A qualidade da informação online coloca em perigo o futuro do ciberjornalismo

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Mestrado em Comunicação nas Organizações Métodos de Pesquisa A qualidade da informação online coloca em perigo o futuro do ciberjornalismo 1

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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Mestrado em Comunicação nas Organizações

Métodos de Pesquisa

A qualidade da informação online coloca em perigo o futuro do ciberjornalismo

Magda Pimentel – 21000561

Ano Lectivo – 2010-2011

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Page 2: A qualidade da informação online coloca em perigo o futuro do ciberjornalismo

Índice

Resumo…………………………………………………………………………………..2

Introdução……………………………………………………………………………......3

1 – Do jornalismo impresso ao jornalismo digital – momentos marcantes na história do

ciberjornalismo em Portugal……………………………………………………………..4

2 – Características do ciberjornalismo – da instantaneidade à hipertextualidade……….6

3 – Riscos e perigos da informação online – a falta de rigor e credibilidade coloca em

causa os valores da objectividade e veracidade da informação………………………….7

4 – A qualidade da informação online coloca em risco o futuro do ciberjornalismo……8

Conclusão………………………………………………………………………………10

Bibliografia……………………………………………………………………………..11

Resumo:

A emancipação e a expansão das publicações online conduziu gradualmente à

emergência e ao desenvolvimento de um novo modelo de jornalismo, o ciberjornalismo,

também conhecido por jornalismo online ou jornalismo digital. Esta nova forma de

jornalismo distingue-se das tradicionais pela sua instantaneidade, velocidade,

interactividade e hipertextualidade. No entanto, esta multimedialidade e

homogeneização de conteúdos coloca em causa questões como a objectividade, a

credibilidade, e a veracidade das informações.

Se por um lado, a revolução no mundo digital veio possibilitar uma maior difusão da

informação, acessível a todos, de forma rápida e imediata em qualquer parte do globo,

por outro, veio enfraquecer a qualidade, rigor e exactidão dessa mesma informação.

Abstract:

The proliferation and expansion of online publications has lead gradually to the

emergence and development of a new kind of journalism, the cyber journalism, also

known as journalism online or digital journalism. This new model of journalism differs

from the traditional for its immediacy, speed, interactivity and hipertextuality.

However, this multimediality and homogenization of content into question such issues

as objectivity, credibility and veracity of information.

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But, on the one hand, the digital revolution has enabled a wider dissemination of

information, accessible to all, quickly and efficiently anywhere in the world, on the

other, there by weakening the quality and rigor of this information.

Palavras-chave:

Ciberjornalismo, jornalismo digital, jornalismo online, Web, informação, informação

online

Keywords:

Cyberjournalism, digital journalism, online journalism, Web, information, online

information

Introdução

A maioria dos estudiosos na área da comunicação argumenta que a emergência do

ciberjornalismo levou à extinção do jornalismo impresso e ao enfraquecimento do

jornalismo televisivo e do jornalismo radiofónico. Alguns, senão quase todos, acreditam

que esta nova forma de análise e selecção de conteúdos é o futuro do jornalismo.

Conhecido também por jornalismo digital e jornalismo online, esta nova forma de

jornalismo é caracterizada pela sua velocidade, instantaneidade, interactividade e

hipertextualidade. Se, no século passado existia uma divisão entre os conteúdos de

escrita, de aúdio e de vídeo, actualmente todas essas ferramentas estão interligadas

através do ciberjornalismo. O desenvolvimento das tecnologias da informação e da

comunicação permitiram ao utilizador consultar numa mesma plataforma os conteúdos

em vários formatos e seleccionar detalhadamente aquilo que procura através das várias

ferramentas disponíveis.

Contudo, esta multimedialidade de conteúdos coloca em causa alguns dos

fundamentos e bases jornalísticas. Questões como a pirâmide invertida, o lead, o

gatekeeper, a objectividade, a clareza e a veracidade das informações têm vindo

gradualmente a perder importância.

O ciberjornalismo veio permitir uma maior difusão da informação, acessível a

qualquer um, em toda a parte do mundo, mas ao mesmo tempo é o principal culpado

pela deterioração e perda de qualidade dessa mesma informação.

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Proponho com este trabalho analisar a qualidade da informação online, perceber até

que ponto a instantaneidade e a interactividade deste novo meio e consequentemente a

sua falta de rigor e credibilidade é um perigo para o jornalismo digital. A falta de

qualidade da informação online pode colocar em risco o futuro do ciberjornalismo?

1 – Do jornalismo impresso ao jornalismo digital – momentos marcantes na

história do ciberjornalismo em Portugal

Os primeiros avanços no campo do ciberjornalismo em Portugal foram lentos e

marcados por uma série de problemas. Segundo Helder Bastos, no artigo “15 anos de

ciberjornalismo em Portugal”1, a abordagem histórica dos primeiros quinze anos de

ciberjornalismo em Portugal pode ser dividida em três fases: implementação (1995-

1998), expansão (1999-200) e depressão/estagnação (2001-2010). A primeira fase é

caracterizada pelo aparecimento de edições online de medias tradicionais na Web; a

segunda fase é marcada pelo surgimento dos primeiros jornais generalistas

exclusivamente online, e a terceira pelo encerramento de sites e redução de despesas e

profissionais.

A 26 de Julho de 1995 foi inaugurada a edição na Web do primeiro diário de

informação a actualizar regularmente os seus conteúdos na sua edição online, o Jornal

de Notícias. Dois meses depois, foi a vez do Pùblico, de começar a actualizar as suas

informações na Internet. O final do ano ficou marcado pelo surgimento do Diário de

Notícias online. O Expresso foi o primeiro semanário a estar presente na Internet, em

1997. Em 1998 o Setúbal na Rede tornou-se a primeira publicação exclusivamente

online. Pouco tempo depois, a 19 de Março, o Correio da Manhã iniciava a colocação da

sua edição diária na Internet. Um ano depois surgia o Diário Digital, uma publicação

exclusivamente online.

Na televisão, a pioneira foi a RTP, que em 1995 começou as suas emições online,

seguida da TVI, um ano depois. A TVI tornou-se na primeira estação a emitir online os

seus conteúdos televisivos. Na rádio, a TSF Online surgiu em 1996, com informações

em directo, magazines, crónicas e reportagens.

1 BASTOS, Hélder, Da implementação à estagnação: os primeiros doze anos de ciberjornalismo em

Portugal, Universidade do Porto.

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Com o desenvolvimento do jornalismo online alguns profissionais foram transferidos

das redacções tradicionais para as digitais, passando a lidar com uma nova realidade e

com uma nova lingagem, a do hipertexto. No entanto, a maioria dos jornais diários tinha

nas suas edições online jornalistas a part time, que despejavam os conteúdos redigidos

nos jornais nas plataformas digitais, o que deixava as páginas demasiado cheias e

pesadas.

O novo milénio ficou marcado pelo início de novos projectos, que envolveram

investimentos elevados. Algumas redacções aumentaram os seus quadros, contratando

novos profissionais para os seus departamentos online.

Entretanto, os órgãos de comunicação social optaram por incluir nos seus sites, além

do conteúdo já produzido, outros serviços disponíveis apenas na versão online, como

fotografias, vídeos e sons que complementassem as notícias.

No entanto, pouco tempo depois os primeiros sinais de crise começaram a manifestar-

se. Em 2001 o Diário Digital dispensava 11 pessoa; o Expresso Online 17; um ano

depois foi a vez da SIC Online iniciar o processo de cortes de pessoal. José António

Lima, director adjunto do Expresso explicou à revista Visão que o que correu mal foi:

“Aumentámos a redacção numa altura em que se verificava uma euforia, nacional e

internacional, pela Internet. O importante era marcar posição.”2

Num estudo promovido pela Associação Portuguesa de Imprensa e pela empresa

Vector 213 (intitulado “A Internet e a Imprensa em Portugal”), em Outubro de 2003,

concluíu-se que com o aparecimento das publicações online, cerca de 30 por cento dos

portugueses deixaram de compar jornais. Contudo, o número de cibernautas que lia

jornais na Web era reduzido, cerca de 12 por cento.

Apesar de o ciberjornalismo estar em crise entre 2001 e 2010 surgiram novas

publicações online de médias tradicionais, assim como diversas reformulações em

algumas plataformas digitais.

No entanto, tal como afirma Hélder Bastos4, “os ciberjornais portugueses de

informação geral de âmbito nacional nunca exploraram a fundo as potencialidades

(muito menos, de forma conjugada) do novo meio, a saber, interactividade,

2 BASTOS, Hélder, Da implementação à estagnação: os primeiros doze anos de ciberjornalismo em

Portugal, Universidade do Porto.3 1ª Estudo AIND/Vector 21 - A Internet e a Imprensa em Portugal, 20034 BASTOS, Hélder, Da implementação à estagnação: os primeiros doze anos de ciberjornalismo em

Portugal, Universidade do Porto.

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hipertextualidade, multimedialidade, instantaneidade, ubiquidade, memória e

personalização.” Para além disso, “as empresas, que, ao longo dos anos, quase sempre

adoptaram uma postura cautelosa e conservadora em relação à Internet, não investiram

em meios técnicos e humanos suficientes, como também não conseguiram encontrar

modelos de negócio sustentáveis que lhes permitissem rendibilizar os projectos na

Web”.

2 – Características do ciberjornalismo – da instantaneidade à hipertextualidade

Os estudiosos que se debruçam sobre os media consideram que o jornalismo digital

têm características diferentes do jornalismo tradicional. O ciberjornalismo não engloba

apenas todas as potencialidades dos media tradicionais (texto, imagens, áudio, vídeo);

apresenta também novas características e capacidades, como a interactividade, a

instantaneidade, a velocidade e a hipertextualidade. A informação online vai para além

da simples recolha e análise de dados, da construção de notícias e reportagens; é

necessário contar histórias, dar opiniões e ideias e completá-las com ferramentas de

multimédia. Ora, para que isto aconteça, para o jornalista que trabalha numa redacção

digital não basta ter o domínio de aptidões fundamentais do jornalismo tradicional,

como redacção, reportagem ou edição. O ciberjornalista deve ser capaz de perceber as

capacidade dos novos media, as suas características e potencialidades, necessita de se

adaptar em termos de difusão, organização e redacção da informação.

Os jornalistas dos media tradicionais escrevem normalmente de uma forma simples e

acessível, de modo a que o leitor, o ouvinte ou o telespectador consigam, sem grandes

dificuldades, perceber, compreender e apreender a mensagem. Os ciberjornalistas,

embora também tenham de se preocupar com este tipo de escrita, têm de ter a noção de

que na Web existem utilizadores com perfis muito diferentes, com exigências muito

específicas e, como tal, é necessário contar a história de modo a satisfazer os vários

tipos de público.

Além disso, o mundo digital caracteriza-se ainda pela participação activa do

utilizador, abolindo as convencionais noções de tempo e de espaço dos media

tradicionais e introduzindo o conceito de leitura não linear.

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De acordo com Inês Amaral5 existem quatro factores que distinguem o jornalismo

tradicional do jornalismo digital: “a distribuição (o acesso), a personalização (o papel

activo do utilizador), a periodicidade (fim da lógica de “uma edição, um produto”) e a

informação útil (prática e objectiva).”

Outras das grandes características do ciberjornalismo foi a substituição da pirâmide

invertida por uma pirâmide convergente. Segundo Inês Amaral, “a pirâmide

convergente segue a lógica da pirâmide invertida, mas complementa a informação

central com o recurso a elementos multimédia e textuais agregados numa rede de

hiperligações.6” Já Canavilhas considera que “no webjornalismo a pirâmide invertida é

substituída por um conjunto de pequenos textos hiperligados entre si”7. Recorrendo à

técnica da pirâmide invertida, a notícia é organizada consoante a sua relevância, ou seja,

os dados mais importantes estão no inicio e a restante informação é organizada em

blocos decrescentes de interesse. Como o espaço disponível na Internet é infinito e

passa a existir uma interactividade entre o jornalista e o leitor deixa de fazer sentido a

utilização de uma pirâmide invertida. Isto permite ao utilizador escolher e consultar a

informação que está dividida por hipertextos.

3 – Riscos e perigos da informação online – a falta de rigor e credibilidade coloca

em causa os valores da objectividade e veracidade da informação

O aparecimento e desenvolvimento do ciberjornalismo veio permitir uma maior

difusão da informação, disponível a todos, de uma forma rápida e espontânea em

qualquer parte do mundo. Se, no século passado, o leitor/ouvinte/ telespectador apenas

tinha acesso a um reduzido número de notícias locais/nacionais através do

jornal/rádio/televisão, seleccionadas e redigidas pelos jornalistas, actualmente tem ao

seu dispor qualquer tipo de informação proveniente de qualquer parte do globo, que

pode ser seleccionada e analisada de acordo com as suas preferências.

A instantaneidade e a velocidade com que a informação se propaga levou a maioria

das publicações online a disponibilizarem novos conteúdos de forma regular e

constante. Se há dez anos, o leitor/ouvinte/telespectador tinha de esperar para receber 5 AMARAL, Inês, Interactividade e Jornalismo: Novas Formas de Escrita e de Leitura.6 AMARAL, Inês, Interactividade e Jornalismo: Novas Formas de Escrita e de Leitura.7 CANAVILHAS, João Messias, Webjornalismo: Considerações gerais sobre jornalismo na Web,

Universidade da Beira Interior

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novas informações sobre um determinado acontecimento, hoje em dia, isso já não

acontece. A emancipação da Internet possibilitou ao utilizador estar actualizado “ao

minuto”. Os jornalistas digitais procuram ser os primeiros a dar a informação sobre um

determinado assunto, de modo a “vencer a concorrência”. No entanto, disponibilizar os

dados e os factos não significa fazer copy paste de agências noticiosas como a Lusa. A

grande maioria das publicações online está tão preocupada com o número de visitantes

do site do órgão de comunicação e com a rapidez com que dão a informação que

esquece-se de verificar fontes, situações ou de reformular o texto ou completá-lo com

elementos multimédia. Ora, isto significa que o utilizador irá encontrar a mesma

informação, com os mesmos dados, as mesmas palavras, em todas as publicações online

que consultar.

Questões como a objectividade, a clareza, a coerência, a simplicidade e a veracidade,

que são alguns dos fundamentos e bases do jornalismo são desprezadas. Se, por um

lado, a instantaneidade e a velocidade veio possibilitar uma maior difusão da

informação, por outro, veio enfraquecer a qualidade, o rigor e a exactidão dessa mesma

informação. O utilizador quando ao fazer a pesquisa não pretende ter um conjunto de

respostas idênticas, mas sim mais dados e esclarecimentos.

O jornalista multimédia têm de ter a noção de que é necessário analisar a informação

que lhe é fornecida, confrontar factos e fontes, reescreve-la e completá-la com formatos

digitais.

Para além, do copy paste, e a possível consequente falta de rigor e veracidade da

informação, muitas publicações online desvalorizam o tipo de linguagem utilizada. É

comum nas plataformas de media digitais os utilizadores criticarem erros gramaticais ou

incoerência na construção das frases de uma determinada notícia.

4 – A qualidade da informação online coloca em risco o futuro do ciberjornalismo

O futuro do jornalismo é um tema controverso e debatido por vários estudiosos, que

apresentam diferentes perspectivas. A maioria dos autores, senão quase todos argumenta

que o ciberjornalismo é o futuro do jornalismo e de que a sua emergência levou à

extinção do jornalismo impresso e ao enfraquecimento do jornalismo televisivo e do

jornalismo radiofónico. Por oposição, outros consideram que a Internet poderá levar ao

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desaparecimento do jornalismo, que será ultrapassado por um jornalismo mais

participativo, por um jornalismo feito pelos cidadãos.

Em Maio de 1996, quando o ciberjornalismo começou a dar os primeiros passos em

Portugal, Lourenço Medeiros, Director Editorial da Sic Online, afirmou ao Jornal de

Notícias que “o jornalismo não acaba por todos poderem ter melhor acesso a fontes de

informação, como acontece aos utilizadores da Internet. O cidadão continua a precisar

de alguém que se dedique a tempo inteiro a seleccionar, a sintetizar e a explicar. O

jornalismo não acaba. Pelo contrário, ganha novos instrumentos. Mas para isso falta a

muitos jornalistas portugueses formação, formação e mais formação.”8 Ora, para além

de existirem ainda poucos jornalistas a trabalhar nas plataformas online, muitos deles

ainda não têm formação digital. Isto significa que à falta de tempo junta-se a ausência

de conhecimentos técnicos. Estes dois elementos podem colocar em causa a qualidade

da informação e em risco o futuro do ciberjornalismo.

Paralelamente, muitos autores argumentam que o futuro do jornalismo passa pelo

jornalismo do cidadão. Uma das grandes vantagens do jornalismo digital e da Web 2.0 é

a possibilidade de existir uma interactividade entre quem produz e quem consome a

informação. Se, no século passado a capacidade de elaborar conteúdos pertencia a um

pequeno nicho da sociedade, hoje qualquer pessoa pode fazê-lo. Isto significa que

actualmente não é necessário um mediador que seleccione e apresente as informações,

pois estas estão ao dispor de qualquer pessoa. O futuro do ciberjornalismo passa por um

jornalismo mais participativo, onde cidadãos e profissionais da informação trocam

dados e opiniões e interagem entre si para um enriquecimento da qualidade dos

conteúdos.

Conclusão

8 BASTOS, Hélder, Da implementação à estagnação: os primeiros doze anos de ciberjornalismo em

Portugal, Universidade do Porto.

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O jornalismo que existia há alguns anos é diferente daquele que existe actualmente.

Com o desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação e da informação e com

as alterações introduzidas pela Internet surgiram novas formas de consultar e produzir

conteúdos. A emancipação e a expansão das publicações online conduziu gradualmente

à emergência e ao desenvolvimento de um novo modelo de jornalismo, o

ciberjornalismo, caracterizado pela sua instantaneidade, velocidade, interactividade e

hipertextualidade. Se, no século passado existia uma divisão entre os conteúdos de

escrita, de áudio e de vídeo, actualmente todas essas ferramentas estão interligadas

numa mesma plataforma, onde os utilizadores podem seleccionar detalhadamente aquilo

que procuram.

O ciberjornalismo veio permitir uma maior difusão da informação, acessível a

qualquer um, em toda a parte do mundo, mas ao mesmo tempo é o principal culpado

pela deterioração e perda de qualidade, rigor e exactidão dessa mesma informação,

colocando em causa algumas bases do jornalismo, como a objectividade, a credibilidade

e a veracidade dos factos. Muitas publicações online, possivelmente por falta de tempo

ou por contratação de profissionais sem competências digitais considera que fazer copy

paste de agências noticiosas chega para o cidadão compreender todos os factos. Mas

esquece-se de que todas as outras publicações online fizeram o mesmo e que o “leitor”

vai encontrar a mesma informação, os mesmos dados e as mesmas palavras que já

encontrara em sites anteriores. Por isso, o jornalista multimédia têm de analisar essa

mesma informação, confrontar factos e fontes, reescreve-la e completá-la com formatos

digitais.

Aparentemente, a qualidade da informação online, não vai colocar em risco o futuro

do ciberjornalismo, assim como a instantaneidade e a interactividade deste meio não são

um perigo quer para o jornalismo digital, quer para o jornalismo tradicional. O futuro do

ciberjornalismo passa por um jornalismo mais participativo, onde cidadãos e

profissionais trocam dados, opiniões e informações e interagem entre si para um

enriquecimento da qualidade dos conteúdos.

Bibliografia

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