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A TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS INTERBACIAS PARA O ABASTECIMENTO HUMANO EM VITÓRIA DA CONQUISTA-BA E AS IMPLICAÇÕES DE USO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERRUGA.
Altemar Amaral Rocha – UESB/UNEB [email protected]
RESUMO
Nesta pesquisa, realizou-se a análise socioambiental da bacia hidrográfica do Rio Verruga e os processos da urbanização de Vitória da Conquista-BA, com o objetivo de diagnosticar os fatores que atuam na degradação ambiental e provocam desequilíbrios na paisagem da área estudada, tendo com base a transposição de águas interbacias para o abastecimento humano e as implicações de uso das águas da bacia como um todo. A metodologia da pesquisa baseou-se na articulação da epistemologia materialista e do pensamento critico com a questão ambiental, associando-se o método cartográfico com base em técnicas de geoprocessamento que possibilitou um detalhamento das análises diagnosticadas. Foram trabalhados os conceitos de espaço e território na gestão dos recursos hídricos. Realizou-se uma reflexão sobre o espaço urbano e a urbanização. Os resultados dessa pesquisa evidenciam uma problemática ambiental na bacia do Rio Verruga, com uma diversidade de fatos no contexto da degradação. Percebe-se que os corpos d’água da bacia, funcionam como receptáculos de águas residuárias, perdendo a sua capacidade de potabilidade em boa parte dos trechos da bacia, principalmente na área urbana de Vitória da Conquista-Ba, justificando-se a necessidade de transpor águas para o abastecimento humano de outra bacia. Outra questão é o desmatamento da cobertura vegetal natural com cerca de 93% do total da área da bacia desmatado, dando lugar a grandes áreas de pastagens extensiva e agricultura. Com base no mapeamento de uso do solo, constatou-se que há uma ocupação concentrada nas áreas próximas às principais nascentes da bacia, sobretudo pela expansão urbana de Vitória da Conquista. As conclusões desse estudo, revela que é preciso intensificar as políticas publicas para a preservação ambiental da bacia e melhoria da qualidade das águas pela diminuição dos poluentes nos corpos d’água.
WATERS INTERBASIN'S CONVERSION FOR THE HUMAN PROVISIONING IN VITÓRIA DA CONQUISTA-BA AND THE IMPLICATIONS OF USE IN RIVER VERRUGA HYDROGRAPHIC BASIN.
Altemar Amaral Rocha-UESB/UNEB [email protected]
ABSTRACT
In this research, take the analysis socioambiental of River Verruga hydrographic basin and the processes of the urbanization of Vitória da Conquista-BA, with the objective of diagnosing the factors that act in the environmental degradation and they provoke unbalances in the landscape of the studied area, tends with base the conversion of waters interbacias for the human provisioning and the implications of use of the waters of the basin as a completely. The methodology of the research based on the articulation of the materialistic epistemology and of the thought I criticize with the environmental subject, associating the cartographic method with base in techniques of GIS that made possible a detailment of the diagnosed analyses. They were worked the space concepts and territory in the administration of the resources hydric. Take a reflection about the urban space and the urbanization. The results of that research evidence an environmental problem in Rio Verruga basin, with a diversity of facts in the context of the degradation. It is noticed that the bodies of water of the basin, work as receivers of waters residuárias, losing your potabilidade capacity in good part of the spaces of the basin, mainly in the urban area of Vitória da Conquista-BA, being justified the need to transpose waters for the human provisioning of another basin. Another subject is the deforestation of the natural vegetable covering with about 93% of the total of the area of the basin deforested, giving place to great areas of pastures extensive and agriculture. With base in the mapping of use of the soil, it was verified that there is a concentrated occupation in the close areas to the principal East of the basin, above all for the urban expansion of Vitória da Conquista. The conclusions of that study, reveals that is necessary to intensify the politics you publish for the environmental preservation of the basin and improvement of the quality of the waters for the decrease of the pollutant ones in the bodies of water.
Words key: Hydrographic Basin, urbanization, conversion.
A TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS INTERBACIAS PARA O ABASTECIMENTO HUMANO EM VITÓRIA DA CONQUISTA-BA
E AS IMPLICAÇÕES DE USO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERRUGA.
Altemar Amaral Rocha-UESB/UNEB [email protected]
1. INTRODUÇÃO
Durante muito tempo, houve a pecha de monotoneidade e extensividade de
condições paisagísticas para o conjunto do espaço geográfico brasileiro (Ab’ Sáber,
2005). Principalmente pelas sutilidades, diferencialidades e fragilidades ambientais
apresentadas no território, especificamente, ambientes de bacias hidrográficas. Neste
sentido, esta pesquisa desponta como importante instrumento para análise do quadro
geoambiental e social, oferecendo subsídio, em escala local para o planejamento, a
curto, médio e longo prazo, relacionando-se com a definição de estratégias de
intervenção em problemas do meio físico e humano.
Busca-se analisar o processo de transposição de águas interbacias, bem como a
qualidade da água nos mananciais que abastece a cidade de Vitória da Conquista cuja
população é de 308,485hab. (IBGE 2007) e encontra-se na porção central do Planalto de
Conquista, localizado à 14º 30’ S e, 41º ’ W. Vitória da Conquista está situada no
divisor de águas entre duas bacias leste do Brasil. Na porção Sul-Sudeste do município,
a drenagem é voltada para o Rio Pardo. Já na porção Norte-Nordeste, a drenagem
destina-se ao Rio de Contas. O Rio Verruga é afluente do Rio Pardo sendo que sua
bacia encontra-se quase totalmente no município de Vitória da Conquista-Ba.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia da pesquisa baseou-se na articulação da epistemologia
materialista e do pensamento critico com a questão ambiental, que conduz ao estudo das
relações de interdependência existentes entre os componentes do meio natural e da
sociedade, para se chegar ao conhecimento do seu funcionamento, associando-se o
método cartográfico com base em técnicas de geoprocessamento que possibilitou um
detalhamento das análises diagnosticadas.
Foi realizado leituras sobre a dimensão ambiental em bacias hidrográficas e em
áreas urbanas, procurando perceber o atual estágio de debate sobre o assunto.
Igualmente, um estudo da legislação ambiental brasileira e das Políticas de Gestão dos
Recursos Hídricos e do meio ambiente em escala local e nacional, pois sua compreensão
colocou-se como condição “sine qua non” para refletir sobre a temática do trabalho.
Após essa base teórica e da coleta de informações em órgãos de gestão
ambiental tais como Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente
(SRH/MMA), Agência Nacional de Águas (ANA), Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista (PMVC) e órgãos
de saneamento na Bacia do Rio Verruga dentre outros, foram intensificadas as visitas a
campo para checagem de informações, bem como a realização de entrevistas, com
roteiros previamente estruturados. Foram realizadas análises bacteriológicas e físico-
químicas dos corpos d’água para testar a qualidade e o grau de poluição das águas da
bacia. Foram igualmente consultados documentos e relatórios capazes de trazer
informações sobre o uso do solo e qualidade das águas na Bacia do Rio Verruga e da
transposição de águas para o abastecimento humano da cidade de Vitória da Conquista-
BA.
Além disso, foi feito um mapeamento e um sequenciamento das altitudes entre
os pontos de coleta de água e os pontos de distribuição da água para o consumo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O abastecimento de água para a população urbana de Vitória da Conquista é
realizado por um sistema de transposição entre duas bacias hidrográficas distintas,
especificamente, entre a bacia do Riacho Água Fria situada na porção oriental do
Planalto da Conquista e a bacia do Rio Verruga (veja a Carta imagem da figura 1).
Isso porque a intensa ocupação da bacia do Rio Verruga pelo processo de
urbanização que consolidou a cidade de Vitória da Conquista como um centro regional
modificou a qualidade das águas do Rio Verruga, tornado a imprópria para o consumo
humano.
Figura 01. Carta imagem da transposição de águas interbacias
Para entender á lógica desse processo, é preciso saber como ocorre a materialização
da transposição. “O ato da transposição de águas em si é muito simples de se entender:
trata-se do transporte de um determinado volume de água entre bacias distintas”,
SUASSUNA (2000, p.6). Mas para que ocorra essa transposição é preciso realizar um
recalque-também chamado de adução que, segundo Suassuna (2001) significa o simples
transporte de água de um determinado ponto a outro (geralmente para um local mais
elevado) utilizando-se, para tanto, um sistema de bombeamento d’água, também
chamado de sistema adutor.
No caso do sistema de abastecimento de Vitória da Conquista-BA, o seu
funcionamento é pela transposição de águas da barragem Água Fria I e II com recalque
e adução até à estação de tratamento. Veja a ilustração da figura 02
O sistema de abastecimento de água de Vitória da Conquista é operado pela
EMBASA - Empresa Baiana de Água e Saneamento, implantado na década de 1960,
com um pequeno reservatório (Barragem Água Fria). Com a expansão urbana e o
Estação de bombeamento para osreservatórios apoiados
ManancialBarragem Agua Fria I e II
Estação de tratamento d'água
Área urbanaVítoria da Conquista
Área urbanaVítoria da Conquista
bombaduto
reservatório Rio
adutora
estação de bombeamento (recalque das águas)
Barragem Agua Fria I
Figura 02. Esquema de ilustração do sistema de transferência de águas entre a bacia do Rio Água Fria e a bacia do Rio Verruga.
aumento da demanda pelo consumo de água, foi construída a Barragem Água Fria II,
logo abaixo do primeiro reservatório interligada por uma adutora de ferro dúctil com
captação flutuante. Observe a ilustração da figura 03.
A água captada na barragem de Água Fria II é encaminhada para o sistema de
recalque da barragem de Água Fria I, através de uma adutora em ferro dúctil, com
diâmetro de 700 mm e extensão de 3.200 metros. A partir do sistema de Água Fria I, a
água é conduzida para a estação de tratamento, também localizada em terras do
município de Barra do Choça, através de uma adutora de 11.900 metros de extensão em
aço carbono, com diâmetro de 700 mm, e mais uma outra linha de mesma extensão, em
ferro fundido cinzento, funcionando em paralelo à primeira.
A estação de tratamento da água é do tipo convencional e, segundo a EMBASA
(2006), possui a capacidade para tratar 1000 l/s sendo constituída das seguintes
unidades: Calha Parshall, floculadores, decantadores, filtros e sistema de desinfecção.
Após o tratamento, a água é bombeada para o reservatório apoiado RAP 1, localizado na
sede de Vitória da Conquista, de onde a água é encaminhada para os demais
reservatórios integrantes do sistema, além dos distritos de José Gonçalves, Bate Pé,
Pradoso, Iguá, e São Sebastião. O consumo de água em Vitória da Conquista é de
600l/s no verão e 400 l/s no inverno. A embasa realiza diariamente constantes
bombeamentos de água para cotas mais elevadas, pois já existem ocupações urbanas
que atingem a cota de 1080m e, no entanto a estação de tratamento encontra-se a 950m
de altitude. Além disso, há déficit entre o consumo e a capacidade de armazenamento já
Reservatório Barragem Água Fria I
Reservatório Barragem Água Fria II
Aqueduto p/ água fria I
Reservatório comestação elevatória (REL)
Reservatório Apoiado(RAP 1)
M1200
Reservatório comestação elevatória (REL)
estação de tratamento de água -EMBASA
BACIA DO RIO VERRUGA BACIA DO RIACHO AGUA FRIA
BARRA DO CHOÇA
VITÓRIA DA CONQUISTA
Reservatório Apoiado(RAP 4,5 e 6)
Sistema de Recalque (elevação das águas)
700
1100
800
900
1000
Rio Verruga
Riacho
Água Fria
E-SEW
0 4 8 12
km
Figura 03. Perfil longitudinal do sistema de transposição de águas para o abastecimento humano em Vitória da Conquista-BA
que diariamente há um consumo médio de 45.000m3 de água e os reservatórios
comportam apenas 23.000m3.
De toda água consumida pela população de Vitória da Conquista cerca de 85%
dela tem a destinação final diretamente nos canais de drenagem da bacia do Rio
Verruga. O que justifica o alto índice de poluição das águas no trecho urbano da bacia.
Tucci (2001) argumenta que o aumento da densidade populacional, especificamente em
área urbana aumenta a demanda por água e em paralelo, aumenta o volume de águas
residuárias que em sua maioria transformam-se em esgoto in natura estando estes
diretamente interligados, bacia hidrográfica e espaço urbano, acabam por deteriorar os
rios a jusante da área urbana.
No caso de Vitória da Conquista, esse processo de deteriorização vem desde a
sua origem enquanto núcleo urbano que data dos finais do século XVIII e inicio do
século XX, forçando a busca por águas de outras bacias o que resultou na transposição
das águas da bacia do rio Água Fria para o Rio Verruga, mantendo de certa forma a
perenidade das águas e uma regularidade na vazão das águas com o despejo de cerca de
45.000m3 de água e esgoto diários no leito Rio Verruga.
Os múltiplos usos e a qualidade da água na bacia do rio Verruga
A questão da qualidade das águas é uma preocupação mundial que ganhou
evidência com o acirramento do uso pela escassez da água potável. Segundo Petrella
(2004), existem alguns argumentos explicam essa preocupação entre eles estão: a
distribuição desigual de recursos hídricos; o desperdício pelo mau uso e gerenciamento
da água; o aumento da poluição e da contaminação pela indústria e demais usos e o
crescimento populacional. Tais questões aliadas à falta de políticas públicas e má gestão
política dos recursos hídricos, certamente, aumentam a possibilidade de disputa pela
água.
No Brasil, com a sanção da Lei Federal nº. 9.433, de 8 de janeiro de 1997 foi
instituída a Política Nacional de Recursos Hídricos, tendo como um dos fundamentos
gerir tais recursos, proporcionando múltiplos usos, em consonância com objetivos que
assegurem “à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”.
A questão da água então, passou a ter uma preocupação maior não somente
quanto ao uso, mas também quanto à gestão política e o gerenciamento dos recursos
hídricos. Isso porque em todo o globo, surgem novas vertentes econômicas tais como a
privatização e concessão dos serviços de exploração e distribuição da água para diversos
fins, principalmente para abastecimento urbano.
Assim surge uma preocupação com a integração da gestão quanto aos aspectos
de qualidade e quantidade, destacando-se, também, a “integração da gestão de recursos
hídricos com a gestão ambiental”.
Os parâmetros e respectivos padrões de qualidade da água são determinados em
função dos seus usos preponderantes atuais e futuros. Para garantir o atendimento das
necessidades, a vontade futura dos usuários da água e, a proteção da vida aquática, os
limites fixados devem ser respeitados para que não venha prejudicar os usos prioritários.
A resolução CONAMA nº. 357 de 2005, dispõe sobre a classificação e diretrizes
ambientais para o enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como estabelece
as condições e padrões de lançamento de efluentes. Já a portaria 518/04 do Ministério
da Saúde - MS dispõe sobre a qualidade da água para o consumo humano e normatiza
os critérios para a definição do padrão de qualidade da água. Para Branco (1991), a
qualidade da água deve ser entendida de acordo com o mérito, grau ou valor de uso e
não somente pela condição de substância em questão.
Sobre a qualidade da água, Sperling (2007), afirma que além do ciclo natural da
água, existe um ciclo de alteração de sua qualidade no interior da bacia hidrográfica,
relacionando-se com a intensidade do uso e ocupação do solo na área da bacia.
Neste sentido, Com o objetivo de verificar o papel da cobertura vegetal na
diminuição dos índices de poluição das águas da bacia, foi realizada uma análise
microbiológica e outra físico-química com as amostras coletadas em diversos pontos da
bacia do Rio Verruga (ver carta imagem da fig. 04) seguindo a metodologia
recomendada pela portaria 518/2004-MS, que define os padrões de potabilidade da
água.
A escolha dos pontos de coleta foi de acordo com o padrão de drenagem da
bacia e pelo grau de intensidade de uso e ocupação da área, principalmente pelos
processos de urbanização.
Assim, foram coletadas amostras em pontos específicos de nascentes e
mananciais da área urbana de Vitória da Conquista - BA, partindo da nascente principal
do rio Verruga na reserva do Poço Escuro, (ver carta imagem da fig. 04), seguindo para
o segundo manancial, a Lagoa das Bateias daí para a jusante dos canais originários da
área urbana; ponto de coleta denominado encontro dos rios: riacho Santa Rita que nasce
na Lagoa das Bateias (amostra 2) com o Rio Verruga cuja nascente principal é a do
Poço Escuro (amostra 1). A quarta amostra foi na parte intermediária da Bacia (Médio
Rio Verruga) e a quinta amostra foi próximo a cidade de Itambé no Baixo Rio Verruga.
Todas as amostras foram coletadas no dia 26 de setembro de 2007, refrigeradas e
entregues para analise no mesmo dia.
Figura 04: Carta imagem com os pontos de coleta de água par a análise
Os procedimentos para escolha dos pontos das amostras foram elaborados de
acordo com o potencial de uso da bacia e dos índices de conservação da cobertura
vegetal, mapeados e analisados no capitulo anterior, e da análise do padrão dos corpos
d’água e de lançamento de efluentes estabelecidos pela resolução 375/2005 do
CONAMA.
Dentro dos critérios estabelecidos para a analise da qualidade da água, foram
aplicados os Padrões de Potabilidade definidos pelo MS - Ministério da Saúde através
da Portaria nº. 518 de 26/03/2004. Esses padrões, de um modo geral, são valores
máximos permitidos (VMP) de concentração para uma série de substâncias e
componentes presentes na água. As análises foram realizadas no Laboratório de
Controle e Qualidade de água (LCA) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-
UESB, de acordo com o “Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater” 19th Edition 1995.
As análises físico-químicas das amostras baseou-se em parâmetros para medição
do pH da água (4,0 a 10,0), da condutividade em (S/cm à 25° C), da determinação de
cloretos (mg/L ) e da dureza total (mg/L). Os padrões foram os de aceitação para
consumo humano da portaria nº. 518 de 26/03/2004(MS). Os resultados físico-químicos
tiveram o pH conduzindo para a alcalinidade com quase todas as amostras acima de pH
7, com exceção da amostra do Poço Escuro que teve o pH 6,3. Ver quadro da fig. 05.
ANÁLISE FISICO-QUIMICA-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERRUGA
242: Amostra 1: Poço Escuro
243: Amostra 2: Lagoa das Bateias
244: Amostra 3: Encontro dos Rios
247: Amostra 4: Rio Verruga – Fim do Marçal 248: Amostra 5: Rio Verruga - Itambé
Parâmetros Resultados2, 3 Padrões de Aceitação para
consumo humano1 Amostras Número 242 243 244 247 248
pH 6,3 7,7 7,5 7,3 7,4 4,0 a 10,0 Condutividade 84,0 699,0 921,0 420,0 275,0 S/cm à
25° C
Determinação de Cloretos 38,0 49,0 48,0 30,0 24,0 mg/L Até 250 mg/L
Dureza total 42,0 39,0 32,0 37,0 33,0 mg/L Até 500 mg/L Observações: 1Valores Descritos na Portaria N° 518 de 25/03/2004 do Ministério da Saúde 2Os resultado desta análise tem significação restrita e refere-se somente a amostra analisada, não podendo ser utilizada em qualquer tipo de propaganda. 3Análises realizadas de acordo com o “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater” Fonte: Laboratório de Controle e Qualidade de Água – LCA-UESB set. 2007 Fig. 05 Análise físico-Química das águas da Bacia do Rio Verruga
Quanto à condutividade, que presume a concentração de sais dissolvidos na
água, verifica-se uma variação de índice conforme as amostras; a amostra localizada na
nascente do poço escuro, possui baixa concentração sendo a menor taxa encontrada com
84 micromhosS/cm, a taxa mais elevada com 921 micromhosS/cm foi encontrada a
jusante dos canais da área urbana (amostra 3 encontro do Riacho Santa Rita com o Rio
Verruga) nesse trecho culmina todos os efluentes urbanos domésticos e industriais esses
efluentes são carregados de sais, principalmente o cloreto de potássio o que aumenta
consideravelmente a condutividade elétrica da água do Rio
Já em relação as fácies química, feita pela determinação de cloretos, corre com
um percentual médio de 37 mg/l, sendo que o maior índice é o da amostra coletada na
nascente da Lagoa das Bateias com 49,0 mg/L, local onde despeja cerca de 20% dos
efluentes in natura da cidade de Vitória da Conquista. Segundo Sperling, (2007), os
efluentes domésticos possuem elevados índices de cloretos, derivados da urina e outros
produtos consumidos pela população urbana. O segundo índice mais elevado foi
justamente o ponto a jusante da área urbana, a amostra coletada no encontro do Riacho
Santa Rita com o Rio Verruga com 48,0 mg/L, nesse ponto converge todos os efluentes
e dejetos urbanos residenciais e industriais inclusive os que saem da Estação de
Tratamento da Embasa-SA.
No quesito dureza total, as amostras evidenciam que no geral as águas são doces
e ou moles, isto é, não possuem altas taxas de concentração de minerais que precipitam
o sabão tais como o Cálcio, o Magnésio, o Ferro, o Alumínio o Manganês e o Estrôncio
TUNDISI, (2005), já que a maioria das nascentes da bacia é proveniente de áreas com
estrutura de coberturas detríticas, que possuem rochas porosas das quais regulam o teor
de salinidade dessas águas superficiais.
Do ponto de vista das características físico-químicas constata-se que as águas da
bacia Rio Verruga podem ser aproveitadas para múltiplos usos com restrição ao
abastecimento humano sem tratamento adequado já que há uma alta concentração de
microorganismos contaminantes dissolvidos nessas águas, resultantes de águas
residuárias da cidade de Vitória da Conquista.
Com relação a analise microbiológica das amostras o resultado foi o seguinte:
das cinco amostras analisadas todas tiveram o índice de coliformes totais, maior que 8
NMP/100ml. A determinação no NMP de coliformes foi feita a partir da técnica de
tubos múltiplos, na qual volumes decrescentes da amostra (diluições decimais
consecutivas) são inoculados em meio de cultura adequado, sendo que cada volume é
inoculado em série de 5 tubos. Através do decréscimo dos volumes inoculados obtém-
se uma determinada diluição em que todos os tubos, ou a maioria, fornecem resultados
negativos. A combinação dos resultados positivos e negativos é usada na determinação
do NMP.
Já com relação aos coliformes fecais, constata-se a água já sai de sua nascente
contaminada por fezes; a amostra da nascente do Poço Escuro obteve 1,1 NMP/100ml
de coliformes fecais, lembrando que esta nascente encontra-se numa área de floresta,
reserva do Poço Escuro, rodeada por casas populares e invasões.
O índice mais elevado de coliformes fecais foi registrado na segunda amostra
que corresponde a nascente da Lagoa das Bateias. Nesse ponto índice foi maior que 8
NPM/100ml, (ver quadro da fig. 06). A Lagoa das Bateias boa parte dos efluentes
urbanos in natura diretamente na sua lâmina d’água em seguida a água é escoada para o
Córrego Lagoa de Baixo, desaguando no Riacho Santa Rita e posteriormente no Rio
Verruga a jusante da área urbana. Desse ponto em diante, foi detectado a ausência de
coliformes fecais nas duas amostras seguintes, sendo encontrado 1,1 NPM/100ml na
amostra coletada próximo a Itambé, onde o rio Verruga encontra com o rio Pardo.
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA
Resultados
N° Amostra/Descrição Presença de Coliformes2,3 Valor máximo
permitido1 Coliforme fecal
914 Amostra 1: Poço Escuro > 1,1 NMP/100mL
Ausência em
100 mL
915 Amostra 2: Lagoa das Bateias > 8,0 NMP/100mL
916 Amostra 3: Encontro dos Rios Ausente
932 Amostra 4: Rio Verruga – Fim do Marçal Ausente
931 Amostra 5: Rio Verruga – Itambé > 1,1 NMP/100mL Observações: NMP: Número Mais Provável; UFC: Unidade Formadora de Colônia. 1Valores Descritos na Portaria N° 518 de 25/03/2004 do Ministério da Saúde 2Os resultado desta análise tem significação restrita e refere-se somente a amostra analisada, não podendo ser utilizada em qualquer tipo de propaganda. 3Análises realizadas de acordo com o “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”
Fonte: Laboratório de Controle e Qualidade de Água – LCA-UESB set. 2007
Fig. 06 Análise microbiológica das águas da Bacia do Rio Verruga
Cabe ressaltar que em um trecho de 20 km percorridos pelas águas originadas do
espaço urbano de Vitória da Conquista - BA existe uma vegetação arbustiva,
entrelaçada por herbáceas que influenciam na limpeza tanto da poluição quanto da
contaminação dessas águas, formando uma zona de autodepuração. Sperling (2007)
define esse tipo de processo como o e autodepuração para Sperling (op.cit.), a
autodepuração refere-se à capacidade de assimilação dos rios. Ou seja, o quanto um
corpo d’água suporta poluentes sem apresentar problemas do ponto de vista ambiental.
No caso do Rio Verruga, essa capacidade autodepurativa, é facilitada por possuir
um canal de drenagem sobreposto em terrenos planos e ou suavemente ondulado,
sobretudo no trecho que compreende o espaço urbanizado analisado. Nesse trecho do
rio, a água percorre com muito menos carga energética, ou seja, demora mais tempo
para chegar ao destino final, o que facilita o processo de autodepuração pelo surgimento
de uma vegetação em meio ao leito do rio e em todas as suas margens, mas, segundo
Sperling (op. cit), não é somente essa cobertura vegetal que atua, os diversos tipos de
movimento dos corpos d’água no leito do rio, e o fenômeno de sucessão ecológica, que
atua na expansão e diminuição das bactérias resultantes do processo de poluição atuam
na autodepuração.
Uma outra situação pertinente é a diversificação das características
geoambientais da bacia, principalmente com relação aos aspectos geológicos e
geomorfológicos que comporta três unidades distintas além dos aspectos climáticos que
também variam de acordo com essas diferenciações e, por conseguinte os tipos de
vegetação nativa. Essa condição geoambiental, interfere no regime e escoamento dos
rios e na cobertura vegetal, que são importantes fatores para a preservação da qualidade
dos corpos d’água. Quanto menor a vazão dos rios menor a capacidade de diluição de
poluentes, e quanto menos cobertura vegetal em suas margens, maior o risco de
carreamento de sólidos para o corpo hídrico e conseqüente aumento do assoreamento
dos rios. Como menor também será a capacidade de depuração dos efluentes ejetados
em toda a bacia.
Existem algumas alternativas de controle da poluição por matéria orgânica em
um rio, ou em toda a bacia de drenagem, para isso, é necessário conhecer os tipos de
usos, (ver gráfico da fig. 07).
Quanto ao uso das águas na bacia hidrográfica do Rio Verruga, constata-se que
há uma prevalência do uso para a dessedentação animal, seguido da irrigação com pivô
central, principalmente para a cafeicultura e pastagens, da coleta manual irrigação de
hortaliças, da recreação e do abastecimento humano de populações rurais. Já que o
abastecimento urbano de Vitória da Conquista é proveniente de outra bacia.
TIPOS DE USOS DA ÁGUA NA BACIA DO RIO VERRUGA
23%18%
21%
10% 8%6%
14%
Irrigação
Dessedentação animal
Lavagem de roupa
Recreação
Pesca
Abast. humano direto
Outros usos
FONTE: Pesquisa de Campo set/07
Figura 07: Principais tipos de uso da água na bacia do Rio Verruga
Para a Agência Nacional das Águas – ANA, os usos das águas de uma bacia
podem ser do tipo consuntivo e não consuntivo. Os tipos não consuntivos são os que
mais poluem as águas, pois neste caso, enquadram o despejo de águas residuárias
provenientes de esgoto, o garimpo e a mineração e outros tipos de usos poluentes.
Assim, em relação às fontes poluidoras das águas, constata-se que as fontes com
grandes riscos para os recursos hídricos da bacia hidrográfica do Rio Verruga, variam
de acordo com nível de usos não consuntivos dessas águas, sobretudo para o despejo de
águas residuárias oriundas do espaço urbano de Vitória da Conquista.
Já que em função do desenvolvimento urbano regional de Vitória da Conquista,
do número de habitantes elevado, das atividades econômicas, a cidade produz muita
água residuária e esgoto que converge para a bacia.
Outro fato é que a população urbana consome muito, principalmente produtos
industrializados com grande número de materiais ditos descartáveis que em sua maioria
não são coletados pelo serviço público e acabam indo para as nascentes, mananciais e
fundos de vale por onde correm as águas dos rios da bacia hidrográfica. Além disso, a
cidade de Vitória da Conquista concentra grande número de indústrias e casas com
serviços especializados que sempre produzem resíduos altamente poluentes e
contaminantes que certamente convergem para drenagem da Bacia do Rio Verruga.
Conforme LONRANDI&CANÇADO(2005), a poluição hídrica é caracterizada
por qualquer alteração nas condições naturais de um corpo d’água. Evidencia-se na
Bacia do Rio Verruga, um cenário de degradação por diversos agentes de poluição
hídrica. Dentre eles destacam-se a decomposição de matérias orgânicas, o despejo de
águas residuárias, os resíduos sólidos e outros. Essas fontes potenciais de poluição
foram identificadas em grande parte no espaço urbano de Vitória da Conquista,
principalmente aquelas relacionadas ao despejo de águas residuárias nos trechos
selecionados para obtenção das amostras de água, mostrando a relação direta das
atividades humanas, com o nível de poluição identificado na amostragem e nos corpos
d’água de toda a bacia hidrográfica.
Os efluentes líquidos urbanos e industriais associados com os resíduos sólidos
configuram as principais fontes potenciais de poluição e representam as piores situações
de risco para os mananciais de água superficial da bacia.
Dos trechos analisados, a maioria possui altos índices de poluição por
termotolerantes e situações de riscos de contaminação da população, principalmente por
coliformes fecais, devido às fontes de esgoto doméstico e dejetos de animais.
Os produtos químicos oriundos das indústrias, da lavagem de roupas e utensílios
domésticos é outra fonte de poluição e contaminação bastante peculiar nos trechos
analisados.
Assim, para o controle dessa poluição, é necessário uma estratégia que associe o
tratamento dos esgotos, o controle da poluição difusa, a regularização da vazão do curso
d’água, a aeração dos esgotos tratados, a alocação de outros usos para o curso d’água,
para estabilizar ou diminuir a quantidades de poluentes que permanecem nos corpos
d’água do rio.
4. CONCLUSÃO
O gerenciamento integrado dos problemas sócioambientais da Bacia e a maior
participação da sociedade nos destinos da água e de sua qualidade, promoverá o
principio de compartilhamento, conservação e proteção da água. Pois, o controle da
água não pode ser entregue à lógica das finanças e do mercado, já que a privatização da
água restringe o uso e a distribuição, impedindo o acesso de maior parte da população à
água. Além disso, problemas relacionados com a logística da água potável sejam por
fatores de uso tais como a poluição e contaminação, ou por fatores de localização,
acabam por distanciar cada vez mais as fontes de abastecimento e os locais de consumo,
justificando inclusive, a busca por mananciais de outras bacias, realizando assim o
sistema de transposição de águas interbacias para o consumo em áreas urbanas.
Em resumo, analisar a dinâmica sócioespacial, a configuração territorial e
problemática sócioambiental de Vitória da Conquista, cotejada na bacia do Rio Verruga,
passou pela compreensão do processo de transposição das águas e por consequência, do
aumento de águas residuárias na bacia. Pode se dizer que as estruturas da base
ambiental da bacia são permanentes, mas as mudanças provocadas pelo uso e ocupação
e pelo processo de urbanização da cidade de estão presentes no seu espaço geográfico.
Constata-se que as maiores transformações diz respeito à supressão da cobertura
vegetal, ao alto índice de poluição das águas, o aumento dos processos erosivos nas
encostas entre outros.
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