A Viagem de Chihiro de Hayao Miyazaki

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Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Filipa Grilo Machado Curso: Estudos Artísticos Disciplina: Construção de Imagem Fílmica Janeiro de 2013 A Viagem de Chihiro de Hayao Miyazaki

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Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

Filipa Grilo Machado

Curso: Estudos Artísticos

Disciplina: Construção de Imagem Fílmica

Janeiro de 2013

A Viagem de Chihiro de Hayao Miyazaki

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Índice

1. Introdução

2. Hayao Miyazaki

3. A Viagem de Chihiro

3.1. O Filme

3.2. As Personagens

3.3. Os Temas

3.4. Estilo e Género

3.5. Som

3.6. Produção (“Making of”)

3.7. Lançamento de A Viagem de Chihiro

3.7.1. Bilheteira

3.7.2. Receção crítica

3.7.3. Prémios

4. Conclusão

5. Bibliografia e webgrafia

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Introdução

A Viagem de Chihiro é um filme de animação japonesa de 2001, escrito e

dirigido por Hayao Miyazaki (um dos diretores de animação mais famosos do Japão) e

produzido pelo Studio Ghibli. Este filme, tornou-se imediatamente no maior sucesso de

bilheteira no Japão de todos os tempos, e abriu as portas para o público ocidental, um

público mais mainstream, para o mundo da animação japonesa. Houve muitas séries de

televisão e filmes japoneses que chegaram até nós, ocidentais, mas nenhum deles teve

tanto êxito como A Viagem de Chihiro.

Por vezes, Miyazaki é considerado como o Walt Disney japonês, devido ao

sucesso que os seus filmes têm, no entanto, os seus filmes têm muito aspetos que os

diferem dos filmes de animação ocidentais.

Ao oferecer uma visão que diverte tanto adultos como crianças, A Viagem de

Chihiro oferece algo que é não só muito diferente do que estamos acostumados a ver,

como nos parece realmente diferente do que tudo o que já vimos.

O seu sucesso e as críticas que teve, levou a que a população ocidental se

começasse a interessar mais pelo anime e em alguns casos, pela cultura japonesa em si.

Nesta análise ao filme de Miyazaki, serão abordados os seguintes aspetos: a

história, personagens, estilo, género, temas, som, a produção do filme e os resultados do

seu lançamento.

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Hayao Miyazaki

Hayao Miyazaki é um diretor de cinema japonês, animador, artista de mangá e

guionista. Nasceu em Tóquio a 5 de Janeiro de 1941, e é o segundo dos quatro filhos de

Katsuji Miyazaki. Durante a Segunda Guerra Mundial, Katsuji foi diretor da Miyazaki

Airplane. Durante este tempo, Hayao Miyazaki desenhava e aviões e desenvolveu um

fascínio pela aviação, que foi crescendo ao longa da sua vida e que depois se tornou

num tema recorrente em todos os seus filmes.

Ao longo da sua infância, diversos acontecimentos que foram ocorrendo,

acabariam por influenciar Miyazaki na criação dos seus filmes. Como exemplos temos o

caso da sua mãe, que esteve doente e passou muitos meses no hospital (podemos

encontrar isto no filme O Meu Vizinho Totoro), ou no facto de Miyazaki ter mudado

várias vezes de escola.

Miyazaki, tal como muitas crianças do Japão, queria tornar-se num artista de

mangá. Porém as suas aptidões a nível do desenho ficavam-se pelos aviões, tanques e

navios de guerra, e tinha particular dificuldade em desenhar pessoas.

Durante o seu terceiro ano na Escola Secundária de Toyotama, Miyazaki viu o

filme Hakujaden (The Tale of the White Serpent),e foi após ter assistido a este filme que

decidiu desistir da ideia de se tornar num artista de mangá e resolveu seguir animação.

No entanto, para se tornar animador, teria de aprender a desenhar humanos. Por isso,

quando terminou o secundário, Miyazaki foi para a Universidade de Gakushuin.

Formou-se em 1963 em Ciência Política e Economia.

Em Abril desse mesmo ano, Miyazaki começou a sua carreira como animador no

Toei Animation, e esteve logo desde o início envolvido em muitos clássicos da

animação japonesa.

Desde o início, ele chamou a atenção com a sua incrível habilidade para

desenhar e com as intermináveis ideias que ele ia propondo para filmes.

Em 1971 Miyazaki deixa a Toei Animation para ir para a A Pro com Isao

Takahata, e depois para a Nippon Animation em 1973, onde esteve bastante envolvido

na série World Masterpiece Theater TV durante cinco anos.

Em 1978, dirigiu a sua primeira série de TV, Conan, o Rapaz do Futuro, e em

seguida mudou-se para a Tokyo Movie Shinsha em 1979 para dirigir seu primeiro filme,

o clássico O Castelo de Cagliostro.

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Em 1984 lançou o filme Nausicaä do Vale do Vento, baseado no mangá, com o

mesmo título, que tinha começado dois anos antes, mas que permaneceu incompleto até

depois do lançamento do filme.

O sucesso do filme levou à criação de um estúdio de animação novo, Studio

Ghibli, no qual Miyazaki dirigiu, escreveu e produziu muitíssimos outros filmes com

Takahata, estando entre eles Laputa: Castle In The Sky (O Castelo no Céu) de 1986, O

Meu Vizinho Totoro de 1988 e Kiki's Delivery Service (Kiki - A Aprendiz de Feiticeira)

de 1989. Todos estes filmes foram êxitos de bilheteira e tiveram boas críticas.

Em 1995, Miyazaki começa a trabalhar no filme A Princesa Mononoke. O filme

foi lançado em 1997 e foi um enorme sucesso tanto financeiramente como a nível da

crítica, ganhando o prémio de Melhor Filme nos Japan Academy Prize e tornando-se no

maior êxito de bilheteira (cerca de 150 milhões de dólares) de todos os tempos no Japão

(êxito esse que só viria a ser superado pelo filme A Viagem de Chihiro em 2001).

Miyazaki aposentou-se durante algum tempo, e chegou até a afirmar que A Princesa

Mononoke seria o seu último filme.

Durante o seu tempo de repouso, Miyazaki passou muito tempo com as filhas de

um amigo seu, e elas seriam a inspiração para o seu próximo filme e o seu maior

sucesso de sempre até à data: A Viagem de Chihiro. O filme foi lançado no mês de

Julho de 2001 e arrecadou cerca de 300 milhões de dólares nas bilheteiras. Ganhou os

prémios de Melhor Filme e de Melhor Música nos Japan Academy Prize, um Urso de

Ouro em 2002 no Festival de Berlim e um Óscar de Melhor Filme de Animação.

Em 2004 Miyazaki terminou o filme O Castelo Andante. O filme estreou nesse

ano no Festival Internacional de Cinema de Veneza e mais tarde foi lançado no dia 24

de Novembro de 2004, novamente com críticas positivas.

Em 2007 Miyazaki anunciou o título do próximo filme - Gake no ue no Ponyo –

que acabou por ser renomeado para Ponyo por causa das suas versões internacionais. O

filme foi lançado no dia 19 de Julho de 2008 e recebeu, como os outros filmes de

Miyazaki, críticas positivas.

Mais tarde, Miyazaki coescreveu o guião para o próximo filme do Studio

Ghibli, The Secret World of Arrietty, baseado no romance de Mary Norton - The

Borrowers. O filme foi a estreia de Hiromasa Yonebayashi como animador.

Além de animação, Miyazaki também desenha mangá. O seu trabalho principal

foi o mangá Nausicaä, um conto épico, onde ele trabalhou de forma periódica entre

1982 e 1994, enquanto estava ocupado a fazer filmes de animação. Outro mangá, Jidai

Hikoutei, foi mais tarde passado para o filme de 1992, Porco Rosso.

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A Viagem de Chihiro

O Filme

A Viagem de Chihiro conta-nos a

história de uma jovem rapariga de 10 anos,

Chihiro, e dos seus pais, que estão a mudar de

casa. Quando vemos pela primeira vez a

protagonista de história, ela está mal-humorada

e chateada com a mudança. Porém, tudo muda

quando os seus pais se enganam no caminho e vão dar a um parque abandonado, que é

na verdade um mundo sobrenatural. Quando os pais entram no túnel, Chihiro mostra-se

receosa e agarra-se à mãe. Ao atravessarem esse túnel, Chihiro e os seus pais entram

para um mundo mágico e sobrenatural.

À medida que vão explorando este novo lugar, os pais de Chihiro encontram um

restaurante com comida quente e começam a comer o que estava lá servido. Enquanto

isso Chihiro continua a sua exploração.

É então que Chihiro conhece Haku,

um rapaz misterioso, que a avisa que ela

deve ir-se embora antes que se torne de noite

ou ficará presa naquele sítio. Chihiro volta

para o restaurante para ir ter com os seus pais

e então sair daquele local, mas quando

chega, depara-se com os seus pais transformados em porcos e o caminho para regressar

tinha-se tornado num rio.

Quando se apercebe que o seu corpo

está a desparecer e a tornar-se invisível,

Chihiro entra em pânico e tenta convencer-se

de que tudo aquilo é um sonho. O rapaz

misterioso regressa para salvar Chihiro e diz-

lhe que a única maneira de ela puder

sobreviver naquele mundo e salvar os seus pais, é a de conseguir um emprego na casa

de banhos para os deuses e espíritos gerido pela feiticeira Yubaba.

E assim começa a aventura de Chihiro.

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Deixando de lado os seus medos e com uma pequena ajuda de personagens que

ela vai conhecendo ao longo do caminho, Chihiro faz o seu caminho para o andar

superior da casa de banhos Aburaya (onsen) e pede um trabalho a Yubaba. A feiticeira

tenta assustá-la, mas em vão, e por causa das regras daquele mundo, dá-lhe um emprego

em troca do seu nome, da sua identidade. Agora com o nome de Sen, ela assume a

difícil tarefa de recuperar a sua identidade, salvar os pais e encontrar uma forma de sair

daquele mundo enquanto trabalha na casa de banhos.

Ao visitar os pais na pocilga, Sen encontra um cartão de despedida dirigida a

Chihiro, e apercebe-se que já se começou a esquecer do próprio nome. Haku avisa-a que

Yubaba controla as pessoas retirando-lhes os nomes, e que se ela se esquecer do nome

dela, com ele se esqueceu do dele, não conseguirá deixar o mundo espiritual.

Enquanto trabalhava, Sen convida uma figura misteriosa, silenciosa e mascarada

chamada No-Face (ou Kaonashi), para entrar na Aburaya. Entretanto, um espírito muito

mal cheiroso chega à casa de banhos e é o

primeiro cliente de Sen. Ao ajudar este

espírito, Sem descobre que ele é na verdade

um espírito de um rio poluído (daí o mau

cheiro). Como forma de agradecimento pela

limpeza feita, o espírito oferece a Sen um

bolinho mágico.

O No-Face, depois da agitação causada pelo espírito do rio ter acalmado, alicia

um trabalhador da casa com ouro e engole-o.

Na manhã seguinte, Sem encontra um shikigami de papel a atacar um dragão e

reconhece que é na verdade Haku transformado. Quando Haku embate no apartamento

de Yubaba, Sen segue-o. Quando finalmente consegue alcançá-lo, um shikigami que

estava escondido nas costas dela transforma-se em Zeniba, a irmã gémea de Yubaba.

Ela transforma o bebé de Yubaba, Boh, num rato, cria um bebé falso e transforma a ave

de Yubaba, num pássaro pequenino. Zeniba diz a Sen que Haku roubou um selo de ouro

mágico, e avisa Sen que ele carrega uma maldição mortal.

Depois de Haku ir para a sala da caldeira, Sen dá-lhe a comer o bolo mágico do

espírito do rio que faz Haku vomitar o selo.

Determinada a devolver o selo e pedir desculpas por Haku, Sen confronta o No-

Face, que está enorme, e dá-lhe o resto do bolo, fazendo-o também vomitar. Depois de

voltar ao seu tamanho normal, No-Face, Sen e Boh viajam até à casa de Zeniba.

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Enfurecida com os danos causados pelo No-Face, Yubaba culpa a Sen por tê-lo

convidado a entrar, e ordena que os pais dela sejam transformados em presunto. Nesse

momento surge Haku, que a alerta de algo que ela perdeu – Boh – e informa-a de que

ele está com Sen, em casa de Zeniba. Deste modo, Yubaba promete libertar Sen e os

pais em troca de recuperar o bebé.

Sen, No-Face e Boh chegam a casa de Zeniba, e esta conta a Sen, que o amor

dela por Haku quebrou a maldição, e que a lesma preta que saiu ao mesmo tempo que o

selo, tinha sido colocada por Yubaba e servia para controlar Haku.

Entretanto, Haku aparece na casa de Zeniba, em forma de dragão, e leva Sen e

Boh de volta, para a casa de banhos. Durante o caminho, enquanto voam, Sen lembra-se

de uma memória de infância, em que ela tinha caído no rio Kohaku e que tinha sido

salva. Depois de adivinhar que Haku é o espírito do rio Kohaku (e, assim, revelar o seu

verdadeiro nome), Haku é completamente libertado do controle de Yubaba.

Quando eles chegam à casa de banhos,

Yubaba faz um acordo com Sen: para quebrar a

maldição dos pais, ela tinha de os reconhecer

num grupo de porcos. Quando Sen afirma que

os seus pais não se encontram naquele grupo,

ela consegue o seu nome de volta e os seus pais são salvos.

Chihiro é acompanhada por Haku até ao caminho para o túnel e ela reencontra

os pais (que não se recordam de nada), junto à entrada do túnel, voltam para o carro e

vão-se embora.

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As Personagens

Ogino Chihiro:

Chihiro é a personagem principal da

história e a heroína do filme. É também

uma personagem-tipo das raparigas

japonesas de dez anos.

Chihiro é uma menina mimada, que

se apresenta no início da história mal-

humorada e a reclamar constantemente. Apesar de tudo, mostra ter plena consciência do

que é certo e do que é errado, recusando-se a comer a comida feita pelos deuses (ao

contrário dos pais). Quando os pais são transformados em porcos, Chihiro entra em

pânico, mas encontra segurança e conforto no rapaz misterioso, Haku.

Quando lhe é dito o que é necessário fazer para salvar os pais e sair daquele

mundo espiritual, Chihiro mostra ser uma menina muito corajosa ao deixar os seus

medos e as suas inseguranças de lado, e ao enfrentar os desafios que iriam surgir a partir

daquele momento, sem reclamar. Para sobreviver, ela tem que trabalhar na casa de

banhos Aburaya, que é gerida pela feiticeira Yubaba. Chihiro fica sem o seu nome e

passa a chamar-se Sen.

Apesar de ela ser uma estranha naquele mundo, o espírito dela, puro e ingénuo,

consegue conquistar a confiança de todos os personagens que ela vai conhecendo.

Durante sua aventura, ela amadurece e deixar de ser uma criança chorona,

egoísta e pessimista para passar a ser uma menina trabalhadora, responsável, e otimista,

que aprendeu a cuidar dos outros.

No final, os obstáculos que ela teve de ultrapassar tornaram-na numa rapariga

mais confiante e mais madura.

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Ogino Akio:

Akio é o pai de Chihiro, um homem de 38 anos.

Apesar da sua personalidade não ser muito

elaborada durante o filme, é demonstrado no início que ele

é um homem bastante confiante e corajoso, na cena em que

ele dirige o carro por um trilho perigoso depois de se terem

perdido. A sua curiosidade, o amor pela aventura e o

descuido no geral, leva-o a ele e à sua família à entrada do

mundo espiritual, e posteriormente é colocado sob uma

maldição.

Ogino Yuko:

Yuko é a mãe de Chihiro, esposa de Akio, uma

mulher de 36 anos. É uma mulher realista e forte, que

se mostra calma e que se recusa a satisfazer as

curiosidades do marido. Ela é sempre a primeira a falar

em segurança quando se apercebe de algum sinal de

perigo, mas logo cede à ousadia de Akio,

consequentemente transformando-a a ela e ao seu

marido em porcos.

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Haku:

Haku é o rapaz misterioso que

Chihiro conhece no início da história. Ao

longo do filme, Haku ajuda Chihiro, e, em

troca, Chihiro salva a vida dele e ajuda-o a

recuperar a sua identidade (espírito do rio

Nigihayami kohakunushi).

Tal como o seu nome Haku (significa literalmente "branco") revela, ele é um

dragão branco, e quando ele toma forma humana, ele usa roupas brancas. Apesar do

simbolismo de "branco", sendo "puro", ele possui um aspeto um tanto duvidoso.

Quando ele está sozinho com Chihiro ele é muito carinhoso e sensível, mas em público,

ele mostra-se muito severo e rigoroso. Os funcionários da casa dizem que ele é o servo

pessoal de Yubaba e é enviado para fora

para fazer todos os tipos de trabalhos

duvidosos. Ao longo da história, é

revelado que ele foi ter com Yubaba,

com o objetivo de aprender magia, e que

ele desistiu do seu nome e da sua

memória para se tornar o seu aprendiz.

Haku é um dos fatores principais pelo grande crescimento de Chihiro durante a

história.

No final do filme, Haku despede-se de Chihiro dizendo que um dia eles se irão

reencontrar novamente (especulações consideram que este reencontro será quando

Chihiro morrer e se tornar um espírito).

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No-Face (Kaonashi):

A personagem No-Face é, sem

dúvida alguma, a personagem mais intrigante

da história toda de A Viagem de Chihiro. No-

Face aparece pela primeira vez na ponte que

liga a casa de banhos. É um ser misterioso,

que tal como Chihiro, surge naquele mundo

espiritual, mas vem de outro mundo paralelo. Ele é um personagem um pouco patético,

que parece não ter personalidade ou ego, e só consegue comunicar através da voz de

alguém que ele tenha engolido. No Face, pode ser interpretado como um jovem solitário

japonês que não sabe como fazer amigos.

No-Face é uma figura solitária que parece não ter onde ficar e não lhe é

permitida a entrada na casa de banhos. Quando Chihiro, depois de vê-lo na rua, à chuva,

ela abre uma porta para ele entrar. Posteriormente tenta-lhe mostrar a sua gratidão, mas

não sabe como fazê-lo sem ser por oferta de bens materiais. Ao contrário de Chihiro,

que recusa esses bens, os outros empregados parecem muito felizes com a oferta e ele

começa a produzir ouro falso para eles. Quando Chihiro volta a recusar a oferta de ouro,

dá-lhe a comer um pedaço de um bolinho mágico. No-Face entra em alvoroço, começa a

destruir coisas e a vomitar tudo o que tinha comido. Mal ele sai da casa de banhos, o seu

corpo já voltou ao normal e volta a ser a figura gentil de antes. A seguir, acompanha

Chihiro até à casa de Zeniba, e esta propõe que ele fique a viver em casa dela como

ajudante.

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Yubaba:

Yubaba é uma feiticeira avarenta

que gere a casa de banhos Aburaya, e é

bastante rigorosa com os seus

trabalhadores. Ela é bastante feia, mas vive

num ambiente extremamente bonito e

faustoso.

Apesar de parecer não ter qualidades, ela dedica-se imenso ao seu filho Boh e

faz qualquer coisa para o agradar e para mantê-lo seguro, deixando de lado o seu desejo

por dinheiro.

Ao contrário de Chihiro, Yubaba surge aqui como antagonista do filme, com

uma personalidade extremamente arrogante e intimidadora.

Ela é muito egoísta quando se trata dos trabalhadores, dando-se ao luxo de ter

um escritório enorme, com imenso espaço para os trabalhadores, e no entanto, eles

vivem num quarto individual apertado.

Tem a capacidade de roubar os nomes aos trabalhadores, prendendo-os num

contrato trabalho na sua casa de banhos para sempre, a não ser que eles se recordem dos

seus nomes completos. Os únicos que conseguiram recuperar os seus nomes foram

Chihiro e Haku.

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Kamaji:

Kamaji é o responsável pelo

funcionamento da caldeira da casa de

banhos. Tem uma aparência velha, tem

sete braços que se estendem

indefinidamente. Tem um número de

Susuwatari a trabalhar para ele. Num

grande armário, ele guarda as ervas que são usadas nos banhos.

Apesar da sua aparência assustadora como uma mistura de homem e aranha, e da

sua rispidez, ele é bastante gentil com Chihiro. Ele permite que ela trabalhe na casa de

banhos, e até finge ser o avô dela para protegê-la.

Mais tarde, quando Haku está ferido, ele cuida dele, e dá os bilhetes de comboio

a Chihiro para ela ir a casa de Zeniba.

Boh:

Boh, é o filho gigante de Yubaba. É

mimado, que vive rodeado com tudo aquilo

que deseja e nunca sai do seu quarto. Ele

aparenta sentir-se sozinho e isso é visível

quando ameaça partir o braço a Chihiro se

ela não brincar com ele.

Quando Zeniba o transforma num rato, ele acompanha Chihiro até à casa de

Zeniba, e ao longo do caminho ele descobre a beleza do mundo exterior, torna-se amigo

de Chihiro, e enfrenta Yubaba defendendo Chihiro.

Zeniba:

Zeniba é a irmã gémea de Yubaba. Na

primeira vez em que ela aparece na história,

surgindo num shikigami, ela não parece ser mais

gentil que Yubaba, ameaçando Chihiro, dizendo

que ela colocou uma maldição em Haku, como

castigo por ter roubado o seu selo precioso. No entanto, quando Chihiro vai a casa dela

ela é bastante hospitaleira e amável, mostrando ser o oposto de Yubaba.

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Os Temas

O tema mais forte em A Viagem de Chihiro é a infância. Hayao Miyazaki disse

que a inspiração para a história veio da filha de 10 anos mal-humorada de um amigo

seu, e do seu desejo de fazer um filme que lhe desse algumas lições úteis. Estas lições

são os temas do filme.

No Japão, quando a história de um anime tem como protagonista uma rapariga

jovem, denomina-se de Shojo utiliza a perspetiva de uma jovem a explorar muitos

temas e histórias. Estes temas podem ser questões de mudança cultural, os valores da

família, o crescimento, etc. Deste modo, Chihiro é uma personagem tipicamente Shojo

no filme A Viagem de Chihiro. Ela começa o filme como uma choramingona,

reclamando acerca da mudança e do número de flores que lhe compraram no seu

aniversário. A viagem que a espera é a maneira do diretor dizer que ela ser menos

mimada e estar mais ciente de outras coisas para além de ela mesma.

Chihiro evolui ao longo do filme para uma personagem muito mais

autossuficiente e confiante, e toma consciência do que é realmente importante para ela.

E a coisa mais importante para ela é a família. A simples ideia de "Só se dá valor às

coisas quando as perdemos” vai sendo constante na história e principalmente em

Chihiro, através do seu isolamento inicial e da sua luta para recuperar o que perdeu.

Os outros temas e lições são mais gerais e conseguem envolver o restante

público. Um deles é a preocupação de Hayao Miyazaki em relação ao choque do velho e

do novo Japão. O novo Japão é encontrado principalmente na atitude e nas ações dos

pais – as suas obsessões consumistas e a ganância, quando são confrontados com a

comida e a sua atitude casual para pagar tudo com o cartão de crédito. Apesar deste

momento no filme ser muito breve, é muito importante. A ideia de comprar muitas

coisas e ter mais dinheiro para as pagar é algo com que o público ocidental também se

identifica.

O Japão antigo é refletido no mundo da fantasia onde Chihiro se encontra

quando os pais desaparecem. É o mundo da tradicional casa de banhos - um mundo de

arquitetura tradicional e estranha, máquinas movidas a vapor. Sente-se aqui uma

nostalgia do passado. Aquele mundo não é o paraíso, mas tem uma simplicidade e

pureza que é novo e estranho para Chihiro.

A ganância daquilo que é moderno atinge também aquele mundo, com a cobiça

dos trabalhadores pelo ouro que vão dando ao No-Face mais e mais comida (apesar de

não ser isso que ele quer), para receberem ouro em troca, e que quase destrói a casa de

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banhos. Cabe depois a Chihiro e à sua inocência da infância para lhe dar o que

realmente quer - não coisas ou sensação de vazio, mas companhia e amizade ao lado

dela. Cada vez mais em Chihiro vemos que Miyazaki está a dizer que não é tarde

demais para perceber o que é importante.

O outro grande tema neste filme é semelhante ao choque entre velho/novo, e é

sobre o impacto do mundo moderno no meio ambiente. Nós somos introduzidos a um

mundo de espíritos que representam aspetos do mundo natural (uma forma mais

tradicional e complexa japonesa de considerar 'mãe natureza').

Embora este tema esteja presente em quase todo o filme, ele é diretamente

abordado na cena do espírito de um rio poluído. Quando uma enorme pilha de lama

fedorenta e lodo chega à casa de banhos, chega o momento do primeiro desafio de

Chihiro, que é dar-lhe banho. Chihiro surpreende tudo e todos com a sua determinação

para conseguir ter sucesso nesta “missão”. Enquanto ela dá banho ao espírito, ela

encontra o que parece ser algum tipo de espinho no corpo dele. Ela e um conjunto de

trabalhadores juntam-se para conseguir retirar aquele espinho, e quando o conseguem,

começa a sair uma corrente de poluição moderna e lixo, que revela que aquele espírito

mal cheiroso era na verdade um espírito de um rio que tinha sido poluído pelo mundo

moderno. Muitos pensam que esta cena tem inspirações mitológicas, mas na verdade, o

que inspirou esta cena foi uma situação real na aldeia de Miyazaki. De facto, estava algo

preso no rio, uma bicicleta (entre outro tipo de lixo), e Miyazaki e outros habitantes

limparam aquele rio.

A história chega a uma conclusão quando Chihiro aprende a lição final, de

autossuficiência e da importância do amor e apoio para ela e para os outros.

A sua jornada para o seu autoconhecimento e para se salvar a si mesma e aos

seus pais foi conseguida através do seu amor de infância, Haku, através da sua amizade

com Boh, com No-Face e com Kamaji, e através da viagem até à casa de Zeniba.

Esta conquista, alcançada por se concentrar no que é importante e em outras

pessoas para além de ela, é a lição mais importante para Chihiro.

Na cena de encerramento do filme, ela tornou-se uma heroína para praticamente

todos os moradores daquele mundo sobrenatural.

Através destas lições finais, Chihiro reúne-se com os seus pais e com o mundo

real. Apesar destes ingredientes familiares para o "final feliz", o final da história não é

assim tão simples. Ao despedir-se daquele mundo, Chihiro só deu os seus primeiros

passos na sua jornada para a vida adulta no mundo real. Ficamos com uma mistura de

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sentimentos de nostalgia em relação ao mundo que ela deixou para trás e de dúvida em

relação ao mundo para onde ela irá.

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Estilo e Género

Em relação ao estilo, A Viagem de Chihiro é mais um exemplo tradicional da

forma de animação com desenhos feitos à mão. Embora tivessem sido usados

computadores na produção do filme, que ainda conta com milhares de desenhos, o filme

foi maioritariamente feito através de desenhos. Estes são altamente detalhados e

refletem muitos aspetos da arte e cultura tradicional japonesa. Este estilo "antiquado"

contrasta com o atual padrão ocidental de animação CGI usado hoje em dia em filmes

de animação. A animação desenhada à mão aumenta o sentimento de estranheza que é

uma das características mais atraentes em A Viagem de Chihiro.

Os animadores desenham os personagens e as cenas do filme acrescentando o

detalhe que ligam todas as cenas do storyboard. Uma vez que o diretor e sua equipa têm

todas as personagens e cenas fundo concluídos, eles podem começar a filmar.

Os filmes de animação são construídos com um frame de cada vez. Os

personagens são desenhados em folhas transparentes chamados cels. Um fundo

separado é feito em seguida, e cada vez que um movimento é criado, um desenho novo

cel é filmado contra o fundo. O filme tem geralmente 24 frames por segundo, portanto

cada desenho é filmado para 2 frames. Isto significa que cada segundo de A Viagem de

Chihiro precisa de 12 desenhos.

Enquanto o anime tem sido muito popular no Japão desde o seu início em 1960

com séries como Astro Boy e Mach Go-Go (Speed Racer), juntamente com o manga que

só recentemente começou a infiltrar-se na cultura pop ocidental, A Viagem de Chihiro

marcou a chegada do anime ao mundo ocidental como uma força enorme devido à sua

vitória nos Óscares e à aclamação da crítica generalizada.

A Viagem de Chihiro contém várias das principais diferenças entre animação

ocidental tradicional e anime japonês. Um deles é a falta de personagens que são

obviamente más e de personagens que são obviamente boas. Enquanto alguns anime

cortam com a tradicional dicotomia entre o mal e o bem, outros optam por apresentar

esta ambiguidade moral. É muito raro no anime japonês para crianças o uso de músicas

ou de números musicais. É mais habitual o uso do silêncio e de detalhes artísticos para

cativa o público. Um bom exemplo disso é a longa da viagem de comboio de Chihiro

com os espíritos até à casa de Zeniba. A música tem um tom baixo e o diálogo é

mínimo. É curioso a versão dobrada em Inglês do filme ter tido linhas de diálogo que

não existiam na versão original japonesa.

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A outra grande diferença é a profundidade do desenvolvimento da personagem.

Muitos anime esforçam-se por produzir retratos de personagens com conflitos de

valores internos, aspetos ocultos da personalidade e crescimento pessoal ao longo do

tempo.

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O Som

Os sons presentes no filme são constituídos por diálogo, efeitos sonoros, música

e som ambiente.

Grande parte do trabalho tido neste filme foi para os sons que nele se ouvem.

Cada esguicho de água ou ruído estranho de animal foi particularmente gravado. O som

de todos os passos dados pelos personagens foram criados por uma pessoa vestindo

sapatos diferentes em cada pé, e os sons do ato de cozinhar, foram gravados numa

cozinha de um hotel.

Para a música, Miyazaki contratou uma sala de concertos em Toyoko e foram

usados 60 microfones para garantir que cada som emitido pela New Japan Philomonic

Orchestra, fosse capturado.

A banda sonora de A Viagem de Chihiro foi composta e conduzida pelo já

regular colaborador de Miyazaki, Joe Hisaishi e foi tocada pela New Japan Philomonic

Orchestra. A sua peça “Day of the River” recebeu o prémio de Melhor Música no 56th

Mainichi Film Competition Award, o prémio de Melhor Música na categoria de Cinema

no Tokyo International Anime Fair 2001 e ainda o prémio de Álbum do Ano de

Animação no 16th Japan Gold Disk Award.

Para além da banda sonora original, existe também um álbum que contém dez

faixas.

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Produção (“Making of”)

A ideia para A Viagem de Chihiro surgiu numa altura em que Miyazaki conviveu

com alguma proximidade com as filhas de uns amigos seus. Miyazaki já tinha realizado

filmes como O Meu Vizinho Totoro ou Kiki's Delivery Service que eram respetivamente,

para crianças pequenas e para adolescentes, no entanto ele não tinha realizado nenhum

filme para crianças com 10 anos de idade. Para inspiração, ele leu os mangas Shojo

como Nakayoshi e Ribon, que as meninas tinham deixado na cabana onde estavam, mas

sentiu só ofereciam temas sobre "paixões" e romance. Ao olhar para as suas jovens

amigas, Miyazaki sentiu que não era bem aquilo que aquelas crianças gostavam

realmente, e decidiu produzir o filme sobre uma heroína rapariga que pudesse servir de

role-model para estas jovens e para todo o grupo de jovens que se encontrassem nesta

faixa etária.

Miyazaki quis produzir um novo filme há anos. Escreveu anteriormente duas

propostas de projetos, mas eles foram rejeitados. O primeiro foi baseado no livro

japonês Kirino Mukouno Fushigina Machi, e o segundo era sobre uma heroína

adolescente. A terceira proposta de Miyazaki, que acabou se tornando n’A Viagem de

Chihiro, foi mais bem-sucedida. As três histórias giravam em torno de uma casa de

banhos que foi baseado num balneário da cidade natal de Miyazaki. Miyazaki achava

que o balneário era um lugar misterioso, e havia uma pequena porta ao lado de uma das

banheiras no balneário. Miyazaki foi sempre curioso em relação ao que estava por trás

dela, e ele fez várias histórias sobre ela, uma das quais foi a inspiração para a casa de

banhos em A Viagem de Chihiro.

A produção de A Viagem de Chihiro começou em 2000 com um orçamento de

19 milhões de dólares. Na altura, a Walt Disney Studios tinha acabado de entrar em

acordo com a Companhia Tokuma, para trazer os filmes de Miyazaki para os EUA.

Como parte do contrato, eles concordaram em financiar 10% dos custos de produção de

A Viagem de Chihiro.

Tal como no filme A Princesa Mononoke, Miyazaki e a equipa do Studio Ghibli

experimentaram animação de computador (CGI). Com o uso de mais computadores e

programas como o Softimage, a equipa aprendeu a usar o software, mas manteve a

tecnologia num nível para melhorar a história e apenas isso.

Cada personagem foi principalmente desenhado à mão, com Miyazaki

trabalhando ao lado dos seus animadores para ver se eles estavam a fazer tudo

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corretamente. A maior dificuldade em fazer o filme era reduzir o seu comprimento.

Quando a produção começou, Miyazaki percebeu que seriam mais de três horas de

duração se ele fizesse de acordo com o enredo que tinha e teve que excluir muitas cenas

da história.

Miyazaki baseou-se nos edifícios de Edo-Tokyo Open Air Architectural

Museum em Koganei, Tokyo, para desenhar os edifícios do mundo espiritual, e visitou

este museu várias vezes para ganhar inspiração enquanto trabalhava no filme. Outra

grande inspiração foi o Notoyaryokan, uma pousada tradicional japonesa localizada na

Prefeitura de Yamagata, famosa pela sua arquitetura requintada e características

ornamentais. A cidade velha de ouro Jiufen em Taiwan também serviu como um

modelo de inspiração para filme de Miyazaki.

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Lançamento de A Viagem de Chihiro

Bilheteira

A Viagem de Chihiro estreou no Japão no dia 27 de Julho de 2001, como um

filme japonês da distribuidora Toho, arrecadando 229.607.878 dólares, e tornando-se no

filme de maior sucesso a nível de bilheteira na história japonesa. Foi o primeiro filme a

ter ganho 200 milhões dólares em bilheteria em todo o mundo antes de estrear nos

Estados Unidos.

O filme foi dobrado em Inglês pela Walt Disney Pictures, sob a supervisão de

John Lasseter da Pixar. A versão dobrada estreou no Festival Internacional de Cinema

de Toronto, no dia 7 de Setembro de 2002, e foi posteriormente lançado na América do

Norte no dia 20 de Setembro de 2002. O filme arrecadou 449.839 mil dólares na sua

semana de estreia, e fez um pouco mais de 10 milhões de dólares até Setembro de 2003.

O filme faturou 274.925.095 milhões de dólares no mundo inteiro.

Receção Crítica

A Viagem de Chihiro recebeu críticas muito positivas de críticos de cinema. O

filme possui um índice de aprovação de 97% sobre a revisão do site Rotten Tomatoes,

baseaso em 156 opiniões, com uma classificação média de 8.5/10 e descrevendo o filme

como “deslumbrante, encantador e maravilhosamente desenhado”. No Metacritic, o

filme alcançou uma pontuação média ponderada de 94 de 100 com base em 37

avaliações. Roger Ebert do Chicago Sun-Times deu ao filme um total de quatro estrelas

e elogiou o filme e direção de Miyazaki. Ebert disse também que A Viagem de Chihiro

foi um dos "melhores filmes do ano". Elvis Mitchell, do The New York Times analisou

o filme de forma positiva e elogiou as sequências de animação. Derek Elley da Variety

disse que A Viagem de Chihiro “pode ser apreciado por ramos e adultos” e elogiou a

animação e música. Kenneth Turan do Los Angeles Times elogiou a qualidade de voz e

disse que o filme é o "produto de uma imaginação feroz e destemido, cujas criações são

diferentes de qualquer coisa que uma pessoa tenha visto antes" e elogiou também a

direção de Miyazaki.

A Viagem de Chihiro alcançou o 10º lugar na lista dos 100 Melhores Filmes do

Cinema Mundial em 2010 da revista Empire.

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Prémios

A Viagem de Chihiro recebeu os seguintes prémios:

2002:

Melhor Filme de Animação – Óscares

Melhor Filme - Japanese Academy Awards

Urso de Ouro – Festival Internacional de Cinema de Berlim

Melhor Animação - New York Film Critics Circle Awards

Melhor Animação - Los Angeles Film Critics Awards

Outstanding Achievement numa produção de Filme de Animação – Annie

Awards

Melhor Diretor numa produção de Filme de Animação – Annie Awards

Melhor Guião numa produção de Filme de Animação – Annie Awards

Melhor Música numa produção de Filme de Animação – Annie Awards

Melhor Animação - Critics' Choice Awards

Melhor Animação - New York Film Critics Online Award

Melhor Animação - Florida Film Critics Circle

Melhor Animação - National Board of Review

Melhor Banda Sonora Original na Categoria de Comédia ou Musical – 78th

Annual Glaubber Awards

Prémio do Público para Melhor Narrativa – 45th San Francisco International

Film Festival

Melhor Filme Asiático - Hong Kong Film Awards

Melhor Filme de Animação - 29th Annual Saturn Awards

Melhor Filme - International Children's Film Festival

Melhor Animação - Online Film Critic Society

Melhor Animação - Dallas-Forth Worth Critics

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Conclusão

Finalizada a análise de A Viagem de Chihiro, pode-se retirar algumas

conclusões. Este filme é provavelmente o melhor filme até hoje feito por Hayao

Miyazaki. É possivelmente a sua grande obra-prima. O seu sucesso foi conseguido não

só com a excelente história que nos é contada, mas também com a forma como foi

contada. Miyazaki e a sua recusa em “adaptar-se” às novas técnicas de realização de

filmes de animação (CGI) fizeram com que A Viagem de Chihiro marcasse a diferença

perante tantos outros filmes realizados naquele ano, graças ao uso da técnica de desenho

à mão. Tornou o filme mais realista, e só fez com que o público se conseguisse sentir

mais próximo daquele mundo fantasioso.

Se Miyazaki já era um realizador bastante famoso e aclamado, tanto no Japão

como no resto do mundo, com A Viagem de Chihiro houve um boom que o tornou ainda

mais conhecido e adorado, bateram-se recordes de bilheteira, e o Japão viu este filme a

abrir as portas ao mundo ocidental para a cultura japonesa.

A Viagem de Chihiro é um filme intemporal, dedicado para um público de todas

as idades, marcado pela sua simplicidade e ao mesmo tempo pela sua complexidade,

que ficará certamente na história do cinema japonês e mundial.

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Bibliografia

- CAVALLARO, Dani – The Animé Art of Hayao Miyazaki, McFarland, 2006

- MCCARTHY, Helen – Hayao Miyazaki: Master of Japanese Animation: films,

Themes, Artistry, Stone Bridge Press, 1999

- MIYAZAKI, Hayao – The Art of Spirited Away, VIZ Media LLC, 2002

- REIDER, Noriko T. - Spirited Away: Film of the Fantastic and Evolving

Japanese Folk Symbols, Thomson Gale, 2005

Webgrafia

- http://en.wikipedia.org/wiki/Spirited_Away (30/12/2012)

- http://en.wikipedia.org/wiki/Hayao_Miyazaki (30/12/2012)

- http://en.wikipedia.org/wiki/Studio_Ghibli (30/12/2012)

- http://www.nausicaa.net/miyazaki/sen/credits.html (30/12/2012)

- http://www.rottentomatoes.com/m/spirited_away/ (30/12/2012)

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- http://www.nausicaa.net/miyazaki/sen/synopsis/page1.html (30/12/2012)