A revolução liberal de 1820
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[ESCOLA DR JOÃO CARLOS CELESTINO GOMES – ÍLHAVO HISTÓRIA A – 11º D] 15 de Fevereiro de 2013
Mara Cristiana Godinho, nº 15 1
A Revolução Liberal de 1820
Introdução:
Na aula de substituição de História A do dia 1 de Janeiro de 2013, foi proposto à
turma, no plano de aula, que se realizasse um trabalho sobre a Revolução Liberal de 1820.
Os tópicos para a realização do trabalho eram os seguintes: Antecedentes e
conjuntura dos ideais liberais; A expansão interna dos ideais liberais; As invasões francesas e
a dominação inglesa em Portugal; O agravamento da situação económica e o desencadear
da Revolução.
Através da análise cuidada das páginas do manual (“O Tempo da História”, Parte II) e
da pesquisa de novas informações (pois tenho sempre curiosidade de atingir pormenores
que nem sempre constam no manual), pretendo adquirir conhecimentos sobre a Revolução
Liberal de 1820 e ser capaz de os transmitir da melhor forma.
1. Antecedentes e conjuntura da Revolução Liberal Portuguesa de 1820
Em inícios do século XIX, Portugal era, ainda, alvo do quotidiano arcaizante do Antigo
Regime. Assim, persistia uma sociedade de ordens, bastante hierarquizada, em que
prevaleciam os privilégios da nobreza e do clero; uma economia com base na agricultura
(pouco rentável), em que os camponeses viviam dependentes dos senhores feudais; um
sistema de monarquia absoluta, em que reinava D. João (que viria a ser D. João IV) e que
estava se submetia à repressão ditada pela Inquisição, pela Real Mesa Censória (zelava pela
interdição das obras consideradas subversivas) e pela Intendência-Geral da Polícia (dirigida
por Pina Manique, distinguiu-se pela pertinaz repressão aos ideais liberais, prendendo,
perseguindo e castigando ao menor sinal de inconformismo).
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Ainda assim, simultaneamente surgia um clima propício à mudança. Distinguem-se,
com forças de inovação a maçonaria (organização secreta que defendia os valores
iluministas), e a burguesia (que ansiava por ascensão na vida política).
A conjuntura económica, política e social era bastante favorável ao desencadear de
uma revolução: a depressão económica, a ruína do erário público, a crise da burguesia, o
clima de agitação social foram factores que ditaram a implantação do Liberalismo em
Portugal.
2. A expansão interna dos ideais liberais
Em Portugal, o Liberalismo entrou pela dupla influência francesa e inglesa ainda no
século XVIII, graças à acção de alguns autores ditos iluminados do tempo do Marquês de
Pombal e de D. Maria I que defendiam um modelo de organização política e social fundado
nos princípios da soberania do povo, na limitação dos poderes e autoridade do monarca, na
liberdade de pensamento e expressão, na igualdade de direitos e na tolerância.
Apesar dos obstáculos políticos e das naturais resistências culturais, como o
analfabetismo e a persistência de uma mentalidade essencialmente conservadora, as ideias
liberais foram-se difundindo no nosso país.
A Maçonaria, como indicado no item anterior, desempenhou um papel de relevo
nessa difusão, apesar de reprimida. No início do século XIX contavam-se cinco lojas
maçónicas em Lisboa, que tinham como filiados elementos da nobreza, da burguesia e até
alguns clérigos. Em 1818, alguns membros da maçonaria fundaram no Porto o Sinédrio (uma
associação secreta que haveria de dar um contributo decisivo para a Revolução Liberal de
1820).
As invasões francesas (inícios do século XIX) vieram possibilitar à maçonaria uma
maior liberdade de acção, o que levou a um aumento significativo do seu número de
filiados. As tropas napoleónicas que entraram em Portugal para “proteger um país
subjugado à influência maligna da Inglaterra” (Junot), contribuíram elas próprias para a
difusão dos ideais revolucionários.
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Os exilados nas grandes capitais europeias, Londres e Paris, em particular,
constituíram outro importante veículo de difusão das ideias liberais, através dos seus
escritos e publicações (livros, jornais, panfletos…), que faziam introduzir clandestinamente
no país.
3. As invasões francesas e a dominação inglesa em Portugal
Em 1806, Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental (nenhuma nação
europeia deveria comerciar com as Ilhas Britânicas). Portugal, aliado histórico da Inglaterra,
desrespeitou o bloqueio e, em consequência sofreu três invasões francesas comandadas
sucessivamente, pelo general Junot, pelo marechal Soult e pelo marechal Massena. Estas
invasões causaram uma grande devastação e destruição mas atingiram, especialmente, o
domínio político e económico que a Inglaterra exerceu em Portugal.
A família real, juntamente com todos os que representavam a monarquia e os
súbditos que quisessem acompanhar a viagem em navios privados, embarcou para o Brasil.
Esta mudança da Corte para o Brasil, apesar de justificada pela necessidade de preservar a
independência de Portugal, foi entendida pelos súbditos comuns, como uma verdadeira
fuga, o que contribuiu para o descrédito da monarquia absoluta.
Na ausência de D. João VI, Portugal ficou sob o domínio de William Carr Bersford
(investido de amplos poderes por D. João VI, que o fez também marquês e marechal,
destacou-se pelo autoritarismo e repressão que exerceu como governante). Beresford
organizou a defesa contra os franceses, controlou a economia e exerceu a repressão contra
o Liberalismo crescente. Os portugueses viam-no como prepotente, tendo-se salientado o
episódio da execução do general Gomes Freire de Andrade por envolvimento na
conspiração liberal de 1817.
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4. O agravamento da situação económica e o desencadear da Revolução
A situação do Brasil como sede do reino, em consequência das invasões francesas,
tomou a atenção do rei que tomou medidas favoráveis à economia brasileira, porém, muito
contestadas pela burguesia da metrópole: a abertura dos portos do Brasil (1808), obrigando
a burguesia portuguesa a competir com os estrangeiros pelo mercado brasileiro; o Tratado
do Comércio da Inglaterra (1810), que favorecia a entrada de manufacturas inglesas no
Brasil (espécie de confirmação do Tratado de Methuen). Para além do decréscimo do
comércio, também as despesas ultrapassavam as receitas e a agricultura definhava.
Portanto, não espanta que a agitação revolucionária lavrasse no meio da burguesia.
No Porto, o Sinédrio (associação fundada por Manuel Fernandes Tomás) estava atento à
marcha dos sucessos políticos, preparando-se para intervir quando a situação se revelasse
propícia. E assim aconteceu em 1820: Portugal passou a receber muita propaganda liberal
precedente de Espanha, que após a Restauração da Constituição de 1812 se tornou o centro
de uma vasta rede de agitação politica; e depois, Beresford embarcou para o Rio de Janeiro
a fim de solicitar dinheiro ao regente para pagamento de despesas militares e mais amplos
poderes para poder reprimir a crescente onda de agitação.
Então, a ausência do temido marechal favoreceu a acção do Sinédrio, que se lançou
no aliciamento de figuras militares capazes de consumar a tão desejada revolução (que viria
a acontecer a 24 de Agosto de 1820).
Conclusão:
Através desta pesquisa, pude concluir que o movimento das “Luzes”, os Ecos da
Revolução Francesa, o Movimento Maçónico e os Exilados Portugueses contribuíram para a
difusão do Liberalismo na sociedade, na economia, na organização política e na mentalidade
portuguesas, que aliada a uma conjuntura económica, política e social favorável (depressão
económica; ruína do erário público; crise da burguesia; clima de agitação social) e até
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mesmo às invasões francesas e à dominação inglesa em Portugal que trouxeram a Portugal
um clima de repressão dos ideais liberais devido à regência absolutista de Beresford
trouxeram consequências (instalação da Corte no Brasil; destruições e pilhagens; abertura
dos portos brasileiros em 1808; Tratado comercial com a Inglaterra em 1810) que haveriam
de permitir a tão desejada revolução de 1820.
Desta forma, foquei os motivos, os autores, os acontecimentos e os objectivos da
Revolução de 1820.
O trabalho realizado correspondeu às minhas expectativas e, mais uma vez, consegui
aprender a estimular os meus métodos pessoais de pesquisa. Espero que corresponda
também às expectativas da Professora da disciplina.