Afetividade e desempenho acadêmico

24
Afetividade e desempenho acadêmico Palestra proferida pela Profa. Juliana Nutti no Ciclo de Palestras da UNIESP/Araraquara

Transcript of Afetividade e desempenho acadêmico

Page 1: Afetividade e desempenho acadêmico

Afetividade e desempenho

acadêmicoPalestra proferida pela Profa. Juliana Nutti

no Ciclo de Palestras da UNIESP/Araraquara

Page 2: Afetividade e desempenho acadêmico

O que são afetos, emoções e sentimentos? Por que a afetividade é importante para o

entendimento do ser humano? Qual é a relação entre afetividade e

aprendizagem? Como a afetividade deve permear a relação

professor – aluno? O que esperar dessa relação no ensino superior?

Page 3: Afetividade e desempenho acadêmico

Um conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza.

A um afeto sempre está relacionada uma ideia. Sempre sentimos algo sobre alguma coisa.

O afeto sem associação a uma ideia pode trazer sensações de desconforto psicológico.

Os afetos nem sempre são conscientes. Algumas vezes, não temos total clareza a que ideias eles se relacionam.

Afetos

Page 4: Afetividade e desempenho acadêmico

As emoções são expressões afetivas acompanhadas de reações intensas e breves do organismo, em resposta a um acontecimento inesperado ou, às vezes, a um acontecimento muito aguardado (fantasiado).

Nas emoções é possível observar uma relação entre os afetos e a organização corporal, ou seja, as reações orgânicas, as modificações que ocorrem no organismo, como distúrbios gastrointestinais, cardiorrespiratórios, sudorese, tremor.

Um exemplo comum é a alteração do batimento cardíaco.

Emoções

Page 5: Afetividade e desempenho acadêmico

Durante muito tempo, acreditou-se no coração como o lugar da emoção, talvez pelo fato de, ao manifestar-se, vir freqüentemente acompanhada de fortes batimentos cardíacos. Por isso, até hoje desenhamos corações para dizer que estamos apaixonados.

Outras reações orgânicas acompanham as emoções e revelam vivências ou estados emocionais do indivíduo: tremor, riso, choro, lágrimas, expressões faciais etc. As reações orgânicas fogem ao nosso controle.

Page 6: Afetividade e desempenho acadêmico

As reações emocionais orgânicas são, até certo ponto, aprendidas, ou seja, nosso organismo pode responder de diversas maneiras a uma situação, mas a cultura “escolhe” as formas mais adequadas para se expressar as emoções em determinadas situações e/ou tipo de pessoas (por exemplo, de acordo com a idade, o sexo ou a posição social). Exemplo: “Homem não chora.”

Assim, durante nossa socialização, aprendemos essas formas de expressão das emoções aceitas pelo grupo a que pertencemos. E não seguir essas convenções pode nos trazer prejuízos sociais e profissionais. Exemplo: não se pode chorar ou gargalhar no ambiente de trabalho quando se tem vontade.

As emoções são muitas: surpresa, raiva, nojo, medo, vergonha, tristeza, desprezo, alegria, paixão, atração física — ora são mais difusas, ora mais conscientes; às vezes encobertas, às vezes não.

Page 7: Afetividade e desempenho acadêmico

Os afetos básicos (amor e ódio), além de se manifestarem como emoções, podem expressar-se como sentimentos.

Os sentimentos diferem das emoções por serem mais duradouros, menos “explosivos” e por não virem acompanhados de reações orgânicas intensas.

Assim, consideramos a paixão uma emoção, e o enamoramento, a ternura, a amizade, consideramos sentimentos, isto é, manifestações do mesmo afeto básico — o amor.

Sentimentos

Page 8: Afetividade e desempenho acadêmico

A afetividade é parte integrante de nossa subjetividade. Nossas expressões não podem ser compreendidas, se

não considerarmos os afetos que as acompanham. E, mesmo os pensamentos, as fantasias — aquilo que

fica contido em nós — só têm sentido se sabemos o afeto que os acompanham. Por exemplo, aquela idéia de que o melhor amigo irá se sair mal em uma competição, só adquire sentido quando descobrimos que sua origem está na inveja que se tem dele.

Nossa vida afetiva é composta de dois afetos básicos: o amor e ódio. Esses dois afetos estão presentes em nossa vida psíquica e também estão juntos em nossas expressões, ações e pensamentos.

Importância do estudo da vida afetiva

Page 9: Afetividade e desempenho acadêmico

São nossos afetos que dão o colorido especial à conduta de cada um e às nossas vidas. Eles se expressam nos desejos, sonhos, fantasias, expectativas, nas palavras, nos gestos, no que fazemos e pensamos. É o que nos faz viver.

Quando entramos em contato com o meio físico e social, recebemos estímulos através de nossos órgãos e sentidos. Esses estímulos chegam ao nosso mundo interno e lá recebem significações. Sentimentos, então algo em relação a eles. Por exemplo, gostamos ou não gostamos, é nos prazeroso ou não.

Page 10: Afetividade e desempenho acadêmico

A afetividade é o território das emoções, das paixões e dos sentimentos.

A aprendizagem, território do conhecimento, da descoberta e da atividade.

Tanto a afetividade como a aprendizagem são considerados fenômenos complexos e multideterminados, definidos por processos individuais internos que se desenvolvem através do convívio humano.

Afetividade e aprendizagem: o papel da escola na formação da auto-estima

Page 11: Afetividade e desempenho acadêmico

A sala de aula é um espaço de vivência, de convivência e de relações pedagógicas, espaço constituído pela diversidade e heterogeneidade de idéias, valores e crenças de pessoas com personalidades e histórias diferentes.

Assim, é impregnado de significado. E é espaço de formação humana, onde a experiência pedagógica – ensinar e aprender – desenvolve-se através do vínculo afetivo, que tem uma dimensão histórica, intersubjetiva e intra-subjetiva.

Page 12: Afetividade e desempenho acadêmico

Na teoria de Henri Wallon, a dimensão afetiva é destacada de forma significativa na construção da pessoa e do conhecimento.

Afetividade e inteligência, apesar de terem funções definidas e diferenciadas, são inseparáveis na evolução psíquica.

Entre o aspecto cognitivo e afetivo existe oposição e complementaridade.

Dependendo da atividade há a preponderância do afetivo ou do cognitivo;não se trata da exclusão de um em relação ao outro, mas sim, de alternâncias em que um se submerge para que o outro possa fluir.

Page 13: Afetividade e desempenho acadêmico

A escola é um campo fértil, onde essas relações a todo tempo se evidenciam, seja através dos conflitos e oposições, seja do diálogo e da interação.

Para Wallon, os conflitos são essenciais ao desenvolvimento da personalidade.

Page 14: Afetividade e desempenho acadêmico

A afetividade é fundamental na formação da auto-estima do indivíduo.

Entende-se por auto-estima, a capacidade do indivíduo em apreciar ou não as suas características de personalidade. É o apreço que temos por sermos como somos.

O papel da escola, enquanto relação professor e aluno, é de suma importância para que a formação da auto-estima seja pautada em segurança, autonomia de idéias, conceitos que o próprio aluno tenha de si e que contribuem para seu desempenho escolar e de sua vida como um todo.

Page 15: Afetividade e desempenho acadêmico

A questão da afetividade e auto-estima é uma preocupação mundial.

A afetividade no trato com as pessoas é um pressuposto para o resgate de valores humanos esquecidos por nós no do dia-a-dia.

Como se pode ver a escola, como parte integrante e fundamental em uma sociedade, não pode ficar alheia a esta busca.

Apropria-se de pensamentos de teóricos como WALLON, PIAGET e VYGOTSKY, para basear suas ações pedagógicas e transformar a relação professor e aluno em um momento mais rico no processo ensino-aprendizagem.

Page 16: Afetividade e desempenho acadêmico

É fato mais do que constatado de que o professor tem papel fundamental no desenvolvimento global do aluno.

Muitas vezes, ele é a única pessoa que pode reconhecer esse aluno como ser dotado de sonhos, desejos e muita vontade de mudar a história de sua existência.

Porém, tratar o aluno com afeto não significa tratá-lo com beijos, abraços ou procurando agradá-lo, significa apenas que devemos acordar e tomar atitudes que nos leve a sair de nossa indiferença, porque essa “indiferença” é justamente a falta de afetividade.

Relação professor-aluno no ensino superior

Page 17: Afetividade e desempenho acadêmico

Numa sala de aula onde a afetividade é levada em consideração, provavelmente formará indivíduos com condições para lidar com seus sentimentos o que contribuirá para um mundo menos agressivo.

Para que isso aconteça, é preciso que haja uma relação de respeito e cumplicidade entre professor e aluno.

E isso só será possível se houver autoridade por parte do professor.

A palavra autoridade possui a mesma raiz da palavra autor. E, ser autor é ter a capacidade de fazer algo, de criar algo.

Autoridade está atrelada à responsabilidade.

Page 18: Afetividade e desempenho acadêmico

O professor precisa sentir-se responsável. Ao reconhecer a importância do os alunos pensam e

sentem, o professor terá autoridade, pois todo ser humano que se sente escutado e acolhido consegue respeitar as regras existentes em uma instituição (a sala de aula é uma instituição).

Portanto, afeto e autoridade são palavras que devem estar presentes na relação professor e aluno.

Outra questão importante são os afetos inconscientes: às vezes, alunos e professores “projetam” uns nos outros simpatias e antipatias que não são claramente compreendidas.

Page 19: Afetividade e desempenho acadêmico

O diálogo estabelecido entre professor e aluno é fator importante no processo de aprendizagem, visto que forma elos afetivos que despertam o interesse e a motivação, levando os alunos a executarem suas tarefas com boa vontade.

Porém, as concepções e experiências de diálogo são diferentes entre alunos e professores, nem sempre conciliáveis.

O professor pode até ter uma noção de diálogo como quando fala, escuta e busca comum de soluções, mas pode resvalar no autoritarismo.

O aluno pode estar querendo uma espécie de diálogo onde ele seja ouvido, mas de forma mais pessoal do que acadêmica. Pode querer falar mais dos seus afetos do que das suas ideias e vice-versa.

Page 20: Afetividade e desempenho acadêmico

Aprender é um processo dinâmico e pessoal, complexo, que sofre influências ambientais como do próprio sujeito que aprende.

É essencial que se promova uma participação efetiva do aluno no processo de aprendizagem.

Sempre que possível, é necessário propiciar oportunidades de práticas para uma aprendizagem mais significativa e o desenvolvimento da criatividade e da auto-confiança no aluno e no professor.

Afetividade e desempenho acadêmico

Page 21: Afetividade e desempenho acadêmico

A “receita é simples”: O aumento da auto-confiança e da auto-

estima aumenta as possibilidade de um melhor desempenho acadêmico pois o aluno passa a usar seus afetos de forma a potencializar o uso das estratégias cognitivas, como a memória, a atenção e a motivação.

Page 22: Afetividade e desempenho acadêmico

A atividade de pesquisa, característica dos processos educacionais no ensino superior é extremamente dependente do equilíbrio emocional e do bom uso da motivação e da auto-estima.

O ato de educar só terá sucesso se houver uma relação afetiva entre professor e aluno, caso contrário, a aprendizagem não será significativa e não preparará o indivíduo para uma vida futura, deixando lacunas no processo ensino-aprendizagem.

Page 23: Afetividade e desempenho acadêmico

“A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.”

John Dewey

Mensagem final

Page 24: Afetividade e desempenho acadêmico

BOCK, A. M.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L.T. Psicologias:  Uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2009.

SOBRAL, M. L. A influência da afetividade no ambiente pedagógico. Disponível em http://veterinariosnodiva.com.br/books/afetividade-ambiente-pedagogico.pdf Acessado em 23/01/2013

SOUZA, M. M. A. C. A afetividade na formação da auto-estima do Aluno. Disponível em http://www.nead.unama.br/site/bibdigital/monografias/a_afetividade_na_formacao_da_auto.pdf . Acessado em 23/01/2013