A IMPORTÂNCIA DO ATO DE PLANEJAR E AVALIAR PARA O … · constitui uma orientação segura tanto...
Transcript of A IMPORTÂNCIA DO ATO DE PLANEJAR E AVALIAR PARA O … · constitui uma orientação segura tanto...
A IMPORTÂNCIA DO ATO DE PLANEJAR E AVALIAR PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
SOUZA, Ana Scolaro de1
PERIN, Conceição Solange Bution2
Resumo Este artigo tem o objetivo de apresentar os resultados dos estudos realizados no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, ofertado pela Secretaria de Estado de Educação do Estado do Paraná. O estudo analisou sobre as dificuldades apresentadas pelos professores sobre o planejamento e a avaliação, ou seja, procuramos analisar o processo de planejar e avaliar nas suas diferentes formas de interpretações teóricas e metodológicas e a prática que é desenvolvida no dia a dia dos trabalhos escolares. Para tanto, o estudo permeia o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola confrontando-o com o planejamento que está sendo realizado e com a forma avaliativa que é praticada pelos educadores no processo ensino/aprendizagem. Logo, essa análise leva ao objetivo de fazer com que os professores compreendam sobre a importância desse processo e saibam como tomar decisões coerentes e consistentes que estejam relacionadas ao ensinar e aprender, bem como, repensarem a prática de planejar e avaliar que estão aplicando no cotidiano escolar, e, se necessário, rever os instrumentos e critérios utilizados. Assim, para fundamentar o nosso trabalho, a pesquisa dialogará com alguns autores que tratam sobre essa questão, para assim, podermos apresentar algumas orientações e reflexões sobre o Planejamento e a Avaliação da aprendizagem escolar. Compreendemos que este é o processo que envolve o conhecimento de como, porque e para que avaliar, para que na prática ocorra a diferença no ensino e na aprendizagem, a fim de, realmente, produzir o conhecimento. Desse modo, entendemos que o planejar e o avaliar são, necessariamente, que precisam de embasamento teórico para a prática, de maneira que, o educador possa unir a teoria e a prática qulitativamente.
PALAVRAS CHAVE: Planejamento; Avaliação; Conhecimento; Ensino/ Aprendizagem.
1 Professora Pedagoga QPM do Colégio Estadual Princesa Izabel – EFM, professora PDE pela UNESPAR –
Campus de Paranavaí. E-mail: [email protected]
2 Doutora pela UEM, Docente e Orientadora pela UNESPAR – Campus de Paranavaí no Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE. e-mail: [email protected]
1 INTRODUÇÃO Este artigo é resultado de um estudo sobre Planejamento e Avaliação desenvolvido
pelo Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE , ofertado pela Secretaria
Estadual da Educação do Estado do Paraná – SEED, tendo como parceira a
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR, Campus de Paranavaí. Com os
estudos e pesquisas pudemos analisar sobre a importância e a necessidade do
planejamento e da avaliação para o êxito do processo do ensino e da aprendizagem.
Entendendo que esse estudo poderia auxiliar os educadores na sua prática
cotidiana, propomos elaborar um material didático que seria usado na intervenção,
ou seja, na Implementação Pedagógica da Escola junto aos professores do Colégio
Estadual Princesa Izabel, Ensino Fundamental e Médio.
Compreendendo que planejar e avaliar são indispensáveis para o sucesso do
processo de ensino e aprendizagem, e que as mesmas são questões históricas e
tratadas em vários momentos de transição, consideramos que realizar uma análise
sobre o planejamento e a avaliação, hoje, seria essencial para compreendermos
melhor a relação existente entre a teoria e a prática realizada nas escolas.
Considerando ainda que avaliar e planejar são aspectos complexos no trabalho
docente, sentimos a necessidade de um estudo fundamentado e uma análise sobre
a prática constante. Assim, para um embasamento teórico da nossa discussão,
citamos que:
Produzir bons e adequados instrumentos para coletar dados na avaliação da aprendizagem dos nossos educandos, sem subterfúgios, sem enganos, sem complicações desnecessárias, sem armadilhas, significa preparar uma avaliação intencional e bem planejada. (2º encontro, grupos de estudos, DEB, 2008).
Percebemos muitas vezes, que a avaliação da aprendizagem escolar para o
educando, é um sofrimento. Isto porque, para ele, os objetivos a serem alcançados
não ficam claros e isso faz com que não se preocupem com a essência do conteúdo
e sim com a mera resolução de atividades imediatas, sem perceber como este será
aplicado nas situações do dia a dia.
Para tratar sobre essa questão, a pesquisa se centrará sobre o ato de planejar e de
avaliar, a fim de poder contribuir com os educadores do Colégio acima citado e
considerar que o despertar interesses pelo assunto, favorecerá aos educadores
meios que possibilite seu trabalho, junto aos educandos, cada vez mais eficaz e
significativo. Entendemos que só com um processo de planejamento e de avaliação
de qualidade é que favorecerão o ensino e a aprendizagem a alcançarem
resultados eficientes.
Nesse sentido, essa pesquisa visou estudar meios que pudessem esclarecer, aos
educadores, que para o bom resultado do processo de ensino e de aprendizagem é
preciso uma organização curricular, um planejamento eficaz e uma Avaliação
transparente. Considerando ainda que, para esse resultado é necessário o
comprometimento entre educador/educando sobre o método de avaliação e quais os
Instrumentos e Critérios que serão utilizados, ou seja, o processo deve ser claro e
adequado à aprendizagem dos conteúdos estudados.
2 ALGUMAS CORRENTES OU TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS QUE
INFLUENCIARAM E INFLUENCIAM ATÉ HOJE A EDUCAÇÃO
O tema planejamento e avaliação, objeto de estudo do projeto da escola, foi
elaborado de forma que professores, direção e equipe pedagógica organizaram-se
para uma reflexão crítica sobre a questão. Questão esta que incluiu estudos e
leituras críticas das diferentes formas de planejar e avaliar dentro de correntes e
tendências pedagógicas. Libâneo afirma que “A prática escolar, assim, tem atrás de
si condicionantes sociopolíticos que configuram diferentes concepções de homem e
sociedade” (LIBÂNEO, 1990, p. 19)
Para iniciar a nossa discussão, faremos uma breve contextualização sobre as
tendências pedagógicas e a sua representatividade em cada momento histórico.
Segundo a estudiosa, educadora Sandra Mara Corazza: “Teorizar sobre a prática
implica em ir além das aparências imediatas, já que os sujeitos refletem, discutem e
estudam criticamente o tema problematizado, buscando a essência dos fenômenos
anteriormente percebidos” (CORAZZA, 1991, p. 88).
Na pedagogia tradicional, a escola tem a função de transmitir o saber, sendo tarefa
do educador “[...] fazer com que o educando atinja a realização pessoal através de
seu próprio esforço [...]” (MENDONÇA, disponível em:
http://www.mp.gov.br/drogadicao/htm/med2art02.htm. Acesso em 04 abr, 2011).
O saber a ser transmitido pelo professor deve ser aquele que é considerado um
saber ideal na formação do homem. Na formação intelectual não é levado em conta
a contextualização da realidade social enfatizando os estudos baseados em
biografias dos grandes mestres e também nos clássicos. Nesta pedagogia o
professor é o centro e tem a função de transmitir os conteúdos. O relacionamento do
professor com o aluno é autoritário, onde o professor ensina e o aluno aprende
(obedece). Assimila tudo passivamente, sem questionamentos, isto porque para a
pedagogia tradicional o professor é o detentor do saber e a aprendizagem acontece
automaticamente por meio da memorização. O principal método de ensino é a
exposição de conteúdos pelo professor. A avaliação da aprendizagem é realizada
através de provas orais e escritas e tarefas de casa às quais eram atribuídas notas
pelo professor. Essa pedagogia, mesmo que inconsciente, ainda é muito utilizada
hoje, em escolas públicas e particulares. Isto porque, esta pedagogia deixou marcas
muito forte na história da educação brasileira. Embora ela sofra muitas críticas nos
dias de hoje não podemos negar a sua contribuição para a formação da
personalidade do cidadão, dos valores necessários para o fortalecimento do caráter
do ser humano e para o respeito que todos devem ter pelo outro. Como diz a
professora Saleti Hartmann em seu texto “A educação brasileira vista por outro
ângulo”:
O mundo da Educação Tradicional viu passarem duas guerras mundiais, viu os costumes e valores sendo transformados da noite para o dia e preparou-se para formar pessoas de caráter forte e objetivos determinados. A educação não pôde ser “light”, porque os tempos não eram suaves. (HARTMANN, 2008).
Sabemos que para cada tempo, para cada momento de vida histórica do cidadão
existem procedimentos diferenciados, estratégias próprias às quais condizem com a
realidade atual. Assim se constrói a história da humanidade. Podemos então afirmar
que cada experiência vivida pelas diferentes tendências educacionais foi válida para
determinado momento histórico que vivemos.
A pedagogia Renovada, chamada também de pedagogia da Escola Nova
desenvolve-se no Brasil na década de 30, sendo um de seus principais princípios
pedagógicos, o respeito às características individuais do aluno e à sua
personalidade. Nela o professor deixa de ser o centro das atividades pedagógicas e
passa a ser um facilitador da aprendizagem, alguém que colabore com o
desenvolvimento da personalidade do aluno. Deveria utilizar inúmeras técnicas de
aprendizagem adequadas ao grau de desenvolvimento e a idade do aluno. A
participação ativa do aluno foi considerada fundamental nesse processo de ensino e
aprendizagem.
Diante desse novo modo de ensinar e aprender, na avaliação o professor usa
técnicas diversificadas, e não mais as provas orais e escritas. Estas foram
substituídas por debates entre alunos, seminários, pesquisas com relatórios, murais
pedagógicos entre outros. Esta pedagogia, para sua manutenção, exigia um alto
custo financeiro, por isso ela não deu conta de atender a todos.
Na pedagogia Tecnicista, o papel da escola é modelar o comportamento humano
para atuar de acordo com a necessidade do sistema capitalista. Nesta perspectiva, a
escola é responsável em aperfeiçoar a ordem social onde está inserida e manter
articulações com o sistema produtivo. Os conteúdos de ensino são apenas
informações da ciência objetiva dispensando qualquer aparência de subjetividade.
Os métodos são procedimentos e técnicas que assegurem a transmissão e
assimilação das informações.
Nesta pedagogia, o relacionamento do professor/aluno tem papeis bem definido: o
professor é responsável pela transmissão da matéria enquanto o aluno assimila e
fixa as informações recebidas.
Entendemos então, que o professor é um simples elo entre a verdade científica e o
aluno, não havendo envolvimento emocional entre eles. Dermeval Saviani, em sua
obra Escola e Democracia afirma que:
Na Pedagogia Tecnicista, o elemento principal passa a ser a organização racional dos meios, ocupando o professor e o aluno posição secundária, relegados que são à condição de executores de um processo cuja
concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos, imparciais (SAVIANI, 2008, p. 13).
Vale ressaltar que o objetivo dessa pedagogia era preparar o homem para o mundo
do trabalho deixando os conteúdos educacionais fragmentados, pois, o que
importava era apenas a produção industrial, atendendo aos interesses da sociedade
capitalista. Desse modo, o tecnicismo negava tudo que determinava o bem social
tendo como princípio a neutralidade científica distanciando-se assim o planejamento
da prática educativa.
De acordo com a pedagogia Dialética, a escola tem a função de promover a
transmissão e a compreensão dos conteúdos sistematizados, ou seja, conteúdos
científicos. Saviani, ao correlacionar a teoria dialética do conhecimento com a
correspondente metodologia de ensino-aprendizagem, diz que:
[...] o movimento que vai da síncrese (“a visão caótica do todo”) à síntese (“uma rica totalidade de determinações e de relações numerosas”) pela mediação da análise (“as abstrações e determinações mais simples”) constitui uma orientação segura tanto para o processo de descobertas de novos conhecimentos (o método científico) como para o processo de transmissão-assimilação de conhecimentos (o método de ensino) (SAVIANI, 1999, p.83).
Nessa pedagogia, o centro do ato pedagógico é: professor e aluno num respeito
mútuo. Os métodos de ensino não trazem mais a ação autoritária ou exposição
dogmática do professor nem a livre investigação pelo aluno, mas se utilizam de
várias formas de ensinar e aprender: problematizam temas, fazem leituras críticas
com exposição aberta pelo professor. Quanto a esse aspecto o estudioso João Luiz
Gasparin pondera que:
Essa metodologia dialética do conhecimento perpassa todo o trabalho docente-discente, estruturando e desenvolvendo o processo de construção do conhecimento escolar, tanto no que se refere à nova forma de o professor estudar e preparar os conteúdos e elaborar e executar seu projeto de ensino, como às respectivas ações dos alunos. A nova metodologia de ensino-aprendizagem expressa a totalidade do processo pedagógico, dando-lhe centro e direção na construção e reconstrução do conhecimento. Ela dá unidade a todos os elementos que compõem o processo educativo escolar. (GASPARIN, 2003, p.5)
Em função disso, percebe-se que a relação/professor aluno é cordial, pois convivem
num ambiente de respeito e solidariedade. O professor passa a ser um orientador
amigo que se preocupa com o desenvolvimento integral do aluno. Por esta razão a
avaliação na pedagogia Dialética se preocupa com as diversas faces do processo
pedagógico procurando desenvolver no aluno o senso crítico e a criatividade.
Após uma breve análise sobre as tendências pedagógicas que fizeram, ou de certa
forma ainda fazem parte da educação no Brasil, é necessário refletir sobre a
importância de planejar, entendendo que para o nosso estudo o planejar e o avaliar
estão totalmente relacionados:
3 A IMPORTÂNCIA DE PLANEJAR
Para que a aprendizagem aconteça e que o processo de avaliação seja eficaz é
necessário que haja planejamento. Planejar bem para avaliar bem, significa que todo
trabalho deve ser planejado com qualidade. Porém, para tanto, sabemos que é
necessário traçar metas e que, como uma das principais metas são os objetivos, que
devem estar claros, assim como o desenvolvimento das ações para atingi-los “A
avaliação da aprendizagem deve ser um ato amoroso e acolhedor”. (LUCKESI:
2005, p. 172)
Diante de tudo isso, precisamos entender: O que é planejamento? O que planejar?
Para que planejar? E quando planejar? Ângelo Dalmás em sua obra Planejamento
Participativo na Escola coloca que:
O planejamento relaciona-se com a vida diária do homem. Vive-se planejando. De uma forma ou de outra, de uma maneira empírica ou científica, o homem planeja. Algum grau de planejamento é, e tem sido, conatural a toda atividade humana. Sempre que se buscam determinados fins, relacionam-se alguns meios necessários para atingi-los. Isto de certa forma é planejamento (DALMÁS, 1994, P. 23).
Dessa forma, planejar é o ato de organizar ações a fim de que estas sejam bem
elaboradas e aplicadas com eficiência, para cada momento em que se age ou com
quem se age. Por isso, para planejar bem é necessário conhecer para quem se está
planejando, no caso, o professor conhecer a turma que trabalha e mais, o aluno com
quem trabalha. Quanto mais se conhece, melhor se planeja. “Pelo planejamento, o
homem organiza e disciplina a ação, tornando-a mais responsável, partindo para
ações, partindo sempre para ações mais complexas, produtivas e eficazes”
(DALMÁS, 1994, P. 23).
Por isso entendemos que, para que haja planejamento são necessárias ações
organizadas entre si, às quais correspondem ao desejo de alcançar resultados
satisfatórios em relação aos objetivos traçados. Em relação a isso Flávia Maria
Sant’Ana afirma que:
Planejamento de ensino, por si só, não constitui uma fórmula mágica para resolver todos os problemas. O esforço do professor, aliado a um adequado planejamento de ensino, promove uma atmosfera de trabalho que se pode chamar de metódica, onde é visível reconhecer as diferentes situações e enfrentar com maior segurança circunstâncias extraordinárias (SANT’ ANA, 1986, P. 24).
Nesse caso, pode-se afirmar que uma aprendizagem significativa resulta de uma
educação de qualidade e afirmamos também que a verdadeira educação de
qualidade só se faz com a construção do conhecimento. Em função disso a
educadora Flávia Maria Sant’Ana ressalta que:
Os professores, para efetivarem com propriedade seu trabalho, necessitam realizar uma previsão básica da ação a ser empreendida. Isto os levará a refletir sobre o seu ensino e, numa constante busca de aprimoramento, atingir estágios mais significativos, onde o entusiasmo pelo seu trabalho será um dos mais alentadores incentivos. É no desafio de sua tarefa que encontrará estímulo para seguir atuando junto ao grupo de alunos (SANT ‘ANA, 1986, P. 24).
De acordo com a autora o planejamento é dividido em três etapas: A primeira etapa
é a preparação ou estruturação do plano. Nesta etapa são previstos todos os
passos, tudo o que vai ser trabalhado. Isto é, determina os objetivos a serem
alcançados, selecionam os conteúdos necessários para atingir esses objetivos, as
estratégias que serão utilizadas no decorrer do trabalho para que os objetivos sejam
atingidos.
Após a elaboração ou estruturação do plano acontece a segunda etapa que é o
desenvolvimento do plano. Nesta etapa, as ações que foram organizadas durante a
elaboração do planejamento são colocadas em prática. Vale ressaltar que é com o
desenvolvimento das ações que acontece a aprendizagem. Com um trabalho
gradativo e constante por parte do professor, faz com que o aluno construa seu
conhecimento ou, transforme o seu conhecimento do senso comum em um
conhecimento organizado e sistematizado.
A terceira etapa é a do aperfeiçoamento. Esta etapa envolve a verificação para
perceber até que ponto os objetivos traçados foram alcançados. Neste momento de
avaliação é que se fazem os ajustes na aprendizagem de acordo com os acertos
dos alunos e as necessidades dos mesmos.
Apresentaremos a seguir uma representação gráfica do plano de ensino para uma
melhor visualização e compreensão do todo:
Fonte: SANT ANA, 1986, p 26.
4 A AVALIAÇÃO A SERVIÇO DA APRENDIZAGEM
Pensar em avaliação, ainda hoje, é pensar em resultados, é atribuir valores, é
perceber a totalidade da aprendizagem que alunos obtêm em determinados níveis
de ensino ou séries. Não é difícil encontrar educadores que ainda só avalia para
verificar a aprendizagem final do processo deixando de se preocupar com os
avanços ou progressos contínuos dos alunos. Neste contexto Zabala diz que:
Basicamente, a avaliação é considerada como um Instrumento sancionador e qualificador, em que o sujeito da avaliação é o aluno e somente o aluno e o objeto da avaliação são as aprendizagens realizadas segundo certos objetivos mínimos para todos. (ZABALA, 1998, p. 195).
O processo de avaliação tem como princípio norteador a verificação dos
conhecimentos adquiridos, que possibilitem ao educando compreender o mundo
onde ele vive. Apropriar-se de informações, estudar, pensar, refletir e dirigir suas
ações são necessidades impostas no contexto histórico da humanidade, indiferente
da ligação com o ambiente escolar.
O educando deve ser sujeito da aprendizagem e sentir prazer em demonstrar o que
aprendeu. Caso contrário, o processo avaliativo o excluirá ainda mais do processo
de ensino e aprendizagem. Ele não pode ver a avaliação como uma punição, e sim
como um instrumento que consegue lhe mostrar até o ponto que conseguiu avançar
o caminho que ainda deve percorrer.
Portanto, definir instrumentos e critérios para avaliar os conteúdos estudados pode
deixar o educando mais confiante e ao mesmo tempo com uma maior segurança
daquilo que está buscando ou construindo. Diante dessa circunstância Cipriano
Carlos Luckesi afima que:
O ato de avaliar, devido estar a serviço da obtenção do melhor resultado possível, antes de mais nada, implica a disposição de acolher.Isso significa a possibilidade de tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela satisfatória ou insatisfatória, agradável ou desagradável, bonita ou feia. Ela é assim, nada mais. Acolhê-la como está é o ponto de partida para se fazer qualquer coisa que possa ser feita com ela. Avaliar um educando implica, antes de mais nada, acolhe-lo no seu ser e no seu modo de ser, como está, para, a partir daí, decidir o que fazer. (LUCKESI, revista Pátio, 2000)
A relação professor x educando, é um ato significativo neste aspecto. Pois,
dependendo da maneira como ele é acolhido e aceito pelo professor, implicará na
confiança que terá nele. “A avaliação da aprendizagem não é e não pode continuar
sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e submete a todos”. (LUCKESI,
2010).
Para que isso não aconteça o professor e o aluno devem estar sempre em sintonia
um com o outro, tendo como objetivo comum a aprendizagem; ou seja, o domínio
dos conteúdos.
“Ensinar exige respeito à autonomia do educando.” (FREIRE, 1996, p. 59) Onde há
acolhimento e respeito em relação ao educando, o fator aprendizagem torna-se mais
consistente, pois é a partir daquilo que se conhece que se pode ter como ponto de
partida para um crescimento maior.
Ninguém pode julgar o que não conhece e é pela aceitação e acolhimento do
educando como ele é que se podem trabalhar as suas necessidades, ajudando-o a
superá-las.
“Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática.” (FREIRE: 1996 p. 38) A prática
educativa do professor deve partir sempre do ponto de vista da necessidade do
educando. A avaliação dessa prática deve estar vinculada à essência do
conhecimento transmitido pelo professor e/ou que deveria ser assimilado pelo
educando. “A avaliação deverá verificar a aprendizagem não a partir dos mínimos
possíveis, mas sim a partir dos mínimos necessários” (LUCKESI, 2005, p.44).
Partindo desse pressuposto, a transparência da avaliação leva aos seguintes
questionamentos: Os instrumentos de avaliação usados foram adequados aos
conteúdos trabalhados? Os critérios eram claros durante o Processo de ensino e
aprendizagem? Para o educando, estava claro o que, e para que estivesse
estudando determinado conteúdo? Qual seria a utilidade do mesmo no seu dia a
dia? Por essa razão é que no PTD (Plano de Trabalho Docente), deve estar bem
claro o que se pretende com o conteúdo em questão e quais os instrumentos que
serão utilizados para avaliá-los. Depois do diagnóstico, o que fazer com o resultado?
Seja ele positivo ou negativo, o que fazer? Não se avalia por avaliar. Ao avaliar a
aprendizagem do educando, o professor deve ter um objetivo a alcançar, e, de
posse do resultado, deve replanejar suas ações visando melhor resultado, isso com
muito amor e comprometimento com o ato de ensinar. A avaliação deve fazer parte
da aula do professor de uma maneira contínua, porque é no acompanhamento diário
do desenvolvimento do aluno que se percebe em quais aspectos e quando se faz
necessário a intervenção do professor para os ajustes na aprendizagem.
5 CONSELHO DE CLASSE: UM MOMENTO DE AVALIAÇÃO. SIM OU NÃO?
Um momento importante para a avaliação é o Conselho de Classe. Pois, o Conselho
de Classe é também um ato avaliativo desde que suas estratégias estejam voltadas
para a busca de alternativas relevantes, organizadas e planejadas para a melhoria e
aperfeiçoamento do processo educativo. Ele deve apontar as necessidades de
mudanças, principalmente às que se referem a produção do conhecimento pois “[...]
deve-se avaliar para mudar o que tem que ser mudado [...]” (VASCONCELLOS,
2005, P. 89).
No Conselho de Classe avalia-se a aprendizagem do aluno, o desempenho dos
professores, a organização do currículo e tudo que se refere ao processo ensino e
aprendizagem, para que se possa perceber ou melhorar aquilo que, por ventura, não
seja favorável ao desenvolvimento do processo de ensino. Portanto é necessário
que enquanto o desenvolvimento do aluno é observado, o professor também se auto
avalie a fim de mudar determinadas estratégias por outras mais adequadas ao
processo de ensino.
O conselho de Classe, enquanto instrumento de avaliação, requer que os alunos estejam sendo constantemente observados pelos professores e demais especialistas que compõem os profissionais da instituição de ensino. Para isso a avaliação deve ser contínua, pois todo o dia, toda a semana, até o final do semestre ou ano, cada aluno deve estar sendo percebido pelos professores que trabalham com ele. Ao observar, diagnosticar e registrar, saberes estão sendo extraídos sobre cada aluno de forma a enquadrá-lo dentro de uma determinada categoria de desenvolvimento que define alvos a serem alcançados por todos. (http:/pt.wikipedia.org/wiki/Conselho de classe, 2011, p.2).
Para a eficácia do Conselho de Classe é necessário uma observação contínua por
parte dos professores e equipe pedagógica sobre os alunos. Esta observação
contínua faz com que todos os envolvidos tenham conhecimento suficiente e dê
suporte às discussões, para que, juntos encontrem possíveis soluções para sanar as
dificuldades existentes.
Partindo desse pressuposto, o Conselho de Classe não se articula por si só e sim
num conjunto de ações ligadas entre si. Assim podemos afirmar que Planejamento,
Avaliação e Conselho de Classe são ações interligadas, que se complementam
porque o Conselho de Classe não deixa de ser uma ação avaliativa do processo
educativo anteriormente planejado, avaliado e, finalmente reavaliado e replanejado
para a concretização do processo de ensino e aprendizagem.
Desse modo, afirmamos que a avaliação da aprendizagem escolar deve ser
contínua, durante todo o processo, isto porque, a aprendizagem acontece quando há
envolvimento de todos, isto porque a avaliação deve ser usada para direcionar o
caminho que foi e, a ser percorrido pelos alunos e direcionado pelo professor
durante o processo de ensino e aprendizagem para que possa haver retomada de
conteúdos sempre que necessário para que a aprendizagem seja significativa.
No entanto, sabendo que a avaliação da aprendizagem escolar é um dos maiores
problemas da educação e, percebendo também a dificuldade em entender que o
processo de planejar bem para bem avaliar é o caminho que leva o aluno aprender e
que muitas vezes se faz necessário reorganizar ou até mesmo mudar totalmente as
estratégias de trabalho definindo critérios de avaliação e selecionando instrumentos
avaliativos adequados aos conteúdos trabalhados. Portanto podemos afirmar que
esses foram os motivos que nos levaram a pesquisar e escolher o tema sobre a
importância do ato de planejar e avaliar para o processo de ensino e aprendizagem,
tema este trabalhado na Intervenção Pedagógica na Escola direcionado aos
professores docentes, Pedagogos e direção da escola, isto porque todos são
considerados responsáveis pelo sucesso ou fracasso do trabalho pedagógico de
uma instituição escolar.
A Intervenção Pedagógica na escola desenvolvida pelos professores PDEs tem o
objetivo de ajudar na solução dos problemas educacionais percebidos por eles e
pesquisados durante o período de formação pelos professores em curso, com a
ajuda dos Professores Orientadores, e repassados aos professores de suas
respectivas escolas que sentirem interesse pelos trabalhos dos temas que envolvem
a pesquisa. Neste caso a pesquisa foi em torno da importância do ato de planejar e
avaliar para o processo de ensino e aprendizagem.
6 A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA
A Implementação Pedagógica do Projeto sobre a Importância do ato de Planejar e
Avaliar para o Processo de Ensino e Aprendizagem na escola teve uma ótima
aceitação pelos participantes do grupo, pois o estudo visou realizar um trabalho que
fosse ao encontro das dificuldades apresentadas pelos professores, de modo geral,
e que atendesse a diferentes abordagens ainda não compreendidas por todos. O ato
de planejar bem, para bem avaliar está vinculado à prática do PTD (Plano de
Trabalho Docente), documento que já faz parte do cotidiano dos educadores. Ela foi
direcionada pela SEED, sendo um dos momentos obrigatórios de estudos do PDE, e
foi marcado por oito encontros presenciais de quatro horas cada um, mais oito horas
de estudos à distância para leitura e resolução de atividades, totalizando quarenta
horas de curso.
Na Implementação Pedagógica na escola, os estudos foram divididos em cinco
momentos, com temas diferentes, mas interligados entre si, tendo um objetivo
comum. Os temas estudados durante a Intervenção Pedagógica na Escola foram:
No primeiro momento estudou as principais correntes ou tendências pedagógicas;
no segundo momento os estudos foram em torno de planejamento, verificando os
passos necessários para um bom planejamento; para o terceiro momento os
estudos foram direcionados ao tema central da pesquisa: “Avaliação escolar”.
Embora o tema avaliação estivesse presente em todos os momentos da Intervenção
Pedagógica na Escola foram reservados momentos específicos para esse tema; no
quarto momento os estudos foram dirigidos a respeito de Conselho de Classe. O
tema Conselho de Classe foi escolhido para fazer parte das discussões por ser
considerado um momento importante nas escolas para avaliar e planejar ações,
traçando metas de trabalho em torno das dificuldades de aprendizagem; No quinto
momento, para encerrar o período de intervenção pedagógica na escola, foi feito
estudos do Projeto Político Pedagógico, analisando-o quanto ao tipo de avaliação
contida no mesmo, com o objetivo de analisar a prática avaliativa usada dentro do
processo educativo da escola. Estes momentos de estudos tiveram a intenção de
mostrar, na prática, como a avaliação deve estar a serviço da aprendizagem.
O Material Didático, utilizado para estudos, foi elaborado pela professora PDE, com
as devidas orientações exigidas pelo Programa, e envolveu dentre os temas
principais “Planejamento e Avaliação” os seguintes temas: Principais correntes ou
tendências pedagógicas, Conselho de Classe e Projeto Político Pedagógico da
escola. Os temas apesar de terem sido analisados separadamente, todos estavam
envolvidos no processo de ensino/aprendizagem, focados na importância de cada
um coadunados no processo de planejar e de avaliar.
Para que os trabalhos tivessem êxito foram selecionados textos adequados a cada
tema, elaboradas algumas atividades, as quais os professores participantes da
Implementação Pedagógica da escola puderam ler, refletir, debater e, também
executá-las na prática de sala de aula, trazendo para os encontros subseqüentes
discussões calorosas sobre a prática da teoria anteriormente estudada.
Ouvimos e participamos de depoimentos dos professores relacionados aos temas
estudados, às atividades propostas a cada um deles, bem como as práticas vividas
por eles em sala de aula.
No primeiro momento, os estudos analisaram as principais correntes ou tendências
pedagógicas, a fim de que os professores pudessem perceber como a escola do
passado ainda está presente em nosso dia a dia. Como as raízes do tradicional
ainda permeiam os trabalhos pedagógicos e, também para que reconhecessem a
importância do estudo dessas teorias para entender o processo teórico-pedagógico
desenvolvo na escola, com segurança, sabendo o que faz. Isto porque muitas vezes,
disse um professor: “Nós na tentativa de mudança fazemos uma “salada”, uma
mistura de tendências sem percebermos que isso pode dificultar a aprendizagem do
aluno”.
Com as leituras do material preparado pela professora PDE, dos textos
complementares e das atividades propostas pela mesma, os participantes da
Implementação Pedagógica da Escola reconheceram as diferenças entre as
tendências pedagógicas e sua importância para o processo de ensino e
aprendizagem.
De acordo com os estudos do segundo momento do trabalho com a Implementação
Pedagógica na escola, relacionado ao tema, Planejamento, fator indispensável para
o processo de ensino e aprendizagem, uma professora diferenciou a forma de
planejar dentro da abordagem da Pedagogia Histórico Crítica da tradicional da
seguinte forma: “[...] para a pedagogia histórico crítica a intenção é envolver o aluno
na aprendizagem significativa dos conteúdos possibilitando a ele, o aprender
criticamente o conhecimento científico enquanto que, na pedagogia tradicional o
professor tem uma relação autoritária preocupando-se apenas em transmitir o saber,
onde professor expõe os conteúdos e aluno aprende”.
Portanto queremos afirmar que não estamos criticando a pedagogia tradicional
porque sabemos de toda contribuição que ela deixou para a história da educação
brasileira, mas entendemos também que para o aluno hoje è necessário um trabalho
diferenciado onde ele possa participar da construção do seu conhecimento.
Nos debates e discussões entre os professores pudemos perceber a importância
desses estudos em grupo. Como eles são enriquecedores para a prática
pedagógica. O depoimento a cima da professora mostrou que realmente dominou o
conteúdo proposto e estudado e consequentemente mudará sua prática no dia a dia
de sala de aula. Foi gratificante e percebemos com isso que nossos objetivos, de
levar aos educadores participantes da Intervenção Pedagógica na Escola, o
conhecimento teórico sobre planejamento e avaliação, para alcançar uma prática
eficaz e significativa foram alcançados.
Durante os estudos desse segundo momento os professores, participantes da
Implementação Pedagógica na escola, tiveram a oportunidade de elaborar um plano
de aula, dentro da perspectiva histórico crítica, levando em conta todas as fases que
leva o aluno ao domínio do conhecimento científico, aplicando-o em sala de aula e
trazendo discussões com resultados positivos para a aprendizagem do aluno.
Para o terceiro momento de estudos específicos sobre avaliação da aprendizagem
escolar, os professores tiveram a oportunidade de diferenciar avaliação de exame.
Foi um momento muito importante desse estudo, pois durante o processo puderam
se auto avaliar e em alguns momentos percebiam que no lugar de avaliar flagravam-
se examinando seus alunos no lugar de avaliá-los para a retomada dos conteúdos.
Foi muito bom e gratificante poder compartilhar com os colegas de trabalho as
experiências vividas, as teorias estudadas e principalmente perceber a vontade de
mudança visível em cada um dos participantes. Neste momento houve depoimento
dos professores em relação às dificuldades encontradas para avaliar os alunos em
salas superlotadas. Falaram também da diferença existente ao avaliar determinadas
turmas com um menor número de aluno e, outra com um número de alunos muito
grande em sala de aula. “A possibilidade de avaliar bem em turmas pequenas é bem
melhor do que avaliar em uma turma numerosa, afirmaram os professores. A
qualidade do trabalho é muito superior no primeiro caso.”
Para o quarto momento de estudos foi proposto o tema: Conselho de Classe. Foi
usado como material didático, textos referentes ao tema com conceitos, quem deve
participar do Conselho de Classe, como deve ser organizado, objetivos, vantagens e
resultados esperados de um Conselho de Classe participativo e com êxito. No
decorrer dos estudos houve professor que disse “nunca ter visto antes o Conselho
de Classe como um ato avaliativo” e, após os estudos demonstraram compreensão
sobre o assunto dando os seguintes depoimentos: “A função do Conselho de Classe
é buscar auxiliar o processo avaliativo a partir da necessidade de maior
conhecimento do aluno assim, os conselhos de classe aglutinariam as diferentes
análises e avaliações feitas pelos profissionais das diversas áreas, possibilitando um
conhecimento global dos alunos em relação aos trabalhos desenvolvidos e a
estruturação dos trabalhos pedagógicos. Isso seria o ideal afirmou o professor, mas,
na prática está longe de acontecer, pois muitas vezes isso se resume em apenas
discutir a nota do aluno deixando de lado o diagnóstico total da turma em estudo
para que se possa replanejar as ações e dar continuidade a um trabalho com
qualidade”. De acordo com o professor as discussões que devem permear no
conselho de classe são: “quais metodologias foram utilizadas e como foram, que tipo
de avaliação foi utilizado, conhecer a realidade de cada educando, o que aprende e
como aprende, possíveis dificuldades encontradas, o que sabem e o que precisam
saber para então poder traçar metas de onde deve partir e para onde quer chegar.
Isto é ponto de partida e ponto de chegada”.
Uma professora relatou que “conselho de classe é um instrumento de avaliação
composto por um espaço de decisão coletiva, com objetivo de refletir sobre a
aprendizagem dos alunos e o processo de ensino. É o momento que se dá o
julgamento sobre a realidade dos mesmos e a partir daí possibilitar mudanças de
estratégias adequadas ao processo de ensino/aprendizagem no sentido de
proporcionar um novo fazer pedagógico, levando em conta as necessidades dos
alunos”. Disse também que “a organização do trabalho educativo, a auto avaliação,
não só do aluno, mas do processo didático pedagógico é indispensável para uma
análise diagnóstica da turma, reflexão e a tomada de decisão quanto a proposta de
ação pedagógica para um melhor rendimento da aprendizagem do aluno”.
Ainda uma outra professora diz que “o Conselho de Classe é um ato avaliativo na
medida em que se discutem estratégias para melhorar o processo de ensino e
aprendizagem. Faz com que os professores e toda a equipe de direção e
pedagógica repensem sua prática pedagógica e gere mudanças para a melhoria do
processo de ensino e aprendizagem”. Diz ainda que “no Conselho de Classe avalia-
se o aprendizado do aluno, o desempenho dos professores e das práticas
pedagógicas para que possa melhorar o processo de ensino e, consequentemente a
aprendizagem do aluno”.
Com os estudos sobre Conselho de Classe os professores descobriram a
importância dele para dar continuidade ao trabalho pedagógico, replanejando ações
em conjunto com o colegiado. Puderam também perceber como o PPP da escola
pode nortear os trabalhos diários. Foi gratificante o trabalho.
Para finalizar os estudos da Implementação Pedagógica na escola foi escolhido o
tema O Projeto Político Pedagógico da Escola e a Avaliação: uma articulação
necessária, pois compreendemos que o PPP da escola deve dirigir e articular todos
os trabalhos pedagógicos e consequentemente deve estar em consonância com
uma das Tendências pedagógicas escolhida pelos educadores da instituição. Para
este quinto e último momento de estudos foi proposto aos participantes da
Implementação Pedagógica da escola uma avaliação do PPP comparando-o com as
teorias estudadas no decorrer do curso, verificando principalmente qual o tipo de
avaliação contida no mesmo e se ela satisfaz os anseios de uma avaliação que
acompanha e norteia o processo de ensino nos dias de hoje. Todos os participantes
foram unânimes em dizer que a teoria que embasa o PPP da escola é a Pedagogia
Crítica Social dos Conteúdos, de Saviani, e que a avaliação contida no mesmo
satisfaz os anseios de uma educação moderna, pois, ela é diagnóstica, formativa.
Ela também prevê a recuperação dos conteúdos preocupando-se com a retomada
dos mesmos sempre que necessário, e, que a avaliação deve servir de base para
que o professor retome suas ações para que a aprendizagem aconteça. Ficou claro
para todos os participantes da Implementação Pedagógica da escola que a
avaliação não é um fim e sim um meio e ela deve estar sempre a serviço da
aprendizagem.
Com os estudos e debates feitos referentes aos estudos das ações foi visualizado
que só acontecerá uma aprendizagem significativa quando ao planejar as aulas
(PTD), se planeje também quais critérios de avaliação serão usados e o que se quer
que o aluno aprenda com o conteúdo a ser trabalhado escolhendo instrumentos de
avaliação adequados a cada um deles.
Os professores participantes do curso de Implemenrtação Pedagógica na Escola
entenderam que ao iniciar os trabalhos com os conteúdos, os alunos devem ser
informados sobre os objetivos a serem atingidos, bem como as possíveis formas ou
instrumentos de avaliação os quais serão utilizados para avaliá-los. Com isso
podemos afirmar que só teremos instrumentos de avaliação que produzam
resultados significativos se antes soubermos quais são os critérios a serem
avaliados, ou melhor, qual o objetivo quer atingir.
7 PLANEJAMENTO, AVALIAÇÃO E O GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)
O grupo de trabalho em rede (GTR) foi um dos espaços aberto pela SEED aos
professores PDE, momento este, de muita leitura, estudos, reflexão e interação com
educadores da rede pública paranaense. Neste espaço pudemos compartilhar com
os profissionais da educação das diversas áreas e ou disciplinas o nosso projeto de
pesquisa, ou seja, os nossos estudos referentes ao tema que propomos pesquisar.
Foram momentos de muitos debates, troca de experiências e ao mesmo tempo
enriquecedor para a nossa prática pedagógica. .
O GTR foi realizado em três etapas. Na primeira etapa os professores cursistas,
assim como o professor tutor tiveram a oportunidade de se auto apresentarem e
conhecerem o projeto de pesquisa do professor PDE. No segundo momento ou
etapa foi apresentado pelo professor tutor, ou seja, pelo professor PDE o material
didático elaborado por ele para ser usado na implementação pedagógica da escola.
E na terceira e última etapa do GTR foi apresentado aos professores participantes
do GTR resultados da Implementação Pedagógica na Escola. Esses resultados
foram parciais, pois no momento, a Implementação Pedagógica na Escola ainda
estava acontecendo não sendo possível sua totalidade.
No início do GTR tivemos doze professores inscritos entre eles das disciplinas de
Educação Especial, Pedagogia, Física e Matemática. Isto porque o tema de estudo,
Planejamento e Avaliação foi do interesse de todos e, a avaliação é considerada um
dos aspectos essenciais da aprendizagem do aluno, como escreveu o professor X
em um dos momentos do curso “[...] a partir do momento em que o educador
conhecer a importância da pedagogia crítica social dos conteúdos e, saber que o
seu papel dentro dessa escola é ser mediador entre o conhecimento empírico, que
já vem com o aluno, para o conhecimento científico, vai perceber que o
planejamento e a avaliação são processos que estão interligados, um precisa do
outro para saber se os resultados esperados estão se concretizando”. O professor Y,
além ressaltar como ponto positivo os estudos sobre as tendências ou correntes
pedagógicas e avaliação destaca também sobre o Conselho de Classe dizendo que
este “[...] é o momento de diagnosticar e apontar soluções para os problemas que
dizem respeito aos alunos e turmas [...]”
Outros importantes depoimentos foram dados pelos professores participantes do
GTR, dando-nos ânimo na continuidade dos trabalhos. Percebemos também quanto
foi importante a pesquisa sobre a importância do ato de planejar e avaliar para o
processo de ensino e aprendizagem pois além dos textos escritos pelos colegas
demonstrando como ponto positivo os estudos, ouvimos também muitos elogios dos
colegas da própria escola, participantes do curso, sobre a qualidade do material
didático preparado por nós. Podemos afirmar também que a maioria dos cursistas
muito contribuiu para o enriquecimento do nosso conhecimento com suas
experiências escritas em seus textos nos diversos momentos do curso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho de pesquisa demonstra a importância de Formação Continuada que o
PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), desenvolvido pela Secretaria de
estado de Educação em parceria com Universidades paranaenses pode oferecer
aos educadores da rede estadual de ensino. Isto porque, com os estudos e
pesquisas realizados sobre A Importância do Ato de Planejar e Avaliar para o
Processo de Ensino e Aprendizagem percebeu-se que nós educadores
necessitamos desse tempo para estudos, reflexões e discussões sobre o processo
avaliativo. E por ser um tema de grande relevância para o processo de ensino para o
professor, assim como de uma aprendizagem para o aluno.
Desde o início do PDE, com os cursos gerais e específicos de formação do
professor, oferecidos pela Universidade, o trabalho do Orientador junto ao professor
PDE, muito contribuiu para a elaboração do projeto de pesquisa. Foi uma fase de
muitas leituras e estudos, seleção de material, produção de textos, comparação
entre as falas dos autores estudiosos sobre o assunto estudado. Em fim houve muita
aprendizagem relacionada ao tema desse projeto de pesquisa.
Após a elaboração desse projeto de pesquisa a atenção voltou-se para a Produção
Didático Pedagógica sendo desse projeto, Material Didático, o qual foi utilizado no
momento da Implementação Pedagógica na Escola. No momento dessa produção a
preocupação foi toda voltada para o público alvo de estudos, o qual era destinado o
Material Didático Pedagógico, professores docentes, pedagogos e direção, isto
porque todos os profissionais da educação devem estar empenhados no
desenvolvimento das ações pedagógicas da escola e em seus resultados. O
Material Didático elaborado durante esta pesquisa, não serviu apenas para a
Implementação Pedagógica na Escola com os professores inscritos no curso, mas,
parte do mesmo já serviu de suporte para uma reunião pedagógica ns escola, em
dois mil e doze, com todos os professores da referida instituição, quando se tratava
do tema avaliação e está disponível no Portal dia a dia educação da Secretaria
Estadual de Educação do Estado do Paraná para quem quiser ou sentir necessidade
de fazer uso do mesmo. Ressaltamos ainda que a Implementação Pedagógica na
Escola trouxe resultados significativos para os professores envolvidos pois, os
testemunhos dados eles levou a perceber o quanto a aprendizagem e a
compreensão a respeito do tema tomava conta do interesse dos participantes
vivendo com muito entusiasmo aquele momento.
O Grupo de Trabalho em Rede, GTR, foi outro momento que pudemos compartilhar
nossos estudos, provocando importantes discussões, trocas de experiências entre
os participantes enriquecendo a prática pedagógica de todos.
Não se deve estudar por estudar, aprender por aprender. O PDE vai além do
aprender para si, isto é, esse estudo, essa aprendizagem deve ser compartilhada,
multiplicada. Isto para que todo educador possa rever sua prática pedagógica e,
consequentemente possa melhorá-la a fim de que possa trazer resultados positivos
para o desenvolvimento educacional como um todo. Por esta razão os encontros da
Implementação Pedagógica na Escola são considerados momentos muito relevantes
para o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE.
Analisando os resultados dessa implementação pedagógica pudemos perceber que
dos dez (10) professores inscritos, os nove (09) que chegaram ao final do curso
sobre a importância do ato de planejar e avaliar para o processo de ensino e
aprendizagem puderam perceber como é possível avaliar sem punir e ao mesmo
tempo perceber que o significado da avaliação não é a nota e sim, esta é
conseqüência do ponto fundamental da avaliação que é aprendizagem significativa.
Perceberam também que para bem avaliar deve-se primeiro planejar bem, pois, um
trabalho só tem resultados com qualidade quando este é bem planejado e, que
também não se avalia por avaliar e que esta não é um fim e sim um meio. Avalia-se
para obter resultados e de posse dos mesmos replaneja-se um novo trabalho para
que os resultados melhorem cada vez mais e a aprendizagem aconteça com
significado para a vida do aluno.
Portanto para isso se faz necessário também a mudança de metodologia como diz
Vasconcellos “não se pode conceber uma avaliação reflexiva, crítica, emancipatória,
num processo de ensino passivo, repetitivo, alienante”. (Vasconcellos, 2005, p.68). A
postura pedagógica do professor é de suma importância para o seu sucesso
profissional diante dos alunos e até mesmo de toda a comunidade escolar. Assim
como Vasconcellos diz que:
O educador deve rever sua prática pedagógica, pois a origem de muitos dos problemas de sala de aula encontra-se aqui. Deve procurar desenvolver um conteúdo mais significativo e uma metodologia mais participativa, de tal forma que diminua à necessidade de recorrer a nota como instrumento de coerção. (VASCONCELLOS, 2005.p.68).
Para finalizar, consideramos que é necessário repensar a forma que formulamos
nosso planejamento, as metodologias as quais utilizamos para ensinar assim como
os procedimentos adotados para o processo avaliativo para verificar se o nível de
aprendizagem apresentado por nossos alunos é adequado e satisfatório. Com este
trabalho, sobre Planejamento e Avaliação, demonstramos que é possível verificar o
grau de aprendizagem sem fazer uso de ameaças ou de argumentos punitivos para
que o aluno demonstre interesse pela aprendizagem significativa. A escola precisa
organizar-se de forma tal que alunos percebam o interesse pelo conhecimento e
valorizem o saber para que também eles possam organizar-se para obter uma
aprendizagem satisfatória e significativa.
REFERÊNCIAS
COTRIN, Gilberto. Educação para uma escola democrática: história e filosofia da educação. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1988. CORAZZA, Sandra Mara. Manifesto por uma Di-da-lética: Contexto & Educação. Universidade de Ijuí/RS, vol. 6, n. 22, abr/jun 1991.
DALMÁS, Ângelo. Planejamento Participativo na Escola: elaboração, acompanhamento e avaliação. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 1994. DEMO, Pedro. Educação e Qualidade. Campinas: Papirus, 1994. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa, 34. ed.São Paulo: Paz e Terra, 1996 (coleção leitura) GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2003. HARTMANN, Saleti. A educação tradicional, vista por outro ângulo. Disponível em: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=30990 Acesso em 31/05/2012 HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação Mediadora: Uma Prática em Construção da pré-escola à Universidade. 20. ed. Porto Alegre: Mediação, 2003. LIBÂNEO, Jose Carlos. Democratização da Escola Pública: a pedagogia crítico-social dos conteúdos. 19 ed. São Paulo: Loyola, 1990. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 17. ed. São Paulo: Cortez, 2005. LUCKESI, Cipriano Carlos. O que é mesmo o ato de avaliar a aprendizagem? 2000. Disponível em: http://fisica.uems.br/profsergiochoitiyamazaki/2008/texto3_%20pratica2_not_2008.doc Acesso em 03 de set de 2010. SANT’ANNA, Flávia Maria et al. Planejamento de Ensino e Avaliação. 11 ed. Porto Alegre: Sagra, 1986. SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. 40 ed. Campinas: Autores Associados, 2008. WIKIPEDIA, a enciclopédia livre. Conselho de classe, 29 de janeiro de 2011. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho de classe. Acesso em 2 mar. 2011. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. 15 ed. São Paulo: Libertad, 2005. ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: Como Ensinar. Ernani F. da F. Rosa (Trad.). Porto Alegre: Artmed. 1998.