A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM VIRTUAL NA ESCRITA...

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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Curso de Licenciatura em Letras Leila de Araujo Penido A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM VIRTUAL NA ESCRITA DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL Pará de Minas 2013

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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Curso de Licenciatura em Letras

Leila de Araujo Penido

A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM VIRTUAL NA ESCRITA DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Pará de Minas 2013

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Leila de Araujo Penido

A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM VIRTUAL NA ESCRITA DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Pará de Minas 2013

Monografia apresentada à Coordenação de Letras da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM – como requisito parcial para a conclusão do Curso de Letras.

Orientador: Esp. Rafael Henriques Nogueira Diniz.

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Leila de Araujo Penido

A INFLUÊNCIA DA LINGUAGEM VIRTUAL NA ESCRITA DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Aprovada em _______ / _______ / _______

Rafael Henriques Nogueira Diniz

Professor Orientador

Professor Examinador

Monografia apresentada à Coordenação de Letras da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM – como requisito parcial para a conclusão do Curso de Letras.

Orientador: Esp. Rafael Henriques Nogueira Diniz.

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Dedico esse trabalho a todos as pessoas

que contribuíram para que o mesmo fosse

concretizado.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois sem ele nada disso teria acontecido.

Agradeço ao meu orientador Rafael Henriques Nogueira Diniz pela atenção,

disponibilidade e principalmente paciência em me auxiliar todas as vezes que eu

precisei.

Agradeço a coordenadora do curso de Letras da FAPAM, Cristina Mara

França Pinto Fonseca por todo o apoio e auxílio durante esse trabalho.

Agradeço a diretora da Escola Estadual pesquisada pela excelente recepção

e por o apoio que me foi dado durante o meu tempo de pesquisa na escola.

Agradeço aos alunos da Escola Estadual pesquisada, em especial aos alunos

dos anos finais do ensino fundamental, por terem colaborado de maneira excelente

com a minha pesquisa.

Agradeço a mãe Sonia, ao meu irmão Túlio e ao meu namorado Rafael pelo

incentivo durante o período de faculdade, pelas palavras de carinho e pela total

compreensão nos momentos em que estive ausente.

Agradeço a todos os professores que passaram pelo meu caminho durante

todo o período, pois cada um deles me inspirou com palavras de incentivo.

Agradeço ao meu pai, pois tenho certeza que ao lado Deus, ele me dá forças

para continuar e abençoa meus passos.

Agradeço a todos os meus colegas de sala pelos momentos que passamos

juntos durante todo esse tempo.

Agradeço aos amigos que sempre me incentivaram e me deram força para

que eu chegasse até esse momento.

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O escritor torce a linguagem, fá-la vibrar,

abraça-a, fende-a...

Gilles Deleuze

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RESUMO

Com a correria dos dias atuais, uma nova forma de linguagem surge com o intuito de

agilizar o processo de escrita, a essa forma deu-se o nome de internetês. Essa

linguagem é bastante utilizada nos bate-papos e postagens das redes sociais. O

presente estudo tem como objetivo analisar essa linguagem e os aspectos que ela

causa na vida escolar de um aluno de ensino fundamental. Esse trabalho foi

desenvolvido a partir de uma pesquisa realizada com os alunos do ensino

fundamental de uma Escola da rede Estadual, através de um levantamento de

dados obtido por meio de questionários. Os resultados obtidos através da pesquisa

mostram que os alunos conhecem e utilizam o internetês em suas formas de

comunicação, mas identificam que o uso acontece na maioria dos casos somente

nos bate-papos na internet não influenciando a vida escolar deste aluno.

Palavras-chave: Internet. Escrita. Internetês.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Quantidade de alunos ...................................................................... 24

Gráfico 2 – Acesso à internet ............................................................................. 25

Gráfico 3 – Utilização da internet ....................................................................... 26

Gráfico 4 – Acesso à internet por semana ........................................................ 27

Gráfico 5 – Tempo na internet ............................................................................ 28

Gráfico 6 – Restrição quanto ao uso da internet .............................................. 29

Gráfico 7 – Ferramentas usadas na internet ..................................................... 30

Gráfico 8 – Linguagem da internet é a mesma da escola ?.............................. 31

Gráfico 9 – Linguagem da internet atrapalha atividades escolares ................ 32

Gráfico 10 – Dificuldade para escrever na linguagem culta ............................ 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Emotions ............................................................................................ 18

Tabela 2 – Abreviações da língua internetês .................................................... 19

Tabela 3 – Quantidade de alunos ....................................................................... 24

Tabela 4 – Acesso à internet .............................................................................. 25

Tabela 5 – Utilização da internet ........................................................................ 26

Tabela 6 – Acesso à internet por semana ......................................................... 27

Tabela 7 – Tempo na internet ............................................................................. 28

Tabela 8 – Restrição quanto ao uso da internet ............................................... 29

Tabela 9 – Ferramentas usadas na internet ...................................................... 30

Tabela 10 – Linguagem da internet é a mesma coisa da escola? ................... 31

Tabela 11 – Linguagem da internet atrapalha atividades escolares ............... 32

Tabela 12 – Dificuldade para escrever na linguagem culta ............................. 33

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 10

2. PERSPECTIVAS TEÓRICAS ..................................................................... 12

2.1. O surgimento da escrita ...................................................................... 12

2.2. O surgimento da internet ................................................................... 13

2.3. As linguagens presentes na escola ................................................... 15

2.4. As origens e evoluções da escrita virtual ......................................... 16

2.5. A linguagem virtual do chat ................................................................ 16

2.6. O internetês .......................................................................................... 17

2.7. A influência da internet na escrita escolar ........................................ 20

3. METODOLOGIA ......................................................................................... 22

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................................... 24

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 35

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 36

APÊNDICES ..................................................................................................... 37

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1. INTRODUÇÃO

A ideia dessa pesquisa surgiu durante a fase de estágio em sala de aula

realizado no segundo semestre de 2012, ao verificar a linguagem usada pelos

alunos durante a sua escrita em trabalhos escolares e até mesmo em seus

cadernos, então deu-se início a uma análise sobre a utilização da linguagem virtual

feita pelos alunos, por observar-se a escrita dos alunos e proximidade deles com a

tecnologia, Uma das tendências da educação é a convergência dos ambientes de aprendizagem presencias e virtuais, um complementando o outro; ambos são importantes e ocupam seus devidos espaços na educação. Cada vez mais esses ambientes tendem a se integrar. (TAJRA, 2002, p. 5).

É constante o uso da internet para auxiliar os trabalhos escolares, na busca

de informações e até mesmo na interação entre professores e alunos, mas esse uso

deve ser observado de perto pelos professores, pois muitas vezes, a linguagem

escrita usada na internet pode atrapalhar o desenvolvimento escrito do aluno dentro

da sala de aula.

Segundo Marcuschi (2010) “a escrita seria um modo de produção textual-

discursiva para fins comunicativos”, então deve-se incentivar o aluno a escrever,

mas deve-se orientá-lo a ser um escritor consciente e fazer com que o ato da escrita

seja um ato agradável e prazeroso. Essa escrita deve ser feita usando a linguagem

culta do Português e nunca se deve fazer o uso da linguagem da internet em textos,

principalmente em textos escolares.

Vale lembrar que a utilização da internet é uma realidade para boa parte dos

brasileiros e é cada vez mais frequente nos espaços escolares, sendo muito

atraente, devido a grande facilidade em seu acesso, além de disponibilizar ao aluno

e ao professor uma enorme quantidade de programas de lazer, entretenimento e

estudo.

São perceptíveis as diferenças de escritas quando se relaciona redes sociais

com portais de notícias da internet. A necessidade de comunicação instantânea faz

com que as pessoas utilizem abreviações nas palavras, no intuito de maior agilidade

ao teclar suas mensagens, por exemplo, em redes sociais.

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O uso da internet a favor da escola é enorme quando se destina às pesquisas

e disponibilidade de conteúdo didático. Porém é necessário que o aluno perceba o

quão produtivo as ferramentas computacionais escolares podem ser para ajudá-lo

em sua vida escolar. Além disso, é importante que ele perceba as diferenças de

escrita de “mundos” entre sites de bate-papo e redes sociais com a escrita em

linguagem formal.

Desta forma, fez-se necessário um estudo cujo objetivo é analisar a influência

da linguagem virtual na escrita de alunos do ensino fundamental. Para isto será

preciso analisar a linguagem pelo aluno em sala de aula e na internet, relatar o uso

da linguagem da internet, conhecida como internetês e traçar metas para a melhoria

da linguagem escrita dos alunos. O uso da internet pode se tornar uma ameaça para

a escrita dos jovens como alunos? Isso pode influenciar a sua vida escolar?

Então esse projeto deve analisar como está à escrita do aluno diante a

grande invasão da tecnologia dentro do mundo escolar e sua relevância é ajudar os

professores e os alunos e se relacionarem melhor com a internet apropriando-se das

diversas maneiras de linguagens existentes para facilitar o uso adequado as

diversas situações do cotidiano escolar.

Dessa maneira esse trabalho de divide nas seguintes seções: o surgimento

da escrita, que conta brevemente a história da escrita; o surgimento da internet, que

conta de maneira breve a história da internet; as linguagens presentes na escola; a

origem e evolução da escrita virtual; a linguagem usada nos chats; o internetês

enfocando suas abreviações e a influência da internet na escrita escolar. Nos

capítulos seguintes têm-se todos os métodos, análises e interpretação de dados

obtidos. E por fim temos as considerações finais obtidas através de todo esse

estudo e pesquisa.

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2. PERSPECTIVAS TEÓRICAS

2.1. O surgimento da escrita

A escrita surgiu através da necessidade que o homem tinha de se expressar,

de se comunicar com o próximo e de registrar os acontecimentos do mundo. De

acordo com Freitas (2006) a escrita é uma tecnologia assim como a informática, mas

afirma que,

A tecnologia da escrita se interpõe ao obstáculo do tempo e elimina a redundância. Com a escrita a mão, mais lenta que o discurso oral, a mente é forçada a seguir um padrão mais vagaroso, alterando e reorganizando o dito. É sempre possível reler o que foi escrito, voltar voluntariamente a todos os elementos que estão incluídos no texto. (FREITAS, 2006. p. 12)

Por volta de 4000 anos a.C. o homem começou a traçar desenhos nas

paredes das cavernas na região da Mesopotâmia, esses desenhos eram chamados

de escrita pictográfica e usados pelas civilizações, principalmente astecas, para se

comunicarem. Logo após surge a escrita ideográfica usando imagens para transmitir

uma ideia, eram como códigos que os egípcios e chineses usavam e só eram

decifrados depois de se ter entendido o contexto de determinada mensagem. É

dessa escrita que se originou os ideogramas japoneses. A essa escrita soma-se os

símbolos fonéticos e passa a ser chamada escrita fonética.

Com o passar do tempo foram surgindo os silabários, que nada mais eram do

que sinais representando uma determinada sílaba. Então chegamos à inclusão das

vogais criando assim a escrita alfabética que foi sendo adaptada pelos gregos e

pelos romanos até tornar-se o alfabeto greco-romano, este deu origem ao alfabeto

que conhecemos hoje.

Hoje nosso alfabeto é constituído por 26 letras: dentre as quais vinte e uma

são consoantes e cinco são vogais (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q,

R, S, T, U, V, W, X, Y, Z) que se colocadas em sequências variadas formam uma

lista interminável de palavras. Foram os romanos que deram início a forma de escrita

como ela é hoje, da esquerda para direita e em linhas.

Através da escrita, podemos registrar toda a memória política, cultural,

artística, religiosa e social de um determinado povo. “A sociedade humana

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primeiramente se formou com a ajuda do discurso oral. Só mais tarde tornou-se

letrada, mas não em sua totalidade.” (FREITAS, 2006, p.11).

Os primeiros livros eram feitos de barro, pequenas lajotas, que eram

numeradas para facilitar a consulta. Os livros feitos em barro ou madeira eram feitos

em forma de placas, já os livros feitos em tecido, papiro e couro eram feitos em rolos

ou em dobras. Os livros feitos couro cru (pergaminhos) eram costurados, e assim foi

evoluindo até chegar ao livro que conhecemos hoje. As escritas eram feitas pelos

escribas, que eram pessoas estudadas, e depois eram transcritas pelos chamados

copistas, que eram pessoas que copiavam os textos a fim de multiplicá-los,

encadernavam e organizavam os livros e depois os guardavam em bibliotecas nos

mosteiros. A escrita a mão faz com que a mente seja mais vagarosa, reorganize o

que vai ser dito, faça pequenas alterações, releia e modifique se necessário. Com a

invenção da imprensa em 1450, por Gutenberg e a invenção de caracteres móveis

foi possível reproduzir os livros de maneira ilimitada e assim possibilitar que a

mesma leitura fosse feita em diversas partes do mundo de forma simultânea.

Freitas (2006) diz que:

Os textos impressos mostram que são feitos à máquina e se tornam mais legíveis favorecendo à leitura rápida, silenciosa. Enquanto a escrita reconstituía a palavra oral no espaço visual, a impressão nela encerrou-a de forma definitiva. (FREITAS, 2006. p.13)

Assim a invenção do livro, ou seja, a invenção da escrita deve ser

considerada um marco na história da humanidade, pois o ato de escrever possibilita

o registro da memória de um lugar e abre a mente das pessoas.

2.2. O surgimento da internet

A internet é uma rede global de computadores, com milhões de usuários do

mundo todo e que cresce a cada dia.

Porém Tanenbaum (2001) afirma que,

a internet não é de modo algum uma rede, mas sim um vasto conjunto de redes diferentes que utilizam certos protocolos comuns e fornecem determinados serviços comuns. É um sistema incomum no sentido de não ter sido planejado nem ser controlado por ninguém. (Tanenbaum, 2011. p.33.)

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O surgimento da Internet se deu durante a Guerra Fria, na década de 50, o

governo dos Estados Unidos precisava criar uma rede onde pudesse ligar os centros

militares de forma que a comunicação entre eles fosse rápida e que se diante de um

bombardeio, um dos pontos de comunicação fosse atingido, a comunicação não

seria totalmente destruída.

Nos anos 60, um jovem funcionário da empresa RAND Corporation

apresentou um projeto através das linhas telefônicas, mas seu projeto não aceito.

Para melhor compreensão, faz-se necessário analisar o ano de 1957, onde o

governo americano criou a ARPA (Advanced Research Projects Agency), uma

organização com o objetivo de criar uma rede onde pudessem transmitir os dados e

se por acaso acontecesse um bombardeio e destruísse um ponto a comunicação

não seria destruída. No início a internet era usada apenas pelos centros militares,

mas nos anos 70 as universidades se conectaram nessa rede com objetivos

acadêmicos, para compartilharem os seus dados e trabalharem juntas em diversos

projetos.

Assim criou-se em 1974, o protocolo TCP/IP (Transmission Control Protocol /

Internet Protocol), oferecendo bilhões de endereços, muitos deles ainda são usados

nos dias de hoje.

Em 1983 surgiu o nome Internet, e hoje segundo Rodrigues (2008) “a internet

é o principal alicerce das comunicações entre os computadores mundiais”.

No início da década de 90 a internet funcionava principalmente para

comunicação e troca de arquivos, mas no final dessa mesma década ela começou a

ser comercializada por empresas e “houve uma verdadeira “explosão” de

computadores ligados à rede”. (Tajra, 2002. P.18)

De acordo com Tajra (2002),

No Brasil, a Internet só foi chegar em 1992, por intermédio da RNP – Rede Nacional de Pesquisa – interligando as principais universidades e centros de pesquisa do país, além de algumas organizações não governamentais e só em 1995, foi liberado o uso comercial da Internet no Brasil. (TAJRA, 2002. p.18)

Hoje a internet é usada para tudo, informar, pesquisar, aprender, ensinar,

educar, entreter. Podemos fazer acessos a qualquer hora do dia ou da noite, pois a

internet funciona 24 horas por dia, durante todos os dias da semana.

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2.3. As linguagens presentes na escola

A linguagem é uma manifestação cultural, é utilizada por todas as pessoas

em todos os momentos, de acordo com a necessidade de cada um. É a linguagem

que dá ao homem o poder de se comunicar através de leitura, da escrita, da

interpretação fornecendo maneiras para que ele leia, interprete, argumente e

explique os acontecimentos do mundo.

No mundo atual não são apenas os professores que detém todos os

conhecimentos, mas a sociedade em geral, pois as informações podem ser

acessadas a qualquer momento, por qualquer pessoa, esteja ela onde estiver. A

aprendizagem hoje não se dá apenas na escola, através dos professores, mas

também através de mídias e tecnologias, porém nem toda informação é

conhecimento, então cabe ao professor e ao aluno transformar essa informação

obtida em conhecimento.

Assim Marques (1986) afirma que,

Embora variadas, as formas de utilização compartilham do mesmo objetivo:

melhorar o ensino, o que pode ser traduzido por um maior rendimento escolar

dos alunos, familiarizando-os ao mesmo tempo com uma nova tecnologia.

(MARQUES, 1986. p.10)

Na escola a linguagem deve ser estimulada a se revelar através das mais

variadas formas, seja através da música, da pintura, do cinema, do teatro, pois

segundo Lázari,

Todo o tipo de linguagem seja ela verbal ou não-verbal, inclui também a

linguagem extraverbal, que nada mais é do que aquilo que não foi dito, mas que de alguma forma possa ter sido compreendido pela outra parte envolvida na comunicação. (LÁZARI, site brasilescola)

“O ensino discute não apenas o que ensinar, mas também como o aluno vai

travar contato com tal e qual conteúdo.” (MARQUES 1986) por isso a escola deve

estar sempre atenta às diversas maneiras de linguagem e preparada para ensiná-las

para os seus alunos, pois a escola deve ensiná-los os conteúdos didático-

pedagógicos, mas também deve prepará-los para se tornarem cidadãos

conscientes.

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2.4. As origens e evoluções da escrita virtual

A Internet tem mudado os costumes da população, as linguagens e as formas

de ler e de escrever.

Salienta-se que,

Quanto ao processo interativo de produção discursiva na conversação face a face e nas salas de bate papo (chats) na Internet, com implicações no uso do código escrito e nas escolhas linguísticas mais próprias da linguagem espontânea e informal oral cotidiana, há algumas semelhanças entre as conversações: tempo real, correção on-line, comunicação síncrona, linguagem truncada e reduzida, etc. Mas há também algumas diferenças que, contudo, confirmam o processo simultâneo de construção da linguagem e do discurso. Podemos resumi-las na realidade “real” da conversação cotidiana e na realidade “virtual” da conversação internáutica: interação face a face X interação virtual; espaço real X espaço virtual; comunicação real X comunicação virtual e língua falada X língua falada-escrita. (FREITAS, 2006. P.24.

Devemos nos preocupar com as influências das tecnologias na nossa vida,

com os diálogos usados em ambientes virtuais, pois nesses ambientes fazemos

usos de abreviações inexistentes na língua formal, pois podemos conversar com

mais de uma pessoa ao mesmo tempo, por isso precisamos ser rápido.

Vivemos em um mundo que está sendo totalmente transformado pela internet

e muita gente se comunica a maior parte do tempo de maneira virtual.

Segundo Levy,

A palavra virtual vem do latim medieval “virtualis”, derivado por sua vez de “virtus”, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe em potência e não em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado no entanto à concretização efetiva ou formal. A árvore está virtualmente presente na semente. (Levy, 1996. P.15)

E isso está presente no dia a dia, pois a maioria das pessoas se comunica

virtualmente todos os dias, seja trocando e-mails, lendo textos na tela do

computador ou até nos caixas eletrônicos dos bancos.

2.5. A linguagem virtual do chat

A palavra “chat” vem do inglês e significa conversa. Uma conversa entre duas

ou mais pessoas e que acontece em tempo real. Segundo Ferreira (2004) é “uma

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forma de comunicação através de rede de computadores (geralmente a Internet)

similar a uma conversação, na qual se trocam, em tempo real, mensagens escritas”.

Segundo Freitas (2006),

não se trata de uma conversação nos moldes tradicionais, ou seja, de uma conversação face a face, mas, como se sabe, de um projeto discursivo que se realiza só e através das ferramentas do computador via canal eletrônico mediado por um software específico. A dimensão temporal desse tipo de interlocução caracteriza-se pela sincronicidade em tempo real aproximando-se de uma conversa telefônica, porém, devido às especificidades do meio que põe os interlocutores em contato, estes devem escrever suas mensagens. (FREITAS, 2006. p. 46)

O chat apresenta uma linguagem simples e geralmente apresenta

abreviações nas palavras, muitas vezes essas abreviações não são existentes na

língua portuguesa, isso acontece porque a comunicação é como se fosse uma

conversação, sendo assim, bastante rápida.

2.6. O internetês

Uma nova forma de expressão, cheia de gírias, abreviaturas e palavras com

significado claro, mas escritas de forma diferente da norma culta, assim surge o

internetês. Uma linguagem que, muitas vezes só os internautas conseguem

entender, vem sendo construída, principalmente nas salas de bate papo, tornando a

língua quase que um código, uma forma de expressão e traz como essência a

simplicidade, simplificando palavras para que a comunicação se torne mais rápida.

As pessoas que se comunicam em salas de bate papo, tem uma linguagem

particular, criando-se assim uma variação linguística, muitas vezes assustando as

pessoas que não tem acesso a esse mundo virtual. Em ambientes de bate papo, os

emotions são muito utilizados, tratam-se de caracteres usados para representar

determinadas palavras nos chats.

Os emotions são símbolos usados para representar os sentimentos de quem

está falando e são muito usados pelos internautas. Eles são símbolos feitos através

de caracteres como <, >, -, :, eles são ícones ilustrativos que representam as

expressões faciais de uma pessoa.

A TABELA 1 mostra alguns emotions usados em alguns ambientes virtuais:

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TABELA 1 – Emotions

:) ou :-) Sorrindo

:( ou :- ( Triste

;) Piscadinha

:D Sorriso grande ou risada

:-/ Indeciso

:-P De língua de fora

x( Bravo

:-o Surpreso

b-) Legal

:-s Preocupado

#:-s Ufa!

>:) Diabólico

B-) Com óculos escuros

:-s Confuso

:,-( Chorando

:o ) Nariz de palhaço

:-@ Raiva

A abreviação de palavras é constante na internet.

Segundo Tajra (2002) “a internet tem proporcionado uma criação de uma

série de signos para o processo de comunicação”.

Assim Tajra (2002), sugere a seguinte lista:

“Alguém quer tc? (alguém quer teclar?)

De onde você tc? ( de onde você tecla?)

Kdvc? ( cadê você?)

E pelo jeito ker continuar assim... ( e pelo jeito quer continuar assim...)

Muito kietinho para meu gosto. ( quietinho)

...deixa um beijo meu pra ele, ok?...brigadim! (obrigado)

Tbemsou de Ubatuba. (também)

Caramba ke ki houve com esse povo hoje? Ta tudo mundo pirado?

Boa tarde........smackssssssssssssssss (beijos)

Eu naum......eu tô feliz (eu não)

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Ki ki tá pegando... o pessoal tá stressado??? /rssssssss

Eu como fikei na praia ate agora e tava uma dilicia... tode bom humor com

akele cansaço gostosinho de praia.... akelamolezinha....

Oi miga!!!!!!!!!!!Tdblzinha? (oi amiga, tudo belezinha?)”

Veja mais alguns exemplos na TABELA 2:

TABELA 2 – Abreviações da língua internetês

Vc Você

Msm Mesmo

Xeia Cheia

Naum Não

Ñ Não

Ksa Casa

Bjo Beijos

Migona Amiga

Mt Muito

Pq Porque

Fds Fim de semana

Bgd Obrigado

Pf Por favor

Add Adicionar

Tc Teclar

Akele Aquele

Td Tudo

Td Todo

Mto Muito

Fotux Fotos

Gnt Gente

Aki Aqui

Qdo Quando

Intaum Então

Dpnd Depende

20

Tbm Também

Tb Também

Ctza Certeza

Eskecer Esquecer

Xegar Chegar

Cmo Como

Blz Beleza

P/ Para

- Menos

+ Mais

Cmg Comigo

Qto Quanto

Kd Cadê

Flw Falou

T+ Até mais

Oq O quê

C Se

Vlw Valeu

Eh É

Qm Quem

Tah Tudo bem

Tou Estou

3.7. A influência da internet na escrita escolar

A internet possui uma forma própria de linguagem que aos poucos vem

influenciando a escrita dos jovens de hoje, apesar da maioria ter conhecimento da

nossa língua padrão. É necessário que o aluno saiba discernir quando utilizar essa

nova linguagem, separando o ambiente virtual do ambiente escolar.

A internet vem sendo utilizada cada vez mais pelas pessoas. Boa parte dos

jovens possuem acesso a ela, confirma Gasperetti (2011) “a Internet é a aldeia

global. Tudo está disponível em tempo real”.

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Os jovens estão conectados todo o tempo, principalmente nas redes sociais,

e é impossível não perceber que para alguns esse uso descontrolado se tornou

quase um vício.

Cabe aos pais e professores disputarem com a internet um pouco da atenção

do jovem, pois longe, na internet é uma palavra que não existe mais.

De acordo com Gasperetti (2011), o ciberespaço, isto é, a própria Internet, é

um mundo em que se pode viver uma outra forma de experiência virtual, paralela à

real, mas sempre de grande impacto emotivo, cultural e didático.

A internet vem sendo usada cada vez mais nas escolas, como uma

ferramenta pedagógica e que traz maior número de informações aos alunos e de

maneira mais rápida do que se fossem pesquisadas em livros, mas esse uso

constante e de forma desordenada e descontrolada pode estar causando vícios na

escrita dos alunos, que em bate-papos tendem a abreviar as palavras, muitas vezes

de maneira incorreta, causando uma confusão na memória na hora de transcrever

para o papel o que estão pensando.

A escrita está presente diariamente na vida do homem, se tornando

importante para a sua existência. Porém a evolução da escrita traz benefícios e

preocupações, principalmente em relação aos adolescentes, pois eles estão em fase

de amadurecimento e construção de sua personalidade.

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3. METODOLOGIA

O problema em estudo para essa pesquisa – a influência da linguagem virtual

na escrita de alunos do Ensino Fundamental – visa maior conhecimento da

linguagem escrita justamente com as possibilidades de se ter uma influência da

internet nessa escrita.

Segundo Lakatos e Marconi metodologia é

O conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros – traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões. (LAKATOS e MARCONI, 2001. p. 83)

A pesquisa foi realizada em uma escola estadual da Zona Rural, com os

alunos de 6º a 9º ano, ou seja, alunos dos anos finais do ensino fundamental, a

pesquisa foi realizada no período matutino com um total de 51 alunos, participaram

da pesquisa alunos que estavam na escola no dia da pesquisa, não sendo

entrevistados posteriormente os alunos que faltaram.

A coleta de dados foi realizada através de questionários (APÊNDICE A).

Os questionários são, de acordo com Cás (2008), “instrumentos de pesquisa

usados na coleta de dados” foram apresentados questionários com perguntas

abertas, fechadas e mistas.

O questionário aplicado continha 11 perguntas, das quais 04 foram perguntas

abertas, 05 foram perguntas fechadas e 04 foram perguntas de múltipla escolha.

Em cada sala foram necessários aproximadamente quinze minutos para que

os alunos pudessem responder os questionários.

Para um melhor entendimento do tema abordado fez-se uma pesquisa

bibliográfica, que é segundo Lakatos e Marconi (2001) aquela que “abrange toda

bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, com a finalidade de

colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado

sobre determinado assunto”.

Para uma melhor abordagem do problema analisado optou-se por uma

pesquisa básica, que segundo Cás (2008) “o pesquisador busca o saber, a

descoberta, as generalizações, a definição de leis ou de suas ampliações”.

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A abordagem feita foi qualitativa e quantitativa. De acordo com Cás (2008) na

pesquisa qualitativa o pesquisador trabalha com dados que possam ser medidos,

quantificados, mensurados ou dimensionados e na pesquisa quantitativa o

pesquisador trabalha com a diversidade de dados do objeto da pesquisa.

Também foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que segundo Cás (2008) é

uma pesquisa “resultante dos estudos sistemáticos, reflexivos e críticos sobre um

determinado assunto mediante consulta às fontes documentais (fontes primárias,

arquivos) e às fontes bibliográficas (fontes secundárias, bibliotecas)”.

O método usado foi o etnográfico, segundo Cás (2008) “o método etnográfico

é empregado para o estudo dos grupos raciais ou étnicos: levando-se em conta: a

origem e o habitat, os costumes e as ocupações, a cultura e a religião dos grupos

pesquisados”.

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4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

A pesquisa realizada na escola estadual escolhida contou com a participação

de 51 alunos dos anos finais do ensino fundamental, que foram divididos da maneira

como mostra a TABELA 3:

TABELA 3 – Quantidade de alunos 6º ano 7º ano 8º ano 9º ano

18 alunos 15 alunos 06 alunos 12 alunos

masculino Feminino Masculino feminino Masculino Feminino masculino Feminino

10 08 04 11 03 03 07 05 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Como podemos confirmar pelo GRÁFICO 1:

GRÁFICO 1 – Quantidade de alunos

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Na pesquisa foram abordadas perguntas sobre a internet e seu uso

relacionados com a escrita escolar. Os alunos pesquisados foram assim divididos:

25

35% dos alunos pesquisados eram do 6º ano, 29% eram do 7º ano, 12% eram do

8% ano e 24% eram do 9% ano.

A TABELA 4 nos mostra a relação dos alunos com a internet.

TABELA 4 – Acesso à internet

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Total

Sim 16 13 06 11 46

Não 02 02 0 01 05 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

De acordo com a TABELA 4, 46 alunos utilizam a internet, dado esse que

vem confirmado através do GRÁFICO 2, onde 93% dos alunos utilizam a internet e

apenas 7% não tem acesso. Dado esse que confirma que a maioria dos jovens tem

sim acesso a internet e que ela se faz presente no seu dia a dia.

GRÁFIC0 2 – Acesso à internet

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Podemos assim confirmar que a maioria dos alunos acessam a internet e que

o acesso é feito na mesma proporção, tanto no computador e quanto no celular, o

que confirma a TABELA 5:

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TABELA 5 – Utilização da internet

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Total

Computador 12 06 0 06 24

Celular 06 06 06 06 24

Nulo 01 01

Nenhum 02 02 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Pode-se observar através da TABELA 5 e do GRÁFICO 3 que a grande

maioria dos alunos (47%) acessam a internet através de dispositivos como:

computador e celular, 4% dos alunos não opinaram e 2% não se abstiveram da

questão, alegando não possuírem acesso à internet.

GRÁFICO 3 – Utilização da internet

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

De acordo com a pesquisa, quase a metade dos alunos acessa a internet

mais de 10 vezes por semana, como podemos confirmar pela TABELA 6 a seguir:

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TABELA 6 – Acesso à internet por semana

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Total

Nenhuma 01 02 0 01 04

01 vez 06 02 0 01 09

De 02 a 05 vezes 05 02 0 01 08

De 05 a 10 vezes 01 02 01 02 06

Mais de 10 vezes 05 07 05 07 24 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Analisando a TABELA 6 e o GRÁFICO 4, é perceptível um abismo sobre a

utilização da internet por parte dos alunos. Quase metade deles, (47%) possuem

acesso regular a internet, sendo mais de 10 vezes por semana, provavelmente

diário. Porém o número de alunos que utilizam apenas uma vez por semana ficou

em segundo lugar no total de acessos.

GRÁFICO 4 – Acesso à internet por semana

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

A TABELA 7 mostra quanto tempo os alunos gastam em um dia acessando a

internet seja no computador ou no celular.

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TABELA 7 – Tempo na internet

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Total

Menos de 01 hora 04 01 03 03 11

De 01 a 02 horas 11 04 02 05 22

De 02 a 03 horas 01 04 0 02 07

De 03 a 04 horas 01 02 0 01 04

Mais de 04 horas 01 02 01 01 05

Nenhum 02 02 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Em análise a TABELA 7 e o GRÁFICO 5, percebe-se que a grande maioria

dos alunos tem pelo menos uma a duas horas diárias de acesso a internet.

GRÁFICO 5 – Tempo na internet

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

A seguir, foram analisadas possíveis restrições aos alunos no uso da internet,

como mostra a TABELA 8:

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TABELA 8 – Restrição quanto ao uso da internet

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Total

Sim 12 07 0 03 22

Não 06 08 06 09 29 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Os dados analisados a partir da TABELA 8 e do GRÁFICO 6 a seguir afirmam

que 43% dos alunos têm algum tipo de restrição quanto ao uso da internet e 57%

não tem restrição nenhuma quanto ao uso da internet.

Aos alunos que disseram ter alguma restrição quanto ao uso da internet, foi

questionado qual era essa restrição e os alunos responderam que: os pais proíbem

o acesso a sites pornográficos, alguns pais não querem que os filhos fiquem muito

tempo, pois pode prejudicar a visão, outros por causa do aumento do valor na conta

de luz.

GRÁFICO 6 – Restrição quanto ao uso da internet

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

No item abordado na TABELA 9, vários alunos marcaram mais de uma opção

durante as pesquisas.

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TABELA 9 – Ferramentas usadas na internet

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Total

Email 01 02 05 01 09

Redes sociais 15 12 05 11 33

Chats 01 0 04 01 06

Messengers 03 02 04 02 11

Móbiles 03 05 06 0 14

Nenhum 02 02 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Como citado anteriormente, os alunos responderam esse item marcando mais

de uma opção, então vamos considerar para a análise dos dados a somatória

dessas marcações.

Em cada item foi citado alguns exemplos como Email (Hotmail, Gmail,

Yahoo), Redes Sociais (Facebook, Orkut, Myspace), Chats (Bate Papo Uol, Terra),

Messengers (MSN, ICQ, Facebook Messenger), Móbiles (Whatsapp, Wechat); em

uma das salas durante a pesquisa um aluno me questiona que estava faltando um

item, o Skype, e outro me disse que o exemplo Orkut, no item Redes Sociais estava

ultrapassado, que ninguém mais usava Orkut.

Sendo assim o GRÁFICO 7 nos mostra como fica a porcentagem de

utilização dessas ferramentas.

GRÁFICO 7 – Ferramentas usadas na internet

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

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É possível perceber que a grande maioria dos alunos (57%) se interessam

por redes sociais como o Facebook, por exemplo. Logo após o acesso a softwares

móbiles, como o Whatsapp e Wechat; messengenrs, como MSN; email, como o

Hotmail e Yahoo; e chats, como bate papo UOL ou Terra.

A seguir, a TABELA 10 mostra a quantidade de alunos que afirma não usar a

mesma linguagem na internet e na escola.

TABELA 10 – Linguagem da internet é a mesma da escola

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Total

Sim 05 01 0 01 07

Não 13 14 06 11 44 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Conforme o GRÁFICO 8, 86% dos alunos afirma não utilizar a mesma

linguagem na internet e nas atividades escolares, já 14% diz que utiliza a mesma

linguagem.

GRÁFICO 8 – Linguagem da internet é a mesma da escola

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

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E assim a maioria também afirma que a linguagem da internet não atrapalha

em nada as suas atividades escolares, pois eles sabem diferenciar essas linguagens

e fazer o uso correto delas, como mostra a TABELA 11:

TABELA 11 – Linguagem da internet atrapalha atividades escolares

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Total

Sim 02 01 0 01 04

Não 16 14 06 11 47 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

O GRÁFICO 9 confirma que 92% dos alunos afirma que a linguagem virtual

não influencia sua escrita na escola.

GRÁFICO 9 – Linguagem da internet atrapalha atividades escolares

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

A maioria dos alunos afirma ter o hábito de simplificar as palavras quando

está digitando palavras no computador e nos celulares, principalmente quando está

conversando com alguém e declara que faz isso por ser mais rápido e mais prático,

assim sua comunicação se faz de forma mais veloz e a mensagem pode ser

transmitida de maneira mais rápida.

33

A linguagem culta é a linguagem padrão que é ensinada na escola e que deve

ser aplicada nas atividades escolares, nas redações e em avaliações de concursos,

então foi perguntado aos alunos se eles têm dificuldades para escrever usando a

linguagem culta e a maioria afirma que não, como mostra a TABELA 12:

TABELA 12 – Dificuldade para escrever na linguagem culta

6º ano 7º ano 8º ano 9º ano Total

Sim 03 02 01 02 08

Não 15 13 04 10 42

Nenhum 01 01 Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

Os alunos que marcaram que têm dificuldades para escrever na linguagem

culta citam que suas dificuldades são quanto à acentuação, pontuação e ortografia

de algumas palavras e não em simplificar as palavras da maneira que simplificam

em bate-papos na internet. De acordo com o GRÁFICO 10, esses alunos totalizam

82% sem dificuldades com a língua culta, 16% com dificuldades com esse tipo de

escrita e 2% não responderam.

GRÁFICO 10 – Dificuldade para escrever na linguagem culta

Fonte: Alunos dos anos finais do ensino fundamental da escola pesquisada.

34

Ao final da pesquisa foi solicitado aos alunos pesquisados que dessem uma

sugestão para que as simplificações de palavras utilizadas na internet não

atrapalhem o aluno na sala de aula e as mais citadas foram:

Prestar atenção na hora de escrever.

Não abreviar as palavras.

Usar abreviações somente quando necessário.

Estudar ortografia.

Ao término da pesquisa e com todos os dados analisados, constata-se que a

maioria dos alunos pesquisados possuem acesso a internet, confirmando o que

Tajra (2002) diz ser uma verdadeira explosão de computadores ligados à rede.

Ainda afirma Tajra (2002) que “a internet tem proporcionado uma criação de uma

série de signos para o processo de comunicação”, muitos alunos estão fazendo uso

das abreviações do internetês. Porém a maioria dos alunos afirmam que essa nova

variação de linguagem não os atrapalha na escrita, nem influenciam de maneira

incorreta suas atividades escolares ou na hora de escrevem textos.

35

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após todo esse estudo, podemos perceber que o uso da internet se faz

praticamente de maneira diária na vida dos alunos, mas o uso dessa nova

linguagem virtual, denominada internetês, segundo a maioria, está se fazendo nos

bate-papos e nas redes sociais da internet e não tem influenciado os alunos em

suas produções textuais escolares.

Mas para que as abreviações usadas no internetês não atrapalhem a vida

escolar dos alunos, eles devem estar atentos à escrita, fazer uso de abreviações

somente quando necessário e se necessário fazê-las de modo correto, estar sempre

em contato com as regras de ortografia para que tenha melhor desempenho em

suas atividades escolares.

Assim deve-se ensinar aos alunos a linguagem culta, com todas as suas

regras e formas de uso, para que o aluno não se perca quando for escrever e saiba

distinguir o que é correto usar em textos e redações escolares.

Podemos ainda perceber que existe uma grande diferença entre os alunos

que têm acesso à internet e os que não têm, e que a escola pública ainda deve

melhorar muito quanto a utilização da internet nas aulas, pois os alunos que têm

maior acesso à internet, possivelmente são aqueles que se destacam mais.

Para que os alunos estejam bem orientados, os professores devem elaboram

aulas explicativas e expositivas, mostrando o internetês como uma variante da

língua padrão, mas que assim como as outras linguagens variantes não se deve e

não se pode ser usada nas atividades escolares.

36

REFERÊNCIAS

CÁS, Danilo da.Manual teórico – prático para a elaboração metodológica de trabalhos acadêmicos.São Paulo: Jubela Livros, 2008. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa.3. ed. Curitiba: Positivo, 2004. FREITAS, Maria Teresa de Assunção; COSTA, Sérgio Roberto; Leitura e escrita de adolescentes na internet e na escola. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. GASPERETTI, Marco. Computador na educação: guia para o ensino com as novas tecnologias. São Paulo: Editora Esfera, 2011. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2001.

LÁZARI, Marli Assunção de Oliveira. Linguagem. Disponível em:

<http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/conversando-sobre-linguagem-na-

escola-construindo-htm:>. Acesso em: 05 de setembro de 2013.

LÉVY, P. O que é o virtual? Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2010. MARQUES, Cristina P. C.; MATTOS, M. Isabel l.; TAILLE, Yves de la. Computador e ensino. São Paulo: Ática, 1986.

RODRIGUES, Vinícius. A origem da internet. Disponível em:

<http://www.grupoescolar.com/pesquisa/a-origem-da-internet.html>. Acesso em: 24

de agosto de 2013.

TAJRA, Sanmya Feitosa. Internet na educação: o professor na era digital. São Paulo: Érica, 2002. TANEBAUM, Andrew S.; WETCHERALL, David.Tradução Daniel Vieira. Revisão Isaías Lima. Redes de computadores.5.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

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APÊNDICE A - Questionário para realização de pesquisa para elaboração da monografia “Influência da linguagem virtual na escrita de alunos do ensino

fundamental”

Sexo do aluno: ( ) Masculino ( ) Feminino

Série:___________________________________________________________

Escola: _________________________________________________________

1. Você possui acesso a internet?

( ) sim ( ) não

2. Qual a forma que você mais utiliza a internet?

( ) Computador/Notebook

( ) Celular

( ) Outros. Qual?____________________

3. Quantas vezes por semana você acessa a internet?

( ) nenhuma

( ) 01 vez

( ) de 02 a 05 vezes

( ) de 05 a 10 vezes

( ) mais de 10 vezes

4. Quando está acessando a internet você fica conectado por quanto tempo?

( ) menos de 01 hora

( ) de 01 a 02 horas

( ) de 02 a 03 horas

( ) de 03 a 04 horas

( ) mais de 04 horas

5. Seus pais lhe dão alguma restrição quanto ao uso da Internet?

( ) sim ( ) não

Se a resposta for sim, quais são as restrições?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

6. Você usa na internet a mesma escrita que utiliza em sala de aula?

38

( ) sim ( ) não

7. Quais ferramentas disponíveis na internet, você utiliza?

( ) Email (Exemplo: Hotmail, Gmail, Yahoo)

( ) Redes Sociais (Exemplo: Facebook, Orkut, Myspace)

( ) Chats (Exemplo: Bate PapoUol, Terra)

( ) Messengers (Exemplo: MSN, ICQ, Facebook Messenger)

( ) Mobiles (Exemplo: Whatsapp, WeChat)

8. Você tem o hábito de simplificar as palavras quando está digitando palavras

no computador? Caso positivo, por qual o motivo você faz uso das palavras

simplificadas?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

9. Essa linguagem diferenciada utilizada na internet o atrapalha em atividades

escolares?

( ) sim ( ) não

10. Você sente alguma dificuldade no momento de compor textos ou responder a

atividades que deveriam ser escritas com a linguagem culta?

( ) sim ( ) não

Se a resposta for sim, quais são as dificuldades?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

11. Qual sua sugestão para que as simplificações de palavra utilizadas na internet

não atrapalhem o aluno na sala de aula?

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

39

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIMENTO

A pesquisa, intitulada “Influência da linguagem virtual na escrita de alunos do

ensino fundamental”, é um trabalho monográfico que será desenvolvido através de

perguntas que serão transcritas e analisadas na pesquisa.

A graduanda Leila de Araujo Penido, apoiada pela prof.ª Cristina Mara França

Pinto Fonseca, professora da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM, são as

responsáveis por esta pesquisa.

Eu, __________________________________________________________,

diretora da Escola __________________________________________ autorizo a

pesquisa a ser realizada com os alunos do ensino fundamental II, declaro ainda que

recebi informações de forma clara e detalhada a respeito dos objetivos e da forma

como eles participarão desta investigação, sem serem coagidos a responder

eventuais questões por eles consideradas de menos importância ou

constrangedoras. A minha assinatura neste Termo autoriza os pesquisadores a

utilizar e divulgar os dados obtidos, sempre preservando a minha privacidade e a

privacidade dos alunos, bem como a de pessoas ou instituição eventualmente

citadas. Declaro que recebi a cópia do presente Termo de Consentimento Livre

Esclarecimento e que o mesmo foi suficientemente esclarecido pelos pesquisadores.

Pará de Minas, __________ de ________________ de 2013.

___________________________ _________________________________

Graduanda Diretora da escola

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