A LUDICIDADE E OS NÚMEROS: CAMINHOS METODOLÓGICOS ...
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A LUDICIDADE E OS NÚMEROS: CAMINHOS
METODOLÓGICOS ATRATIVOS DE APRENDER E ENSINAR A
MATEMÁTICA
Fabiane Passarini Marques Pizaneschi 1
RESUMO
O presente estudo pretende evidenciar possibilidades de ensinar e aprender o conteúdo
matemático de forma lúdica, em uma turma do 3º ano do Ensino Fundamental I. O estudo teve
como contexto, uma escola pública do Município de Várzea Grande-MT, a qual oferece
Educação Infantil, Ensino Fundamental I, e como sujeito: uma professora que atua na respectiva
escola numa turma de 3º ano. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa do tipo qualitativa
e para elaboração dos dados, foram adotados como instrumentos: o questionário de
caracterização da escola e da professora, observações em sala de aula e entrevista estruturada.
A ludicidade se torna um caminho metodológico alternativo para impulsionar a aprendizagem,
desenvolver o raciocínio lógico-dedutivo, a criatividade, a autonomia, a organização,
transformando o ensino da Matemática em situações de aprendizagem atrativas e prazerosas.
Para fundamentar este estudo nos pautamos em Grando (2000), Macedo, Petty e Passos (2005),
Muniz (2014), entre outros. As reflexões apresentadas neste estudo, objetivam mostrar que as
atividades de matemática diferenciadas favorecem a construção do conhecimento de maneira
concreta, significativa e interessante. Constatou-se que, o uso da ludicidade no processo de
aprendizagem da matemática atua significativamente no desenvolvimento cognitivo do aluno e
promove ainda o encantamento pela disciplina.
Palavras-chave: Matemática; Ludicidade; Ensino Fundamental.
1 Introdução
A matemática enquanto disciplina tem buscado desconstruir o conceito enraizado e
disseminado na esfera educacional e na sociedade, que a classifica como uma disciplina
“difícil” e “complicada”. Portanto, tem no atual cenário educacional o desafio em tornar a sua
aprendizagem mais leve, atrativa, dinâmica e significativa, de maneira que os conteúdos
estejam vinculados com a realidade concreta.
Possibilitando assim, a criatividade individual do aluno, fazendo com que seja o real
transformador de seu conhecimento.
1 Professora Educação Básica- Mestre em Educação (PPGE/UFMT)-Prefeitura Municipal de Várzea Grande-MT,
Brasil.
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Motivando a sua aprendizagem por meio de atividades lúdicas, oportunizando a
interação social e impulsionando o senso cooperativo.
Nesse caminho, a Matemática que permeia a ludicidade é uma proposta que torna o
ensino desta disciplina mais prazerosa e dinâmica e que tem ganhado espaço no ambiente
escolar.
Motivar os estudantes para o aprender a Matemática é uma tarefa difícil. O entusiasmo
com a disciplina é quase inexistente na sala de aula. Vincular a matemática com a simples
memorização de fórmulas e algoritmos para a resolução de cálculos a tem tornada enfadonha e
sem nenhuma atração para os alunos, visto que ainda apresentam muitas dificuldades em
entender o que estudam, para que estudam, sem qualquer vinculação com suas atividades
cotidianas.
Considerando a importância da ludicidade tanto no ensino como no processo de
aprendizagem do educando, o presente artigo traz uma discussão sobre a importância de se
trabalhar o conteúdo de Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental, numa perspectiva
lúdica.
Assim, será apresentado um recorte de vivências pedagógicas lúdicas na disciplina de
matemática de uma turma do 3º ano do Ensino Fundamental I, do Ciclo Básico de Alfabetização
Cidadã- CBAC, da escola municipal Alino Ferreira de Magalhães, da rede municipal do
município de Várzea Grande-MT.
O objetivo do estudo foi conhecer experiências e práticas educativas que privilegiam a
ludicidade no aprender da matemática, com vistas a uma aprendizagem real, mais próxima ao
universo da criança/aluno, explorando a matemáticas de forma mais divertida e atrativa.
Pretendeu-se, portanto, discutir o uso de diferentes abordagens lúdicas, para impulsionar uma
aprendizagem que acentue o pensar criativo e reflexivo do aluno.
Frente aos resultados obtidos nesse estudo, constatou-se que a atividade lúdica é
entendida como um instrumento alternativo de ensino, que permite ao professor em sua prática
escolar tornar o conteúdo mais vivo, interativo e dinâmico. Sua aceitação por parte dos alunos
é de grande relevância para tornar a aula mais descontraída e eficaz, facilitando a introdução do
conteúdo proposto pelo professor.
Como ponto de partida, faremos algumas considerações sobre a Matemática e a
ludicidade.
2 A Ludicidade aplicada para ensinar e aprender a matemática
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Considerando que, os primeiros anos escolares assumem grande importância no
percurso formativo do aluno, visto que é nessa fase que se é construída uma base para
fundamentar os anos escolares seguintes, em especial os conceitos e relações em Matemática,
os quais serão aprendidos no decorrer da vida escolar do aluno.
A Matemática nos anos iniciais prima por desenvolver o pensamento lógico, sendo
essencial também para construção de conhecimentos em outras áreas, nesse sentido, a
Matemática deve proporcionar aos alunos também momentos de descobertas para além dos
cálculos.
O professor assume, nesta perspectiva o papel de mediador dessa construção e
descoberta, contribuindo para ampliar os questionamentos e as investigações, suscitando com
que estas provoquem nos alunos interesse pela disciplina.
Dentre as alternativas para impulsionar o aprendizado do aluno na matemática podemos
recorrer ao lúdico como possibilidade de tornar a aprendizagem prazerosa e atrativa para o
aluno.
2.1 Experiências Lúdicas: estratégias para aprender a matemática
O lúdico e o brincar perpassaram por todas as épocas da humanidade, permanecendo até
os dias atuais. Em cada época, conforme o contexto histórico vivido por uma determinada
sociedade, sempre foram concebidos como algo inerente ao ser humano, e posteriormente
vieram a ser usado como uma possibilidade pedagógica para o pleno desenvolvimento do ser
humano.
O ensino de forma lúdica é entendido como uma alternativa que vem somar junto ao
trabalho do professor, propiciando a ação reflexiva e investigativa da criança, assim a
ludicidade, o brincar auxiliam na construção de habilidades, na organização de atividades
pedagógicas, além de, estimular e despertar o interesse das crianças em diversas áreas.
Grando (2000, p.34) acentua que as crianças, desde os primeiros anos de vida, “gastam
grande parte de seu tempo brincando, jogando e desempenhando atividades lúdicas. A
brincadeira parece ocupar um lugar especial no mundo delas”.
Nessa perspectiva, desde muito pequeno vamos nos apropriando das mais diversas
maneiras de conhecimento: seja popular, cultural, religioso, aprendendo-as de maneiras
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diferentes, no entanto com algo comum para todos os seres: o mundo da criança,
independentemente de suas origens, é lúdico.
Nas palavras de Mota e Andrade (2017, p.39) o lúdico caracteriza-se em “tudo o que se
refere a jogos, brinquedos, brincadeiras, dramatizações, teatros, pantomimas e divertimentos”.
Todavia, o termo lúdico tem sua etimologia originada do grego ludus que significa
brincar/recrear.
Atividade lúdica traz consigo que, o importante não é apenas o resultado efetivo, mas a
própria ação. A experiência vivida permite experimentar ciclos de significação, ressignificação
e apreensão, além de propiciar que o aluno se autoconheça e conheça o próximo, e no ambiente
escolar oportuniza maior apropriação do conteúdo trabalhado, uma vez que o aluno vivenciou
de forma prazerosa e não na forma automática, pronta e acabada.
Nascimento (2011, p.23) acrescenta que,
A utilização da ludicidade como instrumento metodológico para o ensino de nossas
crianças é um desses ensinamentos que não devemos deixar para trás. Devemos fazer
o mesmo com a maneira que ensinamos nossas crianças, que estas tenham o
aprendizado matemático de maneira espontânea, onde possam ser ativas durante o
processo de aprendizagem e que este se torne significativo.
Trazer a dimensão lúdica para a pratica e aplicá-la nas tarefas escolares é possibilitar
que as crianças possam “ser protagonistas, isto é, responsáveis por suas ações, nos limites de
suas possibilidades de desenvolvimento e dos recursos mobilizados pelos processos de
aprendizagem”. Macedo, Petty e Passos (2005, p.10)
Sob essa perspectiva, a ludicidade auxilia no desenvolvimento das potencialidades da
criança para além da sala de aula, o fazendo ativo em todas as dimensões no qual está inserido
enquanto sujeito social.
Kishimoto (2001), referenda que “o lúdico na prática pedagógica da Educação Infantil
e no Ensino Fundamental estimula o imaginário (faz-de-conta), a criatividade infantil e a
expressão corporal”.
Portanto, o ensino da matemática também deve ser regado com muita ludicidade para
florescer um sentimento positivo em relação a ciência tida como exta e com poucos atrativos
aos alunos, cabendo ao professor trazer em sua prática pedagógica elementos pedagógicos que
privilegiem o lúdico no ensinar dos números.
Nessa direção, um dos objetivos da ação pedagógica é a mudança dos alunos por meio
da assimilação de um dado conhecimento, cabendo ao professor, o papel de participante no
processo de interlocução que permita ao aluno aprender.
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Para Muniz (2014).
Os processos de mediação pedagógica, ganham importância nas nossas reflexões,
revelando que qualquer aprendizagem significativa da Matemática, do número ou de
outro conceito, depende da qualidade da mediação realizada pelo professor, sempre
desafiando, estimulando e intervindo nos processos de construção da aprendizagem
de cada criança (p.4).
Macedo, Petty e Passos (2005, p.12) salientam que em uma escola para todos,
desenvolvimento e aprendizagem devem ser considerados como formas interdependentes.
“Uma das condições para isso é que a dimensão lúdica, como proporemos a seguir, qualifique
as tarefas escolares, principalmente na perspectiva daquelas que são propostas às crianças”.
Contudo, o ensino da matemática não pode ser restringido a uma prática com enfoque
mecânico, utilitário e empírico e somente usado no ambiente escolar.
Grando (2000, p.13) alerta para a necessidade de um processo de ensino aprendizagem
da matemática realmente significativo para o aluno em seu contexto, “é preciso que seja
possível ao aluno estabelecer um sistema de relações entre a prática vivenciada e a construção
e estruturação do vivido, produzindo conhecimento. ”
O aluno anseia por conteúdos que realmente façam parte de seu cotidiano para além do
escolar, no qual possam fazer uso do que foi aprendido em sala de aula.
A Matemática lúdica é essencial para elaborar no aspecto pedagógico, aulas mais
atrativas e que forneça subsídios para que o aluno perceba o que lhe foi proposto, apropriando-
se de métodos para analisar, interpretar, argumentar e concretizar problemas.
Paiva, Paulo e Calado (2017, p.482) frisam que a criança e o adolescente “estão em
constantes relações com a matemática, principalmente por meio das suas brincadeiras. Por
exemplo, quando brincam de amarelinha, esconde-esconde, xadrez, pular corda, dominó,
boliche, par ou ímpar, dentre muitas outras brincadeiras”.
Paixão (2012) enfatiza quanto ao ensino da matemática de forma lúdica,
A criança deve brincar com materiais concretos para manipular o objeto levando
futuramente ao pensamento (entendimento) abstrato, levando em consideração que a
educação de cada um tem um tempo de aprendizagem diferente, daí quanto mais a
criança tiver experiências diferentes, maior terá desenvolvido as habilidades
necessárias para utilizar quando for adulta (p.75).
No entanto sabemos que, conforme situa Fiorentini (1995, p. 3) que por trás “dos
diferentes modos de ensinar a matemática, esconde-se uma particular concepção de
aprendizagem, de ensino, de matemática e de educação”.
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Mota e Andrade (2017, p.43) acentuam que o “lúdico na educação se apresenta na
atualidade como um paradigma para o processo de ensino e aprendizagem, pois se trata de uma
metodologia inovadora – aprender brincando”.
Paixão (2012) nos chama atenção que é essencial a “compreensão de que todo material
didático, até mesmo o jogo, é apenas um meio que pode desencadear ações e interações
construtivas das noções matemáticas e que, por si só, não provoca aprendizagem”(p.77).
Considerando a relevância da ludicidade nas atividades no que tange a disciplina de
matemática, no entanto o professor ao fazer uso de tal abordagem não deve somente utilizá-la
sem método. É significativo trabalhar o conteúdo matemático por meio dela e aproximar o
pensar e a interpretação do aluno para mais próximo da realidade, oportunizando possibilidades
de moldar e trabalhar a aula face ao entendimento do aluno.
3 Metodologia
A pesquisa em questão é qualitativa e buscou compreender práticas educativas que
privilegiam a ludicidade no ensino da matemática, numa turma de 3º ano do Ensino
Fundamental I do CBAC.
As considerações de Ludke e André (1986, p.12) sobre a pesquisa qualitativa revelam
que ‘o interesse do pesquisador está em verificar como o problema emerge na realidade do dia-
a-dia e a maneira com que os pesquisados percebem e falam a respeito da realidade vivida”
A análise foi realizada a partir das observações do cotidiano escolar, em especial das
aulas de matemática, no decorrer do 1º semestre do corrente ano letivo, e dos registros dos
alunos agregados aos diálogos em contexto, os quais mostraram importantes elementos
constituidores dos melindrosos processos de aprendizagem matemática. Dessa forma, os
resultados foram analisados e fundamentados no referencial teórico que balizam o estudo em
questão.
Para o desenvolvimento da pesquisa, contamos com a participação de 01 professora,
que foi escolhida por trabalhar com turma do 3º ano, e está dentro da proposta do CBAC, que
atua na EMEB Alino Ferreira de Magalhães da Rede Municipal de Várzea Grande-MT, situada
na zorna urbana do referido município.A EMEB Alino Ferreira de Magalhães, atende anos
finais da Educação Infantil (04 e 05 anos) e o Ensino Fundamental I, nos turnos matutino e
vespertino.
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Atualmente a rede municipal de educação de Várzea Grande-MT tem suas ações
pautadas nas orientações da versão do Referencial Curricular do Ensino Fundamental do
referido município do ano de 2016, o qual versa sobre as concepções de currículo, de
metodologias e de avaliação da aprendizagem que orientam toda ação educacional para a Rede
Municipal de Ensino e a estrutura organizacional do Ensino Fundamental.
Trata o referido documento ainda, das diretrizes conceituais, didático-metodológicas e
avaliativas do Ciclo Básico de Alfabetização Cidadã/CBAC, bem como sua estrutura
organizacional.
A proposta curricular preconizada no Referencial Curricular dispõe sobre o CBAC e
como serão trabalhados os saberes a serem priorizados de maneira condizente com cada faixa
etária, os meios para que os alunos se tornem sujeitos ativos frente ao seu processo de
conhecimento, bem como os conteúdos disciplinares que deverão ser selecionados e os critérios
para sua seleção e sequenciação.
4 Resultados e reflexões
No decorrer das observações e a entrevista, buscamos compreender de que forma é
ensinada e apreendida a matemática numa perspectiva lúdica. Nessa direção, observamos e
perguntarmos “De que forma a matemática é trabalhada no contexto lúdico? ” a professora
relata:
“No início das aulas por meio das atividades de diagnósticos, percebi que os alunos
da minha turma do 3º ano demonstravam medo e muita insegurança diante das
atividades de matemática, isso me inquietou enquanto professora e me levou a
procurar alternativas metodológicas para romper essa barreira frente a matemática.
Então comecei a trazer atividades lúdicas como forma de atrair os alunos e descontruir
ideias negativas, como a que a matemática é muito difícil, mecânica e que reprova o
aluno. ”Professora Liz.
A partir do relato da professora, percebe-se a sua preocupação didática na disciplina de
matemática, partindo do que os alunos precisam conhecer e revendo a forma de trazer esse
conteúdo para o aluno, de maneira que ele se apropria de forma consistente. A professora
acrescenta:
“Penso também que ao planejar as aulas de matemática, tenho que trazer o conteúdo
de forma interessante para os alunos, contudo, sem torná-lo artificial e sem
descaracterizar os conteúdos a serem trabalhados”. Professora Liz
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Sabe-se das adversidades do fazer pedagógico, em especial nos anos iniciais do Ensino
Fundamental são constantes e variadas, visto que além de trabalhar o conteúdo devemos ainda
facultar aos alunos que se apoderem de atitudes positivas em relação a essa disciplina e sejam
motivados a aprendê-la, e sobre tudo compreender a sua relevância em seu processo formativo
e para além dele.
A professora Liz clarifica que na sua concepção e prática para que o aluno se aproprie
de um determinado conteúdo, esse aluno deve antes de tudo vivenciá-lo de maneira concreta, e
consequentemente abstraí-lo.
Quando a professora traz a ideia e a vontade de favorecer a aprendizagem significativa
da matemática, explorando contextos lúdicos, sua concepção vai ao encontro das ideias de
Grando (2000, p.16):
A busca por um ensino que considere o aluno como sujeito do processo, que seja
significativo para o aluno, que lhe proporcione um ambiente favorável à imaginação,
à criação, à reflexão, à construção e que lhe possibilite um prazer em aprender, não
pelo utilitarismo, mas pela investigação, ação e participação coletiva de um "todo"
que constitui uma sociedade crítica e atuante, leva-nos a propor a o ensino espaços
lúdicos de aprendizagem.
Moraes (2016, p.17) acentua que “cabe ao professor perceber as potencialidades
educativas para o desenvolvimento do aluno”.
Grando (2000, p.14) acrescenta que “numa escola ativa, pressupõe-se que sejam
estimulados tanto trabalhos individuais quanto coletivos”.
A professora Liz descreve uma atividade lúdica em sua prática cotidiana no espaço
escolar:
“Para trabalhar as figuras geométricas com ludicidade e de forma menos sistemática,
primeiro organizei os alunos em pequenos grupos e depois pedi que eles se
organizassem, e com uma corda cada grupo formaria uma figura geométrica e depois
revezariam. A aula foi realizada no pátio da escola, mudar o ambiente é outra forma
de deixar a aula mais atrativa. O conteúdo dessa maneira fica mais claro e perceptível,
uma vez que é feito brincando e com o corpo do aluno, uma experiência viva e
dinâmica, eu percebo que o aluno assimila o mesmo com mais naturalidade, pois há
um processo de reflexão para realizar a atividade concreta, há movimento do corpo e
do pensar juntos e também há uma interação de informações, essa troca entre eles,
enriquece o conhecimento individual do aluno. ”
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Figura 1: Realização de atividades lúdicas: trabalhando figuras geométricas.
Fonte: Autora da pesquisa.
Figura 2: Realização de atividades lúdicas: trabalhando figuras geométricas.
Fonte: Autora da pesquisa.
As figuras 1 e 2, respectivamente retratam o momento que a professora descreveu, sendo
na figura 1 os alunos no pátio da escola deveriam se organizar em roda, e com uma corda
formarem figuras geométricas como triangulo, quadrado, retângulo e o círculo. Percebe-se que
a aula tem movimento, é viva, dinâmica e concreta, favorecendo a compreensão do aluno.
Nesse caminho, Scheffer e Martins (2016, p.178) pontuam que “a utilização de
atividades lúdicas na sala de aula dos anos iniciais, pode conduzir e despertar nos alunos o gosto
pela matemática, ampliando, assim, o seu interesse em relação aos conceitos trabalhados e
construídos na escola”.
Assim, a ludicidade torna-se uma estratégia importante, que auxilia tanto para
interpretar, como para resolver problemas escolares e do cotidiano.
Nas palavras de Moraes (2016, p.12) nesse contexto, “reafirma-se como os materiais
concretos são importantes para a compreensão do saber matemático do aluno e a mobilização
de uma aula mais dinâmica, prazerosa e significativa”.
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Na concepção de Mota e Andrade (2017, p.45) ao optar por usar as atividades lúdicas
como estratégia de ensino, “o professor tem com a intenção de facilitar a aprendizagem, ainda
mais quando esse ensino está voltado à disciplina de Matemática, considerada uma das ciências
“duras” da educação”.
Corrobora-se com as palavras de Lapa (2017, p,23) que nas atividades lúdicas em grupo,
“o aluno tem a oportunidade de desenvolver a capacidade de argumentar, criar hipóteses, testá-
las e, ao final, elaborar seus próprios comentários, justificando os caminhos por ele escolhidos”.
Contudo, Paixão (p.77) adverte que a criança “ao “brincar” com o material concreto,
mas sozinha, sem uma aprendizagem direcionada não irá trazer a reflexão necessária para poder
fazer a comparação dos objetos e das situações e aprender”.
Nesse sentido, cabe ao professor no ambiente escolar fazer esta ponte entre o aluno e o
material didático, refletindo sobre o que propor em relação a ludicidade para que seja algo que
realmente contribua para o conhecimento do aluno.
Outro elemento adotado pela professora Liz em sua prática são os registros por meio
dos desenhos e textos. Nessa perceptiva, a professora após ter trabalhado o conteúdo
ludicamente, solicita aos alunos que façam um registro sobre a aula. A professora explica essa
possibilidade pedagógica:
“ Depois que trabalho o conteúdo de uma maneira mais lúdica e menos pesada para o
aluno, eu proponho a elaboração de um registro. Algumas vezes peço que desenhe o
que vimos na aula e outras vezes peço que escrevam em poucas linhas o que
compreenderam da aula.
As figuras 3 e 4 ilustram essa ferramenta adotada pela professora. Uma ferramenta
importante que pode ser uma aliada na aprendizagem dos conteúdos matemáticos possibilitando
ao aluno uma forma criativa e lúdica para seu aprendizado.
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Figura 3: Realização de atividades lúdicas: registro trazendo as impressões do aluno sobre a aula.
Fonte: Autora da pesquisa.
Figura 4: Realização de atividades lúdicas: registro sobre as impressões dos alunos sobre a aula.
Fonte: Autora da pesquisa.
Paixão (2012, p. 80) esclarece que o professor pode utilizar algum recurso para auxiliar
a memória, pedindo um registro, este “tem duas funções em relação à atividade cerebral: de
estabelecimento de redes neurais e de fortalecimento de rede já existente”, esta nota pode ser
feita com desenhos, escrita, foto ou filme.
Quando se lança um outro olhar subjacente a perceber a beleza e a subjetividade da
criação do aluno, no primeiro momento há um impacto diante da obra singela e inspiradora ao
pensarmos nas produções das crianças dos anos iniciais.
Os registros que os alunos apresentam em sua grande maioria nos parecem
desordenados e sem nexo. Entretanto, quando se promove uma análise frente ao que foi
produzido, o que querem dizer em seus textos, assim como suas estratégias para elaborarem
seus textos, entende-se o seu pensar Matemático, que conhecem e suas suposições.
Muniz (2017, p.11) acentua que “este é um caso em que podemos facilmente constatar
o quanto os registros revelam as estruturas de pensamento da criança”.
Face a essa perspectiva, é perceptível que o aluno por meio do desenho fornece pistas
sobre muito do que compreendeu, do que é capaz, simbolizando suas aprendizagens e seus
progressos em seus construtos.
Muniz (2017, p.6) reforça que considerar as produções dos alunos “poderá significar a
construção de uma intervenção pedagógica não mais a partir de supostos e hipotéticos
conhecimentos do aluno, mas uma maior aproximação de reais capacidades, construções e
aquisições do aluno”.
Paixão (2012) lembra que,
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A escola deve levar em consideração esta característica e montar um currículo com
caráter lúdico para garantir a criança descrever, explorar sua imaginação, impulsionar
sua capacidade criadora, exteriorizar pensamentos impulsivos e emoções, realizar
coisas, familiarizar-se com normas, melhorar suas faculdades gerais, conseguir maior
equilíbrio emocional, ter interesse em aprender, relacionar suas aprendizagens com a
vida cotidiana (p.78).
Em síntese, frente aos relatos e observações da professora Liz percebe-se o quão a
professora privilegia um ensino da matemática vivo, criativo e autônomo, fazendo com que o
aluno conduza seu aprendizado ativamente, possibilitando a reflexão em seu processo
formativo, e que seja capaz de opinar sobre os conteúdos de forma significativa.
Na contramão de uma prática mecânica e sistemática, na qual o aluno apenas copia e
decora os conteúdos que são transmitidos de forma apática e burocrática, sem ausência de
significado e consequentemente sem qualquer participação efetiva do aluno em seu processo de
aprender a matemática.
5 Considerações Finais
O ensino da Matemática deve estar em harmonia com a finalidade principal da
educação, que é colaborar para a formação de um sujeito questionador, capaz de intervir, com
qualidade na dinâmica social em que está inserido.
Constatou-se frente a realização desse estudo que a atividade lúdica é um instrumento
alternativo de ensino que permite ao professor tornar o conteúdo mais vivo, interativo e
dinâmico.
Sua aceitação por parte dos alunos é de grande relevância para tornar a aula mais
descontraída e eficaz, facilitando a introdução do conteúdo proposto pelo professor.
As possibilidades da ludicidade no ensino da matemática fazem o processo se tornar
mais atrativo, feliz e dinâmico, permitindo maior assimilação, interação e compreensão dos
conteúdos, levando o aluno a analisar e observar todo o conjunto de fatores que envolvem uma
determinada a atividade.
Nessa direção, este estudo representa um dos passos, de muitos que precisam ser dados
nesse processo de pensar e repensar o ensino da Matemática de maneira lúdica em busca de
uma educação real e autônoma.
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Em suma, conclui-se que a professora participante da pesquisa privilegia um
aprendizado da Matemática vivo, dinâmico, autônomo e criativo. Pesquisar, realizar, buscar
metodologias alternativas se faz necessário e premente, para alcançar o conhecimento
significativo e que permita ao aluno realizar conexões com o que se apreende e com a sua
realidade.
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