Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

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MACROECONOMIA

ELEMENTOS DE MACROECONOMIA

A macroeconomia estuda a economia em seu conjunto, analisando as variáveis de

maneira agregada e não de maneira isolada, como a microeconomia. Podemos entender

Macro e Microeconomia, através do seguinte exemplo: É Microbiologia o estudo das

plantas, aves, animais, células etc... ,é o estudo da Macrobiologia o estudo agregado das

composições: Flora, fauna, corpo humano etc..., na Economia é o mesmo sentido. Na

Microeconomia estudamos os agentes econômicos e seus comportamentos, como os

indivíduos ( demanda ), as empresas ( oferta ) o mercado e sua interrelação econômica e

assim por diante. Na Macroeconomia estudamos a renda de todas as pessoas, a

poupança da população, a produção nacional, a inflação , comércio exterior e assim por

diante, perceberam a diferença. São típicas variáveis de interesse da análise

macroeconômica: a renda e o produto, o nível de preços, o emprego e o desemprego, a

moeda e o câmbio, o balanço de pagamentos, a taxa de juros.

Quando se estuda e promove relacionamentos entre as variáveis econômicas

agregadas, a macroeconomia não leva em consideração o comportamento das unidades

econômicas individuais e de mercados específicos, análise típica da microeconomia. Ao

estudar o nível geral de preços, a macroeconomia não se ocupa da formação dos preços

de um produto especificamente. Ao analisar o mercado, ocupa-se do seu conjunto,

observando aspectos de um setor ou uma indústria no seu conjunto.

A macroeconomia ocupa-se de analisar o curto prazo, especialmente no que se

refere à maximização do produto e da minimização do desemprego de fatores

produtivos e da inflação. Quando estuda questões de longo prazo, a análise

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macroeconômica denomina-se TEORIA DO DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO

ECONÔMICO.

Os métodos de análise básicos, no estudo da determinação de preços e

quantidades são:

análise do equilíbrio parcial: estuda-se um mercado isoladamente, não

levando em consideração as possíveis interferências dos demais mercados;

esta lógica basea-se no pressuposto “ ceteris paribus”, ou seja, mantidas as

demais variáveis do modelo a ser estudado como constantes ou seja não

influenciam na análise em questão. Por exemplo: Quando estudamos o efeito

do preço em uma mercadoria, estamos considerando ceteris paribus as demais

variáveis que poderiam influenciar no preço como por exemplo a renda do

consumidor, seus gostos, preferências etc..., mas neste modelo preço,

mercadoria não estamos levando as outras variáveis em questão.

análise do equilíbrio geral: considera-se a interdependência de todos os

mercados. Os preços dos bens se formam em um mercado influenciados pelo

conjunto dos bens desse e dos demais mercados e pelos preços de todos os

insumos da economia.

IDENTIDADES MACROECONOMICAS BÁSICAS

As Identidades macroeconômicas básicas são o Fluxo circular da

Renda, Empresas e famílias, O estado como elemento constitutivo do

sistema econômico, As diferentes categorias de rendimento: salário,

lucro,aluguel, juros, impostos. As identidades macroeconômicas básicas são estudadas a partir do Fluxo Econômico,

mas você sabe o que é o Fluxo Econômico?

FLUXOS ECONÕMICOS

Os fluxos economicos são a “chave” para entender a relação econômica

entre produção e consumo, esta foi estudada amplamente pelo fisiocrata

François Quesnay, quando explicou o fluxo real e nominal da economia

para demonstrar que a economia era o reflexo de dois fluxos entre os

agentes econômicos e que a inte-relação entre os mesmos faz com que a

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economia, apresente seus efeitos benéficos, maléficos ou de equilíbrio a

sociedade .

Os agentes econômicos como sabemos são todas as familias em seu

consumo, empresários e suas empresas, governo e instituições financeiras

que participam de uma economia.

O fluxo econômico real ou produtivo representa o fluxo de troca de bens e

serviços gerados pelas empresas ás famílias que por conseqüência

ofertam sua Mao de obra como fator de produção as empresas no sentido

de produzirem estes bens e serviços que satisfarão as necessidades

familiares.

Já o fluxo nominal ou monetário é o contra-fluxo ou fluxo de retorno de

pagamentos monetários referente aos salários pelo uso da Mao-de-obra

por parte das empresas e as famílias devolvendo suas rendas as empresas

em troca de consumo gerando lucros aos empresários em função de sua

produção. Entre entes dois fluxos o governo entra tributando a produção e

consumo nas duas pontas, ou seja consumo e produção, no sentido de

garantir o bem estar econômico de todos e os serviços básicos aos

cidadaos menos favorecidos. Também as instituições financeiras entram

como intermediadores destes fluxos garantindo financiamento a produção

e consumo captando recursos via poupança da empresa e das famílias e

financiando através da poupança gerada pelos agentes superavitários os

agentes deficitários em seus consumos pou investimentos.

Abaixo observaremos os fluxos econômicos real e nominal da economia e

seu funcionamento.

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Gráfico fonte ; Prof. MSc. Elói Martins Senhoras.introdução a economia

Observamos no quadro acima que o fluxo A as famílias ofertam as

empresas Mao de obra, enquanto que no B as empresas remuneram as

famílias com salários, já o fluxo C é o retorno as famílias de bens e serviços

produzidos pelas empresa utilizando a Mao de obra das famílias que em

contra-partida recebem remuneração pelo dispêndio dos individuos em

consumo no fluxo D. os fluxos A e C representam o fluxo real da economia

e o fluxo B e D são os fluxos nominais ou monetários.

FATORES DE PRODUÇÃO

Os fatores de produção são os meios que a sociedade possui para

produzirem os bens e servicos que irão satisfazer as necessidades dos

indididuos à sua sobrevivência em sociedade são eles: o capital, a mão de

obra, a capacidade gerencial, tecnologia e terra e a inter-relação entre os

fatores de produção e agentes econômicos estão refletidas no Fluxo

Economico.

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Estes fatores de produção melhor combinados entre si e com maior grau

de liberdade sobre seus custos durante a produção, farão com que a

sociedade ganhe produtos mais competitivos e com mais baixos preços,

gerando emprego, renda e consumo condizentes as suas necessidades

básicas de sobrevivência e consumo.

Estes fatores de produção tem em si cada um uma remuneração por seu

uso conforme a tabela acima demonstrou, logo é necessário investimentos

em cada fator no sentido de torná-los mais competitivos que em outros

mercados concorrentes.

Lembro que o ideal em uma economia é que este fluxo tenha um

funcionamento equilibrado, onde produção, trabalho, renda e consumo

seja equivalentes. O problema básico é que na Economia em geral ele não

funciona de forma equilibrada, principalmente nos sistemas capitalistas o

consumo geralmente é maior que a renda, o trabalho e a produção,

gerando desequilíbrios e efeitos muitas vezes maléficos, como a inflação, o

crédito desenfreado bancário àqueles que não possuem capacidade de

pagamento etc...de outro lado podemos ter uma forte produção, sem

contra-partida no consumo, gerando fortes estoques produtivos, que

inevitavelmente irão gerar falta de emprego, grande poupança e baixo

consumo etc...

CURVA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO PRODUTO EFETIVO E POTENCIAL DE UMA ECONOMIA

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‘Para satisfazer as necessidades humanas são precisos bens, bens esses que dificilmente se encontram já disponíveis. Precisam de ser produzidos, alterados de modo a terem valor para as pessoas. A produção faz-se a partir de recursos e fatores produtivos como terra (ou recursos naturais, que inclui a terra arável, os minérios, a água, a energia, etc.), trabalho (toda a atividade humana para a produção), capital (que é constituído pelos instrumentos duráveis, como máquinas, fabricas, estradas, etc.) e conhecimentos técnicos. Devido aos recursos limitados uma sociedade tem que escolher as quantidades de bens e serviços a produzir, mais comboios e menos automóveis, mais café e menos chá, etc. As possibilidades de escolha são imensas mas para simplificar vamos admitir que uma sociedade apenas pode produzir dois tipos de bens, café e sapatos. Aplicando todos os recursos na produção destes dois bens podemos obter várias combinações possíveis. Poderíamos aplicar todos os recursos na produção de sapatos, mas ficaríamos sem recursos para produzir café ou vice-versa, não é normal que uma sociedade gaste todos os seus recursos num só bem sem produzir nada do outro. A situação mais normal e racional é aquela em que ambos são produzidos. Para podermos analisar todas as situações possíveis recorremos a um gráfico muito importante em Economia: a fronteira de possibilidade de produção (fig.2) que representa o lugar geométrico dos pontos de produção máxima de café e sapatos, dado um certo montante de recursos disponíveis.

A curva de possibilidade de produção ilustra graficamente como a escassez de fatores de produção criam um limite para a capacidade produtiva de uma empresa, país ou sociedade. Ela representa todas as possibilidades de produção que podem ser atingidas com os recursos e tecnologias existentes. A concavidade da curva indica que, dadas as quantidades dos recursos, se a sociedade quiser aumentar sucessivamente a produção de um bem, maior será a taxa de sacrifício (o custo de oportunidade) associada a tal intenção (isso em termos da produção do outro bem). Os pontos sobre a curva mostram o máximo possível da produção combinada das duas mercadorias como mostram os pontos A, B e C (fig.3). A economia pode produzir no interior da curva, num ponto como D, ter mais café sem sacrificar sapatos, no entanto, isso significaria a não utilização de alguns recursos. Os pontos que se encontram fora da curva das possibilidades de produção, num ponto como E, são inatingíveis devido á falta de recursos para lá chegar.A Curva de possibilidades de produção também demonstra a capacidade da produção potencial de um pais. Logo ela representa a produção

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potencial máxima do pais, caso o mesmo venha aplicar todos seus recursos ao máximo buscando a maior capacidade produtiva possível, porém como nem sempre isto é possível e geralmente os países trabalham abaixo da plena capacidade por vários motivos, temos uma produção efetiva geralmente menor que a potencial, mas nunca maior. A diferença entre a capacidade potencial e efetiva, chama-se de hiato de produto, conhecido também como capacidade ociosa da produção. HIATO DE PRODUTO = PRODUTO POTENCIAL – PRODUTO EFETIVO

Fonte; http://prof.santana-e-Silva.pt/economia_e_gestao/trabalhos_06_07/word/Alfred%20Marshall%20-%20A%20Teoria%20do%20Valor.pdf As relações intersetoriais As atividades econômicas produtivas são geradas pelas empresas que tem por finalidade combinar fatores de produção, gerando bens e serviços para a satisfação da coletividade, bem como maximizar o Lucro empresarial de forma a remunerar o investimento empresarial. Sabemos que todas as empresas compram matérias-primas, empregam mão-de-obra, captam recursos financeiros, utilizam capacidade gerencial e uma tecnologia de produção. Cada empresa em geral atua em ramos específicos de atividade produtiva, podendo até mesmo ser em vários ramos conceituados em 3 grupos: primário ( agricultura ), secundário ( industria ), terciário ( comércio e serviços ). Em geral as empresas precisam estar realizando negócios com várias outras empresas buscando fornecedores e atendendo clientes. A interrelação empresarial com outras empresas conceituamos economicamente como relações intersetoriais de vendas e compras e a análise destas relações nos remete ao Valor da Produção do conjunto da economia. Observe abaixo como se aplica estes conceitos baseado em dados para uma economia fechada, ou seja, não existem compras e vendas ao exterior.

SETORES PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO VENDAS INTERMEDIÁRIAS

DEMANDA FINAL

VALOR DA PRODUÇÃO

PRIMÁRIO 200 250 900 1350 2000 3350

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SECUNDÁRIO 350 350 800 1500 2500 4000

TERCIÁRIO 1200 900 1200 3300 4000 7300 COMPRAS INTERMEDIÁRIAS 1750 1500 2900 6150

VALOR AGREGADO 1600 2500 4400 8500

VALOR DA PRODUÇÃO 3350 4000 7300 14650 Compras Intermediárias = analise verticalmente Vendas Intermediárias = “ horizontalmente A tabela nos indica o seguinte: O setor primário vende a outras empresas do setor 200 e ao setor secundário vende 250, totalizando de vendas intermediárias entre setores 1350, além dos agentes econômicos famílias, governo etc.. demandarem 2000, gerando o setor primário 3.350 de Valor da Produção. Da mesma forma podemos analisar horizontalmente o setor secundário e terciário. Se analisarmos as compras intermediárias ( horizontalmente ), temos que : o setor primário compra dele mesmo 200, do setor secundário compra 350 e do terciário 1200, totalizando uma compra de 1.750 que subtraído do valor da produção total do setor que foi de 3.350, temos o valor agregado pelo setor a economia como um todo de 1600.Por conseqüência temos as seguintes fórmulas que explicam as interelações setoriais na economia. VALOR DA PRODUÇÃO = VENDAS INTERMEDIÁRIAS + DEMANDA FINAL E VALOR DA PRODUÇÃO = COMPRAS INTERMEDIÁRIAS + VALOR AGREGADO. Observaram na tabela que não necessariamente o total das vendas deva ser igual ao total das compras , pois o valor da demanda final tem incluídos os demais agentes econômicos não empresariais, e portanto será diferente do valor agregado.Mas se observarmos as compras e vendas intermediárias entre os setores da economia, ou seja entre empresas, compras devem ser iguais as vendas entre setores. Portanto, VENDA INTERMEDIÁRIA = COMPRA INTERMEDIÁRIA E VALOR AGREGADO = DEMANDA FINAL Da conclusão acima diríamos que o calculo do produto deve ser feito a partir do Valor Agregado , como também da demanda agregada final. Tabela Resumo:

SETORES VALOR AGREGADO DEMANDA FINAL

PRIMÁRIO 1600 2000 SECUNDÁRIO 2500 2500 TERCIÁRIO 4400 4000

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PRODUTO FINAL 8500 8500

Dentre as medidas que utilizamos para medir o nível da atividade do fluxo

econômico a mais evidenciada nos meios de comunicação está o PIB

(Produto Interno Bruto).

O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) é a soma dos preços dos bens e serviços finais

produzidos numa economia em certo período – preços versus quantidades produzidas.

Equação fundamental do produto: A fórmula matemática do PIB é: n

PIB = Σ (qi.pi) , sendo pi e qi os preços e as quantidades de cada bem i,e n o número i=1

de bens da economia.

O mesmo pode ser obtido por três óticas, produto, renda e despesa. Sob

a ótica do produto obtém-se o Valor Adicionado pela diferença entre o valor

de produção destinado ao mercado interno e externo e os consumos

intermediários de bens e serviços nacionais e importados. Numa economia

com governo, adiciona-se à Produção os impostos sobre os produtos. Sob a

ótica da renda , o Valor Adicionado em um determinado período é obtido

através da remuneração dos fatores de produção – salários, juros, lucros e

aluguéis. Os salários correspondem à remuneração do trabalho, os juros a

remuneração do capital de empréstimo, o lucro à remuneração do capital de

risco, e o aluguel a remuneração dos proprietários dos bens de produção.

Numa economia aberta e com o setor governo adicionam-se também as

rendas líquidas enviadas ao exterior e impostos sobre os produtos e a

atividades.Por fim o PIB medido pela ótica da despesa, numa economia

aberta e com governo, construímos agregados que representam os destinos

do Produto para consumo, investimento e variação dos estoques (Formação

Bruta de Capital Fixo1) mais o saldo das exportações sobre as importações

de bens e serviços.

Mais adiante iremos estudar a formação destes indicadores de forma

nominal e real e sua importância no estudo da economia em geral.

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Conceitos básicos de algumas variáveis macroeconômicas notáveis

Valor adicionado – É a soma dos preços dos bens e serviços finais produzidos numa

economia em certo período. Representa a diferença entre o valor das vendas e o valor de

insumos e matérias-primas utilizados no processo de produção. Isso significa que não são

computadas no valor adicionado os bens intermediários (insumos e matérias-primas)

utilizados pelas empresas.

Produto nacional – É a medida dos valores adicionados pelas empresas aos bens

elaborados e aos serviços prestados, em toda a economia nacional.

Renda nacional – É a soma das remunerações pagas aos fatores de produção utilizados

pelas empresas. Representa a soma dos pagamentos de salário, juros, aluguel/arrendamento

e lucros no País, em dado período de tempo.

As principais medidas da atividade econômica

Entre as variáveis macroeconômicas mais significativas estão o valor bruto da produção, o

produto interno bruto, a renda nacional etc., cujos conceitos estão enunciados a seguir.

O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP) é a soma dos preços de bens e serviços produzidos

numa economia em determinado período – preços versus quantidades produzidas. Posto que

no VBP não há distinção entre bens intermediários e bens finais, essa medida superestima o

valor da produção social, ao contabilizar o valor dos bens intermediários tantas vezes

quanto estes entrarem na elaboração do produto final.

Os BENS INTERMEDIÁRIOS são aqueles destinados à utilização intermediária, que entram

na composição de outros bens, enquanto os bens de utilização final se destinam ao consumo

final e desaparecem com a sua utilização. Exemplos: o pão é bem de utilização final; a

farinha, que foi utilizada na produção do pão, é um bem intermediário.

Produto interno bruto = consumo + investimento + exportações – importações

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Abaixo apresentamos a evolução do PIB Brasileiro DE 2001 A 2008.

Evolução do PIB brasileiro nos últimos anos

Ano Em milhões de reais correntes

Per capita, em reais correntes

Em milhões de dólares estadunidenses correntes

Taxa de variação real no

ano 2001 1.198.736,19 6.896,35 509.796,80 1,3% 2002 1.346.027,55 7.630,93 459.379,39 2,7% 2003 1.556.182,11 8.694,47 506.784,16 1,1% 2004 1.766.621,03 9.728,84 603.993,65 5,7% 2005 1.937.598,29 10.519,88 795.924,37 3,2% 2006 2.300.133,20 12.688,04 1.067.600,00 4,0% 2007 2.558.000,00 13.515,00 1.313.098,52 5,7% 2008 2.889.719,00 15.240,00 1.665.839,00 5,1%

Fonte: Banco Central do Brasil

O PIB é um dos conceitos mais utilizados em geral pelo publico para avaliar a

economia nacional, seu crescimento, estagnação e ou recessão. Porém devemos

sempre levar em consideração alguns temas que fazem com que o mesmo possa

levar os estudiosos a erros em suas análises e dificilmente são fáceis de medir como

por exemplo: O PIB não leva em consideração ao medi-lo se os preços estão

artificialmente elevados em função de grupos econômicos locais que formam

preços, também não leva em conta a qualidade das contas que o compõem, como

por exemplo podemos ter somente uma empresa no pais que gera 90% do PIB e que

a mesma produz bens e ou serviços efêmeros que amanhã ou depois poderiam

simplesmente desaparecer, influenciando dramaticamente no calculo de nosso PIB.

Também não leva algumas vezes em seu calculo a produção de alguns bens e ou

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serviços não reconhecidos mercadologicamente, por exemplo; Trafico de drogas,

prostituição, negócios irregulares etc... que as vezes podem e influenciam bastante

nas economias de alguns países principalmente os em desenvolvimento. Até mesmo

podemos ter investimentos em bens e serviços que aparentemente iriam gerar renda,

mas nada mais são do que investimentos em gastos que seus custos sociais poderiam

anular os mesmos e as vezes são até maiores. Caso de gastos com tratamento de

efluentes industriais que apesar de anular muito dano social, muitas vezes o custo

social da saúde publica é maior e reduzirá o PIB no Longo Prazo.

As precauções na elaboração do cálculo do produto

As principais precauções que devem ser observadas na elaboração do cálculo do

produto são:

evitar a “dupla contagem” das mercadorias. Medir o valor agregado pelas

empresas aos bens elaborados e aos serviços prestados, somando-se assim

apenas o valor dos bens de utilização final;

desconsiderar as variações que os preços sofrem devido à inflação. Quer

dizer, o valor do produto deve ser medido em termos reais. Enquanto o

produto real mede o valor do produto a preços constantes, ou

deflacionado, o produto nominal mede o valor do produto a preços

correntes, ou inflacionado. Para tanto, deve-se utilizar aqui os “números

índices”, para deflacionar e/ou inflacionar duas séries estatísticas, de

preços e quantidades, que permite obter as medidas real e nominal do

produto. Observação: “deflacionar” o produto significa transformar

valores nominais, ou a preços correntes, em valores reais, ou a preços

constantes, enquanto “inflacionar” o produto significa transformar valores

reais, ou a preços constantes, em valores nominais, ou a preços correntes.

Para inflacionar e/ou deflacionar o valor do produto, utilizam-se os

números índices de Laspeyres (IPC) e Paasche (deflator da renda), um

superestimando os preços e o outro as quantidades.

desconsiderar as transações de mercadorias produzidas em exercícios

anteriores que, mesmo não tendo sido vendidas ou mantidas em estoques,

já foram consideradas na elaboração do cálculo do produto antecedente.

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Neste caso, aplica-se o conceito de investimento e o valor dos estoques é

contabilizado acrescentando-se ou diminuindo-se ao valor do investimento

interno bruto fixo das empresas, tendo em vista o acréscimo ou decréscimo

dos estoques no período em consideração. Também devem ser

desconsideradas as transferências do governo ao setor privado da

economia, pois são transações não-produtivas.

Contas Nacionais Nominais e Reais

É deveras importante que se faça uma análise dos dados do PIB e outros

indicadores econômicos, sempre buscando torná-los mais próximos da realidade

nacional em seus períodos de análise. Por isto, geralmente no estudo do PIB por

exemplo usamos os chamados deflatores do PIB, uma vez que o mesmo por tratar de

produção, renda e consumo, sofre influência da Inflação no período em que é estudado.

Para podermos tratar do assunto contas Nominais e Reais é necessário

conhecermos bem a lógica aplicada pelo estudo do Nível Geral de Preços.

O nível Geral de Preços

O nível Geral de Preços reflete o nível médio dos preços dos bens e serviços de um

período para outro através de uma comparação. Podendo o mesmo refletir o

crescimento, declínio e estabilidade da taxa de inflação. Sempre o mesmo é calculado

baseado em um período base. Um estudo mais detalhado sobre a inflação sobre suas

causas, conseqüências será mais afrente estudado.

Considere a situação abaixo:

Feijão saca 60 kg.

PERÍODO INDICE DE PREÇOS

TAXA DE INFLAÇÃO

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1 100 2 110 8% 3 123,35 15%

Lembre-se que o Brasil tem uma história econômica fortemente ligada a inflação e a

busca de seu equilíbrio,observe também a inflação no pais ao longo das últimas

décadas.

Índices da inflação (IBGE)

Gráfico inflação no Brasil entre 1930 e 2005

Década de 1930 = média anual de 6%; Década de 1940 = média anual de 12%; Década de 1950 = 19% Décadas de 1960 e 1970 = 40% Década de 1980 = 330%

o Nota = Entre 1985 e 1994 as taxas da inflação no Brasil foram altas. Entre 1990 a 1994 =média anual de 764% Entre 1995 a 2000 = média anual de 8,6% Ano de 2004 = 7,60% Ano de 2005 = 5,69% (IPCA): limite máximo na meta oficial = 7%; objetivo do

governo = 5,1%;

Especificamente, temos o seguinte quadro inflacionário pelo IPCA cheio, no período 1998-2008:

1998 = 1,65% 1999 = 8,94% 2000 = 5,97% 2001 = 7,67% 2002 = 12,53% 2003 = 9,3% 2004 = 7,6% 2005 = 5,69%

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2006 = 3,14% 2007 = 4,46%

No Brasil existem vários índices de inflação e órgãos com critérios próprios para

calcularem a mesma, podemos citar os seguintes:

INDICES DE PREÇOS NO BRASIL

INDICE ORGÃO CONCEITO No. Salários Minimos PERIODOS DE ABRANGENCIA REGIÕES DE ABRANGENCIA - RM

IGP-DI FGV - Indice geral de preços - demanda interna 1 a 33 1 a 30 dias uteis 8 Regiões Metropolitanas

IGP-M FGV - Indice geral de preços - mercado 1 a 33 22 a 21 dias uteis Rio e São Paulo

IPC FIPE - Indice de preços ao consumidor 1 a 20 1 a 30 dias uteis São Paulo

INPC IBGE - Indice Nacional de preços ao consumidor 1 a 8 1 a 30 dias uteis 11 Regiões Metropolitanas

IPCA IBGE - Indice Preços Consumidor Ampliado 1 a 40 1 a 30 dias uteis 11 Regiões Metropolitanas

IPCA-E IBGE - Indice Preços Consumidor Ampliado - Especial 1 a 40 1 a 40 dias uteis 11 Regiões Metropolitanas

ICV DIEESE - Indice do Custo de Vida 1 a 33 1 a 33 dias uteis São Paulo

ICVM OESP - Indice do custo de vida da classe média 1 a 33 6 a 33 dias uteis São Paulo

CUB SINDUSCON - Custo dos materiais da Construção Civil 30 dias uteis 8 Regiões Metropolitanas

A partir deste conhecimento básico dos índices de preços calculados no Brasil,

podemos aplicá-lo em nossos estudos ligados ao PIB nominal e real.

Observem o seguinte: o PIB deste ano foi de R$ 100,00 e no ano que vem foi de

R$ 120,00, ou seja houve um crescimento de 20% (120/100) x 100 = 20%, mas se no

período a inflação medida foi também de 20%, logo o PIB manteve-se equilibrado.

Chamamos de PIB nominal aquele que não foi deflacionado, simplesmente levou

em consideração os valores dos Bens e Serviços produzidos no período sem tirar do

mesmo a inflação registrada no período, para poder analisar em comparação com o ano

anterior e se assim for realizado, será chamado de PIB real, ou a preços constantes.

Vejamos agora como fazer os cálculos dos PIB nominais, baseados no seguinte

exemplo:

QUANTIDADE (TON) PREÇOS (R$/KG)

ANO ARROZ FEIJÃO ARROZ FEIJÃO 2006 200 103 1 0,5 2007 240 124 1,5 0,8

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Fórmula :

. n

PIBnominal = Σ (q2.p2/q1.p1)-1, onde: q2 e p2 = preços e quantidades período 2 e

i=1 q1 e p1 = preços e quantidades do período 1.

ANO 2006 = PIB = Σ (q1.p1) = (200X1 + 103X0,50) = 251,50

ANO 2007 = PIB = Σ (q2.p2) = (240X1,5 + 124X0,8) = 459,20

n

PIBnominal = Σ (q2.p2/q1.p1)-1= (459,20/251,50)-1= 82,80% i=1

Com estes cálculos podemos concluir que o crescimento nominal

considerou somente as variações das quantidades e dos preços. Porém para medir a

variação do bem estar econômico do ano 1 para o ano 2, devemos ignorar a evolução

dos preços. Abaixo iremos calcular o PIB de cada ano considerando os preços

constantes do ano 1, ou seja, os PIB reais.

Fórmula de índice de preços de LASPEYRES: n

PIBreal = Σ (Σ q2.p1/ Σ q1.p1)-1= i=1

ANO 2006 = PIB = Σ (q1.p1) = (200X1 + 103X0,50) = 251,50

ANO 2007 = PIB = Σ (q2.p1) = (240X1 + 124X0,50) = 302

n

PIBreal = Σ (Σ q2.p1/ Σ q1.p1)-1= (302/251,50)-1= 20% i=1

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A partir destes cálculos concluímos que o Indice Nominal = Indice real x índice de

preços e por conseqüência o Indice de Preços = Indice Nominal / índice real.

Aplicando a lógica sobre os resultados anteriores temos:

Indice de preços: 1,8280 /1,20 = 1,5233 ou seja = 52,33% de variações nos preços.

INDICE DE PAASCHE

Este índice também é conhecido por deflator implícito de Preços, se observarmos a

igualdade INDICE NOMINAL = INDICE REAL X INDICE DE PREÇOS,tem-se que

Indice real = Indice Nominal/Indice de preços, logo pode-se na economia a variação

real nas quantidades , dividindo-se o índice nominal pelo índice de preços, este ato em

Economia chama-se de deflacionar um valor para traze-lo a valores reais e poder

elaborar análises com dados que não possuem margens de erro em função da perda dos

valores monetários ao longo do tempo e principalmente em economias em

desenvolvimento.

Produto Real e Produto per capita

Geralmente temos a tendência de pensa, que quanto maior o nível de produto, ou

PIB, que apesar de espelhar o empenho da economia nacional ser favorável, nem

sempre isto traz melhoras no bem-estar econômico da população em geral, pois isto

depende geralmente de outro fator que a distribuição deste produto.

Também temos de levar em consideração que a população nacional cresce de tal

maneira que é necessário perceber se este crescimento do produto esta sendo real, ou

seja efetivamente maior que o aumento do nível demográfico populacional,porque

senão iremos incorrer em um erro no qual existe uma população maior para um nível de

produto e renda menor e geralmente isto não é benéfico. Apesar destas colocações

iniciais um dos indicadores mais usados mundialmente para perceber-se que está

havendo aumento efetivo de bem-estar econômico na população é o estudo do produto

ou renda per capita.

PIB per capita = PIB real / População

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Por exemplo observe a tabela explicativa abaixo:

PIB REAL POPULAÇÃO PIB PER CAPITA ANO $ V% MIL HAB V% $ V%

1 1120 156 7,18 2 1134 1,25 230 47,44 4,93 -31,33 3 1156 1,94 232 0,87 4,98 1,06

Vemos na tabela acima que o PIB real do ano 2 e 3 vem crescendo, mas se

observarmos a coluna a seguir a população cresce mais que o crescimento do PIB e

estes dados foram refletidos no PIB per capita que reduziu-se no ano 2 num volume

bastante expressivo e no ano seguinte ano 3 cresceu muito pouco, diria abaixo do

crescimento do PIB real. Baseado nos dados calculados pelo FMI em dólares

americanos para o ano de 2007 o Brasil é 77º. colocado no ranking de maiores PIB entre

os 179 paises analisados, tendo melhor colocação países como: Belizi, Dominica,

Equador e Gana e acima: países como: Argentina, Antigua, Costa Rica e Granada.

CONTABILIDADE NACIONAL E O SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS

A Contabilidade Nacional é a parte da Economia que busca contabilizar os grandes

agregados Macroeconomicos e suas variações apresentando os mesmos através de uma

padronização sistemática a forma com vem se desenvolvendo a economia Nacional de

um pais e assim facilitar a possibilidade de comparação com outras nações e através

destas informações melhor obter potenciais gestões do produto, renda e despesas

nacionais, garantindo através destas contas a efetiva aplicação da política

Governamental. Assim como na Contabilidade geral temos a equação fundamental da

Contabilidade onde: ATIVO = PASSIVO + PATRIMONIO LIQUIDO, na

Contabilidade Nacional temos a seguinte equação fundamental que deve ser respeitada:

PRODUTO = RENDA = DESPESA

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O produto é igual a renda, pois cada unidade monetária corresponde a uma

remuneração dos fatores de produção. Observamos anteriormente que existem 5 fatores

de produção e todos obtem remunerações e lembramos que uma empresa qualquer

utilizada mais ou menos os 5 fatores de produção conforme seu ramo de atividade e que

a produção irar gerar como vimos anteriormente o PIB, logo para obter toda produção

de bens e serviços na economia, houve a necessidade de realizar despesas no sentido de

remunerar os fatores de produção. Logo, se um empresário produzir e vender uma

mercadoria no valor de R$ 100,00, esta receita irá gerar para a empresa uma série de

gastos no mesmo valor final de sua produção com pagamentos de Lucros, Salários,

juros, alugueis, hoyalties.

AS MEDIDAS DO PRODUTO

Agora iremos tratar das várias formas de mensuração do produto no sistema

econômico.

MÉTODO DO VALOR AGREGADO

A definição do conceito de “valor agregado”, representa o nível de produção

obtido a partir da diferença entre o valor do produto ou serviço final, desconsiderando

os investimentos necessários em consumo intermediário para poder obter tal produção.

Imagine uma empresa Siderurgica que para obter seu produto final, necessita

de minério de ferro, manganez e outras matérias-primas, ao calcular-mos o Valor

Agregado deste ramo de atividade, devemos descontar os valores gastos com estas

matérias-primas, pois iremos incorrer num erro chamado de “ dupla contagem”.

VALOR AGREGADO = VALOR DA PRODUÇÃO – CONSUMO INTERMEDIÁRIO

A partir do exemplo apresentado pelo Prof. Marcos Giannetti da Fonseca , do Livro

Manual de Economia da USP, temos:

PRODUTO VALOR DA PRODUÇÃO

CONSUMO INTERMEDIÁRIO

VALOR AGREGADO

MADEIRA 60 60 PAPEL 80 60 20 CORANTES 50 50

Page 20: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

TINTAS 100 50 50 LIVROS 200 180 20 TOTAL 490 290 200

Observemos:

1) O Valor da Produção de 490 não representa bem o que buscamos

como Valor Agregado uma vez que para produzir Livros, foi

necessário dispender com a compra de papel, tinta etc..

2) Observemos que para produzir papel foi necessário comprar

madeira e que no valor final do produto papel está contido os 60

da madeira, sendo agregado somente o valor de 20, da mesma

forma que tinta comprando corantes.

3) Nesta economia em especifico somente foi produzido Livros e

portanto é necessário subtrair do valor total da produção os gastos

com insumos intermediários no caso: 490 – 290 = 200, este é o

valor agregado da Produção para obter o bem final Livro.

MÉTODO DA RENDA

Este método leva em consideração a ótica das remunerações dos fatores de

produção para obtenção dos bens e serviços gerados. Vamos montar um

exemplo e analisar como se processa esse cálculo.

Para o mesmo exemplo anterior do Prof. Giannetti do Manual de Economia USP

temos a seguinte situação contábil.

Page 21: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

MADEIRA DÉBITO CRÉDITO Salários= 45 VBP = 60 Juros = 5 Lucros = 10

TOTAL = 60

TOTAL =60

PAPEL DÉBITO CRÉDITO Madeira =60 VBP = 80 Salários = 12 juros = 4 alugueis= 2 Lucros = 2 TOTAL = 80 TOTAL=80

CORANTES DÉBITO CRÉDITO Salários= 25 VBP = 50 Juros = 7 Lucros = 7 royalties = 6 alugueis =

Page 22: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

5 TOTAL = 50

TOTAL =50

TINTAS DÉBITO CRÉDITO Corantes =50 VBP = 100 salários = 28 juros = 8 alugueis = 9 royalties = 3 lucros = 2 TOTAL = 100 TOTAL=100

LIVROS DÉBITO CRÉDITO Papel = 80 VBP = 200 tintas = 100 salários =12 juros = 5 lucros = 3 TOTAL =200 TOTAL=200

A Renda é definida como o somatório das remunerações de todos os fatores produtivos:

Salários + Juros + Alugueis + royalties + lucros, logo temos:

Madeira:

Salários= 45 Juros = 5 Lucros = 10

Papel :

Salários = 12 juros = 4

Page 23: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

alugueis= 2 Lucros = 2

Corantes :

Salários= 25 Juros = 7 Lucros = 7 royalties = 6 alugueis = 5

Tintas:

salários = 28 juros = 8 alugueis = 9 royalties = 3 lucros = 2

Livros:

salários =12 juros = 5 lucros = 3

Temos que Renda é igual ao Produto, logo o Produto é igual a 200.

MÉTODO DA DESPESA

O Método a despesa prevê que se renda=produto=despesa, logo a despesa da

sociedade com a compra de Livros será diretamente os R$ 200,00 que é o preço final do

Livro.

A formula matemática que explica a função despesa é a seguinte:

DG = C + If + Ie + G +X

Sendo:

DG = Despesa Global

Page 24: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

C = Consumo das Familias

If = Investimento Fixo

Ie = Investimentos em Estoques

G = Consumo do Governo

X = Exportações

Porém devemos observar pela lógica que para a despesa ser igual ao PIB de um pais

deve-se descontar os gastos realizados com importações pois estes recursos estão sendo

enviados par fora de nossa economia e aliás não foi produzido ppor nós e sim por outras

nações, outra correção nesta equação que devemos fazer então e passar a conceituar por

conseqüência as Despesas Globais de Despesas Internas, pois as mesmas são realizadas

em nosso pais e a renda aqui se mantem, gerando trabalho e renda. A equação final

seria:

Di = C + If + Ie + G +X – M = PIB

Sendo estas as variáveis contidas na fórmula e sua conceituação básica:

Di = Despesas Internas

Volume de gastos totais realizados em uma economia por seus agentes econômicos

internamente e aqui gerando trabalho, renda e volume de produção de bens e serviços

para a satisfação das necessidades sociais internas, desconsiderando gastos com o

exterior.

C = Consumo das Familias

Inclui-se todos os gastos realizados pelas famílias internamente, aqui estando

contidos todos gastos com bens duráveis ( eletrodomésticos, veículos , hardware, bens

móveis e imóveis em geral etc...), não duráveis ( alimentação, energia, vestuário etc...),

bem como os gastos com serviços de qualquer natureza ( cllinicas estéticas, bancos,

entreterimento, governo, educação particular etc...).

If = Investimento Fixo

Conhecido técnicamente pelo conceito econômico de formação do capital fixo,

representa todos os gastos em geral com bens duráveis que tem por conseqüência a

geração de mais capital, como por exemplo: Investimentos em Imobilizado ( máquinas,

equipamentos, ferramentas, plantas industriais etc...), gastos estes necessários a

capacidade produtiva e que tem por conseqüência gerar mais renda através de seu uso

Page 25: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

na operação empresarial de bens e serviços. Também é conhecido como investimento

Bruto, uma vez que a variação do estoque de capital é dada pelo investimento

liquido , pois do Investimento Bruto do Ativo Permanente deve-se contabilmente

reduzir-se a conta depreciação que irá apresentar o volume de desgaste e ou

obsolescência do Imobilizado que por conseqüência deve ser reposto ao parque fabril na

intenção de manter-se produzindo de forma sempre barata, tecnologicamente mais

avançada e ainda proporcionar aumento de produtividade, aumentando o volume de

renda, trabalho disponibilizado a economia como um todo.

Ie = Investimentos em Estoques

Conhecido tecnicamente como variação de estoques é o volume de bens produzidos

na economia interna e que efetivamente não foi demandado, gerando estoques nas

empresas que irão por expectativa vender em um futuro próximo. Se subtrairmos da

Demanda Interna os investimentos em estoque,teremos a despesa efetiva.

G = Consumo do Governo

Técnicamente os gastos do governo tanto nas Esferas Municipais, Estaduais e

Federais, são divididos em dois itens de custeio e de investimento. Custeio, são os

gastos no sentido de manter a máquina pública funcionando, ou seja, pagando salários e

outras despesas ligadas a manutenção do serviço publico, de outro lado temos os gastos

com investimento que são aqueles ligados a melhoria da infra-estrutura nacional como:

Construção de Escolas, pontes, vias, estradas, portos, rios, canais etc..

X = Exportações e M = Importações

Representam a Balança Comercial pela sua diferença, bem como, as exportações

representam as receitas nacionais oriundas do exterior e por definição as Importações o

contrário. Sabemos que se X>M = Saldo positivo na Balança Comercial, se X<M =

Saldo Negativo da Balança Comercial, caso contrário equilíbrio da Balança Comercial.

Estas contas também ao serem somadas e divididas pelo PIB nos representam o grau de

abertura da economia, ou seja, o nível de gastos com o exterior em relação ao volume

do PIB.

Exemplo aplicando dados obtidos junto ao IBGE – 1994 BRASIL .

Page 26: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Di = C + If + Ie + G + X – M = PIB

Di = 222828 + 73960 + 0 + 54581 + 30422 – 26.224 = 355567 em milhões de reais.

Aplicando-se a Teoria Macroeconomica sabemos que :

RENDA = CONSUMO + POUPANÇA

DESPESA = CONSUMO + INVESTIMENTO

Se buscarmos uma equação de equilíbrio entre Renda e Despesa temos o seguinte:

RENDA = DESPESA = CONSUMO + POUPANÇA + CONSUMO + INVESTIMENTO

Logo temos:

CONSUMO + POUPANÇA – CONSUMO – INVESTIMENTO

POUPANÇA –INVESTIMENTO

Logo temos: Se toda a renda será parte gasta em consumo ( despesa ) e outra parte que

não foi consumida irá gerar poupança que necessariamente deveria ser igual ao

Investimento porque se não foi gasta com produtos e serviços, logo a produção

necessita financiamento para pagar estoques e nova produção, portanto todo volume de

Poupança Nacional deve ser Investido para manter o equilíbrio macroeconômico.

Agora vejam bem se a variável Poupança > Investimento, teremos problemas de falta de

produção e financiamento da mesma, pois o dinheiro esta parado , caso contrário

teremos mais investimentos que poupança, necessitando captar recursos extras para

financiar a produção.

Percebam que nesta equação temos o seguinte problema, as famílias deveriam

gastar conscientemente, mas mesmo que gastassem não tem idéia da necessidade de

investimento em produção, porque esta variável é determinada pelos empresários, logo

temos aqui um antagonismo que geralmente irá demonstrar desequilíbrios nesta

equação.

O Empresário em seu comportamento Planeja Investimentos os quais busca

realizar através do consumo das famílias, que nem sempre se realizará e portanto irá

gerar estoques, por conseqüência o empresário trabalha com a seguinte equação.

Page 27: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

INVESTIMENTO REALIZADO = INVESTIMENTO PLANEJADO + VARIAÇÃO DE

ESTOQUES

Agora em uma Economia Aberta, onde existe relações comerciais com outras nações ( exportações e

importações) e buscamos o equilibrio macroeconomico das contas nacionais, temos a seguinte situação:

Se :

RENDA = CONSUMO + POUPANÇA INTERNA

e

DESPESA = CONSUMO + INVESTIMENTO + EXPORTAÇÕES - IMPORTAÇÕES

Logo se buscamos um equilíbrio entre a renda e consumo teremos o segiunte:

DESPESA= RENDA

CONSUMO + INVESTIMENTO + EXPORTAÇÕES – IMPORTAÇÕES = CONSUMO + POUPANÇA

INTERNA

INVESTIMENTO = - CONSUMO – EXPORTAÇÕES + IMPORTAÇÕES + CONSUMO +

POUPANÇA INTERNA

INVESTIMENTO = SALDO COM. EXTERIOR ( POUPANÇA EXTERNA ) + POUPANÇA

INTERNA

EQUAÇÕES DE EQUILIBRIO DO SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS

Abaixo iremos apresentar uma série de equações do sistema de Contas Nacionais que aplicam

conceitos e apresentam soluções para a busca de informações da Economia Nacional e suas inter-relações.

SALÁRIOS + JUROS + ALUGUEIS + LUCROS + ROYALTIES = RENDA INTERNA

RENDA INTERNA = PRODUTO INTERNO LIQUIDO A CUSTO DE FATOR

e

PRODUTO INTERNO LIQUIDO A CUSTO DE FATOR + DEPRECIAÇÃO = PRODUTO INTERNO

BRUTO A CUSTO DE FATOR

PRODUTO INTERNO BRUTO A CUSTO DE FATOR + IMPOSTOS INDIRETOS – SUBSIDIOS =

PRODUTO INTERNO BRUTO A PREÇO DE MERCADO

OFERTA GLOBAL = PRODUTO INTERNO BRUTO A PREÇOS DE MERCADO + IMPORTAÇÕES

Page 28: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

DISPONIBILIDADE INTERNA = OFERTA GLOBAL – EXPORTAÇÕES

DEMANDA GLOBAL = CONSUMO PESSOAL + INVESTIMENTO + CONSUMO

GOVERNAMENTAL + EXPORTAÇÕES

DEMANDA INTERNA = DEMANDA GLOBAL – IMPORTAÇÕES

DEMANDA EFETIVA = DEMANDA INTERNA – VARIAÇÕES DE ESTOQUES

PRODUTO NACIONAL = PRODUTO INTERNO – RENDA LIQUIDA ENVIADA AO EXTERIOR

RENDA NACIONAL = RENDA INTERNA – RENDA LIQUIDA ENVIADA AO EXTERIOR

RENDA PESSOAL = RENDA INTERNA

RENDA PESSOAL DISPONÍVEL = RENDA PESSOAL – IMPOSTOS DIRETOS DAS FAMILIAS

Resumidamente as equações do Sistema de Contas Nacionais ficaria assim:

PIBpm – [ II.+ S ] = PIBcf

PIBcf – [ depreciações ] = PILcf

PILcf – [ REE – RRE ] = PNLcf

PNLcf – [ IR ] = RENDA NACIONAL

Onde;

PIBpm = PRODUTO INTERNO BRUTO A PREÇOS DE MERCADO

II. = IMPOSTOS INDIRETOS

S = SUBSIDIOS

PIBcf = PRODUTO INTERNO BRUTO A CUSTO DE FATOR

Depreciações = DEPRECIAÇÕES DAS PLANTAS INDUSTRIAIS NACIONAIS

PILcf = PRODUTO INTERNO LIQUIDO A CUSTOS DE FATOR

REE = RENDA ENVIADA AO EXTERIOR

RRE = RENDA RECEBIDA DO EXTERIOR

Page 29: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

PNLcf = PRODUTO NACIONAL LIQUIDO A CUSTO DE FATOR

IR = IMPOSTO DE RENDA PESSOA FISICA E JURIDICA

Exemplo:

PIBpm – [ II.+ S ] = PIBcf

1,300 Tri U$ - ( 520 bi U$ + 130 bi U$ ) = 630 bi U$

PIBcf – [ depreciações ] = PILcf

630 bi U$ - 130 bi U$ = 500 bi U$

PILcf – [ REE – RRE ] = PNLcf

500 bi U$ ( - 370 bi – 50 bi ) = 180 bi U$

PNLcf – [ IR ] = RENDA NACIONAL

180 bi U$ - 30 bi U$ = 150 bi U$

Assim como a Contabilidade Empresarial possui um Plano de Contas Contábil o

qual espelha o Grupo de Contas e Subcontas codificadas, para gerar os Demonstrativos

Financeiros que irão apresentar a situação da administração do Patrimonio Empresarial.

O Sistema de Contas Nacionais também o possui e o mesmo foi elaborado de forma

padronizada pela ONU, no sentido de facilitar a análise econômica de uma pais e entre

paises.No Brasil o primeiro Orgão a realizá-lo em 1947, foi a FGV ( Fundação Getúlio

Vargas ) e a partir de 1986 foi o IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ).

As Contas Nacionais Brasileiras são as seguintes:

SISTEMA DE CONTAS NACIONAIS

A EQUAÇÃO DO EQUILIBRIO MACROECONOMICO EM KEYNES

Segundo John Maynard Keynes a equação do equilíbrio macroeconômico de um pais

Page 30: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

com economia aberta se dá pela seguinte equação matemática ;

PIB = C + I + X – M + T –GG + RRE – REE

Onde

C= Consumo agregado

I = Investimento

X= Exportações

M= Importações

T= Tributos

GG= Gastos do Governo

RRE= Renda Recebida do exterior

REE= Renda Enviada ao exterior

Exemplo

PIB = 1,3 tri

C= 260 bi

I = 50 bi

X= 160 bi

M= 120 bi

T= 520 bi

GG=560 bi

RRE= 40 bi

REE= 430 bi

PIB = C + I + X – M + T –GG + RRE – REE

1,3 tri = 260 bi + 50 bi +160 bi -120 bi +520 bi -560 bi +40 bi – 430 bi

1,3 tri = - 80 bi, logo o Governo terá de financiar esta diferença, ou via reservas

nacionais, ou através da emissão de dívida publica para poder equilibrar a economia, o

que inevitavelmente irá afetar ainda mais a REE.

Page 31: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Devemos lembrar que a demanda agregada é a soma do consumo agregado com os

investimentos, dada pela formula DA = C + I, enquanto que a renda é a soma das

despesas de consumo mais a poupança, dada pela formula Y = C + S. A condição de

equilíbrio é que a renda seja igual a demanda agregada.

Y = DA

Y = C + I

C + S = C + I

S = I Onde ;

Y= Renda

DA= Demanda Agregada

C=Consumo Agregado

I= Investimento

Logo percebemos que nas condições de equilíbrio econômico a Poupança deverá ser

igual ao Investimento.

AS CONTAS NACIONAIS DA FUNDAÇÃO IBGE

BALANÇA DE PAGAMENTOS

Page 32: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Metas de política macroeconômica

Ao estabelecer políticas macroeconômicas, os governos sempre têm como meta

alcançar um ou mais dos seguintes objetivos:

alto nível de emprego;

estabilidade de preços;

distribuição eqüitativa da renda;

crescimento econômico.

Alto nível de emprego – Ao contrário do pensamento liberal clássico, desde a

contribuição de Keynes à teoria econômica, hoje se aceita a intervenção do

Estado, mesmo em regimes capitalistas, no sentido de maximizar a obtenção de

produção global na economia. Com a existência de corporações cada vez mais

poderosas (sindicatos patronais e de empregados, associações corporativas) o

mercado não se regula, como se propunha nas teorias clássicas. E o desemprego

é uma das principais preocupações das políticas macroeconômicas.

Tipos de desemprego segundo o site http://pt.wikipedia.org/wiki/Desemprego

Desemprego friccional

O desemprego friccional resulta da mobilidade da mão-de-obra. Ocorre quando um ou mais indivíduos se desempregam de um trabalho para procurar outro. Também poderá ocorrer quando se atravessa um período de transição, de um trabalho para outro, dentro da mesma área (exemplo: construção civíl).

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Desemprego estrutural

Resulta das mudanças da estrutura da economia. Estas provocam desajustamentos no emprego da mão-de-obra, assim como alterações na composição da economia associada ao desenvolvimento. Existem duas causas para este tipo de Desemprego: insuficiência da procura de bens e de serviços e insuficiência de investimento em torno da combinação de factores produtivos desfavoravéis. Esse tipo de desemprego é mais comum em países desenvolvidos devido à grande mecanização das indústrias, reduzindo os postos de trabalho.

O desemprego causado pelas novas tecnologias-como a robótica e a informática-recebe o nome de desemprego tecnológico.Ele não é resultado de uma crise econômica, e sim das novas formas de organização do trabalho e da produção.Tanto nos países ricos quanto os pobres são afetados pelo desemprego estrutural, um dos mais graves problemas de nossos dias.

O crescimento econômico, ou melhor, a ausência dele, tem sido apontado como o principal fator para os altos níveis de desemprego no Brasil. Naturalmente, se conseguíssemos manter altas taxas de crescimento econômico, o país sanearia o problema do desemprego conjuntural. Contudo, o desemprego estrutural, aquele em que a vaga do trabalhador foi substituída por máquinas ou processos produtivos mais modernos, não se resolve apenas pelo crescimento econômico. Aquele trabalho executado por dezenas de trabalhadores agora só necessita de um operador, ou melhor, dezenas de empregos transformaram-se em apenas um. É claro que se a economia estiver aquecida será mais fácil para estes trabalhadores encontrarem outros postos de trabalho. É comum associar o desemprego estrutural ao setor industrial. Este setor deixa mais evidente a perda de postos de trabalho para máquinas ou novos processos de produção,. porém isto ocorre também na agricultura e no setor de prestação de serviços. Em muitos lugares, inclusive no Brasil, culpou-se a tecnologia (que estaria roubando empregos e condenando os trabalhadores à indigência). Não há dúvida de que a tecnologia participa do processo, mas é um equívoco condená-la como a vilã do desemprego estrutural. A invenção do tear mecânico, da máquina a vapor ou do arado de ferro foram marcos que resultaram em um aumento significativo da produtividade e conseqüente redução de custos, permitindo a entrada de um enorme contingente de excluídos no mercado consumidor. Da mesma forma que sentimos hoje, o emprego sofreu impacto destes inventos de pelo menos 150 anos.

Desemprego conjuntural

Existem duas formas de designar o desemprego conjuntural, sendo que ambas estão conectas, desemprego cíclico ou conjuntural. Este resulta da variação cíclica da vida econômica, isto é, das épocas de expansão ou "boom" e das épocas de recessão da economia. Existe uma tendência secular de variações sazonais ou cíclicas que têm uma duração de 3 anos.

É aquele em que a demissão é ocasionada, na maioria das vezes, por crises passageiras. Portanto a demissão é temporária, uma vez que, superada a crise, o emprego é novamente ofertada.

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CONCEITOS EMPREGADOS NAS PESQUISAS DE EMPREGO E DESEMPREGO NO BRASIL, segundo o site http://arquivos.unama.br/nead/gol/gol_adm_6mod/analise_conjuntura_nacional/pdf/aula11.pdf

População em Idade Ativa (PIA): normalmente se considera a população com mais de 15 anos, mas esse conceito pode variar conforme o país.

População Economicamente Ativa (PEA): é composta de empregados e pessoas que estão procurando emprego. Não fazem parte da PEA os aposentados, pensionistas, estudantes, donas de casa, detentos e os inativos (aqueles que não trabalham nem buscam emprego).

Com base nessas informações, fica fácil calcular o desemprego. Basta usar a seguinte fórmula:

Taxa de Desemprego = Desempregados / PEA

O Desemprego Oculto O problema mais complexo em tudo isso está em se determinar quem está empregado ou desempregado. A princípio, parece simples, desempregado é todo maior de 15 anos que está procurando emprego, mas não encontra. Entretanto, se analisarmos com mais atenção, vamos nos deparar com algumas situações bastante complicadas. Por exemplo, suponha que uma pessoa procurou emprego durante meses, não obteve êxito e desistiu. Ao desistir, esse indivíduo deixa de ser desempregado e se torna inativo. Vejamos outra situação. Uma pessoa, após não conseguir um emprego formal (com carteira assinada), passou a sobreviver de “bicos” (trabalho precário). Se essa pessoa está executando uma atividade remunerada e, em razão disso, não está mais buscando emprego, ela passa a ser considerada ocupada. Tanto a inatividade por desalento como o trabalho precário podem ser interpretados como formas de disfarçar o desemprego. Esse caso costuma ser chamado de “desemprego oculto”. A questão que se coloca é a seguinte: as pessoas que estão nessa situação devem ou não ser consideradas desempregadas? Os próprios institutos que fazem os cálculos de desemprego no Brasil (IBGE e Seade/Dieese) não chegaram a um consenso em relação a essa questão e usam metodologias diferentes nas suas aferições. Por essa razão, se você pesquisar dados sobre desemprego no Brasil, irá perceber que essas duas instituições chegam a resultados bastante diferentes.

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Estabilidade de preços – O que se analisa, nesse quesito, não é o preço de cada

bem do mercado. Interessa à macroeconomia o nível geral de preços. Sua

desestabilização denomina-se inflação e se caracteriza pelo aumento continuado

e geral de todos os preços. Esse desajuste influencia negativamente a

distribuição de renda, o balanço de pagamentos e as expectativas dos agentes

econômicos (indivíduos e empresas). A tentativa, especialmente em países não

desenvolvidos, de alcançar elevados níveis de produção e emprego, costuma

produzir viveis aceitáveis de inflação.

Distribuição eqüitativa da renda – A utilização dos fatores de produção

determina sua remuneração (renda). Em uma economia na qual há desequilíbrio

de forças e há fatores de produção desempregados (trabalho, capital, recursos

naturais), a remuneração de cada um deles não proporciona uma distribuição

socialmente justa da renda. No Brasil, no período denominado milagre

econômico (1967 a 1973) praticava-se uma política macroeconômica de priorizar

o crescimento para, depois, promover a distribuição. O período se caracterizou

por uma alta taxa de concentração de renda, com reflexos ainda não

completamente removidos na economia brasileira.

Crescimento econômico – Havendo desemprego (ociosidade de fatores de

produção), a economia poderá crescer se essa ociosidade for reduzida. Se, ao

contrário, os fatores estiverem muito próximos do pleno emprego, somente o

aumento dos recursos disponíveis (maior número de fatores, como:

trabalhadores, capital ou recursos naturais) ou um avanço tecnológico que

promova maior produtividade aos fatores provocará crescimento econômico.

Importante é o crescimento líquido do produto, ou seja: o produto deverá crescer

mais do que cresce a população que utiliza essa produção. O indicador para

medir tal característica é a renda nacional per capita ou o produto nacional per

capita.

Instrumentos de política macroeconômica

Para obter os resultados apontados nas metas e nos objetivos de produzir mais,

sem desemprego e com estabilidade de preços, os principais instrumentos de políticas

macroeconômicas são:

a POLÍTICA FISCAL diz respeito ao orçamento dos diversos níveis de governo

(federal, estaduais e municipais), ou seja, são os gastos e as receitas dos governos. É

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um poderoso instrumento de política macroeconômica, se considerarmos que no

Brasil a carga fiscal (soma de todos os orçamentos governamentais) representa mais

do que um terço de tudo o que se produz no País;

POLÍTICA FISCAL Entende-se por política fiscal a atuação do governo no que diz respeito à

arrecadação de impostos e ao gastos. Estes afetam o nível de demanda da economia à medida que a arrecadação influencia na renda disponível que os indivíduos poderão destinar para o consumo e poupança. Portanto, dado um nível de renda, quanto maiores os impostos, menor será a renda disponível, o que acarretará em uma diminuição no consumo. Os gastos são diretamente um elemento de demanda, ou seja, quanto maior o gasto público, maior a demanda e maior o produto.

Assim, se a economia apresentar tendência para queda no nível de atividade, o governo pode estimulá-la (política fiscal expansionista), cortando impostos e/ou elevando gastos. Pode ocorrer inverso (política fiscal restritiva), caso o objetivo seja diminuir o nível da atividade.

Uma política fiscal expansionista ocorre quando o governo reduz a arrecadação diminuindo os impostos ou quando aumenta os gastos públicos. Caso haja uma redução de impostos ocorre por conseqüência um déficit público, sendo que este, deve ser financiado de alguma forma, dentre as quais está a venda de títulos públicos ao setor privado ou a venda de títulos públicos ao banco central. As duas hipóteses levam a um endividamento do tesouro. No primeiro caso é necessário aumentar a taxa e juros para atrair compradores, enquanto na segunda a compra é feita por emissão de moeda. Já, no segundo caso, com o aumento dos gasto públicos, dependendo a situação da poupança do governamental, teremos um impacto semelhante ao do investimento. O gasto público, ao pressionar a produção, irá gerar um incremento inicial na renda. Parcela desse aumento será destinada ao consumo, gerando nova ampliação do produto e assim sucessivamente, conforme mecanismo do efeito multiplicador.

Quando uma política fiscal é restritiva, temos a mudança de atitude em relação aos instrumentos existentes, tais como, é desejável uma redução nos gastos públicos e um aumento de impostos, acarretando assim numa redução do consumo, acompanhado de um superávit fiscal. (Economia Brasileira Contemporânea – 6ª ed. – pág. 194)

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Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)

De acordo com a figura acima, um aumento nos gastos e/ou um a redução dos impostos acarretam no deslocamento para direita da curva IS aumentando o nível da renda. Opostamente, uma redução nos gastos públicos e/ou redução dos impostos provocam o deslocamento da curva IS para esquerda reduzindo o nível da renda.

a POLÍTICA MONETÁRIA refere-se ao controle do governo sobre a oferta

monetária, ou seja, sobre a quantidade de moeda e de títulos públicos em

circulação no mercado;

POLÍTICA MONETÁRIA

A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias, por meio de instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a liquidez global do sistema econômico. 1 - Política Monetária Restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir o crescimento da quantidade de moeda, e a encarecer os empréstimos. Instrumentos: Recolhimento compulsório: consiste na custódia, pelo Banco Central, de parcela

dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. Esse instrumento é ativo, pois atua diretamente sobre o nível de reservas bancárias, reduzindo o efeito multiplicador e, conseqüentemente, a liquidez da economia.

Assistência Financeira de liquidez: o Banco Central empresta dinheiro aos bancos comerciais, sob determinado prazo e taxa de pagamento. Quando esse

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prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo é aumentada, a taxa de juros da própria economia aumenta, causando uma diminuição na liquidez.

Venda de Títulos públicos: quando o Banco Central vende títulos públicos ele retira moeda da economia, que é trocada pelos títulos. Desta forma há uma contração dos meios de pagamento e da liquidez da economia.

2 - política Monetária Expansiva: é formada por medidas que tendem a acelerar a quantidade de moeda e a baratear os empréstimos (baixar as taxas de juros). Incidirá positivamente sobre a demanda agregada. Instrumentos: Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui os valores

que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um aumento do efeito multiplicador, e da liquidez da economia como um todo.

Assistência Financeira de Liquidez: o Banco Central, ao emprestar dinheiro aos bancos comerciais, aumenta o prazo do pagamento e diminui a taxa de juros. Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia, e a aumentar a liquidez.

Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos públicos há uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada em troca dos títulos. Com isso, ocorre uma redução na taxa de juros e um aumento da liquidez. (http://www.economiabr.net/economia/4_politica_monetaria.html 4/11/2008 15:17)

Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)

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Uma política fiscal expansionista desloca a curva LM para direita em LM’ aumentando o nível de renda e diminuindo a taxa de juros como causa do aumento da liquidez no sistema econômico.

Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)

Uma política monetária contracionista ou restritiva desloca a curva LM para esquerda em LM’ reduzindo a renda, tendo um aumento na taxa de juros, causada pela escassez de moeda na economia. A EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS FICAIS E MONETÁRIAS

Segundo Mankiw (1998, p.227) “a muito os economistas debatem sobre qual

política, monetária ou fiscal, exerce uma influência mais poderosa sobre a demanda agregada. De acordo com o modelo IS-LM, a resposta depende do parâmetro de cada uma das curvas. Portanto, os economistas gastaram muita energia discutindo a magnitude deste parâmetros. Os mais contravertidos são os que descrevem a influência da taxa de juros sobre as decisões econômicas.

Os economistas que vêem a política fiscal como sendo mais poderosa que a política monetária argumentam que a resposta do investimento à taxa de juros é pequena” fazendo com que a curva IS seja quase vertical sofrendo pouca influência dos deslocamentos da curva LM na renda. Em contrapartida os economistas que defendem a política monetária afirmam que a demanda por moeda à taxa de juros é pequena de modo que o impacto da política fiscal sobre a renda é menor.

Atualmente, a maioria dos economistas não aceita nenhuma dessas opiniões extremas. A evidência indica que a taxa de juros afeta tanto o investimento quanto a

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demanda por moeda. Assim, tanto a política monetária quanto a política fiscal são determinantes significativos da demanda agregada.

Abaixo é ilustrado como ocorrem os deslocamentos nas curvas IS-LM de acordo com as políticas fiscais e monetárias:

Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 210

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Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 211

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a POLÍTICA CAMBIAL diz respeito ao controle e à utilização de instrumentos para

estabilização da taxa de câmbio, enquanto as políticas de relações econômicas

externas referem-se ao comércio internacional, ao incentivo às exportações e ao

controle das importações do País;

as POLÍTICAS DE RENDAS referem-se à intervenção do governo na formação da

renda dos agentes econômicos. Intervenção que favorecerá ou não determinados

proprietários de fatores de produção em detrimentos de outros (mão-de-obra,

capital, recursos naturais e capacidade empresarial)7.

Mercado monetário – Para dar conseqüência às transações de um mercado há

necessidade de moeda para a circulação dos bens e serviços. O Banco Central

ocupa-se de equilibrar a oferta e a demanda desse mercado, de modo a não

prejudicar as transações nem desvalorizar a moeda.

Mercado de títulos – Existem agentes macroeconômicos superavitários e

agentes deficitários. Os agentes superavitários (gastam menos do que sua renda)

emprestam moeda para os agentes deficitários e, assim, se constitui o mercado

de títulos.

Mercado de divisas – A exemplo do mercado de títulos, quando se trata de

transações entre residentes de um país (indivíduos e empresas) e residentes de

outro, há necessidade de moedas distintas, constituindo-se o mercado de

divisas8.

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA MONETÁRIA

MOEDA – CONCEITOS, FUNÇÕES E SUA CIRCULAÇÃO NA ECONOMIA

A moeda é um objeto de aceitação geral, utilizado na troca de bens e serviços. Sua

aceitação é garantida por lei.

As principais funções da moeda são as seguintes:

Meio ou instrumento de troca – Num sistema econômico baseado na

especialização e divisão do trabalho, é imprescindível que exista um instrumento

que facilite as trocas de mercadorias. Se não houvesse esse instrumento, as trocas

teriam de ser diretas (economia de trocas), trocando-se bens com bens. Isso exigiria

DUPLA COINCIDÊNCIA DE DESEJOS (um criador de galinhas que desejasse comprar

roupas deveria encontrar um alfaiate que desejasse comer galinhas). Ademais,

ocorreria um problema de INDIVISIBILIDADE (se um fabricante de canoas quisesse

tomar um cafezinho, como ele faria?). Acrescente-se que se perderia muito TEMPO

para viabilizar essas trocas diretas. A moeda permite que as trocas sejam indiretas e

supera essas dificuldades.

Unidade de medida (ou unidade de conta) – A moeda serve para comparar e

agregar o valor de mercadorias diferentes: podemos somar um caminhão com uma

bola de futebol. Ela serve como medida do valor de troca das mercadorias, sendo

que o PREÇO DE UM BEM é a expressão monetária do valor de troca desse bem: se

uma maçã vale $ 500,00 e uma banana $ 50,00, uma maçã pode ser trocada por dez

bananas;

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Reserva de valor – A moeda representa um direito que seu possuidor tem sobre

outras mercadorias. Ela pode ser guardada para uso posterior, pelo que serve como

reserva de valor. A moeda serve de reserva de valor para uma pessoa, mas não para

a sociedade como um todo (falácia ou sofisma da composição): o que vale para o

indivíduo não vale para a sociedade, pois o que determina a riqueza de um país é a

sua produção global, e não o montante de moeda existente.

No passado, toda moeda, ou papel-moeda, era lastreada em ouro (MOEDA

LASTREADA). Com o desenvolvimento do comércio internacional, não foi mais possível

fazer a conversão de moeda em ouro. Hoje, temos a MOEDA FIDUCIÁRIA (de fidúcia,

confiança), sem lastro, e sua aceitação é garantida por lei. Com a passagem do padrão

ouro para a moeda fiduciária, a moeda não é mais função do estoque de ouro, o que dá

às autoridades monetárias maior capacidade de afetar a quantidade de moeda, de acordo

com as necessidades do país.

Oferta de moeda

A oferta da moeda é sinônimo de meios de pagamento, que representa o estoque

de moeda disponível para uso da coletividade (setor privado não bancário) a qualquer

momento. Objetiva-se, com esse conceito, medir a liquidez do setor privado produtivo,

excetuando-se o setor bancário.

O saldo dos meios de pagamento é composto pelo saldo da moeda em poder do

público (PP) mais o saldo dos depósitos a vista (DV): M = PP + DV

O saldo de moeda em poder do público (ou moeda manual) é obtido em se

retirando da moeda emitida o caixa das autoridades monetárias e o caixa dos bancos

comerciais:

Moeda emitida menos caixa das autoridades monetárias

= moeda em circulação (ou meio circulante)

menos caixa dos bancos comerciais

= moeda em poder do público

Os depósitos à vista ou em conta corrente também são chamados de moeda

escritural, moeda bancária ou, ainda, moeda contábil, já que podem ser movimentados

por simples contabilização bancária. Representam cerca de 75 % do total de meios de

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pagamento. O dinheiro com os bancos (no caixa) e com o governo não é considerado

meio de pagamento, porque esse conceito visa medir liquidez do setor produtivo

privado.

Na verdade, existem, na literatura econômica, várias formas de conceituar moeda.

O conceito mais utilizado é o que acabamos de definir e é chamado de M1, que é o total

de moeda que não rende juros e é de liquidez imediata (moeda com o público, mais

depósitos à vista). Mas, dependendo do objetivo, são utilizados os conceitos de M2, M3

e M4, que incluem ativos financeiros que rendem juros e são de alta liquidez (embora

não imediata):

M2 = M1 + títulos públicos federais, estaduais e municipais em poder do público,

fundos do mercado monetário (fundos de aplicações financeiras e de renda fixa de curto

prazo, e depósitos especiais remunerados);

Os Titulos Publicos Federais são

Os tipos de títulos públicos federais são:

* Letras do Tesouro Nacional (LTN). São títulos pré-fixados, ou seja, com os juros

definidos no momento da compra. A remuneração é através da taxa SELIC no momento

da aplicação do dinheiro.

* Letras Financeiras do Tesouro (LFT). São títulos pós-fixados, ou seja, com os juros

definidos no momento da venda. A remuneração é através da taxa SELIC no momento

do resgate do dinheiro aplicado.

* Notas do Tesouro Nacional (NTN). São títulos pós-fixados. A remuneração é através

de uma taxa de juros fixa + um índice de correção determinado, calculado no momento

do resgate.

M3 = M2 + depósitos em cadernetas de poupança;

M4 = M3 + depósitos a prazo e títulos privados (letras de câmbio e imobiliárias).

Esses ativos que rendem juros são também chamados de haveres não monetários

ou quase-moeda, sendo que M1 são chamados de haveres monetários.

Em processos inflacionários, a relação entre M1 e M4 costuma diminuir, pois as

pessoas procuram ficar com pouca moeda que não rende juros (M1) e utilizá-la em

aplicações financeiras. Isso é chamado de desmonetização. Quando a inflação diminui, a

relação entre M1 e M4 aumenta (monetização).

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Posto isto, o conceito de moeda utilizado é o tradicional (M1). Deve ser

esclarecido que cheque não é considerado moeda e que depósitos à vista não é o mesmo

que caixa dos bancos comerciais.

O cheque é apenas uma ordem de transferência. Se uma pessoa saca seu dinheiro

no banco, não diminui os meios de pagamento, pois apenas transfere depósitos à vista

para moeda com o público. No caso de um depósito em cheque, apenas transferiu

depósitos à vista de uma conta para outra.

Os depósitos à vista não devem ser confundidos com o caixa dos bancos

comerciais. Embora contabilmente um depósito em dinheiro aumente, num primeiro

momento, o caixa dos bancos, o banco utilizará os recursos em seu caixa para outras

transações, o que diferencia os saldos das duas contas. Abaixo apresentamos um gráfico

da evolução do PIB Brasileiro e a quantidade de moeda M1 de 1994 a 2006.

PIB Nominal e Quantidade da Moeda no Brasil 1994 = 100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

M1

PIB Nominal

Lembramos que se o PIB é maior que M1 logo temos excassez de moeda no

mercado valorizando a moeda internamente, se for o contrário a moeda passa a se

desvalorizar, ou seja deflação e inflação da moeda.

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"Criação" e "destruição" de moeda

Ocorre criação ou destruição de moeda quando se altera o saldo dos meios de

pagamento, no conceito M1 (moeda com o público + depósitos à vista). Corresponde a

uma queda ou aumento da oferta de moeda disponível.

Exemplos:

Banco Central troca dólares dos exportadores por reais: criação de moeda (ou de

meios de pagamento);

Banco Central vende dólares aos importadores, recebendo reais em troca:

destruição de moeda;

empréstimo dos bancos comerciais ao setor privado: criação de moeda;

resgate de um empréstimo bancário: destruição de moeda;

depósito à vista: apenas transfere moeda do público para depósitos à vista; não

há criação nem destruição de moeda;

saque através de cheque: como vimos, trata-se apenas de uma transferência de

moeda escritural para moeda em poder do público;

uma pessoa que efetua um depósito a longo prazo destrói moeda, pois depósito a

prazo não é considerado meio de pagamento no conceito M1.

A oferta de moeda pode ser dividida em oferta de moeda pelo Banco Central e

oferta de moeda pelos bancos comerciais. Deve-se observar que os intermediários

financeiros do tipo banco de investimentos, sociedades de crédito e financiamento,

chamados de intermediários financeiros não bancários, não são autorizados a manter

depósitos e apenas transferem dinheiro dos emprestadores para os tomadores, não

criando moeda. Os bancos comerciais, por sua vez, têm carta-patente, o que lhes

permite manter depósitos do público e emprestar uma quantia superior às suas reservas

monetárias (ou seja, pode emprestar parte de suas obrigações, que são os depósitos à

vista).

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Oferta de moeda pelo Banco Central

O objetivo do Banco Central é regular a moeda e o crédito em níveis compatíveis com o crescimento do produto, ou seja, manter a liquidez do sistema econômico.

Segundo Mellagi1, dentre as muitas funções do Banco Central do Brasil podemos citar:

banco emissor: é o responsável e tem o monopólio das emissões de

moeda;

banco dos bancos: é o órgão em que os bancos depositam e transferem

fundos de um banco para outro (pela câmara de compensação de

cheques). Além disso, o Banco Central também empresta aos bancos

(redesconto bancário);

banco do governo: é o canal que o governo tem para implementar a

política monetária. Grande parte dos fundos do governo é depositada no

Banco Central. De outra parte, quando o governo necessita de recursos,

normalmente emite títulos (obrigações) e os vende ao público via Banco

Central;

banco depositário das reservas internacionais.

No Brasil, devido à estrutura híbrida do Banco Central, uma parte das suas funções é executada pelo Banco do Brasil. Assim, a câmara de compensação de cheques fica no Banco do Brasil. Além disso, o Banco Central não recebe depósitos do governo, quem o faz é o Banco do Brasil. No fundo, o Banco Central é um órgão normativo (sujeito ao Conselho Monetário Nacional) e o Banco do Brasil é um órgão executivo. O Banco do Brasil, além de executar essas funções, também funciona como típico banco comercial, o que gerou alguns problemas de controle de política monetária no Brasil.

Oferta de moeda pelos bancos comerciais

Os bancos comerciais também podem alterar a oferta de moeda por terem uma carta-patente que lhes permite emprestar mais do que têm em depósitos. A utilização generalizada de cheques faz com que a maior parte do volume de moeda do sistema permaneça no sistema bancário, gerando o chamado float, sendo que apenas uma pequena parcela desse total é representado por saques de numerário. Dessa forma, apesar de não poder emitir moeda, o banco comercial cria meios de pagamento pelo fato de poder fazer promessas de pagamento com

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os recursos depositados pelos seus clientes. Como veremos a seguir, isso cria um mecanismo multiplicador dos saldos monetários.

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Mecanismo multiplicador da oferta de moeda

O sistema bancário pode criar moeda num valor múltiplo de uma injeção monetária inicial. Vejamos como isso ocorre, através de um exemplo.

Suponha que exista um único banco na economia. A razão dos depósitos que os bancos devem manter como reserva compulsória é 20 %, e o depósito inicial nesse banco é de R$ 100,00. Destes R$ 100,00, destina R$ 20,00 para reservas e empresta R$ 80,00. Esses R$ 80,00 retomam ao banco na forma de novo depósito; desses, R$ 16,00 viram reservas e R$ 64,00 são reemprestados. Estes voltam como depósito e reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os R$ 100,00 iniciais de depósitos multiplicaram-se, gerando uma seqüência de depósitos nos valores: R$ 80,00; R$ 64,00; R$ 51,20; R$ 40,96... Essa seqüência constitui uma progressão geométrica decrescente de razão 0,8, que corresponde à fração livre dos depósitos bancários, isto é, o depósito adicional menos as reservas que devem ser compostas (1 menos a porcentagem de reservas obrigatórias: 1 - 0,2 = 0,8).

Para avaliarmos o total de depósitos do banco a partir do depósito inicial, basta realizarmos a soma dos termos da progressão geométrica com razão menor que 1.

S.P.G. = a1/1 - q

onde: S.P.G. = soma dos termos de uma progressão geométrica

a1 = primeiro termo da progressão geométrica

q = razão da P.G.

Note-se que, no exemplo acima, teríamos:

D = R$ 100,00/1 - 0,8 = R$ 500,00.

Ou seja, um depósito inicial de R$ 100,00 gerou um total de depósitos no banco de R$ 500,00, isto é, foi multiplicado por 5. Como (1 - 0,8) é exatamente a parcela de reservas compulsórias exigidas pelo Bacen, isto é, 0,2 (20% notamos que o MULTIPLICADOR BANCÁRIO CORRESPONDE AO INVERSO DA TAXA DE RESERVAS. Assim, quanto menor o recolhimento compulsório, maior o poder de multiplicação dos bancos; portanto, a determinação do nível de depósitos compulsórios dos bancos é uma forma de o Bacen controlar a oferta de moeda bancária.

O valor do multiplicador depende também, além da taxa de reservas dos bancos, da TAXA DE RETENÇÃO DO PÚBLICO, que é a razão entre a moeda que fica em mãos do público (e não depositada nos bancos) e o saldo dos depósitos à vista. Se o público, por algum motivo, decide aumentar a quantidade de moeda em seu poder e deixar menos moeda nos bancos, diminui a capacidade de os

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bancos emprestarem e, portanto, o volume de meios de pagamento. Ou seja, os bancos terão menos dinheiro para aplicar em empréstimos.

Existem vários tipos de multiplicadores monetários. Por exemplo: temos o multiplicador de depósitos que se refere ao aumento múltiplo dos meios de pagamento, derivado de um aumento nos depósitos a vista. O multiplicador mais geral, entretanto, é o chamado multiplicador da base monetária.

Por BASE MONETÁRIA entende-se o total de moeda com o público (PP) mais as reservas dos bancos comerciais, isto é:

B = PP + R

Essas reservas são o caixa dos bancos comerciais, os depósitos voluntários e os depósitos obrigatórios. Assim, a base monetária consiste em todo o montante de moeda em mãos do setor privado, inclusive bancos. A base monetária representa o estoque de moeda primária, também chamada MOEDA DE ALTA POTÊNCIA (HIGH POWER MONEY), ou ainda, PASSIVO MONETÁRIO DAS AUTORIDADES MONETÁRIAS.

Por um mecanismo de multiplicação, via empréstimos bancários, essa moeda

primária dá origem ao total de meios de pagamento. Existe uma relação bastante estável

e previsível entre base monetária e meios de pagamentos, assim:

M = m ou M = mB

B

Sendo M o saldo dos meios de pagamento, B a base monetária e m o

multiplicador da base monetária. Assim, a diferença entre M e B, dada pela

diferença entre o total de depósitos DV e o total de reservas R, é o montante de

empréstimos bancários.

Vamos discriminar um pouco mais os parâmetros que afetam a expansão ou a

contração monetária da economia e chegar à formula de multiplicador, a partir desses

parâmetros.

Por definição:

M = PP + DV (1)

B = PP + R (2)

sendo: PP = saldo da moeda em poder do público

DV = saldo dos depósitos a vista dos bancos comerciais

R = saldo das reservas dos bancos comerciais

Dividindo (1) por (2) e depois dividindo tanto numerador como o denominador

por DV, vem:

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PP + DV

M = PP + DV = DV DV (3)

B PP + R PP + R

DV DV

c = PP = TAXA DE RETENÇÃO DO PÚBLICO, que é a relação entre a moeda

DV com o público e os depósitos a vista.

R = R = TAXA DE RESERVAS BANCÁRIAS, que é o total de encaixes e

DV reservas em relação aos depósitos a vista.

nA expressão (3) pode ser assim reescrita:

M = c + 1 ou M = 1 + c B

B c + r c + r

sendo: m = 1 + c

c + r

Dessa forma, as expansões e contrações dos meios de pagamento dependem de

três parâmetros básicos:

de variações na base monetária B (maior B, maior M);

de variações na taxa de retenção do público c (maior c, menor m e, portanto,

menor M);

de variações na taxa de reservas bancárias r (maior r, menor m e, portanto,

menor M).

Deve ser observado que as políticas monetárias não têm muito efeito sobre a taxa

de retenção do público, pelo menos a curto prazo, dado que é um parâmetro que

depende de hábitos da coletividade, como o uso de cartões de crédito. A atuação maior

das autoridades dá-se sobre a taxa de reservas bancárias e sobre a base monetária.

Demanda de moeda

Nesta parte, estamos interessados em saber os motivos que fazem com que as

Page 53: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

pessoas retenham moeda, guardem moeda pela moeda, em vez de aplicá-la, por

exemplo, em títulos ou imóveis, que proporcionam rendimentos. Se existem essas

possibilidades, por que se retém moeda que não rende nada (conceito M1)? Para tanto,

precisamos de uma teoria de demanda de moeda.

Existem três motivos para demandar moeda, isto é, para reter encaixes

monetários:

motivo transação;

motivo precaução;

motivo especulação (ou portfolio).

Os motivos transação e precaução já tinham sido levantados na teoria clássica,

enquanto o motivo especulação (portfolio) foi colocado por Keynes. Discutamos essas

razões para manter moeda.

Demanda de moeda por motivo de transação

As pessoas retêm moeda para efetuar pagamentos que vencem antes da data

de recebimento de sua renda, ou seja, para fazer face à diferença de datas entre os

recebimentos e os gastos diários com alimentação, transporte etc. Claramente, a

demanda de moeda por transação depende do nível de renda: quando a renda

aumenta, os gastos também aumentam, e os saldos de moeda mantidos para

harmonizar esses fluxos também devem aumentar.

Demanda de moeda por motivo de precaução

A segunda razão para empresas e indivíduos reterem (demandarem) moeda

é a incerteza quanto às datas de recebimentos e pagamentos. Pagamentos

inesperados, ou recebimentos atrasados fazem com que as pessoas retenham uma

parcela de moeda como precaução. Claramente, esses saldos monetários (encaixes

monetários) de segurança ou precaução devem depender da renda do indivíduo ou

da empresa. Quanto maior a empresa ou mais rica a pessoa, maior a necessidade

de moeda para precaução.

Demanda de moeda por motivo de especulação (ou motivo portfolio)

As pessoas demandam moeda, não apenas para satisfazer transações

Page 54: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

correntes, mas também para especulação. A moeda não apresenta rendimentos,

mas também não apresenta riscos, especialmente quando a inflação é baixa. As

pessoas, para reduzir os riscos, podem diversificar sua carteira de títulos (seu

portfolio) em vários títulos e aplicações, inclusive guardando certa quantidade de

moeda. Assim, essa quantidade de moeda também dependerá da rentabilidade dos

títulos, ou seja, da taxa de juros. Do ponto de vista de quem retém moeda, a taxa

de juros representa o rendimento que esse indivíduo teria, se comprasse títulos.

Ou seja, para quem empresta ou aplica, é um rendimento; para quem toma

emprestado, é um custo. Dessa forma, pode-se estabelecer uma relação entre

demanda de moeda por especulação e a taxa de juros de mercado. É de se esperar

que essa relação seja inversa: quanto maior a taxa de juros os agentes reterão,

menos moeda (que não rende juros) terão em seu poder. Assim, quanto maior a

taxa de juros, maior a compra de títulos e menor a demanda de moeda para

especulação. Todas essas operações ocorrem dentro de um ambiente chamado

sistema financeiro nacional. É o que descreveremos mais adiante.

Feita essa primeira explanação à cerca das maneiras de medição do PIB temos a seguinte equação básica:

Y = C + I + G +NX Onde Y = Renda C = Consumo I = Investimento G = Despesa do Governo NX = Exportações Líquidas Assim, pela equação, o PIB é a soma do consumo, mais investimento, mais as

despesas governamentais, mais as exportações líquidas. Toda despesa no PIB está incluída em uma dessas categorias. A equação acima, que define uma identidade é chamada de identidade da macroeconômica básica.

Consumo – Refere-se a todos os bens e serviços comprados pelas famílias e divide-se em três subcategorias: bens não duráveis, bens duráveis e serviços. Bens não-duráveis são aqueles que duram um pequeno período de tempo, tais como alimentos e roupas. Bens duráveis são aqueles que duram mais tempo, como automóveis e máquinas de lavar. Serviços indicam a compra de serviços pessoais como corte de cabelo e consulta médica.

Investimento – consiste nos bens adquiridos para uso futuro. Essa categoria divide-se por sua vez, em três subcategorias: investimento fixo das empresas, investimento habitacional fixo e investimento em estoque. O primeiro tipo de investimento indica a aquisição de novas instalações e equipamentos por parte de uma

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empresa. O segundo é a compra de novas residências por famílias e proprietários. O terceiro tipo refere-se ao acréscimo no estoque de bens de uma empresa ( se o estoque diminui, dizemos que o investimento em estoque é negativo). (Mankiw, N. Gregory – Macroeconomia – 3ªed. – pág. 19-20)

Tendo esses primeiros conceitos, podemos verificar o quanto um governo pode influenciar positivamente ou não em uma economia através de instrumentos, que refletirão diretamente na renda e no produto, tais como a Política Fiscal e Monetária. Além desses os gastos públicos, conforme visto na equação do PIB, também, exercem influência em sua determinação.

Abaixo apresentamos um gráfico do equilibrio da Politica Monetária.

Antes de tratarmos das Políticas Fiscais, monetárias e dos déficits e gastos

públicos, convém demonstrarmos como funciona as curvas IS e LM, o que é? Para que serve?

A curva IS

A curva IS, mostra em pares (renda e taxa de juros) que igualam oferta e demanda agregada de bens e serviços.

A Curva IS aparece no gráfico a seguir:

Page 56: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 192

A inclinação negativa dessa curva mostra que uma redução na taxa de juros eleva

o investimento, e este, junto com o efeito multiplicador, provoca a elevação da renda. Porém, o impacto da variação da taxa de juros sobre a renda dependerá da sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros e do tamanho do multiplicador.

Page 57: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

A curva LM A curva LM mostra as condições de equilíbrio no mercado monetário. A curva LM aparece no gráfico a seguir:

Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 263

A inclinação da curva é positiva, mostrando que elevações na renda devem ser

acompanhadas por aumentos na taxa de juros, para manter em equilíbrio o mercado monetário.

Modelo IS/LM

As duas curvas quando colocadas em um mesmo gráfico, visto que ambas relacionam-se aos pares com as mesmas variáveis, taxa de juros e renda, permitem encontrar um único ponto que possibilita determinar os níveis de taxas de juros e renda nacional que equilibram simultaneamente ambos os mercados, conforme ilustra o gráfico:

Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 313

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INFLAÇÃO E SEUS REFLEXOS NA ECONOMIA

Ao final da leitura deste capítulo, você será capaz de:

diferenciar os conceitos de inflação e deflação; identificar os efeitos da inflação sobre a economia; relacionar as suas causas e as políticas antiinflacionárias; realizar o cálculo da inflação; descrever os principais índices de inflação do Brasil.

INFLAÇÃO A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado no

nível geral de preços. Ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não

podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. Devem também ser

generalizados, porque a maioria dos preços deve se elevar conjuntamente.

Distorções provocadas por altas taxas de inflação

Ao discutir o problema da inflação, deve ser observado que muitos economistas

não crêem que as distorções provocadas por uma inflação suave sejam sérias, mas há

poucas dúvidas de que níveis elevados de inflação produzirão conseqüências

desastrosas. Os principais efeitos provocados por esse fenômeno são:

Efeito sobre a distribuição de renda – Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação diz a respeito à redução do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste (i.e. dissídio). Nesse caso, são os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os que mais perdem são os trabalhadores de baixa renda, que não têm condições de manter alguma aplicação financeira, pois tudo o que ganham gastam

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com sua subsistência. Percebe-se que a inflação é um imposto sobre os mais pobres. Efeito sobre o balanço de pagamentos – Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, provocam estímulo às importações e desestimulo às exportações, diminuindo o saldo da balança comercial. Esse fato costuma provocar um círculo vicioso, se o país estiver enfrentando um deficit cambial. Nessas condições, as autoridades monetárias, na tentativa de minimizar o deficit, são obrigadas a permitir desvalorização cambial, as quais depreciam a moeda nacional e estimulam as exportações e desestimulam as importações. Contudo, produtos essenciais, tais como petróleo e seus derivados, tornam-se imediatamente mais caros, pressionando os custos de produção. Ocorre, então, uma nova elevação de preços, devido ao repasse do aumento dos custos aos preços dos produtos finais, recomeçando o processo. Efeito sobre as expectativas – Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à formação das expectativas sobre o futuro. Particularmente, o setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dada a instabilidade e a imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica num compasso de espera enquanto a situação perdurar e dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria capacidade de produção futura e, conseqüentemente, o nível de emprego é afetado pelo processo inflacionário. Efeito sobre o mercado de capitais – Tendo em vista o fato de que, num processo inflacionário, o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorre desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em cadernetas de poupança, títulos, devem sofrer retração. Por outro lado, a inflação estimula a aplicação de recursos em bens de “raiz”, como terras e imóveis, que costumam valorizar durante o processo inflacionário. Embora alguns possam ganhar com a inflação a curto prazo, pode-se dizer que, a longo prazo, quase ninguém ganha com ela, porque seu processo desarticula todo o sistema econômico. Assim, a inflação onera principalmente os trabalhadores, ao corroer seus salários, é evidente que, com o empobrecimento dos trabalhadores, as empresas vão vender menos e o governo arrecadará menos1.

Causas da inflação

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Para propósito de análise, é útil classificarmos a inflação de acordo com seus

fatores causais. Nesse sentido, a literatura econômica costuma distinguir a inflação

provocada pelo excesso de demanda agregada (inflação de demanda) da inflação

causada por elevação de custos (inflação de custos).

Inflação de demanda

A inflação de demanda pode ser definida como o excesso de demanda

agregada em relação à produção disponível de bens e serviços. Parece claro que a

probabilidade de inflação de demanda aumenta quanto mais a economia estiver

próxima do pleno emprego de recursos. Afinal, se houver desemprego em larga

escala na economia, é de se esperar que um aumento de demanda agregada deva

corresponder a um aumento na produção de bens e serviços, pela maior utilização

de recursos antes desempregados, sem que necessariamente ocorra aumento

generalizado de preços. Quanto mais nos aproximamos do pleno emprego, mais se

reduz a possibilidade de expansão rápida da produção, e a repercussão maior deve

refletir sobre os preços.

Como esse tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada

e tendo em vista que, a curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações de

política econômica que a oferta agregada (cujos ajustes normalmente se dão a

prazos relativamente longos), a política preconizada para combatê-la assenta-se

em instrumentos que provocam redução da procura agregada por bens e serviços.

Inflação de custos

A inflação de custos pode estar relacionada à estrutura de produção, ou seja,

o nível de demanda permanece inalterado, mas os custos de certos insumos

importantes utilizados na produção de um bem aumentam e são repassados aos

preços finais dos produtos. A sua natureza geral é a seguinte: o preço de um bem

ou um serviço tende a ser bastante relacionado a seus custos de produção. Se o

último aumenta, mais cedo ou mais tarde o preço do bem provavelmente

aumentará. Uma razão freqüente para um aumento de custos seria os aumentos

salariais. Um aumento das taxas de salários, entretanto, não necessariamente

significa que os custos de produzir um bem aumentaram. Se a produtividade da

mão-de-obra empregada aumenta na mesma proporção dos salários reais médios,

os custos unitários por unidade de produto não são afetados. Por exemplo: se os

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salários reais aumentam 10% e o produto por trabalhador aumenta na mesma

proporção, o produto aumentou tanto quanto os salários. Os custos salariais por

unidade de produto permaneceram os mesmos. Nesse sentido, não há necessidade

de aumentar os preços unitários dos produtos quando expandir a produção porque

os custos por unidade produzida não aumentaram.

O aumento da taxa de salários provoca inflação, se existir alguma causa

autônoma. Por exemplo: se sindicatos com mais poder de barganha são capazes de

forçar um aumento de salários em níveis acima dos índices de produtividade, os

custos de produzir bens e serviços aumentam. Se os preços de produtos finais

seguem os custos de produção, resulta uma inflação impulsionada pelos custos de

produção (no caso, pelo aumento de salários).

A inflação de custos também está associada ao fato de que algumas

empresas com elevado poder de monopólio ou oligopólio têm condições de elevar

seus lucros acima da elevação dos custos de produção.

Muitos economistas acreditam que o fenômeno recente da estagflação

(estagnação econômica com inflação) esteja associado a uma inflação de lucros. A

estagflação ocorre quando há paralelamente taxas significativas de inflação e

recessão econômica, com desemprego. Isso pode ser devido ao fato de que, em

períodos de queda de atividade produtiva, as firmas com poder oligopolístico têm

condições de manter suas margens de lucros sobre custos (ou mark up), ao

aumentar os preços de seu produto.

Dessa forma, o que caracteriza, na realidade, a expressão inflação de custos

é o aumento de preços devido a pressões autônomas. Em parte, essas pressões são

causadas pela circunstância de que alguns grupos econômicos, como sindicatos e

empresas oligopolistas, têm suficiente poder de barganha para forçarem aumentos

de sua participação na renda nacional.

A inflação de custos também pode ser causada por aumentos autônomos nos

preços de matérias-primas básicas, os chamados choques de matérias-primas

(crise do petróleo, choques agrícolas). Normalmente, a política usual, no caso de

inflação de custos, é o controle direto de preços, o que pode ocorrer tanto através

de uma política salarial mais rígida, maior fiscalização sobre os lucros auferidos

pelos grupos oligopolistas como pelo controle ou tabelamento de preços dos

produtos.

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Outras causas: inflação inercial, inflação de expectativas e corrente

estruturalista

Além dos fatores tradicionalmente considerados como os principais

causadores do processo inflacionário, no Brasil tem-se associado esse processo

também à inércia inflacionária, e às expectativas de inflação futura.

De acordo com a VISÃO INERCIALISTA, os mecanismos de indexação formal

(contratos, aluguéis, salários) e informal (reajustes de preços no comércio,

indústria, tarifas públicas) provocam a perpetuação das taxas de inflação

anteriores, que são sempre repassadas aos preços correntes. Ademais, mesmo sem

terem apresentado aumentos significativos de seus custos, muitos setores

simplesmente elevam os preços de bens e serviços pela inflação geral do país,

divulgada pelas instituições de pesquisa. Por essa razão, nos planos

antiinflacionários adotados depois de 1986 no Brasil, as autoridades adotaram o

congelamento de preços e salários para tentar eliminar a chamada memória

inflacionária, ou seja, desindexar a economia. Outro recurso foi a troca da unidade

monetária, quando, durante algum tempo, coexistiram uma moeda inflacionada

(como o cruzeiro real) e uma moeda teoricamente sem inflação (como o real),

indexada ao dólar ou a uma cesta de moedas estrangeiras.

A INFLAÇÃO DE EXPECTATIVAS estaria associada aos aumentos de preços

provocados pelas expectativas dos agentes de que a inflação futura tende a

crescer, e eles procuram resguardar suas margens de lucro. No Brasil, esse fator

tem sido muito presente antes de mudanças de governo, com os empresários se

precavendo contra eventuais congelamentos de preços e salários, que tem sido

uma estratégia freqüente nos planos pós-86 (chamados de choques heterodoxos).

Na América Latina, a partir dos anos 1950, ganhou destaque uma corrente

que pressupõe que a inflação no continente estaria associada estreitamente a

tensões de custos, causados por deficiências na estrutura econômica. É a

CORRENTE ESTRUTURALISTA. A inflação seria explicada principalmente pela

estrutura agrária, estrutura oligopolista de mercado e estrutura do comércio

internacional. A agricultura não responderia ao crescimento da demanda de

alimentos, devido à existência de latifúndios pouco preocupados com questões de

produtividade. Isso levaria ao aumento de preços dos alimentos. Por outro lado,

grandes oligopólios têm condições de sempre manter suas margens de lucro,

repassando todos os aumentos de custos a seus preços. Finalmente, a inflação

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seria provocada pelas desvalorizações cambiais que os países subdesenvolvidos

são obrigados a promover, para compensar o deficit crônico da balança comercial,

gerado pela deterioração dos termos de troca no comércio internacional, contra

esses países, por exportarem produtos primários e importarem produtos

manufaturados.

No fundo, segundo essa visão, as causas da inflação estão associadas aos

CONFLITOS DISTRIBUTIVOS, que se resumem na tentativa dos agentes manterem ou

aumentarem sua posição na distribuição do "bolo" econômico: empresários

defendendo suas margens de lucro, trabalhadores tentando manter seus salários e

o governo mantendo sua parcela através de impostos, preços e tarifas públicas,

além de poder emitir moeda a qualquer momento.

A inflação no Brasil

De acordo com Vasconcellos2 as escolas de teoria econômica no Brasil sempre

estiveram integradas a outros centros de estudo de economia no mundo inteiro. Todavia,

tivemos alguns aspectos de teoria econômica com aplicações práticas que foram muito

estudadas aqui, principalmente sobre a questão da inflação. Podemos citar como

exemplo a visão inercialista da inflação ou o processo de industrialização. O maior

destaque, sem dúvida, foi o debate entre estruturalistas e monetaristas, principalmente

nos anos 60.

Costuma-se associar a corrente estruturalista à Comissão Econômica para a

América Latina (CEPAL), influenciada pelas idéias do economista argentino Raul

Prebisch, e a corrente monetarista à política preconizada pelo Fundo Monetário

Internacional (FMI), baseada, em grande parte, nas idéias de Milton Friedman3, da

Universidade de Chicago.

Como dissemos, o diagnóstico estruturalista para o processo inflacionário em

países subdesenvolvidos pressupõe que a inflação está associada estreitamente a tensões

de custos, causadas por deficiências da estrutura econômica, a saber: a estrutura agrária,

a estrutura oligopolista de mercado e a estrutura do comércio internacional. Hoje, os

estruturalistas (ou neo-estruturalistas) colocam-se essas questões de forma mais

abrangente, ou seja, associadas a um conflito distributivo, que se estabelece entre os

vários setores e agentes da sociedade. Segundo essa corrente, as causas da inflação no

Brasil derivam da pressão desses agentes na defesa de sua parcela no produto da

economia: os capitalistas, via margens de lucro; o governo, via impostos e preços de

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tarifas públicas; e os trabalhadores, através de seus salários. As idéias estruturalistas

também estiveram associadas à estratégia de industrialização na América Latina, através

de um processo de substituição de importações. Esse processo foi ancorado em uma

política de proteção à indústria nacional, por meio de barreiras qualitativas e

quantitativas à importação.

A visão monetarista, no tocante à questão inflacionária, apresenta um diagnóstico

que associa a inflação brasileira ao desequilíbrio crônico do setor público. A

necessidade de financiar a dívida pública leva ao aumento das emissões e ao excesso de

moeda, acima das necessidades reais da economia, levando às elevações de preços. Os

economistas dessa corrente advogam por uma economia de mercado com menor

intervenção do Estado nessa atividade. São os principais defensores da privatização de

empresas estatais. Por essa razão, também são conhecidos como liberais ou neoliberais.

A terceira corrente é a inercialista, segundo a qual a inflação no Brasil estaria

associada aos mecanismos de indexação, que acabam perpetuando a inflação passada,

numa espécie de inércia inflacionária. Os congelamentos de preços e salários, adotados

nos planos econômicos, bem como a troca de moeda (o cruzeiro real inflacionado foi

substituído pelo real, teoricamente livre da inflação), foram medidas adotadas

justamente para tentar eliminar a "memória" inflacionária.

Em grande medida, e talvez com mais intensidade no Brasil, o debate entre as

várias correntes de pensamento econômico sempre esteve associado ao próprio debate

político, o qual representa os interesses de segmentos representativos da sociedade:

trabalhadores em geral, funcionários públicos, corporações estatais, industriais,

ruralistas etc.

O quadro a seguir procura sintetizar a discussão recente sobre inflação no Brasil.

Quadro 4: Inflação no Brasil e as correntes econômicas

INFLAÇÃO NO BRASIL E AS CORRENTES ECONÔMICAS

Corrente Causas principais Políticas

antiinflacionárias

Liberais ou neoliberais Desequilíbrio do setor público (o déficit e a dívida

Ajuste fiscal (para reduzir déficit e dívida

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pública provocam descontrole monetário, causando inflação de demanda)

pública, via reforma fiscal, privatização);

controle monetário (juros e moeda);

liberalização do comércio exterior (abertura comercial e valorização cambial).

Inercialistas Indexação generalizada (formal e informal).

Desindexação (para apagar ”memória ou inércia inflacionária”, via congelamento de preços, salários e tarifas. Planos Cruzado, Bresser – ou troca de moeda – Plano Real).

Estruturalistas Conflitos distributivos (pressões de margens de lucro, pressões salariais, pressões de tarifas e preços públicos provocam inflação de custos).

Controle de preços de oligopólios;

reformas estruturais.

Fonte: VASCONCELLOS, 2001, p. 341.

Para que se possam identificar as causas da inflação é necessário primeiramente

medi-la. Essa medição se dá através de uma ferramenta da Estatística chamada número

índice.

MEDIDA DA INFLAÇÃO – NÚMEROS ÍNDICE Um número índice é um número abstrato que sintetiza grandezas de diferentes

espécies em um único valor, que permite fazer comparação no tempo e no espaço.

Mediante o emprego do número índice, podemos comparar os custos de alimentação ou

de vida em uma determinada região num dado período de tempo com os de uma época

anterior ou, ainda, a produção de determinado produto durante um determinado ano em

uma dada região.

Embora os números índices sejam utilizados principalmente nos negócios e na

economia, podem ser utilizados em outros campos do conhecimento, como na área da

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educação, podemos utilizar números índices para comparar o grau de inteligência dos

estudantes.

A construção de um número índice exige a consideração dos seguintes pontos:

Definição da base – Consiste em especificar se o índice a ser elaborado é para

preço, quantidade ou valor, em delimitar a área geográfica à qual se refere, em

estabelecer a sua periodicidade, em selecionar a fórmula, em identificar os dados

necessários e suficientes para a construção.

Fixação da base – A fixação da base no tempo e no espaço depende da

finalidade do índice. Entretanto, como regra geral, aconselha-se que a escolha

deva recair sobre um período ou espaço geográfico que possa ser encarado como

normal, ou seja, no qual não se tenham manifestado perturbações excessivas no

comportamento do fenômeno estudado.

Obtenção de informações – É a maneira pela qual os dados devem ser

coletados (senso ou amostragem); será determinado tendo em vista o menor

custo, a maior precisão e máxima oportunidade.

Um índice de preços podem ser de três tipos. São eles:

a) Índice relativo de preços – Quando queremos analisar a variação do preço de

um só bem, basta expressar tal variação em termos percentuais. Notação

utilizada:

I – índice;

P – preço;

o – época base, básica ou época de referência;

t – época atual, época dada, época a ser comparada;

Pt – preço do artigo na época atual (dada);

Po – preço do artigo na época base.

Fórmula utilizada: Po,t = Pt . 100 - 100

Po

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Exemplo: um artigo foi adquirido por R$ 2.000 em 2003 e por R$ 2.500 no

ano seguinte. Calcular o relativo de preço em 2004, com base em 2003 e dar a

interpretação.

Cálculo: P o,t = 2.500 . 100 - 100 P o,t = 25%

2.000

Interpretação: o preço teve um acréscimo de 25% em relação 2003/2004.

b) Índice relativo de quantidade – Quando desejamos analisar a variação na

quantidade de um produto em termos percentuais. Notação utilizada:

qt – quantidade de um produto na época atual;

qo – quantidade desse mesmo produto na época base;

Fórmula utilizada: q o,t = qt . 100 - 100

qo

Exemplo: um vendedor de automóveis vendeu 600 veículos em 2004,

contra 400 em 2005. Calcular o relativo de quantidade em 2005, com base em

2004. Dar a interpretação.

Cálculo: q o,t = 600 . 100 - 100 q o,t = 50 %

400

Interpretação: a quantidade de veículos vendidos teve um aumento de

50% em relação 2004/2005.

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c) Índice relativo de valor – Quando pretendemos analisar a variação no valor

de um único bem, basta expressar a variação em percentuais, obtendo o que

denominamos relativo do valor. Notação utilizada:

Pt - preço do artigo na época atual;

Po - preço do artigo na época base;

qt - quantidade de um produto na época atual;

qo - quantidade desse mesmo produto na época base;

Vt - valor do artigo na época atual;

Vo – valor do artigo na época base.

Fórmula utilizada: Vo,t = Vt . 100 - 100

Vo

Exemplo: uma empresa vendeu em 1996 12.000 unidades de um artigo, ao

preço unitário de R$ 500. Em 1997 vendeu 15.000 unidades do mesmo artigo ao

preço de R$ 600. Com base em 1996, calcule o relativo de valor em 1997.

Cálculo:

V o = Po . qo (500 . 12.000) = 6.000.000

V t = Pt . qt (600 . 15.000) = 9.000.000

V o t = 9.000.000 . 100 - 100 = 50%

6.000.000

OS INDICES REAIS E NOMINAIS DE INFLAÇÃO Temos também os chamados indices de preços reais e nominais, a diferença entre os mesmos esta no desconto ou não da inflação sobre os preços dos bens no período a ser analisado.

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O Indice Nominal de inflação somente leva em consideração o aumento de preços dos bens sem descontar a inflação do período, enquanto que o real desconta a inflação. Exemplo. Se a 1 ano atrás comprávamos 01 pãozinho a 0,10 centavos e hoje compramos a 0,20 tivemos uma inflação nominal no período de 100 por cento, porém se a inflação no período foi de 50 por cento, logo tivemos uma inflação real sobre o pãozinho de 50 por cento . In = [ [[ P2 – P1] / P1] X 100] = no exemplo acima . [ [[ P2 – P1] / P1] X 100] = [[[ 0,20-0,10 ] / 0,10] x 100 ] = [[0,10 /0,10 ] X 100 ] = [ [ 1 ] x 100] = 100 por cento Se subtrairmos dos 100 por cento 50 por cento que foi a inflação passada teremos 50 por cento reais acima da inflação do período. Ir = [ [[ P2 – P1] / P1] X 100] – Ifp = Onde ; In = Indice nominal de inflação P2= preço do período 2 P1= preço do período 1 X= multiplicação Ip = Indice real de preços Ifp= Inflação passada entre os dois períodos Mercado Cambial

Segundo GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JÚNIOR, (2005),

“Mercado cambial é o mercado em que as moedas dos diferentes países são

transacionadas. Nesse mercado, existem ofertas e demandas pelas várias moedas”.

Assim, pela relação entre oferta e demanda das diferentes moedas, estabelece-se

uma relação de valor entre elas, surgindo o conceito de taxa de câmbio, ou seja, ainda,

segundo os autores citados, a

Page 70: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

“Taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra moeda nacional; é a taxa pela qual duas moedas de países diferentes podem ser trocadas (cambiadas).”

Essas variações na demanda e oferta ocorrem em virtude de alguns fatos

determinantes, tais como, investimentos estrangeiros, tomadores de empréstimos no

exterior, turistas, entre outros. Porém, as variáveis que merecem maiores destaques na

formação da taxa cambial são as exportações e importações do país.

Convêm ressaltar que as exportações estão diretamente relacionadas com as

possibilidades de competição dos produtos domésticos diante dos demais países. Assim,

uma forma de compensar a baixa competitividade de alguns setores é a desvalorização

cambial, instrumento muitas vezes utilizado pelo governo.

Porém, em um segundo momento, a superação das exportações frente às

importações de um país acarreta uma valorização cambial, ou seja, a moeda nacional

valoriza-se diante da estrangeira, ocorrendo o contrário quando a demanda pela moeda

estrangeira supera a nacional. Dessa maneira GREMAUD, VASCONCELLOS E

TONETO JÚNIOR, (2005) alegam que:

”Se a competitividade for, por exemplo, crescente, as exportações do país deverão crescer também, e as importações, diminuir, portanto a taxa de câmbio deverá valorizar-se.” (2005. p. 282)

Além das exportações, outra variável que influencia a taxa cambial é a taxa de

juros, atraindo capital externo, pressionando o câmbio no sentido de sua valorização.

Desse modo, o governo monitora o mercado cambial tendo como objetivo melhorar o

desempenho de certas variáveis econômicas de seu interesse.

Quanto ao regime cambial, os mais utilizados são o fixo ou flutuante. No

primeiro o governo estipula o valor do câmbio, sendo que oscilam somente as

quantidades de divisas a serem transacionadas. Quando existe um excesso de oferta de

divisas, o governo entra no mercado adquirindo-as pela taxa fixada, e quando há

excesso de demanda o processo ocorre ao contrário, ou seja, o governo vende divisas

que se encontram nas reservas pela taxa fixada. O problema desse regime de câmbio

fica evidente se ocorrerem déficits na balança de transações correntes, sendo que os

mesmos devem ser cobertos pelas reservas, ou financiados por capital externo, o que

representaria, caso o problema seja estrutural (baixa competitividade) um peso no

pagamento dessa dívida contraída. Dessa forma restaria uma desvalorização cambial e

uma política de contenção de demanda (recessão).

Page 71: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Já a taxa flutuante, como o próprio nome diz, oscila sem intervenção do

governo, de acordo com a oferta e demanda por divisas. O inconveniente desse sistema

é a grande volatilidade das taxas, levando a constante alterações nos preços relativos e

nas expectativas dos agentes econômicos, dificultando assim, o comércio mundial.

Para GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JÚNIOR ( 2005. p. 285): “O sistema de taxas de câmbio flutuantes provoca grandes desconfortos ao comércio mundial, pois, com a alta volatilidade de taxas, pode levar a constantes alterações nos preços relativos. Com isso, cria-se um cenário desfavorável à formação de expectativas e, conseqüentemente, à tomada de decisões dos agentes econômicos.”

Ainda, para esses estudiosos, reverter esse desconforto, adotou-se, em alguns

países, o que se denominou de flutuação suja, ou seja, quando o câmbio estiver

oscilando muito ou atrapalhando a atividade econômica, o Banco Central intervém no

sistema para estabilizar ou direcionar a taxa para o nível desejável. Ainda, pode-se

ressaltar a existência de um outro regime cambial, denominado sistema de bandas.

Nesse, a taxa oscila, bem como na taxa flutuante, sedo que existem níveis para essa

ocorrência dentro de um patamar desejável e determinado pelo Banco Central, ou seja,

existe um limite superior e inferior aceitável para as oscilações. Quando a taxa se

aproxima de um dos limites, forçando o câmbio a uma valorização ou desvalorização o

Banco Central intervém, vendendo ou comprando moeda estrangeira. (GREMAUD;

VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2005, p. 281-286).

Quanto ao cambio temos a seguinte equação matemática Ca = R / U Ou seja = para cada unidade de U temos que ter X de R Exemplo Ca = 2,38 cambio de 2,38 o dólar em relação ao real, isto quer dizer que precisamos 2,38 reais para obter um dólar e na formula estaria da seguinte forma. Ca = R / U = R 2,38 / U 1 ,00 = 2,38 DEVEMOS LEMBRAR DO SEGUINTE ; SE O CAMBIO VALORIZA NOSSA MOEDA EM RELAÇÃO A OUTRA, ISTO REFLETIRÁ NA BALANÇA COMERCIAL, FAZENDO COM QUE OS PRODUTOS IMPORTADOS FIQUEM MAIS BARATOS E NOSSOS

Page 72: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

PRODUTOS FIQUEM MAIS CAROS E DIFICEIS DE EXPORTAR, VALENDO O CONTRÁRIO NO CASO DE DESVALORIZAÇÃO DE NOSSA MOEDA EM RELAÇÃO A OUTRA. CAMBIO VALORIZADO É QUEDA DO VALOR DA MOEDA ESTRANGEIRA EM RELAÇÃO A NOSSA E DESVALORIZADO É O CONTRÁRIO.

O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O MERCADO DE DIVISAS O mercado de câmbio ou divisas permite, por exemplo, que as empresas

brasileiras importem produtos dos Estados Unidos, pagando em reais, e que seus

fornecedores comprem os bens em sua própria moeda nacional, isto é, dólares.

A principal diferença entre o comércio nacional e o internacional é que, dentro de

um país, o intercâmbio se realiza com a mesma moeda, enquanto no comércio

internacional cada país tem sua própria moeda. A heterogeneidade de moedas dos

diferentes países torna mais complexas as relações econômicas internacionais, pois

surge o problema da troca entre eles.

Uma empresa que oferece bens e serviços a outros países requererá que se lhe

pague na moeda de seu próprio país. Assim, uma empresa brasileira que vende seus

produtos nos Estados Unidos desejará ser paga em reais, enquanto uma empresa norte-

americana que vende ao Brasil pedirá o pagamento em dólares. Conseqüentemente, os

compradores nos mercados internacionais necessitam obter moedas dos países dos quais

desejam comprar bens e serviços. Portanto, um sistema desenvolvido de comércio

internacional somente pode funcionar se existe um mercado em que uma moeda pode

ser trocada por outra. Esse é o papel atribuído ao mercado de divisas ou de câmbio.

A taxa de câmbio é o preço de uma moeda expresso em outra. Ela expressa-se

como o número de unidades da moeda nacional por unidade de moeda estrangeira. Por

exemplo, se a taxa de câmbio do real frente ao dólar é 10, entregam-se 10 reais para se

obter um dólar.

Quando o preço em reais de uma unidade de moeda estrangeira sobe, por

exemplo, se passa de 8 reais/dólar a 10 reais/dólar, dizemos que o real desvalorizou-se.

Pelo contrário, quando a taxa baixa, dizemos que o real valorizou-se.

Uma desvalorização da moeda nacional faz com que nossos bens sejam mais

baratos no exterior e com que os bens estrangeiros fiquem mais caros no mercado

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nacional. Portanto, cria-se uma tendência para elevar as exportações e para reduzir as

importações.

O SISTEMA DE TAXAS DE CÂMBIO Os sistemas de taxas de câmbio classificam-se de duas formas:

taxas de câmbio flexíveis ou livremente flutuantes;

taxas de câmbio fixas.

Vamos analisar cada uma delas a seguir.

As taxas de câmbio flexíveis ou livremente flutuantes

Para analisar as taxas de câmbio flexíveis, devemos estudar o funcionamento do

mercado livre da taxa de câmbio.

Em um mercado livre, a taxa de câmbio será determinada pelas forças da oferta e

da demanda. Nessas circunstâncias, diz-se que a taxa de câmbio é flexível ou flutuante.

Para analisar como se forma a taxa de câmbio, lembrem que a moeda nacional, o

real, e a estrangeira (que geralmente vamos supor como sendo o dólar) são necessárias

para que haja transações econômicas entre um país e outro. A demanda por reais – ou, o

que é o mesmo, a oferta de dólares, se formos determinar a taxa de câmbio do dólar – é

feita pelos exportadores nacionais que recebem dólares em troca de mercadorias e

desejam reais, assim como os turistas e os investidores norte-americanos no Brasil, que

têm de converter em reais seus dólares para materializar seus gastos e investimentos.

A oferta de reais ou, o que é o mesmo, a demanda de dólares corresponderá aos

importadores nacionais, assim como aos turistas e aos investidores brasileiros nos

Estados Unidos, que necessitam trocar seus reais por dólares para adquirir as

mercadorias norte-americanas e realizar seus investimentos. Para todas essas atividades,

os brasileiros têm de obter dólares. Para isso, existem as instituições financeiras, que

compraram dólares no mercado de câmbio e os entregarão por reais.

Os importadores e os turistas nacionais que vão ao exterior e os investidores

brasileiros no resto do mundo têm de obter moeda estrangeira para pagar suas faturas

em outros países, o que constitui a demanda de divisas (dólares).

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No mercado de divisas, a demanda de dólares, derivada das importações nacionais

e dos investimentos brasileiros no exterior, e a oferta de dólares procedente das

exportações brasileiras e dos investimentos estrangeiros no Brasil determinam,

conjuntamente, a taxa de câmbio.

Em um sistema de taxas de câmbio livremente flutuantes, a taxa de câmbio é

determinada mediante o jogo da oferta e da procura de divisas em relação à moeda

nacional no mercado de câmbio. Se a uma taxa de câmbio de 1,20 reais/dólar a oferta de

dólares é superior à demanda de dólares, há um superávit de divisas, isto é, um excesso

de entradas de exportações e demais transações anteriormente citadas sobre os gastos

com importações, de forma que a taxa de câmbio do real frente ao dólar, ou seja, o

número de reais necessários para comprar um dólar tenderá a diminuir, isto é, a

valorizar-se, até o ponto em que a oferta e a demanda se equilibrem. Se a taxa de

câmbio é inferior à de equilíbrio – por exemplo, 0,80 reais/dólar –, o gasto com

importações e demais transações é maior que as receitas por exportações e acontecerá

um excesso de demanda de divisas. Isso provocará uma elevação na taxa de câmbio, ou

seja, uma desvalorização do real, e o equilíbrio será restabelecido.

Ao traçar as curvas de oferta e demanda de divisas, supõe-se que permaneça

constante uma série de fatores que, realmente, incidem sobre o mercado de divisas. A

alteração de alguns desses fatores suporá o deslocamento das curvas analisadas. Desse

modo, se, por exemplo, o PIB brasileiro aumenta, a quantidade demandada de

importações a uma taxa de câmbio dada aumentará. Quando as exportações brasileiras

de bens e serviços aumentam (por um aumento nos preços norte-americanos) ou se

aumentam os investimentos norte-americanos no Brasil, por uma elevação da taxa de

juros brasileira, a oferta de dólares aumentará. Isso ocasionará um deslocamento da

oferta de dólares para a direita, e o valor do real irá se elevar em relação ao dólar, já que

será necessário entregar menos reais para obter um dólar.

Uma taxa de câmbio totalmente flexível ajusta, portanto, o balanço de pagamentos

automaticamente, igualando a demanda e a oferta de divisas por operações autônomas

com o exterior, tornando desnecessária a intervenção do Banco Central para restabelecer

o equilíbrio externo.

As vantagens do sistema de taxas de câmbio flexíveis

Page 75: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Teoricamente, o sistema de taxas de câmbio flexíveis corrigirá automaticamente

qualquer tendência de gerar deficit ou superavit no balanço de pagamentos. A seqüência

lógica que o processo seguirá é a seguinte:

inicialmente, o balanço de pagamentos da economia brasileira está em

equilíbrio;

suponhamos que aconteça um aumento na demanda por importações e o

balanço de pagamentos brasileiro incorra em um deficit;

o aumento nas importações implicará um aumento na demanda por dólares no

mercado de câmbio;

o real ficará depreciado em relação ao dólar, o que fará com que as importações

fiquem mais caras, e as exportações, mais baratas;

a troca nos preços relativos das exportações e das importações fará aumentar o

volume das exportações e reduzir o volume das importações, fazendo com que o

balanço de pagamentos alcance o equilíbrio.

Limitações do sistema de taxas de câmbio flexíveis

Na prática, o mecanismo esboçado pode não funcionar. Também podem surgir

problemas com a sensibilidade (elasticidade-preço da demanda) da demanda das

exportações e das importações. Em outras palavras, se o balanço de pagamentos

apresenta um deficit e o real se desvaloriza, as exportações podem não aumentar o

suficiente e as importações não se reduzirem de maneira apreciável. Uma complicação

adicional pode surgir pelo fato de a desvalorização do real aumentar o preço das

importações, o que, além de incidir sobre o custo de vida, pode afetar os custos de

produção de muitas empresas, influindo, desse modo, negativamente sobre os preços

das exportações.

Outro inconveniente do sistema de taxa de câmbio flexível é que se gera uma

grande incerteza nas relações internacionais. Suponhamos que um empresário brasileiro

importe material dos Estados Unidos para produzir computadores. Se o pagamento for

feito em dólares num prazo de seis meses, o empresário brasileiro não poderá

Page 76: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

determinar de modo preciso seus custos de produção, pois isso dependerá da taxa de

câmbio no transcorrer do período.

A presença de especuladores também pode dificultar o processo de ajuste. Eles

comprarão uma moeda (real), quando supuserem que seu valor aumentará, e iniciarão

processos de venda quando esperarem que o valor do real se reduza. Suponha que a taxa

de câmbio real/dólar é de 100. Se o especulador espera que o real se desvalorize,

procurará obter vantagem da informação que tem e, por exemplo, trocará 1.000.000 de

reais por 10.000 de dólares. Quando o real desvalorizar e, por exemplo, a taxa de

câmbio for de 130 reais/dólar, os 10.000 de dólares serão convertidos de novo em reais,

que agora serão 1.300.000 reais, obtendo na operação um lucro de 300.000 reaIS.

Os sistemas de taxas de câmbio fixas: o padrão ouro

Uma vez estudadas as principais características flexíveis do sistema de taxa de

câmbio, estudaremos os sistemas de taxas de câmbio fixas. Sob o sistema de câmbio

fixo, a taxa de câmbio cai ligada a uma determinada mercadoria (historicamente o ouro)

ou a uma determinada moeda. Numa perspectiva histórica, o protótipo do sistema de

câmbio fixo foi o padrão ouro puro. Para aderir a esse sistema, todo país tinha de aceitar

as seguintes regras:

estabelecer uma relação fixa entre sua moeda e o ouro. Tal relação,

denominava-se valor paritário ou preço oficial. As autoridades econômicas deviam

estar dispostas a trocar ouro por moeda e a fazer o inverso;

as autoridades econômicas deveriam manter a convertibilidade do ouro,

comprando e vendendo a moeda nacional em troca de ouro ao preço oficial. Dessa

forma, qualquer residente nacional ou estrangeiro poderia ir ao Banco Central e

converter dinheiro fiduciário (papel-moeda e cheque) em ouro;

Page 77: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

o governo deveria seguir uma política respaldada no valor do ouro, cobrindo

100%. Assim, o banco central tinha de ter ouro num valor igual, pelo menos, à

quantidade de dinheiro que havia em circulação. O banco central, então, só criava

dinheiro quando comprava ouro do público e destruía dinheiro quando vendia ouro ao

público.

O mecanismo de ajuste O sistema de padrão ouro clássico não só se encarrega de manter estáveis as taxas

de câmbio, mas também equilibradas as relações comerciais internacionais. Assim,

quando um país tinha um superavit com o exterior – isto é, exportava mais do que

importava – ele recebia mais ouro do que tinha de pagar, de forma que suas reservas em

ouro aumentavam e isso aumentaria a quantidade de dinheiro. Dessa forma, a demanda

agregada aumentaria, e os preços também. Com um nível mais elevado de preços, o país

seria menos competitivo em nível internacional, e suas exportações diminuiriam e, pelo

contrário, suas importações aumentariam até que alcançassem o equilíbrio. O inverso

aconteceria num país com deficit em suas relações com o exterior, pois haveria uma

saída de ouro.

O padrão ouro clássico é um regime de taxa de câmbio fixa. O valor da moeda

nacional define-se em relação ao ouro, e o banco central compra e vende ouro em

quantidades ilimitadas a esse preço. As entradas de ouro provocam uma expansão

monetária, e as saídas, uma destruição do dinheiro.

Assim, mantendo fixa a taxa de câmbio, elimina-se o desequilíbrio nas relações

internacionais. Para isso, só se exigia que as importações e as exportações fossem

sensíveis às variações dos preços e que o banco central estivesse disposto a aumentar ou

diminuir a quantidade de dinheiro, quando a quantidade de ouro aumentasse ou

diminuísse.

Inconvenientes do padrão ouro O padrão ouro clássico apresentava uma série de inconvenientes, entre eles cabe

destacar os seguintes:

Page 78: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

tendia a formar fortes oscilações na atividade econômica e no nível de preços, o

que poderia ir contra os objetivos internos de política econômica. Além disso,

preços e salários internos poderiam ser rígidos para baixo, o que não garantia o

equilíbrio do balanço de pagamentos;

os países com superávit, em suas relações econômicas com o exterior, podiam

tomar medidas que tendiam a cancelar o efeito do fluxo de ouro sobre a

quantidade de dinheiro. As autoridades monetárias poderiam vender títulos no

mercado e reduzir os estoques de dinheiro na mesma quantidade em que as

reservas de ouro aumentariam. Isto é, o banco central tem capacidade de

“esterilizar” seus fluxos de ouro e, assim, combater os aumentos no nível de

preços, impedindo, desse modo, o funcionamento do mecanismo de ajuste;

um banco central esteriliza os efeitos produzidos pelas perdas (ganhos) de ouro

na oferta monetária quando realiza operações de mercado aberto que

compensem as variações da quantidade de ouro, impedindo que se altere a oferta

monetária;

sistema era muito sensível a uma crise de confiança, pois se centrava sobre uma

base relativamente pequena de ouro e sempre corria o perigo de um esgotamento

das reservas de ouro disponíveis. Além disso, a produção de ouro não podia

aumentar em função da necessidade de liquidez do comércio internacional.

Até 1914, os problemas mencionados impulsionaram uma certa modificação do

padrão ouro puro. Além do ouro, os países começaram a manter reservas em forma de

divisas das nações ricas que se vinculavam ao ouro, fundamentalmente a libra esterlina.

Posteriormente, a grande depressão de 1929 forçou alguns países a restringirem

bruscamente seu comércio e a fazerem acordos bilaterais com outros países, de forma

que o padrão ouro modificado deixou praticamente de funcionar.

Taxa de câmbio e inflação Para analisar as relações entre câmbio e inflação, inicialmente veremos como a

política cambial afeta as taxas de inflação, e depois inverteremos a questão, isto é, como

a taxa de inflação afeta o câmbio.

Page 79: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Valorização cambial e inflação

Com uma valorização (apreciação) cambial, a moeda nacional (real) fica mais

forte relativamente às moedas estrangeiras. Os brasileiros passam a importar mais, e

aumenta a competição do produto importado com os produtos nacionais. Os

empresários brasileiros são desestimulados a elevar o preço de seus produtos e são

obrigados a manter os preços em níveis competitivos. Ou seja, a valorização cambial

permite “ancorar" os preços internos e reduzir a taxa de inflação (daí deriva o termo

âncora cambial).

A partir de 1994, no Plano Real, a valorização cambial foi um instrumento bem-

sucedido no sentido de controlar a inflação, que tinha atingido cerca de 50% no mês de

junho daquele ano. Outro efeito positivo dessa política foi a elevação dos índices de

produtividade, devido à modernização do parque produtivo nacional proporcionado

pelas importações de bens de capital, o que levou à redução de custos de produção e,

conseqüentemente, dos preços, beneficiando os consumidores produtos de melhor

qualidade, a preços relativamente mais baixos).

Contudo, a política de valorização cambial pode apresentar algumas desvantagens

(como ocorreu no Brasil). Os setores nacionais que estiverem despreparados para a

competição externa podem sofrer grande queda em suas vendas, com o conseqüente

aumento do desemprego nesses setores. Os exportadores também são prejudicados,

porque, com a moeda nacional valorizada, nossos produtos ficam relativamente mais

caros para o comprador estrangeiro. Com importações tendendo a crescer mais que as

exportações, pode ocorrer um deficit na balança comercial, com a conseqüente saída de

divisas do País. Para manter suas reservas cambiais, o País se vê na contingência de

buscar recursos no exterior, aumentando sua dependência ou vulnerabilidade externa.

Desvalorização cambial e inflação

A desvalorização cambial tem efeito contrário ao descrito anteriormente: os

produtos importados ficam mais caros, em termos de reais. Evidentemente, diminuirão

as importações de muitos produtos, mas os bens essenciais, como petróleo, trigo, que o

Brasil importa muito, terão seu preço aumentado (em reais, não em dólar), provocando

aumento dos custos de produção, que serão repassados aos preços dos produtos finais,

gerando inflação – a chamada inflação de custos.

O efeito da desvalorização cambial sobre a taxa de inflação é denominado

passthrough.

Page 80: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

DÉFICIT PÚBLICO E DÍVIDA PÚBLICA

A carga tributária bruta de um país consiste no total de impostos arrecadados. A diferença entre a carga tributária bruta e as transferências governamentais (juros sobre a dívida pública, subsídios e gastos com assistência e previdência social) é a carga tributária líquida do governo. Assim, baseando-se nessa última, é que o governo pode financiar seus gastos correntes (consumo do governo). A diferença entre a carga tributária líquida e o consumo do governo determina a poupança do governo. Carga tributária bruta = Total de impostos arrecadados no país; Carga tributária líquida =Carga tributária bruta – transferência do governo; Poupança do governo em conta corrente = Carga tributária líquida – consumo do governo.

Assim, a poupança do governo demonstra tão somente a capacidade de investimento do governo, sem pressionar outras fontes de financiamento. Quando existe essa necessidade de financiamento, temos o déficit público, portanto: Déficit público = investimentos governamentais – poupança do governo em conta corrente

Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 210

Page 81: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Déficit Público sabemos que o déficit público se constitui no excesso de dispêndio governamental (consumo e investimento) frente à poupança do setor público, dada pela arrecadação de tributos.Sabemos que o déficit público (DP) é dado pelo excesso de investimento governamental face à poupança do governo em conta corrente, ou seja, DP = Ig – Sg (1) e Ip + Ig = Sp + Sg + Se (2) Da combinação das duas equações, podemos assumir que: Ig - Sg = Sp + Se – Ip Logo, equacionalmente, temos: DP = (Sp – Ip) + Se. A identidade que decorre da conta de capital do sistema de contas nacionais indica que o déficit público é financiado, internamente, pelo excesso da poupança privada sobre o investimento privado e, externamente, pelo afluxo de poupanças do resto do mundo. O financiamento do déficit público é dado: internamente, via excesso de poupança privada frente ao investimento privado e externamente, via afluxo de poupanças do resto do mundo. Relação entre o fluxo internacional de recursos para acumulação de capital ( I – S) e o fluxo internacional de bens e serviços (NX) A conta de capital representa o excesso de investimento interno em relação à poupança interna. A conta de capital é igual ao montante de acumulação de capital interno que é financiado por empréstimos externos. A conta corrente é o montante líquido de recursos que o país recebe correntemente do exterior em troca das exportações líquidas de bens e serviços. Conta de Capital + Conta Corrente = 0 ( I – S) + NX =0 Se I – S for positivo e NX negativo, temos um superávit em conta de capital e um déficit em conta corrente. Neste caso, estamos tomando emprestado nos mercados financeiros mundiais e estamos importando mais bens do que exportamos. Se I – S for negativo e NX positivo, temos déficit em conta de capital e superávit em conta corrente. Neste caso, estamos emprestando aos mercados financeiros mundiais e exportando mais bens do que importamos. Se as nossas poupanças excedem nossos investimentos, a poupança que não é investida internamente é usada para conceder empréstimos externos. Eles necessitam desses empréstimos porque estamos lhes fornecendo mais bens e serviços do que eles nos fornecem, isto é, NX é positivo. Por sua vez, se nossos investimentos excedem nossas poupanças, o investimento excedente deve ser financiado pelo estrangeiro. Esses empréstimos externos nos permitem importar mais bens e serviços do que estamos exportando, isto é, NX é negativo.

Page 82: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

A conta-corrente deve compensar a conta de capital, o que significa que a contacorrente deve ser igual à diferença entre a poupança e o investimento. A poupança é determinada pela função consumo e pela política fiscal ao passo que o investimento, pela função investimento e pela taxa de juros mundial. Em resumo: um superávit da conta corrente significa que o país está acumulando ativos líquidos internacionais, ou seja, seus direitos líquidos em relação ao resto do mundo estão aumentando. Um déficit da conta corrente significa que a nação está desacumulando ativos líquidos internacionais. Portanto, a conta corrente também é definida como a variação da posição do investimento internacional líquido de uma nação. Quando tal posição for positiva, a nação é um credor líquido do resto do mundo e, quando for negativa, é um devedor líquido. Há duas formas de definir a conta corrente: a) como a diferença entre a renda interna e a absorção; b) como a soma da conta comercial e da conta de serviços do balanço de pagamento.

ECONOMIA INTERNACIONAL

TEORIAS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL

O mercantilismo aparece como o primeiro conjunto de idéias que procurava

explicar o funcionamento do comércio entre os países, enfatizando que as nações

deveriam privilegiar o comércio e principalmente as exportações para a

acumulação de metais. Segundo o mercantilismo, os Estados nacionais deveriam:

possuir um exército numeroso (tendo como pressuposto o crescimento

populacional);

intensificar as atividades de comércio;

acumular divisas (metais preciosos), ou seja, buscar o metalismo;

defender interesses internos;

conquistar maior participação no comércio internacional, por meio do

aumento das exportações;

enfatizar as atividades de comércio e manufatura1.

Page 83: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Teoria das vantagens absolutas De acordo com Adam Smith2, uma das condições necessárias para a ocorrência de

comércio entre duas nações seria a existência de algum produto para o qual ocorresse

uma vantagem absoluta na produção, ou seja, essa nação deveria, necessariamente, ter

condições de produção mais favoráveis que as do país para o qual se pretenda exportar.

Como o valor das mercadorias seria determinado pelo tempo de trabalho necessário para

produzi-las, pode-se afirmar que o determinante, para Smith, seria o custo da

mercadoria em termos de mão-de-obra. Desse modo, seria necessário comparar o custo

de produção entre duas nações de tal forma que só seria possível o comércio se

ocorressem diferenças significativas entre os valores. Considera-se, nesse caso, o

coeficiente técnico, ou seja, a relação entre o número de horas de trabalho em função da

quantidade produtiva:

I = L / P em que:

I = coeficiente técnico de produção;

L = horas de trabalho;

P = produto (quantidade produzida).

Quadro 5: Hipótese de produção de calçados e carne no Brasil e na Argentina

HIPÓTESE DE PRODUÇÃO DE CALÇADOS E CARNE NO BRASIL

E NA ARGENTINA País Horas de

mão-de-obra na

produção de

calçados (L)

Produção de

calçados (P)

Coeficiente Técnico

da Produção

de Calçados

(L/P)

Horas de mão-de-obra na

produção de carne

(L)

Produção de carne

(P)

Coeficiente Técnico

da produção de carne

(L/P)

Brasil 400 250 1,6 600 250 2,4

Argentin 600 250 2,4 400 250 1,6

Page 84: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

a Fonte: CARMO e MARIANO, 2006.

O exemplo apresentado no Quadro 4 indica que o Brasil tem coeficiente técnico

de produção de calçados melhor (1,6) do que a Argentina (2,4). Em contrapartida, a

Argentina tem coeficiente técnico de produção de carne melhor (1,6) do que o Brasil

(2,4). Dessa forma, o Brasil apresenta vantagem absoluta na produção de calçados em

relação à Argentina, e a Argentina na produção de carne em relação ao Brasil.

Segundo a teoria das vantagens absolutas, cada país deverá se especializar na

produção daquele bem ou serviço em que apresente vantagem absoluta e exportá-lo,

abdicando da produção do bem ou serviço em que apresenta desvantagem, importando-

o.

Quadro 6: Hipótese de especialização de calçados e carne no Brasil e na Argentina

HIPÓTESE DE ESPECIALIZAÇÃO DE CALÇADOS E CARNE

Page 85: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

NO BRASIL E NA ARGENTINA País Hora

s de mão-de-

obra na

produção

de calçados

(L)

Coeficient

e técnico da produção

de calçados

(I)

Produção

de calçados

P= L/I

Horas de

mão-de-

obra na

produção

de carn

e

(L)

Coeficient

e técnico da produção

de carne (I)

Produção de carne

P = L/I

Brasil

1.000

1,6 625 0 2,4 0

Argentina

0 2,4 0 1.000 2,0 500

Page 86: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Fonte: CARMO e MARIANO, 2006.

No Quadro 5 desenvolve-se essa hipótese, considerando que cada um dos dois países disponha de 1000 horas de mão-de-obra para a produção de calçados e de carne. Se cada país se especializar e alocar toda a mão-de-obra ao produto em que tem VA a soma das produções de ambos os países será maior do que as produções de Brasil e Argentina, se cada país for auto-suficiente em produção e consumo de calçados.

Desse modo, somando o resultado da produção do Brasil e da Argentina, teríamos uma produção superior que a verificada inicialmente, ou seja, a economia aumentaria a sua capacidade produtiva como um todo, elevando, por conseqüência, o bem-estar da sociedade.

Teoria das vantagens comparativas O princípio das vantagens comparativas explica o motivo pelo qual dois países

comercializam entre si, mesmo quando um deles detém vantagem absoluta na produção

de dois bens. Se um país tiver vantagem relativa para um bem, deve se especializar na

produção daquela mercadoria em que é relativamente mais eficiente (com custo

relativamente menor), exportando essa mercadoria. Por outro lado, esse mesmo país

deve deixar de produzir e importar aqueles bens com produção de custo relativamente

maior (com produção relativamente menos eficiente).

A teoria das vantagens comparativas foi formulada por David Ricardo3, em 1817,

como uma evolução da teoria das vantagens absolutas. Da mesma forma como aquela

teoria, recomenda que cada país produza os bens e serviços em que tem vantagem

comparativa e os exporte, deixando de produzir bens e serviços em que é relativamente

menos eficiente. Como resultado, a produção global será maior do que se cada país for

auto-suficiente, aumentando as possibilidades de consumo e de bem-estar do conjunto

dos residentes em ambos os países.

Escola neoclássica Apontando as limitações da escola clássica, essa teoria argumenta que, no âmbito

do comércio internacional, não basta identificar os custos de produção (em termos de

mão-de-obra) para verificar se a nação possuirá vantagens no comércio internacional.

Segundo essa teoria, os países exportam o produto disponível no país, em detrimento

daquele em escassez. Desse modo, o processo de troca entre duas nações deve observar

o fato de que os países sempre tendem a exportar mercadorias provenientes de seus

Page 87: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

recursos produtivos mais abundantes e a importar bens cujos recursos sejam mais

escassos4.

RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS Atualmente, pelo menos do ponto de vista econômico, o mundo se apresenta

crescentemente interligado, seja por fluxos comerciais, seja por fluxos financeiros. De

modo geral, as relações econômicas internacionais têm posição fundamental para a

maioria dos países, inclusive o Brasil. A partir dessa constatação, o estudo da chamada

economia internacional, como um ramo especifico da teoria econômica, ganhou

destaque.

Cada vez mais os países estão interligados e interdependentes. O comércio entre

as nações mais do que duplicou nos últimos trinta anos. Atualmente, acima de um terço

de tudo que é produzido no mundo é comercializado entre nações. Ou seja, é crescente a

parcela da produção mundial que não é consumida no país de origem.

Quais são os fatores que determinam as trocas internacionais? São vários os

motivos que promovem a expansão do comércio para além das fronteiras de cada país.

Entre outros, podem ser citados:

diferenças de dotação de recursos naturais: diferentes países detêm diferenciadas

reservas de recursos naturais, o que favorece as trocas (petróleo, minerais,

solos);

assimetria em atributos construídos: cada país desenvolve de modo diferenciado

sua tecnologia, que proporciona diferentes oportunidades de comercialização

dos produtos dela decorrentes (remédios, softwares, engenharia);

qualificação dos fatores de produção: cada país pode ter vantagens na produção,

em decorrência de mão-de-obra melhor qualificada ou em razão de melhor ter

desenvolvido determinados fatores de produção;

relações entre fatores de produção: há fatores de produção que se

complementam e favorecem o intercâmbio entre países.

E quais são as vantagens do intercâmbio internacional? Existem vantagens para os

consumidores e para os produtores. Os consumidores, com a ampliação da oferta têm a

oportunidade de dispor de maior diversidade de produtos. Os produtores, por sua vez,

terão possibilidades de ampliação do mercado, buscando compradores com abrangência

Page 88: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

internacional. Com essa ampliação, os produtores terão oportunidade de especializar-se

e beneficiar-se das vantagens da produção em escalas maiores.

O processo de globalização O processo de globalização é a conseqüência do incremento das relações

econômicas internacionais. Os países se organizam em blocos de integração, para

facilitar o comércio entre si e para enfrentar a concorrência internacional de forma mais

competitiva.

A globalização exige dos países algumas condições para ingresso nesse “clube de

negociantes internacionais”. A primeira delas é integrar-se econômica e politicamente.

A integração implica em negociações permanentes, participação nos tratados e acordos

mundiais sobre o tema e adaptação às tendências comerciais, que se alteram com

velocidade crescente. Outra condição é a abertura às empresas transnacionais, que são

responsáveis pela maioria das transações do comércio internacional. Os países precisam,

também, investir em tecnologias que favoreçam a inter-relação mundial, como:

transportes, comunicações e transmissão de dados. Ainda, precisam eliminar barreiras

comerciais protecionistas e liberalizar suas economias.

As conseqüências da integração são alterações das regras de convivência internas

de cada país. Uma delas é a convergência das relações jurídicas internas, que tenderão a

um modelo mais homogêneo entre todos os países. Por conseguinte, haverá influência

externa crescente, sobre cada país, com o surgimento de organizações multilaterais,

acordos entre governos, implementação de empresas transnacionais. Em suma, haverá

redução de atributos de soberania nacional, que se consolidarão através de acordos de

interdependência.

Do ponto de vista macroeconômico, a integração produzirá o aumento do

comércio internacional, se relacionado com a produção interna (PIB) de cada país,

provocará a homogeneização crescente dos fatores de produção e dos produtos,

tendendo à equalização dos custos dos fatores. A influência dos investimentos externos

aumentará, e estes serão cada vez mais atraídos para infra-estrutura e para áreas de

tecnologia, em vez de serem dirigidos para exploração de recursos naturais. As nações

se tornarão cada vez menos autônomas no campo econômico, dependendo de fluxos

financeiros internacionais de controle reduzido.

Do ponto de vista microeconômico, as empresas tenderão a ter escalas maiores,

Page 89: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

podendo operar com custos mais reduzidos e com maiores condições de competir.

Níveis de integração Existem diversas classificações de níveis de integração entre países. A que

apresentaremos é das mais tradicionais e, como as demais, indica níveis crescentes de

integração.

Zona ou área de livre comércio (exemplos: Nafta, Alca): acordo entre países que

busca a eliminação de tarifas no comércio entre os signatários.

União tarifária ou aduaneira (exemplo: Mercosul): além da eliminação de

tarifas no comércio entre os países signatários, o acordo busca obter a mesma

política tarifária para com o resto do mundo (terceiros países).

Mercado comum: além das características anteriores, o acordo busca obter a

coordenação de políticas monetária, cambial, fiscal, previdenciária e tributária,

além da harmonização de legislação, liberdade de circulação de produtos e de

fatores de produção; deverão inexistir fronteiras alfandegárias. A única diferença

entre os mercados dos diversos países será a distância e o conseqüente custo do

transporte.

União econômica e monetária (exemplo: União Européia): os países ficam quase

sem autonomia, adotam o uso de moeda única, têm políticas macroeconômicas

comuns e banco central único. As políticas são regionais, e não mais nacionais.

Blocos econômicos

Alca – Área de Livre Comércio das Américas A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foi idealizada pelos Estados

Unidos, em 1994, durante a realização da Cúpula das Américas. Com o objetivo

de eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba,

e formar uma área de livre comércio para as Américas, até o final de 2005.

Page 90: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Posteriormente esse prazo foi dilatado e, atualmente, não existem condições

favoráveis à sua implementação, mesmo no Congresso norte-americano. Se

implantada, a Alca se tornará um dos maiores blocos comerciais do mundo.

São países-membro da Alca: Antigua e Barbuda, Argentina, Bahamas,

Barbados, Belize, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica,

Dominica, El Salvador, Equador, Estados Unidos da América, Granada,

Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua, Panamá,

Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São

Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai e Venezuela.

Mercosul – Mercado Comum do Sul O Mercado Comum do Sul foi criado oficialmente em 1991 pelo Tratado de

Assunção. É formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além dos países

associados Bolívia e Chile, estando em fase de discussão o ingresso da Venezuela.

O Mercosul tem como princípios básicos estabelecer uma união aduaneira – área

de livre circulação de bens, serviços, mãos-de-obra e capital –, assim como a

liberação gradativa de tarifas alfandegárias e restrições tarifárias.

Os grandes países desse bloco são Brasil e Argentina, tanto por sua área

quanto por seu maior contingente populacional e desenvolvimento econômico.

Nafta – Acordo de Livre Comércio da América do Norte O Nafta foi instituído em 1992 e conta, em seus membros, com os Estados

Unidos da América, México e Canadá, como simples área de livre comércio. O

acordo prevê apenas a eliminação das barreiras legais e das tarifas alfandegárias.

EU – União Européia

A União Européia é a materialização do mais elevado estágio da integração

econômica entre nações. O processo teve seu início na Comunidade Econômica

Européia (CEE), fundada em 1957 pelo Tratado de Roma e teve adesão gradativa

das nações européias. Em 1992 foi assinado, em Maastricht (Holanda), o Tratado

da União Européia, que deu a configuração da união econômica e monetária. Em

1999 foi adotada pelos países signatários a moeda escritural única, o euro, que

passou a circular como papel-moeda apenas no ano de 2002.

Page 91: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Membros da EU: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca*, Eslováquia,

Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria,

Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino

Unido*, República Checa e Suécia*.

Aladi – Associação Latino-Americana de Integração A Aladi substituiu a Alac – Associação Latino-americana de Livre

Comércio, com o objetivo de criar um mercado comum latino-americano. Não

conflita com o Mercosul por pretender ter alcance regional e ser praticado através

de acordos parciais, celebrados em prazo longo. Inicialmente não contemplava

Cuba, que recentemente se associou.a esse grupo de países.

São países-membro da Aladi: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela QUESTÕES DE CONCURSOS AGENTE DA POLICIA FEDERAL PROVA CESPE UNB 2002

Questão 19

No alvorecer de 2002, o euro deixa de ser uma moeda contábil para 12 países da União Européia - é o início de sua circulação, vencendo mais uma importante etapa no processo integracionista europeu. A respeito do tema da integração no mundo contemporâneo, assinalada pela montagem de grandes blocos, julgue os itens seguintes.

1 Uma das maiores dificuldades encontradas pela União Européia, no caminho de sua constituição, foi a indiferença com que tratou os aspectos não-econômicos da integração, como os relativos à cultura. ERRADA

2 Talvez como forte simbolismo dos tempos atuais, enquanto as mercadorias produzidas pelos integrantes da União Européia encontram todas as facilidades de circulação, o mesmo não ocorre com os seus cidadãos, que se deparam com rígidos esquemas de fiscalização nas fronteiras desses países. ERRADA

3 Sob o ponto de vista político, uma vitória da União Européia foi a constituição do Parlamento Europeu, que, ao eliminar os parlamentos nacionais, ampliou consideravelmente seu campo de atuação.

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ERRADA

4 A Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA, depois de algumas dificuldades iniciais, conseguiu ser implantada graças, sobretudo, à decisão norte-americana de oferecer maiores vantagens aos parceiros latino-americanos.ERRADA

5 A crise pela qual passam atualmente os chamados tigres asiáticos e a insensibilidade chinesa quanto às regras do comércio mundial explicam o fato de que não tenha surgido um bloco econômico na Ásia. ERRADA

Inflação em baixa com queda do dólar

A queda do dólar desde o final de outubro de 2001 já fez a dívida pública recuar 2,4 pontos percentuais do PIB, calcula o economista Odair Abate, do Lloyds TSB. Considerando a cotação da moeda americana de ontem, abaixo da média do ano, a dívida pública cairia abaixo de 54% do PIB, patamar em que o governo pretendia estabilizá-la. No fechamento de outubro, o dólar valia R$ 2,78. Ontem, estava em R$ 2,33. Foi a menor cotação desde o fim de junho, abaixo da média do ano, que foi de R$ 2,349. O efeito positivo sobre a dívida pública e sobre a inflação, aparentemente, tem sido o motivo de o Banco Central do Brasil (BACEN) deixar o fluxo de recursos derrubar a cotação sem nenhuma interferência. Ontem, continuou a venda dos US$ 50 milhões diários, assim como a rolagem de papéis cambiais. A primeira prévia do IGP-M de dezembro confirmou o impacto positivo sobre a inflação, com índice de 0,16%, bem abaixo dos 0,78% do primeiro decêndio de novembro. Para Abate, o índice ficou abaixo do esperado, observando que o Índice de Preços no Atacado (IPA) registrou deflação de 0,7%. Curiosamente, a pesquisa de expectativas do BACEN mostrou piora nas previsões de inflação. “Observando as previsões dos Top 5 - instituições com maior porcentagem de acerto das previsões de acordo com o BACEN -, as expectativas de inflação para 2002 caem ou ficam estáveis”, destacou Abate. Alguns analistas acreditam que, além dos efeitos positivos sobre contas públicas e preços, outra razão para que o BACEN esteja longe de iniciativas para conter a queda do dólar - e até contribuindo para sua queda - seja a criação de uma “reserva anticrise”, uma folga que pode ser consumida se a Argentina desembocar mesmo em uma moratória e provocar nervosismo no mercado. A conseqüência negativa deve ser o efeito sobre a balança comercial, ainda não muito bem dimensionado pelo mercado. Por enquanto, os bancos mantêm a expectativa de saldo positivo em torno de US$ 4,5 bilhões em 2002, mas devem reduzir suas previsões se o dólar continuar a cair. A média das previsões colhidas pelo BACEN nesta semana subiu de US$ 4,75 bilhões para US$ 4,8 bilhões. “É cedo para dizer se esse nível de câmbio é sustentável. O mais provável, dado o déficit em conta-corrente, é que a taxa volte para níveis de R$ 2,50”, afirma Marcelo Audi, da Merrill Lynch. O Lloyds ainda não revisou a expectativa de superávit da balança comercial para o próximo ano, porque a taxa está mudando muito rapidamente. “Vamos esperar mais um pouco antes de mudar as previsões”. A rapidez da queda de câmbio provocou desde outubro sucessivas revisões nas previsões dos bancos. A desvalorização do real no ano, que já chegou a superar 42%, ontem estava em 19%.

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Tatiana Bautzer. Internet: <http://www.valor.com.br/valoreconomico/materia>. Acesso em 11/12/2001 (com adaptações).

Questão 20

Considerando as informações do texto V, julgue os itens subseqüentes.

1 No segundo parágrafo, a afirmação “O efeito positivo sobre a dívida pública e sobre a inflação, aparentemente, tem sido o motivo de o Banco Central do Brasil (BACEN) deixar o fluxo de recursos derrubar a cotação sem nenhuma interferência” está relacionada à interação dos efeitos dos instrumentos de políticas monetárias, cambiais e fiscais sobre o valor nominal da dívida pública consolidada. CERTO

2 A constante queda do dólar só tem ocorrido devido ao fato de o Brasil adotar o regime de bandas cambiais, também conhecido como flutuação suja. ERRADA

3 Os efeitos da desvalorização do dólar ante o real encarecem os produtos brasileiros no exterior, podendo provocar conseqüências negativas sobre a balança comercial. CERTA

4 Como o câmbio denota uma relação de valor entre os preços dos produtos nacionais e os internacionais, a apreciação do real deverá elevar os índices de inflação nos próximos meses. ERRADA

5 A redução do percentual expresso pela relação entre a dívida pública e o produto interno bruto é vista como um sinal negativo pelos investidores externos, uma vez que demonstra menor capacidade de captação por parte do Brasil. ERRADA

Texto V - questões de 20 a 22

Inflação em baixa com queda do dólar

A queda do dólar desde o final de outubro de 2001 já fez a dívida pública recuar 2,4 pontos percentuais do PIB, calcula o economista Odair Abate, do Lloyds TSB. Considerando a cotação da moeda americana de ontem, abaixo da média do ano, a dívida pública cairia abaixo de 54% do PIB, patamar em que o governo pretendia estabilizá-la. No fechamento de outubro, o dólar valia R$ 2,78. Ontem, estava em R$ 2,33. Foi a menor cotação desde o fim de junho, abaixo da média do ano, que foi de R$ 2,349. O efeito positivo sobre a dívida pública e sobre a inflação, aparentemente, tem sido o motivo de o Banco Central do Brasil (BACEN) deixar o fluxo de recursos derrubar a cotação sem nenhuma interferência. Ontem, continuou a venda dos US$ 50 milhões diários, assim como a rolagem de papéis cambiais. A primeira prévia do IGP-M de dezembro confirmou o impacto positivo sobre a inflação, com índice de 0,16%, bem

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abaixo dos 0,78% do primeiro decêndio de novembro. Para Abate, o índice ficou abaixo do esperado, observando que o Índice de Preços no Atacado (IPA) registrou deflação de 0,7%. Curiosamente, a pesquisa de expectativas do BACEN mostrou piora nas previsões de inflação. “Observando as previsões dos Top 5 - instituições com maior porcentagem de acerto das previsões de acordo com o BACEN -, as expectativas de inflação para 2002 caem ou ficam estáveis”, destacou Abate. Alguns analistas acreditam que, além dos efeitos positivos sobre contas públicas e preços, outra razão para que o BACEN esteja longe de iniciativas para conter a queda do dólar - e até contribuindo para sua queda - seja a criação de uma “reserva anticrise”, uma folga que pode ser consumida se a Argentina desembocar mesmo em uma moratória e provocar nervosismo no mercado. A conseqüência negativa deve ser o efeito sobre a balança comercial, ainda não muito bem dimensionado pelo mercado. Por enquanto, os bancos mantêm a expectativa de saldo positivo em torno de US$ 4,5 bilhões em 2002, mas devem reduzir suas previsões se o dólar continuar a cair. A média das previsões colhidas pelo BACEN nesta semana subiu de US$ 4,75 bilhões para US$ 4,8 bilhões. “É cedo para dizer se esse nível de câmbio é sustentável. O mais provável, dado o déficit em conta-corrente, é que a taxa volte para níveis de R$ 2,50”, afirma Marcelo Audi, da Merrill Lynch. O Lloyds ainda não revisou a expectativa de superávit da balança comercial para o próximo ano, porque a taxa está mudando muito rapidamente. “Vamos esperar mais um pouco antes de mudar as previsões”. A rapidez da queda de câmbio provocou desde outubro sucessivas revisões nas previsões dos bancos. A desvalorização do real no ano, que já chegou a superar 42%, ontem estava em 19%.

Tatiana Bautzer. Internet: <http://www.valor.com.br/valoreconomico/materia>. Acesso em 11/12/2001 (com adaptações

Questão 20

Considerando as informações do texto V, julgue os itens subseqüentes.

1 No segundo parágrafo, a afirmação “O efeito positivo sobre a dívida pública e sobre a inflação, aparentemente, tem sido o motivo de o Banco Central do Brasil (BACEN) deixar o fluxo de recursos derrubar a cotação sem nenhuma interferência” está relacionada à interação dos efeitos dos instrumentos de políticas monetárias, cambiais e fiscais sobre o valor nominal da dívida pública consolidada. CERTO

2 A constante queda do dólar só tem ocorrido devido ao fato de o Brasil adotar o regime de bandas cambiais, também conhecido como flutuação suja. ERRADO

3 Os efeitos da desvalorização do dólar ante o real encarecem os produtos brasileiros no exterior, podendo provocar conseqüências negativas sobre a balança comercial. CERTO

4 Como o câmbio denota uma relação de valor entre os preços dos produtos nacionais e os internacionais, a apreciação do real deverá elevar os índices de inflação nos próximos meses. ERRADO

5 A redução do percentual expresso pela relação entre a dívida pública e o produto interno bruto é vista como um sinal negativo pelos investidores externos, uma vez que demonstra menor capacidade de captação por parte do Brasil. ERRADO

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Questão 21

Com o auxílio do texto V, julgue os itens a seguir.

1 Devido ao caráter temporal estabelecido, analisando-se a evolução da cotação do dólar ao longo de 2001, o texto entrelaça aspectos narrativos, expositivos e argumentativos. CERTO

2 O uso do futuro do pretérito no segundo período do primeiro parágrafo reforça uma idéia de possibilidade.CERTO

3 A criação, pelo BACEN, de uma reserva de dólares, para o caso de a “Argentina desembocar mesmo em uma moratória”, configurou-se como uma medida precipitada, uma vez que, apesar das dificuldades políticas e financeiras enfrentadas, a Argentina tem honrado seus compromissos com os credores internacionais. ERRADO

4 A crise vivida pela Argentina durante o ano de 2001 afetou também a economia brasileira, causando a desvalorização do real frente ao dólar em grande parte do ano. CERTO

5 Imediatamente após o atentado terrorista ao World Trade Center, a cotação do dólar caiu drasticamente no Brasil, assim como no restante do mundo, devido principalmente ao fechamento das Bolsas de Valores de Wall Street. ERRADA

Questão 22

Considerando o texto V, julgue os seguintes itens.

1 O segundo período do segundo parágrafo do texto fica corretamente reescrito da seguinte forma: A rolagem de papéis cambiais continuou ontem, assim como a venda dos cinqüenta milhões de dólares diários. CERTO

2 No último período do terceiro parágrafo do texto, a autora faz a sua previsão para a inflação em 2002: queda ou estabilidade.ERRADO

3 Segundo o último parágrafo do texto, a média das previsões colhidas pelo BACEN de US$ 4,8 bilhões já representa uma conseqüência negativa da subida do dólar sobre a balança comercial.ERRADO

4 A queda do dólar ocorrida em dezembro do ano passado levou a inflação desse mês ao nível mais baixo desde a implantação do Plano Real, ocorrida no primeiro mandato do governo FHC. ERRADO

5 Com o fortalecimento da indústria brasileira de microinformática nos últimos anos, principalmente com relação à fabricação de placas de fax/modem de alta velocidade -

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entre as mais rápidas do mundo, com velocidades da ordem de 2 Mbps -, esse setor é, hoje, insensível às variações cambiais. ERRADO

Questão 23

A expressão Consenso de Washington, cunhada em 1990, traduz, em linhas gerais, um conjunto de teses e idéias neoliberais defendidas por altos funcionários da área econômica dos Estados Unidos da América (EUA) e pelos organismos multinacionais lá sediados. Esse ideário, espécie de esteio da economia dita globalizada, estabeleceu o tom da evolução econômica e financeira mundial desde então, angariando adeptos e opositores pelo mundo afora. Relativamente a esse tema, julgue os itens que se seguem.

1 O Consenso de Washington defendia a austeridade fiscal como condição essencial ao sucesso dos programas de estabilização monetária, de que decorria a adoção de um programa de corte dos gastos públicos e reformas administrativas, previdenciárias e fiscais. CERTO

2 Tendo em vista a abertura e a desregulação do mercado cada vez mais internacionalizado, o Consenso de Washington propunha - e praticou - que o capital fosse pesadamente taxado para não colocar em risco as economias mais frágeis. ERRADO

3 O modelo de industrialização adotado pelos países periféricos após a Segunda Guerra Mundial, que envolvia sensível presença estatal, segundo a perspectiva de Washington, estava ultrapassado e, como tal, deveria ser desmontado. CERTO

4 Paradoxalmente, ao mesmo tempo que propunha a desregulação do mercado financeiro, o Consenso de Washington estimulava a presença mais ativa do Estado na defesa do trabalho, ampliando a legislação trabalhista como forma de impedir conflitos sociais. ERRADO

5 Ampla abertura comercial e privatização das empresas e dos serviços públicos foram alguns dos aspectos mais marcantes do receituário elaborado pelo Consenso de Washington. CERTO

Questão 24

Os tributos influenciam a distribuição de renda e de riqueza dentro de uma sociedade ao afetarem os padrões de distribuição e consumo. Acerca desse tema, julgue os itens abaixo.

1 A tributação do elástico, tanto do lado da demanda quanto da oferta, é a conclusão recorrente de toda a análise da incidência e transferência, do ponto de vista estrito da arrecadação. ERRADO

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2 Quando uma indústria está trabalhando com custos decrescentes, o que significa que um aumento de produção resulta em maiores custos por unidade de produção - o custo marginal é menor que o custo médio -, sua curva de oferta é declinante. A imposição de um imposto per capita sobre seu produto, ceteris paribus, fará que seu preço de venda suba mais que o valor do imposto - transferência para a frente de mais de 100%. ERRADO

3 Do ponto de vista da eficiência, o sistema tributário ideal é aquele consistente com a alocação paretiana ótima de recursos. Seria aquele que não alterasse os preços relativos determinados pelo mercado, não influindo, assim, nas decisões privadas de produção e consumo. CERTO

4 O imposto sobre a propriedade imobiliária coloca-se como o melhor exemplo dos tributos diretos, enquanto o imposto sobre a renda da pessoa jurídica caracteriza mais adequadamente os tributos indiretos. ERRADO

5 Muitas vezes, a transferência do ônus tributário é camuflada por alterações na quantidade ou na qualidade do produto, o que significa que se estará pagando maior preço - ainda que numericamente inalterado - por unidade efetiva de consumo ou insumo. CERTO

Questão 25

Conceituar regulação não é tarefa fácil. Assim como a noção de serviço público, a de regulação deve levar em conta o tratamento diferenciado imposto por circunstâncias de tempo e de espaço. Isso porque os ordenamentos jurídicos de diferentes Estados, ou do mesmo Estado em diferentes momentos, ou ainda os de unidades federativas de um mesmo Estado, poderão ter, em relação à regulação ou às atividades reguladas, tão diversas visões que não seja possível afirmar a priori que tal ou qual atividade se conforme ou não dentro de sua noção. Corolário lógico dessa realidade, a noção de regulação é naturalmente dependente da forma como o sistema jurídico a contemple, ou seja, é o respectivo sistema jurídico que dirá que gama ou elenco de atividades se incluem no seu âmbito.

Pedro Henrique Poli de Figueiredo. “Uma contribuição para o conceito de regulação do serviço

público no Brasil”. In: Marco regulatório, n.º 1 (com adaptações).

Considerando o texto acima, julgue os itens a seguir, a respeito da regulação de mercados.

1 Regulação de mercados poderia ser definida como o conjunto de ações públicas que busca melhorar a eficiência da alocação dos recursos no mercado, ou aumentar o bem-estar social dessa alocação. CERTO

2 A regulação visa criar sistemas de competição em setores que tendem a funcionar sob o regime de monopólios naturais, que provocam a existência de custos fixos

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importantes, grande proporção de investimentos irreversíveis, gerando barreiras à entrada de novos investidores. CERTO

3 A regulação visa corrigir a ocorrência de externalidades, como contaminação, utilização de recursos naturais e efeitos da poluição. ERRADO

4 Um aspecto que não precisa ser contemplado pela regulação é a assimetria de informação, que consiste em o produtor ter mais informação que o consumidor e não a transferir, pois o Estado deve deixar que o mercado encontre seu ponto de equilíbrio. CERTO

5 Uma política adequada de regulação deve ter objetivos claros quantificáveis, tendo presente que regulação não é apenas fixar preço. ERRADO

Questão 26

A Lei n.º 9.962, de 22/2/2000, disciplinou o regime de emprego público do pessoal da administração federal direta, autárquica e fundacional. A respeito dessa lei, julgue os itens que se seguem.

1 O pessoal admitido para emprego público na administração federal direta terá sua relação de trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho e legislação trabalhista correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário. CERTO

2 É permitido submeter ao regime de emprego público, por órgão, no máximo a metade dos cargos públicos de provimento em comissão. ERRADO

3 É vedado à administração pública rescindir contrato de trabalho por prazo indeterminado por insuficiência de desempenho de empregado que tenha sido admitido por concurso público, pois lhe é assegurada a estabilidade no emprego. ERRADO

4 A administração pública não poderá, por ato unilateral, rescindir contratos de trabalho por prazo indeterminado em razão da necessidade de redução do quadro de pessoal decorrente de excesso de despesa. ERRADO

5 A contratação de pessoal para emprego público deverá ser precedida de concurso público de provas ou de provas e títulos, ou de processo seletivo simplificado, constando de análise da experiência profissional e de entrevistas, conforme a natureza e a complexidade do emprego. ERRADO

Questão 27

Existe uma articulação no Congresso para elevar um pouco mais a receita da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) que incidirá sobre os combustíveis a partir de janeiro de 2002. A nova contribuição substituirá a Parcela de Preço Específica (PPE).Na proposta orçamentária que o governo encaminhou ao

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Congresso, a receita prevista para a CIDE é de R$ 6 bilhões, mas o relator da Comissão Mista de Orçamento do Congresso elevou essa previsão de receita para R$ 7,25 bilhões. Agora, a CIDE está sendo apontada como a única alternativa ainda existente para pagar o aumento do salário mínimo em 2002. Na verdade, a arrecadação poderá ser maior que essa, pois tudo vai depender das alíquotas que incidirão sobre os combustíveis. Há, no entanto, um problema. Os recursos da contribuição são vinculados às áreas de transportes e meio ambiente. A solução seria fazer uma substituição integral dos recursos do Tesouro que são destinados às duas áreas por receitas da CIDE. Se a receita da nova contribuição for superior às despesas das duas áreas, bastará ao governo utilizar parte dos recursos no superávit primário, como explicou uma fonte da área econômica. Essa mágica liberaria outros recursos tributários para o salário mínimo. Como se vê, está em curso um forte aumento da carga tributária por meio da CIDE.

Ribamar Oliveira. Valor Econômico, 10/12/2001.

Considerando o texto acima, julgue os itens seguintes.

1 A vinculação da CIDE às áreas de transportes e meio ambiente modifica o dispositivo constitucional que define o princípio da não-afetação. ERRADO

2 A ação do Congresso Nacional em reestimar a receita da CIDE para pagar o aumento do salário mínimo em 2002 justifica-se pelo fato de os benefícios previdenciários estarem, no Brasil, parcialmente atrelados ao valor do salário mínimo. CERTO

3 A classificação das receitas que permite controlar a obediência às vinculações definidas na legislação é denominada classificação por fontes de receita. CERTO

4 A necessidade de se reestimarem receitas para cobrir igual ampliação de despesas é necessária para o atendimento das metas fiscais estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal. .CERTO

5 A previsão de arrecadação da CIDE deve levar em consideração o fato de ela só poder ser arrecadada 180 dias após a sua instituição, conforme determina a Constituição da República. ERRADO

AGENTE DA POLICIA FEDERAL CESPE UNB 2000

Questão 13 Em face da globalização do espaço econômico e da formação de blocos econômicos, o entendimento das instituições que regem as relações econômicas entre países é crucial para a inserção no cenário mundial. Nesse contexto, julgue os itens a seguir. 1. Como parte dos esforços para estabilizar as taxas de câmbio, a Conferência de Bretton Woods estabeleceu o Fundo Monetário Internacional (FMI) para assegurar a provisão de empréstimos de curto prazo que permitam corrigir desequilíbrios transitórios nos balanços de pagamentos dos países-membros. CERTO

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2. O Banco Internacional para a Reconstituição e o Desenvolvimento Econômico (BIRD) foi criado para auxiliar na reconstrução dos países europeus, cujo potencial produtivo foi severamente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.ERRADO 3. Os requisitos para a existência de zonas de livre comércio incluem a livre circulação de bens e serviços e o estabelecimento de uma tarifa comum para os países não-membros.ERRADO 4. A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) constitui um processo de integração econômica, do tipo mercado comum, a exemplo da Comunidade Européia. ERRADO 5. O General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) é um fórum em que os países-membros podem negociar com o intuito de resolverem conflitos comerciais e planeja a redução das restrições ao livre comércio ERRADO .

Questão 15 A mensuração da produção agregada, o desenho de políticas macroeconômicas, a análise dos desequilíbrios externos e o processo de desenvolvimento econômico podem ser mais bem compreendidos com a ajuda da moderna teoria econômica. Utilizando os conceitos essenciais dessa teoria, julgue os itens abaixo. 1. Ao se mensurar o produto interno bruto (PIB) a partir da óptica da despesa, devem-se excluir as exportações porque elas não representam gastos dos agentes econômicos domésticos. 2. No tocante à utilização de políticas fiscais contracionistas, o efeito multiplicador de uma redução das transferências governamentais é superior àquele que seria obtido por meio de um aumento equivalente da tributação. 3. Se o mercado antecipar uma depreciação do real em 30% com relação ao dólar norte-americano, então reais serão vendidos imediatamente, provocando, assim, a depreciação imediata desta moeda. 4. No passado recente, o desequilíbrio do setor público, no Brasil, traduziu-se em aumentos das taxas de juros domésticos e na apreciação da moeda nacional, contribuindo, assim, para aumentar o déficit do balanço comercial. 5. Os custos comparativos na produção e a magnitude da demanda nos mercados externos determinam as taxas de câmbio dos produtos comercializáveis.

E

C

C

C

C

Questão 16 Nos Estados Unidos da América (EUA), há quem defenda que o custo do combate ao uso indevido de drogas é tão alto que outras opções deveriam ser consideradas. Nos anos de 1921 a 1930, em plena Lei Seca, o governo norte-americano gastou US$ 88

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milhões no combate ao consumo ilegal de álcool, quantia essa que, corrigida pela taxa de inflação desde o início de 1931 até o final de 1999, corresponderia, no 1º de janeiro de 2000, a um total de US$ 900 milhões. No ano de 1999, o governo dos EUA gastou um total de US$ 16 bilhões no combate ao uso indevido de drogas, o que representou 6% do total anual gasto pelo governo desse país com a sua defesa nacional correspondeu a 3% do PIB norte-americano no referido ano. Com base nessas informações, julgue os itens seguintes. 1. Admitindo-se que uma mesma taxa anual de inflação igual a i tenha ocorrido nos EUA nos anos de 1931 a 1999, o valor de i poderia ser determinado pela equação

88]log 900[log x 6911)(ilog

. CERTO 2. Atualizado para o dia 1º de janeiro de 2000, o gasto do governo norte-americano no combate ao uso ilegal do álcool nos anos de 1921 a 1930 corresponde a menos de 5% do gasto desse governo no combate ao uso indevido de drogas no ano de 1999.ERRADO 3. Com relação ao ano de 1999, os gastos do governo norte-americano com o combate ao uso indevido de drogas foram superiores a 0,20% do PIB daquele país.ERRADO 4. Em 1999, os EUA gastaram menos de US$ 300 bilhões com a defesa nacional.CERTO 5. O PIB norte-americano, em 1999, foi superior a US$ 10 trilhões. ERRADO

ADMINISTRADOR BNDES - 2002

34. O Sistema de Contas do Brasil é constituído de quatro contas nucleares, quais sejam: (A) PIB, Renda Nacional Disponível, de Formação de Capital e Transações Correntes com o Resto do Mundo. (B) PIB, PNB a preços de mercado, PNB ao custo dos fatores, renda disponível do setor privado. (C) PIB, PNB ao custo dos fatores, renda disponível do setor privado, renda disponível do setor público. (D) PNB, atividades primárias, atividades secundárias, atividades terciárias. (E) PNB, conta da renda nacional disponível, conta corrente das administrações públicas, PIB por unidade da federação. 35. As taxas de câmbio permitem a unificação monetária dos preços em moeda doméstica com preços em moeda estrangeira, facilitando os processos de troca. Assim, em relação ao mercado de câmbio, pode-se afirmar que (A) bancos centrais não intervêm nos mercados de câmbio, pois o volume das transações dos bancos centrais não é significativamente grande. (B) um swap de câmbio é uma venda à vista de uma moeda combinada com uma recompra futura da moeda. (C) em condições de normalidade da economia uma apreciação da moeda corrente de um país torna seus bens mais baratos para os estrangeiros. (D) em uma transação de taxa de câmbio à vista, as taxas se tornam efetivas no momento da negociação, se fechada.

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(E) os indivíduos não participam no mercado de câmbio devido ao volume insignificante de transações. 36. Fazem parte da Estrutura do Balanço Internacional de Pagamentos as categorias de transações abaixo relacionadas: A. Balança comercial. B. Balança de serviços. C. Transferências unilaterais. D. Movimentos de capital. E. Déficit ou superávit. Conceitue corretamente cada uma delas. I. Resultado final do balanço internacional de pagamento. II. Receitas e despesas cambiais com seis categorias de transação: viagens internacionais, transporte, seguros, renda de capitais, serviços governamentais, outros serviços (direitos autorais, patentes industriais, telecomunicações, etc). III. Resultado líquido das transações com exportações e importações de mercadorias. IV. Resultado líquido de doações de fontes privadas, de governos ou de instituições multilaterais sem contrapartidas prévias ou futuras. V. Entradas e saídas de ativos financeiros, de três categorias básicas: movimentos autônomos de risco, financiamentos concedidos por bancos e fornecedores estrangeiros para transações correntes (predominantemente exportações e importações), empréstimos de curto e longo prazo tomados junto a organismos internacionais, agências governamentais e instituições financeiras privadas de outros países. (A) A-II, B-I, C-III, D-V, E-IV. (B) A-III, B-I, C-II, D-IV, E-V. (C) A-III, B-II, C-I, D-IV, E-V. (D) A-IV, B-V, C-III, D-II, E-I. (E) A-III, B-II, C-IV, D-V, E-I. 37. As políticas comerciais são instrumentos utilizados pelos governos para regular as transações comerciais internacionais. Sobre este tópico, pode-se afirmar que (A) a tarifa é um instrumento de comércio pouco utilizada devido à dificuldade em se atribuir a alíquota correta para determinados bens. (B) as tarifas ad valorem são fixas e cobradas por unidade do bem importado. (C) a utilização de barreiras não tarifárias, tais como cotas de importação e restrições de exportação, tem encontrado grande resistência junto aos governos modernos, que preferem utilizar outros mecanismos de proteção para a indústria doméstica. (D) pode-se encontrar: subsídio de crédito à exportação, aquisição nacional de bens e barreiras burocráticas sendo utilizadas como instrumentos de política comercial.

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(E) os efeitos de um subsídio à exportação sobre preços são exatamente os mesmos dos da tarifa.

PARTE IV

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Ao final da leitura deste capítulo, você deverá ser capaz de:

diferenciar os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico;

identificar os principais indicadores de desenvolvimento econômico.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Num primeiro momento, somos levados a acreditar que desenvolvimento econômico é o mesmo que crescimento econômico. Então, como saber o que é desenvolvimento? O desenvolvimento corresponde à participação social no resultado do crescimento. Quando decorrente de crescimento a população obtém melhorias no padrão de vida, ou participa distributivamente do resultado deste crescimento é que ocorre o desenvolvimento. Portanto, podemos simplificar afirmando que crescimento econômico é um fator quantitativo e desenvolvimento econômico é qualitativo.

O desenvolvimento econômico é um processo de mudança estrutural de longo

prazo num sistema econômico. Decorrente do aumento dos recursos disponíveis e/ou

sua melhor utilização, tendo como resultado o aumento da renda per capita real e os

níveis de consumo e bem-estar da coletividade. É a soma de crescimento,

industrialização com mudanças estruturais, especialmente no setor externo e agrícola, e

com melhoria na distribuição da renda pessoal e regional acompanhada do aumento do

nível de emprego.

Embora a mensuração do produto gerado em um país, especialmente o PIB

(Produto Interno Bruto) e mais recentemente o PIB per capita (PIB dividido pela

população do país) sejam freqüentemente mencionados, especialmente na mídia, como

medidores do desenvolvimento, esses dados estatísticos são medidas de crescimento de

uma nação. Compõem o conjunto de indicadores que revelam o nível de

Page 104: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

desenvolvimento de um país, mas não completam tal conceito. Só pode ser considerado

desenvolvido o país que obtiver crescimento econômico associado ao aumento do bem-

estar de seus cidadãos através da diminuição de suas desigualdades na repartição da

riqueza, da redução dos níveis de desemprego, da melhoria geral da qualidade de vida

em atributos como nutrição, saúde, moradia e transporte.

Fatores que influenciam o desenvolvimento econômico

Os principais fatores que influenciam o desenvolvimento econômico podem ser

assim apresentados:

A qualidade e a quantidade dos recursos produtivos disponíveis, incluídos

nesse conjunto especialmente a força de trabalho e o estoque de capital –

Sempre que citamos os recursos produtivos nos referindo à força de trabalho, ao

capital e à matéria-prima. A qualificação desses recursos representa os níveis de

formação escolar da mão-de-obra, determinado pela média de anos freqüentados

nas escolas a capacidade tecnológica do capital existente, se formação interna ou

externa e diversidade e quantidade e qualidade das matérias-primas existentes

num sistema econômico.

As condições políticas e sociais: a estabilidade política e institucional –

Entendemos que as condições políticas e sociais são as instituições políticas

(partidos políticos) que legislam em favor da população, e não em favor de

segmentos da sociedade. Partindo-se deste aspecto, que podemos chamar de

maturidade e consciência política, a população conquistará melhorias na

estrutura social e político devido a maior policiamento do comportamento de

seus legisladores eleitos.

Dinamismo dos agentes econômicos, que proporcionam eficiência

organizacional – Sempre que a estrutura das organizações que estimulam o

funcionamento das atividades produtivas possuir dinâmica e agilidade no seu

processo. Possibilitará que mais unidades produtivas surjam no mercado

aumentando os níveis de emprego e qualidade de vida. Essa dinâmica pode ser

representada pelas decisões do Banco Central do Brasil, agilizando o

funcionamento do sistema financeiro. Agilidade no processo tributário, ou seja,

menos burocracia.

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Conseqüências do desenvolvimento As conseqüências do desenvolvimento são muitas, de importância fundamental e

almejadas por todos. Como evidência dessa afirmação, podemos resgatar na campanha

para a presidência da república que a mais importante proposta dos candidatos é a

promoção do desenvolvimento econômico.

Para melhor entender o desenvolvimento e suas conseqüências, temos de partir do

parâmetro comparativo, ou seja, desenvolvido pressupõe necessariamente a existência

do não-desenvolvido (subdesenvolvido). Então, por que desejar as conseqüências do

desenvolvimento? A resposta é simples: o desenvolvimento trará melhorias no padrão

de vida da população.

Essas conseqüências possuem caráter temporário, decorrente da natureza do

processo econômico que são as necessidades ilimitadas da população. Representada

pela criação de novas necessidades quando anteriores já foram atingidas. Esse aspecto

torna o governo permanentemente refém das necessidades da população. Entra governo

sai governo, a população considera vitórias já atingidas como direito conquistado e

reivindicam novas necessidades. E assim tem sido através dos tempos. A seguir

apresentamos uma síntese das principais efeitos do desenvolvimento econômico:

Alterações no processo produtivo – As alterações no processo produtivo

decorrente do desenvolvimento econômico significam melhorias tecnológicas

bem como sistemas produtivos menos complexos, ágeis e com maior

produtividade. Com essa mudança no processo produtivo promove em cadeia o

estímulo ao investimento no capital produtivo, desencadeando mais

investimentos em formação de capital e assim sucessivamente.

Alterações na estrutura do consumo da sociedade – Em continuidade da

evolução do desenvolvimento econômico associado às conquistas do padrão de

vida da sociedade corresponde, também a melhorias do processo distributivo da

renda total gerada no sistema econômico. Com a evolução da renda, certamente

a população modificará seu padrão de consumo, buscando produtos de maior

complexidade e alteração dos bens e serviços consumidos até então. Como

exemplo, podemos citar: “A pirâmide das necessidades ou a teoria da hierarquia

de necessidades de Maslow” (Figura 2).

Figura 2 – Pirâmide das Necessidades de Maslow

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Essa pirâmide, criada por Abraham Maslow, (figura acima) demonstra claramente que

sua base é constituída pelas necessidades básicas de sobrevivência (alimentação,

segurança, habitação, etc.) e em seu topo está a necessidade de status, passando por

várias outras intermediárias. Interpretando: saindo princípio que as necessidades básicas

da sociedade foram atingidas, esse grupo reivindicará melhores condições de lazer, por

exemplo. Sendo esse processo continuado e interminável.

Crescente interdependência setorial na economia – Decorrente do

desenvolvimento da economia e motivado pelo avanço tecnológico e melhorias

na formação de mão-de-obra, passa a economia a possuir maiores dependência

dos setores entre si. Considerando a verticalização e a horizontalização do

processo produtivo, vamos constatar que a interdependência dos setores torna-se

maior devido ao processo produtivo ter consolidado as atividades em todos os

níveis. Significa que atividades produtivas que inicialmente não existiam

internamente passam a existir a partir do desenvolvimento.

Em relação ao setor externo – O desenvolvimento permite ganhos de escala,

aumenta a capacidade de importar e possui um efeito multiplicador sobre a

economia. Podemos iniciar a interpretação do impacto do desenvolvimento de

uma economia sobre o setor externo considerando que as melhorias tecnológicas

obtidas atribuirão mais produtividade ao setor produtivo, que, por sua vez, terá

competitividade maior no mercado globalizado. Em conseqüência disso, serão

obtidos mais recursos de exportação, o que significa, na realidade, importação de

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empregos e mais reservas cambiais, possibilitando a importação de bens de

capital ou promovendo o desenvolvimento tecnológico interno e, assim,

ocorrendo o efeito multiplicador sobre o setor produtivo da economia.

Principais indicadores de desenvolvimento Como tratado anteriormente, a macroeconomia consiste em ser o compartimento

de ciência econômica que trata da economia como um todo, das questões agregativas.

Pergunta-se, então: como saber se um sistema econômico está crescendo ou se

desenvolvendo? E com que parâmetros estamos medido esse resultado?

Como estamos tratando de análises comparativas entre regiões de um país, entre

países ou blocos econômicos, será necessário usar padrões universais de medida.

Podemos citar: uma mesma moeda universal, o mesmo período temporal, os mesmos

parâmetro e índices. Caso contrário, estaremos comparando indicadores que não

mostrarão os mesmos dados e portando ocorrendo comparações errôneas.

Indicadores econômicos A seguir, seguem os indicadores econômicos.

Renda per capita – Na realidade esse é o indicador de desenvolvimento mais

utilizado mundialmente. A renda per capita, que significa renda por pessoa ou

habitante, é obtida pela divisão do produto interno bruto pela população, da qual

obteremos a renda média por habitante de um país. Sem dúvida nenhuma esse é

um indicador de crescimento econômico, porém não é um indicador de

desenvolvimento confiável. Por quê? A resposta é simples, porque é um valor

médio. Se a renda per capita aumenta, significa que a riqueza produzida num

sistema econômico cresce em velocidade superior ao crescimento demográfico

da população. Isso significa crescimento econômico, porém não

desenvolvimento, para ocorrer desenvolvimento é preciso haver participação da

população na renda gerada e acesso à aquisição e à evolução na estrutura de

consumo. Comprovando essa afirmação, um sistema econômico pode estar

aumentando seu produto interno bruto e apresentar altos índices de concentração

de renda. Em outras palavras: a população não teria acesso a essa renda e,

conseqüentemente, não usufruiria dos benefícios do aumento de renda.

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Pauta de importações e de exportações – Os países desenvolvidos e

subdesenvolvidos apresentam diferentes e distintas estruturas de importações e

exportações. Castro e Lessa1 afirmam: “Para sabermos o grau de

desenvolvimento de um país basta analisar a estrutura dos produtos de suas

importações. Quanto mais elaborados forem os produtos, menos desenvolvidos

ele é e vice-versa”. Dessa afirmação decorrerá toda a nossa análise da pauta das

importações e exportações de um sistema econômico. À medida que um sistema

se desenvolve, acontece uma evolução tecnológica do parque produtivo interno e

melhorias na qualificação da mão-de-obra. Em conseqüência, obtém ganhos de

produtividade e competitividade no mercado globalizado, passando, portanto, a

exportar produtos elaborados (com mais valor agregado) e, conseqüentemente, a

importar empregos. Por outro lado, passa a importar produtos em sua forma, mas

bruta (matéria-prima) a preços menores com menos valor agregado, decorrendo

disso modificação da pauta das importações de produtos acabados para forma

bruta, bem como as exportações da forma bruta modificando-a e para a forma

elaborada.

Estrutura da produção e do emprego – Nesse indicador é demonstrado o

padrão da estrutura de produção e do emprego, ou seja, com o desenvolvimento,

a estrutura de produção se altera, e essas modificações ocorrem na proporção em

que o desenvolvimento evolui. Podemos, então, afirmar que em um país

subdesenvolvido a estrutura de produção está direcionada à atividade primária,

com baixa utilização de tecnologia, indo ao desenvolvimento com larga

utilização de tecnologia. Conseqüentemente, a estrutura do emprego segue o

mesmo raciocínio, estabelecendo uma relação de causa e efeito. Como a

atividade produtiva está fundamentada no setor primário (agricultura,

extrativismo e pesca) a exigência de mão-de-obra qualificada praticamente não

existe; por outro lado, no decorrer do desenvolvimento, a tecnologia usada

aumenta, em conseqüência do direcionamento da produção para o setor

secundário (transformação), a exigência da qualificação da mão-de-obra

aumenta. Concluindo, quanto menos desenvolvido for um sistema econômico,

mais a estrutura de produção e emprego estará fundamentada na atividade

primária e ao contrário com o desenvolvimento evoluindo ocorrerá o

direcionamento para a industrialização.

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Indicadores demográficos A seguir, seguem os indicadores demográficos.

Taxa de crescimento demográfico – Nesse indicador, saberemos que o grau de

desenvolvimento de uma nação corresponde, numa razão inversa, à taxa de

crescimento populacional. Ou seja, quanto maior for a taxa de crescimento

demográfico, menos desenvolvido será o país. Com o desenvolvimento, a

formação cultural e o poder aquisitivo da população aumentam, tornando-se esta

mais consciente e responsável com a paternidade, decorrendo numa população

com a média de filhos por família menores. As pirâmides etárias dos países são

diferentes: os subdesenvolvidos possuem uma população jovem que caracteriza

a base da pirâmide larga em relação ao seu topo.

Estrutura etária da população – À medida que a pirâmide etária de um país

passa a possuir uma base não tão significativamente grande em relação à sua

altura, demonstra que o crescimento demográfico diminui e a expectativa de

vida da população aumenta. O aumento da expectativa de vida da população é

decorrente do crescimento da qualidade de vida obtida através de melhorias no

acesso ao sistema de saúde, alimentação e saneamento.

Expectativa de vida ao nascer – Quando tratamos de desenvolvimento, jamais

devemos desassociar os indicadores econômicos e seus benefícios à população.

Portanto, a expectativa de tempo de vida de um cidadão é um forte indicador de

desenvolvimento de cada país. A idade média da população brasileira na década

de 1940 estava em torno de 50 a 60 anos e, hoje, está acima dos 70 anos.

Pergunta-se: quais fatores contribuíram para esse ganho de vida média

conquistado pelo brasileiro? A resposta está no desenvolvimento e significa o

crescimento econômico aumentando com ganhos da participação da população

neste, podendo ser citado o aumento do nível de saneamento das cidades, o

acesso à renda, à educação e ao lazer, bem como a evolução tecnológica da

medicina que reverte diretamente ao povo. A decorrência dessas conquistas foi o

aumento do tempo de vida média da população.

Taxa de mortalidade infantil – É a quantidade de óbitos para cada mil

nascimentos. Esse é um indicador de desenvolvimento, pois indiretamente

representa o acesso da população ao acompanhamento pré-natal e à obstétrica,

ou seja, seu acesso ao sistema de saúde. Quanto menor for essa taxa, mais

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desenvolvido será o país. Como já visto em dados anteriores, com a evolução

tecnológica da medicina e o direcionamento de maiores recursos financeiros e

humanos do governo voltados para o pré-natal obteve-se a redução do índice de

mortalidade infantil, ou seja, mais uma vez o crescimento econômico sendo

revertido à população.

Indicadores sociais A seguir, falaremos dos indicadores sociais.

Taxa de analfabetismo – Esse indicador é considerado social por que nos

mostra em termos médios qual a quantidade de indivíduos que não são

alfabetizados em relação ao total da população. Quanto maior ela for, menor

tenderá a ser o desenvolvimento do país e vice-versa. Qual é a relação entre

analfabetismo e desenvolvimento de um país? Está na relação de que, quanto

maior for o crescimento econômico, maior será a exigência da formação dos

indivíduos para acesso ao emprego. Na década de 1930, um brasileiro estava

suficientemente formado com o ensino fundamental, para o então mercado de

trabalho; hoje a formação superior não lhe dá garantia alguma de acesso a esse

mercado.

Participação da mulher na sociedade – Uma sociedade patriarcal, muitas

vezes, demonstra seu nível de desenvolvimento. A relação igualitária da

participação da mulher na sociedade pode demonstrar o grau de

desenvolvimento, ou seja, à medida que o desenvolvimento ocorre, a sociedade

como um todo passa a usufruir do processo participativo a decisório. Até meados

da década de 1930 a mulher no Brasil não tinha direito ao voto, não participava

das decisões políticas. Hoje, há governadoras comandando estados em padrão de

igualdade com os homens. Não só no processo político, mas também no

mercado de trabalho tem-se constatado que a mulher está conquistando espaço e

até mesmo competido com os homens e muitas vezes superando-os. Existem

empresas que têm preferência pelas mulheres nos cargos diretivos. Isso pode ser

evidenciado pela existência de muitas mulheres serem chefes de família.

Inclusão social – O acesso aos benefícios obtidos via crescimento econômico, a

redução de desigualdades sociais e a participação de todos no processo político

são fatores que indicarão o grau de desenvolvimento. Como exemplo, pode-se

citar a desigualdade social existente na Índia, onde indivíduos nascem em castas

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sociais e são impedidos de ter acesso a certos benefícios, sendo condenados a

viver na mesma condição até a morte.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – Foi criado para medir o grau de

acesso da população aos benefícios obtidos pelo crescimento econômico, ou

seja, quando os indicadores de crescimento econômico de um país evolução,

somente haverá desenvolvimento se a população tiver acessos a estes benefícios.

Podemos exemplificar pela distribuição de renda independente do valor da renda

per capita, pois esta nos mostra uma média, e não a sua distribuição. Assim

podemos citar vários outros indicadores, como taxa de escolaridade, Saneamento

básico e muitos outros.

Acesso à educação – Como indicador de desenvolvimento, podemos avaliar o

grau de acesso da população aos bancos escolares e o tempo de permanência

anual média da população na formação escolar. Nos países subdesenvolvidos, a

população deixa de freqüentar a escola para trabalhar e compor a renda familiar

e sua sobrevivência, ocasionando, conseqüentemente, baixa formação e

qualificação da mão-de-obra de uma nação.

Longevidade – A perspectiva de média de vida da população de um país

também é um indicador de desenvolvimento, uma vez que, quanto maior for essa

expectativa, melhor qualidade de vida a tem população, seja pelo acesso ao

sistema de saúde público ou privado seja pelo melhor acesso à alimentação e ao

saneamento básico que representará evolução no padrão de vida da população

como um todo.

Distribuição de renda – A distribuição de renda é outro indicador do grau de

desenvolvimento de um país. Normalmente, a evolução da economia de uma

nação é medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as

riquezas produzidas por uma economia em determinado tempo (um ano). Para

obter o indicador da renda média dessa economia basta dividir o PIB pelo total

da população que obteremos a renda per capita. Porém este indicador não nos da

as informações concretas do acesso desta população a renda visto que se tratar

de um valor médio. O acesso da população a essa renda nos definirá o grau de

desenvolvimento obtido.

Devemos lembrar que crescimento econômico não é desenvolvimento, uma vez

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que o crescimento econômico está ligado ao crescimento da produção de bens e

serviços na economia PIB e o desenvolvimento econômico esta ligado a

indicadores de melhoria na qualidade de vida da população. Agora é preciso

saber que para uma nação poder se desenvolver é preciso crescer, mas o

crescimento em si não quer dizer desenvolver, por exemplo em função da

concentração da renda.

TECNICO RECEITA FEDERAL ESAF 2002 OS HABITANTES multiplicar-se-iam numa taxa muito superior à disponibilidade de recursos. Seria uma catástrofe. Sua previsão falhou por não prever o espetacular desenvolvimento da ciência e o aumento da efi ciência na produção de alimentos e outros bens. Mas será que essa efi ciência será mantida nos próximos 50 anos? É bem provável que sim, a despeito de certos recursos que estão se esgotando, como é o caso da terra agriculturável e da água. (Antônio Ermírio de Moraes, O planeta e o desafi o do futuro. Jornal do Brasil, 20 de março de 2005, com adaptações) 03 - Assinale a opção que expressa de forma gramaticalmente correta uma relação lógica coerente com o texto. a) Se for mantida a efi ciência na produção de alimentos e outros bens, a taxa de multiplicação dos habitantes da Terra será superior à disponibilidade de recursos. b) Não chegou a haver catástrofe que cause a multiplicação dos habitantes da Terra, porque Malthus não previu o espetacular desenvolvimento da ciência nem o aumento da efi ciência na produção de alimentos e outros bens. c) Se não tivesse havido um desenvolvimento espetacular da ciência e o aumento da efi ciência na produção de alimentos e outros bens, a multiplicação dos habitantes da Terra poderia se tornar uma catástrofe. d) Por causa do espetacular desenvolvimento da ciência na produção de alimentos houve uma efi ciência na produção de alimentos e outros bens; o que levou o fracasso a opinião de Malthus. e) Embora estarem se esgotando certos recursos, a efi ciência na produção de alimentos e outros bens serão mantidos e, felizmente, a catástrofe prevista por Malthus não ocorrerá. LETRA C ECONOMISTA LETRONORTE – 2006 UFRJ

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29 - Sobre os efeitos da grande volatilidade do atual sistema financeiro internacional de inspiração liberal, é INCORRETO afirmar que: (A) provoca alterações nas políticas macroeconômicas dos países; (B) agrava a vulnerabilidade externa das economias nacionais; (C) provoca mudanças abruptas na “quantidade” e no “preço” do capital externo; (D) força a implementação de políticas contracionistas, com redução dos gastos públicos; (E) torna os agentes públicos os principais agentes de regulação da economia, em detrimento do mercado. LETRA E 30 - A soja tem sido um símbolo da modernização e do sucesso do agronegócio no Brasil. A esse respeito, analise as afirmativas a seguir: I. A produção da soja resulta de iniciativas privadas associadas aos resultados da pesquisa e desenvolvimento realizados por instituições governamentais como a Embrapa. II. A produção da soja utiliza o modelo de produção químicomecânico americano, dominado pelas multinacionais, produtoras de máquinas e equipamentos agrícolas. III. A produção de soja vem promovendo, nas últimas décadas, o deslocamento da fronteira agrícola graças à ação das empresas agrícolas que empregam numerosa mão-de-obra. A(s) afirmativas(s) correta(s) é/são somente: (A) I; (B) II; (C) I e II; (D) II e III; (E) I e III LETRA C 46 – O MERCOSUL, malgrado as críticas que sofre , inclusive de seus integrantes, tem visto aumentar o número de seus membros plenos e associados nos últimos anos. Entre seus membros associados se encontram: (A) Bolívia e Paraguai; (B) Colômbia e Chile; (C) Peru e Equador; (D) Bolívia e Chile; (E) Venezuela e Cuba LETRA D

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50 – As teorias de carteira de demanda por moeda enfatizam o papel da moeda como: (A) meio de troca; (B) unidade de medida; (C) reserva de valor; (D) meio circulante; (E) ativo real. LETRA D 57 – O Produto Nacional Bruto a preços de mercado é igual a: (A) Produto Nacional Líquido a preços de mercado + depreciação; (B) Produto Nacional Líquido a preços de mercado – depreciação; (C) Produto Interno Bruto a custo de fatores + depreciação – impostos indiretos + subsídios; (D) Produto Nacional Líquido a preços de mercado – depreciação + subsídios; (E) Produto Interno Bruto a custo de fatores – impostos indiretos + subsídios. LETRA A 58 – Considere o modelo IS-LM. Alterações na política fiscal que reduzam a demanda por bens e serviços: (A) deslocam a curva IS para a direita; (B) deslocam a curva IS para a esquerda; (C) não afetam nenhuma das curvas; (D) afetam apenas a curva LM; (E) tornam a curva IS horizontal. LETRA B ECONOMISTA TRANSPETRO – CESGRANRIO - 2006 21 No modelo IS-LM, assumindo a ocorrência da armadilha de liquidez, a política fiscal será: (A) ineficaz. (B) plenamente eficaz. (C) duas vezes mais eficaz que o multiplicador dos gastos autônomos. (D) afetada pelo efeito da variação da taxa de juros sobre o investimento. (E) afetada pelo efeito da variação da taxa de juros sobre o gasto público. LETRA B

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23 É correto afirmar, em relação ao modelo IS-LM, que, dada uma situação de armadilha de liquidez, a(o): (A) curva IS se torna vertical. (B) curva IS se torna horizontal. (C) eficácia da política monetária é máxima. (D) eficácia da política fiscal é máxima. (E) equilíbrio macroeconômico não se altera com qualquer aumento de investimentos públicos LETRA D 33 Em relação ao sistema financeiro nacional, a composição do seu subsistema normativo compreende, além do Conselho Monetário Nacional: (A) Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobiliários. (B) Conselho Nacional de Seguros Privados e Conselho de Gestão da Previdência Complementar. (C) Banco Central do Brasil; Comissão de Valores Mobiliários e Superintendência de Seguros Privados. (D) Banco Central do Brasil; Comissão de Valores Mobiliários; Superintendência de Seguros Privados e Secretaria de Previdência Complementar. (E) Banco Central do Brasil; Comissão de Valores Mobiliários; Superintendência de Seguros Privados; Secretaria de Previdência Complementar e Instituto de Resseguros do Brasil. LETRA B 38 Em relação aos subsistemas normativos, é correto afirmar que NÃO é função da CVM disciplinar o(a): (A) registro de companhias abertas. (B) registro de distribuições de valores mobiliários. (C) empréstimo a instituições financeiras. (D) organização, o funcionamento e a operação de bolsas de valores. (E) administração de carteiras e a custódia de valores mobiliários. LETRA C ECONOMISTA POTIGAS – 2006 FGV 26 Sobre as políticas fiscal e monetária, assinale a alternativa incorreta. (A) O aumento dos meios de pagamento e da base monetária

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aumenta o nível de renda. (B) Uma política monetária antiinflacionária diminui o nível de renda e aumenta a taxa de juros. (C) Uma política fiscal antiinflacionária diminui a taxa de juros e o nível de renda. (D) Uma política fiscal expansiva aumenta o nível de renda e reduz a taxa de juros. (E) O aumento da oferta de moeda diminui a taxa de juros LETRRA A 31 De acordo com a Teoria Keynesiana, os projetos de investimento realizar-se-ão se, e somente se, a taxa de desconto que iguala o fluxo de receitas esperado ao custo de investimento superar as taxas de juros Praticadas no mercado financeiro. A referida taxa de desconto representa o conceito de: (A) Produtividade Marginal do Capital. (B) Eficiência Marginal do Capital. (C) Eficiência Marginal do Investimento. (D) Produtividade Marginal do Investimento. (E) Produtividade Média do Investimento LETRA B 36 A soma do valor dos bens e serviços finais produzidos por uma economia, num determinado período, define o conceito de: (A) Valor Bruto da Produção. (B) Produto Interno Bruto. (C) Produto Interno Líquido. (D) Produto Nacional Líquido. (E) Produto Nacional Bruto. LETRA E 37 Uma economia, num determinado período, registrou as seguintes estatísticas: Especificação Valor em $ Custo Interno dos Fatores Produtivos 350 Depreciação 40 Importações de Mercadorias e Serviços 120 Tributos Indiretos 20 Subsídios 10 Pode-se afirmar que o valor da oferta agregada da economia, no mesmo período, equivale a: (A) $ 270. (B) $ 300. (C) $ 490. (D) $ 500. (E) $ 520. LETRA E

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40 Os lucros remetidos pelas empresas estrangeiras no país e os lucros reinvestidos por empresas estrangeiras instalados no país são registrados, respectivamente, a débito e a crédito na seguinte subconta do Balanço de Pagamentos: (A) Investimentos. (B) Transferências Unilaterais. (C) Rendas de Capital. (D) Reinvestimentos. (E) Amortizações. Letra c 41 Uma economia, num determinado período, registra propensão marginal a consumir de 80% e acréscimo de $ 12.000 no investimento. Pode-se concluir que o acréscimo na renda de equilíbrio corresponde a: (A) $ 15.000. (B) $ 18.000. (C) $ 24.000. (D) $ 60.000. (E) $ 72.000. LETRA D 42 O Produto Nacional Líquido a custo de fatores de uma economia, em certo período, alcançou o valor de $ 713.000.Considerando que o nível geral de preços variou de 15%, é correto deduzir que o valor real daquele agregado é: (A) $ 106.950. (B) $ 475.333. (C) $ 620.000. (D) $ 723.695. (E) $ 819.950. LETRA C 43 Assinale a alternativa que especifica medida que o Banco Central pode implementar para diminuir a liquidez do sistema: (A) aumento da taxa de redesconto. (B) aumento do montante de redesconto. (C) redução na taxa de recolhimento compulsório. (D) aumento do prazo de pagamento do redesconto. (E) redução da taxa de redesconto. LETRA A 44 Assinale a alternativa que especifica o método de avaliação de projetos em que não se considera a variação que o capital sofre com o tempo. (A) critério da taxa interna de retorno

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(B) critério do valor atual (C) critério da razão receita/custo (D) critério da razão benefício/custo (E) critério do custo periódico equivalente LETRA C 45 Do conceito básico de Produto Nacional Bruto real per capita, derivam diversos conceitos relacionados, cada um dos quais enfatizando uma faceta diferente do crescimento. Um desses conceitos, o consumo real per capita, indica: (A) as variações na eficiência da economia no tempo. (B) a utilização do insumo mão-de-obra da economia. (C) o aumento da produtividade do insumo mão-de-obra. (D) o crescimento do bem-estar econômico do consumidor. (E) o produto nacional deflacionado. Para a resolução das questões que se seguem, lembre-se de que 90% da área abaixo da curva normal padrão se encontram entre _1,645 e 1,645, e 95% da área abaixo da curva normal padrão se encontram entre _1,96 e 1,96. LETRA D Referências

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MACROECONOMIA

ELEMENTOS DE MACROECONOMIA

A macroeconomia estuda a economia em seu conjunto, analisando as variáveis de

maneira agregada e não de maneira isolada, como a microeconomia. São típicas variáveis de

interesse da análise macroeconômica: a renda e o produto, o nível de preços, o emprego e o

desemprego, a moeda e o câmbio, o balanço de pagamentos, a taxa de juros1.

Quando se estuda e promove relacionamentos entre as variáveis econômicas agregadas, a

macroeconomia não leva em consideração o comportamento das unidades econômicas

individuais e de mercados específicos, análise típica da microeconomia. Ao estudar o nível geral

de preços, a macroeconomia não se ocupa da formação dos preços de um produto

especificamente. Ao analisar o mercado, ocupa-se do seu conjunto, olvidando aspectos

particulares de um setor ou uma indústria2.

A macroeconomia ocupa-se de analisar o curto prazo, especialmente no que se refere à

maximização do produto e da minimização do desemprego de fatores produtivos e da inflação.

Quando estuda questões de longo prazo, a análise macroeconômica denomina-se TEORIA DO

DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO3.

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Os métodos de análise básicos, no estudo da determinação de preços e quantidades são:

análise do equilíbrio parcial: estuda-se um mercado isoladamente, não levando em

consideração as possíveis interferências dos demais mercados4;

análise do equilíbrio geral: considera-se a interdependência de todos os mercados. Os

preços dos bens se formam em um mercado influenciados pelo conjunto dos bens

desse e dos demais mercados e pelos preços de todos os insumos da economia5.

IDENTIDADES MACROECONOMICAS BÁSICAS

As Identidades macroeconômicas básicas são o Fluxo circular da Renda. Empresas

e famílias. O estado como elemento constitutivo do sistema econômico. As diferentes

categorias de rendimento: salário, lucro,aluguel, juros, impostos. As identidades macroeconômicas básicas são estudadas a partir do Fluxo Economico, mas

o que é o Fluxo Econômico:

FLUXOS ECONÕMICOS

Os fluxos economicos são a chave para entender a relação econômica entre

produção e consumo, esta foi estudada amplamente pelo fisiocrata François

Quesnay, quando exp0licou o fluxo real e nominal da economia para entender que

a economia era o reflexo de dois fluxos entre os agentes econômicos .

Os agentes econômicos como sabemos são todas as familias em seu

consumo, empresários e suas empresas, governo e instituições financeiras que

participam de uma economia.

O fluxo econômico real ou produtivo representa o fluxo de troca de bens e

serviços gerados pelas empresas ás famílias que por conseqüência ofertam sua

Mao de obra como fator de produção as empresas no sentido de produzirem estes

bens e serviços que satisfarão as necessidades familiares.

Já o fluxo nominal é o contra-fluxo ou fluxo de retorno de pagamentos

monetários referente aos salários pelo uso da Mao-de-obra por parte das empresas

e as famílias devolvendo suas rendas as empresas em troca de consumo gerando

lucros aos empresários em função de sua produção. Entre entes dois fluxos o

governo entra tributando a produção e consumo nas duas pontas no sentido de

garantir o bem estar econômico de todos e os serviços básicos aos cidadaos menos

Page 126: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

favorecidos. Também as instituições financeiras entram como intermediadores

destes fluxos garantindo financiamento a produção e consumo captando recursos

via poupança da empresa e das famílias.

Abaixo observaremos os fluxos econômicos real e nominal da economia e

seu funcionamento.

Gráfico fonte ; Prof. MSc. Elói Martins Senhoras.introdução a economia

Observamos no quadro acima que o fluxo A as famílias ofertam as empresas

Mao de obra, enquanto que no B as empresas remuneram as famílias com salários,

já o fluxo C é o retorno as famílias de bens e serviços produzidos pelas empresa

utilizando a Mao de obra das famílias que em contra-partida recebem

remuneração pelo dispêndio dos individuos em consumo no fluxo D. os fluxos A

e C representam o fluxo real da economia e o fluxo B e D são os fluxos nominais

ou monetários.

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FATORES DE PRODUÇÃO

Os fatores de produção são os meios que a sociedade possui para

produzirem os bens e services que irão satisfazer as necessidades dos indididuos

são eles; o capital, a mão de obra, a capacidade gerencial, tecnologia e terra.

Estes fatores de produção melhor combinados entre si e com maior grau de

liberdade sobre seus custos durante a produção, farão com que a sociedade ganhe

produtos mais competitivos e com mais baixos preços.

Estes fatores de produção tem em si cada um uma remuneração por seu uso

conforme a tabela acima demonstrou, logo é necessário investimentos em cada

fator no sentido de torná-los mais competitivos que em outros mercados

concorrentes.

Dentre as medidas que utilizamos para medir o nível da atividade econômica a mais

evidenciada nos meios de comunicação está o PIB (Produto Interno Bruto). O mesmo

pode ser obtido por três óticas, produto, renda e despesa. A primeira obtém-se o Valor

Adicionado1 pela diferença entre o valor de produção destinado ao mercado interno e

externo e os consumos intermediários de bens e serviços nacionais e importados. Numa

economia com governo, adiciona-se à Produção os impostos sobre os produtos. A

segunda, o Valor Adicionado em um determinado período é obtido através da

remuneração dos fatores de produção – salários, juros, lucros e aluguéis. Os salários

correspondem à remuneração do trabalho, os juros a remuneração do capital de

Page 128: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

empréstimo, o lucro à remuneração do capital de risco, e o aluguel a remuneração dos

proprietários dos bens de produção. Numa economia aberta e com o setor governo

adicionam-se também as rendas líquidas enviadas ao exterior e impostos sobre os

produtos e a atividades.Por fim o PIB medido pela ótica da despesa. Numa economia

aberta e com governo, construímos agregados que representam os destinos do Produto

para consumo, investimento e variação dos estoques (Formação Bruta de Capital Fixo1)

mais o saldo das exportações sobre as importações de bens e serviços.

Conceitos básicos da macroeconomia

A seguir apresentamos alguns conceitos da macroeconomia10:

Valor adicionado – É a soma dos preços dos bens e serviços finais produzidos

numa economia em certo período. Representa a diferença entre o valor das vendas

e o valor de insumos e matérias-primas utilizados no processo de produção. Isso

significa que não são computadas no valor adicionado os bens intermediários

(insumos e matérias-primas) utilizados pelas empresas.

Produto nacional – É a medida dos valores adicionados pelas empresas aos bens

elaborados e aos serviços prestados, em toda a economia nacional.

Renda nacional – É a soma das remunerações pagas aos fatores de produção

utilizados pelas empresas. Representa a soma dos pagamentos de salário, juros,

aluguel/arrendamento e lucros no País, em dado período de tempo.

As principais medidas da atividade econômica11 Entre as variáveis macroeconômicas mais significativas estão o valor bruto da produção,

o produto interno bruto, a renda nacional etc., cujos conceitos estão enunciados a seguir.

O VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP) é a soma dos preços de bens e serviços

produzidos numa economia em determinado período – preços versus quantidades produzidas.

Posto que no VBP não há distinção entre bens intermediários e bens finais, essa medida

superestima o valor da produção social, ao contabilizar o valor dos bens intermediários tantas

vezes quanto estes entrarem na elaboração do produto final.

Os BENS INTERMEDIÁRIOS são aqueles destinados à utilização intermediária, que entram

na composição de outros bens, enquanto os bens de utilização final se destinam ao consumo

final e desaparecem com a sua utilização. Exemplos: o pão é bem de utilização final; a farinha,

que foi utilizada na produção do pão, é um bem intermediário.

O PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) é a soma dos preços dos bens e serviços finais

produzidos numa economia em certo período – preços versus quantidades produzidas. Equação

fundamental do produto:

Page 129: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Produto interno bruto = consumo + investimento + exportações – importações Abaixo apresentamos a evolução do PIB Brasileiro DE 2001 A 2008.

Evolução do PIB brasileiro nos últimos anos

Ano Em milhões de reais correntes

Per capita, em reais correntes

Em milhões de dólares estadunidenses correntes

Taxa de variação real no ano

2001 1.198.736,19 6.896,35 509.796,80 1,3% 2002 1.346.027,55 7.630,93 459.379,39 2,7% 2003 1.556.182,11 8.694,47 506.784,16 1,1% 2004 1.766.621,03 9.728,84 603.993,65 5,7% 2005 1.937.598,29 10.519,88 795.924,37 3,2% 2006 2.300.133,20 12.688,04 1.067.600,00 4,0% 2007 2.558.000,00 13.515,00 1.313.098,52 5,7% 2008 2.889.719,00 15.240,00 1.665.839,00 5,1%

Fonte: Banco Central do Brasil[19]

O Estudo das variações deste PIB, se esta medida de desempenho da Economia vem

apresentando melhorias a sociedade ou não é estudado a seguir pela Macroeconomia.Mais

adiante faremos um estudo mais detalhado sobre esta medida de desempenho.

A RENDA NACIONAL (RN) é a soma das remunerações de fatores empregados nas

atividades produtivas, inclusive os fluxos de pagamentos aos fatores de propriedade de não-

residentes no país, tais como salários, lucros, juros, dividendos, aluguéis e royalties pela

utilização de uma marca ou tecnologia.

A DEMANDA INTERNA BRUTA (DIB) é a soma dos gastos em consumo interno dos setores

público (governo) e privado (empresas e famílias) e das despesas de investimento interno bruto

fixo das empresas e da variação dos estoques.

A DEMANDA FINAL TOTAL inclui os gastos em consumo e em investimento, além das

exportações (vendas ao exterior) realizadas pelo país no período.

A OFERTA FINAL TOTAL (OFT) é a soma do produto interno bruto da economia e das

importações (compras ao exterior) no período. A oferta final total representa a disponibilidade

bruta total da economia em determinado período.

As precauções na elaboração do cálculo do produto

As principais precauções que devem ser observadas na elaboração do cálculo do produto

são:

Page 130: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

evitar a “dupla contagem” das mercadorias. Medir o valor agregado pelas

empresas aos bens elaborados e aos serviços prestados, somando-se assim apenas

o valor dos bens de utilização final;

desconsiderar as variações que os preços sofrem devido à inflação. Quer dizer, o

valor do produto deve ser medido em termos reais. Enquanto o produto real mede

o valor do produto a preços constantes, ou deflacionado, o produto nominal mede

o valor do produto a preços correntes, ou inflacionado. Para tanto, deve-se utilizar

aqui os “números índices”, para deflacionar e/ou inflacionar duas séries

estatísticas, de preços e quantidades, que permite obter as medidas real e nominal

do produto. Observação: “deflacionar” o produto significa transformar valores

nominais, ou a preços correntes, em valores reais, ou a preços constantes,

enquanto “inflacionar” o produto significa transformar valores reais, ou a preços

constantes, em valores nominais, ou a preços correntes. Para inflacionar e/ou

deflacionar o valor do produto, utilizam-se os números índices de Laspeyres

(IPC) e Paasche (deflator da renda), um superestimando os preços e o outro as

quantidades.

desconsiderar as transações de mercadorias produzidas em exercícios anteriores

que, mesmo não tendo sido vendidas ou mantidas em estoques, já foram

consideradas na elaboração do cálculo do produto antecedente. Neste caso,

aplica-se o conceito de investimento e o valor dos estoques é contabilizado

acrescentando-se ou diminuindo-se ao valor do investimento interno bruto fixo

das empresas, tendo em vista o acréscimo ou decréscimo dos estoques no período

em consideração. Também devem ser desconsideradas as transferências do

governo ao setor privado da economia, pois são transações não-produtivas12.

Metas de política macroeconômica

Ao estabelecer políticas macroeconômicas, os governos sempre têm como meta

alcançar um ou mais dos seguintes objetivos:

alto nível de emprego;

estabilidade de preços;

distribuição eqüitativa da renda;

Page 131: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

crescimento econômico.

Alto nível de emprego – Ao contrário do pensamento liberal clássico, desde a

contribuição de Keynes6 à teoria econômica, hoje se aceita a intervenção do Estado,

mesmo em regimes capitalistas, no sentido de maximizar a obtenção de produção global

na economia. Com a existência de corporações cada vez mais poderosas (sindicatos

patronais e de empregados, associações corporativas) o mercado não se regula, como se

propunha nas teorias clássicas. E o desemprego é uma das principais preocupações das

políticas macroeconômicas.

Estabilidade de preços – O que se analisa, nesse quesito, não é o preço de cada bem do

mercado. Interessa à macroeconomia o nível geral de preços. Sua desestabilização

denomina-se inflação e se caracteriza pelo aumento continuado e geral de todos os

preços. Esse desajuste influencia negativamente a distribuição de renda, o balanço de

pagamentos e as expectativas dos agentes econômicos (indivíduos e empresas). A

tentativa, especialmente em países não desenvolvidos, de alcançar elevados níveis de

produção e emprego, costuma produzir viveis aceitáveis de inflação.

Distribuição eqüitativa da renda – A utilização dos fatores de produção determina sua

remuneração (renda). Em uma economia na qual há desequilíbrio de forças e há fatores

de produção desempregados (trabalho, capital, recursos naturais), a remuneração de

cada um deles não proporciona uma distribuição socialmente justa da renda. No Brasil,

no período denominado milagre econômico (1967 a 1973) praticava-se uma política

macroeconômica de priorizar o crescimento para, depois, promover a distribuição. O

período se caracterizou por uma alta taxa de concentração de renda, com reflexos ainda

não completamente removidos na economia brasileira.

Crescimento econômico – Havendo desemprego (ociosidade de fatores de produção), a

economia poderá crescer se essa ociosidade for reduzida. Se, ao contrário, os fatores

estiverem muito próximos do pleno emprego, somente o aumento dos recursos

disponíveis (maior número de fatores, como: trabalhadores, capital ou recursos naturais)

ou um avanço tecnológico que promova maior produtividade aos fatores provocará

crescimento econômico. Importante é o crescimento líquido do produto, ou seja: o

produto deverá crescer mais do que cresce a população que utiliza essa produção. O

indicador para medir tal característica é a renda nacional per capita ou o produto

nacional per capita.

Instrumentos de política macroeconômica Para obter os resultados apontados nas metas e nos objetivos de produzir mais, sem

desemprego e com estabilidade de preços, os principais instrumentos de políticas

macroeconômicas são:

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a POLÍTICA FISCAL diz respeito ao orçamento dos diversos níveis de governo (federal,

estaduais e municipais), ou seja, são os gastos e as receitas dos governos. É um poderoso

instrumento de política macroeconômica, se considerarmos que no Brasil a carga fiscal

(soma de todos os orçamentos governamentais) representa mais do que um terço de tudo o

que se produz no País;

POLÍTICA FISCAL Entende-se por política fiscal a atuação do governo no que diz respeito à

arrecadação de impostos e aoS gastos. Estes afetam o nível de demanda da economia à medida que a arrecadação influencia na renda disponível que os indivíduos poderão destinar para o consumo e poupança. Portanto, dado um nível de renda, quanto maiores os impostos, menor será a renda disponível, o que acarretará em uma diminuição no consumo. Os gastos são diretamente um elemento de demanda, ou seja, quanto maior o gasto público, maior a demanda e maior o produto.

Assim, se a economia apresentar tendência para queda no nível de atividade, o governo pode estimulá-la (política fiscal expansionista), cortando impostos e/ou elevando gastos. Pode ocorrer inverso (política fiscal restritiva), caso o objetivo seja diminuir o nível da atividade.

Uma política fiscal expansionista ocorre quando o governo reduz a arrecadação diminuindo os impostos ou quando aumenta os gastos públicos. Caso haja uma redução de impostos ocorre por conseqüência um déficit público, sendo que este, deve ser financiado de alguma forma, dentre as quais está a venda de títulos públicos ao setor privado ou a venda de títulos públicos ao banco central. As duas hipóteses levam a um endividamento do tesouro. No primeiro caso é necessário aumentar a taxa e juros para atrair compradores, enquanto na segunda a compra é feita por emissão de moeda. Já, no segundo caso, com o aumento dos gasto públicos, dependendo a situação da poupança do governamental, teremos um impacto semelhante ao do investimento. O gasto público, ao pressionar a produção, irá gerar um incremento inicial na renda. Parcela desse aumento será destinada ao consumo, gerando nova ampliação do produto e assim sucessivamente, conforme mecanismo do efeito multiplicador.

Quando uma política fiscal é restritiva, temos a mudança de atitude em relação aos instrumentos existentes, tais como, é desejável uma redução nos gastos públicos e um aumento de impostos, acarretando assim numa redução do consumo, acompanhado de um superávit fiscal. (Economia Brasileira Contemporânea – 6ª ed. – pág. 194)

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Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)

De acordo com a figura acima, um aumento nos gastos e/ou um a redução dos impostos acarretam no deslocamento para direita da curva IS aumentando o nível da renda. Opostamente, uma redução nos gastos públicos e/ou redução dos impostos provocam o deslocamento da curva IS para esquerda reduzindo o nível da renda.

CARGA TRIBUTÁRIA CFE. PG. 13MAT. VESTCOM

a POLÍTICA MONETÁRIA refere-se ao controle do governo sobre a oferta monetária, ou

seja, sobre a quantidade de moeda e de títulos públicos em circulação no mercado;

POLÍTICA MONETÁRIA

A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias, por meio de instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a liquidez global do sistema econômico. 1 - Política Monetária Restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir o crescimento da quantidade de moeda, e a encarecer os empréstimos. Instrumentos: Recolhimento compulsório: consiste na custódia, pelo Banco Central, de parcela

dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. Esse instrumento é ativo, pois atua diretamente sobre o nível de reservas bancárias, reduzindo o efeito multiplicador e, conseqüentemente, a liquidez da economia.

Page 134: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Assistência Financeira de liquidez: o Banco Central empresta dinheiro aos bancos comerciais, sob determinado prazo e taxa de pagamento. Quando esse prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo é aumentada, a taxa de juros da própria economia aumenta, causando uma diminuição na liquidez.

Venda de Títulos públicos: quando o Banco Central vende títulos públicos ele retira moeda da economia, que é trocada pelos títulos. Desta forma há uma contração dos meios de pagamento e da liquidez da economia.

2 - política Monetária Expansiva: é formada por medidas que tendem a acelerar a quantidade de moeda e a baratear os empréstimos (baixar as taxas de juros). Incidirá positivamente sobre a demanda agregada. Instrumentos: Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui os valores

que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um aumento do efeito multiplicador, e da liquidez da economia como um todo.

Assistência Financeira de Liquidez: o Banco Central, ao emprestar dinheiro aos bancos comerciais, aumenta o prazo do pagamento e diminui a taxa de juros. Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia, e a aumentar a liquidez.

Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos públicos há uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada em troca dos títulos. Com isso, ocorre uma redução na taxa de juros e um aumento da liquidez. (http://www.economiabr.net/economia/4_politica_monetaria.html 4/11/2008 15:17)

Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)

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Uma política fiscal expansionista desloca a curva LM para direita em LM’ aumentando o nível de renda e diminuindo a taxa de juros como causa do aumento da liquidez no sistema econômico.

Fonte: (http://www.actiomercatoria.com.br/upload/powerpoint/ModeloISLMFechada_files/frame.htm)

Uma política monetária contracionista ou restritiva desloca a curva LM para esquerda em LM’ reduzindo a renda, tendo um aumento na taxa de juros, causada pela escassez de moeda na economia. A EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS FICAIS E MONETÁRIAS

Segundo Mankiw (1998, p.227) “a muito os economistas debatem sobre qual

política, monetária ou fiscal, exerce uma influência mais poderosa sobre a demanda agregada. De acordo com o modelo IS-LM, a resposta depende do parâmetro de cada uma das curvas. Portanto, os economistas gastaram muita energia discutindo a magnitude deste parâmetros. Os mais contravertidos são os que descrevem a influência da taxa de juros sobre as decisões econômicas.

Os economistas que vêem a política fiscal como sendo mais poderosa que a política monetária argumentam que a resposta do investimento à taxa de juros é pequena” fazendo com que a curva IS seja quase vertical sofrendo pouca influência dos deslocamentos da curva LM na renda. Em contrapartida os economistas que defendem a política monetária afirmam que a demanda por moeda à taxa de juros é pequena de modo que o impacto da política fiscal sobre a renda é menor.

Atualmente, a maioria dos economistas não aceita nenhuma dessas opiniões extremas. A evidência indica que a taxa de juros afeta tanto o investimento quanto a demanda por moeda. Assim, tanto a política monetária quanto a política fiscal são determinantes significativos da demanda agregada.

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Abaixo é ilustrado como ocorrem os deslocamentos nas curvas IS-LM de acordo com as políticas fiscais e monetárias:

Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 210

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Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 211

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a POLÍTICA CAMBIAL diz respeito ao controle e à utilização de instrumentos para

estabilização da taxa de câmbio, enquanto as políticas de relações econômicas externas

referem-se ao comércio internacional, ao incentivo às exportações e ao controle das

importações do País;

as POLÍTICAS DE RENDAS referem-se à intervenção do governo na formação da renda

dos agentes econômicos. Intervenção que favorecerá ou não determinados proprietários

de fatores de produção em detrimentos de outros (mão-de-obra, capital, recursos

naturais e capacidade empresarial)7.

Estrutura de análise macroeconômica Tradicionalmente, a estrutura básica do modelo macroeconômico compõe-se de cinco

mercados. São eles:

Mercado de bens e serviços – O produto nacional é o principal medidor do mercado de

bens e serviços. Indica a quantidade destes que uma economia produziu em

determinado período de tempo, geralmente um ano. Reflete o nível de atividades dessa

economia, representada pelos quatro agentes macroeconômicos: consumidores,

empresas, governo e setor externo.

Mercado de trabalho – O mercado de trabalho reflete o nível de utilização geral da

força de trabalho, independente do setor e da qualificação de seus componentes. São

relevantes, nesse mercado, a taxa salarial e o nível de desemprego.

Mercado monetário – Para dar conseqüência às transações de um mercado há

necessidade de moeda para a circulação dos bens e serviços. O Banco Central ocupa-se

de equilibrar a oferta e a demanda desse mercado, de modo a não prejudicar as

transações nem desvalorizar a moeda.

Mercado de títulos – Existem agentes macroeconômicos superavitários e agentes

deficitários. Os agentes superavitários (gastam menos do que sua renda) emprestam

moeda para os agentes deficitários e, assim, se constitui o mercado de títulos.

Mercado de divisas – A exemplo do mercado de títulos, quando se trata de transações

entre residentes de um país (indivíduos e empresas) e residentes de outro, há

necessidade de moedas distintas, constituindo-se o mercado de divisas8.

Contabilidade nacional é o registro contábil da atividade produtiva de um país, em um

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dado período de tempo (geralmente um ano). No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) realiza essa tarefa, segundo metodologia e padronização internacional9.

INTRODUÇÃO À ECONOMIA MONETÁRIA

MOEDA – CONCEITOS, FUNÇÕES E SUA CIRCULAÇÃO NA ECONOMIA A moeda é um objeto de aceitação geral, utilizado na troca de bens e serviços. Sua

aceitação é garantida por lei.

As principais funções da moeda são as seguintes:

Meio ou instrumento de troca – Num sistema econômico baseado na especialização e

divisão do trabalho, é imprescindível que exista um instrumento que facilite as trocas de

mercadorias. Se não houvesse esse instrumento, as trocas teriam de ser diretas (economia de

trocas), trocando-se bens com bens. Isso exigiria DUPLA COINCIDÊNCIA DE DESEJOS (um

criador de galinhas que desejasse comprar roupas deveria encontrar um alfaiate que

desejasse comer galinhas). Ademais, ocorreria um problema de INDIVISIBILIDADE (se um

fabricante de canoas quisesse tomar um cafezinho, como ele faria?). Acrescente-se que se

perderia muito TEMPO para viabilizar essas trocas diretas. A moeda permite que as trocas

sejam indiretas e supera essas dificuldades.

Unidade de medida (ou unidade de conta) – A moeda serve para comparar e agregar o

valor de mercadorias diferentes: podemos somar um caminhão com uma bola de futebol.

Ela serve como medida do valor de troca das mercadorias, sendo que o PREÇO DE UM BEM é

a expressão monetária do valor de troca desse bem: se uma maçã vale $ 500,00 e uma

banana $ 50,00, uma maçã pode ser trocada por dez bananas;

Reserva de valor – A moeda representa um direito que seu possuidor tem sobre outras

mercadorias. Ela pode ser guardada para uso posterior, pelo que serve como reserva de

valor. A moeda serve de reserva de valor para uma pessoa, mas não para a sociedade como

um todo (falácia ou sofisma da composição): o que vale para o indivíduo não vale para a

sociedade, pois o que determina a riqueza de um país é a sua produção global, e não o

montante de moeda existente.

No passado, toda moeda, ou papel-moeda, era lastreada em ouro (MOEDA LASTREADA).

Com o desenvolvimento do comércio internacional, não foi mais possível fazer a conversão de

moeda em ouro. Hoje, temos a MOEDA FIDUCIÁRIA (de fidúcia, confiança), sem lastro, e sua

Page 140: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

aceitação é garantida por lei. Com a passagem do padrão ouro para a moeda fiduciária, a moeda

não é mais função do estoque de ouro, o que dá às autoridades monetárias maior capacidade de

afetar a quantidade de moeda, de acordo com as necessidades do país.

Oferta de moeda A oferta da moeda é sinônimo de meios de pagamento, que representa o estoque de

moeda disponível para uso da coletividade (setor privado não bancário) a qualquer momento.

Objetiva-se, com esse conceito, medir a liquidez do setor privado produtivo, excetuando-se o

setor bancário.

O saldo dos meios de pagamento é composto pelo saldo da moeda em poder do público

(PP) mais o saldo dos depósitos a vista (DV): M = PP + DV

O saldo de moeda em poder do público (ou moeda manual) é obtido em se retirando da

moeda emitida o caixa das autoridades monetárias e o caixa dos bancos comerciais:

Moeda emitida

menos caixa das autoridades monetárias

= moeda em circulação (ou meio circulante) menos caixa dos bancos comerciais

= moeda em poder do público

Os depósitos à vista ou em conta corrente também são chamados de moeda escritural,

moeda bancária ou, ainda, moeda contábil, já que podem ser movimentados por simples

contabilização bancária. Representam cerca de 75 % do total de meios de pagamento. O

dinheiro com os bancos (no caixa) e com o governo não é considerado meio de pagamento,

porque esse conceito visa medir liquidez do setor produtivo privado.

Na verdade, existem, na literatura econômica, várias formas de conceituar moeda. O

conceito mais utilizado é o que acabamos de definir e é chamado de M1, que é o total de moeda

que não rende juros e é de liquidez imediata (moeda com o público, mais depósitos à vista).

Mas, dependendo do objetivo, são utilizados os conceitos de M2, M3 e M4, que incluem ativos

financeiros que rendem juros e são de alta liquidez (embora não imediata):

M2 = M1 + títulos públicos federais, estaduais e municipais em poder do público, fundos

do mercado monetário (fundos de aplicações financeiras e de renda fixa de curto prazo, e

depósitos especiais remunerados);

M3 = M2 + depósitos em cadernetas de poupança;

M4 = M3 + depósitos a prazo e títulos privados (letras de câmbio e imobiliárias).

Esses ativos que rendem juros são também chamados de haveres não monetários ou

quase-moeda, sendo que M1 são chamados de haveres monetários.

Em processos inflacionários, a relação entre M1 e M4 costuma diminuir, pois as pessoas

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procuram ficar com pouca moeda que não rende juros (M1) e utilizá-la em aplicações

financeiras. Isso é chamado de desmonetização. Quando a inflação diminui, a relação entre M1

e M4 aumenta (monetização).

Posto isto, o conceito de moeda utilizado é o tradicional (M1). Deve ser esclarecido que

cheque não é considerado moeda e que depósitos à vista não é o mesmo que caixa dos bancos

comerciais.

O cheque é apenas uma ordem de transferência. Se uma pessoa saca seu dinheiro no

banco, não diminui os meios de pagamento, pois apenas transfere depósitos à vista para moeda

com o público. No caso de um depósito em cheque, apenas transferiu depósitos à vista de uma

conta para outra.

Os depósitos à vista não devem ser confundidos com o caixa dos bancos comerciais.

Embora contabilmente um depósito em dinheiro aumente, num primeiro momento, o caixa dos

bancos, o banco utilizará os recursos em seu caixa para outras transações, o que diferencia os

saldos das duas contas.

"Criação" e "destruição" de moeda

Ocorre criação ou destruição de moeda quando se altera o saldo dos meios de pagamento,

no conceito M1 (moeda com o público + depósitos à vista). Corresponde a uma queda ou

aumento da oferta de moeda disponível.

Exemplos:

Banco Central troca dólares dos exportadores por reais: criação de moeda (ou de meios

de pagamento);

Banco Central vende dólares aos importadores, recebendo reais em troca: destruição de

moeda;

empréstimo dos bancos comerciais ao setor privado: criação de moeda;

resgate de um empréstimo bancário: destruição de moeda;

depósito à vista: apenas transfere moeda do público para depósitos à vista; não há

criação nem destruição de moeda;

saque através de cheque: como vimos, trata-se apenas de uma transferência de moeda

escritural para moeda em poder do público;

uma pessoa que efetua um depósito a longo prazo destrói moeda, pois depósito a prazo

não é considerado meio de pagamento no conceito M1.

A oferta de moeda pode ser dividida em oferta de moeda pelo Banco Central e oferta de

moeda pelos bancos comerciais. Deve-se observar que os intermediários financeiros do tipo

banco de investimentos, sociedades de crédito e financiamento, chamados de intermediários

financeiros não bancários, não são autorizados a manter depósitos e apenas transferem dinheiro

dos emprestadores para os tomadores, não criando moeda. Os bancos comerciais, por sua vez,

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têm carta-patente, o que lhes permite manter depósitos do público e emprestar uma quantia

superior às suas reservas monetárias (ou seja, pode emprestar parte de suas obrigações, que são

os depósitos à vista).

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Oferta de moeda pelo Banco Central

O objetivo do Banco Central é regular a moeda e o crédito em níveis compatíveis com o crescimento do produto, ou seja, manter a liquidez do sistema econômico.

Segundo Mellagi1, dentre as muitas funções do Banco Central do Brasil podemos citar: banco emissor: é o responsável e tem o monopólio das emissões de moeda;

banco dos bancos: é o órgão em que os bancos depositam e transferem fundos de um

banco para outro (pela câmara de compensação de cheques). Além disso, o Banco

Central também empresta aos bancos (redesconto bancário);

banco do governo: é o canal que o governo tem para implementar a política

monetária. Grande parte dos fundos do governo é depositada no Banco Central. De

outra parte, quando o governo necessita de recursos, normalmente emite títulos

(obrigações) e os vende ao público via Banco Central;

banco depositário das reservas internacionais.

No Brasil, devido à estrutura híbrida do Banco Central, uma parte das suas funções é executada pelo Banco do Brasil. Assim, a câmara de compensação de cheques fica no Banco do Brasil. Além disso, o Banco Central não recebe depósitos do governo, quem o faz é o Banco do Brasil. No fundo, o Banco Central é um órgão normativo (sujeito ao Conselho Monetário Nacional) e o Banco do Brasil é um órgão executivo. O Banco do Brasil, além de executar essas funções, também funciona como típico banco comercial, o que gerou alguns problemas de controle de política monetária no Brasil.

Oferta de moeda pelos bancos comerciais

Os bancos comerciais também podem alterar a oferta de moeda por terem uma carta-patente que lhes permite emprestar mais do que têm em depósitos. A utilização generalizada de cheques faz com que a maior parte do volume de moeda do sistema permaneça no sistema bancário, gerando o chamado float, sendo que apenas uma pequena parcela desse total é representado por saques de numerário. Dessa forma, apesar de não poder emitir moeda, o banco comercial cria meios de pagamento pelo fato de poder fazer promessas de pagamento com os recursos depositados pelos seus clientes. Como veremos a seguir, isso cria um mecanismo multiplicador dos saldos monetários.

Mecanismo multiplicador da oferta de moeda

O sistema bancário pode criar moeda num valor múltiplo de uma injeção monetária inicial. Vejamos como isso ocorre, através de um exemplo.

Suponha que exista um único banco na economia. A razão dos depósitos que os bancos devem manter como reserva compulsória é 20 %, e o depósito inicial nesse banco é de R$ 100,00. Destes R$ 100,00, destina R$ 20,00 para reservas e empresta R$ 80,00. Esses R$ 80,00 retomam ao banco na forma de novo depósito; desses, R$ 16,00 viram reservas e R$ 64,00 são reemprestados. Estes voltam como depósito e reinicia-se o ciclo. Percebe-se que os R$ 100,00 iniciais de depósitos multiplicaram-se, gerando uma seqüência de depósitos nos valores: R$

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80,00; R$ 64,00; R$ 51,20; R$ 40,96... Essa seqüência constitui uma progressão geométrica decrescente de razão 0,8, que corresponde à fração livre dos depósitos bancários, isto é, o depósito adicional menos as reservas que devem ser compostas (1 menos a porcentagem de reservas obrigatórias: 1 - 0,2 = 0,8).

Para avaliarmos o total de depósitos do banco a partir do depósito inicial, basta realizarmos a soma dos termos da progressão geométrica com razão menor que 1.

S.P.G. = a1/1 - q

onde: S.P.G. = soma dos termos de uma progressão geométrica

a1 = primeiro termo da progressão geométrica

q = razão da P.G.

Note-se que, no exemplo acima, teríamos:

D = R$ 100,00/1 - 0,8 = R$ 500,00.

Ou seja, um depósito inicial de R$ 100,00 gerou um total de depósitos no banco de R$ 500,00, isto é, foi multiplicado por 5. Como (1 - 0,8) é exatamente a parcela de reservas compulsórias exigidas pelo Bacen, isto é, 0,2 (20% notamos que o MULTIPLICADOR BANCÁRIO CORRESPONDE AO INVERSO DA TAXA DE RESERVAS. Assim, quanto menor o recolhimento compulsório, maior o poder de multiplicação dos bancos; portanto, a determinação do nível de depósitos compulsórios dos bancos é uma forma de o Bacen controlar a oferta de moeda bancária.

O valor do multiplicador depende também, além da taxa de reservas dos bancos, da TAXA DE RETENÇÃO DO PÚBLICO, que é a razão entre a moeda que fica em mãos do público (e não depositada nos bancos) e o saldo dos depósitos à vista. Se o público, por algum motivo, decide aumentar a quantidade de moeda em seu poder e deixar menos moeda nos bancos, diminui a capacidade de os bancos emprestarem e, portanto, o volume de meios de pagamento. Ou seja, os bancos terão menos dinheiro para aplicar em empréstimos.

Existem vários tipos de multiplicadores monetários. Por exemplo: temos o multiplicador de depósitos que se refere ao aumento múltiplo dos meios de pagamento, derivado de um aumento nos depósitos a vista. O multiplicador mais geral, entretanto, é o chamado multiplicador da base monetária.

Por BASE MONETÁRIA entende-se o total de moeda com o público (PP) mais as reservas dos bancos comerciais, isto é:

B = PP + R

Essas reservas são o caixa dos bancos comerciais, os depósitos voluntários e os depósitos obrigatórios. Assim, a base monetária consiste em todo o montante de moeda em mãos do setor privado, inclusive bancos. A base monetária representa o estoque de moeda primária, também chamada MOEDA DE ALTA POTÊNCIA (HIGH POWER MONEY), ou ainda, PASSIVO MONETÁRIO DAS AUTORIDADES MONETÁRIAS.

Por um mecanismo de multiplicação, via empréstimos bancários, essa moeda primária dá

origem ao total de meios de pagamento. Existe uma relação bastante estável e previsível entre

base monetária e meios de pagamentos, assim:

M = m ou M = mB

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B

Sendo M o saldo dos meios de pagamento, B a base monetária e m o multiplicador

da base monetária. Assim, a diferença entre M e B, dada pela diferença entre o total de

depósitos DV e o total de reservas R, é o montante de empréstimos bancários.

Vamos discriminar um pouco mais os parâmetros que afetam a expansão ou a contração

monetária da economia e chegar à formula de multiplicador, a partir desses parâmetros.

Por definição:

M = PP + DV (1)

B = PP + R (2)

sendo: PP = saldo da moeda em poder do público

DV = saldo dos depósitos a vista dos bancos comerciais

R = saldo das reservas dos bancos comerciais

Dividindo (1) por (2) e depois dividindo tanto numerador como o denominador por DV,

vem:

PP + DV

M = PP + DV = DV DV (3)

B PP + R PP + R

DV DV

c = PP = TAXA DE RETENÇÃO DO PÚBLICO, que é a relação entre a moeda

DV com o público e os depósitos a vista.

R = R = TAXA DE RESERVAS BANCÁRIAS, que é o total de encaixes e

DV reservas em relação aos depósitos a vista.

A expressão (3) pode ser assim reescrita:

M = c + 1 ou M = 1 + c B

B c + r c + r

sendo: m = 1 + c

c + r

Dessa forma, as expansões e contrações dos meios de pagamento dependem de três

parâmetros básicos:

de variações na base monetária B (maior B, maior M);

de variações na taxa de retenção do público c (maior c, menor m e, portanto, menor M);

de variações na taxa de reservas bancárias r (maior r, menor m e, portanto, menor M).

Deve ser observado que as políticas monetárias não têm muito efeito sobre a taxa de

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retenção do público, pelo menos a curto prazo, dado que é um parâmetro que depende de

hábitos da coletividade, como o uso de cartões de crédito. A atuação maior das autoridades dá-

se sobre a taxa de reservas bancárias e sobre a base monetária.

Demanda de moeda Nesta parte, estamos interessados em saber os motivos que fazem com que as pessoas

retenham moeda, guardem moeda pela moeda, em vez de aplicá-la, por exemplo, em títulos ou

imóveis, que proporcionam rendimentos. Se existem essas possibilidades, por que se retém

moeda que não rende nada (conceito M1)? Para tanto, precisamos de uma teoria de demanda de

moeda.

Existem três motivos para demandar moeda, isto é, para reter encaixes monetários:

motivo transação;

motivo precaução;

motivo especulação (ou portfolio).

Os motivos transação e precaução já tinham sido levantados na teoria clássica, enquanto o

motivo especulação (portfolio) foi colocado por Keynes. Discutamos essas razões para manter

moeda.

Demanda de moeda por motivo de transação

As pessoas retêm moeda para efetuar pagamentos que vencem antes da data de

recebimento de sua renda, ou seja, para fazer face à diferença de datas entre os

recebimentos e os gastos diários com alimentação, transporte etc. Claramente, a demanda

de moeda por transação depende do nível de renda: quando a renda aumenta, os gastos

também aumentam, e os saldos de moeda mantidos para harmonizar esses fluxos também

devem aumentar.

Demanda de moeda por motivo de precaução

A segunda razão para empresas e indivíduos reterem (demandarem) moeda é a

incerteza quanto às datas de recebimentos e pagamentos. Pagamentos inesperados, ou

recebimentos atrasados fazem com que as pessoas retenham uma parcela de moeda como

precaução. Claramente, esses saldos monetários (encaixes monetários) de segurança ou

precaução devem depender da renda do indivíduo ou da empresa. Quanto maior a

empresa ou mais rica a pessoa, maior a necessidade de moeda para precaução.

Demanda de moeda por motivo de especulação (ou motivo portfolio)

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As pessoas demandam moeda, não apenas para satisfazer transações correntes, mas

também para especulação. A moeda não apresenta rendimentos, mas também não

apresenta riscos, especialmente quando a inflação é baixa. As pessoas, para reduzir os

riscos, podem diversificar sua carteira de títulos (seu portfolio) em vários títulos e

aplicações, inclusive guardando certa quantidade de moeda. Assim, essa quantidade de

moeda também dependerá da rentabilidade dos títulos, ou seja, da taxa de juros. Do ponto

de vista de quem retém moeda, a taxa de juros representa o rendimento que esse

indivíduo teria, se comprasse títulos. Ou seja, para quem empresta ou aplica, é um

rendimento; para quem toma emprestado, é um custo. Dessa forma, pode-se estabelecer

uma relação entre demanda de moeda por especulação e a taxa de juros de mercado. É de

se esperar que essa relação seja inversa: quanto maior a taxa de juros os agentes reterão,

menos moeda (que não rende juros) terão em seu poder. Assim, quanto maior a taxa de

juros, maior a compra de títulos e menor a demanda de moeda para especulação. Todas

essas operações ocorrem dentro de um ambiente chamado sistema financeiro nacional. É

o que descreveremos mais adiante.

Feita essa primeira explanação à cerca das maneiras de medição do PIB temos a seguinte equação básica:

Y = C + I + G +NX Onde Y = Renda C = Consumo I = Investimento G = Despesa do Governo NX = Exportações Líquidas Assim, pela equação, o PIB é a soma do consumo, mais investimento, mais as

despesas governamentais, mais as exportações líquidas. Toda despesa no PIB está incluída em uma dessas categorias. A equação acima, que define uma identidade é chamada de identidade da macroeconômica básica.

Consumo – Refere-se a todos os bens e serviços comprados pelas famílias e divide-se em três subcategorias: bens não duráveis, bens duráveis e serviços. Bens não-duráveis são aqueles que duram um pequeno período de tempo, tais como alimentos e roupas. Bens duráveis são aqueles que duram mais tempo, como automóveis e máquinas de lavar. Serviços indicam a compra de serviços pessoais como corte de cabelo e consulta médica.

Investimento – consiste nos bens adquiridos para uso futuro. Essa categoria divide-se por sua vez, em três subcategorias: investimento fixo das empresas, investimento habitacional fixo e investimento em estoque. O primeiro tipo de investimento indica a aquisição de novas instalações e equipamentos por parte de uma empresa. O segundo é a compra de novas residências por famílias e proprietários. O terceiro tipo refere-se ao acréscimo no estoque de bens de uma empresa ( se o estoque

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diminui, dizemos que o investimento em estoque é negativo). (Mankiw, N. Gregory – Macroeconomia – 3ªed. – pág. 19-20)

Tendo esses primeiros conceitos, podemos verificar o quanto um governo pode influenciar positivamente ou não em uma economia através de instrumentos, que refletirão diretamente na renda e no produto, tais como a Política Fiscal e Monetária. Além desses os gastos públicos, conforme visto na equação do PIB, também, exercem influência em sua determinação.

Antes de tratarmos das Políticas Fiscais, monetárias e dos déficits e gastos públicos, convém demonstrarmos como funciona as curvas IS e LM, o que é? Para que serve?

A curva IS

A curva IS, mostra em pares (renda e taxa de juros) que igualam oferta e demanda agregada de bens e serviços.

A Curva IS aparece no gráfico a seguir:

Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 192

A inclinação negativa dessa curva mostra que uma redução na taxa de juros eleva

o investimento, e este, junto com o efeito multiplicador, provoca a elevação da renda. Porém, o impacto da variação da taxa de juros sobre a renda dependerá da sensibilidade do investimento em relação à taxa de juros e do tamanho do multiplicador.

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A curva LM A curva LM mostra as condições de equilíbrio no mercado monetário. A curva LM aparece no gráfico a seguir:

Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 263

A inclinação da curva é positiva, mostrando que elevações na renda devem ser

acompanhadas por aumentos na taxa de juros, para manter em equilíbrio o mercado monetário.

Modelo IS/LM

As duas curvas quando colocadas em um mesmo gráfico, visto que ambas relacionam-se aos pares com as mesmas variáveis, taxa de juros e renda, permitem encontrar um único ponto que possibilita determinar os níveis de taxas de juros e renda nacional que equilibram simultaneamente ambos os mercados, conforme ilustra o gráfico:

Fonte: Economia Brasileira Contemporânea pág 313

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INFLAÇÃO E SEUS REFLEXOS NA ECONOMIA

Ao final da leitura deste capítulo, você será capaz de:

diferenciar os conceitos de inflação e deflação;

identificar os efeitos da inflação sobre a economia;

relacionar as suas causas e as políticas antiinflacionárias;

realizar o cálculo da inflação;

descrever os principais índices de inflação do Brasil.

INFLAÇÃO A inflação pode ser conceituada como um aumento contínuo e generalizado no nível geral

de preços. Ou seja, os movimentos inflacionários são dinâmicos e não podem ser confundidos

com altas esporádicas de preços. Devem também ser generalizados, porque a maioria dos preços

deve se elevar conjuntamente.

Distorções provocadas por altas taxas de inflação

Ao discutir o problema da inflação, deve ser observado que muitos economistas não

crêem que as distorções provocadas por uma inflação suave sejam sérias, mas há poucas

dúvidas de que níveis elevados de inflação produzirão conseqüências desastrosas. Os principais

efeitos provocados por esse fenômeno são: Efeito sobre a distribuição de renda – Uma das distorções mais sérias provocadas pela inflação diz a respeito à redução do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste (i.e. dissídio). Nesse caso, são os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos, até a chegada de um novo reajuste. Os que mais perdem são os trabalhadores de baixa renda, que não têm condições de manter alguma aplicação financeira, pois tudo o que ganham gastam com sua subsistência. Percebe-se que a inflação é um imposto sobre os mais pobres. Efeito sobre o balanço de pagamentos – Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim, provocam estímulo às importações e desestimulo às exportações, diminuindo o saldo da balança comercial. Esse fato costuma provocar um círculo vicioso, se o país estiver enfrentando um deficit cambial. Nessas condições, as autoridades monetárias, na tentativa de minimizar o deficit, são obrigadas a permitir desvalorização cambial, as quais depreciam a moeda nacional e estimulam as exportações e desestimulam as importações. Contudo, produtos essenciais,

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tais como petróleo e seus derivados, tornam-se imediatamente mais caros, pressionando os custos de produção. Ocorre, então, uma nova elevação de preços, devido ao repasse do aumento dos custos aos preços dos produtos finais, recomeçando o processo. Efeito sobre as expectativas – Outra distorção provocada por elevadas taxas de inflação prende-se à formação das expectativas sobre o futuro. Particularmente, o setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dada a instabilidade e a imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica num compasso de espera enquanto a situação perdurar e dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus investimentos na expansão da capacidade produtiva. Assim, a própria capacidade de produção futura e, conseqüentemente, o nível de emprego é afetado pelo processo inflacionário. Efeito sobre o mercado de capitais – Tendo em vista o fato de que, num processo inflacionário, o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorre desestímulo à aplicação de recursos no mercado de capitais financeiros. As aplicações em cadernetas de poupança, títulos, devem sofrer retração. Por outro lado, a inflação estimula a aplicação de recursos em bens de “raiz”, como terras e imóveis, que costumam valorizar durante o processo inflacionário. Embora alguns possam ganhar com a inflação a curto prazo, pode-se dizer que, a longo prazo, quase ninguém ganha com ela, porque seu processo desarticula todo o sistema econômico. Assim, a inflação onera principalmente os trabalhadores, ao corroer seus salários, é evidente que, com o empobrecimento dos trabalhadores, as empresas vão vender menos e o governo arrecadará menos1.

Causas da inflação Para propósito de análise, é útil classificarmos a inflação de acordo com seus fatores

causais. Nesse sentido, a literatura econômica costuma distinguir a inflação provocada pelo

excesso de demanda agregada (inflação de demanda) da inflação causada por elevação de custos

(inflação de custos).

Inflação de demanda

A inflação de demanda pode ser definida como o excesso de demanda agregada em

relação à produção disponível de bens e serviços. Parece claro que a probabilidade de

inflação de demanda aumenta quanto mais a economia estiver próxima do pleno emprego

de recursos. Afinal, se houver desemprego em larga escala na economia, é de se esperar

que um aumento de demanda agregada deva corresponder a um aumento na produção de

bens e serviços, pela maior utilização de recursos antes desempregados, sem que

necessariamente ocorra aumento generalizado de preços. Quanto mais nos aproximamos

do pleno emprego, mais se reduz a possibilidade de expansão rápida da produção, e a

repercussão maior deve refletir sobre os preços.

Como esse tipo de inflação está associado ao excesso de demanda agregada e tendo

em vista que, a curto prazo, a demanda é mais sensível a alterações de política econômica

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que a oferta agregada (cujos ajustes normalmente se dão a prazos relativamente longos), a

política preconizada para combatê-la assenta-se em instrumentos que provocam redução

da procura agregada por bens e serviços.

Inflação de custos A inflação de custos pode estar relacionada à estrutura de produção, ou seja, o nível

de demanda permanece inalterado, mas os custos de certos insumos importantes

utilizados na produção de um bem aumentam e são repassados aos preços finais dos

produtos. A sua natureza geral é a seguinte: o preço de um bem ou um serviço tende a ser

bastante relacionado a seus custos de produção. Se o último aumenta, mais cedo ou mais

tarde o preço do bem provavelmente aumentará. Uma razão freqüente para um aumento

de custos seria os aumentos salariais. Um aumento das taxas de salários, entretanto, não

necessariamente significa que os custos de produzir um bem aumentaram. Se a

produtividade da mão-de-obra empregada aumenta na mesma proporção dos salários reais

médios, os custos unitários por unidade de produto não são afetados. Por exemplo: se os

salários reais aumentam 10% e o produto por trabalhador aumenta na mesma proporção,

o produto aumentou tanto quanto os salários. Os custos salariais por unidade de produto

permaneceram os mesmos. Nesse sentido, não há necessidade de aumentar os preços

unitários dos produtos quando expandir a produção porque os custos por unidade

produzida não aumentaram.

O aumento da taxa de salários provoca inflação, se existir alguma causa autônoma.

Por exemplo: se sindicatos com mais poder de barganha são capazes de forçar um

aumento de salários em níveis acima dos índices de produtividade, os custos de produzir

bens e serviços aumentam. Se os preços de produtos finais seguem os custos de produção,

resulta uma inflação impulsionada pelos custos de produção (no caso, pelo aumento de

salários).

A inflação de custos também está associada ao fato de que algumas empresas com

elevado poder de monopólio ou oligopólio têm condições de elevar seus lucros acima da

elevação dos custos de produção.

Muitos economistas acreditam que o fenômeno recente da estagflação (estagnação

econômica com inflação) esteja associado a uma inflação de lucros. A estagflação ocorre

quando há paralelamente taxas significativas de inflação e recessão econômica, com

desemprego. Isso pode ser devido ao fato de que, em períodos de queda de atividade

produtiva, as firmas com poder oligopolístico têm condições de manter suas margens de

lucros sobre custos (ou mark up), ao aumentar os preços de seu produto.

Dessa forma, o que caracteriza, na realidade, a expressão inflação de custos é o

aumento de preços devido a pressões autônomas. Em parte, essas pressões são causadas

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pela circunstância de que alguns grupos econômicos, como sindicatos e empresas

oligopolistas, têm suficiente poder de barganha para forçarem aumentos de sua

participação na renda nacional.

A inflação de custos também pode ser causada por aumentos autônomos nos preços

de matérias-primas básicas, os chamados choques de matérias-primas (crise do petróleo,

choques agrícolas). Normalmente, a política usual, no caso de inflação de custos, é o

controle direto de preços, o que pode ocorrer tanto através de uma política salarial mais

rígida, maior fiscalização sobre os lucros auferidos pelos grupos oligopolistas como pelo

controle ou tabelamento de preços dos produtos.

Outras causas: inflação inercial, inflação de expectativas e corrente estruturalista

Além dos fatores tradicionalmente considerados como os principais causadores do

processo inflacionário, no Brasil tem-se associado esse processo também à inércia

inflacionária, e às expectativas de inflação futura.

De acordo com a VISÃO INERCIALISTA, os mecanismos de indexação formal

(contratos, aluguéis, salários) e informal (reajustes de preços no comércio, indústria,

tarifas públicas) provocam a perpetuação das taxas de inflação anteriores, que são sempre

repassadas aos preços correntes. Ademais, mesmo sem terem apresentado aumentos

significativos de seus custos, muitos setores simplesmente elevam os preços de bens e

serviços pela inflação geral do país, divulgada pelas instituições de pesquisa. Por essa

razão, nos planos antiinflacionários adotados depois de 1986 no Brasil, as autoridades

adotaram o congelamento de preços e salários para tentar eliminar a chamada memória

inflacionária, ou seja, desindexar a economia. Outro recurso foi a troca da unidade

monetária, quando, durante algum tempo, coexistiram uma moeda inflacionada (como o

cruzeiro real) e uma moeda teoricamente sem inflação (como o real), indexada ao dólar

ou a uma cesta de moedas estrangeiras.

A INFLAÇÃO DE EXPECTATIVAS estaria associada aos aumentos de preços

provocados pelas expectativas dos agentes de que a inflação futura tende a crescer, e eles

procuram resguardar suas margens de lucro. No Brasil, esse fator tem sido muito presente

antes de mudanças de governo, com os empresários se precavendo contra eventuais

congelamentos de preços e salários, que tem sido uma estratégia freqüente nos planos

pós-86 (chamados de choques heterodoxos).

Na América Latina, a partir dos anos 1950, ganhou destaque uma corrente que

pressupõe que a inflação no continente estaria associada estreitamente a tensões de

custos, causados por deficiências na estrutura econômica. É a CORRENTE

ESTRUTURALISTA. A inflação seria explicada principalmente pela estrutura agrária,

estrutura oligopolista de mercado e estrutura do comércio internacional. A agricultura não

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responderia ao crescimento da demanda de alimentos, devido à existência de latifúndios

pouco preocupados com questões de produtividade. Isso levaria ao aumento de preços dos

alimentos. Por outro lado, grandes oligopólios têm condições de sempre manter suas

margens de lucro, repassando todos os aumentos de custos a seus preços. Finalmente, a

inflação seria provocada pelas desvalorizações cambiais que os países subdesenvolvidos

são obrigados a promover, para compensar o deficit crônico da balança comercial, gerado

pela deterioração dos termos de troca no comércio internacional, contra esses países, por

exportarem produtos primários e importarem produtos manufaturados.

No fundo, segundo essa visão, as causas da inflação estão associadas aos

CONFLITOS DISTRIBUTIVOS, que se resumem na tentativa dos agentes manterem ou

aumentarem sua posição na distribuição do "bolo" econômico: empresários defendendo

suas margens de lucro, trabalhadores tentando manter seus salários e o governo mantendo

sua parcela através de impostos, preços e tarifas públicas, além de poder emitir moeda a

qualquer momento.

A inflação no Brasil De acordo com Vasconcellos2 as escolas de teoria econômica no Brasil sempre estiveram

integradas a outros centros de estudo de economia no mundo inteiro. Todavia, tivemos alguns

aspectos de teoria econômica com aplicações práticas que foram muito estudadas aqui,

principalmente sobre a questão da inflação. Podemos citar como exemplo a visão inercialista da

inflação ou o processo de industrialização. O maior destaque, sem dúvida, foi o debate entre

estruturalistas e monetaristas, principalmente nos anos 60.

Costuma-se associar a corrente estruturalista à Comissão Econômica para a América

Latina (CEPAL), influenciada pelas idéias do economista argentino Raul Prebisch, e a corrente

monetarista à política preconizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), baseada, em

grande parte, nas idéias de Milton Friedman3, da Universidade de Chicago.

Como dissemos, o diagnóstico estruturalista para o processo inflacionário em países

subdesenvolvidos pressupõe que a inflação está associada estreitamente a tensões de custos,

causadas por deficiências da estrutura econômica, a saber: a estrutura agrária, a estrutura

oligopolista de mercado e a estrutura do comércio internacional. Hoje, os estruturalistas (ou

neo-estruturalistas) colocam-se essas questões de forma mais abrangente, ou seja, associadas a

um conflito distributivo, que se estabelece entre os vários setores e agentes da sociedade.

Segundo essa corrente, as causas da inflação no Brasil derivam da pressão desses agentes na

defesa de sua parcela no produto da economia: os capitalistas, via margens de lucro; o governo,

via impostos e preços de tarifas públicas; e os trabalhadores, através de seus salários. As idéias

estruturalistas também estiveram associadas à estratégia de industrialização na América Latina,

através de um processo de substituição de importações. Esse processo foi ancorado em uma

Page 155: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

política de proteção à indústria nacional, por meio de barreiras qualitativas e quantitativas à

importação.

A visão monetarista, no tocante à questão inflacionária, apresenta um diagnóstico que

associa a inflação brasileira ao desequilíbrio crônico do setor público. A necessidade de

financiar a dívida pública leva ao aumento das emissões e ao excesso de moeda, acima das

necessidades reais da economia, levando às elevações de preços. Os economistas dessa corrente

advogam por uma economia de mercado com menor intervenção do Estado nessa atividade. São

os principais defensores da privatização de empresas estatais. Por essa razão, também são

conhecidos como liberais ou neoliberais.

A terceira corrente é a inercialista, segundo a qual a inflação no Brasil estaria associada

aos mecanismos de indexação, que acabam perpetuando a inflação passada, numa espécie de

inércia inflacionária. Os congelamentos de preços e salários, adotados nos planos econômicos,

bem como a troca de moeda (o cruzeiro real inflacionado foi substituído pelo real, teoricamente

livre da inflação), foram medidas adotadas justamente para tentar eliminar a "memória"

inflacionária.

Em grande medida, e talvez com mais intensidade no Brasil, o debate entre as várias

correntes de pensamento econômico sempre esteve associado ao próprio debate político, o qual

representa os interesses de segmentos representativos da sociedade: trabalhadores em geral,

funcionários públicos, corporações estatais, industriais, ruralistas etc.

O quadro a seguir procura sintetizar a discussão recente sobre inflação no Brasil.

Quadro 4: Inflação no Brasil e as correntes econômicas

INFLAÇÃO NO BRASIL E AS CORRENTES ECONÔMICAS

Corrente Causas principais Políticas

antiinflacionárias

Liberais ou neoliberais Desequilíbrio do setor público (o déficit e a dívida pública provocam descontrole monetário, causando inflação de demanda)

Ajuste fiscal (para reduzir déficit e dívida pública, via reforma fiscal, privatização);

controle monetário (juros e moeda);

liberalização do comércio exterior (abertura comercial e valorização cambial).

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Inercialistas Indexação generalizada (formal e informal).

Desindexação (para apagar ”memória ou inércia inflacionária”, via congelamento de preços, salários e tarifas. Planos Cruzado, Bresser – ou troca de moeda – Plano Real).

Estruturalistas Conflitos distributivos (pressões de margens de lucro, pressões salariais, pressões de tarifas e preços públicos provocam inflação de custos).

Controle de preços de oligopólios;

reformas estruturais.

Fonte: VASCONCELLOS, 2001, p. 341.

Para que se possam identificar as causas da inflação é necessário primeiramente medi-la.

Essa medição se dá através de uma ferramenta da Estatística chamada número índice.

MEDIDA DA INFLAÇÃO – NÚMEROS ÍNDICE Um número índice é um número abstrato que sintetiza grandezas de diferentes espécies

em um único valor, que permite fazer comparação no tempo e no espaço. Mediante o emprego

do número índice, podemos comparar os custos de alimentação ou de vida em uma determinada

região num dado período de tempo com os de uma época anterior ou, ainda, a produção de

determinado produto durante um determinado ano em uma dada região.

Embora os números índices sejam utilizados principalmente nos negócios e na economia,

podem ser utilizados em outros campos do conhecimento, como na área da educação, podemos

utilizar números índices para comparar o grau de inteligência dos estudantes.

A construção de um número índice exige a consideração dos seguintes pontos:

Definição da base – Consiste em especificar se o índice a ser elaborado é para preço,

quantidade ou valor, em delimitar a área geográfica à qual se refere, em estabelecer a

sua periodicidade, em selecionar a fórmula, em identificar os dados necessários e

suficientes para a construção.

Fixação da base – A fixação da base no tempo e no espaço depende da finalidade do

índice. Entretanto, como regra geral, aconselha-se que a escolha deva recair sobre um

período ou espaço geográfico que possa ser encarado como normal, ou seja, no qual não

se tenham manifestado perturbações excessivas no comportamento do fenômeno

estudado.

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Obtenção de informações – É a maneira pela qual os dados devem ser coletados (senso

ou amostragem); será determinado tendo em vista o menor custo, a maior precisão e

máxima oportunidade.

Um índice de preços podem ser de três tipos. São eles:

a) Índice relativo de preços – Quando queremos analisar a variação do preço de um só

bem, basta expressar tal variação em termos percentuais. Notação utilizada:

I – índice;

P – preço;

o – época base, básica ou época de referência;

t – época atual, época dada, época a ser comparada;

Pt – preço do artigo na época atual (dada);

Po – preço do artigo na época base.

Fórmula utilizada: Po,t = Pt . 100 - 100

Po

Exemplo: um artigo foi adquirido por R$ 2.000 em 2003 e por R$ 2.500 no ano

seguinte. Calcular o relativo de preço em 2004, com base em 2003 e dar a interpretação.

Cálculo: P o,t = 2.500 . 100 - 100 P o,t = 25%

2.000

Interpretação: o preço teve um acréscimo de 25% em relação 2003/2004.

b) Índice relativo de quantidade – Quando desejamos analisar a variação na

quantidade de um produto em termos percentuais. Notação utilizada:

qt – quantidade de um produto na época atual;

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qo – quantidade desse mesmo produto na época base;

Fórmula utilizada: q o,t = qt . 100 - 100

qo

Exemplo: um vendedor de automóveis vendeu 600 veículos em 2004, contra 400

em 2005. Calcular o relativo de quantidade em 2005, com base em 2004. Dar a

interpretação.

Cálculo: q o,t = 600 . 100 - 100 q o,t = 50 %

400

Interpretação: a quantidade de veículos vendidos teve um aumento de 50% em

relação 2004/2005.

c) Índice relativo de valor – Quando pretendemos analisar a variação no valor de um

único bem, basta expressar a variação em percentuais, obtendo o que denominamos

relativo do valor. Notação utilizada:

Pt - preço do artigo na época atual;

Po - preço do artigo na época base;

qt - quantidade de um produto na época atual;

qo - quantidade desse mesmo produto na época base;

Vt - valor do artigo na época atual;

Vo – valor do artigo na época base.

Fórmula utilizada: Vo,t = Vt . 100 - 100

Vo

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Exemplo: uma empresa vendeu em 1996 12.000 unidades de um artigo, ao preço

unitário de R$ 500. Em 1997 vendeu 15.000 unidades do mesmo artigo ao preço de R$

600. Com base em 1996, calcule o relativo de valor em 1997.

Cálculo:

V o = Po . qo (500 . 12.000) = 6.000.000

V t = Pt . qt (600 . 15.000) = 9.000.000

V o t = 9.000.000 . 100 - 100 = 50%

6.000.000

Mercado Cambial Segundo GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JÚNIOR, (2005),

“Mercado cambial é o mercado em que as moedas dos diferentes países são

transacionadas. Nesse mercado, existem ofertas e demandas pelas várias moedas”.

Assim, pela relação entre oferta e demanda das diferentes moedas, estabelece-se

uma relação de valor entre elas, surgindo o conceito de taxa de câmbio, ou seja, ainda,

segundo os autores citados, a “Taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra moeda nacional; é a taxa pela qual duas moedas de países diferentes podem ser trocadas (cambiadas).”

Essas variações na demanda e oferta ocorrem em virtude de alguns fatos

determinantes, tais como, investimentos estrangeiros, tomadores de empréstimos no

exterior, turistas, entre outros. Porém, as variáveis que merecem maiores destaques na

formação da taxa cambial são as exportações e importações do país.

Convêm ressaltar que as exportações estão diretamente relacionadas com as

possibilidades de competição dos produtos domésticos diante dos demais países. Assim,

uma forma de compensar a baixa competitividade de alguns setores é a desvalorização

cambial, instrumento muitas vezes utilizado pelo governo.

Porém, em um segundo momento, a superação das exportações frente às

importações de um país acarreta uma valorização cambial, ou seja, a moeda nacional

valoriza-se diante da estrangeira, ocorrendo o contrário quando a demanda pela moeda

estrangeira supera a nacional. Dessa maneira GREMAUD, VASCONCELLOS E

TONETO JÚNIOR, (2005) alegam que: ”Se a competitividade for, por exemplo, crescente, as exportações do país deverão crescer também, e as importações, diminuir, portanto a taxa de câmbio deverá valorizar-se.” (2005. p. 282)

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Além das exportações, outra variável que influencia a taxa cambial é a taxa de

juros, atraindo capital externo, pressionando o câmbio no sentido de sua valorização.

Desse modo, o governo monitora o mercado cambial tendo como objetivo melhorar o

desempenho de certas variáveis econômicas de seu interesse.

Quanto ao regime cambial, os mais utilizados são o fixo ou flutuante. No

primeiro o governo estipula o valor do câmbio, sendo que oscilam somente as

quantidades de divisas a serem transacionadas. Quando existe um excesso de oferta de

divisas, o governo entra no mercado adquirindo-as pela taxa fixada, e quando há

excesso de demanda o processo ocorre ao contrário, ou seja, o governo vende divisas

que se encontram nas reservas pela taxa fixada. O problema desse regime de câmbio

fica evidente se ocorrerem déficits na balança de transações correntes, sendo que os

mesmos devem ser cobertos pelas reservas, ou financiados por capital externo, o que

representaria, caso o problema seja estrutural (baixa competitividade) um peso no

pagamento dessa dívida contraída. Dessa forma restaria uma desvalorização cambial e

uma política de contenção de demanda (recessão).

Já a taxa flutuante, como o próprio nome diz, oscila sem intervenção do

governo, de acordo com a oferta e demanda por divisas. O inconveniente desse sistema

é a grande volatilidade das taxas, levando a constante alterações nos preços relativos e

nas expectativas dos agentes econômicos, dificultando assim, o comércio mundial.

Para GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JÚNIOR ( 2005. p. 285): “O sistema de taxas de câmbio flutuantes provoca grandes desconfortos ao comércio mundial, pois, com a alta volatilidade de taxas, pode levar a constantes alterações nos preços relativos. Com isso, cria-se um cenário desfavorável à formação de expectativas e, conseqüentemente, à tomada de decisões dos agentes econômicos.”

Ainda, para esses estudiosos, reverter esse desconforto, adotou-se, em alguns

países, o que se denominou de flutuação suja, ou seja, quando o câmbio estiver

oscilando muito ou atrapalhando a atividade econômica, o Banco Central intervém no

sistema para estabilizar ou direcionar a taxa para o nível desejável. Ainda, pode-se

ressaltar a existência de um outro regime cambial, denominado sistema de bandas.

Nesse, a taxa oscila, bem como na taxa flutuante, sendo que existem níveis para essa

ocorrência dentro de um patamar desejável e determinado pelo Banco Central, ou seja,

existe um limite superior e inferior aceitável para as oscilações. Quando a taxa se

aproxima de um dos limites, forçando o câmbio a uma valorização ou desvalorização o

Banco Central intervém, vendendo ou comprando moeda estrangeira. (GREMAUD;

VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2005, p. 281-286).

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O COMÉRCIO INTERNACIONAL E O MERCADO DE DIVISAS O mercado de câmbio ou divisas permite, por exemplo, que as empresas brasileiras

importem produtos dos Estados Unidos, pagando em reais, e que seus fornecedores comprem os

bens em sua própria moeda nacional, isto é, dólares.

A principal diferença entre o comércio nacional e o internacional é que, dentro de um

país, o intercâmbio se realiza com a mesma moeda, enquanto no comércio internacional cada

país tem sua própria moeda. A heterogeneidade de moedas dos diferentes países torna mais

complexas as relações econômicas internacionais, pois surge o problema da troca entre eles.

Uma empresa que oferece bens e serviços a outros países requererá que se lhe pague na

moeda de seu próprio país. Assim, uma empresa brasileira que vende seus produtos nos Estados

Unidos desejará ser paga em reais, enquanto uma empresa norte-americana que vende ao Brasil

pedirá o pagamento em dólares. Conseqüentemente, os compradores nos mercados

internacionais necessitam obter moedas dos países dos quais desejam comprar bens e serviços.

Portanto, um sistema desenvolvido de comércio internacional somente pode funcionar se existe

um mercado em que uma moeda pode ser trocada por outra. Esse é o papel atribuído ao mercado

de divisas ou de câmbio.

A taxa de câmbio é o preço de uma moeda expresso em outra. Ela expressa-se como o

número de unidades da moeda nacional por unidade de moeda estrangeira. Por exemplo, se a

taxa de câmbio do real frente ao dólar é 10, entregam-se 10 reais para se obter um dólar.

Quando o preço em reais de uma unidade de moeda estrangeira sobe, por exemplo, se

passa de 8 reais/dólar a 10 reais/dólar, dizemos que o real desvalorizou-se. Pelo contrário,

quando a taxa baixa, dizemos que o real valorizou-se.

Uma desvalorização da moeda nacional faz com que nossos bens sejam mais baratos no

exterior e com que os bens estrangeiros fiquem mais caros no mercado nacional. Portanto, cria-

se uma tendência para elevar as exportações e para reduzir as importações.

O SISTEMA DE TAXAS DE CÂMBIO Os sistemas de taxas de câmbio classificam-se de duas formas:

taxas de câmbio flexíveis ou livremente flutuantes;

taxas de câmbio fixas.

Vamos analisar cada uma delas a seguir.

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As taxas de câmbio flexíveis ou livremente flutuantes

Para analisar as taxas de câmbio flexíveis, devemos estudar o funcionamento do mercado

livre da taxa de câmbio.

Em um mercado livre, a taxa de câmbio será determinada pelas forças da oferta e da

demanda. Nessas circunstâncias, diz-se que a taxa de câmbio é flexível ou flutuante.

Para analisar como se forma a taxa de câmbio, lembrem que a moeda nacional, o real, e a

estrangeira (que geralmente vamos supor como sendo o dólar) são necessárias para que haja

transações econômicas entre um país e outro. A demanda por reais – ou, o que é o mesmo, a

oferta de dólares, se formos determinar a taxa de câmbio do dólar – é feita pelos exportadores

nacionais que recebem dólares em troca de mercadorias e desejam reais, assim como os turistas

e os investidores norte-americanos no Brasil, que têm de converter em reais seus dólares para

materializar seus gastos e investimentos.

A oferta de reais ou, o que é o mesmo, a demanda de dólares corresponderá aos

importadores nacionais, assim como aos turistas e aos investidores brasileiros nos Estados

Unidos, que necessitam trocar seus reais por dólares para adquirir as mercadorias norte-

americanas e realizar seus investimentos. Para todas essas atividades, os brasileiros têm de obter

dólares. Para isso, existem as instituições financeiras, que compraram dólares no mercado de

câmbio e os entregarão por reais.

Os importadores e os turistas nacionais que vão ao exterior e os investidores brasileiros

no resto do mundo têm de obter moeda estrangeira para pagar suas faturas em outros países, o

que constitui a demanda de divisas (dólares).

No mercado de divisas, a demanda de dólares, derivada das importações nacionais e dos

investimentos brasileiros no exterior, e a oferta de dólares procedente das exportações

brasileiras e dos investimentos estrangeiros no Brasil determinam, conjuntamente, a taxa de

câmbio.

Em um sistema de taxas de câmbio livremente flutuantes, a taxa de câmbio é determinada

mediante o jogo da oferta e da procura de divisas em relação à moeda nacional no mercado de

câmbio. Se a uma taxa de câmbio de 1,20 reais/dólar a oferta de dólares é superior à demanda de

dólares, há um superávit de divisas, isto é, um excesso de entradas de exportações e demais

transações anteriormente citadas sobre os gastos com importações, de forma que a taxa de

câmbio do real frente ao dólar, ou seja, o número de reais necessários para comprar um dólar

tenderá a diminuir, isto é, a valorizar-se, até o ponto em que a oferta e a demanda se equilibrem.

Se a taxa de câmbio é inferior à de equilíbrio – por exemplo, 0,80 reais/dólar –, o gasto com

importações e demais transações é maior que as receitas por exportações e acontecerá um

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excesso de demanda de divisas. Isso provocará uma elevação na taxa de câmbio, ou seja, uma

desvalorização do real, e o equilíbrio será restabelecido.

Ao traçar as curvas de oferta e demanda de divisas, supõe-se que permaneça constante

uma série de fatores que, realmente, incidem sobre o mercado de divisas. A alteração de alguns

desses fatores suporá o deslocamento das curvas analisadas. Desse modo, se, por exemplo, o

PIB brasileiro aumenta, a quantidade demandada de importações a uma taxa de câmbio dada

aumentará. Quando as exportações brasileiras de bens e serviços aumentam (por um aumento

nos preços norte-americanos) ou se aumentam os investimentos norte-americanos no Brasil, por

uma elevação da taxa de juros brasileira, a oferta de dólares aumentará. Isso ocasionará um

deslocamento da oferta de dólares para a direita, e o valor do real irá se elevar em relação ao

dólar, já que será necessário entregar menos reais para obter um dólar.

Uma taxa de câmbio totalmente flexível ajusta, portanto, o balanço de pagamentos

automaticamente, igualando a demanda e a oferta de divisas por operações autônomas com o

exterior, tornando desnecessária a intervenção do Banco Central para restabelecer o equilíbrio

externo.

As vantagens do sistema de taxas de câmbio flexíveis Teoricamente, o sistema de taxas de câmbio flexíveis corrigirá automaticamente qualquer

tendência de gerar deficit ou superavit no balanço de pagamentos. A seqüência lógica que o

processo seguirá é a seguinte:

inicialmente, o balanço de pagamentos da economia brasileira está em equilíbrio;

suponhamos que aconteça um aumento na demanda por importações e o balanço de

pagamentos brasileiro incorra em um deficit;

o aumento nas importações implicará um aumento na demanda por dólares no mercado

de câmbio;

o real ficará depreciado em relação ao dólar, o que fará com que as importações fiquem

mais caras, e as exportações, mais baratas;

a troca nos preços relativos das exportações e das importações fará aumentar o volume

das exportações e reduzir o volume das importações, fazendo com que o balanço de pagamentos

alcance o equilíbrio.

Limitações do sistema de taxas de câmbio flexíveis

Na prática, o mecanismo esboçado pode não funcionar. Também podem surgir problemas

com a sensibilidade (elasticidade-preço da demanda) da demanda das exportações e das

importações. Em outras palavras, se o balanço de pagamentos apresenta um deficit e o real se

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desvaloriza, as exportações podem não aumentar o suficiente e as importações não se reduzirem

de maneira apreciável. Uma complicação adicional pode surgir pelo fato de a desvalorização do

real aumentar o preço das importações, o que, além de incidir sobre o custo de vida, pode afetar

os custos de produção de muitas empresas, influindo, desse modo, negativamente sobre os

preços das exportações.

Outro inconveniente do sistema de taxa de câmbio flexível é que se gera uma grande

incerteza nas relações internacionais. Suponhamos que um empresário brasileiro importe

material dos Estados Unidos para produzir computadores. Se o pagamento for feito em dólares

num prazo de seis meses, o empresário brasileiro não poderá determinar de modo preciso seus

custos de produção, pois isso dependerá da taxa de câmbio no transcorrer do período.

A presença de especuladores também pode dificultar o processo de ajuste. Eles

comprarão uma moeda (real), quando supuserem que seu valor aumentará, e iniciarão processos

de venda quando esperarem que o valor do real se reduza. Suponha que a taxa de câmbio

real/dólar é de 100. Se o especulador espera que o real se desvalorize, procurará obter vantagem

da informação que tem e, por exemplo, trocará 1.000.000 de reais por 10.000 de dólares.

Quando o real desvalorizar e, por exemplo, a taxa de câmbio for de 130 reais/dólar, os 10.000

de dólares serão convertidos de novo em reais, que agora serão 1.300.000 reais, obtendo na

operação um lucro de 300.000 reaIS.

Os sistemas de taxas de câmbio fixas: o padrão ouro

Uma vez estudadas as principais características flexíveis do sistema de taxa de câmbio,

estudaremos os sistemas de taxas de câmbio fixas. Sob o sistema de câmbio fixo, a taxa de

câmbio cai ligada a uma determinada mercadoria (historicamente o ouro) ou a uma determinada

moeda. Numa perspectiva histórica, o protótipo do sistema de câmbio fixo foi o padrão ouro

puro. Para aderir a esse sistema, todo país tinha de aceitar as seguintes regras:

estabelecer uma relação fixa entre sua moeda e o ouro. Tal relação, denominava-se

valor paritário ou preço oficial. As autoridades econômicas deviam estar dispostas a trocar ouro

por moeda e a fazer o inverso;

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as autoridades econômicas deveriam manter a convertibilidade do ouro, comprando e

vendendo a moeda nacional em troca de ouro ao preço oficial. Dessa forma, qualquer residente

nacional ou estrangeiro poderia ir ao Banco Central e converter dinheiro fiduciário (papel-

moeda e cheque) em ouro;

o governo deveria seguir uma política respaldada no valor do ouro, cobrindo 100%.

Assim, o banco central tinha de ter ouro num valor igual, pelo menos, à quantidade de dinheiro

que havia em circulação. O banco central, então, só criava dinheiro quando comprava ouro do

público e destruía dinheiro quando vendia ouro ao público.

O mecanismo de ajuste

O sistema de padrão ouro clássico não só se encarrega de manter estáveis as taxas de

câmbio, mas também equilibradas as relações comerciais internacionais. Assim, quando um país

tinha um superavit com o exterior – isto é, exportava mais do que importava – ele recebia mais

ouro do que tinha de pagar, de forma que suas reservas em ouro aumentavam e isso aumentaria

a quantidade de dinheiro. Dessa forma, a demanda agregada aumentaria, e os preços também.

Com um nível mais elevado de preços, o país seria menos competitivo em nível internacional, e

suas exportações diminuiriam e, pelo contrário, suas importações aumentariam até que

alcançassem o equilíbrio. O inverso aconteceria num país com deficit em suas relações com o

exterior, pois haveria uma saída de ouro.

O padrão ouro clássico é um regime de taxa de câmbio fixa. O valor da moeda nacional

define-se em relação ao ouro, e o banco central compra e vende ouro em quantidades ilimitadas

a esse preço. As entradas de ouro provocam uma expansão monetária, e as saídas, uma

destruição do dinheiro.

Assim, mantendo fixa a taxa de câmbio, elimina-se o desequilíbrio nas relações

internacionais. Para isso, só se exigia que as importações e as exportações fossem sensíveis às

variações dos preços e que o banco central estivesse disposto a aumentar ou diminuir a

quantidade de dinheiro, quando a quantidade de ouro aumentasse ou diminuísse.

Inconvenientes do padrão ouro

O padrão ouro clássico apresentava uma série de inconvenientes, entre eles cabe destacar

os seguintes:

tendia a formar fortes oscilações na atividade econômica e no nível de preços, o que

poderia ir contra os objetivos internos de política econômica. Além disso, preços e

Page 166: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

salários internos poderiam ser rígidos para baixo, o que não garantia o equilíbrio do

balanço de pagamentos;

os países com superávit, em suas relações econômicas com o exterior, podiam tomar

medidas que tendiam a cancelar o efeito do fluxo de ouro sobre a quantidade de

dinheiro. As autoridades monetárias poderiam vender títulos no mercado e reduzir os

estoques de dinheiro na mesma quantidade em que as reservas de ouro aumentariam.

Isto é, o banco central tem capacidade de “esterilizar” seus fluxos de ouro e, assim,

combater os aumentos no nível de preços, impedindo, desse modo, o funcionamento do

mecanismo de ajuste;

um banco central esteriliza os efeitos produzidos pelas perdas (ganhos) de ouro na

oferta monetária quando realiza operações de mercado aberto que compensem as

variações da quantidade de ouro, impedindo que se altere a oferta monetária;

sistema era muito sensível a uma crise de confiança, pois se centrava sobre uma base

relativamente pequena de ouro e sempre corria o perigo de um esgotamento das

reservas de ouro disponíveis. Além disso, a produção de ouro não podia aumentar em

função da necessidade de liquidez do comércio internacional.

Até 1914, os problemas mencionados impulsionaram uma certa modificação do padrão

ouro puro. Além do ouro, os países começaram a manter reservas em forma de divisas das

nações ricas que se vinculavam ao ouro, fundamentalmente a libra esterlina. Posteriormente, a

grande depressão de 1929 forçou alguns países a restringirem bruscamente seu comércio e a

fazerem acordos bilaterais com outros países, de forma que o padrão ouro modificado deixou

praticamente de funcionar.

Taxa de câmbio e inflação

Para analisar as relações entre câmbio e inflação, inicialmente veremos como a política

cambial afeta as taxas de inflação, e depois inverteremos a questão, isto é, como a taxa de

inflação afeta o câmbio.

Valorização cambial e inflação Com uma valorização (apreciação) cambial, a moeda nacional (real) fica mais forte

relativamente às moedas estrangeiras. Os brasileiros passam a importar mais, e aumenta a

competição do produto importado com os produtos nacionais. Os empresários brasileiros são

desestimulados a elevar o preço de seus produtos e são obrigados a manter os preços em níveis

Page 167: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

competitivos. Ou seja, a valorização cambial permite “ancorar" os preços internos e reduzir a

taxa de inflação (daí deriva o termo âncora cambial).

A partir de 1994, no Plano Real, a valorização cambial foi um instrumento bem-sucedido

no sentido de controlar a inflação, que tinha atingido cerca de 50% no mês de junho daquele

ano. Outro efeito positivo dessa política foi a elevação dos índices de produtividade, devido à

modernização do parque produtivo nacional proporcionado pelas importações de bens de

capital, o que levou à redução de custos de produção e, conseqüentemente, dos preços,

beneficiando os consumidores produtos de melhor qualidade, a preços relativamente mais

baixos).

Contudo, a política de valorização cambial pode apresentar algumas desvantagens (como

ocorreu no Brasil). Os setores nacionais que estiverem despreparados para a competição externa

podem sofrer grande queda em suas vendas, com o conseqüente aumento do desemprego nesses

setores. Os exportadores também são prejudicados, porque, com a moeda nacional valorizada,

nossos produtos ficam relativamente mais caros para o comprador estrangeiro. Com

importações tendendo a crescer mais que as exportações, pode ocorrer um deficit na balança

comercial, com a conseqüente saída de divisas do País. Para manter suas reservas cambiais, o

País se vê na contingência de buscar recursos no exterior, aumentando sua dependência ou

vulnerabilidade externa.

Desvalorização cambial e inflação A desvalorização cambial tem efeito contrário ao descrito anteriormente: os produtos

importados ficam mais caros, em termos de reais. Evidentemente, diminuirão as importações de

muitos produtos, mas os bens essenciais, como petróleo, trigo, que o Brasil importa muito, terão

seu preço aumentado (em reais, não em dólar), provocando aumento dos custos de produção,

que serão repassados aos preços dos produtos finais, gerando inflação – a chamada inflação de

custos.

O efeito da desvalorização cambial sobre a taxa de inflação é denominado passthrough.

DÉFICIT PÚBLICO E DÍVIDA PÚBLICA

A carga tributária bruta de um país consiste no total de impostos arrecadados. A diferença entre a carga tributária bruta e as transferências governamentais (juros sobre a dívida pública, subsídios e gastos com assistência e previdência social) é a carga tributária líquida do governo. Assim, baseando-se nessa última, é que o governo pode financiar seus gastos correntes (consumo do governo). A diferença entre a carga tributária líquida e o consumo do governo determina a poupança do governo.

Carga tributária bruta = Total de impostos arrecadados no país;

Page 168: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Carga tributária líquida =Carga tributária bruta – transferência do governo; Poupança do governo em conta corrente = Carga tributária líquida – consumo do governo.

Assim, a poupança do governo demonstra tão somente a capacidade de investimento do governo, sem pressionar outras fontes de financiamento. Quando existe essa necessidade de financiamento, temos o déficit público, portanto:

Déficit público = investimentos governamentais – poupança do governo em conta corrente

Fonte: Macroeconomia – Mankiew – pág. 210

Page 169: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

ECONOMIA INTERNACIONAL

TEORIAS DE COMÉRCIO INTERNACIONAL

O mercantilismo aparece como o primeiro conjunto de idéias que procurava

explicar o funcionamento do comércio entre os países, enfatizando que as nações

deveriam privilegiar o comércio e principalmente as exportações para a acumulação de

metais. Segundo o mercantilismo, os Estados nacionais deveriam:

possuir um exército numeroso (tendo como pressuposto o crescimento populacional);

intensificar as atividades de comércio;

acumular divisas (metais preciosos), ou seja, buscar o metalismo;

defender interesses internos;

conquistar maior participação no comércio internacional, por meio do aumento das

exportações;

enfatizar as atividades de comércio e manufatura1.

Teoria das vantagens absolutas De acordo com Adam Smith2, uma das condições necessárias para a ocorrência de

comércio entre duas nações seria a existência de algum produto para o qual ocorresse uma

vantagem absoluta na produção, ou seja, essa nação deveria, necessariamente, ter condições de

produção mais favoráveis que as do país para o qual se pretenda exportar. Como o valor das

Page 170: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

mercadorias seria determinado pelo tempo de trabalho necessário para produzi-las, pode-se

afirmar que o determinante, para Smith, seria o custo da mercadoria em termos de mão-de-obra.

Desse modo, seria necessário comparar o custo de produção entre duas nações de tal forma que

só seria possível o comércio se ocorressem diferenças significativas entre os valores. Considera-

se, nesse caso, o coeficiente técnico, ou seja, a relação entre o número de horas de trabalho em

função da quantidade produtiva:

I = L / P em que:

I = coeficiente técnico de produção;

L = horas de trabalho;

P = produto (quantidade produzida).

Quadro 5: Hipótese de produção de calçados e carne no Brasil e na Argentina

HIPÓTESE DE PRODUÇÃO DE CALÇADOS E CARNE NO BRASIL

E NA ARGENTINA País Horas de

mão-de-obra na

produção de

calçados

(L)

Produção de calçados

(P)

Coeficiente Técnico da Produção

de Calçados

(L/P)

Horas de mão-de-obra na

produção de carne

(L)

Produção de carne

(P)

Coeficiente Técnico da produção de carne

(L/P)

Brasil 400 250 1,6 600 250 2,4

Argentina 600 250 2,4 400 250 1,6 Fonte: CARMO e MARIANO, 2006.

O exemplo apresentado no Quadro 4 indica que o Brasil tem coeficiente técnico de

produção de calçados melhor (1,6) do que a Argentina (2,4). Em contrapartida, a Argentina tem

coeficiente técnico de produção de carne melhor (1,6) do que o Brasil (2,4). Dessa forma, o

Brasil apresenta vantagem absoluta na produção de calçados em relação à Argentina, e a

Argentina na produção de carne em relação ao Brasil.

Segundo a teoria das vantagens absolutas, cada país deverá se especializar na produção

daquele bem ou serviço em que apresente vantagem absoluta e exportá-lo, abdicando da

produção do bem ou serviço em que apresenta desvantagem, importando-o.

Page 171: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Quadro 6: Hipótese de especialização de calçados e carne no Brasil e na Argentina

HIPÓTESE DE ESPECIALIZAÇÃO DE CALÇADOS E CARNE

NO BRASIL E NA ARGENTINA País Horas de

mão-de-obra na

produção de

calçados

(L)

Coeficiente técnico

da produção

de calçados

(I)

Produção de

calçados

P= L/I

Horas de mão-de-obra na

produção de carne

(L)

Coeficiente técnico

da produção de carne

(I)

Produção de carne

P = L/I

Brasil 1.000 1,6 625 0 2,4 0 Argentina 0 2,4 0 1.000 2,0 500

Fonte: CARMO e MARIANO, 2006.

No Quadro 5 desenvolve-se essa hipótese, considerando que cada um dos dois países disponha de 1000 horas de mão-de-obra para a produção de calçados e de carne. Se cada país se especializar e alocar toda a mão-de-obra ao produto em que tem VA a soma das produções de ambos os países será maior do que as produções de Brasil e Argentina, se cada país for auto-suficiente em produção e consumo de calçados.

Desse modo, somando o resultado da produção do Brasil e da Argentina, teríamos uma produção superior que a verificada inicialmente, ou seja, a economia aumentaria a sua capacidade produtiva como um todo, elevando, por conseqüência, o bem-estar da sociedade.

Teoria das vantagens comparativas O princípio das vantagens comparativas explica o motivo pelo qual dois países

comercializam entre si, mesmo quando um deles detém vantagem absoluta na produção de dois

bens. Se um país tiver vantagem relativa para um bem, deve se especializar na produção daquela

Page 172: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

mercadoria em que é relativamente mais eficiente (com custo relativamente menor), exportando

essa mercadoria. Por outro lado, esse mesmo país deve deixar de produzir e importar aqueles

bens com produção de custo relativamente maior (com produção relativamente menos

eficiente).

A teoria das vantagens comparativas foi formulada por David Ricardo3, em 1817, como

uma evolução da teoria das vantagens absolutas. Da mesma forma como aquela teoria,

recomenda que cada país produza os bens e serviços em que tem vantagem comparativa e os

exporte, deixando de produzir bens e serviços em que é relativamente menos eficiente. Como

resultado, a produção global será maior do que se cada país for auto-suficiente, aumentando as

possibilidades de consumo e de bem-estar do conjunto dos residentes em ambos os países.

Escola neoclássica Apontando as limitações da escola clássica, essa teoria argumenta que, no âmbito do

comércio internacional, não basta identificar os custos de produção (em termos de mão-de-obra)

para verificar se a nação possuirá vantagens no comércio internacional. Segundo essa teoria, os

países exportam o produto disponível no país, em detrimento daquele em escassez. Desse modo,

o processo de troca entre duas nações deve observar o fato de que os países sempre tendem a

exportar mercadorias provenientes de seus recursos produtivos mais abundantes e a importar

bens cujos recursos sejam mais escassos4.

RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS Atualmente, pelo menos do ponto de vista econômico, o mundo se apresenta

crescentemente interligado, seja por fluxos comerciais, seja por fluxos financeiros. De modo

geral, as relações econômicas internacionais têm posição fundamental para a maioria dos países,

inclusive o Brasil. A partir dessa constatação, o estudo da chamada economia internacional,

como um ramo especifico da teoria econômica, ganhou destaque.

Cada vez mais os países estão interligados e interdependentes. O comércio entre as

nações mais do que duplicou nos últimos trinta anos. Atualmente, acima de um terço de tudo

que é produzido no mundo é comercializado entre nações. Ou seja, é crescente a parcela da

produção mundial que não é consumida no país de origem.

Quais são os fatores que determinam as trocas internacionais? São vários os motivos que

promovem a expansão do comércio para além das fronteiras de cada país. Entre outros, podem

ser citados:

diferenças de dotação de recursos naturais: diferentes países detêm diferenciadas

reservas de recursos naturais, o que favorece as trocas (petróleo, minerais, solos);

Page 173: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

assimetria em atributos construídos: cada país desenvolve de modo diferenciado sua

tecnologia, que proporciona diferentes oportunidades de comercialização dos produtos

dela decorrentes (remédios, softwares, engenharia);

qualificação dos fatores de produção: cada país pode ter vantagens na produção, em

decorrência de mão-de-obra melhor qualificada ou em razão de melhor ter desenvolvido

determinados fatores de produção;

relações entre fatores de produção: há fatores de produção que se complementam e

favorecem o intercâmbio entre países.

E quais são as vantagens do intercâmbio internacional? Existem vantagens para os

consumidores e para os produtores. Os consumidores, com a ampliação da oferta têm a

oportunidade de dispor de maior diversidade de produtos. Os produtores, por sua vez, terão

possibilidades de ampliação do mercado, buscando compradores com abrangência internacional.

Com essa ampliação, os produtores terão oportunidade de especializar-se e beneficiar-se das

vantagens da produção em escalas maiores.

O processo de globalização O processo de globalização é a conseqüência do incremento das relações econômicas

internacionais. Os países se organizam em blocos de integração, para facilitar o comércio entre

si e para enfrentar a concorrência internacional de forma mais competitiva.

A globalização exige dos países algumas condições para ingresso nesse “clube de

negociantes internacionais”. A primeira delas é integrar-se econômica e politicamente. A

integração implica em negociações permanentes, participação nos tratados e acordos mundiais

sobre o tema e adaptação às tendências comerciais, que se alteram com velocidade crescente.

Outra condição é a abertura às empresas transnacionais, que são responsáveis pela maioria das

transações do comércio internacional. Os países precisam, também, investir em tecnologias que

favoreçam a inter-relação mundial, como: transportes, comunicações e transmissão de dados.

Ainda, precisam eliminar barreiras comerciais protecionistas e liberalizar suas economias.

As conseqüências da integração são alterações das regras de convivência internas de cada

país. Uma delas é a convergência das relações jurídicas internas, que tenderão a um modelo

mais homogêneo entre todos os países. Por conseguinte, haverá influência externa crescente,

sobre cada país, com o surgimento de organizações multilaterais, acordos entre governos,

implementação de empresas transnacionais. Em suma, haverá redução de atributos de soberania

nacional, que se consolidarão através de acordos de interdependência.

Do ponto de vista macroeconômico, a integração produzirá o aumento do comércio

internacional, se relacionado com a produção interna (PIB) de cada país, provocará a

homogeneização crescente dos fatores de produção e dos produtos, tendendo à equalização dos

Page 174: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

custos dos fatores. A influência dos investimentos externos aumentará, e estes serão cada vez

mais atraídos para infra-estrutura e para áreas de tecnologia, em vez de serem dirigidos para

exploração de recursos naturais. As nações se tornarão cada vez menos autônomas no campo

econômico, dependendo de fluxos financeiros internacionais de controle reduzido.

Do ponto de vista microeconômico, as empresas tenderão a ter escalas maiores, podendo

operar com custos mais reduzidos e com maiores condições de competir.

Níveis de integração Existem diversas classificações de níveis de integração entre países. A que

apresentaremos é das mais tradicionais e, como as demais, indica níveis crescentes de

integração.

Zona ou área de livre comércio (exemplos: Nafta, Alca): acordo entre países que busca

a eliminação de tarifas no comércio entre os signatários.

União tarifária ou aduaneira (exemplo: Mercosul): além da eliminação de tarifas no

comércio entre os países signatários, o acordo busca obter a mesma política tarifária para

com o resto do mundo (terceiros países).

Mercado comum: além das características anteriores, o acordo busca obter a

coordenação de políticas monetária, cambial, fiscal, previdenciária e tributária, além da

harmonização de legislação, liberdade de circulação de produtos e de fatores de produção;

deverão inexistir fronteiras alfandegárias. A única diferença entre os mercados dos

diversos países será a distância e o conseqüente custo do transporte.

União econômica e monetária (exemplo: União Européia): os países ficam quase sem

autonomia, adotam o uso de moeda única, têm políticas macroeconômicas comuns e

banco central único. As políticas são regionais, e não mais nacionais.

Blocos econômicos

Alca – Área de Livre Comércio das Américas A Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foi idealizada pelos Estados

Unidos, em 1994, durante a realização da Cúpula das Américas. Com o objetivo de

eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba, e formar

Page 175: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

uma área de livre comércio para as Américas, até o final de 2005. Posteriormente esse

prazo foi dilatado e, atualmente, não existem condições favoráveis à sua implementação,

mesmo no Congresso norte-americano. Se implantada, a Alca se tornará um dos maiores

blocos comerciais do mundo.

São países-membro da Alca: Antigua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados,

Belize, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dominica, El Salvador,

Equador, Estados Unidos da América, Granada, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras,

Jamaica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa

Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago,

Uruguai e Venezuela.

Mercosul – Mercado Comum do Sul O Mercado Comum do Sul foi criado oficialmente em 1991 pelo Tratado de

Assunção. É formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além dos países

associados Bolívia e Chile, estando em fase de discussão o ingresso da Venezuela. O

Mercosul tem como princípios básicos estabelecer uma união aduaneira – área de livre

circulação de bens, serviços, mãos-de-obra e capital –, assim como a liberação gradativa

de tarifas alfandegárias e restrições tarifárias.

Os grandes países desse bloco são Brasil e Argentina, tanto por sua área quanto por

seu maior contingente populacional e desenvolvimento econômico.

Nafta – Acordo de Livre Comércio da América do Norte O Nafta foi instituído em 1992 e conta, em seus membros, com os Estados Unidos

da América, México e Canadá, como simples área de livre comércio. O acordo prevê

apenas a eliminação das barreiras legais e das tarifas alfandegárias.

EU – União Européia A União Européia é a materialização do mais elevado estágio da integração

econômica entre nações. O processo teve seu início na Comunidade Econômica Européia

(CEE), fundada em 1957 pelo Tratado de Roma e teve adesão gradativa das nações

européias. Em 1992 foi assinado, em Maastricht (Holanda), o Tratado da União Européia,

que deu a configuração da união econômica e monetária. Em 1999 foi adotada pelos

países signatários a moeda escritural única, o euro, que passou a circular como papel-

moeda apenas no ano de 2002.

Membros da EU: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Dinamarca*, Eslováquia,

Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália,

Page 176: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido*, República

Checa e Suécia*.

Aladi – Associação Latino-Americana de Integração A Aladi substituiu a Alac – Associação Latino-americana de Livre Comércio, com

o objetivo de criar um mercado comum latino-americano. Não conflita com o Mercosul

por pretender ter alcance regional e ser praticado através de acordos parciais, celebrados

em prazo longo. Inicialmente não contemplava Cuba, que recentemente se associou.a esse

grupo de países.

São países-membro da Aladi: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Ao final da leitura deste capítulo, você deverá ser capaz de:

diferenciar os conceitos de crescimento e desenvolvimento econômico;

identificar os principais indicadores de desenvolvimento econômico.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Num primeiro momento, somos levados a acreditar que desenvolvimento econômico é o mesmo que crescimento econômico. Então, como saber o que é desenvolvimento? O desenvolvimento corresponde à participação social no resultado do crescimento. Quando decorrente de crescimento a população obtém melhorias no padrão de vida, ou participa distributivamente do resultado deste crescimento é que ocorre o desenvolvimento. Portanto, podemos simplificar afirmando que crescimento econômico é um fator quantitativo e desenvolvimento econômico é qualitativo.

O desenvolvimento econômico é um processo de mudança estrutural de longo prazo num

sistema econômico. Decorrente do aumento dos recursos disponíveis e/ou sua melhor utilização,

tendo como resultado o aumento da renda per capita real e os níveis de consumo e bem-estar da

coletividade. É a soma de crescimento, industrialização com mudanças estruturais,

especialmente no setor externo e agrícola, e com melhoria na distribuição da renda pessoal e

regional acompanhada do aumento do nível de emprego.

Embora a mensuração do produto gerado em um país, especialmente o PIB (Produto

Interno Bruto) e mais recentemente o PIB per capita (PIB dividido pela população do país)

sejam freqüentemente mencionados, especialmente na mídia, como medidores do

Page 177: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

desenvolvimento, esses dados estatísticos são medidas de crescimento de uma nação. Compõem

o conjunto de indicadores que revelam o nível de desenvolvimento de um país, mas não

completam tal conceito. Só pode ser considerado desenvolvido o país que obtiver crescimento

econômico associado ao aumento do bem-estar de seus cidadãos através da diminuição de suas

desigualdades na repartição da riqueza, da redução dos níveis de desemprego, da melhoria geral

da qualidade de vida em atributos como nutrição, saúde, moradia e transporte.

Fatores que influenciam o desenvolvimento econômico

Os principais fatores que influenciam o desenvolvimento econômico podem ser assim

apresentados:

A qualidade e a quantidade dos recursos produtivos disponíveis, incluídos nesse

conjunto especialmente a força de trabalho e o estoque de capital – Sempre que

citamos os recursos produtivos nos referindo à força de trabalho, ao capital e à matéria-

prima. A qualificação desses recursos representa os níveis de formação escolar da mão-

de-obra, determinado pela média de anos freqüentados nas escolas a capacidade

tecnológica do capital existente, se formação interna ou externa e diversidade e

quantidade e qualidade das matérias-primas existentes num sistema econômico.

As condições políticas e sociais: a estabilidade política e institucional – Entendemos

que as condições políticas e sociais são as instituições políticas (partidos políticos) que

legislam em favor da população, e não em favor de segmentos da sociedade. Partindo-se

deste aspecto, que podemos chamar de maturidade e consciência política, a população

conquistará melhorias na estrutura social e político devido a maior policiamento do

comportamento de seus legisladores eleitos.

Dinamismo dos agentes econômicos, que proporcionam eficiência organizacional –

Sempre que a estrutura das organizações que estimulam o funcionamento das atividades

produtivas possuir dinâmica e agilidade no seu processo. Possibilitará que mais

unidades produtivas surjam no mercado aumentando os níveis de emprego e qualidade

de vida. Essa dinâmica pode ser representada pelas decisões do Banco Central do

Brasil, agilizando o funcionamento do sistema financeiro. Agilidade no processo

tributário, ou seja, menos burocracia.

Conseqüências do desenvolvimento As conseqüências do desenvolvimento são muitas, de importância fundamental e

almejadas por todos. Como evidência dessa afirmação, podemos resgatar na campanha para a

presidência da república que a mais importante proposta dos candidatos é a promoção do

desenvolvimento econômico.

Page 178: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Para melhor entender o desenvolvimento e suas conseqüências, temos de partir do

parâmetro comparativo, ou seja, desenvolvido pressupõe necessariamente a existência do não-

desenvolvido (subdesenvolvido). Então, por que desejar as conseqüências do desenvolvimento?

A resposta é simples: o desenvolvimento trará melhorias no padrão de vida da população.

Essas conseqüências possuem caráter temporário, decorrente da natureza do processo

econômico que são as necessidades ilimitadas da população. Representada pela criação de novas

necessidades quando anteriores já foram atingidas. Esse aspecto torna o governo

permanentemente refém das necessidades da população. Entra governo sai governo, a população

considera vitórias já atingidas como direito conquistado e reivindicam novas necessidades. E

assim tem sido através dos tempos. A seguir apresentamos uma síntese das principais efeitos do

desenvolvimento econômico:

Alterações no processo produtivo – As alterações no processo produtivo decorrente

do desenvolvimento econômico significam melhorias tecnológicas bem como sistemas

produtivos menos complexos, ágeis e com maior produtividade. Com essa mudança no

processo produtivo promove em cadeia o estímulo ao investimento no capital produtivo,

desencadeando mais investimentos em formação de capital e assim sucessivamente.

Alterações na estrutura do consumo da sociedade – Em continuidade da evolução do

desenvolvimento econômico associado às conquistas do padrão de vida da sociedade

corresponde, também a melhorias do processo distributivo da renda total gerada no

sistema econômico. Com a evolução da renda, certamente a população modificará seu

padrão de consumo, buscando produtos de maior complexidade e alteração dos bens e

serviços consumidos até então. Como exemplo, podemos citar: “A pirâmide das

necessidades ou a teoria da hierarquia de necessidades de Maslow” (Figura 2).

Figura 2 – Pirâmide das Necessidades de Maslow

Page 179: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

Essa pirâmide, criada por Abraham Maslow, (figura acima) demonstra claramente que sua base

é constituída pelas necessidades básicas de sobrevivência (alimentação, segurança, habitação,

etc.) e em seu topo está a necessidade de status, passando por várias outras intermediárias.

Interpretando: saindo princípio que as necessidades básicas da sociedade foram atingidas, esse

grupo reivindicará melhores condições de lazer, por exemplo. Sendo esse processo continuado e

interminável.

Crescente interdependência setorial na economia – Decorrente do desenvolvimento

da economia e motivado pelo avanço tecnológico e melhorias na formação de mão-de-

obra, passa a economia a possuir maiores dependência dos setores entre si.

Considerando a verticalização e a horizontalização do processo produtivo, vamos

constatar que a interdependência dos setores torna-se maior devido ao processo

produtivo ter consolidado as atividades em todos os níveis. Significa que atividades

produtivas que inicialmente não existiam internamente passam a existir a partir do

desenvolvimento.

Em relação ao setor externo – O desenvolvimento permite ganhos de escala, aumenta

a capacidade de importar e possui um efeito multiplicador sobre a economia. Podemos

iniciar a interpretação do impacto do desenvolvimento de uma economia sobre o setor

externo considerando que as melhorias tecnológicas obtidas atribuirão mais

produtividade ao setor produtivo, que, por sua vez, terá competitividade maior no

mercado globalizado. Em conseqüência disso, serão obtidos mais recursos de

exportação, o que significa, na realidade, importação de empregos e mais reservas

cambiais, possibilitando a importação de bens de capital ou promovendo o

Page 180: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

desenvolvimento tecnológico interno e, assim, ocorrendo o efeito multiplicador sobre o

setor produtivo da economia.

Principais indicadores de desenvolvimento Como tratado anteriormente, a macroeconomia consiste em ser o compartimento de

ciência econômica que trata da economia como um todo, das questões agregativas. Pergunta-se,

então: como saber se um sistema econômico está crescendo ou se desenvolvendo? E com que

parâmetros estamos medido esse resultado?

Como estamos tratando de análises comparativas entre regiões de um país, entre países ou

blocos econômicos, será necessário usar padrões universais de medida. Podemos citar: uma

mesma moeda universal, o mesmo período temporal, os mesmos parâmetro e índices. Caso

contrário, estaremos comparando indicadores que não mostrarão os mesmos dados e portando

ocorrendo comparações errôneas.

Indicadores econômicos A seguir, seguem os indicadores econômicos.

Renda per capita – Na realidade esse é o indicador de desenvolvimento mais utilizado

mundialmente. A renda per capita, que significa renda por pessoa ou habitante, é obtida

pela divisão do produto interno bruto pela população, da qual obteremos a renda média

por habitante de um país. Sem dúvida nenhuma esse é um indicador de crescimento

econômico, porém não é um indicador de desenvolvimento confiável. Por quê? A

resposta é simples, porque é um valor médio. Se a renda per capita aumenta, significa

que a riqueza produzida num sistema econômico cresce em velocidade superior ao

crescimento demográfico da população. Isso significa crescimento econômico, porém

não desenvolvimento, para ocorrer desenvolvimento é preciso haver participação da

população na renda gerada e acesso à aquisição e à evolução na estrutura de consumo.

Comprovando essa afirmação, um sistema econômico pode estar aumentando seu

produto interno bruto e apresentar altos índices de concentração de renda. Em outras

palavras: a população não teria acesso a essa renda e, conseqüentemente, não usufruiria

dos benefícios do aumento de renda.

Pauta de importações e de exportações – Os países desenvolvidos e subdesenvolvidos

apresentam diferentes e distintas estruturas de importações e exportações. Castro e

Lessa1 afirmam: “Para sabermos o grau de desenvolvimento de um país basta analisar a

estrutura dos produtos de suas importações. Quanto mais elaborados forem os produtos,

menos desenvolvidos ele é e vice-versa”. Dessa afirmação decorrerá toda a nossa

análise da pauta das importações e exportações de um sistema econômico. À medida

Page 181: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

que um sistema se desenvolve, acontece uma evolução tecnológica do parque produtivo

interno e melhorias na qualificação da mão-de-obra. Em conseqüência, obtém ganhos de

produtividade e competitividade no mercado globalizado, passando, portanto, a exportar

produtos elaborados (com mais valor agregado) e, conseqüentemente, a importar

empregos. Por outro lado, passa a importar produtos em sua forma, mas bruta (matéria-

prima) a preços menores com menos valor agregado, decorrendo disso modificação da

pauta das importações de produtos acabados para forma bruta, bem como as

exportações da forma bruta modificando-a e para a forma elaborada.

Estrutura da produção e do emprego – Nesse indicador é demonstrado o padrão da

estrutura de produção e do emprego, ou seja, com o desenvolvimento, a estrutura de

produção se altera, e essas modificações ocorrem na proporção em que o

desenvolvimento evolui. Podemos, então, afirmar que em um país subdesenvolvido a

estrutura de produção está direcionada à atividade primária, com baixa utilização de

tecnologia, indo ao desenvolvimento com larga utilização de tecnologia.

Conseqüentemente, a estrutura do emprego segue o mesmo raciocínio, estabelecendo

uma relação de causa e efeito. Como a atividade produtiva está fundamentada no setor

primário (agricultura, extrativismo e pesca) a exigência de mão-de-obra qualificada

praticamente não existe; por outro lado, no decorrer do desenvolvimento, a tecnologia

usada aumenta, em conseqüência do direcionamento da produção para o setor

secundário (transformação), a exigência da qualificação da mão-de-obra aumenta.

Concluindo, quanto menos desenvolvido for um sistema econômico, mais a estrutura de

produção e emprego estará fundamentada na atividade primária e ao contrário com o

desenvolvimento evoluindo ocorrerá o direcionamento para a industrialização.

Indicadores demográficos A seguir, seguem os indicadores demográficos.

Taxa de crescimento demográfico – Nesse indicador, saberemos que o grau de

desenvolvimento de uma nação corresponde, numa razão inversa, à taxa de crescimento

populacional. Ou seja, quanto maior for a taxa de crescimento demográfico, menos

desenvolvido será o país. Com o desenvolvimento, a formação cultural e o poder

aquisitivo da população aumentam, tornando-se esta mais consciente e responsável com

a paternidade, decorrendo numa população com a média de filhos por família menores.

As pirâmides etárias dos países são diferentes: os subdesenvolvidos possuem uma

população jovem que caracteriza a base da pirâmide larga em relação ao seu topo.

Estrutura etária da população – À medida que a pirâmide etária de um país passa a

possuir uma base não tão significativamente grande em relação à sua altura, demonstra

Page 182: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

que o crescimento demográfico diminui e a expectativa de vida da população aumenta.

O aumento da expectativa de vida da população é decorrente do crescimento da

qualidade de vida obtida através de melhorias no acesso ao sistema de saúde,

alimentação e saneamento.

Expectativa de vida ao nascer – Quando tratamos de desenvolvimento, jamais

devemos desassociar os indicadores econômicos e seus benefícios à população.

Portanto, a expectativa de tempo de vida de um cidadão é um forte indicador de

desenvolvimento de cada país. A idade média da população brasileira na década de

1940 estava em torno de 50 a 60 anos e, hoje, está acima dos 70 anos. Pergunta-se:

quais fatores contribuíram para esse ganho de vida média conquistado pelo brasileiro? A

resposta está no desenvolvimento e significa o crescimento econômico aumentando com

ganhos da participação da população neste, podendo ser citado o aumento do nível de

saneamento das cidades, o acesso à renda, à educação e ao lazer, bem como a evolução

tecnológica da medicina que reverte diretamente ao povo. A decorrência dessas

conquistas foi o aumento do tempo de vida média da população.

Taxa de mortalidade infantil – É a quantidade de óbitos para cada mil nascimentos.

Esse é um indicador de desenvolvimento, pois indiretamente representa o acesso da

população ao acompanhamento pré-natal e à obstétrica, ou seja, seu acesso ao sistema

de saúde. Quanto menor for essa taxa, mais desenvolvido será o país. Como já visto em

dados anteriores, com a evolução tecnológica da medicina e o direcionamento de

maiores recursos financeiros e humanos do governo voltados para o pré-natal obteve-se

a redução do índice de mortalidade infantil, ou seja, mais uma vez o crescimento

econômico sendo revertido à população.

Indicadores sociais A seguir, falaremos dos indicadores sociais.

Taxa de analfabetismo – Esse indicador é considerado social por que nos mostra em

termos médios qual a quantidade de indivíduos que não são alfabetizados em relação ao

total da população. Quanto maior ela for, menor tenderá a ser o desenvolvimento do

país e vice-versa. Qual é a relação entre analfabetismo e desenvolvimento de um país?

Está na relação de que, quanto maior for o crescimento econômico, maior será a

exigência da formação dos indivíduos para acesso ao emprego. Na década de 1930, um

brasileiro estava suficientemente formado com o ensino fundamental, para o então

mercado de trabalho; hoje a formação superior não lhe dá garantia alguma de acesso a

esse mercado.

Participação da mulher na sociedade – Uma sociedade patriarcal, muitas vezes,

demonstra seu nível de desenvolvimento. A relação igualitária da participação da

Page 183: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

mulher na sociedade pode demonstrar o grau de desenvolvimento, ou seja, à medida que

o desenvolvimento ocorre, a sociedade como um todo passa a usufruir do processo

participativo a decisório. Até meados da década de 1930 a mulher no Brasil não tinha

direito ao voto, não participava das decisões políticas. Hoje, há governadoras

comandando estados em padrão de igualdade com os homens. Não só no processo

político, mas também no mercado de trabalho tem-se constatado que a mulher está

conquistando espaço e até mesmo competido com os homens e muitas vezes superando-

os. Existem empresas que têm preferência pelas mulheres nos cargos diretivos. Isso

pode ser evidenciado pela existência de muitas mulheres serem chefes de família.

Inclusão social – O acesso aos benefícios obtidos via crescimento econômico, a

redução de desigualdades sociais e a participação de todos no processo político são

fatores que indicarão o grau de desenvolvimento. Como exemplo, pode-se citar a

desigualdade social existente na Índia, onde indivíduos nascem em castas sociais e são

impedidos de ter acesso a certos benefícios, sendo condenados a viver na mesma

condição até a morte.

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – Foi criado para medir o grau de acesso

da população aos benefícios obtidos pelo crescimento econômico, ou seja, quando os

indicadores de crescimento econômico de um país evolução, somente haverá

desenvolvimento se a população tiver acessos a estes benefícios. Podemos exemplificar

pela distribuição de renda independente do valor da renda per capita, pois esta nos

mostra uma média, e não a sua distribuição. Assim podemos citar vários outros

indicadores, como taxa de escolaridade, Saneamento básico e muitos outros.

Acesso à educação – Como indicador de desenvolvimento, podemos avaliar o grau de

acesso da população aos bancos escolares e o tempo de permanência anual média da

população na formação escolar. Nos países subdesenvolvidos, a população deixa de

freqüentar a escola para trabalhar e compor a renda familiar e sua sobrevivência,

ocasionando, conseqüentemente, baixa formação e qualificação da mão-de-obra de uma

nação.

Longevidade – A perspectiva de média de vida da população de um país também é um

indicador de desenvolvimento, uma vez que, quanto maior for essa expectativa, melhor

qualidade de vida a tem população, seja pelo acesso ao sistema de saúde público ou

privado seja pelo melhor acesso à alimentação e ao saneamento básico que representará

evolução no padrão de vida da população como um todo.

Distribuição de renda – A distribuição de renda é outro indicador do grau de

desenvolvimento de um país. Normalmente, a evolução da economia de uma nação é

medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas produzidas

por uma economia em determinado tempo (um ano). Para obter o indicador da renda

Page 184: Agente Federal Administracao Gilberto Milani Apostila Nocoes Macroeconomia

média dessa economia basta dividir o PIB pelo total da população que obteremos a

renda per capita. Porém este indicador não nos da as informações concretas do acesso

desta população a renda visto que se tratar de um valor médio. O acesso da população a

essa renda nos definirá o grau de desenvolvimento obtido.