A Sociedade Portuguesa face aos Imigrantes - fe.uc.pt · (aluna nº 20070921 da licenciatura em...

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A Sociedade Portuguesa face aos Imigrantes Andreia Santos Rodrigues Coimbra, Dezembro 2007

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A Sociedade Portuguesa face aos Imigrantes

Trabalho realizado no âmbito da avaliação contínua da disciplina de Fontes de Informação Sociológica pela aluna

Andreia Santos Rodrigues (aluna nº 20070921 da licenciatura em Sociologia).

Imagem retirada de:

www.scielo.br/img/revistas/ea/v20n57/a10img02.jpg

Coimbra, Dezembro 2007

“ Será que a sociedade portuguesa contribui para uma boa

integração dos imigrantes?”

Índice 1. Introdução ………………………………………………………………………1

2. Parte I …………………………………………………………………………2

2.1 Descrição do Processo de Pesquisa………………………………………. 2

2.2 Estado das Artes.…………………………………………………………..5

2.2.1 Qual a origem dos imigrantes .........................................................6

2.2.2 Porque é que vieram para Portugal ………………………………. 7

2.2.3 Atitude dos Portugueses face aos imigrantes ……………………...7

3. Parte II …………………………………………………………………………. 9

3.1 Ficha de Leitura …………………………………………………………9

3.2 Avaliação de uma Página da Internet ……………………………………15

4. Conclusão ………………………………………………………………….16

5. Referências Bibliográficas …………………………………………………….17

Anexo I

Texto de suporte da Ficha de Leitura

Baganha, Maria Ioannis, Marques, José Carlos e Góis, Pedro (2004), “Novas

migrações, novos desafios: A imigração do Leste Europeu”. Revista Crítica de

Ciências Sociais, 69, 95-115.

Anexo II

Avaliação da Página da Internet

SEF, (2007), “Sef”, página consultada a 19 de Dezembro de 2006, disponível em

http://www.sef.pt/portal/v10/PT/aspx/page.aspx

Fontes de Informação Sociológica

1. Introdução

Este trabalho desenvolve-se a partir do tema: A Sociedade Portuguesa face aos

Imigrantes.

O título do meu trabalho teve origem na informação que recolhi ao longo da

pesquisa que efectuei e de algumas conversas que desenvolvi com amigos meus

oriundos de outros países (imigrantes em Portugal). Destas várias conversas que fui

tendo, fui concluindo que ao início quando cá chegaram a Portugal eram vistos de

“lado”, principalmente quando eram pequenos e frequentavam o ensino pré – escolar.

Com a informação que recolhi deparei-me com resultados de estudos que foram

efectuados ao longo da última década, que vêm confirmar estes testemunhos dos meus

amigos.

Assim este trabalho tem como principal objectivo traçado tentar perceber como é

que a sociedade portuguesa se caracteriza enquanto país de acolhimento/país autóctone.

Para isso vou dar a conhecer as várias comunidades imigrantes que existem em

Portugal, caracterizando-as em termos de perfil sócio – demográfico, dar a conhecer os

motivos porque vieram para o nosso país e, como não poderia deixar de ser, mostrar

como é que a sociedade portuguesa reage a estes tipos de movimentos migratórios. Esta

parte do trabalho enquadra-se no Estado das Artes.

Este trabalho comporta ainda um relato do processo de toda a pesquisa que

realizei para a concretização do mesmo, uma ficha de leitura, cujo tema do artigo

escolhido se encontra relacionado com o mesmo: Novas migrações, novos desafios: A

imigração do Leste Europeu, de Maria Ioannis Baganha, José Carlos Marques e Pedro

Góis.

E para finalizar os conteúdos que este trabalho comporta realizei uma avaliação

de uma página da Internet: Serviços Estrangeiros e Fronteiras, instituição que presta

auxilio a nível de informação e de documentação aos imigrantes sendo também

responsável pela apresentação do número de imigrantes que entram em Portugal, em

termos estatísticos. Web: http://www.sef.pt.

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Fontes de Informação Sociológica

2. Parte I

2.1. Descrição do Processo de Pesquisa

Para poder obter informação para a realização deste trabalho tentei pôr em

prática as técnicas aprendidas nas aulas teóricas e nas aulas práticas da disciplina de

Fontes de Informação Sociológica, leccionada pelo Professor Paulo Peixoto.

O primeiro passo que dei para conseguir desenvolver o meu trabalho foi realizar

uma questão de partida “ Será que a sociedade portuguesa contribui para uma boa

integração dos imigrantes?”, a partir daqui seleccionei “palavras-chave”: <imigração>,

<Portugal>, <integração>, <racismo> e <problemas>. Estes descritores durante a

pesquisa não foram utilizados individualmente, a maior parte das vezes juntava-os para

que a informação nos diferentes catálogos das bibliotecas e nos diferentes motores de

pesquisa fosse mais específica e melhor sobre o tema em questão: A Sociedade

Portuguesa face aos Imigrantes.

Comecei por explorar a Biblioteca do C.E.S (Centro de Estudos Sociais da

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra), aí não recorri à base de dados da

biblioteca, pois foi a responsável que se encontrava na biblioteca que me auxiliou na

pesquisa. Foi através dessa pesquisa que tudo se esclareceu em relação ao tema a

desenvolver neste trabalho. Obtive imensa informação nesta pesquisa, podendo afirmar

desde já, que de todos os locais que explorei, a pesquisa na Biblioteca do C.E.S foi a

mais enriquecedora. Nesta pesquisa seleccionei 4 registos, são eles:

Baganha, Maria Ioannis, Marques, José Carlos e Góis, Pedro (2004).

“Novas migrações, novos desafios: A imigração do Leste Europeu”.

Revista Crítica de Ciências Sociais, 69, 95-115.

Fiolhais, Rui (2002), “Imigração e Mercados de Trabalho em Portugal”,

in idem (org.), Dimensão Social e Imigração. s.l: s.e, 95-106.

Rediteia (2002). “Imigração em Portugal”, 27,pp.9.

Vala, Jorge (s.d). “Etnização e estratégias de relação cultural entre os

imigrantes e os países de acolhimento”, in António Barreto (org.),

Globalização e Migrações. s.l: Imprensa de Ciências Sociais, 284-289.

Seguidamente, fui explorar o catálogo da Biblioteca Municipal de Coimbra. Aí

comecei por introduzir o termo <imigração>, recebi cerca de 98 registos, mas para

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Fontes de Informação Sociológica

conseguir algo mais concreto juntei os termos <imigração> e <Portugal> ligados a partir

de um operador booleano de intersecção (+, este sinal indica que as palavras devem

aparecer no texto), apresentando-se da seguinte forma: <imigração +Portugal>, aí

devolveu-me cerca de 35 registos. A estes dois termos adicionei ainda <+integração>,

neste passo obtive cerca de 20 registos. Desta pesquisa seleccionei apenas três registos:

Baganha, Maria Ioannis e Marques, José Carlos (2001a), “A inclusão

social e laboral dos imigrantes e das minorias étnicas”, idem (orgs.)

Imigração e Política o Caso Português. Lisboa: Fundação Luso-

Americana, 52-54.

Baganha, Maria Ioannis e Marques, José Carlos (2001b), “Tendências no

sentido da formação de uma classe étnica”, idem (orgs.) Imigração e

Política o Caso Português. Lisboa: Fundação Luso-Americana, 68-70.

MAI – Ministério da Administração Interna (1998), Imigrantes e

minorias étnicas. Texto de Apoio B de Formação a Distância. Manual de

Formação da GNR e PSP.

No que diz respeito à pesquisa em catálogos de bibliotecas finalizei-a na

biblioteca da F.E.U.C e S.I.I.B/U.C – Sistema Integrado de Informação Bibliográfica da

Universidade de Coimbra. Efectuei exactamente os mesmos passos na pesquisa dos

catálogos das outras bibliotecas. Embora me tenha devolvido cerca de 172 registos,

pesquisei apenas em duas obras. Mas como vi que o seu conteúdo ia ao encontro do

material já recolhido, acabei por não os seleccionar.

Segue-se agora a exploração na Internet através de uma pesquisa booleana.

Iniciei a minha pesquisa no “motor-busca” Google. Como efectuei nos catálogos das

bibliotecas, comecei por introduzir o termo mais abrangente <imigração>, do qual

obtive cerca de 403,000 registos, que me conduziu logo para um grave problema –

excesso de informação (ou “ruído”, como foi ensinado na disciplina). Logo de imediato

fui juntando os termos e o meu problema persistia apresentando valores cada vez

maiores. Como no “motor – busca” Google a informação aumentava cada vez mais,

direccionei a minha pesquisa para outro “motor – busca” o Yahoo, o primeiro resultado

que obtive através do termo mais abrangente foi cerca de 1, 270, 000, efectuando

exactamente os mesmos passos os resultados foram diminuindo drasticamente.

Desta pesquisa na internet seleccionei um registo porque me pareceu bastante

completo para os meus objectivos traçados na realização deste trabalho que foi:

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Fontes de Informação Sociológica

Malheiros, Jorge (2006), “Integração social e profissional de imigrantes, refugiados

e minorias étnicas”, 5, 1-43. página visitada a 3 de Dezembro de 2007,

<http://www.equal.pt/Documentos/publicacao/Disseminar%205.pdf>

Esta pesquisa também me levou a confirmar algo que aprendi nas aulas da disciplina

de F.I.S, a diferença da quantidade de informação existente nos diferentes motores de

busca Google e Yahoo. Através desta diferença consegui detectar o indexante – Google

(contém uma directoria, percorre várias páginas e a informação não é arrumada por

pessoas), enquanto que no directório – Yahoo (contém editores humanos a organizar

informação, funcionam como páginas amarelas, filtram mais as páginas). É devido a

estes factores, que o Google contém mais informação que o Yahoo.

Como se pode verificar em todo o meu processo de pesquisa, retirei mais

informação das Bibliotecas do que da Internet, mesmo sabendo que a Internet hoje em

dia é um dos principais pontos de busca de informação, eu prefiro os livros, revistas

científicas etc., pois o risco que corro de encontrar informação pouco credível é muito

reduzido.

Consegui assim resultados satisfatórios para a realização e desenvolvimento do meu

tema.

Contudo não posso terminar a descrição do meu processo de pesquisa sem justificar

a razão pela qual não utilizei nenhuma palavra – chave em inglês como <immigration>

entre outros termos. Em primeiro lugar tenho algumas dificuldades no domínio da

língua e em segundo lugar ao longo das aulas apercebi-me do excesso de informação

quando se introduzia um termo em inglês, o que me iria ocupar algum tempo para poder

seleccionar a informação e traduzi-la e como eu estava limitada a prazos não a efectuei.

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Fontes de Informação Sociológica

2.2. Estado das Artes

Segundo a revista Rediteia:

Portugal, país tradicionalmente de emigrantes, é hoje em dia, e cada vez

mais, um país de imigrantes. Mas, as condições precárias em que vivem no

nosso país, e as dificuldades que encontraram em legalizar-se conduzem-

nos a uma situação de exclusão social e à clandestinidade. De facto, são

cada vez mais os que entram pelas fronteiras, em condições de verdadeira

escravidão. Mas, este problema ultrapassa e muito as fronteiras

portuguesas. (2002: 9)

É a partir desta pequena transcrição e de algumas trocas de impressões que tive

com amigos, que por sinal são oriundos de outros países, como China, Roménia,

Alemanha e Brasil que serviram como fonte de inspiração para o desenrolar deste

trabalho.

A imigração é um fenómeno que se está a sentir cada vez mais em Portugal. As

comunidades dos imigrantes já fazem parte do nosso dia-a-dia, muitas vezes são

ignoradas, não sei bem por quê, muitas vezes é através destas comunidades, da troca de

conhecimentos, que nos vamos enriquecendo a nós próprios, que a sociedade

portuguesa se torna mais culta.

O problema é que uma grande parte da sociedade portuguesa não vê com bons

olhos a entrada de indivíduos de outros países, pois não se lembram que também

existem indivíduos do nosso país, noutros países para alcançarem exactamente o mesmo

que estas comunidades vêm alcançar em Portugal. Assim a sociedade portuguesa torna-

se um pouco egoísta nesse aspecto, pois acusa os imigrantes de lhes tirarem os seus

postos de trabalho, mas o facto é que quando nós vamos ver em que tipo de trabalho um

imigrante está, é na construção civil, limpezas de ruas, tipos de trabalho que um

português pura e simplesmente se recusa a fazer.

Assim, como já havia mencionado na introdução deste trabalho, o objectivo para

o qual direccionei o meu trabalho é dar a conhecer melhor, a atitude da sociedade

portuguesa face aos imigrantes. Para atingir esse objectivo, vou tentar transmitir com

precisão e coesão a informação que recolhi ao longo da realização deste trabalho.

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Fontes de Informação Sociológica

Vou começar então, por dar a conhecer um pouco da origem das comunidades

imigrantes em Portugal, os motivos porque vieram para o nosso país e a forma como a

sociedade portuguesa os recebe na maior parte dos casos.

A imigração estrangeira tornou-se significativa em Portugal, principalmente,

desde os fins da década de 70, pois o país nessa altura modernizou-se politicamente, a

abertura económica a países estrangeiros tornou-se mais intensa e as ex-colónias

tornaram-se independentes, o que teve como principal consequência o regresso de um

largo volume de cidadãos portugueses, ao nosso país.

Mas com o passar dos tempos a demografia em Portugal sofreu muitas

modificações nomeadamente a partir do ano 2000, ano em que Portugal recebeu um

número estrondoso de imigrantes vindos da Europa de Leste.

2.2.1. Qual a origem dos imigrantes

Como já havia mencionado acima, a imigração em Portugal iniciou-se na

segunda metade dos anos 70, com a chegada em massa de africanos das antigas colónias

portuguesas. As décadas seguintes, 80, 90, tendem a caracterizar-se por uma maior

diversificação da origem dos imigrantes. Encontram-se nestas décadas em Portugal

imigrantes asiáticos, sul-americanos e africanos. (Fiolhais, 2002: 95)

Até há pouco tempo (2000), a comunidade estrangeira com maior número de

indivíduos em Portugal era oriunda de países lusófonos. A partir do ano 2000 este

quadro migratório alterou-se completamente, devido à entrada de milhares de

imigrantes da Europa de Leste. A partir deste momento a comunidade que passa a ter

maior números de indivíduos é originária de países do Leste da Europa.

Portugal apresenta uma grande diversidade de comunidades imigrantes, mas as

que apresentam maior número de indivíduos são: dos PALOP – Angola, Cabo Verde,

Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe entre outros; depois temos do Brasil;

da Europa de Leste – Moldávia, Roménia, Rússia e Ucrânia, entre outros; China;

Paquistão; Índia e outros. (Baganha, Marques e Góis, 2004: 96/97)

A população destas comunidades variadas, geralmente, vem para Portugal em

idade activa, ou seja, entre os 20-54 anos de idade e, na sua maioria, são homens.

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Fontes de Informação Sociológica

2.2.2. Porque é que vieram para Portugal

Quando se fala deste assunto é óbvio que não basta dizer que os imigrantes

fogem da miséria para virem à procura de uma vida melhor. Um outro factor bastante

forte para estes movimentos migratórios é a guerra, são pois refugiados que fogem para

salvar as suas vidas, ou porque o caos em que o seu país de origem mergulhou devido à

guerra tornou o sustento da sua sobrevivência impossível. (Baganha e Marques, 2001a:

52)

Um outro motivo é o estrangulamento económico dos países em vias de

desenvolvimento, causado pelos programas de reajustamento estrutural, planos de

reforma económica e medidas de austeridade impostas por organizações (como é o caso

do Afeganistão). Estamos assim a falar de imigrantes pobres e obrigados a imigrar para

assim conseguirem obter um sustento de vida.

Outro ponto muito importante, que justifica a vinda de imigrantes para Portugal,

principalmente nos fins dos anos 90, quando Portugal recebeu em grande massa

imigrantes da Europa de Leste, deveu-se ao facto de Portugal em 1995 ter entrado no

Acordo de Schengen. Segundo o MAI, este acordo tem como principal objectivo “(…)

a defesa dos direitos de todos os cidadãos comunitários dentro dos princípios assumidos

da livre circulação de pessoas, bens e serviços (…)” . (1998:24)

2.2.3. Atitude dos Portugueses face aos imigrantes

Para que a integração dos imigrantes na nossa sociedade tenha sucesso, não

depende só deles. Também depende de nós, enquanto país receptor.

Segundo Vala “ a integração corresponde a uma estratégia que associa a

manutenção da identidade da minoria e a sua adopção dos valores nucleares da

comunidade de acolhimento” (s. d.: 284)

Um indivíduo imigrante quando chega a Portugal, assim como um emigrante

português quando chega a outro país, a primeira dificuldade com se depara é o domínio

linguístico, principalmente quando não existe qualquer tipo de semelhanças entre elas.

Pois é através da língua que eles conseguem interagir connosco e assim ficar mais perto

da informação que vai existindo no dia-a-dia, em relação a formações para postos de

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Fontes de Informação Sociológica

trabalho, concursos, e claro não correrem o risco de caírem em trabalhos ilegais, como

por exemplo a prostituição. (Baganha e Marques, 2001: 53/54)

Face a estes problemas atrás descritos, os imigrantes ainda se deparam com

outro tipo de dificuldades, os baixos níveis de aceitação dos portugueses em relação ao

“outro” nas suas vidas privadas.

Segundo Baganha e Marques “(…) Portugal pode ser considerado um exemplo

de sociedade que formalmente é anti-racista mas onde persistem as atitudes racistas”

(2001b: 69).

Existem assim, dois tipos de racismo: um que rejeita a norma social anti-racista

– racismo flagrante; o outro tipo de racismo aceita a norma social anti-racista, ao

mesmo tempo que apresenta outras formas de racismo – racismo subtil. (Baganha e

Marques, 2001b: 69).

Quer isto dizer que a sociedade portuguesa em público exprime valores

parcialmente correctos1, o que leva uma grande parte da sociedade portuguesa a ser

caracterizada como discriminatória.

Os problemas mais frequentes na relação dos imigrantes com a sociedade

portuguesa, resumem-se a três pontos: a sociedade portuguesa associa mais facilmente

os imigrantes à criminalidade e à insegurança que se faz sentir no país, em vez de os

associar, por exemplo, como um contributo cultural, social e económico. O facto de não

existir contacto entre os imigrantes e os portugueses leva ao desenvolvimento de

sentimentos xenófobos e à origem de situações de tensão por parte da sociedade de

acolhimento. Um último facto (o mais frequente), é a construção de imagens negativas,

por parte da população autóctone, face às várias comunidades de imigrantes. Por

exemplo: a pouca eficiência dos trabalhadores da África Subsahariana, a imagem de que

todas as mulheres brasileiras estão envolvidas na prostituição, a violência dos

descendentes dos imigrantes dos PALOP etc. (Malheiros (2006: 7).

É necessário criar projectos de integração para os imigrantes e se necessário

programas de formação para a sociedade portuguesa. Por vezes, é devido aos actos

discriminatórios da sociedade portuguesa que muitos imigrantes, ao fim de amealharem

o dinheiro que necessitam para poder sobreviver, se vão embora para o seu país de

origem, em vez de permanecerem aqui em Portugal e, assim contribuírem para o

1 Para Baganha e Marques a pessoa não racista será aquela que interioriza a norma anti – racista como parte integrante de um sistema de valores baseado na igualdade e que rejeita todas as formas de racismo, incluindo as socialmente aceites. (2001b)

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Fontes de Informação Sociológica

rejuvenescimento da população portuguesa (problema com que Portugal se depara, já

que a classe jovem está a diminuir cada vez mais).

3. Parte II

3.1. Ficha de Leitura

Tipo de revista: Revista Crítica de Ciências Sociais, nº69

Data de publicação: Outubro de 2004

Editora: Centro de Estudos Sociais

Título do artigo: Novas migrações, novos desafios: A imigração do Leste Europeu

Número de páginas: 95 – 115

Assunto: Análise e descrição das características da comunidade imigrante da Europa de

Leste em Portugal

Autores: Maria I. Baganha, José C. Marques e Pedro Góis

Dados sobre os autores:

Maria Ioannis Baganha, licenciou-se em História, no ano de 1975, pela

Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Em 1984, alcança o grau de Mestre também em História, mas desta vez nos

EUA na University of Pennsylvania. No ano de 1990 realizou Doutoramento em

Sociologia (na especialidade Sociologia e Economia Históricas), na Universidade de

Lisboa.

A sua especialização incide nas áreas de migrações internacionais, emigração

portuguesa, imigração em Portugal, politicas migratórias e integração económica dos

imigrantes.

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Fontes de Informação Sociológica

As funções desempenha actualmente, são: é investigadora permanente do Centro

de Estudos Sociais, onde coordena o Núcleo de Estudos e Migrações, desde 2002 é

vice-presidente do Research Committe 31-Migration da Associação Internacional de

Sociologia e é ainda Professora Associada da Faculdade de Economia da Universidade

de Coimbra. (Alves, 2006)

José Marques, licenciou-se em Sociologia na Universidade de Évora, no ano de

1993. Quatro anos mais tarde, atingiu o grau de Mestre na Faculdade de Economia da

Universidade de Coimbra.

As suas áreas de especialização, são as Migrações e a Demografia.

Actualmente é investigador permanente do Centro de Estudos Sociais, onde integra o

Núcleo de Estudos de Migrações e é assistente da Universidade Católica Portuguesa de

Leiria. (Alves, 2006)

Pedro Góis, licenciou-se na Faculdade de Economia da Universidade de

Coimbra, em Sociologia, no ano de 1996. Em 2002 atinge o grau de Mestre também em

Sociologia.

Sociologia das Migrações e Sociologia da Arte são os seus domínios de especialização.

Actualmente é investigador permanente no Centro de Estudos Sociais, no

Núcleo de Estudos de Migrações e é assistente da Faculdade de Belas Artes na

Universidade do Porto. (Alves, 2006)

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Fontes de Informação Sociológica

Como se tem vindo a verificar, desde alguns anos, Portugal sofreu uma

transformação repentina na composição da sua população. Este fenómeno deve-se à

súbita e intensa vaga de imigração vinda dos países do Leste da Europa.

Assim, Maria Ioannis Baganha, José Carlos Marques e Pedro Góis, neste artigo,

vão nos dar a conhecer os factores principais que originaram este movimento

migratório.

Todos os resultados que vão ser apresentados nesta ficha de leitura, com base no

presente artigo, foram obtidos através da comparação da realização de dois inquéritos

nacionais a imigrantes do Leste da Europa, onde se podem observar características sócio

demográficas e que formas utilizam para se integrarem na sociedade portuguesa.

No que diz respeito às comunidades imigrantes em Portugal, até aos anos 80, a

população que apresentava uma maior taxa era proveniente de países lusófonos (77%).

Chega o ano 2001 e tudo muda em Portugal. Dá-se a súbita chegada dos

imigrantes do Leste da Europa. A partir deste momento, Portugal apresenta novos

fluxos de imigração. Este movimento classifica-se como repentino e alargado, porque o

número de indivíduos provenientes desta comunidade comparado com anos anteriores

(1992-1996) não apresentava um valor significativo, daí não se falar muito desta

comunidade até 2001.

Este movimento foi inesperado para Portugal, o qual não se sentia preparado

para tal acontecimento, em que de um momento para o outro a população imigrante

mais numerosa era a ucraniana.

E porque é que esta população escolheu o nosso país e não outro?!

Porque Portugal era o país que apresentava maiores facilidades de entrada, para

além disso também já continha uma elevada taxa de imigrantes, como já se verificou

anteriormente. Em relação aos motivos propriamente ditos, um dos principais motivos é

em termos de salários, já que o nível de vida aqui em Portugal comparado com o deles é

muito melhor. Também a ocorrência de guerras nos seus países é motivo para a origem

deste movimento.

Através dos inquéritos, que decorreram em 2002 e em 2004, observou-se um

aumento nos perfis sócio demográfico destes imigrantes.

No inquérito de 2002 obtiveram-se respostas de 735 indivíduos de 11

nacionalidades diferentes, onde prevalecia a comunidade ucraniana em primeiro lugar

11

Fontes de Informação Sociológica

(89,4%), em segundo a nacionalidade russa (6,5%), continuando assim esta escala

decrescente pelas várias nacionalidades.

No inquérito de 2004, realizado ao mesmo público-alvo, já se obtiveram 57% de

indivíduos de população ucraniana, 22% de comunidade russa e assim sucessivamente.

Constatou-se, então, que permanece a mesma hierarquia, com a população

ucraniana em primeiro lugar, mas detectou-se também um aumento nas restantes

nacionalidades, como foi o caso da população russa, que apresentou um aumento

significativo de 2002 para 2004.

Verifica-se também que a maior parte dos entrevistados eram do sexo

masculino, embora em 2004 a percentagem do sexo feminino tenha aumentado (2002 –

29,3% e 2004 – 37,5%). As idades destes imigrantes encontravam-se compreendidas

sobretudo entre os 24-54 anos de idade, classificada como idade activa.

Esta vaga de imigrantes vinda da Europa de Leste em termos de perfis

educativos, divide-se em dois grupos: um de indivíduos qualificados (diplomados por

instituições do Ensino Superior e Cursos técnico – profissionais) e outro de indivíduos

de qualificações médias (formação no secundário).

Até aqui observou-se e caracterizou-se esta população. Mas esta população em

termos de inserção na sociedade portuguesa depara-se com alguns problemas.

O principal objectivo desta população é a procura e obtenção de um emprego.

Mas como não se encontram totalmente ligados às modalidades existentes, de acessos

mais formais a empregos (Centros de Emprego, Concursos Profissionais…), recorrem

às designadas redes de sociabilidade (família, amigos…) “agências de viagens”. E no

caso dos imigrantes ilegais o acesso a modalidades formais, torna-se mais incapacitado,

pois estes minimizam os seus contactos, o máximo possível.

Contudo, quanto maior for o período de estadia em Portugal, os indivíduos em

questão passam a estar cada vez menos dependentes de redes de sociabilidade, devido

ao melhor domínio da língua e assim conseguir aceder mais facilmente às mais variadas

informações existentes sobre o mercado de trabalho e as oportunidades que daí advêm.

Este facto leva também os imigrantes a recorrerem cada vez menos às “agências de

viagem”.

O tipo de trabalho onde se verifica maior número de imigrantes é na construção

civil, nas limpezas de ruas, sendo estes na maior parte das vezes o primeiro emprego.

Estes indivíduos trabalham em média 40 horas por semana. Em termos salariais no ano

de 2002 ganhavam em média 360€ ou menos, em 2004 já se registavam salários de

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Fontes de Informação Sociológica

600€ ou mais. É de salientar, que o tipo de trabalho que os imigrantes ocupam no

mercado de trabalho português não tem nada em comum com o tipo de formação que

receberam, mesmo assim resultam factores positivos desta discrepância: os imigrantes

aqui conseguem atingir com maior sucesso estabilidade a nível de contratos e o seu

nível de vida é bastante melhor.

Uma outra fase para estes imigrantes é a sua integração na sociedade portuguesa.

A sua integração verifica-se através da aquisição de competências sociais,

culturais e linguísticas do país de acolhimento. Entre estas, as últimas (competências

linguísticas), são as que assumem o papel principal deste processo, pois é através destas

que os imigrantes conseguem criar formas de relacionamento com a população de

acolhimento (portugueses), embora para os imigrantes de Leste seja uma tarefa

complicada, pois a língua portuguesa é muito diferente da sua, conduzindo assim a sua

adaptação para um processo difícil e demorado. Observou-se através dos inquéritos que

uma parte razoável da amostra já tinha conhecimentos linguísticos.

Para que o processo de integração dos imigrantes seja fácil é necessário que a

sociedade portuguesa também crie condições para a sua inclusão.

Uma grande parte da sociedade portuguesa está caracterizada, como sendo

egoísta.

Através dos inquéritos que foram realizados aos imigrantes, os autores, no ano

de 2004, confirmaram que os inquiridos manifestavam que tinham já sido alvo de

discriminação principalmente em sítios públicos (cafés, ruas, lojas…). Este tipo de

atitudes por parte da sociedade portuguesa leva a que uma grande parte dos imigrantes

tenha como principal objectivo regressar ao seu país de origem assim que tiverem

poupado o dinheiro suficiente.

Apesar de todos estes factores, muitos consideram a sua migração para Portugal

uma decisão positiva, opinião que os leva a trazer para cá as suas famílias e assim

permanecerem.

Em suma: é a partir e durante o ano de 2001 que Portugal recebe um movimento

migratório inesperado, imigrantes do Leste da Europa. A maior parte destes imigrantes,

encontravam-se no campo da população activa e a maioria eram homens. Muitos deles

apresentavam uma formação superior, ao tipo de trabalho para o qual foram destinados

aqui em Portugal (construção civil).

A maior parte, quando cá chegou, já tinha conhecimentos linguísticos, o que

facilitou um pouco da sua integração.

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Fontes de Informação Sociológica

Contudo a sociedade portuguesa não vê com “bons olhos” estes movimentos

migratórios. Mesmo assim muitos imigrantes traziam como objectivo traçado conseguir

o máximo de dinheiro possível e voltar para o seu país de origem, outros acabem por

permanecer no nosso país e trazer para cá as suas famílias.

Não só estes autores obtiveram estas conclusões. Outros autores como Jorge

Malheiros, Rui Fiolhais, Jorge Vala entre outros, concluíram as mesmas ideias.

Jorge Malheiros desenvolve um item no seu trabalho sobre programas de

integração social que se podem desenvolver na comunidade portuguesa. O seu trabalho

vem, assim, fortalecer as conclusões obtidas pelos autores acima mencionados.

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Fontes de Informação Sociológica

3.2. Avaliação de uma página da Internet

No âmbito do regime da avaliação contínua, ao qual me propus, na disciplina de

Fontes de Informação Sociológica, um dos pontos pretendidos era a avaliação de uma

página da Internet.

Para poder alcançar este objectivo escolhi uma página de acordo com o meu

tempo, e da qual me fui servindo para perceber melhor a realidade portuguesa no que

diz respeito à imigração: http://www.sef.pt.

Assim, através das técnicas que fui aprendendo nas aulas desta disciplina, passo

a descrever a forma como realizei a avaliação da página atrás mencionada.

Quando se fala de imigração, uma das páginas para o qual nos remetem logo é

para esta, pois os seus dados são credíveis e actualizados, e este facto foi observável

durante a minha pesquisa nos “motores – busca”, onde foi referenciada inúmeras vezes.

Esta página é de fácil acesso. Um outro factor que contribui para este fácil

acesso é a predominância da língua inglesa, que como se verifica é a principal língua de

domínio a nível mundial. O que se revela um factor bastante agradável para todos os

indivíduos de nacionalidades estrangeiras que pretendam consultar esta página.

A homepage deste site em termos gráficos é atractiva, pois é constituída por

cores, animações e notícias do dia a dia actualizadas, contém ainda inúmeros

separadores onde se encontra a informação, esta encontra-se seleccionada por assuntos

que vai desde a organização SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) até à forma

como podemos contactar com eles (preenchendo um formulário que eles

disponibilizam, com os nossos dados pessoais, ou se preferirmos contactar com eles

através do telefone 808 202 653 (rede fixa) e 808 962 690 (rede móvel)).

No meu ponto de vista crítico em relação a esta página, considero-a bastante

apelativa, organizada e de fácil compreensão para poder aceder à mais variada

informação “filtrada” nos separadores da página de entrada.

Não tendo mais nada acrescentar a esta avaliação, dou-a por concluída.

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Fontes de Informação Sociológica

4. Conclusão

Ao longo da realização/desenvolvimento deste tema: A Sociedade Portuguesa

face aos Imigrantes, deparei-me com algumas dificuldades que consegui ultrapassar.

Para obter toda a informação para a realização deste trabalho utilizei as técnicas

aprendidas na Disciplina de Fontes de Informação Sociológica, leccionada pelo

Professor Paulo Peixoto.

Ao longo da leitura deste trabalho, pode-se encontrar o tipo de nacionalidades

imigrantes que predominam no nosso país (nacionalidades que apresentam apenas

números de indivíduos significativos, ou seja que se fazem sentir no meio da nossa

comunidade), assim como a caracterização do seu perfil sócio demográfico, os motivos

que os levaram a viajar para o nosso país e como é que Portugal reage a estas chegadas.

Apesar de considerar que o meu trabalho está de algum modo simples, penso ter

conseguido atingido os objectivos traçados pela disciplina com clareza e precisão.

Assim como também interiorizei e aprendi a lidar com as técnicas que aprendi ao longo

do semestre nesta disciplina

Em suma: considero ter sido um trabalho muito enriquecedor para mim, quer a

nível da informação que tratei, quer como a agilidade que ganhei na selecção de

informação para a realização de um trabalho académico.

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Fontes de Informação Sociológica

5. Referências Bibliográficas

Alves, Joana Pimentel (2006), A imigração do Leste da Europa para Portugal. Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Fontes de Informação Sociológica.

Baganha, Maria Ioannis, Marques, José Carlos e Góis, Pedro (2004). “Novas

migrações, novos desafios: A imigração do Leste Europeu”. Revista Crítica de

Ciências Sociais, 69, 95-115.

Baganha, Maria Ioannis e Marques, José Carlos (2001a), “A inclusão social e

laboral dos imigrantes e das minorias étnicas”, idem (orgs.) Imigração e

Política o Caso Português. Lisboa: Fundação Luso-Americana, 52-54.

Baganha, Maria Ioannis e Marques, José Carlos (2001b), “Tendências no

sentido da formação de uma classe étnica”, idem (orgs.) Imigração e Política o

Caso Português. Lisboa: Fundação Luso-Americana, 68-70.

Fiolhais, Rui (2002), “Imigração e Mercados de Trabalho em Portugal”, idem

(org.), Dimensão Social e Imigração. s.l: s.e, 95-106.

Malheiros, Jorge (2006), “Integração social e profissional de imigrantes,

refugiados e minorias étnicas”, 5, 1-43. página visitada a 3 de Dezembro de

2007, <http://www.equal.pt/Documentos/publicacao/Disseminar%205.pdf>

MAI – Ministério da Administração Interna (1998), Imigrantes e minorias

étnicas. Texto de Apoio B de Formação a Distância. Manual de Formação da

GNR e PSP.

Rediteia (2002). “Imigração em Portugal”, 27,pp.9.

SEF, (2007), “Sef”, página consultada a 19 de Dezembro de 2006, disponível

em http://www.sef.pt/portal/v10/PT/aspx/page.aspx

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Fontes de Informação Sociológica

Vala, Jorge (s.d). “Etnização e estratégias de relação cultural entre os imigrantes

e os países de acolhimento”, in António Barreto (org.), Globalização e

Migrações. s.l: Imprensa de Ciências Sociais, 284-289.

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Anexo I

Texto de Suporte da Ficha de Leitura

Baganha, Maria Ioannis, Marques, José Carlos e Góis, Pedro (2004).

“Novas migrações, novos desafios: A imigração do Leste Europeu”.

Revista Crítica de Ciências Sociais, 69, 95-115.

Fontes de Informação Sociológica

Anexo II

Avaliação da Página da Internet

SEF, (2007), “Sef”, página consultada a 19 de Dezembro de 2006, disponível em

http://www.sef.pt/portal/v10/PT/aspx/page.aspx

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