Adesivos Dentários: Resistência Adesiva aos Tecidos Dentários · Evolução dos Sistemas...
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Adesivos Dentários: Resistência Adesiva
aos Tecidos Dentários – Artigo de
Revisão Bibliográfica
Ana Mafalda Moreira Pedroso
Orientador
Prof. Doutor João Cardoso Ferreira
Porto 2014
Adesivos Dentários: Resistência Adesiva aos Tecidos Dentários
Ana Mafalda Moreira Pedroso
2
Artigo de Revisão Bibliográfica
Mestrado Integrado em Medicina Dentária
Adesivos Dentários: Resistência Adesiva
aos Tecidos Dentários
Ana Mafalda Moreira Pedroso
Orientador
Prof. Doutor João Cardoso Ferreira
Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto
Rua Dr. Manuel Pereira da Silva, 4200-392 Porto-Portugal
E-mail: [email protected]
Porto 2014
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Adesivos Dentários: Resistência Adesiva aos Tecidos Dentários
Ana Mafalda Moreira Pedroso
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AGRADECIMENTOS
Certamente não irei conseguir agradecer, como deveria, a todas as pessoas que
ao longo desta minha passagem pela FMDUP me ajudaram, direta ou indiretamente, na
concretização desta etapa da minha vida.
Sendo assim, deixo apenas algumas palavras, poucas, mas com sentido de
profunda gratidão.
Ao Prof. Doutor João Cardoso Ferreira, expresso o meu profundo agradecimento
pela orientação, auxílio e total disponibilidade que sempre revelou para comigo. A sua
ajuda foi determinante na elaboração desta monografia. Um sincero obrigada!
À D. Filomena, pela amabilidade, amizade, boa disposição e simpatia com que
sempre me recebeu.
Às minhas companheiras de casa e amigas Sandra, Ana, Rita, Sandra Freitas,
Vânia, Rita Zão e Joana, pelos estímulos nas alturas de desânimo. Agradeço-lhes pela
companhia nas longas noites de trabalho, pelo carinho, amizade, apoio, companheirismo
e preocupação. Muito obrigada!
À minha família, em especial aos meus pais e à minha irmã, a quem devo tudo,
um enorme obrigada pelo apoio e amor incondicional, por acreditarem em mim e
naquilo que faço.
Ao meu avô. A ele dedico esta monografia.
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Ana Mafalda Moreira Pedroso
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ÍNDICE
ABSTRACT .................................................................................................................................. 7
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 9
Esmalte ...................................................................................................................................... 9
Dentina ...................................................................................................................................... 9
Smear layer ............................................................................................................................. 10
Adesão ..................................................................................................................................... 10
Sistemas Adesivos e sua Classificação ................................................................................... 11
Objetivo ................................................................................................................................... 12
MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................................... 13
DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................. 14
Condicionamento Ácido .......................................................................................................... 14
Evolução dos Sistemas Adesivos ............................................................................................ 16
Adesão ao Esmalte e à Dentina ............................................................................................... 17
Testes de Adesão ..................................................................................................................... 20
CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 25
ANEXOS..................................................................................................................................... 28
Adesivos Dentários: Resistência Adesiva aos Tecidos Dentários
Ana Mafalda Moreira Pedroso
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RESUMO
Introdução
Os tecidos dentários sobre os quais se efetua a adesão das restaurações com
resinas compostas são o esmalte e a dentina. A adesão aos tecidos dentários
compreende, para além de outros fatores, a existência de um adesivo e de forças de
adesão. Para avaliar as forças de adesão, têm sido utilizados vários testes de força de
resistência adesiva, especificamente a resistência adesiva ao cisalhamento (SBS) e à
tração (TBS), teste de resistência à microtração (µTBS) e ao microcisalhamento
(µSBS).
Objetivos
O objetivo desta revisão bibliográfica consiste em perceber quais as
características e fatores que influenciam as forças de resistência adesiva no esmalte e na
dentina.
Materiais e métodos
A pesquisa da literatura científica foi realizada na base de dados eletrónica
PUBMED procurando incluir-se informação dos artigos publicados nos últimos dez
anos mas ressalvando a informação base dos artigos mais antigos sobre o tema.
Foram analisados estudos laboratoriais (in vitro) e artigos de revisão.
Desenvolvimento
Um dos maiores problemas da dentisteria restauradora da primeira metade do
século XX, a adesão aos tecidos dentários por parte dos materiais restauradores, foi em
parte resolvido quando, em 1955, Buonocore introduziu a técnica de condicionamento
ácido do esmalte. Dependendo da forma como interagem com a smear layer, os
sistemas adesivos podem ser classificados em etch-and-rinse ou self-etch. A adesão ao
esmalte é a mais favorável, pois este tecido é menos complexo ultraestruturalmente e
muito mais hidrofóbico.
Entretanto, na dentina a adesão é mais problemática. O teste de resistência
adesiva ao cisalhamento tem sido muito utilizado devido à sua relativa facilidade de
preparação das amostras e a um protocolo de testes mais simples. Pelo contrário, no
teste de resistência à tração é difícil garantir o alinhamento das amostras na máquina de
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testes sem criar um stress nocivo.
Conclusão
O adesivo com melhor desempenho na dentina são os self-etch de 2 passos pois
originam boa morfologia, baixa percentagem de nanoinfiltração e valores de resistência
adesiva elevados.
São numerosos os estudos que comprovam que os adesivos etch-and-rinse são
os melhores adesivos para o esmalte.
Palavras-chave
“adhesion to enamel”, “etch-and-rinse adhesives”, “self-etch adhesives”, “shear
bond strengths” e “dentin”.
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Ana Mafalda Moreira Pedroso
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ABSTRACT
Introduction
Dental tissues in which it makes the adhesion of composite resin restorations are
enamel and dentin. Adherence to dental tissues includes, in addition to other factors, the
existence of an adhesive and adhesion forces. To evaluate the adhesion forces, various
tests of strength adhesive strengths have been used, specifically the shear bond strength
( SBS ) and tensile strength ( TBS ) , resistance microtensile ( μTBS ) and microshear (
μSBS ) test.
Objectives
The purpose of this literature review is to understand the characteristics and
factors influencing forces bond strength to enamel and dentin.
Material and methods
A search of the scientific literature was performed in the electronic database PUBMED
include looking up information from articles published in the last ten years, including
also older articles. Were analysed in vitro laboratory studies and review articles.
Development
One of the biggest problems of restorative dentistry in the first half of the
twentieth century, the adhesion to dental tissues by the restorative materials was partly
resolved when, in 1955, Buonocore introduced the technique of etching enamel.
Depending on how they interact with the smear layer, the adhesive systems can be
classified into etch-and -rinse or self - etch. The adhesion of the resin on the enamel is
the most favourable, because when the enamel is conditioned, the adhesive resin
penetrates in the spaces that are created in the enamel by adhering mechanically.
However, dentin adhesion is more difficult. The test adhesive shear strength has been
widely used due to their relative easier preparation of the samples and protocol. On the
other hand, in the tensile test is difficult to ensure the alignment of the samples in the
testing machine without creating harmful stress.
Conclusion
The best adhesives for dentin are the self-etch 2-step because it creates a good
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morphology, low percentage nanoleakage values and high bond strength.
Some studies shows that the etch-and-rinse adhesives are the best adhesives to
enamel.
Keywords
"Adhesion to enamel", "etch-and-rinse adhesives", "self-etch adhesives", "shear bond
strenghts" and "dentin"
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INTRODUÇÃO
No âmbito da dentisteria minimamente invasiva, a adesão entre os materiais
restauradores e os tecidos dentários tem sido objeto de grande pesquisa científica (1).
Tendo em conta as exigências estéticas atuais, os adesivos dentários e as técnicas de
adesão apresentam grande relevância por permitirem a realização de preparos cavitários
mais conservadores, melhorando assim as propriedades mecânicas e estéticas das
restaurações adesivas (1).
Os tecidos dentários sobre os quais se efetua a adesão das restaurações com
resinas compostas são o esmalte e a dentina. Desta forma é fundamental descrever os
tecidos dentários, os detritos resultantes do corte dos mesmos (como a smear layer), os
principais conceitos relacionados com a adesão e sistemas adesivos bem como a
classificação dos mesmos (2).
Esmalte
Tecido de origem epitelial, apresenta-se como uma camada de revestimento da
coroa dos dentes. Corresponde ao tecido mais mineralizado do organismo contendo,
97% de conteúdo inorgânico (cristais de fosfato de cálcio sob a forma de
hidroxiapatite), 1% de matéria orgânica e 2% de água (3).
Dentina
Tecido de origem conjuntiva, menos duro e mineralizado do que o esmalte. O
conteúdo mineral na forma de hidroxiapatite corresponde a 70% do seu peso, possuindo
cerca de 18% de material orgânico e 12% de água (3). A sua estrutura tubular confere-
lhe uma certa elasticidade. É avascular, apresentando apenas prolongamentos dos
odontoblastos no interior dos túbulos (3). A dentina superficial é composta
principalmente por dentina intertubular e possui uma quantidade mínima de túbulos. Por
outro lado, a dentina profunda apresenta menos dentina intertubular e túbulos amplos. O
diâmetro dos túbulos sofre um crescimento contínuo em direção à polpa (4).
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Smear layer
Durante o preparo cavitário, os túbulos dentinários são obliterados pela
produção de um biofilme superficial, a smear laye (5). A smear layer é uma camada
uniforme de estrutura amorfa resultante da abrasão mecânica aquando da preparação das
paredes do preparo cavitário (5). Os detritos produzidos durante este procedimento e
que entram nos túbulos, diminuindo a permeabilidade dentinária em cerca de 86%, são
conhecidos por smear plugs (6). Estes impedem a interação entre o sistema adesivo e o
substrato. Para além disso as bactérias presentes na smear layer podem sobreviver e
multiplicar-se debaixo das restaurações. Por outro lado, a smear layer impede que
ocorra uma maior sensibilidade pós-operatória (6). Pelos motivos supracitados, os
sistemas adesivos atuais utilizam estratégias de interação ou remoção desta camada de
forma a permitir a ocorrência de um processo adesivo (6).
Adesão
A adesão pressupõe uma união estrutural entre duas superfícies. A adesão aos
tecidos dentários compreende, para além de outros fatores, a existência de um adesivo e
de forças de adesão (7). O adesivo é um líquido que solidifica entre dois substratos,
estabelecendo ligações micromecânicas/químicas entre ambos (8). A força necessária
para quebrar a ligação adesiva corresponde à força de adesão (8). A força de adesão
depende do tamanho da área de adesão, do substrato, do condicionador, do primer, dos
adesivos e dos procedimentos restauradores (7).
Para avaliar as forças de adesão, têm sido utilizados vários testes de força de
resistência adesiva, especificamente a resistência adesiva ao cisalhamento (SBS) e à
tração (TBS), teste de resistência à microtração (µTBS) e ao microcisalhamento
(µSBS). Quanto às forças de resistência adesiva ao cisalhamento, as forças aplicadas
são paralelas à interface com áreas de superfície entre 3-12 mm2
enquanto nas de
resistência à tração e microtração são aplicadas perpendicularmente com áreas de
superfície de cerca de 1mm2 (9).
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Sistemas Adesivos e sua Classificação
Os sistemas adesivos surgiram com a finalidade de promover a adesão dentinária
pela interação de monómeros hidrofílicos com as fibrilas de colagénio expostas nas
superfícies dentinárias após condicionamento ácido. Esta zona de união entre o material
restaurador e a dentina sólida denomina-se camada híbrida (4).
Van Meerbeek et al sugeriram uma classificação simples baseada na interação
dos adesivos com os substratos dentários e o número de passos: etch-and-rinse (two-
step e three-step), e self-etch (one-step e two-step) (10). Os sistemas adesivos etch-and-
rinse utilizam um passo separado para o condicionamento simultâneo do esmalte e da
dentina e para a lavagem, removendo completamente a smear layer e desmineralizando
a superfície dentinária, expondo as fibrilas de colagénio. Dependendo da aplicação
separada ou conjunta de um primer e uma resina adesiva, estes adesivos estão divididos
em three-step e two-step. Nos etch-and-rinse de three-step, o primeiro passo
corresponde à aplicação de ácido, o segundo na aplicação de um primer e o terceiro na
aplicação de resina adesiva. Nos etch-and-rinse de two-step o primer e o adesivo são
combinados numa só solução, reduzindo e simplificando o protocolo (11).
Os sistemas adesivos Self-etch compreendem a utilização de um monómero
acídico sem enxaguamento, que condiciona e infiltra os tecidos dentários
simultaneamente (11). Estes adesivos modificam a smear layer, desmineralizando
parcialmente a superfície dentinária. Os adesivos self-etch podem ser subdivididos em
dois passos e um passo único. Nos self-etch de two-step, o primeiro passo consiste na
aplicação do primer acídico seguido da resina adesiva. Nos self-etch de um passo,
conhecidos também por all-in-one, conjugam as funções de condicionador ácido,
primer e adesivo numa única solução, de modo a facilitar o protocolo (11).
O mercado apresenta uma grande variedade de sistemas adesivos e protocolos
diferentes para cada grupo de materiais. Desta forma, torna-se essencial que o Médico
Dentista tenha conhecimento das características e propriedades químicas e físicas desses
materiais, bem como, da associação destes com as estruturas dentárias de forma utilizá-
los corretamente e obter elevadas forças adesivas, o que consequentemente leva a
restaurações duradouras no tempo (9).
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Objetivo
O objetivo desta revisão bibliográfica consiste em perceber quais as
características e fatores que influenciam as forças de resistência adesiva no esmalte e na
dentina visto que, o não conhecimento dos diferentes adesivos, das suas aplicações e do
próprio substrato, pode conduzir ao fracasso das restaurações em resinas compostas.
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MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa da literatura científica foi realizada na base de dados eletrónica
PUBMED procurando incluir-se informação dos artigos publicados nos últimos dez
anos mas ressalvando a informação base dos artigos mais antigos sobre o tema.
Na pesquisa foram utilizadas diferentes combinações das palavras-chave,
“adhesion to enamel”, “etch-and-rinse adhesives”, “self-etch adhesives”, “shear bond
strenghts” e “dentin”, todas elas termos MESH. Os critérios de inclusão para a leitura
dos artigos foram a disponibilidade do texto integral, a referência no título ou no resumo
de uma das palavras-chave e a disponibilidade dos artigos na língua portuguesa e
inglesa.
Foram analisados estudos laboratoriais (in vitro) e artigos de revisão.
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DESENVOLVIMENTO
Condicionamento Ácido
A durabilidade dos procedimentos restauradores depende de uma união efetiva
entre os materiais restauradores e as estruturas dentárias (12). Um dos maiores
problemas da dentisteria restauradora da primeira metade do século XX, a adesão aos
tecidos dentários por parte dos materiais restauradores, foi em parte resolvido quando,
em 1955, Buonocore introduziu a técnica de condicionamento ácido do esmalte (13).
Buonocore observou que o uso do ácido fosfórico melhorava a adesão de tintas e
resinas às superfícies metálicas no âmbito industrial e, com esse conhecimento, sugeriu
a possibilidade de melhorar a união entre a resina acrílica e a estrutura dentária. Através
da sua descoberta, Buonocore modificou e revolucionou os conceitos do preparo
cavitário, prevenção e estética, possibilitando assim a adesão dos materiais
restauradores às superfícies dentárias (principalmente ao esmalte) graças à aplicação de
uma resina hidrofóbica (com o monómero Bis-GMA) mais tarde sintetizado por Bowen
(1962) e que tinha a capacidade de fluir para as porosidades criadas pelo ácido fosfórico
no esmalte (13).
Contudo, a adesão à dentina não foi bem sucedida até 1979, ano em que
Fusayama e a sua equipa conseguiram uma boa adesão à mesma, in vivo (13). Isto deve-
se ao facto deste substrato ser bem mais complexo comparativamente ao esmalte e
conter água bem como uma maior quantidade de matéria orgânica, apresentando uma
organização morfológica tubular (ao contrário do esmalte que apresenta uma estrutura
prismática).
Numerosas pesquisas foram realizadas desde os anos 60 do século XX até aos
dias de hoje de forma a desenvolver um material adesivo adequado para adesão aos
diferentes substratos dentários (14).
A união das resinas compostas às estruturas dentárias é realizada por intermédio
dos sistemas adesivos, sendo que essa união dá origem a uma interface
dente/restauração. O sucesso clínico das restaurações depende da efetividade e
durabilidade dessa interface, que segundo se sabe, é o elo mais fraco desta união (12).
Nos sistemas adesivos etch-and-rinse realiza-se um condicionamento ácido das
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15
estruturas dentárias antes do procedimento adesivo propriamente dito (12). O ácido
fosfórico, normalmente a 37%, condiciona a dentina, abrindo os túbulos dentinários e
removendo a hidroxiapatite, permitindo assim a impregnação dos monómeros da resina,
nos nanoespaços interfibrilares após exposição das fibras de colagénio, originando
assim uma zona de dentina desmineralizada pela remoção da hidroxiapatite (15). Este
processo, promove a formação de uma zona de interface infiltrada por resina adesiva.
Essa zona, segundo Nakabayashi et al , foi designada de camada híbrida (15).
A penetração do primer e do adesivo pode ser afetada pela morfologia do tecido
dentário nas diferentes localizações da dentina. Os fatores biológicos e clínicos, como
dentina esclerosada e permeabilidade da dentina, também podem afetar a adesão
dentinária (16). Existem alguns inconvenientes relacionados com esta técnica, uma vez
que a água deve ser em parte removida, mas o substrato não pode ser desidratado para
evitar o colapso das fibras de colagénio, o que dificultaria a penetração do adesivo (17).
Reis et al. afirmam que a desmineralização da dentina e a exposição da rede de fibras de
colagénio é necessária para uma boa adesão, mas quando essa dentina é desidratada as
fibras de colagénio colapsam, diminuindo a penetração dos monómeros e
consequentemente a adesão. É necessária a presença de humidade na dentina para que
os sistemas adesivos com condicionamento ácido tenham efeito, mas é difícil saber o
quão húmida essa dentina deve ficar (17).
Em contrapartida, humidade em excesso poderia alterar a composição do adesivo
ou até mesmo a ação dos seus componentes, provocando o aumento do volume das
fibras de colagénio, fecho dos espaços interfibrilares e eventual incompleta penetração
do adesivo na dentina desmineralizada, o que pode levar ao fenómeno de
nanoinfiltração na camada híbrida (12). Desta forma, a técnica adesiva etch-and-rinse
exige um maior número de passos clínicos, um tempo de aplicação mais longo e,
portanto, aumenta a probabilidade de erros por parte do operador (12).
Na década de 80 do século XX, face à presença de sensibilidade pós-operatória
nos procedimentos restauradores realizados em dentes posteriores, iniciaram-se
investigações para verificar as possíveis causas. Concluiu-se que nenhum adesivo era
efetivo para proteger os túbulos dentinários após condicionamento ácido. Além disso, a
contração de polimerização das resinas era suficiente para romper o adesivo (originando
falhas adesivas) e contribuir para a sensibilidade (18).
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Evolução dos Sistemas Adesivos
Dependendo da forma como interagem com a smear layer, os sistemas adesivos
podem ser classificados em etch-and-rinse ou self-etch.
Os sistemas adesivos etch-and-rinse, são aqueles que utilizam o
condicionamento ácido prévio, seguido pela aplicação do primer e da resina adesiva, e
podendo estar presentes em frascos separados (três passos) ou misturados num só (dois
passos) (18).
Nakabayashi et al. afirmaram que os sistemas adesivos etch-and-rinse ( de três
passos) podem produzir elevadas forças de resistência adesiva na dentina, mas alguns
fatores podem influenciar o seu desempenho. Um condicionamento ácido por tempo
excessivo na dentina produz uma fraca união, uma vez que as fibras de colagénio
desmineralizadas podem colapsar e não ocorrer uma correta impregnação dos
monómeros adesivos, o que leva à formação de uma camada híbrida qualitativamente
fraca (19).
Os primeiros sistemas adesivos promoviam uma adesão satisfatória no esmalte,
porém em dentina não havia a mesma eficácia, ocorrendo uma maior preocupação com
a adesão dentinária. Surgiram então os sistemas adesivos, que procuravam uma adesão
eficiente na dentina – os sistemas self-etch (19).
Estes adesivos contêm primers autocondicionantes nos quais a hibridização
ocorre simultâneamente ao condicionamento. Desta forma, condicionam e infiltram a
superfície dentinária simultaneamente, incorporando a smear layer no processo adesivo
em vez de a remover (12).
Os sistemas adesivos self-etch podem ser subdivididos em dois passos ou de um
passo único, consoante se apresentem em 2 frascos que se aplicam separadamente, em
2 frascos que se misturam antes de aplicar ou num só frasco (verdadeiros all-in-one)
(12).
À exceção dos adesivos all-in-one com pH>2,5, os sistemas adesivos self-etch
favorecem a adesão na dentina enquanto que no esmalte apresentam um pior
desempenho, especialmente se o pH não for baixo (menor do que 1).
Um dos maiores problemas dos adesivos self-etch intermédios, suaves e ultra-
suaves reside precisamente no esmalte, uma vez que ao possuírem ácidos fracos na sua
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17
composição, não revelam uma adesão satisfatória devido ao condicionamento
insuficiente deste substrato (o mesmo não acontece com os fortes de pH <1). Alguns
fabricantes recomendam usar previamente ácido fosfórico no esmalte (técnica de pré-
etching) antes da aplicação dos adesivos self-etch no mesmo (11).
Relativamente à adesão dentinária, os sistemas self-etch de dois passos
apresentam-se como uma boa opção para a adesão neste substrato. Uma resina adesiva
hidrofóbica é aplicada separadamente, o que confere muito mais fiabilidade pela menor
hidrofília, menor nanoinfiltração e consequente menor degradação hidrolítica pelas
enzimas proteolíticas metaloproteinases (MMP), promovendo assim uma adesão mais
duradoura (9).
Pode-se assim concluir que a formulação do adesivo e a natureza do substrato
são características importantes para o alcance de uma interface de ligação estável ao
longo do tempo (8).
Adesão ao Esmalte e à Dentina
A adesão depende de vários fatores : os fatores dependentes das superfícies e os
fatores que estão dependentes do adesivo (9).
Os fatores dependentes da superfície são, superfícies limpas e secas, a energia de
superfície, recetividade às uniões químicas e superfícies lisas e rugosas (9).
Quanto aos fatores dependentes do adesivo podem ser, tensão superficial,
capacidade de molhabilidade, estabilidade dimensional, resistência mecânica,
capacidade de desmineralização, capacidade coesiva do adesivo e método de aplicação.
(9)
O pré-tratamento do substrato, consiste no primeiro passo para a obtenção de
adesão durante um procedimento restaurador adesivo.
A aplicação de ácido fosfórico remove a smear layer e todos os minerais
dentinários (18).
Estudos recentes provam que uma concentração de 37% de ácido fosfórico
desmineraliza completamente uma superfície de 5-8µm da matriz de dentina
intertubular, criando microporosidades dentro da matriz de fibras de colagénio
subjacente (20). Assim, o tratamento com ácido remove a smear layer, aumenta a
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permeabilidade e modifica a composição química da superfície (1). Após o
condicionamento a rede de fibras de colagénio fica exposta permitindo assim a
infiltração de resina adesiva (21).
A adesão da resina no esmalte é a mais favorável, pois, quando o esmalte é
condicionado, a resina adesiva penetra nas microporosidades que são criadas, aderindo
mecanicamente.
A dentina apresenta-se como uma estrutura complexa e dinâmica, com variações
morfológicas que impossibilitam um condicionamento ácido uniforme (22). A não
uniformidade da camada de dentina desmineralizada vai condicionar a impregnação dos
adesivos e consequentemente a união do adesivo com o substrato dentinário (22). Deve-
se ainda considerar o facto de a dentina se apresentar esclerótica, o que interfere com a
difusão monomérica (22).
A difusão dos monómeros resinosos através da rede de fibras de colagénio é
garantida pela presença de água nos espaços interfibrilares ( 22).
Segundo Fawsy et al, quanto mais profunda for a dentina, maior é a capacidade
da rede de colagénio desmineralizada de resistir à desidratação e à perda de integridade
estrutural com o aumento do tempo de exposição ao ar, uma vez que o conteúdo de água
é superior na dentina profunda comparativamente com a superficial (23).
Nos sistemas etch-and-rinse, após condicionamento ácido da dentina, é feita um
enxaguamento com o objetivo de remover minerais solubilizados (fosfato de cálcio),
permitindo a completa infiltração entre as fibrilas de colagénio expostas por parte da
resina adesiva, preenchendo as microporosidades produzidas pela ácido (24). Quanto
aos adesivos self-etch, não há necessidade desse passo de enxaguamento, uma vez que
estes já contêm água na sua composição permitindo-lhes ionizar o hidrogénio.
A adesão à dentina pode ser influenciada por alguns fatores: a presença de lesão
de cárie diminui a dureza da dentina e cria depósitos minerais nos túbulos dentinários
diminuindo a eficácia adesiva; cavidades não cariosas possuem dentina
hipermineralizada e colagénio desnaturado que também diminui a eficácia dos materiais
adesivos; a dentina radicular transparente é fisiológica e natural do processo de
envelhecimento, sendo que esta dentina é muito semelhante à dentina encontrada
debaixo de lesões de cárie (dentina terciária do tipo reparativo) e é caracterizada pela
precipitação de minerais que obliteram os túbulos, dificultando a hibridização e por
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conseguinte a eficácia da adesão. O aumento do número e diâmetro dos túbulos na
dentina profunda promove um aumento da humidade e diminuição de dentina
intertubular com a profundidade, região onde se forma a camada híbrida que é a maior
contribuinte para a adesão. Por essa razão, a adesão é mais eficaz na dentina superficial
do que na mais profunda (24).
Um estudo acerca do movimento de fluídos através dos túbulos dentinários
demonstrou que o movimento de fluídos através da dentina era significativamente maior
nos adesivos etch-and-rinse que nos self-etch e que os efeitos mais suaves do
condicionamento ácido dos primers self-etch reduzem esta circulação (25;9).
Um estudo recente defende que as forças de resistência adesiva no esmalte são
superiores quando se usam sistemas etch-and-rinse (26).
Isto devido, a uma rápida dissolução da smear layer e sua remoção com a
lavagem e a uma ancoragem estável e profunda dos prolongamentos de resina nas
microporosidades provocadas pelo ácido entre os cristais de hidroxiapatite parcialmente
desmineralizados (26).
Mesmo o esmalte apresentando uma capacidade diminuída de interagir
químicamente, pode ser obtida uma adesão adequada através dos numerosos sítios
microretentivos produzidos pela técnica do condicionamento ácido (9).
Os adesivos etch-and-rinse correspondem assim ao material mais aceite na
adesão ao esmalte (9;27;28)
Este comportamento menos eficiente dos adesivos self-etch, pode dever-se à
presença de água na composição dos adesivos. A água é um componente presente em
todos estes adesivos, permitindo a ionização dos monómeros acídicos para que estes
apresentem uma ação desmineralizante. No entanto, os adesivos self-etch fortes
compreendem ainda uma maior quantidade de solvente a fim de promover a completa
ionização dos monómeros acídicos. Este elevado conteúdo em água pode não ser
removido com o spray de ar, conduzindo à não polimerização eficaz e à diminuição do
grau de conversão por diluição dos monómeros, alterando as propriedades mecânicas do
adesivo. Os monómeros acídicos não polimerizados podem ainda comprometer a
polimerização das resinas, prejudicando desta forma as forças adesivas (29).
Assim, a adesão ao esmalte é mais fiável do que à dentina,pelo facto do esmalte
não possuir uma ultra-estrutura tão complexa e ser um substrato que possui muito
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menos quantidade de água, quando comparado com a dentina ( 9).
Utilizando adesivos etch-and-rinse, o esmalte é seco com um jacto de ar ao
contrário da dentina, onde este procedimento pode colapsar as fibrilas de colagénio
desmineralizadas e que são fundamentais para a adesão à dentina, trazendo mais água
dos túbulos para a superfície (9).
Desta forma, os sistemas etch-and-rinse são mais eficazes no esmalte do que na
dentina (30).
Estudos comprovam que a adesão dos sistemas adesivos self-etch à dentina é
eficaz mas o seu comportamento relativamente ao esmalte ainda permanece
questionável (9;20).
Testes de Adesão
Diversas metodologias são hoje em dia utilizadas a fim de medir a eficácia da
resistência adesiva ao esmalte e dentina. A força de adesão pode ser medida utilizando
macro ou micro testes, dependendo da área de união a ser alvo de avaliação (32).
Dois dos teste mais utilizados são, o shear bond strenght test ou teste de
resistência adesiva ao cisalhamento e o teste de tração (tensile bond strenght test)
(32;33).
Estes testes baseiam-se no conceito de que quanto mais forte for a adesão entre o
dente e o biomaterial, melhor será a resistência à contração de polimerização e ás
funções orais, melhor será o seu comportamento face ao stress e consequentemente mais
duradouras serão as restaurações ( 10).
A realização destes testes laboratoriais prende-se em prever eventuais
desempenhos clínicos e os resultados dependem do desenho do teste e das variáveis
utilizadas . (26)
Vários aspetos devem ser considerados aquando da avaliação de forças adesivas
e durabilidade da adesão, tais como heterogeneidade do dente, estrutura e composição,
as características do substrato após preparo cavitário e as características do próprio
adesivo, as suas propriedades físico-químicas e a forma como interagem com o esmalte
e a dentina (8).
Também o módulo de elasticidade do compósito pode influenciar o resultado
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dos testes. Quanto maior o módulo de elasticidade, maior parece ser o valor da
resistência adesiva (8).
Devido à variação que existe nos materiais, métodos e protocolos de cada
investigação, a comparação dos resultados de testes de adesão torna-se complicada (34).
A crítica à realização destes ensaios prende-se no facto de por vezes, induzirem
forças mal dirigidas às amostras e assim apresentarem valores de resistência adesiva
imprecisos e no facto de se utilizarem áreas muito grandes de adesão, onde o stress não
se distribui de forma equitativa na superfície aderida (35).
A utilização de superfícies grandes aumenta a probabilidade de falhas coesivas,
conduzindo a uma avaliação pouco precisa da interface adesiva (26).
De forma a combater as desvantagens acima referidas, surgiram os testes de
microtração (microtensile bond strenght), que utilizam áreas de adesão muito pequenas.
Além disso, estes testes permitem obter muitas amostras a partir de um só dente (36).
Porém, é requerida experiência para a preparação das amostras, pois o risco de
desidratação é relativamente elevado. Durante o corte e a preparação da forma de
ampulheta podem ocorrer fendas na interface e falhas prematuras, o que pode alterar os
resultados ( 36).
Os testes de microcisalhamento (microshear bond strenght) vieram combater
esta desvantagem. Estes testes, tal como os testes de microtração, avaliam áreas
pequenas, inferiores a 2mm2, e permitem obter várias amostras a partir de um só dente.
No entanto, evitam a fase de corte e recorte, impedindo prováveis fraturas prematuras
(37).
Sano et al. verificaram que as forças de adesão, obtidas através de testes de
microtração, estão inversamente relacionadas com a área de adesão e que apesar das
forças obtidas serem maiores, eram registadas múltiplas falhas adesivas entre o adesivo
e o dente. Como referido anteriormente, uma das maiores desvantagens deste teste é a
técnica da preparação das amostras ( 10).
As falhas prematuras que ocorrem aquando da preparação da amostra podem ser
consequência da baixa elasticidade e estrutura prismática do esmalte, que o tornam um
substrato intrinsecamente mais propenso a defeitos e fraturas ( 36).
Por norma, os testes de microtração apresentam resultados de adesão mais
elevados do que os de microcisalhamento, mas ambos parecem estar relacionados
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linearmente ( 36).
Estudos demonstram que áreas mais pequenas de adesão permitem maiores
forças de resistência adesiva, e que o uso de resinas compostas com módulos de
elasticidade elevados (mais rígidos) também pode contribuir para o aumento das forças
adesivas, sendo que este efeito depende dos sistemas adesivos utilizados. Os testes de
tração apresentam menor stress na zona de adesão comparativamente com os testes de
cisalhamento (37).
Estudos de resistência adesiva in vivo na dentina, demonstraram que apesar das
forças de resistência adesiva diminuírem ao longo do tempo, a interface da adesão
usando adesivos self-etch, é mais estável do que a obtida pelos adesivos etch-and-rinse
(38).
Estudos in vitro revelam resultados idênticos. Verificando-se que as forças de
resistência diminuíam com o tempo e que esta diminuição era mais significativa para os
adesivos etch-and-rinse (Scotchbond MP)comparativamente com os adesivos self-
etch(Clearfil Liner Bond II§) (39).
No entanto, num estudo de Kiremitci et al., os adesivos self-etch (Prompt ™ L-Pop
™ e Clearfil ™ SE Bond)demonstraram melhores forças de adesão tanto no esmalte como
na dentina relativamente aos adesivos etch-and-rinse (Prime & Bond® NT™) (40).
Os valores de resistência adesiva ideais podem variar entre os 15 e os 30 Mpa
(26).
Tay et al. verificaram que não existem diferenças significativas na adesão ao
esmalte íntegro quando são utilizados adesivos etch-and-rinse e adesivos self-etch
fortes, ou seja, com pH muito baixo (41).
Num estudo em dentina cariada, verificou-se que os adesivos self-etch
promoviam uma melhor adesão à dentina sã do que à dentina cariada. Desta forma, a
dentina cariada deve ser totalmente removida antes dos procedimentos adesivos, uma
vez que , as forças de adesão diminuem com o aumento da profundidade da
desmineralização da dentina (26).
Em contrapartida, outros estudos defendem não existirem diferenças
significativas na adesão nos dois tipos de dentina (26).
Quando são comparados os diferentes sistemas adesivos no que diz respeito às
forças de adesão, alguns estudos defendem a não existência de grandes diferenças entre
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eles como demonstra um estudo em que não existem diferenças significativas entre os
sistemas adesivos self-etch e etch-and-rinse no condicionamento da dentina (40).
Kaaden analisou a resistência adesiva no esmalte e na dentina com três adesivos
self-etch (Clearfil ™ SE Bond, Prompt ™ L-Pop ™ e Etch&Prime3.0 ®) tendo
verificado que todos eram eficazes na adesão ao esmalte, mas só o Clearfil ™ SE Bond
apresentava uma resistência adesiva promissora à dentina superficial e profunda (42).
Num estudo mais recente foi analisada a adesão ao esmalte e à dentina utilizando
adesivos self-etch (Prompt L-Pop e Clearfil SE Bond). Os resultados mostraram que no
esmalte o Prompt™ L-Pop™ apresentava maior força de adesão do que o Clearfil™ SE
Bond e do que um adesivo etch-and-rinse (Prime & Bond® NT™). Não foram encontradas
diferenças estatisticamente significativas entre os três na adesão à dentina e o Prompt™
L-Pop™ obteve valores de adesão mais altos no esmalte do que na dentina, como seria
de esperar, visto ser um sistema adesivo self-etch forte (40).
Van Meerbeek et al. compararam adesivos etch-and-rinse de 2 e 3 passos em
esmalte e foram obtidos resultados idênticos de resistência à microtração entre ambos
(10).
O teste de resistência adesiva ao cisalhamento tem sido amplamente utilizado
devido à sua relativa facilidade de preparação das amostras e a um protocolo de testes
mais simples. Pelo contrário, no teste de resistência à tração é difícil garantir o
alinhamento das amostras na máquina de testes sem criar um stress nocivo ( 9).
O teste de microtração (µTBS), proposto por Sano et al. (1994) também é
amplamente utilizado, uma vez que permite avaliar com mais precisão a interface
adesiva e possibilita uma diminuição significativa do número de falhas coesivas. Este
teste permite ainda estudar diferentes regiões de um mesmo dente. A obtenção de um
grande número de amostras a partir de um elemento dentário reduziu também o
coeficiente de variação do método em relação aos testes de tracção e cisalhamento. Para
além disso, a reduzida dimensão das amostras facilitou a análise das fraturas em
microscopia eletrónica de varredura (43).
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CONCLUSÃO
A dentisteria operatória adesiva e preventiva surgiu em 1955 quando Buonocore
verificou que o ácido fosfórico poderia contribuir para uma melhor resistência adesiva
ao modificar a superfície do esmalte. A técnica do condicionamento ácido tornou-se
assim, um procedimento imprescindível na medida em que uma superfície de esmalte
não condicionado oferece níveis mínimos de retenção. Buonocore defendia que a
aplicação de ácido criava microporosidades na superfície de esmalte essenciais para a
impregnação de prolongamentos de resina, aumentando assim a área de superfície
microscópica disponível para a retenção da resina.
Atualmente existem duas abordagens possíveis de adesivos: etch-and-rinse e
self-etch.
De acordo com as investigações atuais, o adesivo com melhor desempenho na
dentina são os self-etch de 2 passos pois originam boa morfologia, baixa percentagem
de nanoinfiltração e valores de resistência adesiva elevados.
São numerosos os estudos que comprovam que os adesivos etch-and-rinse são
os melhores adesivos para o esmalte.
A força de adesão entre o dente e o adesivo pode ser medida utilizando macro ou
micro testes adesivos, como o teste de resistência adesiva ao cisalhamento (SBS), o
teste de resistência adesiva à tracção (TBS), o teste de de resistência adesiva à
microtracção (µTBS) e testes de resistência adesiva ao microcisalhamento (µSBS).
Apesar da existência de numerosos ensaios laboratoriais que avaliam as forças
de adesão, estes apresentam sempre algumas limitações e impossibilidade de simulação
das condições orais de uma forma fidedigna, razão pela qual serão necessários mais
ensaios clínicos para melhor compreender o comportamento cllínico dos vários sistemas
adesivos.
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ANEXOS