoção dos parasitas que estavam sugando sua seiva. A decisão judicial foi cumprida e a árvore está de pé até hoje. Por trás, havia in-teresses. Depois descobri que investidores tinham feito uma boa oferta para o partido que estava no poder. Eles queriam investir nas imediações e o Plano Diretor da época exigia a abertura de uma rua no local. A árvore atrapalhava. Árvore é vida, é sombra, é oxigênio puro, sinônimo de saúde, e menos poluição no nosso planeta. Fui intimidado, fui ameaçado, mas a árvore está aí. O mesmo não aconteceu com a banca do Poli, excluída do cená-rio da praça com a remodelação do espaço.

Integração - Na década de 90, o senhor en-campou a causa da Associação dos Inquilinos de Bento Gonçalves contra a denúncia vazia, com re-sultados positivos. Como foi essa experiência?

Medeiros - Foi excelente. Conseguimos, o João Baptista Guimarães e eu, em Brasília, uma li-minar da justiça proibindo que as empresas imobi-liárias cobrassem dos inquilinos o IPTU e o seguro contra incêndio, conforme o previsto no Código Brasileiro do Consumidor. Na ocasião, fui procura-do por veículos de comunicação de várias capitais.

Integração - O senhor é pai da advogada Franciele, que participou do Big Brother de 2015. Como o senhor viu a participação?

Medeiros - Interessante, com muitos desdo-bramentos. Sei que ela fez o melhor que pode e penso que foi mal interpretada. Franciele é inteli-gente e gosta de estar em destaque. Na faculda-

de, queria tirar nota máxima em tudo para ser a laureada. Quase chegou lá. No tempo de perma-nência dela no programa fui muito assediado pela imprensa.

Integração - O que o atrai nessa região?Medeiros - Essa região é a mais gaúcha do

Estado. A começar pelos municípios que têm no-mes dos heróis farroupilhas. Houve nessa terra a união perfeita entre a cultura italiana e a gaúcha. A junção do galeto e do churrasco, da farofa e da polenta.

Integração - O senhor foi procurador do mu-nicípio na administração de Aido Bertuol, época em que abriu processo para investigar o sumiço de R$ 20 milhões destinados pelo governo federal ao município na administração anterior, de Fortunato Rizzardo, para a construção de um hospital geral. É uma longa história?

Medeiros - Sim, uma longa história que vai ser contada no livro “O Hospital de Papel”, que estou escrevendo. Ainda não tem data para o lançamen-to. Tenho cópias de todos os processos em mãos, todas as informações necessárias. Estou escreven-do devagar, porque a linguagem não pode ser em juridiquês. Sinto-me como se estivesse na bitola dos trilhos. Tenho que colocar todas as provas, para evitar processos. Na época, foi aberta uma CPI na Câmara Federal que não foi adiante, das cons-truções inacabadas. Aí começou o rolo dos “sete anões do orçamento” que acabou derrubando o presidente Collor... Foram Paulo Mincarone e Ante-nor Ferrari que conseguiram os 20 milhões para o hospital. Tenho o esboço do livro. Eu copiei todos os processos. Teve um sigilo muito grande nesse processo. Com o dinheiro do hospital, começou o

caixa dois no partido de Rizzardo. Na época, sofri ameaças e resolvi dar um tempo. Fiquei um ano e meio fora de Bento. A polícia federal disse “cata o gato, que eles vão te matar”. Cada vez que leio esse processo entro em depressão, porque pessoas da melhor estirpe se envolveram na falcatrua para ga-nhar dinheiro.

Integração - O senhor gosta de política. Como interpreta a politica de Bento Gonçalves?

Medeiros - Em 1982, quando mudei para cá, a política estava bem delineada. Tinha líderes como o falecido deputado federal Paulo Mincarone e o ex-prefeito Darcy Pozza. Mincarone era um perfei-to caudilho. Pozza é um politico nato, carismático. Bento deve homenagem a ele.

Integração - E o cenário atual?Medeiros - O Pasin era líder estudantil, uma li-

derança jovem formada na Fundação Educacional da Região dos Vinhedos, assim como os vereado-res Moisés Scussel, Moacir Camerini e o prefeito João Pizzio, de Pinto Bandeira. De 17 vereadores, o Camerini é o único de oposição contundente. As entidades representativas do setor empresarial do município canalizaram ao Pasin o projeto de poder para eleger deputado Estadual ou Federal, na ges-tão de Ademar Petry frente ao CIC. Só que Pasin cometeu um ato inábil na política que não tem no mapa. Exonerou do cargo de secretário de Gover-no o advogado Cesar Gabardo, filho de seu vice. O Gabardinho já era presidente do Diretório Munici-pal do PMDB, não podia ser Secretário. E, um fato ridículo: ele foi exonerado e não houve um voto a favor. A gente não pode contratar quem a gen-te não pode demitir. Os outros ficaram agarrados em seus cargos. Faltou solidariedade dos compa-nheiros antigos e da nova geração. Na ocasião, me pronunciei dizendo que o PMDB estava muito mal acompanhado pelo PP, tanto em nível nacional, como local. Sinto-me envergonhado com o que aconteceu. Ninguém foi solidário. Sou tão franco que, às vezes, a minha franqueza me prejudica. Por isso, não sou político.

Alceu com a esposa Vera e a filha Maria Eduarda

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Estudava na rua, embaixo de um

poste de luz, porque meu pai queria que economizássemos

energia elétrica.

Sou tão franco que, às vezes, a minha

franqueza me prejudica.

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Por Lucas de Lucca

A arquiteta Melissa Bertoletti, uma das 14 pessoas que seriam be-neficiadas com a fraude no concurso para a prefeitura de Bento Gonçalves, foi exonerada do Cargo de Confian-ça (CC) que ocupava no IPURB em 8 de outubro de 2015, dias após o Mi-nistério Público de Porto Alegre ter convocado uma coletiva de imprensa em Bento para informar sobre pos-sível “rolo” no processo da seleção, e recontratada em 6 de janeiro deste ano, para o mesmo cargo, de Diretora Adjunta do Instituto. Segundo o por-tal da transparência da prefeitura, o salário da Diretora Adjunta do IPURB é R$ 5.274,48.

O prefeito Guilherme Pasin re-contratou Melissa usando a lei mu-nicipal nº 5.992, de 20 de outubro de 2015. Conforme o enunciado, essa lei “concede revisão de vencimentos aos servidores e professores municipais detentores de cargos de provimen-to efetivo e servidores detentores de cargo em comissão e dá outras providências”. O parágrafo único da lei estabelece que: “ficam excluídos da revisão geral de vencimentos os seguintes cargos: Diretor do CTEC, Diretor do IPURB, Diretor Adjunto do IPURB”.

“A Lei 5992/2015 é inerente às remunerações percebidas diante da trimestralidade concedida. É apenas um aspecto técnico legal para citar onde a remuneração fica enquadra-da com o reajuste concedido. Não vejo problema algum, eis que, não existe ilegalidade no ato que possa gerar consequências contra a admi-nistração pública ou que o Prefeito tenha incidido em ilícito“, ressaltou o procurador geral do município, Sid-grei Spassini, ao explicar o porquê foi usada essa lei para a recontratação de Melissa.

O assessor de imprensa de Pa-

Prefeito Pasin recontratou em janeiro de 2016 arquiteta exonerada em outubro de 2015

Melissa Bertoletti, que seria uma das beneficiadas com o concurso de 2015, é diretora adjunta do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Urbano (IPURB)

Melissa Bertoletti, que prestou concurso para o cargo de Arquiteta, com apenas duas vagas, teve a alteração mais expressiva entre as 14 pessoas que seriam beneficiadas com a fraude. Na classificação original ela ficou no 33°lugar. Com a modificação passou para o segundo lugar.

Bruna Bavaresco, esposa do ex-secretário de Administração Rafael Paludo fez a prova para o cargo de enfermeira, com quatro vagas. Na classi-ficação original ficou em sétimo lugar (reprovada), mas ocupava o terceiro lugar nas notas apresentadas pela IDRH.

Bruna Zen Pauletto Cavalet, esposa de Luciano Cavalet, na época diretor do IPURB, fez prova para advogada, que tinha uma vaga. Na classifi-cação original não foi aprovada. Com a adulteração, ficou em primeiro lugar.

Cassio Rubbo. Fez prova para engenheiro químico. Na classificação original, não foi aprovado, mas com a alteração do ex-sócio da IDRH, Rubbo ficou em quarto lugar.

Josiane Lucatelli, assessora administrativa e colega de Rafael Paludo. Ela fez prova para Auditora de Tributos Municipais, com apenas uma vaga. Na classificação original, não foi aprovada. Com a alteração ficou em primeiro lugar.

Jessica Zandonai fez prova para assessor administrativo, com seis vagas. Na classificação original não foi aprovada. Com a adulteração, ficou em sexto lugar.

Valdecir Rubbo, presidente da Câmara de Vereadores de Bento Gon-çalves, fez prova para gestor público, apenas para cadastro de reserva. Na classificação original, não foi aprovado. Com a adulteração, ficou em quarto lugar.

Cristina Lorenzoni Pasqualotto Feltraco fez prova para farma-cêutica, que tinha apenas cadastro de reserva. Na classificação original ela ficou em sexto lugar. Com a adulteração, Cristina ficou em primeiro lugar.

Daiane Bosa Cepriani fez prova para agente tributária, que tinha uma vaga. Não havia sido aprovada por sua classificação original. Após a mo-dificação ficou em primeiro lugar.

Daniela Bortolett Marinho fez prova para psicóloga, que tinha quatro vagas. Na classificação original não foi aprovada. Com a adulteração, ficou em segundo lugar.

Débora Simone Simionato Fin havia feito prova para psicóloga. Ela não foi aprovada originalmente para as quatro vagas disponíveis, mas estava em quarto lugar na lista da prefeitura.

Denise Catto fez prova para enfermeira, que tinha quatro vagas. Na classificação original não foi aprovada. Com a adulteração, ficou em primeiro lugar.

Renato Fogar Lopes fez prova para gestor público, que tinha ape-nas cadastro de reserva. Na classificação original não foi aprovado. Com a adulteração ele ficou em primeiro lugar na classificação.

Anathalia da Silva Bolesina fez prova para auxiliar administrati-vo, que tinha 11 vagas. Mesmo com o maior número de vagas disponíveis, Anathalia foi reprovada, mas após a adulteração seu nome aparecia em nono lugar.

O promotor criminal Mauro Rochemback ressaltou, após ver as análises, que não houve nenhuma alteração nos cartões respostas do concurso para o Magistério.

sin, Carlos Quadros, ao ser indagado sobre a recontratação, em ligação telefônica na segunda quinzena de março deste ano, ficou de falar com o Prefeito para dar retorno, o que não ocorreu até agora. O promotor cível Alécio Nogueira diz que a recontra-tação de Melissa é legal. “Cargos de confiança podem ser contratados e desligados a qualquer momento. Não me cabe decidir se a recontratação é ética ou não”, complementa ele. Já Melissa, ao ser procurada no IPURB, não atendeu a ligação telefônica, por-que, segundo o atendimento, estava em reunião. Foi explicado o motivo do contato, deixado telefones, não houve retorno.

Mandados de busca e apreensão na prefeitura

Em 15 de setembro de 2015, fo-ram cumpridos mandados de busca e apreensão na prefeitura por solici-tação da Promotoria de Justiça Espe-cializada Criminal. Em 2 de outubro do mesmo ano, o promotor criminal Mauro Rochemback, em coletiva de imprensa em Bento Gonçalves, divul-gou que estava investigando o con-curso realizado pela prefeitura para provimentos de cargos ocorrido em três etapas, entre fevereiro e março de 2015. A Operação Cobertura, como foi denominado o caso pela Promoto-ria, teve seu veredito em 23 de mar-ço de 2016. Na ocasião, Rochemback divulgou os sete denunciados, sendo eles o ex-secretário Municipal de Ad-ministração, Rafael Paludo; o pregoei-ro Álvaro Luis Luvison; o membro da comissão de licitação, Alcir Sbabbo; o sócio da empresa IDRH, Maicon de Mello; a esposa dele, Francieli Rech; o sócio da empresa Energia Essencial, Rodrigo Melo Ferreira; e o proprie-tário da empresa Leitura Ótica Ltda, Ernesto Hattge Filho. Eles foram de-nunciados por organização crimino-

sa, fraude de caráter competitivo de procedimento licitatório e falsidade ideológica. De Mello é o acusado de ter alterado os cartões respostas de 14 participantes.

Melissa Bertoletti tornou-se sus-peita após a interceptação da grava-ção de ligação telefônica entre Palu-do e o ex-sócio proprietário da IDRH, Maicon Cristiano de Mello. Na liga-ção, de Mello parabenizava Paludo pela aprovação de Melissa e de Bruna Zen Pauletto Cavalet, esposa do ex-

-diretor do IPURB, Luciano Cavalet. A prova da participação de Melissa está nas adulterações feitas pelo ex-sócio da IDRH nos cartões resposta e nas notas apresentadas à prefeitura de Bento Gonçalves. De Mello ignorava o cartão respostas do participante que desejava alterar a nota e con-feccionava um novo, para que aque-le cartão alcançasse a aprovação. As provas foram mostradas na coletiva do último dia 23 de março pelo pro-motor Rochemback.

Os 14 que seriam beneficiados

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DistribuiçãoGRATUITA ANO 15 | Nº 177 | MARÇO | ABRIL 2016 | www.integracaodaserra.com.br

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Mudanças do edital parafinanciamento de projetos doFundo Municipal de Cultura

Editorial

O bom e velho jornal impressoNunca tivemos tanto acesso à

informação. Multiplicaram-se os ca-nais: celulares, aplicativos de troca de mensagens, redes sociais, Skype, entre outros. Mas, sabe o que ficamos sabendo? Os leitores têm guardadas as edições mensais do Jornal Inte-gração da Serra. Quer dizer, o bom e velho jornal impresso permanece. Muito mais do que isso, espalha-se feito folhas de outono.

Pensando no ciclo das estações, convidamos desenhistas residentes em Bento Gonçalves para ilustrar o

outono na Serra Gaúcha. O articulis-ta Rogério Gava também se detém a rememorar os cheiros de primavera, ventos de outono, chuvas de verão e manhãs de inverno. Enquanto isso, podemos dançar, porque dançar está na moda. Confira no caderno Mosai-co.

A responsabilidade pelas boas re-lações é de todos. Preferimos o bom combate e continuaremos a elucidar os fatos, seja na política, no dia a dia e em datas que merecem ser lembra-das. Boa leitura! Caderno Mosaico

Dia Mundial do Livro e os 400anos da morte do romancista

Miguel de Cervantes

Zika vírus pode terchegado a Bento

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Acervo Aprovale

Outono ilustradoCaderno Mosaico

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Foto do Leitor

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Página Dois2 Jornal Integração da Serra | 5 de abril de 2016

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRAPeriodicidade: MensalTiragem: 12.000 exemplaresCirculação: Na primeira semana de cada mês, em Bento Gonçalves,Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, São Pedro, Vale dos Vinhedos, São Valentim, Tuiuty e Faria Lemos.Propriedade: Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda.Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374Redação/Revisão: Janete Nodari e Lucas de LuccaÁrea Comercial: Moacyr Rigatti e Sinval Gatto Jr.

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“A solução é alugar o Brasil”

Espaço do LeitorEspecial Essas mulheres poderosas, edição 176

Abrindo a semana na qual ainda se precisa falar disso! Ficou muito bom!Débora Frizzo, via facebook

Orgulho de ter esta pessoa ao meu lado. Realmente uma mãe lutadora, que com maestria passa por cima dos desafios que a vida põe em seu caminho. A mim basta agradecer.Gustavo Casagranda, via Facebook

A estátua em pedra basalto que homenageia o padre Oscar Bertholdo, localizada na praça do bairro Borgo foi depredada mais uma vez. Criado em 1995, pelo

artista Aido Dal Mass, o monumento sofreu danos e pichação. Resta aguardar a restauração. Foto de Erni Ivo Lamb

ansei de ouvir falar em impe-achment. É impeachment prá cá, é impeachment pra lá... que saco! Na capa do jornal diário e

na revista semanal que assinamos o assunto predomina. Reporta-se até quantos “puns” a mais a Dilma deu no auge do conflito... Isso sem contar que, graças a Deus, só assisto televi-são de vez em quando. Senão, penso que chegaria a sonhar com o drama, que não é argentino, mas lembra o tango, pela dança das cadeiras em busca da manutenção do poder.

Enquanto isso, nós, pobres mor-tais não filiados a nenhum partido político, simplesmente cidadãs e ci-dadãos, estamos trabalhando dobra-

do ou mesmo triplicado para pagar a conta dessa neurose coletiva que se instalou sobre nossa pátria amada. Aí me vem à mente a letra da música Aluga-se, do Raul Seixas, sempre ele... “A solução pro nosso povo eu vou dar... negócio bom assim ninguém nunca viu... tá tudo pronto aqui... é só vim pegar... a solução é alugar o Bra-sil!... Nós não vamo paga nada... Nós não vamo paga nada... É tudo free! Tá na hora, agora é free... Vamo embo-ra... Dá lugar pros gringo entrar... Esse imóvel tá pra alugar... Os estrangei-ros... Eu sei que eles vão gostar...Tem o Atlântico... Tem vista pro mar... A Amazônia... É o jardim do quintal... E o dólar dele.... Paga o nosso mingau...”

Também me vem à cabeça o li-

vro “Anarquistas, Graças a Deus”, de Zélia Gattai. Mas, como o Brasil há muito está alugado para maus in-quilinos e o anarquismo rende cana nessa república de certinhos, volto dos devaneios utilizando a força do pensamento positivo: vai passar essa também. Então, quando tudo pa-rece mais tranquilo, porque não há mesmo o que fazer agora no cená-rio político nacional, para não trocar seis por meia dúzia, lembro do local, onde também é uma decepção atrás da outra. Reclamo na redação que os homens estão se passando além da conta pela inebriação e manutenção do poder e alguém lembra: as mulhe-res também! Haja complacência!

Vamo (* vamos)

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porárias em colheitas. “Eles confeccionam cestaria e uti-litários indígenas, como arco, flecha, lanças e adornos, como colares com sementes e penas de animais”, explica Beatriz. Ela acrescenta que, para alguns adereços, utilizam taquara e fibras naturais. “A utilização do cipó foi proibida, assim de-pendem da vime, de taquaras e bambus, de madeiras, penas de animais, sementes e fios,” salienta. Os temas são ligados à natureza, entre eles animais selvagens e pássaros. Para con-

feccionar desde os adornos até o “o filtro dos so-nhos”, eles estão usando fios sintéticos e tintas de anil industrializadas”, relata ela.

5 de abril de 2016 | Jornal Integração da Serra Dia do Índio 3

á muitos anos, nas semanas que antecedem a Páscoa ou o Natal, Bento Gonçalves recebe

indígenas que se acomodam em acampamentos improvisados. A cena já se tornou corriqueira: as mulheres e moças vendem artesanato nas princi-pais ruas do centro, enquanto as crianças pedem moedas para motoristas parados em sinaleiras. No início, o vai e vem deles causava algum alvoroço. A prefeitura, através da Secretaria de Ação Social, tentava intervir para tirar as crianças indígenas das sinaleiras, porque muitas pessoas procuravam o município dizendo que elas poderiam ser atrope-ladas. Na administração do ex-prefeito Alcindo Ga-brielli, foi ensaiada uma campanha, com o respaldo da Promotoria Pública, para orientar a população a não dar moedas nas sinaleiras às crianças indíge-nas.

Eles acampavam junto à ponte próxima a Pipa Pórtico, até o terreno ser calçado. Agora, segundo a Secretária Municipal de Habitação e Ação Social de Bento Gonçalves, Adriana Rigatto Gabardo, a pre-feitura disponibiliza a eles uma área com água e luz no bairro São Roque. “Os índios têm o livre-arbítrio de ir e vir. Podemos interferir somente orientando a não ficarem em lugares públicos, como paradas de ônibus ou nos trilhos, para a segurança deles,” acen-tua Adriana. Ela acrescenta que eles preferem ficar às margens da rodovia. “Mesmo sendo destinado um local, eles preferem ficar perto do movimento para comercializar seu artesanato. Também não recebemos nenhuma denúncia formal que estives-sem pedindo dinheiro”, salienta.

Recentemente, nas imediações de um acam-pamento situado no perímetro urbano, ao lado de um posto de combustíveis às margens da BR 470, avistava-se penas coloridas em artesanatos expos-tos para a venda, que dançavam ao sabor do vento.

Na madrugada do último dia 20 de mar-ço, véspera da última Páscoa, o estudante de Veterinária Nerlei Fidelis, indígena Kaigang e cotista da UFRGS, foi agredido por um gru-po de rapazes em frente à Casa do Estudan-te, no centro de Porto Alegre. Em companhia do sobrinho Catãi, Nerlei estava indo à Casa do Estudante para visitar um amigo. Con-forme testemunhas, os agressores seriam estudantes de engenharia da UFRGS, mais um estudante da PUC/RS. Segundo Nerlei,

19 de abrilDia do Índio Indígenas em Bento Gonçalves

Povos coletivosO Doutorando em Educação, professor da

UFRGS e diretor da Escola Indígena Rosalino Claudino, de Tenente Portela, Zaqueu Claudino Kaigang, explica que as famílias kaigangs são povos coletivos. “É comum as crianças acompa-nharem os pais, seja na atividade da colheita, seja na venda de artesanato. As escolas indígenas en-tram em recesso em três datas no ano para que os filhos acompanhem os pais na ida a outras cidades: Páscoa, Natal e Semana dos Povos Indí-genas, que ocorre no mês de abril”, explica. Ele acrescenta que, hoje, o índio está confinado. “Os povos nativos foram explorados. Não temos nada a comemorar no Dia do Índio”, complementa.

Sem olhar para a câmeraA índia Elisiane Kaigang, 25 anos, es-

tava na cidade desde o dia 20 de março. Ela vendia artesanato na praça Dr. Tac-chini, no centro de Bento Gonçalves. De poucas palavras e sem olhar para a câme-ra fotográfica, disse ser procedente da re-serva de Tenente Portela. Comercializava cestas nos valores de R$ 5 e R$ 15. Tam-bém vendia maços de flores da planta medicinal macela (marcela).

“Todo dia era dia de índio, mas agora eles só tem o dia 19 de abril”. O verso da música de Baby do Brasil é bem atual. Ou nem isso. A população in-dígena no Rio Grande do Sul resume-se na presença de três etnias: a Guarani, a Kaigang e a Charrua.

De acordo com a diretora Executiva da Atuaserra, Bea-triz Paulus, mestre em Ciências Sociais, os índios que visitam Bento Gonçalves são Kaigangs, vindos de reservas dos muni-cípios de Guarani das Missões e Tenente Portela. Conforme Beatriz, os kaigangs tem uma cultura nômade, que atualmente sobre-vive da venda de artesanato e de atividades tem-

Fotos: Janete Nodari e Kátia Bortolini

População indígena no Rio Grande do Sul estáresumida às tribos Guarani, Kaigang e Charrua

Agressão a cotista indígena da UFRGS gera revolta entre estudanteso grupo de rapazes começou a provocá-lo di-zendo “o que estes indígenas estão fazendo aí”, gerando uma discussão e, em seguida, as agressões. Imagens da câmera de segurança da moradia mostram Nerlei, acompanhado de seu sobrinho, sendo brutalmente espan-cado a socos e chutes, mesmo caído.

No último dia 31 de março, estudantes da UFRGS promoveram manifesto na universi-dade exigindo a responsabilização e expul-são dos agressores.

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Entidades4 Jornal Integração da Serra | 5 de abril de 2016

Batalhar por melhores condições de trabalho e de vida para a categoria comerciária, com ênfase na mulher, não somente comerciária, mas todas as mulheres da base territorial em que está inserido é um dos objetivos do Sindicato dos Empregados no Co-mércio de Bento Gonçalves (SEC-BG).

Em março, mais especificamente no Dia Internacional da Mulher, em evento que contou com a presença de cerca de 200 pessoas, o Sindicato apresentou um documento que foi firmado pelos participantes, assumin-do um compromisso com a mulher. Por meio do documento, que está fixado na sede do Sindicato, a enti-dade se compromete a realizar anual-mente atividades voltadas à reflexão do papel da mulher na sociedade.

“A mulher merece este destaque por ainda sofrer com as diferenças salariais, de tratamento e a discrimi-nação de gênero. A mulher também é a maioria na nossa categoria, e neces-sita desta atenção, pois ainda precisa

Destaques em conceitos de ges-tão ambiental, inovação em soluções para as iniciativas público e privada e acesso ao conhecimento dão forma a sétima edição da Feira de Negócios e Tecnologia em Resíduos, Águas, Efluentes e Energia - Fiema Brasil 2016, de 5 a 7 de abril, das 13 às 19 horas, no Parque de Eventos de Ben-to Gonçalves. Ao oferecer contrapar-tidas objetivas a expositores e visi-tantes, a feira consolida-se como um dos mais expressivos encontros so-bre gestão ambiental. Nessa edição, reuniu em torno de 150 expositores nacionais e internacionais, prevendo atingir a marca de 12 mil visitantes durante os três dias de programação. Sua proposta evidencia a assertivi-dade, com um formato de encontro dinâmico, priorizando a geração de negócios, ampliação de networking e prospecção de mercado.

‘Gestão para construção de uma marca global de desejo’ será o tema da palestra que o presidente da Calçados Bibi, Marlin Kohirausch, ministrará a próxima palestra-almoço no Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC/BG), no dia 25 de abril, a partir das 12h.

Com o tema ‘Gestão para construção de uma marca global de desejo’, o empresário gaúcho utilizará como case sua marca, fundada em 1949, na cidade de Parobé. A Calçados Bibi é pioneira no Brasil na produção de cal-çados infantis.

Confirmações podem ser feitas via e-mail [email protected] ou pelo telefone 54 2105-1999. O investimento para associados é de R$ 75,00 para associados e R$ 105,00 para não associados. O cancelamento só será aceito com antecedência mínima dois dias úteis antes do evento.

SEC-BG, uma entidade comprometida com a mulherde alguém não só que a represente, mas também que a defenda”, enfati-za a presidente do Sindicato, Orildes Maria Lottici, que complementa: “Sa-bemos que é cada vez maior o núme-ro de ocorrências, não somente de violência doméstica, mas também de assédio moral no ambiente de traba-lho. Precisamos reverter com urgên-cia este quadro. O ideal seria que este número diminuísse, acabasse e que não necessitássemos de uma delega-cia especializada em crimes contra a mulher”.

Para este ano, a entidade progra-ma o desenvolvimento de atividades direcionadas ao tema. Já em novem-bro, quando o SEC-BG completará 39 anos na luta por salários e condições dignas de trabalho para a categoria que representa, será realizada a As-sembleia Geral Ordinária, que reunirá um expressivo número de comerciá-rios, objetivando dar início aos traba-lhos de negociação com os Sindica-tos Patronais da categoria.

Fotos: Jeferson Soldi

Evento reuniu cerca de 200 pessoas no salão paroquial Santo Antônio

Presidente Orildes Lottici assume compromisso de promover atividades voltadas à reflexão do papel da mulher na sociedade

A advogada Beatriz Luchese Peruffo em uma performance sobre as várias facetas da mulher

Presidente da Calçados Bibiem palestra-almoço no CIC/BG

7ª edição da Fiema Brasil apresentasoluções em gestão ambiental

Além de difundir a pauta am-biental com caráter competitivo para as organizações, a feira é sinônimo de informação. O evento reúne reno-mados especialistas, compartilhando temas relevantes para o setor. Entre as atividades simultâneas, estão o 5º Congresso Internacional de Tecnolo-gia para o Meio Ambiente, 5º Semi-nário Brasileiro de Gestão Ambiental na Agropecuária e 4º Seminário de Segurança do Trabalho e palestras sobre energias alternativas (solar e eólica).

A Fiema Brasil é promovida pela Fundação Proamb, entidade com mais de duas décadas de atuação direcionada para a disseminação de conhecimento e oferecimento de so-luções completas e seguras em tec-nologias para o mercado ambiental. Outras informações estão disponíveis em www.fiema.com.br.

Divulgação

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Entidades 55 de abril de 2016 | Jornal Integração da Serra

Reconhecido pela sua velocidade de adaptação e estabilidade de ven-das em momentos de crise, o setor supermercadista gaúcho sentiu, no ano passado, os efeitos da instabilida-de econômica e registrou sua primei-ra queda real de vendas nos últimos dez anos. Este é um dos resultados apontados pelo Ranking Agas 2015, pesquisa realizada pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) com as 255 maiores empresas do se-tor no Estado que mapeia o desem-penho das companhias supermerca-distas gaúchas ao longo de 2015.

O estudo, divulgado pelo pre-sidente da entidade, Antônio Cesa Longo, mostra que o setor supermer-cadista do RS faturou R$ 26,2 bilhões em 2015, um crescimento nominal de 8,76% em relação ao resultado de 2014. O índice, deflacionado pelo IPCA/IBGE do período, mostra uma queda real de 1,91% nas vendas do setor no ano passado - ocasionada sobretudo pela diminuição do poder de compra dos consumidores, cresci-mento do desemprego, maior endi-vidamento dos gaúchos e aumento de preços. Elaborado desde 1991 pela Agas, o Ranking Agas também destaca dados de consumo, mudan-ças no perfil da mão de obra e quais foram as empresas do setor que mais cresceram no ano passado. No dia 13 de abril, as organizações de maior destaque na pesquisa serão homena-geadas com o prêmio Ranking Agas 2015, em evento que congregará mais de 700 convidados.

O setor em númerosCom um faturamento total de

R$ 20,8 bilhões, as 255 companhias supermercadistas avaliadas pelo Ranking Agas 2015 representam 79,25% do total faturado pelo setor. A pesquisa inclui empresas com fatu-ramento anual entre R$ 210 mil e R$ 5,5 bilhões.

Em busca da retomada

Supermercados gaúchos registraramqueda real de 1,91% nas vendas em 2015

A partir do levantamento, a Agas estima que a participação do seg-mento supermercadista tenha au-mentado para 8,6% do total do PIB Estadual. “A FEE ainda não divulgou o PIB oficial do período, mas estima--se que tenha havido uma queda de cerca de 2,5% no Produto Interno Bruto do Rio Grande em 2015”, lem-bra Longo. A representatividade dos supermercados gaúchos no cenário supermercadista nacional também aumentou, de 8,1% em 2014 para 8,2% em 2015. “No Brasil, os super-mercados somaram um faturamento de R$ 315,8 bilhões, o que significa uma queda real de 4% nas vendas nacionais”, destaca o presidente da Agas. “A mão de obra empregada no setor também cresceu cerca de 1%, totalizando 94,5 mil colaboradores trabalhando em supermercados no RS”, conclui Longo.

Juntas, as dez maiores compa-nhias supermercadistas gaúchas so-maram um faturamento de R$ 14 bi-lhões, representando 53,4% do total do setor - o que significa uma queda de quase um ponto percentual na concentração de mercado, já que em 2014 a participação das dez maiores era de 54,3%.

Com relação à empregabilidade, as 10 maiores perdem representativi-dade: a participação dos 10 primeiros do ranking na contratação de mão de obra é de 45,6%, com 43,1 mil cola-boradores.

Empresas médias crescem mais Pelo sexto ano consecutivo, as

empresas de porte médio foram as que mais cresceram no setor su-permercadista gaúcho em 2015, superando as grandes e as peque-nas. Segundo Longo, a capacidade de enxugar recursos e o apelo local destas empresas é decisivo para este crescimento. “As empresas médias normalmente são identificadas his-

toricamente com a sua cidade ou co-munidade. São pontos de venda em que o consumidor se sente em casa, e em que o supermercadista consegue fazer diagnósticos de desperdícios. Hoje, o supermercado de sucesso é aquele que consegue reduzir custos sem prejudicar seus serviços”, sugere o dirigente.

A volta do pagamento à vistaOutro apontamento importante

do Ranking Agas 2015 é a retomada do crescimento dos pagamentos à vista em dinheiro. Mais endividados, os gaúchos evitaram as compras com cartão de crédito, que registraram sua primeira queda em participação em cinco anos. Segundo a pesquisa, 100% dos supermercados gaúchos aceitam cartões ou outros meios eletrônicos de pagamento e 33,2% dispõem de cartão de crédito de bandeira própria. Os pagamentos em dinheiro cresceram pela primeira vez em cinco anos.

Hábitos de consumoOs supermercadistas entrevista-

dos pelo Ranking Agas 2015 apon-taram as categorias de produtos que despontaram em vendas no ano pas-sado e, ainda, os itens que registraram queda ou estagnação nas vendas.

Tíquete médioCom relação ao desembolso mé-

dio efetuado por compra, os gaúchos aumentaram o tíquete de R$ 40,49 em 2014 para R$ 44,02 em 2015, em média. O aumento, segundo Longo, acompanha a inflação no período.

Enxugamento nas gôndolasOutro ponto do estudo que cha-

mou a atenção foi o enxugamento

no mix médio de produtos com que os supermercados gaúchos traba-lham. Enquanto em 2014 as empre-sas apontaram uma média de 15088 produtos disponíveis aos consumi-dores por supermercado, em 2015 o Ranking Agas mostra que a média é de 12540 itens. O enxugamento, de acordo com o presidente da Agas, é resultado de um aprimoramento no gerenciamento de categorias pelos empresários do setor e reflexo das necessidades dos consumidores.

Marca própriaSensação no início dos anos 2000,

os produtos de marca própria dos su-permercados perderam espaço nos últimos dois anos no Rio Grande do Sul. Enquanto em 2014 16,9% dos su-permercados gaúchos disponibiliza-vam itens de marca própria em suas lojas, em 2015 o número reduziu para 14,9%. Atualmente, os consumidores gaúchos podem encontrar 2,5 mil itens de marca própria nos supermer-cados no RS.

InvestimentosDe acordo com o Ranking Agas

2015, 29,4% dos supermercados gaú-chos pretendem fazer algum tipo de investimento em construção ou re-forma de lojas em 2016. “O número é praticamente igual ao do ano pas-sado. Isto mostra que mesmo em um cenário de instabilidade econômica, o varejista quer garantir a otimização dos seus pontos de venda, melhorar serviços e investir”, lembra Antônio Longo. Na soma de seus investimen-tos, os supermercados ouvidos pela pesquisa deverão aportar pelo me-nos R$ 72,3 milhões em novas lojas e R$ 79,5 milhões em reformas durante 2016.

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Cultura6 Jornal Integração da Serra | 5 de abril de 2016

Fique Informado!Entretenimento, promoções,

músicas e muita notícia.

Por Lucas de Lucca

O edital para o financiamento de projetos artísticos de pessoas resi-dentes em Bento Gonçalves, através do Fundo Municipal de Cultura, foi lançado no último dia 16 de mar-ço, com aumento do teto para R$

Mudanças do edital para financiamentos de projetos pelo Fundo Municipal de Cultura

33.000,00. Até o ano passado, o má-ximo destinado para cada projeto foi R$30.000,00. Também houve outras mudanças no edital que segundo a presidente do Conselho Municipal de Cultura, Patricia Regina da Rold de Costa, visam evitar desqualifica-ções documentais. Agora, antes de ser protocolado, o projeto deverá ser analisado na Secretaria Municipal de Finanças. Cerca de 40% dos projetos apresentados através do edital do segundo semestre de 2015 foram desclassificados por falta de docu-mentação. A Secretaria de Finanças designou duas funcionárias para fa-zer a conferência documental antes do protocolo. Caso falte documenta-ção, o proponente deverá providen-ciar até o prazo máximo de nove de maio de 2016, data do término das

inscrições. O valor total para financia-mentos desse edital é R$ 835.501,95. Para auxiliar os artistas na confecção de seus projetos há os Produtores Culturais, que cuidam da parte bu-rocrática. O nome e contato destes produtores podem ser solicitados ao Conselho Municipal de Cultura.

Apenas 12 municípios gaúchostem Fundo de CulturaO Fundo Municipal de Cultura

(FMC) de Bento Gonçalves foi insti-tuído, em 2010, pelo então secretá-rio Juliano Volpato, com o objetivo de financiar projetos de artistas de Bento Gonçalves fomentando as ar-tes no cenário local. O FMC faz par-te do Plano Municipal de Cultura, que prevê ações em diversas áreas da cultura até 2020. O Plano é aber-

to ao público e pode ser consultado pela população no site da prefeitura de Bento Gonçalves. A verba é admi-nistrada pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais (CMPC), que por sua vez é composto por representan-tes da sociedade cultural e ocupantes de cargos públicos municipais. Cada um dos segmentos pode possuir um representante titular e um suplente. O número de integrantes do conse-lho é equivalente, ou seja, para cada participante da cultura há um do serviço público. Segundo o secretá-rio do Fundo, jornalista Flávio de Si-queira, de 2013 até agora, o FMC já financiou 54 propostas repassando R$ 1.181.188,43, entre projetos para artes cênicas e visuais, audiovisual, música, artes plásticas, artesanato, li-teratura, leitura, patrimônio histórico artístico e cultural, folclore, culturas populares e tradicionais. Bento Gon-çalves é um dos 12 municípios gaú-chos que tem o Fundo Municipal de Cultura.

Lucas de Lucca

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Reflexão 75 de abril de 2016 | Jornal Integração da Serra

Senhor, a terra gira sem nunca pararAo dia se segue a noite, e à noite se segue o diaAs ondas do mar não cessam de as areias banharemO vento vem... e o vento vai.A chuva cai, regando a terra, sem ninguém pedirE o sol a seca para o trabalho completar.Os rios correm para o marO que é atirado para cima, tem que cairO que veio de Ti... tem que a Ti retornar.Senhor, quem criou a vida no caos?E pôs ordem no universo?E fez aos nossos olhos as estrelas cintilarem?Quem fez a lua a terra acompanhar?E pôs o amor no coração do homem?Quem faz o pássaro voar?A planta crescer?A criança nascer?E quem faz a cotovia anunciar a madrugada?Todas as coisas são maravilhosasPorque nelas está o Teu poderTodas as coisas se voltam para TiPorque nelas puseste a Tua vontade.Aquece os nossos coraçõesRepousaremos em Ti, Senhor.

Antonio Carlos KoffMédico, Cientista,

Filósofo e Humanista

Salmo

Leigos Missionários Scalabrinianos de Bento Gonçalves acolhem migrantes

O Movimento dos Leigos Mis-sionários Scalabrinianos (LMS) está interligado a Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas e, em Bento Gonçal-ves, atua junto ao Colégio Scalabri-niano Nossa Senhora Medianeira instituído como Núcleo Bom Sama-ritano, possuindo uma trajetória de mais de 20 anos, onde compartilha do carisma, acolhendo o migrante e o necessitado conforme a realidade local. É regido pelo Estatuto do Movi-mento dos Leigos Missionários Scala-brinianos aprovado em 1º de novem-bro de 2014 pela Congregação para os Institutos de Vida Religiosa e As-sociações de Vida Apostólica.

Para o andamento do movimento, a cada três anos, ocorre a Assembleia Geral com participantes de países onde o movimento está pre-sente, a fim de discutir sobre formação espiritual, ações concretas e a vivência dos LMS junto as suas realidades. A última Assembleia ocorreu de 15 a 20 de setembro de 2015, em Tijuana, no Méxi-co, tendo como delegada do Representantes dos núcleos do Grupo Cristo Rei, com sede em Porto Alegre

Núcleo Bom Samaritano e do Grupo Cristo Rei a leiga, Giovana de Oliveira Minozzo.

Após a Assembleia Geral do Mo-vimento, ocorrem Assembleias, em nível provincial, com o intuito de repassar a todos os integrantes dos núcleos o trabalho realizado, conclu-sões e encaminhamentos. A Assem-bleia Provincial do Grupo Cristo Rei ocorreu no dia 27 de fevereiro deste ano, no Centro Social Madre Assunta em Canoas (RS) e o Núcleo Bom Sa-maritano se fez presente com quatro representantes.

“Por meio desse encontro e a exemplo de nosso Fundador, o Bem-

-aventurado João Batista Scalabrini e seus ensinamentos, que nos mostram o caminho para estar entre os mi-grantes, o núcleo Bom Samaritano as-sumiu como projeto de vida: praticar a acolhida, a partilha e solidariedade

com nossos irmãos mais vulneráveis, desfavorecidos e, em particular, com os migrantes, tornando-nos seus ir-mãos e companheiros de viagem, acompanhando-os na estrada da vida”.

Divulgação

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Jornal Integração da Serra | 5 de abril de 2016Personalidades8

Por Janete Nodari Moysés Luiz Michelon, 81 anos,

dono de uma memória invejável, tem muita história para contar e contou!

No último dia 30 de março, auto-grafou o livro ”Longa Tarde no Paiol”.

Seu Moysés é dessas pessoas que tem o poder da comunicação. Com os olhos, com a palavra, com um sorriso ou um toque.

Das muitas lições, ele conta sobre a tarde em que se escondeu no paiol. Por quê?

Quando a infância é vivida no in-terior da região de colonização italia-na, sob a égide da família patriarcal, pode-se até saber que era por “apa-nhar do pai”. Mas ao ler a história, fica--se apenas com pensamento longe...

Homem de muitas ações, Seu Moysés, tem saudade da mãe, Jose-phina Cassol Michelon. Agradece ao pai, Antonio Michelon, a lição de vida. Aos primeiros empregadores, à famí-lia e dedica o livro à neta Isabela. En-tre as tantas memórias, boa parte do livro é dedicado aos 42 anos, de 1956 a 1998, à frente da Massas Alimentí-cias Ltda, que mais tarde passou a se chamar Isabela S/A. Além disso, estão o trabalho no Hotel Bela Vista, empreendimento da família, locali-zado no centro de Bento Gonçalves, que estava lá, na sala de eventos, em miniatura. A lição de disciplina no 1º Batalhão Ferroviário, a presidência da 1ª Fenavinho, a vida política, o apoio e participação a uma série de entida-des sociais, representativas e empre-

Nilza Farina Michelin, que em 2006, aos 90 anos, foi uma das mode-los do calendário da Liga de Combate ao Câncer de Bento Gonçalves, come-morou 100 anos no último dia 12 de março, em companhia de familiares e amigos. Ela atravessou o século en-volvida em ações comunitárias e be-neficentes, colaborando com inúme-ras entidades sociais e assistenciais do município. De março de 1973 a julho de 1977 presidiu a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

Da infância das brincadeiras de

Moysés Michelon e sua família: genro Juhaeri Juhaeri, filha Elisabete Michelon, neta Isabela

Michelon Juhaeri, esposa Leonora Arioli Michelon, filha Elaine Michelon e o genro João Mattielo

sariais e a experiência de dar início, aos 65 anos de idade, ao Hotel Villa Michelon.

Páginas são dedicadas aos méri-tos. Páginas são dedicadas à ideia da primeira Festa Nacional do Vinho.

Dizem até que tem histórias para mais três livros!

Tenho lembrança de Seu Moy-sés na primeira Fenavinho. Entregou um “corote” (barril pequeno) ao Pre-sidente da República que nos visita-

va, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Por coincidência ou providência, o barrilete foi confeccio-nado pelo artesão e tanoeiro Antônio Nodari, meu avô.

Anônimos ou famosos, todos receberam uma recordação daque-la festa. Ideia de Seu Moysés, claro! Que iniciou o discurso, naquele ano de 1967, assim: “A primeira Fenavi-nho prestou a sua homenagem ao imigrante que, num esforço quase in-

sano, demonstrou o que pode o tra-balho do homem que veio de solo es-tranho e amou a nossa terra, como se fosse a sua própria, e ao povo ordeiro e trabalhador desta terra, ressaltando o valor da indústria, principalmente a vinicultura, fonte de maior riqueza da região.”

A partir daí, Bento passou a ser conhecida como a Capital Brasileira do Vinho e a pipa tornou-se o símbo-lo da cidade.

Ensinamentos e aprendizados de uma “Longa tarde no paiol”Merlo Fotografias

Dona Nilza Farina Michelin comemora seu 100º aniversáriorua à juventude nos matinês, ela tran-sita entre a força da mulher pioneira e o carisma da generosidade. Estudou, como ela sempre diz, nos porões da prefeitura. Um de seus mestres foi o professor Félix Faccenda, um dos ex-poentes da história da educação do município. Dos livros, lembra o da Se-leta em Prosa e Verso, com suas fábu-las e o de Aritmética.

Além dos estudos, ela recorda muito da dedicação de seus pais Egydio e Balbina Brévia Farina. Es-pecialmente da dedicação da mãe, pela liberdade que lhe concedia para

brincar. Dona Balbina intuía que a menina moleque, apreciadora do jogo de bolinhas de gude e da com-panhia de meninos para andar de carrinho de lomba, se tornasse uma moça elegante da sociedade bento--gonçalvense da primeira metade do século 20. E assim foi. Nilza casou-se aos 22 anos com o empresário Édalo Michelin, apoiando o marido em sua vida pessoal, profissional, política e comunitária. O casal não teve filhos. A leitura e as viagens sempre foram suas diversões favoritas.

O segredo da elegância de Dona

Nilza está na boa educação, nos ges-tos contidos, na sobriedade do vestu-ário, na comunicação e no alto astral. Até hoje, gosta de estar sempre arru-mada. O segredo do bom coração, na generosidade e no ato de presentear a todos. Já o segredo da longevidade está nas máximas: “Fazer o bem sem olhar a quem” e “Ama a ti mesmo”, que orientam a vida dela. Dona Nilza diz ter saudades dos tempos onde tudo era mais simples e a ganância não era tão presente. Também diz estar realizada por ter conhecido “os quatro cantos do mundo”.

Fotos: Arquivo Pessoal

A elegância de Nilza, da juventude aos 100 anos Com o marido Édalo

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5 de abril de 2016 | Jornal Integração da Serra

JaneteNodari

[email protected]

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Social

Mérito Lojista No dia 7 de abril, serão conhecidos os ganhadores do Prêmio Mérito Lojista 2015 promovido pela CDL de Bento Gonçalves durante jantar comemorativo, às 20h, no Dall´Onder Grande Hotel.

Daiane Barbieri, Sabrina Roman e Bibiana Bárbara Fracalossi formaram-se em Ciências Contábeis (UCS), no último dia 12 de março e comemoraram a conquista reunindo amigos e

familiares em uma superfesta na sede campestre do Botafogo

A bela Sophia Zorrer Massolini comemorou seus 15 anos, no último dia 2, com uma festa temática no Clube BotafogoOs novos papais Claudine e Daniel Valenti à espera de Camile

Jeferson Soldi

André Pellizzari Fotografia

O batizado de Carolina e Augusto com os pais Sara e Cassiano Sonaglio

André Pellizzari Fotografia

Fátima Merlo

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Saúde10 Jornal Integração da Serra | 5 de abril de 2016

A pequena Valenthina Zaffari Ferrarez, 1 ano e 9 meses, ao sorrir, deixa os pais Jovana Zaffari Ferrarez, 31 anos e Alex Sandro Ferrarez, 36 anos e o irmão, Nikolas Zaffari Ferrarez, 7 anos, com o coração cheio de alegria por saber que ela é uma vencedora. A menina passou mais de três meses na UTI após nascer com múltiplas más formações. “Hoje ela tem 1 ano e 9 meses e pesa menos de 6 quilos, mas já evoluiu muito”, diz a mãe. Valenthi-na é portadora de uma doença rara denominada SEQUÊNCIA DE PIERRE ROBIN.

“Trata-se de uma doença sem estudo até o momento, com apenas três crianças no mun-do com sintomas parecidos”, explica Jovana. Ela acrescenta que a filha precisa ser aspirada diaria-mente por conta de abundante secreção pulmo-nar. A família, de São Valentin do Sul, está tendo muitos gastos com as constantes idas a Porto Ale-gre, mais consultas e exames particulares. “Sem-pre procuramos comprar tudo o que é solicitado para o bem-estar dela. Há um mês a justiça repas-sou ao plano de saúde o custo da alimentação de Valenthina, representada por um leite especial no valor de R$ 14,00 a garrafa. “São sete por dia. Gas-távamos quase R$ 3 mil só no leite”, afirma a mãe. Ela acrescenta que a família está passando por dificuldades financeiras, “mas a prioridade foi e sempre será a nossa guerreira”. Valenthina neces-sita de tratamento multidisciplinar, com fonoau-dióloga especializada em disfagia, cardiologista, neurologista, pneumologista, gastroenterologis-ta, pediatra, geneticista, fisioterapeuta oftalmolo-

Segundo o coordenador do setor de Vigi-lância Epidemiológica da Secretaria da Saúde de Bento Gonçalves, José Rosa, há um caso de Zika vírus sob laudo na cidade. O paciente que apresentou os sintomas da doença voltou no final do mês de fevereiro de uma viagem ao estado do Mato Grosso, onde supostamente teria contraído o Zika. “Ao constatar os sinto-mas, o médico prontamente nos encaminhou os exames e os enviamos para laudo em Belém do Pará”, diz Rosa. O coordenador ressalta que os sintomas da Zika podem se confundir com a dengue e a rubéola. “Só teremos certeza se é Zika ou não, quando recebermos o resultado do laudo. Já faz mais de um mês que enviamos os dados e acredito que ainda vá demorar”, conta ele. Os exames em Porto Alegre sobre o Zika ví-rus começaram a ser feitos nos dia 21 de março,

Valenthina necessita de ajudapara tratamento de doença rara

gista e endocrinologista.O auxílio tem vindo de amigos e familiares

mais próximos. Mas, ainda de acordo com Jova-ne, a menina também tem recebido muita ajuda de pessoas que se sensibilizam com a situação. Como o caso de Valenthina é raro, não existe prazo para a interrupção do tratamento. “Tudo é um grande ponto de interrogação. Nós estamos constantemente lutando para dar mais qualidade da vida a esse anjinho. Precisamos muito da ajuda de pessoas com coração generoso”, ressalta.

Como ajudarNo dia 23 deste mês, será promovido um jan-

tar beneficente em Bento Gonçalves, no CTG Laço Velho, com animação da banda Alegria. O valor é de R$ 30,00 por pessoa. O cardápio é salada, pão, massa, frango e salsichão. Os organizadores estão arrecadando brindes para a rifa do jantar. Quem quiser participar do jantar ou puder colaborar com brindes pode entrar em contato pelo fone (54) 9671-6008.

A família tem um grupo no WhatsApp for-mado por padrinhos e madrinhas da Valenthina, pessoas que estão colaborando com um valor mensal. No grupo são postados vídeos e fotos e o dia a dia da pequena. Se alguém tiver interes-se em participar é só entrar em contato pelo fone (54) 8432-0860, para ser adicionado. A história da doença da menina e da luta de seus familiares por ela pode ser conhecida numa página do facebook e no canal do You Tube, Jovana Ferrarez.Valenthina Zaffari Ferrarez

Arquivo Pessoal

Zika vírus pode ter chegado a Bento GonçalvesFabrizzo Pensati

três semanas depois do aparecimento do caso em Bento Gonçalves.

Zika, Dengue e Febre Chikungunya na Serra GaúchaConforme o setor de Epidemiologia da 5ª

Coordenadoria de Saúde de Caxias do Sul, res-ponsável por Bento Gonçalves e municípios da região, há dois casos confirmados próximos à Bento. Um dos pacientes com Zika é residente de Garibaldi e o outro de Bom Jesus. Ambos os casos foram trazidos de fora do Estado. Além desses constatados foram notificados 11 sus-peitas de Zika na região. Também foram notifi-cados na região 144 casos de dengue, entre eles 18 foram confirmados. A febre Chikungunya já foi suspeita seis vezes, mas ainda não foi encon-trada nas proximidades de Bento Gonçalves.

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Agricultura5 de abril de 2016 | Jornal Integração da Serra 11

Viticultura em Bento Gonçalves

safra de uvas de 2015-2016 teve como marca a de ser uma das mais atípicas dos

últimos anos. Vários foram os fato-res que indeferiram na produção:

Alternância fisiológica Após várias safras de alta pro-

dutividade, especialmente 2014-2015, as plantas tiveram suas reser-vas nutricionais debilitadas. Assim, houve pouca emissão e a formação de cachos pequenos.

Desfolhamento precoceAs reservas nutricionais das

plantas são produzidas durante o ciclo vegetativo, principalmente após a frutificação/colheita, sen-do armazenadas nas raízes, caule, ramos e gemas. Nos últimos três verões, principalmente nos dois primeiros, houve desfolhamento precoce e, no último verão, alto in-cidência de míldio (mufa).

Acúmulo de horas de frioAs plantas de videira requerem

uma soma mínima de horas de frio com temperaturas abaixo de 7,2ºC, para poderem superar o ciclo hi-bernal de dormência. Segundo a Embrapa Uva e Vinho, nesse ano, apenas 140 horas de frio ocorre-ram, bem abaixo da média dos últi-mos 35 anos, que fica em torno de 409 horas.

Calor no mês de agostoNeste mês foram registradas al-

tas temperaturas, acima da média histórica, o que provocou o início antecipado da brotação.

Geadas tardiasNos dias 11 e 12 de setembro,

as geadas de forte intensidade pro-vocaram queima e supressão das brotações existentes.

Excesso de chuvasConsiderando a média históri-

ca da região, que gira em torno de 1649 mm, tivemos cerca de 20% acima do normal. O grande núme-ro de dias encobertos reduziu a in-

ThompssonDidoné

EnólogoEmater/RS-Ascar Bento Gonçalves

cidência de insolação sobre a folha-gem das plantas, reduzindo a taxa fotossintética das mesmas, afetan-do o potencial de crescimento dos ramos e o volume da produção.

Custo de produçãoA incidência de doenças fúngi-

cas aumentou muito em razão das perdas dos tratamentos fitossani-tários por escorrimento, exigindo constantes aplicações, aumentan-do o número de tratamentos.

Valorização da produçãoCom o volume de produção re-

duzido, a oferta também foi reduzi-da; fator que provocou aumento de preços.

Para o próximo período vege-tativo da videira, é importantíssimo que alguns cuidados de manejo das plantas sejam adotados:

l pulverização com calda bo-radesa ou fungicidas triazóis para controle do míldio tardio, com a finalidade de manter a sanidades das folhas por um período maior;

l retirar os ramos secos e efe-tuar o pincelamento do corte com produtos protetores;

l durante o período de dor-mência das plantas realizar a pul-verização em toda a planta com calda sulfocálcica, para redução do inóculo de patógenos presentes da safra anterior;

l retirar os restos culturais como cachos mumificados e tron-cos do solo dos vinhedos;

l a adubação deve ser equili-brada, baseada em análise de solo, evitando excesso de adubos ou cama de aviário;

l racionalizar as pulverizações para não tornar as plantas extrema-mente dependentes de produtos químicos.

Para mais informações procure a orientação da EMATER, ou de al-gum técnico de sua confiança.

Fonte: EMATER/RS-ASCAR eEMBRAPA Uva e Vinho

Produzir suco de uva integral em pequenos volumes, sem agregação de água, é a proposta do novo equi-pamento desenvolvido pela Embra-pa Uva e Vinho, em parceria com a empresa Monofrio. O Suquificador Integral foi pensado e projetado para ser de fácil uso e resolver o problema de mais de cinquenta mil pequenos produtores no Brasil, que atualmente produzem cerca de oito milhões de litros de sucos de uva e outras frutas utilizando o método da panela extra-tora por arraste de vapor, no qual há acréscimo de água ao produto final, o que altera sua composição e classi-ficação.

O ponto de partida foi agregar valor à produção e oferecer uma al-ternativa aos pequenos produtores, em sua grande maioria concentra-dos no Rio Grande do Sul, segundo recorda o pesquisador Celito Guerra, da Embrapa Uva e Vinho. Num traba-lho conjunto que durou cerca de três anos, foi construído o Suquificador Integral, lançado no dia 5 de abril, na sede da empresa, em Bento Gonçal-ves. “Nossa maior preocupação era desenvolver um equipamento fácil de ser operado e que produzisse um suco de qualidade superior. E tivemos

Suco de uva integralNovo equipamento para

elaboração em pequena escalaEmbrapa lança Suquificador Integral que permite a elaboração de

suco de frutas por 50 mil produtores familiares

O Suquificador IntegralO Suquificador Integral fun-

ciona à energia elétrica e proces-sa até 70 kg de uvas desgranadas e esmagadas por hora, com um rendimento de pelo menos 35 li-tros de suco. É construído em aço inoxidável e montado de forma inclinada sobre estrado simples e rodas, para facilitar seu desloca-mento. Na parte interna, é cons-tituído por tambor perfurado para colocação das uvas a serem processadas, que gira ao redor de um eixo central, facilitando a homogeneização da massa de uvas esmagadas. O processador é comandado por sistema eletrô-nico que permite a regulagem da temperatura, do tempo de aque-cimento, da velocidade e do regi-me de giro do tambor interno.

O Suquificador Integral é uma alternativa viável para qualificar a pro-dução dos pequenos vinicultores com um baixo investimento. “Contabi-lizamos todas as despesas necessárias e com a elaboração de cinco mil litros de suco por safra, o investimento será pago em até quatro anos”, calcula Taffarel. A nova tecnologia foi registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e apresentada aos produtores, que poderão encomendá-la diretamente na Monofrio, empresa parceira em seu de-senvolvimento e responsável por sua comercialização.

sucesso.”, enfatiza Guerra.As análises realizadas com dife-

rentes variedades de uva nas safras 2014, 2015 e 2016 indicam que o Su-quificador Integral produz um suco de uva integral de cor mais intensa, menos turvo, de melhor aroma e sa-bor, comparado ao suco elaborado com as mesmas uvas, pelo método da panela extratora por arraste de va-por. No item gasto de energia, o novo equipamento é mais econômico, pois necessita apenas de energia elétrica monofásica. Sobre o rendimento e o tempo de elaboração, o pesquisador informa que os sistemas são similares.

Guerra informa que além das con-dições normais da fruta para a elabo-ração, como estar madura e sadia, o novo sistema requer a necessidade de se trabalhar com uvas previamen-te desgranadas e esmagadas, uma vez que o aquecimento da uva se dá pela parede interna do suquificador.

O Suquificador Integral foi pro-jetado para a elaboração de suco integral de uva, mas já foi testado e aprovado para a elaboração de suco de outras frutas, como framboesa, morango, amora e mirtilo, respeita-das as especificidades de cada maté-ria-prima.

Divulgação

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Geral12 Jornal Integração da Serra | 5 de abril de 2016

Férias são momentos de descanso ou, pelo menos, deveriam ser. Quando possível gozá-las, muitas atividades podem ser realizadas como ler, ir à praia, viajar, etc, ou mesmo, descansar à sombra.

Desde a adolescência, quando realizei algumas leituras sobre a vida de Santa Rosa de Lima desejei conhecer o Peru e, especialmente, o san-tuário ou igreja a ela dedicada. Tornara-me devota. Muito tempo depois assisti a um filme sobre a vida desta santa que alimentou esse sonho.

Realizei esse desejo nas últimas férias, em boa companhia. Visitei a catedral, uma riqueza material e espiritual, onde os fiéis demonstraram sua fé curvando-se até o chão, em súplicas e agradecimentos.

A cripta que guarda os ossos de Santa Rosa de Lima está ao lado da Igreja de Santo Domingo no Santuário dos Santos Peruanos, ou seja, no Convento de Santo Domingo. Isabel Flores de Oliva – Santa Rosa de Lima – é a primeira Santa das Américas, padroeira de Lima, Peru, das Índias Ocidentais e das Filipinas. Uma emoção!

Nesse convento de Santo Domingo foi fundada a Universidade de San Marcos, a primeira das Américas e onde se conserva uma biblioteca com aproximadamente 2.500 obras de grande valor.

Outra curiosidade é o bairro Miraflores, em Lima. Lindo, temático, in-vejável! Superando a ideia de transformação descrita numa metáfora de literatura.

A terceira razão foi o desejo de conhecer o povo descendente dos na-tivos que habitam o Peru. Essa curiosidade era natural pois, nos primeiros anos do magistério, como professora, me dedicara ao estudo da História da América. As expectativas foram além de três motivos mencionados para conhecer o Peru. Encontramos um povo simples, acolhedor, solícito, que atendia a todos com um sorriso nos lábios e agradecimentos nas pa-lavras. E o que dizer do artesanato peruano tecido a mão pelos nativos, com seu colorido alegre! Quarteirões de artesanato de todos os tipos e cores.

Quanto ao trânsito, é muito rígido e organizado. Já as batatas são uma delícia... que o digam as palavras do poeta desconhecido escritas num mural de uma lancheria:

“Te chamas papas y no patataNo naciste castellanaEres escura como nuestra piel,Somos americanosPapa.Somos indio...Profunda y suave eres,Pulpa pura, puríssimaRosa, blanca, enterradaPapa,Matéria DulceAlmendra de la Tierra.”

Três razõespara viajar ao

AncilaDall Onder

ProfessoraZat

A programação da 26ª festa em honra a São Bento inicia no dia 10 deste mês com Passeio Ciclístico e Caminhada da Família. A saída do passeio será ao lado da estação ro-doviária, às 9h30min, percorrendo a avenida Osvaldo Aranha e as ruas 10 de novembro, Florianópolis, Olavo Bi-lac, em direção a Xingu, com chegada na praça São Bento. No local, haverá mateada com gaitaço e distribuição de mudas de árvores. Também será sorteada uma bicicleta entre os par-ticipantes. Em caso de mau tempo, o passeio será transferido para o dia 17 de abril.

Programação da 26ª Festa de São Bento inicia no dia 10 de abril

De acordo com o festeiro Gilberto Rosa, o passeio ciclístico e a Caminha-da da Família acontecem simultanea-mente. “Quem quiser pedalar, vai de bicicleta. Quem não quiser, acompa-nha o trajeto caminhando”, explica ele.

A 26ª Festa de São Bento aconte-ce no dia 10 de julho. Os casais festei-ros desta edição do evento são Adel-mar Foscarini Pereira e Aline Pereira, Edgar Giordani e Marilei Piana Gior-dani, Gilberto Rosa e Liane Possamai Rosa, Jader Lazzaron e Cátia Favaret-to, Rosimir Fochi Gonçalves e Geni de Fátima Fleck.

Apoio:

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Caderno de Cultura e Arte Jornal Integração da Serra

Nº 32 | Março-Abril 2016

23 de abril: 400 anos da morte deCervantes, autor de Dom Quixote

Página 6

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2 | Mosaico | 5 de abril de 2016

Primeiras Palavras

RogérioGava

[email protected]

Estações

clima invoca sentimentos. Não sei se o caro leitor e a estimada leitora têm também essa impressão. Os primeiros frios anunciando o

fim do verão, por exemplo: é só chegarem e o guri que fui bate à porta. Tive uma infância de datas precisas e estações bem definidas. Os mais velhos irão lembrar, mas verão era verão, inverno era inverno. E as aulas co-meçavam religiosamente no dia 1º de março. Sempre. Recordo que colegas aniversariantes nesse dia eram alvo de chacotas: baita azar fazer aniversário justo no dia em que as férias acabavam!

Na minha mente simples de garoto era assim que o calendário funcionava: três meses de calor, piscina e praia. Tudo isso recheado pelo Natal, ou seja, pre-sentes, e pela festa da virada do ano, onde podíamos ir dormir mais tarde. Sobrava tempo livre, sem temas da escola, para ler gibis de faroeste e assistir televisão. Além de brincar na rua. E sem a preocupação com a se-gurança de hoje. As férias eram um viveiro de prazeres.

As manhãs já não tão quentes de março anuncia-vam as aulas. Até hoje posso sentir o cheiro maravi-lhoso dos livros e cadernos novos em folha, das borra-chas, dos lápis, estojos, pastas (não havia mochilas), guaches, pincéis e, o ápice, das “canetinhas hidrocor”, que não eram bem vistas por muitos professores (uma vez escrito não apagava mais) e muito menos pelos pais, pois eram caras.

Logo depois do início das aulas – “logo” aos meus olhos de hoje, pois naquele tempo um mês parecia um século – vinha a Páscoa, e com ela o frio definitivo. Era batata. Pelo menos não me lembro de “calores” fora do lugar. E no Domingo de Páscoa quase sempre chovia. Chuva, frio, almoço fora com a família e chocolate libe-rado. A vida era só o sublime agora das crianças.

Na metade do ano o frio pegava para valer. Ia-se a pé à escola, exceto quando chovia muito, e nos enca-potávamos até os dentes para enfrentar a caminhada. Sempre de olho no relógio, pois atraso – mesmo de um minuto – significava bater com a cara no portão da es-cola e encrenca com a direção.

Chegava então a primavera, anunciada pela sinfo-nia estridente das cigarras. Com ela, os primeiros pre-

núncios de que o inverno ficara definitivamente para trás. Começavam os ensaios para o desfile de 7 de Se-tembro. Uma lembrança marcante: ali abria oficialmente a venda de picolés pelos ambulantes. Estranho, mas até então não se via nenhum, eles surgiam nesse dia como que descidos de uma nave espacial da felicidade gelada. Lembro aos mais novos que não existia essa coisa de tomar sorvete ou picolé todo o ano, como é hoje. Picolé só existia no verão. No inverno dava gripe e mandava as pessoas para o hospital. Rezava a lenda, podia até matar.

Passado setembro, engatávamos o túnel que levava ao final do ano. O calor começava a retornar. O objetivo agora era passar sem exame, para ter mais férias. E também, por que não dizer, sentir sobre os outros que não haviam conseguido aquele ar de superioridade in-telectual. E lá estávamos nós novamente, às portas do verão e do Natal.

As estações mudaram ou eu mudei? As duas coisas ao mesmo tempo, creio. O clima anda meio louco, e às vezes a impressão que dá é que as estações não têm mais os limites tão bem desenhados como outrora. Quanto à criança que fui, claro, essa saiu de cena já faz tempo. Mas não desapareceu por completo. Apenas se escondeu. Volta e meia ela aparece. Como esses dias, quando comentou comigo que as noites geladas de in-verno são as melhores para olhar as estrelas.

Já estou arrumando o meu velho telescópio. Não vemos a hora que o frio chegue.

* * *

O tom um tanto poético da crônica aí em cima não é alienação. Talvez apenas uma trégua às notícias esca-brosas que nas últimas semanas nos arrebatam. Como todo brasileiro, acompanho atônito a grave crise política que tomou conta do país. Nunca antes se viu tamanha incompetência administrativa aliada à corrupção tomar conta do Planalto. Minha esperança é que todo esse maremoto de lama sirva para inaugurar uma nova era para o país. E que nossos filhos e netos possam ter, algum dia, orgulho deste tão maltratado Brasil.

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Programe-se Mosaico | 5 de abril de 2016 | 3

A redação leu

Repr

oduç

ão

O Filho EternoAutor: Cristovão Tezza Páginas: 224Editora: RecordAno: 17ª Ed. 2015

O Filho Eterno é antes de tudo um livro corajoso. Expõe sem meias-palavras a frustração de um pai sobre criar um filho com síndrome de Down. O texto cru, marcante, por ve-zes incomoda pela sinceridade com que o autor expõe suas angústias e sentimentos em relação à criança. A dor da não--aceitação, o desespero e também as pequenas vitórias que vão chegando no dia-a-dia.

Ponto alto da narrativa é a precisão literária com que Te-zza encadeia referências intrincadas que atravessam tempos e situações das mais diversas. Também o texto em terceira pessoa (o autor fala de si mesmo como se fosse outro, “o pai”), é construído com maestria.

Mas a grande virtude da obra é a força de Tezza em olhar para si mesmo e dizer a verdade sem rodeios. O romance traz revelações pesadas, como a do pai que deseja a morte de um filho que não é normal e nunca o será. E mostra como o curso da vida vai transformando a relação com o filho es-pecial.

Lançado em 2008, tornou-se um livro conclamado pela crítica e premiado inúmeras vezes, inclusive com o Jabuti e o Prix littéraire Charles-Brisset na França. Traduzido para diver-sos idiomas, também foi adaptado para o teatro. Atualmente está sendo filmada uma adaptação da obra para o cinema.

Até o dia 31 de julho deste ano estão abertas as inscrições para o Prêmio Literário de Logo-sofia, promovido pela Fundação Logosófica. O concurso é direcionado a professores de todos os níveis. Para participar é preciso ler o livro “O Mecanismo da Vida Consciente”, de Carlos Ber-nardo Gonzalez Pecotche. O interessado deverá escrever uma redação, de apenas uma página, sobre o que extraiu da leitura do livro para a sua vida. O texto será avaliado segundo os critérios estabelecidos no Regulamento do Prêmio, des-tacando a criatividade, coerência, objetividade, clareza e adequação ao tema, além do uso da norma padrão da língua portuguesa. O primeiro colocado ganhará um veículo zero quilômetro. Segundo e terceiro lugares, um Macbook. Do quarto ao décimo lugar, Iphone 6.

De acordo com a professora Dionette Gema Tesser Ferrari, que há 22 anos estuda a ciência, o objetivo do concurso é divulgar a Logosofia para professores e estimular a reflexão sobre a projeção que seus conceitos podem ter na vida e na arte de ensinar. “O concurso também obje-tiva aumentar a participação nos grupos de es-tudos de Logosofia existentes em várias cidades do Brasil, entre elas Bento Gonçalves e Caxias do Sul”, acrescenta Dionette.

O que é Logosofia?A palavra logosofia resulta da união de “Lo-

gos” e “Sophia” que significa Ciência da Sabe-doria.

A Logosofia ensina que somos resultado do

FeiraO quê - Fiema BrasilQuando - até 7 de abril, das 13 às 19hOnde - Fundaparque

MostraO quê - Mostra Artística “Uma Fração no Tempo”, de Eliane MagnaniQuando - até 29 de abril Onde - Fundação Casa das Artes

TeatroO quê - Espetáculo teatral “Zé Vagão da Roda Fina e sua mãe Leopoldina”Quando - 07 e 08 de abrilHorário - 15h (7 e 8) e 10h (8)Onde - Fundação Casa das Artes Entrada franca mediante o agendamento das escolas interessadas ShowO quê - Elton John CoverQuando - 10 de abril, 20h30Onde - Casa das Artes Abertura do Teatro - 20 hIngressos:R$ 40,00 - sênior e estudante R$ 80,00 - inteiraR$ 50,00 - promoçãoRealização - Release Produtora (Fabio Alexandre Gobbi)Informações - (54) 8111.0571(54) 3027.7990 - (54) 3211.2200 www.releaseprodutora.com

Pregação carismáticaO quê - “Santifica-te”Quando - 17 de abril, das 9 às 17hOnde - Igreja N. Sra. Aparecida, GaribaldiInformações - 54 3462.3804

ExposiçãoO quê - Exposição das Artistas Plásticas Nelcy Rizzi e Judite Valenti GiacomelloQuando - até 30 de abril Onde - Sesc Bento Gonçalves FestivalO quê - Festival Brasileiro de Música de RuaQuando - 17 de abril, 15hOnde - Praça Via Del Vino

CINESESC O quê - Mostra de Cinema Orson WellesCidadão Kane (1941) - 120 min Quando - 12 de abrilHorário - 20h Soberba (1942) - 88 minQuando - 19 de abrilHorário - 20h MacBeth (1948) - 107 minQuando - 26 de abrilHorário - 20h

Feira 2O quê - Feira Envase Brasil / Brasil AlimentaQuando - 26 a 29 abrilOnde - Parque de Eventos (Fundaparque)

Logosofia:Prêmio Literário para professores

que pensamos e fazemos. Portanto, responsá-veis por tudo que acontece em nossas vidas. Nesse sentido, a chave para o controle mais efe-tivo da vida é o conhecimento que o indivíduo possui de si, de sua psicologia, pensamentos, deficiências psicológicas e virtudes.

Mais informações sobre o concurso:www.premioliterario.logosofia.org.br.Para participar do grupo de estudos em

Bento Gonçalves, fone 54. 9949.0014.

Repr

oduç

ão

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4 | Mosaico | 5 de abril de 2016

OutonoQuatro desenhistas residentes em Bento

Gonçalves dão as boas-vindas ao outono na Serra

Gaúcha

O ilustrador profissional Douglas Garcia, 33 anos, natural de Pelotas, desenha desde criança incentivado pelos pais. Garcia se mudou para Bento Gonçalves em 2005, em busca de trabalho. Depois veio seu ir-mão Fábio Luís, vitimado em acidente em 5 de março de 2014 no município. Juntos, trabalharam como fre-elances para agências de publicidade e veículos de comunicação. Ele diz que em função dos trabalhos para agências de publicidade não tem um traço espe-cífico, um estilo de desenho próprio. “Nunca consegui desenvolver um traço. Acho até que é benéfico, por-que trabalho com clientes de gostos muito diferentes”, afirma Garcia.

A morte do irmão foi um divisor de águas na vida do ilustrador. “Eu não me imagino sem desenhar, mas quando perdi meu irmão pensei em parar. Diminui bastante a produção, agora retomada com o incentivo dos amigos”, ressalta. O ilustrador também trabalha como professor de desenho. Além das artes móveis, Garcia desenvolveu um jogo em parceria com a escola de games Coruja, onde fez as artes dos personagens e demais informações visuais do vídeo game indepen-dente. “O que faço é muito divertido, mas também é trabalhoso. Me esforço muito no meu ofício”.

Ítalo Ávila, 22 anos, natural de Saint Tomé, Argentina, estuda design e faz ilus-trações desde os 14 anos de idade. A arte surgiu na vida de Ávila quando, em 2009, ele sofreu de um câncer de medula que o deixou sem os movimentos do corpo. Com reabilitação e fisioterapia, o ilustrador con-seguiu retomar seus movimentos e encon-trou no desenho uma forma de exteriorizar seus sentimentos. A partir dessa data, ele nunca mais deixou de ilustrar.

Ávila revela que continua usando a arte visual para expressar seus sentimentos.

Por Lucas de Lucca

ilustrado

Ítalo Ávila

Arquivo Pessoal

“Quando escuto uma música nova, assisto um anime que gosto ou sinto algo que pre-cisa ser exposto, faço um desenho. Desco-bri nas ilustrações uma fuga do dia a dia e, além disso, uma forma de fazer algo útil”, conta.

Antes do atual emprego, numa agência de publicidade local, ele trabalhou como ilustrador, fez artes para uma camisaria de Porto Alegre, desenhou peças de moda para um atelier de Bento Gonçalves e tirou fotografias em danceterias de Veranópolis, Nova Prata e Porto Alegre.

DouglasGarcia

Lucas de Lucca

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Mosaico | 5 de abril de 2016 | 5

Ernani Cousandier, 49 anos, natural de Bento Gonçalves, desenha desde que se lembra e con-sidera a arte “sua forma de resistência”. O ilus-trador tem um traço marcante e único, presente em suas tirinhas, trabalhos como freelance e em dois livros de sua autoria, financiados pelo Fundo Municipal de Cultura.

Cousandier teve sua primeira experiência profissional como desenhista ao trabalhar para uma agência de publicidade nos anos 80, aos 15 anos. Na mesma época começou a se interessar pela música e iniciou sua banda, a Elétrica Tribo. Tocava e desenhava. Após o término da banda, cerca de dez anos depois, Cousandier focou no desenho.

O ilustrador já escreveu e/ou desenhou para vários jornais de Bento Gonçalves. Hoje é cartu-nista do Jornal Integração da Serra. Ernani tem a

O ilustrador Anderson Jhonatas Lopes, 22 anos, natural de Salvador do Sul, descobriu o talento para o desenho na quarta série do ensino fundamental. “Estava desenhando uma paisagem cheia de araras. Para a quarta série era um bom desenho”, lembra Lopes. O maior incentivo veio da avó materna. Ela afirmava que o talento dele era bom demais para ser desperdiçado. Lopes deixou Salvador do Sul em 2012, para trabalhar como professor de design em Carlos Barbosa. Após a ida de um colega professor de desenho para o Rio de Janeiro, o ilustrador assumiu turmas dentro da sua área, inclusive em Bento Gonçalves, onde reside atualmen-te.

Durante o ano que trabalhou como professor, Lopes idealizou a sua própria escola de desenho, inaugurada em 2014. É a Standart, localiza-da no bairro São Bento. Ainda em 2014, teve um projeto aprovado pelo Fundo Municipal de Cultura, intitulado Homekan: Herdeiros de Gaia. O projeto um MangaQ, quadrinho que mistura o estilo mangá (japonês) e o HQ (estadunidense), pioneiro em seu estilo, será lançado em maio deste ano. Em 2015, foi aprovado como ilustrador do livro Trilogia das Plumas: O Corvo Negro, de autoria de Lucas de Lucca. Lopes foi também con-templado com menção honrosa do campus 8 da Universidade de Caxias do Sul (UCS) pelo seu trabalho “Submundo”, uma série de ilustrações retratando o tema do título.

ErnaniCousandier

arte como forma de expressão, uma maneira de deixar, como ele diz “sua digital no mundo”. “Não é apenas uma carreira e sim uma escolha. To-dos temos prioridades. Alguns priorizam carros, uma família com dois filhos. Eu tenho um carro do meu tamanho, uma casa do meu tamanho e administro meu tempo para que eu possa pro-duzir arte o tempo todo. Isso é o que nos difere (artistas) dos outros”, afirma ele.

Em sua casa há um quadro que há dez anos está em andamento. “As pessoas me perguntam o que vou fazer com ele e respondo ‘nada’. Muita gente não entende o porquê de um sujeito de-mandar tanto tempo para algo que não vai ser vendido”. Ernani observa que, nos últimos 20 anos, a forma de se fazer e divulgar a cultura mu-dou por completo. “Tenho convicção de que mu-dará ainda mais nos próximos 20”, afirma.

Tatiane Cousandier

AndersonLopes

Arquivo Pessoal

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6 | Mosaico | 5 de abril de 2016

Por Janete Nodari

o dia 23 de abril será comemorado o Dia Mundial do Livro e os quatrocentos anos da morte do romancista espanhol Miguel

de Cervantes, autor do romance Dom Quixote de La Mancha. Em 2002, o livro foi eleito “o me-lhor de todos os tempos”, por uma comissão formada por críticos de vários países do mundo. A história de Dom Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura, acompanhado de seu fiel escudeiro San-cho Panza, enfrentando moinhos de vento, con-tinua atual, mais de quinhentos anos depois. A primeira edição foi publicada em Madrid, no ano de 1605. Dom Quixote é considerado o persona-gem mais famoso da literatura universal.

O escritor bento-gonçalvense Uili Bergamin, por conta dos 400 anos da morte de Cervantes, tem proferido conferências sobre o autor e a obra Dom Quixote em várias cidades, entre elas Buenos Aires.

Integração - Por que o mundo lembra os 400 anos de morte do autor de Dom Quixote?

Bergamin - A narrativa divide a história da literatura, assim como o advento de Cristo divi-diu a História da Humanidade. Os personagens Quixote e Sancho, moldaram a ideia de amizade, bravura e loucura no Ocidente. Nunca mais se escreveu como antes, depois de Dom Quixote. É o livro mais traduzido, lido e adaptado do mun-do, depois da Bíblia. Acho justo que o mundo renda homenagens ao gênio que criou tal obra.

Integração - O livro Dom Quixote rompeu alguma forma de paradigma na literatura?

Bergamin - Sim, por quebrar completa-mente o tipo de narrativa feita até então, os cha-mados romances de cavalaria, onde tudo era idealizado e irreal, mítico e fantasioso. Ele traz o realismo para a literatura, com muita ironia a acidez. A partir dessa obra, os finais já não têm obrigação de serem felizes, assim como aconte-ce na vida real.

“Tornei-me, assim como meu ídololiterário, um cavaleiro andante”

Integração - Por que é considerado 23 de abril e não o dia 22 de abril, o dia da morte de Cervantes?

Bergamin - Existe pouca documentação oficial sobre Cervantes, até pelo tempo decorri-do de sua morte. Acredita-se, porém, que a Es-panha da época tinha o hábito de registrar as mortes de acordo com o dia do enterro, neste caso 23 de abril, e não o do falecimento propria-mente dito, no dia 22.

Integração - Dom Quixote foi a obra-prima de Cervantes?

Bergamin - Sim. Miguel de Cervantes foi também dramaturgo e poeta, mas sem grande relevância nessas áreas. No teatro, ele enfren-tava a forte concorrência de Lopes de Vega, o grande nome da época do texto dramatúrgico espanhol. Nos versos também não conseguiu alcançar êxito. Já Dom Quixote, o romance, é um monumento, um livro que permite várias cama-das de leitura, diversas interpretações. Não há comparativo na literatura mundial. É impossível não sair transformado dessa leitura. Além des-sa obra, Cervantes ainda escreveu as Novelas Exemplares, que também teve boa repercussão, conseguindo chegar até nossos dias. Obvia-mente que obras estudadas mais de 400

anos após sua publicação têm grande va-lor literário e humano.

Integração - Tens proferido conferências sobre Cervantes e suas obras em várias cida-des. Como está sendo a experiência?

Bergamin - Ótima. No último dia 29 de mar-ço estive em Frederico Westphalen, para uma série de quatro conferências sobre Cervantes. Não há semana que eu não viaje. Em breve, es-tarei em Brasília, Belém do Pará e Buenos Aires e mais umas duas dezenas de cidades aqui no Rio Grande do Sul. Tornei-me, assim como meu ídolo literário, um cavaleiro andante.

Integração - O que o leva a palestrar sobre

Miguel de Cervantes?Bergamin - Dom Quixote é o livro da minha

vida. Foi através de uma adaptação dessa gran-de obra que me tornei leitor e, posteriormente, escritor. Isso tudo muito antes de ele ser eleito o melhor livro do mundo. Depois dessa leitu-ra adaptada li o livro original, em português, e depois ainda em espanhol, a língua em que foi escrito. Nunca mais fui a mesma pessoa depois disso. Falar sobre essa obra é uma maneira de divulgá-la e retribuir todo o bem que ela me fez. Acho que todos deveriam lê-la.

Integração - De que forma essas palestras tem impactado a sua rotina de escritor?

Bergamin - Além de escritor, sou oficineiro e mediador de leitura. Gosto muito dessa interlo-cução com o público. O ato da escrita é solitário e, às vezes, monótono. O contato com as pesso-as equilibra a solidão da escrita.

Integração - Mais considerações.Bergamin - Estou trabalhando desde o iní-

cio do ano em uma série de 10 livros infantis so-bre Dom Quixote. É um trabalho hercúleo, mas que está me dando muito prazer. Estou me di-vertindo com as novas aventuras desse maluco, com o qual tanto me identifico.

23 de abril: 400 anos da morte de Cervantes, autor de Dom Quixote

Arquivo Pessoal

Uili Bergamin, escritor bento-gonçalvense, profere conferências sobre o autor e a obra

Esse meu mestre, por mil sinais, foi visto como um lunático, e também eu não fiquei para trás, pois sou mais pateta que ele, já que o sigo e o sirvo, se é verdadeiro o refrão que diz: ‘diga-me com quem andas e te direi quem és’ e o outro de ‘não com quem nasce, mas com quem passa’.

Trecho do livro deMiguel de Cervantes

Parte 2, Capítulo 10

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Mosaico | 5 de abril de 2016 | 7

No dia 29 deste mês, comemora-se o Dia Inter-nacional da Dança, atividade artística, física e lúdica presente desde o início da História da Humanidade. Das tribais, as de salão, dos estúdios e academias até a zumba e o balé clássico e sua versão fitness, a dança é moda em Bento Gonçalves. Para saber as novidades relacionadas a essa arte tão antiga ouvi-mos profissionais da área que atuam no município.

A busca pelo “corpo perfeito” e por uma vida mais saudável pode parecer um processo can-sativo e, até mesmo, entediante. Devido a isso, constantemente as pessoas procuram exercí-cios alternativos para queimar as calorias, como as danças. Além de altamente descontraídas, elas são benéficas para a saúde corporal. Com base nisto, há dois anos, o Studio de Danças Nina Aver trouxe a Bento Gonçalves o Ballet Fitt.

A professora de ballet clássico, ballet fitt e jazz, acadêmica de Educação Física, Marina Aver, explica que o Ballet fitt é uma mistura de exercícios no solo e na barra, com conceitos do ballet clássico combinados com abdominal, agachamento, peitoral, tríceps e glúteo. “É uma aula completa, que veio da adaptação do clás-sico com foco no tônus muscular, para mulhe-res de todas as idades”, revela Marina. “As alu-nas vêm para cá para curtir, malhar e se divertir. Meninas dos 16 anos até mulheres de 50 estão aqui”, comemora.

Studio de Danças Nina Aver em dois endereços:Rua Francisco De Carli, 263, bairro Santa MartaRua Belém, 74, bairro BotafogoFone (54) 9935.4001

Matrículas abertas o ano todo

Ballet Fitt, Ballet Clássico, Flamenco, Jazz, Zumba, Dança Urbana, Aerodance, Pilates, Treinamento funcional, Muay Thai e Jiu Jitsu

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“O ballet é uma das mais completas ativida-des físicas, com a vantagem de ser uma arte”. A afirmação é das professoras Deise Ceccagno e Patrícia Larentis, do Aplausos Studio de Dança, que atende os públicos infantil, juvenil e adulto nos níveis iniciante, intermediário e avançado. Conforme as bailarinas, a novidade é que o bal-let também tem atraído público adulto feminino em busca definição corporal. Elas acentuam que a modalidade vai moldando o corpo de maneira harmoniosa e elegante. Lembram que o ballet, tanto para crianças como para adultos, trabalha o equilíbrio, a flexibilidade, a postura, fortalece a musculatura de pernas e braços, trabalha a con-centração, a disciplina e reforça a autoestima. Acrescenta que também previne a osteoporose. “A maioria das alunas da turma de adultos ini-ciantes tem amado os resultados, tanto físicos como mentais”, salientam as professoras. Elas também ressaltam que não existe idade limite para frequentar as aulas.

Antes de ser uma atividade física, a dança é arte, traz novos conhecimentos, amplia a cultura: os alunos entram em contato com a história da arte, da música, conhecem sobre teatros, baila-

Professora de ballet clássico, ballet fitt e jazz, Marina Aver

Ballet Fitt - modalidade com foco no tônus muscular

Collant e legging de ginástica, combina-dos com sapatilha básica é tudo o que precisa para começar a dançar. Ainda, segundo a pro-fessora, todas as pessoas podem fazer a aula, desde que tenham liberação médica, como em qualquer outra prática esportiva. No Studio de Danças Nina Aver, gerenciado por ela, todas as atividades que envolvem a dança têm sido muito procuradas.

Ballet clássico também tem atraído público adulto

Aplausos Studio de DançaRua José Mário Mônaco, 47, bairro CentroMatrículas abertas Fones: (54) 9939 7161 9934 4765

rinos, coreógrafos e obras de arte importantes.As diretoras do Aplausos, Deise e Patrícia,

estudam e trabalham com ballet há mais de 25 anos. O Studio participa de apresentações em eventos e palcos do município e região. “Dança-mos em muitos festivais e concursos, recebendo vários prêmios. Nossos alunos participam de to-das as edições do Bento em Dança, concorren-do e fazendo oficinas”, comentam. Além disso, em maio do ano passado, uma de suas alunas, de 15 anos foi selecionada para participar da Va-lentina Kozlova International Ballet Competition em Nova Iorque. “Em 2015, o Aplausos aprovou cinco coreografias para o Festival Passo de Arte, em Indaiatuba, São Paulo. A coreografia Monar-cas foi premiada neste concurso”, salientam.

“Nessa trajetória do Aplausos, muitos ex-alunos têm belas lembranças para contar. Já a paixão pelo bal-let demostrada por várias das atuais alunas, nos motivam a seguir em frente com mais amor e determinação”, afir-mam elas.

As professoras Deise Ceccagno e Patrícia Larentis

Por Janete Nodari

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APOLLO 0Ernani Cousandier

e Jorge Marini