A QUINTA PARTE DO DISCURSO DO MÉTODO DESCARTES

7
ORDEM DAS QUESTÕES DA FISICA E A ALMA E O CORPO Nesta quinta parte do discurso do método, Descartes faz um esboço das concepções sobre a física e cosmologia; dualidade ou independência entre corpo e alma; teoria mecanicista; o mundo é uma máquina; universo – composto de matéria e movimento. Todos os acontecimentos são causados pelo choque de partículas movendo-se umas sobre as outras. O mundo é uma máquina: o mundo é um imenso relógio mecânico composto de inúmeras rodas dentadas. ..seria agora necessário que abordasse muitas questões controvertidas entre os eruditos, dos quais não desejo atrair a inimizade, acredito que será melhor que eu me abstenha e apenas diga, em geral, quais elas são, para deixar que os mais sábios julguem se seria útil que o público fosse mais especificamente informado a esse respeito (DESCARTES, R. Discurso do Método, V parte, p. 41). Ele tenta de uma maneira simplificada explicar todos os processos complexos da natureza, embora não tenha publicado, por razões desconhecida as quais o nosso filosofo não entrou em detalhes, fazendo assim apenas um resumo de tais questões. tentei explicar as principais num tratado que certas considerações me impedem de publicar, não poderia fazê-las conhecer melhor do que explicando aqui, resumidamente, o que ele contém. (DESCARTES, R. Discurso do Método, v parte, p. 41). 1

Transcript of A QUINTA PARTE DO DISCURSO DO MÉTODO DESCARTES

Page 1: A QUINTA PARTE DO DISCURSO DO MÉTODO DESCARTES

ORDEM DAS QUESTÕES DA FISICA E A ALMA E O CORPO

Nesta quinta parte do discurso do método, Descartes faz um esboço das

concepções sobre a física e cosmologia; dualidade ou independência entre corpo

e alma; teoria mecanicista; o mundo é uma máquina; universo – composto de

matéria e movimento. Todos os acontecimentos são causados pelo choque de

partículas movendo-se umas sobre as outras. O mundo é uma máquina: o mundo

é um imenso relógio mecânico composto de inúmeras rodas dentadas.

..seria agora necessário que abordasse muitas questões controvertidas

entre os eruditos, dos quais não desejo atrair a inimizade, acredito que será

melhor que eu me abstenha e apenas diga, em geral, quais elas são, para

deixar que os mais sábios julguem se seria útil que o público fosse mais

especificamente informado a esse respeito (DESCARTES, R. Discurso do

Método, V parte, p. 41).

Ele tenta de uma maneira simplificada explicar todos os processos complexos

da natureza, embora não tenha publicado, por razões desconhecida as quais o

nosso filosofo não entrou em detalhes, fazendo assim apenas um resumo de tais

questões.

tentei explicar as principais num tratado que certas

considerações me impedem de publicar, não poderia fazê-las

conhecer melhor do que explicando aqui, resumidamente, o

que ele contém. (DESCARTES, R. Discurso do Método, v

parte, p. 41).

Descartes defendia um conhecimento racional: Por meio da razão, que

através de modelos teóricos quer conhecer e dominar o mundo:

Contudo, tal qual os pintores que, não conseguindo representar igualmente

bem numa tela plana todas as diversas faces de um corpo sólido, escolhem

uma das principais, que põem à luz, e, sombreando as outras, só as fazem

aparecer tanto quanto se possa vê-las ao olhar aquela; receando dessa

forma, não colocar em meu discurso tudo o que havia em meu pensamento,

tentei apenas expor bem amplamente o que concebia da luz; depois, na

ocasião propícia, acrescentar alguma coisa a respeito do sol e das estrelas

fixas, porque a luz provém quase inteiramente deles; a respeito dos céus,

porque a transmitem; a respeito dos planetas, dos cometas e da Terra,

1

Page 2: A QUINTA PARTE DO DISCURSO DO MÉTODO DESCARTES

porque a refletem; e, em particular, a respeito de todos os corpos que

existem sobre a Terra, porque são ou coloridos, ou transparentes, ou

brilhantes; e, por fim, a respeito do homem, porque é o seu espectador.

(DESCARTES, R. Discurso do Método, v parte, p. 42).

O mundo é uma máquina; Unificação da realidade; Conhecer para dominar;

Modelo mecânico facilmente dominável pelo homem e Interesse em unificar

mediante modelos mecânicos de inspiração geométrica.

Daí me pus a falar especificamente acerca da Terra; como, apesar de haver

claramente estabelecido que Deus não colocara peso algum na matéria de

que ela era formada, todas as suas partes não deixavam de propender

exatamente para o seu centro; como, existindo água e ar em sua superfície,

a disposição dos céus e dos astros, especialmente da lua, devia nela causar

um fluxo e refluxo, que fosse semelhante, em todas as suas circunstâncias,

ao que se observa nos nossos mares; e, além disso, certo curso, tanto da

água como do ar, do levante para o poente, tal como se observa também

entre os trópicos; como as montanhas, os mares, as fontes e os rios podiam

naturalmente formar-se nela, e os metais surgirem nas minas, e as plantas

crescerem nos campos, e em geral todos os corpos denominados mistos ou

compostos serem nela gerados.” (DESCARTES, R. Discurso do Método, V

parte, p. 43).

A alma e corpo humano, para Descartes , para ele existe duas estruturas o

res cogitans (alma) onde nelas esta o pensamento / realidade inextensa ou seja

as realidade imateriais e o res extensa (corpo) as realidades materiais ( extenso

(permanência no tempo; duração).

satisfiz-me em imaginar que Deus formasse o corpo de um homem

inteiramente semelhante a um dos nossos, tanto no aspecto exterior de

seus membros como na conformação interior de seus órgãos, sem compô-lo

de outra matéria exceto aquela que eu descrevera, e sem colocar nele, no

início, alma racional alguma, nem qualquer outra coisa para servir-lhe de

alma vegetativa ou sensitiva, mas sim avivasse em seu coração um desses

fogos sem luz que eu já explicara, e que não concebia outra natureza a não

ser a que aquece o feno quando o guardam antes de estar seco, ou a que

faz ferver os vinhos novos quando fermentam sobre o bagaço. Pois,

examinando as funções que, por causa disso, podiam se encontrar neste

corpo, achava exatamente todas as que podem estar em nós sem que o

pensemos, nem, como conseqüência que a nossa alma, isto é, essa parte

2

Page 3: A QUINTA PARTE DO DISCURSO DO MÉTODO DESCARTES

distinta do corpo cuja função, como já foi dito mais acima, é apenas a de

pensar, para tal contribua, e que são todas as mesmas, o que consente

dizer que os animais sem razão se nos assemelham, sem que eu possa

encontrar para isso nenhuma daquelas razões que, por dependerem do

pensamento, são as únicas que nos pertencem enquanto homens, enquanto

encontrava a todas em seguida, ao presumir que Deus criara uma alma

racional e que a juntara a esse corpo de uma certa maneira que descrevia.

(DESCARTES, R. Discurso do Método, V parte, p. 44).

RENÉ DESCARTES E A CONCEPICÃO DE HOMEM E ANIMAL

Descartes afirma que o homem é diferente dos animais porque, eles carecem

de pensamiento ou alma racional. Afirma que o organismo dos animais é uma

complexa máquina automática. Demostra que a alma dos animais(alma sensitiva)

é inferior á humana, devido a que os animais não usam a razão, e não são seres

inteligentes, e que a alma do homem é independente do corpo e é imortal.

os animais sem razão se nos assemelham, sem que eu possa encontrar

para isso nenhuma daquelas razões que, por dependerem do pensamento,

são as únicas que nos pertencem enquanto homens(...). O que não

parecerá de maneira alguma estranho a quem, sabendo quão

diversos autômatos, ou máquinas móveis, a indústria dos homens pode

produzir, sem aplicar nisso senão pouquíssimas peças, em comparação à

grande quantidade de ossos, músculos, nervos, artérias, veias e todas as

outras partes existentes no corpo de cada animal, considerará esse corpo

uma máquina que, tendo sido feita pelas mãos de Deus, é

incomparavelmente mais bem organizada e capaz de movimentos mais

admiráveis do que qualquer uma das que possam ser criadas pelos

homens. (DESCARTES, R. Discurso do Método, v parte, p.50).

Por fim descartes conclui que os seres humanos são por muitas razões

superiores aos animais sem razão, e que a alma é de fato de uma natureza

transcendental, pois ela não se extingui com a morte do corpo material mais vai

alem da existência do corpo, por essa razão a alma é imortal.

compreende-se muito mais as razões que provam que a nossa (alma) é de

uma natureza inteiramente independente do corpo e, conseqüentemente,

3

Page 4: A QUINTA PARTE DO DISCURSO DO MÉTODO DESCARTES

que não está de maneira alguma sujeita a morrer com ele; depois, como

não se notam outras causas que a destruam, somos naturalmente impelidos

a supor por isso que ela é imortal(DESCARTES, R. Discurso do Método, V

parte, p. 53 ).

O QUE DIZEM OS CARTESIANOS

Assim, de posse dessas verdades claras e distintas - a existência de sua alma

e de Deus -, Descartes julgou poder descartar tudo aquilo que não aparecesse de

forma nítida. Além da filosofia, o novo método cartesiano de busca da verdade seria

capaz de encontrar na natureza aquelas leis com as quais Deus permitira que

fossem feitas mudanças na matéria. Nesse sentido, a quinta parte do Discurso do

Método traz a descrição sumária do mundo que Descartes havia impedido de ser

publicada e a discussão em torno da biologia de animais e plantas, com destaque

para a divulgação da circulação sanguínea descoberta pelo médico inglês William

Harvey, em 1628. Os animais por não serem capazes de expressar seus

pensamentos por intermédio da linguagem, como fazem os homens, seriam

considerados como máquinas movimentadas por uma alma corruptível e mortal.

A dúvida metódica de Descartes, ao contrário do método indutivo de Bacon,

procurava se despir de toda experiência sensível para chegar aos pressupostos da

razão apriori. Mais radical que a simples dedução lógica da geometria de então - a

"maneira dos geômetras" a qual Hobbes pôde aplicar, em sua teoria política,

partindo de uma base materialista e não de uma mera razão -, Descartes abriu

caminho para o racionalismo puro que, na matemática dos séculos seguintes muito

ajudou à interpretação científica da natureza. Em ciências, foi um rival à altura do

empirismo inglês e, até que o pragmatismo viesse a prevalecer no século XX,

colocou o Canal da Mancha como fronteira geográfica a marcar físicamente a

separação entre a filosofia insular, em geral naturalista e empírica, e a continental

européia, analítica e metafísica.

De fato, o temor da censura impediu Descartes de propor a um público geral a

aplicação do seu método, não como uma forma provisória e pessoal, mas como

teoria moral definitiva, válida para todos. Entrementes, o método cartesiano trazia

inerente uma dificuldade quase intransponível na barreira das mentes de outros 4

Page 5: A QUINTA PARTE DO DISCURSO DO MÉTODO DESCARTES

seres pensantes. Por adotar uma introspecção como base de sua investigação, o

máximo que poderia admitir como certo seria a sua própria existência e a do mundo

externo pela idéia de Deus. Não há como, sem muito esforço interpretativo, afirmar

categoricamente a existência de uma outra alma no corpo de um outro ser humano

com os fundamentos do novo método.

Com As Paixões da Alma, há a explicação de como a alma pode motivar e

movimentar o próprio corpo, através das paixões. Também se encontram

recomendações de auto-controle com base na reta razão. Contudo nada há que

garanta sua existência em outros corpos apenas pela presença de uma glândula

específica - a pineal no caso de Descartes.

O QUE EU DIGO DO QUE DIZ DESCARTES E O DO QUE DIZEM OS

CARTESIANOS.

É evidente que descarte,

DESCAETES. R.Ordem das questões de física V parte .

O Discurso do método.

Ed. Martin Claret, 2008

http://www.discursus.hpg.ig.com.br/moderna/methode.html

1 - O que concebemos como claro e distinto quando perguntamos

em que consiste o mundo material? 

2 - O universo físico é puramente material?

3 – Quais a duas substâncias que existe realmente para Descartes e de que

são compostas?

5