A Utilização de Unidades de Tratamento Domiciliar Ganha Cada Vez Mais Mercado No País

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A utilização de unidades de tratamento domiciliar ganha cada vez mais mercado no país, constituindo-se a prática da filtração em um hábito cultural dos brasileiros. Os dispositivos encontrados no mercado variam desde filtros de vela de porcelana a equipamentos que procuram associar mecanismos de filtração (recorrendo a diversos meios granulares), desinfecção (ozônio, ultravioleta, prata) e remoção de gosto e odor (carvão ativado). No entanto, a necessidade desses dispositivos é controversa, bem como a eficiência de muitos deles. Se bem concebidos e conservados, pode-se argumentar que seu emprego constitui uma barreira sanitária adicional contra eventuais recontaminações nas instalações prediais, sobretudo nos reservatórios, ou mesmo única, no caso de fontes individuais comprometidas. Entretanto, os princípios gerais dos processos de filtração e desinfecção aplicam-se também no caso das unidades domiciliares, mas nem sempre são observados: • influência da qualidade da água afluente, particularmente a turbidez e a qualidade microbiológica; • porosidade do meio filtrante; • pressão de serviço e a velocidade de filtração; Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano Secretaria de Vigilância em Saúde 75 • observação das carreiras de filtração máximas e a necessidade de limpeza ou reposição dos dispositivos filtrantes; • poder desinfetante do agente empregado e a observação de tempos de contato adequados. Em locais onde ocorre o consumo de água de qualidade físico- química e microbiológica comprometida, destinar exclusivamente às unidades domiciliares a função de potabilizar a água é incorreto. Um exemplo seria o caso de poços rasos comprometidos, quando a opção mais indicada seria o tratamento na fonte, por exemplo, com o emprego de cloradores por difusão. Porém, quando a turbidez não é elevada a ponto de entupir o filtro com muita freqüência, a combinação filtro–desinfecção domiciliar pode ser adequada e suficiente. Particularmente, a associação de talhas com filtros de vela cerâmica e a correta aplicação de hipoclorito tem-se revelado eficiente. Por mais contraditório que pareça, quanto maior a “sofisticação” dos equipamentos, mais incertezas envolverão seu emprego no que diz respeito à observação dos requisitos para a filtração e a desinfecção. Por fim, cabe observar que não dispomos ainda de legislação específica de controle de qualidade na fabricação e no emprego desses equipamentos.

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A utilização de unidades de tratamento domiciliar ganha cada vez mais mercado no país, constituindo-se a prática da filtração em um hábito cultural dos brasileiros. Os dispositivos encontrados no mercado variam desde filtros de vela de porcelana a equipamentos que procuram associar mecanismos de filtração (recorrendo a diversos meios granulares), desinfecção (ozônio, ultravioleta, prata) e remoção de gosto e odor (carvão ativado).No entanto, a necessidade desses dispositivos é controversa, bem como a eficiência de muitos deles. Se bem concebidos e conservados, pode-se argumentar que seu emprego constitui uma barreira sanitária adicional contra eventuais recontaminações nas instalações prediais, sobretudo nos reservatórios, ou mesmo única, no caso de fontes individuais comprometidas.Entretanto, os princípios gerais dos processos de filtração e desinfecção aplicam-se também no caso das unidades domiciliares, mas nem sempre são observados:• influência da qualidade da água afluente, particularmente a turbidez e a qualidade microbiológica;• porosidade do meio filtrante;• pressão de serviço e a velocidade de filtração;Manual de procedimentos de vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humanoSecretaria de Vigilância em Saúde 75• observação das carreiras de filtração máximas e a necessidade de limpeza ou reposição dos dispositivos filtrantes;• poder desinfetante do agente empregado e a observação de tempos de contato adequados.Em locais onde ocorre o consumo de água de qualidade físico-química e microbiológica comprometida, destinar exclusivamente às unidades domiciliares a função de potabilizar a água é incorreto. Um exemplo seria o caso de poços rasos comprometidos, quando a opção mais indicada seria o tratamento na fonte, por exemplo, com o emprego de cloradores por difusão. Porém, quando a turbidez não é elevada a ponto de entupir o filtro com muita freqüência, a combinação filtro–desinfecção domiciliar pode ser adequada e suficiente. Particularmente, a associação de talhas com filtros de vela cerâmica e a correta aplicação de hipoclorito tem-se revelado eficiente. Por mais contraditório que pareça, quanto maior a “sofisticação” dos equipamentos, mais incertezas envolverão seu emprego no que diz respeito à observação dos requisitos para a filtração e a desinfecção. Por fim, cabe observar que não dispomos ainda de legislação específica de controle de qualidade na fabricação e no emprego desses equipamentos.