A Magazine #21

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Porque anda o Porto nas bocas do mundo? Nº21 MAIO 2013 26 ambientes Ajudar o Porto a arrebitar 34 partidas Gran Canaria, um continente em miniatura para descobrir 16 entrevidas Coração de Dragão Pinto da Costa

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Porque anda o Porto nas bocas do mundo?

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Porque anda o Porto nas bocas do mundo?

Nº21 MAIO 2013

26 ambientesAjudar o Porto a arrebitar

34 partidasGran Canaria,

um continente em miniatura

para descobrir

16 entrevidas

Coração de Dragão

Pinto da Costa

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editorial

A BOM PORTO o eleger como tema de capa o dinamismo da região Norte, que

tem no “novo” Porto a sua montra mais vistosa, este número da A Magazine faz justiça a uma realidade que, nos últimos anos, os portugueses aprenderam a reconhecer e a valorizar. Falo do impacto das infraestruturas aeroportuárias no desenvolvimento das suas zonas de influência – impacto que, no caso do aeroporto do Porto, extravasa as fronteiras nacionais, estendendo-se, por terras galegas, ao Noroeste da Península Ibérica.Com uma visibilidade internacional como pólo turístico, universitário, desportivo e cultural cada vez mais à altura da importância económica que sempre teve, o Porto oferece a ilustração perfeita de como pode ser positiva a combinação da energia própria de uma região com a estratégia deliberada do seu principal aeroporto para funcionar como fator de atração.Uma estratégia que, no aeroporto do Porto, se materializou em vários campos. A expansão e desenvolvimento das infraestruturas aeroportuárias, concluída em 2005 e renomada pela qualidade da sua engenharia e arquitetura, ficou completa com o investimento na qualidade do serviço, que tem valido ao aeroporto um lugar cativo, no ranking do Airports Council International, entre os melhores aeroportos do mundo, na sua categoria.Tanto em termos do processamento de passageiros como de aeronaves, trata-se de uma infraestrutura concebida para se poder expandir sem constrangimentos – uma decisão mais do que acertada, tendo em vista que, graças ao seu agressivo marketing e a uma bem-sucedida estratégia de captação de rotas, o crescimento tem sido contínuo. Desde a inauguração da nova infraestrutura os passageiros passaram de 3 para 6 milhões ao ano, enquanto as rotas triplicaram, mantendo-se atualmente em 64 destinos diretos, servidos por 14 companhias aéreas.

(…) O POrtO Oferece A ilustrAçãO PerfeitA de cOMO POde ser POsitivA A cOMBinAçãO dA energiA PróPriA de uMA regiãO cOM A estrAtégiA deliBerAdA dO seu PrinciPAl AerOPOrtO (…)

António Morgadoconselho de Administração da AnA

Ao ligar o Norte português ao mundo, ao mesmo tempo que reforça as suas conexões nacionais e ibéricas, o aeroporto afirma-se como um ativo cada vez mais estratégico para a região. Com os seus renovados atrativos e um acesso aéreo sem barreiras, podemos dizer que a área servida pelo aeroporto do Porto é hoje ao mesmo tempo mais cosmopolita e única, mais integrada e independente. É esse Norte vivo e surpreendente que o convidamos a visitar nas páginas desta A Magazine.

A

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_sumário

PROPRIEDADE: ANA - Aeroportos de Portugal SA Rua D - Edifício 120 - Aeroporto de Lisboa 1700-008 Lisboa - PortugalTel (+351) 218 413 500 - Fax: (+351) 218 404 231 [email protected]ÇÃO: Octávia CarrilhoCOORDENAÇÃO: Teresa do Vale MagalhãesPROJECTO GRÁFICO E EDITORIAL: Hamlet - Comunicação de Marketing entre EmpresasRua Pinheiro Chagas nº17 - 4º1050-174 Lisboa Tel 213 636 [email protected]ÇÃO: Cláudia Silveira EDIÇÃO: Cláudia Silveira e Jayme KopkeDESIGN: André Remédios e Manuel CaetanoFOTOGRAFIA: Um Ponto Quatro Carlos Ramos e Paulo AndradePUBLICIDADE: Hamlet - Comunicação de Marketing entre EmpresasRua Pinheiro Chagas nº17 - 4º1050-174 Lisboa Tel 213 636 152IMPRESSÃO: Projecção, Arte Grafica S.A.Parque Industrial da Abrunheira - Qta. Levi, 12710-089 SintraPERIODICIDADE: TrimestralTIRAGEM: 7500 exemplaresDEPÓSITO LEGAL: 273250/08ISSN: 1646-9097

fic

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50nuno eiró

48sOlAriMPulsecosta a costa nos euA

12O POrtOa dialogar com o mundo

44cerveja

ou café?

em foco 06

chegadas 12

16entrevidas

Não quer estátuas nem quis o seu nome no estádio. Quer

é continuar a dar alegrias a todos os que gostam do FCP.

Aos 75 anos Pinto da Costa continua crítico e frontal. Tal

como nos habituámos a vê-lo na cena pública portuguesa

das últimas três décadas.

inovação 20

22insights

Já foram mais de 50 eventos. Cadillac, Porsche, Jaguar,

Lexus, Mazda, Nissan, entre outros, escolheram os

aeroportos portugueses para promover junto da imprensa

mundial o lançamento de novos modelos.

26ambientes

Reabilitação urbana a custo zero? José Paixão diz que

sim. Através de uma rede de trocas e contrapartidas entre

proprietários carenciados, estudantes nacionais

e estrangeiros de arquitetura e engenharia, universidades

e empresas. O projeto chama-se Arrebita! Porto.

30follow me

É a única e última telefonista que é colaboradora da ANA.

Há 20 anos que Leonor Cardoso atende o telefone

no Aeroporto do Porto. Emigrantes saudosos, gatos

perdidos e apaixonados não correspondidos, já

atendeu a todos.

partidas 34

lifestyle 40

aldeia global 46

passageiro frequente 50

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Para mais informações sobre serviços disponíveis para famílias consulte

Parques infantis disponíveis nos Aeroportos de Lisboa e Porto

Novas localizações no Aeroporto de Lisboa:_Área restrita, na direcção das portas de embarque 7 a 14;_Área restrita non schengen, junto à porta de embarque 44.

www.ana.pt

Enquanto a hora da partida não chega, o Parque Infantil é o espaço ideal para brincar e preparar as refeições infantis.O aeroporto adapta-se a si_

Sala de Estar em Família_Fraldários_Carrinhos de bebé_Parques Infantis_Cacifos_Mascote_Livro Infantil_

Serviços adaptados a si_

AIRPLAY_BRINCAR, COMER, LEVANTAR VOO.

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_em foco

FAZER DAS TRIPAS cOrAçãOcOM A crise ecOnóMicA O POrtO teM investidO nA criAtividAde trAnsfOrMAndO O MOMentO eM BOAs OPOrtunidAdes PArA O turisMO. Os PreçOs BAixOs, A APOstA nO design, uMA AtivA vidA culturAl, uMA cenA nOturnA AniMAdA e gente de tOdOs Os lugAres têM cHAMAdO A AtençãO dOs MediA internAciOnAis. uM MOviMentO PrOvOcAdO e AliMentAdO POr uMA intensA OPerAçãO de vOOs lOw cOst.

uristas estão a gastar mais nas visitas ao Porto e Norte de Portugal”. “Porto no top

de viagens para 2013 do New York Times”. “Porto tem o melhor spa da Europa”. “Porto eleito ‘Melhor destino Europeu’”. “Procura do Porto sobe dois dígitos”. “Porto nomeado para Melhor Cidade de 2012 dos prémios Design Awards da Wallpaper”.

Estes títulos, recolhidos da imprensa dos últimos meses, são recorrentes. Jornais e revistas dão conta do aumento dos números do turismo no Porto e no norte do país e das novidades que vão surgindo nesta parte do país, de hotéis, exposições, concertos, restaurantes, lojas, iniciativas culturais... Das parangonas acima vale talvez a pena destacar a que refere a eleição de melhor destino europeu, sobretudo porque os votantes foram 212 mil consumidores europeus, que escolheram o Porto entre 19 cidades nomeadas na competição online da European Consumers Choice.

A favor da cidade, a engrossar a lista de atrativos, estão os baixos preços, destacados pelo NYT que a refere como “uma das últimas grandes pechinchas da Europa Ocidental”, referindo que a “dor económica de Portugal é a sua vantagem no Porto”.

Mas, para perceber melhor o boom turístico e de revitalização da cidade é preciso recuar aos finais da década de 90 do século passado e à construção do novo aeroporto do Porto, que ficou pronto em outubro de 2005 sem nunca se ter interrompido a operação. É esta a opinião de Jorge Costa, presidente do IPDT – Instituto de Turismo, que aponta a agressiva estratégia de marketing do aeroporto na captação de novas rotas como motor fundamental de todo o processo num artigo intitulado “O impacto das companhias low cost no Aeroporto do Porto”, publicado no Global Report of Aviation, da Organização Mundial de Turismo.

A operação das low cost no Porto teve início em novembro de 2004, com um voo diário da Air Berlin para Palma de Maiorca, mas o tráfego turístico descolou realmente em janeiro de 2005, quando a Ryanair lançou dois voos diários entre o Porto e o Aeroporto de Stansted, em Londres. À medida que iam chegando outras companhias, a easyJet, Transavia, Clickair, foi-se assistindo a uma alteração no perfil de tráfego do Porto. Em 2008 o aeroporto ultrapassou pela primeira vez os quatro milhões de passageiros transportados. Com o estabelecimento, em 2009, da base da Ryanair (que em 2010 passou de 3 para 5 aviões) o tráfego continuou a crescer a uma média de 10% ano.

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FAZER DAS TRIPAS cOrAçãO

De 2005 a 2011 o número de passageiros no aeroporto duplicou de três para seis milhões (em 2012 o crescimento foi de apenas 0,8% face a 2011) e o número de destinos diretos triplicou de 20 para cerca de 60. Atualmente mantém-se nos 64 destinos servidos por 14 companhias das quais 4 são low cost. A cidade, a autarquia, os agentes culturais, a universidade, os empresários souberam acompanhar este crescimento.

José Castanho, proprietário de um dos 30 hostels que neste momento existem no Porto, sabe bem que a sua atividade está fortemente dependente dos voos low cost. Explica que a constância destes voos

ao longo do ano faz com que o Porto não sofra tanto a sazonalidade que vive, por exemplo, Faro. E tem confiança de que assim se mantenha.

Abriu em julho de 2011 o Gallery Hostel, que gere com o filho, na Rua Miguel Bombarda, considerada o “art district” da cidade devido à concentração de galerias de arte, lojas, restaurantes e livrarias. O prédio do século XIX, que pertenceu a uma baronesa brasileira, foi remodelado e adaptado para a atividade turística. Como o nome indica, o hostel funciona também como galeria e existem sempre exposições abertas ao público, como também é o caso do bar, onde se podem saborear vinhos portugueses, e a sala de cinema onde todas as segundas-feiras há projeções.

A Madeira chegou às galerias de Paris: o bar é prá Poncha, que, como se pode imaginar, tem como estrela de cartaz a bebida madeirense, abriu no ano passado bem no epicentro da vida noturna portuense. O projeto de arquitetura é de António fernandez.

O Passeio dos clérigos é uma nova rua na baixa do Porto, criada por cima do parque de estacionamento da Praça de lisboa, ligando a torre dos clérigos à livraria lello.

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_em foco

O hostel, como outros na cidade, tem características diferentes do habitual nesta categoria de alojamento o que lhe tem valido a classificação entre os melhores da Europa: todos os quartos têm casa de banho e o pequeno-almoço, na bela cozinha com mesa comprida e bancos corridos (símbolo da partilha que diferencia os hostels dos outros tipos de alojamento) está incluído na diária.

Apesar de não serem ainda reconhecidos como atividade turística e serem classificados apenas como alojamento local, os hostels têm contribuído para a reabilitação urbana graças à reconversão de prédios antigos, muitos anteriormente ocupados por empresas de serviços e comércio que entretanto fecharam.

O Tattva Design Hostel, que ocupa dois edifícios recuperados e totalmente remodelados pelo arquiteto Miguel Nogueira, é o maior do Porto, bem no centro da cidade e com vistas deslumbrantes. Além do alojamento, com 116 camas (duas suites), há um restaurante aberto ao público e um terraço que merece uma visita. Foi candidato ao Prémio Nacional da Reabilitação Urbana, na categoria “Melhor intervenção de uso turístico”, que acabou por ir para o Intercontinental Palácio Cardosas.

Ao lado do turismo, outro polo de atração tem sido o ensino superior. Desde 2010 que no universo total de estudantes e investigadores da Universidade do Porto (UP) mais de 10% são estrangeiros. Enquanto em 2007/2008 esse número era de 2264, no corrente ano

letivo é já de 3708. Raul Santos, do departamento de Comunicação e Imagem da Reitoria da Universidade do Porto, chama a atenção para o fato de cerca de metade estarem no Porto para tirar um curso completo e não num programa de mobilidade de apenas 6 meses ou um ano, como o Erasmus.

No ranking das nacionalidades (que são 111 na UP) destaca-se o Brasil com cerca de 1343 estudantes e investigadores inscritos. É o caso de Gabriel Singeski, que está no 5º ano de Arquitetura na Universidade do Estado de Santa Catarina e veio fazer um semestre na UP ao abrigo do Programa Erasmus. “É uma cidade muito limpa e organizada, com uma arquitetura fantástica. Como me interesso pela área de reabilitação decidi vir ao Porto ver se consigo absorver algum conhecimento nos escritórios daqui, que fazem muito isso”. No fim, espera conseguir um estágio num escritório de arquitetura.

Flávio Oliveira é vice-presidente da Erasmus Student Network (ESN) no Porto, uma rede internacional de núcleos de estudantes cujo principal objetivo é ajudar na integração dos colegas vindos de outros países. Estes núcleos são compostos essencialmente por ex-alunos Erasmus que conhecem bem os problemas que podem surgir durante os processos de mobilidade. É o caso de Flávio, que foi estudante de Erasmus durante um ano letivo, em Poznan, na Polónia.

“O impacto dos estudantes estrangeiros tanto na vida da cidade e nos seus costumes como no ambiente académico pode-se comprovar com o simples ato de andar pelas ruas”, diz, atribuindo a atração à “magia que a cidade do Porto transmite”. Para este estudante do último ano de Engenharia Eletrotécnica e Computadores na FEUP, “o aumento do número de protocolos entre as instituições do Porto e as instituições de ensino superior estrangeiras, o bom clima, o custo de

Além de alojamento, o gallery Hostel oferece exposições de arte, bar, projeção de filmes e um acolhimento à moda do Porto. está entre os melhores hostels do mundo.

considerada uma das mais belas livrarias do mundo, a centenária lello é uma instituição do Porto e lugar obrigatório

para quem visita a cidade.

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O POrtO é cOOl

Fonte de informação imprescindível para quem visita o Porto ou quer estar a par dos locais mais in e da agenda da cidade, o blog O Porto Cool conta já com milhares de seguidores online. O autor do blog, Paulo Magalhães, é natural de Fafe mas mudou-se para o Porto para estudar e já não saiu. “Apaixonei-me pela cidade. Em primeiro lugar pelas vistas de estilo barroco, pelas vielas da Foz, pelas pontes sobre o Douro, pela proximidade do mar”. Mais tarde interessou-se pela dinâmica cultural e empreendedora que nos últimos 5 a 10 anos tem alterado a face da cidade, com o aparecimento de espaços sofisticados e alternativos, desde restaurantes a cafés, bares, clubs e lojas com personalidade marcada pelo design, pela arquitetura, pela música e pelo ambiente. Daí nasceu a ideia para o blog. Mas nem tudo são rosas e, diz Paulo Magalhães, a crise sente-se na “relativa paragem na dinâmica de reabilitação dos edifícios e dos espaços públicos, que se vão degradando e dão à cidade um ar desleixado e caótico, retirando-lhe alguma da nobreza e beleza indiscutível”. Por outro lado, destaca a dinâmica privada e individual “que nem parece afetada pela crise, tal o estoicismo e vontade de fazer coisas novas”. Entre os espaços que fecham e os que abrem, refere que os primeiros são sobretudo espaços antigos e sem capacidade de se renovar. “Dos novos fecham bem menos do que os que continuam a abrir, um saldo muito positivo que se diferencia do que acontecia noutros tempos”.

vida, a simpatia e a hospitalidade das gentes do Porto” são outros fatores que explicam o aumento do número de estudantes.

A arquitetura é dos cursos mais procurados e isso muito se deverá ao trabalho de arquitetos como Siza Vieira e Souto Moura, ambos vencedores do prémio Pritzker. Na edição de abril/maio, a revista alemã de arquitetura e design Häuser dedica oito páginas à cidade e elege-a como a capital portuguesa da arquitetura, pela conjugação que faz do barroco com o moderno. No artigo são destacados edif ícios como a livraria Lello, a Casa da Música, a Faculdade de Arquitetura ou o Museu de Serralves.

Já a Wallpaper, outra bíblia do design, nomeou o Porto para a categoria de Melhor Cidade de 2012 dos prémios Design Awards (acabou por sair vencedora a cidade de Londres) justificando a nomeação com edifícios como o Museu do Côa (da equipa de arquitetos Pedro Pimentel e Camilo Rebelo), e o Teleférico de Gaia, que desde 2011 liga a zona do cais junto ao

O terraço do tattva design Hostel. situado junto à catedral da sé, é o maior hostel do Porto, com capacidade para 116 pessoas.

O teleférico de gaia oferece uma perspetiva suspensa

de toda a beleza que gaia e o Porto têm para oferecer. Além de atração turística,

é um meio de transporte sustentável, entre o tabuleiro

superior da Ponte d. luís e o cais de gaia.

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Douro ao Jardim do Morro, no sopé da Serra do Pilar, mesmo junto ao tabuleiro superior da Ponte D. Luís.

E já que atravessámos até Gaia vale a pena referir o The Yeatman, descrito como um hotel vínico de luxo, empoleirado sobre o Douro. O hotel alberga o único restaurante da cidade com estrela Michelin e o Spa Vinotherapie Caudalie, que recorre a extratos do vinho para os tratamentos. Nos prémios World Spa & Wellness Awards 2012 o hotel foi eleito como o melhor Hotel Spa do ano na Europa.

A indústria do vinho do Porto, sobre a qual assentou o desenvolvimento desta cidade e que agora encontra um parceiro à altura no turismo, não parece para já ter sido afetada pela crise financeira mas obrigou os produtores a reforçar a aposta na exportação. As caves continuam a fazer parte do roteiro da maior parte dos turistas que passam pelo Porto.

E numa altura em que empreendedorismo é a palavra de ordem, no Porto tem havido muitos exemplos. José Miguel, ex-professor de Educação Física, e Carlos Taipina, ex-publicitário, apercebendo-se de que a cidade pulsava, acharam que fazia sentido um negócio voltado para os

trAnsfOrMAçÕes cOntrAditóriAs

Richard Zimler é bem conhecido na cidade. Há 20 anos que o escritor norte-americano, naturalizado português, se instalou no Porto. Deu aulas de jornalismo na Universidade do Porto e participa com regularidade na vida cultural da cidade. Para o escritor, a cidade assistiu nos últimos dois anos a duas grandes transformações bastante contraditórias. “A crise económica tem-se tornado cada vez mais óbvia, há muitas ruas em que, pelo menos, um quarto das lojas já fechou. Centenas de prédios estão a cair aos bocados também. É muito triste. O estado atual da Rua 31 de Janeiro, por exemplo, pode provocar uma depressão em

qualquer adepto da cidade. É horrível ver a cidade perder uma parte do seu dinamismo tradicional. É a clara evidência também dos altos níveis de desemprego na cidade e da falta do investimento. Por outro lado, certas zonas da baixa estão a ficar cada vez mais dinâmicas, sobretudo a zona dos Clérigos (Rua da Galeria de Paris, Rua Cândido dos Reis, etc.). Há muitos restaurantes e bares, uma vida noturna muito ativa. Outras zonas da cidade, como a rua das Flores, também estão a recuperar bastante vitalidade. Claro que é um fenómeno muito positivo, sobretudo porque eram áreas desertas durante anos. Quem é responsável pelo estado deplorável de muitas zonas da cidade? Boa pergunta. Infelizmente, não sou perito nesta área. Quem é responsável pelo dinamismo da zona dos Clérigos? Deve haver alguns corajosos investidores que querem manter o Porto vivo (e ter lucros ao mesmo tempo, claro!). Dou-lhes os meus parabéns!”.

turistas. Criaram as Tripas Tees, t-shirts que misturam humor e regionalismo com os símbolos do Porto: o King Kong a trepar a Torre dos Clérigos ou o Darth Vader assumindo a pose do Sandeman: “May the Porto be with you!”. As t-shirts estão à venda em alguns locais na baixa e também através da internet onde, curiosamente, grande parte dos compradores têm sido pessoas do Porto. É que é difícil resistir a máximas como “Porto Accent is Bery Nice”.

em gaia, o Hotel the Yeatman oferece vistas excecionais sobre o douro e o Porto. O spa foi considerado o melhor da europa nos prémios world spa & wellness Awards 2012.

A Biblioteca da faculdade de Arquitetura da

universidade do Porto.

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dePOis de nO AnO PAssAdO ter receBidO MAis de 75 Mil esPectAdOres, O OPtiMus PriMAverA sOund vOltA AO PArque dA cidAde, nO POrtO, AcentuAndO O seu esPíritO indie. de uM cArtAz cOM MAis de 50 nOMes cOnstAM MúsicOs cOnsAgrAdOs, revelAçÕes, fenóMenOs dA internet, BAndAs de cultO e sOBretudO vAriedAde de estilOs.

A DIALOGAR COM O MUNDO

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A encenação de luz, cor e exuberância dos norte-americanos flaming lips foi um dos pontos altos da edição passada.

O POrtO

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ssim que foi revelado, no início de fevereiro, o cartaz da edição de 2013 do festival Optimus Primavera Sound

desencadeou uma onda de alívio coletivo. O primeiro nome confirmado foi o dos britânicos Blur, logo em outubro, e outros foram sendo atirados, como é habitual nestas coisas. Mas dissipando eventuais dúvidas sobre se o evento se manteria fiel ao espírito indie e alternativo da primeira edição, Abel González, organizador do Primavera Sound, pronunciou os nomes que muitos esperavam ouvir e algumas surpresas.

Com um novo disco, o último clássico do rock & roll, Nick Cave e os seus The Bad Seeds vão estar no Porto. A banda irlandesa My Bloody Valentine, que recentemente provocou um tumulto na internet com o lançamento de mbv, o seu primeiro disco em 21 anos, também está confirmada. Dead Can Dance, que esgotam salas por todo o mundo (como aconteceu no final do ano passado na Casa da Música), e as The Breeders, que se apresentarão com a formação que há 20 anos gravou o álbum “Last Splash”, o grande êxito da banda, também estarão presentes.

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BlurDan Deacon

Daniel JohnstonDaughn Gibson

Dead Can DanceDear Telephone

DeerhunterDegreaserDinosaur

Do Make Say ThinkExplosions In The Sky

FidlarFour TetFoxygen

Fuck ButtonsFucked UpGhostigital

Glass CandyGrizzly Bear

Guadalupe PlataHot SnakesJames Blake

Julio BashmoreL’Hereu Escampa

LiarsLocal NativesLos Planetas

ManelMeat Puppets

Melody’s Echo ChamberMemoria de Peixe

Merchandise Metz

My Bloody ValentineNeko Case

Nick Cave & The Bad SeedsNurse With Wound

OMPaus

PegasvsRodriguez

Roll The DiceSavagesShellacSwans

The BreedersThe Glockenwise

The MagicianThe Sea And CakeTitus Andronicus

White FenceWild Nothing

_chegadas

COM uM NOvO dIsCO, O últIMO ClássICO dO rOCk & rOll, NICk CAve e Os seus the BAd seeds vãO estAr NO POrtO.

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Depois do cancelamento em 2012, Explosion In The Sky vão comparecer, assim como os canadianos Metz, os Grizzly Bear e os Do Make Say Think. Sixto Rodriguez, o músico-lenda cuja história é contada no documentário “Searching for Sugar Man”, vencedor do prémio de melhor documentário na última edição dos Óscares, também virá ao Porto.

Nos repetentes contam-se Bradford Cox, que no ano passado esteve no Parque da Cidade do Porto a solo, enquanto Atlas Sound faz a “dobradinha” com os Deerhunter. Regresso confirmado também dos Shellac e dos Swans, banda de Michael Gira que marcou presença em Guimarães na versão outonal do festival, o Optimus Primavera Club, tal como Daughn Gibson, que também vem ao Primavera.

A linha artística do cartaz segue as mesmas diretrizes do Primavera Sound barcelonês, que já se realiza desde 2001. A aposta é na variedade de estilos e em novas bandas, destacando uma ampla seleção de artistas internacionais a par com uma significativa representação do panorama musical português.

A afluência de estrangeiros, garantida pelas boas ligações aéreas do Porto, contribuíram

para a projeção da cidade como apetecível destino turístico.

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eM relAçãO AO ANO PAssAdO, hOuve uM AuMeNtO de 30% NA veNdA de BIlhetes, COM esPeCIAl INCIdêNCIA NA Grã-BretANhA e eM POrtuGAl

OPtiMus PriMAverA sOund 2013

O festival decorre entre 30 de Maio a 1 de Junho no Parque da Cidade, no Porto. O passe geral custa 125€ e os bilhetes diários custam 55€. Quem estiver interessado pode optar pelo passe combinado Optimus Primavera Sound 2013 + Primavera Sound 2013 em Barcelona que custa 250€. O cartaz completo pode ser consultado em www.optimusprimaverasound.com/cartel.

em 2012, o Parque da cidade recebeu mais de 75 mil pessoas, 60% das quais de outros países.

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Paus (que também atuam em Barcelona), Dear Telephone, Memória de Peixe e The Glockenwise asseguram a representação portuguesa de um cartaz “muito mais ambicioso” do que o de 2012, segundo a organização. São mais de 50 bandas onde se encontram ainda nomes como James Blake, Liars, Glass Candy, Dan Deacon, Om, Daniel Johnston e os míticos Hot Snakes.

Além das novidades no cartaz, também há notícias sobre os palcos. A Pitchfork, uma publicação online vista como autêntica “bíblia indie”, assume a curadoria de um dos palcos (que substitui o palco Club). O palco Super Bock vem substituir o palco Primavera e receberá alguns dos artistas, a par com o Palco Optimus. A “All Tomorrow’s Parties” volta a comissariar o palco homónimo, responsável pela programação mais experimental dos vários estilos musicais.

Em 2012, o Parque da Cidade recebeu mais de 75 mil pessoas, 60% das quais de outros países. A entrada do Primavera no roteiro dos festivais portugueses e a afluência de estrangeiros, garantida pelas boas ligações aéreas do Porto com o resto do continente, contribuíram para a projeção da cidade enquanto capital cultural e apetecível destino turístico.

A expectativa de afirmação turística da cidade criada com a primeira edição do festival deverá confirmar-se também este ano. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve um aumento de 30% na venda de bilhetes, com especial incidência na Grã-Bretanha e em Portugal, o que “augura algo de muito bom”, como realçou na apresentação do evento o diretor de Comunicação e Ativação da Optimus Pedro Moreira da Silva.

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cOrAçãO DE DRAGÃO

nãO quer estátuAs neM quis O seu nOMe

nO estádiO. O que quer é cOntinuAr

A dAr AlegriAs A tOdOs Os que gOstAM

dO fcP. AOs 75 AnOs PintO dA cOstA

cOntinuA críticO e frOntAl. tAl cOMO

nOs HABituáMOs A vê-lO nA cenA

PúBlicA POrtuguesA dAs últiMAs três

décAdAs, Onde, POr BOAs Ou Más rAzÕes,

nuncA deixOu de estAr.

o Facebook, a rede social mais utilizada em Portugal, há uma página intitulada “Vamos erguer uma estátua ao Pinto da Costa”. A ideia até

já saltou do espaço virtual e foi levantada numa assembleia geral do Futebol Clube do Porto (FCP) por um associado que considerou ser uma forma de reconhecer o presidente por tudo o que tem feito nos anos que já leva à frente do clube. Pinto da Costa recusou prontamente apesar do entusiasmo com que os associados presentes receberam a ideia. Com a mesma veemência com que recusou que o novo estádio do clube, inaugurado em 2003, levasse o seu nome.

Presidente do FCP há 31 anos, – e com outro mandato pela frente – é o homem que mudou a vida do FCP e fez do pequeno clube nortenho um clube à escala nacional e mundial, ombreando com os grandes. É também o presidente de clube com mais títulos a nível mundial, tendo reunido 55 troféus (segundo a última contagem) entre Taças dos Campeões Europeus, Taças Intercontinentais, Taças da UEFA, além de 26 campeonatos nacionais e 16 Taças de Portugal.

Chovia no dia em que fomos ao Porto. No táxi, quando pedimos ao motorista “Para o Estádio do Dragão, por favor”, ele riposta, mais a fazer conversa: “Vão ver o Pinto da Costa?”. Por acaso até íamos. Afeições clubísticas à parte, é um bonito estádio. Debaixo das bancadas do Dragão – com capacidade para 50 mil espetadores – existem sete pisos, quatro subterrâneos e três acima do nível da rua. Fomos recebidos no 3º piso, o da administração mas onde ficam também os serviços partilhados da SAD portista, o marketing, a contabilidade, os recursos humanos e serviços jurídicos.

Passamos pelo Hall do Presidente, chegamos a uma área que dá acesso a várias salas de reunião, amplas e iluminadas, que levam o nome dos sítios onde o clube foi mais feliz. Nas paredes há fotos que ilustram esses momentos marcantes da história do Porto. Encaminharam-nos para a sala Gelsenkirchen, que evoca a cidade alemã onde em 2004, na final da Liga dos Campeões, o Porto derrotou o Mónaco por 3-0. É fácil imaginar ali as reuniões com agentes de jogadores, a assinatura de contratos com novos atletas…

O presidente, como toda a gente o refere, chega, simpático, apressado mas disponível. Quer vá ou não a outro mandato, a sua presidência deverá estar a chegar ao fim. Ele próprio já o deu a entender em diversas ocasiões. Como será recordado pelas atuais e futuras gerações de portistas é algo em que não perde tempo a pensar. “A minha preocupação é a de proporcionar alegrias a todos os que gostam do Porto. Gostava apenas que aqueles que trabalharam comigo ao longo destes anos me recordassem como alguém que trabalhou para os fazer felizes”.

E fez, quanto a isso não restam dúvidas. As alegrias começaram logo em 1987, o primeiro ano dourado da história do clube. Apenas cinco anos após a sua eleição como presidente, o FCP alcançou a Taça dos Campeões Europeus frente ao Bayern de Munique, em Viena, e

N

“FICAreI lIGAdO AO CluBe COMO sóCIO e COMO PresIdeNte hONOrárIO que sOu, MAs seM quAlquer INterFerêNCIA NA AtIvIdAde de queM Me suCeder”.

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no fim do ano, em Tóquio, com jet lag e debaixo de um nevão, arrecadou a Taça Intercontinental ao Peñarol do Uruguai.

Estas duas vitórias estão entre os três momentos que elege no já longo percurso. O terceiro foi a inauguração do Estádio do Dragão em 2003. “Foi um momento marcante, pela importância do estádio, pela sua beleza, e por termos conseguido vencer os que nos procuraram boicotar”. Durante a construção, conflitos entre este presidente e o presidente da autarquia, Rui Rio, levaram a sucessivos adiamentos e interrupções na obra. No fim, diz, “ficou ainda mais bonito do que eu tinha pensado”.

Quem o conhece diz que é um homem de metas, que trabalha para alcançar objetivos. O próximo é a abertura do Museu do FCP, a 28 de setembro, o dia em que se assinalam 120 anos de aniversário para o clube. “Essa era uma obra que realmente gostava de deixar”.

Mas quando sair, sai mesmo. “Ficarei ligado ao clube como sócio e como presidente honorário que sou, mas sem qualquer interferência na atividade de quem me suceder. Acho que não há coisa pior do que uma pessoa sair e depois querer continuar a ter influência ou mandar. Isso não farei”, diz, sem resistir a acrescentar: “Estão lançadas as estruturas para as coisas poderem rolar normalmente. Como digo muitas vezes: basta não estragar”.

Sobre o que fará depois, é perentório ao afirmar que alguns planos profissionais já ficaram para trás e são irrecuperáveis. “Tive durante estes anos muitas propostas de sociedades interessantes. Infelizmente uma das pessoas com quem eu tinha tudo mais ou menos acordado para podermos fazer coisas interessantes, o Comendador Gonçalves Gomes (um dos homens de negócios mais afamados do norte do país) já faleceu. Portanto, nesse aspeto, tudo o que não fiz é passado. Já não estou em idade para atividades desse género”.

O que pensa fazer, até porque tem muitos convites, é escrever. Autor da sua biografia, “Largos Dias Têm 100 Anos”, publicada em 2004, vê com bons olhos o interesse manifestado por diversas editoras no que tem para contar e pretende fazê-lo pelo próprio punho.

Gosta de escrever. Quando era miúdo e estudava no Colégio das Caldinhas, em Santo Tirso, fez parte do grupo de teatro e tinha um gosto especial pela poesia. Mas o grande rigor e disciplina que eram exigidos na escola ministrada pelos jesuítas

levaram-no a procurar escape no futebol, que era o grande entretenimento em todos os recreios. Integrou a equipa do colégio e recorda que “era a parte mais interessante”.

Por essa altura, Jorge Nuno Pinto da Costa, o quarto filho de um casal da alta burguesia portuense, nascido na Cedofeita, já se tinha apaixonado pelo futebol e pelo F.C.P. Ao primeiro jogo a que assistiu, recorda, foi o irmão que o levou. “Fomos ao Pião. Aquilo começou a encher, eu tinha 8 anos, era pequeno e só conseguia ver a bola pelo ar quando ela passava perto da baliza onde nós estávamos. Queria ir-me embora porque não via nada mas o meu irmão disse ‘não, agora aguentas, porque

é que quiseste vir?’”. Mais tarde começou a ir com o tio Armando Pinto, irmão da sua mãe, que gostava muito de futebol. “Aí já ia para a bancada porque ele era sócio. Lembro-me que gostava muito do Porto, dos jogadores… O meu ídolo era o António Araújo, um jogador internacional, de Paredes”.

Quando fez 16 anos recebeu de presente da avó o seu cartão de sócio. Que nunca mais saiu

da carteira e nem do coração. Passou a assistir a todos os jogos, não só do futebol como das modalidades. Tanto interesse não passou despercebido e um dia foi convidado por um dos diretores do hóquei em patins para fazer parte da secção. Passou também pelo hóquei em campo, pelo boxe, e mais tarde foi convidado por Pinto Magalhães, o presidente da altura, para ser diretor das modalidades amadoras. Tinha só 25 anos. “Quando terminei o mandato nunca me passou pela cabeça que pudesse voltar. Achava que tinha fechado um ciclo, tinha muita honra em poder dizer que tinha sido diretor do Porto mas não estava no meu espírito regressar um dia”. Em 1982 foi eleito presidente.

O homem que mudou a vida do FCP já fez 75 anos. Quando tem tempo livre gosta de passear com a família e de andar a pé com os seus três cockers, de 13, 7 e 1 anos. O Parque da Cidade, que é o maior parque urbano do país, é um sítio onde gosta de ir e, na sua opinião, uma das boas obras feitas na cidade nos últimos anos, “ainda do tempo do Dr. Fernando Gomes”.

GOstA de esCrever. quANdO erA MIúdO e estudAvA NO COléGIO dAs CAldINhAs, eM sANtO tIrsO, Fez PArte dO GruPO de teAtrO e tINhA uM GOstO esPeCIAl PelA POesIA. MAs O GrANde rIGOr e dIsCIPlINA que erAM exIGIdOs NA esCOlA MINIstrAdA PelOs jesuítAs levArAM-NO A PrOCurAr esCAPe NO FuteBOl.

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_entre vidas“COMO POrtueNse e POrtIstA teNhO

MuItO OrGulhO que O FCP sejA Neste MOMeNtO A GrANde rAzãO dO

CONheCIMeNtO, eM tOdO O MuNdO, dA CIdAde dO POrtO. COstuMO dIzer que eM tOdO O MuNdO O

FCP é reCONheCIdO exCetO PelA AutArquIA dA CIdAde”.

Crítico e frontal, não esconde o antagonismo por Rui Rio, que já leva 12 anos à frente da autarquia. “Não houve evolução nenhuma a não ser aqui na zona das Antas com a construção do estádio e as alterações que foram feitas nesta zona. De resto, julgo que o Porto parou completamente nestes últimos anos”. Volta à carga para referir o número crescente de arrumadores de carros, “um problema que dá má imagem à cidade e que o presidente da Câmara prometeu resolver” e o trânsito caótico. Mas e o metro, por exemplo, não ajudou a resolver o problema do trânsito? Perguntamos. “Sobretudo ao domingo, para vir para o Estádio do Dragão. Acho que vêm cerca de 10 mil pessoas de metro”.

Além dos estrangeiros que assistem aos jogos, ao estádio chegam também diariamente turistas que têm visitas guiadas ao dispor. Mas sendo uma atração turística, o FCP tem sido sobretudo um embaixador da cidade e do país. Isso mesmo foi reconhecido pelo governo de Santana Lopes, que atribuiu ao clube a Medalha de Mérito Turístico pelo contributo para a promoção da imagem e notoriedade de Portugal através dos seus resultados desportivos internacionais.

“Como portuense e portista tenho muito orgulho que o FCP seja neste momento a grande razão do conhecimento, em todo o mundo, da cidade do Porto. Costumo dizer que em todo o mundo o FCP é reconhecido exceto pela autarquia da cidade”. Quem segue as notícias do desporto está provavelmente a par da contenda entre a Câmara e o clube. Para Pinto da Costa, as razões são óbvias. “O FCP nunca teve nenhum apoio especial das anteriores presidências mas teve respeito e consideração, que deixou de ter. O clube teve as portas fechadas durante 12 anos ostensivamente, o presidente da câmara nunca se dignou a vir ver um jogo do FCP, fosse internacional ou não”.

Como quanto a isso já não há nada a fazer, tem esperança no futuro e a certeza de que o FCP vai ser respeitado como merece. “Como um verdadeiro ex-libris da cidade do Porto”.

_entrevidas

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_inovação

INFORMAÇÃO À cHegAdA

À cHegAdA AO POrtO, AgOrA O PAssAgeirO POde cOnsultAr cOM fAcilidAde Os HOráriOs dOs trAnsPOrtes PArA A cidAde e PArA OutrOs lOcAis nA regiãO. O infOBOArd ficA juntO À recOlHA de BAgAgeM e Oferece cOnfOrtO e fAcilidAde de MOBilidAde A tOdOs Os que usAM este AerOPOrtO.

o aterrar no Aeroporto do Porto e enquanto aguardam para recolher a sua bagagem, os

passageiros, e os visitantes, já podem consultar os horários dos transportes públicos que ligam o aeroporto às principais cidades da região. O infoboard é um painel informativo colocado sobre o balcão de acolhimento, no piso 0, que fornece informação sobre as próximas partidas de diversos transportes, nomeadamente os STCP, o Metro e os shuttles para as cidades do Porto, Braga, Guimarães e Vigo, na Galiza.

Este novo serviço, que fornece informação em tempo real de uma forma fácil e imediata, vem melhorar a experiência à saída do aeroporto e permitir um maior conforto e mobilidade para todos os passageiros.

O serviço resulta da colaboração da ANA com a empresa OPT - Optimização e Planeamento de Transporte, que há mais de

um ano disponibilizou ao público a aplicação móvel MOVE-ME. Esta app é outra forma de aceder comodamente à informação sobre os transportes públicos da área metropolitana do Porto e planear as deslocações na região.

Com o intuito de promover a utilização do transporte coletivo e contribuir para uma sociedade mais sustentável, em janeiro a empresa passou também a disponibilizar a informação infoboard do Aeroporto de Porto, dando as boas-vindas a todos os que chegam por esta via à cidade.

No mesmo balcão de acolhimento do aeroporto, também chamado de InfoKiosk, podem ser adquiridos títulos para alguns dos transportes e também o Portocard: o cartão oficial da cidade, disponível em quatro modalidades, que permite o acesso gratuito à rede de transportes e ainda descontos na oferta turística do Porto. Orientado para o turista que procura “city breaks”, o Portocard permite visitar a cidade de uma forma prática e económica.

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_insights

AQUECER Os MOtOres

A PreferênciA PelOs AerOPOrtOs POrtugueses POr PArte dOs fABricAntes de AutOMóveis PArA A APresentAçãO de nOvOs MOdelOs teM AuMentAdO nOs últiMOs AnOs. dA cAdillAc, À POrscHe, PAssAndO PelA skOdA e PelA tOYOtA, sãO MuitOs Os cAvAlOs que já PAssArAM PelOs AerOPOrtOs de lisBOA, POrtO e fArO.

oram cerca de 50 os eventos da indústria automóvel que, desde 2006, tiveram

lugar nos aeroportos do continente. Marcas de topo como a Cadillac, Porsche, Mercedes, BMW, Jaguar, Lexus, Audi e outras como a Citröen, Ford, Honda, Hyundai, Mazda, Nissan, Opel, Peugeot, Kia, Renault, Skoda ou a Toyota escolheram os aeroportos portugueses para promover junto da imprensa mundial o lançamento de novos modelos.

Tal como na captação de rotas, também neste tipo de eventos os aeroportos nacionais concorrem com outros aeroportos da Europa. E não só. Como explica Heitor Abrantes, responsável pelo estacionamento automóvel da Direção Comercial Não Aviação, “mais importante do que a dimensão do aeroporto em si, contam todas as outras facilidades que se conseguem criar à volta da infraestrutura para permitir a realização de eventos”.

Depois de perceber a importância deste segmento em termos de receita e para

F concorrer com outros destinos, a ANA foi aperfeiçoando a sua capacidade de resposta aos pedidos destes clientes, que nunca são iguais. A capacidade de reservar determinadas áreas em exclusivo e a apresentação de propostas de decoração na área do evento são aspetos da organização que a ANA tem vindo a aperfeiçoar. “Temos notado que existe uma feroz concorrência entre as marcas por propostas cada vez mais arrojadas e criativas”. E, desde que não exista conflito com questões operacionais e de segurança dos parques dos aeroportos, nenhum pedido é recusado.

O ameno clima português contribui para que os parques descobertos registem também muita procura por parte das marcas. Já este ano o P3 do Aeroporto de Lisboa recebeu a marca inglesa Mini Wings, que foi brindada com uma semana de sol para um evento que teve como palco final a cidade de Cascais.

Embora tanto Faro como o Porto tenham já recebido diversos eventos, o aeroporto mais procurado é o de Lisboa, sobretudo o seu P1 Premium, situado na área das Partidas, devido à proximidade aos lounges e à aerogare. “Esse parque tem a particularidade de ter uma zona

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quase privada e assim permitir mais facilmente realizar uma decoração de acordo com o tema do lançamento, independentemente do seu custo ser o mais elevado em comparação com os nossos outros parques”, explica Heitor Abrantes.

A proximidade dos parques em relação tanto às Chegadas como às Partidas é outro dos motivos que leva as empresas a optar pelos aeroportos portugueses. Deste modo, o acesso dos jornalistas da especialidade aos automóveis para a realização dos test drives fica mais facilitado. “Além das sensações ao conduzir os novos modelos, também contam as primeiras impressões no atendimento, o local onde decorre o briefing, a boa organização e detalhes como o acesso a tomadas e internet”.

As vantagens proporcionadas pelos aeroportos portugueses não atraem apenas os fabricantes de automóveis. A norte-americana John Deere, líder mundial de maquinaria agrícola e jardinagem, também escolheu Portugal para a realização do evento que organiza a cada 5 anos, onde reúne toda a sua rede de concessionários e clientes.

área do parque onde decorreu o briefing diário

durante o evento do zOe da renault, que durou 55 dias

e teve lugar nos parques P2 e P3 do Aeroporto de lisboa.

túnel decorado para um evento da Mazda, que decorreu durante

20 dias no P1 do Aeroporto de lisboa.

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SERVIÇOS COMBINADOS, MAiOr cOMOdidAde

seguindO A lógicA de diferenciAçãO dOs seus serviçOs de estAciOnAMentO AutOMóvel PerAnte A cOncOrrênciA, A AnA AcABOu de criAr nO AerOPOrtO dO POrtO OPçÕes vAntAjOsAs dirigidAs AO segMentO Business, que PrOMeteM POuPAr teMPO AOs PAssAgeirOs.

endo em conta que boa parte das pessoas que utiliza este aeroporto o

faz em trabalho e que o tempo é um ativo precioso, a agilidade em todas as etapas do percurso é uma preocupação na conceção dos serviços. A pensar sobretudo em quem viaja em negócios, foram criadas duas opções que combinam vários serviços.

A primeira oferece o serviço Greenway, o acesso prioritário através de canal dedicado ao Raio-X e ao controlo de segurança, aos passageiros que estacionem durante pelo menos três dias no parque P1 e usem o ValetExpress (o serviço premium em que o carro é entregue a um colaborador à chegada ao aeroporto). A segunda opção, o serviço VIP Express, engloba os serviços de Valet Xpress, Greenway e Lounge, por um preço de €25 acrescido ao custo de estacionamento, disponível apenas para os utentes do P0 e P1.

Esta combinação de serviços é uma vantagem perante a oferta da concorrência e um convite aos passageiros: “Poupe Tempo, Viaje descansado”.

Os parques oficiais dos aeroportos da ANA disponibilizam diversas opções de estacionamento, garantindo sempre todo o conforto, segurança e uma tarifa para todos os bolsos. Existem soluções de parking recomendadas para estadas de curta-duração e longa duração, com opções de serviços de valor acrescentado, como o ValetXpress, ou as melhores tarifas do mercado nos parques low cost.

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Aeroporto de Lisboa tem agora um balcão do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), na área pública de partidas, onde os cidadãos

podem requerer tanto o passaporte comum português como um passaporte temporário. A Loja do Passaporte é a primeira do género num aeroporto europeu e resulta de um protocolo de cooperação entre o SEF e a ANA.

Além de controlar a circulação de pessoas nos postos de fronteira e verificar os requisitos legais relativos à entrada e permanência no território nacional, o SEF também tem a atribuição de conceder o passaporte comum ou temporário.

Foram cerca de 600 os passaportes temporários concedidos e emitidos pelo Serviço em 2012, e cerca de 15 mil os passaportes eletrónicos portugueses solicitados com caráter de urgência através do posto de fronteira do Aeroporto de Lisboa. Para o diretor do SEF, “estes números demonstram a procura e utilidade deste serviço público e dão-nos a motivação para o melhorar”. Manuel Jarmela Palos afirmou tratar-se de “uma experiência pioneira em termos europeus que permitirá agilizar e facilitar a vida de todos os que pretendam viajar e ter acesso a um passaporte em tempo útil”.

Num comunicado o SEF explicou que a iniciativa se enquadra no esforço do governo e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras para alargar o

número de locais onde pode ser requerido e entregue o passaporte e, assim, melhorar o serviço prestado ao cidadão. O pedido

de passaporte, que apenas podia ser feito nas capitais de distrito, junto dos Governos Civis, passou a ser possível

também, desde 2011, nas conservatórias em todos os concelhos.

A loja está aberta diariamente das 8h às 20h. Na inauguração, o

diretor do SEF sublinhou ainda que, apesar do carácter

experimental da Loja do Passaporte no Aeroporto de Lisboa,

o que tem mais tráfego de passageiros a nível nacional,

a iniciativa poderá ser alargada a outros aeroportos do país.

PAssAPOrte NO AEROPORTO

O AerOPOrtO de lisBOA cOntA AgOrA cOM uMA lOjA dO PAssAPOrte Onde se POde trAtAr dO PedidO de PAssAPOrte, cOMuM Ou teMPOráriO, e levAntAr Os urgentes. uM serviçO PiOneirO que é uMA MAis-vAliA PArA O cidAdãO e uMA inOvAçãO nO relAciOnAMentO dO AerOPOrtO cOM Os PAssAgeirOs.

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AJUDAR O PORTO

A ArreBitArreABilitAçãO urBAnA A custO zerO? siM, é POssível. PArA já, está A AcOntecer nO núMerO 42 dA ruA dA reBOleirA, nO POrtO, MAs O OBjetivO de jOsé PAixãO, AutOr dA ideiA e MentOr dO PrOjetO ArreBitA! POrtO, é que este POssA ser rePlicAdO nOutrAs cidAdes que enfrenteM PrOBleMAs grAves de degrAdAçãO e desertificAçãO. eM POrtugAl e lá fOrA.

_ambientes

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ideia, que tem merecido uma forte aceitação da comunidade e uma boa divulgação

nos media, assenta numa rede de trocas e contrapartidas entre proprietários carenciados, estudantes nacionais e estrangeiros de arquitetura e engenharia, universidades e empresas. Todos, unidos em torno de um objetivo comum, oferecem e retiram algo do projeto Arrebita! Porto.

Mas, antes de tudo, a ideia de José Paixão de reabilitar a custo zero os prédios vazios e decadentes da baixa do Porto garantiu-lhe, no ano passado, o primeiro prémio na 1ª edição do Concurso FAZ – Ideias de Origem Portuguesa, da Fundação Gulbenkian e da Fundação Talento, dirigido aos portugueses da diáspora.

A ideia do jovem arquiteto assenta num sistema em que todos os agentes ganham ao colaborarem no processo. A começar pelos proprietários, que veem os seus prédios reabilitados ao oferecerem alojamento e alimentação a estudantes internacionais de arquitetura e engenharia. Os estudantes ganham formação, prática e vivências

A

O prédio na rua da reboleira onde está a decorrer o projeto-piloto é propriedade da câmara do Porto. no final da reabilitação será arrendado por baixos valores.

únicas ao participarem na conceção e realização das reabilitações. As empresas põem em prática a sua responsabilidade social e reduzem o lucro tributável ao doarem materiais, equipamentos e serviços. E os professores das universidades locais, ao acompanharem as reabilitações, ganham casos de estudo onde demonstrar técnicas de construção.

Tendo vivido boa parte da sua vida fora de Portugal, a degradação dos prédios do seu Porto natal era um problema que o chocava pelo contraste com a realidade dos países onde viveu e que, como arquiteto, o sensibilizava particularmente. José Paixão tinha só 15 anos quando deixou Portugal pela primeira vez. Estudou num liceu nos Estados Unidos, depois fez uma licenciatura em Arquitetura no Reino Unido, trabalhou em Londres e Amesterdão e estava a concluir uma pós-graduação em design experimental em Viena, na Áustria, quando soube que tinha ganho o concurso.

Fez as malas e voou para Portugal para dar vida ao Arrebita! Porto. Com os 50 mil euros do prémio José Paixão pode pôr o projeto a andar: foi selecionado um prédio na Rua da Reboleira, propriedade da Câmara do Porto, onde está a decorrer o projeto-piloto. O arquiteto esclarece que esse valor não se destina à reabilitação em si mas apenas “a colmatar pontualmente algumas necessidades e qualquer falha no mecenato nesta fase de consolidação piloto do projeto”.

A IdeIA é que O MOdelO FuNCIONe de FOrMA AutóNOMA. há várIAs FONtes de reCeItA A que se POde reCOrrer: PuBlICIdAde NAs FAChAdAs dOs edIFíCIOs AlvO de reABIlItAçãO, uMA COMIssãO COBrAdA sOBre O ArreNdAMeNtO dOs edIFíCIOs APós A suA reABIlItAçãO Ou INsCrIções NOs wOrkshOPs MINIstrAdOs PelOs PArCeIrOs dO PrOjetO.

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A ideia é que o modelo funcione de forma autónoma. Para isso, explica, há várias fontes de receita a que se pode recorrer : desde a publicidade nas fachadas dos edifícios alvo de reabilitação, passando por uma comissão cobrada sobre o arrendamento dos edifícios após a sua reabilitação, ou inscrições nos workshops ministrados pelos parceiros do projeto, até à comercialização de protótipos produzidos para as soluções técnicas como a CABA (ver caixa).

Para além destas fontes, o projeto recebe ainda “o apoio essencial de mecenas entusiastas e sensíveis à missão social que, sobretudo a partir da diáspora, contribuem financeiramente para que o projeto possa criar o impacto ambicionado por todos”. Além, claro, dos imprescindíveis parceiros.

Entre fundadores, consultores, fornecedores, logística e media, a lista de parceiros é longa e entre eles contam-se marcas como a Amorim, Secil, Gyptec, Sanitana, Telhas Cobert ou Windglass. Fechar e formalizar parcerias, enquadrar do ponto de vista legal, laboral e de seguros as equipas internacionais e ainda articular o trabalho com a empresa construtora que vai colaborar na fase de execução é um trabalho burocrático, que não se vê, mas necessário. “É um processo fundamental para a concretização de qualquer iniciativa e é em última instância o que distingue ideias abstratas, que não passam do plano das intenções, dos projetos que realmente se viabilizam e que podem de facto criar impacto social”.

Essenciais são também as equipas de profissionais que vão concretizar o projeto-piloto de reabilitação: um total de 7 equipas de 5 elementos que se revezam a cada 3 meses. Neste momento estão na quarta fase do projeto – a entrada em obra – e pelo Porto já passaram um total de 20 jovens profissionais oriundos de países como a Bélgica, a Escócia, a Espanha, a França, a Itália, a Macedónia, o México, a Noruega ou a Sérvia. Todas as equipas têm também sempre um ou dois elementos portugueses que por conhecerem melhor “o contexto do projeto e da cidade ajudam a integrar os restantes membros das equipas e a estabelecer a ponte com as entidades e parceiros locais”.

cABA: uMA cAixA cOM tudO

A CABA é um protótipo de uma caixa que reúne todos os serviços básicos à habitação, ou seja, a cozinha, os sanitários e a lavandaria. Como explica José Paixão, “o objetivo na sua conceção foi o de criar uma solução compacta e integrada que, de uma forma imediata com sentido estético e a custos muito controlados,

possa conferir a qualquer espaço, desde uma garagem a um escritório, as condições necessárias de habitabilidade”. É, por isso, um produto que tem validade não só no âmbito deste projeto-piloto e que poderá ser comercializado e tornar-se numa fonte de receita que reverta para a sustentabilidade financeira deste projeto social.

no final da reabilitação terão passado pelo Porto um total de 7 equipas de 5 elementos cada. As equipas revezam-se a cada 3 meses.

embora possa haver necessidade de fazer ajustamentos durante a obra, todo o projeto de reabilitação foi desenhado e concluído antes do início desta.

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POrtO vivO: O investiMentO PúBlicO cOMO ÂncOrA dO investiMentO PrivAdO

A reabilitação do Quarteirão das Cardosas é o exemplo mais feliz de reabilitação urbana na baixa do Porto. Iniciado no âmbito do trabalho da Porto Vivo, o projeto contou também com investimentos importantes de privados que devolveram vida e movimento a uma das zonas mais emblemáticas da baixa portuense.

A requalificação permitiu a transformação do Palácio das Cardosas, do século XIX, num hotel de 5 estrelas, o primeiro Intercontinental em Portugal, situado bem de frente para a Avenida dos Aliados. Este foi o primeiro hotel a instalar-se na baixa do Porto desde 1951 e a iniciativa teve um efeito de atração sobre novas unidades que já abriram ou vão abrir na vizinhança: 13 hotéis e 6 unidades de alojamento local, num total de quase mil quartos, de acordo com a Porto Vivo.

A construção de um parque de estacionamento subterrâneo, a abertura de uma nova praça pública no interior do quarteirão, a instalação de uma nova zona comercial e uma vertente habitacional são outros aspetos deste projeto. De destacar é também o efeito de indução que o investimento público no Quarteirão das Cardosas exerceu sobre o investimento privado. Segundo dados da Porto Vivo, cada euro de investimento público líquido gerou, em média, 15 euros de investimento privado em reabilitação urbana no quarteirão.

A importância para a reabilitação da Baixa do Porto das parcerias público-privadas e do investimento privado verificou-se também no chamado eixo das ruas Mouzinho e Flores e no Morro da Sé. Neste último caso, a intervenção prevê, além da requalificação do espaço público, já concluída, a ampliação de um lar de terceira idade, a construção de uma residência de estudantes (abrangendo 22 edifícios em avançado estado de degradação) e a construção de uma unidade de alojamento turístico. A Porto Vivo tem ainda em curso obras de reabilitação sobre um conjunto de 29 edifícios, no Morro da Sé, destinados a arrendamento de cariz social, cumprindo-se assim o objetivo de criar condições condignas de habitação para a população local e, simultaneamente, atrair novos moradores à baixa e ao centro histórico.

A Porto Vivo, sociedade participada em 60% pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e em 40% pela Câmara Municipal do Porto, foi criada em 2004 para promover a reabilitação do património degradado da baixa do Porto. Na área abrangida, correspondente a 25% de todo o território da cidade, em 2011 residiam cerca de 72 mil habitantes e estavam localizados cerca de 17 mil edifícios (38% dos existentes no Porto). Face à extensão da área de intervenção, foi escolhido como zona prioritária o centro histórico do Porto, classificado como Património Cultural da Humanidade desde 1996.

Num modelo colaborativo, cujo sucesso depende muito de uma gestão financeira equilibrada, é imprescindível a sistematização rigorosa dos procedimentos para minimizar os imprevistos e evitar improvisações que saem caro. E embora possa haver durante o processo necessidade de fazer ajustamentos, José Paixão esclarece que todo o projeto de reabilitação foi desenhado e concluído antes do início da obra. O rigor é tanto mais importante porque, como nota o arquiteto, só depois, com o resultado visível desta primeira reabilitação, (que está previsto ser concluída em fevereiro de 2014), se conseguirá provar que este modelo funciona, que a reabilitação é mesmo a custo zero e que todos as partes envolvidas ganharam ao participar.

“A par do objetivo social de repovoar e dinamizar o centro da nossa cidade, pretende-se também que este projeto de reabilitação piloto se constitua como um caso de estudo para as disciplinas de arquitetura e engenharia e que se possa transformar num guia de boas práticas com validade para outros edifícios degradados, no âmbito de intervenções futuras do Arrebita!”.

No futuro, o arquiteto do Porto gostaria de replicar o modelo noutras cidades que enfrentem problemas graves de desertificação. E o Arrebita! poderá servir de modelo internacional para que se torne prática entre jovens recém-licenciados das áreas da arquitetura e engenharia participar “numa espécie de Erasmus prático em que ganham experiência profissional ao aplicarem durante um período limitado os seus conhecimentos na resolução de um problema social”.

Portuense, josé Paixão viveu a maior parte da sua vida fora de Portugal, nos estados unidos, no reino unido, na Holanda e áustria.

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_follow me

“AerOPOrtO, BOM diA, fAlA A leOnOr”. se já ligOu PArA

O AerOPOrtO dO POrtO é MuitO PrOvável que tenHA

sidO AtendidO POr leOnOr cArdOsO. Há 20 AnOs que A suA

vOz cÂndidA e BeM-disPOstA Atende, esclArece e MuitAs

vezes cOnfOrtA queM telefOnA.

A MeninA DOS TELEFONES

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oje em dia Leonor é mesmo a única e última telefonista do aeroporto (e da ANA) que é colaboradora da

empresa. À medida que as colegas se foram reformando, o telefone foi sendo entregue a uma empresa externa e a ela tem-lhe cabido também dar formação às novas colegas que vão chegando.

“Uma telefonista tem de ser muito profissional porque ela é a imagem da empresa”, diz, subitamente séria como se este fosse um assunto que não admite brincadeiras. Além da seriedade necessária, outra característica que Leonor foi apurando é a sensibilidade porque quem atende o telefone ouve muitas histórias, nem todas felizes. Ligam muitos emigrantes que, além de quererem saber horários de partidas e chegadas, têm saudades do país; ligam pessoas que querem simplesmente conversar e até crianças que estão sozinhas em casa.

Uma linha telefónica é como uma porta aberta e, por isso, ao longo dos anos, atendeu chamadas que eram verdadeiras partidas, teve a sua quota de tarados e de interlocutores assíduos, como “o Rodolfo, que ligava muitas vezes porque estava apaixonado por uma hospedeira da TAP”.

Histórias também houve muitas. Leonor recorda a senhora que tinha viajado para França e que ligou durante toda a noite para saber do seu gato Manu, que não tinha chegado. “Chorava como se tivesse perdido alguém da família”. No dia seguinte chegou-lhe aos ouvidos que “estava um gato no gabinete da Portugália”. Apressou-se a ir até lá e deparou com o Manu confortavelmente sentado numa cadeira atrás da secretária. Tinham-no encontrado no tapete de bagagem mas ninguém se lembrou de apurar de onde tinha vindo. Em contrapartida, já combinavam quem ficaria com ele. Não havendo mais voos para França nesse dia, Leonor levou o felino para sua casa e, seguindo as instruções da dona, alimentou-o com uma posta de salmão que tinha no congelador. No dia seguinte levou o bicho ao Lost &Found e ele lá seguiu viagem para França.

Além das chamadas do exterior, muito do que se passa no próprio aeroporto vai parar à central telefónica: um cinzeiro a arder, uma enfermeira que é necessária na aerogare, uma inundação, pessoas retidas num elevador… Anunciar aos serviços estipulados que se entrou em LVO (Low Visibility Operation, circunstância de visibilidade reduzida que exige medidas excecionais na operação do aeroporto) ou acionar o plano de emergência é também tarefa da central telefónica.

Claro que hoje, “com as diversas formas de contato e informação que existem o fluxo de chamadas é menor, mas tempos houve em que nem havia tempo para respirar”, lembra Leonor.

H

Em 1975 entrou para a então Direção-Geral de Aviação Civil como auxiliar de limpeza. Apesar da ideia corrente na altura, nota que o salário não era grande coisa: “Ganhava-se mais lá fora”. Mas Leonor tinha 20 anos e gostou imediatamente da vida no aeroporto, um aeroporto pequeno onde todos eram como uma família. “Era uma vida alegre”. Ao domingo à noite havia um voo para o Brasil e toda a

gente ia até à porta de embarque despedir-se dos seus. “Se por acaso algum cigano estava entre os passageiros havia até danças e cantoria”.

Leonor, que também sempre gostou de cantar – fazia e continua a fazer parte do Grupo Regional de Moreira da Maia – era muitas vezes desafiada para o fazer. Recorda que todos os dias ia até à torre de controlo para realizar as suas funções mas muitas vezes preferiam ouvir um fado na sua voz do que o ruído do aspirador que ela carregava pelas escadas acima.

Uns anos depois passou a contínua e entre os afazeres tinha o tratamento do correio, despachar e receber, o controlo dos cartões de ponto, fazer inventário no armazém de aprovisionamento, servir água e café nas reuniões. Durante uns tempos trabalhou no bar que era explorado pela comissão de trabalhadores do aeroporto.

Era nova, tinha vontade de aprender e recebia com agrado tudo o que fossem funções novas. Mas do que Leonor gostava mesmo era atender o telefone. E de vez em quando, enquanto andava nas suas limpezas, as telefonistas permitiam que se chegasse ao aparelho. Naquela altura as ligações ainda eram feitas de forma manual e eram as telefonistas que introduziam e retiravam “cavilhas” num painel terminal de linhas telefónicas. Em 1993 conseguiu realizar este sonho ao ficar em segundo lugar num concurso interno para telefonista.

Prestes a fazer 60 anos, Leonor “já meteu os papéis para a reforma” e aguarda a chegada da decisão. Mas não é uma decisão fácil – aliás, há uns anos estava decidida e depois recuou. “Não estava preparada”. Agora já está. “Eu adoro o meu trabalho. Toda a gente me trata bem e sou muito feliz aqui”, diz visivelmente emocionada. Mas já lá vão quase 40 anos e com toda a vontade de viver que tem, Leonor não vai ter dificuldade em ocupar o tempo que aí vem.

uMA lINhA teleFóNICA é COMO uMA POrtA ABertA e, POr IssO, AO lONGO dOs ANOs, AteNdeu ChAMAdAs que erAM verdAdeIrAs PArtIdAs, teve A suA quOtA de tArAdOs e de INterlOCutOres AssíduOs, COMO “O rOdOlFO, que lIGAvA MuItAs vezes POrque estAvA APAIxONAdO POr uMA hOsPedeIrA dA tAP”.

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_follow me

O HOMEM QUE QUER SER

invisívelquAndO tudO funciOnA e nãO se vê ninguéM A trABAlHAr neM A fAzer BArulHO é sinAl de que A equiPA de MAnutençãO está A cuMPrir A suA funçãO. esse é O MAiOr desAfiO PArA sérgiO MArtins, cOOrdenAdOr dA equiPA de MAnutençãO eletrónicA dO AerOPOrtO dO POrtO.

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izer-lhe que o seu trabalho não se vê é para Sérgio Martins o maior elogio que lhe podem fazer. Para

o coordenador da manutenção eletrónica do Aeroporto do Porto, passar um ano, dois, três, 10 e todos os equipamentos continuarem a funcionar como deveriam e como é esperado, sem que se veja alguém a trabalhar, é o maior desafio de qualquer equipa de manutenção.

Um desafio considerável se se tiver em conta que se trata de uma equipa de nove pessoas (cinco da ANA e quatro elementos externos) que é responsável pelo bom funcionamento de todos os equipamentos eletrónicos de um aeroporto que já atingiu os seis milhões de passageiros anuais. Falamos dos equipamentos de segurança como o raio X, a vigilância CCTV (closed-circuit television), os equipamentos de deteção (deteção automática de incêndio, de intrusão, de monóxido de carbono), os dispositivos de informação de voo, etc.

A ambicionada invisibilidade da manutenção vai ao encontro daquilo que um passageiro espera de um aeroporto e que, no caso do Aeroporto do Porto, tem sido sucessivamente reconhecido, quer através das certificações de qualidade, quer das distinções do Airport Council International, que se baseiam em inquéritos de satisfação aos passageiros.

“O que fazemos todos os dias e que nos dá muito prazer é lutar sempre para fazer melhor, para ter o que ainda não temos e que mais ninguém tem”. Muitas vezes são coisas simples e fáceis de concretizar como ter flores naturais nas casas de banho, disponibilizar garrafões de água onde as pessoas podem beber sem pagar ou computadores para aceder à internet gratuitamente. Ou, voltando à eletrónica, mostrar na sala de recolha de bagagens as imagens do trânsito em sítios nevrálgicos nos arredores do aeroporto. “Enquanto espera a sua mala, uma pessoa pode ir vendo qual é o melhor percurso: se a VCI está entupida, talvez seja melhor ir pela VRI”, diz Sérgio Martins. Esta aplicação foi desenvolvida pela própria equipa com uma tecnologia nova e graças a um protocolo feito com a Câmara Municipal do Porto, que cede as imagens das câmaras de trânsito.

As fontes de inspiração para melhorar o serviço são vastas e vão de documentação escrita à internet e a diversas áreas de negócio que nada têm a ver com aeroportos. Formado em Engenharia Eletrónica e Telecomunicações pela Universidade de Aveiro, Sérgio Martins trabalha há 12 anos no Aeroporto do Porto e já sabe que o pior que pode acontecer é quando surgem várias situações em simultâneo: “A dispersão geográfica é grande e, por questões de segurança e de manuseamento dos equipamentos, trabalhamos geralmente em equipas de dois, o que significa que ocorrências em simultâneo são o cenário que nos deixa mais atrapalhados”.

Como em qualquer serviço de manutenção, também na eletrónica os trabalhos estão organizados

D entre os corretivos – a resposta aos problemas que surgem a toda a hora – e os preventivos: uma manutenção planeada, com tarefas específicas em tempos específicos que permitem que os equipamentos durem mais tempo.

“Nos últimos anos temos implementado uma política de sistemas alternativos, de forma que quando há qualquer coisa que não funcione bem há sempre um plano B associado. Mas com o crescimento do tráfego os nossos ‘back ups’ vão sendo mais curtos porque as instalações vão sendo ocupadas de uma forma mais definitiva e temos que responder cada vez mais rapidamente às situações”.

E há pontos e equipamentos que são especialmente críticos. É o caso do raio X, que tem muito impacto no fluxo dos passageiros. “Uma máquina de raio X inoperativa é um problema porque cria filas, o que tem que ser resolvido rapidamente”. No Porto são 22 entre as de controlo de passageiros, de bagagem e de staff.

A informação de voo é outro ponto muito importante. Quando entram no aeroporto, a primeira coisa que as pessoas procuram é um monitor ou algo que lhes diga qual é o check-in, a porta de embarque, se estão atrasadas... “Se essa informação não existe, se, por exemplo,

temos um monitor ‘congelado’, isso tem muito impacto no passageiro. É claro que quanto mais interviermos a nível preventivo menos avarias temos, mas o desgaste de equipamento acontece: os monitores de informação de voo, por exemplo, estão a funcionar 24h por dia durante anos seguidos. Os discos, as memórias, os ecrãs, tudo se desgasta”.

Além dos mais visíveis, há muitos outros equipamentos que não se veem e que têm um impacto direto na operação. O controlo

de acessos, por exemplo. O sistema tem de estar permanentemente atualizado para permitir, ou não, a passagem de alguém por determinada porta, de acordo com indicações dadas pelo Gabinete de Segurança do aeroporto. Por haver portas que fazem fronteira entre zonas críticas do funcionamento do aeroporto – como a fronteira terra/ar, ou seja, a fronteira entre a zona pública e a zona operacional – a emissão de cada cartão é sempre acompanhada de uma formação em segurança.

Este mesmo cartão, que já serve para registar o ponto e abrir barreiras de estacionamento, vai ainda este ano servir também para que as companhias aéreas façam a abertura de check-in, substituindo a chave usada até agora e que aciona, entre outras coisas, a balança e os transportadores de bagagem. “O aeroporto cobra às companhias pelo tempo que o check-in está aberto e com o cartão passamos a ter essa informação ao segundo”, explica Sérgio Martins.

Há pouco tempo achou que precisava voltar aos bancos da escola e decidiu fazer o mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores. Para trás ficaram os seis anos em que foi presidente do Clube ANA do Porto, uma associação cultural, desportiva e recreativa voltada para os colaboradores. Durante esse tempo, com uma equipa de mais cinco pessoas, dinamizou atividades regulares reanimando o clube deste aeroporto e contribuindo também para a revitalização dos outros. “Foi uma experiência extraordinária e anos muito bonitos”, diz. Mas, infelizmente, o tempo não chega para tudo. “Ou se fazem mestrados ou se organizam atividades”.

“O que FAzeMOs tOdOs Os dIAs e que NOs dá MuItO PrAzer é lutAr seMPre PArA FAzer MelhOr, PArA ter O que AINdA NãO teMOs e que MAIs NINGuéM teM”

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uM CONtINeNte eM MINIAturAPArA desCOBrIr

grAn cAnAriA é A terceirA MAiOr ilHA dO ArquiPélAgO dAs cAnáriAs, MAs teM quAse MetAde dA POPulAçãO. cOrresPOnde AO clicHé de “cOntinente eM MiniAturA”, cOM uMA vAriAçãO drAMáticA dO terrenO, que vAi desde O nOrte verde e ArBOrizAdO AO interiOr MOntAnHOsO e sul desérticO. dAMOs-lHe AlguMAs sugestÕes de visitAs e PAsseiOs PArA desfrutAr dA cAPitAl, lAs PAlMAs, e exPlOrAr lugAres que AindA PerMAneceM secretOs.

grAncAnAriA

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vista panorâmica de las Palmas com a península de la isleta ao fundo.

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CIDADE, VIBRANTE E DECADENTELas Palmas tem uma atmosfera de cidade

espanhola temperada com uma eclética mistura de outras culturas, como a africana, indiana e chinesa, mais uma pitada das tripulações dos navios e ainda os indigentes, viajantes e sem poiso que tendem a flutuar nas cidades portuárias. É um lugar curioso com a languidez ensolarada e energia que normalmente se associa ao Mediterrâneo ou ao norte de África. A azáfama do trânsito, zonas comerciais movimentadas, bares barulhentos e um porto próspero, todos emitem a energia de uma cidade: a sétima maior da Espanha e a maior do arquipélago das Canárias, com uma área metropolitana de mais de 600 mil habitantes. Vegueta, o bairro mais antigo e declarado Património Mundial da UNESCO em 1990, é tanto histórico como “da moda”, muitos dos melhores bares e restaurantes estão aqui. No outro extremo da cidade, ao longo do arco formado pela Playa de las Canteras (mais limpa do que muitas praias de cidade) existe a possibilidade tentadora de dar um mergulho entre os passeios e as compras. Acima de tudo, Las Palmas é uma cidade trabalhadora que mesmo assim mantém uma atmosfera um tanto decadente. Claro que, como em qualquer outra

_partidas

Agran canaria é a terceira maior ilha do arquipélago das canárias, mas tem quase metade da população.

cidade, há áreas onde não convém andar à noite com uma câmara cara pendurada ao pescoço, mas, no geral, uma pessoa sente-se perfeitamente segura aqui. Para descobrir a pé, de bicicleta, a nado ou de minibus turístico, a última cidade onde Cristóvão Colombo rezou antes dos Descobrimentos e onde Javier Bardem nasceu tem atributos mais que suficientes que, aliados a um dos melhores climas do mundo (22 graus de média anual), justificam pelo menos um par de dias de exploração.

O MERCADO DEL PUERTOMuito procurado nas horas de almoço e de jantar, sobretudo nos fins de semana, o Mercado del Puerto está rapidamente a tornar-se um local de referência em Las Palmas. As razões do êxito são várias: uma proposta inovadora, que mistura mercado tradicional e lugares para comer; o caráter emblemático do espaço; e a sua localização estratégica em pleno istmo de Santa Catalina, a estreitíssima faixa de terra que une o norte da cidade à península de La Isleta.

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_partidas

As bancas de produtos convivem com as novas tascas, geralmente réplicas de restaurantes já instalados na cidade. A oferta é variada e vai da gastronomia canária aos produtos do mar, passando pelas pizzas, sushi, especialidades escandinavas e enchidos. Com a vantagem de poder encomendar nos diferentes estabelecimentos sem sair da mesma mesa. O mercado surgiu em 1891 como uma estrutura para cobrir a zona de intercâmbio comercial resultante do desenvolvimento do porto. Hoje é dirigido por uma cooperativa, que se tem esforçado por introduzir novos conceitos e modernizar o espaço.

ROCK ENTRE AS ROTATIVASThe Paper Club é a mais nova sala de concertos de Las

Palmas. Situado no bairro de Triana, o clube traz consigo uma história que se mistura com a própria história da ilha, já que ali se imprimiu durante muitos anos o Diario de Las Palmas (que hoje se chama La Provincia). Muitas décadas depois chegou o negócio da noite e no mesmo sítio funcionou uma das salas mais emblemáticas dos anos 90, o Floridita, o primeiro franchise fora de Cuba do famoso bar “habanero”. Uma sala capaz de acolher concertos internacionais (82m2 e capacidade para 900 pessoas) é a realização de um sonho para os canários desta cidade, que já teve dias mais festivos.

O feitiço do rock aterrou em Las Palmas com o turismo dos anos 60, nos charters da Alemanha e Inglaterra. Embora nas últimas décadas os locais emblemáticos fossem menos, a oferta

foi reanimada nos últimos tempos na zona de Cícer em Las Canteras. O roteiro tem início todos os sábados e passa pelo La Guarida, NYC Taxi, Tiramisú, terminando no Nasdaq e Mojo Club, junto ao auditório Alfredo Kraus. Mas em todos os casos são recintos para pouca gente. A sala abre, sempre com concertos, de quinta a sábado e nas vésperas de feriados.

UMA VIAGEM DE CARRO PARA APROVEITAR O INTERIOR DE GRAN CANARIA

Apesar da ênfase colocada pelos cartões postais e guias turísticos nas praias de dunas douradas, europeus torrando ao sol e centros de ócio, a Gran Canaria é muito mais que isso. Enquanto o sul da ilha é sobretudo um local de veraneio, a metade verde a norte convida a perder-se pelas suas florestas, penhascos e pequenas aldeias.

Há uma estrada confortável que corre ao longo da costa este da ilha ligando Las Palmas a Maspalomas. Esqueça-a. Opte antes por explorar as sinuosas, inclinadas e menos confortáveis estradas secundárias do interior. Esqueça o fato de banho e a toalha: equipe-se com botas de montanha e espírito de aventura e atreva-se a conhecer a outra cara da ilha, muito menos publicitada.

Descobrirá uma variante geográfica de origem vulcânica, um clima continental (com todas as estações), aldeias coloridas no cimo de montanhas, desfiladeiros cinematográficos, uma vegetação de pinheiros e plátanos, flores transbordando e espetaculares falésias. E, para animar a aventura, rebanhos no meio da estrada, pedras soltas, alguma tempestade de granizo, nuvens ao alcance da mão, cozinha calórica e simpáticas casas-caverna.

O FeItIçO dO rOCk AterrOu eM l As PAlMAs COM O turIsMO dOs ANOs 60, NOs ChArters dA AleMANhA e INGl AterrA . eMBOrA NAs últIMAs déCAdAs Os lOCAIs eMBleMátICOs FOsseM MeNOs, A OFertA FOI reANIMAdA NOs últIMOs teMPOs NA zONA de CíCer eM l As CANterAs.

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vivem nas canárias cerca de 12700 espécies diferentes de

animais terrestres. A catatua é uma das que

podem ser vistas no Palmitos Park, em Maspalomas.

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UM SALTO NO TEMPO: A CUEVA PINTADA DE GÁLDARQuando, em 1862, um buraco se abriu sob os pés de um

agricultor que cultivava bananeiras nas redondezas de Gáldar, escrevia-se a primeira página da descoberta de um dos principais vestígios pré-hispânicos das Canárias. A Cueva Pintada de Gáldar, 27 quilómetros a noroeste da capital, é uma cavidade subterrânea do século XIII cujas paredes foram pintadas com uma série de estranhas formas geométricas em vermelho, branco e preto sobre argila. A extração de terra deixou também a descoberto os vestígios de um assentamento indígena, com 60 casas e cavernas artificiais que ocupam uma área de 6 mil metros quadrados e cujas construções mais antigas datam do século VI.

Em 2006 abriu ao público o Museu e Parque Arqueológico Cueva Pintada e aí podem conhecer-se os estilos de vida dos canários pré-hispânicos: construtores esforçados, carpinteiros, ceramistas, agricultores, pecuaristas, catadores de moluscos, organizados em castas mas que desconheciam a navegação. O povoado está a descoberto e pode ser visitado sobre uma passarela de metal com 375 metros. É um salto no tempo, brutal e impressionante.

é no sul, mais desértico e com clima seco, que ficam as disputadas praias e os resorts que tornaram conhecida a ilha.

embora não como em décadas passadas, a animação noturna continua a ser uma atração importante.

há uMA estrAdA CONFOrtável que COrre AO lONGO dA COstA este dA IlhA lIGANdO lAs PAlMAs A MAsPAlOMAs. esqueçA-A. OPte ANtes POr exPlOrAr As sINuOsAs, INClINAdAs e MeNOs CONFOrtáveIs estrAdAs seCuNdárIAs dO INterIOr. esqueçA O FAtO de BANhO e A tOAlhA: equIPe-se COM BOtAs de MONtANhA e esPírItO de AveNturA e AtrevA-se A CONheCer A OutrA CArA dA IlhA, MuItO MeNOs PuBlICItAdA.

O Museu e Parque Arqueológico da cueva Pintada de gáldar.

O Mercado del Puerto,

para passear, comprar ou

jantar.

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cOMO ir

A Binter Canarias voa de Lisboa para Las Palmas às quartas e domingos com partida às 15h40 e chegada às 18h. Outras informações podem ser consultadas em www.bintercanarias.com.

O Aeroporto Internacional de Gran Canaria fica 18 quilómetros a sul da capital, um percurso que se realiza em 20 minutos através da autoestrada GC-1. De Las Palmas e de muitos centros turísticos partem autocarros para o aeroporto.

ALOÉ VERA, UMA DÁDIVA DA NATUREZAA natureza, que foi generosa com a Gran

Canaria, também o foi com a variedade de Aloé Vera que cresce na ilha há séculos, considerada entre as melhores do mundo pela sua elevada pureza. Está provado que esta planta bicuda, que cresce aleatoriamente nas ladeiras mais soalheiras das encostas da ilha, guarda componentes extraordinariamente valiosos para o tratamento da pele. Propriedades que, a partir do final do século XX, despertaram o interesse dos fabricantes franceses de cosméticos.

Hoje o Aloé é utilizado no fabrico de cremes hidratantes, sabonetes, champôs e até de maquilhagem. Além disso, usa-se na indústria farmacêutica, devido ao seu poder cicatrizante e relaxante. O clima da Gran Canaria faz com que o Aloé do arquipélago produza uma gelatina natural que não necessita de tratamento, ou seja, o produto é aproveitado tal como é extraído da planta. Todos esses benefícios são aplicados nos tratamentos naturais disponibilizados pelos centros de bem-estar e spas da ilha.

POZO IZQUIERDO, A MECA DO WINDSURF No sudeste de Gran Canaria encontra-se um dos

melhores locais do mundo para a prática do Windsurf. Pozo Izquierdo fica a 40 quilómetros de Las Palmas seguindo na estrada principal da ilha, a GC-1. O nome da praia vem de um poço de água doce que fica ali perto e a localidade é berço de vários campeões mundiais, entre eles o dinamarquês Bjorn Dunkerbeck, que se mudou para a Gran Canaria quando tinha só três anos. Em julho decorre em Pozo uma etapa do Campeonato Mundial e o ambiente é bastante animado nesses dias.

Outro desporto que também se pratica muito por aqui é o SUP- Stand Up Paddle Surf, uma variante do surf que há muito tempo já é praticado no Hawai, em pé, com uma prancha entre os 3 e 4 metros e um remo. Quem quiser praticar um pouco de turismo ativo pode agendar umas aulas de windsurf ou alugar equipamento para experimentar o paddle. Como o vento por estas bandas é muito forte, é aqui, junto ao Centro Internacional de Windsurf, que se encontra o maior parque eólico da ilha, o Instituto Tecnológico de Canarias. Além do vento, prepare-se para muita kalima, a areia trazida do Deserto do Saara.

quem se aventura pelo interior da ilha tem o esforço recompensado por vistas de

desfiladeiros e espetaculares falésias e, muitas vezes, as nuvens ao alcance das mãos.

A NAturezA, que FOI GeNerOsA COM A GrAN CANArIA, tAMBéM O FOI COM A vArIedAde de AlOé verA que CresCe NA IlhA há séCulOs, CONsIderAdA eNtre As MelhOres dO MuNdO PelA suA elevAdA PurezA.

AF Press Easyjet Emigrantes Porto 215x280.ai 1 4/12/13 12:29 PM

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AF Press Easyjet Emigrantes Porto 215x280.ai 1 4/12/13 12:29 PM

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_lifestyle

ma boa cama, limpeza exemplar, internet gratuita, um bom pequeno-almoço, tudo a tarifas

competitivas. São as principais características do Park Hotel Aeroporto, que veio oferecer comodidade aos passageiros do Aeroporto do Porto, sobretudo aos que viajam em negócios e precisam ficar perto do aeroporto para voos mais madrugadores ou tardios.

Aberto há um ano, o Park Hotel Aeroporto é um hotel low cost dirigido sobretudo ao segmento business. O pequeno-almoço, com uma qualidade e diversidade que faz parte da imagem da marca, começa a ser servido às 4h30, a pensar nos clientes que saem cedo para os primeiros voos da manhã, e vai até às 12h. Os excelentes croissants e um verdadeiro sumo natural de laranja fazem perceber porque é que a cadeia, que

U

cOnveniênciA A DOIS PASSOS DO AEROPORTO

cOnfOrtO e cOnveniênciA A BAixOs PreçOs é O que Oferece

O PArk HOtel AerOPOrtO, ABertO Há uM AnO juntO AO

AerOPOrtO dO POrtO. dirigidO sOBretudO A queM viAjA eM

negóciOs, está PrePArAdO PArA receBer reuniÕes de eMPresAs

e tOdOs Os que viAjAM A PArtir dO PrinciPAl AerOPOrtO dO

nOrOeste PeninsulAr.

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tem outras duas unidades em Gaia e Valongo, se orgulha da refeição matinal.

Conveniência – a baixo preço – é de fato a palavra-chave no Park Hotel. Além de haver wireless em todo o hotel, quem viaja sem computador pode aceder à internet a partir dos que existem no lobby. No mesmo local há também um pequeno bar, onde se pode sempre tomar uma bebida, seja a que horas for. E para que ninguém fique em terra, também no lobby existe um monitor com os horários das Partidas e Chegadas atualizados ao minuto.

Com 80 quartos (uma suite) e duas salas de conferência, o hotel está preparado para receber reuniões de empresas, dada a

proximidade da zona industrial da Maia, considerada a mais importante em toda a Área Metropolitana do Porto, e do Parque de Ciência e Tecnologia da Maia.

Embora o que domine a decoração seja a simplicidade, existem alguns apontamentos que remetem para o universo das viagens e nos fazem lembrar porque estamos ali. Como a montagem de fotografias de aeroportos e aviões que ocupa toda a parede do fundo da sala de pequenos-almoços ou mescla de nomes de cidades que preenche o balcão da receção.

Localizado bem de frente para o aeroporto, o hotel está também estrategicamente situado entre duas estações de metro, a do Aeroporto e a de Botica, ambas a menos de 100 metros e facilmente acessíveis a pé. Para quem carrega malas, o hotel tem uma parceria com um shuttle que, mediante marcação, faz o transporte para o aeroporto.

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mbora se j a u t i l i zada em d ive r sas pa r tes do mundo, a f i l i g rana teve um g rande desenvo lv imento

nas zonas med i te r rân i cas , to rnando-se uma técn i ca mu i to t í p i ca da ou r i vesa r i a po r tuguesa e com enorme v i s i b i l i dade no no r te do pa í s .

A esmerada ut i l i zação de f ios muito f inos cr iam a i lusão de renda em ouro e prata , resu ltando em marav i lhosas peças , que agora chegam à lo ja Por t fo l io, com a ass inatura da Portuga l Jewels e da F i l igrana com Amor.

Conhec idas pe l a qua l i dade tanto dos mate r i a i s como das técn i cas usadas , a s peças são t i das como s ímbo los da cu l tu ra e da ent i dade nac iona i s , rep resentando mot i vos que s imbo l i zam o mar, a na tu reza , a re l i g i ão ou o amor. Desde c ruc i f i xos , c ruzes de ma l ta , co rações de V i ana , re l i cá r i o s , a r recadas , co l a res de conta , b r i ncos à ra i nha , mu i tas são as peças que va i poder ap rec i a r na l o j a Po r t fo l i o , que ass im dá cont i nu idade à sua m i ssão de cont r i bu i r pa ra a p romoção e d i vu lgação de marcas , p rodutos e exper i ênc i a s que rep resentam o que de me lho r se faz em Por tuga l .

rendA

PRECIOSA

_lifestyle

MAis que jóiAs, sãO exPressÕes dA

culturA e identidAde POrtuguesAs. As delicAdAs PeçAs

de filigrAnA que cHegArAM

recenteMente À POrtfOliO trAzeM

A trAdiçãO seculAr destA Arte AdAPtAdA

AOs requisitOs dAs tendênciAs AtuAis.

cOM A AssinAturA dA POrtugAl jewels e dA filigrAnA cOM AMOr.

E

cruz de MaltaPortugal jewels

filigrana com Amor

loja Portfolio no Aeroporto de lisboa

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_lifestyle

relAxAr Antes de uM vOO é seMPre uMA BOA ideiA, sejA cOM uMA cervejA frescA Ou cOM uM cAfé ArOMáticO. nA áreA restritA dAs PArtidAs dO terMinAl 2 dO AerOPOrtO de lisBOA Há dOis esPAçOs nOvOs eM fOlHA À esPerA de O receBer: A servejAriA e A cAfetAriA nesPressO. se O teMPO fOr curtO POde Pedir PArA levAr.

NesPressOQuando lá fomos, o Clooney não estava mas isso não quer dizer que não possa aparecer quando menos se espera. A cafetaria Nespresso no T2 faz jus ao ambiente de elegância e serviço cuidado que são apanágio da marca em todo o mundo. Além de uma variedade de cafés e receitas quentes e frias podemos encontrar uma criteriosa seleção de pastelaria e um serviço Grab & Go, pronto para levar a bordo.

servejArIA Com um ar contemporâneo e um ambiente descontraído, a Servejaria do T2 é o local certo para relaxar antes do voo. Com uma cerveja fresquinha à frente, é claro. Como todas as cervejarias que se prezem, tem um longo balcão indicado para petiscar: pregos, hambúrgueres, tapas ou outras iguarias com raízes na cozinha portuguesa e internacional. Não faltam televisores para deitar um olho ao jogo ou às notícias e tem também um serviço de Grab & Go, para comer no avião.

PARAGEM PARA UMA cervejA. OU UM cAfé.

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_aldeia global

norman foster propõe aeroporto para 150 milhões

de passageiros em Inglaterra

Primeiro voo entre Egito e Irão descola

após 34 anos

escritório de arquitetos inglês Foster&Partners vai entregar em julho a sua proposta para um novo aeroporto no estuário

do rio Tamisa à Comissão de Aeroportos, um organismo criado para estudar o aumento da capacidade aeroportuária do Reino Unido. A proposta prevê a construção de um aeroporto para 150 milhões de passageiros, com quatro pistas e a possibilidade de se acrescentarem duas pistas extra. “Congratulamo-nos com a criação da Comissão de Aeroportos. É uma tarefa importante e demonstra o compromisso do governo com a questão da aviação. Se a Grã-Bretanha quer manter-se competitiva, deve planear a futura capacidade aeroportuária do país”, disse Norman Foster. “Acreditamos que um novo aeroporto com

4 pistas poderá fornecer a conetividade e flexibilidade de que a Grã-Bretanha precisa desesperadamente, ao mesmo tempo que melhorará a vida de milhões de londrinos massacrados com o caminho para Heathrow”. O aeroporto faz parte da proposta mais abrangente chamada Thames Hub, que é, na opinião dos arquitetos, uma oportunidade única para criar uma solução integrada de infraestruturas para reequilibrar a economia, estimular o crescimento e permitir ao Reino Unido manter a sua posição de hub global. O aeroporto seria construído na Ilha de Grain e ligado a Londres através de uma conexão à linha ferroviária de alta velocidade que já existe e às linhas planeadas para Manchester e Birmingham.

primeiro voo em 34 anos entre o Cairo, no Egito, e Teerão, no Irão, teve lugar no final de março. Foi o primeiro voo direto

entre as duas nações desde a Revolução Islâmica, no Irão, em 1979. O voo da Air Memphis, propriedade do empresário egípcio Rami Lakah, levava a bordo oito iranianos, incluindo diplomatas, segundo fonte do aeroporto egípcio, que acrescentou que a companhia aérea terá condições de realizar mais viagens entre o Egito e o Irão. Os dois países concordaram em retomar os voos diretos em outubro de 2010, quatro meses antes da queda do ditador egípcio Hosni Mubarak, mas nenhum voo tinha ocorrido entretanto. As relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas logo no início da revolução, quando o governo egípcio decidiu acolher no seu território o xá Mohammed Reza Pahlevi, derrubado pelos fundamentalistas islâmicos liderados pelo Aiatola Khomeini. Os laços entre os países começaram a estreitar-se com a eleição do islâmico Mohamed Mursi como novo chefe de estado do Egito, em junho de 2012. O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad visitou o país egípcio em fevereiro – a primeira visita de um líder iraniano em mais de três décadas – e sugeriu uma aliança estratégica, além de oferecer ajuda financeira. Mursi, por sua vez, visitou o Irão em agosto para participar numa cimeira internacional.

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_aldeia global

Austeridade ameaça competitividade da UE

austeridade está a ameaçar a União Europeia (UE) e a região poderá ficar para trás em relação a outras áreas do mundo se não se mantiveram os investimentos

em projetos de infraestruturas, incluindo a aviação. Empresários, grupos de comércio e representantes da EU dizem que a região está em perigo de ficar para trás em relação aos concorrentes, com consequências possivelmente irreversíveis. Os gastos com infraestruturas na Europa cresceram apenas 1,5% no ano passado em comparação com o crescimento global de 4,5% e de 7,1% na região da Ásia-Pacífico, de acordo com dados compilados pela Marketline, um fornecedor de informações de negócios. Os gastos na Europa vão aumentar ligeiramente nos próximos 4 anos, para um crescimento de 4,3% em 2016, segundo a Marketline, mas vão continuar significativamente atrás da média mundial. Apenas os Estados Unidos estarão pior, com um crescimento de apenas 1,8% em 2016. O comércio dentro da Europa, que tem uma população de mais de 730 milhões e representa cerca de 22% da carga do mundo por valor, deverá duplicar na próxima década. Num documento publicado antes dos recentes cortes de orçamento, Bruxelas fez saber que eram necessários 550 mil milhões de euros em projetos prioritários até 2020 para criar uma rede base de transportes para fazer frente ao esperado aumento da procura.

A Crescimento do investimento2011 a 2012

Europa

1,5%

Ásia-Pacífico

7,1%

Global

4,5%

Aeroporto de istambul

foi o que mais cresceu

Aeroporto de Istambul, hub da Turkish Airlines e principal porta

de entrada na Turquia, foi o aeroporto que mais cresceu em 2012, ao registar um aumento de 20,6% do número de passageiros, cinco vezes o crescimento médio mundial do ano passado, de acordo com os dados Airport Council International (ACI), cujos 580 membros operam 1751 aeroportos em 174 países. Segundo os dados do ACI, este aeroporto contabilizou

45,124 milhões de passageiros, mais 7,7 milhões do que no ano anterior.Depois de Istambul, os aeroportos com maior crescimento foram o do Dubai, o maior do Médio Oriente, com mais 13,2% ou mais 6,7 milhões de passageiros, num total de 57,664 milhões; e o de Jacarta, o principal aeroporto da Indonésia, com um crescimento de 12,1% para 57,772 milhões de passageiros em 2012. No top 5 dos que mais cresceram contam-se ainda o Aeroporto de Banguecoque, na Tailândia, e o Aeroporto de Changi, em Singapura.

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Avião solar faz costa a costa nos EUA

Aeroporto de dallas com voos diretos

para 200 destinos

maior avião solar do mundo, o Solar Impulse, fabricado pela Suíça, projetado para voos diurnos e noturnos, vai

atravessar os Estados Unidos de oeste a leste, na primavera deste ano. O projetista do avião, Bertrand Piccard, anunciou que o Solar Impulse vai partir em maio de São Francisco e deve chegar em julho ao Aeroporto Internacional de Kennedy, em Nova Iorque. Piccard, um psiquiatra aventureiro oriundo de uma família de exploradores e cientistas, espera que esse avião com energia limpa possa fazer um voo em torno do globo sem consumir nem uma gota de combustível, uma missão que parece impossível. O Solar Impulse é a primeira aeronave movida a energia solar que pode voar durante a noite. Enquanto voa durante o dia, a aeronave pode armazenar a energia não consumida em baterias e usar esta energia para os voos noturnos.

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O Aeroporto Internacional Dallas Fort Worth atingiu um marco importante ao alcançar 200 destinos sem escalas.

Com o anúncio de novas frequências da American Eagle para Hermosillo e Zacatecas, no México, o aeroporto de Dallas soma um total de 200 destinos servidos, incluindo 52 internacionais e 148 destinos domésticos dos Estados Unidos. Ao chegar aos 200 destinos, o Aeroporto de Dallas junta-se ao seleto grupo de aeroportos em todo o mundo com essa distinção, incluindo Frankfurt, Amsterdão Schiphol, Paris Charles De Gaulle, Hartsfield-Jackson Atlanta, Chicago O’Hare e Munique. “Mesmo com essa enorme conquista de 200 destinos, o nosso aeroporto ainda tem muito espaço para crescer e adicionar mais capacidade”, disse Jeff Fegan, CEO do aeroporto. “Estamos otimistas de que o Aeroporto de Dallas pode continuar a atrair mais serviços aéreos nos próximos meses e anos, especialmente rotas internacionais. A nossa missão é ligar a área de Dallas Fort Worth ao mundo”. O Aeroporto de Dallas teve uma expansão do serviço aéreo sem precedentes nos últimos três anos, adicionando 7 companhias aéreas comerciais, 3 novas empresas de carga, 14 novos destinos internacionais e 10 novos destinos domésticos.

_aldeia global

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Aeroporto de Faro foi distinguido com o prémio Best Improvement Europe ao registar o maior

crescimento ao nível da satisfação do passageiro. Através do preenchimento de questionários, os passageiros aumentaram a cotação do aeroporto de 3,78 em 2010 para 3,96 em 2012, numa escala de 0 a 5. Este prémio também já tinha sido atribuído ao Aeroporto de Ponta Delgada em 2009. “A opinião que recebemos dos nossos passageiros é um dos elementos primordiais para a definição da nossa política de gestão. O Aeroporto de Faro tenta sempre, aplicar decisões que estejam alinhadas com as expectativas dos nossos passageiros para uma melhor qualidade de serviço” afirma António Correia Mendes, diretor do aeroporto. Os passageiros apontaram a eficiência dos funcionários do check-in, o tempo de espera na fila de controlo de passageiros e a sensação de segurança como alguns dos itens avaliados. Para além disso, ajudaram também para o prémio a cortesia e ajuda dos funcionários, a limpeza do terminal e os ecrãs de informação de voo. O programa Airport Service Quality Survey conta com a participação de 200 aeroportos e atribui o prémio com base num inquérito de 36 questões sobre os serviços existentes nos aeroportos. Os questionários são distribuídos durante todo o ano e os resultados e valores são apresentados trimestralmente.

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Passageiros distinguem

Aeroporto de Faro

A A MAGAzINe AGrAdeCe A COlABOrAçãO dAs seGuINtes PessOAs e eNtIdAdes NA elABOrAçãO destA edIçãO:

Administradora Executiva da Porto Vivo, SRU

Assessoria de imprensa do Futebol Clube do Porto

Erasmus Student Network Porto

Estudante

Presidente do Futebol Clube do Porto

arrebita!Porto

Jornalista, apresentador de televisão e repórter

Binter Canarias

Blog O Porto Cool

Park Hotel Porto Aeroporto

Reitoria da Universidade do Porto

Escritor

Assessoria de imprensa do Futebol Clube do Porto

Diretora do Departamento de Turismo da Câmara Municipal do Porto

Reitoria da Universidade do Porto

Marketing Aviação do Aeroporto do Porto

Conselho de Administração

Direção Comercial Não Aviação

Direção Comercial Não Aviação

Telefonista do Aeroporto do Porto

Marketing Aviação do Aeroporto do Porto

Chefe da Divisão Operacional do Aeroporto do Porto

Coordenador da Manutenção Eletrónica do Aeroporto do Porto

ANA PAulA delGAdO

dIANA FONtes

FlávIO OlIveIrA

GABrIel sINGesk

jOrGe NuNO PINtO dA COstA

jOsé PAIxãO

NuNO eIró

PABlO lANdrAu vIllAlOBOs

PAulO MAGAlhães

PedrO PINtO

rAul sANtOs

rIChArd zIMler

ruI CerqueIrA

susANA rIBeIrO

teresA MedeIrOs

NA ANA:

álvArO leIte

ANtóNIO MOrGAdO

heItOr ABrANtes

IOlANdA CAMPelO

leONOr CArdOsO

PAulA BArBOsA

ruI Alves

sérGIO MArtINs

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ou louco por viagens. A escolha do destino, a excitação depois de ter tudo pago e a certeza de que já “conquistei” mais um

pedacinho de Mundo para o meu mundo. A efervescência da véspera e o chegar ao Aeroporto… no terminal das Partidas, obviamente.

O aeroporto é sempre capítulo que contém comédia, tragédia, horror e suspense, na história de uma viagem que faça… Coincidentemente, ou não, tudo acontece no regresso, como se o Universo me quisesse dizer para prolongar a aventura. É óbvio que o Universo não tem contas para pagar nem obrigações profissionais, por isso, faço “ouvidos de mercador” e ponho os pés ao caminho.

Porém o braço de ferro entre mim e essas ditas forças superiores mantém-se. E acreditem que elas fazem de tudo para ver se eu não chego ao meu destino, por exemplo: quando regressei da Tailândia, o avião que fazia a ligação de Phuket a Banguecoque avariou. Sim, duas horas depois de estar encafuado dentro da aeronave com mais 300 convivas, ficámos a saber que o avião estava a perder peças (literalmente) e que nenhuma delas seria reposta nessa noite. Ora acontece que aquele era o primeiro de três aviões que teria que apanhar se quisesse chegar a Portugal no dia seguinte para ir trabalhar! Resultado: enquanto os restantes 296 turistas queriam transformar as hospedeiras de terra em coxinhas tailandesas acompanhadas de Khao Pad e molho agridoce, eu e os meus amigos conseguimos bilhetes para outro avião que estava prestes a partir… e lá fomos atrás dele… bom, dele e dos outros dois aviões que nos faltavam e cujos voos tinham sido cancelados sem nos darem satisfação.

Ou lembrar-me dessa aventura vivida em 2006, depois de ter passado um mês e tal a acompanhar a Seleção Nacional no seu périplo quase vitorioso no Mundial de Futebol na Alemanha. Estávamos cansados de andar de malas às costas? Sim! Cansados da comida alemã? Sim! Com saudades de casa? Sim! Mesmo assim íamos perdendo o avião? (agora todos vocês que estão a ler este artigo) SIM!!! Faz sentido? Não! Mas aconteceu…

Estávamos a uns escassos metros da porta de embarque, chegámos cedo, ainda estava fechada, decidimos jogar às cartas…a porta abriu e nós Nada! As pessoas entraram todas e nós NADA! Foi preciso uma hospedeira alemã passar pela vergonha de ter que assassinar nomes portugueses com o seu sotaque germânico!

Agora perguntem: já perdeste algum voo? E eu respondo: Já! Na Índia, porque o taxista se enganou no terminal e, quando lá cheguei, reparei que não podia comprar nem um alfinete, quanto mais outro bilhete, porque tinha perdido o cartão de crédito!

E já agora, um abraço sentido a um amigo meu, ex-jornalista, agora a trabalhar nas Nações Unidas em Nova Iorque, que me ia fazendo perder o voo (de regresso, claro está) porque me pôs a desfiar bacalhau e a fazer ovos verdes para um jantar que ia dar em casa!

As minhas viagens são turismo… a aventura está no regresso!

_passageiro frequenteA AventurA ESTÁ NO REGRESSO

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nuno eiróJornalista, apresentador de televisão e repórter.

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