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Índice:
Capítulo um: O Homem da Capa
Preta.
Capítulo dois: Conflitos.
Capítulo três: Poderes.
Capítulo quatro: Resgate e Luta.
Capítulo cinco: Refúgio e Mágoas
do Passado.
Capítulo seis: Academia da
Terra.
Capítulo sete: Regras e Flores
Sobrenaturais.
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Capítulo oito: Ciúmes e Inveja.
Capítulo nove: A Seleção.
Capítulo dez: Prova de
Sagacidade.
Capítulo onze: Destruidores.
Capítulo doze: Academia Reversa.
Capítulo treze: Academia do
Gelo.
Capítulo catorze: H.L.C.
Capítulo quinze: Aulas.
Capítulo dezesseis: Confusões e
Confissões.
Capítulo dezessete: Kajal.
Capítulo dezoito: Visão e
Desastre.
Capítulo dezenove: O Roubo e a
Cripta.
Capítulo vinte: Atrasadas.
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Capítulo vinte e um: Henry.
Capítulo vinte e dois: Copo-de-
leite-Assassino.
Capítulo vinte e três: White.
Capítulo vinte e quatro: A
Biblioteca Proibida.
Capítulo vinte e cinco: Luís
Figgins.
Capítulo vinte e seis: Aulas em
Casa.
Capítulo vinte e sete: Portais dos
Suspensos e Agatha.
Capítulo vinte e oito:
Renascimento e Pesadelo.
Capítulo vinte e nove: A
Tatuagem Vermelho-Rubi.
Capítulo trinta: Traição e
Batalha.
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Isabela Figgins era a garota de treze anos mais impopular do colégio inteiro. Bom, para
falar a verdade, da Califórnia inteira. Ela
morava com os pais adotivos, Sr. e Sra. Figgins (que estavam mais para patrões
adotivos), uma irmã babaca, estilo patricinha
metida, a Laurette, em uma rua de Los Angeles. Seus “pais” chamavam-na o tempo
inteiro, 24 horas por dia para que limpasse
seus quartos, arrumasse a mansão onde moravam, recolhesse o cocô da Pitty,
bichinho de estimação de sua irmã e
preparasse em uma em uma hora, um lanche light com tudo do bom e do melhor para
Laurette. E ela era constantemente
importunada pela turma de garotas populares que sua irmã andava.
Isabela dormia em um quarto de empregados, não habitado por eles fazia muito tempo. Era
frio, escuro e tinha as janelas quebradas em
vários pontos. A cama era velha e consumida pelos cupins que outrora atacaram madeira
sem piedade.
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A única pessoa que era tão impopular, indesejada e infeliz quanto a garota era
Frederichs Collins, mais conhecido pela
população do bairro, principalmente as crianças, como O Homem da Capa Preta,
figura quase mitológica que habitava a última
casa da rua, velha e deteriorada, com janelas quebradas, portas roídas, dobradiças
enferrujadas e o jardim quase tomando conta
de toda a varanda. Os ricos moradores das casas luxuosas se sentiam ofendidos com
tamanha “falta de estilo” que representava
aquela casa asquerosa para sua rua de pessoas seletas e foram queixar-se às autoridades.
Algum tempo depois, vieram dois carros com
equipamentos de demolição para destruir aquela ameaça à sociedade vip.
Todos residentes da rua assistiam aquela cena com expectativa e alegria. Todos, menos
Isabela, a qual não entendia o motivo do
preconceito com aquele homem o qual nunca vira fazendo mal a ninguém, mas ela sabia
que a maioria dos ricos era assim, tudo que
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para eles representasse alguma ameaça à riqueza ou a beleza, deveria ser eliminado.
O comandante da operação marchou imponentemente até a porta da casa e entrou
para falar com o sombrio proprietário. Pouco
tempo depois, saiu com a face pálida como um cadáver e sem dizer nada, fez sinal para os
operários saírem e partiu.
Os moradores ficaram indignados diante
daquela cena e o acontecimento serviu para
aumentar os boatos que corriam a respeito daquele homem:
- Vocês viram como ele saiu daquela casa? –
Diziam os ricos proprietários das mansões,
em suas reuniões semanais.
- Vai ver o sujeito o ameaçou de morte –
comentavam outros.
As crianças, que já tinham medo do lugar,
passaram a não chegar nem perto da casa e
nem os adultos se atreviam. Raramente, um grupinho de delinquentes ricos, liderados
pelo namorado de Laurette, Jhonny passava
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por lá e jogava uma pedra na vidraça já estilhaçada, fugindo em seguida.
Contava-se que o Homem da Capa Preta era um Serial Killer de crianças, fugitivo da
polícia, que acabou achando refúgio naquela
casa que tinha sido abandonada por parentes de um homem rico. Na primeira semana de
sua longa e fatídica estadia, uma criança foi
encontrada morta em um jardim italiano e como nada semelhante havia acontecido até
então, logo as suspeitas recaíram sobre ele.
Pouco Frederichs saía da rua, para evitar
olhares curiosos. Nas raras vezes, usava uma
capa preta com capuz, somente com os compridos cabelos louros à mostra. Quando
ele passava os moradores recolhiam seus
filhos nas suas casas, outros corriam e até mesmo os animais sentiam o ar de mistério
naquele homem e se escondiam. Pouco se
sabia o que acontecia no local e acreditava- se que o sombrio residente matava animais e
mendigos para rituais de magia negra.
Isabela não sabia quem tinha espalhado esses
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boatos ou o que Frederichs fazia em sua casa. E não lhe interessava saber.
Capítulo dois:
Conflitos.
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Laurette estava sentada com seu namorado perto da piscina da sua mansão. Ela se sentia
entediada e seu passatempo predileto nas
horas vagas era zombar e humilhar a irmã de criação. Ela virou o rosto para a cozinha,
onde Isabela estava limpando as janelas e
gritou:
- Ei, lerda, traga logo esse Milk-shake diet.
Será que vou passar fome a tarde inteira?
Dentro da cozinha, Isabela suspirou
exasperada e respondeu:
- Já vou indo, não posso fazer duas coisas ao
mesmo tempo!
O que ela mais queria agora, com o sol
quente refletindo nos finíssimos vidros da cozinha e esquentando sua cabeça, era que a
irmã sumisse da sua vida, assim não
precisaria mais atender aos seus caprichos nem aguentar suas humilhações. Deu outro
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suspiro, apanhou uma bandeja e foi servir ao casal.
Laurette tomou a bebida com uma careta.
- O shake está uma porcaria, sua
incompetente. – Disse, cuspindo aos pés dela, e jogou o resto no rosto da irmã, para zombar
dela. Parte de Laurette não esperava a reação.
Isabela não aguentou mais o desaforo e partiu para cima dela, dando tapas em seu rosto e
enfiando as unhas no braço, procurando
desforrar o máximo do que viera suportando nos últimos tempos, enquanto o namorado de
Laurette tentava separar as duas sem sucesso,
até que ela bateu com a cabeça da irmã na borda da piscina e a garota desmaiou.
Aquele foi o momento mais desesperador da vida da garota. Seus pais iriam a matar por
ter machucado a filha predileta deles. Ela
ouvia Jhonny como se ele estivesse distante “Viu só o que você fez sua desequilibrada! Oh,
Laura, acorde, por favor! ”
O Sr. Figgins veio correndo e empurrou
Isabela, a fazendo cair dentro da piscina.
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- Minha filha! O que aconteceu? - Seu rosto começou a ficar vermelho de raiva - Quem foi
o responsável por isso?! - Perguntou ele,
furioso.
- Foi sua outra filha, senhor. Ela bateu com a
cabeça de Lau na borda da piscina.
Isabela se viu sendo arrastada pelo cabelo até
o porão pelo pai. Ele disse:
- Agora, sua pestinha ingrata, você vai
apodrecer aqui dentro uma semana para aprender a tratar melhor quem te dá de tudo.
Sozinha, trancada no porão escuro e frio, a garota se jogou contra a parede e começou a
chorar silenciosamente. Por que seus pais
tiveram de morrer e ela ficar com os Figgins? Por que não tinha nenhum parente para
buscá-la e a criar?
O primeiro pensamento de Isabela ao secar as
lágrimas e aceitar sua miserável condição foi
encontrar algo engenhoso o suficiente para ela conseguir se libertar. Várias vezes
Figgins a tinha colocado de castigo e ela
conseguira escapar. Tentou várias vezes, com
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diversas coisas, até que acabou machucando um dedo e, frustrada, desistiu, até que seus
olhos encontraram um velho lençol, já roído
pelas traças. Levantando ele, estava um pesado baú de carvalho, que fez a garota se
animar novamente, mas quando o abriu se
decepcionou, pois não havia nada demais ali, somente anotações de despesas com a casa,
contas e registros de empregados. Pela data,
Isabela deduziu que aqueles documentos eram anteriores a sua estada ali. Ela lia um
contrato de admissão de um jardineiro,
quando se deparou com uma carta que quando a leu, seu coração gelou
11 de setembro de 2000
Sr. Figgins,
Daqui a alguns dias lhe mandarei a criança. Peço
que não conte nada à sua esposa nem a ninguém.
Quero que isso fique entre nós, pois se os pais dela
um dia vierem a descobrir o que aprontei, são
capazes de qualquer coisa para se vingarem de
mim e reaverem sua filha. Estamos nos preparando
para declarar guerra a eles, pois a trégua não nos
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beneficia em nada. Quero também que cuide dela
como quiser, mas não a mande para um orfanato,
senão nós dois teremos problemas.
Franklin Dohk
20 de setembro de 2000,
Não se preocupe. Minha esposa não fará muitas
perguntas. É uma mulher tola e fútil, facilmente
manejada. Quanto aos cuidados com a criança,
ela nunca irá para um orfanato e tampouco
saberá de suas origens.
Luís Figgins
Isabela deixou-se cair aos poucos no assoalho
do sótão. Seria ela a criança mencionada ali? Tudo indicava, pois se referiam ao bebê como
“ela” e aquelas correspondências trocadas por
Figgins e aquele homem desconhecido foram pouco tempo antes de sua chegada na
Mansão Figgins.
Seria possível que seus pais biológicos
estivessem vivos? Sofrendo pela filha que
nunca chegaram a conhecer direito? Quem
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era Franklin e de que guerra ele estava falando?
A garota remexeu mais um pouco no baú a procura de mais cartas, ou um documento
que estivesse ali sobre a sua existência, mas
não encontrou nada. Arrumou novamente o baú, recolocando o fundo falso e cobrindo-o
novamente com o lençol, pois se o seu “pai”
suspeitasse que ela tivesse mexido em seus papéis, nem queria imaginar o que iria
acontecer. Havia uma boa razão para o Sr.
Figgins guardar aquelas cartas em um aposento malcheiroso e embolorado como
aquele; não queria que ninguém suspeitasse
de suas atividades ilícitas. Retirou somente as duas cartas.
À noite, uma nova empregada que havia sido contratada para ocupar seu lugar, veio trazer
a sua janta miserável: pão seco e água. A
garota soube, através da mulher, que Laurette tinha ido parar no hospital, a fim de
tomar pontos na cabeça machucada e Isabela
sentiu uma satisfação cruel por ter ferido a irmã. Após a refeição parca, ela olhou muito
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tempo para as cartas, analisando cada detalhe da caligrafia caprichada de Franklin e como a
letra de seu pai adotivo parecia... diferente.
Seus olhos começaram a pesar e ela adormeceu.
No dia seguinte, Sara Figgins, sua mãe adotiva, foi falar com ela.
- Decidimos suspender sua detenção por enquanto, porque infelizmente você precisa ir
para o colégio. Por mim, você poderia
apodrecer aqui, mas Luís, em consideração a seus antigos empregados, não quis assim.
A mulher caminhou até o outro lado do cômodo, encarou a garota com um olhar
hostil e disse:
- Mas fique sabendo que se você encostar
novamente um dedo em nossa filha, nem Luís
me impedirá de lhe mandar para um orfanato como uma pobre e miserável criança órfã.
Você deveria ser grata por termos a acolhido,
dado comida, roupa, um quarto para dormir e nosso sobrenome, uma honra que não damos a
quase ninguém.
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“Você não sabe de nada, sua tola”, Isabela queria dizer, mas conteve-se, pois, a última
coisa que queria era despertar ainda mais a
fúria de Figgins. A menina devolveu o olhar à mulher e elas ficaram se encarando até que
Sara se virou abruptamente e, glacialmente,
seguiu seu caminho.
Com má vontade, pois não queria ir a lugar
nenhum, Isabela se levantou e foi se preparar para um fatídico dia de aula no colégio
público Angel, que de angelical não tinha
nada.
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Capítulo três:
Poderes.
Quando chegou à metade do caminho, Isabela viu a turma de garotas que Laurette andava
em uma lanchonete chique. Uma delas a
avistou, falou para o grupo e elas a olharam com ódio e passaram a cochichar umas com
as outras.
Isabela sentiu o sangue subir à cabeça e de
repente ela estava gritando para as meninas:
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- Falem na minha frente! Ou não são corajosas o suficiente?! – Isabela colocou a
mão em forma de concha no ouvido. – Hein?
Não estou ouvindo! – Debochou.
Com um olhar conjunto, as garotas
levantaram-se, com caras feias.
- Não vamos perder nosso tempo com você. –
Descartou uma garota bonita e alta. – Não passa de uma mal-educada e pobretona,
mesmo que seja irmã de Laurette.
- Volte para o buraco em que você nasceu,
assim você não emporcalha e envergonha
nossa rua com sua presença. – Disse outra. Um coro de “Saia, pobre” se avolumou entre
as garotas.
Isabela explodiu de raiva.
Raiva do homem que a tirou dos seus pais e a deu para os Figgins.
Raiva do Sr. Figgins, por tê-la “acolhido”.
Raiva até de seus pais biológicos, por ter
nascido.
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Ela sentiu as mãos ficarem quentes, como se estivessem pegando fogo. Quando olhou para
elas, ficou boquiaberta diante das duas
torrentes de chamas que brotavam delas. Sem saber o que fazer e sabendo exatamente como
usar, ela lançou as chamas nas garotas que
rapidamente recuaram boquiabertas.
Isabela já estava imaginando se aquilo não
passara de fruto da sua imaginação, provocado pelo nervosismo, quando ela
encarou as garotas. Elas a olhavam
completamente bestializadas e olhavam para uma cratera enorme aberta no asfalto. A
melhor amiga de Laurette, a líder do
grupinho olhou para Isabela. E não era ódio ou deboche estampado em seu semblante. Era
medo.
- Laurette pediu o que eu fiz e vocês também
- disse Isabela. – É, é isso mesmo que vocês
estão pensando. – Acrescentou, vendo as expressões amedrontadas delas. – É melhor
que me deixem em paz, ou posso fazer o
mesmo com vocês como fiz com o asfalto. Sou capaz de coisas que vocês não poderiam
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imaginar. – Disse suavemente, com um sorriso ameaçador. Ela virou as costas e
seguiu seu caminho.
No caminho, Isabela não parava de olhar para
as mãos e tremer, ainda custando a acreditar
no que havia feito. Ela se beliscara várias vezes, para provar a si mesma que estava
acordada e se aquilo tudo não passara de um
pesadelo um tanto assustador. Ela olhou para trás. Ninguém havia visto o que tinha feito
com o asfalto, ou nesse momento já estaria
presa. O máximo que poderia acontecer, nesse caso, era que as amigas de Laurette
fossem internadas em um hospício por
contarem histórias fantasiosas.
Na escola, a situação da menina piorou. Ao
chegar, percebeu cochichos e olhares curiosos da maioria dos colegas e até mesmo de alguns
professores. Isabela esgueirou-se para um
corredor e chamou Suzana, sua única amiga em toda a escola e perguntou por que todos a
encaravam.
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- Souberam da sua “exibição” de força com a Laurette. – Informou confidencialmente a
amiga.
- Oh, não - queixou-se a garota. - Eu não
queria chamar atenção.
- Pelo menos, sua popularidade por aqui
aumentou bastante. Ouvi as valentonas
aprovando a surra que você deu na patricinha.
Nesse instante, vinham passando duas delas, Roberta Evs e Ella Ruby. Elas pararam,
olharam para Isabela e cumprimentaram-na.
Ignoraram completamente Suzana.
Isabela entrou na sala e sentou- se na última
carteira. Quanto menos chamasse atenção, melhor.
Era aula da Srta. Pétala, e a garota estava entediada e com a cabeça no mundo da lua,
olhando para os cabelos compridos da
professora, que sem razão nenhuma a incomodavam. Imaginou como seria se eles
fossem cortados.
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De repente, uma tesoura pousada na mesa, voou até os cabelos da mulher, abriu-se, fez
ziguezague e cortou-os. Vários alunos
gritaram e apontaram para a mulher, que ao perceber que seus lindos cabelos ruivos que
levaram tanto tempo para crescer e
delongaram tantos cuidados, deu um berrinho e desmaiou.
Enquanto uns alunos, aflitos tentaram socorrer a professora, outros foram buscar a
diretora. Quando ela chegou, perguntou:
- Muito bem, o que aconteceu com a Srta.
Pétala?
Vários alunos começaram a falar ao mesmo
tempo e a sala virou uma bagunça. A diretora
ergueu a mão para silenciá-los e apontou para o fundo da sala no outro extremo, canto
relegado para aqueles mais detestados da
turma, onde se encontrava Pedro, um garoto muito antipático e dedo-duro.
- Srta. Dollen. - Disse ele, com uma voz bajuladora. - Eu vi Isabela olhando para a
tesoura e em seguida para o cabelo da
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professora, aí ela voou e cortou os cabelos da Srta. Pétala.
Isabela sentiu o suor escorrer pelo rosto, mas mesmo assim retrucou friamente:
- O que está sugerindo Pedro o Popular? Está me chamando de feiticeira ou algo
assim?
- Não, colega - respondeu o garoto, franzindo
o rosto a menção do apelido zombeteiro
“Popular” - apenas levo em consideração alguns, hum, acontecimentos especiais, você
sabe.
A garota se calou. A verdade é que haviam
acontecido coisas muito estranhas durante
sua vida. Em outra escola, ela havia feito uma menina perder o equilíbrio no mar e quase se
afogar, só mentalizando o ocorrido. A primeira
a ser culpada, é claro, era ela que já tinha sido examinada por muitos psicólogos e
classificada como “um caso impossível”. No
primeiro ano no colégio Angel, ela teve uma confusão com Mary, uma garota que não a
suportava, pois gostavam do mesmo garoto.
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Era aula de biologia e as duas estavam em dupla (obrigadas pela professora), dissecando
um sapo. Mary jogou uma tripa do animal
com o canivete no seu rosto, propositalmente. Isabela ficou com raiva e fez, com a mente, o
sapo já morto pular sobre o rosto da menina.
Foi um alvoroço. Mary gritou e desmaiou de choque e a aula teve de ser encerrada. Além
desses episódios infelizes, várias vezes ela
perdera o controle e agredira colegas.
Após dar essa rebobinada no seu passado,
Isabela respondeu:
- É impossível que isso tenha acontecido,
diretora! Coisas desse tipo não existem! O que Pedro está sugerindo? Que eu sou uma
bruxa? Eu faço magia negra?
- Acalme-se Isabela, eu apenas estou
lembrando os incidentes estranhos que
aconteceram envolvendo você - atirou Dollen.
- Aquilo foi mera coincidência!
Pedro lançou- lhe um sorriso sádico e disse:
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- Acho que não, coleguinha.
Um segundo depois, Isabela estava lançando
uma pesada e antiga régua de madeira na cabeça do garoto, que se esquivava, a fim de
evitar os golpes, até que um acertou sua nuca,
que abriu um corte profundo. Pedro começou a berrar imediatamente.
- Contenha-se, por favor, Srta. Figgins! Veja só o que você acabou de fazer com seu colega!
– Bradou a diretora.
- Quer saber diretora? - Agora a menina
estava no limite da sua raiva. - Vá queimar no
fogo do Inferno!
De repente, um enfeite na cabeça da mulher
começou a pegar fogo e ela entrou em pânico, correndo de um lado para outro e tentando
apagar o pequeno incêndio, até que enfiou a
cabeça em um jarro de flores com água e conseguiu controlar as chamas, que já tinham
destruído metade de seu cabelo. Ela caiu em
uma cadeira e apontou para Isabela, dizendo duas palavras que determinariam sua
mudança de vida.
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- Você... expulsa...
Foi a pior noite de Isabela. Os Figgins
gritaram com ela, ela gritou de volta e fez um gesto obsceno para eles, pelo o que levou uma
surra.
- Você vai para uma escola de crianças
perturbadas, onde é o seu lugar, aberração -
provocou Laurette.
A garota foi dormir com a cabeça latejando
de raiva. Não era sua culpa ter nascido assim, se ao menos pudesse fugir, quem sabe
encontrar até seus pais biológicos...
Então, subitamente, teve uma ideia que quase
a fez pular da cama de excitação. O Sr.
Figgins tinha um escritório, com vários papéis antigos. Só precisaria entrar lá quando
não tivesse ninguém e procurar algum
documento ou correspondência que tivesse a ver com a sua vida.
No dia seguinte, durante o café da manhã, o casal Figgins anunciou que iria procurar uma
escola para especiais e uma psicóloga barata e
que era conhecida por detestar crianças.
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Isabela ficou revoltada, mas se conteve e não disse nada. Era melhor que não piorasse as
coisas.
Depois da refeição, os Figgins saíram para
ver as escolas e a menina foi limpar o quarto
da irmã, que estava no celular, trocando mensagens com o namorado. De repente, ela
fechou o aparelho e encarou Isabela.
- É verdade o que papai e mamãe disseram
sobre você ser uma bruxa? – Perguntou ela,
curiosa.
- Continue a me encher e logo vai descobrir -
rosnou a outra.
- Só estou perguntando, querida. É que tem
um menino novo no meu colégio, muito bonito. – Ela piscou e jogou a cabeça para
trás. Isabela dilatou as narinas. Ela detestava
garotas fúteis.
- Antes eu fosse uma bruxa mesmo, assim
poderia me livrar de você e de seus pais babacas para sempre! – Disse Isabela com
ferocidade.
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- Nossos pais.
- Estou mais para empregada do que membro
da família - gritou ela, saindo e batendo a porta furiosamente.
À noite o Sr. Figgins anunciou que ela iria para o Colégio Público de Transtornados,
que era uma escola cheia de doentes mentais,
violentos e drogados. Isabela nunca iria para aquele lugar.
- Não sou um caso impossível! - Gritou ela- E não vou para merda de Rogers nenhum!
- Ah, pode apostar que vai! Somos seus pais e decidimos seu futuro! – Gritou Luís.
- Não são não. Apenas meras substituições horríveis de pais - pronunciou maldosamente.
Ela se retirou da mesa de jantar com os olhos ardendo. Ao chegar ao quarto, desabou em
lágrimas e chorou até não poder mais. Depois
de horas de lamúria, finalmente adormeceu, com o travesseiro molhado.
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No dia seguinte, como ela só iria começar suas aulas à tarde e ouviu a boa notícia que o
casal Figgins iria sair para um show com
Laurette, resolveu pôr em prática o plano de vasculhar o escritório de Luís para tentar
achar algo.
Esperou-os saírem e então entrou no
aposento. Olhou em todas as gavetas,
prateleiras e não encontrou nada. Já estava começando a se desanimar da sua busca
quando viu uma abertura mal disfarçada no
fundo da escrivaninha do Sr. Figgins. Ao abri-la, para a sua alegria, haviam mais
quatro correspondências:
12 de agosto de 2010
Sr. Figgins, recentemente recebi uma informação
que me deixou preocupado e deixará o Sr.
também. Há um boato que um dos parentes de
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Isabela Roklov está residindo no seu bairro.
Quero que verifique se a informação é verdadeira.
Dohk
14 de agosto de 2010
Irei investigar isso pessoalmente, e, se for verdade,
me livrarei de uma vez por todas desse
“morador”.
Luís
A menina quase caiu de surpresa. Seria
possível que tivesse algum parente seu na rua esse tempo todo e ela não sabia? Precisava
descobrir quem era.
Isabela parou de ler e congelou, porque ouviu
a voz do Sr. Figgins a meio metro dela.
- ... Porcaria de show! Perdi meu tempo para
ver um cantorzinho sem talento. - Queixou-
se ele.
- Meu gosto musical não é o mesmo seu. –
Dizia Laurette, dando um chilique. Isabela revirou os olhos.
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- Queridos, vamos parar de discutir e... A Sra. Figgins parou subitamente, pois Isabela tinha
se mexido e acidentalmente quebrado uma
das estátuas de porcelana fina que decoravam o escritório do pai.
- Quem está aí? – Bradou Figgins – Apareça agora!
A menina prendeu a respiração e aguardou o seu destino. Luís circulou a mesa e
encontrou-a, dando um sorriso maldoso ele
disse:
- Ah, sua peste, é você de novo! O que estava
fazendo aqui?!
Isabela estava com as cartas na mão e tentou
escondê-las. Ao escorregar elas para debaixo de um tapete persa, o homem percebeu o
movimento, avançou no pulso da garota e
exigiu que ela mostrasse o que estava escondendo. Quando não quis fazer isso, ele
torceu o seu pulso e arrancou os papéis,
rispidamente. Ao lê-los, empalideceu.
- Desgraçada, você descobriu? – Sussurrou
ele.
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- A mentira nunca fica guardada para sempre – retrucou Isabela, sorrindo de satisfação,
apesar de tudo.
- Descobriu o quê, Luís? - Perguntou Sara
altivamente, procurando ver o que estava
escrito nos papéis.
- Nada querida – murmurou o homem,
completamente abobado.
- Deixe-me ver essa carta- pediu a mulher.
- Não. – Negou Figgins, movendo-as para
longe do alcance da vista de Sara.
- LUÍS, EU QUERO ESSA CARTA
AGORA! – Gritou ela perdendo a paciência.
Como ele não se moveu, a Sra. Figgins
entrou em ação. Deu uma bofetada de fazer
qualquer um perder o equilíbrio no rosto dele, tomou as cartas da mão do marido e leu-
as. Ao ver o conteúdo perguntou:
- Quem é essa Isabela Roklov, tão falada
nessas cartas? Por acaso o senhor anda me
traindo? - Perguntou ela, pronta para a briga.
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- Sou eu, sua mulher estúpida! – Explodiu Isabela - Não sou filha de nenhum empregado
dele! Fui tirada dos meus verdadeiros pais
quando era bebê por esse tal Franklin que ele se corresponde.
Houve um longo silêncio na sala, até que, com a voz absurdamente calma, a mulher
dele perguntou:
- É verdade, Luís? Criamos essa garota
ingrata à toa só por causa de um amigo seu,
um traficante de pessoas? - Figgins não
respondeu. Olhava intensamente para a
garota, como se pudesse matá-la com o olhar.
Até Laurette parecia chocada:
- Isabela tem pais vivos? – perguntou ela.
De repente, um estrondo alto na sala
interrompeu a desconfortável discussão. O
Sr. Figgins pegou um revólver e correu para o cômodo, pronto para atirar no que fosse.
Laurette e Sara correram também, e como
não iria ficar sozinha ali, Isabela foi junto com as duas.
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Ao chegar à sala, ela viu uma mulher alta e magra, com cabelos castanho-escuros que
desciam até as costas. Usava uma longa
túnica vermelha e combinando, tinha uma faca manchada de sangue na mão. Com ela,
estavam muitas outras pessoas, com túnicas
ora brancas, ora vermelhas. Quando ela falou, sua voz soberba percorreu todos os cômodos
da Mansão Figgins:
- Vim buscar minha filha, onde ela está?
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Capítulo quatro:
Resgate e Luta.
O Sr. Figgins, aterrorizado com a visão
daquela mulher, disparou duas vezes contra
ela, que ergueu a mão, como se a bala fosse uma coisinha à toa e desviou- a no meio do
caminho.
- Onde está a garota? – repetiu ela.
- Não tem garota nenhuma aqui, sua psicopata – disse Figgins com a voz trêmula,
procurando bloquear Isabela do campo de
visão da mulher.
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- Não sou boba, você tirou minha filha de mim e agora pagará por isso! – gritou ela.
Com eficiência, ela arremessou a faca contra Figgins.
Duas coisas aconteceram.
Uma criatura enorme e peluda, com aspecto
hediondo, se jogou na frente de Luís, recebendo todo o impacto da facada. As
janelas finas da mansão se quebraram e mais
demônios invadiram o local, uivando como bestas, liderados por um homem alto e
musculoso, com cabelos compridos e negros.
Atrás vinha uma mulher muito bonita, com olhos cinza-claros e cabelos ruivos como o
fogo.
- Ora, ora quem temos aqui, senão minha
amiga e cunhada. – disse a mulher com um
sorriso sarcástico.
- Não sou sua amiga, Asha. Não me obrigue a
te despedaçar. - retrucou a outra, friamente.
- Depois de todos esses anos você continua a
mesma porcariazinha arrogante e convencida
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de sempre, não é? – cuspiu Asha. – Bem típico. Eu não esperava nada diferente para o
idiota do meu irmão.
- As pessoas comuns mudam querida. Não é o
meu caso. – Cléo partiu para cima da ruiva,
que recuou um pouco diante do ataque surpresa, mas logo começou a rir
desdenhosamente.
- Lembra disso aqui? – dizendo isso, tirou
uma espada curva, com o cabo preto e a
lâmina prateada da cintura.
- Ceifadora – sussurrou a outra – Depois de
todos esses anos, você ainda a guardou.
- Sempre, Cléo. É minha arma favorita.
Lembra do dia que eu a moldei? Você me reprovou e dedurou para os seus professores.
Foi a melhor coisa que me fez na vida. Graças
a você sou o que sou hoje.
- E por acaso você se lembra do dia em que eu
escolhi essa? – perguntou a outra, tirando uma espada menor do que a da adversária,
mas com um aspecto mais assustador. Tinha
cerca de oitenta centímetros era preta, com
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uma estrela de cinco pontas talhada no cabo. – Foi a única que se ajustou para o meu tipo de
pessoa – disse, partindo para o combate com
ferocidade.
As lâminas se cruzaram com velocidade. A
ruiva atingiu Cléo no ombro, fazendo um
longo corte nela. O sangue aflorou e a mulher apertou os dentes, dando um chute no
estômago da outra, que ficou sem ar.
- Você sempre foi bruta, Cleônida. – a outra
começou a rir, abraçando o próprio corpo. – Uma desequilibrada, sem o mínimo de estilo.
Fred foi muito idiota mesmo, de ter se casado
com você.
- Se doendo, cunhada? – Cléo debochou,
gargalhando. Ela bateu no rosto de Asha com a lâmina, machucando-o. Asha rosnou e
perdeu a paciência, atacando a outra
novamente.
Isabela olhou o estado de caos que se
espalhava pela sala. Figgins estava caído, inconsciente e a Sra. Figgins e Laurette
corriam para um quarto do pânico para se
Academia Elemental
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proteger. As pessoas que tinham vindo com Cléo estavam lutando com as criaturas
repugnantes que Asha tinha trazido consigo.
O homem musculoso que entrou com Asha
estava caminhando na direção da menina com
um sorriso demoníaco. Vendo que ninguém a defenderia, Isabela correu para o outro lado
da sala, pegou a adaga que a mulher havia
jogado em Luís, ainda suja de sangue da criatura e a arremessou sem jeito contra o
homem que gritou e se desviou do lance.
Sorrindo novamente, ele arrancou a faca da parede. Sua idiota, pensou Isabela. Você não foi
feita para arremessar coisas.
- Menina tola, pensa que podia me atingir?
- Eu não penso que posso. Eu posso – e,
dizendo isso pegou uma lança que uma
escultura medieval de decoração do Figgins e
atingiu fortemente o estômago do homem, com uma estocada. Ele começou a verter
sangue e cambaleou, caindo de joelhos.
Então o Homem da Capa Preta entrou na
sala e tirou o capuz preto que o cobria,
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revelando um rosto magro e olhos cinzentos, muito parecidos com o de Asha.
Mesmo de joelhos e tossindo sangue, o capanga da ruiva sorriu asquerosamente, com
os dentes sujos.
- Fred, meu amigo, quanto tempo. – tossiu. -
E eu que pensei que você iria ficar quietinho
como um morcego naquela sua casa velha e mofada, se é que aquilo pode ser chamado de
casa.
- Cale a boca, Franklin, seu desgraçado.
Deixe minha filha em paz.
Minha filha? – pensou Isabela, confusa com
tudo aquilo.
- E o que Fredinho vai fazer se eu não quiser obedecer? – zombou Dohk, erguendo-se
lentamente. Os machucados dele, de alguma forma, começaram a se fechar.
Um arco e flecha brancos se materializaram na mão de Frederichs.
- Vou te atravessar com isso. – disse para o malfeitor que ficou branco como sal, mas logo
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se recompôs, conjurando do vazio uma besta escura e começou a disparar flechas no outro.
Isabela correu, temerosa que alguma delas a
acertasse.
Do outro lado da sala, alguns demônios
estavam mortos e outros feridos. Em contrapartida, alguns dos magos estavam
feridos também, e um jovem de cabelos
brancos compridos, jazia morto, com olhos abertos, fixados no vazio. Asha jogou uma
bola energética em uma das paredes,
destruindo-a completamente e abrindo um portal azul.
- Vamos Franklin! – disse ela correndo para a base do portal.
- Covarde como sempre, não é?! – gritou Cléo – Foge sempre que as coisas complicam para
o seu lado. Fique, para que decidamos isso até
a morte. – desafiou.
Asha olhou para ela e disse:
- Eu voltarei. E, mesmo que demore, pode ter
certeza que quando isso acontecer, você – ela
olhou para Cléo. – E você seu traidor – disse
Academia Elemental
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olhando para Fred -, irão pagar muito caro por isso.
E, com um estrondo, eles desapareceram, derrubando tudo ao redor.
Cléo atravessou a sala e foi até a garota.
- Você está se sentindo bem, querida? –
perguntou ela suavemente.
A garota fez que sim com a cabeça, apesar de
se sentir meio zonza. A mulher olhou para ela criticamente, abanou a cabeça e sussurrou
algo para Frederichs:
- Cure ela, magia verde – disse ela bem
baixinho para o marido, que conjurou uma
bola verde e começou a curar Isabela, que estava se sentindo cada vez mais tonta, e
desmaiou.
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Capítulo cinco:
Refúgio e Mágoas do Passado.
Dois dias se passaram com Isabela
inconsciente. Durante esse tempo, ela teve vários sonhos estranhos e confusos com
pessoas que ela conhecia e não conhecia.
Então, finalmente, ela despertou. Estava num
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quarto simples, com uma cama e lençóis brancos e um pequeno armário de parede.
Junto a ele, tinha um menino sardento de
cabelos ruivos, mais ou menos da idade dela. Ele acordou, e vendo que ela também tinha
despertado, disse num tom alegre, como se há
muito tempo ele esperasse por isso:
- Até que enfim, acordou maninha. Já estava
cansado de ficar 24 horas por dia vigiando você.
- Maninha? Como assim? – indagou ela, que não estava entendendo nada.
Ele se aproximou e percebeu com um choque que eles eram parecidos.
- Deixe-me apresentar – disse ele, com uma risada. Sou Athop Roklov, filho mais velho de
Cléo Roklov e Frederichs Collins, em
resumo, seu irmão.
Isabela ficou quieta. Há pouco tempo, ela
achava que não tinha nem pais vivos, e agora também um irmão.
Academia Elemental
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- Nós não tínhamos certeza se você estava viva, mas vínhamos seguindo algumas pistas
da sua localização. Foi então que decidimos
agir e lhe resgatar.
- E porque não vieram antes?! – perguntou
ela. Havia raiva em sua voz. – Todos esses anos sofri e fui tratada como uma escrava dos
Figgins.
- Nosso pai foi morar naquela casa velha e
desconfortável por causa de você. - o garoto
estava praticamente gritando. - Figgins fez de tudo para deixar uma má imagem do
nosso pai e ele ser expulso! E você só se
importa com o seu sofrimento – falou o
garoto friamente.
- Nossa. – assobiou Isabela. – Acabamos de nos conhecer e já tivemos nossa primeira
briga como irmãos.
- Está no sangue. – disse Athop, rindo. – A
maioria de nós já nasce brigando.
Isabela teve um clique na mente e lembrou-se
de algo desagradável. Ela parou
imediatamente de rir.
Academia Elemental
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- O que foi? – perguntou Athop, preocupado.
- Eu estava me lembrando que quando
Frederichs chegou na rua, uma criança morreu. – disse ela. Ainda era difícil se
convencer que tinha uma família biológica
viva. Isabela decidiu que na primeira oportunidade, iria se beliscar para verificar se
não estava dormindo. – Diga, por favor, que
ele não a assassinou.
- Lembra que há poucos segundos eu te disse
que Figgins queria ele longe de você a qualquer custo? Pois ele fez coisas que você
não pode nem imaginar para manter esse
segredo.
Isabela ficou mal. Luís nunca foi nem lhe
pareceu uma pessoa boa, mas a ideia dele matando alguém, uma criança para encobrir
crimes passados lhe pareceu horrível.
Athop viu o horror da irmã e tratou logo de
mudar de assunto. Não queria vê-la mal.
- Você deve estar com fome, depois de todos
esses dias apagada. – disse ele – Vou buscar
um sanduíche.
Academia Elemental
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- Obrigada – agradeceu ela, e forçou um sorriso. Por dentro, suas entranhas estavam
simplesmente congeladas.
Depois de cinco minutos, quem veio trazer
seu lanche não foi o irmão, mas sim a mãe.
Ela tinha trocado sua túnica branca por uma camisa e calça jeans e seu cabelo estava preso
em duas tranças compridas. Parecia uma
mulher jovem, apesar de ter tido ela e o irmão.
- Como está se sentindo querida? – perguntou a mulher. Havia círculos sob seus
olhos como se estivesse dormindo mal. –
Ficamos muito aliviados quando soubemos que você acordou.
- Estou com fome, mas fora isso me sinto bem – respondeu a menina.
- Desculpe por não ter vindo te buscar daquela vida infernal antes – suspirou a mãe
dela. – Eu sei o quanto você deve sentir falta
de uma família que te ame de verdade.
- Quem era aquela mulher ruiva? –
perguntou ela. Já não sentia mais tanta raiva
Academia Elemental
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dos pais, só uma curiosidade inquietante por compreender quem era.
- Infelizmente – disse a mulher com um olhar triste, como se dissesse para a garota que
alguém muito próximo dela havia morrido –
Ela é irmã do seu pai, em resumo, sua tia.
- O quê! – exclamou ela, quase derrubando o
lanche que estava sobre da cabeceira da cama. – aquela psicopata é minha parenta?
A mãe dela se sentou na cama e começou a contar uma história:
- Há muito tempo, quando estava na Academia Elemental, conheci seu pai e a irmã
dele, quando os alunos da Academia de Gelo
vieram passar uns tempos conosco. Ele era muito mimado e um pouco babaca, mas
mesmo assim, nós nos apaixonamos e
começamos a namorar. Asha nunca aprovou, dizendo que todos os ideais que a família dela
pregava sobre riqueza e poder estavam se
afastando do irmão por minha causa, e que precisávamos terminar.
Ela fez uma pequena pausa e continuou:
Academia Elemental
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- Quando a Guerra Ceifadora de vidas começou, nos separamos, pois apoiávamos
lados opostos, eu o da luz e seu pai o das
trevas. – Cléo olhou vagamente para a parede, recordando um passado distante. –
Lembro-me do dia; não conseguimos nem
terminar formalmente. Fomos simplesmente separados. Durante última e mais sangrenta
batalha, eu lutei com bravura e ele me salvou
de um demônio que quase me mataria, se não tivesse se jogado na minha frente e me
protegido. Fui para o Hospital Spero e lá
mesmo ele me pediu desculpas e me pediu em casamento. Eu aceitei na hora. Antes mesmo
da guerra, já tinha o perdoado. Ele foi forçado
a fazer o que fez.
- E porque Asha ficou desse jeito? –
perguntou a menina com um calafrio, lembrando-se da aparência doentia da tia.
- Ela tinha um namorado do lado do mal, braço direito do Ceifador, chamado Dylan.
Na guerra ele foi morto. Ela ficou tão abalada
que arruinou completamente. Às vezes, a revolta vem simplesmente da dor.
Academia Elemental
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- Depois da morte do Ceifador, ela se tornou a Ceifadora e batizou a arma que ela própria
forjou escondida na Academia. Agora, ela só
espera o momento propício para reiniciar a guerra.
Um tremor percorreu o corpo de Isabela. Quem disse que a família era boa e perfeita,
independentemente das diferenças, tinha se
enganado horrivelmente.
- E o que eu tenho a ver com isso? –
perguntou a menina. – Porque fui morar com os Figgins?
- O lado sombrio precisava desesperadamente tirar nossas forças o quanto pudesse então
vários deles tiravam magos ainda bebês das
mães e os entregavam a uma família que lhe devesse favores, para que a magia das
crianças fosse oprimida e nosso lado ficasse
em desvantagem, sendo massacrado. É uma estratégia doentia, mas que funcionou muito.
– disse Cléo, amargamente.
- Então há várias pessoas no mundo na
mesma situação que eu estive – sussurrou ela,
Academia Elemental
56
chocada, elevando a voz em seguida, revoltada. – Milhares de crianças sofrendo?!
- Temos um grupo especial de magos para identificá-las e as devolver para os seus pais
ou nosso governo, para cuidar das que os pais
já morreram – informou Cléo.
- O que aconteceu com os Figgins? – Isabela
perguntou, torcendo maldosamente que a resposta não fosse positiva e que eles
estivessem sendo rigorosamente castigados.
- O Figgins foi preso em Kajal, nossa
detenção especial. E as Figgins... - a mãe dela
ficou desconfortável.
- O que aconteceu com elas? – insistiu
Isabela.
- Eu as trouxe para cá, porque elas não
podem ficar na mansão enquanto estamos investigando.
- O QUÊ! – gritou Isabela, totalmente irritada – A senhora trouxe aquelas duas
vacas para aqui?! Como se não bastasse ter de
aturar elas por esses anos todos!
Academia Elemental
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- Minha filha, acalme-se – disse ela. – Se há uma lição que aprendi, é que por piores que
as pessoas sejam, temos de tolerá-las. As
Figgins podem ser úteis em um interrogatório futuro e não é seguro para elas
na mansão Figgins. É regra dos magos
ajudar os Inferiores.
- Verdade. – disse Isabela, pensativamente. –
Mas espero que elas não tenham nenhum tratamento vip. No meu mundo, eu tenho de
ser melhor.
- Sabe quem você está lembrando agora
dizendo isso? Eu – falou a mãe dela
pensativa. – Quando tinha a sua idade, era um tipo de garota explosiva, orgulhosa e
arrogante.
- Me xingou toda – disse Isabela, rindo –
Mas a vida é muito injusta, umas pessoas são
felizes, enquanto outras sofrem.
- A vida é do jeito que a fazemos – e com essa
frase enigmática, Cléo encerrou o assunto. – Por que não vem dar uma olhada no Refúgio?
- Refúgio? – perguntou a menina confusa
Academia Elemental
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- É como chamamos este lugar. Existem quatro refúgios por país. Quando você vai
ingressar na Academia, é feito um teste de
personalidade para determinar em qual tipo de elemento você vai ficar – disse ela
enquanto se levantava da cama de Isabela e
fazia um gesto para a garota a acompanhar – Pessoas frias e com autodomínio vão para a
Academia de Gelo, nos polos. As mais
explosivas e ferozes como eu e, para ser sincera, quase todo o resto da nossa família,
vão para a Academia de Fogo. As mais leves e
despreocupadas vão para a do Ar e assim por diante.
- Não tem Academia da Terra?
- Como assim? – perguntou Cléo, de repente
parecendo que não queria estar ali. Isabela se arrependeu um pouco de ter tocado no
assunto, mas continuou:
- Você disse que as academias são Elementais,
logo são quatro elementos: Água, fogo, ar e
terra.
Academia Elemental
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A mãe da garota ficou por um bom tempo em silêncio, até que se inclinou para a filha e
sussurrou:
- A maioria dos magos não gosta de tocar no
assunto, muito menos eu.
- Havia algo de errado na Academia da
Terra? – perguntou Isabela, com um calafrio,
sem saber exatamente por que.
- As pessoas que iam para lá eram sombrias. –
disse Cléo, com uma expressão fechada. – Indeterminadas, uma mistura de
personalidades, como a terra. Eram
considerados monstros pelos magos e isolados em cavernas ou abrigos
subterrâneos. Depois decidiram fechar o
lugar e mandar os magos da terra para outras classes, independentemente da sua
personalidade. Isso evitaria catástrofes –
disse ela.
- Que tipo de catástrofes? – perguntou a
menina, mas não obteve resposta. A expressão da mulher se fechou.
- Não gosto de falar sobre isso – repetiu ela.
Academia Elemental
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Isabela passou o dia explorando o Refúgio, indo à biblioteca, olhando os livros, visitando
a cozinha, a ala hospitalar e milhares de
outros cômodos. Foi escolher um quarto para ficar e acabou optando pelo qual ela passou
seus dias apagada.
Por fim, atravessou as portas do lugar e foi
ver o jardim minuciosamente cuidado pelo
pai. Nele, haviam várias plantas estranhas, as quais a garota nunca tinha visto, como rosas
de fogo, que eram flores que queimavam ao
simples toque e tinham que ser regadas com fogo e cuidadas com luvas especiais.
Cansada, ela se acomodou em um espaçoso banco, perto de uma fonte, se sentindo feliz
como jamais fora com os Figgins. Estava
contemplando um canteiro de rosas do fogo, quando Laurette surgiu repentinamente e se
sentou perto dela. Estava usando um vestido
justo e azul com estampas de rosas e o cabelo loiro estava preso em um imenso rabo de
cavalo.
Academia Elemental
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As duas ficaram um bom tempo em silêncio, até que a irmã de criação de Isabela o
quebrou:
- Preciso falar com você.
- Sobre o quê? – resmungou a garota, que ainda não aceitara o fato de ter de conviver
com Sara e Laurette, duas pessoas que ela
detestara praticamente a vida inteira.
- Olha, eu sei que não fui uma irmã de verdade
para você. Que em vez de te apoiar e sermos amigas, eu virei praticamente uma inimiga.
Isabela apenas assentiu.
- Eu queria que você, hum, – parecia que a
garota estava lutando para falar algo – me perdoasse pelo que eu lhe fiz. Que possamos
viver em paz.
- Tarde demais para isso irmãzinha – disse ela
com frieza. Laurette empalideceu. – Depois
que seu papaizinho está preso pelos seus rolos, você vem me pedir desculpas, não é?
Muito convincente, uma garota metida e
Academia Elemental
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babaca como você se arrepender – replicou ela, impiedosamente.
- Só porque agora eu sou alguém! Que tenho uma família de condição, faço magia, agora
quer ser minha amiga, não é? – continuou ela,
com arrogância - Pois não quero olhar nem na sua cara.
- Eu estou tentando só me redimir com você, está bem? – retrucou Laurette, com raiva –
Vou entrar na sua Academia também. Achei
esse negócio de magia interessante. Quero ter minha chance.
- VOCÊ O QUÊ?! – gritou ela. Não conseguia acreditar. –Além de vir para cá e
complicar minha vida, você agora quer
infectar minha escola com a sua presença?! –
Laurette se encolheu. – Eu farei com que
você seja expulsa. Tornarei sua vida um
verdadeiro inferno. – disse Isabela, olhando a irmã de criação como um réptil venenoso. Os
lábios de Laurette tremeram e a garota
começou a chorar. Ela saiu depressa do
Academia Elemental
63
jardim e Isabela a observou com uma satisfação sombria.
Pouco depois, ela saiu para fazer compras com o irmão. As poucas roupas que tinha
estavam na Mansão Figgins e os magos não
mostravam nenhuma pretensão de liberar o local para que a garota pudesse retirar os
pertences.
Capítulo seis:
Academia da Terra.
Academia Elemental
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Depois de terem passado em muitas lojas e
terem comprado milhares de roupas para Isabela, o suficiente para vesti-la por muito
tempo e comprarem dois grandes sorvetes de
casquinha, se sentaram em uma praça e ficaram observando algumas crianças
brincarem. O sol estava quente e a garota
tomava o seu sorvete depressa para que ele não derretesse. De repente, lhe vieram muitas
coisas à mente e ela perguntou ao irmão:
- Athop, porque a Academia da Terra foi
fechada?
- Ué, nossa mãe não te contou nada? –
perguntou o garoto, a avaliando.
- Sim, mas eu tenho a sensação de que não
tudo que sabia. Acho que ela está omitindo
alguma coisa mais sombria.
Academia Elemental
65
- Como eu sou seu irmão mais velho, sei de tudo. – gabou-se ele.
Isabela jogou o sorvete na cabeça dele.
- Convencido.
- A Academia da Terra foi fechada por causa
dos alunos perigosos, sim, mas por um em
especial. O Ceifador. Dizem que quando ele estudava lá, era um tipo bipolar – sussurrou
ele, olhando para todos os lados, como se o
que fosse falar se tratasse de um segredo altamente confidencial. – Uma hora estava na
melhor das suas personalidades, calmo e
gentil. No segundo seguinte, ficava tão perigoso e enraivecido, que seria capaz até de
matar alguém.
- Ele se metia constantemente em brigas,
com alunos mais velhos e mais perigosos, e ia
piorando a cada dia. – continuou. - Até que ele matou sua melhor amiga e seu lado mau
triunfou sobre o pouco de bondade que ainda
restava nele. Fugiu da academia e começou seu trabalho como Ceifador.
Academia Elemental
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- Por que ele se chama assim? Quer dizer, o que ele ceifa? – indagou Isabela, confusa.
- Ele ceifa vidas. – respondeu o menino sombriamente – Os Ceifadores eram magos
que matavam outros magos, geralmente
condenados por crimes ou procurados. É um tipo bruto de carrasco. O problema é que a
maioria deles se corrompia e começava a
causar muita confusão e cargo acabou sendo extinto. Dentre eles, o Ceifador foi o mais
perverso e sanguinário.
A garota ficou arrepiada, e para aliviar a
tensão, perguntou uma coisa que a
incomodava também, mas bem menos que ser parente de uma assassina ou guerras e
sangue.
- É verdade que se Laurette quiser entrar na
Academia ela pode? – interrogou a menina –
Quer dizer, pensei que esse papo de magia era só para as famílias mais tradicionais no
assunto.
- As exatas palavras do ceifador. Não, se você
não for de uma família essencialmente
Academia Elemental
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mágica, pode aprender, mas não se preocupe – tranquilizou o garoto – Ela não pode se sair
bem melhor que você, que tem magia no
sangue.
- Que merda – Isabela se lamentou – Agora
vou ter que aguentar aquela chata vinte e quatro horas por dia no meu pé.
- Acho que você devia dar uma chance a ela, sabe. Ela pode ser uma chata, mas no fundo
tem bom coração – disse ele.
- Você está a fim dela. – provocou Isabela – É
por isso que está dizendo isso!
- Não! – exclamou ele com as bochechas
corando – Não gosto dela, só acho que todos
devem ter uma segunda chance para compensar seus erros do passado. – Athop se
levantou – É melhor irmos, já está bem tarde
e esse parque não é muito seguro à noite.
Sentindo a tensão do irmão, Isabela o
acompanhou. O sol já estava menos quente e nuvens avermelhadas se espalhavam pelo céu.
Academia Elemental
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Ao passarem perto de uma minifloresta de espessos pinheiros, Isabela ouviu algo se
mexer dentro dos arbustos e, discretamente
puxou a manga da camisa do irmão.
- Acho que tem algo ali, Athop – sussurrou
ela.
- Fique perto de mim – ordenou ele – Aqui
costuma a ser perigoso. – repetiu. Isabela não gostou.
Dois adolescentes saíram da moita. Um era bem alto e magro, com feições angulosas e o
outro era atarracado e roliço. Ambos deram
sorrisos perversos para os irmãos.
- Crianças. Não deviam estar na rua tão tarde,
não é?
Athop levantou os braços. Ele podia ser mais
velho que Isabela, mas era bem menor que os garotos.
- Cara, só estávamos passando. Não queremos confusão.
- Ah, mas talvez a gente queira – falou o
garoto menor. Ele tirou uma pistola. – Passa
Academia Elemental
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tudo. Se não quiser que eu lhe estoure os
miolos – disse despreocupadamente, como se estivesse comentando o tempo.
Athop, com os braços suspensos ainda, dava
pequenos passos em direção aos assaltantes,
cautelosamente. De repente, sua expressão mudou e chamas se espalharam por seus
pulsos. Os garotos arregalaram os olhos e
recuaram. Ele lançou o fogo na direção deles e queimou um dos pinheiros.
- Quem é você? – perguntou o garoto mais alto, aterrorizado
Athop sorriu malevolamente. Ele parecia estar se divertindo.
- Bem que você gostaria de saber – disse ele.
- Vamos embora! – gritou o roliço – esse
garoto tem pacto com o diabo!
Eles saíram correndo, e para impressioná-los,
Athop ia lançando pequenas fagulhas perto deles. Uma caiu nas calças de um dos garotos,
que correu muito mais.
Academia Elemental
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Isabela esperou eles irem e caiu na gargalhada. Porém, ao encarar o irmão e
perceber seu semblante sério, parou.
- Athop, o que houve? – perguntou ela
preocupada.
- Eu não deveria ter feito isso – falou ele,
preocupado. – A magia não é para ser
utilizada com esses tipos de brincadeira. Não pode ser mostrada aos Inferiores.
- Mas você não disse que uma pessoa sem sangue e habilidades mágicas pode ser um
mago? – perguntou Isabela.
- Sim, mas só como no seu caso. Sua irmã vai
entrar para a Elemental só porque é sua
parenta. Não precisa ser consanguíneo nem próximo de você. Um primo ou irmão de
consideração ou adotivo pode, em situações
extremas conhecer a Academia para se defender. No caso daqueles garotos, eu devia
ter feito qualquer coisa menos demonstrar que
eu sou um usuário da magia.
- Mas se você não tivesse feito nada, nós
poderíamos ter morrido. O garoto apontou
Academia Elemental
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uma arma para a nossa cabeça! – protestou ela.
- Eu poderia ter entregue o dinheiro. – Athop se lamentou.
- Não, não poderia – decidiu Isabela – Qual é a graça de você ter algo melhor que os outros
e guardar para si?
- Nossa mãe vai ficar furiosa. Provavelmente,
na melhor das hipóteses, vou ter que cultivar
as rosas de fogo por um mês.
Isabela bateu no irmão.
- Porque você fez isso? – perguntou ele,
surpreso.
- Não vou deixar que te coloquem de castigo.
Isso não é justo! Vou te defender, irmãos
fazem isso uns com os outros!
Ela deu um passo em direção ao irmão e o
abraçou. Quando era menor, queria ter um irmão, para se apoiarem mutuamente em
todas as situações e para defenderem um ao
outro, mas Laurette nunca fora uma irmã de verdade. Agora ela tinha essa chance.
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Capítulo sete:
Regras e Flores sobrenaturais.
Juntos, entraram de cabeça baixa no Refúgio. Athop, aguardando uma condenação severa.
Isabela, no mínimo uma reclamação das boas.
Quando ela morava com os Figgins, eles geralmente a castigavam prendendo-a em seu
quarto por alguns dias.
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Quando entraram, eles se depararam com uma Cléo furiosa e preocupada.
- Onde vocês estavam? Isso são horas de chegar?! Querem me deixar com cabelos
brancos de preocupação?
Athop baixou os olhos e começou a contar a
aventura. Quando terminou, a mãe ficou
séria.
- O que você fez é passível de condenação.
Vários magos mais velhos já foram presos e até mesmo executados por mostrarem seus
dons a meros mundanos.
- Desculpe mãe, juro que isso não irá se
repetir mais.
- Vou conversar com os magos-chefes para
ver a sua situação. E você, Isabela, como não
tem tradição no nosso mundo, não lhe implicarei castigo.
- Isso não é justo – protestou a menina – Athop não demonstrou magia a ninguém
porque quis. Aqueles caras tinham uma arma!
Academia Elemental
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- Fique quieta, ou como sua mãe, lhe colocarei de castigo também! – disse Cléo
severamente.
- Pois que faça – desafiou a garota – Não é
justo que meu irmão receba todo o castigo!
A mãe dela ficou quieta por um tempo e
depois disse:
- Falando assim, você está igualzinha à sua tia
– falou ela – Não quer nem saber das
punições por atos irresponsáveis. Sabe o que você está fazendo por seu irmão é nobre, mas
também idiota. – continuou Cléo, franzindo o
rosto. - Tudo bem. Duas semanas de castigo para os dois, cultivando os Cravos
Fedorentos, isso por enquanto que eu esteja
resolvendo o assunto no Conselho dos Magos.
- Fred vai ensiná-los a cultivar essas flores, e prestem bem atenção, porque ele só explica
uma vez. – disse Cléo, sorrindo brevemente.
Abatidos, eles subiram a escada circular que
levava até seus quartos. Athop parou no meio
do caminho e falou:
Academia Elemental
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- Obrigado por me defender.
- De nada – respondeu ela com um sorriso
cansado.
- Mas de qualquer forma, você não deveria
ter desafiado a mamãe. Agora sobrou para você.
- Irmãos se defendem e se ajudam. Em todas as situações.
- Até amanhã. – Athop se limitou a dizer somente isso, dando um abraço no irmão.
Academia Elemental
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Deitada em seu quarto, Isabela pensou em como os magos pareciam ser injustos e
severos demais. Seria tão sério uma pessoa
usar magia para se defender? Será que ela queria essa vida? Isabela teve uma súbita
visão de si como uma mulher mais velha e
mal-humorada, ralhando com os filhos e os denunciando, toda vez que cometessem
alguma infração.
Revirou várias vezes na cama, mas não
conseguia dormir. Levantou-se e foi para a
cozinha, para esquentar leite e ver se acabava com essa insônia de uma vez por todas. Lá,
para sua surpresa, encontrou Sara Figgins,
parecendo, de alguma forma mais velha e cansada. Seus olhos estavam fundos e miúdos.
Ao perceber a presença de Isabela, ignorou-a como sempre e virou o rosto como se a
menina a enojasse. Pegou um copo d’água e
saiu sem dizer nada.
Pouco depois, chegou Laurette. Ela parecia
estar melhor que a mãe e mais animada.
Academia Elemental
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- Também não consegue dormir? – perguntou.
Isabela, que estava exausta demais para dar alguma resposta grosseira, como estava
acostumada, se limitou apenas a dizer:
- Sim.
- Eu vi sua mãe reclamando com você e Athop. – havia familiaridade como ela
pronunciava o nome do irmão de Isabela. Ela
não gostou. – E também vi quando você a enfrentou. Essa ousadia parece estar em seu
sangue.
- É. – disse Isabela com sarcasmo. – Nossa
família é principalmente composta por
doentes mentais, loucos, temperamentais, assassinos e criminosos em potencial.
- Eu não quis dizer isso está bem? – irritou-se Laurette – achei a sua família legal.
Isabela semicerrou os olhos, deu as costas para a irmã adotiva e subiu as escadas, com o
leite na mão. Após bebê-lo, se sentiu mais
calma e finalmente conseguiu dormir.
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Capítulo oito:
Ciúmes e Inveja.
No dia seguinte, ela foi acordada pelo pai e
pelo irmão, que parecia cansado e sonolento.
- Hoje vocês vão aprender a cultivar os
Cravos Fedorentos! – disse Fred com animação, apesar de nenhum dos irmãos
estarem com disposição para cultivar flores sobrenaturais.
Isabela foi ao banheiro do quarto a fim de colocar a sua roupa de jardinagem. Era justa,
feita de um tecido fino e ao mesmo tempo
resistente, porém a menina não se sentia nem um pouco à vontade nela. Depois desceu para
o jardim, onde o pai estava a esperando, com
um sorriso. Cuidar daquelas plantas bizarras
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era sua especialidade e ele não lembrava o garoto metido à besta que sua mãe
descrevera, mas um excêntrico.
Pouco depois, Athop desceu para o jardim,
com um uniforme igual ao da irmã.
Frederichs esfregou as mãos.
- Essas flores possuem rara beleza, mas
quando qualquer um se aproxima, eles soltam uma substância de cheiro tão desagradável,
que os mais resistentes recuam diante dela e
os mais simples e fracos desmaiam, portanto, tomem cuidado. – ele entregou duas máscaras
a cada um. – Se uma delas ceder, vocês têm a
outra.
- O objetivo é que consigam regá-las e tirar
os insetos de suas folhas, pois eles são os únicos que conseguem resistir ao odor e
matá-la. Caso ocorra algum problema, estarei
aqui.
Athop e Isabela entraram no jardim e deram
início aos cuidados. Athop se saía melhor, mesmo porque já tinha visto o pai tratar das
flores milhares de vezes e estava acostumado.
Academia Elemental
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A irmã, nem tanto. Mesmo através da máscara, a menina sentia o forte fedor que
emanava da planta, como se tivessem vários
cadáveres em decomposição. O cheiro lhe dava náuseas e ela já estava achando que em
breve iria desmaiar, mas tinha de ser mais
forte. Preciso resistir, pensava. Preciso mostrar
a Laurette e a Sara quem eu sou.
De repente, uma esfera de energia verde saiu de um dos canteiros dos cravos e começou a
flutuar na direção de Isabela. Ela jogou os
instrumentos de trabalho na direção da esfera e gritou, pensando que se tratava de um
ataque. Seu pai e o irmão acudiram. Ao ver do
que se tratava, Frederichs ficou irritado e suspirou. Athop caiu na gargalhada.
- É só uma Esfera Mensageira, boba. O que você pensou que fosse? Uma emboscada para
lhe assassinarem?
Dizendo isso, ele segurou a bola em uma das
mãos. Ela explodiu e deixou um envelope. O
menino o abriu, pigarreou e leu:
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Prezada Srta. Roklov,
Refúgio do Fogo, 567.
Haverá a Seleção para a Academia, na última
sexta-feira do mês, para os Filhos da Magia. É
de extrema importância que a Srta compareça.
Sr. Laurence, diretor geral da Academia
Elemental.
Isabela dançou de felicidade. Tinha a carta de admissão da Academia!
Agora poderia jogar na cara de Laurette.
No entanto, ela foi surpreendida por outra
bola de energia, que saiu do mesmo local que a outra. Ao se dissipar, Athop abriu o
segundo envelope e arregalou os olhos. Sem dizer mais nada, entrou no refúgio e, pouco
depois, saiu acompanhado de uma Laurette
radiante.
- Vou entrar para a Academia! – dizia ela.
O mundo de Isabela ruiu. Não era possível!
Será que ela teria que passar a vida toda na
sombra de Laurette, com todos admirando a
Academia Elemental
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irmã e ela no canto? Sem conseguir se conter, falou com raiva:
- Pois se ela for eu não vou! Isso é impossível!
- Mana, fique calma, você vai fazer o teste
sim! – acudiu Athop.
- Não vou, não. Ela quer tirar tudo de mim,
tudo que eu tenho de superior dela! – berrou Isabela.
- Eu não queria ofender ninguém. – disse Laurette se encolhendo. Isabela rangeu os
dentes. Claro, agora ela tem que fingir ser a
garotinha boazinha.
- Não se preocupe, não ofendeu – retrucou o
pai de Isabela e se virou para a filha – Você é uma de nós. Se não tiver treinamento
adequado, vai ser o que Figgins sempre quis
que fosse. Uma perdida no espaço, sem saber quem é. Isso é a magia sem controle.
Isabela não quis ouvir mais. Jogou as luvas de jardinagem com rispidez no rosto de uma
Laurette surpresa e saiu dali o mais depressa
Academia Elemental
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que pôde. Atrás, podia ouvir nitidamente o irmão a chamando, mas não estava nem aí.
Bateu com tanta força a porta do quarto, que uma rachadura foi feita. Ela colocou o rosto
no travesseiro e chorou. Depois disso,
começou a pensar sério sobre sua vida. Não iria fazer mais a Seleção, porque não podia
suportar a ideia de uma garota comum, sem
nada de especial, como Laurette, competir com ela. A irmã não era ninguém, pensou
com raiva.
Por outro lado, se abandonasse a Seleção e o
mundo dos magos, Isabela perderia uma
pequena chance de tentar ser melhor que a irmã. Por um momento de loucura, até
pensou que o Ceifador estava certo e que só
as melhores famílias podiam aprender magia.
Respirando fundo, ela foi tomar um banho e
vestir uma nova roupa. Athop, logo depois, veio saber se ela estava bem, ao que Isabela
respondeu com extrema frieza:
- Vá cuidar de sua vida que é melhor.
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Isabela decidiu que iria treinar para a prova, e para tal precisava de estruturas para vencer.
Sorrateiramente, esgueirou-se para a
biblioteca, pois não queria que ninguém a visse nem parasse para falar com ela e pegou
todos os livros que lhe parecessem
importantes ou que ensinassem a fazer magias poderosas e perigosas.
De início, ela somente leu as teorias. Depois, vagarosamente, ela começou a experimentar
a prática, conjurando pequenas esferas,
trabalhando o seu controle sobre as coisas. Á
tarde, Cléo bateu na porta. Isabela escondeu
os livros e levantou-se para abrir.
- Fui informada do que houve. – falou a mãe
dela – Quero que saiba que eu não apoio a
decisão da Figgins fazer o teste para a Academia, mas diante da situação em que
estamos, acho melhor ela saber se defender.
- A qualquer momento, uma guerra irá
explodir. – continuou. – Eu sinto isso. Asha
não descansará enquanto não vingar o Ceifador e Dylan. Mas não se sinta
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pressionada, caso não queira entrar para a Elemental. Eu vou entender.
- Tudo bem. Quer saber? Eu vou fazer o teste. – ela se levantou. – Sou bem mais
habilidosa que essa vaca e tenho a magia no
sangue. Não vou desperdiçá-la.
- É assim que se fala! – encorajou Cléo. – Vou
te suspender o castigo, pois você precisa treinar para a prova. A não ser, hum, que
você queira ajudar seu irmão nas horas vagas.
– ela piscou.
- Eu não quero – Isabela estava com raiva
demais de Athop para se sentir penalizada – Vou treinar com todo o afinco para passar
por cima de Laurette.
Isabela passou todas as semanas antes da
seleção treinando para as possíveis provas: a
escrita e a física. Aprendeu como conjurar esferas de energia, fogo, luz e até mesmo uma
pequena esfera de lama, que atirou em
Laurette por trás de arbustos. Athop continuava no castigo, agora trabalhando em
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dobro, porque a irmã fora dispensada. Eles dois continuavam sem se falar.
Capítulo nove:
A Seleção.
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Os dias transcorreram lentamente, enquanto Isabela treinava. Na última sexta-feira do
mês, ela acordou cedo. Passou o dia revisando
em um pequeno resumo tudo que já havia visto.
À tarde, ela e Laurette foram levadas no carro dos pais de Isabela, com Athop e Sara.
Quando eles estacionaram em uma praia deserta, interditada por causa dos inúmeros
ataques de tubarões, Isabela pensou que a
gasolina tinha acabado e ficou alarmada, mas viu outros carros chegando e relaxou.
De um dos veículos, saltou uma mulher morena, de cabelos brancos e caminhou
devagar até a beira do mar. Pôs o pé com
delicadeza nas ondas, e elas se afastaram como nos filmes bíblicos e uma fenda se
abriu. Houve exclamações e expressões de
admiração por parte dos futuros alunos. De
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dentro da abertura, saiu um homem de meia-idade, magro e alto. Ele usava uma longa
capa preta.
- Bem-vindos, futuros magos de Los Angeles.
Hoje vocês irão fazer um teste que
determinará para sempre suas vidas e dos do seu entorno. – disse o homem.
- Por favor, entrem – pediu a mulher morena.
Lá dentro, era muito escuro e sombrio.
Somente algumas tochas iluminavam a sala, que fedia a mofo. Isabela passou por diversas
imagens de seres esquisitos e escritos negros,
contrastando com a parede brilhante em que estavam. Pararam em frente a uma porta
escura e resistente, de madeira preta como
ébano.
- A partir de agora, vocês serão
acompanhados pela Stahl. Ela pode parecer um pouco estranha, mas não falem nem façam
nada de estúpido – havia ansiedade em sua
voz.
Houve burburinho entre os futuros
acadêmicos e um garoto muito bonito, de
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cabelos negros, com uma fina mecha prateada, se adiantou.
- Eu vou, já que nenhum desses covardes quer entrar.
Isabela se sentiu afrontada. Ele estava se referindo a todos, inclusive ela. Uma garota
pequena, mas quase da mesma idade que
Isabela, de cabelos ruivos se encolheu.
O menino riu alto, junto com uma turma de
garotos mais velhos e maiores.
- Aqui não é lugar para crianças, garotinha
boba.
A essa altura, Isabela tinha ganas de meter a
mão na cara do menino, mas se tivesse que
fazer isso, esse era o momento, pois o garoto já caminhava em direção à porta.
Num impulso, ela caminhou a passos rápidos
até ele e puxou com violência sua camisa. Ele,
surpreso, gritou.
- Qual é o seu problema?! – falou ele a
encarando. Vários alunos olhavam com espanto para eles. Isabela girou, agarrou a
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parte da frente da camiseta dele, como se pudesse esganá-lo e falou bem alto:
- O único covarde, babaca, criança e imbecil que
eu vejo aqui é você. Os outros que aturem
seus insultos. Eu não.
Laurette e outros Acadêmicos a observavam com os olhos arregalados, quando uma
menina de cabelos pretos, que usava um
vestido curto de cetim azul caminhou até eles e libertou o menino da asfixia de Isabela.
- Quem é você, para afrontá-lo assim?! –
exclamou a garota, olhando Isabela de cima
para baixo.
- Não é da sua conta. – retrucou Isabela
Um dos aspirantes a alunos, disse em meio à
multidão:
- Ela é filha de Cléo Roklov!
- Uma família de tanto nome, não é? – zombou
a garota do vestido azul.
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A guia dos adolescentes percebeu que uma briga mais séria iria evoluir dali e acalmou os
ânimos.
- Fiquem quietos todos, por favor – ela
passou pela porta preta. – vou avisar a Stahl
que estamos aqui.
A menininha ruiva que Jonie provocara virou
para Isabela e disse:
- Obrigada por dizer aquelas coisas. Foi como
se tivesse me defendido.
- Não fiz isso só por você – retrucou Isabela.
– Fiz por que não engulo desaforos mesmo.
- Você é mesmo a filha de Cléo Roklov? –
perguntou a ruiva.
- Sou sim, por quê?
- Ah, nada – respondeu a menina. A
propósito, meu nome é Lorraine.
- E o meu é Isabela – a menina sorriu.
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Capítulo dez:
Prova de Sagacidade.
A mulher morena havia voltado. Ela fez sinal
para que todos a acompanhassem e entrou na sala com eles. Era um lugar relativamente
comum, bem iluminado, se comparado com os corredores por onde andaram. Uma mulher
muito feia, com olhos fundos e lábios quase
inexistentes, (que na opinião de Isabela, parecia uma caveira) disse com voz rouca:
- Futuros acadêmicos – sorriu, revelando dentes horrorosos, escurecidos como os de
um morto. – Aqui começa a jornada, seja ela
para a vida ou morte. Aqui vocês irão aprender a moldar sua personalidade.
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Ela trouxe duas caixas antigas, as depositou em um pedestal de ouro e as abriu ao mesmo
tempo. Em uma, havia uma grande
quantidade de punhais de dar medo, e na outra, muitas canetas de um tipo que Isabela
nunca havia visto.
- A Seleção se constituirá, basicamente, de
duas provas-surpresa. Vocês escolherão uma
dessas ferramentas para realizá-las. Força ou inteligência?
Os alunos pareciam perdidos com aquilo. Stahl sorriu novamente. Ela adorava aquela
confusão.
Timidamente, os futuros alunos começaram a
se espalhar pela sala e a fazer as escolhas. A
maioria optou pelas canetas e uma pequena parte estava se comportando como baratas
indecisas. Por fim, para não serem tomados
como esquisitos, preferiram as canetas. Só sobraram Lorraine e Isabela, que ficaram até
o último momento se decidindo. Por fim,
Lorraine ficou com a caneta, como todo mundo. Isabela empacou.
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A menina hesitou. Não queria ser como todo mundo e depois, quem saberia quais seriam as
provas da Seleção? E se Stahl quisesse os
enganar?
Por fim, quebrando a sequência, Isabela
escolheu um dos punhais, o menor. Alguns outros colegas cochichavam e lhe lançavam
olhares curiosos. Emily falava com um grupo
de garotas, de um tipo parecido com Laurette; a garota não as suportava.
Por fim, Stahl os conduziu por mais três corredores escuros, até que chegaram a uma
sala de veludo verde. Nela, haviam cadeiras
flutuantes, com tabuinhas brancas sobre elas.
Cada aluno teria que subir uma grande
escada, que ia até o teto e pular nos
respectivos lugares. Jonie foi o primeiro, aterrissando perfeitamente na sua cadeira.
Ele se equilibrou, com um sorriso exibido.
Algumas crianças ficaram com medo e
recearam pular, mas como ninguém queria
dar mostras de fraqueza na frente dos outros, melindrosamente conseguiram se sentar.
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Isabela foi muito desajeitada. Exercícios nunca foram sua praia. Da abertura lateral na
sala, dava para ver um porto de navios, o que
não agradou mais a menina. Ela não gostava do mar.
- Agora vocês irão responder esse teste básico sobre os nossos princípios. Irei guiá-
los depois à parte física – disse Stahl.
Isabela ficou desesperada e se sentiu burra.
Deveria ter escolhido a caneta! Agora, suas
chances de ser melhor que Laurette evaporaram. Ela olhou com raiva para a irmã
de criação, que estava com uma expressão
calma e feliz. A menina se lembrou que os Figgins sempre a elogiavam por suas boas
notas, enquanto criticavam-na, que nunca se
saíra bem nas provas.
Isabela criou coragem e perguntou para
Stahl:
- Não tem como a senhora me arranjar uma
caneta para responder a prova? – arriscou ela. Vários outros alunos riram. Stahl riu mais
alto.
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- Eu lhe dar caneta? Será que não ficou claro o
bastante que a prova é para ser feita com o que vocês escolheram?
Os outros garotos riram e Isabela ficou
vermelha de raiva e vergonha. Aquilo era
injusto. Atrás dela, Jonie riu e disse:
- Se ao menos os pais dela forçassem alguma
coisa na cabeça burra dela, talvez não fosse
tão fracassada.
- Não culpe os pais dela Giovanni. – disse
outra menina. – A única culpada por ser uma fracassada de marca maior é ela mesma.
Isabela já estava com a cabeça doendo e mordia o lábio. Ela não suportava aquelas
pessoas.
Ela se lembrou de uma aula de História que
tivera no Angel. A matéria era a única que ela
gostava, pois era como se viajasse para o passado. No dia, a professora falara em como
os Antigos Egípcios talhavam inscrições em
tábuas de argila. Tudo se iluminou na mente dela. Claro! Ela só precisaria usar a ponta da
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faca para “escrever”! Sorriu de satisfação e se espreguiçou na cadeira. Falou para Stahl:
- Eu não preciso mais de caneta para responder o teste.
Primeiro princípio dos “magos”
1. A magia tratada na Academia pode ser
traduzida, basicamente por poderes naturais; com
o tempo, até pessoas sem essas habilidades inatas
podem aprender a dominá-la.
2. Não usar os poderes no dia a dia, para coisas
triviais;
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3. Só é permitido que um ser humano sem quaisquer
dons saiba da nossa organização em caso de
relação com um membro nosso ou por extrema
necessidade;
Todos os outros olhavam mais intensamente
ainda para Isabela, com um grande espanto. Palavras como “louca” circulavam o recinto.
A menina nem se importava e Stahl sorria
mais, como se tivesse acertado na loteria.
Todos os futuros magos demoraram um
pouco para responder a prova, que tratava de questões de resposta pessoal sobre os
princípios da escola. Quando todos
terminaram, havia a expectativa para o próximo desafio. Stahl flutuou até eles e
recolheu todas as tábuas, sorrindo para
Isabela e sussurrando:
- Sabe você se parece mais com ela do que eu
imaginava.
A menina ficou intrigada e já ia perguntar
quem era “ela”, quando Stahl se afastou e ordenou que descessem. Ela pôs um colchão