Aguas Subterraneas Sao Francisco

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PLANO DIRETOR DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO DISPONIBILIDADE HÍDRICA DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS – PRODUTIVIDADE DE POÇOS E RESERVAS EXPLOTÁVEIS DOS PRINCIPAIS SISTEMAS AQÜÍFEROS AUTORAS Maria Luiza Silva Ramos Maricene Menezes de Oliveira Matos Paixão

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PLANO DIRETOR DE RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

DISPONIBILIDADE HÍDRICA DE ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS – PRODUTIVIDADE DE POÇOS E RESERVAS EXPLOTÁVEIS DOS PRINCIPAIS

SISTEMAS AQÜÍFEROS

AUTORAS

Maria Luiza Silva Ramos Maricene Menezes de Oliveira Matos Paixão

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1 – INTRODUÇÃO

As águas subterrâneas correspondem a aproximadamente 97% da água doce disponível no planeta e ao longo dos anos têm ganhado projeção como alternativa atraente de abastecimento para empreendimentos públicos e privados, pois apresentam baixo custo de tratamento e distribuição sendo naturalmente protegidas de variações sazonais bruscas. Essas águas vêm sendo utilizadas para abastecimento de mais de 50% da população do planeta e irrigação de aproximadamente 90 milhões de hectares (UNESCO,1992; in CPRM, 2000).

A medida que cresce a utilização desse recurso, cresce também a preocupação com a necessidade de conservação da sua disponibilidade tanto em quantidade como em qualidade. A expansão dos centros urbanos, o desenvolvimento dos setores agrícola, industrial e mineral, contribuem para a deterioração das águas subterrâneas através do aumento de fontes potencialmente poluidoras e conseqüentemente do risco de contaminação, bem como a implantação de obras de captação sem a observação de critérios técnicos pode comprometer o uso sustentável desse recurso.

Neste contexto, os gestores de recursos hídricos têm um desafio institucional e legal a vencer para implementação de políticas públicas que garantam água em quantidade e qualidade para os usos múltiplos preconizados pela legislação.

A água subterrânea é a componente do ciclo hidrológico que infiltra nos solos

através do excesso de precipitação pluviométrica, formando os aqüíferos. Os aqüíferos são formações geológicas com capacidade de acumular e transmitir

água através de seu poros, fissuras ou espaços resultantes da dissolução e carreamento de materiais rochosos.

Esses aqüíferos podem ser agrupados em 4 tipos de acordo com a forma de percolação e acumulação da água no seu interior; são eles: Sistema Aqüífero Granular – que corresponde aos sedimentos aluviais, às coberturas detríticas e manto de alteração e às rochas areníticas com porosidade primária; Sistema Aqüífero Cárstico – corresponde às rochas calcárias e dolomíticas; Sistema Aqüífero Cárstico–Fissurado – corresponde aos depósitos de rochas pelíticas associadas a carbonáticas e Sistema Aqüífero Fraturado – corresponde ás rochas basálticas e alcalinas, pelíticas e psamíticas, quartzíticas, xistosas e gnáissicas ou graníticas.

Nem todo o volume acumulado nos aqüíferos está disponível para ser utilizada

através de obras de captação, parte desse volume deve ser mantido para a alimentação dos cursos d’água, surgindo assim o conceito de reservas reguladoras.

As reservas reguladoras ou renováveis são aquelas relacionadas à precipitação anual ou taxas de recarga dos diversos sistemas. Estas reservas definem os recursos explotáveis dos aqüíferos, consideradas como a quantidade máxima de água que pode ser utilizada através de poços, sem comprometer as chamadas reservas permanentes ou acumuladas.

Em termos médios de longo período e em condições não influenciadas, admite-se que as entradas de água nos sistemas igualam às descargas ou saídas, que em geral são responsáveis pelo fluxo de base dos cursos d’água. Teoricamente, uma explotação cujo volume se iguala à recarga total do sistema acabaria por influenciar o regime de vazões mínimas do escoamento superficial. Por este motivo, admite-se que os recursos explotáveis representam apenas uma parcela das reservas reguladoras, a fim de garantir a manutenção de uma vazão mínima dos cursos d’água (Pinto & Martins Neto, 2001).

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2 - PRINCIPAIS SISTEMAS AQÜÍFEROS DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

Neste trabalho foi adotada a subdivisão dos sistemas aqüíferos segundo Souza (1995) na escala 1:3.500.000, sendo que para a descrição destes sistemas foi também utilizado o trabalho de Pinto & Martins Neto (2001). Foram identificados 9 sistemas aqüíferos definidos segundo suas características litológicas e comportamento hidrogeológico:

O Sistema Aqüífero Aluvial é constituído por aqüíferos existentes nos sedimentos

aluviais ou depósitos recentes, distribuídos ao longo das calhas dos cursos d’água, dos terraços e planícies de inundação. Constituído por areias, siltes, argilas e cascalhos, sendo que, junto às calhas fluviais, vales abandonados e paleo-canais são encontrados os materiais de granulometria mais grosseira (cascalho e arreia grossa), enquanto o material mais fino (arreia, silte e argila) predomina nas planícies de inundação.

Na da Bacia do Rio São Francisco as áreas de ocorrências mais expressivas do sistema Aluvial aparecem ao longo dos rios São Francisco, Paracatu, Urucuia e Velhas. Verifica-se maior distribuição superficial nos afluentes da margem esquerda do rio São Francisco refletindo o contexto com predomínio de sedimentos clásticos, do Grupo Bambuí e das unidades cretácias. Nas áreas de afloramento de metapelitos e calcários, os depósitos são comumente pouco espessos e apresentam–se argilosos e siltosos. Nos domínios carbonáticos é freqüente a ocorrência de níveis de calcrete.(Pinto & Martins Neto, 2001)

A espessura media saturada deste aqüífero varia de 5 a 10 m, podendo alcançar 30 m. Valores de condutividade hidráulica variam de 0,28 a 23 m/dia para os depósitos de granulometria entre areia fina a muito grossa e 0,02 a 0,11 m/dia para níveis siltosos. Os pacotes de espessura superior a 10 metros e constituídos de frações mais grossas podem fornecer vazões elevadas. A capacidade especifica está em torno de 1,64 m3/h.m (Pinto & Martins Neto, 2001)

Apresentam comportamento hidráulico sazonal devido sua conexão hidráulica com as águas superficiais, recebendo contribuição dos rios nos períodos chuvosos e para a manutenção do fluxo de base nos períodos de baixa precipitação e têm na evapotranspiração um importante exultório devido à pequena profundidade do nível d’água, geralmente não superior a 5-10 metros.

É um sistema importante do ponto de vista do aproveitamento por ser constituído de material fácil de escavar ou perfurar, apresentam níveis de água subterrânea pouco profundos possibilitando bombeamento com pequenos recalques.

O Sistema Aqüífero de Cobertura Detrítica, compreende todos os níveis

aqüíferos superficiais relacionados ao manto de alteração das rochas, correspondendo às coberturas detríticas encontradas sobre as superfícies de aplainamento Sul- americana. Elúvios e colúvios, por vezes associados a sedimentos aluvionares de canais suspensos, latinizados ou não. São constituídos por sedimentos arenosos ou argilosos podendo ainda apresentar níveis de cascalheiras basais. Localmente podem apresentar-se limonitisados formando cangas.

Os aqüíferos associados ao manto de alteração ocorrem generalizadamente ao longo de toda bacia, apresentando bastante variado em composição e espessura, que irão refletir a rocha originaria, condições paleoclimáticas e condicionamento morfo-tectônico. Embora sejam potencialmente fracos, são importantes no processo da recarga de aqüíferos subjacentes através da infiltração vertical.

Os depósitos detríticos de cobertura estão correlacionados a fase de pediplenação que marca o final dos ciclos erosivos dos períodos terciário e quaternário. Constituem superfícies de aplainamento, formando depressões com altitudes entre 400m e 600m ou formando platôs ou chapadas com altitudes variando entre 800 e 1400m com rebordos bem marcados. Nos domínios rebaixados de relevo, em cotas de 400 a 600 metros de altitude que ocorrem ao longo do alto curso do rio São Francisco e vales dos rios

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Paraopeba, Velhas, Urucuia, Paracatu, Bicudo, Gorutuba, Pacui, Verde Grande e Verde Pequeno

O Sistema Aqüífero Arenítico constitui todos os armazenamentos subterrâneos

relacionados às rochas cretáceas da Bacia do rio São Francisco representado pelos Grupos Urucuia, Mata da Corda e Areado. O Grupo Urucuia é essencialmente arenoso, com arenitos de granulometria fina a grosseira e secundariamente por conglomerados. O Grupo Mata da Corda é composto por seqüência vulcano-sedimentar, constituída por rochas piroclásticas, derrames alcalinos arenitos que localmente ser conglomeráticos. O Grupo Areado constituído por uma sucessão sedimentar composta por conglomerados, arenitos, siltitos, argilitos, arenitos calcíferos, calcareos e calcretes. Segundo Pinto & Martins Netto ed. (2001), o sistema possui espessura média de 160m podendo atingir 300 m. Possui alta permeabilidade, evidenciada pela baixa densidade de drenagem. O coeficiente de infiltração é elevado variando entre 9 e 15 %. Apresenta potencial hidrogeológicos mediano refletido pelos parâmetros hidrogeológicos: – porosidade eficaz próxima a 0,10; transmissividade variando entre 7 e 233 m3/dia e capacidade especifica média de 2,09m3/h.m. A recarga se dá pela infiltração da água de chuva nas regiões de afloramento ou através do aqüífero sobrejacente, por toda a área de chapada. A descarga principalmente por surgências no sopé das elevações, no contato com o substrato impermeável formado por rochas do Grupo Bambuí. A formação de veredas é típica na área de sua ocorrência. È de grande importância a contribuição desses aqüíferos para a manutenção do nível de base dos rios, garantindo o caráter permanente, com uma contribuição em torno de 4,87x109m3/ano.

O Sistema Aqüífero Carbonático constituído por aqüíferos essencialmente

cársticos, onde o armazenamento ocorre em rochas calcárias e dolomíticas onde a porosidade é dominantemente secundaria, formada por zonas de dissolução. É representado principalmente por calcários e dolomitos do Grupo Bambuí, Subgrupo Paraopeba (Formações Lagoa do Jacaré, Serra de Santa Helena e Sete Lagoas), constituído ainda por margas, ardósias, siltitos, argilitos, quartzitos e arcósios. Nessas ocorrências é observada uma progressiva predominância de fácies carbonáticas em direção ao norte. Ocorrem principalmente na região nordeste da bacia (Curvelo, Montes Claros, Montalvânia, Manga, Buenópolis) e limitadamente ao norte da região metropolitana de Belo Horizonte (região da APA carste de Lagoa Santa). As condições de recarga são efetivas em áreas de afloramento, a partir da drenança vertical de aqüíferos granulares sobrejacentes e em pontos de aporte dos cursos d’água superficiais, nas zonas de absorção cárstica de águas subterrâneas, condicionadas por estruturas de dissolução. Os níveis de base são representados pelos grandes rios que mostram, em alguns trechos, significativas situações de influência (perda para o aqüífero) ou efluência (restituição ao aqüífero). Representa o sistema de maior capacidade de produção e apresenta grande variedade de parâmetros hidráulicos que reflete a sua heterogeneidade. A transmissividade varia de 233m2/dia a 700 m2/dia, a capacidade especifica média está em torno de 12,4 m3/h.m e o armazenamento especifico médio de 458 mm.

O Sistema Aqüífero Pelítico - Carbonático é caracterizado como meio cárstico

fissurado, é representado pelas litologias pertencentes ao subgrupo Paraopeba e Formação Três Marias, sendo formado por intercalações de calcários e ardósias ou calcário e siltitos. Devido sua constituição litológica e diferenciação estrutural, apresenta comportamento hidrodinâmico bastante contrastante, o armazeno especifico médio é da ordem de 385 mm, no entanto, estimativas realizadas para o Plano Diretor de Bacias de Afluentes do Rio São Francisco o valor encontrado foi de 82,3 mm (Pinto & Martins Neto, 2001). A recarga se dá pela infiltração direta de água de chuva nas áreas de afloramento, ou pela água superficial através das drenagens com controle estrutural e pela infiltração

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de aqüíferos granulares superiores. Sua principal área de ocorrência está porção superior da bacia, a montante da foz do rio Paracatu.

O Sistema Aqüífero Pelítico é representado por armazenamentos em rochas

peliticas e psamiticas, caracterizando um sistema do tipo fissurado. É constituído por litologias pertencentes ao subgrupo Paraopeba, Formação Três Marias e subordinadamente à Formação Paranoá do Grupo Bambuí. É constituído por ardósias, siltitos arcósios e finas intercalações de arenito, margas e calcários. Sua principal área de ocorrência está na banda oriental da Bacia, junto à Serra do Espinhaço e nas bacias dos rios Paracatu e Urucuia. O armazenamento especifico médio é da ordem de 250 mm. A recarga, assim como para o sistema pelítico-carbonático, ocorre direta de água de chuva nas áreas de afloramento, ou pela água superficial através das drenagens com controle estrutural e pela infiltração de aqüíferos granulares superiores.

O Sistema Aqüífero Quartzítico é caracterizado como fissurado, sendo formado

pelos armazenamentos em rochas quartzíticas associadas a varias unidades geológicas. As principais áreas de ocorrência localizam-se no domínio dos Grupos Bambuí, Canastra, Paranoá, ao Supergrupo Espinhaço (Formações Córrego dos Borges, Córrego Pereira e Galho do Miguel), ao Supergrupo Minas (Formações Moeda, Cercadinho e Barreiro), ao Grupo Itacolomi, e ao Supergrupo Rio das Velhas (Grupo Maquine). De maneira geral, essas rochas se destacam no relevo e sustentam diferentes serras da bacia, como da Canastra, do Espinhaço, do Tombador, do Cabral, Geral do Rio Preto, da Moeda, e outras. A recarga se dá de forma direta pelos sistemas de fratura, percolação pelo manto de intemperismo e drenança dos sistemas granulares sotopostos. As nascentes difusas ocorrem de forma generalizada e respondem pelos níveis de base dos rios que cortam os terrenos quartzíticos. O armazenamento especifico médio é da ordem de 103 mm, a capacidade especifica média obtida para poços situados fora da bacia é de 8,28 m3/h.m, na região do Quadrilátero Ferrífero a transmissividade obtida para a Formação Cercadinho foi de 86 m2/dia.

O Sistema Aqüífero Xistoso é do tipo fraturado, representado por rochas xistosas

que ocorrem na Bacia predominantemente nos flancos da Serra do Espinhaço, no Quadrilátero Ferrífero, nas áreas dominadas pelos grupos Macaúbas e Araxá – Andrelândia - Canastra e pelo Supergrupo Rio das Velhas. As litologias mais representativas para o Grupo Macaúbas são os micaxistos, diamictitos, filitos, metaconglomerados, calco-xistos, meta-grauvacas e quartzitos. No flanco ocidental da Serra do Espinhaço as rochas se apresentam falhada e fraturada, enquanto que no flanco oriental se encontram ainda dobradas. Nos litótipos da Associação Araxá –Andrelândia - Canastra, que ocorrem no sudoeste da Bacia, predominam as fácies representadas por muscovita-sericita-biotita-xistos, lentes de calcário, filitos e quartzitos. O Supergrupo Rio das Velhas é caracterizado por uma seqüência meta vulacano clástica e se divide em dois grupos menores, o Grupo Nova Lima, inferior, composto por rochas pelíticas e meta-vulcãnicas dos tipos clorita-xistos, quartzo-clorita-xistos, quartzo-clorita-sericita-xistos, filitos ferruginosos, talco-xistos e bancos e lentes de quartzito. O Grupo Maquine representa a unidade superior e é constituída por quartzito sericítico, quartzo-sericita-xistos, quartzitos maciços ou xistosos, com ocorrência de níveis conglomeráticos. O armazenamento específico médio desse sistema é da ordem de 300 mm.

Embora englobadas nesse sistema, as rochas itabiríticas correspondentes às formações ferríferas bandadas da Formação Cauê representam um sistema de elevado potencial hidrogeológico, de comportamento bastante heterogêneo dependente da composição mineralógica e do nível de intemperismo sofrido. A transmissividade hidráulica varia de 52 a 3400 m2/dia, a ordem dos coeficientes de armazenamento está entre 10-3 e 10-1 a reserva explotável é de 4,1x109 m3.

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O Sistema Aqüífero Gnáissico-Granítico é constituído por armazenamentos em rochas ígneas e metamórficas de alto grau tais como granitos, tonalitos, ganisses, granitóides, migmatitos e outras associadas aos complexos Barbacena, Mantiqueira, Bação, Belo Horizonte, Guanhães, Porteirinha e Complexo Granulítico de Passa Tempo. Representa aqüífero do tipo fissurado, possuindo grande variação de tipos rochosos que reflete na grande variabilidade dos parâmetros hidráulicos. Ocorre na porção sul e no limite oriental da Bacia, em áreas deprimidas de relevo ondulado. A recarga se dá principalmente através dos cursos d’água encaixados em sistemas de fraturamento e a drenança a partir do manto de cobertura colúvio-eluvionar. A descarga da através de fontes pontuais e difusas em fraturas ou no contato entre o saprolito e a rocha sã atuando como reguladores de escoamento superficial.

SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7

SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8

SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1

SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4 SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5

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SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2

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SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10

SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

Figura 2.1: Principais sistemas aqüíferos do Estado de Minas Gerais com identificação das Unidades de Planejamento e Gestão da bacia do rio São Francisco. (Modificado de Souza et.al., 1995).

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3 - CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO

A metodologia utilizada neste trabalho para caracterização hidrogeológica da bacia do rio São Francisco partiu da subdivisão da bacia nas Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos – UPGRH identificadas pelo IGAM.

Cada UPGRH é apresentada em termos de seu arcabouço geológico e hidrogeológico, contexto fisiográfico, vazões específicas, vazões explotáveis em poços tubulares, vazões outorgadas para poços tubulares e vazões explotáveis / mês por unidade.

As informações relativas aos poços outorgados na bacia refletem, em menor escala, as tipologias de uso de águas subterrâneas e demandas mensais existentes nas UPGRH. Estas informações, obtidas do banco de dados de outorga da Divisão de Regulação e Controle – IGAM, permitem traçar um panorama dos usos de águas subterrâneas na bacia.

A descrição das UPGRH partiu do universo de informações disponíveis em Souza (1995), como base de nivelamento de informações para todas unidades. Nas UPGRH onde existem trabalhos específicos posteriores, as informações pertinentes foram incorporadas à descrição da respectiva unidade. No caso de transcrições dos trabalhos originais, estas serão apresentadas na forma de texto recuado.

3.1 – UPGRH Rios Bambuí / São Miguel / Machado – SF1

LEGENDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

SF2SF2SF2

FICHA TÉCNICA

Área total: 14.200 km2 Porcentagem relativa: Pelítico Carbonático 60% Xistoso Quartzítico 24% Gnáissico Granítico 6% Cobertura detrítica 5% Pelítico 3% Aluvial 2%

SSSSSSSSSSF2SF2SF2SF2SF2SF2

SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1

Figura 3.1.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF1.

Nesta unidade estão as nascentes do rio São Francisco e o segmento deste rio e seus afluentes a montante da foz do rio Pará. O índice pluviométrico anual se encontra entre 1000 a 1500mm.

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Na porção Sul e Sudoeste da área ocorrem aqüíferos do tipo xistoso associado às rochas do Grupo Canastra, Subgrupo Paraopeba Indiviso e seqüências metassedimentares Piumhi. Também ao sul ocorrem aqüíferos do tipo Quartzítico formados pelas porções quartzíticas do Grupo Canastra que formam a serra homônima com cotas da ordem de 1500m.

O sistema aqüífero Pelítico – Carbonático cobre 60% da área, desde sua porção central até o norte, sendo formado pelas rochas do Subgrupo Paraopeba Indiviso.

O limite leste da unidade é marcado por terrenos ondulados de baixa capacidade de infiltração gerados por rochas do sistema aqüífero Gnáissico – Granítico.

Ao longo do rio São Francisco na porção norte da unidade e com uma extensão da ordem de 70km observam-se aqüíferos do tipo Aluvionares e Coberturas Detríticas.

Também são observados aqüíferos do tipo Pelítico, associados a rochas do Subgrupo Paraopeba, localizados no extremo Norte da área. Estas rochas formam terrenos de relevo ondulado e baixa capacidade de infiltração.

As variações de vazão específica nesta unidade são marcantes nos aqüíferos

Gnáissicos – Granítico com valores máximos de 0,5L/s.m; nas demais regiões da unidade o comportamento é praticamente homogêneo e os valores de vazão específica variam entre 1,0 e 1,5L/s.m. Não obstante, as vazões máximas de explotação em poços tubulares são comparativamente altas nesta unidade podendo chegar a 40,0L/s.

Nesta unidade foram identificadas 92 outorgas concedidas para captação de águas

subterrâneas em poços a partir do ano de 1999, sendo aproximadamente 40% destas para consumo humano e abastecimento público, 30% para uso industrial, 15% para dessedentação de animais e 15% para outros usos (figura 3.1.2). O somatório das vazões outorgadas nesta unidade é da ordem de 1.600,0 m3/h com tempo de bombeamento máximo de 20 horas/dia, totalizando uma demanda mensal de aproximadamente 960.000m3.

SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 92 Total de vazões: 1.600,0 m3/h Demanda mensal: 960.000 m3

SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2

Figura 3.1.2: Distribuição das outorgas concedidas para águas subterrâneas na UPGRH-SF1.

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3.2 – UPGRH Rio Pará – SF2

LEGENDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

SF3SF3SF3SF3SF3SF3

FICHA TÉCNICA

Área total: 12.260 km2

Porcentagem relativa: Gnáissico Granítico 81% Pelítico 11% Quartzítico 5% Pelítico Carbonático 3%

SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2

SF3SF3SF3

Figura 3.2.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF2.

Esta unidade apresenta precipitação média anual na faixa de 1000 a 1500mm e compreende a bacia do rio Pará e seus afluentes.

Os aqüíferos Gnáissicos – Graníticos ocorrem em mais de 80% da área da bacia

formando terrenos de baixas permeabilidade e capacidade de infiltração com relevo ondulado a montanhoso.

Na área Norte da unidade predominam os aqüíferos Pelíticos e Pelíticos – Carbonáticos representados por rochas da Formação Serra de Santa Helena.

Uma pequena ocorrência de aqüíferos Quartzíticos aparece a NW da unidade sendo constituídos por rochas do Grupo Maquine que formam a Serra Azul, com as cotas mais altas da unidade (900m). Devido à topografia e ao relevo escarpado da área, a capacidade de infiltração nestes aqüíferos é também baixa.

O arcabouço geológico da área confere a esta unidade uma baixa disponibilidade

hídrica subterrânea. As vazões específicas médias observadas nos aqüíferos Gnáissicos – Graníticos inserem-se no intervalo de 0,2 a 0,5L/s.m; em uma faixa ao longo do rio Pará estas vazões são ligeiramente mais elevadas chegando a 0,9L/s.m. Os sistemas aqüíferos da área Norte apresentam vazões específicas entre 1,0 e 5,0L/s.m podendo, em alguns casos, ser superiores a 5,0L/s.m.

Igualmente as vazões máximas de explotação são baixas nos aqüíferos Gnáissicos – Graníticos (5,0 a 10,0L/s) podendo chegar a 25,0L/s em faixas próximas ao rio Pará. Na área Norte as vazões máximas de explotação podem chegar a 65,0L/s com valores médios da ordem de 50,0L/s.

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Nesta unidade o número de outorgas concedidas é de apenas 126, distribuídas principalmente entre consumo humano (30%), uso industrial (33%) e dessedentação de animais (32%) (figura 3.2.2). A estas outorgas corresponde uma vazão total de 1.100,0m3/h com tempo máximo de bombeamento de 20 horas/dia, ou seja, uma demanda mensal máxima de 660.000m3/h.

SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3

SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1 SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 126 Total de vazões: 1.100,0 m3/h Demanda mensal: 660.000 m3

Figura 3.2.2: Distribuição das outorgas concedidas para águas subterrâneas na UPGRH-SF2.

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3.3 - UPGRH Rio Paraopeba – SF3

LEGENDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

FICHA TÉCNICA

Área total: 12.090 km2

Porcentagem relativa: Gnáissico Granítico 55% Xistoso 14% Pelítico 13% Pelítico Carbonático 10% Cobertura detrítica 4,5% Quartzítico 2% Carbonático 1,5%

SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1

SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3

Figura 3.3.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF3.

Esta unidade tem seus limites na bacia do rio Paraopeba e seus afluentes, que está inserida em uma faixa de pluviosidade média entre 1000 e 1500 mm/ano.

Assim como na unidade SF2, o sistema aqüífero predominante na área é do tipo

Gnáissico – Granítico (Complexo Barbacena), com terrenos ondulados a montanhosos na direção do alto rio Paraopeba onde existe uma ocorrência de aqüíferos xistosos associados a rochas do Supergrupo rio das Velhas. A capacidade de infiltração destes aqüíferos é baixa devido aos solos argilosos pouco permeáveis.

O prolongamento Oeste da Serra do Curral secciona o Complexo Barbacena. A serra é formada por rochas do Supergrupo Minas que associação com rochas do Supergrupo Rio das Velhas são representadas por aqüíferos Xistosos.

No Norte da área, após a confluência com o ribeirão São João, passam a dominar as rochas do Subgrupo Paraopeba com sistemas aqüíferos Pelíticos (Formação Serra de Santa Helena), Pelíticos – Carbonáticos (Subgrupo Paraopeba Indiviso) e Carbonáticos (Formação Sete Lagoas), em ordem decrescente de extensão. A capacidade de infiltração destes terrenos é média a baixa.

A disponibilidade hídrica observada nos aqüíferos Gnáissicos – Graníticos é inferior

a 0,2L/s.m sendo esta a zona de menor vazão especifica da bacia do rio São Francisco. Os aqüíferos Xistosos apresentam vazões específicas também baixas variando

entre 0,2 e 0,5L/s.m. Na região Norte da área estão os aqüíferos de maior produtividade da bacia com

vazões especificas variando entre 1,0 e 5,0L/s.m.

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As características hidrodinâmicas dos aqüíferos Gnáissicos – Graníticos e a baixa capacidade de infiltração dos solos por ele gerados condicionam vazões máximas de explotação inferiores a 5,0L/s. Sendo que para a faixa de ocorrência dos aqüíferos Xistosos tem-se vazões de 5,0 a 10,0L/s.

Para as rochas do Subgrupo Paraopeba são observadas vazões máximas explotáveis da ordem de 60,0L/s e médias de 40,0L/s.

Os principais usos de águas subterrâneas nesta unidade destinam-se a consumo

humano / abastecimento público e consumo industrial, cada um com 33% das outorgas concedidas na área; seguidos por dessedentação de animais (23%) e em menor quantidade irrigação (8%). A primeira outorga nesta unidade foi concedida em 1998 e até dezembro de 2003 totalizavam 132; as vazões outorgadas correspondentes somam 4.205,0 m3/h (figura 3.3.2). Nota-se que comparativamente ao número de outorgas existentes e as tipologias aqüíferas da área o somatório de suas vazões é bastante alto, resultado das atividades de mineração na Serra do Curral em especial o rebaixamento de nível de água. Considerando que para esta atividade o tempo autorizado de bombeamento é de 24h/dia as demandas mensais desta unidade são da ordem de 2,6 x 106 m3.

SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF3SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 132 Total de vazões: 4.205,0 m3/h Demanda mensal: 2,6 x 106 m3

SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1

Figura 3.3.2: Distribuição das outorgas para águas subterrâneas concedidas na UPGRH-SF3.

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3.4 - UPGRH Rios Abaeté / Borrachudo – SF4

LEGENDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4

SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5

FICHA TÉCNICA

Área total: 18.710 km2

Porcentagem relativa: Pelítico Carbonático 74% Arenítico 18% Cobertura detrítica 7% Pelítico 1%

Figura 3.4.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF4.

Os limites desta unidade cercam a represa de Três Marias e seus afluentes diretos, além de pequeno trecho do rio são Francisco onde desemboca o rio Abaeté. A pluviosidade média anual varia entre 1000 a 1500mm.

As formações rochosas aflorantes nesta unidade foram agrupadas em sistemas

aqüíferos Pelíticos – Carbonáticos (Subgrupo Paraopeba Indiviso e Formações Três Maria e Serra da Saudade), Areníticos (Grupo Mata da Corda), Coberturas Detríticas (material Aluvionar e Coluvionar) e Pelíticos (Formação Serra de Santa Helena), em ordem decrescente de extensão.

O relevo da unidade é principalmente ondulado com porções escarpadas. Destacam-se na topografia platôs areníticos do Grupo Mata da Corda com cotas de até 1000m. A capacidade de infiltração e recarga é alta nas chapadas, média a alta nos terrenos planos de cobertura detrítica e baixa nos demais terrenos.

As vazões específicas dos sistemas aqüíferos na área variam de 1,0 a 5,0L/s.m,

sendo também observadas algumas regiões com vazões inferiores a 1,0L/s.m e outras com vazões superiores a 5,0L/s.m.

As linhas de variação das vazões máximas explotáveis em poços tubulares acompanham o trend estrutural regional da área de direção NE, apresentando um aumento de vazões de Norte para Sul de 10,0L/s a 65,0L/s.

A primeira outorga de um poço tubular nesta unidade foi concedida em 1997,

chegando até dezembro de 2003 a apenas 58 outorgas (figura 3.4.2). Assim com na maioria das regiões da bacia do rio São Francisco o uso prioritário de águas subterrâneas é o consumo humano / abastecimento público que representam 50% das outorgas

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concedidas na unidade, secundariamente observamos o uso industrial com 26% das outorgas. A vazão total outorgada na unidade é da ordem de 1.150,0 m3/h com tempo máximo de bombeamento de 20 horas / dia, 690.000m3 / mês.

SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4

SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 58 Total de vazões: 1.150,0 m3/h Demanda mensal: 690.000 m3

Figura 3.4.2: Distribuição das outorgas para águas subterrâneas concedidas na UPGRH-SF4.

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Page 15: Aguas Subterraneas Sao Francisco

3.5 - UPGRH Rio das Velhas – SF5

LEGENDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

FICHA TÉCNICA

Área total: 28.090 km2

Porcentagem relativa: Pelítico 23% Quartzítico 23% Pelítico Carbonático 21% Gnáissico Granítico 11% Xistoso 10% Carbonático 6% Cobertura detrítica 6%

SF7SF7SF7SF7SF7SF7

SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6

SF7SF7SF7

SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1

SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4

SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5

Figura 3.5.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF5. Esta unidade tem seus limites na bacia do rio das Velhas e seus afluentes, que está

inserida em uma faixa de pluviosidade média entre 1000 e 1500 mm/ano. O sistema aqüífero Xistoso predomina na porção do sul da unidade sendo

representado pelas rochas metassedimentares do Supergrupo Minas. Os terrenos na sua área de ocorrência exibem topografia acidentada, fortemente ondulada com média a alta capacidade de infiltração.

Pequena é a representatividade espacial do aqüífero Gnáissico - Granítico na unidade, ocorrendo em 2 pequenas áreas na região do Alto rio das Velhas, sendo representado por rochas dos Complexos do Bação e Belo Horizonte. Os terrenos a ele associados são fortemente ondulados a montanhosos com pequena capacidade de infiltração.

Na porção ocidental e nordeste da Unidade ocorre o sistema aqüífero Quartzítico. As rochas dessa unidade aqüífera se destacam no relevo, sustentando as Serra do Espinhaço do lado ocidental da UPGH, no extremo norte sustenta a serra do Cabral onde os principais litótipos são representados por quartzitos, metarenitos e metaconglomerados do Supergrupo Espinhaço. Como os terrenos são fortemente ondulados e montanhosos, apresentam pequena capacidade de infiltração.

O sistema Pelítico tem sua área de ocorrência estendendo-se na porção central da unidade, do norte do município de Belo Horizonte até o limite norte da Unidade. É constituído pelas rochas do Subgrupo Paraopeba Indiviso. Os terrenos são predominantemente ondulados com média a alta capacidade de infiltração.

O sistema Pelítico-Carbonático ocorre de forma abrangente na porção oriental da unidade, correspondendo as áreas de ocorrência das rochas do Subgrupo Paraopeba; é

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Page 16: Aguas Subterraneas Sao Francisco

o principal sistema aqüífero presente á margem esquerda do rio das velhas na região de seu baixo curso.

O sistema Carbonático ocorre de forma restrita na unidade, destacando-se duas áreas de de ocorrência, a primeira mais ao centro sul da unidade. Dentro dessa unidade mapeada está inserida a APA Carste de Lagoa Santa, cujos resultados de levantamento hidrogeológicos obtidos durante os trabalhos de zoneamento serão mostrados adiante. Outra ocorrência desse sistema se da na área do médio curso do rio das Velhas próximo à foz do rio Pardo Pequeno. Os terrenos se apresentam ondulados e a capacidade infiltração é baixa sendo representado por calcários que apresentam nível maior de dissolução do Subgrupo Paraopeba.

Os aqüíferos relacionados ao sistema de Cobertura Detrítica ocorrem como manchas na porção norte da unidade nas regiões correspondentes ao vale do rio das Velhas, já próximo a sua foz; vale do rio Bicudo, bem como recobrindo platôs de cotas mais elevadas.

A seguir serão apresentados alguns resultados de 2 trabalhos de caracterização

hidrogeológica realizados em áreas restritas da unidade SF5. O primeiro refere-se aos estudos hidrogeológicos da Área de Proteção Ambiental -

Carste de Lagoa Santa elaborados no contexto do macro-zoneamento ambiental desta APA.

A Área de Preservação Ambiental - APA Carste de Lagoa Santa apresenta uma superfície de aproximadamente 35600 hectares, abrangendo parte dos municípios de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Matozinhos, Confins e Funilândia, do Estado de Minas Gerais, com limites definidos pelo Artigo 3º do Decreto 98 881 de 25 de janeiro de 1990. A região abrange parte das áreas urbanas de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Matozinhos e Confins e as sedes dos distritos de Mocam- beiro, Fidalgo e Lapinha. Seu limite sul dista aproximadamente 18km deBelo Horizonte.

A região da APA Carste de Lagoa Santa insere- se no domínio das rochas pelítico-carbonáticas do Grupo Bambuí, onde predominam os aqüíferos cársticos semi-confinados a livres, constituídos por calcários e de forma menos expressiva por ardósias e siltitos intercalados Dos 96 poços cadastrados, apenas 69 foram identificados, estando o restante indefinido quanto aos aqüíferos perfurados, devido à falta de dados dos perfis adquiridos nas firmas perfuradoras. O quadro geral mostra um predomínio de poços perfurados em rochas do membro Lagoa Santa - aqüífero Sete Lagoas, com cerca de 40 poços, perfazendo quase 60% do total. Quanto à profundidade, verifica-se uma média geral de 92 m, sendo a profundidade mínima de 33 m, e a máxima de 170 metros Com relação à vazão específica, esses poços alcançam, no aqüífero Sete Lagoas, uma média ponderada de 14,42 m

3/h/m para o membro Lagoa Santa e

2,78 m3/h/m para o membro Pedro Leopoldo. Essas vazões estão atribuídas à

divisão simples da descarga em m3/h pelo rebaixamento (NE-ND) em metros, sem contudo, terem sido avaliadas as potências dos equipamentos de bombeamento dos poços. Através da análise dos perfis construtivos e estratigráficos, foram observadas as zonas de entradas d’água nos poços, comparando-se as profundidades e as cotas altimétricas. Ficou evidenciado que os intervalos das cotas altimétricas entre 670 e 710 m, são os mais expressivos em número de entradas d’água, somando mais de 40% do total.

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Page 17: Aguas Subterraneas Sao Francisco

Tomando-se os valores de profundidade absoluta dessas entradas d’água, verifica-se uma média oscilando em torno de 50m, com máxima de 141m e a mínima de 23 metros. Essa dispersão ocorre de acordo com as variações altimétricas dos terrenos, demonstrando que as áreas onde a topografia é mais elevada, nas porções oeste e sul, os poços devem alcançar entradas d’água mais profundas, e nas porções centro-norte e leste, entradas d’água mais rasas devem predominar. Esse controle estrutural ocorre devido ao acamamento da rocha calcária ser bastante horizontalizado e apenas modificado em decorrência de movimentos de blocos do embasamento cristalino, gerando escalonamentos desse substrato e alterando, localmente, as condicionantes topográficas. A estruturação dos aqüíferos, no que diz respeito às suas potencialidades, está associada ao contexto morfoestrutural no qual está inserido. Esses condicionamentos são responsáveis pela quantidade de água extraída dos poços tubulares, sendo assim necessário o reconhecimento dessas relações, a fim de elucidar os principais trends favoráveis à circulação e ao armazenamento das águas subterrâneas, nos ambientes cársticos. De acordo com as investigações pertinentes aos lineamentos estruturais observados, verificou-se uma preponderância de poços associados a algum tipo de estrutura, cerca de 87%. Apenas 13 poços cadastrados (13%) não mostravam nenhum tipo de associação morfoestrutural. Observa-se que dos 96 poços cadastrados, 61 estão relacionados a lineamentos de fratura (64%), 17 relacionam-se às feições cársticas (18%) e 5 poços estão associados com as zonas de contato entre as formações Sete Lagoas e Serra de Santa Helena (5%). Cabe ressaltar a vazão elevada observada nos poços situados no contato entre essas formações. Considerando-se a relação existente entre as vazões dos poços tubulares e o condicionamento morfoestrutural, observa- se, proporcionalmente, uma predominância de maiores vazões associadas às feições cársticas, seguidos dos contatos geológicos entre as formações Sete Lagoas e Serra de Santa Helena e dos lineamentos de fraturas N20-30W. Com o objetivo de reconhecer a dinâmica das águas subterrâneas, através da elaboração do mapa potenciométrico, utilizando-se os parâmetros hidráulicos e altimétricos dos poços para determinação dos principais caminhamentos do fluxo subterrâneo, possibilitando ainda a demarcação das áreas de recarga e descarga dos aqüíferos. Nesse mapa, observa-se, pela interpolação das cotas potenciométricas obtidas em 51 poços tubulares, e pelas informações adicionais de campo, a delineação de bacias aqüíferas distintas, as quais, podem subsidiar algumas considerações de ordem quantitativa dos volumes armazenados. A confiabilidade dos dados deve ser, até certo ponto, aceita com reservas, devido ao número e à distribuição dos pontos d’água. Esses divisores de bacias aqüíferas separam seis grandes domínios, sendo: 1) Domínio norte, córrego do Gordura, 2) Domínio noroeste, Palmeiras-Mocambo, 3) Domínio nordeste, córrego da Jaguará, 4) Domínio centro-meridional, Samambaia, 5) Domínio córrego do Jaque e 6) Domínio do ribeirão da Mata. Inicialmente, devem ser considerados alguns parâmetros hidrometereológicos fundamentais à obtenção dos valores de reservas aqüíferas procurados, sendo verificados para a área os seguintes parâmetros: • total pluviométrico médio anual (1976-1990) 1270,1 mm • evapotranspiração real (Patrus, no prelo) 995,6 mm Esses valores induzem a um excedente hídrico global em torno de 274,5 mm. No sistema 1, pode-se observar, para a bacia do córrego Gordura,

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Page 18: Aguas Subterraneas Sao Francisco

diferentemente das outras bacias, que, nos meses de agosto a outubro, as contribuições subterrâneas correspondem a um período de recessão mais tardio, devendo esse volume, equivaler aos volumes que sustentam, em parte, as descargas superficiais. Assim, esses indicadores fornecem um valor de aproximadamente 1,07 x 107 m

3/ano, ou mesmo, 248,8 mm, como volumes

anuais renováveis. Deve-se salientar que o valor de coeficiente de esgotamento encontrado (a= 0,0073) maior que na bacia 2, pode estar associado à origem da recarga em zonas de metassedimentos pelíticos situados, possivelmente, no município de Sete Lagoas, a noroeste da área e que, em termos de formação geológica, indica presença de material litológico um pouco menos permeável. A importância desse estudo na área da bacia 1 deve ser notada em virtude da sua localização no contexto do macrozoneamento ambiental, pois as formas de relevo apresentam atributos físicos favoráveis às atividades agropastoris. Para a situação observada no exemplo da bacia 2, Sistema Palmeiras - Mocambo, verifica-se que os deflúvios anuais acompanham um ritmo, cuja resposta dos caudais em sub-superfície são mais rápidos, possivelmente em virtude das condições geológicas e do gradiente hidráulico nas áreas que extrapolam os limites da APA. Assim, o valor encontrado para o coeficiente de esgotamento (a= 0,0023) pode corresponder a formações geológicas mais permeáveis, onde a infiltração ocorre mais facilmente. O gráfico 3 apresenta o hidrograma e mostra que o período de recessão é definido pelo intervalo entre os meses de março a julho, o que ocorre anteriormente ao observado na bacia 1. Os parâmetros indicam valores da ordem de 1,89 x 107 m3/ano ou ainda, 439,5 mm. O sistema 3 não foi caracterizado quanto aos valores médios mensais de suas vazões, apenas foi abordado com base nos dados compilados de Auler (1994), e suas medidas nas estações seca e chuvosa. O valor encontrado para contribuição subterrânea, de 0,70 m3/s ou 283 mm, aproxima-se do excedente, havendo uma equivalência com as demais bacias. A análise dimensional realizada para o sistema 4 difere das demais, uma vez que utiliza dados de evaporação da lagoa do Sumidouro (Ev), como meio auxiliar na determinação da quantidade de água que circula na sua bacia, incorporados os volumes que chegam a partir das surgências. Para o cálculo do volume evaporado, não foi considerada a forma do fundo da lagoa. Como a série de medidas levantadas através das réguas linimétricas (Patrus, inédito) apresenta-se pouco contínua, adotou-se um valor representativo do período analisado (400 cm), como corres- pondente à variação máxima em um ano hidrológico. Dessa forma, o balanço hídrico deve considerar as variáveis pertinentes ao esquema abaixo. Convém ressaltar que para o caso da vazão média obtida na ressurgência do Poço Azul, tal descarga está relacionada diretamente com as oscilações do nível d’água da lagoa do Sumi douro, a qual escoa parte de suas águas para essa ressurgência. Isso foi comprovado através de testes de traçadores corantes (rodamina WT), em recente trabalho desenvolvido pelo CDTN (inédito). Assim, o valor de QS foi desprezado, já que se encontra embutido em EV . Encontrou-se um valor que corresponde a 2,90 x 107 m3/ano ou 439,6 mm para as reservas reguladoras. Com relação às vazões encontradas para o córrego do Jaque (bacia 5), foi obtida uma descarga representativa dos volumes infiltrados e escoados para sua calha, no local de instalação da régua para leitura dos níveis d’água, correspondendo a uma área menor que o total de sua bacia (cerca de 50 km2).

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A média anual equivalente às reservas reguladoras dos aqüíferos, medidas entre setembro de 1992 e agosto de 1993, foi de 2,23 x 107 m3 ou 445 mm. O valor encontrado para o coeficiente de esgotamento (a= 0,0015) foi surpreendentemente baixo, uma vez que essa bacia está inserida, em sua maior parte, em terrenos constituídos por rochas pelítico-carbonáticas. A bacia do ribeirão da Mata abrange, em sua maioria, o domínio das rochas cristalinas que estão fora dos limites da APA, tendo sido encontrado um valor muito elevado para o coeficiente de esgotamento (0,0213), o que, de certa forma, corresponde a uma menor contribuição subterrânea, tanto em comparação ao sistema aqüífero cárstico, como pelo próprio material litológico que constitui a maior parte desses aqüíferos. Contudo, ficou evidenciado para tal sistema (bacia 6), um percentual elevado de contribuição subterrânea, quando analisados e separados percentualmente os dados de medição anual de descargas médias, apenas para a parte da bacia envolvida pela APA. Isso deve significar que a parcela dos fluxos subterrâneos contidos na APA é muito elevada, devido à maior presença de aqüíferos cársticos os quais mantêm o regime do ribeirão da Mata no período de recessão, baseados nos meses de maio a agosto (1995). Encontrou-se um valor de 2,17 x 107 m3 para as reservas anuais renováveis, o que se iguala a 425,5 mm de infiltração média anual. Os resultados obtidos pela caracterização dimensional dos aqüíferos visualizada acima, indicam quantitativamente, mesmo que de forma genérica, os valores estimados das reservas subterrâneas referentes ao volume anual renovável (reservas reguladoras), que estão disponíveis para a área da APA. Esses cálculos referem-se às estimativas obtidas através dos volumes de vazões medidas nos cursos d’água de cada bacia, tendo sido elaborados os respectivos hidrogramas, quando se dispunha de dados para definição das curvas de esgotamento e os valores restituídos em cada bacia. No caso dos valores compilados em Auler (1994), foram lançados diretamente aqueles valores médios encontrados nas estações úmidas e secas. Em resumo, pode-se dizer que, para um total de 356 km2, a APA potencializa uma reserva explotável de 3,95 m3/s ou 124,6 x 106 m3/ano (350 mm), correspondente às reservas anuais renováveis ou reguladoras. Isso representa uma taxa de infiltração da ordem de 27,6 % em relação ao total pluviométrico médio da região (1270,1 mm). O volume encontrado para as reservas reguladoras pode ser utilizado como base para projeções futuras, quanto ao crescimento da demanda de abastecimento e consumo da população, uma vez que a disponibilidade hídrica subterrânea considerada útil, em termos de equilíbrio hidráulico dos sistemas aqüíferos, deveria situar-se entre 25 e 40% de seu volume total, ou seja, que o volume explotado atualmente, cerca de 0,62 m3/s (15,7%), alcançasse no máximo 1,58 m3/s ou 40% de seu total (CPRM, 1998).

Em 2001 a Golder Associates apresentou ao IGAM o relatório final “Avaliação das

Interferências Ambientais da Mineração nos recursos Hídricos da Bacia do Alto Velhas” identificando 10 unidades hidrogeológicas diretamente relacionadas às unidades litoestratigráficas da área. São elas: Unidade Aqüífera do Complexo Bação, Unidades Aqüíferas Presentes no Grupo Nova Lima, Unidade Aqüífera dos Quartzitos da Formação Moeda, Unidade Aquitarda dos Filitos da Formação Batatal, Unidade Aqüífera das Formações Ferríferas da Formação Cauê, Unidade Aqüífera dos Dolomitos da Formação Gandarela,Unidade Aqüífera das Rochas da Formação Cercadinho. Unidade Aqüífera de Fácies Quartzíticas dos Grupos Sabará e Piracicaba, Unidade Aqüífera dos Quartzitos do

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Grupo Itacolomi e Unidade Aqüífera das Coberturas Fanerozóicas. 3.1.5 Principais Unidades Hidroestratigráficas da Área de Estudo Na presente fase de diagnóstico, optou-se por uma abordagem dirigida, principalmente, às unidades hidrogeológicas do Supergrupo Minas, pois, sem dúvidas, ele reúne as principais unidades do empilhamento estratigráfico do Alto Velhas, representadas pelas Formações Cauê, Gandarela e Cercadinho, e também porque estas unidades compõem os sinclinais Moeda e Dom Bosco, as duas principais morfoestruturas armazenadoras de água subterrânea da área em questão. Mais ainda, é nas formações ferríferas da Formação Cauê que estão instaladas as minerações de ferro, agentes intervenientes nas unidades hidrogeológicas, principalmente através de aberturas de cavas e rebaixamento de lençol freático. As principais características e parâmetros hidrogeológicos das unidades reconhecidas no Quadrilátero Ferrífero são apresentadas no Quadro 3.1.5.1. As unidades estratigráficas dos citados sinclinais, representadas pelas Formações Cauê, Gandarela e Cercadinho estão em contato geológico direto. Por conseqüência, as unidades hidrogeológicas correspondentes a estas formações são conectadas hidraulicamente (Quadro 3.1.5.1). Este fato possibilita, por exemplo, a presença de um sistema de fluxo instalado em um ambiente heterogêneo constituído por estas três unidades hidrogeológicas. A base deste sistema de fluxo é formada pelo aquitardo constituído pelos filitos da Formação Batatal. Como mostrado no Quadro 3.1.5.1, a unidade aqüífera instalada nos domínios da Formação Moeda (base estratigráfica do Supergrupo Minas) tem como limite de topo o aquitardo coincidente com os filitos da Formação Batatal. O limite basal, neste caso, não é bem estabelecido, uma vez que as informações disponíveis para o exercício hidroestratigráfico aqui proposto dizem respeito, principalmente, aos corpos de rochas do Supergrupo Minas. Mesmo assim, é digno de ser mencionado o fato de que na Mina de Águas Claras esta unidade aqüífera tem como limite de base os xistos do Grupo Nova Lima do Supergrupo Rio das Velhas (Bertachini 1994). Para o Supergrupo Rio das Velhas, é possível a elaboração de uma proposta hidroestratigráfica semelhante à que foi apresentada para o Supergrupo Minas e Grupo Itacolomi. A base de tal classificação é exclusivamente litológica, uma vez que os estudos hidrogeológicos que detalham o Supergrupo Rio das Velhas ainda são incipientes. Mesmo assim, é possível uma ordenação para estas unidades hidrogeológicas, semelhante ao que está mostrado no Quadro 3.1.5.1. Verifica-se, portanto, que o Grupo Maquiné, composto essencialmente por quartzitos, deve apresentar valores de condutividade hidráulica superiores aos encontrados nos xistos do Grupo Nova Lima, podendo pois ser considerado como unidade aqüífera, enquanto que os xistos do Nova Lima, como unidade aquitarda. 3.1.6 Potencial Hídrico Disponibilizável pelas Unidades Hidroestratigráficas De uma forma geral, a individualização de Unidades Hidroestratigráficas foi proposta, para o presente estudo, baseada nas características litoestruturais e

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hidrogeológicas das unidades estratigráficas do Quadrilátero Ferrífero e são apresentadas no desenho DES – RP3 - 04. Conforme critérios adotados para o estudo das disponibilidades hídricas subterrâneas, integrados com os estudos de caracterização do regime fluviométrico dos cursos de água da bacia do alto rio das Velhas, no que se refere aos fluviogramas das vazões mensais das oito estações hidrométricas estudadas (item 3.2.4.2), apresenta-se, no Quadro 3.1.6.1, os resultados da avaliação de potencial disponibilizável, nas formas explotável e restituível para cada uma das seis unidades hidroestratigráficas aqui definidas.

Para o disponibilizável na forma explotável constatou-se que as unidades integrantes dos sinclinais Moeda e Dom Bosco constituem um manancial subterrâneo de grande importância para a área de drenagem da bacia do Alto Rio das Velhas. Apesar da inexistência de estudos específicos de quantificação do potencial explotável, a referida constatação é proporcionada pelos dados apresentados no Quadro 3.1.6.1 e por citações que sugerem haver interconexão hidráulica entre as unidades aqüíferas destes sinclinais, induzida pelo arcabouço estrutural remanescente dos episódios de evolução neotectônica que afetaram a área. Dos levantamentos efetuados, constatou-se que os recursos hídricos do manancial subterrâneo estão, ainda, pouco utilizados para abastecimento urbano e, considerando-se o uso pela mineração, verificado apenas para o caso dos desaguamentos nas minas de ferro, seus cones de influência extendem apenas às vizinhanças dos empreendimentos. Poços tubulares profundos instalados nas formações ferríferas proporcionam altas vazões de explotação, não raramente superiores a 70,0 L/s, enquanto que nos Complexos Metamórficos, como no Bação e no Grupo Nova Lima, os melhores poços dificilmente ultrapassariam 10,0 L/s. Corrobora esta constatação, o fato de as águas de recarga serem descarregadas pelo alto nível de saturação em que se encontra o manancial subterrâneo. As águas de recarga, restituídas pelo aquífero e então descarregadas, vão constituir os fluxos na rede de drenagem superficial. Áreas de drenagem dos sinclinais Moeda e Gandarela restituem, na forma de descargas em mínimos de estiagem, significativa parcela das altas vazões específicas dos referidos caudais, que situam-se entre 15,0 e 20,0 L/s.km2, enquanto que nas áreas do Complexo Bação e Nova Lima as referidas vazões específicas dos caudais proporcionam valores máximos entre 5,00 e 10,0 L/s.km2. (IGAM 2002).

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Page 22: Aguas Subterraneas Sao Francisco

QUADRO 3.1.5.1

Características e Parâmetros das Unidades Hidrogeológicas Reconhecidas no Alto Rio das Velhas (Compilados de Bibliografia Diversa: Silva, A. B.; Sobreiro Neto, A.F.; Bertachini, A.C.; Amorim, L.Q.; Alkmim, F.F., Lazarim, H.A. e Outros)

Espessura (m) Unidades Hidrogeológicas Formação Litologias Tipo de porosidade K (m/dia) T (m2/dia) n ne Ss Q 1 (L/s.m)

Q 2 (L/s m/m)

Q max (L/s)

Es Em

Grupo Itacolomi Aqüífera Indiviso Quartzitos Porosidade fissural e/ou cárstico/fissural 0,35 2.10-3 15,5 >1.000

Grupo Sabará ? Aqüitarda? (dominante) Indiviso Filitos, xistos,

metagranvacas e quartzitos >3.000

Barreiro Filitos e filitos grafitosos 150

Taboões Ortoquartzitos 125Aquitarda (dominante)

Fecho do Funil

Filitos, filitos dolomíticos e lentes de metadolomitos

Porosidade fissural secundária

100 0,01 0,03 a 0,7 entre 5 e 7

410Grupo Piracicaba

Aqüífera Cercadinho Quartzitos ferruginosos Porosidade fissural e granular secundárias 1 90 0,05 1,1 1,1 200 600

Gandarela Dolomitos Porosidade cárstica e fissural 0,48 4.10-2 8,4 . 10-3 6.10-3 300 600

Grupo Itabira Aqüífera Cauê Itabiritos e

lentes hematíticas Porosidade granular e fissural secundárias

entre 0,3 e 10

entre 50 e 1500 0,4 0,10 a 0,15 entre 10-3 e

10-6 0,05 3.10-3 a 5.10-3 20 a >70 400 600

Aquitarda Batatal FilitosPorosidade fissural secundária pouco

desenvolvida. 8.10-6 5.10-2 1.10-4 3.10-6 250

Grupo Caraça

? Aqüífera ? Moeda Quartzitos Porosidade fissural secundária, unidade

pouco espessa 50 a 600 0,02 a 0,05 0,35 2.10-3 15,5 100 100

Casa Forte Quartzitos sericíticos e conglomeráticos Grupo Maquiné Aqüífera

Palmital Quartzitos sericíticos e micáceos

Porosidade fissural secundária 0,35 2.10-3 15,5 >1.800

Grupos Nova Lima e Quebra-Osso

Aquitarda (dominante) Indiviso

Xistos, filitos e lentes de quartzito, komatiitos,

metachertes

Porosidade fissural secundária 0,26 6.10-3 2 a 7 >4.000

Complexo Bação Aqüífera Indiviso Granito-gnaisses Porosidade fissural secundária 0,09 4.10-3 1,5 a 2,7 70 ?

K - Permeabilidade (Valores médios) Q1 - Vazão específica por metro de espessura da zona saturada do aqüífero T - Transmissividade (valores médios) Q2 - Vazão específica por metro de perfuração de poços n - Porosidade Q.max - Vazão máxima explotável por poço (valores médios) ne - Porosidade efetiva Es - Espessura saturada da formação (estimada) Ss - Coeficiente de armazenamento (valores médios) Em - Espessura máxima da formação (estimada)

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Page 23: Aguas Subterraneas Sao Francisco

QUADRO 3.1.6.1

Unidades Hidroestratigráficas Adotadas e Potencial Hídrico Disponibilizável no Alto Rio das Velhas

Unidades Hidroestratigráficas Potencial Hídrico Disponibilizável (estimativas)

Identificador Grupo ou Complexo Litologia Típica e Característica Avaliação

Vazão específica nos principais Cursos de Água

(L/s.km2)

Vazão explotável em poços tubulares

(L/s)

Feições Morfoestruturais

I Itacolomi Quartzitos Médio 10 < Vc < 15 10 < Vp < 20 Sinclinal Xisto, Filitos Muito baixo Vc < 5 Vp < 1 Sabará

Quartzitos Baixo 5 < Vc < 10 1 < Vp < 10 Piracicaba Quartzitos Cercadinho Médio 10 < Vc < 15 10 < Vp < 20 II

Itabira Formações ferríferas e metadolomitos do Gandarela Alto 15 < Vc < 20 (*) 20 < Vp < 70 (*)

Filito Batatal Muito baixo Vc < 5 Vp < 1 III CaraçaQuartzitos Moeda Médio 10 < Vc < 15 10 < Vp < 20

Sinclinais Moeda e Dom Bosco

Xistos, Filitos Muito baixo Vc < 5 Vp < 1 IV Nova LimaLentes de Quartzitos Baixo 5 < Vc < 10 1 < Vp < 10

Arqueamento Rio das Velhas e Anticlinal Mariana

V Maquiné Quartzitos Casa Forte e Palmital Médio 10 < Vc < 15 10 < Vp < 20 Sinclinal Vargem do Lima

VI Bação Granito-Gnaisses Baixo 5 < Vc < 10 1 < Vp < 10 Complexo tipo Batolítico

Avaliação do Potencial Hídrico Disponibilizável Vc (L/s km2) - Vazão específica mínima média de estiagem, em curso de água com nascentes e partes montante dos cursos na Unidade Hidroestratigráfica, onde as bacias tem área de: 50 < Área Bacia < 350 km2, obtida dos fluviogramas de vazões mensais.

Potencial Vazões Específicas de Cursos d’água

Vazões Explotáveis em Poços Tubulares

Alto : 15 < Vc < 20 L/s.km2 20 < Vp < 70 L/s Vp – (L/s) - Vazão explotável em poços tubulares profundos, obtida dos fluviogramas de vazões mensais Médio: 10 < Vc < 15 L/s.km2 10 < Vp < 20 L/s

(*) - São encontrados Vc > 20 e Vp > 70 Baixo: 5 < Vc < 10 L/s.km2 1 < Vp < 10 L/s

Muito Baixo: Vc < 5 L/s.km2 Vp < 1 L/s

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Page 24: Aguas Subterraneas Sao Francisco

FONTE : Compilado de mapeamento geológico do Estado de Minas Gerais - COMIG, 1995

Escala de origem 1:1.000.000

BASE : Estudo de implantação da agência de Bacia do Rio das Velhas - SEPLAN-MG

LIMITE DA BACIARODOVIASHIDROGRAFIAÁREA URBANA

SISTEMAS AQUÍFEROS

AluvialCarbonáticoCobertura DetríticaGnaissico-GraniticoPeliticoPelitico-CarbonaticoQuartziticoXistoso

FONTE: SEPLAN-MG, 1995 - Estudo de Implantação da Agência de Bacia do Rio das Velhas

INSTITUTO MINEIRO DEGESTÃO DAS ÁGUAS

Figura 3.5.2: Mapa de unidades Aqüíferas do alto rio das Velhas (IGAM 2002).

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Page 25: Aguas Subterraneas Sao Francisco

O total de outorgas concedias nesta unidade (241) é bastante reduzido

considerando que os limites da unidade englobam grande parte da região metropolitana de Belo Horizonte (figura 3.5.3). Em termos comparativos temos 44% das outorgas concedidas para consumo humano / abastecimento público, 33% para uso industrial, 9% para lavagem de veículos em postos de combustível e 8% para dessedentação de animais. A vazão total de explotação referente a estes usos é de 9.515,0 m3/h com demandas mensais da ordem de 5,9 x 106 m3, considerando as autorizações de bombeamento de 24 horas/dia para rebaixamento de nível de água em mineração.

SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7

SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF2SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1

SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4SF4 SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 241 Total de vazões: 9.515,0 m3/h Demanda mensal: 5,9 x 106 m3

Figura 3.5.3: Distribuição das outorgas para águas subterrâneas concedidas na UPGRH-SF5.

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Page 26: Aguas Subterraneas Sao Francisco

3.6 SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8

- UPGRH Região dos rios Pacuí /Jequitaí – SF6

LEGENDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

FICHA TÉCNICA

Área total: 25.130 km2

Porcentagem relativa: Pelítico 39% Pelítico Carbonático 21% Arenítico 20% Quartzítico 8% Cobertura detrítica 6% Aluvião 4% Carbonático 2%

SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6

SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10

Figura 3.6.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF6

Esta unidade engloba o rio São Francisco, e seus afluentes, em seu trecho compreendido entre a foz dos rios Abaeté e Paracatu, com exceção do rio das Velhas.

Em sua porção SW o relevo é marcado por um extenso chapadão de rocha arenítica (Grupo Areado) onde nasce e corre o rio Formoso afluente da margem esquerda do rio São Francisco. Descendo no relevo encontramos aqüíferos Pelítico-Carbonáticos que formam relevo montanhoso e, em seguida, aqüíferos Aluvionares ao longo das margens do rio São Francisco. A permeabilidade destes terrenos é alta nos chapadões e aluviões e baixa na porção pelítico-carbonática.

A porção SE da unidade apresenta grande diversidade fisiográfica e de sistemas aqüíferos. Destacam-se na topográfica as serras do Cabral e Espinhaço, sustentadas por rochas quartzíticas com cotas da ordem de 1100m. Também ocorrem nesta área aqüíferos Pelíticos (Subgrupo Paraopeba Indiviso) e Carbonáticos (Formação Lagoa do Jacaré) associados a Coberturas detríticas.

O restante da unidade apresenta substrato de sistemas Pelíticos (Subgrupo Paraopeba Indiviso) e sistemas aqüíferos Areníticos (Formação Urucuia), com alta capacidade de infiltração e recarga, que formam platôs com forte alinhamento estrutural segundo a direção NE, assim como os principais rios da área.

Não foram individualizados setores por diferença de rendimento específico nesta

unidade, certamente por carência de dados e não por homogeneidade hidrogeológica. As vazões específicas nesta unidade estão de maneira geral entre 0,5 e 5,0L/s.m.

Quanto às reservas dos aqüíferos são identificadas regiões de maior vazão de explotação associadas aos aqüíferos Areníticos, com vazões explotáveis de 15,0 a 25,0L/s, e área de menor produtividade associadas aos aqüíferos Pelíticos-Carbonáticos, com vazões específicas máximas de 10,0L/s.

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Page 27: Aguas Subterraneas Sao Francisco

Nesta unidade foram identificadas apenas 85 outorgas concedidas para captação de águas subterrâneas em poços a partir do ano de 1996, sendo aproximadamente 44% destas para consumo humano / abastecimento público, 22% para irrigação, 13% para uso industrial e 11% para outros usos (figura 3.6.2). O somatório das vazões outorgadas nesta unidade é da ordem de 2.970,0 m3/h com tempo de bombeamento máximo de 20 horas / dia, totalizando uma demanda mensal de aproximadamente 1,8 x 106 m3. Observa-se que maiores volumes explotados nesta unidade são destinados a irrigação e a abastecimento público.

SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 85 Total de vazões: 2.970,0 m3/h Demanda mensal: 1,8 x 106 m3

Figura 3.6.2: Distribuição das outorgas para águas subterrâneas concedidas na UPGRH-SF6.

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Page 28: Aguas Subterraneas Sao Francisco

3.7 - UPGRH Rio Paracatu – SF7

LEGE NDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

SF6SF6SF6SF6SF6666SF6SFSFSF

SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10

FICHA TÉCNICA

Área total: 41.510 km2

Porcentagem relativa: Pelítico 32% Arenítico 22% Pelítico Carbonático 20% Cobertura detrítica 18% Aluvião 6% Carbonático 2%

SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7

Figura 3.7.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF7.

Esta unidade tem seus limites na bacia do rio Paracatu afluente da margem esquerda do rio São Francisco. A maior parte da bacia está inserida na faixa de pluviosidade média anual de 1000 a 1500mm, com exceção de uma pequena área à Leste que apresenta precipitações inferiores a 1000mm/ano. Na faixa ocidental da bacia as taxas de precipitação são as mais elevadas, com valores de 1.400 a 1.600mm/ano. Já na faixa central as precipitações observadas estão ao redor de 1.100 a 1.200mm/ano.

Em sua porção Norte os limites da unidade acompanham o alinhamento da Faixa

de Dobramentos Brasília, onde ocorrem relevos montanhosos de baixa capacidade de infiltração. Nesta área de forte condicionamento estrutural ocorrem os aqüíferos Pelíticos e Pelíticos – Carbonáticos do Grupo Paranoá e Formação Paracatu.

Ainda na Faixa Brasília afloram rochas carbonáticas da Formação Vazante que destacam-se na paisagem formando pequenas serras alongadas na direção NNW.

Associados às bacias sedimentares dos rios Paracatu e Preto ocorrem aqüíferos do tipo Aluvionares e Coberturas Detríticas em domínios rebaixados de superfícies de aplainamento com capacidade de infiltração média a alta.

Na faixa Sudeste da unidade ocorrem aqüíferos Pelíticos – Carbonáticos da Formação Três Marias recobertos pelos arenitos dos Grupos Mata da Corda e Areado. A compartimentação estrutural da Faixa Brasília gera relevos montanhosos em porções desta região.

A distribuição de freqüência das vazões específicas mostra que a quase totalidade dos poços apresenta valores menores que 2 L/s.m, com média de 0,97 L/s.m, variando de um mínimo de 0,0012 a 27,47 L/s.m, com desvio padrão igual a 3,61. Eliminando-se três valores excepcionalmente altos relativos aos

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Page 29: Aguas Subterraneas Sao Francisco

aqüíferos carbonáticos, a média cai para 0,558 L/s.m. Detalhando esta distribuição para o intervalo de 0 a 2 L/s.m, verifica-se que a moda é representada pelo intervalo de 0 a 0,1 L/s.m e a mediana é igual a 0,15 L/s.m, ou seja, metade dos poços têm vazões específicas abaixo deste valor, enquanto apenas 25% dos poços tem este parâmetro maior do que 0,4 L/s.m (1440 L/h.m). Estes resultados indicam, para o conjunto da bacia representada pelos sistemas Pelíticos ou Pelíticos - Carbonáticos, capacidade de produção baixa a muito baixa, sendo inferiores aos obtidos para a bacia do rio Verde Grande, onde predominam sistemas aqüíferos similares do Grupo Bambuí (CETEC, 1995). A exceção ocorre apenas nos aqüíferos Carbonáticos, eminentemente cársticos, que podem ser considerados como de alta produtividade em alguns locais. Estes valores indicam que metade dos poços tem capacidade para produzir vazões inferiores a 4,4 L/s para rebaixamentos dos níveis d’água de 30 metros. Em termos de probabilidade, 1 em cada 4 poços perfurados pode produzir vazões superiores a 12 L/s, considerando idêntico rebaixamento. A vazão máxima registrada em testes de produção é de 28,57 L/s com rebaixamento de apenas 1,04m, em poço perfurado em calcário na cidade de Vazante. A vazão específica média observada nos aqüíferos Areníticos e de Coberturas Detríticas cai para 0,633 L/s.m excluindo-se um único valor excepcionalmente alto. Estes resultados mostram que os poucos valores disponíveis nestes dois sistemas não exercem influência significativa na distribuição de freqüência de vazões específicas da bacia. Com exceção dos aqüíferos aluviais quaternários, conectados hidraulicamente com os cursos d’água e que com estes mantêm ativa troca entre os períodos úmidos e de estiagem, nos demais aqüíferos predomina a situação em que os pontos de descarga situam-se em cotas superiores aos rios, havendo uma contribuição efetiva dos aqüíferos para os mesmos, durante todo o ano hidrológico. As reservas permanentes ou acumuladas na unidade, considerando os dados disponíveis acerca da espessura saturada dos aqüíferos e suas respectivas porosidades efetivas (α) seriam iguais a:

TIPO DE AQÜÍFERO RESERVAS PERMANENTES Pelítico e Pelítico – Carbonático ---- 2,28 x 109 m3 Coberturas Detríticas ------------------ 1,77 x 109 m3 Aluvial -------------------------------------- 1,23 x 109 m3 Arenítico ----------------------------------- 19,1 x 109 m3 Cárstico ------------------------------------ 0,18 x 109 m3 Total ---------------------------------------- 24,5 x 109 m3

O total das reservas reguladoras dos sistemas aqüíferos, estimadas com base no estudo dos hidrogramas dos postos fluviométricos selecionados, em termos médios de longo período, na bacia seria da ordem de 5.764 x 106 m3, estimativa mais conservadora, a 8.022 x 106 m3. Esta capacidade de armazenamento equivale a 26 vezes a da bacia do rio Verde Grande determinada pelo (CETEC, 1995) e é compatível com suas características hidrogeológicas e climáticas e com o fato de o Paracatu representar a maior bacia contribuinte do rio São Francisco. Considerando-se como os “recursos explotáveis” na bacia um volume total correspondente a 30% das reservas reguladoras, tendo em conta a manutenção de um fluxo de base de 70%, tem-se:

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Page 30: Aguas Subterraneas Sao Francisco

Recursos Explotáveis 5.764 x 106 x 0,30 = 1729 x 106 m3.

8.022 x106 x 0,30 = 2406 x 106 m3. ou, em outros termos 2000 x 106 ± 400 x 106 m3. Este valor representaria a disponibilidade total das águas subterrâneas na bacia. Relacionando-se este total com a capacidade de produção dos poços, no sentido de se estabelecer, em uma primeira aproximação, as vazões máximas permitidas (vazão segura) para uma explotação das águas subterrâneas através de poços tubulares, sem comprometimento das reservas acumuladas e riscos de uma super-explotação, pode-se desenvolver as seguintes considerações: • As probabilidades de incidência de valores de vazão específica dos poços

mostram os seguintes resultados: 75% ----- 0,075 L/s.m 50% ----- 0,15 L/s.m 25% ----- 0,4 L/s.m • Tomando-se 0,15 L/s.m como o valor mais representativo da vazão

específica em toda a bacia, cada poço seria capaz de produzir uma vazão de 4,5 L/s para um rebaixamento do nível d’água de 30 metros. Para um regime de bombeamento de 15 horas/dia, a produção total de um poço seria:

0,15 L/s.m = 540 L/h.m x 30 m = 16.200 x 15 horas/dia = 243.000 L/dia = = 88.695 m3/ano • Considerando-se um consumo médio anual de 15.000 m3 para se irrigar 1 ha

de policulturas (exceto arroz), cada poço seria capaz de atender 5,9 ha. • O número total de poços necessários para extrair um volume equivalente aos

recursos explotáveis, sob as condições de vazão e regime de bombeamento especificados, seria de 19.500, o que daria uma densidade de 1 poço para cada 2,3 km2 (RURALMINAS, 1996).

As principais finalidades de usos de águas subterrâneas nesta unidade,

individualizadas a partir do banco de dados do IGAM, são consumo humano / abastecimento público (40%), irrigação (24%) e dessedentação de animais (23%). O número total de outorgas concedidas nesta bacia é de 91 (até dezembro / 2003), sendo a primeira expedida em 1998 (figura 3.7.2). São explotados mensalmente 485.600 m3, considerando um tempo máximo de bombeamento de 20 horas / dia com vazão da ordem de 2.476m3/h.

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Page 31: Aguas Subterraneas Sao Francisco

SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7SF7

SF6SF6SF6SF6SF6SF6SF6

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 91 Total de vazões: 2.476,0 m3/h Demanda mensal: 485.600 m3

SF6SF6

SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5SF5

Figura 3.7.2: Distribuição das outorgas para águas subterrâneas concedidas na UPGRH-SF7.

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Page 32: Aguas Subterraneas Sao Francisco

3.8 - UPGRH Rio Urucuia – SF8

LEGENDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

FICHA TÉCNICA

Área total: 25.400 km2

Porcentagem relativa: Pelítico 40% Arenítico 20% Cobertura detrítica 35% Aluvião 5%

SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8

SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9

Figura 3.8.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF8.

Esta unidade compreende a bacia do rio Urucuia e seus afluentes estando inserida em uma zona de precipitações médias anuais variando entre 1000 e 1500mm, com exceção de uma pequena área na porção sul da unidade que apresenta pluviosidade inferior a 1000mm.

O substrato da bacia compreende rochas da Formação Três Marias, aqui

representadas pelos aqüíferos Pelíticos e que configuram um relevo onduloso com solos de baixa permeabilidade. Falhamentos de empurrão de direção NS e NNW condicionam declividades superiores a 40º na Serra do Meio, localizada na porção centro-norte da unidade. Nesta serra ocorrem rochas do Grupo Paranoá e Subgrupo Paraopeba Indiviso que não foram individualizadas neste trabalho, mas podem apresentar características hidrogeológicas bastante diferenciadas. No extremo sul da área, devido a inflexão da serra do Rio Preto, observa-se terrenos de aqüífero Pelítico montanhosos e íngremes com baixa capacidade de infiltração.

Distribuídos ao longo da bacia e preferencialmente ao logo do alinhamento do rio Urucuia estão os aqüíferos de Coberturas Detríticas e Aluvionares que geram relevo plano a suavemente ondulado com média e alta capacidade de infiltração.

Ainda notória é a ocorrência dos aqüíferos Areníticos compostos por rochas do Grupo Areado e Formação Urucuia.

Nesta unidade não foram individualizadas as zonas de produtividade diferenciadas

por tipologia dos aqüíferos em função da carência de dados, estando toda a bacia na faixa de vazões específicas de 0,5 a 1,0L/s.m. Da mesma forma as vazões máximas de explotação em poços tubulares foi estimada a partir de um pequeno universo de dados sendo identificadas zonas de maior produtividade associada aos aqüíferos Areníticos da

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Page 33: Aguas Subterraneas Sao Francisco

Grupo Areado e Formação Urucuia com vazões explotáveis da ordem de 70L/s. Nos demais sistemas aqüíferos as vazões explotáveis variam de 5,0 a 15L/s.

O número de outorgas concedias nessa unidade é bastante reduzido, totalizando

apenas 7, assim distribuídas: 4 para abastecimento público, 2 para dessedentação de animais e 1 para irrigação (figura 3.8.2). O somatório das vazões é de 168,0m3/h com tempo máximo de bombeamento de 20 horas/dia, ou seja, 3.360m3/mês.

SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8

SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 7 Total de vazões: 168,0 m3/h Demanda mensal: 3.360 m3

Figura 3.8.2: Distribuição das outorgas para águas subterrâneas concedidas na UPGRH-SF8.

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Page 34: Aguas Subterraneas Sao Francisco

3.9 - UPGRH Rios Pandeiros / Calindó – SF9

LEGENDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1SF1

FICHA TÉCNICA

Área Total: 31.340 km2

Porcentagem relativa: Arenítico 56% Carbonático 15% Pelítico 11% Cobertura detrítica 11% Aluvião 7%

SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9

Figura 3.9.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF9

Esta unidade engloba a porção norte do rio São Francisco e seus afluentes a jusante do rio Urucuia. A maior parte da unidade está inserida em uma faixa de índice pluviométrico inferior a 1000mm/ano, este índice se eleva chegando a 1500mm/ano em direção às porções sul e oeste da unidade.

Em uma extensa faixa que ao longo do rio São Francisco ocorrem os sistemas

aqüíferos de Coberturas Detríticas e Aluvionares seguidos pelas rochas carbonáticas a Formação Sete Lagoas expostas pela ação erosiva do rio. O restante da área é coberto pelo sistema aqüífero Arenítico representado pelas rochas da Formação Urucuia e Grupo Areado que formam extensas chapadas com alta capacidade de infiltração e recarga.

O relevo desta unidade configura uma diferença de cota média de 300m entre as chapadas e o nível de base regional (rio São Francisco) passando por relevos escarpados gerados pelas rochas pelito-carbonáticas.

O sistema aqüífero mais produtivo desta unidade é o Carbonático com vazões

específicas que vão de 5,0 a 19,0L/s.m, enquanto os aqüíferos Areníticos, Aluvionares e de Coberturas Detríticas apresentam vazões específicas da ordem de 0,5 a 1,0L/s.m.

Quanto às reservas dos aqüíferos verifica-se que, no horizonte de poços cadastrados, a vazão máxima explotável pode chegar a 45,0L/s nos Aqüíferos Carbonáticos e 15,0L/s nos demais.

Nesta unidade foram identificadas 41 outorgas concedidas para captação de águas

subterrâneas em poços a partir do ano de 1996, sendo aproximadamente 41% destas para irrigação, 37% para consumo humano / abastecimento público e 22% para outros usos (figura 3.9.2). O somatório das vazões outorgadas nesta unidade é da ordem de 2.250,0 m3/h com tempo de bombeamento máximo de 20 horas / dia, totalizando uma

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Page 35: Aguas Subterraneas Sao Francisco

demanda mensal de aproximadamente 1,3 x 106 m3, com grandes volumes explotados para irrigação e abastecimento público.

SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8SF8

SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 41 Total de vazões: 2.250,0 m3/h Demanda mensal: 1,3 x 106 m3

Figura 3.9.2: Distribuição das outorgas para águas subterrâneas concedidas na UPGRH-SF9.

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Page 36: Aguas Subterraneas Sao Francisco

3.10 - UPGRH Rio Gorutuba – SF10

LEGENDA

SISTEMAS AQÜÍFEROSAluvialCobertura DetríticaAreníticoCarbonáticoPelítico - CarbonáticoBasálticoPelíticoQuartzíticoXistosoGnáissico - Granítico

FICHA TÉCNICA

Área total: 27.080 km2

Porcentagem relativa: Pelítico 38% Cobertura detrítica 28% Gnáissico Granítico 14% Xistoso 11% Carbonático 8% Quartzítico 1%

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Figura 3.10.1: Principais Sistemas Aqüíferos existentes na UPGRH – SF10

Esta unidade compreende a bacia do rio Verde Grande que é um rio federal localizado no extremo norte do Estado.

A pluviosidade da área varia entre 1000 a 1500 mm/ano nas nascentes do rio Verde Grande (porção Sul e Centro-Sul da unidade) e o restante da bacia (aproximadamente 60%) apresenta precipitações inferiores a 1000 mm/ano.

As porções de relevo mais íngreme e acidentado estão no limite leste da unidade

que é feito por rochas da Serra do Espinhaço aqui representadas por aqüíferos Xistosos e Gnáissico-Graniticos.

Na porção de ocorrência dos aqüíferos Pelíticos (Subgrupo Paraopeba Indiviso), que cobrem aproximadamente 40% da área, o relevo é plano a suavemente ondulado com baixa capacidade de infiltração devido aos solos argilosos, enquanto nas coberturas detríticas, que apresenta o mesmo tipo de relevo, a capacidade de infiltração vai de média a alta.

Ocorrências de rochas carbonáticas da Formação Lagoa do Jacaré no limite sudoeste da área geram relevos ondulados com baixa capacidade de infiltração.

Os aqüíferos menos produtivos da unidade estão na Serra do Espinhaço com

vazões específicas variando entre 0,05L/s.m a 0,3L/s.m e vazões máximas explotáveis em poços profundos inferiores a 5,0L/s.

Em oposição estão as faixas de ocorrência do sistema aqüífero Carbonático com vazões específicas de até 19,0L/s.m e vazões máximas explotáveis que chegam a 45,0L/s.m.

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Page 37: Aguas Subterraneas Sao Francisco

As vazões máximas de explotação de poços no aqüífero Pelítico está na faixa de 10,0 a 15,0L/s e a vazão específica varia entre 0,5 e 1,0L/s.m.

A bacia do rio Verde Grande totaliza mais de 35% das outorgas de água

subterrânea da bacia do rio São Francisco; 498 outorgas concedidas a partir de 1995 até dezembro de 2003 (figura 3.10.2). Este cenário reflete a suspensão das outorgas para águas superficiais em 1996, seguida pelo incentivo do governo federal à perfuração de poços tubulares para atendimento dos projetos de agricultura irrigada, anteriormente abastecidos por águas superficiais. Neste contexto, 77% das outorgas da bacia destinam-se à irrigação, 14% para consumo humano / abastecimento público e 9% para outros usos.

Em termos de vazão, tem-se 53% das vazões outorgadas na bacia do rio São Francisco nesta unidade totalizando 28.220m3/h. A demanda mensal na unidade, considerando o tempo máximo de bombeamento de 20 horas/dia, chega a 1,7x 107m3.

SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10SF10

FICHA TÉCNICA Total de outorgas: 498 Total de vazões: 28.220 m3/h Demanda mensal: 1,7 x 107 m3

SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9SF9

Figura 3.10.2: Distribuição das outorgas para águas subterrâneas concedidas na UPGRH-SF10.

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Page 38: Aguas Subterraneas Sao Francisco

4 - RESERVAS EXPLOTÁVEIS POR UNIDADE DE PLANEJAMENTO E GESTÃO

A disponibilidade hídrica para cada UPGRH, expressa na forma dos volumes explotáveis / mês, foi calculada a partir do cruzamento das curvas características de esgotamento de cada sistema aqüífero com a tipologia homogênea local. Os valores apresentados na tabela abaixo refletem uma primeira estimativa das reservas explotáveis de cada sistema aqüífero e sua área respectiva área de ocorrência na unidade, considerando como reserva explotável 30% da disponibilidade armazenada. Tabela 4.1: Reservas explotáveis para as Unidades da Planejamento e Gestão da bacia do rio São Francisco.

Unidade de Planejamento e Gestão Área (km2)

Disponibilidade armazenada (103.m3/mês)

Reserva Expotável

(103.m3/mês) SF1 - Rios Bambuí / São Miguel / Machado 14.200 8,77 x 105 2,63 x 105 SF2 – Rio Pará 12.260 9,82 x 105 2,95 x 105 SF3 – Rio Paraopeba 12.090 1,38 x 106 4,15 x 105 SF4 – Rios Abaeté / Borrachudo 18.710 1,47 x 106 4,42 x 105 SF5 – Rio das Velhas 28.090 1,79 x 106 5,37 x 105 SF6 – Região dos rios Pacuí /Jequitaí 25.130 1,97 x 106 5,90 x 105 SF7 – Rio Paracatu 41.510 5,33 x 106 1,60 x 106 SF8 - Rio Urucuia 25.400 2,77 x 106 8,32 x 105 SF9 – Rios Pandeiros / Calindó 31.340 3,60 x 106 1,08 x 106 SF10 – Rio Gorutuba 27.080 2,55 x 106 7,66 x 105 TOTAL 235.810 6,82 x 106 5 - QUALIDADE DAS ÁGUAS

A caracterização qualitativa das águas subterrâneas é um aspecto tão importante

quanto sua quantidade em termos de gestão de recursos hídricos. Diversos fatores modificadores influem na característica química das águas subterrâneas tais como, composição mineralógica das rochas, condições climáticas, qualidade da água de recarga, tempo de residência, distancia de percolação, grau de areação e permeabilidade, que são inerentes ao meio, ou atividades antrópicas associadas etc. Sendo assim, cada sistema aqüífero desenvolve características particulares que permitem diferenciá-los quimicamente.

A seguir são apresentadas as caracterizações químicas das águas subterrâneas

para os diferentes aqüíferos da Bacia, conforme Pinto & Martins Neto (2001), baseados nos dados disponíveis nos Planos Diretores das bacias do Rio Verde Grande (RURALMINAS 1999b), do Rio Paracatu (RURALMINAS 1996) e das Bacias de Afluentes do Rio São Francisco em Minas Gerais (RURALMINAS 1990a) , em Mourão et al. (2000) e Souza (1995). Cabe ressaltar que os sistemas aqüíferos Xistoso e Pelítico, bem como o Aluvial e de Cobertura Detrítica (colúvio-eluvial), são apresentados de forma conjunta, enquanto que o sistema aqüífero das rochas Itabiríticas (aqüífero Xistoso) é apresentado de forma individualizada.

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Tabela 5.1 - Valores médios de parâmetros físico-quimicos para as águas subterrâneas da Bacia do rio São Francisco, modificado de Pinto & Martins Neto (2001).

Sistema Aqüífero

Condutividade Elétrica (µS/cm)

PH Dureza Total

CaCO3 (mg/L)

Cl- (mg/L)

SO4-2

(mg/L)Fe

Total (mg/L)

Mn (mg/L)

F- (mg/L)

Aluvial e Colúvio -Eluviais 159,5 7,04 55,36 6,8 4,1 0,2 0,18 0,15

Arenítico 82,2 6,75 42,27 6,2 2,0 0,2 0,39 0,12

Carbonático 463,2 7,79 219,7 18,6 14,6 0,51 70 -

Rochas Pelítico –Carbonáticas 427,47 8,0 201,98 30,2 8,11 0,40 0,13 -

Rochas Pelíticas e Xistosas 311,5 7,46 138,6 9,9 15,0 0,47 0,07 -

Rochas Itabiritícas 30,5 6,2 13,8 <0,3 <1,0 0,08 <0,05 -

Rochas Gnáissico -Granito setentrional

701,0 7,9 362,0 181,26 44,9 0,71 - -

Rochas Gnáissico -Granito meridional

50,0 7,8 54,0 2,5 1,62 0,66 - -

O sistema aqüífero granular, constituído pelos aqüíferos Aluvial, Colúvio - Eluviais e

Arenítico, apresenta águas predominantemente bicarbonadatas cálcicas, com menor freqüência dos tipos magnesiana e sódica. São pouco mineralizadas e possuem pH inferior ou igual a 7, valores proporcionados pelo baixo tempo de residência e a presença de CO2 dissolvidos das águas, respectivamente. Os aqüíferos Aluviais e Colúvio - Eluviais exibem parâmetros que refletem a quantidade de sais dissolvidos (condutividade elétrica e dureza total) superiores aos areníticos, refletindo a percolação pelo manto de alteração que facilita a lixiviação de minerais e concentração de sais na água.

O sistema Cárstico apresenta águas bicarbonatadas cálcicas e/ ou magnesianas

com predomínio dos tipos cálcicos, de caráter básico indicado pelo pH médio de 7,79 mg/L. A condutividade elétrica média é de 436 µS/cm, variando de 42 a 2336 µS/cm. A alcalinidade média é de 210,4 mg/L. A dureza total é elevada sendo o valor médio igual a 219,7 mg/L CaCO3 . Esses valores refletem a alta interação solo rocha e o caráter solúvel dos constituintes das rochas. É importante ressaltar as elevadas concentrações de flúor, provavelmente relacionadas à presença de fluorita nos calcários dessa região, detectadas nas proximidades ao município de Manga.

O sistema Cárstico - Fissurado apresenta águas que possuem composição química

de caráter intermediário entre os tipos de aqüíferos Cársticos e Pelíticos. Predominam águas bicarbonatadas magnesianas, bicarbonatadas sódicas e mistas. As águas possuem caráter básico demonstrado pelo médio de pH igual a 8. Os teores de flúor elevados que ocorrem ocasionalmente de vem também estar associados á presença de minerais fluoretados.

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As águas dos aqüíferos de rochas Pelíticas e Xistosas possuem caráter neutro ou ligeiramente básico com pH médio em torno de 7,6 os valores de dureza total variam entre 3,25 e 730 mg/L sendo o valor médio igual a 138,6 mg/L A condutividade elétrica varia de 6 a 2233 µS/cm com média de 311,5 µS/cm, a nordeste da bacia os valores de condutividade elétrica está associado aos altos teores de sódio. As concentrações de sulfatos cloretos são em geral baixas.

Os aqüíferos de rochas Quartzíticas possuem águas predominantemente

bicarbonatadas calcio-magnesianas, neutras a pouco alcalinas, o valor medo e pH equivalente a 7,29, os valores médios de condutividade elétrica são relativamente elevados ( 328,5 µS/cm. ), assim como os de dureza total ( 147,04 mg/L). Sulfatos, cloretos, e ferro total ocorrem em baixas concentrações.

Os aqüíferos de rochas Itabiríticas são pouco mineralizadas, apresentando baixos

valores médios de condutividade elétrica (30,5 µS/cm.), alcalinidade total (14,8 mg/L de CaCO3) e dureza total (13,8 mg/L e CaCO3). Predominam águas bicarbonatadas cálcicas a fracamente magnesianas. O Fe e Mn estão abaixo dos limites de detecção ou em concentrações muito baixas, bem como o cloreto e sulfato. Possuem caráter ligeiramente ácido ou neutro com pH médio de 6,2.

Nos aqüíferos de rochas de Ígneas e Metamórficas de alto grau as águas refletem a

forte influencia das condições climáticas da bacia na porção sul da bacia, certa relação entre a rocha e água, são, em geral, dos tipos bicarbonatadas cálcicas e/ou magnesianas. A mineralização é baixa, refletido nos valores médios de condutividade elétrica (50 µS/cm), de sólido totais dissolvidos (113,9 mg/L) e dureza total (54 mg/L). Na porção norte da bacia a condutividade elétrica média e de 70µS/cm e dureza total de 362mg/L. Apresentam valores de cloreto, sódio e sulfato eventualmente altos. As águas se classificam em bicarbonatadas cálcio-magnesianas, bicarbonatadas-cloretadas sulfatadas cálcio magnesianas e bicarbonatadas cálcio-sódicas.

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6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CETEC – Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. 1995. Desenvolvimento

metodológico para modelo de gerenciamento ambiental de bacias hidrográficas – estudo de caso: Bacia do Rio Verde Grande. In: CETEC/FAPEMIG, Estudos Hidrogeológicos: relatório técnico final. Belo Horizonte, v.3,91 p.

CPRM – Companhia de Pesquisa de recursos Minerais. 2000. Hidrogeologia Conceitos e

Aplicações 2a ed. Fortaleza, Fernando A C Feitosa, João Manuel Filho (coord.). 391 p.

CPRM – Companhia de Pesquisa de recursos Minerais; Fundação Biodiversitas. 1998.

Projeto APA - Carste de Lagoa Santa: Meio Físico; Biótico; Patrimônio Espeleológico; Histórico e Cultural: Zoneamento Ambiental; Sócio-Econômica e Gestão Ambiental. Belo Horizonte, MMA/IBAMA-MME/CPRM, 6 v.

IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas. 2002. Avaliação das interferências

Ambientais da Mineração nos recursos hídricos da Bacia do Alto Rio das Velhas. Relatório Final. Belo Horizonte. CD (inédito).

Mourão, M. A A ; Soares, A.G.; Simões, E. J. M.; Oliveira, E. S.; Brito; R. M. D. A.A, 2000.

Caracterização Hidrogeoquímica e Avaliação do Uso das Águas Subterrâneas na microrregião de Unaí. In: ABAS/ALHSUD/AIH, Cong. Mundial Integrado De Águas Subterrâneas, 1, Fortaleza, Anais, paper 49, CD.

RURALMINAS – Fundação Rural Mineira , Colonização e Desenvolvimento Agrário.

1999a. Hidrogeologia e plano diretor de recursos hídricos da bacia de efluentes dos rios São Francisco em Minas Gerais. Belo Horizonte, MMA/ SRH/ SEAPA/ RURALMINAS/ SEMAD/ IGAM – Consórcio Ecoplan/ Magna/ Cab, Tomo 8, v. 1, 120p. (inédito)

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1999b. Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Verde Grande. Belo Horizonte, MMA/ SRH/ SEAPA/ RURALMINAS/ SEME - Consórcio Tecnolsolo/ Eptisa,.171 p. (inédito).

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Ramos, M L S; Paixão, M M O – Gestão de Águas Subterrâneas: Experiência do Estado

de Minas Gerais, 2003; Encontro Nacional de Perfuradores, Petrópolis, XII, Anais , CD.

Souza, Sergio Menin Teixeira de (Ed) – Disponibilidades Hídricas Subterrâneas no

Estado de Minas Gerais/Sergio Menin Teixeira de Souza. - Belo Horizonte: Hidrosistemas ,1995. 525 p.

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