A morte e o processo de morrer
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A MORTE E O PROCESSO DE MORRER
Profa Enfª Eliane Cristina da Cruz Santos
O QUE É A MORTE?
MORTE
(Etm. do latim: mors.mortis)
Óbito ou falecimento; cessação completa da vida, da
existência.
Dicionário On Line de Português
DEFINIÇÕES POPULARES
“É o tempo que a pessoa já cumpriu aqui na terra e vai viver em outro espaço, outro lugar diferente desta aqui, humana”. (Lua)
“A morte para mim é um fenômeno natural que hoje é muito discutida né, entre as religiões.” (Sol)
“A morte é um momento de transição, eu acredito que depois tem um lugar especial guardado para cada um.” (Estrela)
CONCEITOS DE MORTE
Morrer é o cessar irreversível:
1- da função de todos órgãos, tecidos e células;
2- do fluxo de todos os fluídos do corpo incluindo o sangue e o ar;
3- do funcionamento do coração e do pulmão;
4- do funcionamento espontâneo do coração e do pulmão;
©Francisconi/2000
Morrer é o cessar irreversível:
5- do funcionamento de todo o cérebro, incluindo o tronco cerebral;
6- do funcionamento completo do neocórtex;
7- do funcionamento de todo o cérebro
8- da capacidade corporal de ser consciente.
CONCEITOS DE MORTE
©Francisconi/2000
HISTÓRICO
Na Grécia antiga, acreditava-se que os médicos tinham o poder
da cura delegado pelos deuses.
Daí tornarem-se semideuses numa sociedade em que as
relações sociais eram rigidamente definidas entre os cidadãos e
os não cidadãos (escravos e estrangeiros).
O que os médicos determinavam deveria ser cumprido sem
questionamentos.
HISTÓRICO
Séculos depois, Descartes fundamentou o método científico em sólidas
bases racionais, deixando de lado os deuses e passando a divinizar a
própria ciência médica.
A tecnologia passa a ser capaz de realizar qualquer coisa: prolongar a
vida, aumentar o bem-estar da população e, porque não, evitar a morte.
O fim da vida passa a ser um acidente não admissível e todos os meios
devem ser utilizados para, ao menos, retardá-lo.
SÉCULO XXI
A morte no século XXI é vista como tabu; por outro
lado, o grande desenvolvimento de várias ciências
permitiu a cura de várias doenças e um
prolongamento da vida.
Desde os primórdios da civilização que o nascimento e a morte despertam
no ser humano uma grande curiosidade e inquietação.
A morte, assim como a doença e o sofrimento, são partes integrantes da
condição humana.
Quando a morte se anuncia na nossa vida ou na vida dos seres da nossa
intimidade através duma doença incurável, ou nas premissas de uma
sentença irreversível, ficamos demasiados abalados por tudo aquilo que
acontece para nos entregarmos a considerações gerais sobre a morte.
O poder da morte é imenso, avassalador, observável em toda a parte, em qualquer ser vivo, e todos nós
percebemos que vamos morrer. Que a morte faz parte da constante renovação da vida e é inerente à condição
humana, é algo que o homem sempre teve dificuldade em aceitar, sobretudo no que lhe diz respeito.
VIDA X MORTE
Esta atitude de tentar preservar a
vida a todo custo é responsável por
um dos maiores temores do ser
humano na atualidade.
Que é o de ter a sua vida mantida
às custas de muito sofrimento,
solitário numa UTI, ou quarto de
hospital, tendo por companhia
apenas tubos e máquinas.
NATURALIDADE DA MORTE
“(...) Torna-se, por isso, fundamental recuperar o sentido da naturalidade da morte, voltar a encará-la como um processo inerente à condição Humana e deixar de a pensar como um acidente ou um acontecimento que podia ser evitado (...)”
Susana Pacheco (2002)
INDIGENTE:
INDIGNO DE SER GENTE.
PACIENTE Na visão conservadora
CLIENTENa tendência demercado PESSOA HUMANA
Em sua dignidade
Capelão e Professor: REIS
OS NOVOS PARADIGMAS DE ATENÇÃO
Freud (1914) vem nos falar que a morte de um ente querido nos revolta pois, este ser leva consigo uma parte do nosso próprio eu amado.
E na contemporaneidade vivemos uma exigência de imortalidade: que nada mais é que um produto dos nossos desejos.
Morte & Luto no Contexto Hospitalar
As cinco fases do luto (ou da perspectiva da morte) são:
Fase 1) Negação
Seria uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o
problema, tenta encontrar algum jeito de não entrar em contato com a
realidade seja da morte de um ente querido ou da perda de emprego. É
comum a pessoa também não querer falar sobre o assunto.
Fase 2) Raiva
Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçada e não se
conforma por estar passando por isso.
Fase 3) Barganha
Essa é fase que o indivíduo começa a negociar, começando com si mesmo,
acaba querendo dizer que será uma pessoa melhor se sair daquela situação,
faz promessas a Deus. É como o discurso “Vou ser uma pessoa melhor, serei
mais gentil e simpático com as pessoas, irei ter uma vida saudável.”
Fase 4) Depressão
Já nessa fase a pessoa se retira para seu mundo interno, se isolando,
melancólica e se sentindo impotente diante da situação.
Fase 5) Aceitação
É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue
enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto pra enfrentar a
perda ou a morte.
Quando falar da morte?• Desde o início da intervenção, e não apenas na fase terminal.
• Falar da morte com a pessoa e com a sua família
Características da intervenção:• Acompanhar a pessoa e a sua família, demonstrando
disponibilidade e abertura.
• Validar os esforços de todos os envolvidos.
Revelando a verdade
descobrindo como ajudar ..
mentira piedosa
verdade piedosa
Pan Chacon et al. Rev Assoc Med Bras 1995; 41(4): 274.
Avaliações prévias:
• Funcionamento da família
• Situações de doença e lutos anteriores
• Contexto e significado da doença
• Como a família compreende a morte
Estratégias:
• Avaliar Necessidades;
• Detectar Sinais de Sofrimento;
• Encontrar respostas para essas Necessidades e
Sinais de Sofrimento;
• Promover a Comunicação;
• Ajudar a Família a tratar o Doente como Pessoa
Viva, e não como se já tivesse morrido;
• Estar presente sempre que necessário e possível;
• Reforçar o Apoio à Família durante a fase terminal
• Prestar Apoio quando da Morte.
A equipe vivencia a morte de um paciente como um fracasso, colocando à prova, o trabalho de todos.
Segundo Kübler-Ross (1997): "Quando um paciente está gravemente
enfermo, em geral é tratado como alguém sem direito a opinar."
“Dentro dessa humanidade no atendimento ao doente terminal, Kübler-Ross (1997) nos fala da importância do acolhimento ao doente por parte da equipe, da importância da verdade.
O que se questiona não é o dizer ou não a verdade, mas sim como contar essa verdade, aproximando-se da dor do paciente, colocando-se no lugar dele para entender seu sofrimento.”
Paciente terminal: “É aquele que se encontra além da possibilidade
de uma terapêutica curativa e que necessita de um tratamento paliativo visando alívio de inúmeros sintomas que o atormentam, sempre levando em consideração a melhoria da qualidade de vida de uma maneira global, isto é, não somente a parte biológica, mas também nas esferas espiritual, social e psicológica.”
(CHIBA, 1996).
Quatro valores nucleares da Medicina
1- Prevenção da doença e do dano; promoção e manutenção da saúde.
2- Alívio da dor e do sofrimento causado pelas doenças.
3- Cura e cuidado dos doentes e cuidados para aqueles que não podem ser curados.
4- Evitar a morte prematura e procurar a morte tranquila.
Hastings Ctr Report,26:6,1996
©Francisconi/2000
Questões para discutir:
• O processo de morte, desde o ponto de vista de cuidados, de um idoso é diferente do de uma criança, adolescente ou adulto ?
• Quais os deveres associados ao paciente que está morrendo ?
• Como lidar com um paciente que solicita que a sua vida não seja mantida ?