A Lenda do Pinheirinho Feliz
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Transcript of A Lenda do Pinheirinho Feliz
Sergio L. FleckSergio L. Fleck
Apresentação
Então tá combinado.
Eu faço a apresentação desse livro, porque o conheci
muito antes de ser impresso. Antes de ganhar as belas
ilustrações do Murilo. Antes de chegar até vocês, para que
se deliciem com essa história de poesia e ecologia.
Alguns desconhecem o valor dessa palavra, ecologia, uma
das mais importantes que surgiram nos últimos trinta anos.
Resume a relação que a raça humana tem que ter com os
seres vivos e o meio ambiente que nos cerca.
Simplificando: é preocupar-se com os animais, a água, o ar
que respiramos, as árvores e as plantas.
Confesso que isso só nos dá prazeres e encantos.
Moro numa casa de pátio grande. Gosto de colocar restos
de pão para ver a festa que os passarinhos fazem. Eles se
divertem como se estivessem num banquete. Mólho todos
os dias as plantas que estão no meu gabinete. As vezes,
até converso com elas. Quando chove, costumo colocá-las
na rua, pelo menos por alguns minutos. E pergunto depois:
“gostaram do banho?”.
O livro do Sérgio fala muito disso, das coisas que nos
rodeiam, sem que as vezes nem tenhamos tempo para nos
preocupar com elas. Fala também do Natal,
a época mágica do ano.
Eu gostei muito.
Quero que vocês também tenham o prazer que tive nas
duas leituras, antes e agora, acompanhada por ilustrações.
E, como dizia aquela menininha muito esperta,
“de que me serve um livro sem figuras?”.
Goida
Jornalista e Pesquisador
Descoberta
Ao bosque fui,sim, eu fui láe tinha vontadede nada encontrar.
Uma florzinhaavistei então,brilho de estrelana minha mão.
Eu quis colhê-lae a ouvi falar:“se tu me quebraseu vou murchar”.
Logo a planteiem um canteiroe ela floresceo ano inteiro.
GoetheEscritor e poeta alemão
1749-1832
À Patrícia,minha sobrinha,
que um diame escreveu
um livro.
Era uma vez uma linda vila que ficava no alto da serra, entre montanhas, matas virgens e
florestas de pinheiros. Ela se chamava Vila Verde. Durante a época do Natal, a fama de suas
lindas paisagens, as lojas de artesanato e fábricas de chocolate, fazia com que muitas
pessoas viessem da cidade grande em busca de belos passeios e de encontrar os pinheiros
para decorar suas casas. Era uma época alegre e de grande movimentação, agitando o
comércio e divertindo os pacatos moradores.
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E
Era uma vez uma linda vila que ficava no alto da serra, entre montanhas, matas virgens e
florestas de pinheiros. Ela se chamava Vila Verde. Durante a época do Natal, a fama de suas
lindas paisagens, as lojas de artesanato e fábricas de chocolate, fazia com que muitas
pessoas viessem da cidade grande em busca de belos passeios e de encontrar os pinheiros
para decorar suas casas. Era uma época alegre e de grande movimentação, agitando o
comércio e divertindo os pacatos moradores.
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Mas na vila haviam pessoas preocupadas com esta tradição e com o fato de que a cada ano mais e
mais pessoas invadiam a floresta. Entre elas estava o Sr. Gustavo, o prefeito da vila. Sendo um homem
inteligente e levando a sério o futuro da vila e da floresta, não deixava de reconhecer a grande ligação entre
as duas. Precisando pensar e entender melhor a questão, resolveu ir ele mesmo buscar o pinheiro de Natal de
sua família. Aproveitaria para dar uma boa olhada na floresta. Desde menino não fazia isso. Como a maioria
dos moradores mais ocupados, sempre terminava pedindo aos lenhadores para realizar esta tarefa. E estes
faziam este trabalho com muito orgulho, pois eram filhos e netos de outros lenhadores, todos grandes
conhecedores dos caminhos e segredos da floresta.
Escolheu um domingo, pois não havendo escola, poderia convidar suas três filhas para o passeio. A
mais velha se chamava Ana Cláudia, a do meio Patrícia e a menorzinha Adriana. O dia estava lindo e
tranqüilo. E lá foram eles, conversando alegremente.
- Papai, porque o senhor não pediu ao lenhador para buscar nosso pinheirinho? - perguntou Ana
Cláudia, a mais velha das filhas. - Ora, não é uma tarefa assim tão difícil. Além do mais, queria dar uma olhada nas árvores e respirar o
ar puro. Achei que vocês também gostariam do passeio. - Mas o lenhador conhece melhor a floresta. O senhor trabalha no escritório da prefeitura e da loja, só
mexe em papéis e não entende nada de árvores.
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- Você tem razão. Mas sempre é bom refazer um caminho bonito como esse. Lembro de quando era
criança e subia aqui para brincar. - A senhora Strudel, nossa professora, disse que a floresta tem muito mais vida do que em todas as
cidades juntas - completou Patrícia. - Que bobagem! - retrucou Ana Cláudia. - Como pode haver mais vida se aqui não mora ninguém?
Tem menos gente que em nossa vila. - Mas tem os bichinhos - disse Adriana, a pequenina. - E também as árvores - completou Patrícia. - A professora disse que elas possuem tanta vida como
nós. E que até podem ter sentimentos. - Ora que bobagem! - repetiu Ana Cláudia. - Não acredito nisso. Você acha que é verdade pai? - Não sei, minha filha. É uma questão interessante. Tenho pensado muito a respeito do que estaria
acontecendo. Sinto que algo está diferente nestas árvores. É como se estivessem tristes. Está faltando
alguma coisa. Tudo está estranhamento quieto. Mas, acho que a Sra. Strudel tem razão em dizer que aqui
existe muita vida. Talvez nós ainda não estejamos preparados para compreendê-la perfeitamente.
Passamos muito tempo cuidando de nossos problemas e de nossas cidades. Terminamos até esquecendo
de passeios como este. Antigamente a gente visitava a floresta e conversava com as árvores.
- Mas isso é possível? Como se pode conversar
com uma árvore? - perguntou Ana Cláudia. - É modo de se expressar, minha filha. Um velho
lenhador que trabalhava com seu avô, sempre
comentava que quando se passeia pela floresta,
pensando na vida, as árvores ouvem tudo o que as
vozes de dentro da nossa cabeça dizem. E assim
conversamos com elas. - Qualquer pensamento? - perguntou Ana
Cláudia. - Sim, qualquer um. Desde que sincero e puro.
As árvores não entendem a maldade - respondeu o
prefeito. - Será que não é por isso que elas estão assim
quietas? - perguntou Patrícia.
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- Você também sente isso? - E onde estão os bichinhos? - insistia Adriana. - Pois é. Os bichinhos parecem estar todos escondidos. Acho que estão com medo de se aproximar das trilhas. É provável que estejam a cada ano com mais medo das pessoas. - A Sra. Strudel disse que isto é ruim. Que um dia nossa vila não será mais tão bonita e ficaremos parecidos com as pessoas da cidade grande - falou Patrícia. - Mas e o que há de errado com as pessoas da cidade grande? Não são gente como nós? - perguntou Ana Cláudia. - Sim, é claro que também são gente. Mas estão sempre com muita pressa. Fazem tudo correndo. Uma amiga que tem uma prima na cidade me disse que lá as árvores ficam nas
casas só mais dois dias após a noite de Natal . Depois são jogadas no lixo e ninguém mais dá bola
para elas - comentou Patrícia.
- Só dois dias?! - exclamou Ana Cláudia.
- Mas aqui na vila nós ficamos admirando
o pinheirinho todas as noites por mais de
um mês. Que desperdício! Pai, isto está
errado. - Sim, minha filha. Concordo com você.
Mas não pense que as pessoas da
cidade são más. Elas apenas têm um
tipo de vida diferente do nosso, pois não
tem o convívio com a mata e a floresta de
pinheiros. - Só quando vem até aqui. E ainda por
cima para levar embora uma árvore,
como se ela fosse outro destes enfeites
que estão a venda nas lojas - finalizou
Ana Cláudia, demonstrando
contrariedade.
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O prefeito Gustavo e suas três filhas seguiram pela floresta procurando seu pinheirinho. Eles não
tinham pressa, aproveitando o divertido passeio. Mas lá pelas tantas, na brincadeira de esconde-esconde,
as meninas acabaram se perdendo do pai. Confusas, caminharam de um lado para outro ao redor da trilha. Cansadas sentaram-se num velho
tronco caído. - Vamos aguardar aqui em cima, perto da trilha. Quando papai passar, nós o chamaremos - disse Ana
Cláudia. - Eu nunca fiquei sozinha na floresta. Será perigoso? - perguntou Patrícia. - Eu não tenho medo dos bichinhos. Eles são bonzinhos. É só não lhes fazer nenhum mal - disse
Adriana, a menorzinha. - Vamos ficar tranqüilas e quietas. Assim, poderemos ouvir o papai nos chamar - completou Ana
Cláudia.
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E elas ficaram bem quietinhas ouvindo os ruídos da mata. Ouviram os passarinhos, o balançar dos
galhos, as folhas com o vento e o zunido da ponta dos pinheiros. Tudo como uma grande sinfonia da
natureza. De repente Adriana ouviu um choramingar baixinho e chamou pelas irmãs. - Alguém esta chorando. Vem dali daqueles pinheiros - apontou Adriana. - Mas eu não vi ninguém pela trilha - disse Ana Cláudia. - Eu também não - retrucou Patrícia. - Talvez seja outra criança perdida como nós. Vamos procurá-la. Ergueram-se e caminharam até os pinheiros. Olharam por todos os lados, mas não encontraram
ninguém. - Que estranho. Eu também ouvi o choro. Vinha daqui mesmo. Vamos procurar melhor - disse Ana
Cláudia. E recomeçaram a busca. Até que Adriana chamou-as para perto de um pinheirinho bem verdinho que
estava no meio das outras árvores maiores. - O que foi? Descobriu alguém? - perguntou Ana Cláudia. - Quem está chorando é este pinheirinho - indicou ela, enquanto segurava delicadamente um de seus
ramos. As outras duas se aproximaram e ficaram espantadas com o que ouviam. Era mesmo o pinheirinho
que estava chorando. - Ele disse que não quer ser cortado - falou Adriana. - E que não quer sair da floresta e ser levado para
a cidade, abandonando este lugar e sua família.
Neste momento chega o prefeito Gustavo esbaforido. - Ah! Então vocês estão aí. Pensei que estavam perdidas. Mas vejam que
sorte, encontrei também um belo pinheirinho para levar. - Não! - gritaram as três juntas. - Este é sim o nosso pinheirinho, mas ele não
vai ser cortado - completou Patrícia. - Sim, papai. Descobrimos o motivo da tristeza na floresta. Os pinheiros
estão com medo de serem cortados e levados embora da floresta. Querem
ficar aqui com sua grande família de árvores - comentou Ana Cláudia. - E como descobriram isso? - perguntou o prefeito Gustavo, intrigado. - Este pinheirinho nos disse. Não pode ouvi-lo chorar? - disse Patrícia.
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Gustavo se abaixou e aproximou a cabeça para perto do pequeno pinheiro. Depois voltou a levantar
e por alguns instantes permaneceu pensativo. - Não, não posso. Mas acredito na sinceridade de vocês. - Precisamos impedir que as pessoas os levem embora - reclamou Adriana. - Isso é impossível, minha filha. Daqui a pouco as pessoas da cidade começarão a chegar e não há
como impedi-las. Elas têm pressa, vocês sabem bem disso. - Então nós precisamos ter mais pressa ainda e encontrar uma solução para protegê-los. Pense em
alguma coisa, o senhor é o prefeito. Impeça-os - disse Patrícia. - Sim, eu sou o prefeito e tenho autoridade, mas nem por isso deixo de ter também a obrigação de
justificar meus atos. Não será fácil fazer com que as pessoas acreditem que um pinheirinho simplesmente
falou com vocês e pediu isso em nome de todos os outros - argumentou Gustavo.
- Nós o
ajudaremos. Precisamos
salvar a floresta - disse
Ana Cláudia. - Então vamos
voltar rápido. Preciso
reunir o conselho da vila. - Espere um
pouco papai -
interrompeu Adriana,
mexendo nos cabelos. -
Vou amarrar esta fita
azul no nosso amigo
pinheirinho para depois
encontrá-lo e contar-lhe
as novidades. E se foram
correndo trilha abaixo.
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Naquela mesma noite acontecia uma grande reunião na casa do prefeito. Lá estavam também
o doutor Pedro, o médico, a Sra. Strudel, a professora, o pastor Bruno da igreja e mais algumas pessoas
importantes da vila.
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O prefeito tomou a palavra e surpreendeu a todos com uma frase direta: - Precisamos impedir que as pessoas da cidade grande levem os pinheiros da floresta. Ficaram todos em silencio. Depois de alguns instantes, o homem que representava os comerciantes
da vila perguntou: - E o senhor pode nos explicar porque? O prefeito Gustavo estava confuso. Ele não poderia contar que um pinheirinho havia simplesmente
conversado com suas filhas. Isso poderia parecer maluquice. Precisava encontrar uma maneira de fazê-los
conhecer e entender o problema da floresta. Pior ainda, em se tratando de uma tradição muito antiga e
importante para o comércio da cidade, as pessoas não iriam aceitar qualquer desculpa. Enquanto o prefeito pensava numa saída, a discussão na sala foi aumentando. Todos falavam ao
mesmo tempo. Até que Patrícia, que ouvia tudo atentamente, interrompeu e pediu a palavra. - Acredito que todos concordam que a mata é muito bonita, que dela vem não só a beleza como muita
vida. E somos assim felizes porque vivemos aqui bem perto dela e dos seus encantos. Agora, se os
pinheiros continuarem a ser levados, como ela irá sobreviver? É como se desta vila aos poucos fossem
sendo levadas as crianças. - Ela tem razão - disse o pastor Bruno. - Concordo que a cada ano
a vila está perdendo um pouco da sua juventude e do seu brilho.
Como faziam nossos antepassados, tenho andado pela mata para
pensar e conversar com as árvores. Posso afirmar que ela não tem
a mesma vivacidade de antigamente. O problema não parece estar
na madeira que tiramos para nossas casas ou a lenha para o fogo.
Ela nos reclama é seu abandono. Mesmo silenciosa, dizendo as
coisas a maneira da natureza, ela nos pede proteção. - E não esqueçam do ar puro! - retrucou o doutor Pedro. -
Agradeçam a ela nossa boa saúde, a terra fértil que plantamos e os
bons alimentos que colhemos. Tudo está ligado à mata e a floresta
de pinheiros. Até mesmo a chuva que enche nossos lagos. - Mas e a tradição do pinheiro iluminado na noite
de Natal? - retrucou o representante do comércio. - Sim, como iremos mudar isso? - perguntou a Sra. Strudel. Isso
também faz parte da vida das pessoas.
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O prefeito tomou a palavra e surpreendeu a todos com uma frase direta: - Precisamos impedir que as pessoas da cidade grande levem os pinheiros da floresta. Ficaram todos em silencio. Depois de alguns instantes, o homem que representava os comerciantes
da vila perguntou: - E o senhor pode nos explicar porque? O prefeito Gustavo estava confuso. Ele não poderia contar que um pinheirinho havia simplesmente
conversado com suas filhas. Isso poderia parecer maluquice. Precisava encontrar uma maneira de fazê-los
conhecer e entender o problema da floresta. Pior ainda, em se tratando de uma tradição muito antiga e
importante para o comércio da cidade, as pessoas não iriam aceitar qualquer desculpa. Enquanto o prefeito pensava numa saída, a discussão na sala foi aumentando. Todos falavam ao
mesmo tempo. Até que Patrícia, que ouvia tudo atentamente, interrompeu e pediu a palavra. - Acredito que todos concordam que a mata é muito bonita, que dela vem não só a beleza como muita
vida. E somos assim felizes porque vivemos aqui bem perto dela e dos seus encantos. Agora, se os
pinheiros continuarem a ser levados, como ela irá sobreviver? É como se desta vila aos poucos fossem
sendo levadas as crianças. - Ela tem razão - disse o pastor Bruno. - Concordo que a cada ano
a vila está perdendo um pouco da sua juventude e do seu brilho.
Como faziam nossos antepassados, tenho andado pela mata para
pensar e conversar com as árvores. Posso afirmar que ela não tem
a mesma vivacidade de antigamente. O problema não parece estar
na madeira que tiramos para nossas casas ou a lenha para o fogo.
Ela nos reclama é seu abandono. Mesmo silenciosa, dizendo as
coisas a maneira da natureza, ela nos pede proteção. - E não esqueçam do ar puro! - retrucou o doutor Pedro. -
Agradeçam a ela nossa boa saúde, a terra fértil que plantamos e os
bons alimentos que colhemos. Tudo está ligado à mata e a floresta
de pinheiros. Até mesmo a chuva que enche nossos lagos. - Mas e a tradição do pinheiro iluminado na noite
de Natal? - retrucou o representante do comércio. - Sim, como iremos mudar isso? - perguntou a Sra. Strudel. Isso
também faz parte da vida das pessoas.
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- Poderíamos simplesmente proibir o corte e permitir apenas a visitação - respondeu o prefeito. - E de onde as pessoas irão tirar seus pinheiros para a noite de Natal? E os enfeites, os chocolates? É
certo que ficarão contrariadas com essa proibição. Não aceitarão isso. Preparem-se para os protestos
contra argumentou o representante do comércio. - Mas para que a tradição continue existindo, é nossa obrigação fazê-los compreender que estas
pequenas árvores não podem mais ser levadas da floresta e depois simplesmente jogadas no lixo -
respondeu o prefeito. Elas têm vida como nós. Talvez seja o momento de fazê-los pensar que dentro das
casas o certo seja utilizar pinheirinhos artificiais. Tenho certeza que estaremos fazendo o melhor para nossa
vila, para o bem comum e, no futuro próximo, até mesmo para as pessoas da grande cidade. - Pensando bem, a idéia de uma fábrica de pinheirinhos artificiais até que não é má. Poderíamos
montá-la ao lado da
fabriqueta de enfeites.
Isso parece
interessante falou um
dos comerciantes. - Vamos dizer a
todos que somos os
Guardiões da Floresta
e que estamos
dispostos a protegê-la.
Só assim, ela poderá
existir para sempre -
completou Patrícia. A reunião foi
dada como terminada.
Combinaram que na
manhã seguinte
reuniriam o povo de
Vila Verde para
divulgar as idéias do
conselho.
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Pastor Bruno tocou o sino e a praça na frente da igreja ficou lotada. Então o prefeito Gustavo, o doutor
Pedro e a Sra. Strudel falaram sobre o problema da floresta. O povo ouviu atentamente. Eram educados e
prestativos, respeitando as autoridades, pois sabiam que eram pessoas honestas e sinceras.Mas depois da idéia ser apresentada, ficaram confusos. Responderam:
- Entendemos a aceitamos a preocupação do conselho. A floresta é, sem dúvida, a coisa mais
importante que possuímos e é através das árvores e dos pinheiros que ela se renova. Só que agora é tarde
para discutir isso, pois muitos de nós partiram muito cedo pela manhã e já cortaram seus pinheirinhos.
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- Oh! Não é possível! - surpreendeu-se o prefeito. - Mas porque tão cedo assim? O dia mal começou - comentou a Sra. Strudel. - Ora, ficamos com medo de que as pessoas da cidade grande levassem todos e não sobrasse
mais nenhum. - Isso é um exagero! - gritou o prefeito. - Vocês estão ficando com mais pressa do que eles - reclamou o doutor Pedro.
- Calma, calma. Eles não têm culpa -
completou o pastor Bruno. - Fizeram isso
apenas para garantir a tradição. - E o que faremos agora? - disse
aflito o prefeito. - Coitados dos pinheiros. - Eu tenho uma idéia - gritou
Patrícia. - Se nós queremos ser os
Guardiões da Floresta e mantê-la viva
para sempre, então porque não
plantamos todos esses pinheirinhos nesta
praça? Assim teremos um enorme jardim
para nos reunir, montar um grande presépio
e cantar os hinos na noite de Natal. - Claro, é uma boa idéia! -
exclamou a professora. - Poderemos
convidar as pessoas da cidade
grande para que
os apreciem aqui na vila
ao invés de levá-los por
apenas dois dias e depois
jogá-los fora como lixo. - Viva! Vamos plantar
nossos pinheirinhos -
gritaram as pessoas.
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- Oh! Não é possível! - surpreendeu-se o prefeito. - Mas porque tão cedo assim? O dia mal começou - comentou a Sra. Strudel. - Ora, ficamos com medo de que as pessoas da cidade grande levassem todos e não sobrasse
mais nenhum. - Isso é um exagero! - gritou o prefeito. - Vocês estão ficando com mais pressa do que eles - reclamou o doutor Pedro.
- Calma, calma. Eles não têm culpa -
completou o pastor Bruno. - Fizeram isso
apenas para garantir a tradição. - E o que faremos agora? - disse
aflito o prefeito. - Coitados dos pinheiros. - Eu tenho uma idéia - gritou
Patrícia. - Se nós queremos ser os
Guardiões da Floresta e mantê-la viva
para sempre, então porque não
plantamos todos esses pinheirinhos nesta
praça? Assim teremos um enorme jardim
para nos reunir, montar um grande presépio
e cantar os hinos na noite de Natal. - Claro, é uma boa idéia! -
exclamou a professora. - Poderemos
convidar as pessoas da cidade
grande para que
os apreciem aqui na vila
ao invés de levá-los por
apenas dois dias e depois
jogá-los fora como lixo. - Viva! Vamos plantar
nossos pinheirinhos -
gritaram as pessoas.
E o povo partiu em direção a suas casas para buscar ferramentas. Num instante a praça se
tornou um grande campo de trabalho comunitário. Estavam todos adorando cultivar o Natal. Um dos lenhadores também apareceu com seu pinheirinho no ombro. O prefeito Gustavo foi
recebê-lo. - Ora, ora. Eu não sabia que os lenhadores também buscavam um pinheirinho de Natal. - Oh, não. O senhor prefeito está enganado. Este não é para mim. É uma surpresa para suas
filhas. Fui pela manhã muito cedo, ainda meio noite. Mas agora vou replantá-lo como todo mundo. E
tenho certeza: será o mais bonito de todos. O prefeito olhou bem para aquela pequena árvore e ficou triste. Reconheceu a fita azul amarrada
no pequeno tronco. Imaginou o quanto as filhas, principalmente Adriana, iriam ficar tristes ao vê-la ali
cortada. Achou melhor não falar nada. No fim da tarde a praça estava cheia de pinheiros replantados e lindamente decorados com
bolinhas, estrelinhas, fitas e cordéis coloridos.
O prefeito e o conselho mandaram uma carta às
autoridades da cidade grande, explicando a
proibição do corte dos pinheiros. Convidavam
também para passarem o dia e a noite de
Natal na praça. Seria uma grande festa.
Fizeram mistério a respeito de uma surpresa
que provavelmente os encantaria. Passaram-se os dias da semana e chegou
a véspera de Natal. Novamente todos se
reuniram diante da praça. As conversas tinham
tom de grande preocupação, pois os
pinheiros já estavam replantados há alguns
dias e não davam sinais de reflorescer.
Ao contrário, estavam murchos, meio
tortos e com os ramos vergados para
baixo, como braços cansados. Não havia
vida naquele jardim.
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Alguém teve uma idéia. - Vamos chamar o mais experiente dos lenhadores! Ele nos dirá o que fazer. Após alguns minutos, um velho lenhador apareceu diante da pequena multidão. Depois de andar
pelo jardim ele falou: - Não há raízes. Os pinheiros precisam delas para se alimentar. - Então irão murchar até morrer? - Provavelmente - respondeu o lenhador, cabisbaixo. - Mas amanhã é Natal. As pessoas da cidade grande virão visitar-nos. Cantaremos hinos e tudo mais.
Deveria ser uma festa alegre. Os pinheiros precisam estar vivos, verdes e brilhantes - exclamou o prefeito. - Meu velho avô - disse o lenhador - provavelmente diria que somente o anjo verde poderia salvá-los. - Anjo verde? Que anjo é este? - perguntou o prefeito. - É um anjo que anda pela floresta e ajuda as plantas e árvores doentes.
- E como podemos
encontrá-lo? - Ah, isso eu não sei,
senhor prefeito. Nunca o vi e
nem mesmo sei se existe. O povo permaneceu triste
e pensativo. - Já sei! - exclamou o
prefeito. - Vou chamar minhas
filhas e pedir para que elas
conversem com seu pinheirinho.
Ele nos dirá como encontrar
este anjo. Ana Cláudia, Patrícia e
Adriana entraram na praça,
assustadas com toda aquela
multidão olhado-as atentamente.
Seguiram por entre os canteiros
procurando por algum pinheirinho
que quisesse falar.
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E quando encontraram seu amiguinho com a fita azul amarrada no tronco, levaram um susto enorme, pois
não sabiam que ele também estava ali. O coitado estava murchinho, fraquinho, choramingando bem
baixinho. Elas mal conseguiram entender seus murmúrios. Voltaram e contaram tudo ao pai. Seria um Natal
muito triste. Pastor Bruno pediu que não perdessem a esperança e que ao voltarem as casas continuassem
rezando. Chegou a noite e a hora da festa. Apesar de tudo, o povo se reuniu na praça. Já havia por lá muitas
pessoas da cidade grande. Pastor Bruno deu início ao cerimonial com preces e orações. Aos poucos e
muito timidamente, começaram a cantar alguns hinos. Suas almas estavam cheias de emoção. Cantaram
de forma tão pura, que suas vozes ecoaram por todo o vale, penetrando na floresta, subindo pelas encostas
das montanhas. Era um clamor sincero e triste. De repente Patrícia gritou para que olhassem para a praça porque lá estava acontecendo alguma
coisa estranha. Uma luz esverdeada brilhava magicamente sobre ela, crescendo, crescendo, até se
transformar na imagem de
um anjo com grandes asas
balançando suavemente.
Ele flutuava pela praça e parecia sorrir para todos.
Sobre ele, bem acima da
cabeça, surgiram pontos
de luz que como
pequenos flocos de neve
começaram a cair
lentamente. O povo vibrou de
contentamento. A
felicidade retomou seus
corações. Ficaram alegres
e empolgados pela
emoção, cantaram
“Ó Pinheiro”.
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Então o anjo abriu bem as asas e o imenso brilho das estrelas fez reluzir as gotas de orvalho sobre os ramos dos pinheiros da praça, da mata virgem e da floresta ao fundo. Agora eles pareciam possuir luz própria, iluminando de dentro para fora, reerguendo pouco a pouco os ramos, ganhando vida e felicidade. Os pinheirinhos estavam renascendo. A vida, ao mesmo tempo que reaparecia, devolvia beleza a tudo e a todos. Estavam iluminados e felizes. O povo também se sentia iluminado. Então, em uma só voz, cantaram ”Na Árvore de Natal” e “Noite Feliz”.
A Vila Verde ficou conhecida para sempre por sua Praça de Natal. E até hoje o pinheirinho das três irmãs, que cresceu grande, forte, alto e bonito, existe para a alegria de todos.
Noite silenciosa, noite santa.
Tudo dorme, somente acordado
está o santo casal.
Lindo menino de cabelos
encaracolados, dorme
um sono celestial,
dorme um sono celestial.
Noite silenciosa, noite santa.
Dos pastores, primeiros
avisados pelo anjo, Aleluia,
ecoa alto, longe e perto: Cristo,
o Salvador, chegou!
Noite silenciosa, noite santa.
Filho de Deus, ó como sorri.
Essa alegria divina,
nos anuncia a hora da salvação,
Cristo, com teu nascimento.
Fonte: Brochura da Federação dos Centros Culturais 25 de julho.
Compilação de Theo Kleine, 1968.
Tradução e livre adaptação de Miki Finkenwerder.
Na árvore de Natal as luzes brilham.Como ela reluz festiva, querida e suave.Como se ela dissesse:“reconheçam em mim uma imagemde fé e esperança”.
Nas crianças, com olhares risonhose corações felizes,quanta alegria e espiritualidadeemocionantes!Os mais velhos olham em direção ao céu.
Dois anjos aparecem,ninguém os viu entrar.Eles vão até a mesa de Natal,rezam e se preparam para partir.
“Abençoados sejam vocês os mais velhos,abençoadas sejam as crianças.Nós trazemos as dádivas de Deus;trazemos hoje a todos os humanos”.
“Para as pessoas de bem e que O amam,nos envia o Senhor como mensagem.Se vocês permanecem fiéis,Nós retornaremos a esta casa”.
Sem se perceber,eles se foram, assim como chegaram.Mas a benção permaneceu em todos.
Ó pinheiro, ó pinheiro,
quão constantes são teus ramos!
Tu não ficas verde só no verão,
mas também no inverno quando neva.
Ó pinheiro, ó pinheiro,
quão constantes são teus ramos!
Ó pinheiro, ó pinheiro,
tu podes muito me encantar!
Quantas vezes, na época de Natal,
uma árvore como tu me deu alegria!
Ó pinheiro, ó pinheiro,
tu podes muito me encantar.
Ó pinheiro, ó pinheiro,
tua imagem quer me ensinar algo:
a esperança e a constância nos dão
coragem e força em qualquer momento!
Ó pinheiro, ó pinheiro,
tua imagem quer algo me ensinar!
Noite Feliz(Stille Nacht, Heilige Nacht)
Na Árvore de Natal(Am Weihnachtsbaum)
Ó Pinheiro(O Tannenbaum)
Noite silenciosa, noite santa.
Tudo dorme, somente acordado
está o santo casal.
Lindo menino de cabelos
encaracolados, dorme
um sono celestial,
dorme um sono celestial.
Noite silenciosa, noite santa.
Dos pastores, primeiros
avisados pelo anjo, Aleluia,
ecoa alto, longe e perto: Cristo,
o Salvador, chegou!
Noite silenciosa, noite santa.
Filho de Deus, ó como sorri.
Essa alegria divina,
nos anuncia a hora da salvação,
Cristo, com teu nascimento.
Fonte: Brochura da Federação dos Centros Culturais 25 de julho.
Compilação de Theo Kleine, 1968.
Tradução e livre adaptação de Miki Finkenwerder.
Na árvore de Natal as luzes brilham.Como ela reluz festiva, querida e suave.Como se ela dissesse:“reconheçam em mim uma imagemde fé e esperança”.
Nas crianças, com olhares risonhose corações felizes,quanta alegria e espiritualidadeemocionantes!Os mais velhos olham em direção ao céu.
Dois anjos aparecem,ninguém os viu entrar.Eles vão até a mesa de Natal,rezam e se preparam para partir.
“Abençoados sejam vocês os mais velhos,abençoadas sejam as crianças.Nós trazemos as dádivas de Deus;trazemos hoje a todos os humanos”.
“Para as pessoas de bem e que O amam,nos envia o Senhor como mensagem.Se vocês permanecem fiéis,Nós retornaremos a esta casa”.
Sem se perceber,eles se foram, assim como chegaram.Mas a benção permaneceu em todos.
Ó pinheiro, ó pinheiro,
quão constantes são teus ramos!
Tu não ficas verde só no verão,
mas também no inverno quando neva.
Ó pinheiro, ó pinheiro,
quão constantes são teus ramos!
Ó pinheiro, ó pinheiro,
tu podes muito me encantar!
Quantas vezes, na época de Natal,
uma árvore como tu me deu alegria!
Ó pinheiro, ó pinheiro,
tu podes muito me encantar.
Ó pinheiro, ó pinheiro,
tua imagem quer me ensinar algo:
a esperança e a constância nos dão
coragem e força em qualquer momento!
Ó pinheiro, ó pinheiro,
tua imagem quer algo me ensinar!
Noite Feliz(Stille Nacht, Heilige Nacht)
Na Árvore de Natal(Am Weihnachtsbaum)
Ó Pinheiro(O Tannenbaum)
Sergio L. Fleck, nascido no Rio Grande do Sul, é profissional de gestão, atuando há muitos anos nos segmentos de transporte e serviços logísticos. É formado e pós-graduado em Administração de Empresas pela UFRGS e em Eng. de Operações, habilitação Mecânica, pela PUCRS. Palestrante, facilitador e professor em cursos na área de logística e transporte, recebeu o Troféu Mérito do Transportador Gaúcho em 1999. Adora escrever e pesquisar como as coisas funcionam. Apesar de ter organizadas inúmeras coletâneas de contos, crônicas e poesias, até hoje não teve coragem de publicar. É um velho apaixonado pelo surg e se desliga do mundo ao olhar para o mar. Bem perto da casa dos 50 anos, sorri ao dizer que não quer jamais perder a adolescência: “É a época mais linda de todas as existências”.
O autor com seus filhos Lauren e Conrad