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Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
A luta do povo indígena Suruí-Paiter com as ferramentas tecnológicas do século
XXI1
Zeus Moreno Romero
Graduado em História pela Universitat de Barcelona.
Mestrando em História pela Universidade Estadual de Maringá
Ângelo A. Priori
Programa de Pós-graduação em História da UEM
1. Introdução
Em 17 de março de 2010, foram realizadas na “Casa América Catalunya” de Barcelona
varias palestras dedicadas ao Meio Ambiente na América Latina (TRIBUNA LATINA,
11 Jul. 2012). A palestra de abertura titulada Tradicions contra noves tecnologies
(CASA AMÈRICA CATALUNYA, 11 Jul. 2012) foi proferida por representantes dos
povos originários de América, das etnias Kogi de Colômbia e Suruí-Paiter do Brasil.
Devido ao conhecimento do idioma português, pude estabelecer laços de amizades com
o líder dos Suruí-Paiter, Almir Narayamoga Suruí. Durante sua estadia, visitamos a
cidade de Barcelona e conversamos sobre aspectos interessantes de nossas respectivas
culturas. Devido a essa “troca de ideias” pude conhecer melhor a história e a luta do
povo brasileiro Suruí-Paiter. No segundo dia de sua visita, organizamos uma palestra na
disciplina de História da América na Faculdade de Historia da Universitat de
Barcelona, a cargo do professor José Luis Ruiz-Peinado Alonso. A palestra deixou os
alunos entusiasmados. Almir Narayamonga falou sobre a história do seu povo e de
como se adaptaram na sociedade brasileira e aderiram ao uso de ferramentas
tecnológicas do século XXI, mediante diversas parcerias com empresas e Organizações
Não Governamentais (ONGs). Sem nenhuma duvida, Almir Narayamoga Suruí é uma
fonte de informação muito valiosa para entender algumas das questões tanto do passado
dos povos indígenas americanos como da atualidade globalizada.
1 Essa pesquisa faz parte do meu projeto de mestrado de pós-graduação em História da Universidade Estadual de Maringá.
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
Passado aproximadamente um ano do encontro em Barcelona, em janeiro de 2011, a
pesquisadora da área de Políticas Públicas Gabriela Monteiro e eu aceitamos o convite
para visitar a terra indígena Sete de Setembro localizada na floresta amazônica no
estado de Rondônia. Fomos recebidos com muito afeto e respeito pelo chefe Almir e por
todos indígenas lá residentes. Durante nossa estadia, tivemos a oportunidade de
conhecer em profundidade o trabalho realizado pelos Suruí-Paiter de preservação e
reflorestamento do seu território, o projeto educativo “Maloca Digital”, assim como
suas tradições culturais ancestrais. Foi uma experiência inesquecível, onde o
conhecimento foi adquirido na prática através da convivência e do diálogo com os
protagonistas dessa história.
Depois de assimilar todas aquelas informações, me questiono: podem ser úteis as
ferramentas tecnológicas do século XXI para os povos indígenas? Este texto tratará de
responder essa pergunta por meio de uma contextualização do povo Suruí-Paiter através
da sua história, uma análise da importância da liderança do chefe Almir Narayamonga
Suruí, do uso que fazem estes indígenas da multimídia, das plataformas sociais e do
projeto educativo da Maloca Digital.
Para tanto, se utilizará como fontes primarias as entrevistas realizadas em janeiro de
2011 e as conversas mantidas através da Intenet; e como fontes secundárias a
bibliografia tradicional e webs sites (dos próprios indígenas, de jornais e de instituições,
entre outras), previamente analisadas com rigor para confirmar a autenticidade das
informações. Possibilitando assim combinar formas de pesquisa tradicionais da
historiografia com as informações, comunicações e novas fontes de pesquisa que a
tecnologia oferece aos historiadores. A fim de conhecer melhor a história Suruí-Paiter,
um povo com um passado ágrafo, se considera a História oral como o método
historiográfico mais apropriado. Segundo Thompson,
A história oral é uma história construída em torno de pessoas. Ela lança a vida para dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação. Admite heróis vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo. Estimula professores e alunos a se tornarem companheiros de trabalho. Traz a história para dentro da comunidade e extrai a história de dentro da comunidade (1992, p.44).
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
2. Breve história do povo Suruí-Paiter2
Para situar historicamente o povo Suruí-Paiter é importante compreender as
perspectivas que os principais atores interessados no território têm com relação à
floresta amazônica. Segundo a historiadora, da Universitat de Barcelona, Pilar García
Jordán
As perspectivas desde as quais se observa a Amazônia na atualidade são três: a primeira corresponde à sociedade ocidental [...] que preocupada pelo meio ambiente e a ecologia, contempla a região como espaço a ser preservado para assegurar o oxigênio e as espécies vegetais e animais que nela se encontram. Essa visão dá lugar a posições “conservacionista” [...]; A segunda perspectiva é aquela adotada pelos países amazônicos para quem essa região é depositária de importantes recursos naturais, cuja utilização pode ser a plataforma que lhes permita desenvolver sua economia; A terceira corresponde à perspectiva dos grupos indígenas que, com diversos projetos, pretendem geralmente compatibilizar a manutenção da sua identidade étnico-cultural com a sua vinculação ao Estado, ao progresso (1999, p.43-44).
Os indígenas Suruí-Paiter, como verão no longo do texto, tentam equilibrar as três
perspectivas sobre a Amazônia para poder sobreviver no atual mundo globalizado,
ficando no meio de um emaranhado de interesses.
O nome Suruí foi estabelecido pelos antropólogos, sendo que na língua nativa o nome
original é Paiter, que significa “o povo verdadeiro, nós mesmos”. Neste trabalho, se
optou por utilizar a denominação Suruí-Paiter. A linguagem empregada por eles é do
grupo Tupi, da família linguística mondé, que para preservá-la se ensina nas escolas do
território indígena. A unidade de diversos povos que falam o Tupi Mondé traz consigo o
projeto de estabelecer um corredor etnoambiental Tupi Mondé, com o objetivo de se
organizarem nas demandas para os órgãos oficiais (COORDENAÇÃO DAS
ORGANIZAÇÕES INDÍGENAS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA, 11 jul. 2012). A
conturbada história de esse povo originário da Amazônia começou a mudar
radicalmente a partir das ultimas décadas do século XIX.
2 A maioria das informações utilizadas neste tópico foi retirada do web site feita pelos Suruí-Paiter
http://www.paiter.org/ , da Associação sócio ambiental sem fins lucrativos AQUAVERDE fundada em 2002, na cidade suíça de Genebra. http://www.aquaverde.org/por/surui.shtml, do livro “Diários da Floresta”” uma organização de diários de campo entre os anos de 1978 e 1983 da antropóloga Betty Mindlin (disponível na bibliografia) e assim como das entrevistas realizadas em Janeiro de 2011.
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As primeiras memórias que tiveram os Suruí-Paiter de pessoas não indígenas datam do
fim do século XIX, época em que emigraram da região de Cuiabá para Rondônia,
fugindo da perseguição dos “não indígenas”. Esse acontecimento provocou choques, em
forma de guerra tribal, com outros povos indígenas para poder encontrar uma nova terra
onde sobreviver. A partir dessa fuga, até a década de 1920, o início da exploração da
borracha, somada a construção da estrada de ferro de Madeira-Mamoré e a instalação
das linhas telegráficas, produziram um forte fluxo migratório para Rondônia, que teve
graves consequências para os povos indígenas da região, devido aos contínuos
confrontos. Entre as décadas de 1940 e 1950, um novo ciclo econômico, de exploração
da borracha e a extração de cassiterita (mineral de estanho), promoveram um rápido
crescimento da população não indígena, no então território de Guaporé. Nos anos 1950,
os Suruí-Paiter tiveram que fugir novamente, deixando para trás as suas aldeias.
A época correspondente aos primeiros anos do século XX é recordada pela história oral
desses indígenas através de cantos e relatos sobre o herói Waiói, que já havia convivido
com os “brancos” e contava para seu povo a vida “dessas pessoas que tinham panelas,
facas metálicas, armas de chumbo e que comiam arroz e feijão”. A migração dos
“comedores de arroz e feijão” foi intensificada através da expansão agrícola e com o
sustento ideológico do falso mito do vazio amazônico. A construção da estrada Cuiabá-
Porto Velho (BR-364), finalizada no ano de 1968, fez com que a população em
Rondônia passasse de 85.504 (em 1960), a 111.064 (em 1970) e a 490.153 (em 1980).
Este considerável aumento da população teve como resultado graves conflitos entre os
povos originários da Amazônia e os fazendeiros, agricultores, seringueiros e mineiros.
O primeiro contato oficial com o povo Suruí-Paiter foi realizado em 1969, pelo
sertanista da FUNAI, Francisco Meirelles. Devido ao contato, houve uma epidemia de
sarampo que matou cerca de 300 indígenas em 1971, lhes obrigando a abandonar suas
malocas tradicionais e irem em busca de assistência médica. A partir desse momento,
eles passaram a ser sedentários. Os impactos sofridos pelo contato com a sociedade não-
indígena, no período de 1982 à 1987, foi resultado da grande imigração atraída pelo
Polonoroeste (Programa Integrado de Desenvolvimento do Noroeste do Brasil),
financiado parcialmente pelo Banco Mundial e que tinha como uma das obras principais
asfaltar a estrada Cuaiabá-Porto Velho. Tal programa fez com que os indígenas
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perdessem quase a metade do seu território, o qual passaria para as mãos de empresas
extrativistas e colonos, que o seguiriam invadindo até fundarem pequenas fazendas.
Segundo Ortolan Matos (1997), o contexto político das décadas de 1970 e 1980
contribuiu na organização e legitimidade do movimento indígena frente à sociedade
brasileira, a través da definição de uma nova imagem social do “índio” reconhecido
como sujeito político na sociedade civil brasileira. Neste contexto histórico brasileiro da
década de 1980 e em um entorno onde as invasões e os conflitos castigavam o povo
Suruí-Paiter, alguns jovens indígenas que já entendiam e falavam o português, se
conscientizarem da necessidade de defender o seu território e a sua cultura. Nesta época
renasceram velhas tradições, trabalhos coletivos e festas já adaptados aos novos padrões
agrícolas e a grande dispersão do povo Suruí-Paiter. Um desses jovens conscientes com
a luta do seu povo pela sobrevivência física, territorial e cultural é o atual chefe Almir
Narayamonga Suruí, que viveu as calamidades sofridas pelos seus e aprendeu com o seu
pai, o chefe Marimop Surui, sobre o passado ancestral do seu povo. Atualmente, Almir
é reconhecido em muitos países e tem uma historia pessoal muito importante para
entender a luta que segue mantendo a sua gente.
3. Almir Narayamonga Suruí: uma liderança indígena reconhecida
internacionalmente
Como forma de demonstrar a importância do líder Almir Suruí, basta introduzir seu
nome no site de busca Google e aparecerão aproximadamente 52.900 resultados. Na
rede social Facebook, no dia 10/06/2012, havia 5.888 pessoas que curtiam seu perfil.
Segundo a revista estadounidense Forbes (FORBES, 11 jul. 2012), o líder dos Suruí-
Paiter é o brasileiro mais criativo do mundo dos negócios. Recebeu o prêmio de Heróis
da Tecnologia pelo Google e os prêmios de direitos humanos pela Sociedade
Internacional dos Direitos Humanos na Suíça e pela Bianca Jagger Human Rights
Foundation. Foi considerado um dos 100 mais criativos no mundo dos negócios pela
revista Fast company, em 2011 (FAST COMPANY, 11 jul. 2012).
Almir Narayamonga Suruí nasceu no dia 19 de agosto de 1974, é filho de Weytãg Surui
(mãe) e do líder Marimop Surui (pai), que foi morto em agosto de 2011. Marimop viveu
com o povo Suruí-Paiter sem contato com os “não-indígenas” por aproximadamente 40
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anos. Como um guerreiro, defendeu seu povo dos ataques de outros povos indígenas,
educou seus filhos e sobreviveu às doenças que depois do primeiro contato exterminou
parte da população do seu território.
Almir passou a infância vendo como os seus parentes e amigos morriam por causa das
doenças trazidas pelos “não-indígenas” e assistindo às lutas entre colonos e empresas
extrativistas contra o seu povo. Na sua adolescência, ele e outros indígenas aprenderam
o português para poder estabelecer uma melhor convivência com os moradores não-
indígenas, o que facilitaria a articulação do seu povo com a sociedade brasileira e a
defensa dos interesses dos Suruí-Paiter. Em 1992, Almir passou a ser chefe da sua
aldeia, começando assim uma longa carreira como líder da sua etnia. Cabe destacar que
foi o primeiro Suruí-Paiter em estudar na Universidade, concretamente na cidade de
Goiânia. Almir se casou com Adlanes Osmidio, uma artista que reflete em suas obras
homens, mulheres e crianças indígenas. Atualmente, Osmidio trabalha também na
Associação Metareilá do Povo Indígena Surui, responsável por vários projetos em favor
da preservação cultural e territorial dos Suruí-Paiter.
Devido à poligamia que praticam os Suruí-Paiter, Almir se casou novamente com a
historiadora e mestranda em geografia Ivaneide Bandeira Cardozo, que faz parte da
Kanindé - Associação de Defesa Etnoambiental3, onde trabalha com 21 etnias, nos
estados de Rondônia, Amazônia e Pará. Cardozo realizou diagnósticos etnoambientais e
etnozoneamentos e junto com outros pesquisadores criaram a Metodologia de
Diagnóstico e Etnozoneamento, conseguindo assim unir as ciências dos indígenas e dos
não indígenas. Foi reconhecida por esse trabalho recebendo o premio Chico Mendes.
Junto com a sua equipe publicou vários artigos e outros materiais sobre indígenas na
Amazônia. Pela sua luta em defesa dos direitos indígenas, ganhou em 2007 seu segundo
prêmio Chico Mendes. Como se pode observar, o chefe Almir e suas esposas são peças
importantes do movimento sócio ambiental brasileiro. A sua atuação, bem como, dos
seus colegas indígenas e não-indígenas faz com que esse movimento social de caráter
internacional, avance na proteção do nosso planeta.
3 Página web da Associação Kanindé: http://www.kaninde.org.br/ Acessado em: 11 jul. 2012.
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Figura 1. Presente, passado e futuro das lideranças Suruí-Paiter. Almir Narayamonga Suruí, Marimop Surui e Oyexiener Suruí. Foto: Zeus Moreno Romero Devido ao trabalho de Almir Narayamonga Suruí na proteção do habitat milenar dos
povos amazônicos, contra o saque constante de matérias primas, e da denúncia que faz
dos atentados contra os diretos humanos que padeceu o seu povo em 2009, o chefe
sofreu graves ameaças de morte lhe obrigando a se exilar nos Estados Unidos. Nesse
período, Almir conheceu os responsáveis do Google, com quem finalmente estabeleceu
uma importante parceria em favor da proteção da floresta amazônica. O líder segue
amaçado de morte, mais conseguiu iniciar um feliz “matrimonio” entre povos indígenas
e novas tecnologias (EPOCA, 11 jul. 2012), que será desenvolvido no item seguinte.
4. A adaptação à Internet e nas tecnologias multimedia dos Suruí-Paiter
A primeira parceria que abriu as portas do mundo tecnológico aos Suruí-Paiter chegou a
partir do exílio de Almir Narayamonga Suruí nos Estados Unidos, onde contou a
história do seu povo aos representantes da empresa tecnológica Google. Desse encontro
nasceu a parceria que mediante o Google Earth permitiria disponibilizar os limites da
terra indígena Sete de Setembro, assim como também forneceu mapas sobre a
devastação na Amazônia nos quais é possível ver as invasões produzidas. Portanto,
estamos na frente de uma ferramenta de proteção ambiental e de prevenção contra as
invasões das madeireiras, posseiros e de todo tipo de ameaças. No discurso, repetido por
quase todo o mundo, o chefe Almir Narayamonga Suruí onde clama sobre a ameaça do
aquecimento global; e afirma que partindo de um meio de comunicação como Internet,
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os povos indígenas esperam contribuir para manter a floresta em pé, trazendo assim
qualidade de vida e benefícios não só para quem vive na floresta, mas para toda a
humanidade. Portanto fica claro como na visão do chefe dos Suruí-Paiter é muito
importante a implicação da tecnologia dos indígenas numa luta com interesses globais.
Conforme demonstrado, o líder Almir Narayamonga Suruí tem uma longa história
ligada às tecnologias. Porém, há outros Suruí-Paiter que também se destacam neste
campo, como por exemplo Gasodá Suruí, que deixou o seguinte depoimento no dia 24
de Maio de 2012 em sua página de facebook (FACEBOOK, 11 JUL. 2012):
A tecnologia passou a fazer parte da vida dos índios, que hoje mantêm um blog e estão no Twitter. Essa prática deve ser adaptada a distintas realidades, mas sempre faz com que pessoas e comunidades possam efetivamente se inserir num novo mundo. Toda essa ciência voltada para o mundo do branco também faz parte da ciência dos povos indígenas. O computador é um instrumento a mais para a nossa vida, para podermos mandar a nossa mensagem, receber mensagens e utilizar essa mensagem de forma estratégica, aprender a lidar com cada um desses mundos diferentes.
Essa declaração de princípios é chave para entender como os indígenas têm inserido as
tecnologias na sua cosmovisão. O próprio Gasoda Suruí expressa seus pensamentos e
inquietudes através do seu blog pessoal (Suruí, 11 jul. 2012). Afirma, entre outras
coisas, que os problemas atuais dos povos originários da América têm raízes no
colonialismo, já que esses povos seguem ligados a experiência comum de ter sido
“descobertos” e submetidos à expansão colonial em seus territórios, o que causou a
perda de um número incalculável de vidas e de milhões de hectares de terra e de
recursos, assim como também sofreram na pele os abusos dos diretos mais básicos.
Sobre a relação de Gasodá Suruí com os computadores, é importante resaltar que o seu
primeiro contato com essa tecnologia foi no laboratório de informática da Faculdade
São Lucas de Porto Velho, onde nesse tempo se formava na área de turismo.
Segundo relato no blog de Gasodá Suruí, “no começo ele tinha medo até de mexer: se a
gente tocasse (no computador) de uma maneira errada, poderia até explodir. Era o que
eu pensava”. Aos poucos esse estudante aprendeu a usar e aperfeiçoar seus
conhecimentos sobre essa ferramenta tecnológica, que passou a fazer parte do seu dia a
dia. Através de chats de conversas conheceu sua atual esposa e com ela tiveram uma
filha, que foi apresentada ao mundo em vídeo, por meio do seu blog na Internet
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(SURUÍ, 11 jul. 2012). Finalmente esse jovem estudante indígena terminou os estudos
de turismo e atualmente é o responsável pelo Projeto de Elaboração do Plano de Turimo
Paiter na Associação Metarilá e o coordenador de cultura da mesma Associação. Em
2011, Gasodá Suruí participou da campanha realizada em 2012 por Windows 7 Brasil
para o lançamento do novo sistema operacional no país, onde conta sua
história.(YOUTUBE, 10 jul. 2012)
Figura 2.Gasodá Suruí e Windows 7. Imagem extraída do Youtube
No dia 14 de fevereiro de 1989 os indígenas Suruí-Paiter de Rondônia criaram a
Associação Metairelá4, citada anteriormente, para se organizar socialmente e lutar em
defesa do patrimônio cultural e territorial, ameaçado pela forte influência de pessoas e
empresas não indígenas. O trabalho da Associação se destaca, principalmente, pelo
reflorestamento das áreas degradadas da Terra Indígena Sete de Setembro e pelo projeto
de educação indígena Ponto de Cultura Maloca Digital. O objetivo desse projeto é
fortalecer a autonomia e educação dos próprios indígenas. Em desenvolvimento desde
2010, no distrito de Riozinho, nesse Ponto de Cultura se realizam as aulas de Linux,
Multimídia, fotografia e vídeo para jovens indígenas. Para Almir Suruí (PONTO DE
CULTURA MALOCA DIGITAL, 11 jul 2012), a finalidade desse projeto é “levar as
tecnologias da informação e da comunicação para as aldeias indígenas, preparando os
jovens indígenas para contribuir na preservação da cultura e biodiversidade para
melhorar o intercâmbio entre todos os povos”.
4 Pode se ampliar informações sobre a Associaçao Metairelá em: http://www.surui.org/ Acessado em: 11 jul. 2012.
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Alguns dos professores do Maloca Digital também estão vinculados à Kanindé-
Associação de Defesa Etnoambiental. Um dos primeiros trabalhos do Maloca Digital
em formato de vídeo mostra uma dança tradicional do povo Suruí-Paiter, que fica como
documento para a posteridade. O vídeo foi feito pelo jovem indígena Ubiratan
Gamalodtaba Suruí, através dos conhecimentos adquiridos na aula da edição de vídeo, e
foi postado no Youtube5 com objetivo de divulgar alguns dos aspetos da vida cultural
do seu povo.
A luta dos povos Suruí-Paiter através das tecnologias, que primeiro ficou conhecida fora
do Brasil6, começa a ganhar espaço na mídia brasileira. Recentemente, apareceram em
programas como o Jornal da Globo7 (que ressaltou o fato dos Suruí-Paiter utilizarem em
vez de arcos e flechas, os laptops, celulares e aparelhos de GPS para defender o seu
território do desmatamento) e o Programa Roberto Justus8 (que destacou o fato de
brasileiros como o chefe Almir Suruí somente serem admirados nacionalmente depois
do reconhecimento internacional).
Um dos últimos projetos realizado pelos indígenas em parceria com a multinacional
norte-americana Google é o mapa cultural Suruí9, um instrumento tecnológico com a
finalidade de preservar a cultura e o habitat dos Suruí-Paiter. Assim, como analisa o
Manuel Castells (2006), com a aproximação das distâncias, através da nova sociedade
de hoje em dia, que está conectada em rede em escala global, reordena-se o tempo e o
espaço, para gerar novos processos que transformam a sociedade. Alguns chamam de
globalização, já que graças às tecnologias da informação, esse processo abre canais de
comunicação e atravessa fronteiras, modificando culturas e identidades, gerando novas
formas de democracia e de participação (CASTELLS, 2006). Exatamente o que estão
fazendo os Suruí-Paiter é aproveitar às tecnologias da informação para se fazer conhecer
5 Vídeo realizado no Ponto de Cultura Maloca Digital. http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=4vtCzrns_H0 Acessado em: 11 jul. 2012. 6 Noticia na televisão francesa TF1. http://videos.tf1.fr/jt-20h/des-indiens-connectes-en-pleine-foret-amazonienne-7370887.html Acessado em: 11 jul. 2012. 7 Noticia na Jornal de Globo (Brasil). http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2012/06/indios-suruis-usam-tecnologia-para-defender-terra-do-desmatamento.html Acessado em: 11 jul. 2012.
8 Pode-se assistir ao programa através dos links: http://www.youtube.com/watch?v=Oc-1qCGW_fo e http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&v=9A4ialgG8Qk&NR=1 Acessado em: 11 jul. 2012. 9 Pode-se visualizar o mapa cultural Suruí-Paiter em: http://www.paiter.org/mapa/ Acessado em: 11 jul. 2012.
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perante ao mundo e, ao mesmo tempo, utilizar essas tecnologias em favor dos seus
objetivos políticos e preservação da Amazônia.
Finalmente, é importante ressaltar os problemas que os indígenas Suruí-Paiter estão
tendo por culpa dos madeireiros e fazendeiros. Isso fica claro na “Carta do povo Paiter
Suruí às autoridades públicas e à sociedade brasileira” de 22 de maio de 2012, assinada
pela Associação Metareilá em conjunto com organizações parceiras, das quais se podem
destacar no âmbito Internacional: Bianca Jagger Human Rights Foundation, Amnesty
International, CoolHow Creative Lab Akashari, Associação Aquaverde, WWF e no
âmbito nacional brasileiro: Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Coordenação
das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB, Fórum Brasileiro de
Ongs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS),
Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
(FUNBIO), Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Instituto Floresta Viva, Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), e também cabe destacar o suporte da ex-
senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e o seu instituto. A longa lista
de instituições que aparece na carta demonstra a importância que tem a luta dos Suruí-
Paiter, tanto no âmbito nacional como internacional. O documento
(RONDONIAOVIVO, 11 jul 2012), que também tem versão em inglês, diz:
A Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí, em conjunto com organizações parceiras (listadas abaixo), vem por meio desta carta solicitar providências urgentes das autoridades estaduais, nacionais e internacionais para nos ajudar a resolver o problema da ação de madeireiros na Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia, Brasil. Nos últimos meses, os indígenas têm passado por momentos de muita tensão e pressões de madeireiros e fazendeiros sobre seu território, ocasionando conflitos internos e externos, como o aliciamento de alguns Paiter Suruí, que inclusive têm sido presenteados com armas de fogo. Alguns líderes Paiter Suruí, entre eles um vereador, têm sido ameaçados por outros indígenas e não indígenas, os obrigando a se esconder dentro de seu próprio território. A situação acontece justamente no momento em que a etnia tem conquistado reconhecimento internacional por desenvolver trabalhos e parcerias inovadoras, além de possuir o primeiro projeto de REDD+ em terras indígenas validado no Brasil. Os Paiter Suruí também têm sido exemplo de gestão e proteção de sua terra e têm trazido inúmeros benefícios a seu povo e ao estado de Rondônia e ao Brasil. É importante ressaltar que durante essa situação crítica, a comunidade, e suas lideranças, entre os quais se encontra o cacique Almir Suruí, tem trabalhado em conjunto com a Fundação Nacional do Índio – FUNAI, a partir da coordenação regional de Cacoal, de forma a
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encontrar maneiras de enfrentar às pressões. Apesar disso, é necessária uma ação maior do Estado como um todo para aplicar a lei para que possamos garantir soluções definitivas no território.
As últimas notícias sobre a luta socioambiental dos Suruí-Paiter são da Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+2010, onde vários
representantes desses indígenas participaram em diversos âmbitos, como na
apresentação do Corredor Etno-ambiental Tupi Mondé (GENTEDEOPINIÃO, 11 jul
2012) e do projeto “Carbono Surui”, (PORTALAMAZONIA.COM, 11 jul 2012) que
representa uma tentativa dos povos indígenas se conectarem com os interesses
internacionais sobre a Amazônia, referentes ao espaço a ser preservado para assegurar o
oxigênio e os interesses dos indígenas em preservar o seu habitat natural. Nesse
encontro, ocorrido em Junho de 2012, participaram mais de 63 mil pessoas de 193
países, na construção de Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, com
recomendações para diversos líderes mundiais. Somente com o passar do tempo se
poderá observar se os “mandatários do mundo” utilizarão essas contribuições em
benefício do planeta, com o propósito de que não seja destruído pelos interesses de uma
minoria detentoras do poder econômico. Minoria esta que muitas vezes utiliza seu poder
para influenciar o próprio governo, em um emaranhado de interesses econômicos típicos
de uma sociedade capitalista que esquece, constantemente, dos problemas reais e vitais
da população humana. Acredita-se que somente com a conscientização e luta diária de
cada um de nós será possível equilibrar a balança entre a proteção da natureza e das
culturas e os interesses capitalistas. Os indígenas Suruí-Paiter com a sua adaptação e
uso da tecnologia, tal como se demonstra nesse trabalho, percorrem um largo caminho
cheio obstáculos, mas com resultados positivos.
5. Considerações finais
Este texto utilizou as ferramentas típicas de pesquisa dos historiadores, como as fontes
primárias e secundárias, mescladas com instrumentos da tecnologia da informação,
como as fotografias, vídeos, redes sociais, blogs e e-mails. A soma de todas essas
ferramentas abre novas possibilidades aos historiadores do mundo inteiro, cujo acesso
às grandes bibliotecas e arquivos é sempre limitado. Os documentos colocados na
Internet (como livros, revistas, jornais e artigos digitalizados) democratizam o acesso à 10 Para ampliar informações consultar a página web oficial do Rio+20: http://www.uncsd2012.org/
Acessado em: 11 jul. 2012.
Anais do XXI Encontro Estadual de História –ANPUH-SP - Campinas, setembro, 2012.
informação àqueles que, por uma série de motivos, se encontram isolados dos grandes
centros de produção acadêmica.
Acredita-se que ao passar por grandes dificuldades e quase sofrer a sua extinção durante
boa parte do fim do século XX, neste novo século os indígenas Suruí-Paiter souberam
adaptar-se rapidamente às mudanças do mundo moderno e acelerado que caracteriza a
sociedade atual. As plataformas multimídia servem para que os indígenas valorizem sua
cultura, língua e a natureza que os rodeia. Esse tipo de ferramentas serve também para
que eles possam se inserir no movimento socioambiental brasileiro (a associação
Metareilá e a relação próxima com a Associação Kanindé são claros exemplos disso).
Uma das mais importantes lutas que os Suruí-Paiter realizam com a tecnologia é a
proteção do seu território frente às ameaças de desmatamento das madeireiras e outros
invasores. A relação entre pessoas indígenas e não indígenas durante a história sempre
foi muito tensa (como demonstrado no texto), no entanto, a união dessas duas culturas
pode resultar muito satisfatória quando realizada para a defesa socioambiental da
Amazônia brasileira, criando assim uma aliança que não depende de cor de pele, sexo
ou crenças religiosas, já que a proteção cultural e ambiental não tem nenhum tipo de
fronteiras físicas ou psicológicas.
Acredita-se por tanto que as ferramentas tecnológicas do século XXI podem sim ser
úteis para os povos indígenas. Elas possibilitam atravessar as fronteiras em direção a um
processo democrático da informação e do acesso ao conhecimento da cultura ancestral.
Sendo assim, as tecnologias podem e estão sendo úteis tanto para preservar a sua cultura
ancestral e educar as novas gerações, como para proteger a floresta amazônica, que é
seu habitat natural e patrimônio da toda a humanidade. Estamos por tanto na frente de
uma luta local com afetações globais.
6. Referências
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