Adenocarcinoma do íleon – Uma entidade rara e de...

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TC (corte axial) - Espessamento do apêndice ileocecal. Adenocarcinoma do íleon – Uma entidade rara e de diagnóstico tardio Celso Nabais, Raquel Salústio, Catarina Leite Bispo, Francisco V. Sousa, Eusébio Porto, Carlos Cardoso, Gualdino Silva, Caldeira Fradique Serviço de Cirurgia 1 - Hospital de São José TC (corte axial) - Massa no quadrante inferior direito. REFERÊNCIAS: Howlader N NA, Krapcho M, Garshell J, Miller D, Altekruse SF, Kosary CL, Yu M, Ruhl J, Tatalovich Z,Mariotto A, Lewis DR, Chen HS, Feuer EJ, Cronin KA. SEER Cancer Statistics Review: National Cancer Institute; 1975-2011 [03.11.2014]. Available from: www.seer.cancer.gov; Shenoy S. Primary Small-Bowel Malignancy: Update in Tumor Biology, Markers, and Management Strategies. J Gastrointest Cancer 2014; Overman MJ, Kopetz S, Lin E, Abbruzzese JL, Wolff RA. Is there a role for adjuvant therapy in resected adenocarcinoma of the small intestine. Acta Oncol 2010; 49(4):474-479; Guo X, Mao Z, Su D, Jiang Z, Bai L. The clinical pathological features, diagnosis, treatment and prognosis of small intestine primary malignant tumors. Med Oncol 2014; 31(4):913. INTRODUÇÃO A neoplasia do intestino delgado é uma entidade rara com uma incidência anual de 2.1 casos em 100,000. O adenocarcinoma é o segundo tipo histológico mais frequente. A localização distal, nomeadamente ileal, torna esta entidade ainda menos habitual. CASO CLÍNICO Sexo feminino, 66 anos Antecedentes Pessoais: Dislipidémia Antecedentes Familiares: Irrelevantes HISTÓRIA PREGRESSA Anorexia e perda de peso não quantificável Dor abdominal na FID com 6 dias de evolução Náuseas e vómitos com 1 dia de evolução HISTÓRIA DA DOENÇA ACTUAL Vigil, orientada, apirética, hemodinamicamente estável Abdómen não distendido, doloroso à palpação profunda na FID, sem sinais de irritação peritoneal EXAME OBJECTIVO Avaliação analítica: Hemograma sem alterações (Hb 12.3 × 10 g/L) 9 Sem leucocitose com neutrofilia relativa (6.82 × 10 /L com 83.9% N) Proteína C-reactiva aumentada (145.0 mg/L) Ecografia abdómino-pélvica complementada com TC: Massa de 4 cm envolvendo o apêndice ileo-cecal e cego Sem líquido livre ou ar intra-abdominal EXAMES COMPLEMENTARES INTERVENÇÃO CIRÚRGICA Tumor envolvendo segmento de íleon distal e apêndice ileocecal. Hemicolectomia direita radical com ressecção de 70 cm de íleon distal Adenocarcinoma do íleon com invasão do apêndice ileocecal - pT4pN0M0 Proposta para quimioterapia adjuvante CONCLUSÃO O adenocarcinoma do íleon terminal é raro e constitui um desafio diagnóstico. O quadro clínico é tardio e pouco específico, sendo a dor abdominal na fossa ilíaca direita o achado mais comum. Cerca de metade dos casos são apenas diagnosticados intra-operatoriamente. O tratamento cirúrgico indicado é a ressecção intestinal com linfadenectomia associada, nomeadamente, hemicolectomia direita nos casos de localização no íleon terminal.

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TC (corte axial) - Espessamento do apêndice ileocecal.

Adenocarcinoma do íleon – Uma entidade rara e de diagnóstico tardio Celso Nabais, Raquel Salústio, Catarina Leite Bispo, Francisco V. Sousa, Eusébio Porto, Carlos Cardoso, Gualdino Silva, Caldeira Fradique

Serviço de Cirurgia 1 - Hospital de São José

TC (corte axial) - Massa no quadrante inferior direito.

REFERÊNCIAS: Howlader N NA, Krapcho M, Garshell J, Miller D, Altekruse SF, Kosary CL, Yu M, Ruhl J, Tatalovich Z,Mariotto A, Lewis DR, Chen HS, Feuer EJ, Cronin KA. SEER Cancer Statistics Review: National Cancer Institute; 1975-2011 [03.11.2014]. Available from: www.seer.cancer.gov; Shenoy S. Primary Small-Bowel Malignancy: Update in Tumor Biology, Markers, and Management Strategies. J Gastrointest Cancer 2014; Overman MJ, Kopetz S, Lin E, Abbruzzese JL, Wolff RA. Is there a role for adjuvant therapy in resected adenocarcinoma of the small intestine. Acta Oncol 2010; 49(4):474-479; Guo X, Mao Z, Su D, Jiang Z, Bai L. The clinical pathological features, diagnosis, treatment and prognosis of small intestine primary malignant tumors. Med Oncol 2014; 31(4):913.

INTRODUÇÃO A neoplasia do intestino delgado é uma entidade rara com uma incidência anual de 2.1 casos em 100,000.

O adenocarcinoma é o segundo tipo histológico mais frequente.

A localização distal, nomeadamente ileal, torna esta entidade ainda menos habitual.

CASO CLÍNICO

Sexo feminino, 66 anos

Antecedentes Pessoais:

Dislipidémia

Antecedentes Familiares:

Irrelevantes

HISTÓRIA PREGRESSA

Anorexia e perda de peso não quantificável

Dor abdominal na FID com 6 dias de evolução

Náuseas e vómitos com 1 dia de evolução

HISTÓRIA DA DOENÇA ACTUAL

Vigil, orientada, apirética, hemodinamicamente estável

Abdómen não distendido, doloroso à palpação profunda na FID, sem sinais de irritação peritoneal

EXAME OBJECTIVO

Avaliação analítica:

Hemograma sem alterações (Hb 12.3 × 10 g/L)9

Sem leucocitose com neutrofilia relativa (6.82 × 10 /L com 83.9% N)

Proteína C-reactiva aumentada (145.0 mg/L)

Ecografia abdómino-pélvica complementada com TC:

Massa de 4 cm envolvendo o apêndice ileo-cecal e cego

Sem líquido livre ou ar intra-abdominal

EXAMES COMPLEMENTARES

INTERVENÇÃO CIRÚRGICA

Tumor envolvendo segmento de íleon distal e apêndice ileocecal.

Hemicolectomia direita radical com ressecção de 70 cm de íleon distal

Adenocarcinoma do íleon com invasão do apêndice ileocecal - pT4pN0M0

Proposta para quimioterapia adjuvante

CONCLUSÃO

O adenocarcinoma do íleon terminal é raro e constitui um desafio diagnóstico.

O quadro clínico é tardio e pouco específico, sendo a dor abdominal na fossa ilíaca direita o achado mais comum.

Cerca de metade dos casos são apenas diagnosticados intra-operatoriamente.

O tratamento cirúrgico indicado é a ressecção intestinal com linfadenectomia associada, nomeadamente, hemicolectomia direita nos casos de localização no íleon terminal.