A Necessidade de olhar os pássaros do Céu
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Transição manual dos SlidesMúsica: Hidden love-Ernesto Cortazar
Pesquisa e Formatação
A Necessidade de olhar os pássaros do Céu
15 de abril de 202313:08:26
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Com base no conto “Ouro e batatas”, do livro A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário Silva. (Momentos de Paz Maria da Luz).Conta-nos assim o autor:João Peres, prestimoso amigo do Plano Espiritual, estava de volta à esfera dos homens.Tudo pronto para o renascimento. E porque desfrutasse merecidos afetos, era como bênção de luz a festa das despedidas.Tornarei, sim, dizia bem-humorado, e espero vencer agora.Indagou alguém se estava informado quanto ao pretérito, ao que respondeu, generoso:
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- Conservo a memória voltada para certo período, e modificando a expressão fisionômica:- Tinha eu trinta anos de idade, em Taubaté, quando foi promulgada a lei de 18 de abril de 1702, sob o nome de “Regimento dos Superintendentes, Guarda-mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro”, com que o cetro português procurava incentivar a mineração no Brasil. Cada minerador, com mais de doze escravos, poderia receber uma data com 900 braças quadradas, ou seja, 4.356 metros quadrados. Vendi a propriedade que herdara, sozinho, de meus avós, e rumei para Vila Rica. Instalado nas vizinhanças de S. João Del-Rei, consegui catorze cativos e comecei meu trabalho.
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Cobiçoso, não mentalizava senão ouro, ouro, ouro... Mas enquanto companheiros diversos prosperavam, felizes, não encontrava por mim senão cascalho e desilusão. Mourejando de sol a sol, a pouco e pouco me desencantei. Tinta anos vivi ali a loucura do ouro. Ouvi a fama das minas de Cuiabá. Entreguei o pedaço de terra a meu primo Martinho Dantas e abalei-me, com dois escravos, para a viagem temível. Tudo começou às mil maravilhas, mas fomos desviados da rota e, a tempo breve, achávamo-nos sem caminho, em pleno deserto verde. A seca atacava tudo. E caí doente, fatigado, febril. Na segunda noite de maiores dificuldades, Juvenal e Sertório entraram em fuga, levando-me víveres e cavalos.
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No delírio que me assaltava, sentia fome... Cambaleei por dois dias, como bêbado solitário, procurando comer... Mastigando folhas amargas que me impunham tremenda salivação, arrastei-me, até que, ao pé de uma fonte, vejo pequena bolsa, recheada com algo... Tremo de esperança. Alguém teria deixado ali algum resto de refeição. Abro o saquitel e contemplo uma farinha dourada. Semienlouquecido, encho a boca, como quem encontra os remanescentes de uma farofa gorda. E bebo água, muita água, para morrer depois em pavoroso suplício, porque nada mais fizera que comer ouro em pó.Peres interrompeu-se.Todavia, alguém pede mais. Encerrara então ali a carreira?
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- Não, disse ele, sorrindo, ao pé da própria carcaça, invadida de pó valioso, demorei-me por tempo indeterminado. Se dormindo, não sei. Se acordado, ignoro. Mas sei que vivi pesadelo incessante em que via barras de ouro, pepitas de ouro, lâminas de ouro e caixas de ouro... Quando essa loucura encontrou alívio, pus-me, em espírito, no movimento da retaguarda. Muito tempo havia passado, porque o próprio Martinho não mais achei. Morrera, próspero, deixando larga fortuna aos filhos. A terra que eu lhe emprestara abrira-se, enfim, mostrando o seio aurífero. Reclamei meus direitos e brami contra o mundo, sem que ninguém me ouvisse, até que, um dia, por bondade de Deus, dormi, tudo esquecendo...
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Renascera entre os bisnetos de meu primo e, desde cedo, ansiando a posse de ouro, aprendi a comerciá-lo. Viajava entre Sabará e S. João Del-Rei sem medir sacrifícios. Entretanto, aspirando à riqueza fácil, estimulei nos escravos o gosto do furto. Quanto me pudessem oferecer tinha preço. E aumentei meus negócios. Atravessava de novo a casa dos sessenta anos, quando a clandestinidade de meus serviços escusos foi revelada. Dispunha, no entanto, de enorme fortuna em ouro e consegui escapar ao processo, subornando funcionários e consciências. Policiado, no entanto, resolvi retirar-me. Buscaria o território baiano e, por lá, tomaria medidas novas. Mudaria meu próprio nome. Depois, desceria por mar, rumo ao sul.
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Na corte, poderia desfrutar vida farta, Tomei tropas. Viajei garantido. Servidores numerosos. Carga volumosa e pesada. Na travessia do S. Francisco, exigi que as minhas duas grandes malas de ouro me acompanhassem. É muito peso, disse o barqueiro, sensato. Mas exigi. Ele e eu, com a carga, ou nada feito. O homem aceitou, mas, a pleno rio, surgem correntes mais fortes. O barco oscila. Vai-se a primeira mala. Tento retê-la e cai a segunda. Gritando, à feição de louco, mergulho nas profundas águas, perdendo de novo a vida...Peres fitou-nos, pensativo, e ajuntou:- Desde então, sofri merecidos horrores para aprender...
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- E agora, Peres? Perguntou, intrigado, um amigo que também se dispunha à reencarnação.
O ex-garimpeiro e comerciante levantou-se e atendeu:Agora será diferente. Volto ao meu torrão antigo em S. Paulo e vou plantar batatas.E, sorrindo, concluiu:- É muito melhor.REFLEXÃO:Essa estória nos apresenta cenas de escravidão voluntária aos bens ilusórios da matéria e de suas consequências naturais.
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Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XXV, item 6, encontramos a transcrição de passagens do Evangelho de Mateus, que nos chamam a atenção, e nos falam da necessidade de olharmos os pássaros no céu. Destacamos: “Não acumuleis tesouros na Terra, onde a ferrugem e os vermes os comem e onde os ladrões os desenterram e roubam; acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem os vermes os comem; porquanto, onde está o vosso tesouro ai está também o vosso coração”. “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, que todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo. Assim, pois, não vos ponhais inquietos pelo dia de amanhã, porquanto o amanhã cuidará de si. A cada dia basta o seu mal”.
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Quando encarnado, o homem percebe através dos sentidos materiais apenas as coisas materiais e, então, passa a valorizá-las; coisas do tipo: dinheiro, posse, bens materiais em geral, que transformam-se na motivação primeira do homem, preocupado unicamente com a sua sobrevivência e pela manutenção das coisas que facilitam essa sobrevivência. Daí, a dificuldade de entender e perceber que toda a Natureza vibra e sobrevive por impulso de Deus. O sucesso da vida humana é sempre medido pelos bens que tenhamos acumulado e pela capacidade que temos de adquirir todas as coisas que desejamos com a utilização desses bens, entretanto, esse sucesso é ilusório, uma vez que, pelos ciclos repetitivos das reencarnações, ao desencarnarmos, não conseguimos levar as coisas materiais.
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Levamos apenas os valores morais, as construções e o progresso espiritual, que conseguirmos atingir, e essas não estão à venda no mundo. É preciso que o homem encontre a motivação para perceber qual é o verdadeiro tesouro a ser buscado; qual é o único tesouro que efetivamente pode ser acumulado e multiplicado. Nossas ações seguem sempre aquilo que elegemos como nossas necessidades; porém, muitas vezes, usando nossa mente, iludimo-nos, encontrando necessidade naquilo que realmente não é necessário. Os trechos de Mateus, aqui colocados, nos mostram isso com bastante clareza. Aquilo que elegemos como sendo nosso tesouro, dominará nosso coração, e será o agente motivador de tudo o que fizermos.
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Assim, se colocarmos nosso alvo em tesouros ilusórios, seremos prisioneiros de coisas materiais, que não constroem nem ajudam a evolução espiritual. Os dramas da vida encarnada se repetem entre os homens. As consequências daquilo que fazemos dependem sempre do alvo que nos motiva. Nossas necessidades reais, entretanto, são diferentes, e cada um de nós que aqui estamos, para mais um ciclo de aprendizado na matéria, tem suas próprias necessidades, em função do adiantamento espiritual e dos valores que precisam ser adquiridos. As provas que nos são impostas aparecem como consequência da motivação desenvolvida pela percepção que temos daquilo que sejam nossas necessidades.
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Mas o exercício do aprendizado nos impõe, muitas vezes, coisas que não temos condição de lidar. A escolha, porém, é sempre nossa; e diante daquilo que não podemos mudar, só nos cabe aceitar e admitir como fato, ou sofrer e buscar na ilusão de nós mesmos, a solução para aquilo que não nos cabe solucionar.Assim, meditemos um pouco naquilo que nos motiva; nos tesouros que valorizamos; naquilo que hoje mantemos o nosso coração, e tentemos encontrar as respostas para algumas questões. O que mais valorizamos na vida? Dinheiro, poder, autoridade, influência, reconhecimento, posse, ou a paz interior? Onde aprisionamos nosso coração?
![Page 15: A Necessidade de olhar os pássaros do Céu](https://reader036.fdocuments.net/reader036/viewer/2022062308/55c77037bb61ebc5138b45cf/html5/thumbnails/15.jpg)
Muita Paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados semanais de O Livro dos Espíritos e de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nova página: Espiritismo com humor.