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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
GABRIEL DA COSTA RODRIGUES
A INFLUÊNCIA DO CALENDÁRIO ESCOLAR NA DEMANDA DAS
EMPRESAS DO COMÉRCIO NO LITORAL POTIGUAR: UM ESTUDO
DE CASO NO RESTAURANTE PAÇOCA DE PILÃO
Natal
2017
GABRIEL DA COSTA RODRIGUES
A INFLUÊNCIA DO CALENDÁRIO ESCOLAR NA DEMANDA DAS
EMPRESAS DO COMÉRCIO NO LITORAL POTIGUAR: UM ESTUDO
DE CASO NO RESTAURANTE PAÇOCA DE PILÃO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação de Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração.
Orientador: Professor Dr. Gabriel Martins de Araújo
Filho
Natal
2017
GABRIEL DA COSTA RODRIGUES
A INFLUÊNCIA DO CALENDÁRIO ESCOLAR NA DEMANDA DAS EMPRESAS DO
COMÉRCIO NO LITORAL POTIGUAR: UM ESTUDO DE CASO NO
RESTAURANTE PAÇOCA DE PILÃO
Trabalho de conclusão de curso de graduação
apresentado à Coordenação do Curso de
Administração da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito parcial para
obtenção do grau de bacharel em Administração.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________
Orientador: Gabriel Martins de Araújo Filho, D.Sc. (UFRN)
_________________________________________
Marco Aurélio de Albuquerque Othon, M.Sc. (UFRN)
_________________________________________
Valdemir Galvão de Carvalho, D.Sc. (UFRN)
Natal, de de 2017.
RESUMO
O Brasil possui uma imensa faixa litorânea em seu território, dentro dela a atividade
mais comum de ser encontrada é a turística, porém tal atividade apresenta uma
grande quantidade de variáveis que influenciam a sua demanda. Para tanto, o objetivo
principal desse trabalho é analisar a relação entre a distribuição das aulas no ano
letivo das instituições de ensino e a demanda das empresas do litoral potiguar. Para
tanto, foi feito uma análise sobre o faturamento da empresa Restaurante Paçoca de
Pilão ao longo dos anos de 2012 a 2017, além disso, foi estabelecida uma relação
entre o calendário escolar das escolas Centro de Educação Integrada (CEI) e o
Salesiano com o faturamento do restaurante e por fim, analisou-se o efeito de outras
variáveis como taxa de juros, variação do dólar, variação do Índice Nacional de Preços
ao Consumidor (INPC), a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), o Produto Interno Bruto (PIB) e o índice pluviométrico. Diante disso,
pode-se observar que os meses que apresentam maior faturamento no Restaurante
Paçoca de Pilão são os meses de janeiro, fevereiro, julho, novembro e dezembro,
além disso, foi possível identificar uma forte relação do calendário escolar com o
faturamento da empresa, onde a ausência de aulas aumenta o faturamento, também
foi percebido alguma relação do IPCA, PIB e variação do dólar com o faturamento,
contudo o INPC, a taxa de juros e o índice pluviométrico não apresentaram correlação
com faturamento. Assim, foi possível perceber uma forte sazonalidade da demanda
do Restaurante Paçoca de Pilão que é justificada férias escolares, tal sazonalidade
pode ser diminuída através de ações como a criação de promoções no período de
baixa demanda, assim como, a criação de eventos que atraiam o público alvo do
restaurante.
Palavras-chave: Demanda; sazonalidade turística; faturamento; variáveis
institucionais e naturais.
ABSTRACT
Brazil has an immense coastal strip in its territory, within it the most common activity
to be found is the tourist, but this activity presents a large amount of variables that
influence its demand. Therefore, the main objective of this work is to analyze the
relationship between the distribution of classes in the school year of educational
institutions and the demand of companies in the Potiguar coast. For that, an analysis
was made of the revenues of the restaurant Paçoca de Pilão during the years 2012 to
2017, in addition, a relation was established between the school calendar of the Centro
de Educação Integrada (CEI) and the Salesiano with the billing of the restaurant and
the effect of other variables such as interest rate, dollar variation, National Consumer
Price Index (INPC), National Consumer Price Index (IPCA), Domestic Product (GDP)
and the rainfall index. In view of this, it can be observed that the months with the highest
turnover in the Paçoca de Pilão Restaurant are the months of january, february, july,
november and december, and it was possible to identify a strong relationship between
the school calendar and company revenues , where the absence of classes increases
the billing, we also noticed some relation of the IPCA, GDP and dollar variation with
the billing, however the INPC, the interest rate and the rainfall index did not present
correlation with billing. Thus, it was possible to perceive a strong seasonality of the
demand of the Paçoca de Pilão Restaurant, which is justified by school holidays, such
seasonality can be reduced through actions such as the creation of promotions in the
period of low demand, as well as the creation of events that attract the target audience
of the restaurant.
Keywords: Demand; seasonal tourism; revenues; institutional and natural variables.
Lista de Figuras
Figura 1: Sistema de turismo __________________________________________ 26
Lista de Gráficos
Gráfico 1: Equilíbrio de Mercado _______________________________________ 19
Gráfico 2: Faturamento total por mês, 2012 – 2017 (R$) _____________________ 40
Gráfico 3: Faturamento mínimo por mês, 2012 – 2017 (R$) __________________ 41
Gráfico 4: Faturamento máximo por mês, 2012 – 2017 (R$) __________________ 42
Gráfico 5: Faturamento médio por mês, 2012 – 2017 (R$) ___________________ 43
Gráfico 6: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2012 (R$) ____ 47
Gráfico 7: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2013 (R$) ____ 47
Gráfico 8: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2014 (R$) ____ 48
Gráfico 9: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2015 (R$) ____ 49
Gráfico 10: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2016 (R$) ___ 49
Gráfico 11: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2017 (R$) ___ 50
Lista de Quadros
Quadro 1: Classificação das causas da sazonalidade no turismo ______________ 29
Quadro 2: Fatores Sazonais Instutucionais _______________________________ 31
Quadro 3: Estatística descritiva ________________________________________ 40
Quadro 4: Faturamento anual por mês, 2012 – 2017 (R$) ___________________ 43
Quadro 5: Variação percentual do faturamento anual por mês, 2012 – 2017 _____ 45
Quadro 6: Correlação do faturamento anual para cada variável, 2012 – 2017 ____ 53
Quadro 7: Resumo dos Resultados do Trabalho __________________________ 57
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................. 11
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................... 11
1.2 PRESSUPOSTOS/HIPÓTESES ......................................................................... 12
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 12
1.3. Objetivo Geral ..................................................................................................... 12
1.3.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 12
1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 12
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 14
2.1 Economia nas empresas ..................................................................................... 14
2.1.1 Macroeconomia ................................................................................................ 14
2.1.2 Microeconomia ................................................................................................. 15
2.1.1.1 Teoria da Demanda ....................................................................................... 16
2.1.1.2 Teoria da oferta ............................................................................................. 17
2.1.1.3 Equilíbrio do mercado.................................................................................... 18
2.1.2 Resultado das empresas .................................................................................. 19
2.1.2.1 Custo, Receita e Lucro .................................................................................. 20
2.1.3 Variáveis que afetam a demanda ..................................................................... 20
2.1.4 Elasticidade da demanda ................................................................................. 21
2.1.5 Conceituação de mercado ................................................................................ 22
2.1.5.1 Concorrência perfeita .................................................................................... 23
2.1.5.2 Oligopólio ...................................................................................................... 23
2.1.5.3 Monopólio ...................................................................................................... 24
2.1.5.4 Concorrência monopolista ............................................................................. 24
2.2 Atividade turística ................................................................................................ 25
2.2.1 Mercado turístico .............................................................................................. 26
2.2.2 Demanda turística ............................................................................................ 27
2.3 Vantagem Competitiva ........................................................................................ 34
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 35
3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................. 36
3.2 ABRANGÊNCIA DO ESTUDO ........................................................................... 36
3.3 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 37
3.4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 37
4. RESULTADO ..................................................................................................... 39
4.1 Faturamento histórico da empresa ...................................................................... 39
4.2. Faturamento da empresa e calendário escolar .................................................. 46
4.3. Influenciadores da demanda na empresa .......................................................... 50
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59
11
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A atividade turística é uma realidade presente na maior parte do Brasil e
consequentemente no litoral brasileiro, o Ministério do Turismo aferiu que o turismo
brasileiro arrecadou, em 2015, cinco milhões e oitocentos mil de dólares. Visando
entender como funcionam as empresas e os mercados que sobrevivem graças a
atividade turística, foi elaborado um trabalho que tem como foco compreender a
sazonalidade em que essas empresas possuem e vivenciam, apresentando a
sazonalidade como um período pelo qual a demanda é inconstante, ou seja, onde a
demanda apresenta um comportamento flutuante. Para tanto, será estudado a
influência do calendário escolar na demanda das empresas do comércio no litoral
potiguar: um estudo de caso no restaurante Paçoca de Pilão.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
Segundo o Sebrae Inteligência Setorial, os efeitos da sazonalidade no turismo
brasileiro são extremamente difíceis de serem controlados, os ambientes em que o
turismo é recebido prezam estar preparados para uma elevação da demanda em um
determinado período. Tal preparação circunda toda a região que é impactada por essa
variação da demanda, evolvendo também as empresas presentes nesse meio. Tendo
em vista essa problemática, o trabalho realizado busca entender quais são os motivos
da diminuição da demanda e os efeitos causados por ela, sendo o foco principal o
efeito do calendário escolar. Por isso, no presente trabalho, será buscado a
compreensão de como o calendário escolar influencia a demanda das empresas no
litoral potiguar.
Como estudo de caso, foi escolhido a empresa Restaurante Paçoca de Pilão que
está há 27 anos em atuação na Praia de Pirangi do Norte em Parnamirim/RN atuando
no segmento gastronômico, tendo como base um gastronomia regional com diversos
prêmios de reconhecimento pela sua atuação no mercado como as estrelas do guia
Quatro Rodas. Além disso, sua estrutura possui 200 lugares e chega a atender nos
meses de alta demanda 700 pessoas por dia. No seu quadro de funcionários o
restaurante apresenta em média 25 funcionário, porém em períodos de alta demanda
o número de funcionário duplica.
12
1.2 PRESSUPOSTOS/HIPÓTESES
As empresas localizadas no litoral potiguar apresentam uma alta sazonalidade,
vivenciando um período de grande demanda nos meses de dezembro, janeiro e julho.
Com isso, os meses de maior demanda coincidem com o período em que os alunos
das escolas e universidades estão de férias. Pressupõem-se assim, uma possível
influência do calendário escolar na sazonalidade das empresas litorâneas.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
O objetivo desse trabalho será analisar a relação entre a distribuição das aulas
no ano letivo das instituições de ensino e a demanda das empresas do litoral potiguar.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) Examinar o faturamento histórico da empresa restaurante Paçoca de Pilão;
b) Estabelecer o tipo relação (positiva ou negativa) entre o faturamento e o
calendário escolar das instituições de ensino;
c) Identificar os influenciadores da demanda nas empresas do litoral potiguar;
1.4 JUSTIFICATIVA
Segundo estudos feitos pelo Ministério do Turismo em agosto de 2016, 79% dos
brasileiros que desejavam viajar nos seis meses anteriores, pretendiam viajar no país.
Dos que possuíam preferência para viajar pelo país tinham o nordeste como região
mais desejada como destino, com 41% da preferência. Esse dado demonstra o quanto
o turismo brasileiro e principalmente o nordestino está presente no cenário nacional.
Portanto é importante o estudo de como se comporta o mercado e o motivo do mesmo
exercer tal comportamento.
Para Mota (2001), para que a atividade turística seja realizada existem fatores
temporais que influenciam a quantidade e a existência da demanda. Dentre esses
fatores estão a redução da jornada de trabalho diária, como exemplo o horário de
trabalho; a redução da jornada semanal de trabalho, ou seja, feriados; a redução da
jornada anual de trabalho que está relacionado com as férias e a redução da vida de
trabalho como a aposentadoria. Com isso, pode-se notar que se os fatores temporais
são importantes influenciadores da demanda, o calendário escolar será um bom
comparativo para perceber se o mesmo influenciará a demanda.
13
Além disso, existe um interesse pessoal do autor do presente trabalho, visto que
o mesmo pretende seguir na carreira de administrador de restaurante. Conclui-se
então, que o presente trabalho tem como principal objetivo entender o comportamento
da demanda presente no litoral potiguar, para que todos os participantes dessa rede,
sejam comerciantes, trabalhadores ou o poder público, possam se beneficiar do
conhecimento adquirido, além do que uma perspectiva pessoal de incremento na
carreira profissional do autor.
14
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Economia nas empresas
Para compreender a realidade vivida pelas empresas e a sociedade em que elas
estão presentes é necessário entender o funcionamento das economias as quais elas
pertencem. Nesse sentido, segundo Rizziere (apud SAMUELSON, 1998, p.9.),
economia é “uma ciência social que estuda a administração dos recursos escassos
entre usos alternativos e fins competitivos”. Nessa mesma linha, Mochón e Troster
(2002), afirmam que a economia só observa as necessidades sociais que podem ser
satisfeitas por bens econômicos. Com isso, pode-se afirmar que o objeto de estudo
da economia é a escassez, diante das necessidades humanas ilimitadas
(VASCONCELLOS 2007).
Por conseguinte, Mochón e Troster (2002), comentam que intrínseco ao processo
de produção de uma empresa existem vários problemas de definição econômica,
entre elas quais e como serão produzidos os bens e serviços.
Assim, Rizziere (1998) destrincha como são feitos os estudos econômicos,
afirmando que baseado nas teorias econômicas é possível formular hipóteses para
entender o comportamento de qualquer realidade. Ao levantar as hipóteses e suas
possíveis consequências é feito o confronto com os dados reais e por fim, chega-se a
alguma conclusão.
2.1.1 Macroeconomia
Para Mochón e Troster (2002) a macroeconomia é um sistema econômico
global que pode ser influenciado por diversas variáveis, como emprego, consumo e
nível geral de preço. Ainda na mesma linha, Vasconcellos (2007, p. 187), afirma:
A macroeconomia [...] trata da evolução da economia como um todo,
analisando a determinação e o comportamento dos grandes
agregados, como renda e produto nacionais, investimento, poupança
e consumo agregados, nível geral de preços, emprego e desemprego,
estoque de moedas e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa
de câmbio.
Porém, Vasconcellos (2007) também afirma que a macroeconomia não
investiga especificamente o comportamento de cada unidade econômica, assim, a
15
macroeconomia estuda o somatório de cada unidade econômica e não as partes
separadas. Desse modo, dispondo uma visão geral de como, a partir do movimento
individual de cada membro econômico, a economia do todo se comporta.
2.1.2 Microeconomia
Para melhor especificar a maneira que as empresas se comportam de forma
menos abrangente, tornou-se necessário rever a literatura que relata a
microeconomia. Segundo, Mochón e Troster (2002, p.5), “a microeconomia ocupa-se
da análise do comportamento das unidades econômicas, como as famílias,
consumidores, e as empresas”. Mochón e Troster (2002) também afirmam que a
microeconomia analisa o mercado onde os bens e serviços são ofertados e
demandados.
Seguindo o mesmo raciocínio, Vasconcellos (2007) diferencia a microeconomia
da macroeconomia, dizendo que a microeconomia analisa principalmente as unidades
econômicas, enquanto a macroeconomia estuda os grandes agregados dentro de
uma perspectiva global.
De acordo com Vasconcellos (2007, p.29),
Deve ser observado que a microeconomia não tem seu foco específico
na empresa [...], mas no mercado no qual as empresas e os
consumidores interagem, analisando os fatores econômicos que
determinam tanto o comportamento do consumidor quanto o
comportamento da empresa.
A macroeconomia para analisar o mercado isoladamente tem a condição
Coeteris Paribus do latim tudo mais constante. Nesse ponto, é suposto que o mercado
estudado não é afetado pelos outros e ele por sua vez também não os afeta
(VASCONCELLOS 2007).
Existem vários tópicos que são abordados a partir da análise microeconômica,
porém é considerado importante para o estudo do trabalho três principais tópicos, que
são abordados por Vasconcellos (2007) como a teoria da demanda, a teoria da oferta
e o equilíbrio de mercado. Esses pontos serão abordados abaixo.
16
2.1.1.1 Teoria da Demanda
Respaldado no objetivo principal do trabalho a ser apresentado, traz-se à tona
o conceito de demanda e a sua teoria. Segundo Vasconcellos (2007, p. 31) “Demanda
é a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores desejam
adquirir”. Mankiw (2009, p.67) complementa dizendo que “a quantidade demandada
de um bem qualquer é a quantidade desse bem que os compradores desejam e
podem comprar”. Com isso, é possível afirmar que a demanda é a mensuração da
necessidade e do poder de compra do consumidor diante dos preços e da
disponibilidade do mercado.
Para melhor avaliar a demanda, seguindo o principio Coeteris Paribus, do latim
tudo mais constante, tem-se a Lei da demanda que Mankiw (2009) explica
descrevendo que a quantidade demandada de um bem aumenta, se o preço do bem
diminui, e quando o preço do bem aumenta, a quantidade demandada diminui.
Wessels (1998), afirma que “a quantidade demandada e o preço estão inversamente
relacionados”, porém, essa realidade só é verdade quando se esquece de todas as
outras variáveis.
Ademais, Vasconcellos (2007) aborda os fundamentos da demanda como
sendo construídos a partir do conceito subjetivo de utilidade. A utilidade para
Vasconcellos (2007, p. 31) “representa o grau de satisfação ou bem-estar que os
consumidores atribuem aos bens e serviços que podem adquirir no mercado”. Ao
desmembrar a teoria do valor utilidade Vasconcellos (2007, p 32), revela a teoria da
demanda:
A teoria da demanda [...] baseia-se na Teoria do Valor Utilidade.
Supõe-se que, dada a renda e dados os preços de mercado, o
consumidor, ao demandar um bem ou serviço, está maximizando a
utilidade ou satisfação que ele atribui ao bem ou serviço. É também
chamada de teoria do consumidor.
Nesse sentido, pode-se notar que Vasconcellos (2007) deixa claro a relação
entre a demanda provocada pelo consumidor e sua satisfação em atribuir o bem ou
serviço com o preço ditado pelo mercado. Contudo, Wessels (1998), adverte que o
preço que é dito na lei da demanda é o preço relativo, ou seja, o preço do bem com
relação a outro bem, sendo assim, se todos os preços duplicassem (incluindo salário
17
e renda), a demanda não se alteraria, pois, as médias dos preços continuariam
constantes, portanto consegue-se afirmar que o a variação da demanda é
inversamente proporcional ao preço relativo dos produtos e serviços.
2.1.1.2 Teoria da oferta
Para que exista uma melhor compreensão do todo se torna praticamente
impossível desassociar a demanda da oferta e, para tanto, se fez também uma revisão
literária do conceito de oferta. Segundo Vasconcellos (2007, p 49) “oferta é a
quantidade de determinado bem ou serviço que os produtores e vendedores desejam
vender em determinado período”.
Porém, Mankiw (2007, p.73), acrescenta que “a quantidade ofertada de
qualquer bem ou serviço é a quantidade que os vendedores querem e podem vender”.
Nesse ponto Makiw e Vasconcellos concordam em que a oferta seria o planejamento
de quanto os produtores e vendedores irão produzir, mas não representa a quantidade
vendida em si. Já Wessels (1998), afirma que a oferta está ligada a quantidade
máxima que os produtores e vendedores estão dispostos a produzir em relação a um
determinado preço, convergindo com as ideias anteriores que ligam a capacidade de
produzir a capacidade de vender.
Com isso, assim como a demanda, a oferta também possui uma relação com o
preço, essa relação é dada pela lei da oferta, que é definida por Wessels (1998, p.33):
A lei da oferta afirma que a quantidade ofertada vai aumentar quando
o preço subir e diminuir quando o preço cair. O preço e quantidade
oferecida têm uma relação direta (ou positiva). Quando o primeiro
aumenta, o mesmo ocorre com o outro, e vice-versa. Em qualquer
curva de oferta, os demais determinantes, com exceção do preço (por
exemplo, tecnologia e salários), permanecem constantes.
Diante disso, pode-se afirmar que a relação direta entre o preço e a quantidade
ofertada é o principal ponto da lei da oferta, enquanto a relação inversa entre preço e
a quantidade demandada é o pilar que sustenta a lei da demanda.
Contudo, até este ponto foi considerado apenas o preço como variável da
quantidade ofertada. Porém, Mankiw (2009) afirma que existem outras variáveis que
afetam a chamada curva da oferta, dentre esses fatores estão a tecnologia utilizada
18
para transformar os insumos, as expectativas em relação ao futuro e o número de
vendedores, assim como, a qualidade da venda.
2.1.1.3 Equilíbrio do mercado
Após analisar a demanda e a oferta separadamente existe um ponto que une
os dois em uma relação com o mercado, esse ponto é o equilíbrio de mercado. Para
Wessels (1998) o equilíbrio de mercado acontece quando os agentes promotores da
demanda e os produtores da oferta estão satisfeitos, ou seja, ninguém quer comprar
ou vender mais ou menos. Para Vansconcellos (2007, p.54) “a quantidade que os
consumidores desejam comprar é exatamente igual a quantidade que os produtores
desejam vender. Ou seja, não há excessos ou escassez de oferta ou de demanda.
Existe coincidência de desejos”.
A partir do ponto de equilíbrio de mercado é possível identificar o excesso de
oferta que é dado quando a quantidade de oferta é maior do que a quantidade
demandada, assim como, é possível identificar excesso de demanda, que se dá
quando a quantidade demandada é menor que a ofertada (Mankiw 2009). Essa
relação entre a demanda e a oferta é chamada por Vasconcellos (2007), por lei da
oferta e da procura.
Essa relação de equilíbrio pode ser vista mais claramente no gráfico 1, a seguir,
onde a série 1 representa a quantidade ofertada e a série 2 apresenta a quantidade
demandada.
19
Gráfico 1: Equilíbrio de Mercado. Fonte: Elaboração própria.
No gráfico é possível perceber o ponto de encontro entre a quantidade ofertada
e a quantidade demandada. Assim, pode-se analisar que para qualquer preço que
seja maior do que o do ponto do equilíbrio a quantidade que os ofertantes querem
vender se torna maior do que a quantidade que os demandantes querem comprar,
havendo um excesso de oferta. Inversamente a isto, qualquer preço que seja menor
do que o do ponto de equilíbrio a quantidade de demandante será maior do que a
quantidade do ofertante, havendo um excesso da demanda (VASCONCELLOS 2007).
2.1.2 Resultado das empresas
Tendo em vista que a oferta e demanda de uma empresa é uma relação do
ambiente externo com a empresa, se faz necessário entender aspectos mais internos
a organização como custo, receita e lucro. Assim, para buscar esclarecer a relação
de custos e o faturamento, fez-se necessário uma busca na literatura para identificar
os conceitos que seguem abaixo.
0
2
4
6
8
10
12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
PR
EÇO
QUANTIDADE
EQUILÍBRIO DE MERCADO
Série1 Série2
Equlibrio de Mercado
Excesso de oferta
Excesso de demanda
Gráfico 1: Equilíbrio de Mercado
20
2.1.2.1 Custo, Receita e Lucro
Segundo Mankiw (2009, p.258) “o custo de alguma coisa é aquilo de que você
desiste para obtê-la”, ou seja, o custo de produção de uma empresa, por exemplo,
está comprometido a ser todos os custos de oportunidade presentes na produção dos
bens e serviços. Nesse sentido Vasconcellos (2007) faz uma distinção entre custos
de oportunidade e custos contábeis. Afirma-se que o custo contábil é o custo
monetário presente na contabilidade das empresas privadas, já os custos de
oportunidades são os custos implícitos que são estimados pelo valor que poderia ser
ganho se fossem tomadas decisões diferentes de custo contábil.
Wessels (1998) divide o custo em diversas categorias entre elas os custos de
curto e longo prazo. O custo de curto prazo são os que podem ser alterados
parcialmente pelas empresas para aumentar ou diminuir a produção, já os de longo
prazo são todos os insumos que podem ser modificados incluindo a estrutura física
da empresa. Outra categoria que Wessels (1998) ressalta, são o custo marginal e
custo fixo. O custo marginal, pode ser chamado de custo variável, são os custos que
variam de acordo com a produção, já os custos fixos não aumentam ou diminuem de
acordo com a quantidade produzida.
Com relação a receita, Mankiw (2009), afirma que “é o montante que a empresa
recebe pela venda da sua produção”, nesse caso por ser a receita sem retirada de
nenhum custo é chamada de receita total. Mankiw (2009), depois de debruçar-se
sobre o conceito de custo e receita ele conceitua o lucro como sendo a receita total
da empresa diminuído o custo total, ou seja, o lucro será a parte líquida do resultado
das vendas.
2.1.3 Variáveis que afetam a demanda
Como foi visto anteriormente a lei da demanda apresenta uma relação
inversamente proporcional entre o preço e a quantidade demandada (MANKIW 2009).
Contudo, na realidade a demanda é influenciada por diversos fatores além do preço
do bem ou serviço. Segundo Vasconcellos (2007) a demanda pode ser influenciada
por diversas variáveis entre elas a distribuição de riqueza; distribuição de renda; o
preço dos outros bens; fatores climáticos e sazonais; propaganda; hábitos, gostos,
preferência do consumidor; expectativas sobre o futuro e facilidade de crédito.
21
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Mankiw (2009) classifica em cinco as
variáveis que estão mais ligadas a alteração da demanda, como a renda, preços dos
bens relacionados, gostos, expectativas e número de compradores. O primeiro de
todos, a renda, pode classificar o bem como normal e inferior, se a renda cai e a
demanda também diminui então é um bem normal, porém se acontecer o contrário,
ou seja, a renda cair e a demanda aumentar, então é considerado um bem inferior.
Mankiw (2009) relata que os preços dos produtos relacionados também é uma
variável que afeta a demanda, surgindo assim o conceito de bem substitutos e bens
complementares. Quando a queda do preço de um reduz a demanda do outro produto,
os produtos são chamados produtos substitutos. Porém, se um produto reduz o seu
valor e a demanda do outro aumenta, então são chamados de produtos
complementares. Outras variáveis citadas por Mankiw (2009) são os gostos, ou seja,
a preferência do consumidor por determinados produtos; as expectativas, que está
ligada diretamente ao que o cliente espera para o futuro e, por fim, o número de
compradores esse último pode ser observado claramente na diferença de preço em
mercados de atacado e mercados varejista.
2.1.4 Elasticidade da demanda
Visando compreender mais profundamente os efeitos que os fatores variáveis
da demanda causam na mesma, tem-se o estudo da elasticidade. Segundo Wessels
(1998, p.234), elasticidade é a “reação de uma variável à alteração de outra, sendo as
duas mudanças expressas em porcentagem”. Vasconcellos (2007, p 63) concorda
dizendo que “a elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma
variável, em face de mudanças em outras variáveis”.
Por conseguinte, existem alguns tipos de elasticidades e Vasconcellos (2007),
por exemplo, cita a elasticidade-preço da demanda, a elasticidade-renda da demanda,
a elasticidade-preço cruzada da demanda e também elasticidade-preço da oferta.
Contudo, para o presente estudo apenas os tipos de elasticidade que estão
relacionados com a demanda serão importantes.
Assim, a elasticidade-preço da demanda é defina por Wessels (1998) como
sendo a elasticidade que mede a quantidade demandada do produto relacionando
22
com o preço do mesmo. Para Mankiw (2009, p.90) “a elasticidade-preço demanda
mede o quanto a quantidade demandada reage a uma mudança no preço”.
Dessa maneira, Wessels (1998), afirma que se a variação percentual da
quantidade demandada sobre a variação percentual do preço for maior que um, a
demanda é elástica, ou seja, uma certa variação percentual do preço varia a demanda
em proporção maior. Porém, se for menor que um, a demanda é inelástica, ou seja, a
variação de preço influencia a demanda em proporção menor e se for igual a um, a
demanda tem elasticidade unitária, significando que a demanda se altera na mesma
proporção de variação do preço em um relação inversa.
Adiante, Vasconcellos (2007, p.76) conceitua a elasticidade-renda da demanda
como sendo “a variação percentual da quantidade demandada, dada uma variação
percentual da renda do consumidor, coeteris paribus”. Por conseguinte, ele conceitua
elasticidade-preço cruzada da demanda como sendo a relação da quantidade
demandada de um determinado bem em detrimento do aumento do preço de outro
bem, se os produtos forem substitutos ou concorrentes à medida em que o preço de
um aumenta a demanda pelo outro também aumenta, contudo se forem bens
complementares a medida que o preço de um aumenta a demanda pelo outro diminui.
Nesse ponto, Vasconcellos (2007) classifica: se a variação percentual da
quantidade demanda sobre a variação percentual da renda do consumidor for maior
que um o produto é considerado uma bem superior ou de luxo, pois dada a variação
da renda a demanda aumenta mais do que proporcionalmente; se for maior que zero,
o produto é considerado um bem normal, pois a relação é proporcional; se for menor
que zero, o produto é inferior, pois de acordo com a variação da renda a demanda
varia menos do que a proporção da renda e por fim, se for igual a zero é um bem de
consumo saciado, pois o fator renda não altera a quantidade demandada.
2.1.5 Conceituação de mercado
Tendo em vista que o todo influencia as partes, assim como as partes
influenciam o todo. Se faz necessário entender qual o ambiente está inserido a
empresa do estudo. Assim, tem-se o conceito de mercado que Wessels (1998) define
como “uma área em que os produtos são comercializados por um número suficiente
de concorrentes, de forma tal que os produtos semelhantes têm preços semelhantes”.
23
Destarte, visto que o mercado está ligado diretamente aos concorrentes,
Mochón e Troster (2002, p.156) afirmam “a concorrência é uma forma de organizar os
mercados que permite determinar os preços e as quantidades de equilíbrio”. Nesse
sentido pode-se dividir o mercado em dois tipos: os de concorrência perfeita, onde
existe muitos produtores e a concorrência imperfeita, que pode ser dividido em
oligopólio, poucos produtores, monopólio apenas um produtor e monopolista vários
produtores (VASCONCELLOS, 2007).
2.1.5.1 Concorrência perfeita
A existência utópica de todo e qualquer conceito existe invariavelmente nos
contextos teóricos, como a concorrência não é diferente, Mochón e Troster (2002,
p.157) conceituam um mercado concorrência perfeita como “aquele no qual existem
muitos compradores e muitos vendedores, de forma que nenhum comprador ou
vendedor individual exerce influência sobre os preços”. Com isso, é possível inferir
que a concorrência perfeita seria um tipo de mercado ideal, porém inexistente na
conjuntura capitalista globalizada atual.
Para ser um mercado de concorrência perfeita é necessário que o mesmo
apresente uma série de características que Vasconcellos (2007) chama de hipóteses
do modelo. Assim, pode-se dividir em nove hipóteses, algumas delas são: hipótese
da atomicidade, onde vendedores e compradores se apresentam em quantidade
infinita; a hipótese da homogeneidade, onde os produtos são semelhantes; hipótese
da racionalidade, onde os consumidores maximizam a satisfação e os empresários os
lucros; transparência de mercado, onde os consumidores e os vendedores são
conscientizados da realidade mercadológica; inexistência de externalidades, não se
apresenta um influenciador as economias externas; entre outras.
2.1.5.2 Oligopólio
O conceito de oligopólio é dado por ser um conjunto pequeno de empresas que
dominam a maioria do mercado. Mochón e Troster (2002) afirmam que o mercado
oligopolista é onde um pequeno grupo de vendedores (ofertantes) dominam uma
grande quantidade da demanda, podendo assim os ofertantes controlar os preços
exercidos.
24
Segundo Vasconcellos (2007) o oligopólio pode ser dividido em dois, o
oligopólio concentrado onde é representado por um pequeno grupo de empresas que
estão presentes no setor e o oligopólio competitivo, que é onde um pequeno grupo de
empresas dominam num mercado com diversas outras empresas. Vasconcellos
(2007) ainda diferencia o oligopólio por dois tipos, o oligopólio por produtos
homogêneos que só podem ser retirados por um tipo de empresa, assim como o
oligopólio diferenciado que só podem ser fabricados por um tipo especifico de
empresa.
2.1.5.3 Monopólio
O monopólio é conceituado para Spínola e Troster (1998), por ser representado
por uma única firma que seu produto substituto não é encontrado no mercado e os
seus consumidores concorrem entre si. Seguindo o mesmo conceito Mochón e Troster
(2002, p.160) afirmam, “no mercado monopolista existe um só ofertante, que tem
plena capacidade de determinar o preço”.
Para Vasconcellos (2002), existem diversos tipos de barreiras que podem
impedir de um novo entrante compita com a empresa monopolista. Uma das barreiras
é o monopólio puro ou natural, que representa a grande estrutura e a capacidade
produtiva com preço diferenciado que as empresas monopolistas já possuem; a
proteção de patentes, que impede os produtos serem vendidos sem autorização do
dono da patente; o controle sobre o fornecimento de matérias-primas-chaves, onde a
empresa monopolista tem a posse de todos ou maioria da matéria prima essencial
para produzir o bem ou serviço; e por fim, pode ser considerado a tradição no
mercado.
2.1.5.4 Concorrência monopolista
A concorrência monopolista é caracterizada por possuir várias empresas
produzindo diversos tipos de bens e produtos, cada organização possui bens
diferenciados porém que apresentam substitutos. Com isso, cada empresa tem um
certo comando sobre os preços dos produtos diferenciados, sendo do consumidor a
responsabilidade pela escolha do produto que satisfaça a suas necessidades, ou seja,
possui uma demanda inclinada para cada escolha do consumidor, porém é elástica
pois possui bens substitutos (VASCONCELLOS, 2007).
25
2.2 Atividade turística
Considera-se de extrema importância para a realização trabalho que seja
identificado como funciona e se comporta o turismo de uma forma geral, assim como
específico da região estudada. Para tanto, Rabahy (apud ARENDIT, 2000, p.19)
conceitua o turismo como:
Movimento migratório, até o limite máximo de 90 dias, seja internacional ou
nacional, sem propósito de longa permanência e sem exercício de uma
atividade ou profissão remunerada. O objetivo seria de prazer, comercial ou
industrial, cultural, artístico ou científico.
Nesse sentido, Wahab (apud ARENDIT, 2000, p.21) apresenta o turismos de
uma outra forma, com um olhar metafórico ele diz que o turismo é “para o país receptor
uma indústria cujos produtos são consumidos no local formando exportações
invisíveis”. Sobre esse ponto de vista, pode-se notar a realidade do turismo para as
empresas do litoral potiguar, onde as praias e pontos turísticos só podem ser
consumidos no próprio litoral fazendo com que eles sejam produtos de exportações
invisíveis.
Além disso, alguns autores tratam a atividade turística como um sistema, para
Beni (1997, apud Guimarães e Santos, 2014, p. 50) um sistema é:
“um conjunto de partes que interagem de modo a atingir um determinado fim,
de acordo com um plano ou princípio; ou conjunto de procedimentos, doutrinas,
ideias ou princípios, logicamente ordenados e coesos com intenção de
descrever, explicar ou dirigir o funcionamento de um todo”
Assim, para Beni (1997, apud Guimarães e Santos, 2014) o sistema turístico
pode ser dividido em três conjuntos: (1) conjunto das relações ambientais, (2) conjunto
da organização estrutural e (3) conjunto das ações operacionais, cada conjunto é
formado por vários subsistemas que completam o sistema turístico (figura 1).
26
Figura.1. Sistema de Turismo (SISTUR) – Modelo Referencial de Mário Beni. Fonte: Adaptado de Beni,
1997, 48, apud Guimarães e Santos 2014.
A partir do sistema turístico, é possível perceber o conjunto das relações
ambientais envolve setores externos a organização, o conjunto da organização
estrutural está ligado com a estrutura interna, já o conjunto das ações operacionais
está ligado a relação da oferta e da procura do produto. Com isso, percebe-se que os
conjuntos precisam se relacionar entre si, além de fazer os seus subsistemas
funcionarem para que o sistema turístico trabalhe de forma otimizada.
2.2.1 Mercado turístico
A importância de se estudar o mercado da qual a empresa estudada faz parte
é fundamental no estudo teórico desse trabalho. Nesse seguimento, tem-se o conceito
de mercado turístico que segundo Oliveira (2000), assim como no comércio
tradicional, possui uma oferta para atender uma determinada demanda latente, porém
o mercado turístico se diferencia do comércio tradicional pelo produto, pois nele o
consumidor tem que se locomover para consumir os produtos oferecidos. Assim,
observa-se que o mercado turístico está ligado diretamente a localização do seu
comércio.
Para Lage e Milone (1991), o mercado turístico pode ser dividido em dois tipos,
o mercado turístico direto, onde os bens e serviços consumidos estão totalmente
Figura 1: Sistema de turismo
27
ligados ao turismo; e o mercado turístico indireto onde os produtos oferecidos e
consumidos estão parcialmente ligados ao turismo. Com uma visão um pouco mais
radical Arendit (2000) acredita que o setor de turismo está ligado unicamente a serviço
e as demais atividades que oferecem bens e serviços são classificadas como
atividades econômicas indiretas do turismo. Nessa mesma linha, Guimarães e Santos
(2014, p.50) afirmam, “De facto, o setor do turismo influencia e é influenciado pelo
ambiente que o envolve, sendo este composto por diversos domínios de atividade,
que não se restringem apenas à atividade turística”.
Visto que a atividade turística para formar um mercado turístico necessita de
uma estrutura de apoio, Oliveira (2000) relata,
[...] é necessário que os recursos turísticos estejam associados a toda
uma infra-estrutura urbana e de acesso, bem como a equipamentos e
serviços de apoio, para se ter um processo de produção capaz de
transformar a matéria-prima em produto acabado para o consumo.
Assim, pode-se perceber que a empresa que é estudada no trabalho pertence
a um grupo de apoio do turismo. Segundo a definição de Lage e Milone (1991) o
estudo será realizado no mercado turístico indireto.
2.2.2 Demanda turística
Em vista de melhor compreender e alinhar-se ao objetivo principal do trabalho, o
estudo da demanda turística e seus principais conceitos é inerentemente necessária
Para Kotler (apud MOTA, 2001, p.77) a demanda turística pode ser conceituada como
“volume total que seria comprado por um grupo definido de consumidores, em
determinada área geográfica, em um período de tempo definido, em um ambiente de
mercado definido, sob um determinado programa de marketing”. Com isso, pode-se
dizer que para Kotler a demanda turística está diretamente relacionada com o tempo
e o lugar que o produto ou serviço será consumido.
De maneira menos abrangente, Mota (2001) afirma que a demanda turística é
composta por bens e serviços que se complementam entre si, as escolhas e
preferências da demanda estão ligadas aos fatores espaciais da decisão turística que
28
são classificados de acordo com aspectos e natureza, como meio ambiente e
comunicação.
Além dos fatores espaciais estão ligados a demanda turística os fatores temporais,
que estão relacionados ao tempo livre do consumidor para realizar o turismo, podendo
ser representado pela redução da jornada de trabalho diária, semanal ou anual e pela
redução da vida do trabalho (MOTA 2001). Nesse caso, pode-se notar a relevância
do comparativo do tempo livre dos consumidores com as férias escolares, que é objeto
de estudo do trabalho.
Porém, para Coelho e Fernandes (2002) a demanda turística pode ser classificada
e relacionada diretamente a três principais etapas: a primeira está ligada ao
comportamento do consumidor, ou seja, quais são as suas preferências diante dos
produtos; a segunda está relacionada as restrições orçamentárias do consumidor e a
terceira correlaciona as duas anteriores diante das restrições orçamentárias quais
seriam as preferências do consumidor.
Já Guimarães e Santos (2014), tratam a variação da demanda como
sazonalidade, essa por sua vez é definida pela flutuação da demanda turística ao
longo do ano. A sazonalidade para Guimarães e Santos (2014, p.53) “Dependente
das férias escolares, da organização do tempo livre na relação trabalho-lazer, da
concorrência, dos níveis de rendimento, da percepção de segurança, entre outros
fatores”. Ao tratar a demanda turística como sazonal Guimarães e Santos afirmam
que o aumento da demanda é causado por um fator externo a organização que
acontece uma ou algumas vezes durante o ano.
Nesse seguimento, Butler (1994, apud Guimarães e Santos, 2014) discorre que,
a sazonalidade pode ser relacionada pela procura de três formas: Single-Peak (pico
único) que traduz em um único período de maior fluxo; Two-Peak (dois picos), relata
a presença de dois picos de maior fluxo e Non-Peak (sem pico), assemelha-se a ideia
de o ano todo tem um fluxo constante. Butler, também afirma que a sazonalidade pode
acontecer devido a cinco fatores: fatores naturais, que estaria relacionado
principalmente com as condições climáticas e eventos naturais; fatores institucionais,
ligadas principalmente ao período de férias e eventos festivos; fatores econômicos;
fatores sociais e culturais, os costumes, normas, valores e crenças; por fim, os fatores
29
comportamentais, que estaria relacionado principalmente aos fatores que motivam o
indivíduo em sua singularidade.
Seguindo a linha de agrupamento de fatores que geram a sazonalidade Köenig-
Lewis e Bischoff (2005, apud Scheuer e Bahl, 2011), elaboraram um quadro com os
principais segmentos de geração da sazonalidade:
Quadro 1: Classificação das causas da sazonalidade no turismo
Autor CATEGORIAS DE CAUSAS DA
SAZONALIDADE
Baron (1975)
Sazonalidade natural, sazonalidade
institucional, efeitos dos diversos
calendários, causas sociológicas e
econômicas.
Hartmann (1986) Sazonalidade natural, sazonalidade
institucional.
Butler (1994)
Sazonalidade natural, sazonalidade
institucional, pressão social e moda,
estações desportivas, tradição e inércia.
Butler e Mao (1996) Fatores físicos e socioculturais nas
áreas turísticas de origem e destino.
Frechtling (2001)
Clima, costumes sociais/ férias,
costumes profissionais, efeitos dos
diversos calendários.
Baum e Hagen (1999)
Clima, costumes sociais/ férias,
costumes profissionais, efeitos dos
diversos calendários e constrangimentos
da oferta.
Fonte: Adaptado pelo autor de Köenig-Lewis e Bischoff (2005, apud Scheuer e Bahl, 2011).
30
Com os dados acima apresentados, pode-se perceber a influência majoritária
de dois fatores a sazonalidade natural que pode englobar fenômenos naturais e a
sazonalidade institucional. Porém, existem outros fatores que podem limitar a
sazonalidade, um desses é a motivação da demanda que pode ser chamada de
sazonalidade comportamental, nesse aspecto deve ser considerado as preferencias
e os costumes de consumo que influenciam a sazonalidade, conforme Almeida e
Kastenholz (2008, apud Scheuer e Bahl, 2011).
Somando a este ponto, Allcok (1989) afirma que sazonalidade comportamental
caminha junto com a sazonalidade institucional e que reflete os meio de vida, as
diferentes motivações e preferencias que influenciam no modo de consumo que
determinam a sazonalidade (apud Leite, 2016).
Sobre esse aspecto, destaca-se um fator de massificação do turismo que é
resultado das preferências do consumidor, tal coeficiente é evidenciado por locais
onde está concentrado um número maior de pessoas, onde existe uma maior
movimentação e convívio social, como acontece no litoral nos meses de verão. Porém,
é fundamental ressaltar que o turismo em massa reflete as preferências de quase
todos os consumidores, ainda existem aqueles que possuem diferentes gostos
provocando um turismo de consumo individualista. Concluindo assim, que as
predileções do consumidor são a justificativa de um maior concentrado de férias em
determinado período, formando com isso uma justificativa para a sazonalidade,
conforme Scheuer e Bahl (2011).
Contrapondo tal perspectiva, a procura de destinos que não possuem um
aglomerado maior de pessoas ou de uma época onde o destino esteja menos visitado
é extremamente importante para dinamização da demanda e do fluxo turístico (LEITE
2016).
Dentro da perspectiva de causas institucionais da sazonalidade, Leite (2016),
destaca que apesar das variações climáticas serem de grande relevância para
justificar a sazonalidade da demanda em algumas regiões, os aspectos institucionais
como férias, efeitos de diversos calendários e causas sociológicas e econômicas
devem ser tratados de igual ou maior importância. Segundo Butler (2001, apud Leite,
2016), o regime dos calendários instituídos socialmente é provedor da demanda
31
turística característica em variadas épocas do ano de acordo com a singularidade do
fluxo turístico de cada localidade.
Em continuidade, Almeida e Kastenholz (2008, apud Leite, 2016), criam dois
grupos para classificar os principais fatores institucionais da sazonalidade, os grupos
são divididos em dois, os fatores socioculturais e os fatores socioeconômicos
(QUADRO 2). Segue abaixo o detalhamento dos fatores:
Quadro 2: Fatores Sazonais Instutucionais
Fatores Socioculturais Fatores Socioeconômicos
Instituição de diferentes calendários
- Fériados
- Calendário religioso
- Calendário de eventos pagãos
- Calendário cultural e desportivo
Férias Profissionais
Férias escolares
Condicionantes econômicos
Fonte: Adaptado de Almeida e Kastenholz (2008, apud Leite, 2016)
A partir do quadro acima, pode-se inferir que feriados como o ano novo, feriados
religiosos como o dia da padroeira do Brasil, feriados de eventos pagãos como
carnaval ou cultural e desportivo como a realização da copa do mundo de futebol, são
fatores que influenciam diretamente a sazonalidade turística, além disso, pode-se
destacar o período de férias escolares e profissionais, assim como, o preço de moedas
estrangeiras como condicionantes econômicos.
Por um olhar um pouco mais criterioso Almeida Almeida e Kastenholz (2008,
apud Leite, 2016), revelam a importância dos feriados como dinamizadores de fluxos
turístico, nesse ponto os feriados acabam por se tornar relevantes para a
sazonalidade e a demanda devido aos períodos chamados de “short-breaks”. Para
Butler (2001), os “short-breaks” são importantes, pois ultrapassam o limite diário do
feriado, nele o fluxo turístico aumenta proporcionalmente a possibilidade de junção do
feriado com os fins de semana, permitindo a locomoção, um maior tempo de
32
permanência no local dinamizando assim o fluxo turístico da região, (apud Leite,
2016).
Seguindo esse mesmo raciocínio, Leite (2016), revela que os fatores
socioeconômicos são representados majoritariamente pelas férias escolares e
profissionais, sendo as férias escolares um fator determinante de sazonalidade de um
fluxo turístico voltado para a família que coincide com o verão, destaca por serem
férias de longa duração e presente em toda parte do mundo. Porém, os períodos que
acontecem tais férias são invertidos pela bipolarização dos hemisférios, podendo
causar um fator de balanceamento da demanda e de diminuição da sazonalidade.
Do ponto de vista das férias profissionais, devido as condições climáticas que
o verão proporciona e pelo aumento do fluxo natural dos destinos turísticos é comum
a escolha do mesmo período de férias escolares para o período de férias profissionais.
Contudo, vem se tornando cada vez mais frequente a redução do período de férias
profissionais unitário e sendo substituído por dois ou mais períodos de férias,
tornando mais curta e intervalada. Ao tornar o período de férias um porco mais curto
e intervalado acredita-se que possa haver a redução da sazonalidade dos destinos
turísticos, Leite (2016).
Por outro ponto de vista, pode-se dizer claramente que a sazonalidade, ou seja,
os diferentes picos de demanda causada pelo turismo é um movimento atípico e com
isso traz com ele consequências positivas e negativas. Para Cannas (2012), as
consequências da sazonalidade podem ser divididas em três principais impactos: os
impactos econômicos, impactos socioculturais e os impactos ecológicos.
Assim, os impactos econômicos são sentidos principalmente no período onde a
demanda está baixa, pois nesse contexto existe uma diminuição drástica do lucro
afetando a compra de recursos e instalações. Sobre isso, Murphy (1985, apud
Cannas, 2012) revela que a comunidade e o comércio precisa arrecadar o máximo
que puder nos períodos em que a demanda está alta para sobreviver no período em
que essa realidade não se constitui. Cannas (2012) ressalta ainda que existem pontos
economicamente positivos para a sazonalidade como a possibilidade da criação de
oportunidade de trabalho de manutenção nos períodos de baixa estação.
33
Do ponto de vista sociocultural, os impactos são bem mais visíveis e também
podem ser positivos e negativos. Durante o período de alta demanda as pessoas que
vivem no local sentem um maior congestionamento no tráfico, existe a diminuição da
acessibilidade ao comércio local além do aumento dos custos de produtos e serviços,
que pode causar uma diminuição da qualidade de vida, além disso, a taxa de
criminalidade aumenta o que demanda uma maior atenção do governo geralmente
incapaz de aumentar a proteção devido aos baixos recursos arrecadados apenas por
moradores locais. Contrário a esses pontos, o aspecto positivo que engloba a
sociedade é de que no período de baixa demanda ela pode descansar e a cultura local
pode ser mantida sempre viva (CANNAS 2012).
Com relação ao fator ecológico, sempre será lembrado pelos seus pontos
negativos, como erosão do ambiente, destruição e consumo desenfreado dos
recursos naturais, alta produção de lixo, destruição da fauna e flora entre outros.
Porém, pode-se dizer que a sazonalidade dá ao meio ambiente, que gera turismo,
tempo para se recuperar de maneira completa e assim continuar sendo possível sua
exploração turística (CANNAS 2012).
Diante do exposto, nota-se que alguns efeitos da sazonalidade são bastante
negativos tanto para o comércio como para a população local. Por isso, se faz
necessário a proposição de algumas alternativas que possam minimizar os efeitos
causados pela sazonalidade. Para tanto, Leite (2016), afirma que para toda ação de
diminuição dos efeitos da sazonalidade ser tomada é necessário um estudo específico
sobre a localidade para que o fluxo turístico possa ser melhor distribuído ao longo de
todo o ano, diminuindo assim os intervalos entre os períodos de grande demanda.
Inferindo-se a diminuição dos efeitos da sazonalidade, Leite (2016), destaca a
criação de novos segmentos e atividades que atraiam o consumidor fora do período
de pico, dentre essas possibilidades está a criação de eventos como shows e festivais.
Ademais, também pode ser realizado uma reestruturação das estruturas já existentes,
tornando a localidade turística mais atrativa nos períodos de baixa demanda, assim
como podem ser feitas estratégias promocionais para atrair a demanda através do
valor mais baixo.
34
Em contraponto, Martins (2010), destaca que as ações promocionais devem estar
pautadas em manter o destino turístico valorizado e reconhecido, sem que as novas
ações deteriorem a imagem de boa qualidade criada durante a alta estação. Assim,
devem ser feitas campanhas que atraiam o consumo fora da alta estação, porém
preservando a imagem e a qualidade do destino (apud Leite, 2012).
2.3 Vantagem Competitiva Buscando entender o fenômeno de sobrevivência da empresa que será estudada
é preciso entender qual é a sua diferença em relação as demais, ou até mesmo se
possui esta diferença. Para tanto, é preciso entender o conceito de vantagem
competitiva. Para Kotler (1989, p.1)
A concorrência está no âmago do sucesso ou fracasso das empresas, determinando a
adequação das atividades que podem contribuir para o seu desempenho, como
inovações, uma cultura coesa ou uma boa implementação. [...] A estratégia competitiva
visa a estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam
a concorrência na indústria.
Por esse ângulo, Kotler relata ser um fator determinante para a sobrevivência
a maneira pela qual a organização lida com a sua concorrência. Além disso, percebe-
se ao fazer um planejamento de como será feito o relacionamento das empresas com
tais fatores externos, a organização está criando para si uma vantagem competitiva
que irá alimentar uma posição que trará a sustentabilidade e o lucro da organização
perante aos demais.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Greenwald e Kahn (2006) trazem a
diferenciação do produto ofertado como uma vantagem competitiva em relação a
produtos genéricos, porém não elimina a concorrência, pois para tanto é necessário a
criação de barreiras de novos entrantes. Assim, nota-se que as barreiras para novos
entrantes juntos com o diferencial competitivo pode eliminar de forma intensa a
concorrência.
Para finalizar, Kotler (1989) afirma que uma empresa consegue se diferenciar
de outra a partir no momento em que ela apresenta um produto único que represente
algum valor para o consumidor. Ele também afirma que se a organização possui
diferenciação ela pode obter um preço prêmio, vender em maior quantidade, assim
como pode ter a fidelização dos clientes para períodos cíclicos ou sazonais.
35
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Segundo Vieira (2008, p.98) “no sentido estrito, métodos de pesquisa referem-se
às técnicas utilizadas para obter informações”, assim pode-se dizer, existem vários
caminhos possíveis que um pesquisador pode escolher para obter as informações que
precisa, buscando o aperfeiçoamento da pesquisa.
Para o trabalho a ser realizado foi feito uma pesquisa predominantemente
quantitativa que Vieira (2008, p.99) descreve como uma pesquisa que “busca
classificar, ordenar ou medir as variáveis para descrevê-las ou para estabelecer
associações e relação entre elas”.
Além disso, a pesquisa é classificada como quantitativa com estudos
observacionais, que é definido por Vieira (2008) por ser uma pesquisa que não cria
situações e sim estuda a realidade do objeto de estudo. Nesse sentido, Appolinário
(2006) diz que a pesquisa que busca descrever a realidade do objeto de estudo
também pode ser chamada de pesquisa descritiva.
As análises estatísticas foram realizadas em duas etapas, a primeira foi uma
análise descritiva dos dados das variáveis de estudo e a segunda a aplicação da
técnica de Correlação e Regressão. Essas análises foram realizadas de acordo com
os objetivos da pesquisa e foram realizadas para uma série temporal.
A análise estatística descritiva, foi utilizada para identificar e calcular os dados das
variáveis faturamento e calendário escolar, valores aberrantes, medidas de tendência
central, de variabilidade e medidas relativas. Dessa forma, foi possível retirar
conclusões a respeito dos dados disponíveis (VICINI, 2005, VIALI 2017, MINGOTI
2005 E MAGALHÃES, 2010).
A outra técnica utilizada da Correlação que em seu conteúdo tem por objetivo
descobrir e analisar a estrutura de um conjunto de variáveis inter-relacionadas.
Possibilita dentre muitas análises, identificar a estrutura das correlações entre um
grande número de variáveis e saber se há relação entre elas (VICINI, 2005, VIALI
2017, MINGOTI 2005 E MAGALHÃES, 2010).
Em busca de uma melhor estrutura literária do trabalho, também foi realizado uma
pesquisa bibliográfica, Salvador (1986) afirma que a pesquisa bibliográfica abrange
36
todo o subsídio dado ao trabalho que utiliza a literatura corrente ou obras de autores
modernos. Além disso, Salvador (1986) relata que o estudo de pesquisa bibliográfica
pode e deve ser utilizado juntamente com a pesquisa quantitativa.
3.1 TIPO DE ESTUDO
A pesquisa quantitativa por estudos observacionais é o tipo de pesquisa a qual
levanta dados e informações reais, sem formular condições artificiais, para que possa
ser feito uma que analisa através da discrição da realidade do objeto de estudo
(VIEIRA 2008). Assim, tendo em vista descobrir qual a influência do calendário escolar
na demanda das empresas do litoral potiguar, o método que foi utilizado nesse
trabalho é um estudo de caso no Restaurante Paçoca de Pilão que visa comparar
através de análise multivariada o faturamento da empresa com o calendário escolar
das escolas da grande Natal, ao analisar os dados passados dos calendários e do
restaurante Vieira (2008) classifica como um estudo retrospectivo, pois analisa os
dados que já forma contabilizados para associar a situação presente.
3.2 ABRANGÊNCIA DO ESTUDO
O estudo de caso do trabalho é restrito ao Restaurante Paçoca de Pilão. Porém,
a informação do calendário escolar abrange as escolas particulares Centro de
Educação Integrada – CEI e o Colégio Salesiano, sendo o estudo realizado nessas
duas escolas devido a representatividade que as mesmas possuem no estado do Rio
Grande do Norte. Além disso, a diferenciação dos calendários escolares das outras
escolas não representam diferença significativa para o presente trabalho. Com isso,
busca-se obter dados que pertencem a uma variável contínua que é explicada por
Caldeira (et al. 2008) como sendo representadas por valores reais que podem ser
modificados ao logo do tempo. Assim seria representado o calendário escolar como
variável independente explicada por Caldeira (et al. 2008) como sendo a variável
externa e independente utilizada para justificar a variável dependente, o faturamento
do restaurante.
Buscando compreender melhor os fatores que afetam diretamente a demanda do
restaurante e a sazonalidade presente no litoral potiguar, outras variáveis
independentes, além do calendário escolar, foram estudadas. Tais variáveis são os
eventos anuais que circundam o calendário natalense, o índice de chuva ou índice
37
pluviométrico, a variação da taxa de câmbio, a taxa de juros, taxa de inflação e a taxa
do Produto Interno Bruto.
3.3 COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi feita primeiramente no Restaurante Paçoca de Pilão, onde
foi solicitado os últimos 60 (sessenta) meses do seu faturamento para eventual
comparação com as variáveis do estudo. Além disso, foi solicitado e investigado o
calendário escolar do CEI e do Salesiano dos últimos cinco anos, que correspondem
ao período de 2012 até 2017.
Os dados das outras variáveis foram pesquisados de acordo com sua
especificidade: o índice de chuva ou índice pluviométrico foi retirado dos últimos 60
meses do (INMET) Instituto Nacional de Meteorologia e da Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN); a variação da taxa cambial foi
aferida pela cotação do dólar americano nos últimos 60 meses dados retirados do
portal do Banco Central do Brasil; a taxa de juros foi retirada com informações do
Banco Central do Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o Índice
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram retirados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e o Produto Interno Bruto foi analisado a partir dos
dados divulgados também pelo IBGE.
3.4 ANÁLISE DOS DADOS
Para realização da análise dos dados foi feito uma análise de correlação que
compara os últimos 60 meses de faturamento do Restaurante Paçoca de Pilão com
os últimos 60 meses do calendário escolar. A partir desse ponto, pode ser analisado
se a sazonalidade no faturamento do restaurante é acompanhada pelas férias e
feriados no calendário escolar, ou seja, se demanda feita pelo calendário escolar afeta
o funcionamento do restaurante.
Para a realização dos cálculos necessários para as análises, foi utilizado o
software IBM SPSS Statistics versão 20.
A correlação é uma medida que varia entre -1 a 1, no qual conceitua a relação
entre duas variáveis. Se for próximo de zero significa que as duas variáveis não estão
relacionadas, caso seja positiva indica que as duas se movem juntas e caso contrário
se movem em direções opostas. Quando próxima de um, quer dizer que a correlação
38
das duas variáveis é forte, se for positiva será perfeitamente correlacionada quando
for igual a 1 e se for negativa será em perfeita proporção em direções opostas (VICINI,
2005, VIALI 2017, MINGOTI 2005 E MAGALHÃES, 2010).
39
4. RESULTADO
Com finalidade de atingir os objetivos gerais e específicos do trabalho,
abordando o faturamento do restaurante, a influência que o calendário possui sobre
ele e ainda a sua relação com suas outras variáveis, foi feito um trabalho estatístico
que comprovou a variação da demanda e as principais causas para ocorrência de tal
fenômeno. Diante disso, a análise dos resultados se dividirá em três etapas: a primeira
discorrerá sobre o faturamento da empresa ao longo do período de janeiro de 2012
até setembro de 2017; depois será observada a relação do calendário escolar com a
o faturamento da empresa nesse mesmo período e por fim será vista a influência de
diversos fatores como taxa de juros, taxa de inflação, índice pluviométrico e o
calendário escolar sobre o faturamento da empresa.
4.1 Faturamento histórico da empresa
Tendo em vista que o conceito de receita total se dá pelo recebimento do
montante bruto sem abatimento de nenhuma despesa, (MANKIW, 2009), a análise
que se decorrerá sobre o faturamento da empresa trata-se de uma verificação da
receita total do restaurante Paçoca de Pilão no período do dia 01 de janeiro da 2012
até o dia 15 de setembro de 2017.
Sendo assim, o quadro 3 traz uma perspectiva estatística descritiva para
observar o faturamento mínimo, médio e máximo nominais, além da porcentagem da
linha que representa a maior incidência de um faturamento durante o período
proposto. Assim, verifica-se a partir do quadro 3, que o menor faturamento diário
médio apresentado no período de 2012 a 2017 foi no ano de 2012, com R$3.912,54,
onde, o faturamento para 2012 possuiu 75% das observações abaixo de R$6.224,48
e 25% das observações acima de R$6.224,48. Em relação ao maior faturamento diário
médio daquele período, percebe-se que em 2015 se destacou com cerca de
R$4.722,65, no qual possuiu 75% das observações abaixo de R$7.260,99 e 25% das
observações acima de R$7.260,99. No entanto, 2017 foi o ano que constata-se o
maior faturamento diário em relação aos anos anteriores, cerca de R$33.350,60 é
válido salientar que o ano de 2017 não está representado pelos 12 meses que pode
influenciar no resultado final deste ano.
40
Quadro 3: Estatística descritiva
Estatística 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Dias 366 365 365 365 366 258
Média 3.912,54 4.287,06 4.562,95 4.722,65 4.518,62 4.612,24
Mínimo 70,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Máximo 28.130,95 25.213,05 27.867,85 29.037,04 28.929,38 33.350,60
Percentil 25 866,79 1.046,55 1.129,98 1.081,88 842,35 897,85
75 6.224,48 6.454,58 6.707,65 7.260,99 7.152,31 6.814,45
Por conseguinte, o gráfico 2 traz o faturamento do restaurante ao longo dos
meses do ano de 2012 à 2017. Assim, conforme o gráfico 2, em 2014, nota-se que foi
registrado o menor faturamento no mês de fevereiro, porém, foi o ano que se destacou
para o mês de março se comparado ao período entre 2012 a 2017, se torna válido
salientar que no ano de 2014 o carnaval ocorreu no mês de março, justificando um
aumento do faturamento desse mês. Ademais, todos os anos do período estudado
apresentaram para o mês de janeiro os maiores faturamentos na empresa, período
que representa um pico de demanda que será justificada nos tópicos posteriores. No
mês de julho, verifica-se que todos os anos tiveram faturamentos bem próximo e um
pouco maior do que os períodos que não sofrem aumento da demanda.
Gráfico 2: Faturamento total por mês, 2012 – 2017 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2012-2017.
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
200.000,00
250.000,00
300.000,00
350.000,00
400.000,00
450.000,00
500.000,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2012 2013 2014 2015 2016 2017
41
Em concordância com o gráfico 2, o gráfico 3 traz a perspectiva do faturamento
mínimo ao longo dos meses no período de observação. Desse modo, observa-se que
em 2015 no mês de março apresentou o menor faturamento mínimo, além disso,
observa-se uma grande concentração dos menores faturamentos nos anos de 2012,
2015, 2016 e 2017 nos meses de abril e maio. Pode-se perceber também que nos
anos de 2012, 2013, 2014, 2015, 2016 e 2017 apresentaram para o mês de janeiro
com os maiores valores para os faturamentos mínimo na empresa. Nesse ponto,
pode-se observar claramente a flutuação da demanda ao longo do período estudado,
tal afirmativa mostra de forma evidente a sazonalidade presente na empresa estudada
(GUIMARÃES E SANTOS, 2014).
Gráfico 3: Faturamento mínimo por mês, 2012 – 2017 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2012-2017.
O gráfico três representa o maior faturamento do mês no período estudado.
Assim, verifica-se que o período que mais se destacou para um faturamento máximo
no mês de janeiro foi o ano de 2017. Em relação ao mês de fevereiro, 2014 foi o ano
que apresentou o menor valor de faturamento máximo, entretanto, no mês seguinte
foi o ano que teve maior representatividade de faturamento na empresa se comparado
aos outros anos. No período de 2015, destaca-se em três meses seguidos com
faturamentos de valores máximo, setembro, outubro e novembro. Além disso, nota-se
que os meses de janeiro, fevereiro, março (2014) e dezembro são os meses que
apresentam o maior faturamento máximo dentre os anos do período estudado, tal
perspectiva traz a relevância da massificação do turismo que é representado pela
0,00
500,00
1.000,00
1.500,00
2.000,00
2.500,00
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3.500,00
4.000,00
4.500,00
5.000,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2012 2013 2014 2015 2016 2017
42
preferência massificada dos consumidores por alguma região em determinado
período, no caso pode-se perceber a preferência da demanda do restaurante nos
meses que representam o verão e os meses que se apresentam o carnaval
(SCHEUER E BAHL, 2011).
Gráfico 4: Faturamento máximo por mês, 2012 – 2017 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2012-2017.
O gráfico 5 representa o faturamento médio mensal dos anos no período
estudado. A partir disso, constata-se que o mês de fevereiro teve um baixo
faturamento médio para o ano de 2014, porém, no mês posterior foi o período que
retratou um alto faturamento médio, refletindo novamente uma forte influência do
evento Carnaval dentro da demanda recebida pelo restaurante no mês em que ocorre
o mesmo. Sobre esse ponto Leite (2016), classifica o carnaval como uma causa
institucional de sazonalidade e deve ser tratada de igual ou maior importância das
causas naturais de sazonalidade.
0,00
5.000,00
10.000,00
15.000,00
20.000,00
25.000,00
30.000,00
35.000,00
40.000,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2012 2013 2014 2015 2016 2017
43
Gráfico 5: Faturamento médio por mês, 2012 – 2017 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2012-2017.
Quadro 4: Faturamento anual por mês, 2012 – 2017 (R$)
2012 2013 2014 2015 2016 2017
1 324.753,90 327.014,41 392.873,13 425.974,45 431.995,47 438.683,81
2 157.295,18 169.250,60 119.439,00 192.811,41 183.792,18 160.056,04
3 63.735,95 104.363,25 144.083,55 78.503,05 92.265,01 86.260,66
4 80.978,11 61.726,90 107.069,15 97.082,18 70.064,36 105.645,66
5 66.972,38 94.052,12 80.866,85 93.989,10 87.372,70 77.696,85
6 70.747,74 76.917,05 100.945,60 79.817,75 65.245,41 69.939,62
7 109.747,96 99.362,20 96.648,90 114.405,82 121.303,94 104.386,85
8 72.244,63 91.147,11 106.625,70 98.744,85 68.945,16 81.561,61
9 100.252,06 103.327,05 86.227,75 108.330,12 87.575,48 65.725,82
10 98.308,49 108.056,26 94.052,55 118.375,20 125.625,18 -
11 105.768,94 117.414,51 124.198,70 119.075,28 119.072,85 -
12 181.185,54 212.144,90 212.445,40 196.658,88 200.558,87 -
Tota
l
1.431.990,
88
1.564.776,
36
1.665.476,
28
1.723.768,
09
1.653.816,
61
1.189.956,
92
Fonte: Pesquisa, Natal/2012-2017.
Conforme o quadro 4, que representa o faturamento anual por mês do
restaurante no período estudado, observa-se que janeiro e dezembro são os meses
que representam o maior faturamento em todos os anos, com a exceção do mês de
0,00
2.000,00
4.000,00
6.000,00
8.000,00
10.000,00
12.000,00
14.000,00
16.000,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
2012 2013 2014 2015 2016 2017
44
dezembro de 2017 pois não foi contabilizado. Além disso, pode-se aferir que nos anos
de 2012, 2013, 2015 e 2016 os meses que apresentaram o pior faturamento do ano
estão entre o mês de março e o mês junho, com exceção de 2014 onde o mês de
junho se apresentou melhor do que os meses de março e julho, verificando um
aumento da demanda no período do calendário que representa o evento desportivo
Copa do Mundo, em concordância com um dos fatores sazonais institucionais
socioeconômicos que influenciam a demanda (Almeida e Kastenholz, 2008, apud
Scheuer e Bahl, 2011).
No quadro 4, também é possível notar que nos anos de 2012 até 2016 o
faturamento nos meses de outubro, novembro e dezembro se comporta de forma
crescente, representando um aumento expressivo da demanda nesses meses. Pode-
se perceber a partir do faturamento da empresa, que ele representa um aumento nos
meses que ocorrem eventos naturais como a mudança de clima, assim como ocorre
um aumento em eventos institucionais como o carnaval, por isso a sazonalidade
presente na empresa estudada pode ser classificada como natural e institucional,
conforme Almeida e Kastenholz (2008, apud Scheuer e Bahl, 2011).
Isto posto, o quadro 5 apresenta a variação percentual do faturamento mensal
em relação ao mesmo mês do ano anterior durante os anos no período estudado. A
partir dele, pode-se perceber que o mês de janeiro de 2014 representou um aumento
de 20% em relação ao faturamento do mesmo mês do ano anterior, cerca de
R$327.014,41 para R$392.873,13 (Quadro 4). Ainda de acordo com o Quadro 5,
verifica-se que no mês de março de 2013 houve um aumento de 64% do faturamento
em relação ao mesmo mês do ano anterior, R$63.735,95 para R$104.363,25 (Quadro
4). Nesse ponto pode-se notar a importância dos feriados como dinamizadores do
fluxo turístico, pois em março de 2012 não ocorreu nenhum feriado, já no mesmo mês
de 2013 ocorreu a semana santa (feriados da Paixão de Cristo e a Páscoa) que
representou um “short-break” quando um feriado soma-se ao final de semana
(Almeida e Kastenholz, 2008, apud Leite, 2016).
Em concordância com o Quadro 5, percebe-se que o mês de abril, se destacou
para o ano de 2014, com um grande aumento no faturamento se comparado ao
mesmo mês do ano anterior, aproximadamente 74%. Tal fato pode ser explicado pois
no mês de abril de 2014 ocorreu outro “short-break” a junção do feriado da Páscoa
45
com a da Paixão de Cristo que resultou em um longo feriado dinamizando o fluxo de
turistas positivamente no restaurante (Almeida e Kastenholz, 2008, apud Leite, 2016).
E em 2017, devido ao mesmo motivo, foi novamente o mês de abril que teve maior
representatividade em relação a variação dos outros meses, cerca de 51%,
equivalente a R$70.064,36 para R$105.645,66 (Quadro 4).
Quadro 5: Variação percentual do faturamento anual por mês, 2012 – 2017
Mês 2013 2014 2015 2016 2017
Janeiro 0,7% 20,1% 8,4% 1,4% 1,5%
Fevereiro 7,6% -29,4% 61,4% -4,7% -12,9%
Março 63,7% 38,1% -45,5% 17,5% -6,5%
Abril -23,8% 73,5% -9,3% -27,8% 50,8%
Maio 40,4% -14,0% 16,2% -7,0% -11,1%
Junho 8,7% 31,2% -20,9% -18,3% 7,2%
Julho -9,5% -2,7% 18,4% 6,0% -13,9%
Agosto 26,2% 17,0% -7,4% -30,2% 18,3%
Setembro 3,1% -16,5% 25,6% -19,2% -24,9%
Outubro 9,9% -13,0% 25,9% 6,1% -
Novembro 11,0% 5,8% -4,1% 0,0% -
Dezembro 17,1% 0,1% -7,4% 2,0% -
Total 9,3% 6,4% 3,5% -4,1% -28,0%
Diante dos resultados obtidos, conclui-se claramente que o Restaurante
Paçoca de Pilão sofre os efeitos da sazonalidade explicada por Guimarães e Santos
(2014), como sendo a flutuação da demanda durante o ano que pode ser vista no caso
estudado, principalmente a demanda positiva nos meses de janeiro, fevereiro, julho e
dezembro. Além disso, pode-se notar que a demanda do restaurante sofre influência
pelo que Almeida e Kastenholz (2008, apud Scheuer e Bahl, 2011) chamam de fatores
naturais e institucionais da sazonalidade, dentre esses fatores os que representam
maior significância para o caso estudado é a mudança de estação, assim como, os
dias que representam as férias e feriados.
46
4.2. Faturamento da empresa e calendário escolar
A sazonalidade pode ser influenciada por diversos fatores entre eles os fatores
institucionais. Esses porém podem ser classificados de duas maneirais: os fatores
socioculturais e os fatores socioeconômicos. Dentre os fatores socioeconômicos estão
presentes as férias profissionais, condicionantes econômicos e as férias escolares
(Almeida e Kastenholz, 2008, apud Leite, 2016).
Diante do exposto, um dos objetivos do presente trabalho é analisar e influência
que o calendário escolar possui sobre o faturamento da empresa Restaurante Paçoca
de Pilão, e para tanto foi feito um trabalho estatístico sobre o faturamento da empresa
com os calendários escolares das escolas Centro de Educação Integrada – CEI e o
Salesiano. A escolha dessas escolas foi devido a sua representatividade na grande
Natal, possuindo juntas 5 unidades no estado do Rio Grande do Norte. Além disso, os
calendários das outras escolas da grande Natal diferenciam-se de maneira
insignificante para o presente trabalho, sendo, portanto, essas duas escolas capazes
de representar o universo do calendário escolar no presente trabalho.
Verifica-se de acordo com os gráficos 6 e 7, que o faturamento foi maior em
período de férias, nos meses de janeiro, fevereiro, julho, novembro e dezembro. O
faturamento é bem significativo quando não ocorreu aula nos colégios. A partir desse
ponto, pode-se provar que as férias escolares são um dos fatores socioeconômicos
mais fortes para o Restaurante Paçoca de Pilão, pois elas representam um fator
determinante da sazonalidade que acontece no período de verão e julho, que são
férias mais longas e normalmente representa um turismo voltado para a família (LEITE
2016).
47
Gráfico 6: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2012 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2012.
Gráfico 7: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2013 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2013.
Pode-se perceber também, a partir da comparação do gráfico 6 com o gráfico
7, que o mês de março de 2013 representou um aumento significativo do faturamento
em comparação com o mesmo mês em 2012. Nesse ponto observa-se a influência
dos fatores socioculturais no caso representado pelo calendário religioso onde ocorreu
no mês de março de 2013 a Semana Santa. Além disso, observa-se a partir do gráfico
8, que o faturamento foi maior em janeiro, março, junho, agosto, novembro e
dezembro. O faturamento foi bem expressivo quando não ocorreu aula nas escolas,
No gráfico 8 também é possível perceber uma diminuição do faturamento no mês de
fevereiro e um aumento significativo no mês de março, tal fato se dá novamente pela
0,00
50.000,00
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CEI sem aula CEI com aula
Salesiano sem aula Salesiano com aula
0,00
50.000,00
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350.000,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
CEI sem aula CEI com aula
Salesiano sem aula Salesiano com aula
48
influência dos fatores socioculturais só que dessa vez representado pelo carnaval que
ocorreu no mês de março em 2014.
Gráfico 8: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2014 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2014.
Seguindo a mesma linha, constata-se conforme os gráficos 9 e 10, que o
faturamento foi maior em janeiro, fevereiro, julho, outubro, novembro e dezembro. O
faturamento foi bem expressivo quando não ocorreu aula nas escolas, principalmente
no período de férias escolares que começam em novembro e terminam em janeiro,
como outra em julho e aliado a feriados nacionais como o carnaval que em ambos os
anos ocorreram em fevereiro. O único comportamento atípico foi ditado no mês de
outubro em que houve um aumento do faturamento, porém os colégios ainda estavam
em aula.
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
200.000,00
250.000,00
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400.000,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
CEI sem aula CEI com aula
Salesiano sem aula Salesiano com aula
49
Gráfico 9: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2015 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2015.
Gráfico 10: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2016 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2016.
No gráfico 11 é possível seguir a mesma linha de raciocínio de todos os outros
anos em que o aumento do faturamento de deu no período de férias em janeiro e
fevereiro, assim como, as férias de julho, porém também houve um aumento do
faturamento no mês de abril, sendo que nesse período houveram dois feriados do tipo
“short-breaks” o feriado da Semana Santa e o feriado de Tiradentes, que se uniram
ao final de semana e fizeram um intervalo maior de descanso.
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CEI sem aula CEI com aula
Salesiano sem aula Salesiano com aula
0,00
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
CEI sem aula CEI com aula
Salesiano sem aula Salesiano com aula
50
Gráfico 11: Faturamento por mês em relação ao calendário escolar, 2017 (R$)
Fonte: Pesquisa, Natal/2017.
Com isso, consta-se que um dos fatores que estão prioritariamente interligados
com o aumento do faturamento do Restaurante Paçoca de Pilão é o calendário escolar
e principalmente o período em que as escolas estão de férias, ou seja, os meses de
novembro a janeiro e julho. Além disso, foi constatado que no período de feriados
longos como carnaval e semana santa quando não ocorre aula teve-se um aumento
no faturamento sendo esses aumentos destacados nos meses de fevereiro, março e
abril. Assim, comprovando a teoria de Leite (2016) sobre a importância dos fatores
socioeconômicos possuírem relevância igual ou maior a fatores naturais. Ademais,
também é possível comprovar a teoria de massificação do turismo em meses que
representam o verão e, consequentemente, as férias escolares, onde causa por
conseguinte um aumento no faturamento da empresa que sofre com a sazonalidade
turística (LEITE, 2016).
4.3. Influenciadores da demanda na empresa
Em busca de compreender a relação entre o faturamento da empresa
Restaurante Paçoca de Pilão com fatores que podem influenciá-lo, foram levadas em
consideração algumas variáveis. Dentro dos fatores institucionais existe a
classificação de fatores socioeconômicos, sendo um dos seus componentes os
condicionantes econômicos. Para representa-los, foram escolhidos alguns
condicionantes que podem influenciar a demanda, dentre eles a variação de câmbio
(dólar), a taxa de juros (acumulada e média diária), o Produto Interno Bruto (PIB), o
Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) e o Índice Nacional de Preço ao
Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, se fez necessário trazer a influência de causas
0,00
50.000,00
100.000,00
150.000,00
200.000,00
250.000,00
300.000,00
350.000,00
400.000,00
450.000,00
500.000,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9
CEI sem aula CEI com aula
Salesiano sem aula Salesiano com aula
51
naturais da sazonalidade e para tanto, foi verificada também a influência do índice
pluviométrico através da precipitação de chuva. Para finalizar, foi relacionado o
calendário escolar das escolas escolhidas com o faturamento para verificar sua
importância no estudo (ALMEIDA E KASTENHOLZ , 2008, apud LEITE, 2016).
Em concordância com Leite (2016) quando afirma que o calendário escolar
possui uma forte influência sobre a demanda turística presente nas empresas, no
Quadro 6 nota-se que o faturamento tem correlação forte negativa para o calendário
escolar em todos os períodos, ou seja, a medida que se tem aula o faturamento da
empresa decresce (em média), notando-se ainda que além de ter uma relação forte
negativa, essa relação também é constante, mostrando a estabilidade dessa variável
com relação ao faturamento.
Após o calendário escolar é possível analisar a influência do IPCA que segundo
o IBGE (2017), “tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e
serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias”,
sendo calculado na população das regiões metropolitanas abrangendo a faixa de
renda de 1 a 40 salários mínimos. Assim, de acordo com o quadro 6, verifica-se que
em 2012 o faturamento da empresa teve correlação positiva moderada para o IPCA
de variação mensal (0,47), logo, a medida que o IPCA (variação mensal) cresceu o
faturamento médio cresceu, um resultado surpreendente, pois esperava-se que a
medida que o preço médio dos produtos aumentasse o consumo, ou seja, a demanda
iria diminuir, seguindo a linha de raciocínio de Wessels (1998).
Em sequência pode-se analisar a relação da variação cambial a partir do preço
do dólar. Nesse ponto, espera-se que o aumento do preço do dólar apresente dois
tipos de efeito o primeiro representa uma maior intensificação na procura por destinos
no território brasileiro, porém também representa uma desvalorização da moeda
nacional. Assim, a partir do quadro 6, observa-se que o faturamento da empresa em
2016 apresentou correlação moderada positiva com dólar de compra e dólar de venda
(0,35), portanto, à medida que o dólar cresce o faturamento cresce e um correlação
baixa positiva também no ano de 2014 (0,19), em ambos os casos vale salientar que
houveram eventos desportivos, a copa do mundo de futebol em 2014 e as olimpíadas
de 2016, ambos sediados no Brasil e que representam uma variável institucional
52
dentro dos fatores socioculturais entre os calendários cultural e desportivo proposto
por Almeida e Kastenholz (2008, apud Leite, 2016).
Conforme o quadro 6, constata-se que o faturamento da empresa em 2017
mostrou correlação negativa moderada com o PIB (-0,38), ou seja, a medida que o
PIB cresce o faturamento diminui, uma reação surpreendente pois o Produto Interno
Bruto é a soma em valores monetários da produção durante o ano do Brasil, ou seja,
se o PIB aumenta o valor monetário nas mão da população também aumenta, assim
aumentando o consumo. Segundo Coelho e Fernandes (2002) a demanda está ligada
diretamente, diante de restrições orçamentárias, a quais seriam as preferências do
consumidor. Contudo, nota-se que em 2016 e 2017 o PIB teve uma relação moderada
negativa que pode ser justificada pela crise política e econômica presente nesses
anos no Brasil.
Adiante, o IPCA (variação no ano) apresentou nesse mesmo ano (2017) uma
correlação negativa (-0,59). Assim, a medida que o IPCA (variação de ano) cresce o
faturamento decresce. Por outro lado, o IPCA de variação anual teve correlação
positiva com o faturamento da empresa (0,52), portanto, à medida que o IPCA
(variação anual) cresce o faturamento da empresa cresce. A partir desse ponto, pode-
se perceber que em 2017 o IPCA (variação no ano) não obedece a lei da demanda
onde se o preço relativo aumenta a demanda diminui (MANKIW, 2009). Comprovando
assim, que a lei da demanda só prevê tal comportamento para o preço relativo dos
produtos, pois se todo o resto aumenta (renda e salários) a demanda tende a se
manter constante (WESSELS, 1998)
Ademais, é válido salientar que o as variáveis Juros Acumulado e Juros Média
Diária não apresentaram uma correlação expressiva para o presente estudo. No
tocante ao índice pluviométrico, pode-se observar que não representa um correlação
significativa para o faturamento, tal ausência pode ser justificada pelos baixos índices
pluviométricos durante os anos no estado do Rio Grande do Norte. Por fim, outra
variável que não apresentou uma correlação significativa foi o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor que segundo o IBGE (2017) “tem por objetivo a correção do
poder de compra dos salários, através da mensuração das variações de preços da
cesta de consumo da população assalariada com mais baixo rendimento” e é
representado pela faixa salarial de 1 a 5 salários mínimos. Diante disso, pode-se dizer
53
que essa vaiável não sofre correlação com o faturamento da empresa devido ao seu
público alvo possuir uma faixa de renda maior do que as pessoas estudadas pelo
INPC.
Quadro 6: Correlação do faturamento anual para cada variável, 2012 – 2017
2012 2013 2014 2015 2016 2017
CEI -0,67 -0,7 -0,66 -0,68 -0,7 -0,69
Salesiano -0,67 -0,69 -0,71 -0,66 -0,68 -0,65
Dólar Compra -0,2 -0,05 0,19 -0,23 0,35 -0,02
Dólar Venda -0,2 -0,05 0,19 -0,23 0,35 -0,02
Juros Acumulado 0,33 0,06 -0,14 -0,08 0,08 0,15
Juros Média diária 0,21 -0,03 -0,23 -0,31 -0,08 0,46
Precipitação(mm) -0,03 -0,13 -0,07 -0,11 0 -0,12
PIB 0,05 -0,2 0,31 0,15 -0,24 -0,38
IPCA Variação
Mensal 0,22 0,36 0,14 0,27 0,41 0,34
IPCA Variação no
ano -0,11 -0,13 -0,22 -0,25 -0,3 -0,59
IPCA Variação anual 0,47 -0,13 -0,36 -0,24 0,19 0,52
INPC Variação
mensal 0,11 0,31 0,17 0,28 0,38 0,32
INPC Variação no
ano -0,11 -0,15 -0,23 -0,26 -0,32 -0,57
INPC Variação anual 0,24 -0,06 -0,32 -0,25 0,17 0,51
Assim, conclui-se que a principal variável que apresenta o maior grau de
correlação com o faturamento da empresa Restaurante Paçoca de Pilão é o
calendário escolar comprovando a teoria e o objetivo geral do trabalho mostrando a
relação entre esses dois fatores. Porém, é interessante observar a variável dólar
apresentou um correlação nos anos em que coincidiram os calendários desportivos
da copa do mundo de futebol e as olimpíadas, assim como, o IPCA apresentou
correlação negativa desmistificando a lei da demanda e o PIB também mostrou um
54
contraponto mostrando sua correlação negativa na maioria dos anos. Contudo, vale
salientar que algumas variáveis não possuíram correlação com o faturamento da
empresa como a taxa de juros, o índice pluviométrico e o INPC.
55
5. CONCLUSÃO
Ao tentar entender a variação do faturamento por consequência da demanda do
Restaurante Paçoca de Pilão, primeiramente foi feita uma revisão sobre a literatura
econômica, utilizando conceitos de economia nas empresas, macroeconomia,
microeconomia, resultado da empresas e conceituação de mercado. A posteriori,
detectou-se a necessidade de entender a variação da demanda através de conceitos
de elasticidade da demanda e variáveis que afetam a demanda. Visto isso, se fez
necessário entender mais a fundo o ramo especifico que afeta diretamente a empresa
estudada, e nesse aspecto foram revisados conceitos sobre a atividade turística,
demanda turística e o mercado turístico. Adiante se fez necessário entender como o
restaurante poderia se diferenciar mercadologicamente de outras empresas, e para
tanto adotou-se conceitos sobre vantagem competitiva.
Em seguida, se fez necessário verificar na realidade presente do Restaurante
Paçoca de Pilão os conceitos anteriormente revisados. Visto que a empresa estudada
faz parte do mercado turístico indireto que é representado por serviços e produtos que
não são a atração turística em si, mas fazem parte do serviço de suporte as principais
atrações (Lage e Milone, 1991). Assim, é importante não só para o restaurante, mas
para todas as empresas que circundam o litoral do Rio Grande Norte, saber os fatores
que influenciam a demanda e que causam a sazonalidade inerente nessa região.
Por conseguinte, a necessidade de estudar o comportamento do faturamento
ao longo dos anos dentro do período estudado, foi vista pois foi verificado que o
Restaurante Paçoca de Pilão, possui uma demanda turística sazonal. Assim, tem-se
que diversos fatores podem influenciar a sazonalidade presente no restaurante, dentre
esses fatores os principais são os fatores naturais e institucionais, os fatores naturais,
correspondem a fatores advindos da natureza e os institucionais estão relacionados
ao indivíduo consumidor como sua disponibilidade para o consumo (Almeida e
Kastenholz, 2008, apud Scheuer e Bahl, 2011).
A priori ao analisar unicamente o faturamento, foi constado que os meses de
janeiro, fevereiro, julho, novembro e dezembro de todos os anos do período estudado,
correspondem aos meses de maior faturamento da empresa. Do ponto de vista dos
fatores sazonais que podem influenciar a demanda nesse período, observa-se a
presença dos fatores naturais como a mudança de estação no meses de novembro a
56
fevereiro onde corresponde o maior faturamento da empresa em todos os anos, do
ponto de vista institucional temos fatores que influenciam o aumento da demanda
como o carnaval e a semana santa, responsáveis pelo aumento do faturamento nos
meses de março e abril de 2014. Diante desse resultado também, pode-se notar a
influência dos “short-breaks” sobre todos os anos quando incidiam feriados como o
carnaval e semana santa (representada pelos feriados da Paixão de Cristo e Páscoa),
Almeida e Kastenholz (2008, apud Scheuer e Bahl, 2011).
Os fatores sazonais institucionais podem ser dividido em dois como foi mostrado:
os socioeconômicos e socioambientais (Almeida e Kastenholz, 2008, apud Scheuer e
Bahl, 2011). Porém, para Leite (2016) o fator socioeconômico mais importante a ser
estudado é o calendário escolar. Por isso, comprovou-se nesse estudo a ligação entre
o calendário escolar e o faturamento do Restaurante Paçoca de Pilão. No presente
estudo os meses de férias janeiro, fevereiro, julho e dezembro, apresentaram um
aumento significativo do faturamento, representando assim, a relação entre o
faturamento do restaurante com o calendário escolar.
Assim, analisou-se, por meio de correlação, dentro da perspectiva de fatores
naturais e fatores institucionais (socioculturais e socioeconômicos), outras variáveis
que poderiam influenciar a demanda da empresa. Nesse, aspecto os fatores
institucionais socioeconômicos que mais influenciaram o faturamento foram as férias
escolares que se manteve constante como uma correlação negativa, onde o fato de
não ter aula aumento positivamente o faturamento; além disso a taxa cambial
representada pelo dólar teve uma correlação moderada negativa nos anos de 2014 e
2016, quando ocorrem eventos desportivos no Brasil; assim como houve uma
correlação positiva nos anos de 2012 e 2017 como o IPCA (variação anual) e nos
anos de 2013 e 2016 IPCA (variação mensal) representando uma contradição, pois
segundo a lei da demanda quanto maior o preço menor a demanda nesse caso a
correlação se deu de forma positiva (Mankiw, 2009).
Por fim, dentre os fatores naturais pôde-se analisar a partir do índice pluviométrico,
que esse fator de sazonalidade não apresenta correlação direta como faturamento da
empresa. Tal evento justifica-se por o estado do Rio Grande do Norte apresentar baixa
incidência de chuvas durante todo o ano. Além desse, outros fatores como a taxa de
57
juros e o INPC não apresentaram correlação com a sazonalidade da demanda do
Restaurante Paçoca de Pilão.
Em virtude de uma melhor compreensão de quais foram os objetivos do trabalho
e se os mesmos puderam ser alcançados, foi elaborado o quadro 7 com o resumo dos
resultados do trabalho.
Quadro 7: Resumo dos Resultados do Trabalho
Objetivos do Trabalho Resultados do Trabalho
Analisar a relação entre a distribuição das aulas
no ano letivo das instituições de ensino e a
demanda das empresas do litoral potiguar.
Ao analisar o calendário do ano letivo e o
faturamento, teve-se que o maior faturamento
ocorreu no período de férias e que alguns
feriados como carnaval, paixão de cristo e
páscoa quando formam um “short-break”
influenciam positivamente no faturamento do
restaurante.
Observar o faturamento histórico da empresa
restaurante Paçoca de Pilão.
Diante do faturamento histórico da empresa os
meses de janeiro, fevereiro, julho, novembro e
dezembro apresentaram um aumento
significativo em relação aos outros meses,
mostrando o comportamento sazonal da
demanda.
Estabelecer a relação entre o faturamento e o
calendário escolar das instituições de ensino.
Existe uma correlação continua e negativa entre
o calendário escolar e o faturamento do
restaurante, onde a ausência de aula atua de
forma a elevar o faturamento.
Identificar os influenciadores da demanda nas
empresas do litoral potiguar.
O principal influenciador da demanda é o
calendário escolar, apesar disso o IPCA e a
variação do dólar apresentam em alguns anos
uma determinada correlação com o faturamento.
Porém, fatores como índice pluviométrico, INPC
e a taxa de juros não apresentam correlação com
o faturamento do Restaurante Paçoca de Pilão.
Fonte: Elaboração própria (2017)
58
Diante do exposto, notou-se que o calendário escolar possui um importância
considerável na sazonalidade da empresa estudada. Assim, propõem-se que o trade
turístico alinhe-se ao calendário escolar como as datas do Exame Nacional do Ensino
Médio, que poderia ser realizado no mês de dezembro proporcionando um período de
férias ininterruptos, assim como, deveria ser considerado o período de férias durante
todo o mês de janeiro e o aumento de “short-breaks”, tendo em vista que eles
representam uma movimentação maior para o restaurante e é responsável pela
diminuição da diversificação da demanda.
59
REFERÊNCIAS
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