Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia
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MACROECONOMIA
ELEMENTOS DE MACROECONOMIA
A macroeconomia estuda a economia em seu conjunto, analisando as variáveis de
maneira agregada e não de maneira isolada, como a microeconomia. Podemos entender
Macro e Microeconomia, através do seguinte exemplo: É Microbiologia o estudo das
plantas, aves, animais, células etc... ,é o estudo da Macrobiologia o estudo agregado das
composições: Flora, fauna, corpo humano etc..., na Economia é o mesmo sentido. Na
Microeconomia estudamos os agentes econômicos e seus comportamentos, como os
indivíduos ( demanda ), as empresas ( oferta ) o mercado e sua interrelação econômica e
assim por diante. Na Macroeconomia estudamos a renda de todas as pessoas, a
poupança da população, a produção nacional, a inflação , comércio exterior e assim por
diante, perceberam a diferença. São típicas variáveis de interesse da análise
macroeconômica: a renda e o produto, o nível de preços, o emprego e o desemprego, a
moeda e o câmbio, o balanço de pagamentos, a taxa de juros.
Quando se estuda e promove relacionamentos entre as variáveis econômicas
agregadas, a macroeconomia não leva em consideração o comportamento das unidades
econômicas individuais e de mercados específicos, análise típica da microeconomia. Ao
estudar o nível geral de preços, a macroeconomia não se ocupa da formação dos preços
de um produto especificamente. Ao analisar o mercado, ocupa-se do seu conjunto,
observando aspectos de um setor ou uma indústria no seu conjunto.
A macroeconomia ocupa-se de analisar o curto prazo, especialmente no que se
refere à maximização do produto e da minimização do desemprego de fatores
produtivos e da inflação. Quando estuda questões de longo prazo, a análise
macroeconômica denomina-se TEORIA DO DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO
ECONÔMICO.
Os métodos de análise básicos, no estudo da determinação de preços e
quantidades são:
análise do equilíbrio parcial: estuda-se um mercado isoladamente, não
levando em consideração as possíveis interferências dos demais mercados;
esta lógica basea-se no pressuposto “ ceteris paribus”, ou seja, mantidas as
demais variáveis do modelo a ser estudado como constantes ou seja não
influenciam na análise em questão. Por exemplo: Quando estudamos o efeito
do preço em uma mercadoria, estamos considerando ceteris paribus as demais
variáveis que poderiam influenciar no preço como por exemplo a renda do
consumidor, seus gostos, preferências etc..., mas neste modelo preço,
mercadoria não estamos levando as outras variáveis em questão.
análise do equilíbrio geral: considera-se a interdependência de todos os
mercados. Os preços dos bens se formam em um mercado influenciados pelo
conjunto dos bens desse e dos demais mercados e pelos preços de todos os
insumos da economia.
IDENTIDADES MACROECONOMICAS BÁSICAS
As Identidades macroeconômicas básicas são o Fluxo circular da
Renda, Empresas e famílias, O estado como elemento constitutivo do
sistema econômico, As diferentes categorias de rendimento: salário,
lucro,aluguel, juros, impostos. As identidades macroeconômicas básicas são estudadas a partir do Fluxo Econômico,
mas você sabe o que é o Fluxo Econômico?
FLUXOS ECONÕMICOS
Os fluxos economicos são a “chave” para entender a relação econômica
entre produção e consumo, esta foi estudada amplamente pelo fisiocrata
François Quesnay, quando explicou o fluxo real e nominal da economia
para demonstrar que a economia era o reflexo de dois fluxos entre os
agentes econômicos e que a inte-relação entre os mesmos faz com que a
economia, apresente seus efeitos benéficos, maléficos ou de equilíbrio a
sociedade .
Os agentes econômicos como sabemos são todas as familias em seu
consumo, empresários e suas empresas, governo e instituições financeiras
que participam de uma economia.
O fluxo econômico real ou produtivo representa o fluxo de troca de bens e
serviços gerados pelas empresas ás famílias que por conseqüência
ofertam sua Mao de obra como fator de produção as empresas no sentido
de produzirem estes bens e serviços que satisfarão as necessidades
familiares.
Já o fluxo nominal ou monetário é o contra-fluxo ou fluxo de retorno de
pagamentos monetários referente aos salários pelo uso da Mao-de-obra
por parte das empresas e as famílias devolvendo suas rendas as empresas
em troca de consumo gerando lucros aos empresários em função de sua
produção. Entre entes dois fluxos o governo entra tributando a produção e
consumo nas duas pontas, ou seja consumo e produção, no sentido de
garantir o bem estar econômico de todos e os serviços básicos aos
cidadaos menos favorecidos. Também as instituições financeiras entram
como intermediadores destes fluxos garantindo financiamento a produção
e consumo captando recursos via poupança da empresa e das famílias e
financiando através da poupança gerada pelos agentes superavitários os
agentes deficitários em seus consumos pou investimentos.
Abaixo observaremos os fluxos econômicos real e nominal da economia e
seu funcionamento.
Gráfico fonte ; Prof. MSc. Elói Martins Senhoras.introdução a economia
Observamos no quadro acima que o fluxo A as famílias ofertam as
empresas Mao de obra, enquanto que no B as empresas remuneram as
famílias com salários, já o fluxo C é o retorno as famílias de bens e serviços
produzidos pelas empresa utilizando a Mao de obra das famílias que em
contra-partida recebem remuneração pelo dispêndio dos individuos em
consumo no fluxo D. os fluxos A e C representam o fluxo real da economia
e o fluxo B e D são os fluxos nominais ou monetários.
FATORES DE PRODUÇÃO
Os fatores de produção são os meios que a sociedade possui para
produzirem os bens e servicos que irão satisfazer as necessidades dos
indididuos à sua sobrevivência em sociedade são eles: o capital, a mão de
obra, a capacidade gerencial, tecnologia e terra e a inter-relação entre os
fatores de produção e agentes econômicos estão refletidas no Fluxo
Economico.
Estes fatores de produção melhor combinados entre si e com maior grau
de liberdade sobre seus custos durante a produção, farão com que a
sociedade ganhe produtos mais competitivos e com mais baixos preços,
gerando emprego, renda e consumo condizentes as suas necessidades
básicas de sobrevivência e consumo.
Estes fatores de produção tem em si cada um uma remuneração por seu
uso conforme a tabela acima demonstrou, logo é necessário investimentos
em cada fator no sentido de torná-los mais competitivos que em outros
mercados concorrentes.
Lembro que o ideal em uma economia é que este fluxo tenha um
funcionamento equilibrado, onde produção, trabalho, renda e consumo
seja equivalentes. O problema básico é que na Economia em geral ele não
funciona de forma equilibrada, principalmente nos sistemas capitalistas o
consumo geralmente é maior que a renda, o trabalho e a produção,
gerando desequilíbrios e efeitos muitas vezes maléficos, como a inflação, o
crédito desenfreado bancário àqueles que não possuem capacidade de
pagamento etc...de outro lado podemos ter uma forte produção, sem
contra-partida no consumo, gerando fortes estoques produtivos, que
inevitavelmente irão gerar falta de emprego, grande poupança e baixo
consumo etc...
CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO PRODUTO EFETIVO E POTENCIAL DE UMA ECONOMIA
‘Para satisfazer as necessidades humanas são precisos bens, bens esses que dificilmente se encontram já disponíveis. Precisam de ser produzidos, alterados de modo a terem valor para as pessoas. A produção faz-se a partir de recursos e fatores produtivos como terra (ou recursos naturais, que inclui a terra arável, os minérios, a água, a energia, etc.), trabalho (toda a atividade humana para a produção), capital (que é constituído pelos instrumentos duráveis, como máquinas, fabricas, estradas, etc.) e conhecimentos técnicos. Devido aos recursos limitados uma sociedade tem que escolher as quantidades de bens e serviços a produzir, mais comboios e menos automóveis, mais café e menos chá, etc. As possibilidades de escolha são imensas mas para simplificar vamos admitir que uma sociedade apenas pode produzir dois tipos de bens, café e sapatos. Aplicando todos os recursos na produção destes dois bens podemos obter várias combinações possíveis. Poderíamos aplicar todos os recursos na produção de sapatos, mas ficaríamos sem recursos para produzir café ou vice-versa, não é normal que uma sociedade gaste todos os seus recursos num só bem sem produzir nada do outro. A situação mais normal e racional é aquela em que ambos são produzidos. Para podermos analisar todas as situações possíveis recorremos a um gráfico muito importante em Economia: a fronteira de possibilidade de produção (fig.2) que representa o lugar geométrico dos pontos de produção máxima de café e sapatos, dado um certo montante de recursos disponíveis.
A curva de possibilidade de produção ilustra graficamente como a escassez de fatores de produção criam um limite para a capacidade produtiva de uma empresa, país ou sociedade. Ela representa todas as possibilidades de produção que podem ser atingidas com os recursos e tecnologias existentes. A concavidade da curva indica que, dadas as quantidades dos recursos, se a sociedade quiser aumentar sucessivamente a produção de um bem, maior será a taxa de sacrifício (o custo de oportunidade) associada a tal intenção (isso em termos da produção do outro bem). Os pontos sobre a curva mostram o máximo possível da produção combinada das duas mercadorias como mostram os pontos A, B e C (fig.3). A economia pode produzir no interior da curva, num ponto como D, ter mais café sem sacrificar sapatos, no entanto, isso significaria a não utilização de alguns recursos. Os pontos que se encontram fora da curva das possibilidades de produção, num ponto como E, são inatingíveis devido á falta de recursos para lá chegar.A Curva de possibilidades de produção também demonstra a capacidade da produção potencial de um pais. Logo ela representa a produção
potencial máxima do pais, caso o mesmo venha aplicar todos seus recursos ao máximo buscando a maior capacidade produtiva possível, porém como nem sempre isto é possível e geralmente os países trabalham abaixo da plena capacidade por vários motivos, temos uma produção efetiva geralmente menor que a potencial, mas nunca maior. A diferença entre a capacidade potencial e efetiva, chama-se de hiato de produto, conhecido também como capacidade ociosa da produção. HIATO DE PRODUTO = PRODUTO POTENCIAL – PRODUTO EFETIVO
Fonte; http://prof.santana-e-Silva.pt/economia_e_gestao/trabalhos_06_07/word/Alfred%20Marshall%20-%20A%20Teoria%20do%20Valor.pdf As relações intersetoriais As atividades econômicas produtivas são geradas pelas empresas que tem por finalidade combinar fatores de produção, gerando bens e serviços para a satisfação da coletividade, bem como maximizar o Lucro empresarial de forma a remunerar o investimento empresarial. Sabemos que todas as empresas compram matérias-primas, empregam mão-de-obra, captam recursos financeiros, utilizam capacidade gerencial e uma tecnologia de produção. Cada empresa em geral atua em ramos específicos de atividade produtiva, podendo até mesmo ser em vários ramos conceituados em 3 grupos: primário ( agricultura ), secundário ( industria ), terciário ( comércio e serviços ). Em geral as empresas precisam estar realizando negócios com várias outras empresas buscando fornecedores e atendendo clientes. A interrelação empresarial com outras empresas conceituamos economicamente como relações intersetoriais de vendas e compras e a análise destas relações nos remete ao Valor da Produção do conjunto da economia. Observe abaixo como se aplica estes conceitos baseado em dados para uma economia fechada, ou seja, não existem compras e vendas ao exterior.
SETORES PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO VENDAS INTERMEDIÁRIAS
DEMANDA FINAL
VALOR DA PRODUÇÃO
PRIMÁRIO 200 250 900 1350 2000 3350
SECUNDÁRIO 350 350 800 1500 2500 4000
TERCIÁRIO 1200 900 1200 3300 4000 7300 COMPRAS INTERMEDIÁRIAS 1750 1500 2900 6150
VALOR AGREGADO 1600 2500 4400 8500
VALOR DA PRODUÇÃO 3350 4000 7300 14650 Compras Intermediárias = analise verticalmente Vendas Intermediárias = “ horizontalmente A tabela nos indica o seguinte: O setor primário vende a outras empresas do setor 200 e ao setor secundário vende 250, totalizando de vendas intermediárias entre setores 1350, além dos agentes econômicos famílias, governo etc.. demandarem 2000, gerando o setor primário 3.350 de Valor da Produção. Da mesma forma podemos analisar horizontalmente o setor secundário e terciário. Se analisarmos as compras intermediárias ( horizontalmente ), temos que : o setor primário compra dele mesmo 200, do setor secundário compra 350 e do terciário 1200, totalizando uma compra de 1.750 que subtraído do valor da produção total do setor que foi de 3.350, temos o valor agregado pelo setor a economia como um todo de 1600.Por conseqüência temos as seguintes fórmulas que explicam as interelações setoriais na economia. VALOR DA PRODUÇÃO = VENDAS INTERMEDIÁRIAS + DEMANDA FINAL E VALOR DA PRODUÇÃO = COMPRAS INTERMEDIÁRIAS + VALOR AGREGADO. Observaram na tabela que não necessariamente o total das vendas deva ser igual ao total das compras , pois o valor da demanda final tem incluídos os demais agentes econômicos não empresariais, e portanto será diferente do valor agregado.Mas se observarmos as compras e vendas intermediárias entre os setores da economia, ou seja entre empresas, compras devem ser iguais as vendas entre setores. Portanto, VENDA INTERMEDIÁRIA = COMPRA INTERMEDIÁRIA E VALOR AGREGADO = DEMANDA FINAL Da conclusão acima diríamos que o calculo do produto deve ser feito a partir do Valor Agregado , como também da demanda agregada final. Tabela Resumo:
SETORES VALOR AGREGADO DEMANDA FINAL
PRIMÁRIO 1600 2000 SECUNDÁRIO 2500 2500 TERCIÁRIO 4400 4000
PRODUTO FINAL 8500 8500
Dentre as medidas que utilizamos para medir o nível da atividade do fluxo
econômico a mais evidenciada nos meios de comunicação está o PIB
(Produto Interno Bruto).
O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) é a soma dos preços dos bens e serviços finais
produzidos numa economia em certo período – preços versus quantidades produzidas.
Equação fundamental do produto: A fórmula matemática do PIB é: n
PIB = Σ (qi.pi) , sendo pi e qi os preços e as quantidades de cada bem i,e n o número i=1
de bens da economia.
O mesmo pode ser obtido por três óticas, produto, renda e despesa. Sob
a ótica do produto obtém-se o Valor Adicionado pela diferença entre o valor
de produção destinado ao mercado interno e externo e os consumos
intermediários de bens e serviços nacionais e importados. Numa economia
com governo, adiciona-se à Produção os impostos sobre os produtos. Sob a
ótica da renda , o Valor Adicionado em um determinado período é obtido
através da remuneração dos fatores de produção – salários, juros, lucros e
aluguéis. Os salários correspondem à remuneração do trabalho, os juros a
remuneração do capital de empréstimo, o lucro à remuneração do capital de
risco, e o aluguel a remuneração dos proprietários dos bens de produção.
Numa economia aberta e com o setor governo adicionam-se também as
rendas líquidas enviadas ao exterior e impostos sobre os produtos e a
atividades.Por fim o PIB medido pela ótica da despesa, numa economia
aberta e com governo, construímos agregados que representam os destinos
do Produto para consumo, investimento e variação dos estoques (Formação
Bruta de Capital Fixo1) mais o saldo das exportações sobre as importações
de bens e serviços.
Mais adiante iremos estudar a formação destes indicadores de forma
nominal e real e sua importância no estudo da economia em geral.
Conceitos básicos de algumas variáveis macroeconômicas notáveis
Valor adicionado – É a soma dos preços dos bens e serviços finais produzidos numa
economia em certo período. Representa a diferença entre o valor das vendas e o valor de
insumos e matérias-primas utilizados no processo de produção. Isso significa que não são
computadas no valor adicionado os bens intermediários (insumos e matérias-primas)
utilizados pelas empresas.
Produto nacional – É a medida dos valores adicionados pelas empresas aos bens
elaborados e aos serviços prestados, em toda a economia nacional.
Renda nacional – É a soma das remunerações pagas aos fatores de produção utilizados
pelas empresas. Representa a soma dos pagamentos de salário, juros, aluguel/arrendamento
e lucros no País, em dado período de tempo.
As principais medidas da atividade econômica
Entre as variáveis macroeconômicas mais significativas estão o valor bruto da produção, o
produto interno bruto, a renda nacional etc., cujos conceitos estão enunciados a seguir.
O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP) é a soma dos preços de bens e serviços produzidos
numa economia em determinado período – preços versus quantidades produzidas. Posto que
no VBP não há distinção entre bens intermediários e bens finais, essa medida superestima o
valor da produção social, ao contabilizar o valor dos bens intermediários tantas vezes
quanto estes entrarem na elaboração do produto final.
Os BENS INTERMEDIÁRIOS são aqueles destinados à utilização intermediária, que entram
na composição de outros bens, enquanto os bens de utilização final se destinam ao consumo
final e desaparecem com a sua utilização. Exemplos: o pão é bem de utilização final; a
farinha, que foi utilizada na produção do pão, é um bem intermediário.
Produto interno bruto = consumo + investimento + exportações – importações
Abaixo apresentamos a evolução do PIB Brasileiro DE 2001 A 2008.
Evolução do PIB brasileiro nos últimos anos
Ano Em milhões de reais correntes
Per capita, em reais correntes
Em milhões de dólares estadunidenses correntes
Taxa de variação real no
ano 2001 1.198.736,19 6.896,35 509.796,80 1,3% 2002 1.346.027,55 7.630,93 459.379,39 2,7% 2003 1.556.182,11 8.694,47 506.784,16 1,1% 2004 1.766.621,03 9.728,84 603.993,65 5,7% 2005 1.937.598,29 10.519,88 795.924,37 3,2% 2006 2.300.133,20 12.688,04 1.067.600,00 4,0% 2007 2.558.000,00 13.515,00 1.313.098,52 5,7% 2008 2.889.719,00 15.240,00 1.665.839,00 5,1%
Fonte: Banco Central do Brasil
O PIB é um dos conceitos mais utilizados em geral pelo publico para avaliar a
economia nacional, seu crescimento, estagnação e ou recessão. Porém devemos
sempre levar em consideração alguns temas que fazem com que o mesmo possa
levar os estudiosos a erros em suas análises e dificilmente são fáceis de medir como
por exemplo: O PIB não leva em consideração ao medi-lo se os preços estão
artificialmente elevados em função de grupos econômicos locais que formam
preços, também não leva em conta a qualidade das contas que o compõem, como
por exemplo podemos ter somente uma empresa no pais que gera 90% do PIB e que
a mesma produz bens e ou serviços efêmeros que amanhã ou depois poderiam
simplesmente desaparecer, influenciando dramaticamente no calculo de nosso PIB.
Também não leva algumas vezes em seu calculo a produção de alguns bens e ou
serviços não reconhecidos mercadologicamente, por exemplo; Trafico de drogas,
prostituição, negócios irregulares etc... que as vezes podem e influenciam bastante
nas economias de alguns países principalmente os em desenvolvimento. Até mesmo
podemos ter investimentos em bens e serviços que aparentemente iriam gerar renda,
mas nada mais são do que investimentos em gastos que seus custos sociais poderiam
anular os mesmos e as vezes são até maiores. Caso de gastos com tratamento de
efluentes industriais que apesar de anular muito dano social, muitas vezes o custo
social da saúde publica é maior e reduzirá o PIB no Longo Prazo.
As precauções na elaboração do cálculo do produto
As principais precauções que devem ser observadas na elaboração do cálculo do
produto são:
evitar a “dupla contagem” das mercadorias. Medir o valor agregado pelas
empresas aos bens elaborados e aos serviços prestados, somando-se assim
apenas o valor dos bens de utilização final;
desconsiderar as variações que os preços sofrem devido à inflação. Quer
dizer, o valor do produto deve ser medido em termos reais. Enquanto o
produto real mede o valor do produto a preços constantes, ou
deflacionado, o produto nominal mede o valor do produto a preços
correntes, ou inflacionado. Para tanto, deve-se utilizar aqui os “números
índices”, para deflacionar e/ou inflacionar duas séries estatísticas, de
preços e quantidades, que permite obter as medidas real e nominal do
produto. Observação: “deflacionar” o produto significa transformar
valores nominais, ou a preços correntes, em valores reais, ou a preços
constantes, enquanto “inflacionar” o produto significa transformar valores
reais, ou a preços constantes, em valores nominais, ou a preços correntes.
Para inflacionar e/ou deflacionar o valor do produto, utilizam-se os
números índices de Laspeyres (IPC) e Paasche (deflator da renda), um
superestimando os preços e o outro as quantidades.
desconsiderar as transações de mercadorias produzidas em exercícios
anteriores que, mesmo não tendo sido vendidas ou mantidas em estoques,
já foram consideradas na elaboração do cálculo do produto antecedente.
Neste caso, aplica-se o conceito de investimento e o valor dos estoques é
contabilizado acrescentando-se ou diminuindo-se ao valor do investimento
interno bruto fixo das empresas, tendo em vista o acréscimo ou decréscimo
dos estoques no período em consideração. Também devem ser
desconsideradas as transferências do governo ao setor privado da
economia, pois são transações não-produtivas.
Contas Nacionais Nominais e Reais
É deveras importante que se faça uma análise dos dados do PIB e outros
indicadores econômicos, sempre buscando torná-los mais próximos da realidade
nacional em seus períodos de análise. Por isto, geralmente no estudo do PIB por
exemplo usamos os chamados deflatores do PIB, uma vez que o mesmo por tratar de
produção, renda e consumo, sofre influência da Inflação no período em que é estudado.
Para podermos tratar do assunto contas Nominais e Reais é necessário
conhecermos bem a lógica aplicada pelo estudo do Nível Geral de Preços.
O nível Geral de Preços
O nível Geral de Preços reflete o nível médio dos preços dos bens e serviços de um
período para outro através de uma comparação. Podendo o mesmo refletir o
crescimento, declínio e estabilidade da taxa de inflação. Sempre o mesmo é calculado
baseado em um período base. Um estudo mais detalhado sobre a inflação sobre suas
causas, conseqüências será mais afrente estudado.
Considere a situação abaixo:
Feijão saca 60 kg.
PERÍODO INDICE DE PREÇOS
TAXA DE INFLAÇÃO
1 100 2 110 8% 3 123,35 15%
Lembre-se que o Brasil tem uma história econômica fortemente ligada a inflação e a
busca de seu equilíbrio,observe também a inflação no pais ao longo das últimas
décadas.
Índices da inflação (IBGE)
Gráfico inflação no Brasil entre 1930 e 2005
Década de 1930 = média anual de 6%; Década de 1940 = média anual de 12%; Década de 1950 = 19% Décadas de 1960 e 1970 = 40% Década de 1980 = 330%
o Nota = Entre 1985 e 1994 as taxas da inflação no Brasil foram altas. Entre 1990 a 1994 =média anual de 764% Entre 1995 a 2000 = média anual de 8,6% Ano de 2004 = 7,60% Ano de 2005 = 5,69% (IPCA): limite máximo na meta oficial = 7%; objetivo do
governo = 5,1%;
Especificamente, temos o seguinte quadro inflacionário pelo IPCA cheio, no período 1998-2008:
1998 = 1,65% 1999 = 8,94% 2000 = 5,97% 2001 = 7,67% 2002 = 12,53% 2003 = 9,3% 2004 = 7,6% 2005 = 5,69%
2006 = 3,14% 2007 = 4,46%
No Brasil existem vários índices de inflação e órgãos com critérios próprios para
calcularem a mesma, podemos citar os seguintes:
INDICES DE PREÇOS NO BRASIL
INDICE ORGÃO CONCEITO No. Salários Minimos PERIODOS DE ABRANGENCIA REGIÕES DE ABRANGENCIA - RM
IGP-DI FGV - Indice geral de preços - demanda interna 1 a 33 1 a 30 dias uteis 8 Regiões Metropolitanas
IGP-M FGV - Indice geral de preços - mercado 1 a 33 22 a 21 dias uteis Rio e São Paulo
IPC FIPE - Indice de preços ao consumidor 1 a 20 1 a 30 dias uteis São Paulo
INPC IBGE - Indice Nacional de preços ao consumidor 1 a 8 1 a 30 dias uteis 11 Regiões Metropolitanas
IPCA IBGE - Indice Preços Consumidor Ampliado 1 a 40 1 a 30 dias uteis 11 Regiões Metropolitanas
IPCA-E IBGE - Indice Preços Consumidor Ampliado - Especial 1 a 40 1 a 40 dias uteis 11 Regiões Metropolitanas
ICV DIEESE - Indice do Custo de Vida 1 a 33 1 a 33 dias uteis São Paulo
ICVM OESP - Indice do custo de vida da classe média 1 a 33 6 a 33 dias uteis São Paulo
CUB SINDUSCON - Custo dos materiais da Construção Civil 30 dias uteis 8 Regiões Metropolitanas
A partir deste conhecimento básico dos índices de preços calculados no Brasil,
podemos aplicá-lo em nossos estudos ligados ao PIB nominal e real.
Observem o seguinte: o PIB deste ano foi de R$ 100,00 e no ano que vem foi de
R$ 120,00, ou seja houve um crescimento de 20% (120/100) x 100 = 20%, mas se no
período a inflação medida foi também de 20%, logo o PIB manteve-se equilibrado.
Chamamos de PIB nominal aquele que não foi deflacionado, simplesmente levou
em consideração os valores dos Bens e Serviços produzidos no período sem tirar do
mesmo a inflação registrada no período, para poder analisar em comparação com o ano
anterior e se assim for realizado, será chamado de PIB real, ou a preços constantes.
Vejamos agora como fazer os cálculos dos PIB nominais, baseados no seguinte
exemplo:
QUANTIDADE (TON) PREÇOS (R$/KG)
ANO ARROZ FEIJÃO ARROZ FEIJÃO 2006 200 103 1 0,5 2007 240 124 1,5 0,8
Fórmula :
. n
PIBnominal = Σ (q2.p2/q1.p1)-1, onde: q2 e p2 = preços e quantidades período 2 e
i=1 q1 e p1 = preços e quantidades do período 1.
ANO 2006 = PIB = Σ (q1.p1) = (200X1 + 103X0,50) = 251,50
ANO 2007 = PIB = Σ (q2.p2) = (240X1,5 + 124X0,8) = 459,20
n
PIBnominal = Σ (q2.p2/q1.p1)-1= (459,20/251,50)-1= 82,80% i=1
Com estes cálculos podemos concluir que o crescimento nominal
considerou somente as variações das quantidades e dos preços. Porém para medir a
variação do bem estar econômico do ano 1 para o ano 2, devemos ignorar a evolução
dos preços. Abaixo iremos calcular o PIB de cada ano considerando os preços
constantes do ano 1, ou seja, os PIB reais.
Fórmula de índice de preços de LASPEYRES: n
PIBreal = Σ (Σ q2.p1/ Σ q1.p1)-1= i=1
ANO 2006 = PIB = Σ (q1.p1) = (200X1 + 103X0,50) = 251,50
ANO 2007 = PIB = Σ (q2.p1) = (240X1 + 124X0,50) = 302
n
PIBreal = Σ (Σ q2.p1/ Σ q1.p1)-1= (302/251,50)-1= 20% i=1
A partir destes cálculos concluímos que o Indice Nominal = Indice real x índice de
preços e por conseqüência o Indice de Preços = Indice Nominal / índice real.
Aplicando a lógica sobre os resultados anteriores temos:
Indice de preços: 1,8280 /1,20 = 1,5233 ou seja = 52,33% de variações nos preços.
INDICE DE PAASCHE
Este índice também é conhecido por deflator implícito de Preços, se observarmos a
igualdade INDICE NOMINAL = INDICE REAL X INDICE DE PREÇOS,tem-se que
Indice real = Indice Nominal/Indice de preços, logo pode-se na economia a variação
real nas quantidades , dividindo-se o índice nominal pelo índice de preços, este ato em
Economia chama-se de deflacionar um valor para traze-lo a valores reais e poder
elaborar análises com dados que não possuem margens de erro em função da perda dos
valores monetários ao longo do tempo e principalmente em economias em
desenvolvimento.
Produto Real e Produto per capita
Geralmente temos a tendência de pensa, que quanto maior o nível de produto, ou
PIB, que apesar de espelhar o empenho da economia nacional ser favorável, nem
sempre isto traz melhoras no bem-estar econômico da população em geral, pois isto
depende geralmente de outro fator que a distribuição deste produto.
Também temos de levar em consideração que a população nacional cresce de tal
maneira que é necessário perceber se este crescimento do produto esta sendo real, ou
seja efetivamente maior que o aumento do nível demográfico populacional,porque
senão iremos incorrer em um erro no qual existe uma população maior para um nível de
produto e renda menor e geralmente isto não é benéfico. Apesar destas colocações
iniciais um dos indicadores mais usados mundialmente para perceber-se que está
havendo aumento efetivo de bem-estar econômico na população é o estudo do produto
ou renda per capita.
PIB per capita = PIB real / População
Por exemplo observe a tabela explicativa abaixo:
PIB REAL POPULAÇÃO PIB PER CAPITA ANO $ V% MIL HAB V% $ V%
1 1120 156 7,18 2 1134 1,25 230 47,44 4,93 -31,33 3 1156 1,94 232 0,87 4,98 1,06
Vemos na tabela acima que o PIB real do ano 2 e 3 vem crescendo, mas se
observarmos a coluna a seguir a população cresce mais que o crescimento do PIB e
estes dados foram refletidos no PIB per capita que reduziu-se no ano 2 num volume
bastante expressivo e no ano seguinte ano 3 cresceu muito pouco, diria abaixo do
crescimento do PIB real. Baseado nos dados calculados pelo FMI em dólares
americanos para o ano de 2007 o Brasil é 77º. colocado no ranking de maiores PIB entre
os 179 paises analisados, tendo melhor colocação países como: Belizi, Dominica,
Equador e Gana e acima: países como: Argentina, Antigua, Costa Rica e Granada.
CONTABILIDADE NACIONAL E O SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS
A Contabilidade Nacional é a parte da Economia que busca contabilizar os grandes
agregados Macroeconomicos e suas variações apresentando os mesmos através de uma
padronização sistemática a forma com vem se desenvolvendo a economia Nacional de
um pais e assim facilitar a possibilidade de comparação com outras nações e através
destas informações melhor obter potenciais gestões do produto, renda e despesas
nacionais, garantindo através destas contas a efetiva aplicação da política
Governamental. Assim como na Contabilidade geral temos a equação fundamental da
Contabilidade onde: ATIVO = PASSIVO + PATRIMONIO LIQUIDO, na
Contabilidade Nacional temos a seguinte equação fundamental que deve ser respeitada:
PRODUTO = RENDA = DESPESA
O produto é igual a renda, pois cada unidade monetária corresponde a uma
remuneração dos fatores de produção. Observamos anteriormente que existem 5 fatores
de produção e todos obtem remunerações e lembramos que uma empresa qualquer
utilizada mais ou menos os 5 fatores de produção conforme seu ramo de atividade e que
a produção irar gerar como vimos anteriormente o PIB, logo para obter toda produção
de bens e serviços na economia, houve a necessidade de realizar despesas no sentido de
remunerar os fatores de produção. Logo, se um empresário produzir e vender uma
mercadoria no valor de R$ 100,00, esta receita irá gerar para a empresa uma série de
gastos no mesmo valor final de sua produção com pagamentos de Lucros, Salários,
juros, alugueis, hoyalties.
AS MEDIDAS DO PRODUTO
Agora iremos tratar das várias formas de mensuração do produto no sistema
econômico.
MÉTODO DO VALOR AGREGADO
A definição do conceito de “valor agregado”, representa o nível de produção
obtido a partir da diferença entre o valor do produto ou serviço final, desconsiderando
os investimentos necessários em consumo intermediário para poder obter tal produção.
Imagine uma empresa Siderurgica que para obter seu produto final, necessita
de minério de ferro, manganez e outras matérias-primas, ao calcular-mos o Valor
Agregado deste ramo de atividade, devemos descontar os valores gastos com estas
matérias-primas, pois iremos incorrer num erro chamado de “ dupla contagem”.
VALOR AGREGADO = VALOR DA PRODUÇÃO – CONSUMO INTERMEDIÁRIO
A partir do exemplo apresentado pelo Prof. Marcos Giannetti da Fonseca , do Livro
Manual de Economia da USP, temos:
PRODUTO VALOR DA PRODUÇÃO
CONSUMO INTERMEDIÁRIO
VALOR AGREGADO
MADEIRA 60 60 PAPEL 80 60 20 CORANTES 50 50
TINTAS 100 50 50 LIVROS 200 180 20 TOTAL 490 290 200
Observemos:
1) O Valor da Produção de 490 não representa bem o que buscamos
como Valor Agregado uma vez que para produzir Livros, foi
necessário dispender com a compra de papel, tinta etc..
2) Observemos que para produzir papel foi necessário comprar
madeira e que no valor final do produto papel está contido os 60
da madeira, sendo agregado somente o valor de 20, da mesma
forma que tinta comprando corantes.
3) Nesta economia em especifico somente foi produzido Livros e
portanto é necessário subtrair do valor total da produção os gastos
com insumos intermediários no caso: 490 – 290 = 200, este é o
valor agregado da Produção para obter o bem final Livro.
MÉTODO DA RENDA
Este método leva em consideração a ótica das remunerações dos fatores de
produção para obtenção dos bens e serviços gerados. Vamos montar um
exemplo e analisar como se processa esse cálculo.
Para o mesmo exemplo anterior do Prof. Giannetti do Manual de Economia USP
temos a seguinte situação contábil.
MADEIRA DÉBITO CRÉDITO Salários= 45 VBP = 60 Juros = 5 Lucros = 10
TOTAL = 60
TOTAL =60
PAPEL DÉBITO CRÉDITO Madeira =60 VBP = 80 Salários = 12 juros = 4 alugueis= 2 Lucros = 2 TOTAL = 80 TOTAL=80
CORANTES DÉBITO CRÉDITO Salários= 25 VBP = 50 Juros = 7 Lucros = 7 royalties = 6 alugueis =
5 TOTAL = 50
TOTAL =50
TINTAS DÉBITO CRÉDITO Corantes =50 VBP = 100 salários = 28 juros = 8 alugueis = 9 royalties = 3 lucros = 2 TOTAL = 100 TOTAL=100
LIVROS DÉBITO CRÉDITO Papel = 80 VBP = 200 tintas = 100 salários =12 juros = 5 lucros = 3 TOTAL =200 TOTAL=200
A Renda é definida como o somatório das remunerações de todos os fatores produtivos:
Salários + Juros + Alugueis + royalties + lucros, logo temos:
Madeira:
Salários= 45 Juros = 5 Lucros = 10
Papel :
Salários = 12 juros = 4
alugueis= 2 Lucros = 2
Corantes :
Salários= 25 Juros = 7 Lucros = 7 royalties = 6 alugueis = 5
Tintas:
salários = 28 juros = 8 alugueis = 9 royalties = 3 lucros = 2
Livros:
salários =12 juros = 5 lucros = 3
Temos que Renda é igual ao Produto, logo o Produto é igual a 200.
MÉTODO DA DESPESA
O Método a despesa prevê que se renda=produto=despesa, logo a despesa da
sociedade com a compra de Livros será diretamente os R$ 200,00 que é o preço final do
Livro.
A formula matemática que explica a função despesa é a seguinte:
DG = C + If + Ie + G +X
Sendo:
DG = Despesa Global
C = Consumo das Familias
If = Investimento Fixo
Ie = Investimentos em Estoques
G = Consumo do Governo
X = Exportações
Porém devemos observar pela lógica que para a despesa ser igual ao PIB de um pais
deve-se descontar os gastos realizados com importações pois estes recursos estão sendo
enviados par fora de nossa economia e aliás não foi produzido ppor nós e sim por outras
nações, outra correção nesta equação que devemos fazer então e passar a conceituar por
conseqüência as Despesas Globais de Despesas Internas, pois as mesmas são realizadas
em nosso pais e a renda aqui se mantem, gerando trabalho e renda. A equação final
seria:
Di = C + If + Ie + G +X – M = PIB
Sendo estas as variáveis contidas na fórmula e sua conceituação básica:
Di = Despesas Internas
Volume de gastos totais realizados em uma economia por seus agentes econômicos
internamente e aqui gerando trabalho, renda e volume de produção de bens e serviços
para a satisfação das necessidades sociais internas, desconsiderando gastos com o
exterior.
C = Consumo das Familias
Inclui-se todos os gastos realizados pelas famílias internamente, aqui estando
contidos todos gastos com bens duráveis ( eletrodomésticos, veículos , hardware, bens
móveis e imóveis em geral etc...), não duráveis ( alimentação, energia, vestuário etc...),
bem como os gastos com serviços de qualquer natureza ( cllinicas estéticas, bancos,
entreterimento, governo, educação particular etc...).
If = Investimento Fixo
Conhecido técnicamente pelo conceito econômico de formação do capital fixo,
representa todos os gastos em geral com bens duráveis que tem por conseqüência a
geração de mais capital, como por exemplo: Investimentos em Imobilizado ( máquinas,
equipamentos, ferramentas, plantas industriais etc...), gastos estes necessários a
capacidade produtiva e que tem por conseqüência gerar mais renda através de seu uso
na operação empresarial de bens e serviços. Também é conhecido como investimento
Bruto, uma vez que a variação do estoque de capital é dada pelo investimento
liquido , pois do Investimento Bruto do Ativo Permanente deve-se contabilmente
reduzir-se a conta depreciação que irá apresentar o volume de desgaste e ou
obsolescência do Imobilizado que por conseqüência deve ser reposto ao parque fabril na
intenção de manter-se produzindo de forma sempre barata, tecnologicamente mais
avançada e ainda proporcionar aumento de produtividade, aumentando o volume de
renda, trabalho disponibilizado a economia como um todo.
Ie = Investimentos em Estoques
Conhecido tecnicamente como variação de estoques é o volume de bens produzidos
na economia interna e que efetivamente não foi demandado, gerando estoques nas
empresas que irão por expectativa vender em um futuro próximo. Se subtrairmos da
Demanda Interna os investimentos em estoque,teremos a despesa efetiva.
G = Consumo do Governo
Técnicamente os gastos do governo tanto nas Esferas Municipais, Estaduais e
Federais, são divididos em dois itens de custeio e de investimento. Custeio, são os
gastos no sentido de manter a máquina pública funcionando, ou seja, pagando salários e
outras despesas ligadas a manutenção do serviço publico, de outro lado temos os gastos
com investimento que são aqueles ligados a melhoria da infra-estrutura nacional como:
Construção de Escolas, pontes, vias, estradas, portos, rios, canais etc..
X = Exportações e M = Importações
Representam a Balança Comercial pela sua diferença, bem como, as exportações
representam as receitas nacionais oriundas do exterior e por definição as Importações o
contrário. Sabemos que se X>M = Saldo positivo na Balança Comercial, se X<M =
Saldo Negativo da Balança Comercial, caso contrário equilíbrio da Balança Comercial.
Estas contas também ao serem somadas e divididas pelo PIB nos representam o grau de
abertura da economia, ou seja, o nível de gastos com o exterior em relação ao volume
do PIB.
Exemplo aplicando dados obtidos junto ao IBGE – 1994 BRASIL .
Di = C + If + Ie + G + X – M = PIB
Di = 222828 + 73960 + 0 + 54581 + 30422 – 26.224 = 355567 em milhões de reais.
Aplicando-se a Teoria Macroeconomica sabemos que :
RENDA = CONSUMO + POUPANÇA
DESPESA = CONSUMO + INVESTIMENTO
Se buscarmos uma equação de equilíbrio entre Renda e Despesa temos o seguinte:
RENDA = DESPESA = CONSUMO + POUPANÇA + CONSUMO + INVESTIMENTO
Logo temos:
CONSUMO + POUPANÇA – CONSUMO – INVESTIMENTO
POUPANÇA –INVESTIMENTO
Logo temos: Se toda a renda será parte gasta em consumo ( despesa ) e outra parte que
não foi consumida irá gerar poupança que necessariamente deveria ser igual ao
Investimento porque se não foi gasta com produtos e serviços, logo a produção
necessita financiamento para pagar estoques e nova produção, portanto todo volume de
Poupança Nacional deve ser Investido para manter o equilíbrio macroeconômico.
Agora vejam bem se a variável Poupança > Investimento, teremos problemas de falta de
produção e financiamento da mesma, pois o dinheiro esta parado , caso contrário
teremos mais investimentos que poupança, necessitando captar recursos extras para
financiar a produção.
Percebam que nesta equação temos o seguinte problema, as famílias deveriam
gastar conscientemente, mas mesmo que gastassem não tem idéia da necessidade de
investimento em produção, porque esta variável é determinada pelos empresários, logo
temos aqui um antagonismo que geralmente irá demonstrar desequilíbrios nesta
equação.
O Empresário em seu comportamento Planeja Investimentos os quais busca
realizar através do consumo das famílias, que nem sempre se realizará e portanto irá
gerar estoques, por conseqüência o empresário trabalha com a seguinte equação.
INVESTIMENTO REALIZADO = INVESTIMENTO PLANEJADO + VARIAÇÃO DE
ESTOQUES
Agora em uma Economia Aberta, onde existe relações comerciais com outras nações ( exportações e
importações) e buscamos o equilibrio macroeconomico das contas nacionais, temos a seguinte situação:
Se :
RENDA = CONSUMO + POUPANÇA INTERNA
e
DESPESA = CONSUMO + INVESTIMENTO + EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES
Logo se buscamos um equilíbrio entre a renda e consumo teremos o segiunte:
DESPESA= RENDA
CONSUMO + INVESTIMENTO + EXPORTAÇÕES – IMPORTAÇÕES = CONSUMO + POUPANÇA
INTERNA
INVESTIMENTO = - CONSUMO – EXPORTAÇÕES + IMPORTAÇÕES + CONSUMO +
POUPANÇA INTERNA
INVESTIMENTO = SALDO COM. EXTERIOR ( POUPANÇA EXTERNA ) + POUPANÇA
INTERNA
EQUAÇÕES DE EQUILIBRIO DO SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS
Abaixo iremos apresentar uma série de equações do sistema de Contas Nacionais que aplicam
conceitos e apresentam soluções para a busca de informações da Economia Nacional e suas inter-relações.
SALÁRIOS + JUROS + ALUGUEIS + LUCROS + ROYALTIES = RENDA INTERNA
RENDA INTERNA = PRODUTO INTERNO LIQUIDO A CUSTO DE FATOR
e
PRODUTO INTERNO LIQUIDO A CUSTO DE FATOR + DEPRECIAÇÃO = PRODUTO INTERNO
BRUTO A CUSTO DE FATOR
PRODUTO INTERNO BRUTO A CUSTO DE FATOR + IMPOSTOS INDIRETOS – SUBSIDIOS =
PRODUTO INTERNO BRUTO A PREÇO DE MERCADO
OFERTA GLOBAL = PRODUTO INTERNO BRUTO A PREÇOS DE MERCADO + IMPORTAÇÕES
DISPONIBILIDADE INTERNA = OFERTA GLOBAL – EXPORTAÇÕES
DEMANDA GLOBAL = CONSUMO PESSOAL + INVESTIMENTO + CONSUMO
GOVERNAMENTAL + EXPORTAÇÕES
DEMANDA INTERNA = DEMANDA GLOBAL – IMPORTAÇÕES
DEMANDA EFETIVA = DEMANDA INTERNA – VARIAÇÕES DE ESTOQUES
PRODUTO NACIONAL = PRODUTO INTERNO – RENDA LIQUIDA ENVIADA AO EXTERIOR
RENDA NACIONAL = RENDA INTERNA – RENDA LIQUIDA ENVIADA AO EXTERIOR
RENDA PESSOAL = RENDA INTERNA
RENDA PESSOAL DISPONÍVEL = RENDA PESSOAL – IMPOSTOS DIRETOS DAS FAMILIAS
Resumidamente as equações do Sistema de Contas Nacionais ficaria assim:
PIBpm – [ II.+ S ] = PIBcf
PIBcf – [ depreciações ] = PILcf
PILcf – [ REE – RRE ] = PNLcf
PNLcf – [ IR ] = RENDA NACIONAL
Onde;
PIBpm = PRODUTO INTERNO BRUTO A PREÇOS DE MERCADO
II. = IMPOSTOS INDIRETOS
S = SUBSIDIOS
PIBcf = PRODUTO INTERNO BRUTO A CUSTO DE FATOR
Depreciações = DEPRECIAÇÕES DAS PLANTAS INDUSTRIAIS NACIONAIS
PILcf = PRODUTO INTERNO LIQUIDO A CUSTOS DE FATOR
REE = RENDA ENVIADA AO EXTERIOR
RRE = RENDA RECEBIDA DO EXTERIOR
PNLcf = PRODUTO NACIONAL LIQUIDO A CUSTO DE FATOR
IR = IMPOSTO DE RENDA PESSOA FISICA E JURIDICA
Exemplo:
PIBpm – [ II.+ S ] = PIBcf
1,300 Tri U$ - ( 520 bi U$ + 130 bi U$ ) = 630 bi U$
PIBcf – [ depreciações ] = PILcf
630 bi U$ - 130 bi U$ = 500 bi U$
PILcf – [ REE – RRE ] = PNLcf
500 bi U$ ( - 370 bi – 50 bi ) = 180 bi U$
PNLcf – [ IR ] = RENDA NACIONAL
180 bi U$ - 30 bi U$ = 150 bi U$
Assim como a Contabilidade Empresarial possui um Plano de Contas Contábil o
qual espelha o Grupo de Contas e Subcontas codificadas, para gerar os Demonstrativos
Financeiros que irão apresentar a situação da administração do Patrimonio Empresarial.
O Sistema de Contas Nacionais também o possui e o mesmo foi elaborado de forma
padronizada pela ONU, no sentido de facilitar a análise econômica de uma pais e entre
paises.No Brasil o primeiro Orgão a realizá-lo em 1947, foi a FGV ( Fundação Getúlio
Vargas ) e a partir de 1986 foi o IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ).
As Contas Nacionais Brasileiras são as seguintes:
SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS
A EQUAÇÃO DO EQUILIBRIO MACROECONOMICO EM KEYNES
Segundo John Maynard Keynes a equação do equilíbrio macroeconômico de um pais
com economia aberta se dá pela seguinte equação matemática ;
PIB = C + I + X – M + T –GG + RRE – REE
Onde
C= Consumo agregado
I = Investimento
X= Exportações
M= Importações
T= Tributos
GG= Gastos do Governo
RRE= Renda Recebida do exterior
REE= Renda Enviada ao exterior
Exemplo
PIB = 1,3 tri
C= 260 bi
I = 50 bi
X= 160 bi
M= 120 bi
T= 520 bi
GG=560 bi
RRE= 40 bi
REE= 430 bi
PIB = C + I + X – M + T –GG + RRE – REE
1,3 tri = 260 bi + 50 bi +160 bi -120 bi +520 bi -560 bi +40 bi – 430 bi
1,3 tri = - 80 bi, logo o Governo terá de financiar esta diferença, ou via reservas
nacionais, ou através da emissão de dívida publica para poder equilibrar a economia, o
que inevitavelmente irá afetar ainda mais a REE.
Devemos lembrar que a demanda agregada é a soma do consumo agregado com os
investimentos, dada pela formula DA = C + I, enquanto que a renda é a soma das
despesas de consumo mais a poupança, dada pela formula Y = C + S. A condição de
equilíbrio é que a renda seja igual a demanda agregada.
Y = DA
Y = C + I
C + S = C + I
S = I Onde ;
Y= Renda
DA= Demanda Agregada
C=Consumo Agregado
I= Investimento
Logo percebemos que nas condições de equilíbrio econômico a Poupança deverá ser
igual ao Investimento.
AS CONTAS NACIONAIS DA FUNDAÇÃO IBGE
BALANÇA DE PAGAMENTOS
Metas de política macroeconômica
Ao estabelecer políticas macroeconômicas, os governos sempre têm como meta
alcançar um ou mais dos seguintes objetivos:
alto nível de emprego;
estabilidade de preços;
distribuição eqüitativa da renda;
crescimento econômico.
Alto nível de emprego – Ao contrário do pensamento liberal clássico, desde a
contribuição de Keynes à teoria econômica, hoje se aceita a intervenção do
Estado, mesmo em regimes capitalistas, no sentido de maximizar a obtenção de
produção global na economia. Com a existência de corporações cada vez mais
poderosas (sindicatos patronais e de empregados, associações corporativas) o
mercado não se regula, como se propunha nas teorias clássicas. E o desemprego
é uma das principais preocupações das políticas macroeconômicas.
Tipos de desemprego segundo o site http://pt.wikipedia.org/wiki/Desemprego
Desemprego friccional
O desemprego friccional resulta da mobilidade da mão-de-obra. Ocorre quando um ou mais indivíduos se desempregam de um trabalho para procurar outro. Também poderá ocorrer quando se atravessa um período de transição, de um trabalho para outro, dentro da mesma área (exemplo: construção civíl).
Desemprego estrutural
Resulta das mudanças da estrutura da economia. Estas provocam desajustamentos no emprego da mão-de-obra, assim como alterações na composição da economia associada ao desenvolvimento. Existem duas causas para este tipo de Desemprego: insuficiência da procura de bens e de serviços e insuficiência de investimento em torno da combinação de factores produtivos desfavoravéis. Esse tipo de desemprego é mais comum em países desenvolvidos devido à grande mecanização das indústrias, reduzindo os postos de trabalho.
O desemprego causado pelas novas tecnologias-como a robótica e a informática-recebe o nome de desemprego tecnológico.Ele não é resultado de uma crise econômica, e sim das novas formas de organização do trabalho e da produção.Tanto nos países ricos quanto os pobres são afetados pelo desemprego estrutural, um dos mais graves problemas de nossos dias.
O crescimento econômico, ou melhor, a ausência dele, tem sido apontado como o principal fator para os altos níveis de desemprego no Brasil. Naturalmente, se conseguíssemos manter altas taxas de crescimento econômico, o país sanearia o problema do desemprego conjuntural. Contudo, o desemprego estrutural, aquele em que a vaga do trabalhador foi substituída por máquinas ou processos produtivos mais modernos, não se resolve apenas pelo crescimento econômico. Aquele trabalho executado por dezenas de trabalhadores agora só necessita de um operador, ou melhor, dezenas de empregos transformaram-se em apenas um. É claro que se a economia estiver aquecida será mais fácil para estes trabalhadores encontrarem outros postos de trabalho. É comum associar o desemprego estrutural ao setor industrial. Este setor deixa mais evidente a perda de postos de trabalho para máquinas ou novos processos de produção,. porém isto ocorre também na agricultura e no setor de prestação de serviços. Em muitos lugares, inclusive no Brasil, culpou-se a tecnologia (que estaria roubando empregos e condenando os trabalhadores à indigência). Não há dúvida de que a tecnologia participa do processo, mas é um equívoco condená-la como a vilã do desemprego estrutural. A invenção do tear mecânico, da máquina a vapor ou do arado de ferro foram marcos que resultaram em um aumento significativo da produtividade e conseqüente redução de custos, permitindo a entrada de um enorme contingente de excluídos no mercado consumidor. Da mesma forma que sentimos hoje, o emprego sofreu impacto destes inventos de pelo menos 150 anos.
Desemprego conjuntural
Existem duas formas de designar o desemprego conjuntural, sendo que ambas estão conectas, desemprego cíclico ou conjuntural. Este resulta da variação cíclica da vida econômica, isto é, das épocas de expansão ou "boom" e das épocas de recessão da economia. Existe uma tendência secular de variações sazonais ou cíclicas que têm uma duração de 3 anos.
É aquele em que a demissão é ocasionada, na maioria das vezes, por crises passageiras. Portanto a demissão é temporária, uma vez que, superada a crise, o emprego é novamente ofertada.
CONCEITOS EMPREGADOS NAS PESQUISAS DE EMPREGO E DESEMPREGO NO BRASIL, segundo o site http://arquivos.unama.br/nead/gol/gol_adm_6mod/analise_conjuntura_nacional/pdf/aula11.pdf
População em Idade Ativa (PIA): normalmente se considera a população com mais de 15 anos, mas esse conceito pode variar conforme o país.
População Economicamente Ativa (PEA): é composta de empregados e pessoas que estão procurando emprego. Não fazem parte da PEA os aposentados, pensionistas, estudantes, donas de casa, detentos e os inativos (aqueles que não trabalham nem buscam emprego).
Com base nessas informações, fica fácil calcular o desemprego. Basta usar a seguinte fórmula:
Taxa de Desemprego = Desempregados / PEA
O Desemprego Oculto O problema mais complexo em tudo isso está em se determinar quem está empregado ou desempregado. A princípio, parece simples, desempregado é todo maior de 15 anos que está procurando emprego, mas não encontra. Entretanto, se analisarmos com mais atenção, vamos nos deparar com algumas situações bastante complicadas. Por exemplo, suponha que uma pessoa procurou emprego durante meses, não obteve êxito e desistiu. Ao desistir, esse indivíduo deixa de ser desempregado e se torna inativo. Vejamos outra situação. Uma pessoa, após não conseguir um emprego formal (com carteira assinada), passou a sobreviver de “bicos” (trabalho precário). Se essa pessoa está executando uma atividade remunerada e, em razão disso, não está mais buscando emprego, ela passa a ser considerada ocupada. Tanto a inatividade por desalento como o trabalho precário podem ser interpretados como formas de disfarçar o desemprego. Esse caso costuma ser chamado de “desemprego oculto”. A questão que se coloca é a seguinte: as pessoas que estão nessa situação devem ou não ser consideradas desempregadas? Os próprios institutos que fazem os cálculos de desemprego no Brasil (IBGE e Seade/Dieese) não chegaram a um consenso em relação a essa questão e usam metodologias diferentes nas suas aferições. Por essa razão, se você pesquisar dados sobre desemprego no Brasil, irá perceber que essas duas instituições chegam a resultados bastante diferentes.
Estabilidade de preços – O que se analisa, nesse quesito, não é o preço de cada
bem do mercado. Interessa à macroeconomia o nível geral de preços. Sua
desestabilização denomina-se inflação e se caracteriza pelo aumento continuado
e geral de todos os preços. Esse desajuste influencia negativamente a
distribuição de renda, o balanço de pagamentos e as expectativas dos agentes
econômicos (indivíduos e empresas). A tentativa, especialmente em países não
desenvolvidos, de alcançar elevados níveis de produção e emprego, costuma
produzir viveis aceitáveis de inflação.
Distribuição eqüitativa da renda – A utilização dos fatores de produção
determina sua remuneração (renda). Em uma economia na qual há desequilíbrio
de forças e há fatores de produção desempregados (trabalho, capital, recursos
naturais), a remuneração de cada um deles não proporciona uma distribuição
socialmente justa da renda. No Brasil, no período denominado milagre
econômico (1967 a 1973) praticava-se uma política macroeconômica de priorizar
o crescimento para, depois, promover a distribuição. O período se caracterizou
por uma alta taxa de concentração de renda, com reflexos ainda não
completamente removidos na economia brasileira.
Crescimento econômico – Havendo desemprego (ociosidade de fatores de
produção), a economia poderá crescer se essa ociosidade for reduzida. Se, ao
contrário, os fatores estiverem muito próximos do pleno emprego, somente o
aumento dos recursos disponíveis (maior número de fatores, como:
trabalhadores, capital ou recursos naturais) ou um avanço tecnológico que
promova maior produtividade aos fatores provocará crescimento econômico.
Importante é o crescimento líquido do produto, ou seja: o produto deverá crescer
mais do que cresce a população que utiliza essa produção. O indicador para
medir tal característica é a renda nacional per capita ou o produto nacional per
capita.
Instrumentos de política macroeconômica
Para obter os resultados apontados nas metas e nos objetivos de produzir mais,
sem desemprego e com estabilidade de preços, os principais instrumentos de políticas
macroeconômicas são:
a POLÍTICA FISCAL diz respeito ao orçamento dos diversos níveis de governo
(federal, estaduais e municipais), ou seja, são os gastos e as receitas dos governos. É
um poderoso instrumento de política macroeconômica, se considerarmos que no
Brasil a carga fiscal (soma de todos os orçamentos governamentais) representa mais
do que um terço de tudo o que se produz no País;
POLÍTICA FISCAL Entende-se por política fiscal a atuação do governo no que diz respeito à
arrecadação de impostos e ao gastos. Estes afetam o nível de demanda da economia à medida que a arrecadação influencia na renda disponível que os indivíduos poderão destinar para o consumo e poupança. Portanto, dado um nível de renda, quanto maiores os impostos, menor será a renda disponível, o que acarretará em uma diminuição no consumo. Os gastos são diretamente um elemento de demanda, ou seja, quanto maior o gasto público, maior a demanda e maior o produto.
Assim, se a economia apresentar tendência para queda no nível de atividade, o governo pode estimulá-la (política fiscal expansionista), cortando impostos e/ou elevando gastos. Pode ocorrer inverso (política fiscal restritiva), caso o objetivo seja diminuir o nível da atividade.
Uma política fiscal expansionista ocorre quando o governo reduz a arrecadação diminuindo os impostos ou quando aumenta os gastos públicos. Caso haja uma redução de impostos ocorre por conseqüência um déficit público, sendo que este, deve ser financiado de alguma forma, dentre as quais está a venda de títulos públicos ao setor privado ou a venda de títulos públicos ao banco central. As duas hipóteses levam a um endividamento do tesouro. No primeiro caso é necessário aumentar a taxa e juros para atrair compradores, enquanto na segunda a compra é feita por emissão de moeda. Já, no segundo caso, com o aumento dos gasto públicos, dependendo a situação da poupança do governamental, teremos um impacto semelhante ao do investimento. O gasto público, ao pressionar a produção, irá gerar um incremento inicial na renda. Parcela desse aumento será destinada ao consumo, gerando nova ampliação do produto e assim sucessivamente, conforme mecanismo do efeito multiplicador.
Quando uma política fiscal é restritiva, temos a mudança de atitude em relação aos instrumentos existentes, tais como, é desejável uma redução nos gastos públicos e um aumento de impostos, acarretando assim numa redução do consumo, acompanhado de um superávit fiscal. (Economia Brasileira Contemporânea – 6ª ed. – pág. 194)
Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)
De acordo com a figura acima, um aumento nos gastos e/ou um a redução dos impostos acarretam no deslocamento para direita da curva IS aumentando o nível da renda. Opostamente, uma redução nos gastos públicos e/ou redução dos impostos provocam o deslocamento da curva IS para esquerda reduzindo o nível da renda.
a POLÍTICA MONETÁRIA refere-se ao controle do governo sobre a oferta
monetária, ou seja, sobre a quantidade de moeda e de títulos públicos em
circulação no mercado;
POLÍTICA MONETÁRIA
A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias, por meio de instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a liquidez global do sistema econômico. 1 - Política Monetária Restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir o crescimento da quantidade de moeda, e a encarecer os empréstimos. Instrumentos: Recolhimento compulsório: consiste na custódia, pelo Banco Central, de parcela
dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. Esse instrumento é ativo, pois atua diretamente sobre o nível de reservas bancárias, reduzindo o efeito multiplicador e, conseqüentemente, a liquidez da economia.
Assistência Financeira de liquidez: o Banco Central empresta dinheiro aos bancos comerciais, sob determinado prazo e taxa de pagamento. Quando esse
prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo é aumentada, a taxa de juros da própria economia aumenta, causando uma diminuição na liquidez.
Venda de Títulos públicos: quando o Banco Central vende títulos públicos ele retira moeda da economia, que é trocada pelos títulos. Desta forma há uma contração dos meios de pagamento e da liquidez da economia.
2 - política Monetária Expansiva: é formada por medidas que tendem a acelerar a quantidade de moeda e a baratear os empréstimos (baixar as taxas de juros). Incidirá positivamente sobre a demanda agregada. Instrumentos: Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui os valores
que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um aumento do efeito multiplicador, e da liquidez da economia como um todo.
Assistência Financeira de Liquidez: o Banco Central, ao emprestar dinheiro aos bancos comerciais, aumenta o prazo do pagamento e diminui a taxa de juros. Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia, e a aumentar a liquidez.
Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos públicos há uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada em troca dos títulos. Com isso, ocorre uma redução na taxa de juros e um aumento da liquidez. (http://www.economiabr.net/economia/4_politica_monetaria.html 4/11/2008 15:17)
Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)
Uma política fiscal expansionista desloca a curva LM para direita em LM’ aumentando o nível de renda e diminuindo a taxa de juros como causa do aumento da liquidez no sistema econômico.
Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)
Uma política monetária contracionista ou restritiva desloca a curva LM para esquerda em LM’ reduzindo a renda, tendo um aumento na taxa de juros, causada pela escassez de moeda na economia. A EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS FICAIS E MONETÁRIAS
Segundo Mankiw (1998, p.227) “a muito os economistas debatem sobre qual
política, monetária ou fiscal, exerce uma influência mais poderosa sobre a demanda agregada. De acordo com o modelo IS-LM, a resposta depende do parâmetro de cada uma das curvas. Portanto, os economistas gastaram muita energia discutindo a magnitude deste parâmetros. Os mais contravertidos são os que descrevem a influência da taxa de juros sobre as decisões econômicas.
Os economistas que vêem a política fiscal como sendo mais poderosa que a política monetária argumentam que a resposta do investimento à taxa de juros é pequena” fazendo com que a curva IS seja quase vertical sofrendo pouca influência dos deslocamentos da curva LM na renda. Em contrapartida os economistas que defendem a política monetária afirmam que a demanda por moeda à taxa de juros é pequena de modo que o impacto da política fiscal sobre a renda é menor.
Atualmente, a maioria dos economistas não aceita nenhuma dessas opiniões extremas. A evidência indica que a taxa de juros afeta tanto o investimento quanto a
demanda por moeda. Assim, tanto a política monetária quanto a política fiscal são determinantes significativos da demanda agregada.
Abaixo é ilustrado como ocorrem os deslocamentos nas curvas IS-LM de acordo com as políticas fiscais e monetárias:
Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 210
Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 211
a POLÍTICA CAMBIAL diz respeito ao controle e à utilização de instrumentos para
estabilização da taxa de câmbio, enquanto as políticas de relações econômicas
externas referem-se ao comércio internacional, ao incentivo às exportações e ao
controle das importações do País;
as POLÍTICAS DE RENDAS referem-se à intervenção do governo na formação da
renda dos agentes econômicos. Intervenção que favorecerá ou não determinados
proprietários de fatores de produção em detrimentos de outros (mão-de-obra,
capital, recursos naturais e capacidade empresarial)7.
Mercado monetário – Para dar conseqüência às transações de um mercado há
necessidade de moeda para a circulação dos bens e serviços. O Banco Central
ocupa-se de equilibrar a oferta e a demanda desse mercado, de modo a não
prejudicar as transações nem desvalorizar a moeda.
Mercado de títulos – Existem agentes macroeconômicos superavitários e
agentes deficitários. Os agentes superavitários (gastam menos do que sua renda)
emprestam moeda para os agentes deficitários e, assim, se constitui o mercado
de títulos.
Mercado de divisas – A exemplo do mercado de títulos, quando se trata de
transações entre residentes de um país (indivíduos e empresas) e residentes de
outro, há necessidade de moedas distintas, constituindo-se o mercado de
divisas8.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA MONETÁRIA
MOEDA – CONCEITOS, FUNÇÕES E SUA CIRCULAÇÃO NA ECONOMIA
A moeda é um objeto de aceitação geral, utilizado na troca de bens e serviços. Sua
aceitação é garantida por lei.
As principais funções da moeda são as seguintes:
Meio ou instrumento de troca – Num sistema econômico baseado na
especialização e divisão do trabalho, é imprescindível que exista um instrumento
que facilite as trocas de mercadorias. Se não houvesse esse instrumento, as trocas
teriam de ser diretas (economia de trocas), trocando-se bens com bens. Isso exigiria
DUPLA COINCIDÊNCIA DE DESEJOS (um criador de galinhas que desejasse comprar
roupas deveria encontrar um alfaiate que desejasse comer galinhas). Ademais,
ocorreria um problema de INDIVISIBILIDADE (se um fabricante de canoas quisesse
tomar um cafezinho, como ele faria?). Acrescente-se que se perderia muito TEMPO
para viabilizar essas trocas diretas. A moeda permite que as trocas sejam indiretas e
supera essas dificuldades.
Unidade de medida (ou unidade de conta) – A moeda serve para comparar e
agregar o valor de mercadorias diferentes: podemos somar um caminhão com uma
bola de futebol. Ela serve como medida do valor de troca das mercadorias, sendo
que o PREÇO DE UM BEM é a expressão monetária do valor de troca desse bem: se
uma maçã vale $ 500,00 e uma banana $ 50,00, uma maçã pode ser trocada por dez
bananas;
Reserva de valor – A moeda representa um direito que seu possuidor tem sobre
outras mercadorias. Ela pode ser guardada para uso posterior, pelo que serve como
reserva de valor. A moeda serve de reserva de valor para uma pessoa, mas não para
a sociedade como um todo (falácia ou sofisma da composição): o que vale para o
indivíduo não vale para a sociedade, pois o que determina a riqueza de um país é a
sua produção global, e não o montante de moeda existente.
No passado, toda moeda, ou papel-moeda, era lastreada em ouro (MOEDA
LASTREADA). Com o desenvolvimento do comércio internacional, não foi mais possível
fazer a conversão de moeda em ouro. Hoje, temos a MOEDA FIDUCIÁRIA (de fidúcia,
confiança), sem lastro, e sua aceitação é garantida por lei. Com a passagem do padrão
ouro para a moeda fiduciária, a moeda não é mais função do estoque de ouro, o que dá
às autoridades monetárias maior capacidade de afetar a quantidade de moeda, de acordo
com as necessidades do país.
Oferta de moeda
A oferta da moeda é sinônimo de meios de pagamento, que representa o estoque
de moeda disponível para uso da coletividade (setor privado não bancário) a qualquer
momento. Objetiva-se, com esse conceito, medir a liquidez do setor privado produtivo,
excetuando-se o setor bancário.
O saldo dos meios de pagamento é composto pelo saldo da moeda em poder do
público (PP) mais o saldo dos depósitos a vista (DV): M = PP + DV
O saldo de moeda em poder do público (ou moeda manual) é obtido em se
retirando da moeda emitida o caixa das autoridades monetárias e o caixa dos bancos
comerciais:
Moeda emitida menos caixa das autoridades monetárias
= moeda em circulação (ou meio circulante)
menos caixa dos bancos comerciais
= moeda em poder do público
Os depósitos à vista ou em conta corrente também são chamados de moeda
escritural, moeda bancária ou, ainda, moeda contábil, já que podem ser movimentados
por simples contabilização bancária. Representam cerca de 75 % do total de meios de
pagamento. O dinheiro com os bancos (no caixa) e com o governo não é considerado
meio de pagamento, porque esse conceito visa medir liquidez do setor produtivo
privado.
Na verdade, existem, na literatura econômica, várias formas de conceituar moeda.
O conceito mais utilizado é o que acabamos de definir e é chamado de M1, que é o total
de moeda que não rende juros e é de liquidez imediata (moeda com o público, mais
depósitos à vista). Mas, dependendo do objetivo, são utilizados os conceitos de M2, M3
e M4, que incluem ativos financeiros que rendem juros e são de alta liquidez (embora
não imediata):
M2 = M1 + títulos públicos federais, estaduais e municipais em poder do público,
fundos do mercado monetário (fundos de aplicações financeiras e de renda fixa de curto
prazo, e depósitos especiais remunerados);
Os Titulos Publicos Federais são
Os tipos de títulos públicos federais são:
* Letras do Tesouro Nacional (LTN). São títulos pré-fixados, ou seja, com os juros
definidos no momento da compra. A remuneração é através da taxa SELIC no momento
da aplicação do dinheiro.
* Letras Financeiras do Tesouro (LFT). São títulos pós-fixados, ou seja, com os juros
definidos no momento da venda. A remuneração é através da taxa SELIC no momento
do resgate do dinheiro aplicado.
* Notas do Tesouro Nacional (NTN). São títulos pós-fixados. A remuneração é através
de uma taxa de juros fixa + um índice de correção determinado, calculado no momento
do resgate.
M3 = M2 + depósitos em cadernetas de poupança;
M4 = M3 + depósitos a prazo e títulos privados (letras de câmbio e imobiliárias).
Esses ativos que rendem juros são também chamados de haveres não monetários
ou quase-moeda, sendo que M1 são chamados de haveres monetários.
Em processos inflacionários, a relação entre M1 e M4 costuma diminuir, pois as
pessoas procuram ficar com pouca moeda que não rende juros (M1) e utilizá-la em
aplicações financeiras. Isso é chamado de desmonetização. Quando a inflação diminui, a
relação entre M1 e M4 aumenta (monetização).
Posto isto, o conceito de moeda utilizado é o tradicional (M1). Deve ser
esclarecido que cheque não é considerado moeda e que depósitos à vista não é o mesmo
que caixa dos bancos comerciais.
O cheque é apenas uma ordem de transferência. Se uma pessoa saca seu dinheiro
no banco, não diminui os meios de pagamento, pois apenas transfere depósitos à vista
para moeda com o público. No caso de um depósito em cheque, apenas transferiu
depósitos à vista de uma conta para outra.
Os depósitos à vista não devem ser confundidos com o caixa dos bancos
comerciais. Embora contabilmente um depósito em dinheiro aumente, num primeiro
momento, o caixa dos bancos, o banco utilizará os recursos em seu caixa para outras
transações, o que diferencia os saldos das duas contas. Abaixo apresentamos um gráfico
da evolução do PIB Brasileiro e a quantidade de moeda M1 de 1994 a 2006.
PIB Nominal e Quantidade da Moeda no Brasil 1994 = 100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
M1
PIB Nominal
Lembramos que se o PIB é maior que M1 logo temos excassez de moeda no
mercado valorizando a moeda internamente, se for o contrário a moeda passa a se
desvalorizar, ou seja deflação e inflação da moeda.
"Criação" e "destruição" de moeda
Ocorre criação ou destruição de moeda quando se altera o saldo dos meios de
pagamento, no conceito M1 (moeda com o público + depósitos à vista). Corresponde a
uma queda ou aumento da oferta de moeda disponível.
Exemplos:
Banco Central troca dólares dos exportadores por reais: criação de moeda (ou de
meios de pagamento);
Banco Central vende dólares aos importadores, recebendo reais em troca:
destruição de moeda;
empréstimo dos bancos comerciais ao setor privado: criação de moeda;
resgate de um empréstimo bancário: destruição de moeda;
depósito à vista: apenas transfere moeda do público para depósitos à vista; não
há criação nem destruição de moeda;
saque através de cheque: como vimos, trata-se apenas de uma transferência de
moeda escritural para moeda em poder do público;
uma pessoa que efetua um depósito a longo prazo destrói moeda, pois depósito a
prazo não é considerado meio de pagamento no conceito M1.
A oferta de moeda pode ser dividida em oferta de moeda pelo Banco Central e
oferta de moeda pelos bancos comerciais. Deve-se observar que os intermediários
financeiros do tipo banco de investimentos, sociedades de crédito e financiamento,
chamados de intermediários financeiros não bancários, não são autorizados a manter
depósitos e apenas transferem dinheiro dos emprestadores para os tomadores, não
criando moeda. Os bancos comerciais, por sua vez, têm carta-patente, o que lhes
permite manter depósitos do público e emprestar uma quantia superior às suas reservas
monetárias (ou seja, pode emprestar parte de suas obrigações, que são os depósitos à
vista).
Oferta de moeda pelo Banco Central
O objetivo do Banco Central é regular a moeda e o crédito em níveis compatíveis com o crescimento do produto, ou seja, manter a liquidez do sistema econômico.
Segundo Mellagi1, dentre as muitas funções do Banco Central do Brasil podemos citar:
banco emissor: é o responsável e tem o monopólio das emissões de
moeda;
banco dos bancos: é o órgão em que os bancos depositam e transferem
fundos de um banco para outro (pela câmara de compensação de
cheques). Além disso, o Banco Central também empresta aos bancos
(redesconto bancário);
banco do governo: é o canal que o governo tem para implementar a
política monetária. Grande parte dos fundos do governo é depositada no
Banco Central. De outra parte, quando o governo necessita de recursos,
normalmente emite títulos (obrigações) e os vende ao público via Banco
Central;
banco depositário das reservas internacionais.
No Brasil, devido à estrutura híbrida do Banco Central, uma parte das suas funções é executada pelo Banco do Brasil. Assim, a câmara de compensação de cheques fica no Banco do Brasil. Além disso, o Banco Central não recebe depósitos do governo, quem o faz é o Banco do Brasil. No fundo, o Banco Central é um órgão normativo (sujeito ao Conselho Monetário Nacional) e o Banco do Brasil é um órgão executivo. O Banco do Brasil, além de executar essas funções, também funciona como típico banco comercial, o que gerou alguns problemas de controle de política monetária no Brasil.
Oferta de moeda pelos bancos comerciais
Os bancos comerciais também podem alterar a oferta de moeda por terem uma carta-patente que lhes permite emprestar mais do que têm em depósitos. A utilização generalizada de cheques faz com que a maior parte do volume de moeda do sistema permaneça no sistema bancário, gerando o chamado float, sendo que apenas uma pequena parcela desse total é representado por saques de numerário. Dessa forma, apesar de não poder emitir moeda, o banco comercial cria meios de pagamento pelo fato de poder fazer promessas de pagamento com
os recursos depositados pelos seus clientes. Como veremos a seguir, isso cria um mecanismo multiplicador dos saldos monetários.
Mecanismo multiplicador da oferta de moeda
O sistema bancário pode criar moeda num valor múltiplo de uma injeção monetária inicial. Vejamos como isso ocorre, através de um exemplo.
Suponha que exista um único banco na economia. A razão dos depósitos que os bancos devem manter como reserva compulsória é 20 %, e o depósito inicial nesse banco é de R$ 100,00. Destes R$ 100,00, destina R$ 20,00 para reservas e empresta R$ 80,00. Esses R$ 80,00 retomam ao banco na forma de novo depósito; desses, R$ 16,00 viram reservas e R$ 64,00 são reemprestados. Estes voltam como depósito e reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os R$ 100,00 iniciais de depósitos multiplicaram-se, gerando uma seqüência de depósitos nos valores: R$ 80,00; R$ 64,00; R$ 51,20; R$ 40,96... Essa seqüência constitui uma progressão geométrica decrescente de razão 0,8, que corresponde à fração livre dos depósitos bancários, isto é, o depósito adicional menos as reservas que devem ser compostas (1 menos a porcentagem de reservas obrigatórias: 1 - 0,2 = 0,8).
Para avaliarmos o total de depósitos do banco a partir do depósito inicial, basta realizarmos a soma dos termos da progressão geométrica com razão menor que 1.
S.P.G. = a1/1 - q
onde: S.P.G. = soma dos termos de uma progressão geométrica
a1 = primeiro termo da progressão geométrica
q = razão da P.G.
Note-se que, no exemplo acima, teríamos:
D = R$ 100,00/1 - 0,8 = R$ 500,00.
Ou seja, um depósito inicial de R$ 100,00 gerou um total de depósitos no banco de R$ 500,00, isto é, foi multiplicado por 5. Como (1 - 0,8) é exatamente a parcela de reservas compulsórias exigidas pelo Bacen, isto é, 0,2 (20% notamos que o MULTIPLICADOR BANCÁRIO CORRESPONDE AO INVERSO DA TAXA DE RESERVAS. Assim, quanto menor o recolhimento compulsório, maior o poder de multiplicação dos bancos; portanto, a determinação do nível de depósitos compulsórios dos bancos é uma forma de o Bacen controlar a oferta de moeda bancária.
O valor do multiplicador depende também, além da taxa de reservas dos bancos, da TAXA DE RETENÇÃO DO PÚBLICO, que é a razão entre a moeda que fica em mãos do público (e não depositada nos bancos) e o saldo dos depósitos à vista. Se o público, por algum motivo, decide aumentar a quantidade de moeda em seu poder e deixar menos moeda nos bancos, diminui a capacidade de os
bancos emprestarem e, portanto, o volume de meios de pagamento. Ou seja, os bancos terão menos dinheiro para aplicar em empréstimos.
Existem vários tipos de multiplicadores monetários. Por exemplo: temos o multiplicador de depósitos que se refere ao aumento múltiplo dos meios de pagamento, derivado de um aumento nos depósitos a vista. O multiplicador mais geral, entretanto, é o chamado multiplicador da base monetária.
Por BASE MONETÁRIA entende-se o total de moeda com o público (PP) mais as reservas dos bancos comerciais, isto é:
B = PP + R
Essas reservas são o caixa dos bancos comerciais, os depósitos voluntários e os depósitos obrigatórios. Assim, a base monetária consiste em todo o montante de moeda em mãos do setor privado, inclusive bancos. A base monetária representa o estoque de moeda primária, também chamada MOEDA DE ALTA POTÊNCIA (HIGH POWER MONEY), ou ainda, PASSIVO MONETÁRIO DAS AUTORIDADES MONETÁRIAS.
Por um mecanismo de multiplicação, via empréstimos bancários, essa moeda
primária dá origem ao total de meios de pagamento. Existe uma relação bastante estável
e previsível entre base monetária e meios de pagamentos, assim:
M = m ou M = mB
B
Sendo M o saldo dos meios de pagamento, B a base monetária e m o
multiplicador da base monetária. Assim, a diferença entre M e B, dada pela
diferença entre o total de depósitos DV e o total de reservas R, é o montante de
empréstimos bancários.
Vamos discriminar um pouco mais os parâmetros que afetam a expansão ou a
contração monetária da economia e chegar à formula de multiplicador, a partir desses
parâmetros.
Por definição:
M = PP + DV (1)
B = PP + R (2)
sendo: PP = saldo da moeda em poder do público
DV = saldo dos depósitos a vista dos bancos comerciais
R = saldo das reservas dos bancos comerciais
Dividindo (1) por (2) e depois dividindo tanto numerador como o denominador
por DV, vem:
PP + DV
M = PP + DV = DV DV (3)
B PP + R PP + R
DV DV
c = PP = TAXA DE RETENÇÃO DO PÚBLICO, que é a relação entre a moeda
DV com o público e os depósitos a vista.
R = R = TAXA DE RESERVAS BANCÁRIAS, que é o total de encaixes e
DV reservas em relação aos depósitos a vista.
nA expressão (3) pode ser assim reescrita:
M = c + 1 ou M = 1 + c B
B c + r c + r
sendo: m = 1 + c
c + r
Dessa forma, as expansões e contrações dos meios de pagamento dependem de
três parâmetros básicos:
de variações na base monetária B (maior B, maior M);
de variações na taxa de retenção do público c (maior c, menor m e, portanto,
menor M);
de variações na taxa de reservas bancárias r (maior r, menor m e, portanto,
menor M).
Deve ser observado que as políticas monetárias não têm muito efeito sobre a taxa
de retenção do público, pelo menos a curto prazo, dado que é um parâmetro que
depende de hábitos da coletividade, como o uso de cartões de crédito. A atuação maior
das autoridades dá-se sobre a taxa de reservas bancárias e sobre a base monetária.
Demanda de moeda
Nesta parte, estamos interessados em saber os motivos que fazem com que as
pessoas retenham moeda, guardem moeda pela moeda, em vez de aplicá-la, por
exemplo, em títulos ou imóveis, que proporcionam rendimentos. Se existem essas
possibilidades, por que se retém moeda que não rende nada (conceito M1)? Para tanto,
precisamos de uma teoria de demanda de moeda.
Existem três motivos para demandar moeda, isto é, para reter encaixes
monetários:
motivo transação;
motivo precaução;
motivo especulação (ou portfolio).
Os motivos transação e precaução já tinham sido levantados na teoria clássica,
enquanto o motivo especulação (portfolio) foi colocado por Keynes. Discutamos essas
razões para manter moeda.
Demanda de moeda por motivo de transação
As pessoas retêm moeda para efetuar pagamentos que vencem antes da data
de recebimento de sua renda, ou seja, para fazer face à diferença de datas entre os
recebimentos e os gastos diários com alimentação, transporte etc. Claramente, a
demanda de moeda por transação depende do nível de renda: quando a renda
aumenta, os gastos também aumentam, e os saldos de moeda mantidos para
harmonizar esses fluxos também devem aumentar.
Demanda de moeda por motivo de precaução
A segunda razão para empresas e indivíduos reterem (demandarem) moeda
é a incerteza quanto às datas de recebimentos e pagamentos. Pagamentos
inesperados, ou recebimentos atrasados fazem com que as pessoas retenham uma
parcela de moeda como precaução. Claramente, esses saldos monetários (encaixes
monetários) de segurança ou precaução devem depender da renda do indivíduo ou
da empresa. Quanto maior a empresa ou mais rica a pessoa, maior a necessidade
de moeda para precaução.
Demanda de moeda por motivo de especulação (ou motivo portfolio)
As pessoas demandam moeda, não apenas para satisfazer transações
correntes, mas também para especulação. A moeda não apresenta rendimentos,
mas também não apresenta riscos, especialmente quando a inflação é baixa. As
pessoas, para reduzir os riscos, podem diversificar sua carteira de títulos (seu
portfolio) em vários títulos e aplicações, inclusive guardando certa quantidade de
moeda. Assim, essa quantidade de moeda também dependerá da rentabilidade dos
títulos, ou seja, da taxa de juros. Do ponto de vista de quem retém moeda, a taxa
de juros representa o rendimento que esse indivíduo teria, se comprasse títulos.
Ou seja, para quem empresta ou aplica, é um rendimento; para quem toma
emprestado, é um custo. Dessa forma, pode-se estabelecer uma relação entre
demanda de moeda por especulação e a taxa de juros de mercado. É de se esperar
que essa relação seja inversa: quanto maior a taxa de juros os agentes reterão,
menos moeda (que não rende juros) terão em seu poder. Assim, quanto maior a
taxa de juros, maior a compra de títulos e menor a demanda de moeda para
especulação. Todas essas operações ocorrem dentro de um ambiente chamado
sistema financeiro nacional. É o que descreveremos mais adiante.
Feita essa primeira explanação à cerca das maneiras de medição do PIB temos a seguinte equação básica:
Y = C + I + G +NX Onde Y = Renda C = Consumo I = Investimento G = Despesa do Governo NX = Exportações Líquidas Assim, pela equação, o PIB é a soma do consumo, mais investimento, mais as
despesas governamentais, mais as exportações líquidas. Toda despesa no PIB está incluída em uma dessas categorias. A equação acima, que define uma identidade é chamada de identidade da macroeconômica básica.
Consumo – Refere-se a todos os bens e serviços comprados pelas famílias e divide-se em três subcategorias: bens não duráveis, bens duráveis e serviços. Bens não-duráveis são aqueles que duram um pequeno período de tempo, tais como alimentos e roupas. Bens duráveis são aqueles que duram mais tempo, como automóveis e máquinas de lavar. Serviços indicam a compra de serviços pessoais como corte de cabelo e consulta médica.
Investimento – consiste nos bens adquiridos para uso futuro. Essa categoria divide-se por sua vez, em três subcategorias: investimento fixo das empresas, investimento habitacional fixo e investimento em estoque. O primeiro tipo de investimento indica a aquisição de novas instalações e equipamentos por parte de uma
empresa. O segundo é a compra de novas residências por famílias e proprietários. O terceiro tipo refere-se ao acréscimo no estoque de bens de uma empresa ( se o estoque diminui, dizemos que o investimento em estoque é negativo). (Mankiw, N. Gregory – Macroeconomia – 3ªed. – pág. 19-20)
Tendo esses primeiros conceitos, podemos verificar o quanto um governo pode influenciar positivamente ou não em uma economia através de instrumentos, que refletirão diretamente na renda e no produto, tais como a Política Fiscal e Monetária. Além desses os gastos públicos, conforme visto na equação do PIB, também, exercem influência em sua determinação.
Abaixo apresentamos um gráfico do equilibrio da Politica Monetária.
Antes de tratarmos das Políticas Fiscais, monetárias e dos déficits e gastos
públicos, convém demonstrarmos como funciona as curvas IS e LM, o que é? Para que serve?
A curva IS
A curva IS, mostra em pares (renda e taxa de juros) que igualam oferta e demanda agregada de bens e serviços.
A Curva IS aparece no gráfico a seguir:
Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 192
A inclinação negativa dessa curva mostra que uma redução na taxa de juros eleva
o investimento, e este, junto com o efeito multiplicador, provoca a elevação da renda. Porém, o impacto da variação da taxa de juros sobre a renda dependerá da sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros e do tamanho do multiplicador.
A curva LM A curva LM mostra as condições de equilíbrio no mercado monetário. A curva LM aparece no gráfico a seguir:
Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 263
A inclinação da curva é positiva, mostrando que elevações na renda devem ser
acompanhadas por aumentos na taxa de juros, para manter em equilíbrio o mercado monetário.
Modelo IS/LM
As duas curvas quando colocadas em um mesmo gráfico, visto que ambas relacionam-se aos pares com as mesmas variáveis, taxa de juros e renda, permitem encontrar um único ponto que possibilita determinar os níveis de taxas de juros e renda nacional que equilibram simultaneamente ambos os mercados, conforme ilustra o gráfico:
Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 313
INFLAÇÃO E SEUS REFLEXOS NA ECONOMIA
Ao final da leitura deste capítulo, você será capaz de:
diferenciar os conceitos de inflação e deflação; identificar os efeitos da inflação sobre a economia; relacionar as suas causas e as políticas antiinflacionárias; realizar o cálculo da inflação; descrever os principais índices de inflação do Brasil.
INFLAÇÃO A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado no
nível geral de preços. Ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não
podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. Devem também ser
generalizados, porque a maioria dos preços deve se elevar conjuntamente.
Distorções provocadas por altas taxas de inflação
Ao discutir o problema da inflação, deve ser observado que muitos economistas
não crêem que as distorções provocadas por uma inflação suave sejam sérias, mas há
poucas dúvidas de que níveis elevados de inflação produzirão conseqüências
desastrosas. Os principais efeitos provocados por esse fenômeno são:
Efeito sobre a distribuição de renda – Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação diz a respeito à redução do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste (i.e. dissídio). Nesse caso, são os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os que mais perdem são os trabalhadores de baixa renda, que não têm condições de manter alguma aplicação financeira, pois tudo o que ganham gastam
com sua subsistência. Percebe-se que a inflação é um imposto sobre os mais pobres. Efeito sobre o balanço de pagamentos – Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, provocam estímulo às importações e desestimulo às exportações, diminuindo o saldo da balança comercial. Esse fato costuma provocar um círculo vicioso, se o país estiver enfrentando um deficit cambial. Nessas condições, as autoridades monetárias, na tentativa de minimizar o deficit, são obrigadas a permitir desvalorização cambial, as quais depreciam a moeda nacional e estimulam as exportações e desestimulam as importações. Contudo, produtos essenciais, tais como petróleo e seus derivados, tornam-se imediatamente mais caros, pressionando os custos de produção. Ocorre, então, uma nova elevação de preços, devido ao repasse do aumento dos custos aos preços dos produtos finais, recomeçando o processo. Efeito sobre as expectativas – Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à formação das expectativas sobre o futuro. Particularmente, o setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dada a instabilidade e a imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica num compasso de espera enquanto a situação perdurar e dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria capacidade de produção futura e, conseqüentemente, o nível de emprego é afetado pelo processo inflacionário. Efeito sobre o mercado de capitais – Tendo em vista o fato de que, num processo inflacionário, o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorre desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em cadernetas de poupança, títulos, devem sofrer retração. Por outro lado, a inflação estimula a aplicação de recursos em bens de “raiz”, como terras e imóveis, que costumam valorizar durante o processo inflacionário. Embora alguns possam ganhar com a inflação a curto prazo, pode-se dizer que, a longo prazo, quase ninguém ganha com ela, porque seu processo desarticula todo o sistema econômico. Assim, a inflação onera principalmente os trabalhadores, ao corroer seus salários, é evidente que, com o empobrecimento dos trabalhadores, as empresas vão vender menos e o governo arrecadará menos1.
Causas da inflação
Para propósito de análise, é útil classificarmos a inflação de acordo com seus
fatores causais. Nesse sentido, a literatura econômica costuma distinguir a inflação
provocada pelo excesso de demanda agregada (inflação de demanda) da inflação
causada por elevação de custos (inflação de custos).
Inflação de demanda
A inflação de demanda pode ser definida como o excesso de demanda
agregada em relação à produção disponível de bens e serviços. Parece claro que a
probabilidade de inflação de demanda aumenta quanto mais a economia estiver
próxima do pleno emprego de recursos. Afinal, se houver desemprego em larga
escala na economia, é de se esperar que um aumento de demanda agregada deva
corresponder a um aumento na produção de bens e serviços, pela maior utilização
de recursos antes desempregados, sem que necessariamente ocorra aumento
generalizado de preços. Quanto mais nos aproximamos do pleno emprego, mais se
reduz a possibilidade de expansão rápida da produção, e a repercussão maior deve
refletir sobre os preços.
Como esse tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada
e tendo em vista que, a curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações de
política econômica que a oferta agregada (cujos ajustes normalmente se dão a
prazos relativamente longos), a política preconizada para combatê-la assenta-se
em instrumentos que provocam redução da procura agregada por bens e serviços.
Inflação de custos
A inflação de custos pode estar relacionada à estrutura de produção, ou seja,
o nível de demanda permanece inalterado, mas os custos de certos insumos
importantes utilizados na produção de um bem aumentam e são repassados aos
preços finais dos produtos. A sua natureza geral é a seguinte: o preço de um bem
ou um serviço tende a ser bastante relacionado a seus custos de produção. Se o
último aumenta, mais cedo ou mais tarde o preço do bem provavelmente
aumentará. Uma razão freqüente para um aumento de custos seria os aumentos
salariais. Um aumento das taxas de salários, entretanto, não necessariamente
significa que os custos de produzir um bem aumentaram. Se a produtividade da
mão-de-obra empregada aumenta na mesma proporção dos salários reais médios,
os custos unitários por unidade de produto não são afetados. Por exemplo: se os
salários reais aumentam 10% e o produto por trabalhador aumenta na mesma
proporção, o produto aumentou tanto quanto os salários. Os custos salariais por
unidade de produto permaneceram os mesmos. Nesse sentido, não há necessidade
de aumentar os preços unitários dos produtos quando expandir a produção porque
os custos por unidade produzida não aumentaram.
O aumento da taxa de salários provoca inflação, se existir alguma causa
autônoma. Por exemplo: se sindicatos com mais poder de barganha são capazes de
forçar um aumento de salários em níveis acima dos índices de produtividade, os
custos de produzir bens e serviços aumentam. Se os preços de produtos finais
seguem os custos de produção, resulta uma inflação impulsionada pelos custos de
produção (no caso, pelo aumento de salários).
A inflação de custos também está associada ao fato de que algumas
empresas com elevado poder de monopólio ou oligopólio têm condições de elevar
seus lucros acima da elevação dos custos de produção.
Muitos economistas acreditam que o fenômeno recente da estagflação
(estagnação econômica com inflação) esteja associado a uma inflação de lucros. A
estagflação ocorre quando há paralelamente taxas significativas de inflação e
recessão econômica, com desemprego. Isso pode ser devido ao fato de que, em
períodos de queda de atividade produtiva, as firmas com poder oligopolístico têm
condições de manter suas margens de lucros sobre custos (ou mark up), ao
aumentar os preços de seu produto.
Dessa forma, o que caracteriza, na realidade, a expressão inflação de custos
é o aumento de preços devido a pressões autônomas. Em parte, essas pressões são
causadas pela circunstância de que alguns grupos econômicos, como sindicatos e
empresas oligopolistas, têm suficiente poder de barganha para forçarem aumentos
de sua participação na renda nacional.
A inflação de custos também pode ser causada por aumentos autônomos nos
preços de matérias-primas básicas, os chamados choques de matérias-primas
(crise do petróleo, choques agrícolas). Normalmente, a política usual, no caso de
inflação de custos, é o controle direto de preços, o que pode ocorrer tanto através
de uma política salarial mais rígida, maior fiscalização sobre os lucros auferidos
pelos grupos oligopolistas como pelo controle ou tabelamento de preços dos
produtos.
Outras causas: inflação inercial, inflação de expectativas e corrente
estruturalista
Além dos fatores tradicionalmente considerados como os principais
causadores do processo inflacionário, no Brasil tem-se associado esse processo
também à inércia inflacionária, e às expectativas de inflação futura.
De acordo com a VISÃO INERCIALISTA, os mecanismos de indexação formal
(contratos, aluguéis, salários) e informal (reajustes de preços no comércio,
indústria, tarifas públicas) provocam a perpetuação das taxas de inflação
anteriores, que são sempre repassadas aos preços correntes. Ademais, mesmo sem
terem apresentado aumentos significativos de seus custos, muitos setores
simplesmente elevam os preços de bens e serviços pela inflação geral do país,
divulgada pelas instituições de pesquisa. Por essa razão, nos planos
antiinflacionários adotados depois de 1986 no Brasil, as autoridades adotaram o
congelamento de preços e salários para tentar eliminar a chamada memória
inflacionária, ou seja, desindexar a economia. Outro recurso foi a troca da unidade
monetária, quando, durante algum tempo, coexistiram uma moeda inflacionada
(como o cruzeiro real) e uma moeda teoricamente sem inflação (como o real),
indexada ao dólar ou a uma cesta de moedas estrangeiras.
A INFLAÇÃO DE EXPECTATIVAS estaria associada aos aumentos de preços
provocados pelas expectativas dos agentes de que a inflação futura tende a
crescer, e eles procuram resguardar suas margens de lucro. No Brasil, esse fator
tem sido muito presente antes de mudanças de governo, com os empresários se
precavendo contra eventuais congelamentos de preços e salários, que tem sido
uma estratégia freqüente nos planos pós-86 (chamados de choques heterodoxos).
Na América Latina, a partir dos anos 1950, ganhou destaque uma corrente
que pressupõe que a inflação no continente estaria associada estreitamente a
tensões de custos, causados por deficiências na estrutura econômica. É a
CORRENTE ESTRUTURALISTA. A inflação seria explicada principalmente pela
estrutura agrária, estrutura oligopolista de mercado e estrutura do comércio
internacional. A agricultura não responderia ao crescimento da demanda de
alimentos, devido à existência de latifúndios pouco preocupados com questões de
produtividade. Isso levaria ao aumento de preços dos alimentos. Por outro lado,
grandes oligopólios têm condições de sempre manter suas margens de lucro,
repassando todos os aumentos de custos a seus preços. Finalmente, a inflação
seria provocada pelas desvalorizações cambiais que os países subdesenvolvidos
são obrigados a promover, para compensar o deficit crônico da balança comercial,
gerado pela deterioração dos termos de troca no comércio internacional, contra
esses países, por exportarem produtos primários e importarem produtos
manufaturados.
No fundo, segundo essa visão, as causas da inflação estão associadas aos
CONFLITOS DISTRIBUTIVOS, que se resumem na tentativa dos agentes manterem ou
aumentarem sua posição na distribuição do "bolo" econômico: empresários
defendendo suas margens de lucro, trabalhadores tentando manter seus salários e
o governo mantendo sua parcela através de impostos, preços e tarifas públicas,
além de poder emitir moeda a qualquer momento.
A inflação no Brasil
De acordo com Vasconcellos2 as escolas de teoria econômica no Brasil sempre
estiveram integradas a outros centros de estudo de economia no mundo inteiro. Todavia,
tivemos alguns aspectos de teoria econômica com aplicações práticas que foram muito
estudadas aqui, principalmente sobre a questão da inflação. Podemos citar como
exemplo a visão inercialista da inflação ou o processo de industrialização. O maior
destaque, sem dúvida, foi o debate entre estruturalistas e monetaristas, principalmente
nos anos 60.
Costuma-se associar a corrente estruturalista à Comissão Econômica para a
América Latina (CEPAL), influenciada pelas idéias do economista argentino Raul
Prebisch, e a corrente monetarista à política preconizada pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI), baseada, em grande parte, nas idéias de Milton Friedman3, da
Universidade de Chicago.
Como dissemos, o diagnóstico estruturalista para o processo inflacionário em
países subdesenvolvidos pressupõe que a inflação está associada estreitamente a tensões
de custos, causadas por deficiências da estrutura econômica, a saber: a estrutura agrária,
a estrutura oligopolista de mercado e a estrutura do comércio internacional. Hoje, os
estruturalistas (ou neo-estruturalistas) colocam-se essas questões de forma mais
abrangente, ou seja, associadas a um conflito distributivo, que se estabelece entre os
vários setores e agentes da sociedade. Segundo essa corrente, as causas da inflação no
Brasil derivam da pressão desses agentes na defesa de sua parcela no produto da
economia: os capitalistas, via margens de lucro; o governo, via impostos e preços de
tarifas públicas; e os trabalhadores, através de seus salários. As idéias estruturalistas
também estiveram associadas à estratégia de industrialização na América Latina, através
de um processo de substituição de importações. Esse processo foi ancorado em uma
política de proteção à indústria nacional, por meio de barreiras qualitativas e
quantitativas à importação.
A visão monetarista, no tocante à questão inflacionária, apresenta um diagnóstico
que associa a inflação brasileira ao desequilíbrio crônico do setor público. A
necessidade de financiar a dívida pública leva ao aumento das emissões e ao excesso de
moeda, acima das necessidades reais da economia, levando às elevações de preços. Os
economistas dessa corrente advogam por uma economia de mercado com menor
intervenção do Estado nessa atividade. São os principais defensores da privatização de
empresas estatais. Por essa razão, também são conhecidos como liberais ou neoliberais.
A terceira corrente é a inercialista, segundo a qual a inflação no Brasil estaria
associada aos mecanismos de indexação, que acabam perpetuando a inflação passada,
numa espécie de inércia inflacionária. Os congelamentos de preços e salários, adotados
nos planos econômicos, bem como a troca de moeda (o cruzeiro real inflacionado foi
substituído pelo real, teoricamente livre da inflação), foram medidas adotadas
justamente para tentar eliminar a "memória" inflacionária.
Em grande medida, e talvez com mais intensidade no Brasil, o debate entre as
várias correntes de pensamento econômico sempre esteve associado ao próprio debate
político, o qual representa os interesses de segmentos representativos da sociedade:
trabalhadores em geral, funcionários públicos, corporações estatais, industriais,
ruralistas etc.
O quadro a seguir procura sintetizar a discussão recente sobre inflação no Brasil.
Quadro 4: Inflação no Brasil e as correntes econômicas
INFLAÇÃO NO BRASIL E AS CORRENTES ECONÔMICAS
Corrente Causas principais Políticas
antiinflacionárias
Liberais ou neoliberais Desequilíbrio do setor público (o déficit e a dívida
Ajuste fiscal (para reduzir déficit e dívida
pública provocam descontrole monetário, causando inflação de demanda)
pública, via reforma fiscal, privatização);
controle monetário (juros e moeda);
liberalização do comércio exterior (abertura comercial e valorização cambial).
Inercialistas Indexação generalizada (formal e informal).
Desindexação (para apagar ”memória ou inércia inflacionária”, via congelamento de preços, salários e tarifas. Planos Cruzado, Bresser – ou troca de moeda – Plano Real).
Estruturalistas Conflitos distributivos (pressões de margens de lucro, pressões salariais, pressões de tarifas e preços públicos provocam inflação de custos).
Controle de preços de oligopólios;
reformas estruturais.
Fonte: VASCONCELLOS, 2001, p. 341.
Para que se possam identificar as causas da inflação é necessário primeiramente
medi-la. Essa medição se dá através de uma ferramenta da Estatística chamada número
índice.
MEDIDA DA INFLAÇÃO – NÚMEROS ÍNDICE Um número índice é um número abstrato que sintetiza grandezas de diferentes
espécies em um único valor, que permite fazer comparação no tempo e no espaço.
Mediante o emprego do número índice, podemos comparar os custos de alimentação ou
de vida em uma determinada região num dado período de tempo com os de uma época
anterior ou, ainda, a produção de determinado produto durante um determinado ano em
uma dada região.
Embora os números índices sejam utilizados principalmente nos negócios e na
economia, podem ser utilizados em outros campos do conhecimento, como na área da
educação, podemos utilizar números índices para comparar o grau de inteligência dos
estudantes.
A construção de um número índice exige a consideração dos seguintes pontos:
Definição da base – Consiste em especificar se o índice a ser elaborado é para
preço, quantidade ou valor, em delimitar a área geográfica à qual se refere, em
estabelecer a sua periodicidade, em selecionar a fórmula, em identificar os dados
necessários e suficientes para a construção.
Fixação da base – A fixação da base no tempo e no espaço depende da
finalidade do índice. Entretanto, como regra geral, aconselha-se que a escolha
deva recair sobre um período ou espaço geográfico que possa ser encarado como
normal, ou seja, no qual não se tenham manifestado perturbações excessivas no
comportamento do fenômeno estudado.
Obtenção de informações – É a maneira pela qual os dados devem ser
coletados (senso ou amostragem); será determinado tendo em vista o menor
custo, a maior precisão e máxima oportunidade.
Um índice de preços podem ser de três tipos. São eles:
a) Índice relativo de preços – Quando queremos analisar a variação do preço de
um só bem, basta expressar tal variação em termos percentuais. Notação
utilizada:
I – índice;
P – preço;
o – época base, básica ou época de referência;
t – época atual, época dada, época a ser comparada;
Pt – preço do artigo na época atual (dada);
Po – preço do artigo na época base.
Fórmula utilizada: Po,t = Pt . 100 - 100
Po
Exemplo: um artigo foi adquirido por R$ 2.000 em 2003 e por R$ 2.500 no
ano seguinte. Calcular o relativo de preço em 2004, com base em 2003 e dar a
interpretação.
Cálculo: P o,t = 2.500 . 100 - 100 P o,t = 25%
2.000
Interpretação: o preço teve um acréscimo de 25% em relação 2003/2004.
b) Índice relativo de quantidade – Quando desejamos analisar a variação na
quantidade de um produto em termos percentuais. Notação utilizada:
qt – quantidade de um produto na época atual;
qo – quantidade desse mesmo produto na época base;
Fórmula utilizada: q o,t = qt . 100 - 100
qo
Exemplo: um vendedor de automóveis vendeu 600 veículos em 2004,
contra 400 em 2005. Calcular o relativo de quantidade em 2005, com base em
2004. Dar a interpretação.
Cálculo: q o,t = 600 . 100 - 100 q o,t = 50 %
400
Interpretação: a quantidade de veículos vendidos teve um aumento de
50% em relação 2004/2005.
c) Índice relativo de valor – Quando pretendemos analisar a variação no valor
de um único bem, basta expressar a variação em percentuais, obtendo o que
denominamos relativo do valor. Notação utilizada:
Pt - preço do artigo na época atual;
Po - preço do artigo na época base;
qt - quantidade de um produto na época atual;
qo - quantidade desse mesmo produto na época base;
Vt - valor do artigo na época atual;
Vo – valor do artigo na época base.
Fórmula utilizada: Vo,t = Vt . 100 - 100
Vo
Exemplo: uma empresa vendeu em 1996 12.000 unidades de um artigo, ao
preço unitário de R$ 500. Em 1997 vendeu 15.000 unidades do mesmo artigo ao
preço de R$ 600. Com base em 1996, calcule o relativo de valor em 1997.
Cálculo:
V o = Po . qo (500 . 12.000) = 6.000.000
V t = Pt . qt (600 . 15.000) = 9.000.000
V o t = 9.000.000 . 100 - 100 = 50%
6.000.000
OS INDICES REAIS E NOMINAIS DE INFLAÇÃO Temos também os chamados indices de preços reais e nominais, a diferença entre os mesmos esta no desconto ou não da inflação sobre os preços dos bens no período a ser analisado.
O Indice Nominal de inflação somente leva em consideração o aumento de preços dos bens sem descontar a inflação do período, enquanto que o real desconta a inflação. Exemplo. Se a 1 ano atrás comprávamos 01 pãozinho a 0,10 centavos e hoje compramos a 0,20 tivemos uma inflação nominal no período de 100 por cento, porém se a inflação no período foi de 50 por cento, logo tivemos uma inflação real sobre o pãozinho de 50 por cento . In = [ [[ P2 – P1] / P1] X 100] = no exemplo acima . [ [[ P2 – P1] / P1] X 100] = [[[ 0,20-0,10 ] / 0,10] x 100 ] = [[0,10 /0,10 ] X 100 ] = [ [ 1 ] x 100] = 100 por cento Se subtrairmos dos 100 por cento 50 por cento que foi a inflação passada teremos 50 por cento reais acima da inflação do período. Ir = [ [[ P2 – P1] / P1] X 100] – Ifp = Onde ; In = Indice nominal de inflação P2= preço do período 2 P1= preço do período 1 X= multiplicação Ip = Indice real de preços Ifp= Inflação passada entre os dois períodos Mercado Cambial
Segundo GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JÚNIOR, (2005),
“Mercado cambial é o mercado em que as moedas dos diferentes países são
transacionadas. Nesse mercado, existem ofertas e demandas pelas várias moedas”.
Assim, pela relação entre oferta e demanda das diferentes moedas, estabelece-se
uma relação de valor entre elas, surgindo o conceito de taxa de câmbio, ou seja, ainda,
segundo os autores citados, a
“Taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra moeda nacional; é a taxa pela qual duas moedas de países diferentes podem ser trocadas (cambiadas).”
Essas variações na demanda e oferta ocorrem em virtude de alguns fatos
determinantes, tais como, investimentos estrangeiros, tomadores de empréstimos no
exterior, turistas, entre outros. Porém, as variáveis que merecem maiores destaques na
formação da taxa cambial são as exportações e importações do país.
Convêm ressaltar que as exportações estão diretamente relacionadas com as
possibilidades de competição dos produtos domésticos diante dos demais países. Assim,
uma forma de compensar a baixa competitividade de alguns setores é a desvalorização
cambial, instrumento muitas vezes utilizado pelo governo.
Porém, em um segundo momento, a superação das exportações frente às
importações de um país acarreta uma valorização cambial, ou seja, a moeda nacional
valoriza-se diante da estrangeira, ocorrendo o contrário quando a demanda pela moeda
estrangeira supera a nacional. Dessa maneira GREMAUD, VASCONCELLOS E
TONETO JÚNIOR, (2005) alegam que:
”Se a competitividade for, por exemplo, crescente, as exportações do país deverão crescer também, e as importações, diminuir, portanto a taxa de câmbio deverá valorizar-se.” (2005. p. 282)
Além das exportações, outra variável que influencia a taxa cambial é a taxa de
juros, atraindo capital externo, pressionando o câmbio no sentido de sua valorização.
Desse modo, o governo monitora o mercado cambial tendo como objetivo melhorar o
desempenho de certas variáveis econômicas de seu interesse.
Quanto ao regime cambial, os mais utilizados são o fixo ou flutuante. No
primeiro o governo estipula o valor do câmbio, sendo que oscilam somente as
quantidades de divisas a serem transacionadas. Quando existe um excesso de oferta de
divisas, o governo entra no mercado adquirindo-as pela taxa fixada, e quando há
excesso de demanda o processo ocorre ao contrário, ou seja, o governo vende divisas
que se encontram nas reservas pela taxa fixada. O problema desse regime de câmbio
fica evidente se ocorrerem déficits na balança de transações correntes, sendo que os
mesmos devem ser cobertos pelas reservas, ou financiados por capital externo, o que
representaria, caso o problema seja estrutural (baixa competitividade) um peso no
pagamento dessa dívida contraída. Dessa forma restaria uma desvalorização cambial e
uma política de contenção de demanda (recessão).
Já a taxa flutuante, como o próprio nome diz, oscila sem intervenção do
governo, de acordo com a oferta e demanda por divisas. O inconveniente desse sistema
é a grande volatilidade das taxas, levando a constante alterações nos preços relativos e
nas expectativas dos agentes econômicos, dificultando assim, o comércio mundial.
Para GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JÚNIOR ( 2005. p. 285): “O sistema de taxas de câmbio flutuantes provoca grandes desconfortos ao comércio mundial, pois, com a alta volatilidade de taxas, pode levar a constantes alterações nos preços relativos. Com isso, cria-se um cenário desfavorável à formação de expectativas e, conseqüentemente, à tomada de decisões dos agentes econômicos.”
Ainda, para esses estudiosos, reverter esse desconforto, adotou-se, em alguns
países, o que se denominou de flutuação suja, ou seja, quando o câmbio estiver
oscilando muito ou atrapalhando a atividade econômica, o Banco Central intervém no
sistema para estabilizar ou direcionar a taxa para o nível desejável. Ainda, pode-se
ressaltar a existência de um outro regime cambial, denominado sistema de bandas.
Nesse, a taxa oscila, bem como na taxa flutuante, sedo que existem níveis para essa
ocorrência dentro de um patamar desejável e determinado pelo Banco Central, ou seja,
existe um limite superior e inferior aceitável para as oscilações. Quando a taxa se
aproxima de um dos limites, forçando o câmbio a uma valorização ou desvalorização o
Banco Central intervém, vendendo ou comprando moeda estrangeira. (GREMAUD;
VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2005, p. 281-286).
Quanto ao cambio temos a seguinte equação matemática Ca = R / U Ou seja = para cada unidade de U temos que ter X de R Exemplo Ca = 2,38 cambio de 2,38 o dólar em relação ao real, isto quer dizer que precisamos 2,38 reais para obter um dólar e na formula estaria da seguinte forma. Ca = R / U = R 2,38 / U 1 ,00 = 2,38 DEVEMOS LEMBRAR DO SEGUINTE ; SE O CAMBIO VALORIZA NOSSA MOEDA EM RELAÇÃO A OUTRA, ISTO REFLETIRÁ NA BALANÇA COMERCIAL, FAZENDO COM QUE OS PRODUTOS IMPORTADOS FIQUEM MAIS BARATOS E NOSSOS
PRODUTOS FIQUEM MAIS CAROS E DIFICEIS DE EXPORTAR, VALENDO O CONTRÁRIO NO CASO DE DESVALORIZAÇÃO DE NOSSA MOEDA EM RELAÇÃO A OUTRA. CAMBIO VALORIZADO É QUEDA DO VALOR DA MOEDA ESTRANGEIRA EM RELAÇÃO A NOSSA E DESVALORIZADO É O CONTRÁRIO.
O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O MERCADO DE DIVISAS O mercado de câmbio ou divisas permite, por exemplo, que as empresas
brasileiras importem produtos dos Estados Unidos, pagando em reais, e que seus
fornecedores comprem os bens em sua própria moeda nacional, isto é, dólares.
A principal diferença entre o comércio nacional e o internacional é que, dentro de
um país, o intercâmbio se realiza com a mesma moeda, enquanto no comércio
internacional cada país tem sua própria moeda. A heterogeneidade de moedas dos
diferentes países torna mais complexas as relações econômicas internacionais, pois
surge o problema da troca entre eles.
Uma empresa que oferece bens e serviços a outros países requererá que se lhe
pague na moeda de seu próprio país. Assim, uma empresa brasileira que vende seus
produtos nos Estados Unidos desejará ser paga em reais, enquanto uma empresa norte-
americana que vende ao Brasil pedirá o pagamento em dólares. Conseqüentemente, os
compradores nos mercados internacionais necessitam obter moedas dos países dos quais
desejam comprar bens e serviços. Portanto, um sistema desenvolvido de comércio
internacional somente pode funcionar se existe um mercado em que uma moeda pode
ser trocada por outra. Esse é o papel atribuído ao mercado de divisas ou de câmbio.
A taxa de câmbio é o preço de uma moeda expresso em outra. Ela expressa-se
como o número de unidades da moeda nacional por unidade de moeda estrangeira. Por
exemplo, se a taxa de câmbio do real frente ao dólar é 10, entregam-se 10 reais para se
obter um dólar.
Quando o preço em reais de uma unidade de moeda estrangeira sobe, por
exemplo, se passa de 8 reais/dólar a 10 reais/dólar, dizemos que o real desvalorizou-se.
Pelo contrário, quando a taxa baixa, dizemos que o real valorizou-se.
Uma desvalorização da moeda nacional faz com que nossos bens sejam mais
baratos no exterior e com que os bens estrangeiros fiquem mais caros no mercado
nacional. Portanto, cria-se uma tendência para elevar as exportações e para reduzir as
importações.
O SISTEMA DE TAXAS DE CÂMBIO Os sistemas de taxas de câmbio classificam-se de duas formas:
taxas de câmbio flexíveis ou livremente flutuantes;
taxas de câmbio fixas.
Vamos analisar cada uma delas a seguir.
As taxas de câmbio flexíveis ou livremente flutuantes
Para analisar as taxas de câmbio flexíveis, devemos estudar o funcionamento do
mercado livre da taxa de câmbio.
Em um mercado livre, a taxa de câmbio será determinada pelas forças da oferta e
da demanda. Nessas circunstâncias, diz-se que a taxa de câmbio é flexível ou flutuante.
Para analisar como se forma a taxa de câmbio, lembrem que a moeda nacional, o
real, e a estrangeira (que geralmente vamos supor como sendo o dólar) são necessárias
para que haja transações econômicas entre um país e outro. A demanda por reais – ou, o
que é o mesmo, a oferta de dólares, se formos determinar a taxa de câmbio do dólar – é
feita pelos exportadores nacionais que recebem dólares em troca de mercadorias e
desejam reais, assim como os turistas e os investidores norte-americanos no Brasil, que
têm de converter em reais seus dólares para materializar seus gastos e investimentos.
A oferta de reais ou, o que é o mesmo, a demanda de dólares corresponderá aos
importadores nacionais, assim como aos turistas e aos investidores brasileiros nos
Estados Unidos, que necessitam trocar seus reais por dólares para adquirir as
mercadorias norte-americanas e realizar seus investimentos. Para todas essas atividades,
os brasileiros têm de obter dólares. Para isso, existem as instituições financeiras, que
compraram dólares no mercado de câmbio e os entregarão por reais.
Os importadores e os turistas nacionais que vão ao exterior e os investidores
brasileiros no resto do mundo têm de obter moeda estrangeira para pagar suas faturas
em outros países, o que constitui a demanda de divisas (dólares).
No mercado de divisas, a demanda de dólares, derivada das importações nacionais
e dos investimentos brasileiros no exterior, e a oferta de dólares procedente das
exportações brasileiras e dos investimentos estrangeiros no Brasil determinam,
conjuntamente, a taxa de câmbio.
Em um sistema de taxas de câmbio livremente flutuantes, a taxa de câmbio é
determinada mediante o jogo da oferta e da procura de divisas em relação à moeda
nacional no mercado de câmbio. Se a uma taxa de câmbio de 1,20 reais/dólar a oferta de
dólares é superior à demanda de dólares, há um superávit de divisas, isto é, um excesso
de entradas de exportações e demais transações anteriormente citadas sobre os gastos
com importações, de forma que a taxa de câmbio do real frente ao dólar, ou seja, o
número de reais necessários para comprar um dólar tenderá a diminuir, isto é, a
valorizar-se, até o ponto em que a oferta e a demanda se equilibrem. Se a taxa de
câmbio é inferior à de equilíbrio – por exemplo, 0,80 reais/dólar –, o gasto com
importações e demais transações é maior que as receitas por exportações e acontecerá
um excesso de demanda de divisas. Isso provocará uma elevação na taxa de câmbio, ou
seja, uma desvalorização do real, e o equilíbrio será restabelecido.
Ao traçar as curvas de oferta e demanda de divisas, supõe-se que permaneça
constante uma série de fatores que, realmente, incidem sobre o mercado de divisas. A
alteração de alguns desses fatores suporá o deslocamento das curvas analisadas. Desse
modo, se, por exemplo, o PIB brasileiro aumenta, a quantidade demandada de
importações a uma taxa de câmbio dada aumentará. Quando as exportações brasileiras
de bens e serviços aumentam (por um aumento nos preços norte-americanos) ou se
aumentam os investimentos norte-americanos no Brasil, por uma elevação da taxa de
juros brasileira, a oferta de dólares aumentará. Isso ocasionará um deslocamento da
oferta de dólares para a direita, e o valor do real irá se elevar em relação ao dólar, já que
será necessário entregar menos reais para obter um dólar.
Uma taxa de câmbio totalmente flexível ajusta, portanto, o balanço de pagamentos
automaticamente, igualando a demanda e a oferta de divisas por operações autônomas
com o exterior, tornando desnecessária a intervenção do Banco Central para restabelecer
o equilíbrio externo.
As vantagens do sistema de taxas de câmbio flexíveis
Teoricamente, o sistema de taxas de câmbio flexíveis corrigirá automaticamente
qualquer tendência de gerar deficit ou superavit no balanço de pagamentos. A seqüência
lógica que o processo seguirá é a seguinte:
inicialmente, o balanço de pagamentos da economia brasileira está em
equilíbrio;
suponhamos que aconteça um aumento na demanda por importações e o
balanço de pagamentos brasileiro incorra em um deficit;
o aumento nas importações implicará um aumento na demanda por dólares no
mercado de câmbio;
o real ficará depreciado em relação ao dólar, o que fará com que as importações
fiquem mais caras, e as exportações, mais baratas;
a troca nos preços relativos das exportações e das importações fará aumentar o
volume das exportações e reduzir o volume das importações, fazendo com que o
balanço de pagamentos alcance o equilíbrio.
Limitações do sistema de taxas de câmbio flexíveis
Na prática, o mecanismo esboçado pode não funcionar. Também podem surgir
problemas com a sensibilidade (elasticidade-preço da demanda) da demanda das
exportações e das importações. Em outras palavras, se o balanço de pagamentos
apresenta um deficit e o real se desvaloriza, as exportações podem não aumentar o
suficiente e as importações não se reduzirem de maneira apreciável. Uma complicação
adicional pode surgir pelo fato de a desvalorização do real aumentar o preço das
importações, o que, além de incidir sobre o custo de vida, pode afetar os custos de
produção de muitas empresas, influindo, desse modo, negativamente sobre os preços
das exportações.
Outro inconveniente do sistema de taxa de câmbio flexível é que se gera uma
grande incerteza nas relações internacionais. Suponhamos que um empresário brasileiro
importe material dos Estados Unidos para produzir computadores. Se o pagamento for
feito em dólares num prazo de seis meses, o empresário brasileiro não poderá
determinar de modo preciso seus custos de produção, pois isso dependerá da taxa de
câmbio no transcorrer do período.
A presença de especuladores também pode dificultar o processo de ajuste. Eles
comprarão uma moeda (real), quando supuserem que seu valor aumentará, e iniciarão
processos de venda quando esperarem que o valor do real se reduza. Suponha que a taxa
de câmbio real/dólar é de 100. Se o especulador espera que o real se desvalorize,
procurará obter vantagem da informação que tem e, por exemplo, trocará 1.000.000 de
reais por 10.000 de dólares. Quando o real desvalorizar e, por exemplo, a taxa de
câmbio for de 130 reais/dólar, os 10.000 de dólares serão convertidos de novo em reais,
que agora serão 1.300.000 reais, obtendo na operação um lucro de 300.000 reaIS.
Os sistemas de taxas de câmbio fixas: o padrão ouro
Uma vez estudadas as principais características flexíveis do sistema de taxa de
câmbio, estudaremos os sistemas de taxas de câmbio fixas. Sob o sistema de câmbio
fixo, a taxa de câmbio cai ligada a uma determinada mercadoria (historicamente o ouro)
ou a uma determinada moeda. Numa perspectiva histórica, o protótipo do sistema de
câmbio fixo foi o padrão ouro puro. Para aderir a esse sistema, todo país tinha de aceitar
as seguintes regras:
estabelecer uma relação fixa entre sua moeda e o ouro. Tal relação,
denominava-se valor paritário ou preço oficial. As autoridades econômicas deviam
estar dispostas a trocar ouro por moeda e a fazer o inverso;
as autoridades econômicas deveriam manter a convertibilidade do ouro,
comprando e vendendo a moeda nacional em troca de ouro ao preço oficial. Dessa
forma, qualquer residente nacional ou estrangeiro poderia ir ao Banco Central e
converter dinheiro fiduciário (papel-moeda e cheque) em ouro;
o governo deveria seguir uma política respaldada no valor do ouro, cobrindo
100%. Assim, o banco central tinha de ter ouro num valor igual, pelo menos, à
quantidade de dinheiro que havia em circulação. O banco central, então, só criava
dinheiro quando comprava ouro do público e destruía dinheiro quando vendia ouro ao
público.
O mecanismo de ajuste O sistema de padrão ouro clássico não só se encarrega de manter estáveis as taxas
de câmbio, mas também equilibradas as relações comerciais internacionais. Assim,
quando um país tinha um superavit com o exterior – isto é, exportava mais do que
importava – ele recebia mais ouro do que tinha de pagar, de forma que suas reservas em
ouro aumentavam e isso aumentaria a quantidade de dinheiro. Dessa forma, a demanda
agregada aumentaria, e os preços também. Com um nível mais elevado de preços, o país
seria menos competitivo em nível internacional, e suas exportações diminuiriam e, pelo
contrário, suas importações aumentariam até que alcançassem o equilíbrio. O inverso
aconteceria num país com deficit em suas relações com o exterior, pois haveria uma
saída de ouro.
O padrão ouro clássico é um regime de taxa de câmbio fixa. O valor da moeda
nacional define-se em relação ao ouro, e o banco central compra e vende ouro em
quantidades ilimitadas a esse preço. As entradas de ouro provocam uma expansão
monetária, e as saídas, uma destruição do dinheiro.
Assim, mantendo fixa a taxa de câmbio, elimina-se o desequilíbrio nas relações
internacionais. Para isso, só se exigia que as importações e as exportações fossem
sensíveis às variações dos preços e que o banco central estivesse disposto a aumentar ou
diminuir a quantidade de dinheiro, quando a quantidade de ouro aumentasse ou
diminuísse.
Inconvenientes do padrão ouro O padrão ouro clássico apresentava uma série de inconvenientes, entre eles cabe
destacar os seguintes:
tendia a formar fortes oscilações na atividade econômica e no nível de preços, o
que poderia ir contra os objetivos internos de política econômica. Além disso,
preços e salários internos poderiam ser rígidos para baixo, o que não garantia o
equilíbrio do balanço de pagamentos;
os países com superávit, em suas relações econômicas com o exterior, podiam
tomar medidas que tendiam a cancelar o efeito do fluxo de ouro sobre a
quantidade de dinheiro. As autoridades monetárias poderiam vender títulos no
mercado e reduzir os estoques de dinheiro na mesma quantidade em que as
reservas de ouro aumentariam. Isto é, o banco central tem capacidade de
“esterilizar” seus fluxos de ouro e, assim, combater os aumentos no nível de
preços, impedindo, desse modo, o funcionamento do mecanismo de ajuste;
um banco central esteriliza os efeitos produzidos pelas perdas (ganhos) de ouro
na oferta monetária quando realiza operações de mercado aberto que
compensem as variações da quantidade de ouro, impedindo que se altere a oferta
monetária;
sistema era muito sensível a uma crise de confiança, pois se centrava sobre uma
base relativamente pequena de ouro e sempre corria o perigo de um esgotamento
das reservas de ouro disponíveis. Além disso, a produção de ouro não podia
aumentar em função da necessidade de liquidez do comércio internacional.
Até 1914, os problemas mencionados impulsionaram uma certa modificação do
padrão ouro puro. Além do ouro, os países começaram a manter reservas em forma de
divisas das nações ricas que se vinculavam ao ouro, fundamentalmente a libra esterlina.
Posteriormente, a grande depressão de 1929 forçou alguns países a restringirem
bruscamente seu comércio e a fazerem acordos bilaterais com outros países, de forma
que o padrão ouro modificado deixou praticamente de funcionar.
Taxa de câmbio e inflação Para analisar as relações entre câmbio e inflação, inicialmente veremos como a
política cambial afeta as taxas de inflação, e depois inverteremos a questão, isto é, como
a taxa de inflação afeta o câmbio.
Valorização cambial e inflação
Com uma valorização (apreciação) cambial, a moeda nacional (real) fica mais
forte relativamente às moedas estrangeiras. Os brasileiros passam a importar mais, e
aumenta a competição do produto importado com os produtos nacionais. Os
empresários brasileiros são desestimulados a elevar o preço de seus produtos e são
obrigados a manter os preços em níveis competitivos. Ou seja, a valorização cambial
permite “ancorar" os preços internos e reduzir a taxa de inflação (daí deriva o termo
âncora cambial).
A partir de 1994, no Plano Real, a valorização cambial foi um instrumento bem-
sucedido no sentido de controlar a inflação, que tinha atingido cerca de 50% no mês de
junho daquele ano. Outro efeito positivo dessa política foi a elevação dos índices de
produtividade, devido à modernização do parque produtivo nacional proporcionado
pelas importações de bens de capital, o que levou à redução de custos de produção e,
conseqüentemente, dos preços, beneficiando os consumidores produtos de melhor
qualidade, a preços relativamente mais baixos).
Contudo, a política de valorização cambial pode apresentar algumas desvantagens
(como ocorreu no Brasil). Os setores nacionais que estiverem despreparados para a
competição externa podem sofrer grande queda em suas vendas, com o conseqüente
aumento do desemprego nesses setores. Os exportadores também são prejudicados,
porque, com a moeda nacional valorizada, nossos produtos ficam relativamente mais
caros para o comprador estrangeiro. Com importações tendendo a crescer mais que as
exportações, pode ocorrer um deficit na balança comercial, com a conseqüente saída de
divisas do País. Para manter suas reservas cambiais, o País se vê na contingência de
buscar recursos no exterior, aumentando sua dependência ou vulnerabilidade externa.
Desvalorização cambial e inflação
A desvalorização cambial tem efeito contrário ao descrito anteriormente: os
produtos importados ficam mais caros, em termos de reais. Evidentemente, diminuirão
as importações de muitos produtos, mas os bens essenciais, como petróleo, trigo, que o
Brasil importa muito, terão seu preço aumentado (em reais, não em dólar), provocando
aumento dos custos de produção, que serão repassados aos preços dos produtos finais,
gerando inflação – a chamada inflação de custos.
O efeito da desvalorização cambial sobre a taxa de inflação é denominado
passthrough.
DÉFICIT PÚBLICO E DÍVIDA PÚBLICA
A carga tributária bruta de um país consiste no total de impostos arrecadados. A diferença entre a carga tributária bruta e as transferências governamentais (juros sobre a dívida pública, subsídios e gastos com assistência e previdência social) é a carga tributária líquida do governo. Assim, baseando-se nessa última, é que o governo pode financiar seus gastos correntes (consumo do governo). A diferença entre a carga tributária líquida e o consumo do governo determina a poupança do governo. Carga tributária bruta = Total de impostos arrecadados no país; Carga tributária líquida =Carga tributária bruta – transferência do governo; Poupança do governo em conta corrente = Carga tributária líquida – consumo do governo.
Assim, a poupança do governo demonstra tão somente a capacidade de investimento do governo, sem pressionar outras fontes de financiamento. Quando existe essa necessidade de financiamento, temos o déficit público, portanto: Déficit público = investimentos governamentais – poupança do governo em conta corrente
Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 210
Déficit Público sabemos que o déficit público se constitui no excesso de dispêndio governamental (consumo e investimento) frente à poupança do setor público, dada pela arrecadação de tributos.Sabemos que o déficit público (DP) é dado pelo excesso de investimento governamental face à poupança do governo em conta corrente, ou seja, DP = Ig – Sg (1) e Ip + Ig = Sp + Sg + Se (2) Da combinação das duas equações, podemos assumir que: Ig - Sg = Sp + Se – Ip Logo, equacionalmente, temos: DP = (Sp – Ip) + Se. A identidade que decorre da conta de capital do sistema de contas nacionais indica que o déficit público é financiado, internamente, pelo excesso da poupança privada sobre o investimento privado e, externamente, pelo afluxo de poupanças do resto do mundo. O financiamento do déficit público é dado: internamente, via excesso de poupança privada frente ao investimento privado e externamente, via afluxo de poupanças do resto do mundo. Relação entre o fluxo internacional de recursos para acumulação de capital ( I – S) e o fluxo internacional de bens e serviços (NX) A conta de capital representa o excesso de investimento interno em relação à poupança interna. A conta de capital é igual ao montante de acumulação de capital interno que é financiado por empréstimos externos. A conta corrente é o montante líquido de recursos que o país recebe correntemente do exterior em troca das exportações líquidas de bens e serviços. Conta de Capital + Conta Corrente = 0 ( I – S) + NX =0 Se I – S for positivo e NX negativo, temos um superávit em conta de capital e um déficit em conta corrente. Neste caso, estamos tomando emprestado nos mercados financeiros mundiais e estamos importando mais bens do que exportamos. Se I – S for negativo e NX positivo, temos déficit em conta de capital e superávit em conta corrente. Neste caso, estamos emprestando aos mercados financeiros mundiais e exportando mais bens do que importamos. Se as nossas poupanças excedem nossos investimentos, a poupança que não é investida internamente é usada para conceder empréstimos externos. Eles necessitam desses empréstimos porque estamos lhes fornecendo mais bens e serviços do que eles nos fornecem, isto é, NX é positivo. Por sua vez, se nossos investimentos excedem nossas poupanças, o investimento excedente deve ser financiado pelo estrangeiro. Esses empréstimos externos nos permitem importar mais bens e serviços do que estamos exportando, isto é, NX é negativo.
A conta-corrente deve compensar a conta de capital, o que significa que a contacorrente deve ser igual à diferença entre a poupança e o investimento. A poupança é determinada pela função consumo e pela política fiscal ao passo que o investimento, pela função investimento e pela taxa de juros mundial. Em resumo: um superávit da conta corrente significa que o país está acumulando ativos líquidos internacionais, ou seja, seus direitos líquidos em relação ao resto do mundo estão aumentando. Um déficit da conta corrente significa que a nação está desacumulando ativos líquidos internacionais. Portanto, a conta corrente também é definida como a variação da posição do investimento internacional líquido de uma nação. Quando tal posição for positiva, a nação é um credor líquido do resto do mundo e, quando for negativa, é um devedor líquido. Há duas formas de definir a conta corrente: a) como a diferença entre a renda interna e a absorção; b) como a soma da conta comercial e da conta de serviços do balanço de pagamento.
ECONOMIA INTERNACIONAL
TEORIAS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
O mercantilismo aparece como o primeiro conjunto de idéias que procurava
explicar o funcionamento do comércio entre os países, enfatizando que as nações
deveriam privilegiar o comércio e principalmente as exportações para a
acumulação de metais. Segundo o mercantilismo, os Estados nacionais deveriam:
possuir um exército numeroso (tendo como pressuposto o crescimento
populacional);
intensificar as atividades de comércio;
acumular divisas (metais preciosos), ou seja, buscar o metalismo;
defender interesses internos;
conquistar maior participação no comércio internacional, por meio do
aumento das exportações;
enfatizar as atividades de comércio e manufatura1.
Teoria das vantagens absolutas De acordo com Adam Smith2, uma das condições necessárias para a ocorrência de
comércio entre duas nações seria a existência de algum produto para o qual ocorresse
uma vantagem absoluta na produção, ou seja, essa nação deveria, necessariamente, ter
condições de produção mais favoráveis que as do país para o qual se pretenda exportar.
Como o valor das mercadorias seria determinado pelo tempo de trabalho necessário para
produzi-las, pode-se afirmar que o determinante, para Smith, seria o custo da
mercadoria em termos de mão-de-obra. Desse modo, seria necessário comparar o custo
de produção entre duas nações de tal forma que só seria possível o comércio se
ocorressem diferenças significativas entre os valores. Considera-se, nesse caso, o
coeficiente técnico, ou seja, a relação entre o número de horas de trabalho em função da
quantidade produtiva:
I = L / P em que:
I = coeficiente técnico de produção;
L = horas de trabalho;
P = produto (quantidade produzida).
Quadro 5: Hipótese de produção de calçados e carne no Brasil e na Argentina
HIPÓTESE DE PRODUÇÃO DE CALÇADOS E CARNE NO BRASIL
E NA ARGENTINA País Horas de
mão-de-obra na
produção de
calçados (L)
Produção de
calçados (P)
Coeficiente Técnico
da Produção
de Calçados
(L/P)
Horas de mão-de-obra na
produção de carne
(L)
Produção de carne
(P)
Coeficiente Técnico
da produção de carne
(L/P)
Brasil 400 250 1,6 600 250 2,4
Argentin 600 250 2,4 400 250 1,6
a Fonte: CARMO e MARIANO, 2006.
O exemplo apresentado no Quadro 4 indica que o Brasil tem coeficiente técnico
de produção de calçados melhor (1,6) do que a Argentina (2,4). Em contrapartida, a
Argentina tem coeficiente técnico de produção de carne melhor (1,6) do que o Brasil
(2,4). Dessa forma, o Brasil apresenta vantagem absoluta na produção de calçados em
relação à Argentina, e a Argentina na produção de carne em relação ao Brasil.
Segundo a teoria das vantagens absolutas, cada país deverá se especializar na
produção daquele bem ou serviço em que apresente vantagem absoluta e exportá-lo,
abdicando da produção do bem ou serviço em que apresenta desvantagem, importando-
o.
Quadro 6: Hipótese de especialização de calçados e carne no Brasil e na Argentina
HIPÓTESE DE ESPECIALIZAÇÃO DE CALÇADOS E CARNE
NO BRASIL E NA ARGENTINA País Hora
s de mão-de-
obra na
produção
de calçados
(L)
Coeficient
e técnico da produção
de calçados
(I)
Produção
de calçados
P= L/I
Horas de
mão-de-
obra na
produção
de carn
e
(L)
Coeficient
e técnico da produção
de carne (I)
Produção de carne
P = L/I
Brasil
1.000
1,6 625 0 2,4 0
Argentina
0 2,4 0 1.000 2,0 500
Fonte: CARMO e MARIANO, 2006.
No Quadro 5 desenvolve-se essa hipótese, considerando que cada um dos dois países disponha de 1000 horas de mão-de-obra para a produção de calçados e de carne. Se cada país se especializar e alocar toda a mão-de-obra ao produto em que tem VA a soma das produções de ambos os países será maior do que as produções de Brasil e Argentina, se cada país for auto-suficiente em produção e consumo de calçados.
Desse modo, somando o resultado da produção do Brasil e da Argentina, teríamos uma produção superior que a verificada inicialmente, ou seja, a economia aumentaria a sua capacidade produtiva como um todo, elevando, por conseqüência, o bem-estar da sociedade.
Teoria das vantagens comparativas O princípio das vantagens comparativas explica o motivo pelo qual dois países
comercializam entre si, mesmo quando um deles detém vantagem absoluta na produção
de dois bens. Se um país tiver vantagem relativa para um bem, deve se especializar na
produção daquela mercadoria em que é relativamente mais eficiente (com custo
relativamente menor), exportando essa mercadoria. Por outro lado, esse mesmo país
deve deixar de produzir e importar aqueles bens com produção de custo relativamente
maior (com produção relativamente menos eficiente).
A teoria das vantagens comparativas foi formulada por David Ricardo3, em 1817,
como uma evolução da teoria das vantagens absolutas. Da mesma forma como aquela
teoria, recomenda que cada país produza os bens e serviços em que tem vantagem
comparativa e os exporte, deixando de produzir bens e serviços em que é relativamente
menos eficiente. Como resultado, a produção global será maior do que se cada país for
auto-suficiente, aumentando as possibilidades de consumo e de bem-estar do conjunto
dos residentes em ambos os países.
Escola neoclássica Apontando as limitações da escola clássica, essa teoria argumenta que, no âmbito
do comércio internacional, não basta identificar os custos de produção (em termos de
mão-de-obra) para verificar se a nação possuirá vantagens no comércio internacional.
Segundo essa teoria, os países exportam o produto disponível no país, em detrimento
daquele em escassez. Desse modo, o processo de troca entre duas nações deve observar
o fato de que os países sempre tendem a exportar mercadorias provenientes de seus
recursos produtivos mais abundantes e a importar bens cujos recursos sejam mais
escassos4.
RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS Atualmente, pelo menos do ponto de vista econômico, o mundo se apresenta
crescentemente interligado, seja por fluxos comerciais, seja por fluxos financeiros. De
modo geral, as relações econômicas internacionais têm posição fundamental para a
maioria dos países, inclusive o Brasil. A partir dessa constatação, o estudo da chamada
economia internacional, como um ramo especifico da teoria econômica, ganhou
destaque.
Cada vez mais os países estão interligados e interdependentes. O comércio entre
as nações mais do que duplicou nos últimos trinta anos. Atualmente, acima de um terço
de tudo que é produzido no mundo é comercializado entre nações. Ou seja, é crescente a
parcela da produção mundial que não é consumida no país de origem.
Quais são os fatores que determinam as trocas internacionais? São vários os
motivos que promovem a expansão do comércio para além das fronteiras de cada país.
Entre outros, podem ser citados:
diferenças de dotação de recursos naturais: diferentes países detêm diferenciadas
reservas de recursos naturais, o que favorece as trocas (petróleo, minerais,
solos);
assimetria em atributos construídos: cada país desenvolve de modo diferenciado
sua tecnologia, que proporciona diferentes oportunidades de comercialização
dos produtos dela decorrentes (remédios, softwares, engenharia);
qualificação dos fatores de produção: cada país pode ter vantagens na produção,
em decorrência de mão-de-obra melhor qualificada ou em razão de melhor ter
desenvolvido determinados fatores de produção;
relações entre fatores de produção: há fatores de produção que se
complementam e favorecem o intercâmbio entre países.
E quais são as vantagens do intercâmbio internacional? Existem vantagens para os
consumidores e para os produtores. Os consumidores, com a ampliação da oferta têm a
oportunidade de dispor de maior diversidade de produtos. Os produtores, por sua vez,
terão possibilidades de ampliação do mercado, buscando compradores com abrangência
internacional. Com essa ampliação, os produtores terão oportunidade de especializar-se
e beneficiar-se das vantagens da produção em escalas maiores.
O processo de globalização O processo de globalização é a conseqüência do incremento das relações
econômicas internacionais. Os países se organizam em blocos de integração, para
facilitar o comércio entre si e para enfrentar a concorrência internacional de forma mais
competitiva.
A globalização exige dos países algumas condições para ingresso nesse “clube de
negociantes internacionais”. A primeira delas é integrar-se econômica e politicamente.
A integração implica em negociações permanentes, participação nos tratados e acordos
mundiais sobre o tema e adaptação às tendências comerciais, que se alteram com
velocidade crescente. Outra condição é a abertura às empresas transnacionais, que são
responsáveis pela maioria das transações do comércio internacional. Os países precisam,
também, investir em tecnologias que favoreçam a inter-relação mundial, como:
transportes, comunicações e transmissão de dados. Ainda, precisam eliminar barreiras
comerciais protecionistas e liberalizar suas economias.
As conseqüências da integração são alterações das regras de convivência internas
de cada país. Uma delas é a convergência das relações jurídicas internas, que tenderão a
um modelo mais homogêneo entre todos os países. Por conseguinte, haverá influência
externa crescente, sobre cada país, com o surgimento de organizações multilaterais,
acordos entre governos, implementação de empresas transnacionais. Em suma, haverá
redução de atributos de soberania nacional, que se consolidarão através de acordos de
interdependência.
Do ponto de vista macroeconômico, a integração produzirá o aumento do
comércio internacional, se relacionado com a produção interna (PIB) de cada país,
provocará a homogeneização crescente dos fatores de produção e dos produtos,
tendendo à equalização dos custos dos fatores. A influência dos investimentos externos
aumentará, e estes serão cada vez mais atraídos para infra-estrutura e para áreas de
tecnologia, em vez de serem dirigidos para exploração de recursos naturais. As nações
se tornarão cada vez menos autônomas no campo econômico, dependendo de fluxos
financeiros internacionais de controle reduzido.
Do ponto de vista microeconômico, as empresas tenderão a ter escalas maiores,
podendo operar com custos mais reduzidos e com maiores condições de competir.
Níveis de integração Existem diversas classificações de níveis de integração entre países. A que
apresentaremos é das mais tradicionais e, como as demais, indica níveis crescentes de
integração.
Zona ou área de livre comércio (exemplos: Nafta, Alca): acordo entre países que
busca a eliminação de tarifas no comércio entre os signatários.
União tarifária ou aduaneira (exemplo: Mercosul): além da eliminação de
tarifas no comércio entre os países signatários, o acordo busca obter a mesma
política tarifária para com o resto do mundo (terceiros países).
Mercado comum: além das características anteriores, o acordo busca obter a
coordenação de políticas monetária, cambial, fiscal, previdenciária e tributária,
além da harmonização de legislação, liberdade de circulação de produtos e de
fatores de produção; deverão inexistir fronteiras alfandegárias. A única diferença
entre os mercados dos diversos países será a distância e o conseqüente custo do
transporte.
União econômica e monetária (exemplo: União Européia): os países ficam quase
sem autonomia, adotam o uso de moeda única, têm políticas macroeconômicas
comuns e banco central único. As políticas são regionais, e não mais nacionais.
Blocos econômicos
Alca – Área de Livre Comércio das Américas A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foi idealizada pelos Estados
Unidos, em 1994, durante a realização da Cúpula das Américas. Com o objetivo
de eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba,
e formar uma área de livre comércio para as Américas, até o final de 2005.
Posteriormente esse prazo foi dilatado e, atualmente, não existem condições
favoráveis à sua implementação, mesmo no Congresso norte-americano. Se
implantada, a Alca se tornará um dos maiores blocos comerciais do mundo.
São países-membro da Alca: Antigua e Barbuda, Argentina, Bahamas,
Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica,
Dominica, El Salvador, Equador, Estados Unidos da América, Granada,
Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá,
Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São
Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela.
Mercosul – Mercado Comum do Sul O Mercado Comum do Sul foi criado oficialmente em 1991 pelo Tratado de
Assunção. É formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além dos países
associados Bolívia e Chile, estando em fase de discussão o ingresso da Venezuela.
O Mercosul tem como princípios básicos estabelecer uma união aduaneira – área
de livre circulação de bens, serviços, mãos-de-obra e capital –, assim como a
liberação gradativa de tarifas alfandegárias e restrições tarifárias.
Os grandes países desse bloco são Brasil e Argentina, tanto por sua área
quanto por seu maior contingente populacional e desenvolvimento econômico.
Nafta – Acordo de Livre Comércio da América do Norte O Nafta foi instituído em 1992 e conta, em seus membros, com os Estados
Unidos da América, México e Canadá, como simples área de livre comércio. O
acordo prevê apenas a eliminação das barreiras legais e das tarifas alfandegárias.
EU – União Européia
A União Européia é a materialização do mais elevado estágio da integração
econômica entre nações. O processo teve seu início na Comunidade Econômica
Européia (CEE), fundada em 1957 pelo Tratado de Roma e teve adesão gradativa
das nações européias. Em 1992 foi assinado, em Maastricht (Holanda), o Tratado
da União Européia, que deu a configuração da união econômica e monetária. Em
1999 foi adotada pelos países signatários a moeda escritural única, o euro, que
passou a circular como papel-moeda apenas no ano de 2002.
Membros da EU: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca*, Eslováquia,
Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria,
Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino
Unido*, República Checa e Suécia*.
Aladi – Associação Latino-Americana de Integração A Aladi substituiu a Alac – Associação Latino-americana de Livre
Comércio, com o objetivo de criar um mercado comum latino-americano. Não
conflita com o Mercosul por pretender ter alcance regional e ser praticado através
de acordos parciais, celebrados em prazo longo. Inicialmente não contemplava
Cuba, que recentemente se associou.a esse grupo de países.
São países-membro da Aladi: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela QUESTÕES DE CONCURSOS AGENTE DA POLICIA FEDERAL PROVA CESPE UNB 2002
Questão 19
No alvorecer de 2002, o euro deixa de ser uma moeda contábil para 12 países da União Européia - é o início de sua circulação, vencendo mais uma importante etapa no processo integracionista europeu. A respeito do tema da integração no mundo contemporâneo, assinalada pela montagem de grandes blocos, julgue os itens seguintes.
1 Uma das maiores dificuldades encontradas pela União Européia, no caminho de sua constituição, foi a indiferença com que tratou os aspectos não-econômicos da integração, como os relativos à cultura. ERRADA
2 Talvez como forte simbolismo dos tempos atuais, enquanto as mercadorias produzidas pelos integrantes da União Européia encontram todas as facilidades de circulação, o mesmo não ocorre com os seus cidadãos, que se deparam com rígidos esquemas de fiscalização nas fronteiras desses países. ERRADA
3 Sob o ponto de vista político, uma vitória da União Européia foi a constituição do Parlamento Europeu, que, ao eliminar os parlamentos nacionais, ampliou consideravelmente seu campo de atuação.
ERRADA
4 A Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA, depois de algumas dificuldades iniciais, conseguiu ser implantada graças, sobretudo, à decisão norte-americana de oferecer maiores vantagens aos parceiros latino-americanos.ERRADA
5 A crise pela qual passam atualmente os chamados tigres asiáticos e a insensibilidade chinesa quanto às regras do comércio mundial explicam o fato de que não tenha surgido um bloco econômico na Ásia. ERRADA
Inflação em baixa com queda do dólar
A queda do dólar desde o final de outubro de 2001 já fez a dívida pública recuar 2,4 pontos percentuais do PIB, calcula o economista Odair Abate, do Lloyds TSB. Considerando a cotação da moeda americana de ontem, abaixo da média do ano, a dívida pública cairia abaixo de 54% do PIB, patamar em que o governo pretendia estabilizá-la. No fechamento de outubro, o dólar valia R$ 2,78. Ontem, estava em R$ 2,33. Foi a menor cotação desde o fim de junho, abaixo da média do ano, que foi de R$ 2,349. O efeito positivo sobre a dívida pública e sobre a inflação, aparentemente, tem sido o motivo de o Banco Central do Brasil (BACEN) deixar o fluxo de recursos derrubar a cotação sem nenhuma interferência. Ontem, continuou a venda dos US$ 50 milhões diários, assim como a rolagem de papéis cambiais. A primeira prévia do IGP-M de dezembro confirmou o impacto positivo sobre a inflação, com índice de 0,16%, bem abaixo dos 0,78% do primeiro decêndio de novembro. Para Abate, o índice ficou abaixo do esperado, observando que o Índice de Preços no Atacado (IPA) registrou deflação de 0,7%. Curiosamente, a pesquisa de expectativas do BACEN mostrou piora nas previsões de inflação. “Observando as previsões dos Top 5 - instituições com maior porcentagem de acerto das previsões de acordo com o BACEN -, as expectativas de inflação para 2002 caem ou ficam estáveis”, destacou Abate. Alguns analistas acreditam que, além dos efeitos positivos sobre contas públicas e preços, outra razão para que o BACEN esteja longe de iniciativas para conter a queda do dólar - e até contribuindo para sua queda - seja a criação de uma “reserva anticrise”, uma folga que pode ser consumida se a Argentina desembocar mesmo em uma moratória e provocar nervosismo no mercado. A conseqüência negativa deve ser o efeito sobre a balança comercial, ainda não muito bem dimensionado pelo mercado. Por enquanto, os bancos mantêm a expectativa de saldo positivo em torno de US$ 4,5 bilhões em 2002, mas devem reduzir suas previsões se o dólar continuar a cair. A média das previsões colhidas pelo BACEN nesta semana subiu de US$ 4,75 bilhões para US$ 4,8 bilhões. “É cedo para dizer se esse nível de câmbio é sustentável. O mais provável, dado o déficit em conta-corrente, é que a taxa volte para níveis de R$ 2,50”, afirma Marcelo Audi, da Merrill Lynch. O Lloyds ainda não revisou a expectativa de superávit da balança comercial para o próximo ano, porque a taxa está mudando muito rapidamente. “Vamos esperar mais um pouco antes de mudar as previsões”. A rapidez da queda de câmbio provocou desde outubro sucessivas revisões nas previsões dos bancos. A desvalorização do real no ano, que já chegou a superar 42%, ontem estava em 19%.
Tatiana Bautzer. Internet: <http://www.valor.com.br/valoreconomico/materia>. Acesso em 11/12/2001 (com adaptações).
Questão 20
Considerando as informações do texto V, julgue os itens subseqüentes.
1 No segundo parágrafo, a afirmação “O efeito positivo sobre a dívida pública e sobre a inflação, aparentemente, tem sido o motivo de o Banco Central do Brasil (BACEN) deixar o fluxo de recursos derrubar a cotação sem nenhuma interferência” está relacionada à interação dos efeitos dos instrumentos de políticas monetárias, cambiais e fiscais sobre o valor nominal da dívida pública consolidada. CERTO
2 A constante queda do dólar só tem ocorrido devido ao fato de o Brasil adotar o regime de bandas cambiais, também conhecido como flutuação suja. ERRADA
3 Os efeitos da desvalorização do dólar ante o real encarecem os produtos brasileiros no exterior, podendo provocar conseqüências negativas sobre a balança comercial. CERTA
4 Como o câmbio denota uma relação de valor entre os preços dos produtos nacionais e os internacionais, a apreciação do real deverá elevar os índices de inflação nos próximos meses. ERRADA
5 A redução do percentual expresso pela relação entre a dívida pública e o produto interno bruto é vista como um sinal negativo pelos investidores externos, uma vez que demonstra menor capacidade de captação por parte do Brasil. ERRADA
Texto V - questões de 20 a 22
Inflação em baixa com queda do dólar
A queda do dólar desde o final de outubro de 2001 já fez a dívida pública recuar 2,4 pontos percentuais do PIB, calcula o economista Odair Abate, do Lloyds TSB. Considerando a cotação da moeda americana de ontem, abaixo da média do ano, a dívida pública cairia abaixo de 54% do PIB, patamar em que o governo pretendia estabilizá-la. No fechamento de outubro, o dólar valia R$ 2,78. Ontem, estava em R$ 2,33. Foi a menor cotação desde o fim de junho, abaixo da média do ano, que foi de R$ 2,349. O efeito positivo sobre a dívida pública e sobre a inflação, aparentemente, tem sido o motivo de o Banco Central do Brasil (BACEN) deixar o fluxo de recursos derrubar a cotação sem nenhuma interferência. Ontem, continuou a venda dos US$ 50 milhões diários, assim como a rolagem de papéis cambiais. A primeira prévia do IGP-M de dezembro confirmou o impacto positivo sobre a inflação, com índice de 0,16%, bem
abaixo dos 0,78% do primeiro decêndio de novembro. Para Abate, o índice ficou abaixo do esperado, observando que o Índice de Preços no Atacado (IPA) registrou deflação de 0,7%. Curiosamente, a pesquisa de expectativas do BACEN mostrou piora nas previsões de inflação. “Observando as previsões dos Top 5 - instituições com maior porcentagem de acerto das previsões de acordo com o BACEN -, as expectativas de inflação para 2002 caem ou ficam estáveis”, destacou Abate. Alguns analistas acreditam que, além dos efeitos positivos sobre contas públicas e preços, outra razão para que o BACEN esteja longe de iniciativas para conter a queda do dólar - e até contribuindo para sua queda - seja a criação de uma “reserva anticrise”, uma folga que pode ser consumida se a Argentina desembocar mesmo em uma moratória e provocar nervosismo no mercado. A conseqüência negativa deve ser o efeito sobre a balança comercial, ainda não muito bem dimensionado pelo mercado. Por enquanto, os bancos mantêm a expectativa de saldo positivo em torno de US$ 4,5 bilhões em 2002, mas devem reduzir suas previsões se o dólar continuar a cair. A média das previsões colhidas pelo BACEN nesta semana subiu de US$ 4,75 bilhões para US$ 4,8 bilhões. “É cedo para dizer se esse nível de câmbio é sustentável. O mais provável, dado o déficit em conta-corrente, é que a taxa volte para níveis de R$ 2,50”, afirma Marcelo Audi, da Merrill Lynch. O Lloyds ainda não revisou a expectativa de superávit da balança comercial para o próximo ano, porque a taxa está mudando muito rapidamente. “Vamos esperar mais um pouco antes de mudar as previsões”. A rapidez da queda de câmbio provocou desde outubro sucessivas revisões nas previsões dos bancos. A desvalorização do real no ano, que já chegou a superar 42%, ontem estava em 19%.
Tatiana Bautzer. Internet: <http://www.valor.com.br/valoreconomico/materia>. Acesso em 11/12/2001 (com adaptações
Questão 20
Considerando as informações do texto V, julgue os itens subseqüentes.
1 No segundo parágrafo, a afirmação “O efeito positivo sobre a dívida pública e sobre a inflação, aparentemente, tem sido o motivo de o Banco Central do Brasil (BACEN) deixar o fluxo de recursos derrubar a cotação sem nenhuma interferência” está relacionada à interação dos efeitos dos instrumentos de políticas monetárias, cambiais e fiscais sobre o valor nominal da dívida pública consolidada. CERTO
2 A constante queda do dólar só tem ocorrido devido ao fato de o Brasil adotar o regime de bandas cambiais, também conhecido como flutuação suja. ERRADO
3 Os efeitos da desvalorização do dólar ante o real encarecem os produtos brasileiros no exterior, podendo provocar conseqüências negativas sobre a balança comercial. CERTO
4 Como o câmbio denota uma relação de valor entre os preços dos produtos nacionais e os internacionais, a apreciação do real deverá elevar os índices de inflação nos próximos meses. ERRADO
5 A redução do percentual expresso pela relação entre a dívida pública e o produto interno bruto é vista como um sinal negativo pelos investidores externos, uma vez que demonstra menor capacidade de captação por parte do Brasil. ERRADO
Questão 21
Com o auxílio do texto V, julgue os itens a seguir.
1 Devido ao caráter temporal estabelecido, analisando-se a evolução da cotação do dólar ao longo de 2001, o texto entrelaça aspectos narrativos, expositivos e argumentativos. CERTO
2 O uso do futuro do pretérito no segundo período do primeiro parágrafo reforça uma idéia de possibilidade.CERTO
3 A criação, pelo BACEN, de uma reserva de dólares, para o caso de a “Argentina desembocar mesmo em uma moratória”, configurou-se como uma medida precipitada, uma vez que, apesar das dificuldades políticas e financeiras enfrentadas, a Argentina tem honrado seus compromissos com os credores internacionais. ERRADO
4 A crise vivida pela Argentina durante o ano de 2001 afetou também a economia brasileira, causando a desvalorização do real frente ao dólar em grande parte do ano. CERTO
5 Imediatamente após o atentado terrorista ao World Trade Center, a cotação do dólar caiu drasticamente no Brasil, assim como no restante do mundo, devido principalmente ao fechamento das Bolsas de Valores de Wall Street. ERRADA
Questão 22
Considerando o texto V, julgue os seguintes itens.
1 O segundo período do segundo parágrafo do texto fica corretamente reescrito da seguinte forma: A rolagem de papéis cambiais continuou ontem, assim como a venda dos cinqüenta milhões de dólares diários. CERTO
2 No último período do terceiro parágrafo do texto, a autora faz a sua previsão para a inflação em 2002: queda ou estabilidade.ERRADO
3 Segundo o último parágrafo do texto, a média das previsões colhidas pelo BACEN de US$ 4,8 bilhões já representa uma conseqüência negativa da subida do dólar sobre a balança comercial.ERRADO
4 A queda do dólar ocorrida em dezembro do ano passado levou a inflação desse mês ao nível mais baixo desde a implantação do Plano Real, ocorrida no primeiro mandato do governo FHC. ERRADO
5 Com o fortalecimento da indústria brasileira de microinformática nos últimos anos, principalmente com relação à fabricação de placas de fax/modem de alta velocidade -
entre as mais rápidas do mundo, com velocidades da ordem de 2 Mbps -, esse setor é, hoje, insensível às variações cambiais. ERRADO
Questão 23
A expressão Consenso de Washington, cunhada em 1990, traduz, em linhas gerais, um conjunto de teses e idéias neoliberais defendidas por altos funcionários da área econômica dos Estados Unidos da América (EUA) e pelos organismos multinacionais lá sediados. Esse ideário, espécie de esteio da economia dita globalizada, estabeleceu o tom da evolução econômica e financeira mundial desde então, angariando adeptos e opositores pelo mundo afora. Relativamente a esse tema, julgue os itens que se seguem.
1 O Consenso de Washington defendia a austeridade fiscal como condição essencial ao sucesso dos programas de estabilização monetária, de que decorria a adoção de um programa de corte dos gastos públicos e reformas administrativas, previdenciárias e fiscais. CERTO
2 Tendo em vista a abertura e a desregulação do mercado cada vez mais internacionalizado, o Consenso de Washington propunha - e praticou - que o capital fosse pesadamente taxado para não colocar em risco as economias mais frágeis. ERRADO
3 O modelo de industrialização adotado pelos países periféricos após a Segunda Guerra Mundial, que envolvia sensível presença estatal, segundo a perspectiva de Washington, estava ultrapassado e, como tal, deveria ser desmontado. CERTO
4 Paradoxalmente, ao mesmo tempo que propunha a desregulação do mercado financeiro, o Consenso de Washington estimulava a presença mais ativa do Estado na defesa do trabalho, ampliando a legislação trabalhista como forma de impedir conflitos sociais. ERRADO
5 Ampla abertura comercial e privatização das empresas e dos serviços públicos foram alguns dos aspectos mais marcantes do receituário elaborado pelo Consenso de Washington. CERTO
Questão 24
Os tributos influenciam a distribuição de renda e de riqueza dentro de uma sociedade ao afetarem os padrões de distribuição e consumo. Acerca desse tema, julgue os itens abaixo.
1 A tributação do elástico, tanto do lado da demanda quanto da oferta, é a conclusão recorrente de toda a análise da incidência e transferência, do ponto de vista estrito da arrecadação. ERRADO
2 Quando uma indústria está trabalhando com custos decrescentes, o que significa que um aumento de produção resulta em maiores custos por unidade de produção - o custo marginal é menor que o custo médio -, sua curva de oferta é declinante. A imposição de um imposto per capita sobre seu produto, ceteris paribus, fará que seu preço de venda suba mais que o valor do imposto - transferência para a frente de mais de 100%. ERRADO
3 Do ponto de vista da eficiência, o sistema tributário ideal é aquele consistente com a alocação paretiana ótima de recursos. Seria aquele que não alterasse os preços relativos determinados pelo mercado, não influindo, assim, nas decisões privadas de produção e consumo. CERTO
4 O imposto sobre a propriedade imobiliária coloca-se como o melhor exemplo dos tributos diretos, enquanto o imposto sobre a renda da pessoa jurídica caracteriza mais adequadamente os tributos indiretos. ERRADO
5 Muitas vezes, a transferência do ônus tributário é camuflada por alterações na quantidade ou na qualidade do produto, o que significa que se estará pagando maior preço - ainda que numericamente inalterado - por unidade efetiva de consumo ou insumo. CERTO
Questão 25
Conceituar regulação não é tarefa fácil. Assim como a noção de serviço público, a de regulação deve levar em conta o tratamento diferenciado imposto por circunstâncias de tempo e de espaço. Isso porque os ordenamentos jurídicos de diferentes Estados, ou do mesmo Estado em diferentes momentos, ou ainda os de unidades federativas de um mesmo Estado, poderão ter, em relação à regulação ou às atividades reguladas, tão diversas visões que não seja possível afirmar a priori que tal ou qual atividade se conforme ou não dentro de sua noção. Corolário lógico dessa realidade, a noção de regulação é naturalmente dependente da forma como o sistema jurídico a contemple, ou seja, é o respectivo sistema jurídico que dirá que gama ou elenco de atividades se incluem no seu âmbito.
Pedro Henrique Poli de Figueiredo. “Uma contribuição para o conceito de regulação do serviço
público no Brasil”. In: Marco regulatório, n.º 1 (com adaptações).
Considerando o texto acima, julgue os itens a seguir, a respeito da regulação de mercados.
1 Regulação de mercados poderia ser definida como o conjunto de ações públicas que busca melhorar a eficiência da alocação dos recursos no mercado, ou aumentar o bem-estar social dessa alocação. CERTO
2 A regulação visa criar sistemas de competição em setores que tendem a funcionar sob o regime de monopólios naturais, que provocam a existência de custos fixos
importantes, grande proporção de investimentos irreversíveis, gerando barreiras à entrada de novos investidores. CERTO
3 A regulação visa corrigir a ocorrência de externalidades, como contaminação, utilização de recursos naturais e efeitos da poluição. ERRADO
4 Um aspecto que não precisa ser contemplado pela regulação é a assimetria de informação, que consiste em o produtor ter mais informação que o consumidor e não a transferir, pois o Estado deve deixar que o mercado encontre seu ponto de equilíbrio. CERTO
5 Uma política adequada de regulação deve ter objetivos claros quantificáveis, tendo presente que regulação não é apenas fixar preço. ERRADO
Questão 26
A Lei n.º 9.962, de 22/2/2000, disciplinou o regime de emprego público do pessoal da administração federal direta, autárquica e fundacional. A respeito dessa lei, julgue os itens que se seguem.
1 O pessoal admitido para emprego público na administração federal direta terá sua relação de trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho e legislação trabalhista correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário. CERTO
2 É permitido submeter ao regime de emprego público, por órgão, no máximo a metade dos cargos públicos de provimento em comissão. ERRADO
3 É vedado à administração pública rescindir contrato de trabalho por prazo indeterminado por insuficiência de desempenho de empregado que tenha sido admitido por concurso público, pois lhe é assegurada a estabilidade no emprego. ERRADO
4 A administração pública não poderá, por ato unilateral, rescindir contratos de trabalho por prazo indeterminado em razão da necessidade de redução do quadro de pessoal decorrente de excesso de despesa. ERRADO
5 A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso público de provas ou de provas e títulos, ou de processo seletivo simplificado, constando de análise da experiência profissional e de entrevistas, conforme a natureza e a complexidade do emprego. ERRADO
Questão 27
Existe uma articulação no Congresso para elevar um pouco mais a receita da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) que incidirá sobre os combustíveis a partir de janeiro de 2002. A nova contribuição substituirá a Parcela de Preço Específica (PPE).Na proposta orçamentária que o governo encaminhou ao
Congresso, a receita prevista para a CIDE é de R$ 6 bilhões, mas o relator da Comissão Mista de Orçamento do Congresso elevou essa previsão de receita para R$ 7,25 bilhões. Agora, a CIDE está sendo apontada como a única alternativa ainda existente para pagar o aumento do salário mínimo em 2002. Na verdade, a arrecadação poderá ser maior que essa, pois tudo vai depender das alíquotas que incidirão sobre os combustíveis. Há, no entanto, um problema. Os recursos da contribuição são vinculados às áreas de transportes e meio ambiente. A solução seria fazer uma substituição integral dos recursos do Tesouro que são destinados às duas áreas por receitas da CIDE. Se a receita da nova contribuição for superior às despesas das duas áreas, bastará ao governo utilizar parte dos recursos no superávit primário, como explicou uma fonte da área econômica. Essa mágica liberaria outros recursos tributários para o salário mínimo. Como se vê, está em curso um forte aumento da carga tributária por meio da CIDE.
Ribamar Oliveira. Valor Econômico, 10/12/2001.
Considerando o texto acima, julgue os itens seguintes.
1 A vinculação da CIDE às áreas de transportes e meio ambiente modifica o dispositivo constitucional que define o princípio da não-afetação. ERRADO
2 A ação do Congresso Nacional em reestimar a receita da CIDE para pagar o aumento do salário mínimo em 2002 justifica-se pelo fato de os benefícios previdenciários estarem, no Brasil, parcialmente atrelados ao valor do salário mínimo. CERTO
3 A classificação das receitas que permite controlar a obediência às vinculações definidas na legislação é denominada classificação por fontes de receita. CERTO
4 A necessidade de se reestimarem receitas para cobrir igual ampliação de despesas é necessária para o atendimento das metas fiscais estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal. .CERTO
5 A previsão de arrecadação da CIDE deve levar em consideração o fato de ela só poder ser arrecadada 180 dias após a sua instituição, conforme determina a Constituição da República. ERRADO
AGENTE DA POLICIA FEDERAL CESPE UNB 2000
Questão 13 Em face da globalização do espaço econômico e da formação de blocos econômicos, o entendimento das instituições que regem as relações econômicas entre países é crucial para a inserção no cenário mundial. Nesse contexto, julgue os itens a seguir. 1. Como parte dos esforços para estabilizar as taxas de câmbio, a Conferência de Bretton Woods estabeleceu o Fundo Monetário Internacional (FMI) para assegurar a provisão de empréstimos de curto prazo que permitam corrigir desequilíbrios transitórios nos balanços de pagamentos dos países-membros. CERTO
2. O Banco Internacional para a Reconstituição e o Desenvolvimento Econômico (BIRD) foi criado para auxiliar na reconstrução dos países europeus, cujo potencial produtivo foi severamente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.ERRADO 3. Os requisitos para a existência de zonas de livre comércio incluem a livre circulação de bens e serviços e o estabelecimento de uma tarifa comum para os países não-membros.ERRADO 4. A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) constitui um processo de integração econômica, do tipo mercado comum, a exemplo da Comunidade Européia. ERRADO 5. O General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) é um fórum em que os países-membros podem negociar com o intuito de resolverem conflitos comerciais e planeja a redução das restrições ao livre comércio ERRADO .
Questão 15 A mensuração da produção agregada, o desenho de políticas macroeconômicas, a análise dos desequilíbrios externos e o processo de desenvolvimento econômico podem ser mais bem compreendidos com a ajuda da moderna teoria econômica. Utilizando os conceitos essenciais dessa teoria, julgue os itens abaixo. 1. Ao se mensurar o produto interno bruto (PIB) a partir da óptica da despesa, devem-se excluir as exportações porque elas não representam gastos dos agentes econômicos domésticos. 2. No tocante à utilização de políticas fiscais contracionistas, o efeito multiplicador de uma redução das transferências governamentais é superior àquele que seria obtido por meio de um aumento equivalente da tributação. 3. Se o mercado antecipar uma depreciação do real em 30% com relação ao dólar norte-americano, então reais serão vendidos imediatamente, provocando, assim, a depreciação imediata desta moeda. 4. No passado recente, o desequilíbrio do setor público, no Brasil, traduziu-se em aumentos das taxas de juros domésticos e na apreciação da moeda nacional, contribuindo, assim, para aumentar o déficit do balanço comercial. 5. Os custos comparativos na produção e a magnitude da demanda nos mercados externos determinam as taxas de câmbio dos produtos comercializáveis.
E
C
C
C
C
Questão 16 Nos Estados Unidos da América (EUA), há quem defenda que o custo do combate ao uso indevido de drogas é tão alto que outras opções deveriam ser consideradas. Nos anos de 1921 a 1930, em plena Lei Seca, o governo norte-americano gastou US$ 88
milhões no combate ao consumo ilegal de álcool, quantia essa que, corrigida pela taxa de inflação desde o início de 1931 até o final de 1999, corresponderia, no 1º de janeiro de 2000, a um total de US$ 900 milhões. No ano de 1999, o governo dos EUA gastou um total de US$ 16 bilhões no combate ao uso indevido de drogas, o que representou 6% do total anual gasto pelo governo desse país com a sua defesa nacional correspondeu a 3% do PIB norte-americano no referido ano. Com base nessas informações, julgue os itens seguintes. 1. Admitindo-se que uma mesma taxa anual de inflação igual a i tenha ocorrido nos EUA nos anos de 1931 a 1999, o valor de i poderia ser determinado pela equação
88]log 900[log x 6911)(ilog
. CERTO 2. Atualizado para o dia 1º de janeiro de 2000, o gasto do governo norte-americano no combate ao uso ilegal do álcool nos anos de 1921 a 1930 corresponde a menos de 5% do gasto desse governo no combate ao uso indevido de drogas no ano de 1999.ERRADO 3. Com relação ao ano de 1999, os gastos do governo norte-americano com o combate ao uso indevido de drogas foram superiores a 0,20% do PIB daquele país.ERRADO 4. Em 1999, os EUA gastaram menos de US$ 300 bilhões com a defesa nacional.CERTO 5. O PIB norte-americano, em 1999, foi superior a US$ 10 trilhões. ERRADO
ADMINISTRADOR BNDES - 2002
34. O Sistema de Contas do Brasil é constituído de quatro contas nucleares, quais sejam: (A) PIB, Renda Nacional Disponível, de Formação de Capital e Transações Correntes com o Resto do Mundo. (B) PIB, PNB a preços de mercado, PNB ao custo dos fatores, renda disponível do setor privado. (C) PIB, PNB ao custo dos fatores, renda disponível do setor privado, renda disponível do setor público. (D) PNB, atividades primárias, atividades secundárias, atividades terciárias. (E) PNB, conta da renda nacional disponível, conta corrente das administrações públicas, PIB por unidade da federação. 35. As taxas de câmbio permitem a unificação monetária dos preços em moeda doméstica com preços em moeda estrangeira, facilitando os processos de troca. Assim, em relação ao mercado de câmbio, pode-se afirmar que (A) bancos centrais não intervêm nos mercados de câmbio, pois o volume das transações dos bancos centrais não é significativamente grande. (B) um swap de câmbio é uma venda à vista de uma moeda combinada com uma recompra futura da moeda. (C) em condições de normalidade da economia uma apreciação da moeda corrente de um país torna seus bens mais baratos para os estrangeiros. (D) em uma transação de taxa de câmbio à vista, as taxas se tornam efetivas no momento da negociação, se fechada.
(E) os indivíduos não participam no mercado de câmbio devido ao volume insignificante de transações. 36. Fazem parte da Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos as categorias de transações abaixo relacionadas: A. Balança comercial. B. Balança de serviços. C. Transferências unilaterais. D. Movimentos de capital. E. Déficit ou superávit. Conceitue corretamente cada uma delas. I. Resultado final do balanço internacional de pagamento. II. Receitas e despesas cambiais com seis categorias de transação: viagens internacionais, transporte, seguros, renda de capitais, serviços governamentais, outros serviços (direitos autorais, patentes industriais, telecomunicações, etc). III. Resultado líquido das transações com exportações e importações de mercadorias. IV. Resultado líquido de doações de fontes privadas, de governos ou de instituições multilaterais sem contrapartidas prévias ou futuras. V. Entradas e saídas de ativos financeiros, de três categorias básicas: movimentos autônomos de risco, financiamentos concedidos por bancos e fornecedores estrangeiros para transações correntes (predominantemente exportações e importações), empréstimos de curto e longo prazo tomados junto a organismos internacionais, agências governamentais e instituições financeiras privadas de outros países. (A) A-II, B-I, C-III, D-V, E-IV. (B) A-III, B-I, C-II, D-IV, E-V. (C) A-III, B-II, C-I, D-IV, E-V. (D) A-IV, B-V, C-III, D-II, E-I. (E) A-III, B-II, C-IV, D-V, E-I. 37. As políticas comerciais são instrumentos utilizados pelos governos para regular as transações comerciais internacionais. Sobre este tópico, pode-se afirmar que (A) a tarifa é um instrumento de comércio pouco utilizada devido à dificuldade em se atribuir a alíquota correta para determinados bens. (B) as tarifas ad valorem são fixas e cobradas por unidade do bem importado. (C) a utilização de barreiras não tarifárias, tais como cotas de importação e restrições de exportação, tem encontrado grande resistência junto aos governos modernos, que preferem utilizar outros mecanismos de proteção para a indústria doméstica. (D) pode-se encontrar: subsídio de crédito à exportação, aquisição nacional de bens e barreiras burocráticas sendo utilizadas como instrumentos de política comercial.
(E) os efeitos de um subsídio à exportação sobre preços são exatamente os mesmos dos da tarifa.
PARTE IV
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Ao final da leitura deste capítulo, você deverá ser capaz de:
diferenciar os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico;
identificar os principais indicadores de desenvolvimento econômico.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Num primeiro momento, somos levados a acreditar que desenvolvimento econômico é o mesmo que crescimento econômico. Então, como saber o que é desenvolvimento? O desenvolvimento corresponde à participação social no resultado do crescimento. Quando decorrente de crescimento a população obtém melhorias no padrão de vida, ou participa distributivamente do resultado deste crescimento é que ocorre o desenvolvimento. Portanto, podemos simplificar afirmando que crescimento econômico é um fator quantitativo e desenvolvimento econômico é qualitativo.
O desenvolvimento econômico é um processo de mudança estrutural de longo
prazo num sistema econômico. Decorrente do aumento dos recursos disponíveis e/ou
sua melhor utilização, tendo como resultado o aumento da renda per capita real e os
níveis de consumo e bem-estar da coletividade. É a soma de crescimento,
industrialização com mudanças estruturais, especialmente no setor externo e agrícola, e
com melhoria na distribuição da renda pessoal e regional acompanhada do aumento do
nível de emprego.
Embora a mensuração do produto gerado em um país, especialmente o PIB
(Produto Interno Bruto) e mais recentemente o PIB per capita (PIB dividido pela
população do país) sejam freqüentemente mencionados, especialmente na mídia, como
medidores do desenvolvimento, esses dados estatísticos são medidas de crescimento de
uma nação. Compõem o conjunto de indicadores que revelam o nível de
desenvolvimento de um país, mas não completam tal conceito. Só pode ser considerado
desenvolvido o país que obtiver crescimento econômico associado ao aumento do bem-
estar de seus cidadãos através da diminuição de suas desigualdades na repartição da
riqueza, da redução dos níveis de desemprego, da melhoria geral da qualidade de vida
em atributos como nutrição, saúde, moradia e transporte.
Fatores que influenciam o desenvolvimento econômico
Os principais fatores que influenciam o desenvolvimento econômico podem ser
assim apresentados:
A qualidade e a quantidade dos recursos produtivos disponíveis, incluídos
nesse conjunto especialmente a força de trabalho e o estoque de capital –
Sempre que citamos os recursos produtivos nos referindo à força de trabalho, ao
capital e à matéria-prima. A qualificação desses recursos representa os níveis de
formação escolar da mão-de-obra, determinado pela média de anos freqüentados
nas escolas a capacidade tecnológica do capital existente, se formação interna ou
externa e diversidade e quantidade e qualidade das matérias-primas existentes
num sistema econômico.
As condições políticas e sociais: a estabilidade política e institucional –
Entendemos que as condições políticas e sociais são as instituições políticas
(partidos políticos) que legislam em favor da população, e não em favor de
segmentos da sociedade. Partindo-se deste aspecto, que podemos chamar de
maturidade e consciência política, a população conquistará melhorias na
estrutura social e político devido a maior policiamento do comportamento de
seus legisladores eleitos.
Dinamismo dos agentes econômicos, que proporcionam eficiência
organizacional – Sempre que a estrutura das organizações que estimulam o
funcionamento das atividades produtivas possuir dinâmica e agilidade no seu
processo. Possibilitará que mais unidades produtivas surjam no mercado
aumentando os níveis de emprego e qualidade de vida. Essa dinâmica pode ser
representada pelas decisões do Banco Central do Brasil, agilizando o
funcionamento do sistema financeiro. Agilidade no processo tributário, ou seja,
menos burocracia.
Conseqüências do desenvolvimento As conseqüências do desenvolvimento são muitas, de importância fundamental e
almejadas por todos. Como evidência dessa afirmação, podemos resgatar na campanha
para a presidência da república que a mais importante proposta dos candidatos é a
promoção do desenvolvimento econômico.
Para melhor entender o desenvolvimento e suas conseqüências, temos de partir do
parâmetro comparativo, ou seja, desenvolvido pressupõe necessariamente a existência
do não-desenvolvido (subdesenvolvido). Então, por que desejar as conseqüências do
desenvolvimento? A resposta é simples: o desenvolvimento trará melhorias no padrão
de vida da população.
Essas conseqüências possuem caráter temporário, decorrente da natureza do
processo econômico que são as necessidades ilimitadas da população. Representada
pela criação de novas necessidades quando anteriores já foram atingidas. Esse aspecto
torna o governo permanentemente refém das necessidades da população. Entra governo
sai governo, a população considera vitórias já atingidas como direito conquistado e
reivindicam novas necessidades. E assim tem sido através dos tempos. A seguir
apresentamos uma síntese das principais efeitos do desenvolvimento econômico:
Alterações no processo produtivo – As alterações no processo produtivo
decorrente do desenvolvimento econômico significam melhorias tecnológicas
bem como sistemas produtivos menos complexos, ágeis e com maior
produtividade. Com essa mudança no processo produtivo promove em cadeia o
estímulo ao investimento no capital produtivo, desencadeando mais
investimentos em formação de capital e assim sucessivamente.
Alterações na estrutura do consumo da sociedade – Em continuidade da
evolução do desenvolvimento econômico associado às conquistas do padrão de
vida da sociedade corresponde, também a melhorias do processo distributivo da
renda total gerada no sistema econômico. Com a evolução da renda, certamente
a população modificará seu padrão de consumo, buscando produtos de maior
complexidade e alteração dos bens e serviços consumidos até então. Como
exemplo, podemos citar: “A pirâmide das necessidades ou a teoria da hierarquia
de necessidades de Maslow” (Figura 2).
Figura 2 – Pirâmide das Necessidades de Maslow
Essa pirâmide, criada por Abraham Maslow, (figura acima) demonstra claramente que
sua base é constituída pelas necessidades básicas de sobrevivência (alimentação,
segurança, habitação, etc.) e em seu topo está a necessidade de status, passando por
várias outras intermediárias. Interpretando: saindo princípio que as necessidades básicas
da sociedade foram atingidas, esse grupo reivindicará melhores condições de lazer, por
exemplo. Sendo esse processo continuado e interminável.
Crescente interdependência setorial na economia – Decorrente do
desenvolvimento da economia e motivado pelo avanço tecnológico e melhorias
na formação de mão-de-obra, passa a economia a possuir maiores dependência
dos setores entre si. Considerando a verticalização e a horizontalização do
processo produtivo, vamos constatar que a interdependência dos setores torna-se
maior devido ao processo produtivo ter consolidado as atividades em todos os
níveis. Significa que atividades produtivas que inicialmente não existiam
internamente passam a existir a partir do desenvolvimento.
Em relação ao setor externo – O desenvolvimento permite ganhos de escala,
aumenta a capacidade de importar e possui um efeito multiplicador sobre a
economia. Podemos iniciar a interpretação do impacto do desenvolvimento de
uma economia sobre o setor externo considerando que as melhorias tecnológicas
obtidas atribuirão mais produtividade ao setor produtivo, que, por sua vez, terá
competitividade maior no mercado globalizado. Em conseqüência disso, serão
obtidos mais recursos de exportação, o que significa, na realidade, importação de
empregos e mais reservas cambiais, possibilitando a importação de bens de
capital ou promovendo o desenvolvimento tecnológico interno e, assim,
ocorrendo o efeito multiplicador sobre o setor produtivo da economia.
Principais indicadores de desenvolvimento Como tratado anteriormente, a macroeconomia consiste em ser o compartimento
de ciência econômica que trata da economia como um todo, das questões agregativas.
Pergunta-se, então: como saber se um sistema econômico está crescendo ou se
desenvolvendo? E com que parâmetros estamos medido esse resultado?
Como estamos tratando de análises comparativas entre regiões de um país, entre
países ou blocos econômicos, será necessário usar padrões universais de medida.
Podemos citar: uma mesma moeda universal, o mesmo período temporal, os mesmos
parâmetro e índices. Caso contrário, estaremos comparando indicadores que não
mostrarão os mesmos dados e portando ocorrendo comparações errôneas.
Indicadores econômicos A seguir, seguem os indicadores econômicos.
Renda per capita – Na realidade esse é o indicador de desenvolvimento mais
utilizado mundialmente. A renda per capita, que significa renda por pessoa ou
habitante, é obtida pela divisão do produto interno bruto pela população, da qual
obteremos a renda média por habitante de um país. Sem dúvida nenhuma esse é
um indicador de crescimento econômico, porém não é um indicador de
desenvolvimento confiável. Por quê? A resposta é simples, porque é um valor
médio. Se a renda per capita aumenta, significa que a riqueza produzida num
sistema econômico cresce em velocidade superior ao crescimento demográfico
da população. Isso significa crescimento econômico, porém não
desenvolvimento, para ocorrer desenvolvimento é preciso haver participação da
população na renda gerada e acesso à aquisição e à evolução na estrutura de
consumo. Comprovando essa afirmação, um sistema econômico pode estar
aumentando seu produto interno bruto e apresentar altos índices de concentração
de renda. Em outras palavras: a população não teria acesso a essa renda e,
conseqüentemente, não usufruiria dos benefícios do aumento de renda.
Pauta de importações e de exportações – Os países desenvolvidos e
subdesenvolvidos apresentam diferentes e distintas estruturas de importações e
exportações. Castro e Lessa1 afirmam: “Para sabermos o grau de
desenvolvimento de um país basta analisar a estrutura dos produtos de suas
importações. Quanto mais elaborados forem os produtos, menos desenvolvidos
ele é e vice-versa”. Dessa afirmação decorrerá toda a nossa análise da pauta das
importações e exportações de um sistema econômico. À medida que um sistema
se desenvolve, acontece uma evolução tecnológica do parque produtivo interno e
melhorias na qualificação da mão-de-obra. Em conseqüência, obtém ganhos de
produtividade e competitividade no mercado globalizado, passando, portanto, a
exportar produtos elaborados (com mais valor agregado) e, conseqüentemente, a
importar empregos. Por outro lado, passa a importar produtos em sua forma, mas
bruta (matéria-prima) a preços menores com menos valor agregado, decorrendo
disso modificação da pauta das importações de produtos acabados para forma
bruta, bem como as exportações da forma bruta modificando-a e para a forma
elaborada.
Estrutura da produção e do emprego – Nesse indicador é demonstrado o
padrão da estrutura de produção e do emprego, ou seja, com o desenvolvimento,
a estrutura de produção se altera, e essas modificações ocorrem na proporção em
que o desenvolvimento evolui. Podemos, então, afirmar que em um país
subdesenvolvido a estrutura de produção está direcionada à atividade primária,
com baixa utilização de tecnologia, indo ao desenvolvimento com larga
utilização de tecnologia. Conseqüentemente, a estrutura do emprego segue o
mesmo raciocínio, estabelecendo uma relação de causa e efeito. Como a
atividade produtiva está fundamentada no setor primário (agricultura,
extrativismo e pesca) a exigência de mão-de-obra qualificada praticamente não
existe; por outro lado, no decorrer do desenvolvimento, a tecnologia usada
aumenta, em conseqüência do direcionamento da produção para o setor
secundário (transformação), a exigência da qualificação da mão-de-obra
aumenta. Concluindo, quanto menos desenvolvido for um sistema econômico,
mais a estrutura de produção e emprego estará fundamentada na atividade
primária e ao contrário com o desenvolvimento evoluindo ocorrerá o
direcionamento para a industrialização.
Indicadores demográficos A seguir, seguem os indicadores demográficos.
Taxa de crescimento demográfico – Nesse indicador, saberemos que o grau de
desenvolvimento de uma nação corresponde, numa razão inversa, à taxa de
crescimento populacional. Ou seja, quanto maior for a taxa de crescimento
demográfico, menos desenvolvido será o país. Com o desenvolvimento, a
formação cultural e o poder aquisitivo da população aumentam, tornando-se esta
mais consciente e responsável com a paternidade, decorrendo numa população
com a média de filhos por família menores. As pirâmides etárias dos países são
diferentes: os subdesenvolvidos possuem uma população jovem que caracteriza
a base da pirâmide larga em relação ao seu topo.
Estrutura etária da população – À medida que a pirâmide etária de um país
passa a possuir uma base não tão significativamente grande em relação à sua
altura, demonstra que o crescimento demográfico diminui e a expectativa de
vida da população aumenta. O aumento da expectativa de vida da população é
decorrente do crescimento da qualidade de vida obtida através de melhorias no
acesso ao sistema de saúde, alimentação e saneamento.
Expectativa de vida ao nascer – Quando tratamos de desenvolvimento, jamais
devemos desassociar os indicadores econômicos e seus benefícios à população.
Portanto, a expectativa de tempo de vida de um cidadão é um forte indicador de
desenvolvimento de cada país. A idade média da população brasileira na década
de 1940 estava em torno de 50 a 60 anos e, hoje, está acima dos 70 anos.
Pergunta-se: quais fatores contribuíram para esse ganho de vida média
conquistado pelo brasileiro? A resposta está no desenvolvimento e significa o
crescimento econômico aumentando com ganhos da participação da população
neste, podendo ser citado o aumento do nível de saneamento das cidades, o
acesso à renda, à educação e ao lazer, bem como a evolução tecnológica da
medicina que reverte diretamente ao povo. A decorrência dessas conquistas foi o
aumento do tempo de vida média da população.
Taxa de mortalidade infantil – É a quantidade de óbitos para cada mil
nascimentos. Esse é um indicador de desenvolvimento, pois indiretamente
representa o acesso da população ao acompanhamento pré-natal e à obstétrica,
ou seja, seu acesso ao sistema de saúde. Quanto menor for essa taxa, mais
desenvolvido será o país. Como já visto em dados anteriores, com a evolução
tecnológica da medicina e o direcionamento de maiores recursos financeiros e
humanos do governo voltados para o pré-natal obteve-se a redução do índice de
mortalidade infantil, ou seja, mais uma vez o crescimento econômico sendo
revertido à população.
Indicadores sociais A seguir, falaremos dos indicadores sociais.
Taxa de analfabetismo – Esse indicador é considerado social por que nos
mostra em termos médios qual a quantidade de indivíduos que não são
alfabetizados em relação ao total da população. Quanto maior ela for, menor
tenderá a ser o desenvolvimento do país e vice-versa. Qual é a relação entre
analfabetismo e desenvolvimento de um país? Está na relação de que, quanto
maior for o crescimento econômico, maior será a exigência da formação dos
indivíduos para acesso ao emprego. Na década de 1930, um brasileiro estava
suficientemente formado com o ensino fundamental, para o então mercado de
trabalho; hoje a formação superior não lhe dá garantia alguma de acesso a esse
mercado.
Participação da mulher na sociedade – Uma sociedade patriarcal, muitas
vezes, demonstra seu nível de desenvolvimento. A relação igualitária da
participação da mulher na sociedade pode demonstrar o grau de
desenvolvimento, ou seja, à medida que o desenvolvimento ocorre, a sociedade
como um todo passa a usufruir do processo participativo a decisório. Até meados
da década de 1930 a mulher no Brasil não tinha direito ao voto, não participava
das decisões políticas. Hoje, há governadoras comandando estados em padrão de
igualdade com os homens. Não só no processo político, mas também no
mercado de trabalho tem-se constatado que a mulher está conquistando espaço e
até mesmo competido com os homens e muitas vezes superando-os. Existem
empresas que têm preferência pelas mulheres nos cargos diretivos. Isso pode ser
evidenciado pela existência de muitas mulheres serem chefes de família.
Inclusão social – O acesso aos benefícios obtidos via crescimento econômico, a
redução de desigualdades sociais e a participação de todos no processo político
são fatores que indicarão o grau de desenvolvimento. Como exemplo, pode-se
citar a desigualdade social existente na Índia, onde indivíduos nascem em castas
sociais e são impedidos de ter acesso a certos benefícios, sendo condenados a
viver na mesma condição até a morte.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – Foi criado para medir o grau de
acesso da população aos benefícios obtidos pelo crescimento econômico, ou
seja, quando os indicadores de crescimento econômico de um país evolução,
somente haverá desenvolvimento se a população tiver acessos a estes benefícios.
Podemos exemplificar pela distribuição de renda independente do valor da renda
per capita, pois esta nos mostra uma média, e não a sua distribuição. Assim
podemos citar vários outros indicadores, como taxa de escolaridade, Saneamento
básico e muitos outros.
Acesso à educação – Como indicador de desenvolvimento, podemos avaliar o
grau de acesso da população aos bancos escolares e o tempo de permanência
anual média da população na formação escolar. Nos países subdesenvolvidos, a
população deixa de freqüentar a escola para trabalhar e compor a renda familiar
e sua sobrevivência, ocasionando, conseqüentemente, baixa formação e
qualificação da mão-de-obra de uma nação.
Longevidade – A perspectiva de média de vida da população de um país
também é um indicador de desenvolvimento, uma vez que, quanto maior for essa
expectativa, melhor qualidade de vida a tem população, seja pelo acesso ao
sistema de saúde público ou privado seja pelo melhor acesso à alimentação e ao
saneamento básico que representará evolução no padrão de vida da população
como um todo.
Distribuição de renda – A distribuição de renda é outro indicador do grau de
desenvolvimento de um país. Normalmente, a evolução da economia de uma
nação é medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as
riquezas produzidas por uma economia em determinado tempo (um ano). Para
obter o indicador da renda média dessa economia basta dividir o PIB pelo total
da população que obteremos a renda per capita. Porém este indicador não nos da
as informações concretas do acesso desta população a renda visto que se tratar
de um valor médio. O acesso da população a essa renda nos definirá o grau de
desenvolvimento obtido.
Devemos lembrar que crescimento econômico não é desenvolvimento, uma vez
que o crescimento econômico está ligado ao crescimento da produção de bens e
serviços na economia PIB e o desenvolvimento econômico esta ligado a
indicadores de melhoria na qualidade de vida da população. Agora é preciso
saber que para uma nação poder se desenvolver é preciso crescer, mas o
crescimento em si não quer dizer desenvolver, por exemplo em função da
concentração da renda.
TECNICO RECEITA FEDERAL ESAF 2002 OS HABITANTES multiplicar-se-iam numa taxa muito superior à disponibilidade de recursos. Seria uma catástrofe. Sua previsão falhou por não prever o espetacular desenvolvimento da ciência e o aumento da efi ciência na produção de alimentos e outros bens. Mas será que essa efi ciência será mantida nos próximos 50 anos? É bem provável que sim, a despeito de certos recursos que estão se esgotando, como é o caso da terra agriculturável e da água. (Antônio Ermírio de Moraes, O planeta e o desafi o do futuro. Jornal do Brasil, 20 de março de 2005, com adaptações) 03 - Assinale a opção que expressa de forma gramaticalmente correta uma relação lógica coerente com o texto. a) Se for mantida a efi ciência na produção de alimentos e outros bens, a taxa de multiplicação dos habitantes da Terra será superior à disponibilidade de recursos. b) Não chegou a haver catástrofe que cause a multiplicação dos habitantes da Terra, porque Malthus não previu o espetacular desenvolvimento da ciência nem o aumento da efi ciência na produção de alimentos e outros bens. c) Se não tivesse havido um desenvolvimento espetacular da ciência e o aumento da efi ciência na produção de alimentos e outros bens, a multiplicação dos habitantes da Terra poderia se tornar uma catástrofe. d) Por causa do espetacular desenvolvimento da ciência na produção de alimentos houve uma efi ciência na produção de alimentos e outros bens; o que levou o fracasso a opinião de Malthus. e) Embora estarem se esgotando certos recursos, a efi ciência na produção de alimentos e outros bens serão mantidos e, felizmente, a catástrofe prevista por Malthus não ocorrerá. LETRA C ECONOMISTA LETRONORTE – 2006 UFRJ
29 - Sobre os efeitos da grande volatilidade do atual sistema financeiro internacional de inspiração liberal, é INCORRETO afirmar que: (A) provoca alterações nas políticas macroeconômicas dos países; (B) agrava a vulnerabilidade externa das economias nacionais; (C) provoca mudanças abruptas na “quantidade” e no “preço” do capital externo; (D) força a implementação de políticas contracionistas, com redução dos gastos públicos; (E) torna os agentes públicos os principais agentes de regulação da economia, em detrimento do mercado. LETRA E 30 - A soja tem sido um símbolo da modernização e do sucesso do agronegócio no Brasil. A esse respeito, analise as afirmativas a seguir: I. A produção da soja resulta de iniciativas privadas associadas aos resultados da pesquisa e desenvolvimento realizados por instituições governamentais como a Embrapa. II. A produção da soja utiliza o modelo de produção químicomecânico americano, dominado pelas multinacionais, produtoras de máquinas e equipamentos agrícolas. III. A produção de soja vem promovendo, nas últimas décadas, o deslocamento da fronteira agrícola graças à ação das empresas agrícolas que empregam numerosa mão-de-obra. A(s) afirmativas(s) correta(s) é/são somente: (A) I; (B) II; (C) I e II; (D) II e III; (E) I e III LETRA C 46 – O MERCOSUL, malgrado as críticas que sofre , inclusive de seus integrantes, tem visto aumentar o número de seus membros plenos e associados nos últimos anos. Entre seus membros associados se encontram: (A) Bolívia e Paraguai; (B) Colômbia e Chile; (C) Peru e Equador; (D) Bolívia e Chile; (E) Venezuela e Cuba LETRA D
50 – As teorias de carteira de demanda por moeda enfatizam o papel da moeda como: (A) meio de troca; (B) unidade de medida; (C) reserva de valor; (D) meio circulante; (E) ativo real. LETRA D 57 – O Produto Nacional Bruto a preços de mercado é igual a: (A) Produto Nacional Líquido a preços de mercado + depreciação; (B) Produto Nacional Líquido a preços de mercado – depreciação; (C) Produto Interno Bruto a custo de fatores + depreciação – impostos indiretos + subsídios; (D) Produto Nacional Líquido a preços de mercado – depreciação + subsídios; (E) Produto Interno Bruto a custo de fatores – impostos indiretos + subsídios. LETRA A 58 – Considere o modelo IS-LM. Alterações na política fiscal que reduzam a demanda por bens e serviços: (A) deslocam a curva IS para a direita; (B) deslocam a curva IS para a esquerda; (C) não afetam nenhuma das curvas; (D) afetam apenas a curva LM; (E) tornam a curva IS horizontal. LETRA B ECONOMISTA TRANSPETRO – CESGRANRIO - 2006 21 No modelo IS-LM, assumindo a ocorrência da armadilha de liquidez, a política fiscal será: (A) ineficaz. (B) plenamente eficaz. (C) duas vezes mais eficaz que o multiplicador dos gastos autônomos. (D) afetada pelo efeito da variação da taxa de juros sobre o investimento. (E) afetada pelo efeito da variação da taxa de juros sobre o gasto público. LETRA B
23 É correto afirmar, em relação ao modelo IS-LM, que, dada uma situação de armadilha de liquidez, a(o): (A) curva IS se torna vertical. (B) curva IS se torna horizontal. (C) eficácia da política monetária é máxima. (D) eficácia da política fiscal é máxima. (E) equilíbrio macroeconômico não se altera com qualquer aumento de investimentos públicos LETRA D 33 Em relação ao sistema financeiro nacional, a composição do seu subsistema normativo compreende, além do Conselho Monetário Nacional: (A) Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobiliários. (B) Conselho Nacional de Seguros Privados e Conselho de Gestão da Previdência Complementar. (C) Banco Central do Brasil; Comissão de Valores Mobiliários e Superintendência de Seguros Privados. (D) Banco Central do Brasil; Comissão de Valores Mobiliários; Superintendência de Seguros Privados e Secretaria de Previdência Complementar. (E) Banco Central do Brasil; Comissão de Valores Mobiliários; Superintendência de Seguros Privados; Secretaria de Previdência Complementar e Instituto de Resseguros do Brasil. LETRA B 38 Em relação aos subsistemas normativos, é correto afirmar que NÃO é função da CVM disciplinar o(a): (A) registro de companhias abertas. (B) registro de distribuições de valores mobiliários. (C) empréstimo a instituições financeiras. (D) organização, o funcionamento e a operação de bolsas de valores. (E) administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários. LETRA C ECONOMISTA POTIGAS – 2006 FGV 26 Sobre as políticas fiscal e monetária, assinale a alternativa incorreta. (A) O aumento dos meios de pagamento e da base monetária
aumenta o nível de renda. (B) Uma política monetária antiinflacionária diminui o nível de renda e aumenta a taxa de juros. (C) Uma política fiscal antiinflacionária diminui a taxa de juros e o nível de renda. (D) Uma política fiscal expansiva aumenta o nível de renda e reduz a taxa de juros. (E) O aumento da oferta de moeda diminui a taxa de juros LETRRA A 31 De acordo com a Teoria Keynesiana, os projetos de investimento realizar-se-ão se, e somente se, a taxa de desconto que iguala o fluxo de receitas esperado ao custo de investimento superar as taxas de juros Praticadas no mercado financeiro. A referida taxa de desconto representa o conceito de: (A) Produtividade Marginal do Capital. (B) Eficiência Marginal do Capital. (C) Eficiência Marginal do Investimento. (D) Produtividade Marginal do Investimento. (E) Produtividade Média do Investimento LETRA B 36 A soma do valor dos bens e serviços finais produzidos por uma economia, num determinado período, define o conceito de: (A) Valor Bruto da Produção. (B) Produto Interno Bruto. (C) Produto Interno Líquido. (D) Produto Nacional Líquido. (E) Produto Nacional Bruto. LETRA E 37 Uma economia, num determinado período, registrou as seguintes estatísticas: Especificação Valor em $ Custo Interno dos Fatores Produtivos 350 Depreciação 40 Importações de Mercadorias e Serviços 120 Tributos Indiretos 20 Subsídios 10 Pode-se afirmar que o valor da oferta agregada da economia, no mesmo período, equivale a: (A) $ 270. (B) $ 300. (C) $ 490. (D) $ 500. (E) $ 520. LETRA E
40 Os lucros remetidos pelas empresas estrangeiras no país e os lucros reinvestidos por empresas estrangeiras instalados no país são registrados, respectivamente, a débito e a crédito na seguinte subconta do Balanço de Pagamentos: (A) Investimentos. (B) Transferências Unilaterais. (C) Rendas de Capital. (D) Reinvestimentos. (E) Amortizações. Letra c 41 Uma economia, num determinado período, registra propensão marginal a consumir de 80% e acréscimo de $ 12.000 no investimento. Pode-se concluir que o acréscimo na renda de equilíbrio corresponde a: (A) $ 15.000. (B) $ 18.000. (C) $ 24.000. (D) $ 60.000. (E) $ 72.000. LETRA D 42 O Produto Nacional Líquido a custo de fatores de uma economia, em certo período, alcançou o valor de $ 713.000.Considerando que o nível geral de preços variou de 15%, é correto deduzir que o valor real daquele agregado é: (A) $ 106.950. (B) $ 475.333. (C) $ 620.000. (D) $ 723.695. (E) $ 819.950. LETRA C 43 Assinale a alternativa que especifica medida que o Banco Central pode implementar para diminuir a liquidez do sistema: (A) aumento da taxa de redesconto. (B) aumento do montante de redesconto. (C) redução na taxa de recolhimento compulsório. (D) aumento do prazo de pagamento do redesconto. (E) redução da taxa de redesconto. LETRA A 44 Assinale a alternativa que especifica o método de avaliação de projetos em que não se considera a variação que o capital sofre com o tempo. (A) critério da taxa interna de retorno
(B) critério do valor atual (C) critério da razão receita/custo (D) critério da razão benefício/custo (E) critério do custo periódico equivalente LETRA C 45 Do conceito básico de Produto Nacional Bruto real per capita, derivam diversos conceitos relacionados, cada um dos quais enfatizando uma faceta diferente do crescimento. Um desses conceitos, o consumo real per capita, indica: (A) as variações na eficiência da economia no tempo. (B) a utilização do insumo mão-de-obra da economia. (C) o aumento da produtividade do insumo mão-de-obra. (D) o crescimento do bem-estar econômico do consumidor. (E) o produto nacional deflacionado. Para a resolução das questões que se seguem, lembre-se de que 90% da área abaixo da curva normal padrão se encontram entre _1,645 e 1,645, e 95% da área abaixo da curva normal padrão se encontram entre _1,96 e 1,96. LETRA D Referências
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MACROECONOMIA
ELEMENTOS DE MACROECONOMIA
A macroeconomia estuda a economia em seu conjunto, analisando as variáveis de
maneira agregada e não de maneira isolada, como a microeconomia. São típicas variáveis de
interesse da análise macroeconômica: a renda e o produto, o nível de preços, o emprego e o
desemprego, a moeda e o câmbio, o balanço de pagamentos, a taxa de juros1.
Quando se estuda e promove relacionamentos entre as variáveis econômicas agregadas, a
macroeconomia não leva em consideração o comportamento das unidades econômicas
individuais e de mercados específicos, análise típica da microeconomia. Ao estudar o nível geral
de preços, a macroeconomia não se ocupa da formação dos preços de um produto
especificamente. Ao analisar o mercado, ocupa-se do seu conjunto, olvidando aspectos
particulares de um setor ou uma indústria2.
A macroeconomia ocupa-se de analisar o curto prazo, especialmente no que se refere à
maximização do produto e da minimização do desemprego de fatores produtivos e da inflação.
Quando estuda questões de longo prazo, a análise macroeconômica denomina-se TEORIA DO
DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO3.
Os métodos de análise básicos, no estudo da determinação de preços e quantidades são:
análise do equilíbrio parcial: estuda-se um mercado isoladamente, não levando em
consideração as possíveis interferências dos demais mercados4;
análise do equilíbrio geral: considera-se a interdependência de todos os mercados. Os
preços dos bens se formam em um mercado influenciados pelo conjunto dos bens
desse e dos demais mercados e pelos preços de todos os insumos da economia5.
IDENTIDADES MACROECONOMICAS BÁSICAS
As Identidades macroeconômicas básicas são o Fluxo circular da Renda. Empresas
e famílias. O estado como elemento constitutivo do sistema econômico. As diferentes
categorias de rendimento: salário, lucro,aluguel, juros, impostos. As identidades macroeconômicas básicas são estudadas a partir do Fluxo Economico, mas
o que é o Fluxo Econômico:
FLUXOS ECONÕMICOS
Os fluxos economicos são a chave para entender a relação econômica entre
produção e consumo, esta foi estudada amplamente pelo fisiocrata François
Quesnay, quando exp0licou o fluxo real e nominal da economia para entender que
a economia era o reflexo de dois fluxos entre os agentes econômicos .
Os agentes econômicos como sabemos são todas as familias em seu
consumo, empresários e suas empresas, governo e instituições financeiras que
participam de uma economia.
O fluxo econômico real ou produtivo representa o fluxo de troca de bens e
serviços gerados pelas empresas ás famílias que por conseqüência ofertam sua
Mao de obra como fator de produção as empresas no sentido de produzirem estes
bens e serviços que satisfarão as necessidades familiares.
Já o fluxo nominal é o contra-fluxo ou fluxo de retorno de pagamentos
monetários referente aos salários pelo uso da Mao-de-obra por parte das empresas
e as famílias devolvendo suas rendas as empresas em troca de consumo gerando
lucros aos empresários em função de sua produção. Entre entes dois fluxos o
governo entra tributando a produção e consumo nas duas pontas no sentido de
garantir o bem estar econômico de todos e os serviços básicos aos cidadaos menos
favorecidos. Também as instituições financeiras entram como intermediadores
destes fluxos garantindo financiamento a produção e consumo captando recursos
via poupança da empresa e das famílias.
Abaixo observaremos os fluxos econômicos real e nominal da economia e
seu funcionamento.
Gráfico fonte ; Prof. MSc. Elói Martins Senhoras.introdução a economia
Observamos no quadro acima que o fluxo A as famílias ofertam as empresas
Mao de obra, enquanto que no B as empresas remuneram as famílias com salários,
já o fluxo C é o retorno as famílias de bens e serviços produzidos pelas empresa
utilizando a Mao de obra das famílias que em contra-partida recebem
remuneração pelo dispêndio dos individuos em consumo no fluxo D. os fluxos A
e C representam o fluxo real da economia e o fluxo B e D são os fluxos nominais
ou monetários.
FATORES DE PRODUÇÃO
Os fatores de produção são os meios que a sociedade possui para
produzirem os bens e services que irão satisfazer as necessidades dos indididuos
são eles; o capital, a mão de obra, a capacidade gerencial, tecnologia e terra.
Estes fatores de produção melhor combinados entre si e com maior grau de
liberdade sobre seus custos durante a produção, farão com que a sociedade ganhe
produtos mais competitivos e com mais baixos preços.
Estes fatores de produção tem em si cada um uma remuneração por seu uso
conforme a tabela acima demonstrou, logo é necessário investimentos em cada
fator no sentido de torná-los mais competitivos que em outros mercados
concorrentes.
Dentre as medidas que utilizamos para medir o nível da atividade econômica a mais
evidenciada nos meios de comunicação está o PIB (Produto Interno Bruto). O mesmo
pode ser obtido por três óticas, produto, renda e despesa. A primeira obtém-se o Valor
Adicionado1 pela diferença entre o valor de produção destinado ao mercado interno e
externo e os consumos intermediários de bens e serviços nacionais e importados. Numa
economia com governo, adiciona-se à Produção os impostos sobre os produtos. A
segunda, o Valor Adicionado em um determinado período é obtido através da
remuneração dos fatores de produção – salários, juros, lucros e aluguéis. Os salários
correspondem à remuneração do trabalho, os juros a remuneração do capital de
empréstimo, o lucro à remuneração do capital de risco, e o aluguel a remuneração dos
proprietários dos bens de produção. Numa economia aberta e com o setor governo
adicionam-se também as rendas líquidas enviadas ao exterior e impostos sobre os
produtos e a atividades.Por fim o PIB medido pela ótica da despesa. Numa economia
aberta e com governo, construímos agregados que representam os destinos do Produto
para consumo, investimento e variação dos estoques (Formação Bruta de Capital Fixo1)
mais o saldo das exportações sobre as importações de bens e serviços.
Conceitos básicos da macroeconomia
A seguir apresentamos alguns conceitos da macroeconomia10:
Valor adicionado – É a soma dos preços dos bens e serviços finais produzidos
numa economia em certo período. Representa a diferença entre o valor das vendas
e o valor de insumos e matérias-primas utilizados no processo de produção. Isso
significa que não são computadas no valor adicionado os bens intermediários
(insumos e matérias-primas) utilizados pelas empresas.
Produto nacional – É a medida dos valores adicionados pelas empresas aos bens
elaborados e aos serviços prestados, em toda a economia nacional.
Renda nacional – É a soma das remunerações pagas aos fatores de produção
utilizados pelas empresas. Representa a soma dos pagamentos de salário, juros,
aluguel/arrendamento e lucros no País, em dado período de tempo.
As principais medidas da atividade econômica11 Entre as variáveis macroeconômicas mais significativas estão o valor bruto da produção,
o produto interno bruto, a renda nacional etc., cujos conceitos estão enunciados a seguir.
O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP) é a soma dos preços de bens e serviços
produzidos numa economia em determinado período – preços versus quantidades produzidas.
Posto que no VBP não há distinção entre bens intermediários e bens finais, essa medida
superestima o valor da produção social, ao contabilizar o valor dos bens intermediários tantas
vezes quanto estes entrarem na elaboração do produto final.
Os BENS INTERMEDIÁRIOS são aqueles destinados à utilização intermediária, que entram
na composição de outros bens, enquanto os bens de utilização final se destinam ao consumo
final e desaparecem com a sua utilização. Exemplos: o pão é bem de utilização final; a farinha,
que foi utilizada na produção do pão, é um bem intermediário.
O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) é a soma dos preços dos bens e serviços finais
produzidos numa economia em certo período – preços versus quantidades produzidas. Equação
fundamental do produto:
Produto interno bruto = consumo + investimento + exportações – importações Abaixo apresentamos a evolução do PIB Brasileiro DE 2001 A 2008.
Evolução do PIB brasileiro nos últimos anos
Ano Em milhões de reais correntes
Per capita, em reais correntes
Em milhões de dólares estadunidenses correntes
Taxa de variação real no ano
2001 1.198.736,19 6.896,35 509.796,80 1,3% 2002 1.346.027,55 7.630,93 459.379,39 2,7% 2003 1.556.182,11 8.694,47 506.784,16 1,1% 2004 1.766.621,03 9.728,84 603.993,65 5,7% 2005 1.937.598,29 10.519,88 795.924,37 3,2% 2006 2.300.133,20 12.688,04 1.067.600,00 4,0% 2007 2.558.000,00 13.515,00 1.313.098,52 5,7% 2008 2.889.719,00 15.240,00 1.665.839,00 5,1%
Fonte: Banco Central do Brasil[19]
O Estudo das variações deste PIB, se esta medida de desempenho da Economia vem
apresentando melhorias a sociedade ou não é estudado a seguir pela Macroeconomia.Mais
adiante faremos um estudo mais detalhado sobre esta medida de desempenho.
A RENDA NACIONAL (RN) é a soma das remunerações de fatores empregados nas
atividades produtivas, inclusive os fluxos de pagamentos aos fatores de propriedade de não-
residentes no país, tais como salários, lucros, juros, dividendos, aluguéis e royalties pela
utilização de uma marca ou tecnologia.
A DEMANDA INTERNA BRUTA (DIB) é a soma dos gastos em consumo interno dos setores
público (governo) e privado (empresas e famílias) e das despesas de investimento interno bruto
fixo das empresas e da variação dos estoques.
A DEMANDA FINAL TOTAL inclui os gastos em consumo e em investimento, além das
exportações (vendas ao exterior) realizadas pelo país no período.
A OFERTA FINAL TOTAL (OFT) é a soma do produto interno bruto da economia e das
importações (compras ao exterior) no período. A oferta final total representa a disponibilidade
bruta total da economia em determinado período.
As precauções na elaboração do cálculo do produto
As principais precauções que devem ser observadas na elaboração do cálculo do produto
são:
evitar a “dupla contagem” das mercadorias. Medir o valor agregado pelas
empresas aos bens elaborados e aos serviços prestados, somando-se assim apenas
o valor dos bens de utilização final;
desconsiderar as variações que os preços sofrem devido à inflação. Quer dizer, o
valor do produto deve ser medido em termos reais. Enquanto o produto real mede
o valor do produto a preços constantes, ou deflacionado, o produto nominal mede
o valor do produto a preços correntes, ou inflacionado. Para tanto, deve-se utilizar
aqui os “números índices”, para deflacionar e/ou inflacionar duas séries
estatísticas, de preços e quantidades, que permite obter as medidas real e nominal
do produto. Observação: “deflacionar” o produto significa transformar valores
nominais, ou a preços correntes, em valores reais, ou a preços constantes,
enquanto “inflacionar” o produto significa transformar valores reais, ou a preços
constantes, em valores nominais, ou a preços correntes. Para inflacionar e/ou
deflacionar o valor do produto, utilizam-se os números índices de Laspeyres
(IPC) e Paasche (deflator da renda), um superestimando os preços e o outro as
quantidades.
desconsiderar as transações de mercadorias produzidas em exercícios anteriores
que, mesmo não tendo sido vendidas ou mantidas em estoques, já foram
consideradas na elaboração do cálculo do produto antecedente. Neste caso,
aplica-se o conceito de investimento e o valor dos estoques é contabilizado
acrescentando-se ou diminuindo-se ao valor do investimento interno bruto fixo
das empresas, tendo em vista o acréscimo ou decréscimo dos estoques no período
em consideração. Também devem ser desconsideradas as transferências do
governo ao setor privado da economia, pois são transações não-produtivas12.
Metas de política macroeconômica
Ao estabelecer políticas macroeconômicas, os governos sempre têm como meta
alcançar um ou mais dos seguintes objetivos:
alto nível de emprego;
estabilidade de preços;
distribuição eqüitativa da renda;
crescimento econômico.
Alto nível de emprego – Ao contrário do pensamento liberal clássico, desde a
contribuição de Keynes6 à teoria econômica, hoje se aceita a intervenção do Estado,
mesmo em regimes capitalistas, no sentido de maximizar a obtenção de produção global
na economia. Com a existência de corporações cada vez mais poderosas (sindicatos
patronais e de empregados, associações corporativas) o mercado não se regula, como se
propunha nas teorias clássicas. E o desemprego é uma das principais preocupações das
políticas macroeconômicas.
Estabilidade de preços – O que se analisa, nesse quesito, não é o preço de cada bem do
mercado. Interessa à macroeconomia o nível geral de preços. Sua desestabilização
denomina-se inflação e se caracteriza pelo aumento continuado e geral de todos os
preços. Esse desajuste influencia negativamente a distribuição de renda, o balanço de
pagamentos e as expectativas dos agentes econômicos (indivíduos e empresas). A
tentativa, especialmente em países não desenvolvidos, de alcançar elevados níveis de
produção e emprego, costuma produzir viveis aceitáveis de inflação.
Distribuição eqüitativa da renda – A utilização dos fatores de produção determina sua
remuneração (renda). Em uma economia na qual há desequilíbrio de forças e há fatores
de produção desempregados (trabalho, capital, recursos naturais), a remuneração de
cada um deles não proporciona uma distribuição socialmente justa da renda. No Brasil,
no período denominado milagre econômico (1967 a 1973) praticava-se uma política
macroeconômica de priorizar o crescimento para, depois, promover a distribuição. O
período se caracterizou por uma alta taxa de concentração de renda, com reflexos ainda
não completamente removidos na economia brasileira.
Crescimento econômico – Havendo desemprego (ociosidade de fatores de produção), a
economia poderá crescer se essa ociosidade for reduzida. Se, ao contrário, os fatores
estiverem muito próximos do pleno emprego, somente o aumento dos recursos
disponíveis (maior número de fatores, como: trabalhadores, capital ou recursos naturais)
ou um avanço tecnológico que promova maior produtividade aos fatores provocará
crescimento econômico. Importante é o crescimento líquido do produto, ou seja: o
produto deverá crescer mais do que cresce a população que utiliza essa produção. O
indicador para medir tal característica é a renda nacional per capita ou o produto
nacional per capita.
Instrumentos de política macroeconômica Para obter os resultados apontados nas metas e nos objetivos de produzir mais, sem
desemprego e com estabilidade de preços, os principais instrumentos de políticas
macroeconômicas são:
a POLÍTICA FISCAL diz respeito ao orçamento dos diversos níveis de governo (federal,
estaduais e municipais), ou seja, são os gastos e as receitas dos governos. É um poderoso
instrumento de política macroeconômica, se considerarmos que no Brasil a carga fiscal
(soma de todos os orçamentos governamentais) representa mais do que um terço de tudo o
que se produz no País;
POLÍTICA FISCAL Entende-se por política fiscal a atuação do governo no que diz respeito à
arrecadação de impostos e aoS gastos. Estes afetam o nível de demanda da economia à medida que a arrecadação influencia na renda disponível que os indivíduos poderão destinar para o consumo e poupança. Portanto, dado um nível de renda, quanto maiores os impostos, menor será a renda disponível, o que acarretará em uma diminuição no consumo. Os gastos são diretamente um elemento de demanda, ou seja, quanto maior o gasto público, maior a demanda e maior o produto.
Assim, se a economia apresentar tendência para queda no nível de atividade, o governo pode estimulá-la (política fiscal expansionista), cortando impostos e/ou elevando gastos. Pode ocorrer inverso (política fiscal restritiva), caso o objetivo seja diminuir o nível da atividade.
Uma política fiscal expansionista ocorre quando o governo reduz a arrecadação diminuindo os impostos ou quando aumenta os gastos públicos. Caso haja uma redução de impostos ocorre por conseqüência um déficit público, sendo que este, deve ser financiado de alguma forma, dentre as quais está a venda de títulos públicos ao setor privado ou a venda de títulos públicos ao banco central. As duas hipóteses levam a um endividamento do tesouro. No primeiro caso é necessário aumentar a taxa e juros para atrair compradores, enquanto na segunda a compra é feita por emissão de moeda. Já, no segundo caso, com o aumento dos gasto públicos, dependendo a situação da poupança do governamental, teremos um impacto semelhante ao do investimento. O gasto público, ao pressionar a produção, irá gerar um incremento inicial na renda. Parcela desse aumento será destinada ao consumo, gerando nova ampliação do produto e assim sucessivamente, conforme mecanismo do efeito multiplicador.
Quando uma política fiscal é restritiva, temos a mudança de atitude em relação aos instrumentos existentes, tais como, é desejável uma redução nos gastos públicos e um aumento de impostos, acarretando assim numa redução do consumo, acompanhado de um superávit fiscal. (Economia Brasileira Contemporânea – 6ª ed. – pág. 194)
Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)
De acordo com a figura acima, um aumento nos gastos e/ou um a redução dos impostos acarretam no deslocamento para direita da curva IS aumentando o nível da renda. Opostamente, uma redução nos gastos públicos e/ou redução dos impostos provocam o deslocamento da curva IS para esquerda reduzindo o nível da renda.
CARGA TRIBUTÁRIA CFE. PG. 13MAT. VESTCOM
a POLÍTICA MONETÁRIA refere-se ao controle do governo sobre a oferta monetária, ou
seja, sobre a quantidade de moeda e de títulos públicos em circulação no mercado;
POLÍTICA MONETÁRIA
A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias, por meio de instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a liquidez global do sistema econômico. 1 - Política Monetária Restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir o crescimento da quantidade de moeda, e a encarecer os empréstimos. Instrumentos: Recolhimento compulsório: consiste na custódia, pelo Banco Central, de parcela
dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. Esse instrumento é ativo, pois atua diretamente sobre o nível de reservas bancárias, reduzindo o efeito multiplicador e, conseqüentemente, a liquidez da economia.
Assistência Financeira de liquidez: o Banco Central empresta dinheiro aos bancos comerciais, sob determinado prazo e taxa de pagamento. Quando esse prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo é aumentada, a taxa de juros da própria economia aumenta, causando uma diminuição na liquidez.
Venda de Títulos públicos: quando o Banco Central vende títulos públicos ele retira moeda da economia, que é trocada pelos títulos. Desta forma há uma contração dos meios de pagamento e da liquidez da economia.
2 - política Monetária Expansiva: é formada por medidas que tendem a acelerar a quantidade de moeda e a baratear os empréstimos (baixar as taxas de juros). Incidirá positivamente sobre a demanda agregada. Instrumentos: Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui os valores
que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um aumento do efeito multiplicador, e da liquidez da economia como um todo.
Assistência Financeira de Liquidez: o Banco Central, ao emprestar dinheiro aos bancos comerciais, aumenta o prazo do pagamento e diminui a taxa de juros. Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia, e a aumentar a liquidez.
Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos públicos há uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada em troca dos títulos. Com isso, ocorre uma redução na taxa de juros e um aumento da liquidez. (http://www.economiabr.net/economia/4_politica_monetaria.html 4/11/2008 15:17)
Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)
Uma política fiscal expansionista desloca a curva LM para direita em LM’ aumentando o nível de renda e diminuindo a taxa de juros como causa do aumento da liquidez no sistema econômico.
Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)
Uma política monetária contracionista ou restritiva desloca a curva LM para esquerda em LM’ reduzindo a renda, tendo um aumento na taxa de juros, causada pela escassez de moeda na economia. A EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS FICAIS E MONETÁRIAS
Segundo Mankiw (1998, p.227) “a muito os economistas debatem sobre qual
política, monetária ou fiscal, exerce uma influência mais poderosa sobre a demanda agregada. De acordo com o modelo IS-LM, a resposta depende do parâmetro de cada uma das curvas. Portanto, os economistas gastaram muita energia discutindo a magnitude deste parâmetros. Os mais contravertidos são os que descrevem a influência da taxa de juros sobre as decisões econômicas.
Os economistas que vêem a política fiscal como sendo mais poderosa que a política monetária argumentam que a resposta do investimento à taxa de juros é pequena” fazendo com que a curva IS seja quase vertical sofrendo pouca influência dos deslocamentos da curva LM na renda. Em contrapartida os economistas que defendem a política monetária afirmam que a demanda por moeda à taxa de juros é pequena de modo que o impacto da política fiscal sobre a renda é menor.
Atualmente, a maioria dos economistas não aceita nenhuma dessas opiniões extremas. A evidência indica que a taxa de juros afeta tanto o investimento quanto a demanda por moeda. Assim, tanto a política monetária quanto a política fiscal são determinantes significativos da demanda agregada.
Abaixo é ilustrado como ocorrem os deslocamentos nas curvas IS-LM de acordo com as políticas fiscais e monetárias:
Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 210
Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 211
a POLÍTICA CAMBIAL diz respeito ao controle e à utilização de instrumentos para
estabilização da taxa de câmbio, enquanto as políticas de relações econômicas externas
referem-se ao comércio internacional, ao incentivo às exportações e ao controle das
importações do País;
as POLÍTICAS DE RENDAS referem-se à intervenção do governo na formação da renda
dos agentes econômicos. Intervenção que favorecerá ou não determinados proprietários
de fatores de produção em detrimentos de outros (mão-de-obra, capital, recursos
naturais e capacidade empresarial)7.
Estrutura de análise macroeconômica Tradicionalmente, a estrutura básica do modelo macroeconômico compõe-se de cinco
mercados. São eles:
Mercado de bens e serviços – O produto nacional é o principal medidor do mercado de
bens e serviços. Indica a quantidade destes que uma economia produziu em
determinado período de tempo, geralmente um ano. Reflete o nível de atividades dessa
economia, representada pelos quatro agentes macroeconômicos: consumidores,
empresas, governo e setor externo.
Mercado de trabalho – O mercado de trabalho reflete o nível de utilização geral da
força de trabalho, independente do setor e da qualificação de seus componentes. São
relevantes, nesse mercado, a taxa salarial e o nível de desemprego.
Mercado monetário – Para dar conseqüência às transações de um mercado há
necessidade de moeda para a circulação dos bens e serviços. O Banco Central ocupa-se
de equilibrar a oferta e a demanda desse mercado, de modo a não prejudicar as
transações nem desvalorizar a moeda.
Mercado de títulos – Existem agentes macroeconômicos superavitários e agentes
deficitários. Os agentes superavitários (gastam menos do que sua renda) emprestam
moeda para os agentes deficitários e, assim, se constitui o mercado de títulos.
Mercado de divisas – A exemplo do mercado de títulos, quando se trata de transações
entre residentes de um país (indivíduos e empresas) e residentes de outro, há
necessidade de moedas distintas, constituindo-se o mercado de divisas8.
Contabilidade nacional é o registro contábil da atividade produtiva de um país, em um
dado período de tempo (geralmente um ano). No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) realiza essa tarefa, segundo metodologia e padronização internacional9.
INTRODUÇÃO À ECONOMIA MONETÁRIA
MOEDA – CONCEITOS, FUNÇÕES E SUA CIRCULAÇÃO NA ECONOMIA A moeda é um objeto de aceitação geral, utilizado na troca de bens e serviços. Sua
aceitação é garantida por lei.
As principais funções da moeda são as seguintes:
Meio ou instrumento de troca – Num sistema econômico baseado na especialização e
divisão do trabalho, é imprescindível que exista um instrumento que facilite as trocas de
mercadorias. Se não houvesse esse instrumento, as trocas teriam de ser diretas (economia de
trocas), trocando-se bens com bens. Isso exigiria DUPLA COINCIDÊNCIA DE DESEJOS (um
criador de galinhas que desejasse comprar roupas deveria encontrar um alfaiate que
desejasse comer galinhas). Ademais, ocorreria um problema de INDIVISIBILIDADE (se um
fabricante de canoas quisesse tomar um cafezinho, como ele faria?). Acrescente-se que se
perderia muito TEMPO para viabilizar essas trocas diretas. A moeda permite que as trocas
sejam indiretas e supera essas dificuldades.
Unidade de medida (ou unidade de conta) – A moeda serve para comparar e agregar o
valor de mercadorias diferentes: podemos somar um caminhão com uma bola de futebol.
Ela serve como medida do valor de troca das mercadorias, sendo que o PREÇO DE UM BEM é
a expressão monetária do valor de troca desse bem: se uma maçã vale $ 500,00 e uma
banana $ 50,00, uma maçã pode ser trocada por dez bananas;
Reserva de valor – A moeda representa um direito que seu possuidor tem sobre outras
mercadorias. Ela pode ser guardada para uso posterior, pelo que serve como reserva de
valor. A moeda serve de reserva de valor para uma pessoa, mas não para a sociedade como
um todo (falácia ou sofisma da composição): o que vale para o indivíduo não vale para a
sociedade, pois o que determina a riqueza de um país é a sua produção global, e não o
montante de moeda existente.
No passado, toda moeda, ou papel-moeda, era lastreada em ouro (MOEDA LASTREADA).
Com o desenvolvimento do comércio internacional, não foi mais possível fazer a conversão de
moeda em ouro. Hoje, temos a MOEDA FIDUCIÁRIA (de fidúcia, confiança), sem lastro, e sua
aceitação é garantida por lei. Com a passagem do padrão ouro para a moeda fiduciária, a moeda
não é mais função do estoque de ouro, o que dá às autoridades monetárias maior capacidade de
afetar a quantidade de moeda, de acordo com as necessidades do país.
Oferta de moeda A oferta da moeda é sinônimo de meios de pagamento, que representa o estoque de
moeda disponível para uso da coletividade (setor privado não bancário) a qualquer momento.
Objetiva-se, com esse conceito, medir a liquidez do setor privado produtivo, excetuando-se o
setor bancário.
O saldo dos meios de pagamento é composto pelo saldo da moeda em poder do público
(PP) mais o saldo dos depósitos a vista (DV): M = PP + DV
O saldo de moeda em poder do público (ou moeda manual) é obtido em se retirando da
moeda emitida o caixa das autoridades monetárias e o caixa dos bancos comerciais:
Moeda emitida
menos caixa das autoridades monetárias
= moeda em circulação (ou meio circulante) menos caixa dos bancos comerciais
= moeda em poder do público
Os depósitos à vista ou em conta corrente também são chamados de moeda escritural,
moeda bancária ou, ainda, moeda contábil, já que podem ser movimentados por simples
contabilização bancária. Representam cerca de 75 % do total de meios de pagamento. O
dinheiro com os bancos (no caixa) e com o governo não é considerado meio de pagamento,
porque esse conceito visa medir liquidez do setor produtivo privado.
Na verdade, existem, na literatura econômica, várias formas de conceituar moeda. O
conceito mais utilizado é o que acabamos de definir e é chamado de M1, que é o total de moeda
que não rende juros e é de liquidez imediata (moeda com o público, mais depósitos à vista).
Mas, dependendo do objetivo, são utilizados os conceitos de M2, M3 e M4, que incluem ativos
financeiros que rendem juros e são de alta liquidez (embora não imediata):
M2 = M1 + títulos públicos federais, estaduais e municipais em poder do público, fundos
do mercado monetário (fundos de aplicações financeiras e de renda fixa de curto prazo, e
depósitos especiais remunerados);
M3 = M2 + depósitos em cadernetas de poupança;
M4 = M3 + depósitos a prazo e títulos privados (letras de câmbio e imobiliárias).
Esses ativos que rendem juros são também chamados de haveres não monetários ou
quase-moeda, sendo que M1 são chamados de haveres monetários.
Em processos inflacionários, a relação entre M1 e M4 costuma diminuir, pois as pessoas
procuram ficar com pouca moeda que não rende juros (M1) e utilizá-la em aplicações
financeiras. Isso é chamado de desmonetização. Quando a inflação diminui, a relação entre M1
e M4 aumenta (monetização).
Posto isto, o conceito de moeda utilizado é o tradicional (M1). Deve ser esclarecido que
cheque não é considerado moeda e que depósitos à vista não é o mesmo que caixa dos bancos
comerciais.
O cheque é apenas uma ordem de transferência. Se uma pessoa saca seu dinheiro no
banco, não diminui os meios de pagamento, pois apenas transfere depósitos à vista para moeda
com o público. No caso de um depósito em cheque, apenas transferiu depósitos à vista de uma
conta para outra.
Os depósitos à vista não devem ser confundidos com o caixa dos bancos comerciais.
Embora contabilmente um depósito em dinheiro aumente, num primeiro momento, o caixa dos
bancos, o banco utilizará os recursos em seu caixa para outras transações, o que diferencia os
saldos das duas contas.
"Criação" e "destruição" de moeda
Ocorre criação ou destruição de moeda quando se altera o saldo dos meios de pagamento,
no conceito M1 (moeda com o público + depósitos à vista). Corresponde a uma queda ou
aumento da oferta de moeda disponível.
Exemplos:
Banco Central troca dólares dos exportadores por reais: criação de moeda (ou de meios
de pagamento);
Banco Central vende dólares aos importadores, recebendo reais em troca: destruição de
moeda;
empréstimo dos bancos comerciais ao setor privado: criação de moeda;
resgate de um empréstimo bancário: destruição de moeda;
depósito à vista: apenas transfere moeda do público para depósitos à vista; não há
criação nem destruição de moeda;
saque através de cheque: como vimos, trata-se apenas de uma transferência de moeda
escritural para moeda em poder do público;
uma pessoa que efetua um depósito a longo prazo destrói moeda, pois depósito a prazo
não é considerado meio de pagamento no conceito M1.
A oferta de moeda pode ser dividida em oferta de moeda pelo Banco Central e oferta de
moeda pelos bancos comerciais. Deve-se observar que os intermediários financeiros do tipo
banco de investimentos, sociedades de crédito e financiamento, chamados de intermediários
financeiros não bancários, não são autorizados a manter depósitos e apenas transferem dinheiro
dos emprestadores para os tomadores, não criando moeda. Os bancos comerciais, por sua vez,
têm carta-patente, o que lhes permite manter depósitos do público e emprestar uma quantia
superior às suas reservas monetárias (ou seja, pode emprestar parte de suas obrigações, que são
os depósitos à vista).
Oferta de moeda pelo Banco Central
O objetivo do Banco Central é regular a moeda e o crédito em níveis compatíveis com o crescimento do produto, ou seja, manter a liquidez do sistema econômico.
Segundo Mellagi1, dentre as muitas funções do Banco Central do Brasil podemos citar: banco emissor: é o responsável e tem o monopólio das emissões de moeda;
banco dos bancos: é o órgão em que os bancos depositam e transferem fundos de um
banco para outro (pela câmara de compensação de cheques). Além disso, o Banco
Central também empresta aos bancos (redesconto bancário);
banco do governo: é o canal que o governo tem para implementar a política
monetária. Grande parte dos fundos do governo é depositada no Banco Central. De
outra parte, quando o governo necessita de recursos, normalmente emite títulos
(obrigações) e os vende ao público via Banco Central;
banco depositário das reservas internacionais.
No Brasil, devido à estrutura híbrida do Banco Central, uma parte das suas funções é executada pelo Banco do Brasil. Assim, a câmara de compensação de cheques fica no Banco do Brasil. Além disso, o Banco Central não recebe depósitos do governo, quem o faz é o Banco do Brasil. No fundo, o Banco Central é um órgão normativo (sujeito ao Conselho Monetário Nacional) e o Banco do Brasil é um órgão executivo. O Banco do Brasil, além de executar essas funções, também funciona como típico banco comercial, o que gerou alguns problemas de controle de política monetária no Brasil.
Oferta de moeda pelos bancos comerciais
Os bancos comerciais também podem alterar a oferta de moeda por terem uma carta-patente que lhes permite emprestar mais do que têm em depósitos. A utilização generalizada de cheques faz com que a maior parte do volume de moeda do sistema permaneça no sistema bancário, gerando o chamado float, sendo que apenas uma pequena parcela desse total é representado por saques de numerário. Dessa forma, apesar de não poder emitir moeda, o banco comercial cria meios de pagamento pelo fato de poder fazer promessas de pagamento com os recursos depositados pelos seus clientes. Como veremos a seguir, isso cria um mecanismo multiplicador dos saldos monetários.
Mecanismo multiplicador da oferta de moeda
O sistema bancário pode criar moeda num valor múltiplo de uma injeção monetária inicial. Vejamos como isso ocorre, através de um exemplo.
Suponha que exista um único banco na economia. A razão dos depósitos que os bancos devem manter como reserva compulsória é 20 %, e o depósito inicial nesse banco é de R$ 100,00. Destes R$ 100,00, destina R$ 20,00 para reservas e empresta R$ 80,00. Esses R$ 80,00 retomam ao banco na forma de novo depósito; desses, R$ 16,00 viram reservas e R$ 64,00 são reemprestados. Estes voltam como depósito e reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os R$ 100,00 iniciais de depósitos multiplicaram-se, gerando uma seqüência de depósitos nos valores: R$
80,00; R$ 64,00; R$ 51,20; R$ 40,96... Essa seqüência constitui uma progressão geométrica decrescente de razão 0,8, que corresponde à fração livre dos depósitos bancários, isto é, o depósito adicional menos as reservas que devem ser compostas (1 menos a porcentagem de reservas obrigatórias: 1 - 0,2 = 0,8).
Para avaliarmos o total de depósitos do banco a partir do depósito inicial, basta realizarmos a soma dos termos da progressão geométrica com razão menor que 1.
S.P.G. = a1/1 - q
onde: S.P.G. = soma dos termos de uma progressão geométrica
a1 = primeiro termo da progressão geométrica
q = razão da P.G.
Note-se que, no exemplo acima, teríamos:
D = R$ 100,00/1 - 0,8 = R$ 500,00.
Ou seja, um depósito inicial de R$ 100,00 gerou um total de depósitos no banco de R$ 500,00, isto é, foi multiplicado por 5. Como (1 - 0,8) é exatamente a parcela de reservas compulsórias exigidas pelo Bacen, isto é, 0,2 (20% notamos que o MULTIPLICADOR BANCÁRIO CORRESPONDE AO INVERSO DA TAXA DE RESERVAS. Assim, quanto menor o recolhimento compulsório, maior o poder de multiplicação dos bancos; portanto, a determinação do nível de depósitos compulsórios dos bancos é uma forma de o Bacen controlar a oferta de moeda bancária.
O valor do multiplicador depende também, além da taxa de reservas dos bancos, da TAXA DE RETENÇÃO DO PÚBLICO, que é a razão entre a moeda que fica em mãos do público (e não depositada nos bancos) e o saldo dos depósitos à vista. Se o público, por algum motivo, decide aumentar a quantidade de moeda em seu poder e deixar menos moeda nos bancos, diminui a capacidade de os bancos emprestarem e, portanto, o volume de meios de pagamento. Ou seja, os bancos terão menos dinheiro para aplicar em empréstimos.
Existem vários tipos de multiplicadores monetários. Por exemplo: temos o multiplicador de depósitos que se refere ao aumento múltiplo dos meios de pagamento, derivado de um aumento nos depósitos a vista. O multiplicador mais geral, entretanto, é o chamado multiplicador da base monetária.
Por BASE MONETÁRIA entende-se o total de moeda com o público (PP) mais as reservas dos bancos comerciais, isto é:
B = PP + R
Essas reservas são o caixa dos bancos comerciais, os depósitos voluntários e os depósitos obrigatórios. Assim, a base monetária consiste em todo o montante de moeda em mãos do setor privado, inclusive bancos. A base monetária representa o estoque de moeda primária, também chamada MOEDA DE ALTA POTÊNCIA (HIGH POWER MONEY), ou ainda, PASSIVO MONETÁRIO DAS AUTORIDADES MONETÁRIAS.
Por um mecanismo de multiplicação, via empréstimos bancários, essa moeda primária dá
origem ao total de meios de pagamento. Existe uma relação bastante estável e previsível entre
base monetária e meios de pagamentos, assim:
M = m ou M = mB
B
Sendo M o saldo dos meios de pagamento, B a base monetária e m o multiplicador
da base monetária. Assim, a diferença entre M e B, dada pela diferença entre o total de
depósitos DV e o total de reservas R, é o montante de empréstimos bancários.
Vamos discriminar um pouco mais os parâmetros que afetam a expansão ou a contração
monetária da economia e chegar à formula de multiplicador, a partir desses parâmetros.
Por definição:
M = PP + DV (1)
B = PP + R (2)
sendo: PP = saldo da moeda em poder do público
DV = saldo dos depósitos a vista dos bancos comerciais
R = saldo das reservas dos bancos comerciais
Dividindo (1) por (2) e depois dividindo tanto numerador como o denominador por DV,
vem:
PP + DV
M = PP + DV = DV DV (3)
B PP + R PP + R
DV DV
c = PP = TAXA DE RETENÇÃO DO PÚBLICO, que é a relação entre a moeda
DV com o público e os depósitos a vista.
R = R = TAXA DE RESERVAS BANCÁRIAS, que é o total de encaixes e
DV reservas em relação aos depósitos a vista.
A expressão (3) pode ser assim reescrita:
M = c + 1 ou M = 1 + c B
B c + r c + r
sendo: m = 1 + c
c + r
Dessa forma, as expansões e contrações dos meios de pagamento dependem de três
parâmetros básicos:
de variações na base monetária B (maior B, maior M);
de variações na taxa de retenção do público c (maior c, menor m e, portanto, menor M);
de variações na taxa de reservas bancárias r (maior r, menor m e, portanto, menor M).
Deve ser observado que as políticas monetárias não têm muito efeito sobre a taxa de
retenção do público, pelo menos a curto prazo, dado que é um parâmetro que depende de
hábitos da coletividade, como o uso de cartões de crédito. A atuação maior das autoridades dá-
se sobre a taxa de reservas bancárias e sobre a base monetária.
Demanda de moeda Nesta parte, estamos interessados em saber os motivos que fazem com que as pessoas
retenham moeda, guardem moeda pela moeda, em vez de aplicá-la, por exemplo, em títulos ou
imóveis, que proporcionam rendimentos. Se existem essas possibilidades, por que se retém
moeda que não rende nada (conceito M1)? Para tanto, precisamos de uma teoria de demanda de
moeda.
Existem três motivos para demandar moeda, isto é, para reter encaixes monetários:
motivo transação;
motivo precaução;
motivo especulação (ou portfolio).
Os motivos transação e precaução já tinham sido levantados na teoria clássica, enquanto o
motivo especulação (portfolio) foi colocado por Keynes. Discutamos essas razões para manter
moeda.
Demanda de moeda por motivo de transação
As pessoas retêm moeda para efetuar pagamentos que vencem antes da data de
recebimento de sua renda, ou seja, para fazer face à diferença de datas entre os
recebimentos e os gastos diários com alimentação, transporte etc. Claramente, a demanda
de moeda por transação depende do nível de renda: quando a renda aumenta, os gastos
também aumentam, e os saldos de moeda mantidos para harmonizar esses fluxos também
devem aumentar.
Demanda de moeda por motivo de precaução
A segunda razão para empresas e indivíduos reterem (demandarem) moeda é a
incerteza quanto às datas de recebimentos e pagamentos. Pagamentos inesperados, ou
recebimentos atrasados fazem com que as pessoas retenham uma parcela de moeda como
precaução. Claramente, esses saldos monetários (encaixes monetários) de segurança ou
precaução devem depender da renda do indivíduo ou da empresa. Quanto maior a
empresa ou mais rica a pessoa, maior a necessidade de moeda para precaução.
Demanda de moeda por motivo de especulação (ou motivo portfolio)
As pessoas demandam moeda, não apenas para satisfazer transações correntes, mas
também para especulação. A moeda não apresenta rendimentos, mas também não
apresenta riscos, especialmente quando a inflação é baixa. As pessoas, para reduzir os
riscos, podem diversificar sua carteira de títulos (seu portfolio) em vários títulos e
aplicações, inclusive guardando certa quantidade de moeda. Assim, essa quantidade de
moeda também dependerá da rentabilidade dos títulos, ou seja, da taxa de juros. Do ponto
de vista de quem retém moeda, a taxa de juros representa o rendimento que esse
indivíduo teria, se comprasse títulos. Ou seja, para quem empresta ou aplica, é um
rendimento; para quem toma emprestado, é um custo. Dessa forma, pode-se estabelecer
uma relação entre demanda de moeda por especulação e a taxa de juros de mercado. É de
se esperar que essa relação seja inversa: quanto maior a taxa de juros os agentes reterão,
menos moeda (que não rende juros) terão em seu poder. Assim, quanto maior a taxa de
juros, maior a compra de títulos e menor a demanda de moeda para especulação. Todas
essas operações ocorrem dentro de um ambiente chamado sistema financeiro nacional. É
o que descreveremos mais adiante.
Feita essa primeira explanação à cerca das maneiras de medição do PIB temos a seguinte equação básica:
Y = C + I + G +NX Onde Y = Renda C = Consumo I = Investimento G = Despesa do Governo NX = Exportações Líquidas Assim, pela equação, o PIB é a soma do consumo, mais investimento, mais as
despesas governamentais, mais as exportações líquidas. Toda despesa no PIB está incluída em uma dessas categorias. A equação acima, que define uma identidade é chamada de identidade da macroeconômica básica.
Consumo – Refere-se a todos os bens e serviços comprados pelas famílias e divide-se em três subcategorias: bens não duráveis, bens duráveis e serviços. Bens não-duráveis são aqueles que duram um pequeno período de tempo, tais como alimentos e roupas. Bens duráveis são aqueles que duram mais tempo, como automóveis e máquinas de lavar. Serviços indicam a compra de serviços pessoais como corte de cabelo e consulta médica.
Investimento – consiste nos bens adquiridos para uso futuro. Essa categoria divide-se por sua vez, em três subcategorias: investimento fixo das empresas, investimento habitacional fixo e investimento em estoque. O primeiro tipo de investimento indica a aquisição de novas instalações e equipamentos por parte de uma empresa. O segundo é a compra de novas residências por famílias e proprietários. O terceiro tipo refere-se ao acréscimo no estoque de bens de uma empresa ( se o estoque
diminui, dizemos que o investimento em estoque é negativo). (Mankiw, N. Gregory – Macroeconomia – 3ªed. – pág. 19-20)
Tendo esses primeiros conceitos, podemos verificar o quanto um governo pode influenciar positivamente ou não em uma economia através de instrumentos, que refletirão diretamente na renda e no produto, tais como a Política Fiscal e Monetária. Além desses os gastos públicos, conforme visto na equação do PIB, também, exercem influência em sua determinação.
Antes de tratarmos das Políticas Fiscais, monetárias e dos déficits e gastos públicos, convém demonstrarmos como funciona as curvas IS e LM, o que é? Para que serve?
A curva IS
A curva IS, mostra em pares (renda e taxa de juros) que igualam oferta e demanda agregada de bens e serviços.
A Curva IS aparece no gráfico a seguir:
Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 192
A inclinação negativa dessa curva mostra que uma redução na taxa de juros eleva
o investimento, e este, junto com o efeito multiplicador, provoca a elevação da renda. Porém, o impacto da variação da taxa de juros sobre a renda dependerá da sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros e do tamanho do multiplicador.
A curva LM A curva LM mostra as condições de equilíbrio no mercado monetário. A curva LM aparece no gráfico a seguir:
Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 263
A inclinação da curva é positiva, mostrando que elevações na renda devem ser
acompanhadas por aumentos na taxa de juros, para manter em equilíbrio o mercado monetário.
Modelo IS/LM
As duas curvas quando colocadas em um mesmo gráfico, visto que ambas relacionam-se aos pares com as mesmas variáveis, taxa de juros e renda, permitem encontrar um único ponto que possibilita determinar os níveis de taxas de juros e renda nacional que equilibram simultaneamente ambos os mercados, conforme ilustra o gráfico:
Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 313
INFLAÇÃO E SEUS REFLEXOS NA ECONOMIA
Ao final da leitura deste capítulo, você será capaz de:
diferenciar os conceitos de inflação e deflação;
identificar os efeitos da inflação sobre a economia;
relacionar as suas causas e as políticas antiinflacionárias;
realizar o cálculo da inflação;
descrever os principais índices de inflação do Brasil.
INFLAÇÃO A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado no nível geral
de preços. Ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos
com altas esporádicas de preços. Devem também ser generalizados, porque a maioria dos preços
deve se elevar conjuntamente.
Distorções provocadas por altas taxas de inflação
Ao discutir o problema da inflação, deve ser observado que muitos economistas não
crêem que as distorções provocadas por uma inflação suave sejam sérias, mas há poucas
dúvidas de que níveis elevados de inflação produzirão conseqüências desastrosas. Os principais
efeitos provocados por esse fenômeno são: Efeito sobre a distribuição de renda – Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação diz a respeito à redução do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste (i.e. dissídio). Nesse caso, são os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os que mais perdem são os trabalhadores de baixa renda, que não têm condições de manter alguma aplicação financeira, pois tudo o que ganham gastam com sua subsistência. Percebe-se que a inflação é um imposto sobre os mais pobres. Efeito sobre o balanço de pagamentos – Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, provocam estímulo às importações e desestimulo às exportações, diminuindo o saldo da balança comercial. Esse fato costuma provocar um círculo vicioso, se o país estiver enfrentando um deficit cambial. Nessas condições, as autoridades monetárias, na tentativa de minimizar o deficit, são obrigadas a permitir desvalorização cambial, as quais depreciam a moeda nacional e estimulam as exportações e desestimulam as importações. Contudo, produtos essenciais,
tais como petróleo e seus derivados, tornam-se imediatamente mais caros, pressionando os custos de produção. Ocorre, então, uma nova elevação de preços, devido ao repasse do aumento dos custos aos preços dos produtos finais, recomeçando o processo. Efeito sobre as expectativas – Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à formação das expectativas sobre o futuro. Particularmente, o setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dada a instabilidade e a imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica num compasso de espera enquanto a situação perdurar e dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria capacidade de produção futura e, conseqüentemente, o nível de emprego é afetado pelo processo inflacionário. Efeito sobre o mercado de capitais – Tendo em vista o fato de que, num processo inflacionário, o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorre desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em cadernetas de poupança, títulos, devem sofrer retração. Por outro lado, a inflação estimula a aplicação de recursos em bens de “raiz”, como terras e imóveis, que costumam valorizar durante o processo inflacionário. Embora alguns possam ganhar com a inflação a curto prazo, pode-se dizer que, a longo prazo, quase ninguém ganha com ela, porque seu processo desarticula todo o sistema econômico. Assim, a inflação onera principalmente os trabalhadores, ao corroer seus salários, é evidente que, com o empobrecimento dos trabalhadores, as empresas vão vender menos e o governo arrecadará menos1.
Causas da inflação Para propósito de análise, é útil classificarmos a inflação de acordo com seus fatores
causais. Nesse sentido, a literatura econômica costuma distinguir a inflação provocada pelo
excesso de demanda agregada (inflação de demanda) da inflação causada por elevação de custos
(inflação de custos).
Inflação de demanda
A inflação de demanda pode ser definida como o excesso de demanda agregada em
relação à produção disponível de bens e serviços. Parece claro que a probabilidade de
inflação de demanda aumenta quanto mais a economia estiver próxima do pleno emprego
de recursos. Afinal, se houver desemprego em larga escala na economia, é de se esperar
que um aumento de demanda agregada deva corresponder a um aumento na produção de
bens e serviços, pela maior utilização de recursos antes desempregados, sem que
necessariamente ocorra aumento generalizado de preços. Quanto mais nos aproximamos
do pleno emprego, mais se reduz a possibilidade de expansão rápida da produção, e a
repercussão maior deve refletir sobre os preços.
Como esse tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada e tendo
em vista que, a curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações de política econômica
que a oferta agregada (cujos ajustes normalmente se dão a prazos relativamente longos), a
política preconizada para combatê-la assenta-se em instrumentos que provocam redução
da procura agregada por bens e serviços.
Inflação de custos A inflação de custos pode estar relacionada à estrutura de produção, ou seja, o nível
de demanda permanece inalterado, mas os custos de certos insumos importantes
utilizados na produção de um bem aumentam e são repassados aos preços finais dos
produtos. A sua natureza geral é a seguinte: o preço de um bem ou um serviço tende a ser
bastante relacionado a seus custos de produção. Se o último aumenta, mais cedo ou mais
tarde o preço do bem provavelmente aumentará. Uma razão freqüente para um aumento
de custos seria os aumentos salariais. Um aumento das taxas de salários, entretanto, não
necessariamente significa que os custos de produzir um bem aumentaram. Se a
produtividade da mão-de-obra empregada aumenta na mesma proporção dos salários reais
médios, os custos unitários por unidade de produto não são afetados. Por exemplo: se os
salários reais aumentam 10% e o produto por trabalhador aumenta na mesma proporção,
o produto aumentou tanto quanto os salários. Os custos salariais por unidade de produto
permaneceram os mesmos. Nesse sentido, não há necessidade de aumentar os preços
unitários dos produtos quando expandir a produção porque os custos por unidade
produzida não aumentaram.
O aumento da taxa de salários provoca inflação, se existir alguma causa autônoma.
Por exemplo: se sindicatos com mais poder de barganha são capazes de forçar um
aumento de salários em níveis acima dos índices de produtividade, os custos de produzir
bens e serviços aumentam. Se os preços de produtos finais seguem os custos de produção,
resulta uma inflação impulsionada pelos custos de produção (no caso, pelo aumento de
salários).
A inflação de custos também está associada ao fato de que algumas empresas com
elevado poder de monopólio ou oligopólio têm condições de elevar seus lucros acima da
elevação dos custos de produção.
Muitos economistas acreditam que o fenômeno recente da estagflação (estagnação
econômica com inflação) esteja associado a uma inflação de lucros. A estagflação ocorre
quando há paralelamente taxas significativas de inflação e recessão econômica, com
desemprego. Isso pode ser devido ao fato de que, em períodos de queda de atividade
produtiva, as firmas com poder oligopolístico têm condições de manter suas margens de
lucros sobre custos (ou mark up), ao aumentar os preços de seu produto.
Dessa forma, o que caracteriza, na realidade, a expressão inflação de custos é o
aumento de preços devido a pressões autônomas. Em parte, essas pressões são causadas
pela circunstância de que alguns grupos econômicos, como sindicatos e empresas
oligopolistas, têm suficiente poder de barganha para forçarem aumentos de sua
participação na renda nacional.
A inflação de custos também pode ser causada por aumentos autônomos nos preços
de matérias-primas básicas, os chamados choques de matérias-primas (crise do petróleo,
choques agrícolas). Normalmente, a política usual, no caso de inflação de custos, é o
controle direto de preços, o que pode ocorrer tanto através de uma política salarial mais
rígida, maior fiscalização sobre os lucros auferidos pelos grupos oligopolistas como pelo
controle ou tabelamento de preços dos produtos.
Outras causas: inflação inercial, inflação de expectativas e corrente estruturalista
Além dos fatores tradicionalmente considerados como os principais causadores do
processo inflacionário, no Brasil tem-se associado esse processo também à inércia
inflacionária, e às expectativas de inflação futura.
De acordo com a VISÃO INERCIALISTA, os mecanismos de indexação formal
(contratos, aluguéis, salários) e informal (reajustes de preços no comércio, indústria,
tarifas públicas) provocam a perpetuação das taxas de inflação anteriores, que são sempre
repassadas aos preços correntes. Ademais, mesmo sem terem apresentado aumentos
significativos de seus custos, muitos setores simplesmente elevam os preços de bens e
serviços pela inflação geral do país, divulgada pelas instituições de pesquisa. Por essa
razão, nos planos antiinflacionários adotados depois de 1986 no Brasil, as autoridades
adotaram o congelamento de preços e salários para tentar eliminar a chamada memória
inflacionária, ou seja, desindexar a economia. Outro recurso foi a troca da unidade
monetária, quando, durante algum tempo, coexistiram uma moeda inflacionada (como o
cruzeiro real) e uma moeda teoricamente sem inflação (como o real), indexada ao dólar
ou a uma cesta de moedas estrangeiras.
A INFLAÇÃO DE EXPECTATIVAS estaria associada aos aumentos de preços
provocados pelas expectativas dos agentes de que a inflação futura tende a crescer, e eles
procuram resguardar suas margens de lucro. No Brasil, esse fator tem sido muito presente
antes de mudanças de governo, com os empresários se precavendo contra eventuais
congelamentos de preços e salários, que tem sido uma estratégia freqüente nos planos
pós-86 (chamados de choques heterodoxos).
Na América Latina, a partir dos anos 1950, ganhou destaque uma corrente que
pressupõe que a inflação no continente estaria associada estreitamente a tensões de
custos, causados por deficiências na estrutura econômica. É a CORRENTE
ESTRUTURALISTA. A inflação seria explicada principalmente pela estrutura agrária,
estrutura oligopolista de mercado e estrutura do comércio internacional. A agricultura não
responderia ao crescimento da demanda de alimentos, devido à existência de latifúndios
pouco preocupados com questões de produtividade. Isso levaria ao aumento de preços dos
alimentos. Por outro lado, grandes oligopólios têm condições de sempre manter suas
margens de lucro, repassando todos os aumentos de custos a seus preços. Finalmente, a
inflação seria provocada pelas desvalorizações cambiais que os países subdesenvolvidos
são obrigados a promover, para compensar o deficit crônico da balança comercial, gerado
pela deterioração dos termos de troca no comércio internacional, contra esses países, por
exportarem produtos primários e importarem produtos manufaturados.
No fundo, segundo essa visão, as causas da inflação estão associadas aos
CONFLITOS DISTRIBUTIVOS, que se resumem na tentativa dos agentes manterem ou
aumentarem sua posição na distribuição do "bolo" econômico: empresários defendendo
suas margens de lucro, trabalhadores tentando manter seus salários e o governo mantendo
sua parcela através de impostos, preços e tarifas públicas, além de poder emitir moeda a
qualquer momento.
A inflação no Brasil De acordo com Vasconcellos2 as escolas de teoria econômica no Brasil sempre estiveram
integradas a outros centros de estudo de economia no mundo inteiro. Todavia, tivemos alguns
aspectos de teoria econômica com aplicações práticas que foram muito estudadas aqui,
principalmente sobre a questão da inflação. Podemos citar como exemplo a visão inercialista da
inflação ou o processo de industrialização. O maior destaque, sem dúvida, foi o debate entre
estruturalistas e monetaristas, principalmente nos anos 60.
Costuma-se associar a corrente estruturalista à Comissão Econômica para a América
Latina (CEPAL), influenciada pelas idéias do economista argentino Raul Prebisch, e a corrente
monetarista à política preconizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), baseada, em
grande parte, nas idéias de Milton Friedman3, da Universidade de Chicago.
Como dissemos, o diagnóstico estruturalista para o processo inflacionário em países
subdesenvolvidos pressupõe que a inflação está associada estreitamente a tensões de custos,
causadas por deficiências da estrutura econômica, a saber: a estrutura agrária, a estrutura
oligopolista de mercado e a estrutura do comércio internacional. Hoje, os estruturalistas (ou
neo-estruturalistas) colocam-se essas questões de forma mais abrangente, ou seja, associadas a
um conflito distributivo, que se estabelece entre os vários setores e agentes da sociedade.
Segundo essa corrente, as causas da inflação no Brasil derivam da pressão desses agentes na
defesa de sua parcela no produto da economia: os capitalistas, via margens de lucro; o governo,
via impostos e preços de tarifas públicas; e os trabalhadores, através de seus salários. As idéias
estruturalistas também estiveram associadas à estratégia de industrialização na América Latina,
através de um processo de substituição de importações. Esse processo foi ancorado em uma
política de proteção à indústria nacional, por meio de barreiras qualitativas e quantitativas à
importação.
A visão monetarista, no tocante à questão inflacionária, apresenta um diagnóstico que
associa a inflação brasileira ao desequilíbrio crônico do setor público. A necessidade de
financiar a dívida pública leva ao aumento das emissões e ao excesso de moeda, acima das
necessidades reais da economia, levando às elevações de preços. Os economistas dessa corrente
advogam por uma economia de mercado com menor intervenção do Estado nessa atividade. São
os principais defensores da privatização de empresas estatais. Por essa razão, também são
conhecidos como liberais ou neoliberais.
A terceira corrente é a inercialista, segundo a qual a inflação no Brasil estaria associada
aos mecanismos de indexação, que acabam perpetuando a inflação passada, numa espécie de
inércia inflacionária. Os congelamentos de preços e salários, adotados nos planos econômicos,
bem como a troca de moeda (o cruzeiro real inflacionado foi substituído pelo real, teoricamente
livre da inflação), foram medidas adotadas justamente para tentar eliminar a "memória"
inflacionária.
Em grande medida, e talvez com mais intensidade no Brasil, o debate entre as várias
correntes de pensamento econômico sempre esteve associado ao próprio debate político, o qual
representa os interesses de segmentos representativos da sociedade: trabalhadores em geral,
funcionários públicos, corporações estatais, industriais, ruralistas etc.
O quadro a seguir procura sintetizar a discussão recente sobre inflação no Brasil.
Quadro 4: Inflação no Brasil e as correntes econômicas
INFLAÇÃO NO BRASIL E AS CORRENTES ECONÔMICAS
Corrente Causas principais Políticas
antiinflacionárias
Liberais ou neoliberais Desequilíbrio do setor público (o déficit e a dívida pública provocam descontrole monetário, causando inflação de demanda)
Ajuste fiscal (para reduzir déficit e dívida pública, via reforma fiscal, privatização);
controle monetário (juros e moeda);
liberalização do comércio exterior (abertura comercial e valorização cambial).
Inercialistas Indexação generalizada (formal e informal).
Desindexação (para apagar ”memória ou inércia inflacionária”, via congelamento de preços, salários e tarifas. Planos Cruzado, Bresser – ou troca de moeda – Plano Real).
Estruturalistas Conflitos distributivos (pressões de margens de lucro, pressões salariais, pressões de tarifas e preços públicos provocam inflação de custos).
Controle de preços de oligopólios;
reformas estruturais.
Fonte: VASCONCELLOS, 2001, p. 341.
Para que se possam identificar as causas da inflação é necessário primeiramente medi-la.
Essa medição se dá através de uma ferramenta da Estatística chamada número índice.
MEDIDA DA INFLAÇÃO – NÚMEROS ÍNDICE Um número índice é um número abstrato que sintetiza grandezas de diferentes espécies
em um único valor, que permite fazer comparação no tempo e no espaço. Mediante o emprego
do número índice, podemos comparar os custos de alimentação ou de vida em uma determinada
região num dado período de tempo com os de uma época anterior ou, ainda, a produção de
determinado produto durante um determinado ano em uma dada região.
Embora os números índices sejam utilizados principalmente nos negócios e na economia,
podem ser utilizados em outros campos do conhecimento, como na área da educação, podemos
utilizar números índices para comparar o grau de inteligência dos estudantes.
A construção de um número índice exige a consideração dos seguintes pontos:
Definição da base – Consiste em especificar se o índice a ser elaborado é para preço,
quantidade ou valor, em delimitar a área geográfica à qual se refere, em estabelecer a
sua periodicidade, em selecionar a fórmula, em identificar os dados necessários e
suficientes para a construção.
Fixação da base – A fixação da base no tempo e no espaço depende da finalidade do
índice. Entretanto, como regra geral, aconselha-se que a escolha deva recair sobre um
período ou espaço geográfico que possa ser encarado como normal, ou seja, no qual não
se tenham manifestado perturbações excessivas no comportamento do fenômeno
estudado.
Obtenção de informações – É a maneira pela qual os dados devem ser coletados (senso
ou amostragem); será determinado tendo em vista o menor custo, a maior precisão e
máxima oportunidade.
Um índice de preços podem ser de três tipos. São eles:
a) Índice relativo de preços – Quando queremos analisar a variação do preço de um só
bem, basta expressar tal variação em termos percentuais. Notação utilizada:
I – índice;
P – preço;
o – época base, básica ou época de referência;
t – época atual, época dada, época a ser comparada;
Pt – preço do artigo na época atual (dada);
Po – preço do artigo na época base.
Fórmula utilizada: Po,t = Pt . 100 - 100
Po
Exemplo: um artigo foi adquirido por R$ 2.000 em 2003 e por R$ 2.500 no ano
seguinte. Calcular o relativo de preço em 2004, com base em 2003 e dar a interpretação.
Cálculo: P o,t = 2.500 . 100 - 100 P o,t = 25%
2.000
Interpretação: o preço teve um acréscimo de 25% em relação 2003/2004.
b) Índice relativo de quantidade – Quando desejamos analisar a variação na
quantidade de um produto em termos percentuais. Notação utilizada:
qt – quantidade de um produto na época atual;
qo – quantidade desse mesmo produto na época base;
Fórmula utilizada: q o,t = qt . 100 - 100
qo
Exemplo: um vendedor de automóveis vendeu 600 veículos em 2004, contra 400
em 2005. Calcular o relativo de quantidade em 2005, com base em 2004. Dar a
interpretação.
Cálculo: q o,t = 600 . 100 - 100 q o,t = 50 %
400
Interpretação: a quantidade de veículos vendidos teve um aumento de 50% em
relação 2004/2005.
c) Índice relativo de valor – Quando pretendemos analisar a variação no valor de um
único bem, basta expressar a variação em percentuais, obtendo o que denominamos
relativo do valor. Notação utilizada:
Pt - preço do artigo na época atual;
Po - preço do artigo na época base;
qt - quantidade de um produto na época atual;
qo - quantidade desse mesmo produto na época base;
Vt - valor do artigo na época atual;
Vo – valor do artigo na época base.
Fórmula utilizada: Vo,t = Vt . 100 - 100
Vo
Exemplo: uma empresa vendeu em 1996 12.000 unidades de um artigo, ao preço
unitário de R$ 500. Em 1997 vendeu 15.000 unidades do mesmo artigo ao preço de R$
600. Com base em 1996, calcule o relativo de valor em 1997.
Cálculo:
V o = Po . qo (500 . 12.000) = 6.000.000
V t = Pt . qt (600 . 15.000) = 9.000.000
V o t = 9.000.000 . 100 - 100 = 50%
6.000.000
Mercado Cambial Segundo GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JÚNIOR, (2005),
“Mercado cambial é o mercado em que as moedas dos diferentes países são
transacionadas. Nesse mercado, existem ofertas e demandas pelas várias moedas”.
Assim, pela relação entre oferta e demanda das diferentes moedas, estabelece-se
uma relação de valor entre elas, surgindo o conceito de taxa de câmbio, ou seja, ainda,
segundo os autores citados, a “Taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra moeda nacional; é a taxa pela qual duas moedas de países diferentes podem ser trocadas (cambiadas).”
Essas variações na demanda e oferta ocorrem em virtude de alguns fatos
determinantes, tais como, investimentos estrangeiros, tomadores de empréstimos no
exterior, turistas, entre outros. Porém, as variáveis que merecem maiores destaques na
formação da taxa cambial são as exportações e importações do país.
Convêm ressaltar que as exportações estão diretamente relacionadas com as
possibilidades de competição dos produtos domésticos diante dos demais países. Assim,
uma forma de compensar a baixa competitividade de alguns setores é a desvalorização
cambial, instrumento muitas vezes utilizado pelo governo.
Porém, em um segundo momento, a superação das exportações frente às
importações de um país acarreta uma valorização cambial, ou seja, a moeda nacional
valoriza-se diante da estrangeira, ocorrendo o contrário quando a demanda pela moeda
estrangeira supera a nacional. Dessa maneira GREMAUD, VASCONCELLOS E
TONETO JÚNIOR, (2005) alegam que: ”Se a competitividade for, por exemplo, crescente, as exportações do país deverão crescer também, e as importações, diminuir, portanto a taxa de câmbio deverá valorizar-se.” (2005. p. 282)
Além das exportações, outra variável que influencia a taxa cambial é a taxa de
juros, atraindo capital externo, pressionando o câmbio no sentido de sua valorização.
Desse modo, o governo monitora o mercado cambial tendo como objetivo melhorar o
desempenho de certas variáveis econômicas de seu interesse.
Quanto ao regime cambial, os mais utilizados são o fixo ou flutuante. No
primeiro o governo estipula o valor do câmbio, sendo que oscilam somente as
quantidades de divisas a serem transacionadas. Quando existe um excesso de oferta de
divisas, o governo entra no mercado adquirindo-as pela taxa fixada, e quando há
excesso de demanda o processo ocorre ao contrário, ou seja, o governo vende divisas
que se encontram nas reservas pela taxa fixada. O problema desse regime de câmbio
fica evidente se ocorrerem déficits na balança de transações correntes, sendo que os
mesmos devem ser cobertos pelas reservas, ou financiados por capital externo, o que
representaria, caso o problema seja estrutural (baixa competitividade) um peso no
pagamento dessa dívida contraída. Dessa forma restaria uma desvalorização cambial e
uma política de contenção de demanda (recessão).
Já a taxa flutuante, como o próprio nome diz, oscila sem intervenção do
governo, de acordo com a oferta e demanda por divisas. O inconveniente desse sistema
é a grande volatilidade das taxas, levando a constante alterações nos preços relativos e
nas expectativas dos agentes econômicos, dificultando assim, o comércio mundial.
Para GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JÚNIOR ( 2005. p. 285): “O sistema de taxas de câmbio flutuantes provoca grandes desconfortos ao comércio mundial, pois, com a alta volatilidade de taxas, pode levar a constantes alterações nos preços relativos. Com isso, cria-se um cenário desfavorável à formação de expectativas e, conseqüentemente, à tomada de decisões dos agentes econômicos.”
Ainda, para esses estudiosos, reverter esse desconforto, adotou-se, em alguns
países, o que se denominou de flutuação suja, ou seja, quando o câmbio estiver
oscilando muito ou atrapalhando a atividade econômica, o Banco Central intervém no
sistema para estabilizar ou direcionar a taxa para o nível desejável. Ainda, pode-se
ressaltar a existência de um outro regime cambial, denominado sistema de bandas.
Nesse, a taxa oscila, bem como na taxa flutuante, sendo que existem níveis para essa
ocorrência dentro de um patamar desejável e determinado pelo Banco Central, ou seja,
existe um limite superior e inferior aceitável para as oscilações. Quando a taxa se
aproxima de um dos limites, forçando o câmbio a uma valorização ou desvalorização o
Banco Central intervém, vendendo ou comprando moeda estrangeira. (GREMAUD;
VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2005, p. 281-286).
O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O MERCADO DE DIVISAS O mercado de câmbio ou divisas permite, por exemplo, que as empresas brasileiras
importem produtos dos Estados Unidos, pagando em reais, e que seus fornecedores comprem os
bens em sua própria moeda nacional, isto é, dólares.
A principal diferença entre o comércio nacional e o internacional é que, dentro de um
país, o intercâmbio se realiza com a mesma moeda, enquanto no comércio internacional cada
país tem sua própria moeda. A heterogeneidade de moedas dos diferentes países torna mais
complexas as relações econômicas internacionais, pois surge o problema da troca entre eles.
Uma empresa que oferece bens e serviços a outros países requererá que se lhe pague na
moeda de seu próprio país. Assim, uma empresa brasileira que vende seus produtos nos Estados
Unidos desejará ser paga em reais, enquanto uma empresa norte-americana que vende ao Brasil
pedirá o pagamento em dólares. Conseqüentemente, os compradores nos mercados
internacionais necessitam obter moedas dos países dos quais desejam comprar bens e serviços.
Portanto, um sistema desenvolvido de comércio internacional somente pode funcionar se existe
um mercado em que uma moeda pode ser trocada por outra. Esse é o papel atribuído ao mercado
de divisas ou de câmbio.
A taxa de câmbio é o preço de uma moeda expresso em outra. Ela expressa-se como o
número de unidades da moeda nacional por unidade de moeda estrangeira. Por exemplo, se a
taxa de câmbio do real frente ao dólar é 10, entregam-se 10 reais para se obter um dólar.
Quando o preço em reais de uma unidade de moeda estrangeira sobe, por exemplo, se
passa de 8 reais/dólar a 10 reais/dólar, dizemos que o real desvalorizou-se. Pelo contrário,
quando a taxa baixa, dizemos que o real valorizou-se.
Uma desvalorização da moeda nacional faz com que nossos bens sejam mais baratos no
exterior e com que os bens estrangeiros fiquem mais caros no mercado nacional. Portanto, cria-
se uma tendência para elevar as exportações e para reduzir as importações.
O SISTEMA DE TAXAS DE CÂMBIO Os sistemas de taxas de câmbio classificam-se de duas formas:
taxas de câmbio flexíveis ou livremente flutuantes;
taxas de câmbio fixas.
Vamos analisar cada uma delas a seguir.
As taxas de câmbio flexíveis ou livremente flutuantes
Para analisar as taxas de câmbio flexíveis, devemos estudar o funcionamento do mercado
livre da taxa de câmbio.
Em um mercado livre, a taxa de câmbio será determinada pelas forças da oferta e da
demanda. Nessas circunstâncias, diz-se que a taxa de câmbio é flexível ou flutuante.
Para analisar como se forma a taxa de câmbio, lembrem que a moeda nacional, o real, e a
estrangeira (que geralmente vamos supor como sendo o dólar) são necessárias para que haja
transações econômicas entre um país e outro. A demanda por reais – ou, o que é o mesmo, a
oferta de dólares, se formos determinar a taxa de câmbio do dólar – é feita pelos exportadores
nacionais que recebem dólares em troca de mercadorias e desejam reais, assim como os turistas
e os investidores norte-americanos no Brasil, que têm de converter em reais seus dólares para
materializar seus gastos e investimentos.
A oferta de reais ou, o que é o mesmo, a demanda de dólares corresponderá aos
importadores nacionais, assim como aos turistas e aos investidores brasileiros nos Estados
Unidos, que necessitam trocar seus reais por dólares para adquirir as mercadorias norte-
americanas e realizar seus investimentos. Para todas essas atividades, os brasileiros têm de obter
dólares. Para isso, existem as instituições financeiras, que compraram dólares no mercado de
câmbio e os entregarão por reais.
Os importadores e os turistas nacionais que vão ao exterior e os investidores brasileiros
no resto do mundo têm de obter moeda estrangeira para pagar suas faturas em outros países, o
que constitui a demanda de divisas (dólares).
No mercado de divisas, a demanda de dólares, derivada das importações nacionais e dos
investimentos brasileiros no exterior, e a oferta de dólares procedente das exportações
brasileiras e dos investimentos estrangeiros no Brasil determinam, conjuntamente, a taxa de
câmbio.
Em um sistema de taxas de câmbio livremente flutuantes, a taxa de câmbio é determinada
mediante o jogo da oferta e da procura de divisas em relação à moeda nacional no mercado de
câmbio. Se a uma taxa de câmbio de 1,20 reais/dólar a oferta de dólares é superior à demanda de
dólares, há um superávit de divisas, isto é, um excesso de entradas de exportações e demais
transações anteriormente citadas sobre os gastos com importações, de forma que a taxa de
câmbio do real frente ao dólar, ou seja, o número de reais necessários para comprar um dólar
tenderá a diminuir, isto é, a valorizar-se, até o ponto em que a oferta e a demanda se equilibrem.
Se a taxa de câmbio é inferior à de equilíbrio – por exemplo, 0,80 reais/dólar –, o gasto com
importações e demais transações é maior que as receitas por exportações e acontecerá um
excesso de demanda de divisas. Isso provocará uma elevação na taxa de câmbio, ou seja, uma
desvalorização do real, e o equilíbrio será restabelecido.
Ao traçar as curvas de oferta e demanda de divisas, supõe-se que permaneça constante
uma série de fatores que, realmente, incidem sobre o mercado de divisas. A alteração de alguns
desses fatores suporá o deslocamento das curvas analisadas. Desse modo, se, por exemplo, o
PIB brasileiro aumenta, a quantidade demandada de importações a uma taxa de câmbio dada
aumentará. Quando as exportações brasileiras de bens e serviços aumentam (por um aumento
nos preços norte-americanos) ou se aumentam os investimentos norte-americanos no Brasil, por
uma elevação da taxa de juros brasileira, a oferta de dólares aumentará. Isso ocasionará um
deslocamento da oferta de dólares para a direita, e o valor do real irá se elevar em relação ao
dólar, já que será necessário entregar menos reais para obter um dólar.
Uma taxa de câmbio totalmente flexível ajusta, portanto, o balanço de pagamentos
automaticamente, igualando a demanda e a oferta de divisas por operações autônomas com o
exterior, tornando desnecessária a intervenção do Banco Central para restabelecer o equilíbrio
externo.
As vantagens do sistema de taxas de câmbio flexíveis Teoricamente, o sistema de taxas de câmbio flexíveis corrigirá automaticamente qualquer
tendência de gerar deficit ou superavit no balanço de pagamentos. A seqüência lógica que o
processo seguirá é a seguinte:
inicialmente, o balanço de pagamentos da economia brasileira está em equilíbrio;
suponhamos que aconteça um aumento na demanda por importações e o balanço de
pagamentos brasileiro incorra em um deficit;
o aumento nas importações implicará um aumento na demanda por dólares no mercado
de câmbio;
o real ficará depreciado em relação ao dólar, o que fará com que as importações fiquem
mais caras, e as exportações, mais baratas;
a troca nos preços relativos das exportações e das importações fará aumentar o volume
das exportações e reduzir o volume das importações, fazendo com que o balanço de pagamentos
alcance o equilíbrio.
Limitações do sistema de taxas de câmbio flexíveis
Na prática, o mecanismo esboçado pode não funcionar. Também podem surgir problemas
com a sensibilidade (elasticidade-preço da demanda) da demanda das exportações e das
importações. Em outras palavras, se o balanço de pagamentos apresenta um deficit e o real se
desvaloriza, as exportações podem não aumentar o suficiente e as importações não se reduzirem
de maneira apreciável. Uma complicação adicional pode surgir pelo fato de a desvalorização do
real aumentar o preço das importações, o que, além de incidir sobre o custo de vida, pode afetar
os custos de produção de muitas empresas, influindo, desse modo, negativamente sobre os
preços das exportações.
Outro inconveniente do sistema de taxa de câmbio flexível é que se gera uma grande
incerteza nas relações internacionais. Suponhamos que um empresário brasileiro importe
material dos Estados Unidos para produzir computadores. Se o pagamento for feito em dólares
num prazo de seis meses, o empresário brasileiro não poderá determinar de modo preciso seus
custos de produção, pois isso dependerá da taxa de câmbio no transcorrer do período.
A presença de especuladores também pode dificultar o processo de ajuste. Eles
comprarão uma moeda (real), quando supuserem que seu valor aumentará, e iniciarão processos
de venda quando esperarem que o valor do real se reduza. Suponha que a taxa de câmbio
real/dólar é de 100. Se o especulador espera que o real se desvalorize, procurará obter vantagem
da informação que tem e, por exemplo, trocará 1.000.000 de reais por 10.000 de dólares.
Quando o real desvalorizar e, por exemplo, a taxa de câmbio for de 130 reais/dólar, os 10.000
de dólares serão convertidos de novo em reais, que agora serão 1.300.000 reais, obtendo na
operação um lucro de 300.000 reaIS.
Os sistemas de taxas de câmbio fixas: o padrão ouro
Uma vez estudadas as principais características flexíveis do sistema de taxa de câmbio,
estudaremos os sistemas de taxas de câmbio fixas. Sob o sistema de câmbio fixo, a taxa de
câmbio cai ligada a uma determinada mercadoria (historicamente o ouro) ou a uma determinada
moeda. Numa perspectiva histórica, o protótipo do sistema de câmbio fixo foi o padrão ouro
puro. Para aderir a esse sistema, todo país tinha de aceitar as seguintes regras:
estabelecer uma relação fixa entre sua moeda e o ouro. Tal relação, denominava-se
valor paritário ou preço oficial. As autoridades econômicas deviam estar dispostas a trocar ouro
por moeda e a fazer o inverso;
as autoridades econômicas deveriam manter a convertibilidade do ouro, comprando e
vendendo a moeda nacional em troca de ouro ao preço oficial. Dessa forma, qualquer residente
nacional ou estrangeiro poderia ir ao Banco Central e converter dinheiro fiduciário (papel-
moeda e cheque) em ouro;
o governo deveria seguir uma política respaldada no valor do ouro, cobrindo 100%.
Assim, o banco central tinha de ter ouro num valor igual, pelo menos, à quantidade de dinheiro
que havia em circulação. O banco central, então, só criava dinheiro quando comprava ouro do
público e destruía dinheiro quando vendia ouro ao público.
O mecanismo de ajuste
O sistema de padrão ouro clássico não só se encarrega de manter estáveis as taxas de
câmbio, mas também equilibradas as relações comerciais internacionais. Assim, quando um país
tinha um superavit com o exterior – isto é, exportava mais do que importava – ele recebia mais
ouro do que tinha de pagar, de forma que suas reservas em ouro aumentavam e isso aumentaria
a quantidade de dinheiro. Dessa forma, a demanda agregada aumentaria, e os preços também.
Com um nível mais elevado de preços, o país seria menos competitivo em nível internacional, e
suas exportações diminuiriam e, pelo contrário, suas importações aumentariam até que
alcançassem o equilíbrio. O inverso aconteceria num país com deficit em suas relações com o
exterior, pois haveria uma saída de ouro.
O padrão ouro clássico é um regime de taxa de câmbio fixa. O valor da moeda nacional
define-se em relação ao ouro, e o banco central compra e vende ouro em quantidades ilimitadas
a esse preço. As entradas de ouro provocam uma expansão monetária, e as saídas, uma
destruição do dinheiro.
Assim, mantendo fixa a taxa de câmbio, elimina-se o desequilíbrio nas relações
internacionais. Para isso, só se exigia que as importações e as exportações fossem sensíveis às
variações dos preços e que o banco central estivesse disposto a aumentar ou diminuir a
quantidade de dinheiro, quando a quantidade de ouro aumentasse ou diminuísse.
Inconvenientes do padrão ouro
O padrão ouro clássico apresentava uma série de inconvenientes, entre eles cabe destacar
os seguintes:
tendia a formar fortes oscilações na atividade econômica e no nível de preços, o que
poderia ir contra os objetivos internos de política econômica. Além disso, preços e
salários internos poderiam ser rígidos para baixo, o que não garantia o equilíbrio do
balanço de pagamentos;
os países com superávit, em suas relações econômicas com o exterior, podiam tomar
medidas que tendiam a cancelar o efeito do fluxo de ouro sobre a quantidade de
dinheiro. As autoridades monetárias poderiam vender títulos no mercado e reduzir os
estoques de dinheiro na mesma quantidade em que as reservas de ouro aumentariam.
Isto é, o banco central tem capacidade de “esterilizar” seus fluxos de ouro e, assim,
combater os aumentos no nível de preços, impedindo, desse modo, o funcionamento do
mecanismo de ajuste;
um banco central esteriliza os efeitos produzidos pelas perdas (ganhos) de ouro na
oferta monetária quando realiza operações de mercado aberto que compensem as
variações da quantidade de ouro, impedindo que se altere a oferta monetária;
sistema era muito sensível a uma crise de confiança, pois se centrava sobre uma base
relativamente pequena de ouro e sempre corria o perigo de um esgotamento das
reservas de ouro disponíveis. Além disso, a produção de ouro não podia aumentar em
função da necessidade de liquidez do comércio internacional.
Até 1914, os problemas mencionados impulsionaram uma certa modificação do padrão
ouro puro. Além do ouro, os países começaram a manter reservas em forma de divisas das
nações ricas que se vinculavam ao ouro, fundamentalmente a libra esterlina. Posteriormente, a
grande depressão de 1929 forçou alguns países a restringirem bruscamente seu comércio e a
fazerem acordos bilaterais com outros países, de forma que o padrão ouro modificado deixou
praticamente de funcionar.
Taxa de câmbio e inflação
Para analisar as relações entre câmbio e inflação, inicialmente veremos como a política
cambial afeta as taxas de inflação, e depois inverteremos a questão, isto é, como a taxa de
inflação afeta o câmbio.
Valorização cambial e inflação Com uma valorização (apreciação) cambial, a moeda nacional (real) fica mais forte
relativamente às moedas estrangeiras. Os brasileiros passam a importar mais, e aumenta a
competição do produto importado com os produtos nacionais. Os empresários brasileiros são
desestimulados a elevar o preço de seus produtos e são obrigados a manter os preços em níveis
competitivos. Ou seja, a valorização cambial permite “ancorar" os preços internos e reduzir a
taxa de inflação (daí deriva o termo âncora cambial).
A partir de 1994, no Plano Real, a valorização cambial foi um instrumento bem-sucedido
no sentido de controlar a inflação, que tinha atingido cerca de 50% no mês de junho daquele
ano. Outro efeito positivo dessa política foi a elevação dos índices de produtividade, devido à
modernização do parque produtivo nacional proporcionado pelas importações de bens de
capital, o que levou à redução de custos de produção e, conseqüentemente, dos preços,
beneficiando os consumidores produtos de melhor qualidade, a preços relativamente mais
baixos).
Contudo, a política de valorização cambial pode apresentar algumas desvantagens (como
ocorreu no Brasil). Os setores nacionais que estiverem despreparados para a competição externa
podem sofrer grande queda em suas vendas, com o conseqüente aumento do desemprego nesses
setores. Os exportadores também são prejudicados, porque, com a moeda nacional valorizada,
nossos produtos ficam relativamente mais caros para o comprador estrangeiro. Com
importações tendendo a crescer mais que as exportações, pode ocorrer um deficit na balança
comercial, com a conseqüente saída de divisas do País. Para manter suas reservas cambiais, o
País se vê na contingência de buscar recursos no exterior, aumentando sua dependência ou
vulnerabilidade externa.
Desvalorização cambial e inflação A desvalorização cambial tem efeito contrário ao descrito anteriormente: os produtos
importados ficam mais caros, em termos de reais. Evidentemente, diminuirão as importações de
muitos produtos, mas os bens essenciais, como petróleo, trigo, que o Brasil importa muito, terão
seu preço aumentado (em reais, não em dólar), provocando aumento dos custos de produção,
que serão repassados aos preços dos produtos finais, gerando inflação – a chamada inflação de
custos.
O efeito da desvalorização cambial sobre a taxa de inflação é denominado passthrough.
DÉFICIT PÚBLICO E DÍVIDA PÚBLICA
A carga tributária bruta de um país consiste no total de impostos arrecadados. A diferença entre a carga tributária bruta e as transferências governamentais (juros sobre a dívida pública, subsídios e gastos com assistência e previdência social) é a carga tributária líquida do governo. Assim, baseando-se nessa última, é que o governo pode financiar seus gastos correntes (consumo do governo). A diferença entre a carga tributária líquida e o consumo do governo determina a poupança do governo.
Carga tributária bruta = Total de impostos arrecadados no país;
Carga tributária líquida =Carga tributária bruta – transferência do governo; Poupança do governo em conta corrente = Carga tributária líquida – consumo do governo.
Assim, a poupança do governo demonstra tão somente a capacidade de investimento do governo, sem pressionar outras fontes de financiamento. Quando existe essa necessidade de financiamento, temos o déficit público, portanto:
Déficit público = investimentos governamentais – poupança do governo em conta corrente
Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 210
ECONOMIA INTERNACIONAL
TEORIAS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL
O mercantilismo aparece como o primeiro conjunto de idéias que procurava
explicar o funcionamento do comércio entre os países, enfatizando que as nações
deveriam privilegiar o comércio e principalmente as exportações para a acumulação de
metais. Segundo o mercantilismo, os Estados nacionais deveriam:
possuir um exército numeroso (tendo como pressuposto o crescimento populacional);
intensificar as atividades de comércio;
acumular divisas (metais preciosos), ou seja, buscar o metalismo;
defender interesses internos;
conquistar maior participação no comércio internacional, por meio do aumento das
exportações;
enfatizar as atividades de comércio e manufatura1.
Teoria das vantagens absolutas De acordo com Adam Smith2, uma das condições necessárias para a ocorrência de
comércio entre duas nações seria a existência de algum produto para o qual ocorresse uma
vantagem absoluta na produção, ou seja, essa nação deveria, necessariamente, ter condições de
produção mais favoráveis que as do país para o qual se pretenda exportar. Como o valor das
mercadorias seria determinado pelo tempo de trabalho necessário para produzi-las, pode-se
afirmar que o determinante, para Smith, seria o custo da mercadoria em termos de mão-de-obra.
Desse modo, seria necessário comparar o custo de produção entre duas nações de tal forma que
só seria possível o comércio se ocorressem diferenças significativas entre os valores. Considera-
se, nesse caso, o coeficiente técnico, ou seja, a relação entre o número de horas de trabalho em
função da quantidade produtiva:
I = L / P em que:
I = coeficiente técnico de produção;
L = horas de trabalho;
P = produto (quantidade produzida).
Quadro 5: Hipótese de produção de calçados e carne no Brasil e na Argentina
HIPÓTESE DE PRODUÇÃO DE CALÇADOS E CARNE NO BRASIL
E NA ARGENTINA País Horas de
mão-de-obra na
produção de
calçados
(L)
Produção de calçados
(P)
Coeficiente Técnico da Produção
de Calçados
(L/P)
Horas de mão-de-obra na
produção de carne
(L)
Produção de carne
(P)
Coeficiente Técnico da produção de carne
(L/P)
Brasil 400 250 1,6 600 250 2,4
Argentina 600 250 2,4 400 250 1,6 Fonte: CARMO e MARIANO, 2006.
O exemplo apresentado no Quadro 4 indica que o Brasil tem coeficiente técnico de
produção de calçados melhor (1,6) do que a Argentina (2,4). Em contrapartida, a Argentina tem
coeficiente técnico de produção de carne melhor (1,6) do que o Brasil (2,4). Dessa forma, o
Brasil apresenta vantagem absoluta na produção de calçados em relação à Argentina, e a
Argentina na produção de carne em relação ao Brasil.
Segundo a teoria das vantagens absolutas, cada país deverá se especializar na produção
daquele bem ou serviço em que apresente vantagem absoluta e exportá-lo, abdicando da
produção do bem ou serviço em que apresenta desvantagem, importando-o.
Quadro 6: Hipótese de especialização de calçados e carne no Brasil e na Argentina
HIPÓTESE DE ESPECIALIZAÇÃO DE CALÇADOS E CARNE
NO BRASIL E NA ARGENTINA País Horas de
mão-de-obra na
produção de
calçados
(L)
Coeficiente técnico
da produção
de calçados
(I)
Produção de
calçados
P= L/I
Horas de mão-de-obra na
produção de carne
(L)
Coeficiente técnico
da produção de carne
(I)
Produção de carne
P = L/I
Brasil 1.000 1,6 625 0 2,4 0 Argentina 0 2,4 0 1.000 2,0 500
Fonte: CARMO e MARIANO, 2006.
No Quadro 5 desenvolve-se essa hipótese, considerando que cada um dos dois países disponha de 1000 horas de mão-de-obra para a produção de calçados e de carne. Se cada país se especializar e alocar toda a mão-de-obra ao produto em que tem VA a soma das produções de ambos os países será maior do que as produções de Brasil e Argentina, se cada país for auto-suficiente em produção e consumo de calçados.
Desse modo, somando o resultado da produção do Brasil e da Argentina, teríamos uma produção superior que a verificada inicialmente, ou seja, a economia aumentaria a sua capacidade produtiva como um todo, elevando, por conseqüência, o bem-estar da sociedade.
Teoria das vantagens comparativas O princípio das vantagens comparativas explica o motivo pelo qual dois países
comercializam entre si, mesmo quando um deles detém vantagem absoluta na produção de dois
bens. Se um país tiver vantagem relativa para um bem, deve se especializar na produção daquela
mercadoria em que é relativamente mais eficiente (com custo relativamente menor), exportando
essa mercadoria. Por outro lado, esse mesmo país deve deixar de produzir e importar aqueles
bens com produção de custo relativamente maior (com produção relativamente menos
eficiente).
A teoria das vantagens comparativas foi formulada por David Ricardo3, em 1817, como
uma evolução da teoria das vantagens absolutas. Da mesma forma como aquela teoria,
recomenda que cada país produza os bens e serviços em que tem vantagem comparativa e os
exporte, deixando de produzir bens e serviços em que é relativamente menos eficiente. Como
resultado, a produção global será maior do que se cada país for auto-suficiente, aumentando as
possibilidades de consumo e de bem-estar do conjunto dos residentes em ambos os países.
Escola neoclássica Apontando as limitações da escola clássica, essa teoria argumenta que, no âmbito do
comércio internacional, não basta identificar os custos de produção (em termos de mão-de-obra)
para verificar se a nação possuirá vantagens no comércio internacional. Segundo essa teoria, os
países exportam o produto disponível no país, em detrimento daquele em escassez. Desse modo,
o processo de troca entre duas nações deve observar o fato de que os países sempre tendem a
exportar mercadorias provenientes de seus recursos produtivos mais abundantes e a importar
bens cujos recursos sejam mais escassos4.
RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS Atualmente, pelo menos do ponto de vista econômico, o mundo se apresenta
crescentemente interligado, seja por fluxos comerciais, seja por fluxos financeiros. De modo
geral, as relações econômicas internacionais têm posição fundamental para a maioria dos países,
inclusive o Brasil. A partir dessa constatação, o estudo da chamada economia internacional,
como um ramo especifico da teoria econômica, ganhou destaque.
Cada vez mais os países estão interligados e interdependentes. O comércio entre as
nações mais do que duplicou nos últimos trinta anos. Atualmente, acima de um terço de tudo
que é produzido no mundo é comercializado entre nações. Ou seja, é crescente a parcela da
produção mundial que não é consumida no país de origem.
Quais são os fatores que determinam as trocas internacionais? São vários os motivos que
promovem a expansão do comércio para além das fronteiras de cada país. Entre outros, podem
ser citados:
diferenças de dotação de recursos naturais: diferentes países detêm diferenciadas
reservas de recursos naturais, o que favorece as trocas (petróleo, minerais, solos);
assimetria em atributos construídos: cada país desenvolve de modo diferenciado sua
tecnologia, que proporciona diferentes oportunidades de comercialização dos produtos
dela decorrentes (remédios, softwares, engenharia);
qualificação dos fatores de produção: cada país pode ter vantagens na produção, em
decorrência de mão-de-obra melhor qualificada ou em razão de melhor ter desenvolvido
determinados fatores de produção;
relações entre fatores de produção: há fatores de produção que se complementam e
favorecem o intercâmbio entre países.
E quais são as vantagens do intercâmbio internacional? Existem vantagens para os
consumidores e para os produtores. Os consumidores, com a ampliação da oferta têm a
oportunidade de dispor de maior diversidade de produtos. Os produtores, por sua vez, terão
possibilidades de ampliação do mercado, buscando compradores com abrangência internacional.
Com essa ampliação, os produtores terão oportunidade de especializar-se e beneficiar-se das
vantagens da produção em escalas maiores.
O processo de globalização O processo de globalização é a conseqüência do incremento das relações econômicas
internacionais. Os países se organizam em blocos de integração, para facilitar o comércio entre
si e para enfrentar a concorrência internacional de forma mais competitiva.
A globalização exige dos países algumas condições para ingresso nesse “clube de
negociantes internacionais”. A primeira delas é integrar-se econômica e politicamente. A
integração implica em negociações permanentes, participação nos tratados e acordos mundiais
sobre o tema e adaptação às tendências comerciais, que se alteram com velocidade crescente.
Outra condição é a abertura às empresas transnacionais, que são responsáveis pela maioria das
transações do comércio internacional. Os países precisam, também, investir em tecnologias que
favoreçam a inter-relação mundial, como: transportes, comunicações e transmissão de dados.
Ainda, precisam eliminar barreiras comerciais protecionistas e liberalizar suas economias.
As conseqüências da integração são alterações das regras de convivência internas de cada
país. Uma delas é a convergência das relações jurídicas internas, que tenderão a um modelo
mais homogêneo entre todos os países. Por conseguinte, haverá influência externa crescente,
sobre cada país, com o surgimento de organizações multilaterais, acordos entre governos,
implementação de empresas transnacionais. Em suma, haverá redução de atributos de soberania
nacional, que se consolidarão através de acordos de interdependência.
Do ponto de vista macroeconômico, a integração produzirá o aumento do comércio
internacional, se relacionado com a produção interna (PIB) de cada país, provocará a
homogeneização crescente dos fatores de produção e dos produtos, tendendo à equalização dos
custos dos fatores. A influência dos investimentos externos aumentará, e estes serão cada vez
mais atraídos para infra-estrutura e para áreas de tecnologia, em vez de serem dirigidos para
exploração de recursos naturais. As nações se tornarão cada vez menos autônomas no campo
econômico, dependendo de fluxos financeiros internacionais de controle reduzido.
Do ponto de vista microeconômico, as empresas tenderão a ter escalas maiores, podendo
operar com custos mais reduzidos e com maiores condições de competir.
Níveis de integração Existem diversas classificações de níveis de integração entre países. A que
apresentaremos é das mais tradicionais e, como as demais, indica níveis crescentes de
integração.
Zona ou área de livre comércio (exemplos: Nafta, Alca): acordo entre países que busca
a eliminação de tarifas no comércio entre os signatários.
União tarifária ou aduaneira (exemplo: Mercosul): além da eliminação de tarifas no
comércio entre os países signatários, o acordo busca obter a mesma política tarifária para
com o resto do mundo (terceiros países).
Mercado comum: além das características anteriores, o acordo busca obter a
coordenação de políticas monetária, cambial, fiscal, previdenciária e tributária, além da
harmonização de legislação, liberdade de circulação de produtos e de fatores de produção;
deverão inexistir fronteiras alfandegárias. A única diferença entre os mercados dos
diversos países será a distância e o conseqüente custo do transporte.
União econômica e monetária (exemplo: União Européia): os países ficam quase sem
autonomia, adotam o uso de moeda única, têm políticas macroeconômicas comuns e
banco central único. As políticas são regionais, e não mais nacionais.
Blocos econômicos
Alca – Área de Livre Comércio das Américas A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foi idealizada pelos Estados
Unidos, em 1994, durante a realização da Cúpula das Américas. Com o objetivo de
eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba, e formar
uma área de livre comércio para as Américas, até o final de 2005. Posteriormente esse
prazo foi dilatado e, atualmente, não existem condições favoráveis à sua implementação,
mesmo no Congresso norte-americano. Se implantada, a Alca se tornará um dos maiores
blocos comerciais do mundo.
São países-membro da Alca: Antigua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados,
Belize, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dominica, El Salvador,
Equador, Estados Unidos da América, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras,
Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa
Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago,
Uruguai e Venezuela.
Mercosul – Mercado Comum do Sul O Mercado Comum do Sul foi criado oficialmente em 1991 pelo Tratado de
Assunção. É formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além dos países
associados Bolívia e Chile, estando em fase de discussão o ingresso da Venezuela. O
Mercosul tem como princípios básicos estabelecer uma união aduaneira – área de livre
circulação de bens, serviços, mãos-de-obra e capital –, assim como a liberação gradativa
de tarifas alfandegárias e restrições tarifárias.
Os grandes países desse bloco são Brasil e Argentina, tanto por sua área quanto por
seu maior contingente populacional e desenvolvimento econômico.
Nafta – Acordo de Livre Comércio da América do Norte O Nafta foi instituído em 1992 e conta, em seus membros, com os Estados Unidos
da América, México e Canadá, como simples área de livre comércio. O acordo prevê
apenas a eliminação das barreiras legais e das tarifas alfandegárias.
EU – União Européia A União Européia é a materialização do mais elevado estágio da integração
econômica entre nações. O processo teve seu início na Comunidade Econômica Européia
(CEE), fundada em 1957 pelo Tratado de Roma e teve adesão gradativa das nações
européias. Em 1992 foi assinado, em Maastricht (Holanda), o Tratado da União Européia,
que deu a configuração da união econômica e monetária. Em 1999 foi adotada pelos
países signatários a moeda escritural única, o euro, que passou a circular como papel-
moeda apenas no ano de 2002.
Membros da EU: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca*, Eslováquia,
Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália,
Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido*, República
Checa e Suécia*.
Aladi – Associação Latino-Americana de Integração A Aladi substituiu a Alac – Associação Latino-americana de Livre Comércio, com
o objetivo de criar um mercado comum latino-americano. Não conflita com o Mercosul
por pretender ter alcance regional e ser praticado através de acordos parciais, celebrados
em prazo longo. Inicialmente não contemplava Cuba, que recentemente se associou.a esse
grupo de países.
São países-membro da Aladi: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Ao final da leitura deste capítulo, você deverá ser capaz de:
diferenciar os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico;
identificar os principais indicadores de desenvolvimento econômico.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Num primeiro momento, somos levados a acreditar que desenvolvimento econômico é o mesmo que crescimento econômico. Então, como saber o que é desenvolvimento? O desenvolvimento corresponde à participação social no resultado do crescimento. Quando decorrente de crescimento a população obtém melhorias no padrão de vida, ou participa distributivamente do resultado deste crescimento é que ocorre o desenvolvimento. Portanto, podemos simplificar afirmando que crescimento econômico é um fator quantitativo e desenvolvimento econômico é qualitativo.
O desenvolvimento econômico é um processo de mudança estrutural de longo prazo num
sistema econômico. Decorrente do aumento dos recursos disponíveis e/ou sua melhor utilização,
tendo como resultado o aumento da renda per capita real e os níveis de consumo e bem-estar da
coletividade. É a soma de crescimento, industrialização com mudanças estruturais,
especialmente no setor externo e agrícola, e com melhoria na distribuição da renda pessoal e
regional acompanhada do aumento do nível de emprego.
Embora a mensuração do produto gerado em um país, especialmente o PIB (Produto
Interno Bruto) e mais recentemente o PIB per capita (PIB dividido pela população do país)
sejam freqüentemente mencionados, especialmente na mídia, como medidores do
desenvolvimento, esses dados estatísticos são medidas de crescimento de uma nação. Compõem
o conjunto de indicadores que revelam o nível de desenvolvimento de um país, mas não
completam tal conceito. Só pode ser considerado desenvolvido o país que obtiver crescimento
econômico associado ao aumento do bem-estar de seus cidadãos através da diminuição de suas
desigualdades na repartição da riqueza, da redução dos níveis de desemprego, da melhoria geral
da qualidade de vida em atributos como nutrição, saúde, moradia e transporte.
Fatores que influenciam o desenvolvimento econômico
Os principais fatores que influenciam o desenvolvimento econômico podem ser assim
apresentados:
A qualidade e a quantidade dos recursos produtivos disponíveis, incluídos nesse
conjunto especialmente a força de trabalho e o estoque de capital – Sempre que
citamos os recursos produtivos nos referindo à força de trabalho, ao capital e à matéria-
prima. A qualificação desses recursos representa os níveis de formação escolar da mão-
de-obra, determinado pela média de anos freqüentados nas escolas a capacidade
tecnológica do capital existente, se formação interna ou externa e diversidade e
quantidade e qualidade das matérias-primas existentes num sistema econômico.
As condições políticas e sociais: a estabilidade política e institucional – Entendemos
que as condições políticas e sociais são as instituições políticas (partidos políticos) que
legislam em favor da população, e não em favor de segmentos da sociedade. Partindo-se
deste aspecto, que podemos chamar de maturidade e consciência política, a população
conquistará melhorias na estrutura social e político devido a maior policiamento do
comportamento de seus legisladores eleitos.
Dinamismo dos agentes econômicos, que proporcionam eficiência organizacional –
Sempre que a estrutura das organizações que estimulam o funcionamento das atividades
produtivas possuir dinâmica e agilidade no seu processo. Possibilitará que mais
unidades produtivas surjam no mercado aumentando os níveis de emprego e qualidade
de vida. Essa dinâmica pode ser representada pelas decisões do Banco Central do
Brasil, agilizando o funcionamento do sistema financeiro. Agilidade no processo
tributário, ou seja, menos burocracia.
Conseqüências do desenvolvimento As conseqüências do desenvolvimento são muitas, de importância fundamental e
almejadas por todos. Como evidência dessa afirmação, podemos resgatar na campanha para a
presidência da república que a mais importante proposta dos candidatos é a promoção do
desenvolvimento econômico.
Para melhor entender o desenvolvimento e suas conseqüências, temos de partir do
parâmetro comparativo, ou seja, desenvolvido pressupõe necessariamente a existência do não-
desenvolvido (subdesenvolvido). Então, por que desejar as conseqüências do desenvolvimento?
A resposta é simples: o desenvolvimento trará melhorias no padrão de vida da população.
Essas conseqüências possuem caráter temporário, decorrente da natureza do processo
econômico que são as necessidades ilimitadas da população. Representada pela criação de novas
necessidades quando anteriores já foram atingidas. Esse aspecto torna o governo
permanentemente refém das necessidades da população. Entra governo sai governo, a população
considera vitórias já atingidas como direito conquistado e reivindicam novas necessidades. E
assim tem sido através dos tempos. A seguir apresentamos uma síntese das principais efeitos do
desenvolvimento econômico:
Alterações no processo produtivo – As alterações no processo produtivo decorrente
do desenvolvimento econômico significam melhorias tecnológicas bem como sistemas
produtivos menos complexos, ágeis e com maior produtividade. Com essa mudança no
processo produtivo promove em cadeia o estímulo ao investimento no capital produtivo,
desencadeando mais investimentos em formação de capital e assim sucessivamente.
Alterações na estrutura do consumo da sociedade – Em continuidade da evolução do
desenvolvimento econômico associado às conquistas do padrão de vida da sociedade
corresponde, também a melhorias do processo distributivo da renda total gerada no
sistema econômico. Com a evolução da renda, certamente a população modificará seu
padrão de consumo, buscando produtos de maior complexidade e alteração dos bens e
serviços consumidos até então. Como exemplo, podemos citar: “A pirâmide das
necessidades ou a teoria da hierarquia de necessidades de Maslow” (Figura 2).
Figura 2 – Pirâmide das Necessidades de Maslow
Essa pirâmide, criada por Abraham Maslow, (figura acima) demonstra claramente que sua base
é constituída pelas necessidades básicas de sobrevivência (alimentação, segurança, habitação,
etc.) e em seu topo está a necessidade de status, passando por várias outras intermediárias.
Interpretando: saindo princípio que as necessidades básicas da sociedade foram atingidas, esse
grupo reivindicará melhores condições de lazer, por exemplo. Sendo esse processo continuado e
interminável.
Crescente interdependência setorial na economia – Decorrente do desenvolvimento
da economia e motivado pelo avanço tecnológico e melhorias na formação de mão-de-
obra, passa a economia a possuir maiores dependência dos setores entre si.
Considerando a verticalização e a horizontalização do processo produtivo, vamos
constatar que a interdependência dos setores torna-se maior devido ao processo
produtivo ter consolidado as atividades em todos os níveis. Significa que atividades
produtivas que inicialmente não existiam internamente passam a existir a partir do
desenvolvimento.
Em relação ao setor externo – O desenvolvimento permite ganhos de escala, aumenta
a capacidade de importar e possui um efeito multiplicador sobre a economia. Podemos
iniciar a interpretação do impacto do desenvolvimento de uma economia sobre o setor
externo considerando que as melhorias tecnológicas obtidas atribuirão mais
produtividade ao setor produtivo, que, por sua vez, terá competitividade maior no
mercado globalizado. Em conseqüência disso, serão obtidos mais recursos de
exportação, o que significa, na realidade, importação de empregos e mais reservas
cambiais, possibilitando a importação de bens de capital ou promovendo o
desenvolvimento tecnológico interno e, assim, ocorrendo o efeito multiplicador sobre o
setor produtivo da economia.
Principais indicadores de desenvolvimento Como tratado anteriormente, a macroeconomia consiste em ser o compartimento de
ciência econômica que trata da economia como um todo, das questões agregativas. Pergunta-se,
então: como saber se um sistema econômico está crescendo ou se desenvolvendo? E com que
parâmetros estamos medido esse resultado?
Como estamos tratando de análises comparativas entre regiões de um país, entre países ou
blocos econômicos, será necessário usar padrões universais de medida. Podemos citar: uma
mesma moeda universal, o mesmo período temporal, os mesmos parâmetro e índices. Caso
contrário, estaremos comparando indicadores que não mostrarão os mesmos dados e portando
ocorrendo comparações errôneas.
Indicadores econômicos A seguir, seguem os indicadores econômicos.
Renda per capita – Na realidade esse é o indicador de desenvolvimento mais utilizado
mundialmente. A renda per capita, que significa renda por pessoa ou habitante, é obtida
pela divisão do produto interno bruto pela população, da qual obteremos a renda média
por habitante de um país. Sem dúvida nenhuma esse é um indicador de crescimento
econômico, porém não é um indicador de desenvolvimento confiável. Por quê? A
resposta é simples, porque é um valor médio. Se a renda per capita aumenta, significa
que a riqueza produzida num sistema econômico cresce em velocidade superior ao
crescimento demográfico da população. Isso significa crescimento econômico, porém
não desenvolvimento, para ocorrer desenvolvimento é preciso haver participação da
população na renda gerada e acesso à aquisição e à evolução na estrutura de consumo.
Comprovando essa afirmação, um sistema econômico pode estar aumentando seu
produto interno bruto e apresentar altos índices de concentração de renda. Em outras
palavras: a população não teria acesso a essa renda e, conseqüentemente, não usufruiria
dos benefícios do aumento de renda.
Pauta de importações e de exportações – Os países desenvolvidos e subdesenvolvidos
apresentam diferentes e distintas estruturas de importações e exportações. Castro e
Lessa1 afirmam: “Para sabermos o grau de desenvolvimento de um país basta analisar a
estrutura dos produtos de suas importações. Quanto mais elaborados forem os produtos,
menos desenvolvidos ele é e vice-versa”. Dessa afirmação decorrerá toda a nossa
análise da pauta das importações e exportações de um sistema econômico. À medida
que um sistema se desenvolve, acontece uma evolução tecnológica do parque produtivo
interno e melhorias na qualificação da mão-de-obra. Em conseqüência, obtém ganhos de
produtividade e competitividade no mercado globalizado, passando, portanto, a exportar
produtos elaborados (com mais valor agregado) e, conseqüentemente, a importar
empregos. Por outro lado, passa a importar produtos em sua forma, mas bruta (matéria-
prima) a preços menores com menos valor agregado, decorrendo disso modificação da
pauta das importações de produtos acabados para forma bruta, bem como as
exportações da forma bruta modificando-a e para a forma elaborada.
Estrutura da produção e do emprego – Nesse indicador é demonstrado o padrão da
estrutura de produção e do emprego, ou seja, com o desenvolvimento, a estrutura de
produção se altera, e essas modificações ocorrem na proporção em que o
desenvolvimento evolui. Podemos, então, afirmar que em um país subdesenvolvido a
estrutura de produção está direcionada à atividade primária, com baixa utilização de
tecnologia, indo ao desenvolvimento com larga utilização de tecnologia.
Conseqüentemente, a estrutura do emprego segue o mesmo raciocínio, estabelecendo
uma relação de causa e efeito. Como a atividade produtiva está fundamentada no setor
primário (agricultura, extrativismo e pesca) a exigência de mão-de-obra qualificada
praticamente não existe; por outro lado, no decorrer do desenvolvimento, a tecnologia
usada aumenta, em conseqüência do direcionamento da produção para o setor
secundário (transformação), a exigência da qualificação da mão-de-obra aumenta.
Concluindo, quanto menos desenvolvido for um sistema econômico, mais a estrutura de
produção e emprego estará fundamentada na atividade primária e ao contrário com o
desenvolvimento evoluindo ocorrerá o direcionamento para a industrialização.
Indicadores demográficos A seguir, seguem os indicadores demográficos.
Taxa de crescimento demográfico – Nesse indicador, saberemos que o grau de
desenvolvimento de uma nação corresponde, numa razão inversa, à taxa de crescimento
populacional. Ou seja, quanto maior for a taxa de crescimento demográfico, menos
desenvolvido será o país. Com o desenvolvimento, a formação cultural e o poder
aquisitivo da população aumentam, tornando-se esta mais consciente e responsável com
a paternidade, decorrendo numa população com a média de filhos por família menores.
As pirâmides etárias dos países são diferentes: os subdesenvolvidos possuem uma
população jovem que caracteriza a base da pirâmide larga em relação ao seu topo.
Estrutura etária da população – À medida que a pirâmide etária de um país passa a
possuir uma base não tão significativamente grande em relação à sua altura, demonstra
que o crescimento demográfico diminui e a expectativa de vida da população aumenta.
O aumento da expectativa de vida da população é decorrente do crescimento da
qualidade de vida obtida através de melhorias no acesso ao sistema de saúde,
alimentação e saneamento.
Expectativa de vida ao nascer – Quando tratamos de desenvolvimento, jamais
devemos desassociar os indicadores econômicos e seus benefícios à população.
Portanto, a expectativa de tempo de vida de um cidadão é um forte indicador de
desenvolvimento de cada país. A idade média da população brasileira na década de
1940 estava em torno de 50 a 60 anos e, hoje, está acima dos 70 anos. Pergunta-se:
quais fatores contribuíram para esse ganho de vida média conquistado pelo brasileiro? A
resposta está no desenvolvimento e significa o crescimento econômico aumentando com
ganhos da participação da população neste, podendo ser citado o aumento do nível de
saneamento das cidades, o acesso à renda, à educação e ao lazer, bem como a evolução
tecnológica da medicina que reverte diretamente ao povo. A decorrência dessas
conquistas foi o aumento do tempo de vida média da população.
Taxa de mortalidade infantil – É a quantidade de óbitos para cada mil nascimentos.
Esse é um indicador de desenvolvimento, pois indiretamente representa o acesso da
população ao acompanhamento pré-natal e à obstétrica, ou seja, seu acesso ao sistema
de saúde. Quanto menor for essa taxa, mais desenvolvido será o país. Como já visto em
dados anteriores, com a evolução tecnológica da medicina e o direcionamento de
maiores recursos financeiros e humanos do governo voltados para o pré-natal obteve-se
a redução do índice de mortalidade infantil, ou seja, mais uma vez o crescimento
econômico sendo revertido à população.
Indicadores sociais A seguir, falaremos dos indicadores sociais.
Taxa de analfabetismo – Esse indicador é considerado social por que nos mostra em
termos médios qual a quantidade de indivíduos que não são alfabetizados em relação ao
total da população. Quanto maior ela for, menor tenderá a ser o desenvolvimento do
país e vice-versa. Qual é a relação entre analfabetismo e desenvolvimento de um país?
Está na relação de que, quanto maior for o crescimento econômico, maior será a
exigência da formação dos indivíduos para acesso ao emprego. Na década de 1930, um
brasileiro estava suficientemente formado com o ensino fundamental, para o então
mercado de trabalho; hoje a formação superior não lhe dá garantia alguma de acesso a
esse mercado.
Participação da mulher na sociedade – Uma sociedade patriarcal, muitas vezes,
demonstra seu nível de desenvolvimento. A relação igualitária da participação da
mulher na sociedade pode demonstrar o grau de desenvolvimento, ou seja, à medida que
o desenvolvimento ocorre, a sociedade como um todo passa a usufruir do processo
participativo a decisório. Até meados da década de 1930 a mulher no Brasil não tinha
direito ao voto, não participava das decisões políticas. Hoje, há governadoras
comandando estados em padrão de igualdade com os homens. Não só no processo
político, mas também no mercado de trabalho tem-se constatado que a mulher está
conquistando espaço e até mesmo competido com os homens e muitas vezes superando-
os. Existem empresas que têm preferência pelas mulheres nos cargos diretivos. Isso
pode ser evidenciado pela existência de muitas mulheres serem chefes de família.
Inclusão social – O acesso aos benefícios obtidos via crescimento econômico, a
redução de desigualdades sociais e a participação de todos no processo político são
fatores que indicarão o grau de desenvolvimento. Como exemplo, pode-se citar a
desigualdade social existente na Índia, onde indivíduos nascem em castas sociais e são
impedidos de ter acesso a certos benefícios, sendo condenados a viver na mesma
condição até a morte.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – Foi criado para medir o grau de acesso
da população aos benefícios obtidos pelo crescimento econômico, ou seja, quando os
indicadores de crescimento econômico de um país evolução, somente haverá
desenvolvimento se a população tiver acessos a estes benefícios. Podemos exemplificar
pela distribuição de renda independente do valor da renda per capita, pois esta nos
mostra uma média, e não a sua distribuição. Assim podemos citar vários outros
indicadores, como taxa de escolaridade, Saneamento básico e muitos outros.
Acesso à educação – Como indicador de desenvolvimento, podemos avaliar o grau de
acesso da população aos bancos escolares e o tempo de permanência anual média da
população na formação escolar. Nos países subdesenvolvidos, a população deixa de
freqüentar a escola para trabalhar e compor a renda familiar e sua sobrevivência,
ocasionando, conseqüentemente, baixa formação e qualificação da mão-de-obra de uma
nação.
Longevidade – A perspectiva de média de vida da população de um país também é um
indicador de desenvolvimento, uma vez que, quanto maior for essa expectativa, melhor
qualidade de vida a tem população, seja pelo acesso ao sistema de saúde público ou
privado seja pelo melhor acesso à alimentação e ao saneamento básico que representará
evolução no padrão de vida da população como um todo.
Distribuição de renda – A distribuição de renda é outro indicador do grau de
desenvolvimento de um país. Normalmente, a evolução da economia de uma nação é
medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas
por uma economia em determinado tempo (um ano). Para obter o indicador da renda
média dessa economia basta dividir o PIB pelo total da população que obteremos a
renda per capita. Porém este indicador não nos da as informações concretas do acesso
desta população a renda visto que se tratar de um valor médio. O acesso da população a
essa renda nos definirá o grau de desenvolvimento obtido.